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Oficina Seminário

Dividir a sala em grupos e entregar o questionário a seguir:

Parte 1 -A irracionalidade do número √2 pode ser verificada algebricamente


através de uma demonstração por redução a absurdo, como segue:
Supondo que √2 seja racional, por definição ele poderá ser escrito como uma
fração de inteiros:
𝑚
√2 = 𝑛

Elevando ambos os lados ao quadrado obtemos a seguinte expressão, onde a


contradição aparece:
𝑚2
2= ⇔ 2𝑛2 = 𝑚2
𝑛2

Note que ao decompor 𝑚2 em fatores primos, haverá uma quantidade par de


fatores iguais a 2. Já ao decompor 2𝑛2 em fatores primos haverá uma quantidade
ímpar de fatores iguais a 2. Como os dois lados da igualdade designam o mesmo
número, a decomposição deveria ser única pelo “Teorema Fundamental da
Álgebra” (a quantidade de fatores iguais a 2 deveria ser a mesma em ambos os
lados da igualdade). Temos então uma contradição - proveniente da suposição
de √2 poder ser escrito como uma fração, logo raiz de dois não pode ser escrito
como uma fração e, portanto, não é racional, ou seja, √2 é irracional.
1ª pergunta: Você acredita que a demonstração dada acima seria adequada para
um aluno da educação básica? Se não, qual problema você enxerga nesse tipo
de abordagem?
2ª pergunta: Pensando agora na família de números da forma 𝑛√2 (em que n é
um inteiro qualquer maior que 2), é possível encontrar uma maneira concreta
de demonstrar sua irracionalidade? Se sim, de que forma tal demonstração será
benéfica (ou maléfica) para o entendimento do aluno acerca dos irracionais?
Parte 2- Existem dois tipos de números irracionais: os algébricos (será algébrico
quando for solução de um polinômio de coeficientes inteiros; por exemplo, é
fácil perceber que 3√2 é algébrico pois satisfaz a equação 𝑥3 − 2 = 0 ) e os
transcendentes (será transcendente quando não for solução de nenhum
polinômio de coeficientes inteiros).
3ª pergunta: O raciocínio usado para demonstrar a irracionalidade de √2 poderia
ser estendido para outros irracionais como log10 2 ou, generalizando, log 𝑎 2
(em que 𝑎 é um inteiro maior que 0, diferente de 1 e não é potência de base 2)?
Se possível, é razoável pensar que seria uma boa maneira de apresentar outros
irracionais aos alunos além dos que surgem de radicais e são não-algébricos e,
portanto, transcendentes?

𝑛
4ª pergunta: Ao usar calculadora sucessivamente para realizar o cálculo (1 + 𝑛1 )
em que n cresce na ordem 10𝑎 (𝑎 =0,1,2...), percebe-se que à medida que n
aumenta, o resultado mantém cada vez maior constância. Essa é uma boa
maneira de apresentar o número 𝑒 (constante de Euler) a um estudante do ciclo
básico?
As questões acima têm o objetivo de levantar alguns questionamentos como:
• Até que ponto é possível aproximar o formalismo matemático das
demonstrações utilizado a nível de graduação para romper com o seu
distanciamento em relação à educação básica acerca dos irracionais.
(questionamento central referente a todas as 4 questões)
• É válido partir do pressuposto de que são verdadeiros o teorema
fundamental da álgebra ou o último teorema de Fermat (usado para
demonstrar a irracionalidade de 𝑛√2), visto que também mostrá-los seria
inviável. (questionamento referente às perguntas 1 e 2)
• Demonstrar a irracionalidade dos números de maneira mais generalizada,
como em 𝑛√2 e demonstrar a irracionalidade de log 𝑎 2 é uma boa
estratégia para mostrar aos alunos a infinidade dos irracionais algébricos
e também dos transcendentes, rompendo assim com a falsa impressão de
que existem poucos números pertencentes ao conjunto dos irracionais.
(questionamento referente às perguntas 2 e 3)
• Trabalhar com irracionais transcendentais é necessário, visto que são
números importantes, porém é difícil traçar alguma estratégia que não
confunda os alunos da educação básica, uma solução talvez seja
apresentar alguns deles de maneira informal, porém tendo o devido
cuidado de alertar o aluno da dificuldade em se demonstrar a sua
irracionalidade para aquele nível específico de ensino. ( questionamento
referente à questão 4)

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