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Apontamentos d’Os Lusíadas

Características da epopeia
» Remonta à Antiguidade grega e latina
» Tem como expoentes máximos a Ilíada e Odisseia (Homero) e Eneida
(Virgílio)
» Normas:
o Grandeza e solenidade, expressão do heroísmo
o Protagonista: alta estirpe social e grande valor moral
o Início da narração in medias res
o Unidade de ação, com recurso a episódios retrospetivos e
proféticos (analepse e prolepse)
o Os episódios dão extensão e riqueza à ação, sem lhe quebrar a
unidade
o Maravilhoso: Os deuses devem intervir na ação
o Modo narrativo: o poeta narra em seu nome ou assumindo
personalidades diversas
o Intervenção do poeta: reduzidas reflexões em seu nome
o Estilo solene e grandioso, com verso decassilábico.

Estrutura d’Os Lusíadas


» Externa:
 Verso decassilábico, maioritariamente heroico (acentuação nas
6.ª e 10.ª sílabas) ou sáfico (acentos nas 4.ª, 8.ª e 10.ª sílabas)
 Estrofes de oito versos com esquema abababcc (oitava heroica)
 10 Cantos.

» Interna:
 Proposição:
 O poeta anuncia o que vai cantar;
 Apresentação da obra e síntese do assunto, ressaltando o
heroísmo, o antropocentrismo, entre outras características
do homem (I, 1-3).
 Invocação: (às Tágides)
 Pedido às divindades, Tágides (ninfas do Tejo), para lhes
dar inspiração (I, 4-5; III, 1-2; VII, 78-82; X, 8).
 Dedicatória: (ao Rei D. Sebastião)
 Oferecimento a personalidade importante;
 O rei é apresentado como um menino, aos 14 anos
assumiu o trono, exaltando-o como jovem e esperança da
Pátria.
 Narração:
 Ações do protagonista;
 Parte mais consistente da história, como já se disse, foca-
se em 3 pontos principais: A Viagem de Vasco da Gama às
Índias, as lutas e intervenções dos deuses no Olimpo e a
narrativa da história de Portugal
» Planos:

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o Narração Histórica:
» Viagem de Vasco da Gama (plano fulcral)
» História de Portugal (plano encaixado)
o Narração mitológica
» Plano mitológico: Intervenção dos deuses (plano paralelo)
o Intervenções do Poeta
» Alternância Mar/Terra
o Mar: I, II (Índico) V, VI (Lisboa-Calecut)
o Terra: III, IV (Melinde) VII, VIII (Calecut)
o IX, X: Mar e Terra (viagem de regresso e ilha dos amores)
» Tempo
o Discurso: Viagem, de África à Índia e regresso
o História: Desde Viriato até ao tempo de Camões
o As ligações são feitas por analepses e prolepses/profecias

Resumo
Canto I

» Proposição (1-3) – anúncio do assunto


» Invocação (4-5) – às Ninfas do Tejo
o Poder para descrever condignamente os feitos dos portugueses
» Dedicatória (4-18) – a D. Sebastião
o Segue a estrutura do sermão (exórdio, exposição, confirmação,
peroração [recapitulação e epílogo])
o Incita D. Sebastião a feitos dignos de figurar na obra
» Início da Narração (Moçambique a Mombaça)
o Ciladas preparadas em Moçambique: falso piloto para os conduzir
a Quíloa. Vénus intervém e repõe o percurso normal
» Consílio dos deuses (20-41)
o Simultaneidade com a navegação

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o Decisão sobre chegada dos portugueses à Índia; oposição de
Baco, Vénus e Marte a favor
o Luz, sinónimo de riqueza e conhecimento.

» Reflexão sobre a insegurança da vida (após traição de Baco)


o Depois de passar Moçambique, Quíloa e Mombaça
o Paralelismo entre perigos do mar e da terra
o Questão da fragilidade (pequenez) do Homem

Canto II
» Viagem de Mombaça a Melinde (1-113)
» A pedido de Baco, o Rei de Mombaça convida os portugueses para os
destruir
» Vénus impede a Armada de cair na cilada
» Fuga dos emissários do Rei e do falso piloto
» Vasco da Gama apercebe-se do perigo e dirige uma prece a Deus
(apesar da mitologia pagã, o protagonista dirige-se sempre a Deus)
» Vénus pede a Júpiter que proteja os portugueses, profetizando-lhes
futuras glórias
» Na sequência disto, Mercúrio (em sonho) indica a Vasco da Gama o
caminho até Melinde
» Festejos na receção em Melinde
» Rei de Melinde pede a Vasco da Gama que lhe conte a História de
Portugal (109-113)

Canto III
» Invocação a Calíope (1-2)
» História de Portugal – 1.ª Dinastia
» Vasco da Gama como narrador e Rei de Melinde como Narratário
o Dificuldade em louvar o próprio
» Desde Luso a Viriato
» Formação da Nacionalidade
» As conquistas dos reis da 1.ª Dinastia
» Batalha de Ourique (42-54) – episódio épico
o Desproporção entre número de portugueses e Mouros
(acentuando o valor do inimigo, mais se acentua o valor da
vitória)
o Intervenção de Cristo – lenda portuguesa
o Contraste Touro (força moura) e cão (inteligência dos
portugueses), apesar da diferença numérica
o Descrição da bandeira
» Morte de D. Afonso Henriques (83-84)
o Personificação da Natureza e sua tristeza
» Formosíssima Maria (102-106) – episódio lírico
» Episódio de Inês de Castro (118-135) – episódio lírico
o Caracterização de D. Inês e D. Pedro
o Texto com didascálias e diálogo (teatro)
o O Rei é desculpado por Camões, culpando o povo e ministros, a
quem D. Afonso IV cedeu para sobrepor a vontade do povo à sua

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o Personificação da Natureza para lamentar a morte de Inês
(subjetividade)

Canto IV
» História de Portugal – 2.ª Dinastia
» Revolução 1383-85 (1-15)
» Discurso de D. Nuno Álvares Pereira (15-19)
» Batalha de Aljubarrota (28-44)
o Nobres portugueses contra os próprios irmãos, aliados de Castela
o Ao valorizar D. Nuno (chefe), valoriza todo o povo, visto que na
época se associava o valor do chefe ao valor dos seus súbditos
(“um fraco rei faz fraca a forte gente”)
» Sonho de D. Manuel (67-75)
o Rios Ganges e Indo aparecem-lhe como velhos, que lhe indicam
que os portugueses terão sucesso na Índia
o Vasco da Gama é chamado para se lançar na viagem para a
Índia
o Plano da História (com ligação à viagem)
» Despedida em Belém (84-93) – episódio lírico
o Desmembramento das famílias
o Vasco da Gama evita grandes despedidas, pois só traria maiores
angústias
» Velho do Restelo (94-104)
o Representa o bom senso e prudência dos que defendiam a
expansão para o Norte de África
o Representa a ligação à terra-mãe
o Camões mostra que a opção não é consensual e que, apesar de
descrever os ideais épicos, existem outras ideologias
o Motivações erradas (glória de mandar, cobiça, fama e prestígio)
o Alerta para os perigos do mar, para a inquietação e adultério dos
que ficam e para o despovoamento do território nacional
o Excesso de ambição é prejudicial (Ícaro)
o Lamentação da estranha condição humana

Canto V
» Canto central d’Os Lusíadas (perigosas cousas do mar)
» Viagem de Lisboa a Melinde
» Fogo de Santelmo e tromba marítima (16-22)
o Episódio Naturalista
o Defesa da conquista do saber pela experiência (Humanismo) em
detrimento do saber livresco
o Elementos do quotidiano para facilitar a perceção do Rei de
Melinde
o Crítica aos que acreditam por terem lido sem nunca terem visto
o Crítica ao saber livresco
» Episódio de Fernão Veloso (30-36)
» Episódio do Gigante Adamastor (37-60)

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o Terror do desconhecido; capacidade para ultrapassar obstáculos
(naturais) – enaltecimento do herói
o Profecias sobre naufrágios
o O Adamastor, interpelado por Vasco da Gama, explica-lhe por
que é um penedo, com uma história de amor e traição com uma
deusa (Tétis)
o Contraste da beleza feminina com a fealdade masculina
o Transformação do gigante em pedra
» Escorbuto (81-83)
» Reflexão sobre a dignidade das Artes e das Letras (92-100)
o Episódio Humanista
o Os antigos gostavam que os seus feitos guerreiros fossem
cantados
o Os chefes eram também conhecedores da arte e das letras
o Os chefes da antiguidade eram guerreiros (épicos) mas também
cultos
o Portugal não preza as artes (é ignorante)
o Mantendo-se a situação, ninguém exaltará os feitos dos
portugueses
o Apesar de saber que os portugueses não valorizam as artes e as
letras, Camões vai continuar a sua obra, mesmo que por ela não
venha a ser reconhecido

Canto VI
» Viagem de Melinde a Calecut
» Consílio dos deuses marinhos (6-36) – Presidido por Neptuno, que com
Baco apoiam que os portugueses sejam afundados
» Episódio dos Doze de Inglaterra (43-69)
» Tempestade (70-85)
o Vasco da Gama dirige uma prece a Deus
o Intervenção de Vénus
» Chegada à Índia (92-94)
» Reflexão do poeta sobre o valor da Fama e da Glória (95-99)
o A nobreza não se herda
o São necessários feitos dignos do título
o Oposição da definição “tradicional” de Nobreza à agora
apresentada por Camões
o Apelo à coragem
o A nobreza e heroicidade conquistam-se vencendo e
ultrapassando obstáculos
o Os heróis serão reconhecidos, independentemente de o
quererem

Canto VII
» Armada em Calecut
» Elogio do poeta ao espírito de cruzada. Censura às nações que não
seguem o exemplo português
o Crítica ao Luteranismo e guerras dos alemães
o Crítica à oposição dos ingleses ao Papa
o Crítica à aliança da França aos Turcos (por pura ambição)

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o Crítica à corrupção italiana
o Crítica à expansão sem motivo religiosos
o Elogio aos portugueses, que apostam na expansão para propagar
a fé Cristã, enquanto os outros querem apenas conquistar
território
» Desembarque de Vasco da Gama (42)
» Visita do Catual à armada. Paulo da Gama explica o significado das
bandeiras
» Invocação às ninfas do Tejo e Mondego. Crítica aos opressores e
exploradores do povo (78-87)
o As etapas da vida de Camões (destacando-se a variedade).
Balanço negativo da sua vida
o Camões não se sente reconhecido pela sua obra
o Tal como ele, também os escritores vindouros se sentirão
desmotivados
o Camões não louvará quem procura a fama para proveito próprio
o Crítica aos que chegam junto do Rei com o propósito de explorar
o povo
o Camões sente-se cansado pela forma como é tratado pelos
compatriotas

Canto VIII
» Armada em Calecut
» Paulo da Gama explica ao Catual o significado das bandeiras (1-43)
» Ciladas de Baco, que intercede junto dos indianos contra os
portugueses(43-96)
» Reflexão sobre o vil poder do ouro
o A sede de dinheiro provoca ações pouco nobres de ricos e de
pobres
o O ouro corrompe mas não deixa de ser um metal nobre

Canto IX
» Em Calecut
» Regresso a Portugal – Ilha dos Amores
» Vénus recompensa os Portugueses mostrando-lhes a ilha dos amores
» Exortação do poeta aos que desejarem alcançar a Fama (92-95)

Canto X
» Tétis e as ninfas oferecem um banquete aos portugueses. Profecias
sobre o futuro dos Lusitanos no Oriente (1-73)
» Invocação a Calíope (8-9)
» Tétis mostra a Máquina do Mundo a Vasco da Gama, indicando-lhe a
dimensão do Império Português (77-142)
» Chegada a Portugal (144)
» Lamentação do poeta e exortação de D. Sebastião (145-156)
o Caracterização do passado, presente e futuro
o Elogio aos portugueses que partem expostos ao perigo (nobres).
Alerta aos homens do presente, focados no ouro, cobiça e
ambição

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o O Rei deverá favorecer aqueles que possuem os valores que
Camões diz serem ideais
o Simetria: novas proposição e dedicatória (visão aristotélica da
epopeia)

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