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Para o professor e historiador João Cezar de Castro Rocha, "nunca
estivemos em uma situação tão grave na história da República"
(foto: Rogerio B. Huss/Flip - )
Bertha Maakaroun
Nas décadas iniciais do século 21, o grande fenômeno político foi o avanço
transnacional da extrema-direita pelo voto, empregando as mesmas
narrativas retóricas. Não se trata mais de uma extrema-direita que
conquista poder pela botina e pelo tanque, mas que, na primeira eleição,
chega ao poder seduzindo o eleitorado e conquistando corações e mentes.
Uma vez no po- der, a extrema-direita passa a enfraquecer e corroer as
instituições democráticas. É a mesma estratégia de argumentação e
conteúdo que foi usada por Rodrigo Duterte, nas Filipinas; por Donald
Trump, nos Estados Unidos; por Viktor Orbán, na Hungria; por Andrzej
Duda, na Polônia; por Jair Bolsonaro, no Brasil. Então, existe certo nível de
coordenação. Steve Bannon, antes de ser preso por ter feito rachadinha ou
rachadão com dinheiro arrecadado numa campanha chamada We build the
wall, criou o The Movement, uma espécie de internacional da extrema-
direita. Viajou a vários países da Europa fazendo seminários e conhecendo
lide- ranças jovens para organizar ações combinadas e programadas. A
extrema-direita transnacional conta com apoio maciço das
megaplataformas e do capital internacional. Por que ela tem sido tão
poderosa nas duas primeiras décadas do século 21? Porque aprendeu a
combinar o incombinável: a verticalização com a horizontalidade. Combina
uma estrutura das redes digitais que, na aparência do exercício cotidiano, é
horizontal, mas é verticalizada tanto na produção do conteúdo quanto na
configuração dos algoritmos que definem o seu alcance. Essa é a força da
extrema-direita no mundo e da extrema-direita bolsonarista. Hoje, o
:
bolsonarismo, assim como a extrema-direita transnacional, criou uma
profissão: o MEI (microempreendedor ideológico): há muitas pessoas
ganhando dinheiro com radicalização política em seus canais no YouTube.
O Brasil vive uma situação grave, nunca estivemos numa situação tão
grave na história da República. E a analogia final que faço: estamos hoje no
Brasil em 1913, o ano do filme “A fita branca”, que retrata a futura geração
que viverá a ascensão do nazismo. Estamos vendo pessoas que conhecemos
e respeitamos, e ja mais imaginamos que pudessem ser cúmplices de um
projeto totalitário de poder. O Brasil precisará de pelo menos uma década
para tentar remediar o malefício causado pelo ensinamento da retórica do
ódio e da ló gica da refutação de Olavo Carvalho, que tornam o debate
impossível. Vamos enfrentar dezenas de milhões de brasileiros e
brasileiras enredados numa rea lidade paralela. Vamos ter de trabalhar
muito.
(É realizações, 2017)
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