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FUNDAÇÃO ESCOLA TÉCNICA LIBERATO SALZANO VIEIRA DA CUNHA

CURSO TÉCNICO DE QUÍMICA


DISCIPLINA: Análise Química II
PROFESSORA: Fabrina Bentlin

Radiação eletromagnética
Radiação eletromagnética e sua interação
com a matéria
Espectroscopia é a ciência que trata das interações da radiação eletromagnética
com a matéria.
Espectrometria trata das medidas quantitativas da intensidade da radiação
eletromagnética por um detector fotométrico em um ou mais comprimentos de
onda.
Espectrofotometria: é qualquer processo que utiliza a luz para medir as
concentrações químicas.
Espectrometria molecular trata das medidas óticas de espécies moleculares no
estado vapor, liquido ou sólido.
Espectrometria atômica trata das medidas envolvendo espécies atômicas livres
que estão geralmente no estado de vapor.
Propriedades da radiação eletromagnética

Newton: no séc XVII descreveu de forma adequada o fenômeno da


decomposição da luz.

A luz branca era uma mistura de cores que podiam ser separadas em um prisma.
Cada uma das quais é pura, ou seja, não pode ser separada em outras.

A teoria que descreve melhor os fenômenos da interação da luz com a


matéria, faz uso da mecânica quântica (dualidade onda-partícula).

A luz se comporta como:

Onda: em fenômenos como difração, reflexão, refração, interferência.


Partícula: em fenômenos como absorção e emissão de energia
Interferência: quando duas ou mais ondas se cruzam
em um ponto qualquer. Pode-se ter interferência
construtiva (ângulo de 0°, 360°) ou interferência
destrutiva (180°).
Difração: processo que ocorre em um feixe paralelo de
radiação quando passa por uma fenda ou orifício.
Refração: é observada quando a radiação atravessa, com um
dado ângulo, uma interface entre dois materiais de
densidades diferentes.

O desvio se afasta da normal quando um feixe passa de um


meio mais denso para um menos denso
Representação de um feixe de radiação monocromática e
plano-polarizada.
(a) Campos elétrico e magnético em propagação ortogonal.
(b) Representação bi-dimensional do vetor do campo elétrico.
λ = comprimento de onda (distância entre 2 máximos)

f = frequência: é o numero de oscilações (ciclos) completos


que a onda faz a cada segundo.

A unidade de frequência é o segundo recíproco, s-1.


Uma oscilação por segundo também é chamada de Hertz
(Hz).

Logo: f = 106 s-1 = 106 Hz ou 1 MHz (1Hz = 1 oscilação/s)


Relação entre ν e λ : frequência e comprimento de onda

C = λ. f C= velocidade da luz no vácuo.


C= 2,998 x 108 m/s ou 3,0 x 108 m/s

OBS: em outro meio que não o vácuo, a velocidade da luz no


meio é dada por:

V luz (outro meio) = C(vácuo) / n

Onde n= é o índice de refração do meio


Em um meio qualquer da velocidade da radiação (C) é
menor do que no vácuo, em virtude da interação do campo
eletromagnético com o meio.
Com relação à energia, é mais conveniente pensar na luz
como partícula (fótons). Cada fóton transporta a energia, E,
dada por:
E=hf
Onde h = constante de Planck = 6,626 x 10-34 J.s
A energia de um fóton E é proporcional a sua frequência (v).

Como:
f = C/ λ e E = hv, substituindo a frequência (v):
E = h C/ λ
1 / λ = ʋ que é o numero de onda = m-1 ou cm-1, metro
recíproco ou centímetro recíproco.
Substituindo tem-se : E = h C ʋ
Principais regiões do espectro eletromagnético

Região Energia λ λ metros Frequência Transições


(KJ/mol) unidades (Hz) atômicas ou
usuais moleculares
Raio X 1,2 x 107 a 10-2 – 102 Ǻ 10-12 – 10-8 1020- 1016 Quebra de
12000 ligação e
ionização
Ultravioleta 12000 – 10 – 400 10-8 – 4 x 10-7 1016- 1014 Excitações
310 nm eletrônicas
Visivel 310 - 150 400 – 750 4 x 10-7- 7,5 x 1014 – Excitações
nm 7,5x10-7 4 x 1014 eletrônicas
Infravermel 150 – 0,12 0,80 – 7,5x10-7 – 10- 4 x 1014- 1011 Vibrações
ho 1000 um 3 moleculares
Micro-ondas 0,12 – 0,1 – 100 10-3 - 1 1011 – 108 Rotações
0,0012 cm moleculares
Ondas rádio < 0,0012 1 – 1000 m 1 - 103 108 - 105
Tabela Cores da luz visível
A luz branca contém todas as cores do arco-íris
A cor observada é chamada complementar da cor absorvida

Comprimento de onda de Cor absorvida Cor observada


máxima absorção (nm)
380-420 Violeta Verde-amarelo
420-440 Violeta-azul Amarelo
440-470 Azul Laranja
470-500 Azul-verde Vermelho
500-520 Verde Roxo
520-550 Amarelo-verde Violeta
550-580 Amarelo Violeta-azul
580-620 Laranja Azul
620-680 Vermelho Azul-verde
680-780 Roxo verde
Interação da luz com a matéria
Absorção e emissão

Fonte: Rev. Bras. Ensino Fís. vol.34 no.2 São Paulo Apr./June 2012
Transmitância, Absorbância e Lei de Beer

Quando a luz (monocromática) incide sobre um meio homogêneo uma parcela da


luz (Io) que incide é refletida, uma outra parcela é absorvida no meio e o restante
é transmitido.

T = I / Io

A transmitância medida no laboratório é a fração da luz incidente que emerge do


outro lado da amostra. A transmitância varia de 0 a 1:
Será 0 quando a amostra absorver toda a luz incidente

Absorbância: é a medida de energia que foi absorvida


A=log Io/I = - log Io/I = - log T

A = - log T

Quanto maior a absorbância, menos luz é transmitida através da amostra


Absorbância é proporcional a concentração das moléculas que absorvem luz
na amostra, conforme expressa a Lei de Beer:

A = εbC

Onde: A = absorbância (adimensional)


C = concentração da espécie (mol/L)
b = caminho ótico ou comprimento do percurso (cm)
ε = absortividade molar (L mol-1 cm-1) constante

A absortividade molar nos diz o quanto de luz é absorvida em um dado


comprimento de onda.

A absorbância é uma medida de intensidade da cor (para espécies que


absorvem no visível). Quanto mais intensa a cor, maior é a absorbância.
Limitações da Lei de Beer

As condições que devem ser respeitadas para o cumprimento da


Lei de Beer são:
a) luz monocromática, comprimento de onda determinada.
b) meio homogêneo, ou seja, de igual índice de refração em
todas as direções.
c) ausência de reações indesejáveis entre moléculas do soluto e
moléculas do solvente.
d) soluções diluídas (< 0,01M)

Em soluções concentradas, as moléculas do soluto influenciam


umas às outras como resultado de sua proximidade.
A partir dessas condições é possível deduzir alguns tipos de
desvios sofridos pela Lei de Beer:

a) os desvios químicos capazes de provocar variação da


concentração da espécie absorvente em solução ocorrem devido a:
* interações química do soluto:
*mudanças do índice de refração com a concentração.
*variações no pH.
* pureza e estabilidade dos reagentes.
*temperatura na qual se forma a cor.

b) haverá desvios instrumentais quando ocorrer:


*uso de radiação policromática.
*uso de tubos de vidro comuns ao invés daqueles especialmente
fabricados para o instrumento.
*poeira no sistema.
Espectrometria de absorção nas
regiões do ultravioleta e visível
A luz proveniente da fonte de radiação passa pelo monocromador ou filtro,
onde acontece a seleção do comprimento de onda desejado.

A luz neste comprimento de onda, com intensidade de luz incidente Io,


atinge a amostra. Essa amostra está numa cubeta de espessura b. A
intensidade de luz transmitida do feixe que emerge do outro lado é I.

Uma parte da luz pode ter sido absorvida pela amostra logo, I< Io.

Há perdas da luz por reflexão e dispersão durante a passagem de Io para


I (intensidade de luz transmitida) na amostra (cubeta).
Características gerais de um instrumento de UV-Visível

Os instrumentos espectroscópicos comuns têm cinco componentes:

1.Fonte de radiação: Emitir uma radiação contínua que contenha todos os


comprimentos de onda dentro da faixa espectral de interesse (200 a 800 nm).
As fontes de radiação mais usadas na região do UV são o tubo de descarga de
hidrogênio, a lâmpada de deutério e lâmpada de filamento de tungstênio.

2 Seletores de comprimento de onda: Dois tipos de seletores de comprimento


de onda são empregados: filtros e monocromadores.

3. Recipiente para conter a amostra


Normalmente empregam-se cubetas de vidro ou quartzo. A cubeta mais utilizada é
a de 1,0 cm. Existem, porém, cubetas de 0,1 cm a 10 cm, dependendo da
necessidade da análise. As cubetas para a região visível podem ser de vidro (ou de
plástico transparente no caso de soluções aquosas), mas para a região abaixo de
330 nm precisam ser utilizadas cubetas de quartzo ou de sílica fundida.
Figura : cubetas de quartzo

Cuidados:
Impressões digitais, gordura ou outros depósitos nas paredes alteram
significativamente as características de transmissão de uma célula.
A limpeza é feita com uma mistura de água e acetona. Células não podem ser
secas em estufa, pois pode haver mudanças no caminho óptico.
4. Detector de radiação
O detector é a parte do equipamento que recebe a energia radiante transmitida
através da solução e transforma em energia elétrica.

5. Processador e um dispositivo de saída.


Dispositivos utilizados para a medida do sinal podem ser simples mostradores
analógicos ou digitais. A maioria dos espectrofotômetros, possuem computadores
acoplados com programas especiais próprios para o tratamento dos dados.20
Aplicações da Espectrometria de absorção
molecular no UV-Visível
Determinações diretas de espécies orgânicas e inorgânicas coradas ou
convertidas em espécies coradas. Exemplo: Fe, Co, Mn, Mo, SCN-, I-, entre outros.
Metodologia Analítica:
a)protocolo de condições de análise:
- seleção do comprimento de onda
-estudo de variáveis: como a natureza do solvente, pH, temperatura, presença de
interferentes.
-limpeza e manutenção das células
b) curva de calibração
-preparação de padrões (cobrir a faixa de concentrações)
- composição real da amostra.
Cálculo equação de reta

y = ax + b

a= coeficiente angular
b= coeficiente linear

a = n(Σxy) - Σx Σy
n(Σx2) – (Σx)2

b=y–ax
Determinação espectrofotométrica simultânea

A determinação espectrofotométrica simultânea de dois componentes, tem como base o


fato de cada centro absorvente atua independentemente sobre a radiação. Isso significa que a
Lei de Beer pode ser estendida a mistura de vários componentes.
Seja um sistema com dois componentes, 1 e 2, a absorbância total, para um certo
comprimento de onda é:
Atotal = A1 + A2 + ...........+ An
Atotal = ε1 b c1 + ε2 b c2 +........+ εn b cn
Se b, a espessura da cubeta, que contem os dois componentes absorventes é constante e
igual a 1 tem-se:
Atotal = ε1 c1 + ε2 c2

As absortividades molares podem ser determinadas, experimentalmente, a partir de


soluções-padrão individuais dos componentes 1 e 2.
Para que se possa determinar as concentrações desconhecidas, são necessárias duas
equações, medindo-se a absorbância para dois comprimentos de λ1 e λ2. Assim:

Aλ1 = (ε1)λ1 c1 + (ε2)λ1 c2


Aλ2 = (ε1)λ2 c1 + (ε2)λ2 c2

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