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KIKOSOFIA
Francisco Moreira
Número 7 FEVEREIRO DE 2023
FEVEREIRO
Por Francisco Moreira
KIKOSOFIA
Número 7 FEVEREIRO DE 2023
DEMOCRACIA
entre golpes e contragolpes
O dia 5 de janeiro de 2023 marca o ápice de uma
série de trapalhadas, maluquices, extremismos,
conspirações, erros, omissões e manipulações que
ficará marcada na história do país como um dos
momentos mais marcantes da nossa democracia. Uma
manifestação que se pretendia pacífica assumiu uma
narrativa golpista marcada por uma rápida resposta
dos poderes constitucionais, com afastamentos de
governantes eleitos (baseada unicamente em
suposições), prisão de manifestantes, cobertura
apaixonada da mídia, intervenção federal, operações
policiais, documentários, etc. Nunca a democracia
nacional esteve tão forte e ao menos tempo tão
fragilizada.
Nada justifica
Forte pela rápida ação dos poderes legitimados, que o extremismo,
de imediato conseguiram se mobilizar e dar respostas
fortes, buscando chegar aos organizadores dos atos, o preconceito,
seus financiadores e mobilizar a maior parte da mídia
numa verdadeira cruzada em defesa da democracia,
o racismo, a
mesmo que para isso fosse preciso passar por cima discriminação
de certos direitos, esconder a semelhança da
ocorrência de atos similares no passado recente de
nossa história e popularizar a palavra terrorismo,
como se fosse preciso colocar na consciência popular
o asco e a repulsa pelo que ocorreu aquele domingo.
KIKOSOFIA
Número 7 FEVEREIRO DE 2023
KIKOSOFIA
Número 7 FEVEREIRO DE 2023
GUARDA NACIONAL
Uma proposta a serviço de quê?
Da mesma forma que surgiu, pela desconfiança, ela passou a ser vista como uma
força a ser temida e diante de movimentos pela independência e sendo uma força
poderosa sob liderança das províncias foi sendo gradativamente desmobilizada,
até que com a proclamação da república foi sendo desmontada e definitivamente
extinta em 1918, passando sua tropas a integrar o exército.
KIKOSOFIA
Número 7 FEVEREIRO DE 2023
A proposta parece tão clara nesse sentido que tanto a rapidez com que formulada,
quanto a própria fala do ministro da justiça declarando que “Vai que, em algum
momento, haja um governador extremista no Distrito Federal. Então, a segurança do
Congresso, do Supremo, do Palácio do Planalto, ficaria submetida aos problemas da
política local? Não pode. E esse é um erro que agora o presidente Lula quer
corrigir”. A guarda então já nasceria para conter, intervir quando algum governador
fosse considerado “extremista” pelo governo (esse ou futuro)? Basta lembrar que já
temos instrumentos existentes hoje para conter casos extremos onde haja
necessidade de intervenção federal nos estados e que esses casos são exceções bem
definidas na lei.
Vale lembrar que a Polícia Militar do Distrito Federal sempre cumpriu de forma
competente e exemplar a proteção dos prédios federais em Brasília, sendo esse o
único ato de visível falha e que ocorreu, ao que tudo indica, por um conluio entre
omissões, inações e conspirações, que deve ser apurado e punido dentro da lei, mas
que não representa um fator em si para criação de tal guarda. Ainda segundo
ministro, a guarda poderia também ser utilizada “em áreas de fronteira, territórios
indígenas e unidades de conservação.” A exemplo do que é feito hoje com a Força
Nacional (convocada em casos específicos e formada por tropas oriundas das
diversas PM do País). Aí sim, talvez fosse o caso de regularizar de forma
permanente a Força Nacional, aproveitando parte de seus quadros e recrutando
homens que atuariam em todo território, recrutamento esse que poderia ser feito
dentro das próprias polícias, dos dispensados após cumprir período de alistamento
militar ou mesmo através de concurso público.
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Número 7 FEVEREIRO DE 2023
Menino - homem
Menino inseguro
Não sabe o que quer
Me enche de prazer
Vem me fazer mulher
Menino faceiro
Tua indecisão me maltrata
Corrói com força meu imaginário
Que clama por uma alma menos ingrata.
Menino atrevido
Imploro por seu carinho
Teus beijos agressivos e molhados
Me dizem que preciso de um ninho
Menino volúvel
Tumultua sem dó minha razão
Arranca minhas certezas
Toma conta do meu coração.
Menino malvado
Chega devagar e sem pedir
Invade meus sonhos
Transforma o meu existir
Menino inquieto
Provoca meus pensamentos
Aumenta meus desejos...
Não te esqueco um só momento
Menino sonhador
Teus encantos Iludem o meu ser
Já não sou mais nada
Minha vida é somente te querer
Homem - menino
Que a vida me ofertou de presente
Teu desatino me domina
Sem você sou tão carente.
Sueli Magalhães
KIKOSOFIA
Número 7 FEVEREIRO DE 2023
REFULGIR URBANO
Entre Secos e Molhados; Ney
Ney Matogrosso é daqueles cantores ao qual é impossível se manter insensível, aos 81 anos de idade é
capaz de se agigantar em cima de um palco, sua presença e voz marcantes, considerada pela revista
Rolling Stones uma das três melhores vozes masculinas entre os cantores brasileiros, capaz de encantar
desde jovens até senhores de idade. Seu jeito sexualizado e exótico são uma marca presente desde que foi
revelado como cantor da banda Secos e Molhados nos anos 70, formada pelo músico e compositor João
Ricardo, entretanto esta se desfez após 2 anos de formação com a saída de Ney e Gerson Conrad em razão
de brigas por conta de dinheiro, desentendimento que permanece até hoje. A banda até tentou se reerguer
depois de alguns anos, tentou outros vocalistas mas apesar de ter lançado mais alguns álbuns, a exceção
da música "Que Fim Levaram Todas as Flores?" (com Lili Rodrigues, que tinha voz muito parecida com a de
Ney, mas que no entanto, após a gravação do disco e clipe, simplesmente sumiu do cenário musical e teria
morrido em 2010), não alcançou mais o sucesso arrebatador dos álbuns de estreia, quando, apesar do
regime militar ousavam cantar "Mas Guarda Belo não acredita na cor assim. Ele decide no terno velho
assim assim. Porque ele quer um velho assado. Porque ele quer um velho assado. Mas mesmo assim o velho
morre assim assim. E o Guarda Belo é o herói assim assado. Por que é preciso ser assim assado."
A banda se foi, mas Ney Matogrosso segue em sua transgressão ousada; ator, cenografista, escritor,
cantor, produtor e cineasta. Um ícone da Música Popular Brasileira.
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Número 7 FEVEREIRO DE 2023
Festas de Santa Bárbara, Bom Jesus dos navegantes e Iemanjá - Imagens : IPAC, Arquisdocese de
Salvador (Sara Gomes) e Correio da Bahia (Marina Silva).
KIKOSOFIA
NUMERO 7 FEVEREIRO DE 2023
KIKOSOFIA
NUMERO 7 FEVEREIRO DE 2023
Ter lealdade não é dizer amém a tudo, mas sim concordar e discordar com a
mesma serenidade, visando sempre a construção do que é bom. Ficar silente a
situações vexatórias é sinal claro de deslealdade para com o outro, típico de
pessoas apequenadas, que são incapazes de iniciar uma boa construção com
suas próprias mãos. Sólidas famílias, sólidas amizades e sólidas instituições se
formam e se mantem com um alto grau de lealdade em suas composições.
KIKOSOFIA
NUMERO 7 FEVEREIRO DE 2023
EM FACE DO QUE SE VÊ
QUEBRA-SE A CONFIANÇA,
FOMENTA-SE A DESTEMPERANÇA,
DESFAZ-SE A ALIANÇA.
DESTRAMBELHA-SE DE VEZ,
ALQUEBRA-SE A ALTIVEZ,
AMARELA-SE A TEZ.
ENSURDECE-NOS O BARULHO,
PRATICA-SE O ESBULHO,
COMPARA-NOS A ENTULHO.
DESEJA-SE O DESTERRO,
PLANEJA-SE O ENTERRO,
ADORA-SE O BEZERRO.
ABALA-SE A COMUNIDADE,
SUBLEVA-SE A CIDADE,
DUVIDA-SE DA HUMANIDADE.
The Cast
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Estante
DICAS DE LEITURA PARA SEUS MOMENTOS
Pois ler nos faz entender quem
somos no mundo
KIKOSOFIA
Número 7 FEVEREIRO DE 2023
CINEOLHAR
O julgamento retratado em "Os 7 de Chicago" chega
a ser tão absurdo que, as vezes, duvidamos de que
aquilo ali representado tenha realmente acontecido.
Em pleno ano de 1969, após uma manifestação
contra a guerra do Vietnã, alguns manifestantes são
presos e levados a um julgamento tão cheio de
violações aos direitos humanos e a democracia que
por vezes soa cômico, réus amarrados durante a
sessão, advogados hospitalizados tidos como
presentes, etc. Violações gritantes cometidas pelo
juiz do caso, que mostram como preconceito,
racismo e diferenças ideológicas podem perverter o
conceito de democracia criando uma farsa sinistra e
perversa. Com direção de Aaron Sorkin, o filme de
2018 é uma boa oportunidade para refletir sobre as
fragilidades ainda existentes até mesmo em regimes
democráticos consolidados. Disponível na Netflix.
ATÉ QUANDO?
FRANCISCO MOREIRA
Mais uma vez protestos em razão da morte de um jovem negro desarmado mobilizam os Estados
Unidos, mais uma vez a polícia está a frente de tal morte. Impressiona, entretanto o fato de
terem sido cinco policiais também negros, que espancaram Tyre Nichols, supostamente por ele
ter dirigido pela contramão, o que até o momento foi contradito por câmeras de trânsito
existente no trajeto.
O fato de cinco policiais negros terem espancado um jovem negro ao ponto dele morrer em
consequência disso em parte se explica nos dizeres de Sílvio Almeida em "Racismo estrutural" de
que numa sociedade que "vê o negro como suspeito (...) é de se esperar que pessoas negras
também achem negros suspeitos, especialmente quando fazem parte de instituições estatais
encarregadas das repressão, como é o caso de policiais negros."
Nichols se junta a uma enorme lista de negros vítimas do racismo estrutural da sociedade, com
uma diferença gritante porém, de nossa realidade, lá ele será lembrado e relembrado pela
comunidade negra, como mais um símbolo e fator de conscientização na luta contra a
discriminação racial, fosse aqui, logo seria apenas mais um número da estatística que mostra que
a maior parte de nosso mortos violentamente são jovens negros com idade entre 15 e 24 anos.
Não vale o discurso da falta de oportunidade e facilidade de envolvimento em delitos por causa
das condições sociais, não vale dizer que falta educação. Isso é repetir aquilo que "todo mundo
sabe". O problema vai muito além disso e parte da necessidade de primeiro reconhecer que
vivemos numa sociedade racista, de nos reconhecer como negros, de aperfeiçoar nossos
mecanismos de fiscalização estatal de nossas forças, reformularmos as instituições de
ressocialização e qualificarmos a nossa educação. Políticas inclusivas são necessárias e
importantes, mas não são uma solução perene e que eliminará a estrutura racial na qual estamos
inseridos. A discussão sobre racismo passa por uma lenta, gradual e essencial mudança no
pensamento vigente em nosso pensamento coletivo que envolva olhar para o cerne social e
perceber que não basta se apropriar do discurso político, mas encarar o preconceito e o
radicalismo presentes em nosso cotidiano.
KIKOSOFIA
Número 7 FEVEREIRO DE 2023
PELE
Kiko Moreira
KIKOSOFIA
Número 7 FEVEREIRO DE 2023
KIKOSOFIA
Número 7 FEVEREIRO DE 2023
KIKOSOFIA
Número 7 FEVEREIRO DE 2023
Jean-Baptiste Debret
Escravos calceteiros
aquarela sobre papel, 17 X 21 cm (1824)
KIKOSOFIA