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º ano (Para)Textos
Esforça-te por:
– Elaborar um discurso claro e organizado;
– utilizar uma linguagem correta e cuidada. Bom trabalho!
Grupo I
Lê o texto. Se necessário, consulta o vocabulário.
Os cães percebem mesmo aquilo que lhes dizemos
30 DE AGOSTO DE 2016
Estudo realizado com uma máquina de ressonância magnética 1 comprova que os cães
processam vocabulário de forma semelhante aos humanos
VOCABULÁRIO
1. ressonância magnética: técnica de diagnóstico por imagens, isenta de radiações.
2. hemisfério: cada uma das metades do cérebro.
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Prova escrita de Português, 8.º ano (Para)Textos
A. O processamento do vocabulário é feito pela mesma área cerebral quer pelos humanos,
quer pelos cães.
B. Cada uma das metades do cérebro dos cães é responsável pela distinção de diferentes
palavras e de diferentes entoações.
C. Os testes realizados mostram que os cães reagem de forma diferente a palavras
distintas.
D. A perceção da mensagem humana por parte dos cães não depende exclusivamente da
entoação.
E. A aprendizagem de vocabulário é uma capacidade que não está limitada ao ser humano.
2. Para responderes a cada item (2.1. a 2.4.), seleciona a opção que permite obter uma
afirmação adequada ao sentido do texto.
Escreve o número do item e a letra que identifica a opção escolhida.
2.2. A palavra que permite substituir “processar”, sem alterar o sentido da expressão “usam a
mesma região do cérebro para processar vocabulário” (linhas 8-9), é
A. transformar.
B. assimilar.
C. acontecer.
D. verificar.
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3. Indica a que se refere o pronome “o” em “o fizeram de uma forma muito semelhante aos
humanos” (linhas 16-17).
Grupo II
21 de maio
Não sei se os cães têm só instinto, se é lícito 1 designar por manifestações de inteligência
propriamente dita (e isto que quererá dizer?) certos seus procedimentos correntes. Do que não
pode haver dúvidas é de que Pepe esteja superiormente dotado do que chamamos sensibili-
5 dade, se não no sentido humano, pelo menos naquele que nos permite dizer, por exemplo, que
um aparelho de precisão está afinado para registar diferenças ou erros levíssimos. De um erro,
precisamente, se tratou neste caso, um erro de que o cão se apercebeu ter cometido e que, no
mesmo instante, emendou. A história conta-se em menos palavras do que as que já levo
escritas. Estava sentado, a ler, quando ouço um conhecido raspar de unhas numa das janelas
10 que dão para o terraço: é Pepe a pedir que lhe abram a porta. Levantei-me e fui abrir. Entrou
sem me dar atenção, disparado como um tiro, atraído pelos cheiros de comida que vinham da
cozinha, onde se preparava o almoço, quando de repente, ainda à minha vista, estacou, virou-
-se para mim, olhou-me durante dois segundos, de focinho bem erguido, e só depois, devagar,
continuou o seu caminho. Não aconteceu mais do que isto, mas a mim ninguém me tira da
15 cabeça que Pepe se deu conta de que não me tinha agradecido e parou para pedir desculpa...
[...]
20 de junho
[...]
A filosofia de Pepe é simples, mas exigente. Tendo escolhido esta casa e esta família
para viver, estabeleceu unilateralmente os seus direitos e os seus deveres. Nos deveres está o
de ser asseado, simpático, não mais impertinente 2 do que se espera de um cão. Nos direitos
20 encontram-se naturalmente a alimentação, o bom trato, carinho tanto quanto lhe apeteça dar e
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receber, veterinário à cabeceira – e a convicção de ser dono dos seus donos. Isto quer dizer
que Pepe não suporta que saiamos e o deixemos ficar em casa. Mal se apercebe de que essa
é a intenção, rosna zangado, mordisca-nos os tornozelos, fila-nos pelo sapato ou pelas calças.
Depois os protestos crescem, passa a ladrar, vira o dente, embora sem maldade, a quem o
25 queira reter. Já inventámos todo um jogo de truques para enganá-lo. Geralmente, após dar
uma volta pela casa, a ver se estamos escondidos, acalma-se. Hoje as coisas não se
passaram tão simplesmente. Depois do escarcéu3 habitual ao ver que eu saía, subiu à açoteia 4
para continuar a protestar a sua indignação, trepando ao muro que ali há para defender de
quedas. Não o defendeu a ele. Ou fosse da precipitação do salto, ou por causa do vento que
30 soprava forte, ou por ação conjunta dos dois fatores, eis que o nosso Pepe cai desamparado
do terraço. Foi uma queda de uns bons três metros, de que felizmente saiu intacto, sem danos
maiores ou menores. Eu só soube do acidente quando voltei. Fiquei lisonjeadíssimo, claro, o
que mostra a que ponto os humanos são escassos de sensatez quando se trata dos seus cães.
José Saramago, Cadernos de Lanzarote. Diário – II. Porto: Porto Editora, 2016
VOCABULÁRIO
1. lícito: legítimo, justo.
2. impertinente: incómodo, inconveniente.
3. escarcéu: berreiro, alarido.
4. açoteia: terraço no topo da casa.
4. Explica por que motivo o narrador ficou “lisonjeadíssimo” com a queda de Pepe e porque
considera a sua reação insensata.
5. Apresenta três características que comprovam que este texto é um excerto de um diário.
Fundamenta a tua resposta com excertos textuais.
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Grupo III
Coluna A Coluna B
a. “um erro de que o cão se apercebeu” 1. Derivação por prefixação
b. “após dar uma volta pela casa, a ver 2. Derivação por sufixação
se estamos escondidos, acalma-se”
c. “quando ouço um conhecido raspar 3. Derivação não afixal
de unhas”
d. “os humanos são escassos de 4. Composição
sensatez”
e. “A filosofia de Pepe é simples” 5. Conversão
Grupo IV
Os textos do grupo II são excertos de um diário, nos quais o narrador relata alguns
acontecimentos que o marcaram, acontecimentos esses relacionados com o seu cão.
Redige uma página de diário, confidenciando uma situação que tenhas vivenciado e que
envolva um animal de estimação que tenhas tido ou que quisesses ter adotado. Mostra como
essa experiência teve um significado especial para ti ou o que desejarias que tivesse
acontecido.
Elabora um texto que respeite as características da produção diarística e não te
esqueças de cumprir as três fases da escrita (planificação, textualização e revisão).
O teu texto deve ter um mínimo de 180 e um máximo de 240 palavras.
2. Relativamente ao desvio dos limites de extensão indicados – um mínimo de 180 e um máximo de 240
palavras –, há que atender que a um texto com extensão inferior a 100 palavras é atribuída a
classificação de 0 (zero) pontos e que nos outros casos, um desvio dos limites de extensão requeridos
implica uma desvalorização parcial (até três pontos) do texto produzido.
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CORREÇÃO
Grupo I
1. E., A., D., C., B.
3. (O pronome refere-se a) “reconheceram cada uma das palavras como algo distinto”.
Grupo II
1.1. Segundo o narrador, os cães são animais que não agem apenas por instinto, pois certas
ações suas mostram que são também muito inteligentes.
1.2. Pepe é um exemplo da sua tese, uma vez que o autor via nele uma sensibilidade que não
era comum, contando um pequeno episódio que o comprovava: Pepe estava a arranhar a porta
para poder entrar em casa e, depois de o narrador abrir a porta, o cão correu sem lhe dar
atenção, tendo, entretanto, parado por uns segundos, como se tivesse percebido que havia
sido mal-educado e estivesse a agradecer o gesto.
3. Para o dono, Pepe era um cão diferente, com uma “sensibilidade” que lhe permitia perceber
quando tinha errado e com comportamentos próprios dos humanos (“a mim ninguém me tira da
cabeça que Pepe se deu conta de que não me tinha agradecido e parou para pedir desculpa”)
e considerava ser ele o “dono dos seus donos”. Era um cão apegado à família, não suportando
ficar sozinho.
4. O narrador ficou “lisonjeadíssimo” com a queda de Pepe porque tal acidente era a prova da
devoção e do carinho que o cão sentia pelos donos. Ao mesmo tempo, reconhece que a sua
reação era insensata, porque estava apenas focado na vaidade que sentiu ao perceber o
quanto o cão queria estar com ele e não nas consequências do referido acidente.
5. Este texto é um excerto de diário, pois apresenta um discurso na 1.ª pessoa e num tom
intimista (“a mim ninguém me tira da cabeça que Pepe se deu conta de que não me tinha
agradecido e parou para pedir desculpa”), os fragmentos estão organizados por ordem
cronológica (“21 de maio” e “20 de junho”) e o narrador reflete sobre os acontecimentos que
narra (“Não sei se os cães têm só instinto, se é lícito designar por manifestações de inteligência
propriamente dita (e isto que quererá dizer?) certos seus procedimentos correntes.”).
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Grupo III
1. a. – 3; b. – 1; c. – 5; d. – 2; e. – 4.
Grupo IV
Sugestão de resposta
16 de agosto
Ontem, os meus tios vieram cá a casa e trouxeram três cachorros lindos que a cadela
deles teve. Como não podem ficar com eles, tentaram arranjar-lhes novas famílias e
começaram pelos meus pais. Os cachorros eram tão fofos! Eram muito peludos, tinham umas
orelhas enormes e tinham o pelo castanho-escuro e castanho-claro.
Quando os vi pela primeira vez, nem queria acreditar! Eles eram tão carinhosos e
brincalhões que começaram logo a lamber-me a cara. O mais engraçado era o mais pequeno
de todos porque não conseguia saltar para o sofá e também não conseguiu descer os degraus
da varanda. A minha sorte foi que os meus pais também o adoraram e foi fácil convencê-los a
ficarmos com ele.
A primeira coisa a fazer foi dar-lhe um nome e fui eu quem o escolhi – Golias. (Lembro-
me de o meu avô me ter contado a história de um gigante chamado Golias e como este era o
mais pequeno da ninhada, achei que era o nome indicado).
Naquela noite, o Golias dormiu juntinho a mim. Como era muito pequenino e tinha estado
sempre com a mãe, esteve sempre aninhado e parecia estar com frio porque tremia muito.
Hoje, passamos o dia a brincar e o Golias é o cão mais carinhoso e brincalhão do mundo.
Divertimo-nos muito. Acho que foi o dia mais feliz da minha vida e nunca mais me quero
separar do meu melhor amigo.
(238 palavras)
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