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Antropologia Brasileira

CESARINO, Letícia. Como vencer uma eleição sem sair de


Prof. Drª. Marina Mesquita casa: a ascensão do populismo digital no Brasil. Internet &
Aluno: Paulo Ênio de Sousa Melo.
Sociedade. n. 1, fev., v. 1, pag. 92-120, 2020.
Resumo: Ascensão do populismo – desde a eleição de Donald Trump - nos EUA,
aumentou o debate público e acadêmico sobre a temática dos populismos. Letícia
Cesarino pesquisa o contexto brasileiro por dez meses na experiência eleitoral de
2016 a 2018, em redes socias bolsonaristas, por meio de uma Antropologia
Digital, memética, teoria de sistemas e cibernética para explicar ascensão de um
certo tipo de populismo: populismo digital no Brasil.

Populismo digital Contextos:


Brasil: ascensão do bolsonarismo (2016-2018);
Internacional - 2016 - Elições dos E.U.A - Donald Trump;

Conceitos auxiliares trabalhado na pesquisa: Populismo clássico,


populismo digital, Memética, Cibernética, Fake News, Antropologia digital;

Inspiração teórica: combina a teoria de Laclau e Mouffe com elementos


Metodologia: Uso de dados quantitativos
da cibernética e teorias de sistemas. “[...] teoria do populismo de Ernesto
Laclau e Chantal Mouffe, que constitui a base para a análise discursiva para os dados e vídeos, memes, fake news
do conteúdo digital coletado. A terceira introduz elementos da teoria para explicação do tipo cibernética,
antropológica e teorias de sistemas para construir um argumento pela quantitativo, porém diverso do modo
especificidade do populismo em sua versão digital. Contra esse pano de positivista. Análise de padrões
fundo teórico, apresento, através de uma análise da memética circulada metacomunicativos que influênciaram os
durante a campanha, cinco funções metalinguísticas básicas que cobrem brasileiros no voto.
praticamente todo o conteúdo coletado: i. fronteira antagonística amigo-
inimigo; ii. equivalência líder-povo; iii. Mobilização permanente através
de ameaça e crise; iv. espelhamento do inimigo e inversão de acusações;e
v. produção de um canal midiático exclusivo.” (p.94)

Populismo digital e a perspectiva cibernética:


Uso de plaformas digitais: [...] redes digitais “Durante a campanha, a eficácia flutuante do “kit
bolsonaristas: sobretudo no próprio WhatsApp, gay” foi especialmente reveladora desse aspecto:
mas também em outras plataformas às quais o qualquer um podia cortar, colar, montar (gravar um
conteúdo circulado no aplicativo remetia, como vídeo, um áudio) e compartilhar sua própria versão
caseira desse signo do inimigo. Nas redes
sites alternativos de notícias, vídeos no
bolsonaristas, o kit gay circulou como puro
YouTube, posts no Facebook ou Twitter. (p.96)
significante (no sentido de Saussure), a ponto de
perder qualquer conexão com um referente concreto.
O populismo digital, por meio das redes sociais, tem grande Ninguém nunca viu o kit gay original, e, não
influência na decisão dos elitores. A expertise dos grupos obstante, enquanto significante flutuante ele produziu
bolsonaristas usaram de contextos midiáticos para constuir sentidos efeitos reais sobre o eleitorado (Kalil et al., 2018).
e significados que contribuiram para campanha de um candidato (p.102)”
autoritário.

Letícia Cesarino investigou o fenômeno da ascensão do populismo digital. Conclui que foi positivo para os bolsonaristas que sabiam da influência das
bolhas criadas em grupos pró-bolsonaro. Com a análises dos dados por meio do estudo dos memes, através da memética, e com a noção de linguagem
metacomunicativa contribuiu para incluir novas questões para se pensar o aspecto digital do populismo. isto é, uma análise que chega a traçar caminhos
para pensar sobre um populismo digital nas atuais sociedades complexas. Além disso, apresenta sentido para pensar em como melhorar e, até mesmo, em
como manter a democracia em sociedades que opera os simbolos da era digital (vídeos, memes, compartilhamentos, fake news etc.)

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