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Elementos
de Automação
Para começar
Este capítulo trata de conceitos básicos de controle automático, sensores, atuadores e manipuladores.
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pode se modificar continuamente ao longo do tempo. Exemplos: temperatura, pressão, nível, vazão,
velocidade linear ou angular (rotação), aceleração e várias outras. A variável discreta representa um
estado. O estado é alcançado após um evento que não depende do tempo. Atenção: um temporiza-
dor muda de estado após um tempo determinado, o que não deixa de ser evento da modalidade de
contagem. Uma variável discreta também é denominada binária. Em determinado estado a variável
será 0 ou 1. Ela pode indicar estados do tipo ligado (1)/desligado (0), avançado (1)/recuado (0),
alto (1)/baixo (0), sim (1)/não (0).
O objetivo do controle automático é atuar de modo que um processo mantenha uma determi-
nada variável contínua em um valor pré-ajustado (setpoint). No caso de eventos discretos, o objetivo do
controle automático é a execução de comandos que produzam um determinado evento após o pro-
cesso alcançar um determinado estado.
Sensor
Variáveis de
referência
Regulador Objeto de
Atuador
controle
Processo
Sensor
De uma maneira geral, o diagrama de blocos de processos pode ser representado conforme
mostrado na Figura 3.2.
Entrada
desejada Saída atual
+
Dispositivo
Atuador Processo
de controle
−
Erro
Sensor
Saída medida Realimentação
Os sistemas de controle discretos podem ir além de apenas duas situações tipo sim (1) e não
(0). Existe o controle denominado multisteps, ou seja, de múltiplas posições. Imagine um processo
análogo ao do tanque anterior. Considere um sistema de resfriamento industrial a ar, no qual exis-
tem dois ventiladores que sopram o ar contra um radiador térmico. É possível instalar três sensores
de temperatura ajustados para três intensidades: mínima, média e máxima. O controle discreto
multisteps promoveria o acionamento de apenas um ventilador quando a temperatura atingisse o
valor médio. Se a temperatura atingir o valor máximo, os dois ventiladores são acionados. No valor
mínimo, os ventiladores são desligados. Nessa situação estão presentes três estados (mínimo, médio
e máximo). No caso da bomba anterior, existiam apenas dois estados (baixo e alto). Com esse tipo de
controle pode-se obter uma grande quantidade de estados.
A Figura 3.3 mostra o conceito de controle discreto simples e multisteps para uma variável que
pode ser temperatura, pressão, nível ou outra qualquer e um ou dois atuadores (bomba, ventilador,
compressor etc.). No caso deste exemplo, temos dois estados de controle (ligado/desligado) e três
estados (dois ligados/um ligado/dois desligados).
Elementos de Automação 41
Variável de processo Variável de processo
Zona
morta
AMP Motor
DC DC
Velocidade Velocidade
desejada atual
Dispositivo
Atuador Processo
de controle
(motor DC) (mesa)
(amplificador)
Mesa
giratória
+ Motor
AMP
DC
DC
−
Tacômetro
Velocidade Velocidade
desejada atual
+ Dispositivo
Atuador Processo
de controle
(motor DC) (mesa)
− (amplificador)
Erro
Sensor
(tacômetro)
Velocidade medida
Variáveis Variáveis
de entrada de saída
Controlador Processo
Sensores
Elementos de Automação 43
3.1.3 Controladores
O controlador deve receber o sinal das variáveis realimentadas (entradas), comparar com as
referências e processá-las segundo um algoritmo programado e, finalmente, enviar sinais para os
atuadores (saídas).
Fique de olho!
Um sistema de controle automático é constituído por controlador, sensores e atuadores que contribuem para manter o
processo dentro de parâmetros referenciados.
Variável de processo
Valor limite
setpoint
Figura 3.6 - Setpoint, valor limite e valor instantâneo da variável de processo controlada.
Entrada
desejada + Saída atual
Dispositivo
Atuador Processo
de controle
− Erro
Sensor
Saída medida Realimentação
Entrada
desejada + Saída atual
Computador Atuador Processo
− Erro
Medição
Saída medida Realimentação
O controle discreto é mais utilizado nas indústrias de fabricação, pois ele é muito apropriado para os sistemas automáti-
cos de montagem, manuseio e armazenamento. O controle contínuo é predominante na indústria de processos, especial-
mente para controle de variáveis, tais como temperatura, pressão, vazão e nível.
<http://pt.wikipedia.org/wiki/Engenharia_de_controle_e_automação>
A Figura 3.8 mostra sistemas de controle automático de malha fechada para uma variável com
uso de dispositivo de controle dedicado. São ilustrados quatro casos muito comuns na indústria de
processos que envolvem temperatura, pressão, vazão e nível. Em todos os casos, os atuadores agem
sobre válvulas, regulando sua abertura.
Elementos de Automação 45
Controlador Controlador
Fluido de
processo
Transmissor Transmissor
de temperatura de nível
Fluido de
Loop de temperatura processo Loop de nível
Controlador Controlador
Transmissor Transmissor
de vazão de pressão
Bomba Bomba
Loop de vazão Loop de pressão
Figura 3.8 - Controles de malha fechada com dispositivos controladores, típicos da indústria de processos.
O mesmo conceito se aplica para o caso de uma máquina qualquer destinada a processos de
fabricação, embora o número de variáveis e atuadores a serem controlados seja maior. Os controla-
dores oferecem outras funções que são importantes nesses casos. É preciso que exista uma forma de
diálogo entre a máquina e o operador. Para isso existe um componente chamado de IHM - Interface
Homem-Máquina, basicamente constituído de monitor e teclado. Muitas vezes, as máquinas preci-
sam trocar informações com outras máquinas ou outros sistemas. Para isso é preciso que o controla-
dor disponha de facilidades de comunicação com o exterior. A Figura 3.9 ilustra essa situação.
Atuadores Acionamento
I
Processamento H
M
Processo Sensores
Interface de
comunicação
Rede
x1 x2 Tempo de abertura
Tempo de fechamento
x3 x4
Elementos de Automação 47
SPST DPST SPDT
O rolete pode ser acionado pelo toque de um material qualquer, tipicamente de dispositivo
mecânico em movimento, por exemplo: haste de cilindro hidráulico ou pneumático em movimento,
toque de uma grade ou de uma porta, peso depositado sobre ele, e muitas outras maneiras. Tais dispo-
sitivos são denominados genericamente de sensores de contato. Eles são muito utilizados em sistemas
automáticos da indústria de fabricação.
Outro modo de acionamento mecânico pode ser obtido por deformação de materiais. Essa
deformação pode ser de natureza mecânica ou térmica. Um fole ou um diafragma se deformam com
o aumento da pressão interna sobre suas superfícies. No caso de um par bimetálico, constituído por
dois materiais metálicos com coeficientes de dilatação diferentes, a deformação ocorre sob elevação
de temperatura. Essas deformações podem ser utilizadas para acionamento mecânico de contatos
elétricos. A Figura 3.13 ilustra esses fenômenos. Esses princípios de acionamento são utilizados para
a construção de termostatos e pressostatos, dois importantes dispositivos auxiliares de comando.
Metal B
Fole
Bulbo
Contatos
Capilar
NF COM NA NF
COM
NA
Outra classe importante de dispositivos automáticos se refere aos relés eletrônicos. Tais dispo-
sitivos acionam contatos por meio eletrônico. Sensores capturam grandezas físicas que são conver-
tidas em grandezas elétricas que servem como entradas para os relés. Como quaisquer dispositivos
eletrônicos, eles necessitam de alimentação CA ou CC para sua operação. O relé fotoelétrico é um
caso clássico desse tipo de dispositivo. Serve para ligar e desligar sistemas de iluminação automati-
camente sob ausência ou presença de luz. Além disso, os sensores fotoelétricos servem como detec-
tores de objetos. Para isso, existe uma fonte emissora de luz e um receptor. Se houver objeto entre o
emissor e o receptor, um contato elétrico será acionado, uma vez que o feixe de luz é interrompido.
Elementos de Automação 49
Essa detecção pode ser feita por outras grandezas físicas. Sensores indutivos, capacitivos e ultras-
sônicos são utilizados como sensores de proximidade. Eles também detectam a presença de obje-
tos sem que sejam tocados por eles. São denominados sensores non contact. Um sensor de contato
importante é o piezoelétrico. Sempre que ele for tocado é produzido um pequeno pulso de tensão.
Outro exemplo importante são os relés temporizadores e programadores horários. Servem para ligar
ou desligar cargas de forma automática por tempos ajustados. A Figura 3.15 ilustra o aspecto geral
desses tipos de relés.
A1 A2 A3
Alimentação
Entradas
Saídas
NA COM NF
Fotocélula
Existem outros métodos mais sofisticados para medição de posição, como o laser, por exem-
plo. Todavia, para os propósitos deste livro, a combinação de sensores de contato, de detecção por
proximidade e encoders são suficientes para a compreensão de máquinas automáticas de fabricação.
Para a medição de temperatura existe uma grande diversidade de sensores, específicos para o
nível de temperatura a ser medido e para o meio no qual eles estão inseridos. Alguns sensores pro-
duzem sinais elétricos (tensão ou corrente) proporcionais ao valor da temperatura medida. Exem-
plos: termopar, termistores (PTC e NTC) e resistências RTD (Resistance Temperature Detector).
Outros sensores promovem alguma maneira de deslocamento mecânico em função da temperatura.
Exemplos: par bimetálico, expansão de gases, vapores e líquidos em foles e diafragmas. Esses movi-
mentos mecânicos precisam ser transformados em sinal elétrico. O dispositivo que executa essa ação
é denominado condicionador. Tipicamente, o movimento mecânico aciona um potenciômetro e a
variação da resistência obtida é proporcional à variação da temperatura. A combinação de sensor e
condicionador recebe o nome de transdutor. Também se aplica o termo transdutor quando o sensor
produz um sinal elétrico diretamente, como os termopares. O sinal elétrico obtido de qualquer um
dos sensores precisa ser convertido para um padrão aceito pelo controlador. Essa ação é feita por um dis-
positivo denominado conversor. No caso de conversão analógica, o sinal deve ser transformado para
um padrão de corrente 4 – 20 mA. O valor mínimo da temperatura deve ser equivalente a 4 mA e o
valor máximo a 20 mA. Também existe o padrão de tensão 0 – 5 V, com a mesma lógica. A transfe-
rência do sinal do conversor para o controlador é denominada transmissão. A conversão também
pode ser digital. Neste caso, além da digitalização do sinal representativo da temperatura, é preciso
carregar outras informações, tais como a de diagnóstico da informação. O método para combinar o
sinal e o diagnóstico da transmissão é denominado protocolo. Existem diversos protocolos disponí-
veis, tais como Fieldbus, Profibus, Modbus, DeviceNet e HART.
Tal como para medição de temperatura, existem diversos
sensores para medição de pressão. Alguns sensores produzem
sinais elétricos diretamente. Exemplos: sensores piezoelétri-
cos, sensores de células capacitivas e strain gauges. Outros Os sinais analógicos só podem ser trans-
promovem deslocamentos mecânicos que podem ser trans- mitidos a curtas distâncias (centenas de
metros). Sinais digitais não têm limitação
formados em sinais elétricos por meio de transdutores. Exem-
de distância.
plos: tubo de Bourdon, fole e diafragma. A rota para o sinal
de pressão chegar ao controlador é a mesma da temperatura.
A medição de vazão muitas vezes é feita indiretamente, isto é, mede-se uma diferença de pres-
são em placas de orifícios e tubos de Pitot. Outros sensores utilizam o ultrassom (efeito Doppler) ou
medidores magnéticos. Também existem os medidores tipo turbina, que produzem uma rotação que
pode ser transformada em sinal elétrico.
Elementos de Automação 51
A medição de nível em tanques pode ser por sensores de proximidade capacitivos, indutivos,
resistivos e ultrassônicos.
Para todos os casos de medição dessas e outras grandezas, a sequência de tratamento dos
sinais é resumida na Figura 3.17.
Transdutor
Controlador
Registrador
Sensor Condicionador Conversor Transmissão
Integrador
Indicador
3.3 Atuadores
Os atuadores fornecem a energia mecânica necessária para a realização dos movimentos que
serão feitos sobre o sistema controlado. Os atuadores são motores lineares ou rotativos. Como visto
na Figura 3.8, a movimentação de abertura e fechamento da válvula exigiu um movimento linear
proporcionado por um motor. Na Figura 3.4, o atuador utilizado foi um motor elétrico CC (rotativo)
para girar a mesa.
A potência mecânica disponibilizada por motores rotativos é dada pela equação (3.1).
Pmec = T × w (3.1)
2×π×N
ω= (3.2)
60
A potência mecânica disponibilizada por motores lineares é dada pela equação (3.3).
Pmec = F × v (3.3)
Pmec
η= (3.4)
Pabs
Existem três tipos de motores que são de interesse para a automação de sistemas, a saber: elétri-
cos, hidráulicos e pneumáticos.
120 × f
Ns = (3.5)
p
Elementos de Automação 53
Tabela 3.1 - Rotação síncrona do campo girante para 60 Hz
2 3600
4 1800
6 1200
8 900
Como o rotor é “arrastado” pelo campo girante, a velocidade angular do eixo é um pouco
menor que a do campo girante, algo entre 2% e 5% a menos.
Fique de olho!
A característica mais importante do motor de indução é que ele mantém a rotação praticamente constante com a variação
da carga (conjugado) que ele aciona.
A instalação desses motores exige componentes elétricos de isolamento da rede (chaves sec-
cionadoras), proteção contra curto-circuito (fusíveis e disjuntores), sobrecarga (relés térmicos) e dis-
positivos de manobra (liga/desliga). Além das partidas e paradas, os motores trifásicos podem ter
inversão da rotação. O número de manobras por hora é limitado, sendo menor quanto maior for a
potência do motor.
As formas mais comuns de acoplamento do motor com a carga são: direto (luva elástica), con-
junto polia/correia e redutores de engrenagens. A Figura 3.18 ilustra esses tipos de acoplamentos.
Luva elástica
ω1 ω2
Motor Carga ω1 = ω2
r2
ω2 ω1 r1 v1
v2
Polia motora
Motor
E2
ω2 E1
E1 E2
ω1
Carga
I/O
Controle
Teclado
CPU
Barramento
Retificador Inversor
U
L1
V
L2 M
W
L3
Filtro
Elementos de Automação 55
Para que isso possa ser feito, existe um sistema de comutação constituído por um anel coletor e esco-
vas. À medida que o rotor gira, o sentido da corrente comuta de modo que ela tenha sempre o mesmo
sentido em frente a cada polo do estator. A iteração entre o campo magnético produzido pelo estator e
a corrente na armadura promovem o surgimento de força magnética que faz o rotor girar.
Existem vários modos de ligação elétrica entre as bobinas do estator (campo) e as bobinas do
rotor (armadura). Essa ligação pode ser em série, paralela ou composta. Também é muito comum a
ligação independente, na qual as bobinas de campo são alimentadas por uma fonte CC e a armadura
por outra fonte independente. Para cada tipo de ligação o motor apresenta características eletrome-
cânicas próprias.
A velocidade desenvolvida pelo motor é função do fluxo produzido pelas bobinas de campo.
Assim, ao variar a tensão de alimentação das bobinas de campo, a velocidade do motor varia de
forma proporcional.
O motor CC é mais caro e menos robusto que o motor de indução. Sua manutenção e opera-
ção são mais difíceis. Por isso, ele vem perdendo espaço para os motores de indução com inversores
de frequência. Os motores CC são acoplados às cargas como representado na Figura 3.18.
0,72 500
1,8 200
2,0 180
2,5 144
5,0 72
7,5 48
15 24
O motor de passos mais simples é o de ímã permanente. De certa maneira, este motor é uma
combinação de motor CC com eletroímã. O rotor é constituído por um ímã permanente e o estator
dispõe de diversas bobinas que produzem campo magnético. O rotor é arrastado por um par de polos
de uma bobina do estator que foi alimentado por uma fonte externa para produzir o campo mag-
nético. Quando os campos magnéticos do rotor (ímã permanente) e do estator (bobina) estiverem
alinhados, cessa a força de arraste magnético e o rotor fica estacionado. Nesse movimento, ele avan-
çou um passo. Na prática, as diversas bobinas do estator são ligadas e desligadas sequencialmente.
3.3.1.4 Servomotores
Os servomotores devem ser empregados nas aplicações com exigências de controle preciso de
conjugado, velocidade e posição. Para compreender melhor o controle de conjugado e velocidade
considere o caso de uma bobinadeira, conforme representado na Figura 3.20.
v = cte
Motor
síncrono
Elementos de Automação 57
Antigamente eram utilizados servomotores CC. Da mesma maneira que ocorreu com os inver-
sores de frequência, o desenvolvimento da eletrônica de potência (chaveamento) e dos sistemas micro-
processados tornou viável o uso de servomotores CA. Os servomotores CA devem estar associados a
servoconversores, usualmente do mesmo fabricante, para que sua operação seja possível. Esse conjunto
recebe a denominação servoacionamento.
Um servomotor CA é um motor síncrono de ímã permanente (MSIP). Existe um enrolamento
trifásico no estator e o rotor é constituído por um tambor laminado, parecido com o rotor do motor
de indução. Na superfície deste rotor, são dispostos ímãs permanentes de terras raras, com alta capa-
cidade de produzir fluxo magnético. Normalmente são produzidos com seis ou oito polos. As bobinas
do estator são alimentadas a partir de servoconversor semelhante ao que foi feito para os inversores
de frequência. A variação dos disparos dos dispositivos de chaveamento eletrônico possibilita o con-
trole da frequência (velocidade). O controle do conjugado é obtido pela variação da intensidade da
tensão aplicada. O conjugado pode ser mantido constante em um valor ajustado para uma ampla
faixa de variação da velocidade.
O controle preciso da velocidade e da posição é obtido por um sistema de controle em malha
fechada, como ilustrado na Figura 3.21. Em uma ponta da extremidade do eixo é introduzido o sensor
de velocidade e posição, usualmente encoder rotativo. Alguns modelos utilizam um sensor deno-
minado resolver, um tipo mais sofisticado de tacômetro. O sinal do sensor é enviado para proces-
samento pelo servoconversor, que, em última análise, é um tipo de controlador. Ele é constituído por
um bloco microcontrolador, memórias, bloco de entrada e saída de dados. Esse conjunto é comple-
mentado por um estágio de potência PWM, parecido com aquele representado na Figura 3.21.
Referência Velocidade/posição
Algoritmo
de controle Corrente/tensão
L1
L2 MSIP
L3
Filtro
Potência
Atuadores
mecânica
Pressão
Comando
e controle
Retorno
Potência
elétrica
M Unidade
de força
Os cilindros hidráulicos são motores lineares que podem avançar e recuar. Para executar essa
ação ele depende de comando. O comando é feito por meio de válvulas direcionais, que manobram
o fluxo de óleo. No circuito básico representado na Figura 3.23, o cilindro está bloqueado em uma
posição, haja vista que a válvula de comando está na posição central (bloqueada). Se a válvula for
deslocada para a direita, o óleo passa de P para A e o cilindro avança, e o óleo da parte oposta do
cilindro é direcionada de volta ao reservatório pela ligação de B com T. As letras das válvulas indi-
cam os pórticos: P (bomba), T (tanque), A e B (pórticos de trabalho). A qualquer instante que a
válvula volte para a posição central o avanço é bloqueado e o cilindro fica parado naquele ponto.
Quando o avanço do cilindro se completar, ele atinge o fim do seu curso. Não há como o óleo escoar,
mesmo com a válvula posicionada à direita. Para promover o recuo do cilindro, a válvula direcional
deve ser levada para sua posição mais à esquerda, de tal maneira que os pórticos fiquem assim inter-
ligados: P → B e A → T.
Nas aplicações industriais as válvulas são acionadas por solenoides. Quando a tensão for ali-
mentada em S1, a válvula vai para a direita. Se S2 for alimentada, a válvula vai para a esquerda. Sem
alimentação em S1 e S2 a válvula fica posicionada no centro por ação das molas que resistem à ação
do solenoide.
Elementos de Automação 59
Avanço Recuo
S1 A B S2 S1 A B S2 S1 A B S2
P T P T P T
M M M
Junto à bomba, na unidade de força, existe uma válvula para alívio de pressão. A bomba utili-
zada em circuitos hidráulicos é do tipo deslocamento positivo (bombas de engrenagens, palhetas,
pistão, e outras). Essa bomba mantém a vazão constante qualquer que seja a pressão desenvolvida.
Em um estado de bloqueio é preciso uma maneira de desviar o óleo bombeado a vazão constante. A
válvula de alívio atua a partir de determinada pressão ajustada, dando abertura para que a descarga
da bomba retorne para o tanque. A válvula volta a se fechar automaticamente quando a pressão vol-
tar a ficar baixa.
Quando a válvula direcional, bem como outras válvulas
ainda não apresentadas, é acionada por tensão elétrica, o sis-
tema é denominado como eletro-hidráulico.
S1 A B S2
Existem os atuadores rotativos (motores hidráulicos)
que são acionados de maneira semelhante aos atuadores linea- P T
res, conforme ilustrado na Figura 3.24. Este tipo de atuador
pode girar no sentido horário ou anti-horário, dependendo
da posição da válvula direcional. Ele somente estará bloquea- M
Elementos de Automação 61
Os fabricantes oferecem componentes pneumáticos avulsos, tais como: atuadores, válvulas de
comando e controle, vários tipos de sensores, filtros e outros acessórios. O desenvolvimento de auto-
matismos pneumáticos é feito caso a caso. Eles exigem soluções customizadas. A lógica dos automa-
tismos pneumáticos é do tipo sequencial, tipicamente.
A título de exemplo considere um processo automático para fazer duas dobras em fitas de
cobre para barramentos elétricos em uma indústria de painéis elétricos. O processo pode ser tradu-
zido de acordo com os seguintes passos:
»» primeiro: um cilindro pneumático A deve fixar a fita em uma mesa de trabalho;
»» segundo: um cilindro B com uma ferramenta de conformação deve executar a primeira dobra;
»» terceiro: um cilindro C com outra ferramenta de conformação deve executar a segunda dobra.
»» quarto: após a segunda dobra concluída, todos os cilindros devem recuar simultaneamente.
O hardware da instalação está representado na Figura 3.25. A cada cilindro está associada
uma válvula de comando de duas posições. Com este tipo de válvula o cilindro só pode assumir
dois estados distintos: recuado (0) ou avançado (1). Não existe possibilidade de parada interme-
diária. Cada cilindro traz em sua carcaça dois sensores de posição magnéticos, tipo NA, que são
acionados pela posição do êmbolo do cilindro. Um sensor (x1) indica que o cilindro está recuado e
o outro (x2) indica que o cilindro está avançado.
#A
#B
#C
a1 a2 b1 b2 c1 c2
#A #B #C
A+ A− B+ B− C+ C−
Para resolver esse problema é preciso fazer a representação dessa sequência. Em situações sim-
ples como essa, a representação pode ser literal ou por meio de um diagrama trajeto - passo. Na
1 2 3 4 5=1
/A+/B+/C+/A-, B-,C-/
A solução do problema exige a determinação de qual sinal, ou combinações de sinais, que irão
acionar os solenoides das válvulas direcionais na sequência correta. A Tabela 3.3 mostra essa solu-
ção, obtida por simples inspeção da situação - método direto. Quando o cilindro A completa seu
avanço, o sinal a1 fica disponível. Esse sinal é utilizado para acionar o avanço B. Quando B completa
seu avanço, o sinal b1 fica disponível para acionar o avanço de C, e assim por diante.
Sinal Solução
A+ (a1 ⋅ b1 ⋅ c1) ⋅ St
A- c1
B+ a1
B- c1
C+ b1
C- c1
Note que os sinais do último passo foram utilizados para disparar o primeiro. Isso se deve à
natureza sequencial do automatismo. O passo seguinte ao último é o primeiro. Observe que para
disparar o primeiro passo houve uma combinação “E” dos sinais a1, b1 e c1. Além disso, existe o sinal
“St”. Este sinal é um simples botão NA acionado pelo operador do sistema.
A implementação dessa lógica em um CLP exige um programa específico que processe as solu-
ções indicadas na Tabela 3.3. Os sinais dos sensores de posição devem alimentar as portas de entrada
digital do CLP. As portas de saída digital devem alimentar os solenoides das válvulas direcionais.
Elementos de Automação 63
É evidente que existem métodos que possibilitam a solução de automatismos mais comple-
xos que este apresentado. Dois métodos são considerados clássicos: método da sequência máxima e
método da sequência mínima. Eles não serão tratados neste texto.
3.4 Manipuladores
Manipuladores são dispositivos mecânicos que procuram imitar os movimentos do braço
humano. Tecnicamente são denominados braços articulados. No ambiente industrial, o manipulador
costuma ser denominado braço robótico quando os movimentos são automáticos e programáveis.
Esses braços robóticos muitas vezes são tratados como robôs industriais.
Existem várias definições para robôs industriais. A seguir, são reproduzidas as duas considera-
das mais importantes.
»» RIA (Robotic Institute of America): um robô é um manipulador reprogramável, multifun-
cional, projetado para mover materiais, peças, ferramentas ou dispositivos especiais em
movimentos variáveis programáveis para a realização de uma variedade de tarefas.
»» ISO 8373: manipulador automaticamente controlado, reprogramável, multipropósito, pro-
gramável em três ou mais eixos, que pode ser fixo ou móvel para uso em aplicações de
automação industrial.
Os robôs industriais consistem em um manipulador mecânico, sensores e um controlador ele-
trônico de seus movimentos. Os robôs serão tratados no Capítulo 5. Por ora, o interesse é exclusivo
nos manipuladores.
O manipulador tem uma estrutura mecânica com base, juntas (ou articulações), ligações (ou
elos), atuadores e ferramentas para manipulação de objetos. A Figura 3.27 mostra uma representa-
ção esquemática de um manipulador simples.
Junta
Elo
Elo
Junta
Elo
Base
Um manipulador industrial típico apresenta cinco ou seis juntas, lineares ou rotativas. O movi-
mento do manipulador é resultante da composição dos movimentos das juntas. Os movimentos
básicos das juntas são dos seguintes tipos:
Entrada Saída
Movimento da junta
Ortogonal (O)
Entrada
Saída
Movimento da junta
Torção (T)
Entrada Saída
Movimento da junta
Rotacional (R)
Entrada Saída
Movimento da junta
Revolvente (V)
Entrada
Saída
Os manipuladores são classificados de acordo com sua configuração física. Essa configuração
define o formato geométrico de um envelope envolvente do manipulador. Cada configuração tem
movimentos próprios dos braços. Existem quatro configurações básicas que são descritas a seguir.
Existem outras configurações que não serão tratadas aqui.
»» Configuração cartesiana: o manipulador é capaz de deslizar pelos três eixos de um sistema
de coordenadas cartesianas (x, y e z). Seu braço pode alcançar qualquer ponto no interior de
um cubo envolvente.
Elementos de Automação 65
»» Configuração cilíndrica: o corpo de manipulador é uma coluna que pode girar no sentido
horário ou anti-horário pelo movimento da base. Os braços podem deslizar na horizontal
e na vertical. Seu braço pode alcançar qualquer ponto no interior e um cilindro envolvente.
»» Configuração polar: essa configuração também é denominada esférica. O corpo do mani-
pulador é vertical sobre uma base girante. O braço é do tipo telescópico e está pivotado na
coluna. Seu braço pode alcançar qualquer ponto no interior de uma esfera envolvente.
»» Configuração articulada: é a configuração que mais se aproxima do braço humano. A base
é giratória. Existe uma ligação pivotada na base, como se fosse o antebraço. O braço pro-
priamente dito é pivotado neste último. Seu braço pode alcançar um envelope envolvente
quase esférico.
A Figura 3.29 mostra uma representação dessas configurações básicas. Existem outras configu-
rações que não serão tratadas aqui, como a configuração SCARA, por exemplo.
Até agora o manipulador só movimentou o seu braço. Para que ele execute algum trabalho efe-
tivo é necessário adaptar algum dispositivo na extremidade desse braço. Esses dispositivos podem ser
para manuseio de objetos ou ferramentas. Entre esses dispositivos podem ser citados como exemplos:
garras mecânicas, garras magnéticas, vários outros tipos de garras, pinças para solda a ponto, pinças pa-
ra tochas de corte ou solda, pistolas de pintura e diversos tipos de ferramentas, inclusive rotativas.
Os dispositivos acoplados na extremidade do braço precisam desenvolver uma sequência de movi-
mentos e posições para a execução das suas tarefas. Para isso, existe o punho do braço do manipu-
lador, que pode ter movimentos próprios. O termo punho se deve à extensão do braço humano.
A denominação correta é efetuador. Os dispositivos de trabalho são acoplados ao efetuador.
Uma característica importante dos manipuladores para aplicação robótica se refere aos “graus
de liberdade”. Os graus de liberdade determinam os movimentos do manipulador para o adequado
posicionamento do efetuador. Cada grau de liberdade define um movimento. O movimento ao longo
de um eixo define um grau de liberdade, por exemplo. Uma junta define um ou dois graus de liber-
dade. Um manipulador pode ter até seis movimentos ou graus de liberdade. Para ser considerado
manipulador são precisos pelo menos três graus de liberdade. Os seis movimentos básicos consistem
em três movimentos do corpo e braços e três do efetuador, conforme detalhado a seguir.
»» Movimentos dos braços
Vertical transversal: o braço é movimentado para cima ou para baixo por deslizamento
vertical ou por pivotamento em relação ao eixo horizontal.
Radial transversal: extensão (avanço) ou retração (recuo) do braço.
Fique de olho!
A Figura 3.30 mostra uma representação esquemática dos seis movimentos básicos, ou dos seis
graus de liberdade de um manipulador para fins robóticos.
Vertical Rotacional
Arfagem
Radial
Punho
Rolamento
Guinada
Todos esses movimentos são executados por atuadores. Existe um atuador para cada movi-
mento. Como visto no item anterior, esses atuadores podem ser elétricos, hidráulicos ou pneumáti-
cos. Um resumo das características de cada um é apresentado a seguir.
»» Atuadores elétricos: normalmente são utilizados motores de passo e servomotores. Os
servomotores são preferíveis porque propiciam movimentos mais precisos e suaves, conti-
nuamente controláveis. São limitados em termos de força e conjugado.
»» Atuadores hidráulicos: possibilitam valores elevados de velocidade, força e conjugado.
Podem substituir os atuadores elétricos em ambientes com riscos de incêndio e explosão,
como cabines de pintura. Não devem ser utilizados em ambientes que exijam muita limpeza.
»» Atuadores pneumáticos: oferecem menor precisão que os hidráulicos. A capacidade de
força e conjugado é mais baixa que os hidráulicos, porém são mais baratos. São mais apli-
cados em manipuladores pequenos com poucos graus de liberdade.
Como mencionado anteriormente, um robô industrial é uma combinação de manipulador,
sensores e controlador. Esse assunto será tratado no Capítulo 5.
Elementos de Automação 67
Vamos recapitular?
Você viu que existem dois tipos de controle: discreto e contínuo. O controle discreto é mais utili-
zado em indústrias de fabricação. O controle contínuo é mais comum na indústria de processos. Ambos
os tipos de controle podem ser de malha aberta (sem realimentação) ou fechada (com realimentação).
O controle automático visa acionar os atuadores após o processamento das informações envia-
das por sensores, de modo que as variáveis do processo fiquem com seus valores dentro de uma faixa
próxima do valor desejado (setpoint) para o caso de controle contínuo, ou com estados desejados para o
caso do controle discreto.
Os sensores também são discretos ou contínuos, ou seja, digitais ou analógicos. Eles servem para
medir as variáveis do processo. Para que os sinais dos sensores possam alimentar os controladores eles pre-
cisam ser condicionados adequadamente. Isso envolve a transdução da grandeza para uma forma de sinal
elétrico, conversão desse sinal elétrico para o padrão de entrada do controlador, e a transmissão de acordo
com o protocolo de rede. Normalmente, os sinais analógicos são digitalizados por conversores A/D e D/A.
Os atuadores são essencialmente motores elétricos (indução, DC, de passo e síncrono), hidráu-
licos (lineares e rotativos) e pneumáticos (lineares, rotativos, oscilantes, garras, ventosas e outros). Os
atuadores fornecem a energia mecânica de intervenção no processo. Exemplo: liga/desliga, avança/recua,
gira horário/anti-horário, varia velocidade etc. Aos atuadores estão acoplados máquinas, ferramentas,
dispositivos de movimentação, obturador de válvulas etc.
O manipulador é um tipo particular de atuador complexo. Ele procura imitar os movimentos do braço
humano. Quando os movimentos do manipulador são programados e controlados tem-se o robô industrial.