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3 Fish & Chips
3 Fish & Chips
Resumo:
— Ei, Freddy, Scott, vocês precisam ver isso, — disse a agente especial
Michelle Clancy enquanto corria para a sala de musculação do ginásio do FBI,
no escritório em Baltimore.
Ele estava certo, mas os olhos de Alston arregalaram com a notícia. Ele
começou a sorrir, mesmo quando ajudou a puxar a barra para cima e
rapidamente a colocou em sua armação com um barulho. De jeito nenhum ele
queria perder aquilo.
— Levante, Grady! Você não pode tomar essa merda dele! — Um dos
agentes que assistia gritou em diversão.
Se Zane estava tentando aprender com Ty, ele tinha ido ao lugar certo.
Infelizmente, Ty não era exatamente um material para mentor. Todos no
escritório de Baltimore sabiam que o agente especial Ty Grady era bom em
uma coisa no ringue: envergonhar os novatos sabichões. Se você realmente
quisesse treinar com ele, você tinha que colocá-lo em desvantagem de alguma
forma. Alston pessoalmente preferia o método joelho-nas-nozes-no-vestiário-
antes-de-treino. Aquilo geralmente igualava um pouco as chances.
Geralmente.
Ty rolou para o lado e se levantou com um gemido baixo. Ele não era tão
alto, nem tinha os ombros tão largos quanto seu parceiro, mas era sólido da
cabeça aos pés, um homem grande do seu jeito. Alston era da opinião que sua
atitude lhe dava um ar mais imponente do que a sua massa. Cada agente de lá
conhecia Ty Grady através de um caminho ou de outro. E todo mundo sabia
que ele estava apenas a um pequeno toque furtivo.
Ele estava vestindo uma camiseta branca com uma imagem de um
espantalho acompanhado pelas palavras “destaque no seu campo.1” Nenhum
dos agentes que assistia deu uma segunda olhada. Era, todos sabiam, a sua
camiseta favorita.
— Não há jeito algum que Garrett possa aguentar muito tempo com
Grady, — Alston previu. Não é que ele não gostava de Zane. Ele parecia um
cara legal. Talvez um pouco maçante e certinho. Mas estava lutando contra
Ty. O ex-fuzileiro naval era um pavio curto nos melhores dos dias. Quando ele
perdia a paciência, nunca houve ninguém capaz de manipulá-lo e impedi-lo
de explodir antes do final do dia de trabalho.
— Sim, mas isso não era a sério até poucos minutos atrás, — outro
agente disse a eles.
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— Ter “movimentos” e ser treinado pelo governo para matar não é a
mesma coisa, — Alston disse com uma risada irônica.
— Mãos não são as únicas coisas que podem acertar, Garrett, — Ty disse
em voz baixa com um leve sorriso curvando seus lábios.
— Oh merda, nós vamos ter que preencher papelada sobre isso também,
— Alston murmurou para si mesmo.
Todo mundo que assistia gemeu com a disputa verbal. Todos tinham
ouvido a história do que ocorreu com Ty e Zane nas montanhas de West
Virginia. Ty apenas sorriu sem atacar. Um dos punhos que ele mantinha para
cima tinha grandes cicatrizes da mordida que ele recebeu do puma há
algumas semanas e as duas cirurgias subsequentes que ele sofreu para
corrigir os danos. A provocação de Zane foi um golpe baixo.
Sem aviso, Zane atacou, conduzindo seu ombro esquerdo para empurrar
todo o seu peso em Ty, impulsionando-o para as cordas. Parecia ser o que Ty
esperava, no entanto, porque ele plantou um pé e usou o impulso de Zane
para levantá-lo completamente fora de seus pés e batê-lo para baixo no
tapete. O ringue inteiro balançou novamente e um alto gemido percorreu a
plateia.
Desta vez, quando Zane foi para baixo, Ty não tentou simplesmente
imobilizá-lo. Ele deu quatro ou cinco socos rápidos na sua barriga antes de
um cruel esquerdo no rosto desprotegido de Zane.
Gritos de protesto vieram da multidão, mas ninguém se moveu para
detê-lo. Zane se enrolou e tomou os claramente dolorosos golpes e quando Ty
recuou para um último chute Zane puxou um joelho para trás e enfiou o pé na
barriga de Ty, duro, antes de começar a se afastar dele. Ty tropeçou para trás,
mas então ele atacou novamente, rápido demais para Zane fugir.
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Marca de comida para gatos.
— Você vai lá para separá-los? — Alston perguntou incrédulo enquanto
assistia Zane continuar a lutar contra a outra mão de Ty embora resistisse
debaixo dele, tentando jogá-lo fora.
Zane engasgou por ar e bateu com força com os nós dos dedos contra o
peito de Ty quando ele finalmente arrancou os dedos de Ty de sua garganta.
ZANE deixou sua cabeça descansar à vontade para trás e levantou uma
mão para cutucar suavemente seu lábio cortado.
— Ow.
— Cale a boca, — Ty grunhiu para ele. Mas, mesmo ainda de costas para
ele, Zane podia ouvir o sorriso em sua voz. — E corte as malditas piadas de
gato, ok? Elas estão começando a irritar.
— Tudo bem, tudo bem. Não há razão para ficar irritado com isso, —
Zane disse a seu parceiro com um sorriso mal disfarçado.
— Você tinha que ir para as costelas, não é? — Disse com a voz triste. Ele
teve suas costelas quebradas tantas vezes que imaginava que poderia muito
bem usar supercola neste momento. — Bastardo. — Ele completou antes de
tirar as meias e ficar de pé com a toalha na mão.
— Eu não cobri nem uma vez hoje, — afirmou. — Recuar, inferno sim.
Cobrir, não.
— Com certeza, — ele permitiu. — Acha que devo tomar uma ducha
antes de McCoy colocar as mãos nos nossos traseiros ou devo ir cheirando a
vitória? — Ele uma fez posse depois que abriu o armário e jogou sua camiseta
suada na bolsa de ginástica.
Zane mordeu o interior de seu lábio contra a primeira resposta que lhe
veio à mente enquanto deliberadamente olhou de cima a baixo de seu amante,
e passou alguns segundos revendo o que eu poderia dizer, sem arriscar outro
tapa na cabeça.
Zane decidiu que iria esperar para tomar banho depois que Ty tivesse
terminado. Ele não conseguia lidar com tanta tentação corporal nesse dia.
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Zane ainda era um desconhecido para a maioria, apesar das histórias que
foram filtradas sobre suas aventuras passadas.
McCoy o conhecia o suficiente para saber que eles não estavam fazendo
nada de bom, de qualquer maneira.
Zane ficou ali sentado parecendo fresco e confortável em seu terno bem
ajustado. Ele tinha um pequeno sorriso em seu rosto enquanto balançava
levemente a cabeça para seu parceiro.
— Corbin e Del Porter, — McCoy disse em voz alta para conter mais
conversa, — deveriam estar naquele navio amanhã. Mas finalmente
conseguimos o suficiente sobre estes dois para detê-los. — Ele deslizou o
arquivo para Ty e recostou-se na cadeira com um sorriso. — Há uma lista de
coisas proibidas que podemos ligar a eles com um pouco mais de provas e
vamos fazê-lo em breve. O que quero de vocês é algo concreto de alguns dos
seus contatos.
— Não estou entendendo, — ele disse lentamente. — Você quer que nós
assumamos suas identidades? Como isso vai funcionar? — Ele perguntou.
— Eu não tenho certeza se gosto do som disso, — disse Zane. — Nós não
recebemos nenhuma informação sobre esse caso até hoje e agora iremos
supostamente representar esses caras?
— Ok, — disse cuidadosamente. Ele ainda não entendia por que McCoy
parecia estar gostando tanto da perspectiva. Tinha uma pegadinha vindo.
— Do que diabos você está falando, McCoy? Não é como se ele pudesse
engordar vinte quilos durante a noite, — Zane disse irritado.
Zane ficou totalmente imóvel, os olhos fixos nos anéis. Então seu queixo
subiu quando seu olhar mudou para McCoy.
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Pessoas escolhidas, geralmente por agências, para, mediante pagamento, acompanharem quem
deseja divertir-se, conhecer a vida noturna, atrações sexuais etc.
Ty ainda permanecia imóvel olhando para McCoy, seu estômago se
agitando quando percebeu no que eles estavam sendo jogados. Um casal gay
muito fora entre pessoas que esperavam que eles agissem como tal, incluindo
uma equipe de seu próprio povo. Ele lentamente estendeu a mão e pegou um
dos anéis, colocando-o em sua mão. Era uma banda de prata simples, plana e
larga. Ele olhou para Zane apreensivo. Zane ainda usava sua aliança de
casamento em seu dedo. Ty não sabia como seu parceiro reagiria ao substituí-
la, mesmo que temporariamente. Mas Zane não moveu um músculo, nem
sequer se contorceu enquanto olhava para o anel que ainda permanecia na
frente de McCoy.
Dan McCoy tinha sido um bom agente de campo e era um bom agente
especial encarregado. Ty até mesmo havia trabalhado em alguns casos com
ele antes de McCoy ter sido promovido e eles tinham se dado bem, que era
provavelmente por isso que McCoy estava gostando muito disso e
demostrando isso. Ty meio que queria bater nele.
— Eu tenho que ser ... ele? — Ele finalmente perguntou com voz aflita.
Ty olhou para ele rapidamente e olhou para o homem por trás do vidro.
— Eu não sei, — ele disse distraidamente. Ty olhou para ele com ódio,
sentindo-se corar sob o escrutínio.
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Expressão idiomática para dizer que ele não é muito esperto.
— Santa foda, cara, — Ty murmurou finalmente. — Eu vou ser esse cara
por quanto tempo?
— Está vendo aquele cara ali? — McCoy respondeu apontando seu dedo
para o homem na sala de interrogatório.
Ty sentiu uma súbita vontade de implorar para Zane não deixá-lo lá. Ele
podia sentir a escrita levantada sobre o pedaço de papel grosso cor creme em
sua mão. Ele olhou para aquilo, pensando em todos os procedimentos que a
reforma implicaria. Salon Láurie... depilação, bronzeamento, branqueamento,
manicure, loções, lama perfumada...
Del Porter disse algo de repente, queixando-se sobre ser deixado na sala
por tanto tempo. Ty virou-se para olhar para ele em choque. Ele apontou o
dedo com indignação e se virou para o outro agente na sala. — Ele é britânico?
— Ty reclamou.
Agente Especial Lassiter que estava ali em silêncio o tempo todo, cobriu
a boca com a mão e apenas balançou a cabeça em resposta, incapaz de não rir
mais.
— Você percebe o tipo de insuportável que Grady vai ser quando tudo
isso estiver terminado? — Zane perguntou a McCoy enquanto caminhavam
pelo corredor indefinido de salas de espera e salas de interrogatório.
— Eu não quis dizer nada para Grady, porque eu não queria reduzir o
seu horror. Você está indo para um corte de cabelo e manicure também, —
McCoy disse com uma curva nos lábios.
— Ele nos disse para não ouvir, — Lassiter disse para McCoy.
— Vocês casaram aqui nos Estados Unidos ou foram para outro lugar?
— Ty perguntou, sua voz transmitindo o que pareceu um interesse genuíno.
— Sim, sim.
— Ah, sim, — ele disse lentamente com ironia enquanto sentia os olhos
nele.
— Eu não pensei que eles tolerassem esse tipo de coisa no FBI, — ele
disse com uma ligeira curva no lábio. Zane ficou surpreso ao ouvi-lo falar com
um sotaque britânico.
Ty deu de ombros.
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Marca de cerveja.
—Você está confundindo com os militares. Feds não tem nenhum
problema com isso. Eu faço o meu trabalho como qualquer outra pessoa, —
ele disse com outro aceno de sua mão. Zane não conseguia definir o que Ty
estava fazendo de forma diferente com seu corpo, mas o fazia parecer... suave.
Não feminino, mas... não tão masculino como ele tendia a ser. Zane realmente
não conseguia descrever o efeito a não ser dizer que Ty parecia menos alfa.
Ele percebeu de repente, quando Ty rolou seus ombros, que ele estava
sutilmente imitando o homem sentado em frente a ele.
Aquilo então bateu em Zane, o que Ty estava realmente fazendo ali. Ele
não tinha intenção de interrogar Del Porter. Ele o estava estudando.
— Há quanto tempo você está com ele? — Ele perguntou, seu tom de voz
hesitante.
Del lhe deu um meio sorriso e acenou com a cabeça, em seguida, olhou
de volta para suas mãos.
McCoy teve de limpar a garganta, e Zane se virou para olhar para ele.
— Obrigado pelo seu tempo, Sr. Porter, — Ty disse assim que assentiu
abruptamente, como estando por satisfeito. Ele desdobrou as pernas e se
levantou, indo para a porta.
Ty parou na porta e virou-se para olhar de volta para o homem, sua mão
na maçaneta.
— Sinto muito. Você precisa de algo mais? — Ele perguntou com o que
parecia ser surpresa genuína.
— Esse não é o meu trabalho, homem, — ele disse com desdém antes de
sair da sala de interrogatório e fechar a porta atrás de si com firmeza.
Del Porter olhou para a porta e olhou para o vidro espelhado incrédulo.
Agora ele estava elegante. Polido. Teve uma manicure, por isso suas
mãos pareciam mais puras, menos experiente em brigas. E uma pedicure, que
tinha realmente se sentido muito bem. Mas a maior mudança não era
imediatamente visível. Zane virou-se de costas e foi até o espelho e olhou por
cima do ombro, levantando a barra da camisa e empurrando para baixo o cós
de sua calça para expor a pele.
Suspirando, Zane deixou sua camisa cair. Ela já estava aberta na frente,
desabotoada, expondo seu peito. Não se preocupou em colocar sua camiseta
de volta após a massagem no spa. Ele estava no processo de se preparar para
dormir quando tinha ficado preso pela estranha visão de si mesmo no
espelho. Começou a puxar a camisa fora de seus ombros, mas ouviu uma
chave na porta da frente e saiu para o corredor com os pés descalços, ouvindo
quando alguém entrou no apartamento. Só podia ser Ty, ele era a única
pessoa para quem Zane já deu uma chave e Zane nunca deixava a porta
destrancada. Quando Zane espiou ao virar a esquina, porém, um estranho
estava ali. Demorou um pouco demais para perceber que era Ty afinal de
contas e Zane estava feliz que ele não tinha a arma na mão.
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sido clareado em um natural loiro-branco. O cabelo ficou ereto, como se
estivesse ofendido com a sua nova cor. Todo o corpo de Ty parecia retocado,
sua pele bronzeada estava mais brilhante, mais lisa e mais macia do que
provavelmente jamais tinha sido. Seu peito bem definido estava desprovido
de sua habitual camada de cabelo escuro e o efeito o deixou mais elegante.
Zane não estava certo do que ele achava do cabelo, mas o resto de Ty era
um sonho molhado andando.
— Você parece retocado, — ele observou uma vez que Ty parou na frente
dele. — Como em uma revista de cosméticos.
Ty ergueu o queixo e os ombros, olhando Zane no olho enquanto refletia
por uma resposta.
Zane riu.
Ty estreitou os olhos.
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Beefcake é um termo de língua inglesa relacionado com homens nus ou em nudez total. Também pode
se referir a um gênero ou a uma pessoa. Geralmente é usada como sinônimo para atração sexual masculina, embora
seu uso tenha se expandido tendo ela associado qualquer homem que tenha interesse em bodybuilding e musculação.
— Eu não estou acostumado a você sendo o cérebro da operação, — ele
murmurou. — Sabe o que eu acho que precisamos? Acho que precisamos de
um pouco de prática.
— Bem, se você tivesse dito isso antes, — Zane disse assim que deu
alguns passos para mais perto de Ty.
Ty subiu nas pontas dos dedos dos pés, roçando seus lábios
entreabertos contra os de Zane. Eles estavam quentes e úmidos e Zane enfiou
a língua para fora para molhar o lábio inferior tão logo Ty se afastou e moveu
ambas as mãos sobre o corpo de Ty em movimentos lentos e deliberados,
roçando a pele de aparência incrivelmente sedosa.
O corpo de Zane reagiu com pressa: sua pulsação acelerou e ele podia
sentir seu pênis inchar em suas calças. Com um grunhido suave, ele passou
um braço em torno de Ty e o prendeu contra seu peito quando Ty tentou se
afastar um passo. Ty riu baixinho e Zane respondeu à provocação com um
beijo mais firme, mais úmido.
— Não parece que você precisa de muita prática. O que deu em você? —
Zane murmurou enquanto arrastava os lábios ao longo da garganta exposta
de Ty. Ele desabotoou as calças de Ty e começou a empurrá-la para baixo
sobre seus quadris.
Calor inundou Zane. Ele podia sentir seu rosto em chamas e certamente
não era de vergonha. Queria saber o quão longe ele poderia empurrar Ty
antes de ele começar a empurrar de volta, em vez de Zane empurrar outro
dedo dentro de Ty e, no calor do momento, bateu na bunda de Ty.
Ty nem sequer pestanejou, mas ele rosnou frustrado quando Zane levou
o seu tempo doce. Ele empurrou de volta nos dedos de Zane e espalhou seus
joelhos um pouco mais largos, implorando para Zane fodê-lo. Zane gemeu e
moveu a mão livre para fechar os dedos ao redor do pênis grosso balançando
abaixo da barriga de Ty. Ele acariciou mais algumas vezes e empurrou mais
dedos, torcendo enquanto adicionava pressão. O estalo do tapa estava
ecoando em seus ouvidos, assim como o pulsar do sangue em seu pênis.
Cristo, o som de seu nome naquela voz desesperada. Isso era impossível
ignorar. Zane deslizou os lábios ao longo da bochecha de Ty antes de soltar e
agarrar o preservativo, rolando-o e alisando-se apressadamente. Uma mão
pressionando as costas de Ty deu a Zane o ângulo certo, e ele empurrou,
prendendo a respiração, ofegante, quando deslizou dentro, onde era tão
apertado que ele pensou que ia se perder ali mesmo. Tanto para o controle.
Ele esticou o corpo de Ty e o prendeu na cama.
Zane zombou, mas bateu os quadris duas vezes, duro, antes de voltar ao
ritmo lento. Ele poderia suspeitar de Ty “praticando” este ato submisso em
outra ocasião se ele não o conhecesse melhor. Eles não tinham passado
nenhuma noite separados desde que Zane se mudou para seu novo
apartamento em Baltimore, há três semanas, e recentemente quase todas as
vezes que eles estiveram juntos Ty tinha coberto. Zane com certeza não se
importava. Mas isso era viciante, também, e ele inclinou mais de seu peso nas
costas de Ty, com foco constante em empurrar para dentro do corpo
acolhedor sob o seu.
Os sons enviaram arrepios pelas entranhas de Zane e ele teve que parar
novamente para tomar algumas respirações lentas e profundas. Ele se apoiou
nos joelhos e olhou para os seus quadris, vendo seu pau deslizar e desaparecer
no apertado rabo de Ty. Ele se empurrou, movendo-se dolorosamente lento,
em seguida, puxou de volta apenas para ter o prazer de ouvir Ty gemer
enquanto ele tentava empurrar de volta contra ele, e o impulso de Ty no
colchão quase o fez entrar excessivamente brusco.
— Tudo fica bem em mim, — Ty disse, conseguindo rir sem fôlego antes
de ofegar e gemer. — Mais duro, bebê.
Mais do que a violenta batalha pelo controle que esse tipo de merda
brutal geralmente causava, Ty simplesmente se contorcia e gemia com cada
impulso, revirando os quadris para ajudar Zane a afundar, deslizando sua
pele brilhante e seus músculos duros contra Zane, ocasionalmente, gemendo
o nome de Zane ou implorando por mais e mais duro. Ele sequer tentou soltar
as mãos das mãos de Zane ou puxar o braço fora de suas costas.
Ty não podia mesmo gerenciar outra resposta que não fosse gritar
agudamente e enterrar o rosto nos lençóis emaranhados abaixo dele. Para
aumentar o choque de prazer de Zane, ele não moveu os quadris para forçar
Zane para trás, ele estava tomando feliz toda a punição oferecida por Zane,
implorando por aquilo, e o pensamento quase deixou Zane louco. Ele bateu
em seus quadris novamente, levando Ty duramente e não abrandou neste
momento. Zane soprou para respirar e alcançou a volta de Ty para embrulhar
a mão em torno de seu pênis, bombeando no ritmo da surra.
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Um sex kitten (gatinho sexual) é uma pessoa que exibe um estilo de vida sexualmente provocante ou
uma agressão sexual abundante. O termo originou c. 1958, e foi originalmente usado para descrever a atriz francesa
Brigitte Bardot. Ann-Margret foi descrita como um gatinho sexual no filme de 1964, Kitten with a Whip.
— Confie em mim, eu tenho buracos suficientes em meu corpo. Eu não
estava muito entusiasmado com este. Mas eu acho que é melhor que outro
buraco de bala.
— Isso é muito brilhante para não mexer. Você sabe que eu vou puxá-lo
em algum momento só para te ouvir gritar.
— Não sei bem o que eu penso sobre isso, — ele disse com um leve
franzir. Não parecia certo em tudo e ele sabia que, apesar do que disse, já
tinha decidido que não gostava.
— Sim, bem, não se acostume com isso. Assim que essa merda acabar,
estou acabando com tudo isso, — ele murmurou enquanto virava o rosto e
apertava o nariz no travesseiro. Ele rolou e empurrou suas costas contra Zane
quando se enterrou debaixo do travesseiro. Ele era como um grande cachorro
tentando assumir uma pequena cama.
— Por que você diz isso? — Zane murmurou enquanto suas pernas
estabeleciam juntas. Ambos ainda estavam pegajosos e suados e assim
estavam os lençóis, mas Zane não se importava.
Ty deu de ombros.
— McCoy também disse que essas pessoas não os conhecem ainda e não
é provável que eles realmente saibam muito sobre eles. Quanto menos
tentarmos interagir com outra pessoa, melhor estaremos, — Zane disse,
sabendo por experiência própria que ser você mesmo, tanto quanto possível
durante um disfarce, tornava muito mais fácil agir à sua maneira sem
problema.
— Você discorda?
Ty bufou e riu.
— Será que eles sabiam o que estavam recebendo quando você passou a
garrafa ao redor? Ou você apenas deu a receita e disse boa sorte?
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—Mm. Em retrospecto, não é uma boa ideia deixar um inglês bêbado, se
ele ainda não estiver completamente desarmado.
Zane relaxou ainda mais contra o corpo de Ty e inalou. Então ele fez
uma careta e inalou novamente. Ty... cheirava a lavanda e baunilha.
Zane riu e evitou a mão de Ty, deslizando sua mão sobre o quadril de Ty
para puxá-lo para mais perto.
— Não, eles fizeram alguma coisa. Parece estranho. Você parece... — Ele
fechou a boca com um estalo.
— Com o quê?
—Nada.
— Você é meu, Del, — Zane falou lentamente com mais do que uma
pitada de arrogância afiando o seu tom de voz enquanto ele aproveitou a
oportunidade para olhar para Ty possessivamente, sem esconder isso nem um
pouco. E maldição se isso não se sentia bem. — Só se lembre disso quando
você for mostrar esse belo rabo ao redor do navio naquelas suas sungas
sumárias. — Agora ele podia sentir a risada ameaçadora causada por sua
escandalosa encenação e ele sabia que isso tinha que estar aparecendo em
seus olhos.
Zane franziu a testa para ele por um longo momento antes de rolar os
olhos, porque tudo que ele queria fazer era rir também.
— Você está certo. Estamos totalmente ferrados.
— Nós vamos ficar bem, — ele assegurou a Zane com sotaque britânico,
sua voz arfou apenas um pouco mais do que o habitual. Ele sorriu contra os
lábios de Zane. — Você apenas tem que assumir isso. Acredite que eu sou seu
e você é meu, — ele sussurrou antes de lentamente arrastar os dentes ao longo
do lábio inferior de Zane.
O olhar de Zane piscou para os seus dedos entrelaçados e ele olhou para
os anéis por um longo momento. Então fechou os olhos. De todos os detalhes
inerentes a este caso, essa era a única coisa que Zane realmente se ressentia.
Sim, era para um trabalho e muitos anos se passaram desde que Becky
morreu e não machucava como antigamente, mas ainda doía... E isso parecia
muito injusto. Ele deu um suspiro doloroso e o soltou lentamente antes de
reabrir os olhos.
— Você me lembra?
Ty virou a cabeça então ele estava olhando para Zane com o canto do
olho, ainda sentado na beira da cama.
— Acho que você pode dizer isso, — ele respondeu em voz baixa e rouca
que fez Zane arrepiar. Ele olhou para sua mão. — Eu o coloquei e eu acho que
meu dedo está inchado. Não fui capaz de tirá-lo.
Ty bufou.
Zane se perguntou, não pela primeira vez, o que passava pela mente de
Ty quando olhava para isso.
— Se importa se eu usar o seu chuveiro? — Ty perguntou calmamente.
— Você não tem que pedir, — Zane murmurou, observando suas costas.
Zane bufou quando rolou de costas e sorriu para o teto. Ty Grady era
um bastardo egoísta, mas de alguma forma ele virava Zane como ninguém
jamais fez. Ele meditou sobre isso, esfregando preguiçosamente o anel, até
que ouviu a água começar a correr no chuveiro. Com um grunhido suave, ele
se levantou e saiu da cama. Aquele bastardo egoísta estava nu e molhado. De
jeito nenhum ele deixaria isso passar sem tirar uma vantagem daquilo.
Capítulo Três
— Bom dia senhores, — Stacy Knight os saudou quando veio até eles,
seguido por um ajudante cujo nome Ty não conseguia se lembrar que
carregava uma caixa de plástico. Knight tinha na mão dois arquivos, um dos
quais entregou a Ty.
— Eu não tenho tempo para que você pense que é inteligente, esta
manhã, Grady, — Knight retornou secamente. — Vocês dois entreguem para
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Q (pronunciada como qiú) é uma personagem criada pelo escritor britânico Ian Fleming existente nos
livros e filmes de James Bond. Ele é um integrante do MI-6, o serviço de inteligência britânico, responsável pela
produção de engenhos tecnológicos sofisticados a serem usados pelos agentes do serviço, especialmente pelo
agente 007 em suas missões.
Terry suas armas, facas, tacos, bestas e qualquer outra arma incomum que
possam estar transportando, por favor.
— Parece que você teve uma noite difícil, — Knight comentou sobre seu
ombro enquanto arrastava atrás dele.
— Parece muito bom, você nem percebe se não souber, que está olhando
para ela. Nós vamos ter certeza de colocar peças de reposição em sua bagagem
em algum lugar, — Knight comentou assim que se inclinou e olhou para o
braço de Ty. Ty colocou a mão na testa de Knight e o empurrou.
Knight virou-se para uma mesa de rolamento muito parecida com o tipo
em que os seus cirurgiões mantém seus instrumentos e escolheu através de
uma variedade de dispositivos que estavam lá. Ele levantou um par de óculos
escuros e se virou para entregá-los para Zane. Ele entregou outro para Ty.
Eles eram extraordinariamente pesados quando ele os levantou na palma da
mão.
— Cale a boca. Eles são encaixados com uma alimentação de vídeo aqui,
— Knight disse a Ty quando apontou para a parte superior esquerda do
quadro. — O outro lado possui uma bateria com energia suficiente para cerca
de uma hora de gravação ou três horas de transmissão. Use-o com
moderação. Não há como recarregá-la.
— Eu não tenho certeza para que eles serão úteis, — Zane murmurou
colocando-os de lado.
— E não o use como um taco. Ele não foi construído para a violência, —
Knight advertiu.
Knight continuou.
— Eles não são confiáveis no mar, mesmo que a linha de cruzeiro afirme
que são. Não vale a pena o risco de emitir qualquer um e vocês não podem ter
os seus próprios. Vocês vão ter os telefones dos Porter com todos os seus
contatos. Mas, respondendo sua pergunta, eu tomaria cuidado se fosse você —
Knight divagava.
— Vocês vão se reportar de volta para nós por um servidor seguro, mas
o acesso só será por terminais públicos. Vocês usarão os codinomes de Punch
e Judy13.
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Punch e Judy é um tradicional show de marionetes com o Sr. Punch e sua esposa Judy.
— Punch e Judy, — Zane repetiu com voz desprovida de emoção.
— Além disso, isso significa que há uma chance muito real de vocês
serem presos por comércio de antiguidades roubadas, se você se deparar com
num agente de qualquer uma dessas organizações, — Knight disse com uma
pitada de alegria infantil.
Ty lhe lançou um olhar sujo e Zane sentou-se para frente quando ele
perguntou: — E, se nos deparamos com uma dessas outras agências-
McCoy cortou em voz alta, chamando sua atenção de volta para ele.
— Itália. Eles tiveram um talão de Bianchi por alguns anos, mas agora
não há maneira de meter o pé na porta. Tudo sobre ele no papel é legítimo. É
aí que Armen e Porter aparecem. Armen com os alvos e lida com aquisições;
Porter organiza o transporte e o armazenamento. Não há absolutamente
nenhuma informação no vento sobre Armen. Nós nem sequer temos uma foto
dele. Ainda.
— Então nós temos que grudar neles como cola, — Ty concluiu quando
acenou o arquivo na mão.
Zane riu.
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O USS LST-2 foi um navio de guerra norte-americano da classe LST que operou durante a Segunda
Guerra Mundial.
vendo além disso agora. Concentrou-se em como Ty mudou, sobre a cor de
seus olhos, o timbre de sua voz e como tudo isso ainda fazia seu pulso acelerar
um pouco.
Afastou-se de Zane novamente, indo para a luz que entrava pelas portas
da varanda.
Há alguns meses, ele estava contente por ter Ty por perto, mas Zane
esperava Ty ficar impaciente. Ty não era o tipo de cara que você deveria se
apegar, porque ele não podia, ou não queria sossegar. Na verdade, Zane
estava assombrado pelo fato de sua brincadeira ainda manter o interesse de
Ty.
Ty deve ter sentido os olhos nele e se virou para olhar Zane quando seu
sorriso desapareceu.
Zane se perguntou o que ele tinha quase falado, mas o que tinha saído
foi interessante o suficiente.
— Tem serviço de quarto, — Zane disse com voz arrastada. Era um caro
programa de cruzeiro com tudo incluído, para que pudessem ter, literalmente,
qualquer coisa que quisessem, contanto que isso estivesse disponível.
— Pelo menos com serviço de quarto não tenho que comer com um
sotaque britânico, — disse Ty em tom de gozação enquanto ele tentava não
sorrir. Ele encostou-se ao batente da porta enquanto o vento roçava sua
camisa de algodão fino.
Zane viu subir arrepios na pele de Ty e levou dois pequenos passos para
ficar bem diante dele, praticamente roçando seus peitos quando Zane passou
as mãos pelos braços de Ty.
Ty olhou para ver o que estava fazendo e concordou com Zane quando
olhou para o kit de barbear.
— Espero que eles tenham escondido mais do que apenas suas facas, —
ele murmurou enquanto cutucava uma das malas perfeitamente arrumadas.
— O que diabos é shorts de caminhada? Você é um geek, homem. Eu acho que
nós podemos usar as navalhas, se quisermos fazer um show de horror disso.
Zane olhou para cima e quando viu a bagunça engasgou com uma
risada.
— Estas podem ser úteis se eu não conseguir fazer você ficar parado, —
ele disse balançando as algemas em um dedo.
— Com nosso salário, você não pode se dar ao luxo de olhar para coisas
como essa. — Ty lambeu os lábios e olhou para Zane com uma careta. — Esses
caras são meio fora do meu alcance, — declarou quando olhou de volta para
tudo o que tinha espalhado sobre a cama.
— Isso é apenas para mostrar. Ter coisas caras não determina quem
você é.
Ty deu de ombros.
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Vacheron Constantin é um dos mais antigos fabricantes de relógios de alta gama da Suíça
paralelamente com Blancpain.
— Não, a menos que você seja um idiota, — ele respondeu descuidado.
Olhou ao redor do camarote luxuosamente mobiliado. — Eu nunca conheci
ninguém que vivesse assim. Não tenho certeza se posso retirá-lo.
Zane olhou ao redor e deu de ombros. Uma vez ele já teve roupas de
grifes caras e tinha vivido em lugares chiques. Ele preferia o seu moletom
surrado e o seu apartamento, ou melhor, a casa germinada de Ty.
Era evidente que ele queria perguntar mais, mas eles ainda estavam em
uma fase onde perguntar sobre o passado de cada um era um
empreendimento desconfortável. Zane observou as emoções cruzarem o rosto
de Ty e decidiu que uma resposta estava em ordem.
— Na minha opinião, eles têm mais dinheiro do que juízo, — Zane disse
com um pequeno encolher de ombros. — Eu realmente não sei.
— Isso é provavelmente muito, então, — Ty concluiu com uma pitada de
desconforto mal disfarçada em sua voz.
Ty virou a cabeça para observar Zane, mas ele não deu um passo para
trás ou se afastou para dar espaço. Isso foi uma omissão estranhamente
íntima.
— Nós simplesmente não nos damos bem. — Ele realmente não queria
entrar em uma nova versão de Dallas - muito potencial para as emoções
confusas que tentava manter enterradas com o resto do seu passado, para não
mencionar a seção terrível de lamentação com violino. Forçou um sorriso e
olhou para Ty. — Eu gosto muito mais da sua família.
Enquanto Zane o observava, ele viu a mudança nos ombros de Ty, viu o
estresse derreter nele, viu o seu andar se alterar quando ele andava em
direção às portas e no momento que seu parceiro chegou à varanda e virou,
Ty parecia confortável a sua volta e em sua nova pele. Foi uma mudança sutil,
assim como a que houve na cama de Zane na noite passada. Ty parecia ser
capaz de deslizar rapidamente para uma nova pessoa, ele simplesmente não
parecia ser capaz de mantê-la por muito tempo.
— Hey! — Zane se opôs, mas ele riu levemente enquanto batia no tapete.
Ele puxou os joelhos e equilibrou seus antebraços sobre eles quando olhava
para seu parceiro. — Puxa, eu me sinto tão amado. Jogado no chão com o
resto do lixo, — ele provocou.
Ty não respondeu e quando Zane olhou para ele, ele viu que o seu
parceiro já estava dormindo, o rosto relaxado, respirando uniformemente.
Zane suspirou exasperado. Ty tinha a mesma capacidade de um monte de
gente que já tinha servido no exército: ele poderia dormir sempre e em
qualquer lugar. Zane invejava essa capacidade. Cuidadosamente ele virou
para o lado e deslizou contra ele, seu braço deslizou ao longo da cintura de Ty
e colocou a cabeça no travesseiro, apoiando a maçã do rosto no ombro de Ty.
Era fácil deixar seus olhos se fecharem, e ele rapidamente se entreteu com o
pensamento de Ty como seu próprio ursinho de pelúcia até adormecer.
Ty acenou com a cabeça. Foi fácil construir um perfil dos dois homens
personificados apenas pelas atividades que tinham pago. Escalada, esqui
aquático, mergulho em penhasco, mergulho, uma bastante mansa —aventura
em tirolesa sobre as selvas de Puerto Rico— e várias outras atividades na
mesma linha. Viciados em adrenalina. Ou suicidas, dependendo do caso. Ty
levantou uma sobrancelha e sorriu levemente.
— Parece que Corbin tem algumas noites reservadas nas mesas de jogo
de pôquer privado. Apostas altas. — Ty assobiou baixo. — Cem mil a aposta
inicial? Espero que você não esteja jogando com dinheiro do governo,
parceiro, — ele provocou.
— Eu sou bom em ambos. Mas vou ficar com o dinheiro neste momento.
Especialmente desde que ele não é meu.
Zane riu.
— Não há nada de errado com suas armas. E falando nisso, nós vamos
ter que ver se eles colocaram a minha na bagagem também. Eu não gosto de
estar desarmado. — Ele estendeu a mão para a cesta de pães, depois pegou
um rolo de levedura fofa e ofereceu para Ty.
— Você vai ter que levar a minha a maior parte do tempo de qualquer
maneira, — disse. — A única coisa que eu tenho para vestir que é grossa o
suficiente para esconder uma arma é o smoking. — Ele acenou para os sacos
de roupa no armário. Ele arrancou a camisa que estava vestindo. Além das
camisas, que eram apenas um pouco apertadas nas costuras em torno de seus
ombros, ele descobriu que meio que gostava do guarda-roupa de Del Porter. A
maioria das roupas era feita de linho ou algodão ou musselina leve,
apropriada para locais tropicais. Mas não havia como esconder a .38 nas
dobras agarradas.
— Se você já está sofrendo, apenas diga que você quer algo diferente, —
disse Zane.
16
Guido se refere ao descendente de italianos que mora em Nova Iorque e usa camisa desabotoada
para mostrar o peito musculoso.
eram parceiros, ele teve que perguntar a Zane algo tão pequeno. Quão bem ele
realmente conhecia o seu parceiro, um homem por quem, tinha certeza,
estava apaixonado? Ele estava pensando nisso desde que Zane revelou que
aparentemente sua família era muito rica. Ty nunca suspeitou, nunca esteve
particularmente curioso sobre a família de Zane ou porque ele nunca falava
dela. Será que ele realmente estava apaixonado por alguém de quem tinha
medo de perguntar sobre o seu passado?
Ty meio que queria pular em cima dele. Ele sorriu e tomou um longo
gole de água para conter o impulso. Ele inclinou a cabeça para um lado
enquanto observava Zane congelar e fazer uma profunda carranca. Agora ele
queria saltar nele ainda mais. Mas em vez disso, forçou-se a perguntar: — O
que há de errado?
A expressão facial de Zane se transformou numa de descrença. —
Mergulho de penhasco?
— Talvez a gente não vá ter que manter isso por muito tempo, — Ty
gentilmente ofereceu.
— Se nós terminamos mais cedo, acha que o Bureau nos terá de volta
aos EUA antes do fim do cruzeiro? — Zane perguntou enquanto se inclinava
para trás em sua cadeira.
— Provavelmente não. Muito caro para vir nos pegar. Por que, você está
planejando outras férias tão cedo? — Ele perguntou com um brilho perverso
em seus olhos.
— Então, se Corbin e Del estão fazendo tudo isso, é uma boa aposta, os
outros estão fazendo parte disso. E de acordo com o mapa do navio, todas as
cabines deste nível estão à direita no final deste deck. Não há muitas delas,
embora eu não saiba o que isso importa. Tudo nesse navio é de alta classe.
— Eu não ouvi nenhuma conversa por elas desde que chegamos aqui, —
Ty disse. E ele de fato tinha estado ouvindo, prestando atenção para isso
mesmo. Ele sorriu lentamente. — Não faria mal dar um grito ou dois
apaixonados à noite, no entanto. Para vender o nosso disfarce, é claro, — ele
disse com falsa sinceridade.
— Espero que você tenha trazido pastilha para tosse, então, porque você
vai ficar rouco, — Zane disse com voz arrastada.
— Não sei se eu poderia lidar com isso todas as noites, — ele admitiu
com franqueza incomum. Ainda estava dolorido do que Zane tinha feito com
ele, mas principalmente de maneiras agradáveis. Ty não era inferior muitas
vezes, por razões que nunca tinha realmente contemplado. Ele gostou
bastante daquilo.
— Eu não acho que importa qual de nós esteja gritando, — Zane disse
enquanto se remexia na cadeira.
Zane gemeu e deixou cair a cabeça para trás para que olhasse para o
teto.
Zane soltou uma respiração lenta e acenou com a cabeça, antes de voltar
sua atenção para os papéis.
— De qualquer forma, — ele começou, mas não disse mais nada além
disso.
— Eu vou esperar.
Ty bufou. Ele estava lutando com a pessoa de Del Porter, voando dentro
e fora dele quando tentava afundar-se nisso, se preocupando com o sotaque e
sua capacidade para mantê-lo ao redor dos outros passageiros. Ele deslizou
seus pés em um confortável par de mocassins e acenou para Zane em direção
à porta.
Um leve puxão nos braços de Ty o fez arquear para trás o suficiente para
que Zane pudesse beliscar sua garganta. — Algo que te faça ser notado, —
Zane murmurou antes de morder um pouco e, em seguida, lamber sobre a
pele maltratada. — Você sabe o quanto eu gosto disso.
Ty riu até mesmo enquanto ele tentava não perder o equilíbrio e cair
arrastando Zane junto.
Zane voltou sua atenção para a sala como um todo, atuando como se
para apreciar a paisagem enquanto estudava seu arredor: as saídas de
emergência, janelas, medidas de segurança, câmeras escondidas, outros
turistas, cargas e cargas de decorações. Escutava com metade de uma orelha
até que um garçom latino, bem vestido com calças cor cáqui, camisa oxford
branca de abotoar e colete azul marinho que era o uniforme da tripulação,
aproximou-se e começou a tomar os pedidos de bebida depois de entregar
uma única folha do menu de almoço.
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É uma marca de água mineral proveniente de várias fontes perto de Évian-les-Bains, na costa sul
do Lago de Genebra.
bem. Como um verdadeiro casal. Algo sobre isso fez Zane se sentir melhor do
que ele achava que deveria.
Zane podia ouvir os dois outros casais na mesa murmurando, mas ele
não reconhecia a conversa. Ele tinha ficado preso, depois de tudo. Pareceu-
lhe, por seu rápido estudo que Corbin não se preocupa com o que as outras
pessoas pensavam. Somente Del – Ty – importava, e sua mão ficou na de
Zane, seu polegar esfregando suavemente os dedos de Zane, deslizando
suavemente sobre o metal de seu falso anel de casamento. Era estranhamente
reconfortante.
Ty não tinha certeza para onde Zane tinha ido. Ele sabia que não podia
seguir os passos de seu parceiro por medo de parecer muito suspeito, mas
deixar Zane fora de sua vista o deixava nervoso, no entanto. Ele sabia que
havia agentes a bordo do navio em algum lugar, sem dúvida, olhando por eles.
Mas ele ainda tinha de encontrar qualquer um deles e isso o perturbava.
Ficou claro que diversas mulheres flertavam com ele e era claro que
Zane –Corbin– estava se divertindo imensamente. Zane penteou seu cabelo
molhado para trás com uma das mãos enquanto falava com algumas delas
antes de o grupo rir e Zane deu o sorriso cheio de si, que Ty rapidamente
associou com Corbin. O verdadeiro Corbin Porter era obviamente um idiota,
se a impressão que Zane tinha dele era qualquer coisa perto disso.
Aquilo lhe deu um ponto de vista confortável para ver o fluxo de água
sobre a pele de Zane quando ele subia os degraus rasos para fora da piscina. A
sobrancelha de Ty subiu quando notou a brilhante sunga europeia vermelha
que ficou colada à pele de Zane como papel crepom, bem abaixo do umbigo,
um traço escarlate em seus quadris magros e abdômen musculoso.
Então Zane ergueu a toalha para enxugar o rosto e virou de costas para
Ty. Ty deu uma segunda olhada quando avistou a tinta na parte mais baixa
das costas de Zane, sob a mistura de finas cicatrizes brancas que ele sabia que
estavam lá. Parecia uma vinha trançada com folhas pequenas e espinhos, um
conjunto simples, mas marcante de linhas pretas que envolviam e viravam,
atingindo de quadril a quadril ao longo das costas de Zane antes de mergulhar
para baixo para um ponto apenas dentro dessa muito curta sunga vermelha,
formando um triângulo invertido que se destacava contra a pele bronzeada de
Zane.
18
Marca de lubrificante.
Ty bateu com a mão na boca para abafar a risada que ameaçava.
Finalmente, Zane estava tendo um pouco do mesmo tratamento que ele
esteve lidando. Ty supôs que ser forçado a vestir roupas brancas e cabelos
platinados era melhor do que ter um selo de vagabundo de henna.
Ele bufou enquanto ele ficou ali sozinho e teve que desviar o olhar antes
que começasse a rir mais e fizesse uma cena. Uma vez que recuperou o
controle, ele olhou de novo, quando uma das mulheres se aproximou de Zane,
o rosto claro para Ty já que ela o encarava e deliberadamente colocou a mão
sobre a pele nua do quadril de Zane para escovar os dedos perto da tatuagem.
Ty assobiou baixinho, esperando que a henna ou o que quer que tivessem
usado para colocar a tatuagem não esfregasse para fora quando estava
molhado.
Ele não podia ter ouvido a proposta mais claramente se ele estivesse
bem ali ao lado deles. Ele abaixou a cabeça, olhando distraidamente quando
deixou a mão cair para o lado. Ele nunca tinha visto Zane flertar, além de suas
patéticas tentativas em tentar seduzir Ty para a cama. E durante a sua
primeira semana juntos em Nova York, quando eles se reuniram com Serena
Scott.
Ela era do tipo que comia seus companheiros de cama depois. Zane
parecia gostar disso.
Os lábios de Ty contraíram.
— Ainda não. Você está gostando disso, não é? — Ele declarou divertido,
virando para olhar para trás, para Zane brevemente. As pontas dos dedos mal
roçavam a pele de Zane. Era um gesto tentadoramente casto.
Ty inclinou a cabeça para ele. Ele era alto e magro, com o cabelo de um
preto profundo e sua tez era o que Ty poderia chamar de morena. Eles não
podiam se aproximar dele. Ele viria até eles no tempo especificado, esse era o
problema. Até então, tudo o que ele e Zane tinham que fazer era... estar
casados.
— Eu prefiro ficar aqui um pouco mais, — ele disse em voz baixa. Sua
mão deslizou até coxa de Zane, desaparecendo entre seus corpos.
Aquilo provocou uma reação que não foi fácil para o arrogante Corbin.
Ambas as mãos de Zane apertaram quando sugou uma respiração rápida e
seu pau saltou contra a mão de Ty. Quando Zane falou, sua voz estava grossa e
áspera.
Zane deslizou os dedos pelo cabelo de Ty, e Ty achou que pôde ter
sentido os dedos trêmulos. Então, Zane falou suavemente após uma carícia
particularmente firme.
Zane riu alto e Ty pode ver claro interesse em alguns outros rostos. Zane
estava atraindo muita atenção, e bem, ele deveria estar. Inferno,
provavelmente metade das pessoas ali em cima - mulheres e homens –
gostariam que Zane os dobrasse sobre o parapeito de uma varanda.
— Deus, eu adoro quando você faz isso, — disse a Zane com prazer, sua
voz um sussurro, enquanto tentava recuperar o fôlego.
Ty teve que lutar para não eriçar no homem. Ele se sentia como um
pitbull, seus pelos no pescoço subindo porque ele não gostou do cheiro do
homem. Ele bufou para Armen como se tivesse se divertido. Zane deve ter
notado a tensão, porém, porque a mão no ombro de Ty começou a esfregar
suavemente.
— Muito notável, de fato. Sei que não iremos nos reunir até daqui a
alguns dias, mas sinto que toda essa capa e espada é bastante complicado.
Nós não estamos aqui para nos escondermos um do outro, — ele disse com
um sorriso que parecia genuíno. — Meu camarote é o 8520, se você quiser
entrar em contato comigo antes de nossas atividades programadas
coincidirem. Sinto que jantar e bebidas colocariam todos mais à vontade,
antes de convocar qualquer negócio.
— Nos vemos em breve, Sr. Armen, — Zane disse, com um leve toque de
encerramento claro em seu tom de voz.
— Até então, Sr. Porter, — disse Armen. Ele acenou a cabeça para Ty. —
Sr. Porter. — E então ele se foi através das portas para a área da piscina.
— Bom, isso nos dá tempo para contatar a equipe de backup, ter alguns
olhos e ouvidos sobre esse cara. Acho que peguei uma boa imagem, o que
significa que já estamos na metade, — Ty respondeu distraidamente enquanto
olhava para as portas e estendia a mão para Zane novamente quase
inconscientemente. Sua mão encontrou a pele quente firme quando Zane deu
um passo mais perto.
— Isso é tudo?
Ty se xingou novamente por não ter previsto isso. Zane foi tomar um
banho, resmungando sombriamente, depois de ver Ty procurar por toda a
bagagem. Agora Ty podia ouvir coisas deslizando e batendo nos toucadores de
mármore no banheiro. Quando Zane entrou pela porta, seu cabelo estava
penteado para trás e usava calças pretas sob medida que cavalgavam baixo em
seus quadris e uma corrente de ouro trançado ao redor de seu pescoço. Nada
mais.
— É melhor que o jantar seja bom, — ele disse resignado. Seu humor
tinha levado um golpe com a aparição de Armen e se deteriorou durante toda
tarde, coroado por eles perderem a noção do tempo. Agora, eles nem sequer
tinham tempo para fazer a noite interessante antes do jantar.
Ty olhou para Zane fixamente e balançou a cabeça, tentando ver o lado
engraçado da situação. Ele falhou miseravelmente e resmungou com seu
igualmente irritado parceiro.
— Eu sei que o cara é todo o tipo de classe, mas você está colocando uma
camisa, certo, papi? — Ele perguntou ironicamente.
— Oh, isso vai muito bem. Você está preocupado em ficar grávido?
— Isso significa que temos que ser criativos, — ele disse com certo
prazer enquanto fazia uma nova varredura sobre o corpo de Zane.
19
Apelido para órgão sexual masculino nos EUA, já no Brasil tem outros significados. Por aqui o dito cujo
é conhecido como bráulio.
— Eu tenho, — disse Ty arrogantemente enquanto se dirigiu para a
única bolsa que tinha sido autorizado a embalar com suas próprias coisas.
Havia uma única atadura lá, a trouxe por hábito. A segurou até Zane com uma
sobrancelha levantada. — Ok, então não é um sistema Molle20, mas vai servir.
— Então me fixe.
— Desde que não caia fazendo barulho no chão, vai ficar bem, — Zane
disse enquanto colocava a camisa de volta e pegava o casaco. — Eu me sinto
melhor, de qualquer maneira.
— Vamos, Boneco.
Vindo para pensar sobre isso, esse provavelmente era um dos traços que
manteve Ty interessado.
20
O sistema Molle vem do inglês Modular Light-weight Load-carrying Equipment, que significa Sistema Modular de
Transporte Leve. – É um padrão militar destinado a compatibilizar acessórios com um colete ou sistema base,
permitindo que seja configurado e adaptado a necessidades específicas.
Eles caminharam pelo corredor juntos, Ty olhando disfarçadamente
para Zane enquanto andavam. Ele limpou a garganta e estendeu a mão para
deslizar os dedos nos de Zane, tendo prazer com a capacidade de fazer isso
sem medo de ser descoberto.
— Pelo menos você faz parecer olhar frustrado e irritado bom, — ele
comentou em tom de gozação.
— Então você acha que Del é tão orgulhoso de mostrar Corbin como
Corbin é dele?
— Corbin provavelmente pode pagar o que for para que o colírio atinja
sua fantasia. — Ele se inclinou ligeiramente para Ty enquanto caminhavam. —
Mas estou pensando que minha versão de Del é melhor para os olhos.
— Bajulação não vai te fazer transar mais rápido, — Ty disse a ele com
uma careta. Ele estava ciente de sua própria boa aparência e não era muito
modesto para usá-la ocasionalmente, mas Zane raramente fazia um elogio
quando eles não estavam já seminus e Ty não achou que ele tinha notado
tantos olhos persistentes nele como tinha feito no último dia mais ou menos.
Era perturbador para um homem que tinha passado a maior parte de sua vida
tentando não ser notado.
— De alguma forma não acho que você me mantém ao redor por minhas
habilidades de sedução, — Zane disse friamente.
Ty soltou uma gargalhada antes que pudesse se conter. Olhou para Zane
e sorriu carinhosamente para ele. As linhas patetas de Zane e as ocasionais
tentativas sem vergonha e bregas de sedução era apenas parte de seu charme.
Brega, pateta e charmoso —obrigado a Deus por ele ser bonito.
Ty levantou uma sobrancelha para ele em alerta apesar das suas boas
intenções. Muita galanteria da parte de Zane poderia fazer Ty se irritar. O que
poderia ser divertido de assistir. Esta noite, porém, Ty sentou obediente na
cadeira oferecida e colocou o guardanapo no colo enquanto observava Zane
dar a volta ao redor da mesa para se sentar em sua frente.
Zane olhou para fora, mas ele preferia observar o seu parceiro ao invés
da paisagem, ainda estudando o contraste ímpar de Ty contra Del. Ele abriu a
boca para comentar sobre isso quando um garçom parou na mesa, deixou
menus, uma lista de vinhos e a carta de especiais e saiu depois de prometer
voltar logo.
— Por que você diz isso? — Zane perguntou curioso ao olhar em volta
novamente. Ele tinha que admitir que a decoração era de bom gosto.
Simplesmente chique, o que ele tinha aprendido há muito tempo não
significar necessariamente que você estava recebendo o valor do seu dinheiro.
—Nós não temos nada para nós até fazermos o nosso trabalho, — Ty
lembrou suavemente. Sua voz era a mesma, não de toda amarga ou resignada
como poderia ter sido. Mas havia algo por baixo que era difícil de identificar.
Zane voltou sua atenção ao homem que havia falado, sentado em uma
mesa próxima. Ele tinha a coloração escura italiana e recursos para combinar
com seu sotaque e Zane imaginou que ele esava no início ou meados de
cinquenta anos pela profundidade da voz e o cinza nas têmporas.
Zane notou uma morena escultural com o homem que tinha acabado de
falar, e ela comentava no que parecia ser italiano, terminando sua frase com
um nome: Lorenzo. E pelo tom de sua voz, ela o estava repreendendo.
21
Peixe e fritas ou Fish and chips ou, ainda, "fish 'n' chips" é um prato típico da culinária do
Reio Unido.
— Ah, sim, me desculpe. Eu tendo em continuar, — o homem falou a
Zane como desculpas.
Zane teve de ignorar quão seca sua boca ficou. Essa lista de bebidas era
assustadoramente atraente à sua maneira.
— Bah, férias. A vida é toda sobre o amor e o licor, — Bianchi disse com
um grande gesto para a mulher com ele. — Não é verdade, Norina? — Ela
sorriu e acenou com indulgência e Zane viu a luz que brilhou em seus olhos
escuros. Ela correspondia às cores de Bianchi, embora Zane a colocaria como
mais jovem do que Ty, trinta e poucos anos, no máximo. — Ah, mulheres
bonitas e o amor! — Bianchi propôs segurando seu copo quase vazio antes de
terminá-lo em dois goles.
— Bem, bem, Sr. Porter, é como Norina supôs. Talvez nos encontremos
antes do planejado, mas essa foi realmente uma boa primeira discussão, você
não concorda?
22
Alegria, felicidade.
enquanto o abraçava. Zane se conteve antes de responder com algo mais do
que uma risada, mas certamente isso não era algo que ele esperava ver. Ele
tinha certeza de que Ty não estava esperando isso também, e ficou feliz que
Ty tinha sido capaz de reprimir o instinto assassino.
Norina tagarelou um pouco mais quando ela abraçou Ty uma última vez
antes de dar a Zane um sorriso brilhante. Zane realmente esperava que o que
ela estava dizendo era algo que Del deveria entender e responder, porque era
óbvio que Norina esperava que Del entendesse italiano. Todos eles se
despediram assim que o garçom apareceu com o aperitivo e saladas e Zane
sentou-se na cadeira para tomar um fôlego e processar.
Zane não podia pensar numa única coisa para falar, então começou a
comer a salada enquanto revisava a conversa, confiando os detalhes para a
memória, e observando Ty colocar vinagrete na salada. Zane quase podia
fisicamente sentir Ty se conter. Ele conhecia bem o temperamento de seu
parceiro, já tinha visto Ty perder isso em várias ocasiões. O humor de Ty era o
que se podia chamar de volátil. Dependendo do alvo de sua ira,
frequentemente era divertido vê-lo sair. Outras vezes, como no topo de uma
montanha em West Virginia, onde ele tinha palestrado homens sobre a
melhor maneira de matá-los, isso podia ficar um pouco duvidoso.
— Merda, — ele murmurou sob sua respiração quando voltou para a sua
salada.
— Ela não agiu como se esperasse uma resposta quando foi para você
em italiano, — Zane falou razoável. — Ela parecia animada em te encontrar.
— Isso realmente não vai movimentar as coisas. E você não vem com o
tipo de extravagâncias ciumentas, de qualquer forma. Não, você lida com seu
objetivo, eu vou lidar com o meu.
— Eu não sei como você reagiria. Não quero arriscar uma reunião
pública apenas para enfrentar sua ira depois, — ele disse com um meio
sorriso. Se ele tivesse a sua escolha, ele estaria muito mais perto de seu —
marido— num monte de tempo. Mas ele estava lutando para encontrar a linha
que deveriam estar caminhando nessa tarefa, e não queria confundir o que
vinha de sua interpretação de Corbin e o que realmente vinha de seus
próprios desejos.
Zane olhou pela janela para o céu agora escuro, desejando que ele não
tivesse acabado de deixar isso sair. Aquela não era realmente conversa para
um jantar público.
— Vamos conversar sobre isso mais tarde. Vamos apenas dizer que
tenho certeza que me sinto muito possessivo do meu muito bonito marido.
— Você transou muitas vezes para ficar com ciúmes. — Ele anunciou
levianamente quando pegou o seu copo.
Antes do jantar, ele assumiu que Ty não gostaria que ele demarcasse
qualquer tipo de reivindicação, física ou emocional, exceto como parte de seu
disfarce, e a contragosto. Zane não tinha ouvido nada para mudar essa
suposição, mas tampouco ele não tinha perguntado exatamente. Ele adiou
aquilo, se afastando de um tema que parecia como uma mina terrestre no
centro do seu peito.
Zane se virou do lugar onde estava do lado de fora de uma pomposa loja
de acessórios e viu o dedo de Ty por um display de óculos de sol. Ty virou-se
para olhar para ele, usando um par de óculos de aviador, tal como os que
tinha deixado em casa, a etiqueta saindo lateralmente de sua testa. Zane
sorriu, apesar de seus sentimentos contraditórios.
23
Orange Julius é uma cadeia americana de lojas de bebidas de frutas.
24
A Godiva Chocolatier é uma fabricante belga de chocolates e produtos relacionados.
25
Tiffany & Co. é uma empresa norte-americana do ramo de comércio de jóias.
— Vamos voltar aos computadores e ver se há notícias de casa. Aquela
foto que tirei de Armen deve ter produzido alguma coisa.
Incomodado, Zane parou no lugar, virou Ty para ele e colocou uma mão
no rosto dele, polegar sob o queixo para fazê-lo olhar para cima.
— Estou brincando e você sabe disso. Não há nenhuma razão para você
estar assim, irritado, — Zane disse, injetando um tom de advertência em sua
voz, e isso não era a influência de Corbin.
Mas o que era isso de Ty não beber nada? Zane precisava pôr um fim
nessa ideia agora. Ele segurou Ty pelos ombros, encontrou seus olhos e falou
em voz baixa, discreta.
A surpresa de Zane o manteve quieto por alguns instantes, e ele teve que
organizar seus pensamentos antes que pudesse responder. Por que ele
constantemente ficava surpreso com o quão atento e perspicaz Ty poderia ser,
ele não sabia.
Ty bufou e olhou para longe, os olhos correndo para frente e para trás
sobre a multidão de passageiros comprando na avenida. Ele chegou a algum
tipo de decisão, no entanto, e balançou a cabeça e olhou para Zane,
desconfortável.
Zane balançou a cabeça lentamente e decidiu que isso era o melhor que
poderia fazer por hora, pelo menos sobre o assunto. Ele ainda tinha um
parceiro irritado e frustado que precisava de algum tipo de escape.
— Vamos lá.
— Sim, — respondeu Zane quando olhou para o lado, olhando Ty. Ele
ainda se conteve de olhar novamente a maior parte do tempo. Aqueles
obscenos cabelos loiro descolorido.
Zane sorriu, feliz por ter conseguido um sorriso de seu parceiro. Ele
sentiu a música reverberar através dele ao se aproximarem da entrada de um
dos clubes. O nome Netuno foi rabiscado em neon púrpura sobre a porta
dupla e cordas de veludo bloqueavam a entrada. A multidão se contorcia na
sala escura.
— Oh, esse pode não ter sido o meu plano antes, mas com certeza é
agora, — Zane concordou plenamente. Se ele tivesse uma escolha sobre o
companheiro de sua noite, preferia ter o Ty excitado e flexível desta tarde, ao
homem rebelde e irritadiço desta noite.
Além disso, ele tinha razão sobre as luzes estroboscópicas, mas não era
tão ruim. O clube era pequeno, mas extremamente completo. Havia pistas de
dança diferentes em três diferentes níveis e mesas em torno delas. Pela
primeira vez, não havia nenhum sinal de decorações do feriado. O bar estava
no piso térreo, e Zane apontou Ty nessa direção, esperando que ele
conseguisse alguma coisa, mesmo se não fosse álcool.
A fila para a parede de escalada era longa e ia demorar ainda mais, uma
vez que houve a necessidade de ajudar e dar descanso para alguns
escaladores. O frio não era um problema, mas a impaciência era. Ele não
gostava do que considerava fazer tarefas subalternas, como o trabalho
molhado.
Ele carregava uma pequena faca de cerâmica, que tinha sido capaz de
levar ao passar pelos detectores de metal de baixa tecnologia, em uma bolsa
na cintura e era bastante inofensiva, se por algum azar fosse revistado por um
segurança. Também era fácil de largar, se necessário, tudo o que tinha que
fazer era jogá-la com força contra algo sólido e quebraria em um milhão de
pedaços. No navio de cruzeiro, porém, isso não era realmente um problema
com armas. Se estivesse perto o suficiente da borda, ele poderia simplesmente
atirá-la ao mar e vê-la afundar nas profundezas azuis escuras.
Ele trouxe sua atenção ao nível do chão, onde Ty estava ao lado dele,
tentando ficar imóvel quando um baixo e bastante robusto membro da equipe
chamado Manny verificava o seu cinto de segurança. Sua vez sobre o muro de
pedra tinha sido por indicação, outra demanda de seus itinerários. A fila era
longa e estava enrolada em torno da plataforma e rampa baixa que os
passageiros tinham que subir para chegar até este ponto. O nível do convés
deixava a parede de rocha elevada, situada perto da popa do grande navio de
cruzeiro, parecia muito maior.
— Nós vamos estar conectados a alguma coisa. Eu posso lidar com isso.
Eu tenho certeza que é um inferno de vista a doze metros de altura.
— Sim, — Ty disse com uma risada. Sua voz estava cheia de alegria
sádica. — Você não enjoa, não é? Mesmo em um navio deste tamanho, eu
tenho certeza que você vai sentir o movimento lá em cima.
Ty não perdia tempo. Ele estava indo firmemente para o meio da parede
e as grandes protuberâncias de lá.
26
Um arnês é uma espécie de cinto de segurança para a escalada, a espeleologia, o iatismo,
etc.
— Sim, ele adora esse tipo de coisa, — ele respondeu distraído, sem tirar
os olhos de seu parceiro.
Assim que a folga foi recolhida, Ty iniciou a subida mais uma vez. Ele
definitivamente estava se movendo em direção a protuberância porque
oferecia uma subida mais difícil. A inclinação para o exterior significava que a
corda levaria menos de seu peso enquanto subia e era mais desgastante para
os seus membros enquanto puxava a si mesmo mais alto. Mesmo há 7,5 ou 09
metros abaixo, Zane podia ver os músculos dos ombros e antebraços de Ty
saltando quando se aproximava da ponta do afloramento. Em seguida,
ocorreu a Zane que ele não tinha sequer pensado sobre os dedos de Ty. A
cirurgia na mão dele não tinha sido há muito tempo e Zane não tinha
perguntado se Ty tinha recuperado a força e a flexibilidade que estava
acostumado.
Zane bufou.
— Tensão, — Ele gritou para baixo, assim quando a corda ficou frouxa
mais uma vez nas mãos de Zane. Se a ponta de Ty estava frouxa, a de Zane
deveria ficar mais tensa, e não o contrário.
— Rocha, — Ty gritou, sua voz tão apavorada como suas ações. O aviso
que um objeto estava caindo confundiu Zane tanto quanto entender que Ty
estava tentando desatar o nó seguro que prendiam a corda em seu arnês. A
corda na mão de Zane, de repente, bateu no chão a seus pés, e havia um ruído
de chicotadas quando dezenas de pés de pesado nylon azul corda caiu do alto
da parede de pedra.
— Jogue outra corda, — Zane exigiu a Manny, que estava em uma rádio
bidirecional acenando para alguém no topo da parede. — Colchão inflável?
Alguma coisa? — Frustrado além da crença, Zane se moveu para tentar ficar
onde Ty pudesse vê-lo, perto o suficiente para que ele pudesse ser capaz de
fazer... alguma coisa. Seu coração estava na garganta e sangue corria em seus
ouvidos. Uma coisa era estar em apuros e manter a calma. Isso era outra
coisa, estar preso assistindo, impotente.
Ty ficou pendurado ali, imóvel por uma eternidade. Ele não chutou os
pés em pânico ou mesmo tentou alcançar um apoio de mão adicional com a
mão livre. As únicas coisas que o impediam de cair para a desgraça da qual ele
brincou sobre nem dez minutos antes eram seus cinco nós de dedos brancos.
Zane reprimiu a vontade de gritar com Ty, em vez disso se voltou para
Manny.
Zane o pegou de sua mão e apertou o botão para falar enquanto voltava
sua atenção para Ty.
Ty soltou uma mão e fez um passe para um apoio mais longe, mas ele
errou e balançava precariamente antes de fixar-se no apoio original
novamente.
Zane olhou para Ty, perdido por um longo tempo. Então ele gritou: —
Há quanto tempo você estava guardando essa? — Ele sabia que sua voz estava
quase estridente, mas Zane não se importava. Ele estava louco, chateado, e
com medo, caramba! E tudo o que Ty pôde fazer era contar piadas!
— Estive esperando até que fosse relevante, — Ty gritou para baixo com
uma risada Ele parecia sem fôlego por tentar conversar e subir ao mesmo
tempo. Ele se firmou onde tinha os pés em dois apoios sólidos e, em seguida,
pressionou a testa na parede, achatado como um inseto em um para-brisa.
Zane rosnou frustrado. Pelo menos Ty tinha bom senso o suficiente para
saber quando ele chegou ao seu limite.
Ty olhou para ele com surpresa e, assim perto, Zane podia ver que
apesar das piadas que ele tinha estado contando, todo o corpo de Ty estava
tremendo e ele estava coberto com uma fina camada de suor.
— Vamos lá, bebê. Acho que isso é o suficiente para esta manhã.
Ty pegou sua mão e a apertou com força, puxando-se para Zane como se
ele fosse uma das cordas que Ty esteve atrelado. Ele passou um braço em
volta da cintura de Zane e o abraçou próximo por um momento antes de
deslizar sob o braço de Zane e o deixou ao redor de seus ombros. Era a
primeira vez que Zane se lembrava de Ty iniciar tal exibição de conforto físico
depois de algo traumático. Ele se perguntou se era para o show ou se era real.
Zane odiava que este caso o estava forçando a perguntar-se isso mais e
mais.
— Sr. Porter! - Por favor, deixe-nos desculpar - Sr. Porter, você está
bem? - Podemos te conseguir alguma coisa? - Sr. Porter, vamos fazer o que-
— Está na plataforma.
— Faça os insultos agora, enquanto eu ainda estou muito grato por ter
você aqui em segurança, — Zane avisou.
Ty olhou para ele mais de perto, surpreso com a declaração. Zane não
encontrou seus olhos, e seu rosto estava definido com o que parecia ser dor.
— Não. Isso teria sido mais fácil de suportar, — ele disse sem rodeios.
— Tudo bem, então, da próxima vez que você balança sobre o oceano, —
Ty sugeriu enquanto ele, inconscientemente, esfregava os dedos abusados.
Zane entendeu o que ele quis dizer, no entanto. Ty sabia desde a imprudente
discussão anterior sobre os mais profundos medos de Zane que não estava lá
para salvar o dia quando a proverbial merda bateu no ventilador. Zane tinha
sido muito mais eloquente em sua formulação, é claro. Era um medo que Ty
não tinha ideia de como amenizar. E era um legítimo, uma vez que
provavelmente acontecia muito e Zane simplesmente não sabia.
— Desculpe, — ele disse. — Eu acho que isso meio que me bateu agora.
O que poderia ter acontecido. Eu não sei o porquê. Não é como se eu não
estivesse lá com medo na minha mente. — Ele ofereceu a Ty um sorriso que
não chegou a seus olhos.
— Não vamos perder tempo com isso, Garrett, — ele disse com
indiferença forçada. Não importa o que dissesse a Zane agora, ele sabia que
estaria sonhando sobre cair nesta noite. Discutir isso em detalhe podia ajudar
a aliviar a mente de Zane, mas não faria nenhum maldito bem para Ty.
— Você me assustou. Você não cortou sua própria corda, mas como você
podia está literalmente pendurado pelas pontas dos dedos e ainda ficar
brincando?
— Ty. Por favor, — Zane disse, sua voz levando uma pitada de
consternação.
— Uma coisa que aprendi é, se você ficar muito focado na queda e como
horrivelmente vai doer, você não vê o que está ao seu redor. Você pode perder
a coisa em que pode se agarrar, algo que poderia parar a queda
completamente. Então, se você mantém a calma...— Ele encolheu os ombros.
Não era uma lição que ele aprendeu enquanto estava necessariamente,
literalmente, pendurado no ar, mas serviu para muitas das dificuldades da
vida. Incluindo literalmente ficar pendurado no ar.
—Sim, certo. Você estava para cair de nove metros e estava mais
preocupado comigo do que com você mesmo. — Zane levantou e colocou uma
mão em cada lado do rosto de Ty, segurando-o. — Você está bem? Eu não
podia fazer nada além de ficar e assistir, mas eu posso fazer algo para ajudar
agora.
Zane debruçou para beijá-lo, apenas por um roçar suave dos lábios,
provavelmente para impedir a ladainha de exigências de Ty.
27
Cerveja irlandesa.
Porters e estão tentando me matar? Ou nós, eu acho, já que não havia
nenhuma maneira de saber qual de nós iria primeiro.
— Então, por que tentar ferir um dos Porters? — Ele levantou quando
fez isso. — Uma queda dessa não necessariamente mataria. Especialmente
desde que cortar uma corda não é exatamente um método preciso. Quem fez
isso não tinha ideia de quando rasgaria. E já que eu duvido que o Corbin ou
Del sejam escaladores melhores do que eu, é provável que eles teriam estado
mais abaixo do que eu.
— O que prova duas coisas, — Ty disse com uma careta. — Quem fez isso
não está com pressa para nos matar, seja quem for que ele queira matar. E
eles não têm medo de ferir pessoas inocentes ao fazê-lo. Minha aposta é em
Armen. Quem gosta de beber tanto quanto o italiano muitas vezes não pode
estar sóbrio o suficiente para planejar com antecedência.
Zane mudou seu peso para descer da cama e foi em direção a ele,
estendendo uma mão. Quando olhou para cima, Ty ficou surpreso ao ver o
intenso olhar nos olhos de Zane. Seus dedos roçaram a pele de Ty, mas recuou
após uma firme batida na porta da cabine.
— Você não teve o suficiente disso, por um dia? — Ele não soou
particularmente divertido. Ty sentou-se, esfregando a parte de trás de sua
cabeça e olhando malignamente para seu amante, como se tivesse sido culpa
de Zane. — Não olhe para mim, — Zane disse quando mudou de lugar, ainda
na cama. — Isso, você mesmo fez para você, idiota.
— Eu odeio essa cama, — Ty murmurou quando se sentou no chão,
desanimado e examinou suas mãos abusadas. Ele não se incomodou em
levantar do chão.
Só que desta vez ele logo abriu a porta para que o carrinho do serviço de
quarto pudesse ser empurrado para a sua mesa. A funcionária foi discreta,
não teve como saber se ela tinha ouvido falar sobre a louca manhã e Zane
fechou a porta atrás dela.
Ty teve que esticar o pescoço para vê-lo sobre a beirada da cama. Zane
ocupou-se com a bandeja, sorrindo para os pratos descobertos.
Zane virou o queixo para olhar para ele, franzindo a testa um pouco,
mas foi até onde Ty ainda estava sentado no chão e parou, esperando com um
olhar interrogativo.
Ele estava certo, mas quem o cumprimentou era quase tão alarmante.
Norina Bianchi atirou-se nos braços de Ty assim que ele abriu a porta,
acompanhada por uma onda de balbuciar estrangeiro e seu marido sorrindo.
Depois de um abraço apertado, ela se inclinou para trás, deu um tapinha em
ambas as bochechas, e, em seguida, o abraçou novamente. Ela parecia
preocupada, e Ty pensou que o casal tinha ouvido sobre seu acidente na
parede de pedra.
— Signor Bianchi, por favor, venha para dentro. Eu vou adivinhar que a
sua adorável esposa ouviu falar sobre a grande aventura de Del dessa manhã.
Norina ainda falava rapidamente com Ty, seu belo rosto sofrendo uma
série dramática de carrancas e expressões preocupadas. Ty era muito bom
com línguas e em algumas ocasiões podia pegar o que alguém estava dizendo
a partir do conhecimento de línguas similares, ou mesmo os significados da
raiz das palavras que reconhecia. Mas tentar decifrar alguma coisa que ela
dizia enquanto falava em Mach 728 era impossível.
— Oh! — Norina exclamou quando ela olhou para Zane com olhos
grandes e escuros. — Eu devo pedir desculpas! Na minha emoção eu me
esqueci.
28
O Número de Mach ou Velocidade Mach (Ma) é uma medida adimissional de velocidade. É definida
como a razão entre a velocidade do objeto e a velocidade do som. Então, na opinião de Ty, Norina está falando rápido
demais, 7 vezes a velocidade do som (8643,6 km/h.).
— Como você vê, — Zane disse enquanto enchia copos do bar com gelo,
— Del está de pé, passando muito bem.
Zane acenou com a mão indiferente para ele enquanto derramava chá.
Ty teve que segurar um suspiro. Nada mais de massagem para ele. Mas
isso era para o que estavam ali, ele disse a si mesmo, para conseguir
informações dessas pessoas. Não para transar repetidamente com seu
parceiro em uma suíte de luxo. Não importa o quanto isso apelasse.
Capítulo Sete
29
Hoje em dia, o uísque ROYAL SALUTE é uma das mais cobiçadas recompensas das pessoas bem
sucedidas em todo o mundo. Sua embalagem de porcelana inglesa, verdadeira peça de coleção, e sua alta qualidade,
um produto da melhor arte escocesa de destilar uísque, fazem dele um uísque de luxo respeitado e apreciado por
conhecedores no mundo inteiro.
— Isso é tal gesto amável, Signor Bianchi. Mas eu não posso
possivelmente -
— Claro que você pode, e você vai! Eu insisto. Estamos aqui para nos
divertir e celebrar a nossa amizade, — disse Bianchi. O olhar nos olhos de
Bianchi disse a Zane que Corbin Porter nunca iria recusar tal oferta. O
sentimento de afundamento mental intensificou quando Zane debateu uma
saída. Tinha que haver uma maneira graciosa de se curvar, mas quando olhou
para os outros jogadores, todos sorrindo e apreciando, Zane sabia que não
havia.
Zane não tinha tomado uma bebida, qualquer bebida, em quase dez
meses. O primeiro gosto do Chivas foi muito caro, bom, inebriante.
Isso meio que o lembrou de sua última viagem antes que houvesse
deixado o Corpo de Fuzileiros. Sabendo que havia ação em outros lugares,
mas preso na enfermaria, inútil, com um buraco de bala em seu ombro. Lá,
pelo menos, o peito não ardia onde todo o cabelo tinha sido arrancado por
cera orgânica perfumada.
Ele sabia que era um tédio auto-imposto neste momento, é claro. Eles
estavam em um navio de cruzeiro. Era, por definição, uma casa de diversão
flutuante. Ty apenas não estava se divertindo e não estava disposto a ir muito
longe, onde ele não poderia ser encontrado se houvesse problemas. A equipe
de suporte de quatro homens que supostamente estava em algum lugar lá
fora, não era realmente de muita ajuda. Ty não tinha os vistos ou ao cabelo
escondido de qualquer um deles. Ele sabia que era por necessidade, eles
estavam apenas lá como reserva, uma equipe de resposta a emergências de
última hora, se tudo fosse para os ares. Ainda assim, Ty teria se sentido
melhor se tivessem recebido alguma forma de contato com os outros do que
sair no convés e agitar os braços, esperando que um deles estivesse
observando.
Nenhum deles o teria feito se sentir melhor de qualquer maneira. Ele
não conhecia nenhum dos outros agentes e não confiava no que não conhecia.
Ele ficou lá sentado por apenas cinco minutos antes de perder a vontade
de estar entediado. Se levantou da espreguiçadeira e virou para voltar para a
cabine, determinado a encontrar algo para manter sua mente ocupada que
não envolvesse cenários de desastres.
Ele pegou a mochila de couro de Del Porter, a abriu e olhou para dentro
com uma pontada de culpa. Não gostou de mexer nos pertences pessoais de
Del mais do que gostava de ser Del. Reconheceu que eles já haviam feito uma
busca superficial em toda a bagagem, incluindo este saco, mas Ty tentou não
sondar muito fundo.
Ele gemeu em decepção. Isso teria dado a ele algo para fazer, de
qualquer maneira. Ele tinha evitado as áreas de fitness do navio,
simplesmente porque não gostava de multidões, mas gostaria de fazer
algumas voltas ao redor da pista de cooper designada se tudo o mais falhasse.
Se ele pudesse encontrar uma música, estaria em melhor situação. Ele se
lembrava de ter visto um MP3 player em uma destas bolsas.
A coisa mais interessante sobre óculos de leitura foi que quando ele o
experimentou e olhou através deles, eles não alteraram a sua visão. Ty franziu
a testa e os deslizou quando o iPod começou a tocar uma faixa de conversa
falada em uma língua que Ty não tinha certeza.
Os óculos de leitura eram apenas vidro e eles eram mais pesados do que
deveriam ser, lembrando um pouco os óculos de sol que tinha sido dado para
tirar fotos. Ele os tirou e segurou, dobrando as pernas experimentalmente.
Ele não conseguia se concentrar com as palavras estrangeiras em seu ouvido,
embora, e ele pegou o iPod para espiar o nome da faixa. Ele pensou que era
um audiobook de um curso, mas estava rotulado como uma música que ele
nunca tinha ouvido falar. Ty bufou e folheou até a próxima música, mas,
também, era uma conversa que foi rotulado incorretamente.
Ty olhou para ele, ouvindo as palavras em seu ouvido. Ele poderia pegar
certas palavras e frases da gravação ilegível, o suficiente para identificar a
linguagem como italiano e suficiente para reconhecê-la como uma conversa,
não uma palestra ou um livro que está sendo lido. Ele também reconheceu
que não era um estúdio de gravação. Isso soava muito parecido com o
resultado de uma escuta colocada perto de uma pessoa que está falando.
Del Porter não era quem eles pensavam que era. O Bureau ficou com o
informante de alguém. E quem estava por trás da espionagem de Del Porter
provavelmente sabia do segredo de Ty e Zane também.
Ele pisou atrás da tela para encontrar uma sala íntima, ricamente
decorada com um bar privado e seis mesas drapejadas. Parou na entrada,
olhando ansiosamente para Zane. Se eles pudessem obter o que estava no
iPod para alguém que pudesse falar a língua, podia ser o suficiente para eles
acabarem com esta missão esta noite. Não só isso, mas a possibilidade de que
Del era um informante poderia ser o suficiente para fazer o FBI puxar a ele e
Zane completamente fora desta bagunça. Eles poderiam estar fodendo na
investigação de uma entidade estrangeira e o Bureau odiava confusões
pegajosas políticas.
Ele viu Zane, sentado de costas para a entrada em uma das mesas mais
próximas. Ty balançou a cabeça. Zane deveria ter sido o último a chegar para
sentar ali, de frente para a parede. Ty se movia lentamente, circulando em
torno um pouco para que Zane visse a abordagem com sua visão periférica.
Ty piscou para ele, surpreso. Ele olhou para as cartas em sua mão e
depois para os outros homens na mesa. Ele tinha uma mão justa, mas nada
sensacional. Seus olhos se desviaram para o copo sobre a mesa perto das
fichas de Zane. Ele estava quase vazio e Zane certamente cheirava a álcool. Ty
deixou sua mão deslizar sobre a nuca de Zane, olhando para ele enquanto
colocava a outra mão sobre a coxa de Zane e a apertou.
A cabeça de Zane inclinou para um lado e ele colocou as cartas com face
para baixo na mesa.
— Não me diga que você deparou com algo que você não consegue lidar,
— Zane rosnou, uma nota clara de irritação em sua voz.
Ty observou o parceiro ir, sem falar por sua despedida descuidada. Ele
pensou brevemente sobre o seguir de volta para a mesa e chutar sua bunda,
ou pelo menos anunciar as cartas da mão de Zane, mas o impulso passou ao
se convencer que o disfarce era mais importante.
Enquanto olhava para a mesa, ele viu Armen derrubar suas cartas com
uma fungada e Zane recolher as fichas, empilhá-las quando brindou à mesa
com o copo antes de tomar a bebida. Bianchi riu alegremente, abanando o
dedo para Armen antes de levantar a garrafa e começa a encher os copos.
Mais italiano. Ty não entendia, mas ele estava bastante certo que o
homem tinha acabado de lhe dizer para manter a boca fechada e se mover. O
tom era praticamente universal.
Eles finalmente o liberaram assim que realmente não havia para onde
correr, o empurrando para a grade. Ty tropeçou em sua direção, segurando a
madeira lisa antes de se virar para olhá-los com cautela.
30
Cale a boca e venha conosco.
31
Que merda você está fazendo?
— Não se faça de idiota com a gente, — o segundo homem disse irritado.
Ele tinha o cabelo castanho fino e uma compleição doentia, como se o mar
não estava de acordo com ele. Ty já tinha visto isso antes. — Por que você
perdeu a reunião? — Exigiu Gabbana.
— É melhor esperar que elas estão mais próximas que do seu camarote,
— Gabbana disse calmamente. Sua arma foi transferida na boca de Ty,
raspando contra os dentes e enviando um arrepio horrível acima e abaixo de
33
Bicha.
sua coluna, como unhas em um quadro-negro. Os olhos de peixe morto do
homem não davam muita distância e Ty acreditava que talvez ele puxasse o
gatilho. Ele balançou a cabeça contra a arma e o homem a puxou para trás
apenas o suficiente para Ty falar.
Umas boas duas horas após a interrupção de Ty, Zane enfiou um pedaço
de crédito por uma modesta quantia de dinheiro no bolso interno do paletó.
Ele praticamente quebrou mesmo à mesa com Armen, Bianchi e outros dois
grandes jogadores em férias, mantendo-se o suficiente para ficar positivo que
ele não tinha sido capaz de encaixar em uma desculpa para sair até agora.
Zane sabia que Armen tinha estado a observá-lo com cuidado, ele ficou
especialmente atento quando Ty apareceu. Zane estava em um rolo no ponto,
tendo conquistado três mãos em seguida e um cônjuge choramingando em
busca de atenção simplesmente não parecia tão importante para um grande
jogador.
Ty estava curvado sobre a pia, sem camisa, deixando a água correr pela
palma de sua mão e, em seguida, espirrando repetidamente no seu rosto.
Aliviado, Zane olhou para ele: o rosto de Ty estava pálido e torcido, e a camisa
que ele usou quando foi ver Zane na mesa de pôquer estava no balcão de
mármore ao lado dele, uma única gota de sangue sobre a gola claramente
visível.
Ty de repente saltou para trás, sua mão indo para a faca sobre a
bancada. Ele empurrou a uma parada, de costas contra o piso de mármore da
parede do banheiro, arma na mão, ofegante enquanto olhava para Zane.
—Eu deveria estar aqui, — Zane disse, ele estendeu a mão para tocar
levemente o queixo de Ty e virar a cabeça para que pudesse olhar para o lábio
partido.
Ty recuou para longe e deu um tapa na mão dele, rosnando para ele. A
fachada calma desapareceu tão rapidamente como tinha surgido. Ele
empurrou Zane para longe dele e seguiu para empurrá-lo novamente, mesmo
fora do banheiro. Ele fechou o punho, como se estivesse se preparando dar
um soco, mas então ele rangeu os dentes e flexionou os dedos, bufando alto.
Sempre tomou um grande esforço para Ty se controlar uma vez que ele perdia
seu temperamento, e ele visivelmente lutava com isso agora.
Agora Zane sabia que o que tinha acontecido era sério. Ele tentou
estudar Ty mais de perto para ver se ele escondia alguma lesão. Ele parecia
estar ileso sem contar o lábio sangrando.
— Eles não disseram nada para lhe dar uma ideia de quem eram? —
Zane perguntou cuidadosamente.
34
A Guarda de Finanças é uma polícia especial da Itália subordinada diretamente ao ministro
de Economia e das Finanças.
—As escutas estavam com você, — Zane concluiu. Ele respirou fundo e
balançou a cabeça, acreditando que Ty deve ter tido um inferno de susto para
estar lívido agora. Permanecer em um personagem o teria feito bastante
impotente, e Zane sentiu uma forte pontada de preocupação que tentou
anular.
— Era isso o que você veio me dizer, — ele disse, mas não tinha certeza
do que ele teria sido capaz de fazer.
— Está feito, Grady. Deixe ir. Nós vamos encontrar as escutas, — Zane
disse enquanto caminhava até a mesa, colocou a arma e começou a escolher
através dos conteúdos espalhados pelo topo. Ele estava tendo bastante
dificuldade para focar em qualquer coisa além de seu parceiro para se
preocupar com o passado agora. Ty estava em silêncio e quando Zane olhou
para ele, ele encontrou Ty ainda de pé na soleira da porta do banheiro,
olhando-o com uma mistura de raiva e com o que poderia ser dor. Era
parecido com o olhar que ele tinha dado a Zane na mesa de pôquer.
— Não. Mas o que quer que fosse, eles lhe penduraram sobre uma
grade, Ty, não valia a sua vida, — ele disse, tentando raciocinar com ele
embora ele estivesse ficando cada vez mais irritado com a falta de controle de
seu parceiro. Isso estava causando estragos com o seu próprio, e ele fechou os
olhos por um momento. Ele não estava sentindo o zumbido mais e isso estava
começando a afetá-lo. — Então me perdoe se eu estou um pouco menos
preocupado com algumas informações do que você de pé aqui.
— O que você quer que eu faça? Cair de joelhos a seus pés e agradecer a
Deus que você ainda está respirando? Você iria rir, — Zane respondeu com
um aceno de sua mão.
— Sim, eu acho que faria isso, — ele disse finalmente. Ele se virou e
jogou o pano no banheiro com nojo, então moveu pela cabine e curvou para
começar a recolher os conteúdos dispersos de suas malas sem outra palavra.
Eles tinham jogado quase tudo nas malas e gavetas Quando Zane
decidiu que não queria ficar ali quando Ty estava silencioso e mal-humorado.
Primeiro ele considerou voltar para o cassino, as chances eram boas que
Bianchi e seu uísque escocês ainda estivessem na mesa. Era tentador. Muito
tentador. Mas, depois de pensar por um longo minuto, Zane pegou sua roupa
de banho e tirou os sapatos. Um mergulho seria apenas a coisa para tirar o
aborrecimento amontoado em sua cabeça.
Ty estava ajoelhado ao lado da cama, passando por um monte de joias
que havia sido despejado. Ele pegou uma das abotoaduras de Corbin e estava
olhando para ela com uma carranca profunda, a girando mais e mais como se
ele nunca a tivesse visto antes. Quando Zane se moveu, Ty olhou para ele.
— Você acha que eu não dou a mínima para você? — Ele perguntou com
precisão. — Só que tipo de resposta você está esperando de mim aqui?
— Eu não sei, Zane, — respondeu Ty. Sua voz era plana e cansada. — Eu
espero que você seja meu parceiro. Espero ser capaz de confiar em você.
Espero que você fique pelo menos moderadamente sóbrio e eu espero que
você escute quando eu digo que é importante, — ele recitou, com a voz ficando
mais nítida.
— Se fosse caso de vida ou morte, você teria conseguido seu ponto de
vista, — Zane disse, a raiva queimando em face da compostura fria de Ty, e
Zane apenas a deixou solta. — Estou fazendo o meu trabalho e eu estou
lidando com a bebida muito bem.
Zane abriu a boca para responder e encontrou-se sôfrego. Ele podia ver
o rosto de Bianchi. Sua jaqueta preta de smoking, a luva branca presa por...
Ele franziu a testa.
Zane a pegou meio sem jeito, ainda preocupado. Ele deveria ter sabido
desse detalhe, ele tinha certeza que ele tinha visto essas abotoaduras. Olhou
para aquela em sua mão, virando-a, sentindo ressurgir o aborrecimento.
Zane olhou para a joia, desconfiado, e deslizou sua memória para ver
Bianchi fazer isso. Ty não poderia ter estado lá por mais de três minutos e ele
percebeu isso? A preocupação que Zane não queria sentir formigava na
espinha e ele odiou isso. — Então é um bug. Isso não é bom para nós, se nós
não somos os únicos ouvindo, — ele disse, jogando a abotoadura em cima da
cama.
— Você seriamente não vai me dizer que sou negligente, porque eu não
me lembro como suas abotoaduras se parecem, — Zane disse friamente.
— Tudo bem, — Ty repetiu. — É tudo que você tem a dizer? Tudo bem?
— Não adianta, não é? Eu estava errado. Você deixou o seu ponto muito
claro. — Ele empurrou a camisa de seus ombros e ela caiu sobre a cama.
O súbito giro fez Zane ficar tonto e ele estava tão chocado com abrupta
manipulação de Ty e sua cabeça batendo com força contra a porta, que não
conseguiu nem se recompor para reagir. Ty não foi gentil quando o empurrou
para o corredor que dava para o deck exterior. Ele não se importava se batia
Zane contra as paredes ou portas a qualquer momento. Zane se recompôs o
suficiente para resistir e Ty continuou segurando o braço torcido
dolorosamente para manter Zane incapaz de lutar. Quando eles estouraram lá
fora, o ar fresco da noite os atingiu, o vento forte trazia o cheiro do mar.
Mesmo ao longo da costa da Flórida, estava frio o suficiente em uma noite de
dezembro no oceano para que as plataformas estivessem praticamente vazias,
exceto pelos mais corajosos ou os convidados mais embriagados. A piscina
estava deserta, mesmo sob o telhado de vidro, brilhando pacificamente em
um azul-verde na noite quando uma névoa de vapor pairava baixa sobre a
água morna.
Ty se endireitou, água fluía por seus braços quando ele puxou para cima
com Zane.
QUANDO Zane acordou de repente. Seus olhos se abriram assim que ele
respirou fundo e se sacudiu sentado para olhar ao redor, o coração acelerado.
Ele respirou devagar e deitou de volta para que pudesse olhar para o
teto.
Zane tentou engolir e não podia, portanto, ele rolou para o lado dele e
estendeu a mão que estava embaraçosamente trêmula para pegar o copo. Em
pouco tempo o ibuprofeno fez efeito, o copo estava vazio, e ele estava olhando
para o teto novamente.
Ty não voltou a falar. Os únicos sons que fez foi o tilintar da porcelana
quando ele a colocou de lado e o baralhar das páginas quando as virava.
Zane suspirou. Ele sabia que ninguém tinha morrido. Sabia exatamente
o que tinha acontecido na noite passada. Ele simplesmente não tinha
perspectiva disso, porque quando bebia, se concentrava em tudo o que
pensava que era seu objetivo e excluía todo o resto. Ontem à noite, Ty tinha
sido parte do —todo o resto—. Esse era o problema: Ty. Ty não era o seu
guardião, era a sua consciência.
— Eu não pensei que a minha tolerância teria caído muito, — ele disse
suavemente. — Pensei que podia lidar com isso.
Zane passou os braços em torno de si, sabendo que ele não teria
qualquer simpatia ou conforto. Ty nunca lhe tinha dado qualquer motivo para
pensar que ele sofria de vícios como Zane e apesar de fazer um esforço para
não beber em torno de seu parceiro, as reações de Ty sugeriam um pouco de
desdém para o problema de Zane de abuso de substâncias desde seu primeiro
comentário sarcástico eras atrás quando se conheceram: — O quê, você é um
alcoólatra em recuperação?
Ty certamente não queria ouvir Zane chorar sobre isso. Zane desejava,
embora, algumas vezes, que Ty pelo menos reconhecesse o quão
malditamente difícil era para Zane dizer não a tanto, todos os dias de sua
vida.
O pensamento doía tanto dentro de Zane que tinha que aparecer do lado
de fora de alguma forma. Ele ainda sentir o sabor do licor e sua garganta e
barriga queimavam por ele. Ele balançou a cabeça bruscamente. Aquilo faria
tudo mais fácil de manusear, ver mais claro, mais suave de engolir. Aquilo iria
esfria-lo e acalmar os nervos. E a cada gole ele se drogaria mais. Zane sabia
que quando a garrafa estivesse em frente a ele, ele não seria capaz de lidar
com aquilo.
— Eu me preocupo com isso. Mas não há nada que eu possa fazer sobre
isso, — respondeu Zane.
— Você vai me ouvir pelo menos uma vez! Apenas uma vez! — Zane
gritou com raiva.
Zane levou alguns minutos para se recompor, porque ele pensou que
não teria outra chance para tentar se explicar. Quando ele falou, foi o mais
sincero e honesto que poderia ser.
— Você quer que eu seja capaz de beber e me controlar melhor. De ser
capaz de resistir ao que isso faz para mim e de me afastar quando começar a
ser demais. Mas a verdade é que só um gole é demais. Não há como lidar com
isso, não importa o quanto você se importe. — Ele parou por um momento,
olhando para Ty e desejando que ele compreendesse. — Você tem que
acreditar em mim. Mesmo que não entenda, — ele implorou.
A respiração de Zane pegou. Ele não tinha noção de que era assim que
Ty pensava nele. Isso o fez se sentir com três metros de altura. E ao mesmo
tempo muito pequeno. A realidade nua e crua era que ele era, e sempre seria,
um viciado em bebidas alcoólicas e em drogas que se pendurava nas pontas
dos dedos todos os dias tentando ficar sóbrio e fazer o seu trabalho. Apertou a
mão de Ty.
— Zane, — ele disse com a voz rouca. Então parou e olhou para baixo
novamente rapidamente antes de reencontrar os olhos de Zane com
determinação. — Você é tudo que eu preciso de você que seja, — ele
sussurrou.
Ty sorriu levemente.
— Bom, pelo menos nós dois concordamos com isso, — ele disse
ironicamente. — Olha, eu... eu entendo que a maior parte do seu trabalho
disfarçado foi gasto bêbado, estou certo?
— E estou supondo que com sua tolerância isso nunca foi realmente um
problema. — Ele segurou o fôlego, olhando para Zane como se medindo o
quanto mais ele queria dizer. Era óbvio que ele estava tendo dúvidas sobre o
que quer que estava chegando.
— Sim, eu quero.
35
Refere-se aos cortes de carne de vaca da estirpe Tajima do gado wagyu, criado na província de Hyogo,
Japão. A carne geralmente é considerada uma ifuaria, reconhecida pelo seu sabor, consistência e gordura,
bem marmorizada. O Kobe Beef é a carne mais gostosa e cara do mundo.
Ty balançou a cabeça com um aparente alívio e deu um tapinha no
joelho de Zane.
— Uma vez que estamos sendo tão brutalmente honestos, tenho que
dizer que isto é um inferno muito mais difícil do que apenas sendo um
trabalho.
— Eu mereço uma medalha por lidar com você, — ele disse para Zane a
contragosto quando jogou a calça para longe, sem saber do intenso escrutínio
de Zane.
— Eu não falei com ele, mas ele não parecia que iria tomar muito, —
Zane comentou quando parou ao lado dele.
— Estes livros de quebra-cabeça são cheios de códigos, — Ty disse. — Eu
não os desvendei ainda. Encontrei um iPod cheio de gravações que tenho
certeza que ele fez usando estes, — ele continuou apontando para um par de
abotoaduras e óculos de leitura quebrados. — Eu não sei por que ou para
quem, mas as autoridades italianas têm uma participação nisto também.
Tudo o que eu sei com certeza é que o FBI colocou seu arranque na bunda de
outra pessoa nesse caso, e estamos fodidos, porque não importa o quanto eu
queira, eu ainda não falo italiano.
Zane encarou Ty enquanto absorvia tudo. Isso era o que Ty tentou lhe
dizer ontem à noite. Zane esfregou uma mão sobre o rosto.
— Algo não está certo nisso. Eles deviam estar perto o suficiente para
que chamemos reforços. Chamando por eles num megafone não é exatamente
sutil.
— Se eles estivessem perto de nós, eles teriam chamado a cavalaria
ontem à noite quando Dolce e Gabbana estavam me mantendo com o cano da
arma, — Ty murmurou enquanto examinava suas unhas criticamente.
— Como são perceptivos, Del— Zane disse zombeteiro assim que pegou
um dos livros. — E sobre o Sudoku?
— Seja qual for o método que ele usava, eu não o segui, — Ty admitiu
enquanto mostrava as páginas para Zane. — Eu não posso nem decidi se eu
acho que ele é brilhante para ter uma cópia codificada ou estúpido por
escrever merda, — ele murmurou. Ficou em silêncio por um momento. — Eles
disseram isso com maldade, — ele finalmente acrescentou, obviamente
incapaz de deixar ir.
Zane olhou para cima dos quadrados cheios de letras para estudar seu
parceiro atentamente. — Eu disse que você é um maldito de bom ator.
— E você não gosta disso, — ele disse de forma neutra, não querendo
influenciar Ty de uma forma ou de outra.
— Eu não gosto do jeito que algumas pessoas olham para você também,
— ele murmurou contra a lateral do pescoço de Ty.
— Eu não acho que nós estamos falando sobre as mesmas pessoas, — ele
disse ironicamente. Sua voz tornou-se mais séria. — Os que olham para nós
como se os ofendessemos. Esses são os que eu gostaria de socar bem forte.
Oh, Zane estava mais do que pronto para o desafio. Ele levantou uma
mão para segurar a parte de trás do crânio de Ty e reivindicou sua boca em
uma corrida tórrida, literalmente saqueando Ty em um beijo de contusões.
Isso era sobre ele expressando a possessividade e o desespero que sentia, mas
depois desacelerou, apreciando beijar Ty como ele não o beijasse há muito
tempo e ele alisou e suavizou o movimento de seus lábios enquanto persuadia
a língua de Ty para jogar. Cada toque que conseguiu de volta o excitava mais,
mas desde que ele estava recebendo só um beijo, queria fazer mais disso. Zane
não o soltou quando o puxou fora, traçando os lábios de Ty com a língua e
com ternura lambendo o lábio inferior inchado de Ty antes de finalmente se
entregar e puxar para trás.
Quando o fez, Ty gemeu baixinho e pegou o rosto de Zane com ambas as
mãos para evitar que ele se afastasse.
Zane foi a outro jogo de pôquer após o jantar. Ele realmente tinha se
recusado no início, temendo outra garrafa de uísque, mas quando Bianchi o
chamou, houve sugestões que negócios poderiam ser conduzidos no jogo. Ty
quis acompanhá-lo, mas, novamente, era muito arriscado. Além disso, Zane
precisava saber se Ty confiava nele. Ty realmente tinha certeza de que
confiava -pelo menos quando era sobre beber- mas agora era um momento
tão bom quanto qualquer outro para descobrir isso.
Assim, com Zane fora, ele veio aqui para limpar sua mente e se esconder
de Norina Bianchi, que parecia determinada a forçá-lo a ter outra massagem.
Ele tinha estado ali por cerca de meia hora, olhando para o nada e
simplesmente desfrutando estar lá pela primeira vez.
Todo mundo tinha desaparecido do convés logo após sua chegada, indo
para dentro, com os braços cheios de toalhas de praia e livros, esperando que
as nuvens negras que se aproximavam rapidamente trouxessem chuva com
elas. Ty sabia melhor, no entanto. Ele tinha visto o suficiente na água para
saber quando uma tempestade se aproximava. A tempestade definitivamente
estava chegando, mas não vinha com estas nuvens.
— Você não acha que deveria entrar, — perguntou uma voz atrás dele.
Ty sentiu seu corpo ficar frio, mas mais uma vez ele não reagiu
exteriormente, continuando a olhar para a água verde sem comentários. Se
Armen os tinha descoberto como fraudes, esta era uma maneira
surpreendentemente civil de anunciar.
— Eu contratei você para espionar o homem, não para se apaixonar por
ele, — Armen disse calmo, embora seu tom brusco traísse o seu
aborrecimento.
— Eu tenho o pen drive que você deixou para mim no hotel. Suponho
que você recebeu seu pagamento prontamente? Bom. Eu quero a outra
unidade antes do cruzeiro acabar. O dinheiro será transferido para a sua
conta como antes.
Ty engoliu em seco e decidiu dar uma chance para cavar um pouco mais
de informações.
—E os italianos?
— Eles não são preocupação sua, — disse Armen bruscamente. — Seu
trabalho é Corbin Porter. Vamos deixar esses malditos, agentes fracos da
Guarda lidar com os Bianchis.
— Eu não o vi hoje, — Zane disse assim que deixou cair o braço e moveu
para colocar-se entre Ty e a maior parte da sala de jogo enquanto caminhava,
apenas no caso.
Zane apertou os lábios com força quando abriram seu caminho para
fora da sala e saíram para a calçada. Ty não pareceria tão triste se não tivesse
relação com uma ameaça de morte. Del certamente era um alvo. Zane
rapidamente inclinou Ty para o próximo corredor, que felizmente estava
vazio.
— Você está bem? — Ele verificou, apenas no caso. Por tudo que sabiam,
Del também fez movimentos para Armen Vartan.
— Vamos lá. Se Del se ligou a Corbin, ele poderia ter cavado seu
caminho para a prisão, — Zane disse quando se virou para liderar o caminho
para os terminais de Internet via satélite da biblioteca. Então, um
pensamento ocorreu e ele parou imóvel. — É possível que Armen estivesse
jogando com você? Tentando fazer que você lançasse o disfarce? Que ele já
saiba?
Não importava que eles estavam no que poderia ser uma situação de
risco de vida. Os pensamentos de Zane estavam focados exatamente no que
Ty poderia estar fazendo enquanto estava de joelhos embaixo da mesa, se ele
tivesse acabado de correr mais entre as pernas de Zane. Tomou um inferno de
muita força de vontade para tentar banir esse pensamento.
— Não Baltimore?
Zane olhou para Ty surpreso e seu comentário saiu antes que ele
pensasse sobre isso. — Uau. Sou muito fiel à forma. — Ty ainda provocava
Zane por brincar com prostitutas-ligadas-informantes no trabalho, apesar de
isso ter acontecido muito antes deles se encontrarem. Zane tinha sido um
desastre sério na época, mas ele com certeza não era mais.
— Bem, — ele retirou com relutância. Olhou para Zane com um encolher
de ombros. — Eu acho que nós continuaremos. — Seus dedos apertaram no
joelho de Zane quando se levantou do chão.
— Eu estou ficando longe dos lugares que sei que Armen possa estar
agora, — Ty respondeu quando levantou a mão para chamar a atenção de um
garçom. — E...— ele hesitou e olhou para Zane preocupado. — Eu disse que ia
falar sobre alguns truques para beber no trabalho. Eu acho que agora é um
momento tão bom quanto qualquer outro. Porque eu com certeza preciso de
uma bebida.
— Você ainda quer fazer isso? — Zane franziu a testa um pouco. — Por
que não?
Ty sorriu levemente.
— Okay. Nós dois sabemos que você tem que beber às vezes para vender
uma cobertura. E eu acho que estamos de acordo em que você não deve. Em
tudo. Um amigo meu me ensinou truques há alguns anos para essas situações.
Eu... realmente não lidei bem com eles no começo.
— Isso afetaria o trabalho, sim, mas por que isso é tão terrível em geral?
Ty riu.
Essa era uma promessa o suficiente para fazer Zane sorrir e relaxar.
Zane tentou segurar o seu sorriso, porque na verdade, isso era para ser
sério. Ele acenou piedosamente em seu lugar. Ty segurou o copo para mostrar
a ele que quase um quarto da água já foi embora.
Ele bebeu alguns goles de água até que apenas um terço restava, então
ele o colocou sobre a mesa.
— Você pode me ajudar assim por tanto tempo quanto você quiser, —
Zane falou lentamente, enquanto Ty arrastava o guardanapo na frente de suas
calças. — E eu vou te pedir outra bebida, — ressaltou.
Ty devolveu a ele.
— Essa é uma lição diferente. — Ele tomou outro gole do seu copo de
uísque e, em seguida, pegou o copo que ele tinha deixado cair e o colocou
sobre a mesa novamente. Deixou alguns cubos de gelo nele, depois verteu
alguns de seu uísque nele. Então ele adicionou mais gelo. Fez um gesto para o
copo.
Zane assentiu.
— Eu estou pensando que você vai se sentir melhor por trás de uma
porta fechada, — Zane concordou quando se levantou. — E então hoje à noite
eu começo a praticar minhas aulas.
37
Tema do filme Amargo Pesadelo. Quatro amigos decidem deixar a cidade em busca de um contato
com a natureza. Eles pegam uma canoa e começam a descer as corredeiras de um rio na Geórgia, sem imaginar que a
aventura pode virar um verdadeiro pesadelo.
missão, mas o dinheiro não era o ponto. Ty sabia que Zane apenas gostava
dos raros momentos em que ele conseguia surpreendê-lo. E ele o tinha.
Ty bufou. Ele sabia que Zane passaria a saída mais fácil se a oferecesse.
— É uma longa subida, querido, — ele disse, em voz baixa, ainda atento
para as pessoas ao redor que podiam ouvi-los. — Não há necessidade para
você fazer isso, se você só pretende caminhar de volta.
Zane o estudou por um momento antes de olhar para cima, para o
penhasco.
A subida não era muito acentuada, uma vez que o caminho foi cortado
em zigue-zague até a montanha para preservar a flora natural, por isso
demorou um pouco de tempo para chegar até lá. Eles caminharam em
silêncio por alguns minutos antes de Zane falar.
— Sim, — ele finalmente disse em voz baixa. — Mas às vezes você perde
as melhores coisas, porque você não pode controlá-las.
Ty sorriu mais amplo, olhando para trás para dar uma olhada em Zane.
— Se você tem que perguntar...
— Não.
Ty fez uma avaliação completa, não muito certo do motivo que qual ele
queria que Zane aproveitasse a oportunidade e fosse com ele. Mas queria.
Também sabia que não iria convencê-lo a ir. Ele sabia disso com a mesma
certeza de que Zane não estava apaixonado por ele. A comparação diminuiu a
emoção do salto, isso era certo.
A reação física de Zane não era uma que Ty reconheceu direito. Era
quase uma careta, mal estava lá, a respiração ficou presa, olhos piscando com
força. Tudo desapareceu em segundos, mas quando o olhar de Zane correu
para a beira do penhasco e para trás, Ty percebeu que Zane estava realmente
com medo. Escondia bem, mas não bem o suficiente.
— Eu vou ver o que posso fazer hoje à noite para te compensar, — Zane
disse depois de uma pausa longa demais.
Zane balançou a cabeça lentamente e recuou alguns passos. Ele fez uma
pausa, como se fosse dizer algo, mas conseguiu dar um sorriso convincente
antes de se virar e seguir o caminho para baixo.
Ty deu uma última olhada para o caminho, batendo para baixo seus
bolsos para ter certeza de tinha deixado tudo com Zane, gastando esses
últimos segundos para se fortalecer.
Ele contou a Zane uma vez, mas não tinha certeza se Zane lembrava que
Ty também tinha medo de altura.
A parte que Ty mais amava e temia sobre cair era a corrida do próprio
medo.
Capítulo Nove
Ele riu um pouco, sacudindo a cabeça e virando para olhar pela cabine.
Ele gostaria de saber onde Ty tinha ido. Seu parceiro tinha mencionado algo
sobre a necessidade de executar uma missão quando deixaram o restaurante
após o almoço. Zane já tinha se decidido ser preguiçoso por um tempo, então
voltou para sua cabine, tirou os sapatos e caminhou através do quarto para a
espreguiçadeira, onde se sentou e se estendeu com um suspiro.
— Estou surpreso que não foi mais do que isso, usando aquelas calças,
— Zane murmurou, olhando a bunda de Ty.
38
O Shuffleboard é um esporte individual no qual os jogadores usam um taco para
empurrar os discos que deslizam sobre uma quadra e devem parar dentro da zona de pontuação
triangular (com subdivisões) situada na extremidade oposta da quadra.
— O que há de errado? — Ele perguntou. A fricção parecia mais do que
apenas cansaço. — Você está assim tão inquieto?
— Coitadinho. Você não pode me dizer que não tem sido muito cobiçado
em sua vida.
Zane se levantou e caminhou até ficar atrás dele, enrolando seus braços
ao redor de sua cintura. Ele estava se acostumando com essa coisa de ser-
capaz-de-tocar.
— Como assim?
Zane assentiu. Ele sabia que Ty não poderia falar sobre os trabalhos
ocasionais, mas perguntou mesmo assim. Ele tinha suas suspeitas. Depois de
alguns meses de praticamente viver com Ty, pequenas pistas tinham se
somados. O fundo Force Recon de Ty lhe deu um conjunto especial de
habilidades para o trabalho disfarçado, e ele era um agente secreto
experiente, desaparecia —em uma missão— sem aviso prévio, às vezes por
uma noite, outras vezes por dias e era extraordinariamente próximo do chefe
de seu chefe, Richard Burns, Diretor Assistente da Divisão de Investigação
Criminal do FBI. Se alguém mais alto no Bureau, como Dick Burns, ia tocar
alguém para um pouco de —trabalho paralelo— que precisasse de um toque
especial, Ty seria uma escolha clara. Outra teoria de Zane tinha a ver com
redes de prostituição de alta classe e um esboço de escritório de campeonato
de futebol de fantasia.
— Talvez um dia eu possa te falar sobre isso, — ele finalmente disse com
firmeza.
Ty virou a cabeça e seu rosto roçou os lábios de Zane. Zane podia senti-
lo relaxar quando o assunto mudou.
Ty sorriu levemente.
— Não me queria como parceiro, mas teve certeza que eu não fosse
ferido. Me odiava, mas cuidou de mim quando fui ferido. Agia como um idiota
musculoso, mas exibia inteligência em alguns momentos. — Agora que
pensava nisso, Ty ainda fazia isso. Zane fez uma pausa, lembrando com
carinho daqueles primeiros dias, agora que eles estavam além deles. — Lutou
comigo o tempo todo, mas sentiu minha falta quando eu fui embora, —
acrescentou com um sorriso.
Ty sorriu levemente.
— Não era pessoal, Zane, — ele disse. —Eu tinha acabado de perder meu
parceiro. Eu não queria outro.
Ty sorriu.
— Esse era o meu objetivo. Você não teve muita escolha, — ele ofereceu
levianamente quando virou de volta para a varanda.
— Sem merda. E eu odiei ainda mais ao longo do caminho quando você
me obrigou a continuar revendo minha opinião.
— O quê?
— Vamos deixar que o passado fique no passado por hora, sim? — Ele
murmurou quando sentou ao lado de Zane e esparramou sem graça.
O nariz de Zane franziu. Essa não era uma pergunta que esperava, mas
não se importava em responder.
Zane lutou contra a vontade de franzir a testa e rosnar para ele, apenas
faça a maldita pergunta, agora. Em vez disso, passou a mão sobre os olhos.
Depois de vê-lo andar para trás e para frente, Zane finalmente rosnou
para ele.
Zane considerou isso em silencio e decidiu que não havia nada que ele
pudesse fazer. Ele cruzou as pernas na altura dos tornozelos e esperou. Ou Ty
perguntaria ou passaria para outra coisa e ele teria que deixar ir.
Ty apenas balançou a cabeça para ele. Ele passou a mão pelo cabelo
descolorido em um gesto nervoso que Zane raramente via e então se afastou e
foi até a varanda novamente. Ele parecia atraído por ela, como se
representasse a liberdade ou algo igualmente nebuloso. Zane manteve sua
cabeça virada para observá-lo e, depois de alguns minutos, se deslocou para
puxar as pernas em cima da espreguiçadeira para que ele pudesse deitar e
ainda ver Ty. Isso o fez se perguntar: Qual poderia ser a pergunta que deixaria
Ty tão nervoso assim? Algo a ver com o que ele perguntou a Zane? Talvez ele
estivesse com medo que Zane lhe perguntaria a mesma coisa. Isso tinha
passado pela cabeça de Zane.
Zane riu.
— Ei, eu sei o que fazer, ok? — Ty disse em uma voz ofendida. —Tem um
monte de coisas curvadas, né? — Murmurou enquanto corria a ponta do dedo
sobre o desenho. Então colocou a mão livre no ombro de Zane, deixando seus
dedos deslizarem através da pele cicatrizada de Zane quando inclinou e
pressionou a ponta da caneta em suas costas. Moveu a caneta em ritmo lento,
inconscientemente movendo seu rosto para mais perto e inclinando mais seu
peso contra Zane enquanto trabalhava.
Fechando os olhos, Zane concentrou sua vontade em não mexer. A
caneta quase fazia cócegas, mal firme o suficiente para evitar desencadear
uma reação infeliz de mover e riso indefeso. Então, ele tentou pensar mais
sobre o peso de Ty sobre ele e como não tinha sido fodido há muito tempo.
Zane pigarreou.
— Só mais uma coisa curvada, — murmurou Ty. Ele soprou sobre ela
cuidadosamente e, em seguida, sentou e tampou a caneta com um piscar de
olhos. Zane quase conseguiu, mas o último lampejo de respiração através de
sua pele enviou um tremor por ele, e ele engasgou.
39
Caneta marcador permanente.
Ty finalmente tomou conhecimento da reação dele e colocou a mão
sobre as costas de Zane, se inclinando para beijar o ombro, e depois se moveu
lentamente para colocar mais de seu peso contra o corpo de Zane e sussurrar
em seu ouvido.
— Acho que você tem meu número, — ele disse com a voz rouca.
Ty alegremente se moveu para deixar Zane inclinar sua coxa sobre ele.
Estendeu a mão para a outra perna, a deslizou até as costas das coxas de Zane
descansarem contra as laterais dos ombros largos de Ty, a cabeça entre as
pernas de Zane. Ele abaixou a cabeça para beijar a parte interna da coxa de
Zane enquanto suas mãos envolviam seus quadris. A tensão aumentou junto
com a respiração presa de Zane, e ele se obrigou a manter os olhos abertos
para que pudesse assistir a visão erótica. Ty testava severamente o seu
autocontrole.
Tentar prolongar o prazer era uma luta em si, e ver Ty sugando não
ajudava. Mas Zane não fechou os olhos, nem mesmo quando sua virilha
apertou perigosamente em resposta à sucção de Ty. Zane estava perto, muito
perto. Ele percebeu que seus quadris balançavam para cima enquanto tentava
se empurrar na boca quente e molhada de Ty. Ele estendeu a mão e empurrou
o ombro de Ty em alerta, tentando prolongar o prazer, pelo menos um pouco.
— Você é muito fácil, — ele contou a Zane novamente com uma voz
satisfeita.
Zane gemeu novamente quando ele moveu para deitar em suas costas,
com as pernas ainda espalhadas e Ty entre seus joelhos.
— Você acha que é fácil resistir a você fazendo isso? — Zane conseguiu
falar entre as respirações.
Ele moveu suas mãos para agarrar os quadris de Ty, forçando-os contra
o seu próprio quadril, mexendo sob eles e sentindo o pau duro de Ty contra
ele.
— Você vai me fazer te foder, não é, — ele disse com a voz derrotada,
embora ele realmente não parecesse muito preocupado com a perspectiva de
sair da mentalidade submissa do falso Del Porter.
Eles nunca tinham sido assim um com o outro: apenas observando, nem
mesmo realmente se tocando. Eles sempre estavam satisfeitos por foder a
excitação, mas isso estava rapidamente se tornando apenas uma correção
temporária. Zane não pensava que existia uma maneira de ele não querer
mais Ty, e os momentos de silêncio entre eles estavam se tornando mais
viciante. Neste momento, não havia outra escolha além de assistir, e isso era
tão intimo que Zane mal conseguia suportar.
— É isso aí, baby. Quero ouvir você. Quero ver você gozar em cima de
mim. Vamos lá, baby. — Disse com a voz rouca enquanto levantava seus
quadris para cima para moer contra a bunda de Ty.
— Tão porra lindo, — Zane suspirou, ignorando o quão duro ele estava e
o quanto ele queria virar Ty de costas em favor de imergir na visão de Ty
quando ele gozou.
— Baby. — Ele murmurou, o som tão suave que Zane não tinha certeza
se Ty sabia que disse isso.
— Sempre que você quiser ser fodido, agora você sabe o que fazer para
conseguir isso, — ele rosnou, mordendo a clavícula de Ty e empurrando
contra sua coxa.
— Tudo o que tenho que fazer para ser fodido é olhar para você, — ele
lembrou com ironia quando tentava se desvencilhar das calças, que ainda
estavam em suas panturrilhas.
— Sempre que você quiser ser fodido duro, agora você sabe como
conseguir.
Zane estava muito tenso, era tentador só levar Ty logo em seguida. Mas
ele se forçou colocar uma mão sobre a barriga de Ty. Ele estava fodendo Ty
todos os dias, às vezes duas vezes no dia, durante uma semana interia. Às
vezes, sem nenhum tipo de preparação. Ty não precisava ou queria,
normalmente. Ambos gostavam disso áspero. Mas Zane sempre perguntava.
Zane gemeu e deu um beijo na bochecha de Ty. Sua cabeça ainda girava,
e ele tinha medo de que se abrisse os olhos, o mundo inclinaria. Ele só queria
segurar Ty perto.
Vendo a faísca dançar no anel, Zane percebeu que sua garganta estava
apertada, e teve que engolir duas vezes para se livrar do sentimento enquanto
piscava com força contra o formigamento nos olhos. Seu peito parecia que
tinha um peso de chumbo sobre ele, e Zane fechou os olhos. Isso doía, esse
sentimento, esse peso e essa tensão, e ele não podia lidar com isso agora. Ele
não queria que machucasse desse jeito quando olhava para Ty.
— Zane, — Ty finalmente disse em voz baixa. Ele não tinha mexido, mas
os seus olhos estavam abertos, olhando para o teto. Zane cantarolou baixinho
em resposta. Ty permaneceu em silêncio por um momento, aparentemente
ponderando sobre isso antes de finalmente perguntar: — Você tem algum
motivo para não simplesmente abandonar os preservativos a partir de agora?
A surpresa cruzou através de Zane tão rapidamente que ele prendeu a
respiração e teve que forçar-se a retomar a respiração normal. Ele nunca teria
imaginado que essa pergunta sairia da boca de Ty neste momento,
especialmente considerando que isso se parecia a muitos desejos meio-
formados de Zane.
Ele sentiu mais do que viu o movimento ao lado dele quando Ty virou a
cabeça para olhar para ele. Ty não disse mais nada. Ele parecia ou estar
examinando Zane para posterior reação ou pensando no que dizer depois.
Com Ty ele nunca sabia.
Não havia qualquer motivo para brincar, não quando Ty estava sendo
tão descaradamente honesto.
— Eu sei.
Ty ainda estava sorrindo para ele, mas era um sorriso suave que era
incomum em seu parceiro. Não havia nenhum traço de provocação, nem
brincadeira em seus olhos. Ele estava tão sério quanto Zane jamais o
imaginou, mas havia também uma suavidade com ele naquele momento, uma
ternura suave que combinava com a sua sinceridade, fez o pulso de Zane
aumentar um pouco. Ele moveu a mão para trás para cobrir o peito de Ty.
Zane não conseguia pensar em nada para dizer, qualquer coisa que não
estragaria o clima. Então, ao invés disso se inclinou para pressionar seus
lábios suavemente em Ty.
Ty olhou criticamente.
— Isso não estará se limpando por si mesmo, — ele disse com uma
risada.
— Você nem sequer me trouxe uma toalha! Que tipo de Romeo é você?
— Ty brincou facilmente.
Se o alvo percebesse que o seu ar estava ruim uma vez que estivesse lá
embaixo, ele talvez não se importasse o suficiente para tentar chegar a
superfície antes de se afogar.
40
Traje de mergulho de corpo inteiro.
41
Zane fez um trocadilho, já que steamer pode significar tanto um traje de mergulho de corpo inteiro
quanto uma caldeira ou um barco movido a vapor.
Zane sentiu o calor jorrar por ele, e não era por causa estar selado em
uma roupa de mergulho. Ele colocou as mãos sobre os quadris de Ty e o
puxou delicadamente para seus peitos colidirem.
Tudo estava, de repente, calmo e tranquilo ao seu redor, e tudo que ele
tinha de fazer era se concentrar na sua respiração. Era reconfortante. Zane
afundou lentamente através das camadas de azul e verde pelo que pareceu ser
um longo tempo, deixando que o peso das correias que usava o puxasse para
baixo enquanto se acostumava ao silêncio rugindo em seus ouvidos e
observou a água silenciar a luz brilhante acima da superfície. Ele afundou
junto com os últimos mergulhadores que estavam localizados mais perto da
superfície e um dos instrutores de mergulho que usava um terno amarelo
neoprene brilhante acenou para ele. Zane deu um sinal de positivo antes de se
corrigir e virar para espiar através da água mudando.
Foi fácil para Zane se perder debaixo da água, cercado pelo calor,
silêncio, e os cardumes de peixe coloridos nadando pela água sem fim. Tudo
isso estava marcado pela visão das manchas pretas dos outros mergulhadores,
e havia alguns poucos que afundaram mais ao longo da plataforma.
Quando se virou preguiçosamente na água, uma dessas manchas pretas
nadou em sua direção em uma velocidade alarmante, descendo sobre ele de
cima. Antes que Zane pudesse reagir, mãos fortes seguraram seu bíceps, e o
mergulhador —atacante— ficou suspenso de cabeça para baixo em cima dele.
A placa pressionando contra a de Zane, e os olhos castanhos de Ty brilhavam
alegremente quando olhou para ele e piscou. Zane riu e teve que ajustar seu
protetor bucal entre os dentes antes que pudesse golpear Ty, que já estava
recuperando a distância. Zane era um nadador decente, mas não havia
nenhuma maneira no inferno de que ele poderia pegar Ty. Seria divertido
tentar, embora, e Zane agarrou um braço, os dedos pegando na pele do pulso
de Ty, antes que seu parceiro balançasse fora do alcance.
Ty torceu e voltou para dar a volta ao redor e por atrás de Zane, e pelo
sorriso que Zane podia ver, mesmo por trás do bocal, ele poderia dizer que Ty
estava gostando do jogo de gato-e-rato, tanto quanto ele. Ty usou a traseira de
Zane para se lançar e correr para longe dele. Os braços maiores de Zane não
eram uma vantagem, a água o retardava o suficiente para que tudo que ele
conseguisse fosse a ponta dos dedos sobre o traje ou sobre a pele. Depois de
rolar tudo de novo na água enquanto perseguia um golfinho, Zane viu Ty
literalmente pinotear a distância, provocando e acenando. Aquilo atingiu
Zane, ele percebeu que não conseguia ver Ty assim muitas vezes: brincalhão e
descontraído. Zane realmente gostava. Ele era muito parecido com uma foca,
alegremente nadando em torno de uma baleia assassina e a provocando para
pegá-la. Queria que a oferta de Ty para irem a uma ilha tropical em sua
próxima extensão de tempo de folga fosse séria, porque era uma oferta muito
atraente, especialmente se este fosse o lado de Ty que ele veria todos os dias.
Dizia que o tanque estava meio vazio. Muito ar sobrando. Zane deu de
ombros. Por que Ty olhava para aquilo? Zane estendeu ambas as mãos, com
as palmas para cima, e as levantou em um movimento de —e daí?
Zane acenou com a cabeça, mas ele pegou o braço de Ty e bateu em seu
próprio bocal e, em seguida, no peito de Ty. Zane teve que puxar a alça de seu
equipamento e eles poderiam compartilhar o bocal e o ar.
Isso havia funcionado no filme de James Bond. Por que não agora?
Ty pareceu sentir o que ele sentia e acariciou a mão de Zane com uma
mão enquanto alcançava com a outra o cinturão de Zane e soltava um dos
pesos, o deixando cair. Eles começaram a flutuar preguiçosamente para cima.
Ty pegou o bocal, dando a Zane um momento puxar uma ultima respiração
antes de puxá-lo para fora da boca de Zane. Mas, em vez de colocá-lo em sua
própria, ele o segurou para o lado e se inclinou para beijar Zane tão
apaixonadamente quanto as máscaras de mergulho e a água permitiam. A
força nisso surpreendeu Zane, e ele agarrou Ty, tentando não deixar que o
beijo o distraísse de seu problema. Não foi a melhor das ideias, quando eles
não sabiam o que tinha acontecido com o tanque de Ty.
Zane puxou para trás, os olhos arregalados enquanto olhava para Ty, em
seguida, até a superfície e de volta. Poderia muito bem ser perigoso lá em
cima.
Quando Ty pegou o bocal uma vez mais, ele respirou fundo, em seguida,
cutucou o nariz contra o de Zane e o beijou novamente. Este foi um beijo
suave, uma indulgência lânguida que poderia quase fazer Zane esquecer que
alguém poderia estar tentando afogá-los.
— Você não pode nadar e também segurá-lo, — disse com uma voz
áspera. Em vez disso, estendeu a mão e arrancou a máscara de Zane da
cabeça, os dois boiando na água com dificuldade, enquanto as ondas os
lambia. Ty não disse outra palavra. Ele apenas puxou Zane para mais perto e
o beijou uma terceira vez enquanto balançavam nos braços um do outro. Zane
deixou Ty controlar isso - e ele – quando ofegaram pelo beijo, não deixando
ir.
— Isso foi pelo ar, — ele disse ofegante, ainda um pouco fora do ar.
Depois daquele beijo, Zane estava tão fora do ar quanto Ty tinha estado.
Mas ele corajosamente começou a nadar atrás dele.
— Sinto muito, — ele disse para Zane quando estendeu a mão e deu um
tapinha no ombro. Ele estava falando com o sotaque britânico e depois de
tudo o que aconteceu abaixo da superfície, isso parecia descontroladamente
impróprio. — Eu não podia nos deixar subir muito rapidamente. Eu estava
com medo que poderíamos está fundo o suficiente para arriscar nas dobras.
— Então era isso que você estava tentando dizer. — Zane deu de ombros
para fora do tanque quando um dos instrutores de mergulho tirou o peso de
seus ombros.
Zane passou as mãos pelo seu cabelo para alisá-lo para trás e vigiar Ty
cuidadosamente.
— Nós vamos ter que pegar leve esta noite, — ele disse, deixando sua
mão cair levemente no joelho de Ty. Ele sabia que estava se aventurando em
território meloso, mas dane-se, o que tinha acontecido era mais assustador
agora, ao pensar sobre aquilo, do que tinha sido sob a água com Ty o
segurando em seus braços. Ele sabia porque Ty estava mantendo uma tampa
sobre isso, mas ele queria gritar aos quatro ventos que alguém tinha acabado
de tentar assassinar seu amante. De novo.
Depois de mais alguns momentos para ter certeza que ambos estavam
bem, os dois instrutores os deixou sentados sozinhos perto da proa do
pequeno barco. Ty esperou até que ninguém estivesse ao alcance da voz antes
de inclinar contra a parte de trás do assento acolchoado e resmungou: —
Estou começando a não gostar deste caso.
— Nós vamos descobrir isso hoje à noite. Estou cansado de ficar sentado
esperando alguém me matar.
Ainda eram seis horas antes do jantar, de acordo com o roteiro que
determinava as suas vidas.
— Ok, aqui está o que sabemos, — Ty deixou escapar quando virou para
Zane e apontou o dedo para ele quase acusador. — Armen Vartan contratou
Del para espionar Corbin Porter. Quando nos viu jogando de casal feliz, ele
decidiu que o seu plano tinha saído pela culatra, né?
Uma vez que Zane imaginou que Ty estava mais divagando, a maior
parte de seu pensamento voltou a mastigar a ideia de —casal feliz—. Zane
sabia que as pessoas no escritório os viam como parceiros que nem sempre se
davam bem. Isso era verdade. O que pensaram estranhos que se encontraram
com eles juntos, enquanto juntos, mas não sob disfarces?
— Eu plantei Del com Corbin, a fim de obter o que preciso dele, mas não
confio nele e pretendo eliminá-lo também, quando eu terminar. Bianchi é
mais difícil porque ele é casado, então eu suborno alguma autoridade italiana
para segui-lo, em seguida, levá-lo para baixo.
E estranho.
E, as vezes quente.
— Mas eles estão tentando matar só você. Até agora. Eu não. Não
Corbin, — Zane ressaltou.
— Del pode ser um problema, pois começo a suspeitar que ele realmente
ama Corbin, — ele respondeu. — Então, vou me livrar dele primeiro.
— Algo que Del não pôde roubar, — Zane disse enquanto concordava. —
Com homens de negócios sujos, quem sabe? Poderia ser nomes, números de
contas, senhas. Inferno, isso poderia ser uma impressão de voz ou
escaneamento de retina, pelo que sabemos. Então Armen teria que ter Corbin
em pessoa, sob seu polegar. — Ele inclinou a cabeça para trás contra a parede.
— Se ele pensa que Del está apaixonado, — refletiu, — por que não o tomar
como refém?
A atenção dos olhos de Ty voltou para Zane por um longo momento, seu
rosto ilegível.
— Talvez ele saiba que você não está apaixonado, — ele colocou
calmamente.
Zane tentou manter os olhos de Ty, mas ele rapidamente foi forçado a
desviar o olhar. A intensidade do olhar o deixou mais desconfortável do que
esperava, porque ele sentiu algo por trás dele. Alguma coisa a ver com Ty não
sendo Del e Zane não sendo Corbin. Algo sobre o que aconteceria com
qualquer um deles, se o outro se fosse, e como aquilo faria o peito de Zane
doer, mesmo sem jogar a palavra “amor” ao redor, que realmente o assustou.
— Ele não parece muito duro. É mais como um grande jogador europeu
que brinca à margem do crime.
Ty sentou para a frente e virou para que pudesse olhar Zane mais
atentamente.
— Zane, — ele disse impaciente. — Eu quis dizer e se eles também já
sobreviveram à sua utilidade? Eles se misturaram com pessoas ruins, mas não
merecem morrer por isso.
— Não, eles não merecem. — Era óbvio, vendo Lorenzo e Norina juntos,
como eram apaixonados. Ou isso, ou ambos mereciam o Oscar ou qualquer
que seja o equivalente italiano. — Então você acha que Armen quer o anel
inteiro, — Zane colocou. — E ele orquestrou esta viagem para eleminar seus
parceiros e atender os compradores ao mesmo tempo.
— Eu estava pensando... sobre o que Armen deve ter visto, — Zane disse
com certa relutância, arrancando o cinto de seu robe.
— Ao nos observar.
— Bem, claramente, ele viu que sou um ator melhor do que você, — ele
disse enquanto se afastava com altivez.
Zane não sabia como interpretar essa resposta. Não era sempre que Ty
evadia dele, o que significava que o seu parceiro estava escondendo algo.
— Pensei que você tinha dito que não acreditava que estivesse atuando
mais.
Zane levantou do sofá, ficou de pé e foi atrás de Ty. Ele sabia que Ty
podia ouvi-lo se mover, então não se preocupou ao se aproximar. Ele também
sabia que Ty estava desviando como um louco. E Zane pensou que podia
saber o porquê. Ele deslizou seus braços ao redor da cintura de Ty e suas
mãos frouxamente unidas.
Zane riu.
— Você me deve.
Ty passou as mãos pela pele das costas de Zane novamente, seus dedos
traçando a linha da tatuagem.
— Espere, — ele ordenou em voz baixa antes de se afastar para a mesa
de cabeceira.
— Só você.
— Ty, — ele disse com urgência, apoiando seu peso em uma mão para
que pudesse se acariciar.
Gritando forte, Zane cavou seus quadris contra os lençóis para estimular
seu pênis endurecido. Se ele tivesse que rebolar no colchão, a fim de fazer que
Ty transasse com ele, ele ficaria feliz em fazê-lo.
— Jesus! Ty! — Zane assobiou quando sua bunda apertou em torno dos
longos dedos de Ty. Ty cantarolou em resposta e cavou os dedos de sua mão
livre no quadril de Zane. Ele empurrou contra Zane, exigente e se inclinou
sobre ele para morder a pele macia sob a omoplata de Zane. Ty sabia que tipo
de resposta ele conseguiria. Zane gritou novamente e dirigiu os quadris para
trás e depois para baixo contra a cama. Ty pressionou contra ele e murmurou
novamente, perguntando se ele estava pronto.
Uma vez que ele estava empurrando na mão de Ty, Zane começou a se
contorcendo, arfando o nome de Ty a cada empurrão. Mas tinha que ser mais
rápido, mais forte, mais profundo. Ty sabia, porém, como sempre sabia. Ele
aumentou o seu próprio ritmo, conduzindo Zane cada vez mais duro,
acertando sua próstata de forma irregular, forçando o pau de Zane em sua
mão alisada enquanto transava com ele. Zane mordeu um grito alto quando
ele atingiu o orgasmo, seu quente gozo amarrando sobre os dedos de Ty e
escorrendo para os lençóis enquanto ele empurrava para trás no pau de Ty
mais e mais.
— Não pare, — ele respirou. Ele queria gozar novamente com o pau de
Ty dentro dele. Ele queria ouvir Ty. Ele queria sentir Ty gozar dentro dele
naquele momento. Oh puta que pariu, ele queria isso, sentir Ty tão
fodidamente perto...
— Talvez?
Zane sorriu.
— Oh, não faça isso, — Ty gemeu com um pequeno soco nas costelas de
Zane. — Piada, — murmurou. — Foi uma piada.
— Chuveiro, então?
— Oh, que agonia, — Zane disse com voz arrastada, puxando Ty para
mais perto para beijá-lo profundamente.
Dois desses que Zane considerava experts, sentavam à mesa agora com
ele, Bianchi, e Armen, fazendo uma mesa flexível de cinco. Felizmente, ele
estava ali para relaxar e trocar ideias, não para ganhar. Considerando que seu
dia tinha sido uma montanha-russa até agora, ele poderia desfrutar uma noite
tranquila na mesa. Zane se moveu ligeiramente, tentando aliviar o
desconforto de sua tarde bastante ativa. Pensar que deixou Ty todo quente,
suave e saciado em sua cama fez Zane sorrir.
43
Évian, é uma marca de água mineral proveniente de várias fontes perto de Évian-les-Bains, na
margem sul do Lago de Genebra. Hoje, a Évian é de propriedade da Danone, uma empresa multinacional francesa.
44
Straight Flush: Cinco cartas em ordem numérica, todas do mesmo naipe.
displays maiores. Five-card draw é tudo sobre porcentagens e ases. Jogar
para colher o pote em Omaha Hi-Lo, receber metade mantém você no jogo.
Jogar, altas mãos fortes e de forma muito agressiva em Texas Hold'em ou ir
em frente e dobrar. É tudo sobre os números.
— Você sabe quanto dinheiro está sobre a mesa, Sr. Porter? — Bianchi
perguntou, sem nenhuma advertência em sua voz.
45
Flush: Cinco cartas do mesmo naipe.
— Eu estou ciente, — disse Zane calmamente, os olhos ainda fixos nos
de Armen.
Armen fungou.
— Muito bem.
Ele assistiu Armen embaralhar suas cartas antes de olhar para as suas
próprias cartas. Zane não se preocupou em arrumá-las.
As chances de estar lidando com um par de valetes ou superior são de
uma em cinco.
Não havia lance para ser feito. Armen tinha chamado primeiro e levou
duas cartas novas.
Zane baixou três cartas viradas para baixo para o crupiê as substituir,
pegou as novas, deu uma olhada, em seguida, as colocou numa pequena pilha
sobre a mesa viradas para baixo. Ele focou todo o peso de sua atenção sobre
Armen.
Número Dois debruçou para virar as cartas de Armen: três dez com um
kicker ace. Bom.
Não era todo dia que um homem ganhava $500,000 em um blefe meio-
que- intencional de pôquer. Bianchi tentou atraí-lo para uma rodada de
congratulações com aquele whisky bom demais, e embora Zane tinha estado
extremamente tentado, ele tinha apresentado suas desculpas, alegando com
um demasiado-verdadeiro desejo de regressar ao seu amante para uma não
tão pequena celebração por sua conta.
Ele passou pelas lojas turísticas cafonas e ainda assim caras e demorou
na loja de couro, não que ele precisasse de um outro casaco. Zane não iria se
separar do dele, com seus rasgos, lágrimas e tudo mais. Ele o manteve desde
que Ty o jogou para ele em Nova York durante o caso de assassinatos em série
que quase matou os dois.
TY não percebeu que tinha adormecido, até que ouviu o clique da porta.
Ele se sacudiu acordado e chegou para o lado da cama, onde uma arma
normalmente estaria aninhada entre o colchão de molas e caixa. Em vez
disso, ele encontrou a borda arredondada da cama circular que ele nunca iria
se acostumar, e caiu no chão.
Zane passeou – não havia outra palavra para isso que não fosse passeou
- pela sala, com uma mão no bolso da calça, a jaqueta de seu terno
casualmente desabotoada.
— E como foi a sua tarde, boneco? — Ele perguntou com uma piscadela.
Zane sorriu.
Ty rapidamente piscou para ele, chocado com suas palavras. Zane tinha
levado um par de fichas de 10000 dólares de pôquer algumas noites atrás,
apenas para assistir Ty revirar os olhos. Mas isso?
— Não é muitas vezes que eu posso dizer 'você pode ter o que quiser,
baby', — Zane praticamente ronronava. — Mas esse é um desses momentos.
Ty sorriu serenamente, tentando manter o toque de melancolia fora
dele. Ele sabia que Zane quis dizer o que disse. O Bureau não tinha maneira
de saber que ele tinha acabado de ganhar todo esse dinheiro. Eles podiam sair
e gastar tudo, e ninguém seria sensato. Mas Ty nunca tinha sido um homem
muito materialista.
Ele tinha proposto uma busca na suíte de Armen, mas Zane vetou a
ideia. Ty ainda era da opinião que eles iriam encontrar a informação que
estavam atrás no camarote de Armen, mas ele não podia fazer a busca
46
O Snorkeling ou apneia é uma prática esportiva de mergulho em águas rasas com o objetivo de
recreação, relaxamento e lazer. O mergulhador usa apenas uma máscara, nadadeiras e um tubo de aproximadamente
40 centímetros para respirar sob a água. Esse tubo chamado snorkel também identifica a prática deste tipo de
mergulho bastante conhecido em regiões costeiras, onde a transparência do mar, a rica flora e fauna podem ser
apreciadas e contempladas
sozinho. Zane não estava com disposição para ouvi-lo e, provavelmente, por
uma boa razão, considerando a possibilidade muito real de que Armen estava
tentando matar um ou ambos. E Ty não iria encontrar nenhuma ajuda de sua
equipe de apoio. Ele e Zane tinham tentado mais uma vez caçar um dos
membros da equipe do FBI, sem sucesso. Alguma equipe de apoio. Quando Ty
correr para qualquer um desses brutamontes, ele estava indo para dar uma
bronca. Uma reprimenda na ponta de lápis, de preferência.
Ele não conseguia encontrar nem pé nem cabeça nos rabiscos escritos
nos livros, e tentar estava começando a lhe dar uma dor de cabeça.
Finalmente, jogou o livro sobre a mesa e apoiou os cotovelos sobre os joelhos,
esfregando as têmporas com os dedos. Quando isso não ajudou, ele conduziu
uma mão e procurou o ponto de pressão entre o polegar e o indicador,
apertando com força. Mãos quentes estabeleceram sobre seus ombros e
começaram a massagear a base de seu crânio, trabalhando nos duros
músculos doloridos de seu pescoço. Ty gemeu baixinho, continuando a
apertar no ponto de pressão até que esse e os dedos em seu pescoço
começaram a forçar a cabeça para trás.
— Obrigado, — murmurou.
— Sim, — disse Ty com alívio. Ele se inclinou mais nas mãos de Zane. —
Normalmente, eu estaria fazendo o perfil do criminoso, mas não há sequer
um verdadeiro crime. Não podemos olhar muito perto sobre a parede de
47
INPUT é uma expressão da língua inglesa que significa entrada. O termo é muito utilizado na área da
Tecnologia da Informação (TI), como também em diversas outras áreas da atividade humana, como eletricidade,
hidráulica etc.
pedra ou no incidente de mergulho ou nós explodimos o nosso disfarce. E sem
qualquer informação concreta, algo que possamos recolher de tudo isso são
apenas... suposições.
Zane parou a fricção e olhou para baixo para encontrar os olhos de Ty.
— O quê?
— E é a que ele nos disse em que estava. Então eu acho que talvez eu só
possa... balançar para seu balcão.
Zane olhou por cima da borda do parapeito e olhou para longe com um
rolar de olhos e fazendo uma careta. O oceano estava a uma boa distância
abaixo. A queda seria provavelmente... dolorosa.
Ty deu de ombros.
Zane não parecia muito feliz, mas ele não descartou a ideia.
— Eu ainda acho que é uma má ideia. Nós não sabemos quem mais
pode estar lá dentro e já tentaram matá-lo duas vezes.
Zane acenou com a cabeça e quando falou a sua voz estava relutante.
— Obrigado.
48
furtivamente moveu para abrir o pacote escondido e o deslizou para fora da
manga e apressadamente gotejou o conteúdo em cada um dos copos lowball.
— Del gosta de tudo o que o torna mais belo, — Zane falou lentamente
enquanto escutava.
Ty olhou de lado para Zane, dando um breve olhar de ódio. Mas ele
escolheu ignorar o comentário e olhou para Norina com um sorriso fraco.
Ty olhou para baixo e esfregou a testa desconfortável. Zane sabia que ele
desejava que os dois italianos aliviassem o material meloso um pouco. Estava
dando em seus nervos, então Zane sabia que isso tinha que ser grave para Ty,
que pegou seu copo de uísque. Aparentemente, ele estava pensando que
poderia muito bem aproveitar, se os criminosos estavam pagando a conta.
— Eu vejo que Del está ansioso para um brinde, não é? — Bianchi disse
com uma gargalhada.
— Só estamos satisfeitos por estar aqui, — disse Zane. Ele olhou para
seu próprio copo e decidiu que não ia pegá-lo. Ele brindaria com o copo de
água, má sorte e disfarce que se danassem.
Ty estava certo: colocar duas das coisas em que Zane era viciado juntas
desse modo era de certa forma cruel.
— Um tango! Del, você tem que dançar comigo! Por favor, tesouro,
vamos dançar, enquanto vocês fazem as suas coisas chatas, — Norina disse
quando se virou para o marido.
Ty lhe deu o olhar mais malvado que Zane pensou que já tinha visto,
mas ele se levantou e segurou a mão de Norina quando ela se levantou. Os
outros ficaram de pé quando ela o fez, e Ty a escoltou fora da mesa, como um
perfeito cavalheiro, levando-a para a pista de dança aberta no meio da sala de
jantar.
— Ah, os nossos amados são umas delícias, não são? — Bianchi disse
enquanto girava o licor em seu copo.
Zane quase quebrou o disfarce e mostrou sua surpresa quando viu que
Ty poderia dançar o tango. E muito, muito bem. Surpresa, surpresa.
— Ah, ele faz minha gioia sorrir, — Bianchi comentou, sua voz cheia de
orgulho. — Ela é tão linda, — ele acrescentou, quase para si mesmo. Um
homem verdadeiramente apaixonado.
— E você, Sr. Armen? Por que não trouxe alguém com você? Talvez
alguém tão impressionante como a minha Norina... ou tão bonito como o Sr.
Porter, — Bianchi perguntou.
O rosto de Ty estava corado, embora Zane não podia ter certeza se era
do esforço ou de vergonha.
— Sim, — Ty respondeu secamente. O tom foi suficiente para deixar
Zane saber que ele estava corando e não apenas superaquecido.
— Você foi incrível, — ele disse honestamente. Foi boa sorte que isso
estava no personagem.
Ty não iria deixar isso para lá sem se vingar, e Zane se resignou à sua
sorte, com um pequeno sorriso. Tinha valido a pena.
Capítulo Doze
Não foi tão difícil quanto imaginou que seria, e ele derrapou ao longo da
varanda e caiu numa pilha deselegante na plataforma.
— Claro.
— Se você não irá desfrutar esse uísque, é uma vergonha ele ser
desperdiçado, — Armen disse. Ele parecia um pouco atormentado.
Com um pequeno dar de ombros, Zane acenou com a mão para ele.
Quando ele pousou o copo, ele de fato sorriu palidamente para Zane.
— Sr. Armen, você está bem? — Zane perguntou com o cenho franzido.
Zane balançou a cabeça. Passaram apenas uns vinte minutos. Não era
tempo suficiente. Agora Armen e seus dois guarda-costas estavam em seu
caminho de volta para sua cabine e Zane não tinha como avisar Ty.
— Acho que vou checar Del antes das entradas chegarem, — Zane
murmurou, colocando o guardanapo ao lado de sua salada quase intocada
quando se levantava.
— Volte depressa. Você não quer que o seu jantar esfrie. E traga o meu
Del de volta com você! — Norina disse. Zane assentiu enquanto se afastava,
esperando que pudesse se afastar o suficiente para seguir Armen de volta ao
seu camarote - Zane podia impedir o seu caminho passando pelos guarda-
costas se fosse preciso.
Ty franziu a testa. Sr. Porter era Zane. Ele compartilhou seu uísque com
Armen? Ty nem sequer tentou pensar sobre aquilo. Ele ouviu os dois homens
murmuraram obedientemente e Ty contou até dez antes que ouviu a porta se
fechar atrás deles.
Sua respiração ficou mais difícil, e ele apertou a mão no peito pouco
antes do seu corpo parecer desmoronar internamente e ele tombou para
frente, para o chão. Ty subiu e caiu sobre a cama antes que pudesse pensar
melhor, pousando ao lado da forma suspensa de Armen do outro lado da
cama.
Ty deixou Armen onde ele tinha caído, sabendo que o homem estava
além de ajuda. Ele disparou para fora para a porta da varanda, mal pensando
em fechá-la atrás de si e ele não teve tanto cuidado quanto deveria ter dito
quando estava no parapeito da varanda da cabine de Armen e se voltou para a
divisória. Mas ele não podia se dar ao luxo de ter cuidado quando Zane já
poderia estar morrendo do mesmo veneno que matou Vartan Armen. O
veneno pode ser tratado com atropina, com graus variados de sucesso, mas a
melhor coisa a fazer era vomitá-lo. Violentamente. Ele tinha que chegar a
Zane agora se ele teve uma dose tão grande quanto a de Armen.
— Ty!
—... não havia nenhuma maneira que eu podia te avisar para sair de lá,
— Zane estava dizendo, os lábios se movendo contra a orelha e cabelo de Ty.
Ty puxou sua cabeça para trás e olhou para Zane quase freneticamente.
— O quê? Não, cale a boca – pare de falar. Você bebeu alguma coisa?
— O quê? Beber alguma coisa? Todos nós tivemos bebidas com o jantar,
Zane disse enquanto apertava os braços de Ty. — Por quê? Você está
praticamente pirando.
A confusão de Zane era clara, mas ele não atirou em Ty por causa disso.
Ty balançou a cabeça.
— Nem mesmo um gole. Cheguei perto, mas então havia uma grande
distração atraente na pista de dança. — Ty novamente o abraçou com alívio.
Zane bufou silenciosamente, mas o puxou perto por várias respirações
profundas antes de começar a relaxar. — Tão grande como isso é, nós temos
problemas, baby.
— Signor Bianchi?
— Oh, Sr. Porter, você deve ter se apressado para voltar tão rapidamente
de sua verificação em seu Del. Uísque? — Ele perguntou segurando uma
garrafa.
— Del está com ela. Lorenzo, — Zane disse, tentando prender a atenção
do homem enquanto os dois homens se aproximavam. Aos olhos de Zane, eles
pareciam algum tipo de agentes da lei. — Os homens atrás de você.
Bianchi olhou para ele, parecendo selvagem ao redor dos olhos, mas
obedeceu, assim quando os dois homens pararam em frente a eles. Seus
sorrisos não eram particularmente agradáveis de olhar.
— Ci sarà tempo dopo per le domande. Ora venga com noi51, — o terno
bege disse enquanto deslizava a mão em sua jaqueta.
Zane não hesitou. Ele avançou para agarrar o braço do homem e lhe deu
uma cotovelada na garganta, enviando o homem ao chão sufocando e
ofegando, muito focado em tentar respirar para tentar sacar uma arma. O
terno azul agarrou Bianchi, mas um pontapé duro na parte de trás do joelho
do terno e um cruzado esquerdo o empurrou para fora enquanto as pessoas
ao seu redor engasgavam e se afastavam de suas mesas, iniciando um
tumulto. Zane puxou o braço de Bianchi para forçá-lo se afastar do bar
quando o terno bege começou a levantar.
50
O que? Porque? Quam são vocês?
51
Haverá tempo para perguntas depois. Agora venha com a gente.
52
Froggy significa comedor de rãs, sapo, rã e até mesmo francesa e franciú, podendo ser usado também
como uma gíria para ansioso, o que deve ter sido a intenção de Zane. Deixamos em inglês para destacar a confusão do
Bianchi com a palavra.
— Basta ir! — Zane os exortou enquanto empurrava o homem e sua
esposa na frente dele.
— Não está com você? — Ty perguntou sem expressão e Zane xingou sob
sua respiração enquanto gritos de raiva atrás deles significavam que os
homens que deviam ser o Dolce e Gabbana de Ty estavam em perseguição.
— Venha aqui, — ele pediu quando alcançou para pegar a correia que
fechava o portão de metal e as portas pesadas.
— Você não são Corbin e Del Porter, — disse Bianchi numa certeza
óbvia.
— Acontece que isso é bom para você, então não bata nisso, — Zane
disse breve enquanto olhava através da grade acima deles para o poço do
elevador escuro. Não era provável que qualquer um de seus perseguidores
soubesse aonde o elevador ia, então ele e Ty teriam uma chance legítima de
conseguir para os Bianchis algo parecido com segurança antes de seguir para
baixo para a segurança do navio.
— Você não é meu bom amigo Del? — Norina disse em voz baixa. — Mas
você dança tango tão bem!
— Sim, você dança tango tão bem, — Zane repetiu olhando para o seu
parceiro.
— Por que não? — Norina perguntou. Ela olhou para os três homens que
estavam em silêncio ao redor dela e empalideceu.
Zane balançou a cabeça e abriu uma das portas com cuidado. Elas
abriam para um dos lobbies menores fora da avenida alegremente decorada.
Ele não viu ninguém, fora os passageiros, e fez um gesto para os outros segui-
lo para fora.
— Fiquem perto, — avisou. — Nós não sabemos onde esses caras vão
aparecer e não temos ideia de quem são o segundo conjunto de atirador.
— Eu prefiro lidar com Dolce e Gabbana que com os caras com armas, —
Ty reivindicou.
— Se aquele desgraçado atirar em mim mais uma vez, eu vou enfiar essa
arma em seu-
— Pegue ela e vá, — Zane disse quando Ty parou ao seu lado. Ty agarrou
Norina pela mão e começou a correr na frente. Quando eles correram, Zane
arrancou Bianchi, que se desculpava profusamente com as mulheres que
agora riam do acidente. — Não é o momento! — Ele insistiu, empurrando o
italiano na frente dele. Biancho seguiu Ty e Norina ao virar a esquina para
uma passarela coberta que percorria o comprimento do navio e Zane fez uma
pausa para olhar para trás. Ele viu três homens correrem pela avenida e
começarem a olhar pela multidão, e Zane soltou uma respiração lenta. Eles
poderiam ter se esquivado da bala de novo... até que o grupo de senhoras que
Bianchi tinha dado um encontrão apontou em sua direção. Um dos homens
gritou com ele, mas Zane se virou e correu atrás dos outros.
Depois de correr forte por um meio minuto, ele estava perto dos
calcanhares de Bianchi e arriscou um olhar por cima do ombro enquanto
corriam ao longo do convés a bombordo do navio, ainda nas áreas públicas.
Os bandidos que os perseguiam não tinham puxado as armas e atirado contra
eles novamente, provavelmente devido à massa de pessoas que apreciavam a
música e atividades noturnas ao longo das plataformas abertas. Mas Zane
verificava de tempo em tempo, eles estavam perdendo terreno, e ele não tinha
certeza de quão longe seriam capazes de chegar.
Norina gritou algo em italiano e Zane virou sua atenção de volta para
onde estava indo: dentro e para cima de um lance de escadas, ao invés da
grande escadaria ao ar livre que os levaria para a grande piscina, agora aberta
para a lua no clima mais quente do Caribe. Bem pensado da parte de Ty, os
levar em algum tipo de abrigo. Zane esperava que não fosse um beco sem
saída para eles.
Ty pegou um deles e o colocou sob sua jaqueta. Zane sabia que seu
parceiro estava morrendo por uma arma, mas ele teria de se contentar com
stilettos de couro de jacaré e assumir a retaguarda. Zane partiu para a porta e
correu de volta para a noite e virou à esquerda, cortando a área de estar ao ar
livre de um café fechado, rumo a outra porta na antepara53. Parou na frente
dela, recuperando a força e o peso de um lado e puxou a maçaneta da porta.
Trancada.
— Oh, vamos lá, — Zane rosnou. Ele começou a procurar nos bolsos pelo
seu cartão-chave. Norina e Bianchi pararam ao lado dele.
53
Anteparas são "paredes" longitudinais ou transversais cuja função pode ser delimitar espaços,
fortalecer a estrutura ou garantir a estanquidade de um compartimento.
— Isso é um risco de incêndio, — comentou Bianchi depois de ele puxar
a alça.
Norina já estava no final da sala, abrindo uma porta que levava de volta
para o convés.
— Não, nós queremos ficar dentro. Temos que chegar à ponte, — Zane
gritou, girando em círculo, olhando para o outro lado. Mas não havia
nenhuma.
Quando ele fez a próxima volta, Zane derrapou até parar. Bianchi,
Norina, e Ty, estavam parados no meio de uma área aberta de se sentar
abrigada sob uma saliência e não havia outra saída, exceto o caminho que eles
fizeram, o caminho que os seus perseguidores bloqueavam.
Ty encontrou os olhos de Zane, e era óbvio antes mesmo que ele falasse
qualquer coisa que eles finalmente atingiram o fim da linha. Não havia para
onde correr.
— Mas eu não entendo! — Ela disse enquanto lutava com uma das
almofadas pesadas. — Por que temos que fazer isto?
— Você tem que dispersar o peso quando bate na água desta altura, ou
você vai direto para o fundo, assim como se você estivesse batendo em
concreto, — Ty respondeu quando jogou outra das almofadas sobre os
corrimões. Ele se virou para Norina e agarrou a sua mão, a puxando para a
grade.
— Espere! — Ela chorou e puxou para longe dele e juntou sua bolsa
arruinada e seus saltos. Ela deslizou os sapatos e endireitou os ombros. — Eu
irei como uma senhora deveria, — ela afirmou bravamente. — Em notórios
saltos de couro.
— Por favor, baby. Eu não quero morrer aqui com você, — ele disse com
uma fraca risada.
Zane não achava que era possível ficar chocado fora do medo
entorpecente. Mas as palavras de Ty o sacudiram o suficiente para que ele
permitisse Ty o puxar e guiá-lo, e Zane se viu subindo para lançar uma perna
e ficar em cima do parapeito ao lado de seu parceiro em uma espécie de
névoa.
— Você disse aquilo para me fazer pular? — Ele colocou pra fora.
— Pelo menos não estão mais atirando em nós, — ele disse com voz
arrastada para Zane, mantendo o sotaque britânico só porque isso irritava os
agentes italianos e os de segurança do navio, que ainda estavam tentando
descobrir quem diabos eles realmente eram. E porque ele fodidamente podia.
Ty virou a cabeça para olhar através do arame para Zane, sua boca se
contorcendo em um sorriso.
54
Tortola é uma das maiores ilhas da dependência do Reino Unido nas Caraíbas, as Ilhas Virgens
Britânicas, que corresponde à metade oriental das Ilhas Virgens.
— McCoy especificamente me disse que se eu acabasse parando na
prisão não era para chamá-lo, — ele disse com diversão irônica. — Eu não sei
o que me irrita mais, o fato dele assumir que eu acabaria aqui, ou que ele
estava certo.
— Você poderia dizer isso. — Ele olhou para Ty com descrença clara
sobre sua face. — Eu ainda não posso acreditar que você me o que disse.
— O que é?
Ty não chegou a tocá-lo, sabendo que isso faria mais difícil para ele
conseguir as palavras. Ele sabia qual seria a resposta de Zane. Ele realmente
não tinha pensado nisso - as repercussões, os efeitos-cascata qualquer coisa,
mas ele raramente pensava antes de agir. Era mais ou menos como o primeiro
salto de avião. Feche os olhos e dê um passo e espere que o terreno não bata
em você muito rápido. De qualquer maneira, você sabia que o vento estava
indo para cima em seu nariz a mais de 300 quilometros por hora.
— Você não precisa dizer nada, — Ty disse rapidamente. Ele sabia como
Zane responderia e chegou a um acordo com isso. Ele ainda não queria ouvir
as palavras, apesar de tudo. Ele não conseguia olhas nos olhos de Zane por
mais tempo e ele podia sentir seu rosto aquecendo. Olhou para sua mão e a
virou.
— Eu sei que você não... — Ele balançou a cabeça e olhou para a parede
branca austera em frente a sua cela, e começou de novo. — Eu sei que você se
importa comigo. Isso é tudo que eu preciso. Eu só percebi... que temos
segredos demais entre nós, — ele continuou quando olhou de volta para Zane
e sorriu nervosamente. — Somente é um a menos.
— Acho que isso explica porque você não se importou de eu ser tão
possessivo, — Zane acrescentou abruptamente um minuto depois.
Ty não estava certo do que dizer sobre isso e qualquer outra coisa que
vinha à mente apenas os levava de volta para o território que poderia acabar
por ser doloroso se não fossem cuidadosos. Ele descobriu que estava
decepcionado, que a resposta natural de Zane que Ty o amava era falar sobre
seu caso. Ele observou Zane por um longo momento antes de virar seus
ombros até encostar na parede atrás dele e olhar para seus dedos novamente.
Com sua visão periférica, ele viu Zane fazer o mesmo. Eles se sentaram em
um silêncio um tanto tenso até Zane que falou.
— Você é tão fácil, — disse a Zane com satisfação quando olhou para a
parede branca e lisa novamente.
Ty bufou.
— Desculpe?
— Parece que vocês dois entraram no olho do furacão. Vocês eram mais
como... as vacas que são jogadas ao redor da periferia. — Alston bufou e
tentou encobrir isso com uma tosse e uma mão à boca.
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Hellraiser - Renascido do Inferno, é um filme de terror britânico de 1987 dirigido por Clive Barker. A
trama, que explora os temas sadomasoquismo, dor como fonte de prazer, moralidade sob stress e medo, é baseada
no livro The Hellbound Heart, do próprio diretor.
— Nós não tínhamos nenhuma maneira de saber que tudo isso estava
acontecendo. — Ele deslizou o arquivo sobre a mesa para Ty. — Havia quatro
grupos diferentes em jogo. Os federais, a Guardia di Finanza, jagunços de
Armen Vartan, e um quarto grupo que parece ser de negociantes de
antiguidades de Dubai. De onde vieram, não temos nenhum indício, mas
eram eles que estavam tentando matá-lo. Quero dizer a Del.
De sua parte, Norina não perdoou Ty por destruir seus sapatos e sua
bolsa, mas ela havia solicitado que uma mensagem fosse enviada para Ty e
Zane, uma que lhes agradecia por ter salvado sua vida e a de seu marido. A
nota estava no dossiê, escrito em inglês, então Ty podia realmente lê-la.
Zane removeu o último vestígio de sua falsa pessoa quatro dias depois
deles voltarem do cruzeiro – naquela tarde, na verdade. Ele estava tão
acostumado a usar um anel de casamento que não pensou sobre
simplesmente remover o anel de prata, providenciado para o caso, até que ele
estava lavando o molho de espaguete de seus dedos depois do almoço e notou
que o anel era da cor errada.
Ele ficou lá na pia olhando para o anel por alguns minutos, a água
correndo, as memórias do cruzeiro passando pela sua mente. Mas não era
sobre do caso e dos perigos que Zane se lembrava. Eram os momentos de
silêncio que ele e Ty passaram sentados juntos, relaxando. A inebriante,
sensual e vibrante tensão sexual entre eles que ambos não só permitiram, mas
alimentaram. O riso, a dança, as brincadeiras e apenas estar juntos.
Depois de secar as mãos, ele levou o anel para o quarto e pegou a caixa
de lembrança de madeira em sua cômoda. Ele abriu a parte superior com uma
suave pressão no fecho magnético e viu sua aliança de casamento de ouro
dentro, com todos os seus arranhões e riscos. Zane lentamente colocou o anel
de prata quase pura ao lado dele antes de deslizar os dedos sobre o anel de
ouro.
Quando ele pensou sobre Becky, foi mais difícil trazer seu rosto à
mente, e quando ele o fez, era fraco e difuso ao redor das bordas,
desaparecendo com o tempo. Fazia mais de seis anos desde que sua esposa
morreu, e mesmo que ele ainda sentisse falta dela, não doeu como costumava
doer.
Então, após um pouco mais de três horas, ele estava ali, dirigindo
através do tráfego em um pequeno estacionamento. Zane apertou a
caminhonete em um espaço destinado a um veículo menor, desejando que ele
tivesse montado a Valkyrie57 apesar do tempo frio, mas seco, que quase o
congelaria se ele a montasse pela cidade. Não somente a moto era mais
manobrável, mas era muito mais fácil de estacionar entre carros que
monopolizavam o espaço e um terço do pequeno estacionamento nos
restaurantes cheios de Baltimore.
Ele não tinha montado porque era difícil manter o terno e gravata
arrumados quando o fazia.
Ele chegou 15 minutos atrasado à porta – não foi a melhor das ideias
para uma reserva de jantar em uma noite regular, muito menos num feriado,
mas ele tinha certeza de que Ty teria chegado a tempo. Era um dos
restaurantes favoritos de Ty. Depois de todo o peixe a bordo do navio
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Honda Valkyrie é uma motocicleta fabricada pela Honda entre 1997 e 2003. Foi nomeada GL1500C no
mercado estado-unidense e F6C em outros mercados. Entre suas versões estão a Honda Valkyrie 1500,
Honda Valkyrie1800 e Honda Valkyrie Rune.
cruzeiro, Zane imaginou que uma peça de alta qualidade de carne seria
valorizada pelo seu parceiro carnívoro.
Agora Ty parecia nervoso, o que não era como ele agia. Embora distante
nos últimos dias, de volta à sua rotina habitual de às vezes juntos, às vezes
separados – tão errado como isso parecia– Zane tinha se preocupado que a
confissão de amor de Ty e a sua evidente falta de resposta, deixaria as coisas
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Jarhead é um apelido usado para se referir aos fuzileiros navais dos Estados Unidos.
estranhas entre eles na primeira vez que fixassem juntos. Assim, Zane
suspirou quando sentou na cadeira e ofereceu a Ty um sorriso.
— Seu anel.
Assim que o garçom foi embora com o seu aperitivo e os pratos pedidos,
Ty pegou seu copo, que estava cheio de refrigerante em vez de cerveja ou
champanhe e levantou para Zane com um sorriso.
Zane riu e levantou a taça de chá gelado para brindar com Ty.
Zane sabia que Corbin e Del Porter agora estavam em Nova York sob
uma investigação de longo prazo do FBI para as extensas atividades
criminosas de Corbin. No entanto, ele não tinha ouvido nada mais sobre eles.
— Bem, Del admitiu que tinha sido contratado por Armen para cavar
seu caminho na vida de Corbin, seduzi-lo e espioná-lo, e enviar informações.
Mas no final, ele realmente se apaixonou por Corbin. Ele disse que lhe
contaram o plano de Armen para assumir durante o cruzeiro, e afirma ter
deliberadamente orquestrado a captura dele e de Corbin antes que o navio
partisse para salvar a vida de Corbin. — Ele olhou para Zane, quando ele disse
a última parte, observando sua reação.
— Precisa ser uma pessoa especial para fazer isso. — Ele disse
calmamente.
Ty acenou com a cabeça e desviou o olhar. O conhecimento colocava
Del e Corbin em uma luz diferente do que Zane tinha originalmente
percebido. Isso o lembrou de que não deveria fazer suposições duvidosas,
especialmente quando se tratava de assuntos do coração.
Ty estava sorrindo quando pousou o copo, seus olhos nos de Zane com a
mesma intensidade que Zane notava mais e mais vezes. O tipo que geralmente
vinha logo antes das roupas começarem a ser arrancadas. Isso fez Zane
tremer mesmo enquanto corava com o calor. Ele tentou segurar o sorriso,
apoiando um cotovelo na mesa enquanto esfregava os dedos sobre o queixo,
numa tentativa de esconder um pouco da vertigem que o ameaçava.
Zane piscou. Ele não achava que estava projetando algo. Mas estava
ficando cada vez mais difícil esconder as coisas de Ty, mesmo se ele quisesse.
Por enquanto... caramba. Zane pigarreou. Deixe para Ty trazer à tona algo
antes que ele estivesse pronto para compartilhar.
— Está tudo bem, — ele assegurou a Zane enquanto levava o copo aos
lábios. — Você é uma gracinha quando está planejando.
— Eu, ah, fiz uma resolução de Ano Novo, — ele disse, envergonhado
por aquilo ter saido um pouco trêmulo.
— Bom. Menos trabalho para mim, — ele disse piscando para Zane para
aliviar a verdade nas palavras.
Olhando para o seu parceiro sentado em sua frente, Zane pensou que
este poderia simplesmente ser o melhor ano de sempre. Ele estava olhando
para frente.