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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ

INSTITUTO DE FILOSOFIA E CIÊNCIAS HUMANAS


FACULDADE DE CIÊNCIAS SOCIAIS

Livia Coelho Netto Affonso

Racionalidade neoliberal e a propaganda política da nova direita


brasileira nas redes sociais

Trabalho de Conclusão de Curso, apresentado


como requisito parcial para obtenção de grau
de Bacharelado em Ciências Sociais pela
Universidade Federal do Pará.
Orientadora: Profª. Dra. Patrícia da Silva
Santos

BELÉM - PA
2022

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Título: Racionalidade neoliberal e a propaganda política da nova direita brasileira nas
redes sociais
Neoliberal Rationality and brazilian new right’s political propaganda on social media
Livia Coelho Netto Affonso (UFPA)
Patrícia da Silva Santos (UFPA)

Resumo:
O objetivo deste artigo é analisar e interpretar o conteúdo disseminado por
influenciadores da extrema direita, destacando a racionalidade neoliberal e os ataques à
sociedade e à justiça social. Metodologicamente, foram sistematicamente observados e
analisados vídeos postados no Youtube por sete canais da nova direita brasileira.
Argumenta-se que há uma relação direta dos discursos dos youtubers com o pensamento
neoliberal de demonização do político, em que o Estado é representado como
inerentemente corrupto e antagônico a um mercado virtuoso. Outros aspectos da
racionalidade neoliberal foram identificados, como a valorização da autenticidade, a
busca pela monetização máxima dentro das plataformas digitais e a necessidade de
superprodução e superdesempenho do homo oeconomicus foucaultino, exemplificada
pelas numerosas tentativas de empreendedorismo com vendas de livros e cursos online.
Além disso, verifica-se que os discursos dos influencers comprovam a compatibilidade
da exposição de ideais neoliberais com a exibição de quatro importantes traços
potencialmente fascistas elaborados pelos estudos adornianos: poder e “dureza”,
destrutividade e cinismo, agressão autoritária e anti-intracepção. Acerca da técnica da
nova direita, notou-se também a operação de algoritmos de modulação de
comportamento que configuram uma arquitetura digital do neoliberalismo nas redes
sociais e a consciência dos influenciadores sobre esses processos, o que possivelmente
estimula a exposição desses atributos de personalidades autoritárias e neoliberais em
seus vídeos no Youtube.
Palavras-chave: Neoliberalismo; Nova direita; Influenciadores digitais.
Abstract:
The objective of this article is to analyse and interpret the content disseminated by
influencers of the extreme right related to neoliberal rationality and attacks against
society and social justice. In it's methodology, videos posted on Youtube by seven
channels from the brazilian new right were sistematically observed and analysed. It
argues that there is a direct link between the youtubers' discourse and the neoliberal
thought of the demonization of politcs, in which the State is represented as inherently
corrupt and antagonistc to a virtuous market. Other aspects of neoliberal rationality
were identified, such as the appreciation for authenticity, the search for maximum
monetization within digital platforms and the necessity for overproduction and
overachievement of the foucaultian homo oeconomicus, exemplified by the numerous
attempts of entrepreneurship with the sale of books and online courses. Futhermore,
there is proof in the influencers' speeches of the compatibility between the exposition of
neoliberal ideas and the exhibition of four important potencially fascist traits elaborated
by adornian studies: power and toughness, destructiveness and cynicism, authoritarian
agression and anti-intraception About the new right's technique, it was also noted the
operation of algorithms of behavior modulation that shape the digital architecture of
neoliberalism on social media and the influencers’ awareness of these processes, which

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possibly stimulates the display of these neoliberal and authoritarian personalities'
atributes in their Youtube videos.
Keywords: Neoliberalism; New right; Digital influencers.

1- Introdução
Recentemente, observa-se o crescimento mundial de uma direita radical que
converge com a reafirmação de soluções políticas autoritárias, conservadoras,
antidemocráticas e potencialmente fascistas (Brown, 2019). Esse fenômeno, que
também se desenrola no Brasil e se intensifica após a eclosão da pandemia de Covid-19,
coincide com o aumento da relevância política da atuação desses movimentos no meio
digital (Cesarino, 2019, 2020), que, por meio de influenciadores com elevados números
de visualizações e seguidores nas redes sociais, divulgam efetivamente uma propaganda
política de amplo alcance.
Em relação a esse cenário político contemporâneo, é pertinente problematizar o
conceito de nova direita brasileira e discutir como ocorreu a sua trajetória de expansão
no país. Segundo Georg Wink (2021), a nova direita no Brasil, específica e original a
esse território, se define como a renovação da velha direita com as mesmas tradições
neointegristas e neotomistas que ela possuiria desde o início do século passado. Muito
resumidamente, o neointegrismo defende a perspectiva de uma ordem sublime divina
deve ser preservada e o neotomismo sustenta que há uma única verdade absoluta e
inescapável. Para Wink, desde os anos 1920, pensadores brasileiros de direita teriam
antecipado, de forma autônoma e original, “diagnósticos sociais e estratégias de
resposta de direita”, incluindo a “defesa da família” e da “moralidade” para combater o
“marxismo cultural” por meio de uma “guerra cultural” inversa (2021, p. 15).
Contemporaneamente, esse movimento de direita teria crescido ao aprimorar esse
sistema coerente e maduro de crenças com a presença de estratégias do olavismo e
cyberativismo (Wink, 2021).
Por sua vez, Camila Rocha (2018), ao investigar de maneira detida a formação
de grupos de direita a partir de 2006, aponta a consolidação gradual da nova direita
brasileira durante um período de quase duas décadas, em que o antipetismo e a ideia de
contrapúblico dominante contra uma suposta hegemonia cultural da esquerda foram
essenciais para o processo. Nessa ascensão do movimento, um importante fator para a
propagação da ideologia da extrema direita é o uso intenso das mídias digitais
(Cesarino, 2019, 2020) e da linguagem da internet com uma “forma-meme” de grande

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alcance popular (Rosa et al., 2021). Dessa maneira, compreender quais são as técnicas
discursivas utilizadas na disseminação desses conteúdos digitais torna-se essencial.
Segundo João Cezar de Castro Rocha (2021), as principais táticas dessa
propaganda digital, com grande influência de Olavo de Carvalho, consistem na retórica
do ódio, ataque sistemático aos “inimigos” do movimento, e na afirmação da existência
de uma guerra cultural que deve ser ativamente combatida pela extrema direita. Dessa
forma, é possível afirmar que olavismo auxiliou a nova direita brasileira no
aperfeiçoamento de seus discursos e o uso da esfera digital, já que Carvalho inspirou o
aprimoramento do meio ao utilizar o cyberjornalismo e o cyberativismo com textos em
diversos blogs e a venda de cursos online para seus seguidores (Wink, 2021).
Essa atenção intensa ao meio e a depreciação dos fins na propaganda política
digital da nova direita reafirmam de forma empírica a teoria de Theodor Adorno sobre o
novo radicalismo da direita (2015, 2020). Nesse sentido, ao observar a atuação de
movimentos potencialmente fascistas nos EUA e na Alemanha, nas décadas de 1950 e
1960, o autor defendia que a própria propaganda é a substância da política, sem ter
como meta finalidades racionais (Adorno, 2020), o que torna, no momento atual,
imprescindível para a compreensão da nova direita brasileira a observação de seus
conteúdos disseminados nas redes sociais.
Tendo em mente essas discussões teóricas, para a realização deste artigo sobre a
propaganda disseminada pelos influencers da nova direita, optou-se pela observação e
análise sistemáticas de vídeos postados por sete canais do movimento brasileiro no
período entre setembro de 2021 e novembro de 2022: Canal Hipócritas, Papo
Conservador, O Jacaré de Tanga, Vista Pátria, Paula Marisa, Marcos Falcão e Direto
aos fatos – com Camila Abdo. Trata-se de influenciadores com amplo alcance e
elevados números de inscritos. Com essa metodologia, o objetivo é interpretar os
discursos veiculados por esses youtubers, reconhecendo os potenciais autoritários de
suas postagens, de acordo com o referencial teórico sobre os traços da personalidade
autoritária (Adorno, 2019). Além disso, atualizando o debate sobre movimentos
potencialmente fascistas para contemplar o estágio contemporâneo da organização
capitalista, destacamos a conexão desses discursos com o neoliberalismo e o ataque ao
social. Por fim, propõe-se relacionar a racionalidade neoliberal e potencialmente fascista
dessa propaganda à arquitetura digital do neoliberalismo e aos algoritmos de modulação
das redes sociais.

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2- Racionalidade neoliberal na propaganda política digital da nova direita
Após acompanhar sistematicamente influencers da nova direita brasileira, foram
observados de forma intensa aspectos de discursos neoliberais de negação do social e do
público (Brown, 2019). Em diversos exemplos nos conteúdos, são perceptíveis as
influências de intelectuais liberais clássicos como Ludwig von Mises (Lopes, 2022;
Rocha, 2018) e, principalmente, Friedrich Hayek (Brown, 2019; Wink, 2021) com foco
na ideia de mercado e moralidade. No entanto, há uma atualização dessas ideias de
modo “frankesteiniano”, associando o conservadorismo e o neoliberalismo (Brown,
2019). Assim, entre os influenciadores observados, é possível notar o processo apontado
por Wink (2021) de uma convergência da lógica neoliberal da extrema direita com sua
tradição no neointegrismo católico, pois a ideologia da nova direita acaba fazendo
coincidir, em uma adaptação metafísica, a mão invisível do mercado com a ordem
natural divina.
Destarte, o Estado é representado nos vídeos como uma instituição
inerentemente corrupta e viciosa, oposto a um mercado virtuoso. Com essa
racionalidade neoliberal, os influenciadores selecionados reproduzem um modelo
binário antagonístico comum nos discursos da nova direita (Cesarino, 2019, 2020).
Nesse caso, a lógica dicotômica entre outgroup e ingroup de sujeitos potencialmente
fascistas (Adorno, 2019) parece expandir para a ideia típica do neoliberalismo do
antagonismo entre Estado e mercado (Brown, 2019), em que o primeiro se transforma
no inimigo a ser eliminado.
No âmbito do conservadorismo religioso católico da nova direita e a da ideia dos
discursos olavistas de uma decisiva batalha entre o Cristo e o Anticristo, o Estado é
considerado, em uma visão maniqueísta ao extremo, como o principal instrumento
satânico para destruir a espontânea e divina ordem hayekiana do universo, representada
pelo mercado (Wink, 2021). Nesse sentido, nos conteúdos observados, diversos
exemplos dessa perspectiva podem ser citados, como o modo como os influenciadores
da nova direita retrataram o depoimento de Luciano Hang na CPI da Covid.
No dia 29 de setembro de 2021, Hang, empresário dono das lojas Havan, depôs
na CPI da Pandemia do Senado Federal. Esse foi um acontecimento relevante para as
redes da nova direita que gerou uma quantidade de vídeos muito acima do padrão
normalmente observado no Youtube, além de ter coincido com uma movimentação
significativa de bots ou “perfis com alta possibilidade de automatização” no Twitter
(Afonso, 2021). Em seus conteúdos, Hang simbolizava um “homem de bem” aliado ao

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movimento, empresário virtuoso do mercado e da esfera privada, que lutava contra os
corruptos senadores que representavam o Estado e a esfera pública. Nesse contexto, o
uso da técnica de espelhamento inverso (Cesarino, 2020) foi realizado de modo
frequente com a comparação direta entre os políticos e o empreendedor.
Como exemplo específico desse fenômeno, o Canal Hipócritas (LUCIANO...,
2021) utiliza o recurso explicitamente em um vídeo com o típico formato de esquete de
humor com personagens exagerados e caricaturais, característica ligada à performance,
frequente nos discursos de personalidades autoritárias (Adorno, 2019) e na linguagem
do contrapúblico da direita na internet (Rocha, 2018). Com centenas de milhares de
visualizações, nessa farsa de acontecimentos reais, atores imitam os senadores Omar
Aziz e Renan Calheiros, que aparecem simbolizando diretamente a corrupção do Estado
e sentimentos negativos como raiva e ressentimento (LUCIANO..., 2021). Em
comparação, Hang, personagem no vídeo representando a virtuosidade inerente do
mercado, é relacionado a elementos positivos como bom-humor, tranquilidade,
inventividade e criatividade. Nesse sentido, vale mencionar que estas últimas
características são bastante valorizadas pelo neoliberalismo em seu culto à autenticidade
(Han, 2020).
Essa racionalidade neoliberal da virtuosidade do mercado também aparece na
forma como os vídeos dos influenciadores representam outro empresário considerado
aliado à nova direita: Elon Musk. Por exemplo, em abril de 2022, diversas postagens do
movimento brasileiro celebraram o anúncio de Musk de compra da rede social Twitter e
seu projeto de menor moderação de conteúdo no site (Dw, 2022). Por sua defesa da
“liberdade de expressão” e outras afirmações associadas à lógica neoliberal da extrema
direita, diversos influencers representaram o bilionário na figura do empresário virtuoso
membro do ingroup, oposto aos ministros do Supremo Tribunal Federal, novamente
inimigos que simbolizam o Estado, taxado como corrupto e opressor da liberdade da
nova direita nas redes sociais.
A valorização da liberdade acima de outros preceitos democráticos, como
igualdade e justiça social, é um típico sintoma da racionalidade neoliberal, relacionado à
defesa do livre mercado e não intervenção estatal (Brown, 2019). Nesse sentido, para a
extrema direita, ser livre para expressar ideias mesmo que antidemocráticas ou
negacionistas é o principal direito a ser defendido, sem a regulamentação das
plataformas digitais pelo Estado e sem a moderação desses conteúdos.

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Musk também foi destaque dos conteúdos dos influenciadores estudados devido
ao seu encontro com Bolsonaro em visita ao Brasil em maio de 2022. Durante esse
outro evento significativo para nova direita, foram propagados diversos memes e fake
news, com a criação até de uma hashtag específica nas redes sociais, #BolsoMusk
(Macedo, 2022; Souza, 2022). Nesse período, ocorreu uma disseminação intensa na
internet de montagens do empresário com a famosa camisa preta com a inscrição
“Bolsonaro presidente” e de falsas afirmações atribuídas ao bilionário de declaração de
voto ao presidente ou de apoio às suas motociatas. Dessa maneira, demonstra-se uma
tentativa de fortalecer o líder do ingroup, Bolsonaro, com a sua associação à imagem de
um empresário alegadamente virtuoso representando o mercado, Elon Musk.
Ademais, outro fator importante nos vídeos observados relacionado à
racionalidade neoliberal é o empreendedorismo encontrado nos conteúdos analisados.
Utilizando a própria lógica dos sistemas algorítmicos das redes sociais (Silveira, 2019b)
– problema a ser retomado abaixo – uma parte significativa dos posts da nova direita
foca em sua monetização máxima (Rocha, 2021) e no incentivo à colaboração
financeira da audiência. No âmbito dos discursos dos influencers da extrema direita em
que “ativismo político e empreendedorismo se misturam” (Cesarino, 2020, p. 112), a
venda de cursos virtuais e livros do movimento é exaltada como ação combativa
necessária na guerra cultural contra a suposta hegemonia da esquerda (Rocha, 2021).
Esse empreendedorismo nos canais do Youtube da extrema direita brasileira
demonstra a influência da racionalidade e subjetivação neoliberal. Conforme as teorias
de Foucault e Han sobre o neoliberalismo, na sociedade atual de superexposição e
supercomunicação com a necessidade de superprodução e superdesempenho (Rosa,
2020), o homo oeconomicus em condição de homem-empresa vê nas mídias digitais a
possibilidade de “poder se transformar em uma espécie de canal de televisão e com a
probabilidade ainda de ganhar dinheiro” (Rosa et al., 2018, p. 175).
Com essa lógica neoliberal, os empreendimentos mais relevantes da propagação
de conteúdos da nova direita, presentes na maioria dos canais estudados, são as livrarias
virtuais associadas a CEDET, rede de editoras ligada ao olavismo. Considerada a grande
máquina que financia figuras da extrema direita (Sayuri, 2021), essa empresa tem um
esquema que usa a visibilidade dos influencers do movimento para impulsionar a venda
de seus livros e diversos outros produtos. Desse modo, com os canais do Youtube como
vitrines para suas mercadorias, quaisquer influenciadores da nova direita com mais de

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100 mil seguidores e bom engajamento nas redes sociais podem se tornar revendedores,
gerando grande lucro e vasta propagação das ideias do ingroup.
É relevante enfatizar que a CEDET, como conglomerado central de várias
editoras, tem sete selos diferentes com alguns até vendendo livros não relacionados
diretamente à propaganda política da nova direita. Esse fato faz com que os youtubers
tenham distintas estratégias de venda, incluindo distorcer conteúdo de obras para criar
alguma conexão com as pautas ideológicas de seus vídeos. Além disso, há sempre nos
vídeos o destaque para algum desconto em um produto ou em uma assinatura para
plataformas da extrema direita como o Brasil Paralelo. Assim, no período de outubro a
dezembro de 2021, entre as táticas, observou-se até mesmo que as livrarias virtuais dos
canais estudados adotaram o feriado comercial de liquidação de mercadorias Black
Friday.
Entretanto, as livrarias virtuais associadas a CEDET não são a única forma dos
influencers da nova direita empreenderem. A maioria dos influenciadores estudados têm
seus próprios sites de venda de cursos, a exemplo de Paula Marisa, e de diversos
produtos, como o Canal Hipócritas, que inclusive comercializa camisetas e acessórios
de smartphones com frases e dizeres relacionados à ideologia da extrema direita e ao
seu conteúdo: “Deus, família, defesa e boas risadas” e “politicamente incorreto”. Este
último canal também tem uma plataforma própria para propagar de forma paga
produções de seu grupo de atores, como a peça de 2021, “Pandemônio”, que satiriza a
pandemia de 2020 com discursos negacionistas, o podcast “Papo Hipócritas”, com
entrevistas com grandes figuras da nova direita como o próprio presidente Jair
Bolsonaro, e vídeos exclusivos que teriam sido “censurados” pelo Youtube, como
postagens feitas durante o período de discussão sobre a vacinação infantil contra a
Covid-19 que foram apagadas pela moderação de conteúdo do site.
Sobre a venda de cursos, esses produtos comumente são palestras dos próprios
youtubers ou “especialistas” sobre assuntos relacionados à ideologia da nova direita
brasileira. Por exemplo, há o curso de 2021 do canal Vista Pátria “Nós somos o
Ocidente” para ensinar e disseminar os “valores ocidentais” e a “Jornada Politicamente
Imbatível 2022” da influenciadora Paula Marisa. Em relação às aulas de Marisa, que
custam no total R$ 297,00, sua estratégia discursiva para vender o curso consiste na
retórica olavista de que seria ensinado como tornar impossível alguém vencer seus
seguidores em debates argumentativos (Rocha, 2021; Wink 2021). Assim, ensinamentos

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da influencer supostamente permitiriam ao ingroup destruir quaisquer contestações de
inimigos esquerdistas.
Além desses recursos de empreendedorismo, existem as próprias ferramentas do
Youtube para angariar doações financeiras de inscritos. Dos sete canais selecionados,
cinco são verificados pela plataforma e todos têm o instrumento de adesão de membros
pagos. Nesse sentido, é relevante como os influenciadores utilizam o discurso da nova
direita para a venda desse tipo de plano de assinaturas. Por exemplo, o canal Vista
Pátria promove três categorias de membros que trazem benefícios como conteúdos
exclusivos e emojis com símbolos anticomunistas e nacionalistas: Patriota VIP por R$
14,99 ao mês, Patriota Platinum por R$ 24,99 ao mês e Patriota Master por R$ 39,99 ao
mês. Desse modo, essa estratégia da marca do influencer também coincide com a
racionalidade neoliberal de estratificações e hierarquias de status, como VIP, Platinum e
Master, que organizam o comércio e estão inscritas na cultura contemporânea como
parte fundamental do branding (Brown, 2019).
Sobre essas atitudes empreendedoras de racionalidade neoliberal dos youtubers
selecionados, outro aspecto importante é algo também registrado na pesquisa de
Cesarino (2020) sobre a propaganda política da nova direita no Whatsapp: a frequência
de fraudes ou possíveis golpes com a promessa de ganho financeiro rápido e fácil. Essa
situação pode ser exemplificada pelos “comerciais” em alguns vídeos dos canais Vista
Pátria e O Jacaré de Tanga que promovem oportunidades de ganhar dinheiro “de forma
simples” pela internet. Nesse contexto, ideias da nova direita são inclusive mobilizadas
no conteúdo do Vista Pátria para persuadir sua audiência. Com imagens dramáticas de
destruição e miséria na parte visual do vídeo, representantes do fatalismo característico
de personalidades autoritárias (Adorno, 2019) – conforme será elaborado a seguir –, o
influencer afirma que o PT “arrasou” o Brasil, gerando a necessidade de sobrevivência
financeira a partir do “método inovador” de trabalho e obtenção de renda divulgado no
conteúdo (AGORA..., 2021).

3- O neoliberalismo e os traços de personalidades autoritárias na propaganda


política digital da nova direita brasileira
Em estudo sobre quais sujeitos seriam mais suscetíveis a propagandas
antidemocráticas, Adorno categorizou quais seriam os traços de personalidades
autoritárias, configurando variáveis que compuseram o que foi chamado de Escala F
(fascismo): convencionalismo, submissão autoritária, agressão autoritária, anti-

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intracepção, superstição e estereotipia, poder e “dureza”, destrutividade e cinismo,
projetividade e preocupação com sexo (2019). Em certa medida, é possível observar a
presença dessas características potencialmente fascistas e diversas outras ideias
estudadas por Adorno nos conteúdos dos influencers da nova direita brasileira.
Nesse sentido, após a exposição e exemplificação das características neoliberais
da propaganda política digital da extrema direita, é importante afirmar que, com o
estudo dos conteúdos dos influencers selecionados, notou-se a compatibilidade da
exposição de ideias neoliberais com a exibição de importantes traços potencialmente
fascistas, como poder e “dureza”, destrutividade e cinismo, agressão autoritária e anti-
intracepção (Adorno, 2019).
Em relação à característica de poder e “dureza”, associada também ao traço da
agressividade autoritária, observa-se nos vídeos dos influenciadores a ideia de “sem
piedade dos pobres” (Adorno, 2019). Com a identificação com as classes mais altas e o
status quo, o discurso presente despreza intervenções do Estado de promoção de justiça
social aos mais pobres e apoia uma ideologia meritocrática dentro de um livre mercado.
Por exemplo, em live no canal do Youtube Paula Marisa, a influencer destaca um
comentário de um de seus inscritos que, isentando o líder Bolsonaro, culpa os próprios
12 milhões de desempregados de sua situação econômica com a afirmação de que estes
não querem trabalhar e desejam dinheiro sem compromisso (LULA..., 2022).
Com um toque de punição autoritária e cinismo em relação à natureza humana,
outras características potencialmente fascistas, a youtuber da nova direita sustenta a
crença neoliberal de “que as pessoas não trabalhariam a não ser que estivessem sujeitas
à pressão” (Adorno, 2019, p. 426), como a ameaça constante da pobreza e da fome.
Portanto, no raciocínio dos influenciadores desse movimento, o desemprego no Brasil é
culpa dos próprios desempregados e das intervenções estatais de distribuição de renda,
sem qualquer relação com as crises e políticas do sistema capitalista neoliberal.
Além disso, o traço de poder e “dureza” converge com o culto neoliberal da
autenticidade, em que há uma cultura das paixões, da crueza e da barbárie (Han, 2020).
Esse aspecto aparece sintomaticamente exemplificado pelo comportamento
pretensamente “autêntico” de Bolsonaro e dos influencers da nova direita: o ímpeto de
dizer o que pensa sem nenhum filtro ou polidez venerado pelo ingroup.
Em relação à destrutividade e ao cinismo, esse traço também coincide com o
niilismo e o fatalismo da lógica neoliberal (Brown, 2019). Os influenciadores estudados
demonstram frequentemente desprezo pelo humano e não acreditam que quaisquer

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indivíduos se preocupariam com problemas sociais sem ter algum tipo de interesse
financeiro. Um exemplo desse fato é um vídeo com centenas de milhares de
visualizações em que a youtuber Paula Marisa ironiza posts de atrizes e políticas contra
o veto de Jair Bolsonaro à distribuição gratuita de absorventes. No vídeo, a influencer
também tece teorias conspiratórias, características dos discursos de personalidades
autoritárias (Adorno, 2019), afirmando que mulheres e até mesmo ONGs contrárias à
medida do presidente estariam sendo secretamente pagas por grandes empresas como a
Always da P&G (NÃO..., 2021).
No que se refere ao fatalismo, é constante nos vídeos observados a ideia de
catástrofe, de um mundo perdido que representa a inversão da ordem natural sublime e
de suas hierarquias sociais (Wink, 2021), resumida na expressão utilizada em muitas das
postagens da nova direita: “É o poste fazendo xixi no cachorro”. No entanto, em acordo
com a forma como funciona a propaganda política do novo radicalismo de direita,
mesmo nesse cenário de suposta catástrofe, há uma única via de salvação ou
possibilidade de regeneração do mundo invertido atual e, apenas graças à figura de um
líder, há a ideia de que “algo está acontecendo” (Adorno, 2015, 2020).
Com base nessa perspectiva de uma reação que estaria sendo levada a cabo pelo
movimento “conservador”, os influencers brasileiros da nova direita apresentam uma
perspectiva revisionista da ditadura militar com a contínua valorização de suas soluções
autoritárias (Rosa et al., 2020; Arantes, 2010), denunciando um sintoma da não
elaboração dos traumas do passado do país (Gagnebin, 2010). Com essa visão e ideia de
destrutividade, são comuns afirmações de que a esquerda estaria no poder destruindo o
país desde o fim desse período ditatorial. Nesse quadro, no período de observação dessa
pesquisa, os influenciadores acreditavam que apenas com a reeleição de Bolsonaro, sua
força como líder, e a eliminação do outgroup, a destruição do Brasil de três décadas
poderia ser consertada e a catástrofe revertida (A ESCROTIDÃO..., 2022).

4- Arquitetura digital neoliberal: algoritmos, redes sociais da nova direita


brasileira e traços de personalidade autoritária
Acerca das tensões entre a internet e a democracia, é possível afirmar que
determinadas características de personalidades autoritárias são estimuladas por uma
arquitetura digital do neoliberalismo ou estrutura neoliberal das mídias digitais
(Cesarino, 2019), com sistemas algorítmicos de modulação comportamental como
expedientes essenciais (Silveira, 2019a). Dessa forma, seguindo a dinâmica dos

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algoritmos, os conteúdos potencialmente fascistas nas redes sociais e sua racionalidade
neoliberal, exemplificados pelos youtubers selecionados, mobilizam afetos, fomentados
por algoritmos que incentivam o consumo constante de emoções (Han, 2020), como
indignação, raiva e ódio.
Nesse sentido, o traço potencialmente fascista de agressão autoritária (Adorno,
2019) se relaciona ao próprio modo de funcionamento das plataformas digitais e à
lógica do neoliberalismo. Assim, o já citado fenômeno do culto neoliberal à
autenticidade, à crueza e à barbárie, caracterizado pela valorização do discurso sem
polidez ou filtro e celebrado pela extrema direita, é intensificado nas redes sociais, onde
“a comunicação apaixonada ocorre sem distâncias” (Han, 2020, p. 23).
Nesse mesmo aspecto, há uma correlação entre o neoliberalismo, a anti-
intracepção da Escala F, outro atributo de personalidades autoritárias (Adorno, 2019), e
o funcionamento das plataformas digitais. Esse fato ocorre porque, além de promover o
desprezo ao lúdico, a arquitetura digital neoliberal dos algoritmos demanda incessante
produção (Crary, 2014) e necessidade de “atualização” constante das redes sociais, o
que impede na comunicação o silêncio necessário à reflexão (Han, 2020). Dessa
maneira, esses sistemas algorítmicos das mídias digitais, sintomáticos de uma sociedade
de controle e de capitalismo de sobreprodução (Deleuze, 2000), modelam de forma
contínua as próprias subjetividades a uma racionalidade neoliberal com traços
potencialmente fascistas, o que gera a degradação da experiência do sujeito (Brown,
2019) e afeta sua relação com a memória.
Essa deterioração do neoliberalismo em relação à experiência, intensificada
pelos algoritmos das redes sociais, gera uma tendência a discursos com estereotipia e
lógica dicotômica binária (Adorno, 2014), presentes nos vídeos dos influenciadores da
nova direita. Além disso, embora não seja possível elaborar extensamente nesse texto, o
modo como essa arquitetura digital neoliberal afeta a memória pode também ter ligação
com o revisionismo histórico em relação a momentos como a monarquia, o império e a
ditadura militar (Arantes, 2010; Rosa et al., 2020; Wink, 2021), e a distorção de
acontecimentos recentes, constantemente realizados pelos youtubers da extrema direita
brasileira.

5- O uso da técnica dos algoritmos pela nova direita brasileira


Com essa arquitetura digital neoliberal, por mais que ocorram debates públicos
no meio digital, as plataformas na internet são criadas e organizadas por poucas

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empresas privadas. Nesse sentido, o poder econômico e seus interesses financeiros
predominam na forma de funcionamento dos algoritmos (Silveira, 2019b). A
propaganda política digital da nova direita tem consciência desse processo e sabe
utilizar o sistema algorítmico, inclusive no uso de anúncios que influenciam o fluxo de
consumo de conteúdos nas redes sociais. Por exemplo, segundo Relatório de
Transparência de Assuntos Políticos divulgado pelo Google em junho de 2022, a
produtora Brasil Paralelo, importante figura da extrema direita propagada intensamente
pelos influenciadores estudados, é a empresa que mais investiu em publicidade política
digital no Brasil, gastando R$ 368 mil em anúncios para seus vídeos no Youtube desde
novembro de 2021 (Moraes; Porto, 2022).
Essa técnica utilizada pelos influencers da nova direita se utiliza também de
conteúdos típicos do movimento com discursos de racionalidade neoliberal e traços de
personalidades autoritárias. De acordo com esse mesmo relatório, o segundo anúncio
mais caro das plataformas do Google em gastos com impulsionamento, com o valor
entre R$ 35 mil e R$ 40 mil, é um vídeo, exibido sete milhões de vezes, que afirma, ao
vender os serviços de assinaturas do Brasil Paralelo, que “a mídia” dissimula a verdade
“sobre a causa ambiental na Amazônia e sobre a situação dos indígenas da região”
(Canário, 2022).
Com esses conteúdos potencialmente fascistas e conspiratórios que promovem a
ideia do conhecimento do ingroup de uma verdade única (Adorno, 2019; Wink, 2021),
Brasil Paralelo investe no Youtube e em diversas plataformas digitais. No Facebook,
por exemplo, o grupo gastou, de agosto de 2020 ao mesmo mês de 2021, R$ 3,8
milhões em anúncios (Moraes; Porto, 2022). Nesse contexto, segundo historiadora que
estuda a nova direita brasileira, Mayara Balestro, esse tipo de tráfego pago através dos
sistemas algorítmicos é a principal ferramenta da empresa para atrair público (Lopes,
2022).
Ademais, sempre com o objetivo da monetização máxima dos algoritmos
associados à arquitetura digital neoliberal (Cesarino, 2019; Silveira, 2019b), os
influenciadores da extrema direita brasileira, com o objetivo de atrair público do
ingroup, discursam em seus conteúdos sobre tópicos “polêmicos” e pautas defendidas
por Bolsonaro em relação a ideias antidemocráticas. Como exemplo, durante a defesa
pelo governo da proposta do voto impresso em 2021, canais observados, como Canal
Hipócritas e Gustavo Gayer, postaram diversos vídeos com milhões de visualizações
que apresentavam desconfiança em relação à integridade do processo eleitoral com a

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urna eletrônica. Dessa forma, os influencers bolsonaristas faturaram no Youtube até R$
1 milhão com a monetização desses conteúdos que propagavam fake news sobre as
eleições (Caetano, 2022), demonstrando sua consciência da técnica dos sistemas
algorítmicos, a relevância política de sua atuação, bem como as ameaças que ela
representa ao sistema democrático brasileiro.

6- Considerações Finais
Em síntese, com as discussões teóricas expostas e a análise dos conteúdos
disseminados pelos influencers da nova direita, conclui-se que uma racionalidade
neoliberal está presente em seus discursos, junto com quatro importantes traços de
personalidades autoritárias: agressão autoritária, anti-intracepção, poder e “dureza” e
destrutividade e cinismo (Adorno 2019). Característicos das ideias do neoliberalismo,
seus vídeos demonstram desprezo em relação ao social e a ideia de antagonismo entre
um Estado corrupto e um mercado virtuoso (Brown, 2019), além de terem a necessidade
de superdesempenho e superprodução do homo oeconomicus neoliberal (Rosa, 2020)
com diversas tentativas de empreendedorismo em seus perfis nas redes sociais.
Esses atributos observados nos conteúdos dos influenciadores da extrema direita
também se relacionam à própria arquitetura digital neoliberal das mídias sociais
(Cesarino, 2019), em que algoritmos controlam de forma contínua o comportamento dos
sujeitos (Deleuze, 2000; Silveira, 2019a, 2019b). Nesse contexto, subjetividades são
alteradas, assim como a memória e a experiência, possivelmente fomentando o
desenvolvimento de características de personalidades autoritárias e moldadas em acordo
com valores do neoliberalismo. Assim, com esse meio aperfeiçoado, os posts dos
influencers disseminam esse Frankenstein que mistura a propagação de ideais
conservadoras e neoliberais (Brown, 2019; Rocha, 2018; Cesarino, 2019; Wink, 2021).
Por fim, sobre a arquitetura digital neoliberal das mídias sociais, os influencers
da nova direita têm consciência de seu sistema, utilizando-o para uma disseminação
efetiva de sua propaganda política na internet. Com uma rede eficiente, os youtubers
alcançam grande poder na mobilização de seus seguidores, ampliando o alcance de
conteúdos de racionalidade liberal com traços potencialmente fascistas. Desse modo, as
plataformas digitais da extrema direita brasileira ganham relevância política no país e
afetam o funcionamento da democracia.

Referências

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Artigo submetido à Revista Ciências Sociais Unisinos, conforme comprovantes abaixo:

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