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Aprendizagem,

currículo e política de
vida
Ivor F. Goodson, Capítulos 17 e 18
Apresentação: Carine Valiente
17. Representando os professores
A crise representativa:
• Perda de credibilidade das grandes narrativas (LYOTARD, 1984).
Pesquisas educacionais distantes, separadas e desengajadas.
• Colonização acadêmica: Tentativa de captar a experiência
vivida dentro de um texto, a experiência de outras vidas é textual
para o autor.
“quando o texto se torna o agente que registra e representa as
vozes do outro, então o outro se torna aquele em nome de quem
se fala. O outro não fala, o texto fala por ele.” (DENZIN, 1993,
p.17)
A crise representativa:
• Na tentativa de reduzir a colonização, o acadêmico pode assumir
uma função de “escriba” reduzindo sua interpretação e colaboração.
• “Nirvana da narrativa”: Estudioso como facilitador, condutor
para aquele que narra, promovendo a voz genuína dos oprimidos
sem a colaboração ativa. Uma alternativa entre a colonização
acadêmica e a passividade.

A virada da narrativa/ a atenção à narrativa


• Movimento narrativo como um catalisador para a busca de
entendimentos da vida e do trabalho do professor.
• Se concentram na apresentação que os professores fazem de si
mesmos.
Estória e história
• As estórias estão enraizadas na história, isto é, estão
localizadas em um tempo e um espaço e, por isso, devemos ir
além de uma narração individual autorreferencial em direção a
um modo colaborativo e contextualizado mais amplo

“Quanto mais hábeis nos tornamos em entender a história


envolvida nessas histórias amplamente definidas, mais hábeis
seremos para identificar a função ideológica das narrativas - como
designam um lugar para nós dentro de sua estrutura narrativa.”
(BRISTOW,1991, p.117)
Estória e história
• Existe um perigo em ignorarmos a relação indivíduo-sociedade ao
trabalhar com narrativas, pois a própria ideia de indivíduo pode
ser diferente a depender do modelo de sociedade em que se está
inserido.
• Ignorar o contexto em que a narrativa é produzida é nos privar
de significado e compreensão
• Ignorar o contexto das narrativas dos professores isola suas
práticas das políticas, das reformas curriculares e da teoria.

“Muitas vezes alguém age como se tivesse feito a própria história,


quando, na verdade, foi forçado a fazer a história que viveu”.
(DENZIN, 1989, p.74)
Uma história de ação dentro de uma teoria do
contexto
• A estória cria um ponto de partida para o desenvolvimento de
outros entendimentos da construção social da subjetividade.
• Se as narrativas permanecem singulares, pessoais e apolíticas
pode emergir uma forma de Apartheid entre o vernáculo do
poder, formas de falar e saber onde circula a política e a
micropolítica, restrito aos gestores, administradores e
acadêmicos. e o vernáculo do particular, do pessoal e do
prático, restrito aos professores.
Modelo de triangulação (GOODSON, 2015)
• Modelo onde as estórias de vida são interpeladas por recursos
documentais e outros testemunhos no intuito de construir as histórias
de vida.
Estórias de vida

Outros Recursos
testemunhos documentais

GOODSON, I. F. Narrativas em Educação: a vida e a voz de professores. Porto Editora, 2015.


Modelo de triangulação (GOODSON, 2015)

Estórias de vida

(GOODSON, 2015, p.20)


18. Patrocinando a voz do professor
• Pontua sobre a pesquisa-ação, uma metodologia relevante mas
que se relaciona irrevogavelmente com a prática.
“Para entender o desenvolvimento do professor e do currículo e
desenhá-lo adequadamente precisamos saber muito mais sobre as
prioridades do professor. Precisamos saber sobre a vida do
professor.” (p.336)
• Propõe uma ampliação do foco para possibilitar um escrutínio
minucioso da vida e do trabalho do professor.
Ampliando o nosso banco de dados para
estudar o ensino
• Motivo estratégico: envolve professores colaborativamente nas
pesquisas
• Motivo substancial: professores importam dados de suas próprias
vidas para discussões sobre currículo, ensino e organização escolar.
(geralmente estes aspectos pessoais são editados das pesquisas)
• Argumentos:
1) Os dados sobre a vida do professor não devem ser editados pois
possuem uma importância substancial quando professores falam de
seus trabalhos
Ampliando o nosso banco de dados para
estudar o ensino
2) Experiência de vida e origem são ingredientes fundamentais da
pessoa que somos, do nosso sentido de individualidade e moldam a
nossa prática.
3) O estilo de vida do professor dentro e fora da escola, as suas
identidades e culturas latentes impactam as visões de ensino e a
prática.
4) O foco no ciclo de vida gerará ideias relativas aos elementos
únicos do ensino. As definições da nossa localização profissional e da
direção da carreira somente podem ser determinadas através do
entendimento minucioso da vida das pessoas.
5) As fases da carreira e as decisões da carreira também podem ser
avaliadas individualmente.
Ampliando o nosso banco de dados para
estudar o ensino
6) Incidentes críticos na vida do professor e no seu trabalho podem
afetar crucialmente percepção e prática. Estudos com histórias de
vida seriam fundamentais para investigar sobre estresse, exaustão e
condições de trabalho.
7) Os estudos sobre a vida do professor podem nos permitir ver o
indivíduo em relação à história do seu tempo, possibilitando-nos
enxergar a interseção da história de vida com a história da
sociedade.
Colaboração e desenvolvimento do professor
• O foco na vida do professor e não na sua prática oferece um ponto
de negociação entre professor e pesquisador: ao falar sobre a
própria vida o professor está menos exposto, menos vulnerável
diante do pesquisador.
• A prática do professor é um foco vulnerável enquanto a vida do
professor é um foco profundamente íntimo e intenso.

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