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Leda Maffioletti
Universidade Federal do Rio Grande do Sul
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MUSICA E EDUCAÇÃO: princípios epistemológicos e direcionamentos da pesquisa narrativa em Educação Musical View project
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PROJETO DE PESQUISA
1999-2003
DE ESTUDANTES DE PEDAGOGIA
Leda de A. Maffioletti
PROJETO DE PESQUISA
Período: 1999-2003
1. Justificativa:
1Alfabetizar no sentido tradicional de levar o aluno a ler os símbolos musicais. Mais adiante será explicitada concepção
de alfabetização adotada nesse estudo.
2A Formação de Professores deve mobilizar não apenas a dimensão pedagógica, mas também um quadro de produção
de outros saberes. A reflexão sobre a própria formação insere o sujeito na complexdade do processo de aprender e
permite a construção de novos saberes. NÓVOA, Antônio. Formação de professores e profissão docente. In NÓVOA,
Antônio. (org.) Os professore e sua formação. Lisboa, Dom Quixote, 1992. p. 25.
3Refiro-me às experiências musicais negativas que resultaram na diminuição da auto-estima, por ocasião da
aprendizagem de um instrumento musical , experiências de canto coral ou outras.
como um processo histórico construído socialmente, a escrita musical será uma forma
de representar as regras que regem os sons de uma determinada cultura.Os alunos
compreenderão que o saber do professor não é uma patamar ao qual todos dever
chegar, mas que existem diferentes saberes, e que todos podem ser enriquecidos ou
ampliados.
A partir desse conceito de alfabetização, o resgate da musicalidade de cada um
poderá significar um enriquecimento pessoal, e o início de uma outra dimensão ou
perspectiva de vida.
4Desde a implicação de conceitos topológicos na prática musical até a construção de conceitos abstratos, essa rede diz
respeito a relação de interdependência mútua entre as diferentes estrururas de pensamento.
5 O conceito de "professor reflexivo" supõe imersão consciente do professor no mundo de suas experiências, refletindo
na ação e criando novas realidades. GOMES, Angel Pérez. O pensamento prático do professor: A formação do professor
como profissional reflexivo In NOVOA, 1992 op. cit.p. 103
É nessa dimensão que se coloca a possível contribuição deste trabalho,
além de ser, para o pesquisador, um desafio à construção e reconstrução de
referencial teórico para dar suporte a esse processo de aprendizagem musical.
3. Objetivos:
3.3 Refletir sobre o processo de alfabetização musical dos adultos e sua implicação
nos cursos de formação de professores para atuarem na área da música.
3.4 Oferecer aos alunos das Séries Iniciais e Pré-Escola do Curso de Pedagogia da
UFRGS uma possibilidade de auto-reflexão e aprofundamento na área da música.
3. Marco Teórico
Sabemos que nem todos os professores realizam atividades musicais com seus
alunos. Também sabemos que a impossibilidade para desenvolver esse trabalho nem
6Idem p. 96-97
7Ibidem p. 102
8Idéias de Kemmis citadas por Gomez op. cit p. 103
9GOMEZ, 1992 p. 103
sempre tem suas razões em "lacunas" na sua formação, mas na valorização de um
saber erudito que está fora do alcance das pessoas que não frequentam os cursos
especiais de música. Com a sensação de que nada sabem, esse profissionais se dizem
"não dotados" e se inibem, ao mesmo tempo que diminuem as oportunidades de
aprendizagens musicais na escola.
Ocorre que, o saber musical é entendido como ler partituras e habilidades
musicais como destrezas específicas para a execução de um instrumento musical.
Costuma- se dizer "fulano toca vários instrumentos, mas não sabe nada de música! "
Neste caso, saber fazer "tocar de ouvido" é desvalorizado e anulado em relação ao
saber sistematizado e acadêmico "tocar por notas. Este fato constitui-se um exemplo
de como um saber específico adquire o status de conhecimento e assume a posição de
verdade única, a partir da qual outros saberes são medidos. Neste caso, "saber
música" faz referência a um padrão de conhecimento que impõe uma hierarquia nos
níveis de conhecimento, super valorizando o conhecimento acadêmico, científico e
sistematizado. Essa distorção deriva de uma concepção de conhecimento que se
expandiu e tornou-se senso comum, desde a introdução da racionalidade técnica como
forma ideal de produção de saber.10
Os diferentes saberes supõem diferentes realidades para as pessoas que os
produzem. Enquanto para uma realidade a leitura das notas é uma exigência, em
outras situações "tocar de ouvido" é uma habilidade essencial. Não se trata, pois, de
desprestigiar um ou outro, mas de reconhecer que existem saberes diferentes, e que a
realidade social e a necessidade prática determinam a sua relevância. O que não quer
dizer que, em uma escala de valores, o conhecimento acadêmico é o topo e o objetivo
mais nobre a que todos devem chegar, também não quer dizer que outros tipos de
conhecimento não possam ser ampliados.
O essencial nessa discussão é a clareza de que o conhecimento construído no
cotidiano tem o seu valor como parte integrante na constituição dos sujeitos, e que a
desvalorização desse saber traz consigo a desvalorização do ser pessoa que é seu
portador.
Torna-se impossível pensar em educação, quando temos por princípio um
referencial padrão de conhecimentos pensados por um certo grupo de pessoas, às
custas do descaso ou negação do saber pessoal daqueles para quem essa educação é
dirigida. Os princípios nos quais esse tipo de educação se fundamenta já estão de
início comprometidos, devido a ausência do principal elemento da educação: o saber
pessoal do educando.
Tratando-se de Formação de Professores, é preciso reconhecer que existe um
tipo de conhecimento musical que tem sua origem em práticas sociais desenvolvidas
ao longo da vida dos alunos professores. Saber cantar, realizar atividades rítmicas,
10 A "racionalidade técnica" resulta da crença de que o conhecimento se produz mediante a aplicação rigorosa de
teorias e técnicas científicas. Esse tipo de concepção foi herdada do positivismo que orientou e impôs práticas
educacionais. GOMEZ, op.cit. p. 97
saber ouvir e utilizar a música como forma de expressão de estados de ânimo e de
sentimentos. A capacidade para extrair o significado de combinações sonoras também
tem sua origem em práticas sociais, através das quais aprendemos a reconhecer as
mensagens de angústia, medo, alegria ou paixão que a música nos transmite.
Todas essas aprendizagem colaboram na formação de um conceito sobre
música que precisa ser considerado por ocasião da formação dos professores que irão
trabalhar com essa arte. Porque as práticas musicais que os professores desenvolvem
com seus alunos têm sua raiz na compreensão que eles têm sobre música. A
ampliação dessa compreensão se tornará possível na medida em que os novos
conhecimentos forem conectados com aqueles já existentes. Se não for assim, a
insegurança e a sensação de "não saber nada" tomará o lugar do conhecimento
musical já existente, e do que poderia ser construído.
Preparar o profissional para atuar na realidade da sala de aula supõe reconhecer
que não existe uma realidade objetiva, mas constroem-se realidades nos intercâmbios
psicossociais. A percepção, os juízos e as crenças do professor são decisivos no
processo de construção de significados - tarefa básica da educação.
Em Piaget
Em Vygotsky
16 Idem p 127-143.
17VYGOTSKY, L.S. Pensamento e linguagem. 3a ed. S.P. Martins Fontes, 1991 p. 70
capacidade para regular as próprias ações, utilizando-se de mediadores ou meios
auxiliares, atinge seu melhor desenvolvimento na adolescência18.
A criança inicia o desenvolvimento dos conceitos quando realiza as primeiras
agregações, ocasionalmente relacionado com a sua percepção. Nesta primeira fase, a
palavra é apenas como se fosse um agregado vago e isolado que aglutina-se em sua
mente. Sua forma de perceber, pensar e agir tende a uma impressão ocasional que a
leva a misturar os diferentes elementos em uma imagem desarticulada. Há uma
tendência para compensar a insuficiência das relações objetivas com as subjetivas,
através de uma superabundância de conexões subjetivas, passando a confundir esses
elos com o elo real entre as coisas. Muitos objetos são agrupados sob o significado de
um só palavra19. A imagem sincrética que ocasiona os "amontoados" baseia-se em
conexões vagas e subjetivas, confundidas com conexões verdadeiras entre os objetos.
Na segunda fase do desenvolvimento dos conceitos, a criança age por
complexos, os objetos isolados associam-se na mente da criança. É uma nova
aquisição. Nessa etapa, ela já não está mais no egocentrismo, e não confunde as
relações que existem entre os objetos, - isso é importante para a formação do
pensamento objetivo. O pensamento por complexo já se mostra mais coerente,
embora não se mostre com relações objetivas, como o pensamento conceitual, mas
com suas próprias impressões sobre as coisas. A criança nesta fase raciocina em
termos de "famílias", os fatos se organizam em famílias. As relações entre os
componentes dessas famílias não são construídas no plano do lógico abstrato, mas a
partir do concreto. As relações que ela estabelece entre as coisas são factuais e
carecem de uma unidade lógica. Isso faz a diferença entre os complexos e os
conceitos. Enquanto um conceito agrupa os objetos considerando um atributo, as
ligações feitas nos complexos podem ser tão diversas quanto as relações que
realmente existem.20
Inicialmente os complexos são de tipo associativo, a partir de qualquer relação
percebida. Conforme o atributo lhe chame a atenção, a criança passa a associa-lo aos
elementos do complexo. A ligação também pode ser por um contraste ou proximidade
no espaço. Neste caso, a palavra não é o nome próprio dos objetos, mas a família de
um grupo de objetos. O complexo associativo apoia-se, a nível de percepção, em
semelhança ou conexões necessárias entre as coisas.
O pensamento por complexo também realiza agrupamentos por contraste,
formando coleções diferentes e complementares, por exemplo, a formação de um
conjunto de objetos de cores diferentes. A associações por semelhança e por
contraste se misturam no pensamento da criança, de forma que ela passa a aceitar a
coleção mista de formas e cores. A criança realiza um agrupamento funcional quando
18Idem p. 51
19Ibidem p. 52
20Ibidem p. 53
agrupa xícara, prato e colher.21 A coleção é característica do pensamento por
complexo, e ocorre a partir da experiência prática.
A criança também poderá realizar complexo em cadeia. Nesse tipo de
pensamento, não há coerência quanto ao tipo de conexão, ou modo pelo qual cada elo
da cadeia se articula O atributo eleito para um elo não é o mesmo para o seguinte. A
cadeia segue como se fosse um ímam que se liga pelo último a cada vez. A cadeia
demonstra a natureza factual do pensamento por complexo. O pensamento por
complexo não possui núcleo, há relação dos elementos isolados, mais nada. Muitas
vezes uma semelhança muito remota já possibilita uma conexão entre os elos.
Outro tipo de pensamento por complexo é o pseudoconceito, que constitui a
ponte para o conceito. O pseudoconceito predomina na idade pré-escolar. Os
significados estáveis das palavras do meio adulto indicam o caminho das
generalizações infantis. O adulto não pode transmitir à criança o seu modo de pensar,
mas através do significado das palavras ela forma complexos que lhe permitem a
compreensão mútua. Por esse motivo, a comunicação verbal com os adultos é fator
importante no desenvolvimento de conceitos na criança.
Os pseudoconceitos coincidem em conteúdo com o pensamento do adulto. A
criança começa a operar com conceitos antes de ter consciência clara destas
operações. No estágio dos complexos, o significado das palavras para a criança é o
mesmo para o adulto, pois refere-se aos mesmos objetos do adulto, no entanto a
criança pensa a mesma coisa por processos diferentes. Muitos aspectos nos levam a
crer que as formas de pensar do adulto já se encontram de forma embrionária nas
crianças de 3 anos. A aprendizagem pela criança da linguagem dos adultos mostra a
consonância entre complexos e conceitos.22 O pseudoconceito traz o embrião do
conceito.
A principal função dos complexos é estabelecer elos e relações. O pensamento
por complexo começa a unificar as impressões desordenadas. Uma vez organizados
os elementos discretos em grupos, cria-se a base para a formação dos conceitos. Mas
o conceito requer mais do que unificação, é também necessário abstrair, isolar. Na
formação de conceitos é importante unir e separar, a síntese combina-se com a
análise.23
O desenvolvimento da abstração se dá quando a criança procura grau máximo
de semelhança. Quando isso acontece, ela está voltada mais para umas características
do que para outras, evidenciando um tratamento preferencial. Aqueles aspectos que
tornam os objetos semelhantes tomam sua atenção e tornam-se, até certo ponto,
abstraídos. Inicialmente a criança abstrai um conjunto de características, sem
distinção entre si, geralmente trata-se de uma impressão vaga. de semelhança e
diferença. Mas isso acusa que o caráter global da percepção da criança foi rompido,
21Ibidem p 54 -55
22Ibidem p. 58-60
23Ibidem p. 66
porque ela dividiu os atributos dos objetos entre os de maior e menor importância. No
segundo momento do desenvolvimento da abstração, o grupo de semelhança máxima
é substituída pelo argumento com base em um único atributo. Essas formações são os
conceitos potenciais.
Os conceitos potenciais resultam de abstrações muito primitivas, e são
encontradas em crianças muito novas. Crianças pré-verbais esperam que situações
semelhantes levem a resultados idênticos. Os conceitos potenciais podem ser
formados, tanto a partir do pensamento perceptual - aquele formado por impressões
semelhantes, como a partir do pensamento prático, voltado para a ação - aquele que se
forma a partir dos significados funcionais.24
Os conceitos potenciais também estão presentes no pensamento por complexo.
Nos complexos associativos, por exemplo, supõe que uma característica é abstraída
como um traço comum entre os objetos. No caso dos conceitos potenciais essa
abstração não é perdida entre outros demais traços.
O domínio da abstração é que vai permitir a formação dos conceitos. Um
conceito aparece quando os traços abstraídos são reunidos novamente, e formando
uma síntese, tornam-se instrumento do pensamento.
Nos processos intelectuais do adolescente, as formas primitivas de pensamento
e os conceitos potenciais vão diminuindo. Nesta fase, há uma discrepância entre o uso
dos conceitos e sua capacidade para defini-los verbalmente. O adolescente poderá
formar um conceito em uma situação concreta, mas achará difícil expressa-lo com
palavras.25
Os conceitos evoluem de forma diferente da elaboração consciente em termos
lógicos. Analisar a realidade com base em conceitos é anterior à analise do próprio
conceito. Quando esse conceito encontra-se fora de sua situação original, torna-se
mais difícil a transferência para outras situações. A dificuldade na aplicação dos
conceitos em novas situações só é dominado no final da adolescência.
A formação de conceitos dada pela psicologia tradicional é desvinculada da
realidade. O esquema através do qual um adolescente chega a um conceito, nunca
corresponde ao esquema previsto pela lógica tradicional. Ou seja, não é a soma de
traços semelhantes que permite a formação de conceitos. Também não é a interação
das associações que os formam, mas uma operação intelectual em que todas as
funções mentais elementares participam de uma combinação específica. Essa
operação é dirigida pelo uso da palavra, como meio de centrar a atenção, abstrair
determinados traços, sintetiza-los e simboliza-los por meio de um signo.26
24Ibidem p. 67
25Ibidem p. 68
26Ibidem p. 70
Em Ausubel
Vivemos num mundo de conceitos, e não num mundo real de objetos, eventos e
situações. O conteúdo de um grupo de palavras faladas ou escritas que compõe uma
mensagem, por mais particular que seja, dificilmente é uma representação sensorial
completa e fiel da realidade, mas reflete o conteúdo cognitivo moldado pela natureza
dos conceitos envolvidos nela. Ou seja, por influência dos conceitos contidos em
nossa estrutura cognitiva, nós percebemos uma representação consciente da
realidade, mas não se trata de uma representação fiel desta realidade. Os conceitos
que têm origem na maneira pessoal de ver, sentir, agir e reagir utilizados para moldar
as próprias experiências, e os conceitos resultante das experiências culturais formam
o "filtro conceitual", com o qual percebemos a realidade a nossa volta. Através do uso
de conceitos, temos a representação simplificada e generalizada da realidade,
facilitando a solução de problemas e a comunicação27.
A aquisição de novas aprendizagens depende das idéias relevantes que já
fazem parte da estrutura cognitiva. A aprendizagem ocorre por meio de uma interação
entre o novo conteúdo e aquele já existente. O resultado é a assimilação dos
significados velhos e novos, dando origem a uma estrutura mais diferenciada28
Os conceitos se constituem a partir das abstrações dos atributos essenciais
comuns de uma categoria de objetos, eventos ou situações. Eles podem ser
manipulados, compreendidos e transferidos mais facilmente quando são nomeados. A
aquisição desses rótulos-conceitos são posteriores à aquisição do significado dos
conceitos, e torna possível a aquisição de idéias abstratas na ausência de experiência
empirico-concreta.29
A aquisição de conceitos se dá de duas formas: formação e assimilação. A
formação de conceitos, típico da idade pré-escolar, é caracterizada pela aquisição
intuitiva e espontânea de idéias genéricas. Os atributos essenciais do conceito são
adquiridos pela experiência direta, e através de estágios sucessivos de formulação de
hipóteses, teste ou generalizações. Assim que o vocabulário aumenta, novos conceitos
podem ser adquiridos pelo processo de assimilação30
A assimilação é a forma dominante de aquisição se conceitos em crianças
maiores, e em adultos. Novos significados conceituais são aprendidos no contato com
os atributos essenciais dos conceitos, e relacionando esses atributos a idéias relevantes
das estruturas cognitivas. Em crianças mais novas, a assimilação de conceitos requer a
27AUSUBEL, David, NOVAK, Joseph e HANESIAN, Helen. Psicologia educacional. 2a R.J., Interamericana, 1980. p
74
28Idem p. 58
29Ibidem ps 72-75
30Ibidem p. 47
influência facilitadora das provas empírico-concretas. As crianças aprendem novos
termos genéricos conhecendo sua definições, ou então estabelecendo uma
equivalência entre os novos termos e os significados conceituais emergentes na
estrutura cognitiva. As palavras já significativas das definições, ou de contextos são o
modo como são eliciados os significados emergentes da estrutura cognitiva. Uma vez
adquiridos, os conceitos auxiliam o funcionamento cognitivo, pois eles estão
envolvidos na categorização perceptual, na compreensão imediata dos significados
dos conceitos previamente adquiridos e na solução de problemas31
O processo psicológico envolvido na formação de conceitos inicia pela análise
discriminativa dos diferentes padrões de estímulo. Em seguida, dá-se a formulação de
hipóteses, as quais são retiradas dos elementos comuns dos atributos, seguido da
testagem destas hipóteses em situações específicas. A partir disto, forma-se uma
categoria geral, ou conjunto de atributos mais ou menos dominantes. Esse conjunto de
atributos comuns são relacionados com idéias relevantes estabelecidas na estrutura
cognitiva, quando então ocorre a diferenciação do novo conceito entre os outros já
existentes. Desse momento em diante, é possível a generalização dos atributos
essenciais do novo conceito, com todos os membros da classe, estabelecendo-se a
representação do novo conteúdo categórico, através de uma linguagem simbólica. O
processo de formação de conceitos é facilitado pela aquisição da idéia de
categorização, tornando-se progressivamente menos globais, menos superficiais e
menos difusos32.
31Ibidem p. 79
32Ibidem ps. 83-84
33 SWANWICK,Keith. Criatividade e Educação Musical. I Simpósio de Música. Salvador, 15-24 ago. 1991.( tradução
de José Carlos Meching) p.4
Na perspectiva individual, o processo evolui desde a mestria, jogo
imaginativo e meta-cognição. Na perspectiva social a evolução inicia pelo aspecto
manipulativo, seguido do vernáulo, idiomático e sistemático. O crescimento em
direção a maior compreensão da música inicia com uma perspectiva pessoal de se
engajar na música, movendo-se no sentido de compartilhar essas impressões
socialmente. Desta forma, a criança entra na área musical controlando alguns
materiais básicos, na tentativa de adquirir uma noção, a nível individual e social, das
possibilidades exploradas. As respostas a cada estágio são qualitativamente diferentes,
e requerem graus diferentes de desenvolvimento musical. De forma cumulativa, as
respostas dos primeiros estágio são incorporados nos posteriores.34
Vernáculo: A peça apresenta padrões de figuras rítmicas e melódicas que podem ser
repetidas. As peças são geralmente curtas e atendem a convenções musicais quanto ao
números de compassos nas frases, e quanto à métrica utilizada. As composições
tornam-se mais ou menos previsíveis, e mostram outras experiências musicais de seu
autor. Foi observado em trabalhos realizados por crianças de 5 anos, mais claramente
em crianças de 7 anos.
34HENTSCKE, Liane. A adequação da teoria espiral como teoria de desenvolvimento musical.. In. Fundamentos da
Educaç!ão Musical. Porto Alegre, ABEM, 1993 ps 55-67.
35SWANWICK Op. cit. p.5 e 6
Especulativa: Além da repetição deliberada de padrões, como nos níveis anteriores,
ocorrem os desvios ou surpresas, embora não muito bem integradas na peça. A
caracterização expressiva é submetida à experimentação e estruturação de várias
idéias musicais. Após a adoção de um certo padrão na composição, é muito comum a
busca de um final novo. Essas caraterísticas foram encontradas em peças de crianças
entre 9 e 11 anos.
36 Constatações com base em atividades realizadas com alunas do cusro de Pedagogia da UFRGS, e confrontadas com
os resultados encontrados por Bamberguer. BAMBERGUER, Jeanne. As estruturas cognitivas da apreensão e da
notação de ritmos simples. In. A produção de notações na criança. Linguagem, números, ritmos e melodias. S.P.
Cortez, 1990 p.97-124
convencionais de ensino da música, aqueles que iniciam pela adoção do sistema
métrico, não parece atender às características de como se dá a compreensão da
duração dos sons, mesmo tratando-se de adultos.
4. Metodologia
Aulas de Música
Relatórios
c) hipóteses de trabalho
Filmagens:
Fita cassete
38 Os cuidados necessários ao se realizar observações e intervenções seguem os princípios do método clínico proposto
por Piaget. Ou seja, ao fazer uma intervenção, o pesquisador precisa ter uma hipótese para o delineamento da situação;
uma proposta clara de trabalho e observar atentamente a "tendência do espírito" . Foram realizados estudos com base
em PIAGET, Jean. Introdução La representación del mundo en el niño. Madrid, Morata, 1978.
b) após o término do programa:
Referências Bibliográficas