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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE

CENTRO DE ESTUDOS GERAIS


INSTITUTO DE GEOCIÊNCIAS
Pós-Graduação em Ciência Ambiental

Helensandra Louredo da Costa

DESENVOLVIMENTO, APLICAÇÃO OTIMIZAÇÃO DE UM PROJETO


DIDÁTICO-PEDAGÓGICO SOBRE A PEDICULOSE, PARA EDUCADORES E
EDUCANDOS DO PRIMEIRO AO QUARTO CICLO DO ENSINO FUNDAMENTAL:

Uma proposta educativa participativa no espaço escolar

Niterói
2009
ii

HELENSANDRA LOUREDO DA COSTA

DESENVOLVIMENTO, APLICAÇÃO E OTIMIZAÇÃO UM JOGO


DIDÁTICO-PEDAGÓGICO SOBRE A PEDICULOSE, PARA EDUCADORES E
EDUCANDOS DO PRIMEIRO AO QUARTO CICLO DO ENSINO FUNDAMENTAL:

Uma proposta educativa participativa no espaço escolar

Dissertação apresentada ao Curso de Pós-


Graduação em Ciência Ambiental da
Universidade Federal Fluminense, como
requisito parcial para obtenção do Grau de
Mestre. Área de Concentração: Estudos de
processos sócio-ambientais.

Orientador: Prof. Dr. Celio Mauro Viana

Niterói
2009
iii

HELENSANDRA LOUREDO DA COSTA

DESENVOLVIMENTO, APLICAÇÃO E OTIMIZAÇÃO UM JOGO


DIDÁTICO-PEDAGÓGICO SOBRE A PEDICULOSE, PARA EDUCADORES E
EDUCANDOS DO PRIMEIRO AO QUARTO CICLO DO ENSINO
FUNDAMENTAL:

Uma proposta educativa participativa no espaço escolar

Dissertação apresentada ao Curso de


Pós-Graduação em Ciência
Ambiental da Universidade Federal
Fluminense, como requisito parcial
para obtenção do Grau de Mestre.
Área de Concentração: Estudos de
processos sócio-ambientais.

Aprovada em 13 de novembro de 2009.

BANCA EXAMINADORA

Prof. Dr. CELIO MAURO VIANA – Orientador


UFF

Prof. Dr. JOSÉ GLAUCO TOSTES


UFF

Profa. Dra. TÂNIA GOLDBACH


IFRJ

Prof. Dr. DALTON GARCIA DE MATTOS JÚNIOR


UFF

Niterói
2009
iv

Dedico esse
trabalho a todas
as crianças
descalças quais a
realidade de vida
não pude
transformar em
algo melhor de
modo definitivo,
mas apenas por
algumas horas,
com um pouco de
diversão. A elas,
se pudesse diria
agora, que nada é
definitivo e que as
suas vidas podem
mudar...
v

AGRADECIMENTOS
Acredito ser praticamente impossível agradecer especificamente a determinadas
pessoas por eu ter conseguido chegar até aqui, pois foram muitas... Pessoas essas que,
inclusive eu nem mesmo conheço, e que de uma forma ou de outra, no dia-a-dia,
cruzaram o meu caminho e compartilharam momentos ‘esquecíveis’, mas que, porém
podem naquele dado instante mesmo que não intencionalmente, ter mudado o rumo da
minha história; como ‘o rapaz da copiadora’, a ‘atendente da cantina’, o motorista do
ônibus que parou quando eu estava atrasada para entregar um trabalho ou outros. Faço
questão de lembrar-me desses detalhes, pois vivemos em um mundo repleto de milagres
que ocorrem a todo instante, e cada uma deles, em particular, na minha vida, conspirou
para que eu conseguisse em fim terminar esta etapa do meu trabalho.
A CAPES pela bolsa de estudos a mim outorgada que proporcionou a execução
deste trabalho.
... todas as instituições participantes do projeto e seus funcionários e educadores
e educandos, que receberam a mim a às minhas idéias com muito carinho, seriedade e
dedicação;
... ao meu querido orientador, prof. Célio Mauro Viana, que considero mais que
um orientador, e sim um amigo com qualidades ímpares e que com muita sabedoria e
paciência conduziu-me até um aprendizado que vai além das folhas escritas e dos
gráficos;
... ao prof. Dr. Dalton Garcia de Mattos Júnior, que com muita boa vontade me
apresentou tanto ao Programa (PGCA), quanto ao meu orientador prof. Dr. Célio Mauro
Viana, incentivando a mim e a execução de meu projeto;
... a minha amiga, Peônia Pereira Brito de Moraes, aluna do PGCA, que hoje
para mim é uma irmã...
... ao meu marido, Rafael Axiotis de Mattos, apoiando-me, e mais que isso,
sendo verdadeiramente parte de mim em todos os instantes desde o início de minha
jornada, e graças ao bom Deus até hoje, e para sempre se assim for permitido;
... a minha avó Anita Pereira Campos (in memorian) e ao meu avô Ari Cruz
Hernandez (in memorian) que me deram tanto amor durante as suas vidas, que hoje,
como pessoa e ‘acadêmica’ posso compartilhar todo esse amor com a sociedade em
forma de trabalhos e pesquisas que possam contribuir um pouco para a melhoria de suas
vidas e país.
vi

A Deus, meus
Pais e Irmãos e
marido.

“Eu ouço eu
esqueço. Eu vejo
e eu lembro. Eu
faço e eu
entendo”

Confúcio (479 a.C – 551


a.C).

“Mas vale uma


cabeça bem feita
que bem cheia”
Montaigne (1533- 1592).
vii

RESUMO

A pediculose é uma enfermidade parasitária que atinge grande parte da população


brasileira, assim como as de outras partes do mundo, não escolhendo idade, etnia ou
classe social. Muito embora seja uma doença conhecida antigamente, poucos os
inquéritos epidemiológicos foram realizados no Brasil, assim como a tomada de
iniciativas para a redução de seus índices. A presente pesquisa teve como objetivo
produzir, testar e adequar materiais didático-pedagógicos abordando esta temática. O
trabalho foi desenvolvido no bairro do Fonseca, Niterói RJ durante os meses novembro
de 2006 e de 2007. Cinco instituições de ensino Fundamental públicas(03) e privadas
(02) foram escolhidas. A idade dos educandos variou dos 09 aos 15 anos. Foi
desenvolvida uma ‘Sequência Didático-Pedagógica’, constituída por uma estória e um
jogo. Produziu-se um painel que foi colocado no quadro negro. Este painel descrevia o
trajeto do piolho indo da cabeça do hospedeiro (‘Tiquinho’).até a de seus três melhores
amigos (‘Bela’, ‘Tonzinho’ e ‘Digão’). A estória e o jogo foram aplicados e o tempo
gasto com esta atividade devidamente computado. Através da análise e pesquisa,
procurou-se correlacionar as informações apreendidas pelos educandos durante e após a
dinâmica. Em seguida, educandos foram pesquisados para que se necessário se
realizasse uma avaliação e modificações do material produzido, avaliações estas que
foram anotadas e analisadas objetivando produzir uma dinâmica mais adequada em sala
de aula. Os resultados da aplicação da dinâmica foram os seguintes: a) o painel
demonstrou ser de fácil manuseio e claro nas informações, tanto em sua colocação no
quadro-negro quanto na sua utilização e retirada.;b) identificou-se uma compreensão da
estória e do jogo, a partir das respostas dadas: divertido (94,2% - sim), se gostaram de
jogar (89,5% - sim), se jogariam novamente (98% - sim), e se gostaram das ilustrações
(96,5% - sim); c) o tempo gasto com a aplicação de toda a sequência da atividade foi de
duas horas e trinta minutos; d) quanto as modificações da Sequência Didático
Pedagógica, (95,3%) dos educandos disseram não ser necessário realizar alterações, e
aproximadamente 60,5% afirmaram já terem sido parasitados por piolhos. Diante do
exposto, a metodologia proposta demonstrou-se eficaz para ser aplicada junto aos
educandos do ensino fundamental, sob a orientação dos educadores. Os resultados
foram considerados satisfatórios a partir da avaliação das respostas colhidas nesta
população estudada.

Palavras-chave – 1. Pediculose. 2. Educação em Saúde e Meio Ambiente. Atividades


Lúdicas.
viii

ABSTRACT

Pediculosis is a parasitic disease which affects a large part of the Brazilian population
and other parts of the world, not choosing age, ethnic or social class. Although it is a
disease known in the past, few epidemiological investigations were carried out in
Brazil, as well as taking initiatives to reduce its occurence. This research was to produce
educational materials test and pedagogical addressing this issue, with the aim of
informing and educators and learners, enhance, different aspects of pediculosis. This
work was developed in the neighborhood of Fonseca, Niterói RJ; both in five higher
education institutions public in private the age of learners ranged from 09 to 15 years. A
‘pedagogical educational-sequence’ consisting of a story and a game. A panel was
placed on the chalkboard addressing .The story and the game were applied and the time
spent on this activity duly computed. Through research, analysis and tried to correlate
the information seized by learners during and after the dynamics. Then or learners were
geared to launch an evaluation and modification of the material produced, as needed,
these assessments were recorded and analysed in order to produce a dynamic more
appropriate classroom. The results of applying the dynamics were the following: (a) the
Panel proved easy handling and clear information, both in placing on in their use and
withdrawal; b) identified an understanding of the story and game from replies: fun
(94,2%, yes) if liked to play (89,5%, yes), to play again (98%, Yes), and if you liked the
illustrations (96.5%, yes) time spent with the implementation of all the activity
sequence was two hours and 30 minutes; d) as the modifications didactic educational
sequence (95,3%) of learners said is not necessary to make changes, and approximately
60.5% said they were infested by lice. On the above, the proposed methodology
effective was demonstrated to be applied in the elementary school students, under the
guidance of educators. The results were considered satisfactory from the assessment of
responses collected this studied population.

Key words – 1.Pediculosis. Healt Educacion. ludicals activity.


ix

LISTA DE FIGURAS

Figura 01. Mapa da cidade de Niterói com o bairro do Fonseca destacado –


RJ....................................................................................................................................32
Figura 02. Mapa do bairro do Fonseca com as áreas de estudo demarcadas..................33
Figura 03.Sociedade Educacional Crismogali – (SEC) .................................................45
Figura 04. ‘Tiquinho’ – personagem principal da estória...............................................55
Figura 05. O painel do jogo............................................................................................56
Figura 06. logotipo do projeto .......................................................................................56
Figura 07. cartas do jogo.................................................................................................56
Figura 08. Desenho feito à mão .....................................................................................76
Figura09. Imagem - já digitalizada .............................................................................76
Figura 10. Personagem da estória – Tiquinho................................................................76
Figura 11. Personagem da estória Belinha......................................................................76
Figura 12. Personagem da estória Digão........................................................................76
Figura 13.Painel do jogo digitalizado.............................................................................77
Figura 14. ‘Banner’ do jogo............................................................................................77
x

LISTA DE TABELAS

Tabela 01. Características biológicas do piolho citadas pelos educandos após a


atividade...........................................................................................................................68
Tabela 02. Formas de prevenção e tratamento da pediculose citadas pelos educando
após a atividade...............................................................................................................69
Tabela 03. Formas de transmissão do piolho citadas pelos
educandos........................................................................................................................69
Tabela 04. Declarações dos educandos sobre as formas de evitar 'pegar' piolho
aprendidas com o jogo ....................................................................................................69
Tabela 05. Se o jogo está bom assim, ou se devem ser feitas alterações........................74
xi

LISTA DE QUADROS

Quadro 01. Fluxograma metodológico: fases resumidas da pesquisa.............................35


Quadro 02. Temas pesquisados para a composição do trabalho....................................36
Quadro 03. Desenvolvimento da ‘Sequência Didático-Pedagógica’...............................37
Quadro 04. As instituições de ensino pesquisadas.........................................................42
Quadro 05. Principais fatores ‘levados em conta’ no questionário dirigido aos
educandos........................................................................................................................43
Quadro 06. Passos para montar a ‘Sequência Didático-Pedagógica...............................48
Quadro 07. Conteúdo das Cartas do jogo Missão Possível, com as perguntas, respostas e
fonte de consulta para as mesmas....................................................................................58
Quadro 08. Classificação das respostas dos alunos segundo a sua origem na dinâmica
apresentada - Características biológicas do piolho, após a atividade..............................70
Quadro 09. Classificação das respostas dos educandos segundo a sua origem na
dinâmica– (Formas de prevenção e tratamento)..............................................................71
Quadro 10. Classificação das respostas dos educandos segundo a sua origem – (Formas
de transmissão)................................................................................................................71
Quadro 11. Colocação dos grupos no jogo Missão Possível..........................................73
xii

LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 01. Incidência da pediculose nos educandos.........................................................52


Gráfico 02. Distribuição das perguntas dos jogo quanto ao assunto/área das perguntas...57
Gráfico 03. Número de educandos e instituições pesquisados.........................................62
Gráfico 04. O que os educandos mais gostaram no jogo................................................... 66
SUMÁRIO

RESUMO ......................................................................................................................vii

ABSTRACT .................................................................................................................viii

LISTA DE FIGURAS ....................................................................................................ix

LISTA DE TABELAS ....................................................................................................x

LISTA DE QUADROS ..................................................................................................xi

LISTA DE GRÁFICOS ...............................................................................................xii

1. INTRODUÇÃO ..........................................................................................................1

2. REVISÃO DE LITERATURA ..................................................................................5

2.1. A multidisciplinaridade e a interdisciplinaridade nas relações entre os seres


vivos e o meio ambiente: o ser humano e a saúde ambiental ......................................5
2.2. A educação para a saúde no Brasil........................................................................9
2.3. A multidisciplinaridade e a interdisciplinaridade e as relações existentes no meio
ambiente: as parasitoses e os seres humanos..............................................................13
2.4. As consequências da pediculose que estão além da saúde física........................16
2.5. A pediculose: especificidades..............................................................................18
2.5.1. Classificação, desenvolvimento e os diferentes tipos de ‘piolho’....................19
2.5.2. Medidas de controle e profilaxia......................................................................20

3. REFERENCIAL TEÓRICO....................................................................................22

3.1. Compreensão do processo ensino/aprendizagem e do público-alvo, objetivando


a correta construção da ‘Sequência Didático-Pedagógica’........................................22
3.2. A importância da discussão dos ‘Temas Geradores’..........................................24
3.3 A importância dos jogos e atividades lúdicas......................................................25
3.4. A influência da Promoção da Saúde na tomada de atitudes frente a problemas
antes tratados apenas por medicamentos ou medidas de prevenção de doenças ......26

4. HIPÓTESE ................................................................................................................28

5. OBJETIVO.................................................................................................................29
6. METODOLOGIA .....................................................................................................30

6.1. Área de estudo: Bairro do Fonseca......................................................................30


6.2. Utilização de estratégias de integração disciplinar..............................................34
6.2.1. Descrição resumida das fases elaboradas.........................................................35
6.3. Fases da pesquisa................................................................................................36
6.3.1. Primeira fase.....................................................................................................36
6.3.2. Segunda fase.....................................................................................................37
6.3.3. Terceira fase – avaliação do material didático-pedagógico produzido...........37
6.3.4. Quarta fase........................................................................................................38
6.3.5. Quinta fase........................................................................................................38
6.4. Metodologia para a realização da pesquisa e análise dos dados..........................40
6.5. Público alvo.........................................................................................................40
6.6. Período do ano letivo adequado para a realização da pesquisa...........................41
6.7. Instituições participantes.....................................................................................41
6.8. Instrumento para a coleta dos dados....................................................................42
6.9. Pesquisa de campo/aplicação do questionário.....................................................43
6.10. Permissão para registro e reprodução de imagens (fotografias)........................44
6.11. Instituição de ensino onde a ‘Sequência Didático-Pedagógica’ foi aplicada
pelos educadores.........................................................................................................44

7. DESENVOLVIMENTO DO PROJETO.................................................................46

8. PRODUÇÃO DO MATERIAL DIDÁTICO-PEDAGÓGICO.............................47


8.1. A estória. .............................................................................................................47
8.1.2. A confecção do jogo.........................................................................................48
8.2. A estória e o jogo juntos = ‘Sequência Didático-Pedagógica’............................49
8.3. O início da atividade............................................................................................50

9. RESULTADOS E DISCUSSÃO ..............................................................................52


9.1 público-alvo e perfil .............................................................................................52
9.2 Área de estudo .....................................................................................................53
9.3. Utilização de estratégias......................................................................................53
9.4. Primeira etapa – levantamento bibliográfico.......................................................53
9.5. Segunda etapa – criação do material didático- pedagógico.................................54
9.6. Terceira etapa - avaliação do material educativo produzido...............................62
9.7. Resultados da aplicação das dinâmicas - piloto em outras instituições...............63
9.8. Resultados da otimização do material didático-pedagógico................................75
9.9. Resultados da dinamização da ‘Sequência Didático-Pedagógica, já otimizada,
pelos educadores do 2o ao 5o anos..............................................................................78
9.10. Resultados relativos à avaliação dos educadores..............................................79

10. CONCLUSÕES........................................................................................................81

11. CONSIDERAÇÕES FINAIS E RECOMENDAÇÕES........................................82

12. LITERATURA CITADA........................................................................................83

13. ANEXOS ..................................................................................................................88

13.1. 2a parte da estória (ANEXO-01)


13.2. Pré-teste do questionário (ANEXO-02)
13.3. A nova estória introdutória (ANEXO-03)
13.4. Sistema de rodadas pré-definido (ANEXO-04)
13.5. Roteiro para a execução do jogo (ANEXO-05)
1

1. INTRODUÇÃO.

O presente trabalho de pesquisa, tem por tema principal a pediculose, tendo por
origem dados preliminares oriundos da pesquisa e confecção da monografia exigida
para a conclusão do Curso de Especialização em Ensino de Ciências, realizado pela
autora no antigo CEFET de Química no Rio de Janeiro atual Instituto Federal de
Educação, Ciência e Tecnologia do Rio de Janeiro –IFRJ. A obtenção de resultados
positivos no mesmo motivou a sua continuação, e desdobramento no atual curso de Pós
Graduação em Ciência Ambiental.
A pediculose é uma enfermidade que atinge grande parte da população tanto do
Brasil quanto de outras partes do mundo, não escolhendo idade, etnia ou classe social.
Muito embora seja uma doença tão antiga quanto à humanidade, são poucos os
estudos epidemiológicos, assim como as iniciativas para a redução de seus índices.
Elevando essa ectoparasitose ao status de ‘problema de saúde pública’. Além do que,
por ser considerada como um fato normal, ou por ser comum, também é negligenciada
por grande parte dos agentes de saúde e até mesmo pela população atingida. Isto
principalmente devido ao desconhecimento da sua gravidade e das doenças secundárias
que podem surgir a partir da mesma.
Um outro fator a destacar, diz respeito aos meios de combate do ‘piolho’, que a
cada dia torna-se mais resistente aos ‘inseticidas’ disponíveis, levando inclusive a
utilização de produtos inadequados e por muitas vezes tóxicos ao hospedeiro – a
criança.
Diante deste problema, que envolve na maioria das vezes professores, alunos e
pais; as atitudes tomadas normalmente tendem a gerar ainda mais preconceitos e
desinformação, que por muitas vezes podem até mesmo levar a ‘exclusão’ das crianças
parasitadas, tanto no ambiente escolar, quanto na sua própria casa ou comunidade.
O presente projeto ambiciona apenas produzir materiais didático-pedagógicos
(estória e jogo) que objetivem informar com ludicidade, tanto educadores quanto
educandos sobre algumas características relevantes do tema, permitindo que esses,
diante do problema da parasitose, possam tomar as atitudes corretas sem prejuízos
físicos e/ou emocionais.
Para isto, propõem-se como ferramentas de ensino para este trabalho, os
materiais produzidos. Como se sabe, por meio de diversos trabalhos de pesquisa,
2

histórias e jogos são instrumentos que, por excelência, despertam a atenção tanto de
crianças quanto de adultos, e que, além disso, podem propiciar o processo de ensino e
de aprendizagem de forma lúdica e descontraída, de modo, a serem estas ferramentas
ideais para a apropriação de conhecimentos tão importantes e necessários á saúde
ambiental.
Sob um olhar duplamente positivo, percebe-se que com a utilização dos recursos
e estratégias presentes no projeto, atende-se por um lado à necessidade de informações
sobre o piolho e a pediculose nas escolas, e por outro, considera-se também a
necessidade dos educadores(as) na obtenção de materiais didáticos que possam ser
utilizados em suas aulas, para que estas não possuam apenas o caráter expositivo, e
tradicional, que por muitas vezes vigoram, seja pela ausência de recursos financeiros
por parte das instituições de ensino ou por falta de tempo e recursos financeiros pelos
educadores, para a realização de cursos de ‘reciclagem’ e para a produção e aquisição
de novos materiais e estratégias. Destaca-se também, além da necessidade de materiais
específicos, a INFORMAÇÃO especifica sobre a pediculose - que na maioria das vezes
apresenta-se incorreta, devido ao fato de ser transmitida no ‘boca-a-boca’ cotidiano; e
também a informação sobre as relações entre sociedade/ambiente/saúde, que podem
contribuir de forma determinante para a melhor compreensão de enfermidades que nos
atingem e motivo pelo qual nos atingem, tornando muito mais fácil o seu processo de
erradicação.
Também fazem parte dos objetivos deste projeto, a intenção de estender o
conhecimento obtido na universidade a outros membros da sociedade; envolvendo-os, e
realizando a troca necessária a produção de trabalhos científicos, que possuam também
relevância social, e que possam contribuir ativamente, entendendo e transformando a
realidade que nos cerca através da educação; e trabalhar com as dúvidas mais frequentes
de educadores e de educandos em fase escolar sobre o ‘piolho’ e a pediculose,
utilizando uma forma lúdica para abordar o tema, envolvendo integralmente às crianças
e fornecendo material adequado para que os educadores possam trabalhar com o tema
em sala de aula.
No presente trabalho buscou-se ferramentas que possuíssem funcionalidade
tanto como facilitadoras no processo de ensino/aprendizagem, quanto como geradores
de interesse dos educandos pelos temas discutidos em aula, estimulando desta forma a
sua participação ativa, e consequentemente, possibilitando um maior aproveitamento.
Além do que, é sabido que eistórias e jogos são tão antigos quanto à humanidade,
3

fazendo parte da cultura de diversos povos e contribuindo para o desenvolvimento dos


mesmos.
No caso a estória produzida além de contribuir para o exercício da leitura
propriamente dita e para o aprendizado, objetivando sensibilizar os educandos para o
tema exposto em um momento ‘pré-jogo’ de modo a prepará-los para o momento
seguinte. Nela são tratadas situações comuns e cotidianas que abordam o tema
pediculose no intento de propiciar também o princípio da aprendizagem significativa de
David Ausubel (apud MOREIRA, 2001 p.16), de modo que as informações obtidas na
estória sejam relacionadas ao conhecimento e às experiências prévias dos educandos,
gerando assim significado, e preparando-os para as outras informações que surgirão
com o jogo, que se espera sejam ligadas as já existentes e assimiladas gerando por fim o
conhecimento.
Estando a história e jogo propostos aliados e com objetivos comuns, pode-se
dizer que são ferramentas de ensino que se complementam possibilitando um maior
entrosamento entre os educandos e o tema trabalhado, não restringindo o ensino em sala
de aula à simples transmissão de conteúdos. Estimula-se que o educador aproveite e
valorize a bagagem de experiências trazidas pelas crianças para a sua aula, tornando-as
elementos auxiliares no desenvolvimento e formação das mesmas, colaborando tanto no
processo ensino/aprendizagem quanto no desenvolvimento físico, moral e intelectual
(CORTEZ, 1996). Pretende-se com esta estratégia não restringir a educação aos padrões
formais, mas sim o contrário, é possível se considerar a história de vida dos educandos.
Com base no exposto e em posse da idéia da ‘construção’ de uma nova
ferramenta de ensino, ainda neste trabalho propõem-se, a utilização do material e idéias
gerados, apresentando-os e aplicando-os para um público definido de escolares
pertencentes a cinco turmas, de cinco diferentes instituições de ensino, cursando o
quinto ano do ensino fundamental; para que, a partir dessa ação, conheçam-se dados que
contribuam para a ‘otimização’ da própria Sequência Didático Pedagógica produzida;
para que, posteriormente, a mesma possa, ser aplicada por educadores(as), sem
formação específica em ciências, para que possam utilizá-la em suas próprias salas de
aula.
Diante disso espera-se, que o material produzido possa ser futuramente mais
uma fonte de disseminação de informações corretas sobre a pediculose por meio do
ludismo, e também do acesso a novas técnicas de ensino que permitam, ainda que
indiretamente, o exercício da cidadania seja por educadores, por educandos e outros
4

atores sociais. É preciso que os cidadãos sejam capazes de, com base em informações e
análises bem fundamentadas, participar das decisões que afetam sua vida, organizando
um conjunto de valores mediando na consciência da importância de sua função no
aperfeiçoamento das relações sociais (KRASILCHIK, 2004).
5

2. REVISÃO DE LITERATURA:

2.1. MULTIDISCIPLINARIDADE E INTERDISCIPLINARIDADE E AS


RELAÇÕES ENTRE OS SERES VIVOS E O MEIO AMBIENTE.

O Meio Ambiente constitui-se, hoje, num dos temas essenciais de política


governamental e uma das maiores preocupações dos cidadãos, seja nos paises
industrializados ou não. A consciência política nesse assunto é um fato. A degradação
ambiental faz com que as pessoas percebam que estão sofrendo tanto ameaça à saúde
quanto ao bem estar social (BUSS,1999).
Com a percepção da ligação existente entre a saúde do meio ambiente e a as
saúde da sociedade, a educação tornou-se um fator indispensável, ao ponto de que
atualmente existem existem documentos, e recomendações gerados ao longo do tempo,
para que haja menos impacto negativo na relação entre ambiente e sociedade como por
exemplo a Declaração das Nações Unidas sobre o ambiente Humano.
Na declaração das Nações Unidas sobre o Ambiente Humano, além de outras
recomendações de suma importância, convém destacar no presente texto o item
dezenove, considerado compatível com a temática do presente estudo (Conferência de
Estolcomo, 1972):

(...) É indispensável um trabalho de Educação em questões


ambientais, visando tanto às gerações jovens quanto os adultos,
dispensando a devida atenção ao setor das populações menos
privilegiadas, para assentar as bases de uma opinião pública bem
informada e de uma conduta responsável dos indivíduos, das empresas
e das comunidades, inspirada no sentido de sua responsabilidade,
relativamente à proteção e melhoramento do meio ambiente em sua
dimensão humana. (Conferência de Estolcomo, op. cit.)

Faz-se importante levantar essas questões, já que as mesmas estão diretamente


relacionadas, destacando-se ainda o seu caráter multidisciplinar, inserindo-se nas
relações entre: meio ambiente, educação, saúde e sociedade; uma relação complexa, e
que nem sempre é compreendida em sua completude; pois, comumente, entende-se por
meio ambiente apenas os animais, a água, o ar tudo o que é verde, e que, portanto
relaciona-se diretamente a ‘natureza propriamente dita’, e com isso, excluindo-se os
seres humanos. Como se não fosse parte integrante de todo o conjunto de seres vivos
6

existentes, e por tanto, não pertencentes ao meio ambiente, consequentemente, à


natureza.
Esse pensamento é um grande desafio a ser vencido, pois, se há a intenção de
reverter o atual quadro que se configura no planeta Terra, é preciso que o ser humano
seja inserido conscientemente no meio ambiente, para que dessa forma as suas atitudes
sejam melhor pensadas, complexas e voltadas para o bem comum. Sem essas mudanças,
todas as recomendações e idéias em busca de melhorias ditadas já há anos, podem ser
desconsideradas, pois não haverá mudança.
Para que se possa compreender a separação existente entre os diversos fatores
existentes na sociedade é preciso pensar desde o início no por quê da existência de tal
pensamento
A possível explicação para a não compreensão da complexidade que existe nas
relações de disciplinas ou fatores fragmentados ou retalhados, segundo Morin (2004),
tal retalhamento do conhecimento torna impossível compreender “o que é tecido junto”
o que é complexo, segundo o sentido original do termo. Ele acrescenta ainda, que existe
complexidade, de fato, quando os componentes que constituem um todo (como o
econômico, o político, o sociológico, o psicológico, o afetivo, o mitológico) são
inseparáveis. Da mesma forma relacionam-se o meio ambiente e a saúde; o ser humano
(sociedade) e o meio ambiente, que naturalmente são tratados separadamente, por uma
questão histórico-cultural. Segundo Gonçalves (2004), toda sociedade, toda cultura,
cria, inventa, institui uma determinada idéia do que seja a natureza. Nesse sentido, o
conceito de natureza na verdade não é natural, sendo na verdade criado e instituído
pelos homens. Gonçalvez (op. cit.) explica ainda que:

(...) Podemos dizer que a separação homem-natureza (cultura-


natureza, história-natureza) é uma característica marcante do
pensamento que dominado o chamado mundo ocidental, cuja matriz
filosófica se encontra na Grécia e Roma Clássicas. Não devemos ter a
ingenuidade de acreditar que ela se firmou diante de outras
concepções porque era racional e assim desbancou-as. Não, a
afirmação desta oposição homem-natureza se deu bem no corpo da
complexa história do Ocidente, em luta com outras formas de
pensamento e práticas sociais. Ter isso em conta é importante não só
para compreender o processo histórico passado, mas, sobretudo, para
compreender o momento presente. Isso porque o movimento
ecológico coloca hoje em questão o conceito de natureza que tem
vigorado e, com ele perpassa o sentir, o pensar, o agir de nossa
sociedade, no fundo coloca em questão o modo de ser, de produzir e
de viver dessa sociedade. (GONÇALVES, Carlos Porto, 2004)
7

Ainda sobre a temática relação: ser humano x natureza, porém relacionada a um


tema básico para a sociedade, ou seja: o sistema de ensino, Morin (2004) explica que:

(...) Em vez de corrigir esses desenvolvimentos, nosso sistema de


ensino obedece a eles. Na escola primária nos ensinam a isolar os
objetos (de seu ambiente), a separar as disciplinas (em vez de
reconhecer as suas correlações) a dissociar os problemas, em vez de
reunir e integrar. Obrigam-nos a reduzir o complexo ao simples, isto é,
a separar o que está ligado; a decompor, e não recompor; e a eliminar
tudo que causa desordens ou contradições em nosso entendimento.
(MORIN, 2004.)

Segundo Freire (1987), faltando aos homens uma compreensão crítica da


totalidade em que estão, captando-os em pedaços nos quais não reconhecem a interação
constituinte da mesma totalidade, não podem reconhecê-la. O autor complementa que:

(...) não o podem porque para reconhecê-la, seria necessário


partir do ponto inverso. Isto é, lhes seria indispensável ter antes
a visão totalizada do contexto, para em seguida, separarem ou
isolarem os elementos ou as parcialidades do contexto, através
de cuja cisão voltariam com mais claridade à totalidade
analisada. (FREIRE, 1987).

Resolver esse problema de percepção global do mundo e da


multidisciplinaridade, não é tarefa simples, pois cada indivíduo possui uma maneira
subjetiva de compreender os acontecimentos a sua volta.
Essa responsabilidade da compreensão da complexidade que a tudo envolve,
acaba por recair sobre as áreas da Educação e do ensino, mas que, porém, dependem
também de idéias reformadas dos próprios profissionais para que sejam colocadas em
prática... Em suma, enquanto alguns educadores trabalham em prol de se atualizarem,
muitos outros por diversos motivos, que não cabe aqui discutir, não o fazem, levando a
um círculo vicioso de apenas mais discussões que ações propriamente ditas, limitando
esse conhecimento à academia e afastando os demais cidadãos da melhor compreensão
de suas próprias vidas.
Destacando-se ainda a necessidade de uma visão holística, faz necessário incluir
outro termo também muito discutido na atualidade que é a interdisciplinaridade, já que a
mesma é responsável pela relação constituída pelos diferentes campos do saber
8

construídos. Sobre a interdisciplinaridade como necessidade Frigotto (1995) discorre


que:
(...) O caráter necessário do trabalho interdisciplinar na
produção da socialização do conhecimento no campo das
ciências sociais e no campo educativo que se desenvolve no seu
bojo não decorre de uma arbitrariedade racional abstrata.
Decorre da própria forma de o homem produzir-se enquanto ser
social e enquanto sujeito e objeto do conhecimento social.
(FRIGOTTO,1995).

De fato, discutir sobre a multidisciplinaridade e sobre a interdisciplinaridade


ainda é uma tarefa para especialistas, o que se apresentou aqui foi uma breve idéia do
que estas representam no campo das ações, e de sua importância para a compreensão do
mundo e da sociedade, já que no presente trabalho diversos temas são apresentados e
todos eles apresentam de certa forma, ainda que superficialmente, algum tipo de
interligação que os definam como interdisciplinares no campo sócio-ambiental.
9

2.2. A EDUCAÇÃO PARA A SAÚDE NO BRASIL.

No Brasil, a educação Básica está prometida para todas as crianças e jovens.


Prometida no plano da lei, dos recursos orçamentários e do compromisso da família, da
escola e de todas as outras instituições públicas pela educação básica como um direito
de todos (MACEDO et al., 2000)
Com a Constituição Federal de 1988, o que foi um marco, pois foi definido
como setor de relevância pública, de modo que o Estado diante de tal definição teve de
obrigar-se a garantir as condições necessárias à saúde da população, ficou formulado
um novo conceito de saúde (artigo 196):

(...) A Saúde é direito de todos e dever do Estado, garantindo mediante


políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de
doenças e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às
ações e serviços para a sua promoção, proteção e recuperação.
(BRASIL, 1988).

Porém, sabe-se que determinados sistemas, normas e leis requerem tempo para
que sofram as adequações e mudanças necessárias que gerem um modo de vida ideal,
como por exemplo, os preconizados pelos princípios básicos da Promoção da Saúde, ou
até mesmo exemplos mais simples de mudança comportamental e culturais, que
envolvam direitos e deveres que da sociedade e as lideranças como um todo.
A Constituição Federal traz segurança ao povo em geral, junto também a outros
documentos legais que asseguram a educação e a saúde dos indivíduos, porém, percebe-
se que ainda existem algumas lacunas nesse eixo a serem preenchidas, como alguns
exemplos abaixo; explicitamente relativos à saúde, e que envolvem também à
pediculose já que é o tema principal deste trabalho, sendo também uma doença:
apesar de ser sabido que a pediculose seja uma doença que desenvolve todo
o seu ciclo nas crianças em fase escolar, pode-se afirmar que as escolas não possuem
normas específicas a serem adotadas para situações de ocorrência de parasitoses
(CATALÃ et al., 2004).
Vale ressaltar que, em documento oficial do Ministério da Educação em suas
orientações curriculares nacionais, profere-se o seguinte trecho:
10

(...) A educação para saúde cumprirá seus objetivos ao conscientizar


os alunos para o direito a saúde, sensibilizá-los para a busca
permanente da compreensão de seus determinantes e capacitá-los para
a utilização de medidas práticas de promoção, proteção e recuperação
da saúde ao seu alcance. (MEC, 1997).

além dos PCNs, que orientam a educação em saúde, há também o emprego


de outros documentos legais que visam operacionalizar a aplicação dessas e de outras
determinações em ambiente escolar, como destacadas por Morh e Schall, (1992):

(...) O artigo 7 da lei 5.692/71 tornou a educação em saúde obrigatória


nas escolas brasileiras de 10 e 20 graus, objetivando a prática da saúde
básica e higiene. A própria operacionalização da lei através do parecer
2.264/74 (CFE, 1974), estabelece que a educação deve se processar,
prioritariamente, através de ações e não explanações. (CFE ,1974).

Segundo as autoras supracitadas esta lei não se efetivou de fato. Exceção feita a
alguns grupos de pesquisa e escolas, a prática cotidiana da grande maioria das
atividades escolares nesta área não produz resultados animadores.
Porém, nem tudo que diz respeito à educação para a saúde nas escolas é
negativo, fato esse destacado por Santos (2003) quando refere-se ao movimento de
Promoção da Saúde no Brasil. Segundo o autor, esse movimento iniciou-se com a Carta
de Otawa (1986), tornando-se um marco nas práticas educativas em saúde, que ao
mesmo tempo que alicerça a identidade entre os conceitos de saúde e qualidade de vida,
torna a escola o ponto central para as ações de promoção da saúde ao afirmar que:

(...) a escola tem representado local adequado para as práticas


educativas em saúde, tendo em vista seu papel formador e as suas
potencialidades no sentido de desenvolver habilidades, estimular
atitudes e canalizar interesses para o desenvolvimento de estilos de
vida saudáveis.[...] muitas escolas realizam seu trabalho tendo como
pano de fundo amplas articulações com a comunidade interna e
externa. (Santos, 2003).

Apenas o fato de a escola ser citada como local adequado para ações educativas
na área da saúde, traz consigo a consciência de que há um espaço onde os profissionais
que estão dispostos a realizar ações nesse âmbito, dêem o passo inicial e a sua
contribuição. Sobre a importância da escola, Mortimer (2002) salienta que, se a mesma
se preocupasse mais com os problemas reais da comunidade dedicando parte das
atividades do ensino das disciplinas científicas à identificação, diagnóstico e solução de
11

problemas da comunidade, poderiam surgir respostas atuais aos importantes problemas


de pesquisa.
Obviamente Mortimer (op cit.) está correto em sua colocação, porém, não basta
apenas responsabilizar a escola e os educadores, há de se avaliar o quadro atual da
educação no Brasil. Pois tais profissionais já possuem também as suas obrigações
específicas e impostas pelas instituições, não cabendo outras propostas devido à própria
cultura escolar nacional. Considera-se também que por diversas vezes lecionam em
mais de uma instituição e não possuem tempo extra para dedicarem-se a atividades que
não lhes são ‘diretamente exigidas’ e, por tanto, dentro do tempo diário estipulado de
trabalho; além do que, por muitas vezes as instituições não possuem verba, efetivo ou
mesmo recursos para realizar qualquer tipo de atividade que seja, ou até mesmo o
estímulo e cursos de atualização que são necessários para a realização desses projetos.
Justamente é para isso que existem órgãos específicos, técnicas e ciências direcionadas
especificamente a sanar os problemas culturais e educacionais, sejam esses realizados
na escola ou não, ‘tapando buracos’ aqui ou ali onde a iniciativa privada não possui
condições de chegar, ou os pesquisadores não detectaram um problema específico. Um
exemplo de disseminação da cultura e da ciência no Rio de Janeiro é a Fundação
Oswaldo Cruz que recebe visitas de escolas, e, além disso, integra ainda grupos de
pesquisa com os seus projetos, um que inclusive faz referência ao presente trabalho
onde a pediculose é o tema principal: o ‘Disque Piolho’- FIOCRUZ, sob a coordenação
do Dr. Júlio Viana Barbosa. (BARBOSA, 2003).
O educador deve sim procurar meios de aprimorar a sua prática. E com isso,
contemplar: os educandos, a ‘sua instituição’ e a si próprios; porém não há de se
generalizar tal postura de um profissional que vive em um país com tantas
desigualdades, onde existem por vezes ‘salas de aula’ ao ar livre, e até mesmo sem
quadro ou cadeira para que os educandos se sentem.
Segundo Werner (2000), as práticas no setor da saúde como no da educação têm
na proposta de ensino da saúde o espaço de concretização desse discurso explicitando-
os através de conteúdos curriculares tipo Higiene e Saúde e de ações higienistas
desenvolvidas no ambiente escolar, ambas atuando na perspectiva de que criança limpa
torna-se saudável e, portanto, aprende melhor.
12

(...) Cria-se, assim um círculo vicioso que justifica a ineficácia da


tanto Saúde da Educação negando-se os verdadeiros determinantes do
problema e sem que se questionem os interesses políticos envolvidos
nas decisões governamentais referentes a essas áreas. Coloca-se a
responsabilidade e o empenho de cada indivíduo como suficiente para
se alcançar a saúde e a educação. Em ambas as proposições pode-se
constatar que a saúde é vista como independentemente da qualidade
de vida como mero produto da assistência médica ou psicológica. Daí,
a falsa percepção da necessidade de se ter nas escolas serviços de
saúde escolar, principalmente com médicos que garantam a saúde dos
alunos.(WERNER, 2000).

São várias as saídas existentes para a melhoria da educação em saúde no Brasil,


e muitas pessoas, desde pesquisadores a participantes de projetos ‘alternativos’ se
esforçam nesse sentido. Porém a carência e as deficiências aparentemente parecem bem
maiores. Em se tratando da pediculose que pode atingir a qualquer indivíduo,
independentemente de diversos fatores existentes, apenas o vislumbramento e se
possível concretização de atos que minimizem tal problema tornam-se potencializadores
na redução de tal enfermidade.
13

2.3. A MULTIDISCIPLINARIDADE E A INTERDISCIPLINARIDADE E AS


RELAÇÕES EXISTENTES NO MEIO AMBIENTE.

Parasitos são organismos que dependem de outros seres vivos, eventualmente


dos seres humanos, que por uma razão, ou por outra, tornaram-se hospedeiros muito
involuntariamente (REY, 2008). Devido às características principais, sua sobrevivência
se dá nos ambientes que envolvem o convívio e o contato humano; já que o ser humano
é o seu principal habitat. Podendo estar presente praticamente em todos os ambientes
conhecidos, como por exemplo: o ambiente rural, urbano, os ambientes de trabalho,
entretenimento, transporte, o ambiente escolar, na água, na terra, nos alimentos, etc.
O presente trabalho tratará da pediculose, uma parasitose (especificamente uma
ectoparasitose), que constitui-se também em um problema da Saúde Ambiental.
Esta parasitose pode ser transmitida em diversos ambientes, destaca-se que é
justamente no ambiente escolar onde encontram-se seus principais hospedeiros: as
crianças em idade escolar.
A pediculose é classificada pela Organização Mundial de Saúde, segundo seus
preceitos (OMS), como pertencendo ao campo da “Saúde Ambiental” ou da “Saúde e
Ambiente”. Que determina a relação entre o ambiente e o padrão de saúde de uma
população segundo a seguinte definição:

(...) esta relação incorpora todos os elementos e fatores que


potencialmente afetam a saúde, incluindo, entre outros, desde a
exposição a fatores específicos como substâncias químicas, elementos
biológicos ou situações que interferem no estado psíquico do
indivíduo, até aqueles relacionados com aspectos negativos do
desenvolvimento social e econômico dos países (Organização Pan-
Americana de Saúde apud TAMBELLINI et al., 1998.).

Estima-se que tal infestação acometa grande parte da população de grandes


cidades e de comunidades carentes rurais do Brasil (WILCKE et al., 2002 apud
HEUKELBACH et al., 2003). Causada pelo Pediculus capits (REY, 2008),
vulgarmente conhecido como piolho do couro cabeludo, a pediculose é uma doença tão
remota que, segundo Barbosa et al., (2003), é possível encontrar seus registros até
mesmo na Bíblia, como sendo a terceira praga descrita por Moisés:
14

Egito, 1300 a.C.


“16 Disse o SENHOR a Moisés: dize a Arão: Estenda a tua vara e fere
o pó da terra, para que se torne em piolhos por toda a terra do Egito.
17 Fizeram assim: Arão estendeu a mão com a sua vara e feriu o pó da
terra, e houve muitos piolhos nos homens e no gado; todo o pó da
terra se tornou em piolhos por toda a terra do Egito.
18 E fizeram os magos o mesmo com a suas ciências ocultas para
produzirem piolhos, porém não o puderam; e havia piolhos nos
homens e no gado.”(Bíblia Sagrada, 2001).

Os piolhos nos acompanham há milênios, segundo mapa construído com os


achados de todo o mundo. Provavelmente a infestação por piolhos teve início em
ancestrais africanos, de onde se distribuiu por todo o globo, a acompanhar as migrações
que caracterizam a humanidade (FERREIRA, 2008).
Segundo dados paleoparasitológigos, os ectoparasitos devem ser procurados com
apuro, pois fornecem informações importantes sobre infestações e problemas de saúde
em populações do passado, assim como aspectos do seu comportamento. (FERREIRA,
et al., 2008)
(...) Os autores supracitados relatam que o achado de piolhos em
material arqueológico, como por exemplo o exame dos cabelos de um
índio do museu do Instituto Smithsoriano, nos Estados Unidos, cujos
primeiros trabalhos datam de 1920, pouco antes de Olímpio Fonseca,
no Brasil ter examinado uma cabeleira com origem em um índio do
acervo da Universidade de São Paulo, que foi a ele enviado por seu
diretor Paulo Duarte; resultou em dados de grande importância sobre a
relação entre este ectoparasito e o seu hospedeiro humano.
(FERREIRA, Luiz Fernando et al., 2008.).

Ainda que a civilização e o progresso tenham sido os maiores inimigos dos


piolhos, um inquérito realizado na Inglaterra, em 1940 demonstrava que 50% das
crianças pré-escolares e meninas escolares apresentavam-se infestadas (REY, 2008).
Segundo Linardi (2000), esses insetos antigamente pululavam na espécie
humana. Depois com progresso, higiene individual, troca diária de roupa para dormir,
advento dos inseticidas eficazes, os Anoplura (piolhos) tornaram-se bastante raros,
sendo então mais encontrados nos mendigos e favelados.

(...) Atualmente existe um novo surto do piolho da cabeça em todo o


mundo, atacando grande número de crianças em idade escolar e, às
vezes, adultos de todas as classes sociais. Parece que os principais
fatores que levaram ao aparecimento dessa epidemia tenham sido os
seguintes: resistência dos piolhos aos inseticidas usuais – como será
reafirmado mais a frente; o aumento da população humana e
15

modificação dos hábitos sociais e afetivos, favorecendo maior contato


entre as pessoas (salas de aulas cheias, transportes coletivos, repletos,
beijos faciais para cumprimentos), indiferença das autoridades em
relação à infestação (ignorando-a ou considerando-a passivamente
como inofensiva) e a falta de inspeção de determinados grupos, como
por exemplo, o de idade pré-escolar, que funcionaria como
‘reservatórios’. (LINARDI, 2000).

Transmitida principalmente pelo contato prolongado de cabeça a cabeça


(CANYON et al., 2002 apud HEUKELBACH et al., 2003), a pediculose é uma
enfermidade que chama atenção devido ao incômodo e a outras doenças secundárias que
pode ocasionar, como por exemplo:
A principal forma de detectar-se a parasitose por piolhos nas crianças, além da
vigilância diária, que dever ser realizada pelos seus responsáveis, um indício
importantíssimo é a ‘coceira’(prurido), no couro cabeludo devido à hematofagia do
inseto.
Muito embora esta doença se constitua em um assunto amplamente conhecido e
discutido, possuindo vasta divulgação seja, por meio de artigos científicos, revistas,
jornais, propagandas televisivas (produtos industrializados), ou mesmo por divulgação
‘boca a boca’ (métodos caseiros de controle e tratamento), constata-se, através da
literatura especializada, que existe um aumento da incidência do piolho-da-cabeça em
todo o mundo, nestes últimos tempos (REY, 2008).
Os dados relativos à sua incidência em crianças brasileiras são alarmantes,
atingindo cerca de 30% das que estão em fase escolar (BARBOSA et al., 1998).
Segundo Hunter (2003 apud CUNHA, sd.) grandes dificuldades têm sido enfrentadas
nos dias atuais frente à necessidade de redução desses números, em função do aumento
da resistência desses insetos aos medicamentos disponíveis para uso. Esse fato se agrava
devido à falta de programas de controle da pediculose e outras parasitoses, sendo as
mesmas comumente negligenciadas tanto pelas autoridades de saúde quanto pela
população afetada. (HEUKELBACH et al., 2003).
16

2.4. AS CONSEQÜÊNCIAS DA PEDICULOSE QUE ESTÃO ALÉM DA SAÚDE


FÍSICA.

A pediculose gera consequências não apenas para as crianças, mas também para
os pais e professores. É comum que, por vergonha, essa doença seja ocultada tanto pelo
indivíduo parasitado, instituições e comunidades, devido ao fato de quem está
parasitado sentir-se psicologicamente mal pela condição vivida; e justamente essa
ocultação tem garantido a sobrevivência dos piolhos (LINARDI, 2000). O referenciado
autor complementa ainda que os pais são atingidos pelo estigma da provável
inexistência de higiene em casa; os educadores por muitas vezes possuem a
desagradável tarefa de comunicar a ocorrência da parasitose aos pais, e até em certos
casos suspender as atividades escolares por um determinado período. Porém, em todo
esse ciclo o maior prejudicado é a criança, que paga o tributo mais alto aos piolhos,
através do incomodo e perturbação constante ocasionando insônia devido à coceira,
desatenção às aulas etc. (LINARDI, 2000)
Além dessas consequências, é possível constatar uma outra comum, não apenas
no Brasil, mas em outros países, conhecido pelo nome de ‘buylling’ - cujo qual não
possui uma tradução específica para a língua portuguesa, traduzindo-se por todo tipo de
‘trote’ e maus tratos que expressem violência física ou verbal de um ou mais indivíduos
para outros. E que faz sentir-se quando há em um lugar, principalmente como as
escolas, por exemplo, uma criança que sem motivo algum se torna alvo de ‘brincadeiras
de mau gosto’ pelos próprios colegas, com ou sem motivos, exemplos: ser inteligente
demais, ser obeso, ser magro demais, ser dentuço, estar parasitado pelo piolho, ter
doenças ou deformidades aparentes, ou simplesmente pelo fato de existirem...
No caso da criança parasitada pelo piolho, que além de sofrer o transtorno da
doença em si e, talvez, a falta de recursos e informações para combatê-la, ainda tem de
passar por humilhações por vezes coletivas, como apelidos desagradáveis e
depreciativos, como por exemplo: piolhento(a), seu(a) sujo(a), sai pra lá, não fica perto
de mim, etc... Outro agravante é descrito por Cunha (2006), que ao constatar má
deflagrações desse comportamento em sala de aula: “a professora prefere não fazer
comentários sobre o piolho para a turma”. Segundo a autora pode haver uma
justificativa.
17

(...) Além, do piolho em sala de aula, pode conter em suas entrelinhas


a possibilidade da professora não ter argumentos para evitar o
processo do ‘buyling’, em virtude do desconhecimento das formas de
transmissão e perpetuação. (CUNHA,2006).

Nesse e em outros casos semelhantes, quem condenaria esse educador? Seria


dele a culpa por não ter a formação direcionada as áreas das ciências e da saúde?
Deveria ele procurar uma solução? Saberia ele a dimensão do problema ao ponto de
procurar a tal solução? E o educando? Possui uma noção concreta do que está fazendo?
Como um ciclo, talvez comparado ao do piolho, por exemplo, relatos como
observado acima além de comuns, perpetuam-se na ignorância não sabida de quem é
culpado e ao mesmo tempo é vítima.
18

2.5. A PEDICULOSE: ESPECIFIDADES.

O ramo da ciência responsável pelo estudo da disseminação e controle, tanto da


pediculose, quanto de outras doenças transmissíveis, na comunidade, sejam
parasitológicas ou não, é a Epidemiologia, cujos objetivos, segundo Souza & Pereira
(2008) são:

“(...) prevenir, evitar, controlar, eliminar, ou erradicar doenças, bem


como evitar a ocorrência de casos, óbitos e seqüelas com suas
repercussões negativas sobre a sociedade. Busca também prestar
serviço a saúde, mediante controle da população de reservatórios e do
agente transmissor, além do diagnóstico e tratamento precoce dos
casos humanos da doença. (SOUZA, 2008).

Apesar de existir a epidemiologia, com todos os seus feitos mundialmente


reconhecidos (AIDS, dengue, etc.), quanto à pediculose, há na literatura especializada a
afirmativa de que não existem estudos de vigilância epidemiológica e de esclarecimento
a população sobre a biologia do parasito, nem sobre as conseqüências desta parasitose
para o homem, o que gera mais um fator negativo a favor do descontrole no processo de
transmissão (BARBOSA, 1998 apud COSTA-MACEDO, 2005).
Em diversos trabalhos acadêmicos sobre a pediculose verificam-se iniciativas
em comunidades e instituições de ensino envolvendo procedimentos, como: ‘catação’,
quantificação de parasitos e de crianças infestadas, ou palestras no intento de informar o
público em estudo, dentre outros. Muito embora nesses trabalhos nem sempre sejam
descritas as ferramentas e abordagens educativas utilizadas, ou os resultados obtidos a
partir do método de ensino empregado, ainda assim, tais resultados podem colaborar
para o desenvolvimento tanto de estratégias quanto de materiais didáticos e
pedagógicos, que aliando à educação a Promoção da Saúde1 nas escolas, visem suprir as
necessidades então conhecidas.

1
Diferente das convencionais medidas de prevenção frente ás possibilidade de doenças, na Promoção da saúde, o
objetivo é um padrão ótimo de vida e de saúde; para tanto a ausência da doença não é suficiente, já que frente a
qualquer nível de saúde do indivíduo sempre haverá algo a ser feito para melhorar sua qualidade e lhe dar condições
de vida mais satisfatórias. (COIMBRA, Ângela Castilho. Promoção da Saúde e envelhecimento: um estudo sobre o
programa de assistência à saúde do idoso – FIOCRUZ. Rio de Janeiro:UFRJ, 2005, 115 p. Tese (Mestrado) –
Programa de Pós Graduação em Engenharia, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2005.
19

2.5.1. CLASSIFICAÇÃO, DESENVOLVIMENTO E OS DIFERENTES TIPOS


DE ‘PIOLHO’.

Após termos nos detido em algumas informações diretamente relacionadas sobre


o piolho, pediculose e a sua relação histórica, educacional e sócio-ambiental, convêm
esclarecer demais detalhes que conduzam ao maior conhecimento específico a respeito
de tal parasito.
O piolho é um artrópode da classe insecta, ordem Phtidapterae subordem
Anoplura, possui o corpo dividido em cabeça tórax e abdome, não possuem asas, são
ápteros (BARBOSA, 2003).
É um inseto hematófago, e seu ciclo de vida se completa em 30 dias podendo
viver de 01 a 03 meses, e até mesmo podem viver por três dias sem se alimentar. A
fêmea do piolho, comumente chamada de lêndea pode colocar até 300 ovos durante a
sua vida, com média de sete a 10 ovos diários. (BARBOSA, op cit)
Segundo Rey (2008), existem três espécies de piolhos que parasitam o homem,
com exclusividade estão incluídas na família Pediculidae e nos gêneros Pediculus (do
latim pediculos, piolho) ou Pthirus. Dentro dessa nomenclatura, distingue-se piolhos
que habitam, nos seres humanos, partes distintas do corpo, como por exemplo: o
Pediculus captis (anteriormente denominado Pediculus humanus humanus), que habita
a cabeça das pessoas; O Pediculus humanus, que até um tempo atrás denominava-se
Pediculus humanus corporis, que até como a nomenclatura passada sugere, parasita as
partes cobertas do corpo das pessoas colando seus ovos as suas vestes; e por fim o
Pthirus pubis ou piolho do púbis, uma espécie menor de piolho com localização
preferencial da região pubiana e perianal.
Por processo de coexistência desse inseto junto à humanidade, narrada no início
da “Introdução”, e pelo interesse médico que tal relação desperta; com a intenção de
esclarecer e levar adiante os esforços de diversos outros pesquisadores que se dedicam
ao problema até o momento insolúvel gerado por essa relação, o atual trabalho, ater-se-á
apenas ao Pediculus capitis.
20

2.5.2. MEDIDAS DE CONTROLOE E PROFILAXIA.

Segundo Barbosa et al. (2003) para combater o piolho, existem medidas que
incluem o controle Químico, Educacional, e Caseiro.

Controle Químico

(...) Vários medicamentaos são disponíveis no mercado para a


pediculose, dentre eles destacam-se o uso de produtos
organofosforados e piretróides (deltametrina e permitrina). Nenhuma
dessas drogas não eficazmente seguras, pois podem apresentar
grandes efeitos colateais em pacientes portadores ou com problemas
respiratórios. (...) Outro aspecto que deve ser levado em consideração
é a resistência que os piolhos vêem apresentando s esses produtos,
principalmente no que concerne aos piretróides e permetrinas, fato
observado em toda parte do mundo (MUNCOUGLU, et, al., 1990 ;
BURGES et al., 1995; SCHACHNER, 1997; DOWNS et al., 1999;
PICOLLO et al., 2000; MOUGABURE et al., 2002, apud
BARBOSA, 2003 et al.)

Quanto ao controle químico da pediculose no mundo, ainda existem algumas


controvérsias no meio acadêmico, que, positivamente, leva pesquisadores a testar, aprovar ou
rejeitar novas possibilidades de drogas e pesticidas contra o piolho. Um exemplo atual, até o
momento, é a Ivermectina, que segundo Heulkelbach et al., (2003) vem sendo utilizado em
milhões de pessoas na África sem causar danos ou efeitos negativos para os pacientes (segundo
é afirmado). Esse medicamento ainda não foi utilizado extensivamente pela saúde pública no
Brasil, porém o autor afirma que:

(...) Para controlar a pediculose nas escolas, o simples tratamento e


isolamento de crianças afetadas não é suficiente. Como a
sensibilidade do diagnóstico clínico não é muito alta e por ser a
ivermectina uma droga altamente eficaz contra a pediculose e outras
parasitoses, de a aplicação prática (dose única oral) – apenas contra
indicado para gestantes e menores de cinco anos; é segura, com raros
efeitos colaterais. Recomenda-se o tratamento em massa para todas as
crianças independentemente de exame clínico, com essa droga.
(HEUKELBACH et al., 2003)

O autor supracitado complementa que a qualidade de vida das populações


carentes do nosso país não se faz de um momento para o outro. Mas medidas de
controle efetivas para as ectoparasitoses são factíveis (HEUKELBACH, op cit.)
Contrapondo-se ao exposto pelo autor anteriormente citado, encontra-se um
texto interessante sobre a Ivermectina, produzido por Souza (2006):
21

(...) Um dos últimos lançamentos da indústria farmacêutica é a


Ivermectina, administrada por via oral, e que está sendo utilizada
pela população de forma desenfreada e sem nenhuma informação dos
serviços de saúde sobre os possíveis efeitos colaterais, como também
os pediculicidas de uso tópico, veiculados pela mídia, vendendo a
ilusão do “use hoje e amanhã a criança não terá mais piolhos”. A
informação que traz é impossível de ser lida na tela da ‘TV’, para
minimizar, coloca-se na mesma a seguinte informação: “Ao
persistirem os sintomas o médico deverá ser consultado”
(ANDRADE, 2006).

Corroboram com Souza (op cit) os autores Barbosa & Pinto (2004) esclarecendo
detalhes talvez omitidos sobre a Ivermectina para o grande público:

(...) é administrada em dose única via oral, deve-se destacar que tal
medicamento não tem aprovação como pediculicida pelo Food and
Drug Administration (FDA), órgão Norte Americano que aprova os
medicamentos e os alimentos para uso e consumo humanos. (I
Seminário do Mercosul sobre Pediculose, Escabiose e Tungíase: Uma
abordagem Interdisciplinar dos seus Problemas e Cuidados. 2004.)

Se no universo acadêmico que, berço das informações e novas descobertas,


existem ainda controvérsias sobre uma doença milenar, divergindo-se entre
informações, que de certa maneira podem ou não prejudicar diretamente a saúde de
milhares de indivíduos... O que fará o público leigo na hora de decidir qual a melhor
alternativa para livrar-se do piolho e de outras parasitoses?

Medida Educacional

(...) É ainda indiscutível o uso do pente fino para o combate da


pediculose, medida que é milenar, pois eles retiram os adultos
(machos e fêmeas), ninfas e às vezes algumas lêndeas. Talvez daí
possa-se explicar a existência de um pente fino em quase todas as
embalagens de produtos feitos para combater o piolho. (BARBOSA et
al., 2003).

Medida Caseira

(...) A população tem usado qualquer medida para acabar com o piolho,
como por exemplo, pode-se verificar o uso de produtos extremamente
tóxicos, como ‘neocid’, querosene, gasolina, etc... Considerados como
inseticidas não convencionais, pois podem levar o indivíduo ao óbito.
Algumas medidas caseiras de baixo custo vêm fazendo com que a
população encontre alternativas para o combate da pediculose, como
receitas caseiras que são utilizadas para eliminar essa
praga.(BARBOSA , op. cit.)
22

3. REFERENCIAL TEÓRICO.

O referencial teórico que será aqui descrito tentará explicitar, com o máximo de
fidelidade, quais as correntes filosóficas, idéias, e autores que influenciaram a realização
de deste trabalho de pesquisa.
Como existem seguimentos diferentes no mesmo trabalho, ou seja, objetivos e
metodologias distintas, cada referencial trará consigo um indicativo de qual parcela do
trabalho de pesquisa mais influenciou.

3.1. Compreensão do processo ensino/aprendizagem e do público alvo, objetivando


a correta construção da ‘sequência didático-pedagógica’.

Concepções Pedagógicas para a construção do conhecimento

Para que se conheça como se dá o processo que nos leva ao conhecimento, ou


seja, como se passa de um conhecimento menor para uma conhecimento maior, existem
muitas e complexas teorias desenvolvidas através dos tempos, que se destinam a estudar
tais fenômenos, objetivando aprimorar o conhecimento humano a cerca de tais assuntos,
já que os seus resultados serão destinados, além de outros centros, ao local onde ocorre
o primeiro contato do indivíduo com o conhecimento formal: a instituição educacional.
Portanto, no presente trabalho, compreende-se que seja necessário o
compromisso com a compreensão da construção do conhecimento, de modo a não
tornar-se alheio a tal questão, negligenciando-o, levando-se principalmente em conta a
construção de um material que se destina ao processo de ensino aprendizagem. Apesar
de ser vasta a bibliografia sobre este assunto, no momento será comentado brevemente,
sobre pesquisadores que exerceram influência sobre os objetivos e resultados do
material Didático-Pedagógico confeccionado.
23

TEORIA INTERACIONISTA/SÓCIO-INTERACIONISTA

O interacionismo leva em conta no desenvolvimento do ser humano os fatores,


ambientais e orgânicos. De acordo com essa teoria tanto fatores subjetivos, quanto
objetivos são importantes na determinação do desenvolvimento do aluno, sendo por isso
considerados em sua educação (BARROS, 2002).
Segundo Barros (op cit.), na relação do homem com a sociedade, também se
aplica à teoria da interação: o homem resulta de forças sócio-históricas específicas, mas
ao mesmo tempo, é capaz de ação que o leva a transformar o seu meio.
Com isso respeita-se e considera-se a história de vida dos indivíduos, e ainda
envolvendo-os em uma esfera de novos conhecimentos.
São integrantes da corrente interacionista:

Jean Piaget (1896-1980) – Interacionismo

Para Piaget e seus seguidores, a criança é um ser ativo que age espontaneamente
sobre o meio e possui um modo de funcionamento intelectual próprio que a leva a se
adaptar a esse meio e organizar as suas experiências. Pelo contato com as pessoas, com
os objetos, a criança construirá o seu próprio conhecimento do mundo (BARROS,
2002).

Lev S. Vygotsky (1896-1934) – Sócio-interacionismo

Lev Vygotsky, assim como Jean Piaget, apresentou uma teoria interacionismo
para o desenvolvimento.
Para ele e seus seguidores existe uma interação contínua entre as estruturas
orgânicas da criança e as condições sociais em que ela vive. Pelo contato com
integrantes mais experientes do grupo social do qual faz parte, a criança vai se
apropriando, por meio da linguagem, ativamente do conhecimento disponível na cidade
em que nasceu (WERNER, 2000).
Muito embora as teorias de Vygotsky e Piaget apresentassem em alguns pontos
divergências, foi possível aproveitar-se muito mais ambas os pontos fundamentais nos
quais ambas se completam e fazem sentido real no processo de ensino e aprendizagem.
24

TEORIA DA APRENDIZAGEM SIGNIFICATIVA.

David Ausubel – Teoria da Aprendizagem significativa

Segundo Moreira et al. (2001), para Ausubel novas idéias e informações podem
ser aprendidas e retidas na medida em que conceitos relevantes e inclusivos estejam
adequadamente claros e disponíveis na estrutura cognitiva do indivíduo e funcionem,
dessa forma, como ponto de ancoragem para as novas idéias e conceitos.
Caracterizando-se o conhecimento dos educandos a cerca da pediculose e
posteriormente cedendo-lhes material e informações que os despertem e chame a sua
atenção para esse tema possivelmente, seguindo-se a linha de raciocínio de Ausubel tais
informações podem tornar-se conhecimento.

3.2. A importância da discussão dos Temas Geradores:


para a melhor compreensão dos fenômenos, e que com isso seja gerado
conhecimento necessário para mudar a realidade vivida, e resolver problemas
cotidianos do povo, por ele mesmo. (FREIRE, 1987).

Paulo Freire (1921-1997)

No caso específico do presente trabalho que visa buscar por meio da informação,
geração de conhecimento e da educação e a atenção do público-alvo para um problema
que ameaça a sua qualidade de vida e saúde, a proposta de utilizar, ainda que
parcialmente, a PEDICULOSE como Tema Gerador conferiu mais força e credibilidade
ao trabalho já que tal idéia partiu justamente de Freire (2007) um dos maiores
educadores do Brasil, que em poucas linhas descreveu o que deveria ser uma ‘palavra
de ordem’. Freire propunha investigar quais os problemas do povo, por ele denominado
universo temático, para buscar conteúdos programáticos para a educação, inaugurando o
diálogo da educação como prática de liberdade, proporcionando ao mesmo tempo, a
apreensão dos “Temas Geradores” para, segundo suas palavras, (Freire op cit.): [...] a
tomada de consciência dos indivíduos em torno dos mesmos.
25

3.3. A IMPORTÂNCIA DOS JOGOS E ATIVIDADES LÚDICAS.

Do ponto de vista educacional, a palavra jogo se afasta do significado de


competição e se aproxima de sua origem etimológica latina, com o sentido de gracejo
ou mais especificamente divertimento, brincadeira passatempo (ANTUNES, 2007).
A palavra jogo aparece como uma simples atividade humana. Aceitou-se com a
naturalidade de um simples ato, como comer ou dormir. A complexidade do terma é
determinada pela preocupação de explicar melhor a natureza humana. (ORTIZ, 2005).
Segundo o autor supracitado (ORTIZ, op. cit.) Essa palavra está em constante
movimento e crescimento, e faz parte de nossa maneira de viver e de pensar, o jogo é
sinônimo de conduta humana.
Para Antunes (2007) constitui tese absolutamente indiscutível garantir que
crianças aprendem jogando, assim como aprendem conscientemente ou
inconscientemente – com qualquer tipo de experiência
A formação lúdica possui o seu valor também para o futuro educador ou para
quem já exerce tal profissão. Segundo
O trabalho com jogos, assim como qualquer atividade pedagógica ou
psicopedagógica, requer uma organização prévia e uma reavaliação constante. Muitos
problemas de ordem estrutural podem ser evitados, ou, pelo menos antecipados, se
determinados aspectos relativos ao projeto de trabalho forem considerados (MACEDO
et al., 2000).
As atividades lúdicas são um dos temas mais estudados, e um dos fenômenos
culturais mais pesquisados (JONHNSON, et al., 1986 apud VALENZUELA, 2005).
Até mesmo ao ponto de ser considerada árdua a tarefa de tentar resumir os seus aspectos
mais relevantes (VELENZUELA, op cit.). Dentre algumas das citações encontradas, e
que corroboram com os objetivos do presente trabalho, destacaram-se as seguintes:
• (...) a ludicidade como uma necessidade do ser humano em qualquer idade e não
podendo ser vista apenas como diversão. O desenvolvimento pessoal, social e
cultural, colabora para uma boa saúde mental, prepara para um estado interior fértil,
26

facilita os processos de socialização, comunicação, expressão e construção do


conhecimento. (SANTOS et al., 2007).
• (...) as características do jogo fazem com que ele mesmo seja um veículo de
aprendizagem e comunicação ideal para o desenvolvimento da personalidade e da
inteligência emocional da criança. (ORTIZ, 2005).
• (...) jogos educativos são instrumentos por excelência, de comunicação, expressão e
aprendizado. Favorecem o conhecimento e, com isso, intensificam as diversas trocas
de saberes e constituem a base do aprendizado. (TORREZ et al., 2003).
• (...) por meio de atividade com jogos, as crianças vão ganhando autoconfiança, são
incentivadas a questionar e corrigir suas ações, analisar e comparar pontos de vista,
organizar e cuidar dos materiais utilizados. (MACEDO et al. 2000).

3.4. A Influência da promoção da saúde na tomada de atitudes frente a problemas


antes tratados apenas por medicamentos ou medidas de prevenção de doenças.

O que é a Promoção da Saúde?

(...)Promoção da saúde é o nome dado ao processo de capacitação da


comunidade para atuar na melhoria de sua qualidade de vida e saúde,
incluindo uma maior participação no controle deste processo. Para
atingir um estado de completo bem-estar físico, mental e social os
indivíduos e grupos devem saber identificar aspirações, satisfazer
necessidades e modificar favoravelmente o meio ambiente. A saúde
deve ser vista como um recurso para a vida, e não como objetivo de
viver. Nesse sentido, a saúde é um conceito positivo,que enfatiza os
recursos sociais e pessoais, bem como as capacidades físicas. Assim, a
promoção da saúde não é responsabilidade exclusiva do setor saúde, e
vai para além de um estilo de vida saudável, na direção de um bem-
estar global. (Carta de Otawa, 2009 – Disponível
<http://www.opas.org.br/coletiva/upload/ Otawa.pdf> [Acesso
em 09/09/09 às 12h46] ).

Criando ambientes favoráveis

(...) Nossas sociedades são complexas e inter-relacionadas. Assim a


saúde não pode estar separada de outras metas e objetivos. As
inextricáveis ligações entre a população e seu meio-ambiente
constituem a base para uma abordagem socioecológica da saúde. O
princípio geral orientador para o mundo, as nações, as regiões e até
mesmo as comunidades é a necessidade de encorajar a ajuda recíproca
– cada um a cuidar de si próprio, do outro, da comunidade e do meio-
ambiente natural.
27

A conservação dos recursos naturais do mundo deveria ser enfatizada


como uma responsabilidade global. Mudar os modos de vida, de
trabalho e de lazer tem um significativo impacto sobre a saúde.
Trabalho e lazer deveriam ser fontes de saúde para as pessoas. A
organização social do trabalho deveria contribuir para a constituição
de uma sociedade mais saudável. A promoção da saúde gera
condições de vida e trabalho seguras, estimulantes,satisfatórias e
agradáveis. (Carta de Otawa, 2009 – Disponível
<http://www.opas.org.br/coletiva/upload/ Otawa.pdf> [Acesso
em 09/09/09 às 12h46]).

VOLTADOS PARA O FUTURO

A saúde é construída e vivida pelas pessoas dentro daquilo que fazem


no seu dia-a-dia: onde elas aprendem, trabalham, divertem-se e amam.
A saúde é construída pelo cuidado de cada um consigo mesmo e com
os outros, pela capacidade de tomar decisões e de ter controle sobre as
circunstâncias da própria vida, e pela luta para que a sociedade ofereça
condições que permitam a obtenção da saúde por todos os seus
membros. Cuidado, holismo e ecologia são temas essenciais no
desenvolvimento de estratégias para a promoção da saúde. Além
disso, os envolvidos neste processo devem ter como guia o princípio
de que em cada fase do planejamento, implementação e avaliação das
atividades de promoção da saúde, homens e mulheres devem
participar como parceiros iguais. (Carta de Otawa, op cit.).

Considera-se que todos os referenciais teóricos nesta dissertação assumidos,


foram diretamente influenciados pelos pressupostos básicos da Carta de Otawa, os quais
tornaram-se impossíveis de serem parafraseados devido a sua completude e
consistência; que unidos aos demais recursos metodológicos já apresentados,
constituem uma espinha dorsal que pretende-se apresentar sob o caráter de um trabalho
o mais completo possível.
28

4. HIPÓTESE.

A união de temas transversais (saúde e meio ambiente) diretamente ligados à


educação e ao ensino formal, utilizados como referenciais para a busca de uma
alternativa educativa contra a disseminação da pediculose entre educandos, por meio de
atividades lúdicas tais como um jogo e uma estória, constitui-se em um instrumento
viável para a diminuição da enfermidade tanto entre indivíduos que fazem parte
diretamente desse processo educativo e de atualização, quanto para outros atores sociais
indiretamente envolvidos, possibilitando a concretização da multidisciplinaridade
enquanto realidade vivenciada.
29

5. OBJETIVOS.

Geral
Produzir uma sequência Didático-Pedagógica constituída de jogo e estória
específicos sobre a pediculose, dirigido ao público do segundo ao quinto ano do
ensino fundamental, testando-a, adequando-a;e, posteriormente, envolvendo
educadores e educandos na sua dinamização em sala de aula.

Específicos

Desenvolver uma sequência Didático-Pedagógica, constituída por uma estória e


um jogo, para trabalhar com as dúvidas mais frequentes de educadores e de
educandos sobre a pediculose.

Apresentar a sequência Didático-Pedagógica a educadores do segundo ao quinto


ano do ensino fundamental para que os mesmos a dinamizem em suas salas de aula.

Aplicar o material produzido, objetivando conhecer sua exequibilidade e


aceitação pelos educandos, em instituições de ensino fundamental, através de análise
e pesquisa;

Correlacionar às informações apreendidas pelos educandos aos recursos


didáticos apresentados durante a dinâmica, visando conhecer o grau de
entendimento;

Partir dos resultados preliminares e avaliar a necessidade de modificações na


sequncia didático-pedagógica produzida
30

6. METODOLOGIA.

6.1. ÁREA DE ESTUDO: O BAIRRO DO FONSECA2.

O Fonseca (Fig. 1 e 2) é um dos bairros mais antigos de Niterói, situando-se em


um vale cortado pelo canal do rio da Vicência (chamado atualmente como ‘rio da
alameda’) e circundado por morros que o limitam com os bairros Baldeador, Caramujo,
Viçoso Jardim, Cubango, São Lourenço, Santana, Engenhoca, Tenente Jardim e
também o município de São Gonçalo.
Olhando-se o Fonseca do alto, na descida do morro da Caixa d'Água ou de
qualquer de seus morros, pode-se observar imediatamente dois fatos que são marcantes
na caracterização do bairro: 1º) a Alameda São Boaventura com suas duas vias, o canal
da Vicência e árvores que o ladeiam, cortando o bairro no sentido oeste - leste, e seu
grande movimento de veículos; e 2º) a ocupação praticamente total de seu território por
edificações onde são minoritários e facilmente identificáveis os edifícios de
apartamentos, tanto na parte baixa quanto nas suas encostas. A predominância de
construções de um ou dois pavimentos fez do Fonseca um bairro extremamente
populoso e adensado (11.499 hab/Km2). Em população ele é o maior da Região Norte e
o segundo de Niterói.
A ocupação de Niterói, iniciou-se particularmente do bairro do Fonseca, que
deve seu nome a José da Fonseca Vasconcellos, um dos grandes fazendeiros da região.
Nos campos do Fonseca, cercado pelos morros antigamente chamados de São Lourenço,
ao sul, e Santana, ao norte, foram estabelecendo-se propriedades agrícolas: primeiro
plantações de cana e engenhos; depois café, além de milho, feijão, mandioca, hortaliças
e pomares. Com o tempo estas propriedades foram sendo divididas, para venda ou entre
os herdeiros, sendo subdivididas em sítios e chácaras.
Novos moradores se estabeleceram no bairro. Com a interiorização das atividades
econômicas no Estado, surge à necessidade de abrir novas vias de comunicação. A
ocupação do Fonseca está relacionada principalmente a esse fato. Dois eram os
caminhos que ligavam Niterói a Inoã / Maricá e Campos. Passando pelas matas da

2
Fonte de consulta: disponível em:< http://www.nitideal.com.br/bairros/fonseca.htm> [acesso em 24 de
agosto de 2009 18h56].
31

Paciência, um deles cortava o Fonseca, aproveitando um caminho natural (4), ao longo


do curso do rio da Vicência. A necessidade permanente de melhoria deste caminho e a
intensificação da ocupação do Fonseca levaram à sua urbanização, com a construção da
Alameda São Boa Ventura e canalização do rio Vicência, passando o bairro também a
ser dotado de outros serviços públicos: a 07 de setembro de 1883 foi inaugurada a linha
de bondes de tração animal até o final da Alameda; e, a 15 de agosto de 1908, chegam
os bondes elétricos. Com o estabelecimento de portos (Santana, Mayer, São Lourenço)
no litoral de São Lourenço/Santana e a implantação de ferrovias (segunda metade do
século XIX), o processo de ocupação de São Lourenço, Santana e Fonseca se intensifica
e novos estabelecimentos comerciais e industriais instalam-se, atraindo novos
moradores, tanto do interior do Estado, quanto do exterior (portugueses, espanhóis e
italianos). No séc. XX, as obras do aterro de São Lourenço, a construção do porto de
Niterói (pedra fundamental em 1924), da estação ferroviária (1930) e a abertura de nova
avenida (Feliciano Sodré), ligando diretamente a Alameda à rua Visconde do Rio
Branco, concorrem ainda mais para o crescimento do Fonseca. Aparecem as mansões;
colégios particulares são criados (Brasil e Nossa Senhora das Mercês); loteamentos são
lançados, charcos são drenados possibilitando novas edificações; o Horto (e suas
escolas superiores) é criado; aparece a Penitenciária; o Grupo Escolar Hilário Ribeiro é
instalado; novas ruas são abertas comunicando o bairro com outros bairros; pequenas
indústrias começam a funcionar (como a fábrica de tamanco, a fábrica de doces e a
fábrica de cimento - todas desativadas); e a "Vila Jardim" é projetada e construída no
campo do Ipiranga, ao lado da Alameda, para habitações de trabalhadores. Muitos
estabelecimentos comerciais são instalados ao longo da Alameda e de suas ruas
transversais. Chegam os armazéns de secos e molhados, padarias, bares, quitandas e
leiterias. Algumas poucas chácaras e sítios que persistiram até décadas mais recentes
acabaram dando lugar a casas, vilas de casas ou prédios de apartamentos. Com o
crescimento do Fonseca sedimenta-se também o seu perfil de bairro residencial. Os anos
passam e o transporte rodoviário torna-se o mais utilizado, fazendo praticamente
desaparecer o porto e a ferrovia, vítimas também do esvaziamento econômico do
interior do estado. A construção da Ponte Rio/Niterói e a sua ligação direta com a
Alameda São Boa Ventura aumenta o tráfego de veículos e atrai novos moradores,
intensificando ainda mais o crescimento do bairro. Até o início da década de 50, quando
foi dado outro traçado ao canal da Vicência, facilitando o escoamento das águas
pluviais, as enchentes eram intensas e crescentes. Com a construção da Ponte
32

Rio/Niterói houve nova obstrução na saída do Vicência, trazendo de volta as enchentes


(5). O problema quase crônico das enchentes, aliado ao excesso de veículos em trânsito,
reduziram a qualidade de vida no Fonseca. A busca de endereços mais atraentes ou
junto ao mar provocam forte movimento migratório para outros bairros, contribuindo
para mudar o perfil dos moradores do Fonseca. Famílias tradicionais do bairro formada
por médicos, industriais e comerciantes - como os Saramago Pinheiro, Torres, Vianna,
Botelho, Bastos, Cunha, Pereira Faustino, Pestre, Pires de Mello, Marcondes, Alves,
Lima Monteiro(6) e tantas outras mudam-se em direção a outros bairros.
Contrastando com a história inicial do bairro, atualmente o Fonseca não é um
dos locais mais tranqüilos de Niterói para se estabelecer moradia. Isso devido ao grande
índice de marginalidade, ocasionado pelo tráfico de drogas, e domínio de áreas por
facções ligadas ao crime. Para se ter uma idéia do panorama atual do bairro
relacionando-o ao presente trabalho, dentre as cinco instituições de ensino pesquisadas
neste estudo apenas uma não é considerada como área de risco, fazendo parte apenas do
trajeto obrigatório para se chegar às ditas comunidades, porém sem oferecer maior risco
aparente a quem por ali passa durante os períodos da manhã e da tarde. Com exceção da
referida instituição, todas as outras pertencem a áreas de risco independentemente de dia
ou horário; criando-se uma constante sensação de tensão nas áreas mais próximas as
chamadas ‘bocas-de-fumo’, onde os líderes do comércio de drogas, ditam as regras que
devem se seguidas pela população.

ÁREA DE ESTUDO – localização do bairro Fonseca no mapa de Niterói.

Figura 01. Mapa da cidade de Niterói com o bairro do Fonseca destacado - RJ

FONSECA
33

ÁREA DE ESTUDO – localização das instituições

Figura 02. Mapa do bairro do Fonseca com as áreas de estudo demarcadas

S.E.C.

E.E.A.B

C.A

E.E.I.S. C.N.S.P

FONTE DOS MAPAS : <http:/www.google.com.br>

LEGENDA

C.A. – Colégio Anchieta


S.E.C. – Sociedade Educacional Crism
E.E.I.S. – Escola Estadual Ismélia Saad
C.N.S.P. – Colégio Nossa Senhora da Penha
E.E.A.B. – Escola Estadual Alberto Brandão
34

6.2. UTILIZAÇÃO DE ESTRATÉGIAS DE INTEGRAÇÃO DISCIPLINAR.

O presente estudo envolveu métodos distintos para a sua realização, tendo em


vista os diferentes objetivos almejados. De forma sequencial, cada uma de suas fases
contribuiu diretamente para a realização da seguinte.

(...) Optou-se pelo uso do termo estratégias de integração disciplinar


para reunir as possibilidades de produção de conhecimento
multidisciplinar e interdisciplinar em oposição ao conhecimento
monodisciplinar, significando o conjunto de propostas de integração
entre as diversas disciplinas científicas na produção de conhecimento,
em particular na análise de objetos complexos, bem como a integração
entre a produção de conhecimentos e as estratégias de intervenção em
torno de problemas particulares (PORTO e ALMEIDA, 2002).

a) a multidisciplinaridade como o conjunto de disciplinas que se agrupam em torno de


um dado tema desenvolvendo investigações e análises isoladas por diferentes
especialistas, sem que se estabeleçam relações conceituais ou metodológicas entre elas.
Corresponde à estratégia mais limitada, pois continuam a se reproduzir práticas
fragmentadas da ciência normal, ainda que se avance na incorporação de múltiplas
dimensões de um problema;

b) a interdisciplinaridade como a reunião de diferentes disciplinas articuladas em


torno de uma mesma temática com diferentes níveis de integração, desde uma
cooperação de complementaridade sem articulações axiomáticas ou preponderância de
uma disciplina sobre as demais (pluridisciplinaridade), passando pela preponderância
de uma delas sobre as demais com ou sem uma axiomática comum (denominadas
respectivamente como interdisciplinaridade estrutural ou auxiliar);
35

6.2.1 DESCRIÇÃO RESUMIDA DAS FASES ELABORADAS

Explicado tal tópico, pode-se dizer que o presente trabalho de pesquisa, de forma
simplificada, se propôs a unir e, quando possível, articular os campos da
Educação/Ensino, Saúde e Meio Ambiente e Sociedade. Dividindo-se basicamente em
‘CINCO FASES’, a serem descritas resumidamente no fluxograma abaixo, e detalhadas
nos itens que se seguem: (Quadro 01)

Quadro 01. Fluxograma metodológico – resultados, discussão e conclusão.


36

6.3. FASES DA PESQUISA.

6.3.1. PRIMEIRA FASE.

A realização da primeira fase do projeto consistiu principalmente no


levantamento bibliográfico relativo aos campos do conhecimento relacionados,
envolvendo temas diversos, apresentados no quadro seguinte: (Quadro 01)

Quadro 02. Temas pesquisados para a composição do trabalho


TEMAS PESQUISADOS – OU CITADOS
Epidemiologia/Parasitologia Médica/Pediculose.
A Interdisciplinaridade e a Multidisciplinaridade.
As relações entre Indivíduo-Saúde-Meio Ambiente.
Métodos de Pesquisa Social e em Educação.
A Educação em saúde Meio Ambiente nas instituições de ensino do Brasil.
Pressupostos básicos sobre a Promoção da Saúde.
Psicologia da Educação.
Prática de ensino – desenvolvimento de novos métodos e recursos para o ensino.
A importância do ludismo para o processo de desenvolvimento cognitivo.
Jogos didáticos: produção, modalidades, principais características e contribuição
para o processo ensino/aprendizagem.
A utilização de histórias como recurso didático.
A divulgação científica para o público infanto-juvenil
Formação continuada de professores.

Além de livros, periódicos e artigos especificamente voltados a área científica,


foram consultadas também outras fontes (fossem: livros, revistas e sites), dirigidas ao
público infantil, relacionadas ao tema pediculose, cujas fontes transmitissem
confiabilidade, e fossem respaldadas por pesquisadores das respectivas áreas.
37

6.3.2. SEGUNDA FASE.

Com base nos resultados da pesquisa realizada na fase anterior, foi idealizada,
adequada e produzida, uma sequência didático-pedagógica constituída por uma história
e um Jogo específicos sobre a Pediculose.(Quadro 03).

Quadro 03 - Etapas do desenvolvimento da ‘Sequência Didático-Pedagógica’.

NO DESENVOLVIMENTO
1. Criação e desenvolvimento dos personagens e do enredo da história;
2. Idealização e escolha de um nome para a ‘Sequência Didático-Pedagógica’;
3. Desenvolvimento de um logotipo que a identifique;
Pesquisa e escolha da(s) modalidade(s) do jogo, e desenvolvimento regras e
4.
dinâmica didático-pedagógicas adequadas;
5. Pesquisa e idealização das perguntas e respostas das ‘cartas’ do jogo;
6. Construção artesanal do painel do jogo e das cartas.

6.3.3. TERCEIRA FASE – Avaliação do material didático-pedagógico produzido.

Para que se avaliasse o material didático-pedagógico produzido, foi necessário


definir alguns pontos básicos que conduzissem à investigação, sendo esses:

9 a metodologia para a realização da pesquisa e para a análise dos dados;


9 o público alvo para o estudo;
9 o período do ano letivo adequado – cronograma;
9 as instituições participantes;
9 o instrumento para a coleta dos dados;
9 sendo necessária também a permissão para a obtenção e reprodução de imagens
(fotografias).

9 o conhecimento dos educandos à cerca da pediculose, antes e após a atividade,


levando-se em consideração as: características biológicas do piolho, formas de
prevenção e tratamento e formas de transmissão. Após compilados os resultados dos
38

questionários preenchido pelos educandos, os seus resultados foram analisados e


posteriormente re-agrupadas em classes, com relação as suas supostas origens na
dinâmica apresentada, ou seja: ilustrações do painel, cartas do jogo, discurso da
mediadora e nas conclusões subjetivas dos educandos.

6.3.4. QUARTA FASE.

Otimização do material educativo produzido

Com base nos resultados obtidos a partir da dinamização da Sequência Didático-


Pedagógica e na pesquisa com os educandos, foram realizadas algumas modificações
detectadas como necessárias para um melhor aproveitamento do material produzido
necessárias à obtenção de uma melhor organização da dinâmica em sala de aula.
Além das modificações detectadas por meio de pesquisa e análise, foram
realizadas outras que visaram melhorar o ‘layout’ do jogo, possibilitando também a sua
reprodução, caso seja necessário futuramente.

6.3.5. QUINTA FASE.

Apresentação do material Didático-Pedagógico para educadoras do segundo ao


quinto ano do ensino fundamental, objetivando que as mesmas dinamizassem-no em
suas turmas.

Avaliação do material produzido por outros atores

Para avaliar se o material produzido é de fácil aplicação por outros atores que
não apenas a pesquisadora e desenvolvedora do material físico e teórico, este foi
disponibilizado, junto a um manual de instruções e também alguns materiais didáticos
sobre a pediculose, acompanhando-se de explicações, objetivando não resumir o
conhecimento das educadoras apenas ao que seria exibido na dinâmica. Consistindo na
apresentação da Sequência Didático Pedagógica “Missão Possível” a educadores do
primeiro ao quarto ciclo do ensino fundamental, e distribuição de material didático
pedagógico específico sobre a pediculose, objetivando a preparação dos mesmos, para
que posteriormente aplicassem a dinâmica em suas respectivas turmas.
39

Esta etapa do trabalho foi realizada por meio da Pesquisa Participante e também
da pesquisa-ação; definidas por Thiollent, (2008) conforme adiante:

9 PESQUISA PARTICIPANTE

(...) A Pesquisa participante é, em alguns casos, um tipo de pesquisa


baseado numa metodologia de observação participante, na qual os
pesquisadores estabelecem relações comunicativas com as pessoa ou
grupos da situação investigada com o intuito de serem melhor aceitos.
Já a pesquisa-ação, ainda segundo Thiollent (THIOLLENT, 2008).

9 PESQUISA-AÇÃO

(...) A pesquisa-ação é um tipo de pesquisa social com base empírica


que é concebida e realizada em estreita associação com um ação ou
com a resolução de um problema coletivo e que no qual os
pesquisadores e os participantes representativos da situação ou do
problema no qual estão envolvidos de modo cooperativo ou
participativo. (THIOLLENT, op. cit.).

As informações diretas obtidas das educadoras sobre a utilização do material,


posteriormente a esta, foram realizadas de maneira informal e de modo que os pontos
principais foram colocados pelas mesmas sem intromissão da autora.
40

6.4. METODOLOGIA PARA A REALIZAÇÃO DA PESQUISA E ANÁLISE


DOS DADOS.

Os critérios para a classificação dos tipos de pesquisa variam de acordo com o


enfoque dado pelo autor. A divisão obedece a interesses, condições, campos,
metodologia, situações, objetivos, objetos de estudo etc. (MARCONI & LAKATOS,
2008). No caso específico do presente trabalho foi necessário optar-se por dois métodos
de pesquisa sendo estes o método quantitativo, mais tradicionalmente utilizado e que
expressa os seus resultados de forma numérica a fim de que sejam analisados em busca
de resultados que remetam à realidade que se configura em um determinado caso.
Menos usual por determinado período de tempo, e ainda levantando suspeitas
sobre a sua eficácia no campo científico, o método de pesquisa qualitativa vem sendo
cada vez mais utilizado e com isso ganhando a força necessária para explicar as
subjetividades que os números apenas não expressam. Tais modalidades não se
excluem; e podem, em determinados casos, serem utilizadas em um mesmo trabalho de
pesquisa, dependendo dos objetivos que o norteiam e, por conseqüência, dos resultados
que busca.
Esta fase da pesquisa envolveu ambas as modalidades, sendo a abordagem
qualitativa mais objetivamente explicada por Minayo (2007):

(...) A pesquisa qualitativa responde a questões muito particulares. Ela


se ocupa nas Ciências Sociais, com um nível de realidade que não
pode ou não deveria ser quantificada. Ou seja, ela trabalha com o
universo dos significados ou dos motivos, das aspirações, das crenças,
dos valores e das atitudes. (MINAYO, 2007).

O principal instrumento para a obtenção de dados constituiu-se por um


questionário semi-aberto, após analisadas as suas vantagens e desvantagens,
(MARCONI & LAKATOS, 2008); e a análise dos resultados, foi realizada através da
frequência de aparecimento dos dados e categorização (GOMES, 2007).

6.5. PÚBLICO ALVO.

Dentro do contexto do público alvo a que o jogo destina-se, foram envolvidos


educandos do quinto (5o) ano do ensino fundamental, assim escolhidos, pois
comparativamente a outras séries (do 1o ao 4o ano do ensino fundamental) compreende-
41

se possuírem maior capacidade de abstração, análise crítica e facilidade para a


contextualização necessárias ao preenchimento do questionário, culminando, portanto,
num maior aproveitamento dos resultados gerados, constituindo o número de sessenta e
oito (68) participantes.

6.6. PERÍODO DO ANO LETIVO ADEQUADO PARA A REALIZAÇÃO DA


PESQUISA.

Para a avaliação da sequência Didático-Pedagógica foi definida como sendo a


época ideal o período final do ano letivo (4o período), especificamente no início do mês
de novembro. Considerou-se que a esta fase do ano, os educandos teriam maior
entrosamento interpessoal, e amadurecimento pessoal, podendo-se, supostamente, por
meio dessa sincronia, atingir um maior aproveitamento da atividade. Dentro do contexto
apresentado elaborou-esse um cronograma que contemplasse tanto a disponibilidade da
autora quanto da instituição.
Quanto à montagem de um cronograma Deslandes (1993) acrescenta que o
projeto deve traçar o tempo necessário para cada uma das etapas propostas. Muitas
tarefas podem inclusive ser realizadas simultaneamente.

6.7. INSTITUIÇÕES PARTICIPANTES.

O projeto foi apresentado em instituições de ensino escolhidos aleatoriamente


pela autora, com uma metodologia padrão de apresentação, de modo que todas as
diretoras das instituições escolhidas fossem devidamente informadas sobre o objetivo
do mesmo, mediante apresentação oral e por escrito, de um resumo do projeto para
apreciação; entregue também certificado de comprovação da instituição de origem da
autora e um pedido formal para a realização do projeto, também emitido pela mesma
instituição. Posteriormente ao aceite das respectivas direções de ensino, deu-se a
apresentação aos(as) educadores(as) que seriam envolvidos(as) no projeto.
Ao todo fizeram parte da pesquisa cinco diferentes instituições de ensino
localizadas na cidade de Niterói – RJ, especificamente no bairro do Fonseca.
Os principais critérios para a escolha das instituições foram:
42

A. todas elas fazem parte do mesmo bairro seguindo o critério de proximidade


geográfica, e ainda sendo no mesmo bairro onde a autora reside, resultando num
maior interesse em se realizar uma atividade de caráter educacional na referida
região;

B. a proximidade entre as mesmas, tendo sido um agente facilitador durante o


processo;

C. o fato de situarem-se em um bairro problemático no que diz respeito às


desigualdades sociais, permitindo a observação dessa influência no sistema
educacional, ainda que esse não fosse um dos objetivos do estudo.

As instituições pesquisadas foram respectivamente: (Quadro 05)

Quadro 04. As instituições de ensino pesquisadas.

NO NOME Abreviatura

1. Sociedade Educacional Crismogali S.E.C.


2. Colégio Nossa Senhora da Penha C.N.S.P.
3. Colégio Anchieta C.A.
4. Escola Estadual Ismélia Saad E.E.I.S.
5. Escola Estadual Alberto Brandão E.E.A.B.

Dentre as cinco instituições citadas acima, três pertenceram à rede particular e


duas à rede pública de ensino, conforme determinado nos objetivos relativos à pesquisa
de campo.

6.8. INSTRUMENTO PARA A COLETA DOS DADOS.

Para a coleta de dados, foi elaborado um questionário semi-aberto direcionado


aos educandos, construído a partir de pesquisa bibliográfica com base nos objetivos
específicos desta fase do projeto.
Houve preocupação para com a linguagem utilizada para a construção do
questionário, tendo sido adequada ao público alvo permitindo, assim o seu melhor
43

entendimento, de acordo com algumas regras pré-definidas para a divulgação científica


para públicos específicos, nesse caso o público infanto-juvenil.
Ao todo foram elaboradas treze perguntas, dentre elas dez objetivas e três
discursivas, levando em conta os fatores apresentados abaixo: (Quadro 05)

Quadro 05. Principais fatores ‘levados em conta’ no questionário dirigido aos


educandos.

Incidência da pediculose entre os pesquisados(as).


A utilização de jogos didáticos em sala de aula.
A aceitação do referido jogo pelos educandos.
O conhecimento sobre o piolho e a pediculose.
O jogo enquanto ferramenta no processo de ensino/aprendizagem.

6.9. PESQUISA DE CAMPO/APLICAÇÃO DO QUESTIONÁRIO.

A ‘pesquisa de campo’, propriamente dita, foi dividida em duas etapas:

1a etapa – realização do estudo piloto – questionários e sequência didático-


pedagógica;

2a etapa – realização da pesquisa nas demais instituições.

Dentre as cinco instituições participantes, a escolhida para a realização do estudo


piloto e realização do pré-teste3 do questionário, foi a Sociedade Educacional
Crismogali – S.E.C., devido principalmente à disponibilidade da educadora e
educandos, em acordo com a direção, junto à compatibilidade de data e horário com o
cronograma da autora.

3
Depois de redigido, o questionário precisa ser testado antes de sua utilização definitiva, aplicando-se
alguns exemplares em um pequena população escolhida. A análise dos dados, após a tabulação,
evidenciará possíveis falhas existentes: inconsistência ou complexidade das questões; ambigüidade; ou
linguagem inacessível; perguntas supérfluas, ou que causem embaraço ao informante; se as questões
obedecem a determinada ordem ou se são muito numerosas. (MARCONI, Marina de Andrade &
LAKATOS, Eva Maria. Técnicas de pesquisa: planejamento e execussão de pesquisas; amostragens e
técnicas de pesquisa; Elaboração, análise e interpretação de dados. 7a ed. São Paulo:Atlas, 2008.)
44

Em ambas as etapas a autora foi responsável pela dinamização da atividade


didático-pedagógica em todas as instituições pesquisadas.
O questionário foi aplicado cerca de duas semanas após a dinamização da
Sequência Didático-Pedagógica nas turmas participantes; e para que os educandos não
se sentissem pressionados a responder apenas positivamente sobre a atividade, o mesmo
foi entregue pela ‘educadora de sala de aula’ e não pela autora e dinamizadora do
processo, sob pedido de que não houvesse troca de informações entre os mesmos,
podendo com isso comprometer os resultados da pesquisa.

6.10. PERMISSÃO PARA REGISTRO E REPRODUÇÃO DE IMAGENS


(FOTOGRAFIAS).

Para que as ‘aulas’ e educandos pudessem ser fotografados, foi necessário


autorização dos responsáveis pela assinatura de um documento, entregue dias antes da
realização da atividade. De maneira que seriam fotografados apenas os educandos que
entregassem a autorização, devidamente assinada, na data prevista para a realização do
projeto.

6.11. INSTITUIÇÃO DE ENSINO ONDE A SEQUÊNCIA DIDÁTICO-


PEDAGÓGICA FOI APLICADA PELOS EDUCADORES.

O já referido estudo piloto, dinamizado pela autora, e a aplicação da dinâmica


pelos (as) educadores (as) realizaram-se ambos na Sociedade Educacional Crismogali,
fato este devido tanto a possibilidade de seu pleno desenvolvimento, quanto a sua
inclusão no Plano Político Pedagógico da instituição, Motivado também pela
caracterização da pediculose como sendo um problema frequente para a instituição de
ensino, fato esse constatado por meio de diálogo entre a ‘direção’, funcionários e a
pesquisadora.
Previamente a aplicação da ‘Sequência Didático-Pedagógica’ ‘Missão Possível’
na SEC, o seu Regimento de Curso da foi analisado com a finalidade de se conhecer
melhor as bases que fundamentam a instituição.
Além do Regimento de Curso, o Calendário Anual também foi analisado.
Observou-se, que pelo menos quatro (04) sábados anuais são reservados a atividades de
caráter sociais, culturais e educacionais, que além de fazerem parte da grade curricular
45

dos alunos, reúnem tanto familiares quanto a comunidade, proporcionando a inclusão


social e a cidadania para algumas centenas de pessoas. Como, por exemplo: o ‘Sábado
da Família’, onde são oferecidos cursos e oficinas diversos para alunos e seus
familiares, e envolvendo todo o corpo docente; o ‘Sábado Alegre’ onde são oferecidas
brincadeiras e recreação ligadas a disciplina de Educação Física integrando também os
familiares e a comunidade, ou a semana literária que conta com uma noite de autógrafos
prestigiando ‘obras literárias’ criadas pelos educandos durante as aulas.
Além dos sábados letivos, a instituição conta também com eventos realizados
durante os dias úteis, como a Feira de Ciências, cujo o objetivo do ano de 2008 foi o de
substituir materiais como cartolinas e maquetes (usuais em feiras de ciências) por
‘material humano’ para evitar o descarte excessivo de ‘lixo’, promovendo peças de
teatro, exposições e reaproveitamento de diversos materiais, promovendo também maior
entrosamento e aprendizado pelas partes envolvidas. Uma outra atividade anual é a feira
de ‘Matem-artes’, um trabalho conjunto entre os professores de Matemática e Artes que
possui por objetivo ampliar a visão dos educandos a cerca dos dois campos do saber.
Por esses e outros motivos a SEC foi escolhida para o desenvolvimento do
projeto ‘Missão Possível’, dado que ambos possuem diversos pontos comuns, e que
entre a multidisciplinaridade e a participação social buscam ainda resultados concretos e
observáveis nas vidas dos educandos.
Aberta a novos projetos de caráter sócio-culturais e sócio-ambientais a SEC (fig.
03) recebeu ao projeto ‘Missão Possível’, oferecendo apoio e disponibilizando tanto
espaço físico, quanto recursos materiais e humanos para o pleno desenvolvimento do
projeto
Figura 03. Sociedade Educacional Crismogali (SEC)
46

7. DESENVOLVIMENTO DO PROJETO.

O desenvolvimento desta fase da pesquisa deu-se em parte pela metodologia da


pesquisa participante e em parte pela pesquisa-ação, (THIOLLENT, 2008), já
explicadas anteriormente.

A. Já no início desta etapa do projeto, foi distribuído material didático relativo


ao tema em questão ‘A pediculose’. Esse material de divulgação científica cedido
apresentou-se em diferentes ‘níveis’, constituindo-se desde capítulos de revistas
voltados ao público infanto-juvenil, a um manual específico sobre a pediculose para
educadores, ou textos com maior rigor científico; possibilitando além do conhecimento
da possibilidade de adaptabilidade de informações científicas para diferentes públicos,
também a facilitação da compreensão pelos atores, dos textos cuja linguagem a eles
fossem mais familiares, a partir da consideração de sua não formação acadêmico-
científica em biologia ou parasitologia.

B. Apresentação da ‘Seqüência Didático-Pedagógica’ aos educadores, com a


simulação de sua dinamização entre a autora e os mesmos, tendo sido expostas às
principais regras, e, além disso, a postura mediadora que por eles deveria ser exercida
no decorrer da atividade. Para que tivessem maior familiaridade com o material, todos
os educadores receberam cópias de um roteiro de como proceder na aplicação da
atividade e de suas regras, e também das cartas com as perguntas e respostas do jogo, da
história que o precede na ‘Sequência Didático-Pedagógica’.

C. Realizou-se a dinamização da ‘Sequência Didático-Pedagógica’ em sala de


aula pelos educadores do Segundo ao Quinto-ano do Ensino Fundamental, sob a
observação da autora.
47

8. PRODUÇÃO DO MATERIAL DIDÁTICO-PEDAGÓGICO.

8.1. A ESTÓRIA.

Os objetivos pedagógicos da estória

Procurou-se produzir uma estória onde o personagem principal seria o fio condutor para
o tema pediculose em sala de aula.
A estória produzida objetiva sensibilizar os alunos para o tema exposto em um
momento ‘pré-jogo’ de modo a prepará-los para a atividade seguinte. Nela são tratadas
situações comuns e cotidianas que abordam o tema pediculose no intento de propiciar
também o princípio da aprendizagem significativa (AUSUBEL, 1983 apud
GARÓFANO et al., 2005),
De modo que as informações obtidas na estória sejam relacionadas ao
conhecimento e às experiências prévias que os alunos possuem, gerando assim
significado, e preparando-os para as outras informações que surgirão com o jogo. E,
visou-se também despertar o interesse dos mesmos pela leitura e pelo ato de contar
estórias, contribuindo para a aquisição desse hábito positivo para o processo educativo,
inclusive muito enfatizado por diversos autores da área literária,seguindo a metodologia
de TOROK (2009)
Além do estímulo a leitura, em seu contexto geral, a estória produzida envolve
fatores culturais, sociais, econômicos e ambientais, associados ao tema principal,
relacionando fatos comuns ao cotidiano infanto-juvenil e, portanto permitindo a
identificação por parte dos leitores, ou em caso contrário, o conhecimento de uma
realidade diferente da vivida – ex: amizade no ambiente escolar; relação urbano x rural;
criança que já foi, ou está parasitada x não parasitada etc.
Além disso, buscou-se ainda construir uma estória não apenas informativa, mas
também divertida e com uma linguagem simples, permeada por detalhes, que se bem
aproveitados, possam gerar outras discussões produtivas em sala de aula.
48

8.1.2. A CONFECÇÃO DO JOGO.

Os passos que foram seguidos para a confecção do jogo

Quadro 06 – Passos para montar a sequência Didático-Pedagógica


PASSOS PARA ELABORAR O MATERIAL
1.Objetivo Ensinar sobre o piolho e a pediculose de forma divertida
2.Público Crianças que saibam ler e escrever
3.Materiais Estória e jogo
4.Adaptações Percebidas após a 1a dinamização
5.Tempo O necessário, /ou que caiba no planejamento escolar
6.Espaço Sala de aula, pátio etc.(material versátil)
7.Dinâmica Pré-definida e que ao mesmo tempo de liberdade
8.Papel do adulto Mediador
9.Proximidade Atividade de caráter sócio-educacional, científico e ligado as
a conteúdos áreas da saúde e cidadania
10. Avaliação da Faz-se necessário um uso mais extenso do material e por pessoas
proposta diversas
11.Continuidade Pode ser dada no cotidiano de sala de aula ou em casa.

O que foi LEVADO EM CONTA na confecção do jogo

9 Que os personagens tivessem sexos diferentes, e a maioria fosse do sexo masculino,


objetivando desmistificar que apenas as meninas são parasitadas pelo piolho;
9 A criação de um sistema fixo de rodadas para que os educadores não se percam
quanto a quem (grupos) irá ou não jogar naquele determinado momento;
9 O gasto energético durante as rodadas tornando-o uma boa alternativa para
educadores que possuem turmas muito agitadas e necessitam de controle.
9 O tamanho do painel, para que pudesse ser visualizado por todos da turma
independentemente do tamanho da sala de aula ou local onde o jogo fosse aplicado.
O jogo foi confeccionado com formato de um painel dobrável e ilustrado
(aproximadamente 180cm x 150cm), fixável em quadro-negro ou parede por fita dupla-
face adesivadas’’ em sua poção posterior. Tratando-se de um protótipo, e não de um
modelo definitivo, as ilustrações dos personagens foram desenhados pela autora com
base em imagens aleatórias de livros infantis.
49

8.2. A ESTÓRIA E O JOGO JUNTOS SEQUÊNCIA DIDÁTICO-


PEDAGÓGICA.

O início da atividade – O ‘por quê’ da denominação: Sequência Didático- Pedagógica e


algumas sugestões da autora para a sua aplicação

SEQUÊNCIA= Dar continuidade (HOLLANDA, 1989; LEDUR, 2009).


O Educador pode, e deve, a partir das atividades propostas dar continuidade ao
tema por meio de outras ferramentas de ensino, como textos, atividades artísticas,
seminários etc.

DIDÁTICO(A) = Parte da pedagogia que cuida das questões relativas ao ensino


(ANTUNES, 2001).
O educador deve-se focar nas teorias que sustentam a(s) sua(s) ação(s) durante a
atividade, e tentar chegar o mais próximo da mesma(s) em seus pressupostos, tornando-
a realmente uma ferramenta de ensino e não mais uma atividade qualquer.

PEDAGOGIA= em seu sentido primitivo, a arte de conduzir crianças, no sentido atual


indica o estudo sistemático das diferentes manifestações do fenômeno educativo.
Disciplina, estudo ou um conjunto de normas referentes a um fato, processo ou
atividade educacional. (ANTUNES, 2001).

A atividade desenvolvida é antes de qualquer coisa uma proposta educacional,


até porque envolve em seu bojo além de informações, a socialização, regras e
características específicas de atividades lúdicas.
50

8.3. O INÍCIO DA ATIVIDADE.

Sugere-se que o início da atividade ocorra com a leitura da introdutória da


primeira parte da estória pelo educador, com a posterior distribuição da segunda parte,
destinada aos educandos. O modo no qual a exposição da segunda parte pode ocorrer é
múltipla, podendo ser:

leitura em grupo;
encenação das situações junto aos educandos;
leitura intercalada entre educador e educandos;
leitura primeiro pelo educador e posteriormente pelos educandos ou simplesmente à
leitura silenciosa.

Destaca-se que a importância de que os educandos estejam de acordo com o tipo


de leitura que será realizada, para que se sintam a vontade em sua realização. O jogo
apenas poderá ter inicio após todos compreenderem qual o seu objetivo.

A dinâmica do jogo

Terminada a leitura da estória, cada grupo deverá escolher, para representá-lo,


um dos três personagens que estarão fixados na parte superior do painel, formando o
total de três grupos. Na parte inferior do painel, estará o personagem principal da
história, cuja cabeça terá três grandes piolhos que poderão partir para dois caminhos
diferentes cada, um verde e um vermelho (ver figura 04 – pág. 56). Estes caminhos são
constituídos por tiras de ‘velcro’, onde os piolhos se fixarão podendo partir para os dois
possíveis caminhos
o caminho verde, o levará até uma alternativa para matá-lo (pente-fino, ‘dedos
esmagadores’4, shampoo e sabonete);
o caminho vermelho, o levará até a cabeça de um dos três personagens.

4
Tal imagem foi utilizada, já que culturalmente, no mundo, quando envolvida junto ao tema representa o
ato de esmagar os piolhos, permitindo a melhor percepção dos educandos do que se trata a presença das
mãos. Fato é que os piolhos carreiam bactérias, e ao serem retirados é necessária à realização de assepsia
após tal ato nas mãos de quem o fez. Isso deve ser sempre explicado aos educadores e educandos. Até que
se encontre um outro símbolo mais significativo as mãos permanecerão no painel.
51

Se o grupo da vez responder corretamente a pergunta, conforme exemplificado


junto ao quadro de perguntas, o ‘seu piolho’ andará uma ‘casa’ no caminho verde e
ganhará dez pontos. Caso a resposta esteja errada o piolho andará uma casa no caminho
vermelho e não somará pontos.
A direção dos piolhos, se no caminho verde ou vermelho dependerá das
respostas dos grupos, não sendo definitiva a sua posição no jogo, que pode mudar a
cada nova rodada. Na última rodada do jogo os grupos que responderem corretamente à
pergunta ganharão cinco pontos, pois a missão de matar o piolho terá sido realizada. E o
grupo que responder errado perderá cinco pontos, pois o piolho terá sido transmitido a
um dos personagens do jogo.
A sequência de perguntas ocorre em sistema de rodízio de modo que todos os
grupos interajam. A integração entre os grupos é extremamente necessária, tanto para a
compreensão das perguntas que irão realizar, quanto para as respostas que darão; o que
definirá a pontuação no jogo.
52

9. RESULTADOS E DISCUSSÃO.

9.1. O PÚBLICO-ALVO E PERFIL

Nas cinco instituições de ensino pesquisadas a idade dos educandos variou dos
09 aos 15 anos. Sendo as instituições da rede particular de ensino com turmas
homogêneas, com faixa etária similar entre os pesquisados; e a rede pública com turmas
de alunos heterogêneas, com predominância de crianças de maior faixa etária.
O número de educandos participantes por instituição não teve uma variação
significativa, de modo que, para a aplicação do jogo o número desses por grupo, variou
aproximadamente entre quatro a sete integrantes.
Quanto à pediculose propriamente dita, pelos questionários detectou-se a
seguinte incidência: 60,5% dos educandos afirmaram já terem sido parasitados,
enquanto 30,2% disseram nunca ter sido e 9,3 não se lembram.
Não se pode afirmar que esses números estejam corretos, devido ao fato dos
estigmas acarretados pela doença, como já explicado anteriormente.

Gráfico 01. Incidência da pediculose nos educandos


53

9.2. ÁREA DE ESTUDO.

A área de estudo demonstrou-se adequada, por ser um bairro com discrepâncias


sociais que são ideais a aplicação do projeto, adequando a atividade tanto na escola
pública e particular.
Santos (2003) registra que a escola tem representado local adequado para as
práticas educativas em saúde, tendo em vista seu papel formador e as suas
potencialidades, no sentido de desenvolver habilidades, estimular atitudes e canalizar
interesses para o desenvolvimento de estilos de vida saudáveis.
Apesar dessas discrepâncias, a atividade apresentou com um bom
aproveitamento, visto que uniu a história de vida dos atores envolvidos.

9.3. UTILIZAÇÂO DE ESTRATÉGIAS.

Avaliação da seqüência didático-pedagógica produzida

Essa fase da pesquisa deu-se por meio da aplicação de toda a seqüência didática
desenvolvida, tendo sido dinamizada pela autora nas instituições de ensino
participantes, hora pela autora, hora pelos educadores.

9.4. PRIMEIRA ETAPA – LEVANTAMENTO BIBLIOGRÁFICO.

O levantamento bibliográfico foi focado na literatura especializada, procurando


autores que basearam-se os seus estudos na multidisciplinaridade e interdisciplinaridade
(MORIN, 2004; FRIGOTTO et al, 1995) necessários para o desenvolvimento do trabal
54

9.5. SEGUNDA ETAPA – CRIAÇÃO DO MATERIAL DIDÁTICO-


PEDAGÓGICO

A produção da estória
Pode-se dizer que uma das principais mensagens da estória, consistiu-se na
‘Missão’ para qual a mãe do ‘Tiquinho’ o designou; pois se entende que tal conceito se
bem trabalhado em sala de aula e até no próprio lar, pode despertar na criança, seja
leitora ou ouvinte, a consciência de que ela é o principal ator no processo de
transmissão, e que muito embora ainda não possua autonomia para tratar-se
integralmente, pode mesmo assim fazer a parte que lhe cabe, evitando a transmissão do
piolho, permitindo o ‘empoderamento’5 por meio da aquisição de novas informações.
Essa atitude exemplificada no texto pela mãe do personagem principal, em geral
é muito diferente da observada nos casos da pediculose, assim como de algumas
doenças transmissíveis, onde a principal preocupação é a de não ser infectado, ou seja, a
de evitar pessoas com a doença, e não a preocupação de não transmitir.
Uma outra mensagem diz respeito à ‘catação’, ou seja, o ato de uma determinada
pessoa ‘catar’ lêndeas e piolhos em outra, que muito embora seja um dos métodos mais
antigos de tratamento da pediculose, não envolve custo financeiro, não agride a saúde
da criança e quando se torna um hábito pode servir como método inclusive de
prevenção quando há a detecção primária da parasitose.
Com relação à trama da estória, um outro fator importante a se destacar, diz
respeito aos nomes criados para os personagens, já que, todos receberam ao invés de
nomes próprios, apelidos. Tal fato explica-se, pois são muitos os preconceitos que
envolvem essa parasitose e, quando lida a estória, essa não deve ser veículo de vergonha
ou de brincadeiras inadequadas, caso viessem a existir educandos homônimos aos
personagens, diminuindo-se com isso a possibilidade de constrangimento.

5
Desde sua divulgação, a Carta de Otawa tem sido principal marco de referência da Promoção da saúde
em todo o mundo, e ainda segundo um de seus componentes esta resgatava a dimensão da Educação em
saúde e reforçava a idéia de ‘empoderamento’, ou seja , um processo de aquisição de conhecimentos que
auxiliem os indivíduos no processo de capacitação. (Disponível em: <http://www.opas.org.br/coletiva
/uploadArq/Ottawa.pdf>. Acesso em 09-09-09 às 12h)
55

A estória que dá início a toda a sequência didático pedagógica narra à situação


em que o personagem principal, ‘Tiquinho’ (Fig.4) morador da pequena cidade de
‘Itapopó do Norte’ (uma cidade de interior fictícia).

Figura 04. ‘Tiquinho’ – personagem principal da estória

Já ‘tratado’ pela sua mãe, ‘Dona Anita’, e no fim da história, ‘Tiquinho’ recebe
dela a missão de não transmitir piolho para os seus amigos da escola (‘Tonzinho’,
‘Digão’ e ‘Bela’) para que estes não tenham que passar por todo o tormento que ele
passou. A partir desse ponto (fim da estória), será dado início ao jogo que, por este
motivo, foi denominado ‘Missão Possível’.
A estória é basicamente dividida em duas partes:
1a parte - é narrada pelo educador, e trata principalmente da caracterização de
quesitos relacionados ao personagem principal, como por exemplo: seus hábitos, a
cidade e o local onde ele reside, amigos e familiares, instituição de ensino que
frequenta, pensamentos e passagens de seu cotidiano etc
2a parte - é destinada a leitura principalmente pelos educandos, sendo
constituída por sete estrofes intercaladas entre narração e versos (ANEXO - 01). É um
texto curto, que ocupa uma folha de papel, facilitando a cópia e distribuição para os
alunos.
Segundo Dupas (2008), o ideal em se trabalhar com estórias e crianças provém
de que o seu imaginário se desenvolve mais assim como o seu vocabulário,
permitindo que também crie as suas estórias ou poesias. Ainda segundo a mesma
autora, crianças que não vivenciam esse tipo de experiência torna-se pobre ou limitada
no que diz respeito à imaginação.
56

A PRODUÇÃO DO JOGO
Figura 05. O painel do jogo

O jogo possui também: manual de instruções, e trinta cartas com perguntas e


respostas, cujos versos possuem o logotipo do projeto, e a frente as perguntas e
respostas, conforme apresentado na próxima página:

Figura 06. Logotipo do projeto Figura 07. Cartas do jogo

As perguntas e respostas foram, em sua maioria, baseadas em pesquisa


bibliográfica, incluindo: livros, revistas e periódicos. E algumas outras foram
57

idealizadas como resultado de observações da ‘realidade’ pela autora. Resultando


especificamente em duas categorias, que foram definidas das seguintes formas:

A. Perguntas diretas: possuem uma formulação objetiva, tratando basicamente


sobre o conhecimento que os alunos detêm sobre o piolho e a pediculose –
principalmente características biológicas e ecológicas.

B. Situações-problema: são perguntas elaboradas de acordo com possíveis


situações as quais uma criança parasitada possa estar exposta, colocando-as frente a
decisões importantes, que envolvam: transmissão, tratamento e prevenção da
pediculose. Ressalta-se que, muito embora as mesmas aparentemente sejam situações
simples, ainda assim tornam-se um desafio, já que exigem maior análise, reflexão e a
interação dos grupos para a sua resolução. Deste modo, as perguntas foram planejadas,
classificadas e agrupadas da seguinte maneira:

Gráfico 02. Distribuição das perguntas do jogo quanto ao assunto/área das perguntas.

Destaca-se ainda, que além de serem atendidos requisitos básicos como as


referências de embasamento para a formulação das perguntas, houve também a
preocupação com a adequação da linguagem utilizada de modo a atender as
necessidades do público infantil, evitando-se colocações e palavras de maior
complexidade, como pode ser averiguado nos quadros a seguir: (Quadro 07)
58

Para que o ‘Missão Possível’ possa ser jogado é necessário que os alunos sejam
alfabetizados, tornando possível a leitura tanto da estória quanto dos cartões. Desta
forma, o público alvo sugerido para a aplicação do jogo encontra-se nas turmas de
segundo ao sexto ano do ensino fundamental, seguindo a nova denominação destas
séries.
Os critérios para a definição da faixa etária apóiam-se nos seguintes princípios: a
partir do segundo ano do ensino fundamental supõe-se que os alunos já foram
alfabetizados, e resultados de pesquisas apontam para a diminuição considerável de
crianças parasitadas a partir do sexto ano.

Quadro 07. Conteúdo das Cartas do jogo Missão Possível, com as perguntas, respostas e
fonte de consulta para as mesmas.

Classificação da
Perguntas Respostas Fonte pergunta

1 - O piolho pode pular da sua - Não, por que o Livro: entomologia -Características
cabeça para a de outro colega? piolho não pula! para você. biológicas e
Autor: Messias ecológicas.
Carrera, 1980.
2 - Quando o piolho está na nossa - RESPOSTA: Letra Livro: entomologia para -Características
cabeça, o que ele come? “B” você. biológicas e ecológicas.
- Opções: Autor: Messias Carrera,
A- cabelo 1980.
B- sangue
C- caspa
3 - Para vocês, o piolho a barata - Sim, pois todos eles Livro: entomologia -Características
e a pulga são parentes? são insetos. para você. biológicas e
Autor: Messias ecológicas.
Carrera, 1980.
4 - Por que quando o piolho está - Porque o piolho se Site da Kwell: -Características
na nossa cabeça fica difícil vê- camufla como um http://www.kwell. biológicas e
lo? camaleão, ficando com.br/ ecológicas:
com uma cor muito curiosidades.
próxima da cor do
nosso cabelo.
5 - Onde ficam os ovos que o - Grudados nos fios Livro: Bases da -Características
piolho põe? de cabelo. Parasitologia Médica biológicas e
Autor: Luiz Paulo ecológicas.
Rey,2008.
6 - Como é que o piolho faz para - Ele pica a nossa Livro: Bases da -Características
comer? cabeça e suga o Parasitologia Médica biológicas e
nosso sangue. Autor: Luiz Paulo ecológicas.
Rey,2008.
7 - O que é uma lêndea? - É o nome que se dá Livro: Bases da -Características
ao ovo do piolho. Parasitologia Médica biológicas e
Autor: Luiz Paulo ecológicas.
Rey,2008.
8 - Você sabe como o piolho faz - O piolho possui Artigo científico: -Características
para passar de uma pessoa para garras que se cadernos de saúde biológicas e
outra? prendem facilmente pública – ecológicas.
em nossas roupas e Ectoparasitoses e
59

cabelos, então basta saúde pública no


ele cair sobre nós, Brasil: desafios para
para iniciar a sua controle.
escalada até a Autores: Jörg
cabeça! Heukelbach; Fabílola
Araújo Sales de
Oliveira; Hermann
Feldmeier.
setembro/Outubro de
2003.
9 - Quando pegamos piolho, - Quando ele anda – Livro: Bases da -Características
como percebemos que ele está quando ele morde - Parasitologia Médica biológicas e
na nossa cabeça? quando a cabeça Autor: Luiz Paulo ecológicas.
coça - quando nós ou Rey,2008
outras pessoas o
vemos, etc.
10 - O piolho pode voar ou não? - Não, pois ele não Livro: entomologia -Características
tem asas! para você. biológicas e
Autor: Messias ecológicas.
Carrera, 1980.
11 - Diga uma coisa que você - Para confirmar se Da própria autora. - Medidas de
pode fazer para evitar pegar o resposta está correta, prevenção.
piolho: fale com o professor.
12 - Existem alguns objetos - Boné, pente, Artigo científico: - Medidas de
pessoais, que se você escova, prendedores cadernos de saúde prevenção.
emprestar ou pedir emprestado de cabelo, toalhas, pública –
pó-dem facilitar a transmissão etc. Ectoparasitoses e
do pio-lho, diga 3 exemplos: saúde pública no
Brasil: desafios para
controle.
Autores: Jörg
Heukelbach; Fabílola
A. S.Oliveira;
Hermann Feldmeier.
Set/Out 2003.
13 - Tanto menina quanto menino - Todos os dois Artigo Científico: I - Formas de
podem pegar piolho? podem pegar piolho, Bienal de Pesquisa da transmissão.
só que as meninas Fundação Oswaldo
normalmente têm o Crus. P.200. Estudo
cabelo maior da pediculose no
facilitando a sua estado do Rio de
transmissão. Janeiro. 1998.
14 - Qual é o nome que se dá a RESPOSTA: Letra Livro: Bases da -Características
doença causada pelo piolho? “B” Parasitologia Médica biológicas e
- Opções: Autor: Luiz Paulo ecológicas.
A- verminose Rey,2008
B- pediculose
C- dengue
15 - Além da escola existem - Sim. Exemplos: no Revista: saúde! É - Formas de
outros lugares em que você ônibus, brincando vital. transmissão.
possa pegar piolho. com colegas na sua Artigo – Piolho: não
Diga três exemplos: rua ou na sua casa, deixe que ele suba à
etc. cabeça/maio de 2006.
Para pegar piolho, Opinião do Dr. Júlio
basta ter contato com Vianna Barbosa-
alguém ou com FIOCRUZ.
algum lugar onde o Disponível em:
bichinho esteja! http://saude.
abril.com.br/edicoes/0
273/familia/conteudo
60

_133879.shtml
16 - Para quê serve o pente fino - Para retirar as - Artigo Científico: II - Formas de
que a nossa mãe usa em nossa lêndeas dos fios, e Encuentro Nac de tratamento.
cabeça? também os piolhos Entomologia Médica
que ficam passeando y Veterinária.
pela nossa cabeça. Pediculose no Brasil.
Autores: Júlio V
Barbosa & Zeneida T.
Pinto, 2003.
17 - Apenas lavar a cabeça pode - Não, pois o piolho Revista: ciência hoje das -Características
matar o piolho afogado? pode parar de respirar crianças. biológicas e
até você acabar de lavar Artigo: invasores de ecológicas:curiosidades.
a cabeça, respirando cabeleira, no134,
normalmente depois, e abril/2003.
continuando vivo.
18 - Qualquer pessoa pode pegar - Sim, qualquer pessoa: Revista: saúde! É vital. - Formas de
piolho? crianças, adolescentes, Artigo – Piolho: não transmissão.
adultos, idosos, negros deixe que ele suba à
e brancos, etc. cabeça/maio de 2006.
Opinião do Dr. Júlio
Vianna Barbosa-
FIOCRUZ.
Disponível em:
http://saude.
abril.com.br/edicoes/027
3/familia/conteudo_133
879.shtml
19 - Para vocês, os animais como: - Sim! Os animais Livro: entomologia -Características
galinha, gato, cachorro, e bois também podem pegar para você. biológicas e
também podem pegar piolho, piolho! Mas o tipo de Autor: Messias ecológicas:
ou não? piolho deles é Carrera, 1980. curiosidades.
diferente do nosso. Revista: ciência hoje
das crianças.
Artigo: invasores de
cabeleira, no134,
abril/2003.
20 - Para você, quais são os - Para saber se a Da própria autora. - Opiniões pessoais.
pontos negativos de pegar resposta está correta,
piolho? peça o auxílio do
professor.
21 - Diga uma coisa que o piolho - Ele precisa da Da própria autora, -Características
precisa para sobreviver: cabeça de alguém com base na biológicas e
para sugar o sangue e literatura. ecológicas.
se reproduzir pondo
os seus ovos nos fios
de cabelo.
22 - Sua mãe conseguiu matar todos - Novos piolhinhos Da própria autora. - Situação problema:
os seus piolhos, mas as lêndeas nascerão das lêndeas, tratamento.
ficaram. O que poderá acontecer? ficarão adultos e
poderão colocar mais
ovos!
23 - Você estava com muitos piolhos. - Ela poderá colocar Da própria autora. -Situação problema:
Após ter sido tratado pela sua novos ovos, de onde tratamento.
mãe, restou em sua cabeça apenas nascerão mais piolhos.
um piolho fêmea. O que poderá
acontecer?
24 - Existe piolho fêmea e piolho - Sim! Existe piolho - Livro: entomologia -Características
macho, ou piolho é tudo igual? fêmea e piolho macho. para você. biológicas e ecológicas.
Autor: Messias Carrera,
1980.
25 - Se você estiver com piolhos, o - Para saber se a Da própria autora. -Situação problema:
que deve fazer para que eles não resposta está correta, transmissão e
passem para outras pessoas? peça ajuda ao prevenção.
61

professor.
26 - Diga uma forma de tratamento - Para saber se a - Da própria autora. - Situação problema:
correta para matar ou tirar os resposta está correta, tratamento.
piolhos: peça ajuda ao
professor.
27 - Se você pegar piolho qual é a - Da própria autora. -Situação problema:
coisa certa a fazer? RESPOSTA: letra transmissão.
Opções: “C”
A - Esconder de todo mundo,
pois está morrendo de
vergonha;
B - Contar para o seu melhor
amigo, mas pedir que ele não
conte para ninguém;
C - Falar com a sua mãe ou
com a sua professora.
28 - Quem já pegou piolho pode - Sim, a pessoa pode - Da própria autora, -Características
pegar novamente? pegar piolho quantas com base na biológicas e
vezes tiver contato literatura. ecológicas.
com este bichinho.
29 IMAGINE - Pode ter sido: no - Da própria autora com -Situação problema:
- Sua mãe tirou todos os piolhos travesseiro, na cama, na base na literatura. transmissão.
da sua cabeça e você foi dormir. toalha de banho, nas
No dia seguinte você ama-nheceu roupas, no pente, etc.
com piolho, será onde que você
pegou?
30 - Ter piolho é um tipo de doença? - Sim, da mesma forma Livro: Bases da -Características
de quem tem verme, Parasitologia Médica biológicas e ecológicas:
sarna ou micose. Todos Autor: Luiz Paulo saúde.
esses organismos Rey,2008
parasitam o nosso
corpo e prejudicam a
nossa saúde.
62

9.6. TERCEIRA ETAPA - AVALIAÇÃO DO MATERIAL EDUCATIVO


PRODUZIDO.

Atividade piloto

Foi realizada uma atividade piloto na Sociedade Educacional Crismogali – SEC


(fig. 5), objetivando detectar fatores críticos como: o tempo necessário à aplicação da
sequência didática, pertinência/facilidade do manuseio, ‘adesivagem’ e utilização. O
intuito foi perceber a necessidade de ajustes no processo. Este procedimento foi
realizado com 86 educandos conforme gráfico .....
Posteriormente (aproximadamente duas semanas depois) realizou-se a aplicação
do questionário (pré-teste – ANEXO 02) contendo treze perguntas, dentre elas dez
objetivas e três discursivas. O questionário foi aplicado não pela autora, mas pela
professora de sala de aula, sob pedido de ética quanto à troca de informação entre os
educandos.
Não houve a necessidade de ajuste no questionário, permanecendo assim a
autenticidade da metodologia.

Gráfico 03. Número de educandos e instituições pesquisados.

Número de educandos e instituições


pesquisados:

20
Educandos

15 19 19 19
16
10
13
5

0
Instituições

Escola Estadual Alberto Brandão


Colégio Anchieta
Escola Estadual Ismélia Saad
Colégio Nossa Senhora da Penha
Sociedade Educacional Crismogali
63

9.7. RESULTADOS DA APLICAÇÃO DAS DINAMICAS – ATIVIDADE


‘PILOTO’ E EM OUTRAS INSTITUIÇÕES.

A aplicação da dinâmica

Tempo de duração

Observou-se que para a aplicação de toda a sequência didática são necessárias


aproximadamente duas horas e trinta minutos, incluindo desde a etapa de arrumação da
classe, introdução com a estória, colocação do painel e aplicação do jogo até a
finalização da aula.

Compreensão das perguntas e respostas pelos educandos


Foi possível constatar que as perguntas e respostas contidas nos cartões foram
bem compreendidas demonstrando estarem legíveis, com fontes de tamanho adequado,
com uma linguagem acessível a faixa etária a que se destina, e com situações-problema
conhecidas.
De modo que se pôde comparar o interesse pelo jogo também se baseando neste
fator, percebendo-o maior entre os educandos com idades iguais ou inferiores aos 12
anos. Algumas das atitudes percebidas entre os educandos ‘menores’ e poucas vezes
entre os ‘maiores’, foram: atenção ao jogar, envolvimento com o assunto, interesse em
tocar o painel e os personagens, pedido de silêncio para os colegas, entrosamento no
grupo, estabelecimento de estratégias etc.

O painel do jogo
O painel demonstrou ser de fácil manuseio, tanto em sua colocação no quadro-
negro quanto na sua utilização e retirada. Na realização do piloto foram detectados: a
necessidade da utilização de fita adesiva na parte superior do painel - apenas nas
extremidades para dar maior sustentação, a numeração das ‘casas’ de velcro, a
elaboração de uma dinâmica para determinar os grupos com o objetivo de impedir a
exclusividade de meninos ou de meninas nos mesmos.
64

A apresentação da estória para os educandos

Sobre a estória apresentada, identificou-se uma aceitação geral, tendo sido lida
por todos os alunos participantes, gerando inclusive algumas discussões e comparações
com a realidade vivida pelos personagens e por estes.

A conduta dos participantes – incluindo os educadores de ‘sala de aula’


Com relação às educadoras que participaram da experiência, pode-se dizer que
três atuaram ativamente, principalmente impondo limites as turmas, opinando e
realizando perguntas. Destas, duas eram de instituições particulares e uma de instituição
pública. As outras duas participantes (instituição particular e pública) não ajudaram na
organização das turmas, inclusive estando fora de sala de aula por quase todo o período
da aplicação da sequência. Justamente nessas turmas houve uma grande dificuldade em
se estabelecer a ordem necessária para a aplicação do jogo, tendo de se interromper a
dinâmica por diversas vezes em meio a brigas e demonstrações de violência. Segundo
Segura (2009), em situações de crise como as constatadas, podem haver meios de
atenuar tais representações por meio de atitudes tais como: saber escutar, fazer um
elogios, pedir um favor, pedir desculpas. Porém todos esses exemplos devem ser
precedidos de análise anterior a ação.
Em seu trabalho envolvendo atividades lúdicas e também a atualização de
educadores sobre a pediculose, Cunha (2006) teve o mesmo problema com relação à
não presença dos educadores em sala de aula, porém devido as diferenças
metodológicas, em seu trabalho pode-se evidenciar informações que não foram detidas
pelos educadores, como por exemplo:
9 o professor não sabia como surgiram os piolhos;
9 o professor não sabia que se pega piolhos de animais como cabritos, cachorro ou
carneiro;
9 o professor não sabia se o piolho era um inseto ou um parasito;
9 o professor não sabia se a lêndea ao estourar, o piolho já está grande;
9 o professor não sabia como terminar com as lêndeas sem passar medicamento
65

Quanto à utilização de jogos em sala de aula

Para traçar um panorama sobre a prática de aulas com jogos nas turmas
visitadas, foi perguntado se já tiveram a oportunidade de vivenciá-las em outros
momentos: aproximadamente 58,1% responderam que sim, enquanto 24,4% não se
lembram e 15% disseram que nunca a tiveram. Ainda neste eixo, perguntou-se quanto à
possibilidade de aprenderem com jogos aplicados em salas de aula: cerca de 93%
acreditam que em aula com jogos também se aprende, e 7% disseram que depende,
expressando-se em discursos como os seguintes:
“nem todos os alunos se interessam” ;
“se o jogo é educativo, sim; se não for, não”;
“pois alguns alunos não irão prestar atenção a aula”;
“se os jogos forem como este sim”;
“depende do tipo de jogo”.
É importante destacar que cerca de oito educandos (aprox. 9,3%) apresentaram
alguma alteração emocional ou problemas no trabalho em grupo. Esta observação revela
não ser trivial à realização de trabalhos em grupo em sala de aula, uma vez que as
reações variaram entre: violência física entre os colegas do mesmo grupo ou de grupos
opostos, choro, recusa em fazer parte de um determinado grupo, agressão verbal, recusa
em perder ou errar, recusa em ler para todos etc.

Aceitação do jogo pelos educandos


Especificamente sobre o jogo, no cômputo geral a opinião dos educandos foi
positiva, o que pode ser observado pelas respostas dos mesmos quando perguntados se o
acharam divertido (94,2% - sim), se gostaram de jogar (89,5% - sim), se jogariam
novamente (98% - sim), e se gostaram das ilustrações (96,5% - sim). O percentual
negativo para estas perguntas foi ínfimo, tal como indicam a seguir, os gráficos: 04; 05;
06; 07.
66

Dentre as considerações descritas pelos educandos como sendo o ‘mais legal’ no


jogo foram encontradas opiniões diversas, que englobam desde a dinâmica do jogo, a
sua aparência e regras - é importante destacar, que onze educandos deixaram de
responder a esta perguntas.

Gráfico 8. O que os educandos mais gostaram no jogo

O que os educandos mais gostaram


no jogo:
25
20
20
16 16
Educandos

15
10
10
4
5 2 2
1 1 1
0

Opiniões
As perguntas e respostas
Os piolhos 'gigantes'
Ter aprendido mais sobre o piolho
Os personagens e os outros desenhos
O caminho dos piolhos
O trabalho em grupo
Os cartões
A possibilidade de ganhar ou perder o jogo
O momento das explicações pela professora
Ganhar pontos
67

O QUE ELES JÁ SABIAM? E O QUE ELES APRENDERAM?

Antes da atividade

Sobre as informações que tinham sobre o piolho e a pediculose antes de jogar:


71% afirmaram saber pouca coisa, 17,4% disseram saber bastante coisa e 11,6%
disseram não saber nada.

Após a atividade

Sobre as informações após a atividades estão de acordo com as tabelas de números: 01;
02; 03; 04.

O conhecimento dos educandos à cerca da pediculose

Sobre o que os educandos aprenderam com o jogo, para uma melhor


interpretação dos resultados, as respostas foram separadas em três categorias, sendo:

A - características biológicas do piolho;


B - formas de prevenção e tratamento;
C - formas de transmissão.
68

A. As características biológicas do piolho f oram as informações aprendidas mais


comentadas, totalizando cerca de 83,5% das respostas (Tabela 01)

Tabela 01. Características biológicas do piolho citadas pelos educandos após a


atividade.
f %
Piolho não pula 45 23,3
Piolho não voa 44 22,8
Que o piolho fica na raiz do cabelo 16 8,3
Piolho se alimenta de sangue 15 7,8
O nome do ovo do piolho é lêndea 14 7,2
Que o piolho possui garras 14 7,3
Que o piolho para de respirar quando lavamos a cabeça 10 5,2
Que existe piolho macho e piolho fêmea 10 5,2
Que as lêndeas ficam presas aos fios de cabelo 5 2,6
Que o piolho pode transmitir outras doenças 5 2,6
Que o piolho é um inseto 5 2,6
Que os animais também têm piolho 3 1,5
Que existe piolho do corpo, da cabeça e das partes íntimas 3 1,5
Que piolho é um parasito 2 1
Que o piolho pica 1 0,5
Que pediculose é a doença causada por piolho 1 0,5
Total: 193 100

Consideram-se todas as respostas encontradas importantes para a melhor


compreensão, tanto do ciclo de vida do parasito quanto da parasitose propriamente dita.
Destacando-se, porém, as mais comentadas (cerca de 46,1%), que referem-se a terem
aprendido que o piolho não pula e não voa. Tal resultado revela, senão, que
aproximadamente metade dos educandos pesquisados, antes da aplicação do jogo,
desconheciam a principal via de transmissão do piolho – o contato. Em um estudo de
concepções sobre a pediculose em Cuba, Cruz e Rojas (2000) encontraram entre
crianças e familiares declarações compatíveis a estes resultados, onde atribuía-se a
facilidade na transmissão do piolho ao fato dos mesmos voarem de uma cabeça para
outra, tornando mais difícil o controle das transmissões.
69

B. Formas de prevenção e tratamento da pediculose, após a atividade.

As formas de prevenção e tratamento totalizaram cerca de 10% das respostas. (Tabela


02)
As respostas sobre formas de prevenção e tratamento detectadas foram
agrupadas da seguinte forma:

Tabela 02. Formas de prevenção e tratamento da pediculose citadas pelos educando, após
a atividade.

f %
Usar o pente-fino 7 30,4
Contar a mãe ou a professora que está com piolho 7 30,4
Lavar a cabeça 5 21,7
Passar algum tipo de óleo nos cabelos 2 8,7
Catação 2 8,7
Total: 23 100

C. As respostas menos citadas foram às formas de transmissão do piolho...

Tabela 03. Formas de transmissão do piolho citadas pelos educandos.

f %
1 - Não ficar próximo a outras pessoas quando estiver com piolhos 1 6,7
2 - Não ficar próximo a pessoas que estão com piolho 1 6,7
3 - Que o piolho pode passar de uma pessoa para outra 1 6,7
4 - Tanto meninos quanto meninas podem pegar piolho 1 6,7
5 - Que se pode pegar piolho mais de uma vez 1 6,7
6 - Que se pode pegar piolho em diversos locais (ônibus, escola, em casa, etc.) 2 13,3
7 - Que o piolho é transmitido através do contato 8 53,3
Total: 15 100

Tabela 04 - Declarações dos educandos sobre as formas de evitar 'pegar' piolho


aprendidas com o jogo:

f %
Evitar a pessoa que esteja com piolho. 24 30,7
Passar algum óleo ou condicionador nos cabelos. 17 21,8
Lavar a cabeça diariamente utilizando xampu e condicionador. 14 18
Não emprestar ou utilizar prendedores de cabelo, roupas, escovas, bonés e pentes 10 12,8
de outras pessoas.
Passar algum tipo de ‘remédio’ na cabeça como, por exemplo 'xampu para matar 5 6,4
piolho'.
Passar o pente fino nos cabelos. 4 5,1
Tratar a si próprio para não transmitir o piolho para as outras pessoas. 2 2,6
Evitar proximidade com quem esteja parasitado, ex: cabeça com cabeça, encostar, 2 2,6
etc
Total: 78 100
70

CORRELAÇÃO – APRENDIZADO X MATERIAL APRESENTADO-


RECURSOS DIDÁTICO-PEDAGÓGICOS

Após compilados os resultados dos questionários preenchido pelos educandos,


as respostas foram analisadas e posteriormente re-agrupadas em classes, com relação as
suas supostas ‘origens’ na dinâmica apresentada, ou seja: ilustrações do painel, cartas do
jogo, discurso da mediadora e nas conclusões subjetivas dos educandos.
Na correlação entre o que foi apresentado pela autora (no papel de mediadora) e
o que foi respondido pelos educandos nos questionários, foram identificados os
seguintes resultados: (Quadro 08)

Quadro 08. Classificação das respostas dos alunos segundo a sua origem na dinâmica
apresentada – (Características biológicas o piolho), após a atividade.

R
E ORIGEM DAS
C RESPOSTAS RESPOSTAS
U - Que o piolho pica.
R - Que pediculose é a doença causada por piolho.
S - Que os animais também têm piolho.
O Cartas do - Que as lêndeas ficam presas aos fios de cabelo.
S Jogo - Que o piolho é um inseto.
I - Que o piolho para de respirar quando lavamos a cabeça.
D - Que existe piolho macho e piolho fêmea.
E - O nome do ovo do piolho é lêndea.
N
T
- Que o piolho possui garras.
I - Piolho se alimenta de sangue.
F - Piolho não voa.
I - Piolho não pula.
C - Que piolho é um parasito.
A - Que existe piolho do corpo, da cabeça e das partes íntimas.
D Discurso da
O Mediadora - Que o piolho fica na raiz do cabelo.
S - Que o piolho pode transmitir outras doenças.
71

Quadro 09. Classificação das respostas dos educandos segundo a sua origem na
dinâmica– (Formas de prevenção e tratamento).

ORIGEM
DAS RESPOSTAS RESPOSTAS
Cartas do Jogo e - ‘Catação’
Painel - Utilização de pente-fino
Discurso da - Passar algum tipo de óleo nos cabelos
Mediadora - Lavar a cabeça
Cartas do - Contar a mãe ou professora que está com piolho
Jogo/especificamente

Quadro 10– Classificação das respostas dos educandos segundo a sua origem – (Formas de
transmissão).
ORIGEM
DAS RESPOSTAS RESPOSTAS
- Tanto meninos quanto meninas podem pegar piolho
- Que se pode pegar piolho mais de uma vez
Cartas do Jogo - Que se pode pegar piolho em diversos locais (ônibus, escola,
em casa, etc.)
Discurso da Mediadora - Que o piolho é transmitido através do contato
- Não ficar próximo a outras pessoas quando estiver com
piolhos
Conclusões dos educandos - Não ficar próximo a pessoas que estão com piolho
- Que o piolho pode passar de uma pessoa para outra

Com o detalhamento das respostas deste item, ficou claro que todos os
elementos colocados (cartas, mediação, painel) tiveram influência nas respostas dos
educandos. Sendo as informações obtidas pelas cartas do jogo e pelo discurso da
mediadora as mais citadas, seguidas pelo painel do jogo. De modo que se considera ter-
se obtido um bom aproveitamento, tanto do material quanto da dinâmica, seja: entre os
jogadores, os grupos e entre os mesmos com a mediadora.
Além de respostas com origem nas cartas do jogo, no discurso da mediadora, e
nas imagens do painel, houve também a explicitação de conclusões dos próprios
educandos, que muito embora, em menor número, devem ser consideradas.
No penúltimo item do questionário, tratando especificamente sobre a prevenção
da pediculose, os alunos foram perguntados se após jogar sabem como fazer para não
‘pegar’ piolho. Os resultados encontrados foram os seguintes: 90,7% disseram que sim,
7% disseram que não e 2,3% disseram não se lembrarem.
72

Nas declarações, foram identificados conceitos transmitidos na seqüência


pedagógica com origem, tanto nas perguntas e respostas do jogo, quanto no discurso da
mediadora, representando a grande maioria das respostas (69,2%). Porém, cerca de
30,8% das respostas, que dizem respeito a “evitar a pessoa que esteja com piolho”; não
correspondem a nenhum tipo de informação transmitida no decorrer da sequência,
podendo ser uma expressão oriunda dos preconceitos já internalizados pelos educandos
com relação a pediculose.
73

ACEITAÇÃO DAS REGRAS DO JOGO

Saindo do eixo que diz respeito à opinião dos educandos e o que aprenderam
sobre o jogo, parte-se para as observações sobre a aceitação das regras do jogo pelos
mesmos.
Foi percebido nos participantes de todas as instituições pesquisadas, uma forte
tendência para a competitividade. Com diversas demonstrações da necessidade em se
vencer no jogo, como por exemplo: torcidas para que os grupos rivais perdessem e
sucessivas contestações das respostas pessoais – situações-problema, etc. Porém,
contrariamente a esta tendência, em nenhuma das instituições ocorreu um placar com
primeira, segunda e terceira colocação. De modo, que houve empate em todos os casos,
como demonstrado no quadro a seguir:

Quadro 11. Colocação dos grupos no jogo Missão Possível.


PLACAR
a
INSTITUIÇÕES Empate na 1 Empate na 2a 3a Lugar
colocação colocação
• Sociedade Dois grupos no Um grupo no
Educacional 1o lugar. 2o lugar.
Crismogali.
o
Nossa Senhora da Três grupos no 1
Penha. lugar.
• E. E. Ismélia Saad. Um grupo no 1
o
Dois grupos no
lugar. 2o lugar.
• Colégio Anchieta. Todos os grupos
no 1o lugar.
• E. E. Alberto Dois grupos no Um grupo no
Brandão. 1o lugar. 2o lugar.

A princípio houve reclamação de parte dos educandos, que acreditavam que


poderia haver apenas um grupo na primeira colocação, porém ao final da dinâmica,
muitos já não se lembravam deste detalhe, e todos comemoraram as suas colocações.
Na tentativa de explicar este comportamento inicial, chegou-se a possível
conclusão de que um dos fatores que o influenciam pode ter origem no costume na
prática de jogos competitivos na sociedade como um todo, envolvendo inclusive
instituições de ensino, onde em diversas modalidades esportivas ocorre apenas um
vencedor, ficando os outros participantes na segunda ou terceira colocação. Duran
(2000 apud GÓMEZ et al, 2005) explica que apesar das contribuições educativas dos
74

jogos cooperativos, estes foram relegados da escola tradicional devido ao fato de que
tais interações são perturbadoras na dinâmica da aula devendo por tanto, ser eliminadas
ou limitadas. De modo que as formas individual e competitiva permitem maior controle
da turma.
No último item do questionário, foi perguntado se o jogo está bom como está ou
se deveriam ser feitas alterações. A grande maioria (95,3%) disse não ser necessário
realizar alterações, expressando-se com opiniões que incluem:
- “O jogo é super maneiro” (Sociedade Educacional Crismogali).
- “Foi muito bom por que todo mundo se distraiu” (Escola Estadual Alberto
Brandão).
- “Foi muito legal por que eu nunca tinha jogado antes” (Escola Estadual Ismélia
Saad).
E a outra parte dos alunos (4,7%) sugeriu as seguintes alterações:
- “Devem ser feitas perguntas mais difíceis” (Escola Estadual Alberto Brandão).
- “Não ter pontuação, ganha quem chegar primeiro” (Colégio Nossa Senhora da
Penha).
- “Quando a pessoa errar, deve continuar no caminho vermelho” (Escola
Estadual Ismélia Saad).
- “Mudar o número de ‘casas’ de dez para cinco” (Escola Estadual Ismélia
Saad).

Tabela 05. Se o jogo está bom assim, ou se devem ser feitas alterações.

f %
A professora deve fazer alguma alteração no jogo 4 4,7
O jogo está bom assim mesmo 82 95,3
Total: 86 100

As sugestões dos educandos foram levadas em conta, e futuramente serão


melhor analisadas, servindo como um instrumento que auxilie na produção do modelo
definitivo do jogo.
75

9.8. RESULTADOS DA OTIMIZAÇÃO DO MATERIAL DIDÁTICO-


PEDAGÓGICO.

A princípio a estória era resumida, ou seja, o educador fazia uma pequena


introdução e posteriormente distribuía a estória destinada aos educandos. Já que o
objetivo inicial da pesquisa era apenas o de reparar aceitação pelo público-alvo da
junção ente estória/jogo, já que frente a uma brincadeira a leitura de um texto pode
parecer muito mais desinteressante... Não fazia diferença quantos parágrafos teria a
mesma.
Percebida a aceitação por parte dos educandos a estória ganhou novos
elementos, dentre eles culturais, regionais, sociais, econômicos, comportamentais, etc.
Com uma introdução maior lida pelo educador, percebeu-se maior participação
entre educandos e o educador, percebido pois muitos demonstraram claramente que
estavam divertindo-se, entre risadas, perguntas e comentários.
A nova estória introdutória (ANEXO - 03) demonstra claramente um
personagem principal que mora em uma cidade rural, que gosta de inventar coisas, e que
não se importa com o que os outros pensam dele. Esses e outros fatores podem
contribuir para um melhor diálogo entre os educandos e o educador no momento pré-
jogo enriquecendo-o e até mesmo tornando o momento rico em questionamentos e
aprendizagem que pode ir da instituição para o ambiente familiar contribuindo para a
Promoção da Saúde.
O jogo manteve a sua conformação original, porém diferente do protótipo que
foi completamente manufaturado, o segundo passou por diferentes fases até que se
atingisse o objetivo principal: produzir um painel do jogo digitalizado, podendo a partir
daí reproduzi-lo na medida da necessidade, sem tanto trabalho manual. Portanto irão ser
descritas as etapas pelas quais o mesmo passou desde o seu início.
Uma necessidade durante a aplicação do jogo foi a de produzir crachás para
evitar a escolha de membros dos grupos por eles mesmos, evitando-se as famosas
‘panelinhas’ e também exclusões, de modo que os crachás indicavam por meio de
imagens dos personagens do painel e numeração (1, 2, 3), quem estaria em qual grupo.
76

PRIMEIRA ETAPA

Todos os desenhos do painel original foram refeitos, sem que tivessem para
isso nenhuma referência em livros ou outras ilustrações. Todas as imagens foram
desenvolvidas propriamente para o jogo.

As fases de produção foram as seguintes:

9 A. Desenho à mão dos personagens e paisagem – utilização de lápis, borracha e


nanquim, e posteriormente digitalizada (Fig. 08 e 09).

Figura 08. Desenho feito à mão Figura 09. Já digitalizada

(Tonzinho)

9 B. Digitalização das imagens – utilização de ‘scanner’


9 C. Pintura digital de todas as imagens por meio do programa ‘Paint’
(‘Windows’)
Figura 10. Tiquinho Figura 11. Belinha Figura 12. Digão
77

D. Utilização do programa de computador ‘Power Point’ para a montagem do


painel;
Figura 13. Painel do jogo digitalizado

E. Painel já impresso em formato de ‘Banner’

Figura 14. ‘Banner’ do jogo

Exemplo do ‘PIOLHÃO’
aderido ao velcro do painel.
78

9.9. RESULTADOS DA DINAMIZAÇÃO DA SEQUÊNCIA DIDÁTICO-


PEDAGÓGICA, JÁ OTIMIZADA, PELOS EDUCADORES DO 2O AO 5O ANOS.

Antes de falar-se aqui dos resultados, é necessário ter em mente que muito
embora este não tenha consistido em um programa educativo duradouro, ainda assim,
fez parte de um programa que, além de visar à informação de educandos para a
Promoção da Saúde nas escolas, objetivando a melhoria de vida com relação a
pediculose e ao comportamento frente a tal doença, a fim de não torna-la pior do que já
se apresenta; propôs-se também, a concomitantemente tal ato a formação
continuada/atualização de professores no que diz respeito ao piolho e a pediculose.
E confirmando-se o que já era esperado obteve-ser resultados positivos, ou
seja:
Todos os educadores do segundo ao quinto ano do ensino fundamental
participaram ativamente, leram o material didático disponibilizado e aplicaram
a Sequência Didático Pedagógica em suas respectivas salas de
aula,comprovando, que se por vezes não o fazem provavelmente seja por falta
de materiais e metodologias que inovem o fazer educativo.
Infelizmente, a formação continuada de professores, muito embora seja um ato
necessário, não ocorre tão frequentemente quanto deveria.
Segundo o artigo de nº. 80 da Lei de Diretrizes e Bases (LDB) nº. 9.394/96 a
Formação Continuada é garantida para os educadores basicamente como uma
necessidade:

(...) A formação continuada é necessidade intrínseca para os


profissionais da educação escolar e faz parte de um processo
permanente de desenvolvimento profissional que deve ser assegurado
a todos. A formação continuada deve proporcionar atualizações,
aprofundamento das temáticas educacionais e apoiar-se numa
reflexão sobre a prática educativa, promovendo um processo
constante de auto-avaliação que oriente a construção contínua de
competências profissionais. (...) intercâmbios, cursos, palestras,
seminários, são importantes meios de atualização, de troca e de
ampliação do universo cultural e profissional das equipes. Entretanto,
não devem perder de vista a ligação com as questões e demandas dos
professores sobre seu trabalho (Lei de Diretrizes e Bases, 2002)
79

9.10. RESULTADOS RELATIVOS À AVALIAÇÃO DOS EDUCADORES.

A estória - abordagem
Cada uma das educadoras escolheu uma forma peculiar de ler a introdução da estória,
tendo sido a educadoras as mesma divididas aqui em classes: A, B, C, D:

CLASSES

A. Leu sozinha para a turma, as duas partes da estória– 2o do ensino fundamental


B. Leu a introdução sozinha dando ar teatral a mesma e posteriormente, na hora da
leitura pelos educandos escolheu um a um para que lessem cada parágrafo. – 3o do
ensino fundamental.
C. Leu toda as duas estórias sozinha – 4o ano do ensino fundamental.
D. Leu a introdução sozinha e pediu que todos lessem juntos a segunda parte da estória
– 4o ano.

O jogo

Todas as educadoras seguiram o roteiro para a excussão do jogo, a fim de não se


confundirem durante o mesmo (ANEXO - 04).
Todas foram capazes de seguir o sistema de rodadas pré-definido e não houve
erro em momento algum. (ANEXO - 05)
Em algumas turmas os próprios educandos marcavam a pontuação no quadro ou
moviam os piolhos no painel de acordo com o que as educadoras determinavam, isso
servia para motivá-los, sempre a aguardarem pela sua vez em fazê-lo.
Cada educadora arrumou as suas salas de aula de acordo com o já conhecido
comportamento de suas turmas.
80

Pesquisa informal de fechamento de opiniões sobre o processo com as educadoras

Segundo cada uma das participantes, em pergunta informal ao início da semana


posterior ao da aplicação da dinâmica e em reunião:

9 cada uma delas leu a estória de uma maneira diferente pois isso dependia
também de como elas imaginavam que os educandos reagiriam com relação ao
comportamento.

9 Todas acharam à atividade positiva e disseram ter aprendido muito, não apenas
sobre o piolho e a pediculose, mas também sobre inovações possíveis em termos de
ensino.

9 Houve apenas reclamação sobre o tempo disponível para a realização desse tipo
de atividade, já que a própria instituição de ensino já possui um calendário muito
‘apertado’ devido a ocorrência de diversos eventos, de igual ou maior importância,
ao longo do ano letivo inviabilizando o tempo necessário para a formação
continuada.

Essa constituiu-se em uma reunião com entrevista não estruturada, tendo sido
conduzida de acordo com o que as educadoras comentavam, já que o objetivo principal
era o de saber se em um curto período de tempo e se com instruções básicas as mesmas
conseguiriam dinamizar a Sequência Didático Pedagógica sem o auxílio da autora, o
que observou-se positivamente, já que todas conseguiram.
81

10. CONCLUSÕES.

: A criação do material educativo abordando a interdisciplinaridade entre


educação, saúde e meio ambiente provou ser uma ferramenta fundamental quando
aplicada dentro da metodologia aqui apresentada.

: Tanto o jogo quanto a estória foram produzidos constituindo uma


sequência Didático-Pedagógica sobre a pediculose acessível tanto a educadores, quanto
aos educandos;

: A Sequência Didático-Pedagógica produzida foi aplicada nas cinco


instituições de ensino do Fonseca, provando ser exeqüível, e bem aceita pelos
educandos; contribuíndo para o processo de aprendizagem.

: As modificações realizadas não interferiram na aplicação das atividades.

: Todos os educadores que dinamizaram a sequência Didático-Pegógica


‘Missão Possível’ em suas turmas foram bem sucedidos, compreendendo bem as regras
e conseguindo dinamizar a atividade até o final.

: Foi possível promover a formação continuada dos educadores


envolvidos, já que todos conseguiram compreender o projeto e dinamizar a Seqüência
Didático Pedagógica em suas turmas, afirmando ainda terem aprendido mais sobre o
tema exposto, o que é mais importante.
82

11. CONSIDERAÇÕES FINAIS E RECOMENDAÇÕES.

Pode-se considerar o material Didático-Pedagógico produzido, como de fácil


manuseio e aplicação como ferramenta de ensino, com boa aceitação pelo público em
estudo, revelando-se também produtivo no processo ensino/aprendizagem em ambas as
suas fases de produção. Entende-se, assim, que cumpre com seus objetivos, não apenas
no que diz respeito à realização de atividades que privilegiem a educação ambiental e a
promoção da saúde nas escolas, mas, que também considere a história de vida dos
envolvidos e a união entre o conhecimento pessoal e o conhecimento científico, gerando
significado, e possibilitando o ‘Alfabetismo científico’.
Porém, apesar das características e qualidades destacadas acima, cabe ressaltar,
que tanto a história quanto o jogo, quando utilizados isoladamente, podem não levar a
resultados efetivos, a saber: a redução significativa dos casos de pediculose em uma
determinada instituição de ensino. Pois, para tal, mais do que apenas levar a informação
em caráter lúdico, é necessário que haja a união de outras estratégias e ferramentas de
ensino, que se supõem, sejam capazes de gerar a mudança de comportamento diante
deste problema, já que o mesmo não trata-se de um caso isolado e de baixa ocorrência
mas sim ao contrário, envolvendo fatores educacionais; regionais; culturais;
econômicos; sociais; ambientais etc...
E ainda, que quando movimentos como o mesmo sejam realizados, tenha-se a
certeza de que realmente ultrapassou os muros da escola, atingindo não apenas os
educandos e educadores, mas também familiares, podendo estender-se também para a
comunidade.
A escola possui papel fundamental para instrumentalizar os indivíduos sobre os
conhecimentos científicos básicos, sendo necessária a ação conjunta de diferentes atores
sociais e instituições no sentido de promover a alfabetização científica na sociedade
(KRASILCHIH & MARANDINO, 2005).
Considera-se, finalmente, que a aplicação da Seqüência Didático-Pedagógica
deve ser conduzida em conjunto com um projeto escolar cuja metodologia contemple
suas lacunas, e no qual seja possível comprovar-se também a diminuição dos índices de
pediculose nas instituições de ensino, e ainda , se possível, envolvendo maior
quantidade de atores sociais da comunidade, e até mesmo de outras instituições
próximas ao bairro em questão, ou da mesma cidade.
83

12. LITERATURA CITADA.

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87

13. ANEXOS
13. ANEXOS
13.1. ANEXO 01 – 2ª parte da estória 88

Série:
Sociedade Educacional Crismogali
Rua São Januário, 318 – Fonseca, Niterói/RJ.
Tels.: 2627-4487/2625-2112
Projeto:

Nome: No.
a
Temas transversais: Prof .: Data: / /2008. Período:
saúde e ambiente
#Crismogali – a minha escola!#

PGCA UFF – Universidade Federal Fluminense


Pós-Graduação em Ciência Ambiental Pós graduação em Ciência Ambiental

Inácio em: coça-coça!

1. Na sala-de-aula Inácio fez de tudo para disfarçar... E até mesmo o lápis usava para se coçar!

2. Pondo as mãos na cabeça ele pensou:

3. - E agora? O que faço com essa coceira que não quer mais parar? Já cocei e esfreguei... ‘Tô’ começando a me irritar!
4. Deu a hora do recreio, e todos estavam ‘a brincar’, e o Inácio animado brincava sem parar! E logo do que
mais gostava: brincava de ‘pique ‘tá’!
5. Mas vez ou outra, distraído, parava para se coçar - e nem mesmo imaginou que essa coceira para alguém
poderia passar!
6. Ao chegar em casa, preocupado e se coçando, a dona Anita (sua mãe) já foi logo perguntando:
7. - ô mãe! Olha aqui minha cabeça, tem uma coisa me irritando! Coça, coça e pinica, não estou mais me
agüentando!

8. Dona Anita imaginando, o olhava já sabendo:

9. - Inácio está é com piolhos! E tem que se tratar ‘correndo’!!!

10. Dona Anita já cansada, de tanto piolho catar, lavou a cabeça de Inácio para então recomendar:

11. - meu filho, eu fiz o que é certo, mas o piolho é bicho esperto, e pode ‘continuar’... Quando estiver com seus amigos
não brinque muito de perto, pois de cabeça para cabeça os bichinhos irão passar...

12. E continuando as recomendações, Dona Anita ainda disse:

13. - filho querido, a partir de amanhã a sua MISSÃO é não passar piolho para mais ninguém! Pois senão, os outros
irão passar por tudo isso também!

14. Dona Anita dá então um beijão e um forte abraço em seu filho, e promete:

15. - daqui para frente todos os dias eu olharei a sua cabeça, e os piolhos nunca mais irão voltar... Quem ama se cuida, e
também ensina ‘a se cuidar.

AGORA, VAMOS AO JOGO?


1 – O que você achou do jogo? 9 – Antes de jogar, você sabia alguma coisa sobre piolho?

Divertido ( ) Mais ou menos ( ) Chato ( ) Bastante coisa ( ) Pouca coisa ( ) Nada ( )

2 – Você gostou de jogar? Sim ( ) Não( ) Depende ( ) 10 – Você já teve piolho?

Se você marcou depende, diga o motivo: __________________ Sim ( ) Não( ) Não me lembro ( )

________________________________________________ 11 – Diga três coisas sobre o piolho que você aprendeu no

3 – Você jogaria este jogo novamente? Sim ( ) Não( ) jogo:

4 – O que você acha de aula com jogos? A -_____________________________________________

Legal ( ) Chata ( ) Tanto faz ( ) B - _____________________________________________

5 – Você acha que nas aulas que têm jogos também pode C - _____________________________________________

aprender? 12 – Depois de jogar esse jogo você já sabe como fazer para

Sim ( ) Não ( ) Depende ( ) não pegar piolho?

Se você marcou depende, diga o motivo: __________________ Sim ( ) Não ( ) Não me lembro ( )

________________________________________________ Diga uma coisa: ____________________________________


13.2. ANEXO-02 - Pré-teste do questionário

6 – Você já teve alguma aula com jogo antes? ________________________________________________

Sim ( ) Não( ) Não me lembro( ) 13 – Você acha que:

7 – Você gostou das figuras? Sim ( ) Não( ) ( ) a professora deve fazer alguma mudança no jogo

8 – Diga uma coisa que você achou legal no jogo, e por quê: ( ) o jogo está bom assim mesmo.

________________________________________________ Se você acha que a professora deva mudar alguma coisa no

________________________________________________ jogo, diga o quê: __________________________________


13.3. ANEXO-03 - A nova estória introdutória Projeto:

PGCA UFF – Universidade Federal Fluminense


Pós-Graduação em Ciência Ambiental Pós graduação em Ciência Ambiental

Etapas da seqüência

1o MOMENTO - A historia dos personagens: O professor irá ler um texto


introdutório, objetivando apresentar aos alunos os personagens da história,
onde esta ocorre e o problema que será trabalhado (pediculose), melhor
situando-os e preparando-os para os dois momentos seguintes: a história em si,
e o jogo.

INTRODUÇÃO

O personagem principal da história que será contada tem o apelido de


‘Tiquinho’, um menino muito feliz e engraçado. Bem, digo engraçado, pois ele
sempre dá um jeitinho de fazer a gente rir, até mesmo com as coisas mais
curiosas estranhas, como:

- o seu plano de ensinar a ‘Gigi’ (vaca de estimação) a falar: todos os dias


ele conversa com ela, e ainda jura que a vaquinha entende tudo o que diz, e
que, inclusive responde aos mugidos!

- Os ‘rolinhos’ de cabelo da sua mãe: que ele transformou em uma


‘armadura’ para proteger o rabo do seu gato contra a mordida do cachorro do
vizinho - que foi até engraçado, mas acho que o gatinho não gostou muito
não...

- O Tiquinho é tão feliz, que faz graça até mesmo os sapatos que usa para
ir para a escola, e que aliás, eram de seu primo bem mais velho...Sendo então
bem maiores do que os seus pés. Mas, fazer o quê? Todos os dias lá vai ele,
caminhando e olhando a paisagem distraído, e às vezes brincando, fingindo que
é um palhaço... Andando como tal, com os sapatos enormes...
Desde que nasceu Tiquinho mora na mesma casa, que fica no bairro da
Esperança, lá na cidade de Itapopó do Norte. Ele tem 10 anos de idade, e está
no quinto ano do ensino fundamental, na única escola de sua cidade: a Escola
Municipal Nossa Senhora de Itapopó do Norte.

A propósito: - alguém aqui já ouviu falar em Itapopó do Norte?


(pergunta a professora) e os alunos respondem: Não!

- Não? Mas não é possível! Lá é um lugar maravilhoso! Pergunta só para


o Tiquinhoo que ele vai te dizer assim:

- Itapopó do Norte? Ah, aqui é bom demais! Tem tudo que a gente
precisa para viver bem... Tem uma padaria; uma escola; uma pracinha cheia de
flores, bancos e balanços; tem a lojinha de presentes da dona Efigênia; um
monte de crianças pra brincar... Tem o pipoqueiro que fica na praça todo dia; o
mercadinho do seu João, que vende biscoito de polvilho fresquinho; tem a
igrejinha; tem também a escola que eu estudo... Ih, aqui tem é só coisa legal ‘sô’.

Lá na escola, além de estudar e ler muito, Tiquinho também come uma


merenda muito gostosa que Dona ‘Nequinha’, a merendeira, prepara.

Outra coisa que ele também adora fazer é brincar nos horários de
intervalo, e principalmente com os seus três melhores amigos: Bela, Tonzinho
e Digão.

Como se pode perceber, o dia-a-dia de nosso amigo é muito tranqüilo,


como o de muitas crianças de sua idade, sem muitos problemas ou
preocupações. Porém a vida é assim, nunca se sabe o que esperar.... É cheia de
surpresas.

E por falar em surpresas:

- Em uma bela manhã de sexta-feira... Num desses dias de que tem um


ventinho gostoso, céu azul e ‘passarinhos cantadores’... Tiquinho recebeu uma
visita que ele gostaria de apagar da sua memória para sempre!
13.4. – ANEXO 04 - Sistema de rodadas pré-definido

13.5. ANEXO 05 - Roteiro para a execução do jogo

AUTORA: HELENSANDRA LOUREDO DA COSTA Projeto:


Projeto de mestrado 2007/2009.
A SER REALIZADO NA SOCIEDADE EDUCACIONAL CRISMOGALI - SEC
Roteiro integrante da seqüência didático-pedagógica ‘Missão Possível’ nas escolas: no
combate à pediculose.
ROTEIRO DA SEQÜÊNCIA PEDAGÓGICA – PARA O PROFESSOR
Aplicação da seqüência – Notas ao professor:
1) - Preferivelmente os alunos não deverão saber
qual o assunto e as ferramentas que serão tratados na aula
em questão, supondo-se que desta forma haja maior
curiosidade e conseqüentemente maior interesse por parte
dos mesmos, contribuindo para que a aplicação da
seqüência pedagógica seja conduzida de forma natural,
sem induções e gradativamente, desde a percepção do
problema, por eles mesmos, até a sua solução.
2) - O painel do jogo apenas deverá ser apresentado
aos alunos após a leitura dos dois textos. A colocação do
painel durante o processo de introdução ao tema poderá
chamar a atenção para perguntas não direcionadas ao
momento que estará sendo trabalhado, atrapalhando parte
do processo de desenvolvimento do tema.
3) - Uma outra questão, diz respeito ao
conhecimento prévio dos alunos quanto à pediculose.
Tanto a seqüência quanto o jogo poderão servir como
instrumentos de caráter informativo, cabendo ao educador
o papel de mediador a fim de levar os participantes à
obtenção do conhecimento necessário sobre o problema
em questão (pediculose). Para isso, pode-se lançar mão de
tantas estratégias quanto possível, seja: por meio das
hipóteses que serão levantadas (em resposta aos
questionamentos realizados pelo professor) no decorrer da
leitura dos dois textos introdutórios, durante a aplicação
do jogo, ou por meio das dúvidas e respostas dos alunos.
O conhecimento, das dúvidas dos educandos pode
facilitar em muito a elaboração de um plano de ação para
o controle da pediculose em sala de aula e até mesmo na
escola, favorecendo a reprodução de outros recursos e
ferramentas de ensino.

Início da estória!
O(a) professor(a) diz para todos: agora, prestem muita atenção, que a nossa
estorinha irá começar ‘para valer’:
2O MOMENTO
- enquanto brincava na escola, Tiquinho percebeu que alguma coisa
muito estranha e diferente estava acontecendo... E esta coisa estava acontecendo
justamente na sua cabeça!
a. Neste momento o(a) professor(a) para, e pergunta aos alunos:
- pessoal o que será que estava acontecendo na cabeça do Tiquinho?
b. Novamente o(a) professor(a) para, só que para ouvir as hipóteses dos
alunos:
..................................................................hipóteses...........................................................
.....
c. Após ouvir as hipóteses, o professor ‘improvisa’ junto aos alunos ‘mediando’
durante a exposição das suas idéias, porém sem dar a resposta ‘ correta’.
Sugestões:
- era alguma coisa diferente, que ele nunca sentiu antes...
- Será algum tipo de ‘bicho’?
- Será que ele está doente?
- Pode ser poeira...

Após ouvir as respostas que finalizarão o segundo momento, o professor dará início
ao terceiro momento, ENTREGANDO AOS ALUNOS UMA FOLHA COM A
CONTINUAÇÃO DA HISTÓRIA.

3O MOMENTO
OBS: é opção do professor, ler a continuação da história, ou pedir que os alunos
a leiam, tanto individualmente quanto na ‘modalidade’ de ‘leitura coletiva’.
b. Continuação da história: O próximo texto será contado em versos, e irá
relatar desde o momento em que o Inácio descobriu que estava com piolho até o
seu tratamento pela sua mãe, que o irá incumbir à missão de não transmitir
piolho aos seus amigos da escola.

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