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INTRODUÇÃO
Este trabalho apresenta uma compilação dos resultados obtidos em dois projetos
de PIBIC desenvolvidos ao longo de dois anos na Universidade Federal da Paraíba. O
primeiro, denominado A implantação da Escola Cidadã na Paraíba e o papel do(a)
professor(a) de Geografia: compreender a escola real para formar professore(a)s (2019
– 20) e o segundo, A implementação da Escola Cidadã de Ensino Médio na Paraíba: a
relação entre professore(a)s e aluno(a)s e a interface com a disciplina escolar Geografia
(2020 – 21).
Os projetos visaram compreender, no contexto das reformas educacionais
neoliberais implementadas no Brasil ao longo dos últimos anos, as transformações
provenientes da instalação de escolas de ensino médio de tempo integral no estado da
Paraíba, denominadas Escola Cidadã Integral - ECI e Escola Cidadã Integral Técnica –
ECIT, e suas implicações para o trabalho do(a)s educadore(a)s da disciplina Geografia,
bem como o papel reservado a este(a)s nesse processo, além também de abordar a relação
entre o(a)s professore(a)s de Geografia e seus/suas aluno(a)s nessas instituições,
OBJETIVOS
• PIBIC (2019 - 2020)
Compreender como estava ocorrendo a implementação das Escolas Cidadãs Integrais,
qual o papel que o(a) professor(a) de Geografia vinha desempenhando nessas instituições;
comparar o Currículo adotado com o que se efetiva nas escolas; comparar as atividades
do(a)s professore(a)s de Geografia nas diversas escolas.
• PIBIC (2020-2021)
Estudar os fundamentos teóricos que embasam o projeto de criação das Escolas Cidadãs,
visando compreender o papel estabelecido nelas para a relação entre professore(a)s e
aluno(a)s; identificar as ações que estimulam as relações entre professore(a)s e aluno(a)s
nas escolas cidadãs a partir do acompanhamento das praticas escolares.
METODOLOGIA
No primeiro ano de pesquisa, nosso aporte teórico era composto por autores
cujos enfoques giram em torno de temáticas como a escola de tempo integral, o ambiente
escolar e a criação, pelas mãos das grandes corporações, de conexões cada vez mais
expressivas e influentes entre a educação e trabalho flexível, destacamos neste sentido a
leitura de Bittencourt (2005), Kuenzer (2017) e Rego (2017).
As orientações primárias acerca da instalação das ECI e das ECIT se deu pela
análise dos documentos e legislações que delineiam o projeto de escola integral
implementado no nosso estado, como a Reforma do Ensino Médio - REM (BRASIL,
2017), o decreto 36.408 (PARAÍBA, 2015) que cria as escolas cidadãs na Paraíba, a
Medida Provisória 267 (PARAÍBA, 2018) que modifica alguns pontos do decreto de 2015
e a Base Nacional Comum Curricular - BNCC (BRASIL, 2017).
Para a fase dessa pesquisa de campo, elaboramos um roteiro de entrevista para ser
feita com o(a)s professore(a)s de Geografia e um roteiro de catalogação de dados que
estava estruturado em tópicos cujos objetivos eram conhecer, sob diversos enfoques, o
trabalho e formação do(a)s professore(a)s, bem como as escolas, sua infraestrutura,
funcionamento e gerenciamento. Para tanto, coletamos os documentos destinados a reger
a base diversificada e a disciplina de Geografia, observamos a rotina escolar focando nos
problemas e melhorias existentes nesses ambientes e obtivemos informações gerais
acerca da infraestrutura. Diante da coleta e sistematização dos dados fizemos as análises
dos resultados.
Por fim, utilizamos as informações descritas no relatório fruto dos estudos das
fontes primárias supracitadas para construção de entrevistas destinadas aos Professore(a)s
e questionários destinados aos aluno(a)s, as entrevistas com o(a)s professore(a)s
RESULTADOS
Pudemos identificar uma das poucas proposições sobre o tema em tela, na lei
11,100 como Artigo 6° parágrafo II, que define que o desenvolvimento integral envolve
as dimensões sociais, emocionais, cognitivas e culturais do(a)s estudantes. Portanto, para
a execução plena de uma educação integral, fica normatizado através dessa legislação,
que a socialização do(a)s educando(a)s, o vínculo emocional que se é criado pelo convívio
entre professore(a)s e aluno(a)s, a construção dos saberes escolares e a valorização dos
saberes culturais do(a)s discentes, são pilares da Escola Cidadã Integral. Contudo, no
decorrer dos estudos percebemos que na realidade esse estímulo a afetividade destina-se
a tornar o(a) professor(a) uma espécie de “psicólogo(a)” (sem formação) dos(a) seus
aluno(a)s, demonstrando uma apropriação de conceitos pedagógicos humanísticos,
inadequadamente transformados para caberem nas proposições neoliberais de educação.
Fazem assim, da Escola Cidadã um ambiente assistencialista focado no
multissetorialismo, tendo como centralidade as funções de acolhimento e formação
técnica para o trabalho, retirando da escola a sua função de difusora de conhecimentos.
Considerando estes dados observamos que os professores passam mais tempo com
seus alunos, o que possibilita uma relação mais próxima entre estes sujeitos nessas
escolas. Isto nos leva à questão central da pesquisa: essa aproximação pode despertar
no(a)s aluno(a)s maior interesse pela disciplina Geografia? Esta questão será discutida ao
longo deste texto.
Uma outra pergunta questionava o(a)s docentes acerca das disciplinas da base
diversifica e sua importância para a formação do(a)s jovens, além de outras temáticas. As
respostas positivas foram unânimes, na concepção dele(a)s as disciplinas da Base
Diversificada contribuem para a formação do(a)s seus aluno(a)s. Ao serem
questionado(a)s sobre a relação entre as Tutorias e a conscientização do(a)s discentes
sobre as suas condições da vida escolar e pessoal, alguns descrevem seu trabalho:
Uma questão que podia nos ajudar a compreender as interações entre aluno(a)s e
professore(a)s e suas contribuições para um olhar mais positivo para a Geografia, diz
respeito a consciência do(a)s discentes sobre o tipo de escola onde estudam. Para
compreender suas posições, propusemos uma comparação entre a escola de tempo
integral e a escola regular, tendo em vista que 88% dele(a)s já estudaram em escolas
regulares e 12% somente em escolas de tempo integral. Na comparação 38%
evidenciaram que a principal diferença é o tempo mais prolongado nas escolas, que
possibilita o(a)s professore(a)s conhecerem melhor o(a)s aluno(a)s e isto facilita o ensino
e a aprendizagem, 29% responderam que a diferença é apenas o tempo a mais na escola,
17% por ter mais atividades esportivas e culturais, 12% o ensino ser melhor por passar
mais tempo na escola e 4% que a alimentação é melhor.
Seguimos indagando a(o)s aluno(a)s sobre o mesmo questionamento feito a(o)s
seus professore(a)s, acerca das possibilidades de interação nas disciplinas diversificadas.
Cerca de 95% deles entenderam que elas possibilitam o(a)s professore(a)s lhes
conhecerem melhor e apenas 5% responderam que não possibilita. Assim, confirmando a
Como pode ser observado a maioria do(a)s aluno(a)s tem uma interação melhor
com o(a) professor(a) de Geografia nas aulas de Geografia e nas eletivas dadas por ele(a)s.
Então, nós questionamentos aos aluno(a)s se pelo fato do(a) Professor(a) conhece-lo(a)s
melhor podia influenciar o ensino e os seus estudos positivamente, 213 aluno(a)s
responderam que influencia e 20 responderam que não influencia.
Ao final desses dois anos de investigação nas Escolas Cidadãs, onde buscamos
conhecer e fazer conhecidos aspectos do funcionamento dessas escolas e do trabalho
do(a)s professore(a)s de Geografia nelas, de modo a contribuir com a formação do(a)s
graduando de Geografia que lecionarão nessas instituições a partir do entendimento de
como tais proposições podem impactar positiva e/ou negativamente na vida docente e
discente.
Com o que observamos podemos destacar que existem diversas impossibilidades
referentes ao que está previsto em lei e ao que de fato é desenvolvido nesses ambientes.
Falta uma infraestrutura que realmente possa comportar a estadia integral do corpo
docente e discente de modo adequado e ficou evidente que a educação prescrita e
executada nessa escola contemporânea está carregada de intenções ideológicas que
atendem aos interesses do setor privado, expressando assim suas concepções e objetivos
que tornam este um modelo que não pode ser considerada de escola integral, apenas de
tempo Integral como debate Kuenzer (2017).
Por meio do acompanhamento e diálogo com o(a)s professore(a)s, percebemos
que estes introjetaram um discurso sobre a escola de tempo integral já destacado no texto
de Cavaliere (2007), sobre a visão assistencialista que esta instituição assume, assim
entendem a Escola Cidadã como uma instituição que substitui a família e, onde o mais
relevante não é a difusão e construção do conhecimento, mas sim, a ocupação do tempo
e a socialização primária. Observamos mesmo um deslumbramento dos professores em
relação ao projeto e ausência de uma análise crítica sobre o seu papel nessas instituições.
No trato da relação entre professore(a)s e aluno(a)s constatamos poucas
orientações acerca de normatizações que pudessem sobre o tema. No que diz respeito a
influência dessa interação mais próxima, que havíamos observado empiricamente no
primeiro projeto, entre professore(a)s e aluno(a)s, constatamos que esta não interfere no
interesse dos segundos para com a disciplina Geografia e tão pouco no processo de
ensino/aprendizagem dos professore(a)s e aluno(a)s. O que os dados demonstraram é que
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS