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Autoras:
Camila Nascimento
Maíra Fuzatto
Ilustrações:
Emerson Duarte
AGRADECIMENTOS
NOTA SOBRE A CAPA
PREFÁCIO
1. O QUE É KAIZEN
2. EVENTO KAIZEN NA PRÁTICA
3. PLANEJAR
3.1. Objetivo
3.2. Escopo
3.3. Tipos de Kaizen
3.4. Tamanho da equipe
3.5. Liderança
3.6. Tempo do evento
3.7. Cronograma
4. EXECUTAR
4.1. Preparação da Equipe
4.2. Aplicação das ferramentas específicas
4.2.1.Kaizen Produtivo
4.2.2.Kaizen Administrativo
4.2.3.Kaizen de Troca
4.2.4.Kaizen Logístico
5. Levantamento de ideias
6. Classificação das ideias
7. Implementação das ideias
8. RESULTADOS
9. SUSTENTAÇÃO
9.1. Procedimentar
9.2. Treinar
9.3. Realizar Pequenas Adequações
9.4. Desafios da Sustentação
10. CONCLUSÃO
11. BIBLIOGRAFIA
AGRADECIMENTOS
Segundo uma lenda muito antiga, “a carpa tinha que atingir a fonte
do rio que corta a China, o Huang Ho (Rio Amarelo), na época da desova.
Para isso, tinha que nadar contra a correnteza e saltar cascatas até à
montanha Jishinhan. A carpa que alcançasse o topo tornava-se um dragão.
Por causa dessa crença, acredita-se que uma carpa subindo a
correnteza de um rio significa força, coragem e determinação para alcançar
objetivos e superar dificuldades. Já uma carpa descendo significa objetivos
alcançados ou metas cumpridas.”1
Esperamos que nossos leitores tenham “força, coragem e
determinação” durante a leitura deste livro e as aplicações dos conceitos. E,
ao final, alcancem objetivos e superem dificuldades em suas Jornadas de
Melhoria Contínua.
PREFÁCIO
Sabemos que o Lean revolucionou o mundo e muitas empresas
passaram a ser mais produtivas e rentáveis a partir desta filosofia. Após
longas jornadas Lean e inúmeros Kaizens aplicados, a pergunta que sempre
permanece é por que é tão difícil sustentar as iniciativas Lean?
Inúmeros autores já abordaram esse tema e diversos motivos
parecem evidentes, tais como: comunicação ineficiente, falta de
comprometimento da liderança, considerar que o conhecimento técnico e
ferramentas Lean dizem respeito somente ao corpo técnico e/ou
operacional, foco somente na redução de custo, colocar o Lean em um
sistema em lotes, falta de trabalho em equipe, abrir mão dos consultores
Lean muito cedo, fazer melhorias em processos desestabilizados, não ter
uma cultura estabelecida e clara para todos, entre outros.
Na realidade, acreditamos que não haja uma causa raiz única, pois
cada empresa é uma empresa e, portanto, cada cultura é uma cultura. Mas
sabemos também o quanto é difícil aplicar metodologias que exigem um
alto grau de disciplina.
Obviamente melhorias têm sido realizadas nos processos e
mudanças ocorreram ao longo desses anos, porém ainda se vê uma colcha
de retalhos, onde iniciativas dos times de melhoria não estão conectadas às
estratégias e cultura da empresa.
Por isso, o objetivo desse livro não é trazer mais ferramentas e/ou
metodologias de alto grau de dificuldade para, de uma forma ou outra,
deixarem de serem aplicadas.
Esse livro, na verdade, é a nossa experiência de que pelo menos uma
coisa faz a diferença na sustentação de todas as iniciativas Lean: a
transferência de conhecimento.
Queremos que profissionais tenham esse livro “embaixo do braço”
para aplicar, de forma simples, ferramentas de origem do Sistema Toyota de
Produção. Que o conhecimento aqui transferido faça parte da cultura de
onde ele está sendo aplicado e que, a cada dia, menos energia seja
dispensada em sua aplicação, porque o mesmo se tornou natural.
Não temos a pretensão de que essas ferramentas sejam idênticas às
utilizadas nas empresas japonesas. Nossa intenção é que elas funcionem e
gerem resultados que agreguem valor e que sejam sustentáveis para sua
organização, seja ela uma empresa privada, um hospital, uma ONG; seja ele
um processo produtivo ou administrativo.
Embora a publicação desse livro seja uma iniciativa muito pequena,
acreditamos que através da troca de experiência, compartilhamento do
conhecimento e busca constante pelo aprendizado, é possível alcançar
resultados sustentáveis a longo prazo.
Queremos ver o Brasil crescer através de iniciativas embasadas em
conceitos e não em metodologia de “tentativa e erro”. Por isso, acreditamos
que entender profundamente uma metodologia e ser criativo é pensar
grande sem perder de vista os objetivos e os valores do seu negócio. E,
através do verdadeiro trabalho em equipe, haja coragem para mudar.
Por fim, acreditamos que é através do desenvolvimento do capital
humano e uma cultura forte que as melhorias são sustentadas e geram
resultados a longo prazo. Pessoas que buscam o conhecimento e que tem
paixão pelo que fazem são motivadas a mudar e sempre buscar desafios
para o seu desenvolvimento e o desenvolvimento do negócio. E nesse livro
essas pessoas encontrarão diversas respostas para suas perguntas de “por
onde começar?”.
Porém nada será sustentado se todos os níveis da organização não
estiverem envolvidos e engajados na busca do objetivo de implementar tais
ferramentas.
Por isso, desejamos mais que uma boa leitura e sim uma boa
aplicação de conceitos a todos. E lembrem-se, não desistam, a melhoria é
contínua!
Camila Nascimento e Maíra Fuzatto
1. O QUE É KAIZEN
Exemplos de escopo:
Área de vendas (escopo abrangente, equipe e tempo de dedicação
maiores);
Área de vendas de peças para determinado segmento (escopo menor,
equipe e tempo de dedicação menores).
3.3. Tipos de Kaizen
Existem diversos tipos de evento, não existe uma regra exata. Para
facilitar o entendimento, dividimos o Kaizen segundo ferramentas específicas
que podem ser aplicadas durante cada evento. E para entender qual ferramenta
específica utilizar é necessário entender o objetivo e o escopo escolhidos,
conforme explicado no quadro a seguir:
TIPO DE
APLICAÇÃO EXEMPLOS
KAIZEN
Administrativo Qualquer fluxo Emissão de nota fiscal
administrativo, de Processo de vendas
qualquer organização, Folha de pagamento
seja ele ligado Aprovação de projetos
diretamente ou
Desenvolvimento de
indiretamente à área de
Softwares
produção (se houver).
Produtivo Processos manuais e/ou Produção de uma peça
automatizados que Preparação de refeições
envolvem transformação Conserto de equipamentos
física.
De troca Para qualquer troca ou Limpezas
mudança de atividade Troca de ferramentas
que ocorre Ajustes
rotineiramente em um Mudança de projetos
processo.
De logística Quando envolve o Entrega do produto ao
transporte do produto. cliente
Abastecimento de
matéria-prima
Classificar o Kaizen por tipo é apenas uma forma de organizar quais
ferramentas utilizar em cada caso. Consultores experientes podem mesclar
ferramentas de diferentes tipos de Kaizen, dependendo da complexidade do
objetivo a ser alcançado e do processo a ser estudado. Na dúvida, utilize todas
as ferramentas que julgar necessárias e faça uma análise crítica se as respostas
apresentadas em cada uma delas faz sentido.
Além disso, na literatura podem ser encontradas outras ferramentas
Lean que podem ser incorporadas ao seu processo de melhoria.
Mas não se preocupe, cada ferramenta será estudada com mais
profundidade nos capítulos posteriores.
3.4. Tamanho da equipe
Idealmente, a equipe deverá ser formada por pessoas de diferentes áreas,
a fim de torná-la multidisciplinar. Conforme mostra o quadro abaixo, parte da
equipe deverá ser formada por pessoas que trabalham diretamente na área; outra
parcela deverá ser de pessoas que gerenciam a área ou trabalham em áreas
relacionadas; e, finalmente, também deverão fazer parte da equipe pessoas que
não possuem nenhuma ou mínima relação com a área.
PARTICIPAÇÃO
CATEGORIA
NA EQUIPE
Pessoas da área 40%
Pessoas de áreas
40%
correlacionadas
Pessoas de outras áreas 20%
Observação TEMPO
Observação 1
Atividades 2*** DA
(minutos)
(minutos) TAREFA**
1) Lixar o ponto de injeção da
peça frontal do óculo.
2) Parafusar a haste junto ao
frontal.
3) Encaixar as lentes nos
óculos.
TEMPO TOTAL*
*O tempo total refere-se ao tempo para produzir uma peça, ou seja,
é a soma dos tempos observados de todas as etapas.
**O tempo da tarefa pode ser a média de todos os tempos
observados para aquela determinada etapa. Porém, é importante entender
que se houve muita dispersão nos dados, a média não será a melhor escolha
para entender o tempo de cada etapa. Neste caso, o mais indicado é usar a
moda (o valor mais frequente de um conjunto de dados) ou ainda o menor
valor que se repete (entende-se que se o operador foi capaz de repetir o
menor tempo, então após todas as melhorias parece totalmente possível esta
situação).
***Sua folha padrão deverá conter, idealmente, espaço para 10
observações de tempo.
1. Superprodução
2. Espera (tempo disponível)
3. Transporte (de Materiais)
4. Processamento em si (processamento demasiado)
5. Estoque (estoque disponível)
6. Movimento (de Pessoas)
7. Produtos defeituosos
Escreva suas ideias nos “post its®” das páginas a seguir.
IDEIAS PARA MELHORIA DO
PROCESSO
EXEMPLO EXTRA PARA PRATICAR:
1. Superprodução
Nivelar o número de operadores para produzirem exatamente a
demanda do cliente (takt).
7. Produtos defeituosos
Eliminar tarefas do operador sobrecarregado, pois pessoas que
trabalham sem possibilidades de atingir metas podem gerar erros
mais facilmente.
Durante um evento real, com certeza, você terá mais facilidades
para enxergar melhorias. Não tenha medo de incluir ações voltadas para
transformação digital. O digital pode ser simples, como uma macro no
Excel para facilitar uma formação de preço, por exemplo, ou soluções mais
sofisticadas que podem ser estudadas junto a empresas especializadas.
Todas essas ideias deverão ser priorizadas por meio da matriz de
impacto e, posteriormente, as ideias de maior impacto deverão ser
organizadas em um plano de ação, como mostraremos mais adiante.
4.2.2. Kaizen Administrativo
CLIENTE
VENDAS
MEDIÇÃO
PRODUÇÃO
3) Com o painel pronto, divida as pessoas de acordo com as áreas em
que trabalham (ou grupo de pessoas da mesma área). Cada uma
dessas pessoas ou grupo de pessoas de uma mesma área deve
receber todas as ETAPAS do macrofluxo referentes a respectiva
área. Solicite que cada uma das ETAPAS do macrofluxo seja
detalhada em PASSOS. Sendo que cada PASSO deverá ser escrita
em um post it diferente.
1. Superprodução
Estabelecer uma regra para produzir somente com pedido de cliente.
Operador 1
Operador 2
Operador 3
1. Espera
2. Estoque
3. Excesso de movimento de pessoas
4. Excesso de transporte de materiais
5. Excesso de produção
6. Processamento inadequado
7. Produto ou serviço defeituoso
Portanto, o líder do Kaizen deve a todo momento relembrar a equipe
dos conceitos dos Sete Desperdícios e instigar perguntas. Por exemplo:
Exemplo para um estacionamento de ideias:
Exemplo prático para um estacionamento de ideias:
6. Classificação das ideias
A classificação deve ser liderada pelo líder da equipe, que deve ler
cada uma das ideias em voz alta para a equipe, fazendo as seguintes
perguntas:
Esta ideia tem alto ou baixo impacto?
Esta ideia é fácil ou difícil de implementar durante o evento?
Cada Post It deve ser colocado no quadrante referente à respectiva
classificação da ideia.
IMPORTANTE:
1) Para a classificação da dificuldade deve-se levar em consideração
que, durante o Kaizen, os recursos estão disponíveis e, portanto, o que é
difícil de ser realizado no dia a dia, se tornará mais fácil durante o evento
Kaizen.
2) O líder deve estar muito atento quanto à classificação do impacto,
ou seja, a ação não deve ser classificada quanto à sua importância para a
empresa, mas sim se afetará positivamente o OBJETIVO do Kaizen. Esse é
um dos principais erros de uma equipe Kaizen: classificar todas as ideias
com importância alta pensando na empresa como um todo e esquecendo do
escopo.
3) Pode ocorrer divergência de opiniões entre os membros da equipe.
Neste caso, a ação pode ser adaptada para “avaliar a possibilidade” ou
“realizar alguns testes durante o evento”. A partir desta análise, é possível
retornar com a equipe e decidir à luz de mais informações concretas sobre a
ideia específica.
7. Implementação das ideias
Falta de comprometimento
Mudança pode levar a uma série de conflitos e incertezas, afinal a
quebra de paradigmas leva-nos a sair da nossa zona de conforto. Por isso, o
não comprometimento da alta direção, que se dá por meio do
acompanhamento dos resultados, da garantia de recursos e orientação para a
equipe envolvida no Kaizen e demais envolvidos da área foco do evento
pode acarretar consequências negativas para as iniciativas Lean. A
demonstração do interesse e real apoio da alta gerência faz com que os
funcionários entendam que aquilo é realmente importante para a empresa e
que o programa faz parte de sua cultura. Sem isso, o foco é desviado e
perde-se a força do programa.
Em segundo lugar, podemos citar a falta de comprometimento do
próprio líder da equipe, não estando presente, não demonstrando suporte e
não treinando sua equipe. Nenhum grupo poderá ser adequadamente
orientado e motivado, se o próprio líder não executar o famoso
comportamento de “liderar por exemplo”. Uma vez que o grupo é o espelho
da liderança, ela será peça fundamental no processo de sustentação.
Por último, citamos o não comprometimento das próprias pessoas
que trabalham na área, afinal são elas que no dia a dia executarão o plano
de ação. Para evitar essa falta de compromisso, um dos principais pontos é
estar certo de que elas entenderam as mudanças realizadas e o impacto que
podem causar na empresa. A falta de treinamento e orientação da liderança
também levarão à falta de comprometimento desses funcionários.
Ressaltamos ainda que para esse último caso, é importante levar em
consideração que as pessoas precisam ser ouvidas, principalmente após o
evento. Ideias mal implementadas ou que não deram certo precisam ser
revisadas e repensadas.
Se você, leitor, chegou até aqui isso significa que você foi
disciplinado no estudo dos conceitos e das formas de aplicação da
metodologia. Reforçando que a disciplina é um fator fundamental para a
execução e sustentação de qualquer Kaizen.
Com certeza, aplicar tudo isso na prática será um grande desafio e
muitas dúvidas surgirão ao longo do caminho. O primeiro recado é para que
você não desista!
Em caso de dúvida, volte na etapa específica deste livro e estude
novamente. Caso a dúvida ainda permaneça, busque informação em outras
fontes, como pessoas mais experientes e outros livros. O importante é você
sempre manter a mesma lógica para execução de um evento Kaizen, seja ele
um Blitz, uma Semana ou um Projeto:
Faça um bom planejamento:
Objetivo
Escopo
Tipo de Kaizen
Tamanho da Equipe
Liderança
Tempo do Evento
Cronograma
Prepare a equipe
Aplique as ferramentas específicas, dependendo do tipo de
Kaizen:
Kaizen Produtivo
Kaizen Administrativo
Kaizen de Troca
Kaizen Logístico
Faça um levantamento de ideias
Priorize as ideias
Implemente as melhorias
Não deixe de checar os resultados
E garanta a sustentação de todo o trabalho
Mas tenha certeza de que você fará diferença se, mesmo não
encontrando respostas, tentar aplicar ou executar da forma como entendeu,
utilizando a paciência e o bom senso da melhor forma possível. Você
poderá errar, mas vai adquirir experiência para prosseguir nessa longa
Jornada que é a aplicação das ferramentas Lean na prática.
Finalmente, lembre-se que o PDCA é um ciclo e por isso se repete
continuamente. Toda mudança realizada hoje, pode ser melhorada amanhã,
sendo assim novos ciclos PDCA serão necessários, sejam eles de escala
pequena (para implementação de uma só ação) ou de escala maior (para
implementação de um evento Kaizen, por exemplo).
Desejamos bons estudos e mãos à obra!
“O mais importante não é o sistema, mas a criatividade dos seres
humanos que selecionam e interpretam a informação.”
Taiichi Ohno
11. BIBLIOGRAFIA