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Universidade Federal Fluminense.

Instituto de Saúde da Comunidade.


Departamento de Saúde e Epidemiologia.
Disciplina de Bioestatística aplicada à Farmácia.

RELATÓRIO ESTÁTISTICO DA BASE DE DADOS


DE CÂNCER DE PÂNCREAS

Niterói, 29 de julho de 2016.


1. INTRODUÇÃO

Câncer é o nome dado ao crescimento desordenado de células. Estas células se


dividem rapidamente e formam tumores malignos, invadindo tecidos e órgãos de forma
rápida e agressiva. As causas de câncer são variadas, podendo estar inter-relacionadas.
As causas podem ser do meio ambiente, hábitos ou costumes próprios de um ambiente
social e cultural e fatores geneticamente pré-determinadas. Esses fatores causais podem
interagir aumentando a probabilidade de transformações malignas nas células normais.
As células endócrinas e exócrinas do pâncreas formam tipos diferentes de tumores,
cada qual com suas particularidades. O câncer de pâncreas mais comum é o
adenocarcinoma, um tumor exócrino. Os tumores endócrinos são raros. Em ambos os
tipos, o diagnóstico costuma ser tardio devido à dificuldade na detecção dessas
neoplasias e, consequentemente, a taxa de mortalidade é elevada.
Raro antes dos 30 anos, torna-se mais comum a partir dos 60 anos. Segundo a União
Internacional Contra o Câncer (UICC), os casos da doença aumentam com o avanço da
idade: de 10/100.000 habitantes entre 40 e 50 anos para 116/100.000 habitantes entre 80
e 85 anos. A incidência é mais significativa em homens. No Brasil, é responsável por
cerca de 2% de todos os tipos de câncer diagnosticados e por 4% do total de mortes por
essa doença.
Entre os fatores de riscos que podem tornar uma pessoa mais propensa a
desenvolver câncer de pâncreas estão o tabagismo, obesidade, idade, gênero,
hereditariedade e síndromes genéticas, diabetes, problemas de estômago, pancreatite
aguda e a dieta adotada. No entanto a pessoa pode adquirir a neoplasia sem ser exposta
aos fatores de riscos ou o contrário. É difícil saber o quanto um determinado fator
contribuiu no desenvolvimento da doença, por isso cada caso deve ser analisado.
O estudo estatístico de indicadores epidemiológicos é importante para entender
melhor a influência desses fatores é importante para entender melhor a influência desses
fatores. Esse trabalho tem como objetivo analisar e observar a relação ou não dos dados
referentes ao câncer de pâncreas, sexo, idade, peso, tabagismo e consumo mensal de
café com a neoplasia em questão.

2. ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS DADOS


O estudo em analise observou num intervalo de 12 anos um grupo de 456 pessoas,
inicialmente saudáveis para verificar quais características estavam associadas ou não a
uma maior chance de desenvolver câncer de pâncreas. Na amostra observada, 220
pessoas não desenvolveram câncer de pâncreas enquanto 236 pessoas desenvolveram,
de acordo com o gráfico abaixo.

DESENVOLVIMENTO DO CÂNCER DE
PÂNCREAS
240

235

230
236
225

220

215
220

210
Sim Não

Nessa amostra, houve 213 indivíduos do sexo masculino, correspondendo a 46,71%


da população e 243 do sexo feminino, representando 53,29%. O gráfico a seguir
demonstra esse comportamento:

DISTRIBUIÇÃO DOS INDIVÍDUOS POR SEXO

46,71%

53,29%

Feminino Masculino

2.1. CÂNCER DE PÂNCREAS E SEXO


Na literatura, homens são mais propensos a desenvolver câncer de pulmão do
que as mulheres. A influência do sexo no desenvolvimento ou não de câncer de
pâncreas no estudo em questão encontra-se demonstrada no gráfico e na tabela
abaixo. Observa-se que 52.3% das mulheres desenvolveram o câncer enquanto uma
proporção menor, 50,7% dos homens desenvolveram o câncer de pâncreas, o que
contradiz os dados encontrados na literatura.

PROPORÇÃO DE INDIVÍDUOS, POR SEXO, QUE


DESENVOLVERAM OU NÃO CÂNCER DE PÂNCREAS

FEMININO 47,3% 52,3%

MASCULINO 49,3% 50,7%

0 50 100 150 200 250 300

NÃO DESENVOLVERAM CÂNCER DE PÂNCREAS


DESENVOLVERAM CÂNCER DE PÂNCREAS

A fim de se verificar se o sexo possui ou não relação ao desenvolvimento da


doença, como pode-se observar pelos dados acima, formulou-se duas hipóteses, a
hipótese nula H0 em que o sexo não está associado ao desenvolvimento do câncer e a
hipótese alternativa Ha segundo a qual há uma associação entre sexo e o
desenvolvimento de câncer de pâncreas. Em seguida, realizou-se um teste de hipótese
Qui-Quadrado, no intuito de admitir ou rejeitar a hipótese nula (H0) e,
consequentemente, admitir ou rejeitar a hipótese alternativa (Ha).

O teste utilizado foi o de Pearson, pois como é possível perceber, na tabela, não
há valores menores que cinco ou nulos para os dados analisados. A partir do teste,
verificou-se que a hipótese nula é verdadeira e rejeitou-se a hipótese alternativa pois
resultado encontrado foi de 0.17654, um valor maior que o aceito na tabela Qui-
quadrado com grau de liberdade 2. Dessa forma, conclui-se que não há relação entre as
variáveis “sexo” e “desenvolvimento de câncer de pâncreas”.
Para tal conclusão utilizou-se, como dito anteriormente, Pearson χ2 = Σ [ (O -
E)2
/E], na qual “O” é a frequência observada para cada classe, e “E” a frequência esperada
para aquela classe. O valor da frequência observada na amostra encontra-se na tabela 1.
Os valores esperados, caso a probabilidade de cada sexo desenvolver câncer de pâncreas
de formas iguais fosse igual a 51,75% para cada sexo; e a probabilidade de ambos os
sexos não desenvolverem a doença igualmente com probabilidade de 48,25% estão
representados na tabela 2. Na tabela 3, encontra-se os valores calculados pela formula
de Pearson, resultando em χ2.
X²= ∑ (VO-VE) ²/ VE = 0,0403 + 0,0451 + 0,0432 + 0,0484 = 0, 17654

Graus de liberdade= (número de colunas -1) x (número de linhas – 1) = 1

P (X² (1) >0,17654/ H0 é verdadeira) = 0.6744

Dessa forma, H0 é aceito e conclui-se que não há relação entre as variáveis em


questão. Apesar de na literatura haver referências de que há uma correlação entre o sexo
e o desenvolvimento de câncer de pâncreas, na amostra do estudo analisado, essa
relação pelo teste Qui-quadrado não foi encontrada.

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