Você está na página 1de 35

FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE RONDÔNIA – UNIR

CAMPUS PROFESSOR FRANCISCO GONÇALVES QUILES


DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS

REINAN PEREIRA DOS SANTOS

A importância da ética profissional e empresarial: uma releitura do caso Enron

Cacoal/RO
2021
FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE RONDÔNIA – UNIR
CAMPUS PROFESSOR FRANCISCO GONÇALVES QUILES
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS

REINAN PEREIRA DOS SANTOS

A importância da ética profissional e empresarial: uma releitura do caso Enron

Trabalho de conclusão de curso apresentado à


Fundação Universidade Federal de Rondônia –
UNIR – Campus Prof. Francisco Gonçalves
Quiles, como parte dos requisitos, para
obtenção do título de Bacharel em Ciências
Contábeis.

Orientadora: Profª. Drª. Daiane Martins


Rocha

Cacoal/RO
2021
3
4

CAMPUS PROFESSOR FRANCISCO GONÇALVES QUILES


DEPARTAMENTO DO CURSO DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS

DOS SANTOS, Reinan Pereira. A importância da ética profissional e empresarial: uma


releitura do caso Enron. Trabalho de Conclusão de Curso (Bacharelado em Ciências
Contábeis) – Fundação Universidade Federal de Rondônia, Cacoal, 2021.

Aprovado em: ________/ __________/_______.

BANCA EXAMINADORA

Profª. Drª. Daiane Martins Rocha


Instituição: Universidade Federal de Rondônia

Profª. Drª. Eleonice de Fátima Dal Magro


Instituição: Universidade Federal de Rondônia

Profª. Espª. Gleice Kelly Simplício Costa


Instituição: Universidade Federal de Rondônia
5

AGRADECIMENTOS

Primeiramente quero agradecer aos meus pais,


Creusa e Aparecido, que desde cedo, mostraram-
nos qual caminho deve ser seguido, incentivando
sempre a estudar, apesar das adversidades
encontradas pelo caminho.
Agradeço principalmente, a minha orientadora,
Daiane Martins Rocha, pela paciência, dedicação
e apoio, auxiliando-me nessa última etapa para a
conclusão deste trabalho. Acredito que não
poderia ter escolhido melhor companhia de
trabalho, nesse momento tão decisivo, obrigado
por toda a força e paciência.
Agradeço também a todos os professores do
Curso de Ciências Contábeis da UNIR, pelo que
nos ensinaram.
6

A ética é um comportamento social, ninguém é


ético num vácuo, ou teoricamente ético. Quem
vive numa economia a-ética, sob um governo
antiético e numa sociedade imoral acaba só
podendo exercer a sua ética em casa, onde ela
fica parecendo uma espécie de esquisitice. A
grande questão destes tempos degradados é em
que medida uma ética pessoal onde não existe
ética social é um refúgio, uma resistência ou uma
hipocrisia. Já que ninguém mais pode ter a
pretensão de ser um exemplo moral sequer para o
seu cachorro, quando tudo à sua volta é um
exemplo do contrário.
Luis Fernando Veríssimo
7

A IMPORTÂNCIA DA ÉTICA PROFISSIONAL E EMPRESARIAL: UMA


RELEITURA DO CASO ENRON
Reinan Pereira dos Santos

RESUMO: O presente trabalho investiga a importância da ética do profissional contábil,


sobretudo levando em conta o novo Código de Ética do Profissional Contábil (CEPC). Este
tem como principal objetivo “reger e fixar a forma de se conduzir os contabilistas
profissionais quanto ao exercício de sua função, quanto aos seus colegas e quanto a sua classe
contábil”. A ética profissional, assim, é entendida como um conjunto de parâmetros que
guiam atitudes corretas e honestas em uma profissão ou empresa. Em se tratando do
contador, alguns dos deveres são: exercer seu trabalho com honra, ser honesto com seu colega
de classe e com seus clientes, ter total capacidade técnica para o exercício da função, guardar
sigilo do que sabe, exceto quando exigido por lei ou por autoridade competente, ter
solidariedade com sua classe e cumprir exigências do CRC. A partir disso, analisou-se o caso
da empresa americana ENRON, fazendo relação dos fatos ocorridos com o Novo Código de
Ética do Contador. A ética na Contabilidade diz respeito aos elementos que orientam a
conduta dos profissionais e instituições da área, com o objetivo de atender às expectativas de
comportamento correto. A metodologia utilizada foi a de revisão bibliográfica e estudo de
caso. A adoção desses métodos para a pesquisa objetivou compreender as questões que
envolvem o entendimento de como o profissional contábil deve cumprir o código de ética da
entidade à qual está ligado a fim de prevenir casos de falta de ética como o caso de fraudes
contábeis da empresa ENRON.

Palavra-chave: Código de Ética do Profissional Contábil. Ética. Fraudes contábeis.


8

1. INTRODUÇÃO

O código de ética é um instrumento de realização da filosofia da empresa,


expressando sua visão, missão e valores. Assim, pode-se afirmar que o código de ética é a
declaração formal das expectativas da empresa em relação à conduta de seus executivos e
demais funcionários (BARBOSA, 2016). Portanto, o código de ética deve ser concebido pela
corporação, entidade ou empresa e este deve expressar sua cultura.
O código de ética serve para orientar as ações de seus colaboradores e explicitar a
postura da empresa em face dos diferentes públicos com os quais interage. É um instrumento
que serve de inspiração para as pessoas que aderem a ele e se comprometem com seu
conteúdo. É imperioso que haja consistência e coerência entre o que está disposto no código
de ética e o que se vive na organização. Se o código de conduta de fato cumprir o seu papel,
sem dúvida significará um diferencial que agregará valor à empresa (BARROS, 2010).
É essencial destacar que os princípios éticos são eficazes para a coletividade contábil.
Quando não se segue padrões éticos propostos para trabalhar e conviver em uma coletividade,
não se adota valores morais que possibilitem uma melhor convivência em sociedade. Todas as
pessoas acompanham uma ética para conduzirem a sua vida e sua conduta diante a
coletividade. Dessa forma, ela passa a ser, desde sua regulamentação, um conjugado de
preceitos de comportamento. Trata-se de muito mais do que a execução dos indicadores
peculiares ou dos princípios de comportamento (LISBOA, 2012).
Portanto, espera-se que a ética, a moral, os conceitos de certo e errado sejam algo
presente na vida das pessoas, aqui se inclui pessoas que atuam na política e no campo
profissional. A contabilidade lida diariamente com todas as informações, que vem a se tornar
essencial para as estratégias de qualquer empresa, seja para aquisição de bens, investimentos,
aplicações financeiras, planejamento operacional e tributário (LISBOA, 2012). Todo
empresário cria uma expectativa de retorno de seus investimentos, com a menor carga
tributária possível.
A área da ética aborda o que é moralmente bom ou mau, certo ou errado partindo da
pergunta “Como devemos agir?”. Convém destacar que a ética profissional é imprescindível
no campo contábil, dadas a regulamentações, circunscrições e expressões que induzem a
dados que facilitam as tomadas de decisões de seus usuários, e que se tornam necessárias para
aumentar a consciência social e profissional da pessoa. Em termos gerais, ela se torna
indispensável para que o profissional desempenhe seu trabalho de forma modelar, gerando
9

lucro ao seu cliente e receita ao Estado, sem fraudes de qualquer espécie, conforme afirma
Lisboa (2012).
É salutar destacar que a área da contabilidade é a que estuda o controle do patrimônio
da empresa, junto à ética de princípios que orientam o comportamento do ser humano. Ela
possui uma ampla acuidade na carreira do contabilista. Em um conflito de interesses, é
primordial que o contador aplique uma decisão ética, que pode, consequentemente, levar a
insatisfação ou prejuízos financeiros (LISBOA, 2012).
Nesse contexto, é igualmente indispensável que o profissional contábil faça uso da
ética como um instrumento de imagem, que deve comunicar com boas referências a quem o
procura. Ele lida diariamente com os demais conhecimentos, que é essencial para as
estratégias em qualquer empresa, seja para a aquisição de bens, investimento, aplicações
financeiras, planejamento operacional e tributário (LISBOA, 2012).
O contador é responsável pelo controle de créditos tributários, aplicação de alíquotas
e outras questões que influenciam a emissão de guias para recolhimento dos tributos de uma
empresa. Este profissional determina informações que beneficiam o Estado, as instituições
financeiras, investidores e a própria entidade, contribuindo para a prosperidade da sociedade
(SÁ, 1998).
A Enron foi fundada em 1985, como uma das líderes mundiais em eletricidade, gás
natural, comunicações, celulose e empresas de papel. Antes de falir, no final de 2001, sua
receita anual aumentou de cerca de US$ 9 bilhões em 1995 para mais de 100 bilhões de
dólares em 2000 (MACCARTHY, 2017).
No final de 2001, foi revelado que sua condição financeira relatada foi mantida
substancialmente através de fraude contabilística institucionalizada, sistemática e planejada de
forma criativa (GILLAN; MARTIN, 2007).
O objetivo geral deste estudo é examinar a importância do CEPC como guia de
conduta e conscientização dos profissionais da Contabilidade, partindo do estudo de caso da
companhia Enron. Com a finalidade de alcançar o objetivo geral mencionado, e para
aprofundar mais os estudos, adotaram-se os seguintes objetivos específicos:

A) Descrever a ética enquanto área de estudo e suas contribuições à ética do profissional


contábil;
B) Descrever a história do CEPC mencionando os motivos para seu surgimento;
C) Analisar o código de ética do contador a partir da necessidade de regulamentação frente às
fraudes que ocorrem nessa área;
10

D) Fazer a releitura do caso ENRON a partir do novo CEPC;


E) Pontuar atitudes errôneas e desonestas da empresa Enron em relação ao CEPC que gerou
grandes fraudes no mundo empresarial;
F) Identificar aspectos de preceitos do CEPC a serem confrontados com as situações
evidenciados no caso Enron.

A presente produção justifica-se pelo fato de que a discussão sobre a ética


profissional é essencial para entendermos como o contador deve se posicionar em relação às
suas atividades junto aos clientes.
A metodologia utilizada foi a de revisão de literatura de caráter descritivo e
exploratório.

2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

A ética enquanto área de estudo e suas contribuições à ética do profissional contábil;


o surgimento do código de ética do profissional contábil; o novo código de ética contábil e
suas principais alterações em relação ao código anterior; os tipos de fraudes na área contábil e
o caso da empresa Enron; a importância de estratégias antifraude no ambiente contábil para
evitar casos como da empresa Enron.

2.1 A ÉTICA ENQUANTO ÁREA DE ESTUDO E SUAS CONTRIBUIÇÕES À


ÉTICA DO PROFISSIONAL CONTÁBIL

Ao começar a dissertar sobre a importância da ética na contabilidade é preciso


discernir um pouco sobre ética e moral, inclusive explicando a origem de ambas as palavras.
Ética é uma palavra com origem grega, relacionada ao termo ethos. Ele é direcionado à ideia
de caráter, designando os costumes e o modo de ser de uma pessoa, ou de um grupo de
pessoas. A ética também é uma área da filosofia que estuda a conduta humana (REZENDE,
2006).
Em suas abordagens originais presentes na filosofia clássica, o estudo da ética não se
resumia apenas à ideia de analisar os hábitos do ser humano segundo as “regras” da sociedade
em que está inserido. A fundamentação teórica, essencialmente, tinha o objetivo de identificar
os melhores caminhos para uma vida harmoniosa e satisfatória em um contexto social – tanto
na esfera particular, quanto na esfera pública (FIGUEIREDO, 2012).
11

Sá (2008) afirma ser a Ética, em seu sentido mais amplo, entendida como a ciência
da conduta humana perante seus semelhantes. Conforme já dito, ética é o conjunto de normas
e valores de um grupo ou indivíduo. A ética profissional diz respeito ao código que norteia a
atuação em uma determinada profissão. Na contabilidade trata-se do Código de Ética
Profissional Contábil (CEPC). O documento apresenta as práticas que devem regular a
postura dos profissionais. Além disso, há também regras internacionais que precisam ser
seguidas (CUNHA, 2012).
O termo é utilizado para efeito de denominação da ciência da conduta humana,
analisando a qualidade da mesma. O homem é um ser dotado de consciência moral, capaz de
distinguir o certo do errado, o bom do ruim, sendo capaz também de avaliar suas atitudes. É a
ciência do comportamento moral dos homens na sociedade (VÁSQUEZ, 2006, p. 23). Desse
modo, podemos dizer que a ética visa entender os comportamentos do ser humano e o que o
leva a determinado comportamento ou conduta, avaliando o ponto de vista entre o bem e o
mal dentro da sociedade.
Como disciplina teórica, a ética tem como foco a moralidade, tendo em vista o
conhecimento acerca dos fundamentos históricos morais, adaptando os códigos morais
coletivos e dando ênfase às escolhas realizadas no nosso dia a dia, sempre evitando a
transgressão de padrões morais, por meio da elaboração de regras que podem ser aplicadas de
maneira universal (SROUR, 2005).
Nos negócios, para uma empresa ter a vida longa que pretende, os gestores precisam
ter comportamentos honestos, coragem para tomar decisões, além de serem tolerantes,
flexíveis, íntegros e humildes (VÁZQUEZ, 2006).
Não basta seguir as normas estabelecidas em documentos e legislação oficial. A
postura individual dos profissionais deve ser norteada por valores éticos, visto que poderá se
deparar com situações que não estão previstas nas normas estabelecidas (BARROS, 2010).
Sabendo que no Brasil a legislação vigente já obriga as empresas a adotarem um
Código de Ética Profissional, porém contabilistas, advogados e administradores possuem seu
próprio código de ética, diferente do que ocorre em outros países, como os Estados Unidos,
que após enormes escândalos como o do Enron, viu-se obrigado a criar a Lei Sarbanes-Oxley,
que determina a existência de um Código de Ética a ser seguido por gestores de empresas
(ALVES et al., 2007).
Desse modo, a ética profissional é o conjunto de valores e normas que direcionam as
condutas dos profissionais dentro do ambiente de trabalho, e mesmo que definir padrões
éticos para uma empresa seja algo bastante difícil, é algo necessário, pois a Ética profissional
12

visa o bom exercício da profissão, que filtra comportamentos nocivos entre os colaboradores,
e demanda dos cargos de liderança que também tenham postura ética a fim de promover
harmonia no ambiente de trabalho (BARROS, 2010). Além disso, a adoção de um código de
ética pelas empresas tem se tornado essencial como um diferencial no competitivo meio
empresarial.
Nesse contexto, ética profissional é o conjunto de normas éticas que formam a
consciência do profissional e representam imperativos de sua conduta. Ética é uma palavra de
origem grega (éthos), que significa “propriedade do caráter”. Muitas vezes a ética
profissional é utilizada como sinônimo de deontologia.
Especialistas defendem que a aética profissional, assim, é entendida como os
parâmetros que guiam atitudes corretas e honestas em uma profissão ou empresa. Para
facilitar que tais preceitos sejam seguidos, cada ramo conta com seus códigos de ética. Da
mesma forma, toda empresa também tem o seu.
A ética busca entender os dilemas e conflitos humanos que geram problemas com as
regras de condutas que doutrinam o comportamento. Nossa sobrevivência vem do trabalho, e
para sermos valorizados e nos mantermos no meio, necessitamos de seguir regras, normas e
padrões impostos por qualquer mercado de trabalho. E um código de ética dá um norte do que
se é esperado de cada profissão e profissional (LISBOA, 1997).
Para Lisboa (1997, p.62), a definição de um código de ética é: “Um código de ética é
um corpo de princípios que relaciona as principais práticas de comportamento permitidas e
proibidas no exercício da profissão”.
Bezerra Filho (2015, p.15), diz que “O código de ética dos profissionais, conduz o
exercício da profissão, direcionando quanto aos direitos, obrigações e penalidades caso
ocorram desvios nas atividades desempenhadas pela classe”.
Conforme Lisboa (2012, p.23), “pode-se definir o termo ética como sendo um ramo
da filosofia que lida com o que é moralmente bom ou mau, certo ou errado”. A ética estipula a
conduta das pessoas, enquanto a moral permeia os princípios do comportamento.

2.2 O SURGIMENTO DO CÓDIGO DE ÉTICA DO PROFISSIONAL CONTÁBIL

A atividade do profissional contábil concerne à prestação de serviços e ao


fornecimento de informações e avaliações de natureza física, econômica e financeira sobre o
patrimônio das empresas e de pessoas físicas, auxiliando-as em tomada de decisões presentes
e futuras dessas entidades (PIMENTA, 2017).
13

Tendo isso em vistas, em 1970 foi criado o código de ética, para normatizar e
melhorar os efeitos da ética na contabilidade a profissão passou a evoluir muito a partir desse
ponto, e melhorou muito mais quando esse mesmo código foi atualizado em 1996, através da
resolução CFC nº 290 e substituída posteriormente pela resolução nº 803 (BARBOSA, 2016).
Ao citar a seguinte frase: “Um código de ética é muito mais que uma simples reunião
de direitos, deveres, limitações e punições. É o verdadeiro norteador, que deve reger toda a
conduta dos elementos envolvidos por ele” tal frase demonstra claramente que a preocupação
de uma forma geral com a ética deve ser muito além daquilo que se pensa. Barros (2010) cita
como exemplo um profissional, que burlou uma norma ética para seu benefício próprio,
causando assim uma pequena satisfação momentânea, mas que no futuro acaba
desencadeando um retrocesso em sua própria reputação, e em um todo no meio contábil,
ficando por si só uma falácia negativa a cerca dessa profissão (SILVA, 2003).
O referido código é regulamentado pela Resolução CFC nº 803/96, alterado pela
NBC PG 01 entrou em vigor em 01/06/2019. Não existem princípios que coajam essa
constituição de Códigos de Ética empresariais, em um ambiente profissional, e tem por
objetivo ensinar o profissional contábil a atuar de forma honesta e certa, fazendo uso de
aplicação de penalidades em casos contrários. Em tempos em que o lucro é a prioridade do
empresário, o contador deixou de ser apenas contador, passando a auxiliar o gestor,
contribuindo para a tomada de decisão.
A ética contribui para a confiança do cliente, porque para sobreviver em um mercado
de trabalho altamente competitivo, como a contabilidade é fundamental ser visto como um
parceiro. Em geral, os empresários buscam um contador pelo fato que o mesmo possui um
conhecimento específico aprofundado sobre a contabilidade e, ao ter um contador ético e
parceiro, o empresário confia suas informações sigilosas a esse contador, pois essa relação de
confiança faz toda a diferença (PIMENTA, 2017).
O profissional deve ser correto, sincero, prezar pela credibilidade das informações
divulgadas e preservar o sigilo dos dados. Em relação às mudanças nas leis é importante
manter a atenção, para que não sejam realizados erros graves na contabilidade das empresas,
os quais podem até ser suscetíveis de sansões pelos órgãos fiscalizadores (BARBOSA, 2016).
Há de se destacar aqui que há princípios básicos que regem a profissão do contador e
estão devidamente expressos no código de ética. Portanto, deve-se atentar para o sigilo:

Preservar informações sigilosas apenas com restrições, como pedidos de autoridades


ou conselhos regionais de contabilidade, está dentro da resolução do CFC (Conselho
14

Federal de Contabilidade). Se a lei não for cumprida, o profissional contábil


discordará da honestidade e da legalidade (SILVA, 2003, p. 34).

Deve ser observado também:

A cobrança de valores aos clientes é um ponto sempre a ser abordado, pois faz parte
da vida de todos os profissionais da contabilidade. Existem vários tipos de serviços,
como os mais simples e serviços mais complexos, e essa questão foi abordada no
CEPC (Código de Ética Profissional Contábil). O profissional contábil é orientado
pelo código para qual direção ele deve seguir: exclusividade, complexidade, local,
tempo de realização, entre outros fatores. O CEPC (Código de Ética Profissional
Contábil) não sugere cobrar menos nem mais que o mercado, apenas orienta que os
honorários sejam justos (CUNHA, 2012, p. 56).

Conforme a legislação vigente é de maneira objetiva que a responsabilidade civil do


profissional liberal é tratada. As empresas de contabilidade são responsabilizadas pelos atos
de seus diretores técnicos e são penalizadas mediante multas pecuniárias e pode resultar em
processos disciplinares. Os envolvidos nesses processos são inseridos em processos
disciplinares e éticos e as sanções vão da suspensão do exercício da profissão, além de multas
pecuniárias, até as advertências reservadas ou tornadas públicas (SOUSA, 2014).
Espera-se que o profissional da contabilidade não seja induzido ao erro e siga as
disposições legais vigentes, esteja sempre alerta às normas do CEPC (Código de Ética
Profissional Contábil) e exercite os princípios com responsabilidade. Os princípios irão ajudar
a conduzir como deve ser o comportamento do profissional na sua carreira (SILVA, 2003).
Todo profissional que segue as normas relacionadas à sua área e que está sempre
atento aos princípios éticos de sua profissão se destaca no mercado de trabalho (BARROS,
2010). Nesse sentido é correto destacar que o profissional contábil que age de acordo com a
ética, lisura, transparência e pautado no código de ética não permitirá que práticas ilícitas se
propaguem em suas ações (CUNHA, 2012).
Em se tratando de empresas, as fraudes podem provocar, além das perdas financeiras,
outras consequências por demais devastas. No âmbito do ambiente de trabalho, provocam um
clima de insegurança e desconfiança entre os funcionários e suas chefias. No âmbito da
direção geral da empresa, provocam suspeitas e desconfianças sobre a capacidade de gestão
de seus administradores. No âmbito externo, maculam a imagem da organização junto ao
público consumidor (BARBOSA, 2016).
O profissional contábil, além das constantes atualizações para seguir a legislação
vigente, possui o Código de Ética que regulamenta a profissão. A ética é uma ciência com
embasamento científico e filosófico sólido, que trata da moral e do comportamento humano,
das relações comportamentais e interpessoais, do respeito pelo outro e de se pensar
15

coletivamente, e não de maneira individual, apenas. Então, é preciso que esse profissional
exerça uma conduta ética, sem perder autonomia para trabalhar (SOUSA, 2014).
É relevante que se tenha um conjunto de valores considerados fundamentais no
exercício da profissão, tais como:

Não realizar nenhum procedimento desleal com a concorrência; nenhum recurso


monetário, instalações ou qualquer recurso da empresa para fins pessoais; não adotar
nenhuma prática que crie situações artificiais de mercado; não permitir que
funcionários mantenham relações pessoais com fornecedores, com os quais a
empresa mantenha negócios; nenhum funcionário independente de seu nível
hierárquico pode divulgar informações consideradas relevantes com o intuito de
favorecer terceiros ou ser beneficiado de alguma forma (BRASIL, 2019, p. 62).

Assim, todos os funcionários, incluindo gerentes e diretores são responsáveis pelo


cumprimento das normas adotadas pela empresa; funcionários devem manter-se firmes
perante desvios de conduta por parte de colegas; todos devem manter sigilo sobre dados e
procedimentos realizados dentro do ambiente de trabalho; não realizar atividades de cunho
religioso, político, ou filantrópico nas dependências da empresa; tratar de forma educada
clientes e fornecedores, instruindo-os se assim for necessário (BRASIL, 2019).
Uma postura ética, tanto o profissional quanto o departamento contábil de uma
grande corporação podem angariar benefícios para a reputação e carreira, e assim devem fazê-
los. O mundo corporativo tem valorizado cada dia mais os profissionais que se destacam em
razão do seu posicionamento íntegro e correto. Uma boa referência pode atrair novos clientes,
negócios e parceiros imprescindíveis para o crescimento quer seja do profissional, quer seja
da empresa que ele representa e criar uma boa reputação diante da concorrência. E, por
consequência, tende a aumenta a confiança dos clientes, que poderão compartilhar
informações positivas sobre o negócio (BARBOSA, 2016).
A profissão de auditor, por exemplo, exige a obediência aos princípios éticos
profissionais e qualificações pessoais que fundamentalmente se apoiam em: integridade,
idoneidade, respeitabilidade, caráter ilibado, padrão moral elevado, vida privada
irrepreensível, justiça e imparcialidade, bom-senso no procedimento de revisão e sugestão,
Autoconfiança, capacidade prática, meticulosidade e correção, perspicácia nos exames,
pertinácia nas ações, pesquisa permanente e finura de trato e humanidade (CUNHA, 2012).

2.3 O NOVO CÓDIGO DE ÉTICA CONTÁBIL E SUAS PRINCIPAIS ALTERAÇÕES EM


RELAÇÃO AO CÓDIGO ANTERIOR
16

Em 2011, o Plenário do Conselho Federal de Contabilidade (CF) alterou dispositivos


do Código de Ética Profissional do Contabilista (CEPC) – Resolução CFC nº 803/96, através
da Resolução CFC nº 1.307/10. Logo, o CEPC passou a se chamar Código de Ética
Profissional do Contador (CEPC), e além da mudança no nome, novas condutas foram
estipuladas aos profissionais e novos comportamentos e condutas foram inclusos como
infração ética, como o não cumprimento de programas de educação continuada previstos pelo
Conselho Federal de Contabilidade. A mudança buscou trazer uma atualização do Código de
maneira que ele se adequasse à realidade da profissão atualmente, que tem passado por
constante evolução mediante o avanço da tecnologia. Muitos conceitos, no entanto,
permaneceram os mesmos, desde a primeira edição do código de ética da profissão, datado de
1950. “Resguardar os interesses de seus clientes, sem prejuízo da dignidade profissional” é
um exemplo de ideal ético conservado como atual.
Durante o processo de atualização do CEPC, que se encerrou em 2019, mais de 100
sugestões foram analisadas. A seguir, trazemos conteúdos que não existiam na Resolução 803
e foram incluídos na NBC PG 01, conforme ressalta Girotto (2019):
No capítulo “Deveres, vedações e permissibilidades”, foi inserido no item 4 -Deveres
do contador:

d. informar a quem de direito, obrigatoriamente, fatos que conheça e que considere


em condições de exercer efeito sobre o objeto do trabalho, respeitado o disposto na
alínea (c) deste item;
e. aplicar as salvaguardas previstas pela profissão, pela legislação, por regulamento
ou por organização empregadora toda vez que identificar ou for alertado da
existência de ameaças mencionadas nas normas de exercício da profissão contábil,
observando o seguinte:
i. tomar medidas razoáveis para evitar ou minimizar conflito de interesses; e
ii. quando não puder eliminar ou minimizar a nível aceitável o conflito de interesses,
adotar medidas de modo a não perder a independência profissional;
r. informar o número de registro, o nome e a categoria profissional após a assinatura
em trabalho de contabilidade, propostas comerciais, contratos de prestação de
serviços e em todo e qualquer anúncio, placas, cartões comerciais e outros (CEPC,
2019, n.p).

A profissão do contador é permeada por números, decisões e em muitos casos por


informações que devem ser tratadas como sigilosas. Grandes empresas e corporações confiam
suas informações contábeis ao escritório de contabilidade na perspectiva de que elas sejam
tratadas com ética e compromisso, ou seja, de maneira sempre sigilosa.
No capítulo “Valor e publicidade dos serviços profissionais” foram inseridos:

8. Nas propostas para a prestação de serviços profissionais, devem constar,


explicitamente, todos os serviços cobrados individualmente, o valor de cada serviço,
a periodicidade e a forma de reajuste. 9. Aceita a proposta apresentada, deve ser
17

celebrado, por escrito, contrato de prestação de serviços, respeitando o disposto em


legislação específica do CFC. 10. Caso parte dos serviços tenha que ser executada
pelo próprio tomador dos serviços, isso deve estar explicitado na proposta e no
contrato. 11. A publicidade, em qualquer modalidade ou veículo de comunicação,
dos serviços contábeis, deve primar pela sua natureza técnica e científica, sendo
vedada a prática da mercantilização. 12. A publicidade dos serviços contábeis deve
ter caráter meramente informativo, ser moderada e discreta. 13. Cabe ao profissional
da contabilidade manter em seu poder os dados fáticos, técnicos e científicos que
dão sustentação à mensagem da publicidade realizada dos seus serviços. 14. O
profissional deve observar, no que couber, o Código de Defesa do Consumidor,
especialmente no que concerne à informação adequada e clara sobre os serviços a
serem prestados, e a Lei de Propriedade Industrial que dispõe sobre crimes de
concorrência desleal. 15. É vedado efetuar ações publicitárias ou manifestações que
denigram a reputação da ciência contábil, da profissão ou dos colegas, entre as
quais: a. fazer afirmações desproporcionais sobre os serviços oferecem, sua
capacitação ou sobre a experiência que possui; b. fazer comparações depreciativas
entre o seu trabalho e o de outros; c. desenvolver ações comerciais que iludam a
boa-fé de terceiros (CEPC, 2019, n.p).

Os interesses pessoais não podem estar acima dos profissionais, isso implica dizer
que o profissional contábil deverá proteger sua imagem profissional sempre.
No capítulo “Penalidades” foram inclusos as letras e os itens:

21. Na aplicação das sanções éticas, podem ser consideradas como atenuantes:
d. aplicação de salvaguardas. 22. Na aplicação das sanções éticas, podem ser
consideradas como agravantes: c. gravidade da infração (CEPC, 2019, n.p).

Como em qualquer situação de transgressão, aqui também o profissional será punido


conforme disposto no Código de Ética.
Por último, no capítulo “Disposições Gerais” temos como conteúdo novo:

24. As demais normas profissionais complementam esta Norma. 25. Na existência


de conflito entre esta Norma e as demais normas profissionais, prevalecem as
disposições desta Norma (CEPC, 2019, n.p).

É fundamental que o profissional contábil cumpra as disposições do seu Código de


Ética, a fim de resguardar sua imagem, a da categoria e cumprir integralmente o que
preconiza a lei.

2.4 OS TIPOS DE FRAUDES NA ÁREA CONTÁBIL E O CASO DA EMPRESA ENRON

Na busca do significado da palavra “fraude”, comumente depara-se com o sentido


de: burlar, enganar, espoliar, roubar, falsificar, adulterar, sonegar e lesar. Segundo os
principais dicionários da língua portuguesa, a palavra “fraude” pode significar: “engano,
logração, burla e dolo” e/ou também: “qualquer ato ardiloso, enganoso, de má fé, com intuito
de lesar ou ludibriar outrem, ou de não cumprir determinado dever; logro, falsificação de
18

marcas ou produtos industriais, de documentos etc. Introdução clandestina de mercadorias


estrangeiras sem o pagamento dos devidos tributos à alfândega; iludir, falta, crime, delito”
(PEREZ JÚNIOR, 2012).
A fraude contábil é caracterizada pela falsificação ou alteração de registros e/ou
documentos contábeis ou auxiliares, pela omissão de movimentações, registro de transações
sem comprovação ou prática contábil indevida. A ocorrência da fraude tem a intenção de lesar
terceiros por meio de demonstrações falsas de situações patrimoniais (OLIVEIRA, 2017).
O Instituto dos Auditores Internos do Brasil – AUDIBRA – define “fraude” como
uma forma de irregularidade envolvendo práticas criminosas para obter uma injustiça ou
vantagem ilegal. Refere-se a atos cometidos com a intenção de enganar, envolvendo mau uso
dos ativos ou irregularidades intencionais de informação financeira, ou para ocultar mau uso
dos ativos ou para outros propósitos por meio de: manipulações, falsificações ou alterações de
registros e documentos, supressão de informações dos registros ou documentos; registro de
transações sem substância; e mau uso de normas contábeis (AICPA, 2001).
Conforme a Interpretação Técnica NBC T11 – IT – 03 (Fraude e erro), aprovada pela
Resolução CFC n° 836/99, a fraude pode ser caracterizada por:

Manipulação, falsificação ou alteração de registros ou documentos, de modo a


modificar os registros de ativos, de passivos e de resultados;
Apropriação indébita de ativos;
Supressão ou omissão de transações nos registros contábeis;
Registro de transações sem comprovação; e
Aplicação de práticas contábeis indevidas.

Em relação à diferenciação do erro e da fraude, em contabilidade, muito bem


esclarece Serpa (2002). O autor evidencia que é preciso fazer distinção entre fraude e erro, em
contabilidade. Fraude é uma ação premeditada para lesar alguém. O erro é uma ação
involuntária, sem o intuito de causar dano. Embora possam ocorrer sobre os mesmos fatos e
documentos (balanços, balancetes, livros comerciais etc.) são de características diferentes.
A variedade de fraudes é ilimitada. Variam com a posição do empregado, suas
atribuições, o setor de atividades na empresa, sua imaginação, audácia e habilidade. No
âmbito das fraudes contra as organizações, para Perez Júnior a fraude assume múltiplas
modalidades. Das diversas classificações históricas de fraudes, já efetuadas, reveste-se de
interesse a que as dividem em:

a) Não encobertas: são aquelas que o autor não considera necessário mascarar,
porque o controle interno é muito fraco. Um exemplo seria a retirada de dinheiro do
caixa, sem se efetuar nenhuma contabilização. b) Encobertas temporariamente: são
feitas sem afetar os registros contábeis; por exemplo, retirar dinheiro proveniente
das cobranças, omitindo o registro delas de modo que seu montante possa ser
19

coberto com o registro de cobranças posteriores, e assim sucessivamente. c)


Encobertas permanentemente: nesses casos, os autores da irregularidade preocupam-
se em alterar a informação contida nos registros e outros arquivos, para assim
ocultar a irregularidade. Por exemplo, a retirada indevida de dinheiro recebido de
clientes poderia ser encoberta, falsificando-se as somas dos registros de cobranças;
porém, isto não bastaria, pois, como o valor a creditar aos clientes não poderia ser
alterado sem o risco de futuras reclamações, deve-se procurar outro artifício
(PEREZ JÚNIOR, 2012, p. 66).

Ao fazer referência a fraudes contábeis envolvendo grandes empresas é pertinente


destacar o caso Enron. A Enron desenvolveu, construiu e operou gasodutos e usinas,
tornando-se dona de uma rede de dutos de gás natural em todo o mundo. Em 1989, a Enron
começou a comercializar gás natural como commodities, se tornando rapidamente o maior
comercializador de gás natural dos Estados Unidos e Reino Unido (SILVA, 2014).
Em apenas 15 anos a Enron passou de uma pequena empresa de gás no Texas para a
7° maior companhia dos Estados Unidos, com aproximadamente 21 mil empregados em mais
de 40 países, tendo avaliação de mercado de 70 bilhões de dólares e movimento mais de 2
bilhões de dólares em fundo de aposentadoria no ano 2000 (SILVA, 2014).
A falência da Enron parece ter assinalado o fim de um dos mais longos ciclos de
crescimento da economia norte-americana e mundial. A empresa foi emblemática: uma hidra
de duas cabeças, a primeira representando o básico do básico da velha economia commodities
ligadas à gestão dos ativos reais de concessionárias de gás natural e a segunda, a face mais
volátil da nova economia uma trading de opções e derivativos nos campos da energia, clima e
banda larga da internet (CYRINO, 2008).
Certamente o caso Enron ficará para sempre como um dos marcos da história dos
negócios e servirá como aprendizado para o aperfeiçoamento das regras do jogo e a
regulamentação dos mercados. Mas partindo do pressuposto de que os dirigentes e gerentes da
empresa não tinham a intenção de levá-la à situação atual, que lições podemos tirar do
episódio? – (CYRINO, 2008). Desta forma, com a perspectiva de evidenciar as fraudes
corporativas ocorridas, a Enron ganhou destaque, conforme exposto a seguir.
A Enron era a sétima maior empresa dos Estados Unidos e uma das maiores
companhias do setor de energia do mundo, com negócios em mais de 40 países, pediu
concordata. Com o pedido de falência o congresso americano iniciou uma análise sobre a
quebra do grupo, que apresentava em seu balanço uma dívida de US$ 22 bilhões de dólares.
No Brasil, na mesma época, a organização tinha participações no Gasoduto Brasil-Bolívia, na
Usina Termoelétrica de Cuiabá, na Eletrobolt, na Gaspart, na CEG/CEGRio e na Elektro
Eletricidade e Serviços.
20

A Enron foi uma das maiores empresas beneficiadas pela desregulamentação do


mercado de energia dos Estados Unidos e pela alta de preços em 2000, quando o custo de
energia no mercado atacadista americano subiu de US$ 32 para US$ 317. Sempre houve falta
de divulgação das informações financeiras sobre a companhia; essa prática era difundida pelo
próprio Ken Lay, então presidente da Enron, junto aos funcionários. Isso não atrapalhava o
mercado americano, porque suas ações se traduziam em lucro Houston. (SCANNELL, 2006).
Detentora de um faturamento anual de US$ 100 bilhões, a Enron valia US$ 64
bilhões em janeiro de 2001 (SCANNELL, 2006).
Uma das maiores companhias de auditoria e consultoria do mundo, a Arthur
Andersen, era a responsável por conferir a contabilidade da Enron. Durante o processo de
falência da Enron, a Arthur Andersen foi arrolada pelo Departamento de Justiça norte-
americano depois de ficar provado que havia autorizado a destruição de papéis referentes aos
contratos de parcerias em prestações de serviço, usados pelo grupo para esconder as dívidas e
inflar os lucros. A empresa admitiu ter inflado os lucros em aproximadamente US$ 600
milhões em quatro anos. Assim, se inicia o maior escândalo financeiro na história recente dos
Estados Unidos, que teve repercussão mundial (ELIAS, 2014).
O caso Enron ficou conhecido como exemplo do uso da contabilidade para
manipular mercados e do aproveitamento da informação assimétrica a favor dos executivos.
Desde que a Enron Corp. virou sinônimo de transgressão executiva quando quebrou quase
dezenove anos atrás, autoridades obtiveram a condenação ou admissões de culpa por fraude e
outras acusações contra centenas de poderosos do mundo empresarial, e os legisladores
impuseram novas leis, mais duras. Draconiana para alguns, a resposta do governo americano
aos escândalos corporativos da virada de século provocou uma reação de grupos pró-empresas
(ELIAS, 2014).
Elias (2014), ao analisar os problemas que envolvem a ética e a responsabilidade do
contador sobre a produção de relatórios, balanços de uma empresa, consegue-se identificar
que no caso da Enron, foram registrados dois graves problemas: o da fraude propriamente
dita, em que os contadores mentiram nos balanços e o fato de a empresa de auditoria
independente também ter sido “solidária” com a fraude - a averiguação da veracidade do
balanço contábil por uma auditoria independente é exigida por lei nos EUA. Essa empresa, a
Arthur Andersen, era a segunda maior do mundo, com 80 mil funcionários e clientes em 150
países. Faliu menos de dois meses após do escândalo.
A falência da Enron ocorreu durante um surto de “exuberância irracional” provocado
pela alta das ações das empresas de alta tecnologia integrantes da Nova Economia, porém teve
21

um combustível adicional proporcionado pela desregulamentação dos mercados de gás e


energia, ocorrido no biênio 1999/2000. Galbraith (1992) reportou as diversas crises
especulativas ocorridas no passado: desde a tulipomania ocorrida na Holanda (1630/37);
passando pela Grande Depressão de 1929, acarretada por especulação imobiliária e no
mercado de capitais; finalizando com o caso dos “títulos de altíssimo rendimento” (junk
bonds), que detonou a crise do mercado financeiro norte-americano em 1987. Os ingredientes
de um novo surto estiveram presentes nos últimos anos: forte demanda pelas ações das
empresas de alta tecnologia, crescimentos exponenciais nos preços, ações valorizadas em até
600 vezes o lucro de um único ano, disseminação de práticas contábeis criativas, e, em alguns
casos, episódios de complacência dos auditores externos.
Desde 1997 as atividades da Enron não estavam mais restritas ao mercado de
distribuição de eletricidade e de gás natural, pois a empresa vinha diversificando fortemente
suas atividades, tendo lançado em novembro de 1999 o site EnronOnline, o maior portal de
comércio eletrônico do mundo, que intermediava 6 mil transações dias. Nos dois últimos dois
anos o portal negociou contratos no valor de US$ 880 bilhões, que envolviam de capacidade
de transmissão de dados a derivativos no mercado financeiro, passando por aço, papel,
petroquímicos, carvão, emissões de gás e, naturalmente, energia elétrica.
No final de 1996 a ação estava cotada em 21,50 dólares, tendo passado para o
patamar de 40 dólares ao final de 1999. O ano de 2000 foi muito bom devido aos efeitos da
desregulamentação do mercado de gás e energia, o que colocou o valor da ação em um outro
patamar, oscilando no retorno de 90 dólares. No início de 2001, a Enron passou por sérios
problemas: desabastecimento de energia na Califórnia e a queda do valor das ações no
mercado, que associava os papéis da empresa, mas à NASDAQ (bolsa eletrônica das
empresas da Nova Economia) do que a Dow Jones (bolsa de valores de empresas da economia
tradicional). Essa situação levou o preço da ação a um declínio no decorrer do primeiro
semestre de 2001, que caiu para um patamar de 60 dólares. Porém, surpresas maiores estavam
reservadas para o segundo semestre: o preço da ação despencou 99% durante as sete semanas
anteriores à solicitação de concordata pela empresa em 30.11.2001, ficando cotada a 67
centavos de dólar.
Os fatos se sucederam rapidamente no último trimestre daquele ano: em setembro de
2001 começou a circular boato sobre a saúde financeira da empresa; em outubro a Enron
informou um prejuízo de US$ 618 milhões no terceiro trimestre e reduziu o valor de seus
ativos em US$ 1,2 bilhões; a nota de dívida da empresa foi cortada pelas agências de
classificação de risco; em novembro a empresa admite ter inflado seus lucros em US$ 586
22

milhões ao longo dos 5 anos anteriores; nesse mesmo mês, fracassa sua última cartada: a
fusão com a rival Dynergy. Em dezembro, sem crédito na praça e com o caixa zerado, a
Enron não pode honrar o pagamento de suas dívidas, e entra na justiça americana com o maior
pedido de falência da história do país.
Quando a sétima corporação americana foi à bancarrota falharam todos os controles:
houve destruição de documentos comprometedores, telefonemas de última hora para
ministros, e divulgação de conexões políticas históricas com o partido no poder. Então, o
mercado soube a verdade: a Enron varria débitos para a sociedade com propósitos específicos
(SPE’s) das quais detinha participação majoritária, mas por causa de uma norma contábil
duvidosa, não eram consolidadas no balanço final, resultando em lucros superestimados de
US$ 591 milhões e dívidas não registradas no último balanço de US$ 628 milhões (dados
preliminares).
Relatório sobre a Enron elaborado por uma comissão do Congresso norte-americano
apontou como responsáveis três grupos distintos: os executivos, os membros do Conselho de
Administração e os auditores. A progressiva descoberta de detalhes mostrou que falência
decorrera de fraudes promovidas por altos executivos da Diretoria, da convivência dos
auditores da Andersen e dos baixos padrões de governança corporativa da empresa. A fraude
que provocou a quebrou da empresa, dificilmente teria acontecido se o conselho de
Administração tivesse fiscalizado a Diretoria ou se os auditores externos tivessem realizado
suas tarefas.
É possível que uma eventual segregação de funções, num contexto de equilíbrio de
poderes, pudesse fortalecer o Conselho de Administração a ponto de o mesmo respaldar o
trabalho dos auditores da Andersen, evitando que fossem cooptados no esquema de fraudes.
Kenneth Lay acumulava a posição de executivo-chefe com a de presidente do Conselho de
Administração, tendo conseguido entre os anos de 1998 a 2001 amealhar cerca de US$ 200
milhões de ações e de opções, que foram vendidas no mercado antes da derrocada de Enron.
Amigo e financiador de George W. Bush desde o início da década de 90, teve forte influência
na formulação da recente política energética norte-americana, liberalizando e
desregulamentando os mercados de gás e energia. Em dezembro de 2000, Lay promoveu um
alto executivo da empresa, Jeffrey Skilling, que era “tido como maluco por analistas de Wall
Street e por muitos de seus pares no mundo corporativo”, embora tenha sido o criador da ideia
de usar a Internet para comercializar gás e eletricidade, através do site EnronOnline.
Em fevereiro de 2001, quando Skilling assumiu efetivamente o cargo de executivo-
chefe, a Enron já enfrentava sérios problemas, e em agosto de 2001, renunciou ao cargo. Lay
23

reassumiu o comando, que manteve até o final de janeiro da corrente. Em 17 de janeiro de


2002, Lay divulgou na imprensa de auditoria que a Enron decidira “demitir” a empresa de
auditoria AA. Em 24 de janeiro, David Duncan, ex-auditor da Andersen, responsável pela
conta da Enron, se recusou a testemunhar perante uma subcomissão do Congresso. No dia
seguinte, um ex-membro do Conselho, John Clifford Baxter, se matou. Na mesma semana
Lay renunciou aos cargos, sendo substituído na semana seguinte por um executivo-chefe
especializado em administrar empresas em apuros. Os auditores sempre estiveram na posição
desconfortável de julgar a integridade financeira das empresas que os contratam. Nos
prósperos anos 90, com o aumento das pressões por lucros e alta das ações, as companhias
americanas passaram a esticar os limites contábeis como nunca haviam feito, e os auditores
assumiram um novo papel, o de provedores de meios para que esses novos limites se
justificassem.
O relacionamento da Andersen com a Enron era antigo, pois ela auditava os balanços
havia mais de dez anos. Em 2001, dos US$ 52 milhões que a Andersen recebeu da Enron,
cerca de US$ 25 milhões decorreram de serviços de auditoria, sendo a restante proveniente de
serviços de consultorias tributária, legal e de outros serviços. A engenharia contábil aplicada
aos balanços da Enron foi qualificada pelo próprio Lay como “criativa e agressiva”, em
resposta às dúvidas de uma executiva que questionava internamente a legalidade das práticas
contábeis da empresa.
A Andersen foi informada das irregularidades na contabilidade da Enron antes de
elas virem a público, na mesma época e pela mesma executiva que, em carta escrita em agosto
de 2001, havia informado Lay dos problemas contábeis da empresa. Pouco antes de o
escândalo vir à tona, executivos da Andersen passaram horas apagando arquivos de
computador e destruindo documentos no picador de papel. Duas semanas depois de eclodir o
escândalo, o executivo-chefe da Andersen, Joseph Bernardino demitiu o responsável pela
conta da Enron e mais cinco outros executivos graduados, além de publicar uma retratação
pública. Em 10 de janeiro, a Andersen admitiu que seus funcionários eliminaram ou deletaram
“um número significativo, mas indeterminado” de documentos relacionados com a auditoria
feita pela empresa Ana contabilidade da Enron.

2.5 A IMPORTÂNCIA DE ESTRATÉGIAS ANTIFRAUDE NO AMBIENTE CONTÁBIL


PARA EVITAR CASOS COMO DA EMPRESA ENRON
24

Um dos instrumentos de combate à fraude atualmente são as auditorias. A auditoria


integral se diferencia da auditoria contábil visto que esta visa apenas o parecer do auditor, a
existência de disparidades e distorções relevantes nas demonstrações contábeis e além de
utilizar técnicas de amostragem. A auditoria integral procura a detecção de fraudes: reúne
provas e verifica todos os documentos que podem corroborar as transações que são
efetuadas pelas empresas investigadas, entrevista os empregados e terceiros, análise
arquivos de computadores – tudo passa por uma inspeção minuciosa.
Na luta contra as fraudes contábeis, temos vários órgãos reguladores como a
Comissão de Valores Mobiliários (CVM), a Securities and Exchange Comission (SEC), o
Conselho Federal de Contabilidade (CFC), o Banco Central e o Governo, por meio do Código
Civil. Juntos, trabalham criando leis, normas e condutas a serem seguidas pelo profissional
contábil, de modo a prevenir e evitar que as fraudes aconteçam. O CVM, por exemplo,
impôs o chamado Rodízio de Auditoria, que consiste que as empresas mudem de auditores
independentes a cada cinco anos – sendo a recontratação possível apenas após três
exercícios sociais. O objetivo é evitar que a prestação de serviços a um mesmo cliente seja
longínqua, o que poderia vir a comprometer a credibilidade e a independência do
profissional. Essa norma é exigida pelo Banco Central para as instituições financeiras.
Diante tantos escândalos financeiros de fraudes contábeis, a Lei Sarbanes-Oxley
(Lei SOX) foi criada e assinada pela SEC com o objetivo de restabelecer a confiança do
investidor na integridade dos relatórios e declarações das empresas. Ela também procura
evitar maquiagens em balanços financeiros e exige regras relacionadas aos relatórios, assim,
todas as empresas e companhias de capital aberto que possuem ações negociadas na Bolsa
de Valores de Nova York devem possuir comitê de auditoria. Também ficam proibido
empréstimos a conselheiros e diretores, cria um código de ética para os administradores,
estabelece penalidades de multa e prisão para infratores, entre outras exigências.
O controle interno deve ser feito com eficiência para diminuir e até mesmo
erradicar as fraudes que ocorrem internamente nas empresas. Os setores precisam ser
controlados e a auditoria deve ser voltada para o gerenciamento de contas e a prevenção
contra fraudes. As políticas de normas internas precisam ser bem fundamentadas para que
seja possível o direcionamento dos funcionários, lembrando que a capacitação dos mesmos
deve ser voltada para que eles sigam essas normas. A diminuição da ocorrência de erros e,
inclusive, da prática de fraudes, vem de funcionários bem qualificados e que procuram
executar o trabalho de maneira comum e harmoniosa ao máximo.
25

Magalhães, Lunkes e Muller (2001) afirmam que procedimentos como supervisão,


revisão e auditoria internas – comuns às empresas – ajudam a manter o nível de fraudes e
erros ocorridos internamente. Bom controle e gerenciamento interno, treinamento dos
funcionários, rotatividade das funções também se mostram como fortes inibidores das
fraudes contábeis.
Face a isso, o contador deve possuir uma visão globalizada, capaz de converter seus
conhecimentos em benefícios para a própria entidade, além disso, deve agir com zelo e
diligência ao extrair as informações para a elaboração dos demonstrativos contábeis e
financeiros, visto que as disponibilizarão aos usuários interessados (GARCIA, et al, 2007).

3 METODOLOGIA

A metodologia utilizada foi a de revisão bibliográfica e estudo de caso. A adoção


desses métodos para a pesquisa objetivou compreender as questões que envolvem a
importância de o profissional contábil cumprir o código de ética da entidade à qual está
ligado, o que traz benefícios não só para o indivíduo e a empresa ao qual está ligado, mas
também para toda a sociedade.

Em relação ao estudo de caso, pode-se dizer que:

Há pelo menos cinco situações em que o Estudo de Caso se aplica: para explicar
vínculos causais em intervenções na realidade que são muito complexas para
estratégias experimentais; quando é preciso descrever intervenções no contexto em
que ocorrem; para ilustrar determinados tópicos em uma investigação; para explorar
uma situação complexa de resultados e como uma forma de meta-avaliação de
determinados processos. Yin afirma que a prática de Estudo de Caso é
extremamente complicada e, paradoxalmente, afirma com muita autoridade que
quanto mais fácil for a estratégia de pesquisa, mais difícil será realizá-la
(MARTINS, 2008, p. 11-12)

A revisão bibliográfica é um método que proporciona a síntese de conhecimento e a


incorporação da aplicabilidade de resultados de estudos significativos na prática.
Determinando o conhecimento atual sobre uma temática específica, já que é conduzida de
modo a identificar, analisar e sintetizar resultados de estudos independentes sobre o mesmo
assunto (SOUZA, et al., 2010).
O estudo de caso tem como objetivo analisar um ou poucos fatos com profundidade.
A maior finalidade do estudo de caso é verificada nas pesquisas exploratórias e no início de
pesquisas mais complexas, tem como benefício estímulo a novas descobertas, uma ênfase na
totalidade e a simplicidade dos procedimentos (SILVA, 2017). Segundo Yin (2001, p. 71):
26

[...] os Estudos de Caso, em geral, não devem ser utilizados para avaliar a
incidência de fenômenos [...] um Estudo de Caso teria que tratar tanto do fenômeno
de interesse quanto de seu contexto, produzindo muitas variáveis potencialmente
relevantes.

Foram elencadas e analisadas as publicações acerca do tema, a fim de compreender


as dificuldades de cumprir o código de ética. A seleção das literaturas foi restrita a trabalhos
realizados no Brasil, foram utilizados como critérios de inclusão os trabalhos publicados no
período de 1992 a 2019, sendo excluídos os materiais publicados fora do período considerado
e aqueles que não corroboravam com a temática proposta.
A pesquisa apresentada neste trabalho tem a característica de análise comparativa,
descritiva e exploratória.
De acordo com Gil (2017), as pesquisas exploratórias tendem a ser mais flexíveis em
seu planejamento, pois pretendem observar e compreender os mais variados aspectos relativos
ao fenômeno estudado pelo pesquisador. E ainda: as pesquisas exploratórias mais comuns são
os levantamentos bibliográficos, porém, em algum momento, pesquisas científicas passam por
uma etapa exploratória, visto que o pesquisador busca familiarizar-se com o fenômeno que
pretende estudar.
Deve-se destacar que a característica mais importante dessa pesquisa é a necessidade
de se conhecer um fato ou fenômeno ainda pouco conhecido na ciência. Isso se aplica,
também, à aplicação de conhecimentos entre áreas de estudo (por exemplo, utilizar a lente
teórica de uma área do conhecimento para observar um fenômeno em outra área).
Já a descritiva visa descrever características de uma população, amostra, contexto ou
fenômeno. Normalmente são usadas para estabelecer relações entre construtos ou variáveis
nas pesquisas quantitativas. Segundo Gil (2017) pesquisas que buscam levantar a opinião,
atitudes e crenças de uma população.
Para elaboração do presente estudo foram realizadas consultas às publicações do
Conselho Federal de Contabilidade, livros, artigos científicos e busca direcionada na Scientific
Electronic Library Online (SCIELO).

4 ANÁLISE E DISCUSSÃO

O caso ENRON foi escolhido por ter tido grande repercussão midiática, envolvendo
fraudes contábeis e retratar um dos grandes processos de falência no mundo, eram ativos de
US$ 63 milhões, perdas de US$ 32 milhões em valor de mercado para as ações, e de quase
US$ 1 bilhão de perdas para o fundo de pensão dos funcionários. O baixo padrão ético de seus
27

principais executivos, os frágeis padrões de governança corporativa e as falhas cometidas


pelos auditores da Arthur Andersen, fazem dessa falência um caso emblemático.
Assim, abaixo, demonstramos possíveis transgressões do novo código de ética, caso
a falência da Enron tivesse acontecido no Brasil. Buscamos verificar a consistência dos
instrumentos legais de modo a sancionar condutas éticas que facilmente poderiam ser
reprovadas.
Segundo o Código de Ética do Profissional do Contador todas as ações devem ser
permeadas pela Ética, pelo que é correto. O caso ENRON mostrou que a incoerência entre a
retórica para os públicos externos e as práticas internas: vendiam a imagem ética focada em
boas ações sociais e, internamente, todos sabiam que o único tema relevante era o resultado
financeiro. Ex: Presidente-executivo (Jeffrey Skilling) deixou de punir funcionários que
desviaram recursos, sob a condição de que “continuassem a ganhar dinheiro”.
Ainda de acordo com o Código de Ética do Profissional do Contador no capítulo
Deveres, vedações e permissibilidades “item 4, letra d” deverá aplicar as salvaguardas
previstas pela profissão, pela legislação, por regulamento ou por organização empregadora
toda vez que identificar ou for alertado da existência de ameaças mencionadas nas normas de
exercício da profissão contábil e tomar medidas razoáveis para evitar ou minimizar conflito de
interesses. O caso ENRON demonstrou velado conflito de interesses entre a empresa e a
auditora Artur Andersen: independência comprometida em função da prestação de serviços de
consultoria para a empresa, além de frequente migração de seus auditores para a Enron.
Essa migração de auditores da Andersen para a ENRON explicita o gigantesco
conflito de interesses visto que a empresa se encontrava sob auditoria e os auditores
independentes ao passarem para o quadro da ENRON, acabaram por deletar informações de
interesse da empresa em detrimento dos interesses pessoais.
De acordo com Código de Ética Profissional do Contador no capítulo deveres,
permissões e permissibilidades no item 4, letra e, é dever do contador “informar a quem de
direito, obrigatoriamente, fatos que conheça e que considere em condições de exercer efeito
sobre o objeto do trabalho”.
Um papel fundamental para sustentar a ilusão do sucesso de uma das maiores
empresas dos EUA. Em um ramo como a auditoria, a confiabilidade é um atributo essencial
no desempenho da sua atividade, e como resultado das ações antiéticas, a Arthur Andersen
faliu assim como a Enron. Na análise do caso Enron é notório que diversos princípios
contábeis foram infringidos.
28

Ainda conforme o Código de Ética Profissional do Contador no capítulo Deveres,


permissões e permissibilidades, no item 8, salienta-se que, nas propostas para a prestação de
serviços profissionais, devem constar, explicitamente, todos os serviços cobrados
individualmente, o valor de cada serviço, a periodicidade e a forma de reajuste.
Nessa esteira de acontecimentos, ENRON e todas as suas ações demonstraram
incompatibilidade das atividades de auditoria e de consultoria exercidas pela Arthur Andersen
na Enron era conflitante porque, se por um lado a auditoria tinha como função verificar as
demonstrações financeiras da corporação de forma isenta e transparente, por outro, a atividade
de consultoria está diretamente relacionada à otimização de lucros e processos internos que
muitas vezes se distanciam do dever de transparência da auditoria, e o que favoreceu a
execução de atos ilícitos a favor de interesses das pessoas envolvidas. Estes interesses
conflitantes entre auditoria e consultoria foram um dos motivos da manipulação de resultados,
conforme apontaram alguns analistas.
Tomando como base o disposto no acordo com Código de Ética Profissional do
Contador no capítulo Deveres, item 14, o profissional deve observar no que couber, o Código
de Defesa do Consumidor, especialmente no que concerne à informação adequada e clara
sobre os serviços a serem prestados, e a Lei de Propriedade Industrial que dispõe sobre crimes
de concorrência desleal.
Em relação à empresa ENRON, ocorreu o descumprimento da integridade do registro
do patrimônio e suas mutações, assim como o reconhecimento de receitas e despesas no
período em que efetivamente ocorreram. Esses descumprimentos estão vinculados aos
princípios da oportunidade e competência, respectivamente. É necessário citar a inobservância
do princípio da prudência, o qual os ativos não deverão ser superestimados, assim como os
passivos não deverão ser subestimados, em situações que apresentem alternativas igualmente
válidas. A Enron não poderia utilizar dos princípios contábeis citados, sem denunciar a
verdadeira situação financeira da empresa.
Acerca da ética e auditoria é pertinente ressaltar que a ética geral se constitui de
normas pelas quais o indivíduo estabelece uma conduta pessoal aceita. Normalmente, isso
leva em conta as exigências impostas pela sociedade, pelos deveres morais e pelas
consequências dos atos da pessoa.
A contabilidade criativa é um termo que se tornou famoso especialmente após os
escândalos financeiros ocorridos nos Estados Unidos no início dos anos 2000. A prática
ocorre quando os gestores utilizam seu conhecimento sobre as normas para manipular as
cifras refletidas nas demonstrações financeiras da empresa, sem deixar de cumprir as normas.
29

similarmente, o conceito de gerenciamento de resultados reconhece a manipulação,


mediante escolhas discricionárias de práticas e estimativas contábeis, com implicações no
resultado (MATSUMOTO; PARREIRA, 2007). Consequentemente, as análises econômico-
financeiras são afetadas, podendo não representar a realidade da entidade, mas não ocorre
fraude.
Conforme a Comissão de Valores Mobiliários, deve-se conservar em boa guarda pelo
prazo mínimo de 5 (cinco) anos, toda a documentação, correspondência, papéis de trabalho,
relatórios e pareceres relacionados com o exercício de suas funções, desse modo tornar-se
evidente que a empresa Enron feriu essa norma, pois os auditores confessaram que houve a
destruição de documentação e recado eletrônico referente à auditoria após o escândalo, que
poderiam construir provas incriminadoras em um possível processo de apuração de
responsabilidade. O que além de uma atitude antiética é crime, pelo qual foi condenada.
Ademais, todas as atitudes praticadas pelos administradores da "Enron" comprovam a
fragilidade dos mecanismos contábeis e de auditoria capazes de coibir abusos e evitar fraudes
lesivas ao mercado.
A ética profissional dos auditores nada mais é que uma divisão especial da ética geral
e nela o profissional recebe normas específicas de conduta em questões que refletem
responsabilidades para com a sociedade, com a organização a que pertence e com outros
membros de sua profissão, assim como para com a própria pessoa. O que um auditor faz,
individualmente, sendo ou não uma atitude típica dos auditores em geral, às vezes é a única
coisa que chama a atenção da organização, do público ou mesmo de comunidades inteiras.
Assim a profissão de auditor, como um todo, pode ser julgada pelas atitudes de um único
profissional.
De acordo com a Comissão de Valores Mobiliários, o auditor independente, seja ele
pessoa física ou pessoa jurídica, não pode prestar serviços para um mesmo cliente, por prazo
superior a cinco anos consecutivos, tal regra foi estabelecida para evitar que o relacionamento
prolongado entre o auditor e a entidade auditada possa diminuir a independência e a
objetividade na execução dos trabalhos, mas isso não se evidencia no caso da empresa Enron,
os auditores da Andersen não possuíam o grau necessário de independência, pois auditavam a
empresa há dez anos (consecutivos).
Desta forma, no desenvolvimento de seu trabalho o auditor, independentemente de sua
formação profissional, deve ter sempre presente que, se obriga a proteger os interesses da
sociedade, respeitar as normas de conduta que regem os profissionais de auditoria, não
podendo valer-se da função em benefício próprio ou de terceiros. Fica, ainda, obrigado a
30

guardar total confidencialidade das informações obtidas, não devendo revelá-las a terceiros,
sem autorização específica. Assim sendo, a profissão de auditoria exige a obediência aos
princípios éticos profissionais e qualificações pessoais que fundamentalmente se apoiam em:
integridade, idoneidade, respeitabilidade, caráter ilibado, padrão moral elevado, dentre outros
adjetivos.
A condição de independência é fundamental e óbvia para o exercício da atividade de
auditoria independente. Entende-se como independência o estado no qual as obrigações ou os
interesses da entidade de auditoria são, suficientemente, isentos dos interesses das entidades
auditadas para permitir que os serviços sejam prestados com objetividade. Em suma, é a
capacidade que a entidade de auditoria tem de julgar e atuar com integridade e objetividade,
permitindo a emissão de relatórios ou pareceres imparciais em relação à entidade auditada,
aos acionistas, aos sócios, aos quotistas, aos cooperados e a todas as demais partes que
possam estar relacionadas com o seu trabalho.
Queiroz e Ferreira (2006) informa que, muitas empresas passaram a utilizar um
código de ética interno, pois isso possibilita uma maior facilidade na tomada de decisões,
satisfação e motivação dos profissionais e reconhecimento da Comunidade. E, isso tudo se
torna possível quando se trata de uma ferramenta padronizada e que exposta de maneira clara
e objetiva, proporcionando o melhor entendimento dos colaboradores, no qual as
preocupações éticas das empresas transformam-se em práticas efetivas gerando maior
competitividade.
Outro requisito que se reveste de importância para a realização dos trabalhos de
auditoria é a independência do auditor. Conforme o item 4 da NBC PA 400 – Independência
para trabalhos de Auditoria e Revisão, como os trabalhos de auditoria são do interesse
público, é requerido pela norma que os membros das equipes de auditoria, firmas e firmas em
rede sejam independentes dos clientes de auditoria. Dessa forma, a NBC PA 400 possui o
objetivo de auxiliar as firmas e os membros das equipes de auditoria na aplicação dos
conceitos a respeito da independência.

Sobre a aludida norma, a independência está vinculada aos princípios da


objetividade e da integridade. Ela compreende: independência de pensamento - postura que
permite a apresentação de conclusão que não sofra efeitos de influências que comprometam o
julgamento profissional, permitindo que a pessoa atue com integridade, objetividade e
ceticismo profissional e aparência de independência - evitar fatos e circunstâncias que sejam
tão significativos a ponto de que um terceiro informado e prudente provavelmente concluiria,
31

ponderando todos os fatos e circunstâncias específicas, que a integridade, a objetividade ou o


ceticismo profissional da firma, ou de membro da equipe de auditoria ficaram
comprometidos.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Concluímos através deste trabalho que todos os envolvidos no caso Enron e Arthur
Andersen agiram de maneira antiética. Registre-se que era da auditoria a responsabilidade
pela credibilidade dada às demonstrações contábeis divulgadas pela Enron. E que levou
muitos a investirem na empresa acreditando no sucesso e rentabilidade das ações da Enron.
Uma empresa de auditoria independente deve sempre zelar pela ética e normas
contábeis, apresentando em seu parecer ressalvas quanto às informações contábeis auditadas,
se estiverem em desacordo com elas, ou se os meios utilizando na contabilidade colocar em
risco a continuidade da empresa, como era o caso da Enron.
O estudo de caso demonstrou que a falência da Enron decorreu, principalmente, de
problemas éticos como: falta de escrúpulos dos executivos, ausência de supervisão pelo
Conselho de Administração e conduta antiética dos auditores da Andersen. A conjunção
desses fatores permitiu a execução das fraudes e sua manutenção em sigilo por um longo
período.
A fraude contábil marca não apenas a credibilidade do profissional contabilista
responsável como também da instituição auditorada. Os resultados da fraude são
demonstrativos enganosos com finalidade de aumentar ou diminuir o valor das ações,
esconder problemas de ordem financeira, enganar investidores e credores, e até mesmo com
fins fiscais e tributários.
Uma vez que ocorrem fraudes, elas acabam vindo à tona – daí a necessidade de ser
sempre transparente com o fisco, funcionários e investidores, o que aumenta a credibilidade e
a confiabilidade no trabalho que é feito.
A prevenção de fraudes deve ser uma preocupação constante. Estratégias e serviços
de prevenção devem ser criados de modo a evitá-las, além de sempre lembrar às pessoas que
trabalham na área contábil que fraudes trazem prejuízos a todos os envolvidos e que a cada
dia que se passa a fiscalização assim como as devidas punições se tornam mais rígidas e
severas – até o dia em que será inviável tentar maquiar e fraudar resultados. Empresários,
sócios, contadores: o sucesso de uma empresa depende direta e indiretamente de todos e todos
devem manter uma postura ética.
32

REFERÊNCIAS

AICPA. Comitê de Procedimentos de Auditoria do Instituto Americano de Contadores


Públicos Certificados, 2001. Disponível em: <http://www.aicpa.orgl/>. Acesso: em 12 dez.
2020.

BARBOSA, Alessandra Carneiro. A ética para os profissionais da contabilidade: um estudo


bibliométrico. Revista de auditoria, v. 8, n. 37. Abril 2016. Disponível em:
< http://www.fucamp.edu.br/editora/index.php/ragc/article/view/838>. Acesso em 25 de nov.
2020

BARROS, Maria Rosiane de Figueiredo. A ética no exercício da profissão contábil. Belo


Horizonte, 2010. Monografia, Instituto de Ciências Econômicas e Gerenciais da Pontifícia
Universidade Católica de Minas Gerais. Disponível em:
<http://sinescontabil.com.br/monografias/trab_profissionais/rosiane.pdf>. Acesso em 23 de
nov. 2020.

BORGES, Erivan; MEDEIROS, Carlos. Comprometimento e ética profissional: um estudo de


suas relações junto aos contabilistas. Revista Contabilidade & Finanças. USP, São Paulo.
N.44, p. 60-71, maio/agosto 2007.

BRASIL. Resolução CFC n. 803 de 10 de outubro de 1996. Código de ética profissional de


contabilidade. Disponível em: <https://
https://www1.cfc.org.br/sisweb/SRE/docs/RES_803.pdf>. Acesso em: 21/11/2020.

CAMARGO, Marculino. Fundamentos da ética geral e profissional. 5 ed. Petrópolis:


Vozes, 2004.

CARVALHO, Sergio Ribeiro de. O contador líder. São Paulo: IOB, 2009.

CYRINO, Álvaro. Enron: As lições do fracasso. Revista Exame, 09 de dez. 2008.


Disponível em: <https://exame.com/negocios/artigo-Enron-as-licoes-do-fracasso-
m0058989/>. Acesso em 08 de dez. 2020.

CÓDIGO DE ÉTICA PROFISSIONAL DO CONTADOR – CEPC. Disponível em:


<https://www.normaslegais.com.br/legislacao/contabil/cepc.htm>. Resolução CFC nº
803/1996. Acesso em 20 de nov. 2020.

CUNHA, Chriselen Ribeiro da. A ética profissional e o contador: Um estudo sobre a


postura ética no exercício da profissão em escritórios de contabilidade. Agosto, 2015.
Disponível em: < http://dvl.ccn.ufsc.br/congresso/anais/5CCF/20140425072012.pdf>. Acesso
em 19 de nov. 2020.

ELIAS, Aline Luciana de Oliveira. Questões éticas na auditoria independente: a auditoria


da empresa Arthur Andersen na empresa Enron. v. 1, n. 2, edição 1, jan./dez. 2014.
Disponível em:
<http://periodicos.unifacef.com.br/index.php/dialogoscont/article/download/1237/906>.
Acesso em 15 de dez. 2020.

FIGUEIREDO, Antônio Macena. Ética: origens e distinção da moral. Saúde, Ética &
Justiça. 2008;13(1):1-9. Disponível em:
33

< https://www.revistas.usp.br/sej/article/download/44359/47980/52864>. Acesso em 20 nov.


2020.

GIL, Antônio Carlos. Como Elaborar Projetos de Pesquisa. 6ª edição. São Paulo, Atlas,
2017.

GIROTTO, Maristela. Código de Ética Profissional do Contador é Atualizado: saiba o que


mudou. Conselho Federal de Contabilidade, 11 abr. 2019. Disponível em:
<https://cfc.org.br/noticias/codigo-de-etica-profissional-do-contador-e-atualizado-saiba-o-
que-mudou/>. Acesso em: 23 out. 2021.

JUNIOR, José Hernandez Perez. Auditoria de demonstrações contábeis: Normas e


procedimentos. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2012.

LISBOA, Lázaro Plácido. Ética Geral e profissional em Contabilidade. 2 ed. São Paulo:
Atlas, 2012.

MAGALHÃES, Antônio de Deus Farias; LUNKES, Irtes Cristina; MULLER, Aderbal


Nicolas. Auditoria das Organizações. 1 ed. São Paulo: Atlas, 2001.

MARTINS, Gilberto de Andrade. Estudo de Caso: Uma estratégia de pesquisa. São Paulo:
Atlas, 2008.

OLIVEIRA, Karine Gonzaga de; NAVES, Leticia Ferreira de Lima. Fraudes Contábeis: uma
abordagem ética, tipológica e suas implicações na sociedade. Revista Mineira de
Contabilidade, [S. l.], v. 1, n. 37, p. 12–21, 2016. Disponível em:
https://revista.crcmg.org.br/rmc/article/view/357. Acesso em: 17 dez. 2020.

PASSOS, Eliete. Ética nas organizações. São Paulo: Atlas, 2004.

PIMENTA, Sandra Pereira. Conheça as Fraudes mais Comuns nas Empresas e o Papel da
Auditoria Interna. Agosto, 2015. Disponível em:
<https://www.jornalcontabil.com.br/conheca-as-fraudes-mais-comuns-nas-empresas-e-o-
papel-da-auditoria-interna/>. Acesso em 22 nov. 2020

REZENDE, Manoel Barbosa de. Ética e Moral. Belém, 2006. Disponível em:
<Http://scielo.iec.gov.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101-59072006000300001>.
Acesso em 22 nov. 2020.

SÁ, Antônio Lopes de. Ética profissional. 3ª edição. São Paulo: Atlas, 2000.

SÁ, Antônio Lopes de. Consciência Ética. Curitiba: Juruá Editora, 2008.

SANTOS, Luciana de Almeida Araujo; LEMES, Sirlei. A lei Sarbanes-Oxley: uma tentativa
de recuperar a credibilidade do mercado de capitais norte-americano, 2004.

SCANNELL, Kara. Contabilidade financeira: o caso ENRON. Disponível em:


<https://www.contabilidade-financeira.com/2006/05/o-caso-Enron.html>. Acesso em 13 de
set. 2021.

SERPA, Júlio Cesar Lopes. Fraudes contábeis, dolo ou culpa. João Pessoa, 2002.
Disponível em: <http://www.contadorperito.com>. Acesso em 12 dez. 2020.
34

SILVA, Sandro Lima da. A ética na profissão contábil. Cuiabá, 2003. Disponível em:
< https://acervodigital.ufpr.br/bitstream/handle/1884/53011/Edina%20S%20C%20Silva%20e
%20Sandro%20L%20Silva.pdf?sequence=1&isAllowed=y>. Acesso em 24 nov. 2020.

SILVA, Carolina Tavares. A importância de controles internos para a gestão de riscos:


caso ENRON. Março, 2014. Disponível em:
<https://pantheon.ufrj.br/bitstream/11422/1523/1/CTSilva.pdf>. Acesso em 09 dez. 2020.

SILVA, Antônio Carlos Ribeiro da. Metodologia da pesquisa aplicada à contabilidade.


Salvador, 2017. Disponível em:
<https://repositorio.ufba.br/ri/bitstream/ri/24428/1/eBook_Metodologia_da_Pesquisa_Aplicad
a_a_Contabilidade-Ci%C3%AAncias_Contabeis_UFBA.pdf>. Acesso em 16 dez. 2020.

COMISSÃO DE VALORES MOBILIÁRIOS – CVM. Instrução CVM nº 308, de 14 de maio


de 1999. Disponível em: http://www.cvm.gov.br/legislacao/instrucoes/inst308.html. Acesso
em: 18 out. 2021.

MATSUMOTO, Alberto Shigueru; PARREIRA, Enéias Medeiros. “Uma Pesquisa Sobre O


Gerenciamento De Resultados Contábeis: Causas E consequências”. Journal of Accounting,
Management and Governance 10, no. 1 (outubro 21, 2009). Acessado outubro 17, 2021.
<https://www.revistacgg.org/contabil/article/view/151>.

QUEIROZ, Adele; FERREIRA, Roberto do Nascimento. Ética e responsabilidade social nos


negócios. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2006.

GILLAN, Stuart; MARTIN, John Donelson. Corporate governance post-Enron: Effective


reforms, or closing the stable door? Journal of Corporate Finance, 13 (5): 929-958. Dezembro
de 2007 Disponível em:
<https://www.researchgate.net/publication/4886839_Corporate_Governance_Post-
Enron_Effective_Reforms_or_Closing_the_Stable_Door> Acesso em 17 de out. 2021.

MACCARTHY, John. International Journal of Finance and Accounting. 2017, 6 (6): 159-166
DOI: 10.5923/j.ijfa.20170606.01. Disponível em:
<https://www.researchgate.net/profile/John_Maccarthy2/publication/321143663_Using_Altm
an_Z-score_and_Beneish_M-
score_Models_to_Detect_Financial_Fraud_and_Corporate_Failure_A_Case_Study_of_Enron
_Corporation/links/5a0f804b458515cc5aa6a0b5/Using-Altman-Z-score-and-Beneish-M-
score-Models-to-Detect-Financial-Fraud-and-Corporate-Failure-A-Case-Study-of-Enron-
Corporation.pdf> Acesso em: 16 de out. 2021.

NIYAMA, Jorge Katsumi; RODRIGUES, Ana Maria Gomes; RODRIGUES, Jomar Miranda.
ALGUMAS REFLEXÕES SOBRE CONTABILIDADE CRIATIVA E AS NORMAS
INTERNACIONAIS DE CONTABILIDADE. Revista Universo Contábil, [S.l.], v. 11, n. 1,
p. 69-87, mar. 2015. ISSN 1809-3337. Disponível em:
<https://proxy.furb.br/ojs/index.php/universocontabil/article/view/4775>. Acesso em: 15 out.
2021. doi: http://dx.doi.org/10.4270/ruc.2015169-87.

SOUSA, Adriano da Costa. A importância da ética para o profissional de contabilidade.


Monografia de especialização apresenta à Universidade de Vila Velha, Espírito Santo, 2014.
Disponível em: < http://repositorio.aee.edu.br/bitstream/aee/5651/1/TCC%20-
%20ADRIANO%20DA%20COSTA%20SOUSA.pdf>. Acesso em 24 nov. 2020.
35

CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE - CFC. Resolução 2019/NBCTA400, de


21 de novembro de 2019. Dispõe sobre a independência para trabalho de auditoria e revisão.
Disponível em: http://www1.cfc.org.br/sisweb/SRE/docs/NBCPA400.pdf. Aceso em: 18 out.
2021.

VIEIRA, Maria das Graças. Ética na profissão contábil. 1 ed. São Paulo: IOB Thomson,
2006.

YIN, Robert K. Estudo de Caso, planejamento e métodos. 2.ed. São Paulo: Bookman,
2001.

Você também pode gostar