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| Português, 10.

º ano Exercícios de treino | Educação Literária


A prof.ª Mónica Sanches

Luís de Camões, Os Lusíadas

Texto Género da tradição literária

Epopeia
• Poema narrativo extenso.
Os Lusíadas,
• Exaltação de um acontecimento memorável e extraordinário,
Luís de
com interesse nacional ou universal.
Camões
• Visão heroica do mundo.
• Estilo solene / elevado.

Epopeia
Os Lusíadas

Estrutura externa
• 10 cantos, com número variável de estrofes.
• Estrutura estrófica: oitavas.
• Estrutura métrica: decassílabo
(Vós/ po/de/ro/so/ rei/ cu/jo al/to im/pé[rio]).
• Estrutura rimática das estrofes:
– Esquema rimático: ABABABCC.
– Tipos de rima: rima cruzada nos seis primeiros versos e emparelhada nos
dois últimos.

Estrutura interna
• Proposição – explicitação do propósito e do assunto da obra.
• Invocação – pedido de inspiração às ninfas do Tejo.
• Dedicatória – oferecimento da epopeia a D. Sebastião.
• Narração da ação, iniciada in media re, em quatro planos interligados:
– Plano da viagem de Vasco da Gama à Índia
(Cantos I, II, IV, V, VI, VII, VIII, IX, X).
– Plano mitológico, em articulação com o plano da viagem
(Cantos I, II, VI, VIII, IX, X).
– Plano da História de Portugal, encaixado no plano da viagem
(Cantos III, IV, VIII, X).
– Plano das reflexões do poeta, geralmente em final de canto
(interrupção da narração; apresentação de reflexões do poeta a propósito
dos factos narrados).
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A prof.ª Mónica Sanches

Apresentação da matéria épica (I, 1-18)


• Viagem de Vasco da Gama.
• Feitos históricos dos Portugueses.
“puras verdades”

Desenvolvimento da matéria épica (Narração)
Matéria • Viagem de Vasco da Gama:
épica · exploração e conhecimento dos mares;
· vitória relativamente aos inimigos e às forças da Natureza.
• Feitos históricos dos portugueses:
· narração de feitos passados (analepse): por Vasco da Gama ao
rei de Melinde (Cantos III, IV); por Paulo da Gama ao Catual
(Canto VIII);
· narração de feitos futuros (prolepse): profecias de Júpiter
(Canto II), do Adamastor (Canto V), de uma ninfa e de Tétis
(Canto X).

• Narração dos feitos dos portugueses através de um “som alto e


sublimado” / “estilo grandíloco e corrente”, adequado à matéria
épica (I, 4), com recurso a:
· estilo culto, erudito;
· latinismos (ex.: “grandíloco”, “salso argento”);
· evocações mitológicas (X, 88);
Sublimidade
Imaginário do canto · alusões à história antiga (V, 93, 95-96);
épico · recursos expressivos (ex.: anáfora, anástrofe, apóstrofe,
comparação, enumeração, hipérbole, interrogação retórica,
metáfora, metonímia, personificação).
• Canto épico como condição para a existência de heróis
(manutenção dos feitos heroicos na memória dos vindouros).

• Exaltação das características do povo português que lhe


conferem o estatuto de heróis: coragem, ousadia, patriotismo,
espírito de sacrifício, fé em Deus.
• Comparação dos portugueses com os heróis e deuses da
Antiguidade Clássica (e superação dos mesmos).
Mitificação • Ilha dos Amores: recompensa dos portugueses (comunhão com
do herói o divino; acesso ao conhecimento).

Superação dos modelos antigos
Ascensão ao estatuto de heróis

Imortalização / Divinização
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Fragilidade da vida humana (I, 105-106)


• Consciencialização do carácter terreno / mortal / efémero da vida humana e
da pequenez e fraqueza do ser humano (em oposição à força dos perigos
envolventes).

Desprezo pelas artes e pelas letras (V, 92-100)


• Crítica à falta de cultura dos portugueses, que leva à desvalorização da arte.
• Constatação de que a ausência de quem divulgue literariamente os feitos
heroicos levará ao desaparecimento dos heróis.
• Censura ao facto de os portugueses serem dominados pela austeridade,
pela rudeza e pela falta de “engenho”.

Queixas do poeta / critérios de seleção dos merecedores do canto


(VII, 78-87)
• Expressão dos infortúnios pessoais (vida de perigos diversos, de guerras,
Reflexões do
de viagens atribuladas por mar e por terra, errância, pobreza, desterro,
poeta incompreensão por parte dos contemporâneos).
(tom antiépico) • Apresentação de critérios de seleção dos que merecem e dos que não
merecem ser cantados.

Poder do dinheiro (VIII, 96-99)


• Crítica aos efeitos gerados pela ambição do dinheiro (rendição de
fortalezas, transformação de nobres em pessoas vis, promoção da
deslealdade, corrupção do que é puro, deturpação da justiça e da ciência).

Imortalização do nome (IX, 88-95)


• Considerações sobre o caminho a percorrer para alcançar a
fama/imortalidade (renúncia ao ócio, à cobiça, à ambição desmedida e à
tirania; promoção da justiça e igualdade, da defesa da fé cristã e da pátria).

Desvalorização da arte / exortações a D. Sebastião (X, 145-156)


• Desalento face a uma pátria decadente que despreza as artes e
menospreza a obra do próprio Camões.
• Apelo a D. Sebastião para liderar Portugal na realização de novos feitos
gloriosos.
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FICHA 1

Leia o texto.

92 Mas a Fama, trombeta de obras tais, 94 Ou dai na paz as leis iguais, constantes,
Lhe deu no mundo nomes tão estranhos Que aos grandes não dem o dos pequenos5,
De Deuses, Semideuses, Imortais, Ou vos vesti nas armas rutilantes,
Indígetes1, Heroicos e de Magnos2. Contra a Lei dos immigos Sarracenos:
Por isso, ó vós que as famas estimais, Fareis os Reinos grandes e possantes,
Se quiserdes no mundo ser tamanhos, E todos tereis mais e nenhum menos:
Despertai já do sono do ócio ignavo3, Possuireis riquezas merecidas,
Que o ânimo, de livre, faz escravo. Com as honras que ilustram tanto as vidas.
93 E ponde na cobiça um freio duro, 95 E fareis claro6 o Rei que tanto amais,
E na ambição também, que indignamente Agora cos conselhos bem cuidados,
Tomais mil vezes, e no torpe e escuro Agora co as espadas, que imortais
Vício da tirania infame e urgente4; Vos farão, como os vossos já passados7.
Porque essas honras vãs, esse ouro puro, Impossibilidades não façais,
Verdadeiro valor não dão à gente. Que quem quis, sempre pôde; e numerados8
Milhor é merecê-los sem os ter, Sereis entre os Heróis esclarecidos9
Que possuí-los sem os merecer. E nesta Ilha de Vénus recebidos.

Luís de Camões, Os Lusíadas, C. IX, est. 92-95, Porto, Porto Editora, 2011.

___________________________________________________________________________________________________
1. ilustres, venerados como divindades; 2. grandes; 3. indolente; 4. que oprime; 5. aquilo que é dos humildes; 6. ilustre; 7. antepassados; 8. mencionados, inscritos;
9. Ilustres.

1. «Por isso, ó vós que as famas estimais,» (est. 92, v. 5)


• Identifique os destinatários da reflexão/exortação do Poeta neste final de canto, referindo o caminho que
deverão trilhar para atingirem o seu objetivo: os valores pelos quais deverão pautar a vida, bem como a
atuação que deverão ter, no que diz respeito aos seus compatriotas, à pátria e ao rei.

2. «Sereis entre os Heróis esclarecidos / E nesta Ilha de Vénus recebidos.» (est. 95, vv. 7-8)
• Refira três aspetos do prémio pessoal que os heróis receberão, se seguirem o caminho indicado pelo poeta.
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FICHA 2
Leia as seguintes estâncias do canto V da obra Os Lusíadas.
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Apresente, de forma completa e estruturada, as suas respostas ao seguinte questionário.

1. Explicite dois dos obstáculos enfrentados por Vasco da Gama e pelos marinheiros, na viagem,
comprovando cada um deles com um segmento textual.
2. Atente nas estâncias 71 e 72.
Refira um dos efeitos de sentido produzidos pelas interrogações retóricas.
3. Relacione a atitude do rei na estrofe 90 com o comentário do poeta, na estrofe 92.
4. Sintetize a conclusão da reflexão do poeta, apresentada na última estância.

FICHA 3
est. 88 Tal o vago juízo flutuava est.97 A Polidoro5 mata o Rei Treício,
Do Gama preso, quando lhe lembrara Só por ficar senhor do grão tesouro;
Coelho1, se por caso o esperava Entra, pelo fortíssimo edifício,
Na praia com os batéis, como ordenara. Com a filha de Acriso6 a chuva d'ouro;
5 Logo secretamente lhe mandava, Pode tanto em Tarpeia7 avaro vício,
"Que se tornasse à frota, que deixara; 30 Que, a troco do metal luzente e louro,
Não fosse salteado dos enganos, Entrega aos inimigos a alta torre,
Que esperava dos feros Maumetanos." Do qual quase afogada em pago morre.

est.89 Tal há de ser quem quer, c’ o dom de Marte2, est.98 Este rende munidas8 fortalezas,
10 Imitar os ilustres e igualá-los: Faz tredores e falsos os amigos:
Voar c’ o pensamento a toda parte3, 35 Este a mais nobres faz fazer vilezas,
Adivinhar perigos, e evitá-los: E entrega Capitães aos inimigos;
Com militar engenho e subtil arte Este corrompe virginais purezas,
Entender os inimigos, e enganá-los; Sem temer de honra ou fama alguns perigos:
15 Crer tudo, enfim, que nunca louvarei Este deprava às vezes as ciências,
O Capitão que diga: "Não cuidei"4. 40 Os juízos cegando e as consciências;

est.96 Nas naus estar se deixa vagaroso, est.99 Este interpreta mais que sutilmente.
Até ver o que o tempo lhe descobre: Os textos; este faz e desfaz leis;
Que não se fia já do cobiçoso Este causa os perjúrios entre a gente,
20 Regedor corrompido e pouco nobre. E mil vezes tiranos torna os Reis.
Veja agora o juízo curioso 45 Até os que só a Deus Onipotente
Quanto no rico, assim como no pobre, Se dedicam9, mil vezes ouvireis
Pode o vil interesse e sede inimiga Que corrompe este encantador, e ilude;
Do dinheiro, que a tudo nos obriga. Mas não sem cor, contudo, de virtude.

NOTAS E GLOSSÁRIO
1.Nicolau Coelho, um dos navegadores da armada portuguesa.
2.os grandes guerreiros.
3.não esquecer nada.
4.“Não esperava isto”.
5.Polidoro era filho de Príamo, rei de Troia. Perante a derrota dos troianos, o monarca enviou o filho para junto de Polimnestor (rei da
Trácia), juntamente com ouro. No entanto, este, para se apoderar da riqueza, matou Polidoro, atirando o seu cadáver ao mar.
6.Acrísio encerrou a sua filha Dánae numa torre de bronze para não ter filhos e impedir assim que se cumprisse a profecia segundo a
qual seria morto por um dos seus netos; mas Júpiter entrou metamorfoseado em chuva de ouro e engravidou-a. Dánae veio a dar à
luz Perseu, que efetivamente matou o avô.
7.Tarpeia entregou os seus compatriotas romanos aos inimigos Sabinos, a troca de braceletes de ouro. No entanto, depois de abrir a
porta da cidade de Roma aos Sabinos acabou soterrada debaixo dos montes de braceletes que tinha exigido como preço da traição.
8.Fortificadas.
9. Elementos do clero.
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Apresente, de forma completa e estruturada, as suas respostas ao seguinte questionário.

1. Relacione as referências mitológicas presentes na estância 97 com o comentário do poeta nos versos 21
a 24.
2. Caracterize, de acordo com as duas últimas estâncias transcritas, aqueles que se deixam corromper pelo
“metal luzente e louro “ (v.30).
3. Interprete o sentido dos versos 45 a 48, enquanto crítica dirigida ao clero.

FICHA 4
Leia o texto seguinte, constituído pelas estâncias 26 a 29 do canto VI de Os Lusíadas, bem como a contextualização
apresentada. Se necessário, consulte as notas.

Contextualização
Encontrando-se os Portugueses já a navegar no Oceano Índico, Baco convence Neptuno a convocar um consílio
de deuses marinhos, com a intenção de impedir a chegada daqueles à Índia.

est. 26 Estando sossegado já o tumulto est.28 «E vós, Deuses do Mar, que não sofreis
Dos Deuses e de seus recebimentos1, Injúria algũa em vosso reino grande,
Começa a descobrir do peito oculto Que com castigo igual vos não vingueis
A causa o Tioneu2 de seus tormentos; 20 De quem quer que por ele corra e ande:
5 Um pouco carregando-se no vulto3, Que descuido foi este em que viveis?
Dando mostra de grandes sentimentos, Quem pode ser que tanto vos abrande
Só por dar aos de Luso triste morte Os peitos, com razão endurecidos
Co ferro alheio4, fala desta sorte: Contra os humanos, fracos e atrevidos?

est.27 — «Príncipe5, que de juro senhoreias6, est.29 «Vistes que, com grandíssima ousadia,
10 Dum Polo ao outro Polo, o mar irado, Foram já cometer8 o Céu supremo;
Tu, que as gentes da Terra toda enfreias7, Vistes aquela insana fantasia
Que não passem o termo limitado; De tentarem o mar com vela e remo;
E tu, padre Oceano, que rodeias Vistes, e ainda vemos cada dia,
O Mundo universal e o tens cercado, 30 Soberbas e insolências tais, que temo
15 E com justo decreto assi permites Que do Mar e do Céu, em poucos anos,
Que dentro vivam só de seus limites; Venham Deuses a ser, e nós, humanos.

notas
1recebimentos – receção; acolhimento. 2Tioneu – Baco, filho de Tione. 3carregando-se no vulto – mostrando-se pesaroso, tristonho,
desgostoso. 4Co ferro alheio – por intervenção de outrem. 5Príncipe – Neptuno. 6de juro senhoreias – dominas por direito; governas
por direito. 7enfreias – refreias; impedes a passagem. 8cometer – enfrentar; desafiar.

1. Explicite as estratégias argumentativas utilizadas por Baco (est. 27 e 28) para convencer Neptuno,
Oceano e os outros deuses marinhos a serem seus aliados.
2. Apresente dois aspetos distintos que, na estância 29, evidenciem a mitificação do herói, fundamentando
cada um deles com uma transcrição pertinente.
3. Complete as afirmações abaixo apresentadas, selecionando da tabela a opção adequada a cada espaço.
Nestas estâncias, são utilizados alguns recursos expressivos frequentes em Os Lusíadas: na expressão
«peito oculto» (v. 3), está presente uma _____a_)____; a apóstrofe ocorre, por exemplo, em _____b_)____.
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CENÁRIOS DE RESPOSTA
FICHA 1
1. No final do Canto IX, o poeta dirige-se aos seus contemporâneos que desejam ser famosos, aconselhando-os
sobre o caminho a seguir para atingirem o objetivo.
Para merecerem a Fama, terão de despertar do adormecimento e do ócio, e pôr de lado a cobiça, a ambição dos
bens materiais e a tirania. Deverão ser justos para com os mais fracos e não beneficiar os poderosos. Finalmente,
deverão lutar pela pátria e pelo rei.
Em suma, mais uma vez, o Poeta adverte no sentido de os Portugueses seus contemporâneos pautarem a sua
atuação por valores de desapego, justiça, esforço, coragem, amor à Pátria e lealdade ao Rei.

2. Se seguirem o caminho apontado pelo poeta, os heróis receberão, durante a vida, «riquezas merecidas» e
«honras» e, além disso, ser-lhes-á concedida a Fama e, consequentemente, a mitificação (metaforicamente
representada pela ilha dos amores –“ E nesta Ilha de Vénus recebidos”, est.95,v.8 -, logo, a imortalidade
semelhante à dos heróis do passado.

FICHA 2

PROPOSTA DE RESOLUÇÃO

Critérios específicos de classificação


- Aspetos de conteúdo (C) 15 pontos
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FICHA 3

1. Nos versos 21 a 24, o autor inicia uma reflexão sobre o “vil interesse” do dinheiro que desencadeia a
ganância tanto do rico, como do pobre.
Assim, para o ilustrar, o poeta apresenta exemplos mitológicos de como o dinheiro pode levar à traição: o rei
da Trácia matou Polidoro, para se apoderar indevidamente da riqueza que com ele fora enviada; Acrísio não
acreditou no Destino e acabou por morrer, pois Júpiter introduziu-se na torre, sob a forma de chuva de ouro,
onde Dánae estava presa e tornou-a mãe de Perseu, que veio a assassinar o avô; Tarpeia traiu o seu povo a
troco de dinheiro e acabou esmagada.
Todos estes exemplos provam o poder corruptor do dinheiro, “que a tudo nos obriga”, na medida em
que evidenciam o modo como a avidez de dinheiro e de ouro pode levar o ser humano a adotar atitudes
condenáveis, como a traição ou a deslealdade.

2. Entre os versos 17 e 28, o Poeta mostra que o «metal luzente e louro» (v. 14) exerce tal poder sobre o ser
humano («Quanto no rico, assi como no pobre» – v. 6) que o leva a agir de forma indigna e em desconformidade
com os princípios que, à partida, defenderia. Por um lado, podemos apontar a fidelidade à pátria como um dos
valores não respeitados, na medida em que são traídos os interesses superiores da nação, o que se constata no
verso «E entrega Capitães aos inimigos» (v. 20). Por outro lado, também a dignidade do ser humano é
corrompida, pois a ganância tem a capacidade de transformar pessoas nobres de carácter em pessoas vis, como
comprova o verso «Este a mais nobres faz fazer vilezas» (v. 19). Finalmente, observa-se que a mesma ganância
promove a tirania, pondo em causa a justiça social, o que é evidenciado em «E mil vezes tiranos torna os Reis»
(v. 28).

3. Nos versos referidos, o poeta estende a sua crítica ao clero, classe social que, em princípio, estaria imune ao
poder de sedução do dinheiro – «este encantador» (v. 31); todavia, o que se verifica é que, frequentemente –
«mil vezes ouvireis» (v. 30) –, o «metal luzente e louro» (v. 14) não só corrompe o clero como o leva a agir com
hipocrisia, escondendo a ganância sob uma aparência de virtude (v. 32).
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FICHA 4
1. ‒ Baco começa por adular (bajular) Neptuno, Oceano e os outros deuses, tanto pela vastidão dos seus
domínios como pela forma firme como exercem o seu poder (Neptuno e Oceano dominam os mares e impedem
que os humanos ultrapassem os limites por eles impostos; os outros deuses marinhos vingam-se de qualquer
humano que se atreva a atravessar o seu território);

‒ em seguida, através do recurso à interrogação retórica, confronta-os com o facto de estarem a ser
descuidados e brandos para com os Portugueses/insinua que revelam fraqueza perante a ousadia e o
atrevimento dos Lusos.

2. ‒ a valorização da coragem/do atrevimento dos Portugueses, capazes de desafiar os deuses – «Vistes que,
com grandíssima ousadia, / Foram já cometer o Céu supremo» (vv. 25-26); ‒ a valorização da capacidade de
superar a condição humana, patente no facto de os Portugueses se aventurarem pelo mar desconhecido –
«Vistes aquela insana fantasia / De tentarem o mar com vela e remo» (vv. 27-28); ‒ o reconhecimento da
superioridade dos Portugueses em relação aos outros homens, patente no receio de Baco de que estes se
convertam em Deuses e os Deuses em humanos – «temo / Que do Mar e do Céu, em poucos anos, / Venham
Deuses a ser, e nós, humanos» (vv. 30-32).

3. a) 3; b) 2.

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