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Cartão de cidadão de um elemento químico- O Zircónio

O zircónio é um elemento químico metálico de símbolo químico Zr, número atómico


40 e de massa 80, com uma massa atómica relativa média de 91.224 u. (o que significa
que a massa deste elemento é, em média, 91.224 vezes maior que a de um dozeavos
da massa do átomo de carbono-12). A sua primeira energia de ionização é de 640,1
kilojoules por mol (a energia mínima necessária para remover um dos eletrões de
valência deste átomo num estado gasoso neutro isolado) e o seu raio atómico é de 159
picómetros (a distância média desde o núcleo até à extremidade da nuvem eletrónica).
O zircónio apresenta 22 isótopos, sendo que, apenas 4 destes são estáveis (sendo os
restantes radioisótopos) e uma taxa de toxicidade relativamente baixa comparada com
outros elementos da tabela periódica. A sua densidade ou massa volúmica é de 6.5
gramas por centímetro cúbico e o seu volume atómico tem um valor de 14.1
centímetros cúbicos por mol, ou seja, uma mol de átomos do elemento zircónio ocupa,
em média, 14.1 centímetros cúbicos de volume. Por fim, a sua configuração eletrónica
no estado fundamental é 1 s22 s22 p63 s23 p64 s23d 104 p65 s24d 2 ou simplesmente |Kr|5 s24
d.
2

Este metal encontra-se localizado no grupo 4, quinto período e no bloco d da tabela


periódica, encontrando-se assim, na família dos metais de transição.
O zircónio encontra-se no estado sólido à temperatura ambiente, contudo apresenta
diversas tonalidades que vão desde transparente até tons de cinzento e branco como o
cinzento-aço e o branco-argentina. A sua estrutura também pode variar, mas quando
mais cristalina, apresenta uma estrutura hexagonal idêntica à dos diamantes.
É um metal dúctil e maleável quando numa forma de lingote puro, ou seja, consegue
ser facilmente deformado sem se quebrar, contudo quando impuro torna-se mais
resistente à deformação. Em termos de resistência à corrosão de agentes como os
ácidos, este metal é extremamente resistente, resistindo à corrosão de maioria dos
ácidos com exceção do ácido fluorídrico e do ácido sulfúrico aquecido, mas mesmo
assim, consegue resistir a estes por muito tempo. Quando translúcido, este metal
realiza a refração da luz; é um ótimo condutor elétrico.
O zircónio apresenta uma reatividade e capacidade de absorção de neutrões
reduzida, contudo conseguindo absorver e armazenar dióxido e monóxido de carbono
atmosférico. O seu ponto de fusão é de 2128 kelvins ou simplesmente 1855 graus
celsius e o seu ponto de ebulição é de 4682 kelvins ou 4409 graus celsius. Quando
moído a um pó, este metal, tal como outros como o titânio, apresenta uma
propriedade química chamada piroforicidade- quando em pó, ao entrar em contacto
com a atmosfera, entra espontaneamente em combustão.
Os seus espectros de emissão e absorção são perfeitamente opostos. O de emissão
tem um fundo preto e riscas coloridas e o de absorção um fundo colorido e riscas
pretas.
Na natureza, o zircónio não existe num estado completamente puro, sendo
encontrado maioritariamente no mineral zircão com uma proporção de 50-1.
O zircão (ZrSiO₄) é um mineral vastamente encontrado por toda a Terra em rochas
magmáticas e com grande valor para a ciência. Já é conhecido pelo Homem há
milhares de anos, sendo até encontrado em textos Bíblicos e documentos históricos.
Para a ciência, este mineral é considerado um dos mais importantes em todo o mundo,
sendo este o mais indicado para fazer a datação absoluta de rochas por processos de
cálculo do decaimento radioativo de alguns elementos isótopos instáveis presentes
neste. Este mineral permitiu uma melhor perceção da história da Terra e permitiu fazer
a datação das rochas mais antigas conhecidas, com uma idade de mais de 4,4 mil
milhões de anos.
Este elemento apresenta uma história complexa: foi primeiramente notada a sua
existência no mineral zircão no ano 1789 por Martin Klaproth no mar Índico nas costas
da Sri Lanka. 19 anos depois, a primeira tentativa de isolar este elemento foi realizada
através da eletrólise por Sir Humphry Davy na Inglaterra, mas sem sucesso.
16 anos depois, o químico Jöns Jacob Berzelius isolou pela primeira vez o elemento
de forma impura ao aquecer um tubo de ferro contendo uma mistura de potássio com
fluoreto de potássio e zircónio (K2ZrF6). 90 anos depois, o zircónio foi reconhecido
como um metal impuro, apesar de não existirem quaisquer evidências da sua pureza. A
teoria adotada na época dizia que os métodos, meios e tecnologias da época deviam
ser, simplesmente, muito pouco avançados para realizar a purificação deste metal,
mas que no futuro a purificação poderia ser realizada facilmente. Foi exatamente o
que aconteceu 11 anos depois. Os químicos Anton Eduard van Arkel e Jan Hendrik de
Boer ao utilizarem o método que batizaram como método de Van Arkel de Boer
(consiste no aquecimento de tetracloreto de zircónio (ZrCl4) com magnésio)
produziram pela primeira vez um lingote puro de zircónio.
Devido à sua reatividade mínima, o zircónio é utilizado por todo o mundo como
revestimento para as centrais nucleares; A sua estrutura hexagonal cristalina faz dele
um substituto proeminente do diamante na indústria da ourivesaria; O seu ponto de
fusão alto faz com que este seja utilizado como revestimento de utensílios
laboratorias, cirúrgicos e ferramentas na área da mecânica e produção de cerâmica
resistente ao fogo; Quando impuro, a sua alta resistência à deformação pode ser
aproveitada na produção de próteses dentárias e no revestimento de ligas metálicas.
Pode ser transformadao num cimento e utilizado na medicina dentária como regulador
do excesso de saliva e sangue excretados e também na limpeza bucal; A sua
piroforicidade fez dele muito utilizado antigamente como um substituto do tungsténio
nos filamentos das primeiras lâmpadas e também nos primeiros “flash”,
desodorizantes, explosivos e fogos de atrtifício; Estima-se que no futuro se poderá
tomar proveito da sua propriedade de absorção de monóxido e dióxido atmosférico
para regular estes na atmosfera; Por fim, o zircónio também pode ser utilizado para
remover oxigénio de válvulas eletrónicas.
A cada ano são produzidas em média 7000 toneladas deste metal, maioritariamente
exportadas pela China, em que cada quilo tem um preço de aproximadamente 150
euros. Por dia, consumimos em média 50 microgramas de zircónio e estima-se que o
nosso corpo seja constituído por cerca de 0.000001% de zircónio. Atualmente existem
300.000 pessoas em todo o mundo com próteses de zircónio.
O nome zircónio provém da palavra árabe “zargun” que significa dourado, apesar
deste metal, ironicamente, não ser dourado. Existem quantidades significativas de
zircónio no Sol e o zircónio é um metal com a capacidade de erodir outros materiais e
originar irritações nos olhos e pulmões.
O zircónio é utilizado por todo o mundo como revestimento de centrais nucleares,
mas será este o mais indicado? Os estudos mais recentes apontam que este seja mais
utilizado por ser mais barato e não pela sua eficácia, já que, em situações de
emergência, em que o núcleo e águas subjacentes entram em sobreaquecimento, este,
ao reagir com estas águas, liberta hidrogénio que, ao reagir com o núcleo, pode
facilmente originar um colapso nuclear. Foi exatamente o que aconteceu em 2011 na
central de Fukushima no Japão, seguindo-se a um sismo.

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