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5⁰ SIALAT

Seminário Internacional América Latina e Caribe

Universidade Federal do Pará

L U A N A R A G A B R I E L LY D A S I LVA R I B E I R O ( P P G S A / U F PA )

PA Í S D E O R I G E M : B R A S I L ( B R A Z I L )

GT 01: DEMOCRACIA E CONJUNTURA POLÍTICA NA AMÉRICA


L AT I N A

O D I A R PA R A P O L A R I Z A R : U M A A N Á L I S E D A P O L A R I Z A Ç Ã O N A
S O C I E D A D E B R A S I L E I R A A PA R T I R D E U M A P O L I T I Z A Ç Ã O
DAS EMOÇÕES NO PROJETO DE PODER POLÍTICO DE JAIR
BOLSONARO E SEUS SEGUIDORES
Introdução

Como o uso político do ódio no Brasil se tornou um elemento que gera


polarização na sociedade ?

Projeto socio-político de Bolsonaro e seus seguidores (ideologia do Bolsonarismo)

Objetivo principal: fragilizar e desmontar a democracia brasileira com a


polarização de forma interna ( Jair na presidência de 2018 à 2022)e na forma
externa porque a vitória de Bolsonaro pode ser interpretada como parte de uma
guerra híbrida contra o Brasil para alinhar o país totalmente aos Estados Unidos.

Ponto de partida: discursos de ódio nas redes sociais de canais bolsonaristas do


You Tube
Metodologia

Aplicação do interacionismo simbólico adaptado as investigações sobre canais


bolsonaristas.

Objetivo: verificar se o ódio é um padrão comunicacional que ocorre quando o modo


de expressar está relacionado com o bolsonarismo analisando os discursos de ódio:

“ É uma cultura emocional dada, e especificamente de um tempo e de um espaço


determinado, que provê os indivíduos nela inseridos com conceitos simbólicos,
linguísticos e comportamentais com os quais dão sentido às próprias emoções.”
( KOURY,2004, p.11)
Nos discursos de ódio desses canais existia uma gestão política das emoções onde a
emoção era usada para atender os objetivos do bolsonarismo como é o caso do ódio.

Dois conceitos chaves (gestão):

Conceito de energia emocional (Randall Collins): as emoções mobilizam os


indivíduos de um grupo formando laços sociais entre eles conforme compartilham um
discurso de ódio por exemplo onde a energia emocional do ódio é acionada para gerar
consensos, tomar iniciativas e cria um senso de pertencimento à um grupo ( Ritual de
interação )

Cultura afetiva (David Breton): a emoção tem valores e significados culturais, ou


seja, tem uma dimensão social e não somente uma expressão individual. Por isso
podemos falar de uma cultura de ódio por exemplo que pode marcar a sociedade na
qual o indivíduo está imerso.
O que ocorre nesses canais?

Energia emocional do ódio é liberada nos discursos dos canais do You Tube onde a
comunicação digital se torna um ritual de interação.

Ódio é mobilizado para unir os indivíduos em torno de objetivos comuns com a


manipulação política dessa emoção no bolsonarismo.

Ligações emocionais entre os membros do grupo forma uma cultura afetiva do ódio.

Ciberpopulismo (André Bruzzone): grupos que se apossam do poder político


usando como ferramenta básica propagandas baseadas em algoritmos. Existe uma
relação entre ódio e autoritarismo nesses grupos que ajuda na polarização.
Exemplos de canais bolsonaristas do You Tube
A polarização pelo ódio

Bolsonarismo como neofacismo : pela cultura do ódio que marcou os regimes


totalitários do século XX e ambos são caracterizados por uma gestão política do ódio:

“[...] Assim como no facismo europeu da primeira metade do século XX, também em
nosso facismo comum, são fundamentais as relações entre o pensamento e as
experiências de ódio [...].” (GENTILE; PIOVEZANI,2020, p.45)

Falhas nas democracias contemporâneas: modelo liberal de democracia. Espaço


para líderes e governanças autoritárias caracterizadas pela tentativa de concentração
de poderes na presidência .
Polarização como luta contra a figura do inimigo divide a sociedade entre “nós” e
“eles” conforme o bolsonarismo usa uma linguagem que polariza e permite a morte e
o extermínio do Outro como política do direito ao ódio e o ódio como exercício
legítimo da política.

Como a figura do inimigo é construída na linguagem neofacista?

Papel da Propaganda: Principalmente, nas redes sociais adapta o autoritarismo


para um ciberautoritarismo onde a imagem do inimigo fortalece a identidade entre os
bolsonaristas e desumaniza o Outro pela retórica do ódio .

Imaginário da destrutibilidade social (Sémelin): destrói e, ao mesmo tempo,


constrói laços sociais conforme modela com palavras e imagens as emoções como o
ódio nos grupos e em cada indivíduo.
Como o imaginário constrói o inimigo? Exemplo do
nazismo na alemanha

1) Identificar: cartaz de 2) Separar, margina- 3) Eliminar: Entrada de


documentário sobre os lizar: Muro do Gueto Auschwitz
judeus de Varsóvia
A figura do inimigo no governo de Jair Bolsonaro: Povos Originários

Protesto contra a lei do Marco Temporal Criança Yanomami desnutrida


Apropriação da narrativa do passado : para polarizar e atacar o Outro é preciso
apresentá-lo como inimigo desde sempre e colocar o bolsonarismo como um triunfo
que vai eliminar os inimigos. Bolsonaro e seus seguidores por exemplo exaltam a
Ditadura Militar no Brasil que para eles foi necessário na luta contra o comunismo.

Falsificação de narrativas (fake news) : propaganda através aparelho


ciberpopulista bolsonarista se tornou uma fábrica de narrativas.

A linguagem neofacista vai criando uma sociedade polarizada pelo ódio onde
o Outro é um bode expiatório cujo sacrifício é necessário e permitido pelo
bolsonarismo por meio de um ódio autoritário (fora da internet) e
ciberautoritário ( dentro da internet).
O que é o ódio autoritário?

Ciberautoritarismo (sociedade de controle do final do século XX ao inicío do


século XXI...): adaptação do autoritarismo para o ciberespaço, tecnologias digitais,
modulação algorítmica, modulação da mente, subjetividades, gestão política do ódio.

Três dimensões do ódio autoritário:


1) Dimensão psíquica (conceito de tirania narcísica) : regime autoritário amplia o
chamado falo simbólico (poder de significação da linguagem), fortalece o desejo de
poder (autoridade despótica do Eu) sobre o Outro conforme fornece uma cosmovisão
para a vida política.

2) Dimensão discursivo- performática: Pela capacidade de projetividade o desejo


de poder da tirania narcísica é instrumentalizado pelo ciberautoritarismo, canalizado
para a sociedade e pode gerar atos de violência e discursos de ódio.

3) Dimensão estrutural: ódio autoritário penetra as instituições como um racismo


estrutural por exemplo que ampliado pelo bolsonarismo levou ao desmonte da
Fundação Palmares no governo de Jair.
Conclusão

Nos canais bolsonaristas, nossa capacidade de odiar foi instrumentalizada e, se


tornou um ódio autoritário através de uma gestão política das emoções que
polarizou a sociedade brasileira como parte da governança bolsonarista na
presidência do país.
Referências

ADORNO, Theodor W. Estudos sobre a personalidade autoritária. São Paulo:


Editora Unesp, 2019.

ARENDT, Hanna. Origens do Totalitarismo: anti-semitismo, imperialismo,


totalitarismo. São Paulo: Companhia das Letras, 1989.

AVRITZER, Leonardo; KERCHE, Fábio; MARJORE, Marona. (Orgs.). Governo


Bolsonaro: Retrocesso democrático e degradação política. Belo Horizonte:
Autêntica, 2021.

AVELINO, Joyce Souza Rodolfo; SILVEIRA, Sérgio Amadeu (Org.). A Sociedade de


Controle: Manipulação e modulação nas redes digitais. São Paulo: hedra, 2018.

KOURY, Mauro Guilherme Pinheiro. Introdução à sociologia da emoção. João


Pessoa: Manufatura, 2004.
GALLEGO, Esther Solano (Orgs.). O ódio como política: a reinvenção das
direitas no Brasil. São Paulo: Boitempo, 2018.

GENTILE, Emilio; PIOVEZANI, Carlos. A Linguagem Facista. São Paulo: hedra,


2020.

CHECCHIA, Marcelo A. Origens Psíquicas da Autoridade e do Autoritarismo.


Belo Horizonte: Editora Dialética, 2020.

CISLAGHI, Juliana Fiuza; DEMIER, Felipe (Orgs.). O neofacismo no poder (Ano I):
Análises críticas sobre o governo Bolsonaro. Rio de Janeiro: Consequência,
2019.

COLLINS, Randall. Interations Ritual Chains. Princeton University Press,2014.


OBRIGADO PELA ATENÇÃO!

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