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—Agora entenda: isso pode colocá-lo em algumas situações

desconfortáveis.— continuou McCoy sinceramente. —Mas vocês dois têm


experiência na UC, e eu tenho certeza que vocês dois preferem se beijar do
que serem alvejados.— brincou ele. Ty pigarreou e tentou conter um sorriso.
Cortar & Correr 03

Madeleine Urbano e Abigail Roux

Resumo:

Os Agentes Especiais Ty Grady e Zane Garrett estão de volta ao


trabalho, estabelecidos em um relacionamento pessoal e profissional
construído na proteção feroz e na alucinante paixão. Agora eles foram
designados para se infiltrarem, substituindo dois membros de um círculo de
contrabando internacional – um casal gay, orgulhosamente assumido, em um
cruzeiro de Natal, no Caribe. Quando seu chefe diz que com certeza eles
preferem se beijar a serem baleados, ele não fazia ideia de como isso era
verdade.

Incorporar o papel de criminosos ricos e sofisticados requer


particularmente uma mudança de atitude de Ty e Zane ao lidar com o
frustrante jogo de espera de sua atribuição. Quando começa a afetar a forma
como eles tratam um ao outro em privado, Ty e Zane percebem que há mais
em ser parceiros do que cuidarem das costas um do outro, e quando o caso
toma um rumo inesperado e ameaça a vida de Ty, Ty e Zane vão ter que
navegar mares tempestuosos de mentiras e segredos, incluindo alguns dos
seus próprios.
Capítulo Um

— Ei, Freddy, Scott, vocês precisam ver isso, — disse a agente especial
Michelle Clancy enquanto corria para a sala de musculação do ginásio do FBI,
no escritório em Baltimore.

— Estou ocupado, — o agente especial Fred Perrimore grunhiu


enquanto se esforçava com a barra. Seus bíceps incharam quando empurrou
para cima, o suor pontilhava ao longo da sua pele negra e próximo ao seu
couro cabeludo raspado.

— Acredite em mim. Vale a pena, — Clancy disse em uma voz animada.


Seu rabo de cavalo balançava atrás dela, enquanto praticamente saltava sobre
as pontas dos seus pés com entusiasmo, o brilhante cabelo vermelho
colidindo com suas sardas e o seu rosto rosa corado.

O agente especial Scott Alston levantou os olhos de onde estava


auxiliando Perrimore. — O que? — Ele perguntou impaciente. Clancy ficava
facilmente animada para uma veterana de cinco anos e Perrimore sempre
levantava muito peso. Se ele derrubasse a barra quando Alston não estivesse
prestando atenção, haveria toneladas de merda de papelada para preencher.

— Garrett e Grady estão batendo a merda um no outro, — Clancy


respondeu com algo parecido com prazer.

— Então? — Perrimore perguntou numa voz tensa. Seus grandes braços


tremiam pelo esforço de levantar a barra e placas. — Eles estão sempre
fazendo isso.

Ele estava certo, mas os olhos de Alston arregalaram com a notícia. Ele
começou a sorrir, mesmo quando ajudou a puxar a barra para cima e
rapidamente a colocou em sua armação com um barulho. De jeito nenhum ele
queria perder aquilo.

— Que diabo, homem? — Perrimore reclamou quando se sentou e lhe


deu um olhar muito exasperado. Alston já estava seguindo Clancy para fora
do quarto quando ouviu Perrimore protestar: — Mas qual é o problema? Eles
sempre estão fazendo isso!

Clancy e Alston apareceram no ginásio principal, onde vários pequenos


grupos de agentes largaram o que estavam fazendo para se reunirem em
torno do ringue de boxe. Quando Clancy e Alston correram para assistir
através das cordas, um coro de gemidos e gritos subiu quando um dos
homens bateu no tapete com um impacto que estremeceu o ringue inteiro.

— Levante, Grady! Você não pode tomar essa merda dele! — Um dos
agentes que assistia gritou em diversão.

Alston balançou a cabeça e cruzou os braços ouvindo quando alguém


próximo o informava sobre os acontecimentos que levaram a isso.

A briga tinha começado como uma simples disputa de treino entre os


parceiros. Nada de especial. Nada para alguém prestar muita atenção. Várias
pessoas no ginásio principal tinham ficado impressionadas, inicialmente, que
o recém-chegado agente especial Zane Garrett poderia segurar a si mesmo
contra o seu temperamental e extremamente bem treinado parceiro, mas isso
era tudo. O evento de hoje parece ter começado como uma sessão de
treinamento, com Ty dando a Zane dicas e lições em alguma técnica especial.

Se Zane estava tentando aprender com Ty, ele tinha ido ao lugar certo.
Infelizmente, Ty não era exatamente um material para mentor. Todos no
escritório de Baltimore sabiam que o agente especial Ty Grady era bom em
uma coisa no ringue: envergonhar os novatos sabichões. Se você realmente
quisesse treinar com ele, você tinha que colocá-lo em desvantagem de alguma
forma. Alston pessoalmente preferia o método joelho-nas-nozes-no-vestiário-
antes-de-treino. Aquilo geralmente igualava um pouco as chances.
Geralmente.

Cabeças começaram a virar quando o treino suave, gracejos e


brincadeiras entre os parceiros ficaram um pouco mais aquecidos e os socos
haviam se transformado em verdadeiras pancadas que faziam os combatentes
cambalearem para trás com cada golpe. Era do conhecimento geral quão
difícil era trabalhar com Ty Grady. Então, não tinha sido uma surpresa para
ninguém quando Zane Garrett chegou, que eles estavam sempre na garganta
um do outro, especialmente quando se percebeu que Zane era tão obstinado
quanto Ty, o que era realmente dizer alguma coisa. Já havia uma aposta de
quanto tempo iria durar a parceria.

— Agora, vamos lá, Grady. Você mesmo me ensinou esse movimento, —


Zane disse enquanto se afastava alguns passos, seus punhos ainda
embrulhados e prontos. Sua camiseta simples de algodão cinza estava
encharcada de suor e puxada através de seus músculos bem definidos quando
ele mexeu ombros. Alston tinha que admitir que Zane era um cara grande e
viu isso como uma espécie de intimidação. Não que isso importasse nem um
pouco para Ty.

Ty rolou para o lado e se levantou com um gemido baixo. Ele não era tão
alto, nem tinha os ombros tão largos quanto seu parceiro, mas era sólido da
cabeça aos pés, um homem grande do seu jeito. Alston era da opinião que sua
atitude lhe dava um ar mais imponente do que a sua massa. Cada agente de lá
conhecia Ty Grady através de um caminho ou de outro. E todo mundo sabia
que ele estava apenas a um pequeno toque furtivo.
Ele estava vestindo uma camiseta branca com uma imagem de um
espantalho acompanhado pelas palavras “destaque no seu campo.1” Nenhum
dos agentes que assistia deu uma segunda olhada. Era, todos sabiam, a sua
camiseta favorita.

Ty olhou para seu parceiro e rosnou para ele, aparentemente


inconsciente das pessoas assistindo e agora fazendo apostas sobre quem seria
o vencedor. Ele revirou os ombros e começou a circular de novo, levando os
punhos para cima e perto de seu rosto. Zane se moveu uma imagem
espelhada, observando Ty atentamente.

— Não há jeito algum que Garrett possa aguentar muito tempo com
Grady, — Alston previu. Não é que ele não gostava de Zane. Ele parecia um
cara legal. Talvez um pouco maçante e certinho. Mas estava lutando contra
Ty. O ex-fuzileiro naval era um pavio curto nos melhores dos dias. Quando ele
perdia a paciência, nunca houve ninguém capaz de manipulá-lo e impedi-lo
de explodir antes do final do dia de trabalho.

— Eles já estão lá há 20 minutos, — disse Clancy, de braços cruzados,


enquanto observava.

— Sim, mas isso não era a sério até poucos minutos atrás, — outro
agente disse a eles.

— Garrett pode surpreendê-lo, — disse Fred Perrimore quando se


juntou a eles. Enquanto ele era construído pesado e com um peito de barril,
Alston era sete centímetros mais alto do que ele com um metro e oitenta e
três, e ambos se elevavam sobre a pequena estrutura de Clancy. — Ele tem
alguns bons movimentos.

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— Ter “movimentos” e ser treinado pelo governo para matar não é a
mesma coisa, — Alston disse com uma risada irônica.

Como para enfatizar seu ponto, Ty mudou em uma série graciosa de


fintas, socos e um chute circular que enviou Zane para o tapete com um baque
retumbante. Ele girou suavemente para longe antes que Zane pudesse tocá-lo.

— Mãos não são as únicas coisas que podem acertar, Garrett, — Ty disse
em voz baixa com um leve sorriso curvando seus lábios.

Zane rolou em um agachamento e torceu enquanto ficava em pé, o


calcanhar se ligando com a parte traseira do joelho de Ty, derrubando-o,
quando ele deu um soco no rim de Ty.

Clancy fez uma careta.

— Acho que Garrett pode muito bem chutar um traseiro, — ela


murmurou.

Eles viram quando Ty caiu de joelhos, com um grunhido de raiva e dor,


e então ele rapidamente rolou e bateu para fora, levando as pernas de Zane
para debaixo dele, pegando os joelhos de Zane entre suas duas panturrilhas,
como um par de tesouras. A multidão assobiou quando Zane bateu no tapete
uma segunda vez, e Ty se lançou sobre ele, ficando com um braço ao redor de
seu pescoço e rolando-o entre os joelhos, tentando imobilizá-lo.

— Devemos parar isso antes que Ty quebre seu pescoço? — Clancy


perguntou com diversão mórbida. Ela e Alston compartilharam uma olhada,
Alston privativamente pensando se ele não poderia dizer para Ty fazê-lo. Eles
deram de ombros um para o outro com negligência, mas, em seguida, fizeram
uma careta quando Zane de alguma forma balançou Ty para frente e o puxou
por cima do ombro antes de empurrá-lo para o lado. Ty rolou e pulou
agilmente em seus pés quase que instantaneamente.

— Precisamos de paredes, parceiro, — Zane tesourou e ficou de pé. —


Algo para você se espatifar contra.
Ty balançou a cabeça e estendeu a mão para a alça do capacete de
proteção exigida no ringue. A puxou e arrancou o capacete acolchoado,
jogando-o sobre as cordas para aterrissar aos pés de vários dos agentes
assistindo. Ele não disse nada a Zane, apenas estendeu a mão e fez um gesto
para ele tirar o dele também.

— Oh merda, nós vamos ter que preencher papelada sobre isso também,
— Alston murmurou para si mesmo.

Os olhos de Zane se estreitaram e ele inclinou a cabeça para um lado


antes de fazer o mesmo, tirando o seu próprio capacete e o enviando
derrapando para fora do tatame no chão.

— O que há de errado, Grady? — Ele perguntou tristemente, levantando


os punhos. — O gato comeu sua língua?

Todo mundo que assistia gemeu com a disputa verbal. Todos tinham
ouvido a história do que ocorreu com Ty e Zane nas montanhas de West
Virginia. Ty apenas sorriu sem atacar. Um dos punhos que ele mantinha para
cima tinha grandes cicatrizes da mordida que ele recebeu do puma há
algumas semanas e as duas cirurgias subsequentes que ele sofreu para
corrigir os danos. A provocação de Zane foi um golpe baixo.

Sem aviso, Zane atacou, conduzindo seu ombro esquerdo para empurrar
todo o seu peso em Ty, impulsionando-o para as cordas. Parecia ser o que Ty
esperava, no entanto, porque ele plantou um pé e usou o impulso de Zane
para levantá-lo completamente fora de seus pés e batê-lo para baixo no
tapete. O ringue inteiro balançou novamente e um alto gemido percorreu a
plateia.

Desta vez, quando Zane foi para baixo, Ty não tentou simplesmente
imobilizá-lo. Ele deu quatro ou cinco socos rápidos na sua barriga antes de
um cruel esquerdo no rosto desprotegido de Zane.
Gritos de protesto vieram da multidão, mas ninguém se moveu para
detê-lo. Zane se enrolou e tomou os claramente dolorosos golpes e quando Ty
recuou para um último chute Zane puxou um joelho para trás e enfiou o pé na
barriga de Ty, duro, antes de começar a se afastar dele. Ty tropeçou para trás,
mas então ele atacou novamente, rápido demais para Zane fugir.

— Acho que ele está ficando chateado, — Alston observou secamente.

— Se Ty estivesse chateado, Garrett já estaria morto, — Perrimore


apontou com voz calma.

Outra rodada de gemidos de dor subiu da pequena multidão de agentes


que assistia quando Ty abordou Zane e montou nele, prendendo-o com os
joelhos.

— Isso dói, caramba! — Ty rosnou para seu parceiro enquanto ele o


segurava no tapete pelo seu pescoço.

— Foda-se, Meow Mix2, — Zane chiou de volta quando ele colocando


uma mão no ombro de Ty - o braço que o segurava para baixo - tendo
somente o comprimento do braço o suficiente para impedir Ty de estrangulá-
lo. Ele fechou o outro punho e socou Ty no estômago. Todo mundo ouviu o
baque de um punho batendo no músculo sólido, mas não o removeu.

Ty virou o ombro, batendo o cotovelo contra o lado da cabeça de Zane


antes de agarrá-lo pelo pescoço novamente com uma mão e com a outra mão
se defendeu das tentativas de retaliação de Zane.

Qualquer um que conhecesse Ty sabia que ele não estava tentando


matar seu parceiro, no entanto. Causar danos cerebrais, talvez. Mas matá-lo,
não.

— Gente, isso é demais, — Clancy finalmente objetou enquanto erguia


ambas as mãos.

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Marca de comida para gatos.
— Você vai lá para separá-los? — Alston perguntou incrédulo enquanto
assistia Zane continuar a lutar contra a outra mão de Ty embora resistisse
debaixo dele, tentando jogá-lo fora.

Clancy balançou a cabeça e eles assistiram com diversão mórbida


quando Zane finalmente, de alguma forma, conseguiu alguma vantagem. Os
dois homens rolaram pelo tapete em um tombo mal orquestrado, cada
homem muito teimoso para liberar o outro enquanto se agarravam.

— O que diabos está acontecendo aqui? — Uma voz irritada gritou da


porta principal do ginásio.

A multidão de agentes se espalhou. Ty e Zane pararam no meio da luta,


olhando para o seu superior como duas crianças pegas brigando na sala de
estar.

Alston se afastou em direção da sala de musculação parando logo atrás


da porta para espreitar ao virar a esquina com Clancy e dois outros agentes
curiosos.

No meio do ringue, Ty virou a cabeça para olhar para o agente especial


encarregado Dan McCoy, que os estava encarando há vários metros de
distância.

— Ei, Mac, — Ty inocentemente cumprimentou sangrando enquanto


montava em seu parceiro. — Desceu para trabalhar os glúteos? — Ele
perguntou com um sincero levantar de sua cabeça.

Zane engasgou por ar e bateu com força com os nós dos dedos contra o
peito de Ty quando ele finalmente arrancou os dedos de Ty de sua garganta.

— Vocês dois, no meu escritório, agora, — McCoy ordenou enquanto


apontava o dedo para eles. — Se vocês podem chutar a merda um do outro,
então vocês estão prontos para sua próxima missão, — ele murmurou quando
se virou e afastou.
Assim que McCoy saiu, alguém em algum lugar da sala de ginástica
cavernosa deu um assobio de lobo para Ty e Zane e começou a aplaudir o
desempenho que tinham deles.

Ty levantou-se e fez uma reverência enquanto Zane caminhava em


direção ao vestiário. Alston bufou e olhou para Perrimore com um dar de
ombros.

— Antes eles do que nós.

— Concordo com isso, — Perrimore murmurou quando voltava para os


pesos.

ZANE deixou sua cabeça descansar à vontade para trás e levantou uma
mão para cutucar suavemente seu lábio cortado.

— Ow.

— Choramingue sobre isso. Vai torná-lo melhor, — Ty sugeriu quando


ele ficou na frente de seu armário, de costas para Zane e desembrulhou a fita
de suas mãos, com movimentos bruscos e irritados.

— Me processe, — Zane murmurou enquanto procurava em seu armário


uma toalha antes de começar a desenrolar a fita de suas próprias mãos. Ele
não poupou um mal olhar para Ty. — Me ensinar como lutar melhor, é uma
má ideia.

— Ensinar você a lutar é um exercício de futilidade em tudo, — Ty


respondeu em um tom de matéria de fato. — Felizmente para você, eu gosto
de coisas como bater minha cabeça contra a parede.

— Eu gosto de bater sua cabeça contra a parede também, — Zane


respondeu quando jogou a fita em uma lixeira próxima. Ele exibiu um
pequeno sorriso caprichoso em seus lábios enquanto se sentava no banco para
desamarrar os sapatos.

— Cale a boca, — Ty grunhiu para ele. Mas, mesmo ainda de costas para
ele, Zane podia ouvir o sorriso em sua voz. — E corte as malditas piadas de
gato, ok? Elas estão começando a irritar.

— Tudo bem, tudo bem. Não há razão para ficar irritado com isso, —
Zane disse a seu parceiro com um sorriso mal disfarçado.

— Um pelo esforço, — Ty caridosamente admitiu.

Zane chutou seus sapatos em seu armário antes de puxar a camiseta


sobre a cabeça e fiscalizar seu abdômen e costelas.

— Você tinha que ir para as costelas, não é? — Disse com a voz triste. Ele
teve suas costelas quebradas tantas vezes que imaginava que poderia muito
bem usar supercola neste momento. — Bastardo. — Ele completou antes de
tirar as meias e ficar de pé com a toalha na mão.

— Você as deixa desprotegidas, — Ty informou. — Porque você cobre a


cabeça e chora como uma menina.

Zane bufou. Este era um dos problemas em ser parceiro de Ty.


Enquanto eles estavam tentando aprender a viver um com o outro, sem
ferimentos significativos, isso necessariamente não funcionava em suas
sessões de treino.

— Eu não cobri nem uma vez hoje, — afirmou. — Recuar, inferno sim.
Cobrir, não.

Ty olhou por sobre o ombro nu e sorriu.

— Com certeza, — ele permitiu. — Acha que devo tomar uma ducha
antes de McCoy colocar as mãos nos nossos traseiros ou devo ir cheirando a
vitória? — Ele uma fez posse depois que abriu o armário e jogou sua camiseta
suada na bolsa de ginástica.
Zane mordeu o interior de seu lábio contra a primeira resposta que lhe
veio à mente enquanto deliberadamente olhou de cima a baixo de seu amante,
e passou alguns segundos revendo o que eu poderia dizer, sem arriscar outro
tapa na cabeça.

— Eu não acredito que McCoy... apreciaria a sua expressão de “vitória”.


— McCoy não apreciaria a musculatura afinada de Ty nem o seu traseiro, mas
Zane estava mais do que feliz em preencher a lacuna dessa área.

— Pare de me admirar, parceiro, — Ty advertiu sem ter que se virar.


Pegou seu kit de banho3 e uma toalha e com um último sorriso e uma piscada
para Zane se dirigiu para os chuveiros.

Zane dispensou um momento para desejar que o vestiário não estivesse


tão lotado aquela tarde. Ele atingiu um ponto em que a atitude e arrogância
de Ty eram mais excitantes do que um aborrecimento. Elas eram precursoras
do bom humor brincalhão de Ty, que na maioria das vezes levava a uma
grande quantidade de sexo áspero e apaixonado.

Zane decidiu que iria esperar para tomar banho depois que Ty tivesse
terminado. Ele não conseguia lidar com tanta tentação corporal nesse dia.

Eles sentaram à mesa de conferência de McCoy, se comportando e


tentando parecer envergonhados.

Ty imaginava que Dan McCoy o conhecia melhor, apesar de tudo. Ele


provavelmente ainda estava tentando obter uma leitura sobre Zane, porém,
como todo mundo no escritório de Baltimore. Eles só tinham sido ativamente
atribuídos para Baltimore fazia algumas semanas agora. Ty estava em casa.

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Zane ainda era um desconhecido para a maioria, apesar das histórias que
foram filtradas sobre suas aventuras passadas.

McCoy o conhecia o suficiente para saber que eles não estavam fazendo
nada de bom, de qualquer maneira.

— Eu espero que vocês tenham isso fora de seus sistemas, — McCoy


finalmente disse aborrecido.

— Nós só estávamos fazendo uma demonstração, — Ty facilmente


explicou. — Zane chama isso de ‘Como Conseguir Sua Bunda Chutada’. Isso
realmente vai muito bem com os novatos. — Ele disse com uma voz arrastada,
extremamente satisfeito consigo mesmo.

Zane ficou ali sentado parecendo fresco e confortável em seu terno bem
ajustado. Ele tinha um pequeno sorriso em seu rosto enquanto balançava
levemente a cabeça para seu parceiro.

— Cale a boca, Grady, — McCoy solicitou categoricamente.

— Certo, — Ty murmurou. Ele se mexeu na cadeira e inclinou-se para


frente. — Você disse que tinha uma missão para nós? — Ele perguntou
ansiosamente. Ele aceitaria qualquer coisa no lugar do serviço interno que
estavam fazendo nas últimas três semanas. Fora o ligeiro acidente nas
montanhas de West Virginia, as últimas oito semanas da vida de Ty tinham
sido horrivelmente chatas. Mesmo Zane não conseguia manter a atenção
oscilante de Ty por muito tempo, a menos que tivesse algo brilhante para
acenar ao redor. Ty precisava fazer alguma coisa ou ele ia começar a ficar
desvairado.

Os lábios de McCoy se curvaram num sorriso lento, um pouco


malicioso.

— Eu tenho, — ele respondeu. — Corbin e Del Porter, — ele disse


enquanto procurava um arquivo.

— Quem? — Ty perguntou impressionado.


McCoy sorriu e estendeu a mão para o meio da mesa para o pequeno
controle remoto branco. Virou um pouco e apertou um botão, fazendo com
que uma pequena tela plana aparecesse. A imagem de um grande navio de
cruzeiro apareceu na tela presa à parede.

— Oh merda, — Ty se viu deixando escapar antes que ele pudesse parar


a si mesmo.

— Isso, — McCoy continuou como se ele não tivesse ouvido Ty, — é a


Rainha do Mediterrâneo, — disse com um aceno de seus dedos para o navio.
—Ele está ancorado em Baltimore, preparando-se para um cruzeiro de quinze
dias pelo Caribe.

— Você não está nos fazendo sair de férias, não é? — Ty perguntou em


algo próximo ao pânico.

O queixo de Zane estalou em alarme.

— Jesus, Grady, concordamos em não pensar nessa palavra, muito


menos dizê-la.

— Corbin e Del Porter, — McCoy disse em voz alta para conter mais
conversa, — deveriam estar naquele navio amanhã. Mas finalmente
conseguimos o suficiente sobre estes dois para detê-los. — Ele deslizou o
arquivo para Ty e recostou-se na cadeira com um sorriso. — Há uma lista de
coisas proibidas que podemos ligar a eles com um pouco mais de provas e
vamos fazê-lo em breve. O que quero de vocês é algo concreto de alguns dos
seus contatos.

Ty coçou a cabeça, distraído enquanto olhava o arquivo. Os dois homens


estavam implicados em vários roubos de alto perfil: arte, antiguidades, joias
raras. Todo o material que era difícil de roubar e mais difícil de receptar. Era
difícil dizer se eles eram colecionadores ou intermediários, mas de qualquer
forma se o FBI se apoiava neles, poderia produzir uma grande quantidade de
informações sobre uma série de diferentes ladrões e traficantes de alto perfil.

Mas Ty e Zane não eram negociantes. Eles não interrogavam suspeitos


que não fizessem parte de suas próprias investigações. Não sabiam nada
sobre este caso e estariam perdidos se fossem convidados para fazer o
interrogatório. Informações não era o motivo de eles estarem aqui. Ele olhou
para o lado e Zane encolheu um ombro, tendo, obviamente, chegado à mesma
conclusão.

— Eu não tenho certeza se entendi por que estamos aqui, — Ty disse


confuso enquanto gesticulava entre ele e Zane, ainda olhando para o arquivo.

— Estão aqui porque vocês dois coincidem aproximadamente com a


descrição física dos dois homens que agora temos sob custódia, — McCoy
respondeu com um largo sorriso.

Ty olhou para ele desconfiado. McCoy parecia estar se divertindo muito


para que isso fosse uma boa notícia para Ty ou Zane. Zane se inclinou para
frente em sua cadeira, franzindo a testa, apesar de não falar.

— Nós parecemos como eles, — Ty reiterou categoricamente.

— Vagamente, — McCoy concordou. — Mesma constituição,


principalmente. A cor da pele de Zane.

Ty olhou para o homem.

— Não estou entendendo, — ele disse lentamente. — Você quer que nós
assumamos suas identidades? Como isso vai funcionar? — Ele perguntou.

— Corbin e Del Porter tinham reservado para sair nesse cruzeiro


amanhã, — McCoy disse novamente. — Nós temos informações que eles
pretendem encontrar vários de seus compradores e vendedores durante este
cruzeiro, aproveitando da segurança um pouco frouxa e os costumes que você
tem no Caribe. E desde que esta será a primeira vez que os dois mostram-se
fisicamente nos seus negócios, os contatos só têm as suas interações virtuais
para reconhece-los. Eles não vão perceber que vocês são impostores. Nós
podemos conseguir um monte de informações com isso, se vocês tomarem
seus lugares e interpretarem seus papéis direito.

— Eu não tenho certeza se gosto do som disso, — disse Zane. — Nós não
recebemos nenhuma informação sobre esse caso até hoje e agora iremos
supostamente representar esses caras?

— Vocês receberão um curso intensivo. Vocês dois são artistas


profissionais de merda, são perfeitos para isso, — McCoy respondeu
despreocupadamente. Zane franziu a testa para ele.

Ty lentamente coçou seu rosto.

— Ok, — disse cuidadosamente. Ele ainda não entendia por que McCoy
parecia estar gostando tanto da perspectiva. Tinha uma pegadinha vindo.

— Vocês partem às nove da manhã. O resto de sua equipe já foi colocada


em prática, — McCoy disse quando empurrou outra pilha de arquivos em
direção ao centro da mesa.

— Nossa equipe? — Repetiu Zane. Ty suspirou profundamente e fechou


os olhos. Havia uma pegadinha.

— Você conhece o procedimento, Garrett, uma equipe. Líder da equipe,


mais dois agentes de campo e suporte técnico. Leia os arquivos para que vocês
não acabem disparando em um deles quando encontrá-los. E Grady, nós
vamos precisar que você faça apenas algumas... alterações... na sua aparência
antes de ir, — ele disse enquanto estudava Ty criticamente.

— Do que diabos você está falando, McCoy? Não é como se ele pudesse
engordar vinte quilos durante a noite, — Zane disse irritado.

— Nada disso. Um pouco de cera quente e um pouco de água oxigenada


e ele vai estar perfeito, — McCoy continuou mal conseguindo segurar o riso
agora.
— Cera quente? — Ty perguntou em alarme. Ele ouviu Zane abafar um
suspiro.

— Del Porter é o que você chamaria de... acompanhante4, — McCoy


resmungou com um sorriso.

— Oh inferno, — Zane murmurou inclinando-se para trás, esfregando a


mão sobre o rosto, e mexendo-se desconfortavelmente na cadeira. Ty olhou
para ele, não acompanhando.

— Eu vejo que Garrett já entendeu, — McCoy disse, sua voz quase


borbulhante. Ty balançou a cabeça confuso.

— Eu não mencionei isso? — McCoy perguntou com inocência fingida


enquanto ele folheava suas notas como se precisasse verificar suas
informações. — Corbin e Del Porter não são irmãos, senhores. Eles são
amantes. Legalmente casados, na verdade. — Ele estendeu a mão e colocou
dois anéis de prata na mesa na frente deles. — Vão em frente e os coloquem,
— ele instruiu.

Zane ficou totalmente imóvel, os olhos fixos nos anéis. Então seu queixo
subiu quando seu olhar mudou para McCoy.

— Tem certeza que isso é necessário? — Ele perguntou categoricamente.

Ty muito cuidadoso não disse nada em resposta enquanto olhava para


os anéis brilhantes. Ele usou um anel de casamento antes como parte de um
disfarce. Mas isso era diferente.

— Os Porter são um casal gay muito assumido, — McCoy continuou


ignorando suas reações à notícia. — O fato é bem conhecido por todos os seus
contatos. Seria um sinal de alarme se vocês não estiverem usando os anéis, —
ele disse para Zane. — Corbin é o que você chamaria de cérebro da operação.
Del é... o bonito.

4
Pessoas escolhidas, geralmente por agências, para, mediante pagamento, acompanharem quem
deseja divertir-se, conhecer a vida noturna, atrações sexuais etc.
Ty ainda permanecia imóvel olhando para McCoy, seu estômago se
agitando quando percebeu no que eles estavam sendo jogados. Um casal gay
muito fora entre pessoas que esperavam que eles agissem como tal, incluindo
uma equipe de seu próprio povo. Ele lentamente estendeu a mão e pegou um
dos anéis, colocando-o em sua mão. Era uma banda de prata simples, plana e
larga. Ele olhou para Zane apreensivo. Zane ainda usava sua aliança de
casamento em seu dedo. Ty não sabia como seu parceiro reagiria ao substituí-
la, mesmo que temporariamente. Mas Zane não moveu um músculo, nem
sequer se contorceu enquanto olhava para o anel que ainda permanecia na
frente de McCoy.

— Agora entendam: isto pode colocar ambos em algumas situações


desconfortáveis, — McCoy continuou com sinceridade. — Mas vocês dois têm
experiência em campo e eu tenho certeza que vocês preferem ter que se beijar
a serem baleados, — ele brincou. Ty limpou a garganta e tentou conter um
sorriso. McCoy não tinha ideia de como ele estava certo. — Esses anéis são
tudo o que vamos fornecer para isso, — ele continuou. — Nós nos
apropriamos da bagagem que eles já tinham embalado para esse cruzeiro,
então vocês já estão prontos para ser vestidos e equipados. Sorte nossa que
vocês dois são aproximadamente das mesmas dimensões, — McCoy divagava
enquanto se levantava. — Tudo que eles precisavam para os negócios que
fariam está na bagagem. Vocês terão que contrabandear armas a bordo, nós
vamos conseguir alguma espécie de esconderijo para elas na bagagem. O
capitão e o chefe de segurança a bordo foram informados do seu
envolvimento, mas vocês não devem quebrar o disfarce mesmo com eles a não
ser que seja absolutamente necessário. Ty, se você for preso, você ficará lá até
chegarem no porto. Vocês terão o resto da sua equipe lá se vocês entrarem em
apuros, mas quando vocês estiverem em terra, vocês estarão por conta
própria.
McCoy estava no final de seu pequeno discurso, olhando para eles com
uma sobrancelha levantada e um sorriso. Ty e Zane ficaram olhando para ele,
suas bocas abertas enquanto ouviam.

Dan McCoy tinha sido um bom agente de campo e era um bom agente
especial encarregado. Ty até mesmo havia trabalhado em alguns casos com
ele antes de McCoy ter sido promovido e eles tinham se dado bem, que era
provavelmente por isso que McCoy estava gostando muito disso e
demostrando isso. Ty meio que queria bater nele.

— Venham comigo, — McCoy convidou com prazer quando saiu para


fora da porta.

Alguns momentos depois dele desaparecer, Zane levantou


abruptamente com uma fungada e ajeitou o paletó. Ty viu que ele estava
rangendo os dentes. Ele abaixou a cabeça e olhou para o anel em sua mão,
sem saber o que fazer ou dizer sobre isso. Ele achou que iria apenas colocar o
seu e deixar Zane resolver isso sozinho. Colocou em seu dedo discretamente
quando se levantou. Estava um pouco apertado, teve que forçá-lo sobre a
junta que ainda estava um pouco inchada da cirurgia que ele fez para remover
um pedaço de dente de puma, mas uma vez que colocou, se encaixou bem. Ty
com muito cuidado não lhe deu qualquer atenção depois disso.

Zane estendeu a mão e arrancou o outro anel, fechando-o no punho da


mão direita antes de virar as costas para sair da sala. Ty o seguiu em silêncio,
temendo o chilique que viria em breve.

Eles seguiram McCoy alguns andares abaixo para uma sala de


interrogatório e apresentou para a observação de metade de uma das salas,
onde um agente, Harry Lassiter, já estava parado na frente do vidro. Ty e
Zane acenaram para o homem quando McCoy apontou através do espelho de
duas faces.

— Senhores, conheçam Del Porter.


O homem sentado à mesa era bonito, provavelmente da altura e
constituição de Ty, apenas um pouco mais magro. Ele tinha cabelos curtos e
espetados descolorido de loiro platina pouco natural que contrastava
estranhamente com seu bronzeado. Usava um colete sem mangas que
amarrou com um simples cordão de couro na crista de seu peito aberto e a sua
parte superior do corpo inteiro era bem musculosa e tonificada. Ele também
estava bem barbeado e completamente desprovido de pelos no corpo.

Ty teve a impressão de que ele deveria estar debaixo de uma cachoeira


em um pornô gay.

Zane parou no lugar, olhos um pouco arregalados, olhando de Ty para


Del e de volta.

Ty rapidamente piscou para o cara.

— Eu tenho que ser ... ele? — Ele finalmente perguntou com voz aflita.

— Que bom que você é um inferno de um ator, — Zane murmurou


enquanto continuava a compará-los.

Ty olhou para ele rapidamente e olhou para o homem por trás do vidro.

— Eu nunca vou conseguir isso, — ele disse para os outros homens na


sala.

Zane inclinou a cabeça para um lado, avaliando abertamente o corpo de


Ty.

— Eu não sei, — ele disse distraidamente. Ty olhou para ele com ódio,
sentindo-se corar sob o escrutínio.

— Ele não é o que eu chamaria de estúpido. Mas com certeza não é o


bulbo mais brilhante no pacote5—, McCoy informou. — Ele sabe apenas o
suficiente para manter sua boca fechada. Fora isso e o fato de que ele é bonito
e tem um marido rico, é tudo que ele tem a seu favor.

5
Expressão idiomática para dizer que ele não é muito esperto.
— Santa foda, cara, — Ty murmurou finalmente. — Eu vou ser esse cara
por quanto tempo?

— Relaxe, Grady. Você tem a parte fácil disso, — McCoy assegurou. — O


cara de Garrett é o verdadeiro cérebro aqui e ninguém que esteja
familiarizado com eles vai esperar que você faça qualquer coisa, que não seja
se colocar no sol e trabalhar em seu bronzeado. Garrett? No campo, você vai
liderar isso. Você vai atrair os tiros. Grady está ali apenas como cenário e
suporte.

Zane bufou quando Ty se virou para olhar McCoy indignado. Backup?


Eles eram parceiros, não havia liderança e suporte!

— Ty, reservamos um horário para você em algum spa com um nome


que eu não posso pronunciar, — McCoy continuou quando entregou para Ty
um pedaço de papel.

Ty estendeu a mão rigidamente e pegou o cartão. — Eu concordo com a


cor do cabelo, — ele negociou suplicante. — Você seriamente vai me fazer
depilar meu peito?

— Está vendo aquele cara ali? — McCoy respondeu apontando seu dedo
para o homem na sala de interrogatório.

Ty engoliu em seco. Ele tinha feito um monte de coisas de que não se


orgulhava a fim de assumir identidades que não eram dele. Ele mudou sua
aparência, seu comportamento mudou, tratava as pessoas decentes
horrivelmente para dar a impressão de ser um babaca, preparou crack e
cocaína para os outros fumarem, tirou vidas, e uma série de outras coisas que
não gostaria de se lembrar. Ele sabia a importância que as menores coisas
poderiam desempenhar ao tentar convencer um estranho que pensava que
você fosse alguém que eles já conheciam. Olhou para o anel de prata no dedo
e de volta para o homem atrás do vidro com um suspiro pesado.

— Há um bom homem, — McCoy disse com um tapinha no ombro de


Ty.
Ty olhou para Zane enquanto ele lentamente sentiu-se corar. Embora o
rosto de Zane estivesse composto, Ty podia ver o riso em seus olhos.

— Eu não sei como eles vão se livrar da tatuagem, mas eles me


asseguraram que podem, — McCoy acrescentou com outro tapinha no ombro
de Ty.

— O quê? — Ty exclamou quando olhou para McCoy indignado.

McCoy apenas sorriu para ele.

— Esse cara, obviamente, nunca foi um fuzileiro naval, — ele


argumentou. — Agora, Grady, você vai indo, — ele pediu antes que Ty pudesse
ter um colapso. — Você está recebendo o trabalho, então você provavelmente
vai estar lá todo o dia do caralho. Garrett, venha comigo, — McCoy disse
assim que fez um gesto para que Zane o seguisse. — Vou apresentá-lo para
você mesmo, — ele disse ironicamente enquanto se dirigia para sair pela
porta.

Ty sentiu uma súbita vontade de implorar para Zane não deixá-lo lá. Ele
podia sentir a escrita levantada sobre o pedaço de papel grosso cor creme em
sua mão. Ele olhou para aquilo, pensando em todos os procedimentos que a
reforma implicaria. Salon Láurie... depilação, bronzeamento, branqueamento,
manicure, loções, lama perfumada...

Del Porter disse algo de repente, queixando-se sobre ser deixado na sala
por tanto tempo. Ty virou-se para olhar para ele em choque. Ele apontou o
dedo com indignação e se virou para o outro agente na sala. — Ele é britânico?
— Ty reclamou.

Agente Especial Lassiter que estava ali em silêncio o tempo todo, cobriu
a boca com a mão e apenas balançou a cabeça em resposta, incapaz de não rir
mais.
— Você percebe o tipo de insuportável que Grady vai ser quando tudo
isso estiver terminado? — Zane perguntou a McCoy enquanto caminhavam
pelo corredor indefinido de salas de espera e salas de interrogatório.

— Oh, eu estou ansioso por isso, — McCoy disse com satisfação. — Eu


quero fotos, Garrett. Elas vão ser ótimas para o boletim de notícias.

Zane revirou os olhos.

— Eu espero que o seu seguro esteja em dia, — ele disse quando


pararam em outra porta. — Grady não esquece as pessoas que fodem com ele.

— Ele dá tão bem quanto recebe, — McCoy disse bem-humorado


quando abriu a porta. Zane resmungou e entrou.

O homem, do outro lado do vidro bidirecional era tão diferente de Del


Porter como a noite era do dia. E McCoy estava certo. Zane tinha uma
semelhança geral na altura, constituição e cor da pele. Mas Corbin Porter era
definitivamente de alta classe. Ou ele pensava que era: cabelo cortado
finamente penteado para trás, um pino de rubi em um ouvido, um terno caro
de grife com uma camisa de gola alta, em vez de gravata, abotoaduras
personalizadas, as mãos bem cuidadas e couro italiano em seus pés. Manteve-
se como um homem acostumado a receber respeito, ou, eventualmente,
rastejar.

— Eu não quis dizer nada para Grady, porque eu não queria reduzir o
seu horror. Você está indo para um corte de cabelo e manicure também, —
McCoy disse com uma curva nos lábios.

Zane assentiu distraidamente enquanto estudava Corbin Porter. O


homem era... arrogante. Essa era a palavra que Zane estava procurando.
Arrogante. E, possivelmente, vaidoso também, mas só até o ponto de saber
que ele era um homem de boa aparência.

Ele também era confiante e controlado. Ele tinha um tornozelo apoiado


sobre o joelho oposto enquanto estava sentado casualmente na mesa, um
braço descansando na borda. Ele não estava remexendo ou inquieto. Ele
estava simplesmente esperando. O que o denunciava era a raiva faiscando em
seus olhos e o aperto ao redor de sua boca.

— Você quer falar com ele? — Perguntou McCoy a Zane.

Zane balançou a cabeça lentamente.

— Eu conheci o seu tipo antes.

— Ele está longe de ser um traficante de drogas ou um hacker de


computador, — McCoy apontou.

— Ele é um bandido, — Zane murmurou. — Ele está bem vestido, mas


ainda é apenas um bandido.

— Explica a tatuagem que vão lhe dar, então.

Zane piscou e virou o queixo para McCoy, que estava sorrindo.

Quando Zane e McCoy voltaram para a sala de observação da sala de


interrogatório de Del Porter, Zane quase esperava que Ty ainda estivesse lá,
amarrando-se à mesa e implorando para não ser levado para o salão.

Mas apenas o agente especial Lassiter estava lá, acompanhado do


agente especial Perrimore. Eles estavam de pé em frente ao vidro, olhando
para o prisioneiro com suas cabeças inclinadas para o lado, como se
estudassem um animal no zoológico.

Zane olhou através do vidro também. Ty estava lá, sentado em frente ao


Del, relaxado na cadeira, de costas para eles, com as pernas cruzadas e seu
cotovelo apoiado na mesa, quase como Corbin Porter tinha estado. Mas Ty
parecia casual e acessível, onde Corbin demostrava nada além de desprezo e
hostilidade. Havia algo diferente nos modos de Ty, também, mas Zane não
podia colocar o dedo sobre aquilo. Ele estava muito surpreso ao ver Ty lá em
tudo. E não era o único.

— Que diabos ele está fazendo? — McCoy perguntou alarmado.

— Ele disse que queria falar com ele, — respondeu Lassiter.

McCoy estendeu a mão e apertou o botão do alto-falante.

— Ele nos disse para não ouvir, — Lassiter disse para McCoy.

— Foda-se, — McCoy respondeu sem pensar. — O cara está realmente


falando, podemos conseguir alguma coisa dele.

— Não é como se pudéssemos usar isso no tribunal, — Lassiter


murmurou baixinho, e ele e Perrimore murmuraram baixinho antes de rir de
novo sobre as circunstâncias do caso à paisana. Zane os ignorou em favor de
assistir Ty quando os alto-falantes ligaram.

— Há quanto tempo vocês são casados? — Ty estava perguntando a Del,


que estava curvado e defensivo, olhando desconfiado para Ty.

Del não respondeu, ele simplesmente olhou para suas mãos,


provavelmente estudando o seu anel de casamento. Zane resistiu a vontade de
olhar para o seu próprio. Ele sabia, sem sombra de dúvida, que tipo de
pensamentos corria pela mente de Del. Zane fechou os olhos por um
momento antes de se concentrar na cena novamente.

— Vocês casaram aqui nos Estados Unidos ou foram para outro lugar?
— Ty perguntou, sua voz transmitindo o que pareceu um interesse genuíno.

— Por que diabos Ty se importa? — Perrimore perguntou incrédulo.

— Ele não se importa. Está construindo uma conexão, idiota, — Lassiter


respondeu distraído enquanto observava Ty de perto. — Estamos habituados
a usá-lo na preparação de suspeitos o tempo todo. Ele é charmoso.
— Vocês dois vão fazer um belo casal, — Perrimone falou lentamente.

— Cale a boca. Também tenho um talento especial para desligar da


vibração mudo como um tijolo, os pegamos desprevenidos.

— Sim, sim.

Ty continuou implacável quando Del ainda não respondia suas


perguntas.

— Meu marido e eu fomos para Boston, — Ty continuou segurando sua


mão e mexendo o anel de prata no dedo casualmente. A mentira veio
surpreendentemente fácil para ele. Os olhos de Del piscaram para ele,
obviamente surpreso.

Todos na sala se viraram para olhar para Zane.

— Ah, sim, — ele disse lentamente com ironia enquanto sentia os olhos
nele.

— Ele é um otário para rosas vermelhas e ópera.

Perrimore e Lassiter riram para ele enquanto McCoy sorria e balançava


a cabeça.

— Se houvesse beisebol e Guinness6 envolvido, eu meio que acreditaria


nisso, — McCoy murmurou.

Zane revirou os olhos e voltou sua atenção para a janela.

— Muita história até lá, — Ty dizia com uma inclinação de cabeça.

Na sala, Del endireitou-se.

— Eu não pensei que eles tolerassem esse tipo de coisa no FBI, — ele
disse com uma ligeira curva no lábio. Zane ficou surpreso ao ouvi-lo falar com
um sotaque britânico.

Ty deu de ombros.

6
Marca de cerveja.
—Você está confundindo com os militares. Feds não tem nenhum
problema com isso. Eu faço o meu trabalho como qualquer outra pessoa, —
ele disse com outro aceno de sua mão. Zane não conseguia definir o que Ty
estava fazendo de forma diferente com seu corpo, mas o fazia parecer... suave.
Não feminino, mas... não tão masculino como ele tendia a ser. Zane realmente
não conseguia descrever o efeito a não ser dizer que Ty parecia menos alfa.
Ele percebeu de repente, quando Ty rolou seus ombros, que ele estava
sutilmente imitando o homem sentado em frente a ele.

Aquilo então bateu em Zane, o que Ty estava realmente fazendo ali. Ele
não tinha intenção de interrogar Del Porter. Ele o estava estudando.

Del acenou com cuidado.

— Há quanto tempo você está com ele? — Ele perguntou, seu tom de voz
hesitante.

— Tempo suficiente para o conhecer bem, — Ty respondeu com um


sorriso. Todas as suas respostas eram vagas. Pequenas mentiras que não
pesariam na consciência de Ty, Zane sabia.

Del lhe deu um meio sorriso e acenou com a cabeça, em seguida, olhou
de volta para suas mãos.

Ty ficou em silêncio olhando para ele. Do seu ponto de vista, de trás do


vidro, Zane podia ver o que Ty estava vendo. Contusões desbotando em torno
dos pulsos do homem, algumas em seus braços.

— Ele te tratar bem? — Ty perguntou de repente.

Del olhou para ele quase que desafiadoramente e balançou novamente a


cabeça. Ele ergueu as mãos para mostrar seus pulsos.

— Eu gosto de uma vida dura, — disse a Ty com um sorriso.

McCoy teve de limpar a garganta, e Zane se virou para olhar para ele.

Ty riu e acenou com a cabeça.


— Entendi, — respondeu de forma neutra. Ele continuou examinando
Del Porter e o homem o observava e esperava quase com curiosidade. Ele
parecia como se quisesse dizer mais, mas ainda estava desconfiado.

Zane balançou a cabeça enquanto ele observava através do vidro.

— O pequeno hamster na cabeça de Ty provavelmente está entediado, —


Perrimore observou.

— Obrigado pelo seu tempo, Sr. Porter, — Ty disse assim que assentiu
abruptamente, como estando por satisfeito. Ele desdobrou as pernas e se
levantou, indo para a porta.

Del o olhou surpreso.

— Só isso? — Ele perguntou confuso. — Você está indo embora?

Ty parou na porta e virou-se para olhar de volta para o homem, sua mão
na maçaneta.

— Sinto muito. Você precisa de algo mais? — Ele perguntou com o que
parecia ser surpresa genuína.

— Você nem sequer me perguntou qualquer coisa.

Ty riu e balançou a cabeça.

— Esse não é o meu trabalho, homem, — ele disse com desdém antes de
sair da sala de interrogatório e fechar a porta atrás de si com firmeza.

Del Porter olhou para a porta e olhou para o vidro espelhado incrédulo.

— Alguém consiga Grady no maldito spa, — McCoy ordenou baixinho


quando ele saiu da sala.
Capítulo Dois

Olhando para seu reflexo no espelho, Zane se perguntou como pequenas


mudanças podiam fazê-lo parecer tão diferente. Quando ele tinha se
disfarçado antes, ele usou ternos em escritórios de empresas financeiras de
Wall Street, ou tinha uma aparência mais bagunçada e suja usando jeans,
couro e suor. Aquele toque especial de classe alta era novidade.

McCoy tinha programado para ele o tratamento de um —gentleman—


em um spa, onde foi embebido e massageado, teve seu cabelo rebelde cortado
em um estilo mais refinado, para que ele pudesse usar aquele colar liso legal,
teve as sobrancelhas enceradas e arrancadas, além de todas as coisas, e ainda
fez uma profunda limpeza facial, onde a mulher tinha picado e incitado a sua
pele com uma ferramenta de metal pequena pelo que pareceram horas. Tinha
sido uma das coisas mais estranhas e dolorosas que Zane poderia ter
imaginado. Seria, ele pensou, um grande instrumento de interrogatório.

E o piercing na orelha tinha ardido como uma cadela.

Agora ele estava elegante. Polido. Teve uma manicure, por isso suas
mãos pareciam mais puras, menos experiente em brigas. E uma pedicure, que
tinha realmente se sentido muito bem. Mas a maior mudança não era
imediatamente visível. Zane virou-se de costas e foi até o espelho e olhou por
cima do ombro, levantando a barra da camisa e empurrando para baixo o cós
de sua calça para expor a pele.

A graciosa tatuagem de videira torcida espalhava pela parte inferior das


costas, logo abaixo da cintura, mergulhando até a fenda de sua bunda em um
triângulo invertido de um forte preto, simples, de linhas marcantes. Não era
de verdade, é claro, mas o efeito era o mesmo. Ele ficou imaginando o que Ty
iria pensar disso. Ty parecia amar a sua própria tatuagem, mas o malicioso
bulldog da Marinha com seus canhões fumegantes7 era definitivamente mais
o estilo de Ty do que esse desenho mais elegante.

Suspirando, Zane deixou sua camisa cair. Ela já estava aberta na frente,
desabotoada, expondo seu peito. Não se preocupou em colocar sua camiseta
de volta após a massagem no spa. Ele estava no processo de se preparar para
dormir quando tinha ficado preso pela estranha visão de si mesmo no
espelho. Começou a puxar a camisa fora de seus ombros, mas ouviu uma
chave na porta da frente e saiu para o corredor com os pés descalços, ouvindo
quando alguém entrou no apartamento. Só podia ser Ty, ele era a única
pessoa para quem Zane já deu uma chave e Zane nunca deixava a porta
destrancada. Quando Zane espiou ao virar a esquina, porém, um estranho
estava ali. Demorou um pouco demais para perceber que era Ty afinal de
contas e Zane estava feliz que ele não tinha a arma na mão.

— Não atire em mim, — Ty disse com voz plana, cansada, obviamente


pensando exatamente na mesma coisa que Zane tinha pensado. Ele começou
a soltar a gravata e desabotoar sua camisa enquanto se aproximava, jogando
as peças de sua roupa ao acaso no chão e nos móveis enquanto se aproximava
de Zane.

— Só agora você terminou com-

— Sim, — Ty murmurou quando ele arrancou a gravata. Sua camisa se


abriu assim que se inclinou e tirou os sapatos.

Zane olhou para o corpo bronzeado na frente dele, as sobrancelhas


subindo lentamente quanto mais ele olhava. As pessoas no spa tinham feito
um trabalho em seu normalmente desalinhado parceiro. Ele era Ty, mas...
não. Ele estava barbeado pela primeira vez em meses e seu cabelo curto tinha

7
sido clareado em um natural loiro-branco. O cabelo ficou ereto, como se
estivesse ofendido com a sua nova cor. Todo o corpo de Ty parecia retocado,
sua pele bronzeada estava mais brilhante, mais lisa e mais macia do que
provavelmente jamais tinha sido. Seu peito bem definido estava desprovido
de sua habitual camada de cabelo escuro e o efeito o deixou mais elegante.

Zane não estava certo do que ele achava do cabelo, mas o resto de Ty era
um sonho molhado andando.

Que era... hilário, realmente. Zane piscou várias vezes e apertou os


lábios com força.

— Vá em frente. Tire isso do seu sistema, — Ty convidou quando jogou a


sua camisa no sofá. Ele acenou com a mão para seu peito recém-depilado.

Zane deixou o sorriso solto.

— Você parece... — Ele cruzou os braços e balançou a cabeça. —


Diferente, — ele estabeleceu, tentando não rir abertamente.

— É? Bem, você parece desprezível, — Ty disse com um sorriso


enquanto olhava Zane de cima a baixo criticamente. Ele deu alguns passos
lentos, circulando Zane enquanto o avaliava.

Inclinando a cabeça para um lado enquanto Ty caminhava ao redor,


Zane levantou um ombro em um dar de ombros defensivo.

— É o gel que colocaram no meu cabelo.

Ty balançou a cabeça, franzindo os lábios, pensativo, enquanto ele


tentava não sorrir.

— Não, — ele tirou. — Algo mais.

Zane esperou, certo de que Ty iria esclarecê-lo.

— Você parece retocado, — ele observou uma vez que Ty parou na frente
dele. — Como em uma revista de cosméticos.
Ty ergueu o queixo e os ombros, olhando Zane no olho enquanto refletia
por uma resposta.

— Sim, — ele finalmente disse lentamente. Seus lábios se curvaram em


um sorriso perverso. Seus olhos castanhos pareciam quase verde-neon com o
cabelo loiro platinado os acentuando. — Mas eu faço essa merda parecer boa.

Zane levantou uma sobrancelha quando apontou para Ty e girou seu


dedo.

Ty estalou a língua. Levantou ambos os braços para os lados, mantendo-


os fora quando se virou em um semicírculo lento. Os músculos de seus
ombros e costas eram, como sempre, bem definidos, quando ele ficava com os
braços erguidos. O bíceps flexionado de Ty chamou a atenção de Zane para a
pele sem mácula. Era estranho não ver a tatuagem no ombro de Ty, mas Zane
estava muito distraído com o resto dele para perguntar sobre isso. Ty virou o
queixo para olhar por cima do ombro para Zane, e Zane podia ver um sorriso
nos lábios. Ty nunca ostentou a si mesmo, não que Zane já tinha visto isso de
qualquer maneira, mas o homem tinha um espelho. Ele não era imune a um
pouco de arrogância, nem quando era bem merecida.

— A palavra que vem à mente é “beefcake”8, — Zane disse com a voz


arrastada, olhando mais para Ty, apreciando a vista.

— Então missão cumprida! — Ty disse alegremente quando se virou


para encarar Zane novamente. Ele franziu a testa de repente. — Beefcake é
uma palavra ou duas?

Zane riu.

— Quem se importa quando você tem uma ótima bunda?

Ty estreitou os olhos.

8
Beefcake é um termo de língua inglesa relacionado com homens nus ou em nudez total. Também pode
se referir a um gênero ou a uma pessoa. Geralmente é usada como sinônimo para atração sexual masculina, embora
seu uso tenha se expandido tendo ela associado qualquer homem que tenha interesse em bodybuilding e musculação.
— Eu não estou acostumado a você sendo o cérebro da operação, — ele
murmurou. — Sabe o que eu acho que precisamos? Acho que precisamos de
um pouco de prática.

— Eu me pergunto se eu deveria ficar insultado, — Zane afirmou,


estreitando os olhos enquanto colocava as mãos nos quadris. — Eu sou o
único com uma licenciatura em estatísticas, — ele lembrou.

— Você seriamente vai discutir credenciais em vez de me foder? — Ty


perguntou com uma risada incrédula.

— Bem, se você tivesse dito isso antes, — Zane disse assim que deu
alguns passos para mais perto de Ty.

Ty deu um passo para trás e colocou a mão sobre o peito de Zane,


levantando uma sobrancelha brincando enquanto ele usou a outra mão para
apontar para si mesmo. Zane agora viu que as mãos e os dedos normalmente
calejados de Ty estavam agora bem cuidados e relativamente suaves, fazendo
com que a mais nova cicatriz em sua mão fosse ainda mais perceptível. —
Segure seus cavalos, Lone Star. Você está me chamando de idiota?

— De jeito nenhum. Eu tenho senso de autopreservação, — Zane disse


enquanto colocava as mãos de Ty nos quadris, roçando os peitos.

Ty mordeu os lábios e sugou o ar por entre os dentes, levantando o


queixo enquanto considerava o que Zane acabara de dizer.

— Desde quando? — Ele finalmente perguntou em voz baixa.

Surpreso, Zane endireitou-se, revendo suas palavras. Ele inalou


lentamente, afastando uma leve sensação de tontura. Ty o fazia se sentir
assim mais e mais recentemente.

— Desde que eu tenho um parceiro em quem confio, — ele respondeu.

Ty olhou para ele sério enquanto se aproximava, deixando os braços de


Zane rodear os seus quadris. Ele colocou a mão no braço de Zane, os dedos
cavando em seu bíceps. Ele estendeu a outra mão para tocar o rosto de Zane,
as pontas dos dedos deslizando nos seus lábios enquanto o olhava. Era um
gesto estranho para o seu normalmente retraído parceiro, um que atingiu
Zane em silêncio enquanto ele esperava pelo próximo passo de Ty. Ele
esperava que Ty fizesse outro comentário ou piada, mas Ty não disse nada,
deixando seus dedos deslizarem para baixo do pescoço de Zane, o peito, até à
cintura para desaparecer sob a camisa desabotoada que Zane ainda usava.
Zane estremeceu.

— Importa-se de me ajudar a entrar no personagem? — Ty sussurrou


com um sorriso travesso.

Zane cantarolou um pouco e puxou Ty rente a ele.

— Que tipo de ajuda você precisa?

Ty subiu nas pontas dos dedos dos pés, roçando seus lábios
entreabertos contra os de Zane. Eles estavam quentes e úmidos e Zane enfiou
a língua para fora para molhar o lábio inferior tão logo Ty se afastou e moveu
ambas as mãos sobre o corpo de Ty em movimentos lentos e deliberados,
roçando a pele de aparência incrivelmente sedosa.

Ty deslizou as mãos para cima e para baixo no peito e nos braços de


Zane e, em seguida, passou os braços em volta do pescoço - algo que Zane não
pensava que ele já tinha feito antes - e o beijou novamente. Foi um beijo suave
e tentador, que pedia a Zane para chegar e conseguir mais.

O corpo de Zane reagiu com pressa: sua pulsação acelerou e ele podia
sentir seu pênis inchar em suas calças. Com um grunhido suave, ele passou
um braço em torno de Ty e o prendeu contra seu peito quando Ty tentou se
afastar um passo. Ty riu baixinho e Zane respondeu à provocação com um
beijo mais firme, mais úmido.

Ty deu um gemido enquanto ele arqueou as costas apenas o suficiente


para pressionar mais contra Zane. O som era outra coisa totalmente diferente
dele, pelo menos nesta fase de carícias. Ele parecia estar tentando o seu
melhor para fazer com que Zane o arrastasse para a cama. Se era isso o que
ele quis dizer com entrar no personagem... então maldição. A sedução
passivo-agressiva era um inferno excitante e uma tática eficaz o suficiente
para que Zane não fosse se preocupar sobre ser manipulado agora. Em vez
disso, ele colocou a mão na cintura de trás da calça do terno de Ty e arrastou
os dedos para frente, onde ele puxou o botão.

Ty não se mexeu para ajudar como costumava fazer, apenas correu os


dedos de ambas as mãos pelo cabelo de Zane enquanto esperava
pacientemente Zane tirar suas roupas. Era tão estranho, Zane não pode deixar
de rir. Era óbvio que Ty estava gostando da brincadeira. Provavelmente não
era um papel que ele já teve muita oportunidade de jogar. Quando Zane fez
uma pausa, Ty se aproximou, pressionando-o de novo enquanto mordiscava
sua orelha.

— Não parece que você precisa de muita prática. O que deu em você? —
Zane murmurou enquanto arrastava os lábios ao longo da garganta exposta
de Ty. Ele desabotoou as calças de Ty e começou a empurrá-la para baixo
sobre seus quadris.

— Nada ainda, — Ty respondeu com um sorriso lento. —Esse é o seu


trabalho, — ele disse suavemente, sua respiração em rajadas por todo o rosto
de Zane.

Zane gemeu quando moveu suas mãos para apertar a bunda de Ty e


capturou os lábios de Ty com os seus, era um beijo faminto quando Zane
passou a moer-se contra a coxa de Ty. Era uma coisa boa que Ty não fosse
assim agradável com mais frequência, ele pensou ao longe. Foi alucinante
para Zane o quão sexy isso era. Ty o teria comendo em sua mão se ele se
comportasse assim mais frequentemente.

Ele provavelmente estaria melhor não mencionando isso.

— Vamos lá, lindo, — Ty influenciou assim que começou a puxar


suavemente para ele com a mão que tinha enrolado no cabelo de Zane. Ele o
guiou para a porta do quarto, beijando-o com os mesmos suaves e sedutores
beijos enquanto fazia aquilo.

Zane levantou as sobrancelhas num comentário silencioso, mas ele não


estava disposto para falar e estragar o momento. Ele não estava disposto em
liberar Ty por um segundo enquanto se deixava ser arrastado. Mas ele parou
por tempo suficiente para empurrar Ty contra o batente da porta e chupar e
beliscar ao longo do seu ombro. Ty levantou o queixo e fechou os olhos,
gemendo desenfreadamente novamente enquanto deixava as pontas dos
dedos deslizarem para baixo no pescoço de Zane.

— Foda-se, — Zane gemeu quando arqueou contra o corpo de Ty e o fez


se mover novamente pelo quarto. Ele não estava tendo sorte em se lembrar se
já tinham feito algo parecido com preliminares até agora. Eles sabiam o que o
outro queria e isso era o lançamento. Mas esse novo lado de Ty era quente e
sério, quase dolorosamente, provocante.

Ty deixou suas mãos deslizarem pela frente dos ombros de Zane,


empurrando sua camisa para trás e para baixo dos seus ombros e envolvendo
seus braços ao redor de Zane e beijando seu pescoço, queixo e orelha, tudo
lento, toques sensuais de seus lábios na pele de Zane enquanto o acariciava.
Ele puxou a camisa para baixo e fora os braços do Zane enquanto pressionava
a sua pele junto a dele e mordiscava a orelha de Zane novamente.

Zane estremeceu, soltando um suspiro duro e balançou a camisa solta


antes de agarrar os quadris de Ty dentro das calças abertas e o arrastando nos
últimos passos até a cama. Sua cabeça caiu para trás para permitir a Ty mais
acesso a seu pescoço enquanto ele abriu a sua posição e juntou Ty direto
contra ele.

— Zane, — Ty murmurou sem fôlego quando se afastou o suficiente para


empurrar suas próprias cuecas para baixo e puxar a calça de Zane. Tateando
entre eles para desabotoar o cinto e a calça, Zane xingou baixinho quando ele
finalmente conseguiu o botão desfeito e o zíper para baixo então as mãos de
Ty poderiam deslizar para dentro e tocá-lo. Zane estava ereto em sua cueca, o
algodão macio da cueca boxer nada fazia para controlá-lo. As mãos de Ty
começaram a deslizar contra sua pele, tentando empurrar as calças para baixo
e puxar Zane mais perto ao mesmo tempo. Seus lábios mal roçavam os de
Zane, tentando-o, seduzindo-o a mergulhar pelo contato. A língua de Zane
deslizou ao longo do lábio inferior de Ty quando ele perseguiu aqueles lábios
carnudos e molhados e ele mordiscou sua língua quando a mão de Ty fechou
sobre sua ereção.

— Foda-se, — Zane assobiou. — Você está me deixando louco.

Ty sorriu contra sua bochecha.

— Você é a pessoa no assento do motorista. Faça algo sobre isso, —


convidou com voz sedosa enquanto deixava seus lábios se moverem contra os
de Zane enquanto falava.

Zane puxou para trás com um suspiro e empurrou Ty para baixo da


cama. Segurando seu pênis dolorido, Zane empurrou sua calça para baixo
com a outra mão e a chutou de lado, olhando para seu amante. Ele ansiava
por ele, era loucura o quão ligado Zane estava.

Ty virou ligeiramente a cabeça para olhá-lo e ele sorriu de novo,


claramente satisfeito consigo mesmo. Ele tirou a cueca e se empurrou de volta
para o meio da cama, colocando-se em uma posição convidativa. A facilidade
com que se submetia era ainda muito suspeita. Estreitando os olhos, Zane
olhou para o corpo nu de Ty enquanto empurrava fora sua própria cueca,
perguntando-se quão passível seu amante estava se sentindo hoje. Depois de
uma análise e de um momento de admiração, Zane apontou para ele e girou o
dedo em uma silenciosa ordem de —role—.

Para surpresa crescente de Zane, o sorriso de Ty aumentou e ele


obedientemente rolou de barriga para baixo e apertou o rosto contra os
lençóis, empurrando seus quadris para cima em um movimento lento e
sensual.
Agora Zane sabia que algo estava acontecendo. Mas ele seria maldito se
estava perdendo uma oportunidade como esta. Se ele tivesse que pagar por
isso mais tarde, que assim seja. Rastejando sobre as coxas de Ty, esfregou sua
virilha contra a firme bunda de Ty. Cantarolando um pouco, ele se inclinou
para morder duro o pescoço de Ty enquanto uma mão deslizava pela espinha
dele.

Ty deu um suave suspiro melancólico quando ele foi mordido, mas


empurrou seus quadris para cima para encontrar Zane sem reclamar. Ele
gemia baixinho quando seus corpos se tocaram e o peso de Zane caiu sobre
ele, o som abafado pelo algodão muito macio.

Zane agarrou a gaveta ao lado da cama e a abriu, tirou uma camisinha e


um tubo de lubrificante e alisou seus dedos. Abaixou e puxou o quadril de Ty,
segurando-o com firmeza, enquanto arrastava um dedo na fenda, deixando
um rastro fino de lubrificante para trás. Ele podia ver Ty tremer e apertar e
isso deu câimbra em seu intestino em simpatia. Ele conhecia muito bem esse
momento de expectativa, à espera dos dedos de Ty.

Ty suspirou alto quando abaixou a cabeça e abriu os joelhos mais


amplos, praticamente implorando para Zane transar com ele. — Eu não
preciso disso, — disse a Zane com certeza. Zane respirou fundo enquanto ele
espalhava a mão sobre uma nádega, a apertando avidamente. Ele sabia que Ty
não tinha bebido esta noite para mentalmente se preparar para o seu papel
menos significativo neste cruzeiro, mas nenhuma cerveja ou droga fez isto
fácil de manusear, mesmo quando eles estavam no meio da foda. Essa era a
interpretação de Ty do Del Porter? Era este o Ty que ele veria nas próximas
duas semanas?

Ty chegou de volta e arrastou os dedos sobre o quadril de Zane, as


pontas dos dedos apenas mal podendo alcançar. Apesar das palavras de Ty,
Zane deslizou um dedo dentro dele e passou a mão livre em toda a pele de Ty,
deslizando para cima e para baixo de suas costas, querendo essa sensação tátil
enquanto ele esfregava dentro de Ty.
—Eu não preciso disso, Zane, — Ty respirou suplicante, pressionando
seu rosto na cama e gemendo impaciente. — Vamos lá. — Ele pediu enquanto
tentava empurrar os quadris mais alto.

Calor inundou Zane. Ele podia sentir seu rosto em chamas e certamente
não era de vergonha. Queria saber o quão longe ele poderia empurrar Ty
antes de ele começar a empurrar de volta, em vez de Zane empurrar outro
dedo dentro de Ty e, no calor do momento, bateu na bunda de Ty.

Ty nem sequer pestanejou, mas ele rosnou frustrado quando Zane levou
o seu tempo doce. Ele empurrou de volta nos dedos de Zane e espalhou seus
joelhos um pouco mais largos, implorando para Zane fodê-lo. Zane gemeu e
moveu a mão livre para fechar os dedos ao redor do pênis grosso balançando
abaixo da barriga de Ty. Ele acariciou mais algumas vezes e empurrou mais
dedos, torcendo enquanto adicionava pressão. O estalo do tapa estava
ecoando em seus ouvidos, assim como o pulsar do sangue em seu pênis.

— Caramba, Garrett! — Ty gritou com os dentes cerrados. Ele empurrou


seus quadris para trás exigente quando ele alcançou para arrastar os dedos
contra a pele do quadril de Zane, como se quisesse desesperadamente o
contato.

O toque persistente sentia como trilhas de fogo contra a pele de Zane e


ele teve que tirar uma respiração lenta e profunda para tentar reunir um
pouco de controle. Ele não queria que isso acabasse logo. — O que você
precisa, baby? — Ele respirou contra a orelha de Ty.

Ty virou a cabeça, tentando roçar seu rosto contra o de Zane.

— Você sabe o que eu quero, Zane.

Cristo, o som de seu nome naquela voz desesperada. Isso era impossível
ignorar. Zane deslizou os lábios ao longo da bochecha de Ty antes de soltar e
agarrar o preservativo, rolando-o e alisando-se apressadamente. Uma mão
pressionando as costas de Ty deu a Zane o ângulo certo, e ele empurrou,
prendendo a respiração, ofegante, quando deslizou dentro, onde era tão
apertado que ele pensou que ia se perder ali mesmo. Tanto para o controle.
Ele esticou o corpo de Ty e o prendeu na cama.

Ty deu um grito curto de prazer e um arrepio o percorreu quando Zane


estabeleceu-se sobre ele.

— Baby, — ele gemeu. Ele deslizou as mãos para os lados, flexionando


os dedos contra os lençóis, em silêncio, convidando Zane para segurá-lo. Ele
raramente permitia isso e Zane quase não sabia o que fazer. Zane lambeu os
lábios, trocou seu peso, e se mexeu para cobrir as mãos trêmulas de Ty antes
de rolar para baixo para mantê-lo no lugar. Seus poucos centímetros
adicionais de altura sobre Ty vinham a calhar. Então ele começou a mover
lentamente, balançando dentro e fora, trabalhando o seu pau mais profundo,
e ignorou o som, suspeitamente parecido com um gemido, que arrancou de
sua própria garganta.

— Foda-se, sim, — Ty choramingou, parecendo aliviado quando ele


colocou o rosto contra os lençóis e fechou os olhos. Ele deu um gemido lento
enquanto tentava empurrar os quadris para trás para encontrar o balanço de
Zane.

Zane fechou os olhos e abaixou a cabeça deslizando seus lábios e língua


ao longo da coluna de Ty enquanto ele se deleitava com a atenção lenta e
minuciosa que estava dando na incrível bunda de Ty. Quando ele ofegou para
respirar entre beijos, Zane decidiu que ele teria que tentar isso de novo - lento
e constante - porque com certeza isso se sentia tão incrível como suas duras,
mas gratificantes fodas de costume.

Ty se contorcia debaixo dele, lutando contra a pressão sobre o seu corpo


e as mãos que seguravam seus pulsos, mas na verdade, não tentava escapar.
Ele parecia gostar do súbito papel submisso.

— Você disse que precisava de prática, — Zane disse com um gemido,


realmente incapaz de fazer qualquer acusação.
— Cristo, Zane, pare de falar, — Ty disse ofegante, levantando a cabeça
da cama apenas o suficiente para tentar olhar por cima do ombro antes de
desistir e empurrar seu rosto contra os lençóis novamente.

Zane zombou, mas bateu os quadris duas vezes, duro, antes de voltar ao
ritmo lento. Ele poderia suspeitar de Ty “praticando” este ato submisso em
outra ocasião se ele não o conhecesse melhor. Eles não tinham passado
nenhuma noite separados desde que Zane se mudou para seu novo
apartamento em Baltimore, há três semanas, e recentemente quase todas as
vezes que eles estiveram juntos Ty tinha coberto. Zane com certeza não se
importava. Mas isso era viciante, também, e ele inclinou mais de seu peso nas
costas de Ty, com foco constante em empurrar para dentro do corpo
acolhedor sob o seu.

Ty tentou falar, mas ele estava, obviamente, incapacitado de formar


palavras. Ele simplesmente só conseguia gemer muito e alto, os dedos
cavando no lençol, tentando desesperadamente empurrar seus quadris contra
os golpes de Zane, se o seu tremor fosse uma indicação.

Os sons enviaram arrepios pelas entranhas de Zane e ele teve que parar
novamente para tomar algumas respirações lentas e profundas. Ele se apoiou
nos joelhos e olhou para os seus quadris, vendo seu pau deslizar e desaparecer
no apertado rabo de Ty. Ele se empurrou, movendo-se dolorosamente lento,
em seguida, puxou de volta apenas para ter o prazer de ouvir Ty gemer
enquanto ele tentava empurrar de volta contra ele, e o impulso de Ty no
colchão quase o fez entrar excessivamente brusco.

— Você quer andar amanhã? — Zane perguntou com voz rouca,


agarrando os quadris de Ty para mantê-lo quieto. Ty balançou a cabeça em
silêncio, seu corpo inteiro tenso quando ele revirou os quadris. — Tudo bem,
—Zane rosnou. Abaixou-se, agarrou a mão de Ty e torceu o braço nas suas
costas, como se estivesse se preparando para algemar um suspeito. Agarrou o
antebraço de Ty firmemente e o segurou para baixo pelo outro ombro, Zane
xingou entre dentes e empurrou com um pouco de força pela primeira vez
antes de se afastar até que sentisse como se pudesse escorregar para fora
completamente. Então ele empurrou de novo, e para fora, e de novo, sua
respiração tensa e dura enquanto ele tentava contorcer o suficiente para ver a
si mesmo. — Bem-fodido fica bem em você de qualquer maneira.

— Tudo fica bem em mim, — Ty disse, conseguindo rir sem fôlego antes
de ofegar e gemer. — Mais duro, bebê.

Cerrando os dentes, Zane abaixou até que estava novamente deitado


sobre Ty, mantendo-o para baixo com seu peso e fez como Ty exigiu,
acelerando o deslocamento de seus quadris e realmente começando a foder Ty
a sério. Ele empurrava Ty de volta a cada vez que empurrava asperamente e
ele chiava e gemia cada vez que penetrava tão profundamente que seus corpos
batiam juntos.

Mais do que a violenta batalha pelo controle que esse tipo de merda
brutal geralmente causava, Ty simplesmente se contorcia e gemia com cada
impulso, revirando os quadris para ajudar Zane a afundar, deslizando sua
pele brilhante e seus músculos duros contra Zane, ocasionalmente, gemendo
o nome de Zane ou implorando por mais e mais duro. Ele sequer tentou soltar
as mãos das mãos de Zane ou puxar o braço fora de suas costas.

— Ty, — Zane engasgou quando começou a curvar para trás de Ty,


sentindo a tensão dentro dele prestes a explodir, os poucos minutos de foda
dura desfazendo o seu controle.

— Ainda não, bebê, por favor, — Ty implorou com voz rouca e


desesperada.

Zane empurrou para cima, liberando o braço de Ty e o puxando até que


sua bunda estivesse no ar, com os joelhos bem abertos em uma posição
vulnerável que Ty raramente tolerava por muito tempo. Zane agarrou seus
quadris e afastou-se, observando novamente seu pênis, enquanto ele tentava
diminuir seus impulsos. Ele deslizou sensualmente três ou quatro vezes em
Ty, cuidadosamente puxando a cabeça de seu pênis quase completamente
para fora, forçando os músculos tensos se espalharem. Ty apertou forte em
torno dele, agarrando-se no lençol quando Zane agarrou seus quadris e
empurrou duro após cada puxão lento. Zane puxou para trás uma última vez,
balançando na borda.

Ty não podia mesmo gerenciar outra resposta que não fosse gritar
agudamente e enterrar o rosto nos lençóis emaranhados abaixo dele. Para
aumentar o choque de prazer de Zane, ele não moveu os quadris para forçar
Zane para trás, ele estava tomando feliz toda a punição oferecida por Zane,
implorando por aquilo, e o pensamento quase deixou Zane louco. Ele bateu
em seus quadris novamente, levando Ty duramente e não abrandou neste
momento. Zane soprou para respirar e alcançou a volta de Ty para embrulhar
a mão em torno de seu pênis, bombeando no ritmo da surra.

Ty enrolou em si mesmo, seu corpo tenso e incrivelmente apertado,


gemendo, impotente, quando ele gozou sobre os dedos de Zane. Zane
engasgou para respirar e gritou com voz rouca quando o corpo de Ty apertou
em volta dele. Os sons que Ty fazia enquanto Zane transava com ele,
desesperado, necessitado e desinibido, sempre foram demais para Zane. Seu
controle quebrou e ele empurrou duro uma, duas, inúmeras outras vezes
quando ele gozou duro e rápido, usando e abusando do corpo disposto de Ty
antes de cair nas costas dele com um gemido dolorido.

Levou um longo minuto antes de Zane encontrar vontade para sair


cuidadosamente de Ty e deitar de costas, ao seu lado. Ele ainda estava
ofegante, respirando profundamente quando virou a cabeça para olhar para
Ty de perto.

Ty sorriu para ele enquanto permanecia imóvel, com os olhos castanhos


dançando alegremente.

— Bom? — Ele perguntou, seu habitual tom de provocação de volta a


sua voz agora.

Zane olhou para ele enquanto seu pulso ainda palpitava.


— Sim, — ele concordou. — Isso foi... incomum.

Os lábios de Ty se curvaram divertidos e ele sorriu mais amplo.

— Queria ver se eu podia tirar a vibração de sex kitten9, — explicou


alegremente enquanto levantava seu torso apoiando-se nos cotovelos. —
Acontece que eu posso!

— Ótimo, — Zane resmungou esfregando os olhos. — É suposto que


devemos sair do camarote, você sabe.

— Só entrando no personagem, — Ty disse com um dar de ombros.


Então, em uma voz estranhamente parecida com a que Zane tinha visto do
homem por trás do vidro mais cedo, com sotaque britânico, ele disse: — Devia
ter aproveitado para se divertir, você perdeu a chance de fazer uma
brincadeira de gato. Amei o brinco, por falar nisso.

O sotaque surpreendeu Zane. Ele sabia pelo dossiê de Ty que seu


parceiro era um mímico perfeito. Ele poderia imitar uma série de sotaques e
várias alturas e tons, e era competente, se não fluente em várias línguas, persa
e francês entre elas. Várias vezes desde que foi transferido para Baltimore,
Zane testemunhou um de seus colegas vir e solicitar para Ty fazer uma
chamada telefônica ou gravação com um sotaque especial para um caso que
eles estavam trabalhando.

Zane nunca tinha tido a oportunidade de vê-lo “ouvi-lo” em ação. Este


caso seria interessante somente por esse aspecto por si só, ver se Ty podia
focar com o sotaque britânico por um longo período de tempo.

Zane bufou aborrecido e se afastou quando Ty tentou cutucar o brinco


de rubi.

9
Um sex kitten (gatinho sexual) é uma pessoa que exibe um estilo de vida sexualmente provocante ou
uma agressão sexual abundante. O termo originou c. 1958, e foi originalmente usado para descrever a atriz francesa
Brigitte Bardot. Ann-Margret foi descrita como um gatinho sexual no filme de 1964, Kitten with a Whip.
— Confie em mim, eu tenho buracos suficientes em meu corpo. Eu não
estava muito entusiasmado com este. Mas eu acho que é melhor que outro
buraco de bala.

Ty estendeu a mão para correr o dedo pelo rosto de Zane, uma


sobrancelha levantada em diversão.

— Isso é muito brilhante para não mexer. Você sabe que eu vou puxá-lo
em algum momento só para te ouvir gritar.

Zane estreitou os olhos.

— Experimente e eu vou arrancar algo sensível de você, idiota, — ele


disse com uma leve palmada no flanco de Ty.

A palma da mão de Ty achatou contra o rosto de Zane e ele chegou mais


perto, pressionando o nariz no de Zane com um sorriso travesso. Zane
pigarreou discretamente com o gesto. Ty raramente era brincalhão, era tanto
divertido quanto irritante vê-lo desta forma. Ele passou os dedos pelo agora
cabelo loiro de Ty.

— Não sei bem o que eu penso sobre isso, — ele disse com um leve
franzir. Não parecia certo em tudo e ele sabia que, apesar do que disse, já
tinha decidido que não gostava.

Ty grunhiu e puxou sua cabeça para trás, perdendo a jovialidade.

— Sim, bem, não se acostume com isso. Assim que essa merda acabar,
estou acabando com tudo isso, — ele murmurou enquanto virava o rosto e
apertava o nariz no travesseiro. Ele rolou e empurrou suas costas contra Zane
quando se enterrou debaixo do travesseiro. Ele era como um grande cachorro
tentando assumir uma pequena cama.

Zane deslocou para o lado e passou os braços ao redor dele, observando


como seus dedos agarraram a pele nua do peito de Ty. Ele não tinha
percebido isso enquanto esteve focado em foder o cérebro de Ty para fora.
— Bom, — ele murmurou em acordo, feliz em se acomodar e segurá-lo
perto. Conforme a palma da mão segurou o ombro de Ty, Zane se lembrou da
tatuagem faltando. Ele estava quase com medo de perguntar. — Como eles se
livraram do bulldog?

Ty grunhiu e levantou a cabeça, empurrando o travesseiro de lado


enquanto rolava nos braços de Zane e jogava uma perna sobre seu quadril. Ele
girou seu ombro para frente para inspecionar seu bíceps. — Algum tipo de
cobertura sintética. Como maquiagem de filme. Eles disseram que deve
aguentar bem por uma semana. E me ensinaram como fazer em caso de algo
acontecer. — Ele deu um tapinha no braço como consolo. — Pobre filhote.

Zane riu baixinho, mas Ty não pareceu notar.

— Eu não sei o que foi mais desagradável. A depilação com cera, o


clareamento, ou a manicure, — disse a Zane com voz descontente. Ele colocou
a cabeça para trás e para baixo. — Eles usaram coisas em meus dedos que eu
não via desde o Afeganistão, — ele murmurou pensativo quando deslizou seu
braço debaixo de Zane e então olhou para as pontas dos dedos, enrolando
suas pernas ainda mais juntas. — E puta merda, você recebeu uma
massagem? Brunnhilde10 exagerou um pouco demais com a coisa de tecidos
profundos. Meus ombros estão me matando.

A palavra “Afeganistão” chamou a atenção de Zane, mas a menção dos


músculos doloridos quase o desviou dela. Sim, agora que ele pensava sobre
isso, ele estava um pouco dolorido. A massagista tinha dito a ele que ficaria.
Mas ele também tinha acabado de fazer todo o trabalho em sua pequena
brincadeira.

— Sim, eu estou um pouco dolorido, — disse baixinho, pensando o quão


pouco sabia sobre o passado de Ty, especialmente coisas como os passeios nos
países hostis do Oriente Médio, uma equipe Recon da Marinha que era como
uma família, e por que ele falava persa como um nativo.
10
Brünnhilde ou Brünnhild na mitologia nórdica, é uma valquíria, um dos personagens
principais da Saga dos Volsungose de partes da Edda poética..
— Eu sinto que fui pego por um pterodátilo, — Ty murmurou. Ou ele
não tinha percebido seu deslize ou estava grato que Zane o ignorou. De
qualquer forma, ele esteve em silêncio por um longo tempo, olhando para
Zane com um pequeno sorriso. Por fim, pegou a mão de Zane e beijou as
pontas dos dedos antes de rolar para as costas.

Zane continuou pressionado contra seu lado, colocando a mão livre na


barriga da Ty.

— Eu não vejo nenhuma marca de mordida, exceto as minhas e as do


gato, — ele provocou. Ty gemeu e revirou os olhos, olhando de lado para Zane
enquanto tentava não rir. — Está tudo bem. Nada vai aparecer... desde que
você use uma gravata no escritório amanhã, — acrescentou Zane
descaradamente.

— Eu não estou preocupado, — Ty murmurou. — Nós temos que estar


no escritório cedo para que eles possam passar por cima de toda a nossa
merda técnica, — ele informou a Zane suavemente, recuando para o tema do
trabalho para evitar o assunto da gravata e ser pego fodendo um colega de
trabalho. Ele deu um profundo suspiro resignado. — Nós estamos muito
ferrados, Garrett.

— Por que você diz isso? — Zane murmurou enquanto suas pernas
estabeleciam juntas. Ambos ainda estavam pegajosos e suados e assim
estavam os lençóis, mas Zane não se importava.

Ty deu de ombros.

— Desempenhar um papel é uma coisa. Outra é fingir ser uma pessoa


real, — ele disse com ênfase. — Nossas marcas conhecem as pessoas que
deveríamos ser, melhor do que nós. E nós estaremos voando sozinhos. Essa
equipe de apoio será um último recurso. Nossas únicas armas serão tudo o
que pudermos esgueirar pela segurança do HMS Sinkytowne. — Seu nariz
enrugou e ele zombou ligeiramente. — É como uma armadilha mortal
flutuante. E o meu inglês de Manchester está muito malditamente
enferrujado.

Zane não estava muito certo se um navio de cruzeiro de alta classe


poderia ser chamado de armadilha mortal, por si só, mas ele entendeu a ideia.
Ty provavelmente tinha tido o suficiente de barcos por uma vida depois de ter
sido implantado tantas vezes.

— McCoy também disse que essas pessoas não os conhecem ainda e não
é provável que eles realmente saibam muito sobre eles. Quanto menos
tentarmos interagir com outra pessoa, melhor estaremos, — Zane disse,
sabendo por experiência própria que ser você mesmo, tanto quanto possível
durante um disfarce, tornava muito mais fácil agir à sua maneira sem
problema.

— Certo, — Ty murmurou, cantarolando enquanto seus dedos


deslizaram por Zane.

Zane o cutucou suavemente nas costelas.

— Isso é um “certo” como em de acordo ou um “certo” como em


brincando comigo?

— Um pouco de cada um, — Ty falou lentamente com um sorriso.

— Eu disse a McCoy que não recuaríamos de um desafio.

Ty virou a cabeça e piscou para ele perplexo.

— Ok, — ele disse lentamente, como se esperasse uma ressalva para a


declaração.

Zane franziu ligeiramente a testa.

— Você discorda?

— Não, — Ty respondeu no mesmo tom. — Eu só estou dizendo...


estamos ferrados. — Ele deu uma risada. — Mas hey, eu tenho que trabalhar
no meu bronzeado. E o meu sotaque.
— Onde você pegou um sotaque britânico? Se eu não o conhecesse
melhor, eu pensaria na Legião Estrangeira Francesa.

Ty bufou e riu.

— Eu ficaria bem usando aquela coisinha de chapéu11. — Ele sorriu


calorosamente para Zane, mas Zane o conhecia bem o suficiente para ver
através do calor em seus olhos para as engrenagens girando por trás deles. Ty
estava tentando encontrar a menor distância entre duas mentiras. — Nós
treinamos com uma equipe SAS. Forças especiais britânicas. Um acordo de
preparação para força-tarefa especial. Nós ensinamos uns aos outros mais do
que táticas de batalha. — Ele começou a rir de novo. — Em algum lugar no sul
da Inglaterra, há um cara que continua em sua adega fazendo a aguardente do
vovô.

Zane sorriu quase acreditando na história. Conhecendo Ty, aquilo


provavelmente tinha um pouco de verdade. Ty provavelmente havia treinado
com uma equipe SAS e conseguiu embebedar todos com a aguardente de
Chester Grady. Mas Zane também não tinha dúvidas de que a equipe do SAS
não era onde Ty aperfeiçoou o sotaque. Ele decidiu deixar isso passar
também. Não era realmente importante.

— Ah, o poder de um pouco de licor para soltar línguas. Em mais de um


sentido.

— Só negociando tesouros culturais, — Ty disse irônico.

Zane virou o rosto para o bíceps de Ty enquanto ria.

— Será que eles sabiam o que estavam recebendo quando você passou a
garrafa ao redor? Ou você apenas deu a receita e disse boa sorte?

11
—Mm. Em retrospecto, não é uma boa ideia deixar um inglês bêbado, se
ele ainda não estiver completamente desarmado.

— Eu não quero saber, — Zane resmungou.

— Provavelmente não, — Ty concordou enquanto olhava para o teto,


sorrindo ligeiramente.

Zane relaxou ainda mais contra o corpo de Ty e inalou. Então ele fez
uma careta e inalou novamente. Ty... cheirava a lavanda e baunilha.

— Será que você se banhou em loção? Ou esfregou em massa de biscoito


ou algo assim? — Porque havia também um cheiro de canela, agora que ele
realmente tentava descobrir os aromas estranhos que definitivamente não
eram de Ty. Talvez coco também.

— Pervertido, — Ty comentou. Ele ergueu a mão e cheirou seu bíceps,


sacudindo a cabeça. — Isso é da massagem e... o que quer que fosse.

—É aquele spray de bronzeamento? — Zane perguntou curioso quando


cutucou a barriga nua de Ty e a vasta extensão de pele.

— Não, — Ty respondeu com a voz um pouco insultada. Ele bateu na


mão de Zane e esfregou sua barriga como se tivesse cócegas. — Eu sempre sou
dessa cor, eles só... me lustraram um pouco, — ele explicou com a voz trêmula
de tanto rir.

— Você nem sempre é dessa cor, — Zane se opôs enviando os dedos de


volta para as depressões ao longo das costelas de Ty por um momento. —
Você não estava bronzeado aqui. — Sua mão deslizou até coxa de Ty.

Ty virou e agarrou a mão de Zane, empurrando-o de volta para o


colchão e rolando em sua direção.

— Pare com isso.

Zane riu e evitou a mão de Ty, deslizando sua mão sobre o quadril de Ty
para puxá-lo para mais perto.
— Não, eles fizeram alguma coisa. Parece estranho. Você parece... — Ele
fechou a boca com um estalo.

Ty levantou uma sobrancelha.

— Com o quê?

— Ah...— Zane limpou a garganta e murmurou uma maldição suave. Ele


estava indo ter uma merda por isso. — Você parece um boneco Ken.

Ty soltou uma risada surpreso, pressionando sua boca contra o ombro


de Zane para rir em silêncio baixinho. Ele fechou os olhos e balançou a
cabeça, finalmente.

— Eu sei, — ele gemeu quando rolou de costas e atirou o braço sobre os


olhos.

— Então, boneco, o que tem na bagagem para o cruzeiro? — Zane falou


lentamente, imaginando que ele poderia muito bem jogar.

Ty grunhiu e olhou de soslaio para Zane com um sorriso torto.

—Nada.

Zane sorriu e deliberadamente arrastou seu olhar para cima e para


baixo pelo longo, bronzeado, comprimento nu do corpo de Ty, e sentiu uma
nova onda de interesse na barriga, e pensou sobre em como esperaria que um
homem como Corbin Porter agiria se o homem incrível na cama com ele fosse
dele e só dele.

— Hmmm. Eu vou ter que trancá-lo na cabine então. De jeito nenhum


eu estou compartilhando isto, — ele passou a mão familiarmente sobre o
corpo de Ty, — com qualquer um. Boneco.

— Oh Deus, agora você está entrando no personagem, não é? — Ty


gemeu rindo enquanto ele se esticava sob a mão de Zane.
Zane o apalpou um pouco antes de erguer a mão para cobrir a mão
esquerda de Ty e unir seus dedos. Os dois anéis bateram levemente juntos, o
lembrando do que estava por vir.

— Você é meu, Del, — Zane falou lentamente com mais do que uma
pitada de arrogância afiando o seu tom de voz enquanto ele aproveitou a
oportunidade para olhar para Ty possessivamente, sem esconder isso nem um
pouco. E maldição se isso não se sentia bem. — Só se lembre disso quando
você for mostrar esse belo rabo ao redor do navio naquelas suas sungas
sumárias. — Agora ele podia sentir a risada ameaçadora causada por sua
escandalosa encenação e ele sabia que isso tinha que estar aparecendo em
seus olhos.

Ty olhava para ele, mordendo o lábio contra um sorriso.

— Ele é muito de um idiota, né? — Ele finalmente perguntou com a voz


vacilante com diversão.

— Oh Boneco, você não tem ideia, — Zane continuou apontando


oficiosamente uma sobrancelha para cima quando ele forçou a diversão de
seu comportamento, seus lábios curvando-se ligeiramente quando seus olhos
escuros assumiram um brilho voraz. Ele apertou a mão de Ty, os anéis de
apenas um corte, aquilo ajudou a evitar o riso. Ele sabia que era um bom ator
caramba, mas se alguém podia ver através dele, esse seria Ty. Podia muito
bem testá-lo agora.

Ty sorriu, apenas evitando rir antes de se recompor com notável


rapidez. Mas ele só conseguiu olhar para Zane seriamente por meros
segundos antes que seus lábios se contraíssem em outro sorriso e bufou,
tentando não rir. Bateu a mão sobre sua boca e se esforçou para ficar quieto.
Finalmente, ele se recuperou e olhou para Zane controlado mais uma vez com
um aceno sombrio.

Zane franziu a testa para ele por um longo momento antes de rolar os
olhos, porque tudo que ele queria fazer era rir também.
— Você está certo. Estamos totalmente ferrados.

Ty começou a rir baixinho, o som baixo e quente. Seu polegar deslizou


sobre o metal do anel de casamento de Zane e levantaram suas mãos olhando
para os anéis, um de ouro e arranhado de anos de desgaste constante, um
brilhante de prata e novo. O riso diminuiu. Ty lambeu os lábios quando os
examinou e então ele abaixou as mãos e rolou lentamente para Zane, seu
corpo lânguido e flexível uma vez mais quando o envolveu. Foi uma mudança
sutil, mas imediata em seu comportamento. Zane sabia que Ty era um
maldito bom agente infiltrado o que exigia muita atuação. Mas ele não sabia
que Ty tinha a habilidade para se tornar, literalmente, alguém com apenas
uma mudança de seu corpo. Ele ficou impressionado. Muito impressionado. E
um pouco perturbado.

O nariz de Ty cutucou o de Zane e ele o beijou lentamente.

— Nós vamos ficar bem, — ele assegurou a Zane com sotaque britânico,
sua voz arfou apenas um pouco mais do que o habitual. Ele sorriu contra os
lábios de Zane. — Você apenas tem que assumir isso. Acredite que eu sou seu
e você é meu, — ele sussurrou antes de lentamente arrastar os dentes ao longo
do lábio inferior de Zane.

O peito de Zane apertou, mais do que deveria Mesmo com o peso de Ty


em cima dele. Todo o seu corpo formigava com as palavras. Ele deixou seus
olhos meio fechados, não querendo examinar o sentimento muito de perto e
exalou trêmulo enquanto as palavras de Ty ecoavam em seus ouvidos.

— Faça-me acreditar, querido, — Ty persuadiu com o falso sotaque, sua


voz um sussurro.

Zane fechou seus braços ao redor de Ty para segurá-lo no lugar e tentou


encontrar a mentalidade que ele vinha cultivando durante todo o dia. Corbin
Porter era um egoísta arrogante, bastardo, possessivo, que acreditava que a
vida era o seu caminho ou a estrada. Zane não precisou nem dos vinte
minutos que o escutou, durante a entrevista, para descobrir isso. O que
preocupava Zane era como previsivelmente egoísta Corbin era de Del e como
isso muito facilmente traduzia seu próprio desejo silencioso para manter Ty
para ele mesmo... e como seu muito teimoso e independente amante iria
reagir a isso.

Ele apertou os dedos na pele quente de Ty.

— Você é meu, — afirmou naquela fala arrastada, afiada, confiante. —


Eu sei, você sabe disso. E assim saberá qualquer outra pessoa que olhar para
você.

— Lá vai você, — Ty murmurou com aprovação, pendurando a perna


sobre o quadril de Zane e o beijando languidamente, novamente, a mera ação
simultaneamente mais submissa e sedutora do que qualquer outra coisa que
Ty já tinha feito com ele antes. O efeito era inebriante e Zane encontrou tanto
seu corpo e sua mente respondendo do jeito que ele imaginou que Ty
pretendia.

Seu parceiro tinha acabado de chegar a novos níveis de má


manipulação, maldição.

Quando ele se afastou, Ty permitiu apenas espaço suficiente para puxar


a mão de Zane e olhar para ele.

— Você espera até de manhã para trocá-los? — Ele perguntou baixinho,


o sotaque e a sedutora identidade assumida foram tão de repente como
tinham vindo.

O olhar de Zane piscou para os seus dedos entrelaçados e ele olhou para
os anéis por um longo momento. Então fechou os olhos. De todos os detalhes
inerentes a este caso, essa era a única coisa que Zane realmente se ressentia.
Sim, era para um trabalho e muitos anos se passaram desde que Becky
morreu e não machucava como antigamente, mas ainda doía... E isso parecia
muito injusto. Ele deu um suspiro doloroso e o soltou lentamente antes de
reabrir os olhos.
— Você me lembra?

Ty olhou para o anel sem expressão. Então encontrou os olhos de Zane e


acenou com a cabeça, sem dizer uma palavra. Ambos sabiam que não havia
nada que ele pudesse dizer para tornar aquilo melhor e era impossível
decifrar o que Ty estava pensando. Ty sempre evitou o tema do anel de
casamento de Zane tão devotadamente como Zane o fazia. Ele deu um último
aperto na mão de Zane e, em seguida, a soltou e rolou para longe, gemendo
baixinho quando chegou à beira da cama e sentou-se.

Zane o observou em silêncio grato pela forma como Ty tratou seu


pedido. Os anéis eram um negócio maior para ele do que queria admitir e Ty
sabia disso. Na verdade, Zane estava surpreso ao ver que Ty ainda usava o seu
depois de colocá-lo nesta manhã, após a ordem de McCoy.

— Você está tentando se acostumar a usá-lo? — Ele perguntou


cuidadosamente. Ty saberia a que ele estava se referindo.

Ty virou a cabeça então ele estava olhando para Zane com o canto do
olho, ainda sentado na beira da cama.

— Acho que você pode dizer isso, — ele respondeu em voz baixa e rouca
que fez Zane arrepiar. Ele olhou para sua mão. — Eu o coloquei e eu acho que
meu dedo está inchado. Não fui capaz de tirá-lo.

— Nem mesmo com o óleo de massagem? — Zane perguntou com o


cenho franzido. Ty apenas balançou a cabeça. Zane sorriu lentamente. —
Experimente o lubrificante.

Ty bufou.

— Só se isso começar a doer ou eu ficar desesperado. Posso muito bem


deixá-lo até lá. — Ele estava murmurando enquanto quase virava o anel em
seu dedo.

Zane se perguntou, não pela primeira vez, o que passava pela mente de
Ty quando olhava para isso.
— Se importa se eu usar o seu chuveiro? — Ty perguntou calmamente.

— Você não tem que pedir, — Zane murmurou, observando suas costas.

Ty levantou, gemendo novamente quando se esticou. Olhou para Zane e


lhe deu um leve sorriso.

— Ficou um pouco levado, né? — Disse enquanto caminhava em direção


à porta. — Você é tão fácil, — acrescentou com uma voz satisfeita quando
desapareceu no corredor.

Zane bufou quando rolou de costas e sorriu para o teto. Ty Grady era
um bastardo egoísta, mas de alguma forma ele virava Zane como ninguém
jamais fez. Ele meditou sobre isso, esfregando preguiçosamente o anel, até
que ouviu a água começar a correr no chuveiro. Com um grunhido suave, ele
se levantou e saiu da cama. Aquele bastardo egoísta estava nu e molhado. De
jeito nenhum ele deixaria isso passar sem tirar uma vantagem daquilo.
Capítulo Três

TY liderou o caminho para fora do elevador, entrando no laboratório


tecnológico movendo seus olhos em direção ao seu parceiro. Zane não parecia
muito diferente exteriormente. Novo corte de cabelo, brinco novo, manicure,
mas ele ainda era o mesmo embaixo das caras roupas sob medida. Ty não
podia deixar de se sentir um pouco autoconsciente sobre as mudanças que
havia sido submetido, mas ele era muito bom em seu trabalho para mostrar
isso exteriormente. Ele esperava. Felizmente, não havia muita gente no
escritório às sete da manhã de um sábado. Eles planejavam embarcar no
navio por volta das onze.

— Bom dia senhores, — Stacy Knight os saudou quando veio até eles,
seguido por um ajudante cujo nome Ty não conseguia se lembrar que
carregava uma caixa de plástico. Knight tinha na mão dois arquivos, um dos
quais entregou a Ty.

— Bom dia, Q12, — Ty falou lentamente sorrindo quando pegou o


arquivo.

Knight tratava da maior parte da informação e esclarecimentos para os


agentes quando uma tecnologia nova ou incomum seria usada em um
trabalho. Ty não sabia por que ele precisava vê-los antes de saírem para o
cruzeiro, mas meio que temia o que Knight iria mostrá-los.

— Eu não tenho tempo para que você pense que é inteligente, esta
manhã, Grady, — Knight retornou secamente. — Vocês dois entreguem para

12
Q (pronunciada como qiú) é uma personagem criada pelo escritor britânico Ian Fleming existente nos
livros e filmes de James Bond. Ele é um integrante do MI-6, o serviço de inteligência britânico, responsável pela
produção de engenhos tecnológicos sofisticados a serem usados pelos agentes do serviço, especialmente pelo
agente 007 em suas missões.
Terry suas armas, facas, tacos, bestas e qualquer outra arma incomum que
possam estar transportando, por favor.

— O quê? Por quê? — Ty exigiu.

— Vocês e sua bagagem passarão pela segurança, raios-X, assim como


nos aeroportos em busca aleatória. Temos que descobrir como esconder as
armas e outros equipamentos em sua bagagem e vamos ter que ser criativos,
uma vez que as malas vão com um manobrista. Então, desembolsem tudo isso
de novo.

Ty e Zane a contragosto puxaram sua arma de serviço, seguida por suas


reservas e quaisquer outras armas que eles esconderam neles. Eles colocaram
cada peça na caixa de plástico. Quando Ty terminou, ele passou a mão sobre
sua jaqueta e acenou para Knight, mas Knight apenas suspirou impaciente
enquanto os observava. Ty balançou a cabeça e olhou com uma pitada de
diversão quando as facas escondidas de Zane continuavam acumulando no
balde.

Houve um momento de silêncio após a última fina faca de arremesso ser


colocada dentro.

— Isso é tudo? — Knight falou lentamente impressionado.

Zane revirou os olhos e cruzou os braços. Ele sempre levava aquelas


facas quando estava trabalhando fora do escritório, era uma estranha
peculiaridade que Ty não tinha visto em quaisquer outros agentes civis. A
habilidade e o hábito foram cortesia de algum treinamento extra que Zane
teve sorte na academia para compensar sua falta de experiência policial ou
militar. Ty aprovava, mas ele não diria isso para Zane.

— Bem. Agora que nós estabelecemos o domínio, sigam-me, — Knight


disse rolando seus olhos.

— Eu me sinto nu agora, — Zane murmurou.


Ty olhou para Zane e piscou para ele. Zane ainda não tinha tido a
oportunidade de conhecer muitos dos funcionários de apoio do escritório de
Baltimore, e Ty provavelmente não era a melhor pessoa para apresentá-lo ao
redor, não com a reputação que Ty tinha atraído.

— Parece que você teve uma noite difícil, — Knight comentou sobre seu
ombro enquanto arrastava atrás dele.

— Só fazendo uma pesquisa para o caso, — Ty respondeu com um dar de


ombros.

— Claro que você estava, — Knight murmurou com um sorriso.

Eles seguiram Knight para uma pequena sala de conferências onde o


agente especial encarregado Dan McCoy estava sentado esperando por eles.
McCoy levantou quando eles entraram, olhando os dois mais criticamente.

— Eu quase não te reconheci, — ele finalmente disse com um aceno de


aprovação. — Deixe-me ver o braço, — ele disse enquanto segurava sua mão
para Ty.

Ty tirou o paletó e arregaçou as mangas, curvando seu bíceps para


McCoy. Sua tatuagem não estava mais lá. Era estranho olhar para o braço e
não ver nada que não fosse pele.

— Como eles fizeram isso? — McCoy perguntou com interesse real.

— Algum tipo de pele sintética, — Ty respondeu triste. — Eles colaram


em cima.

— Parece muito bom, você nem percebe se não souber, que está olhando
para ela. Nós vamos ter certeza de colocar peças de reposição em sua bagagem
em algum lugar, — Knight comentou assim que se inclinou e olhou para o
braço de Ty. Ty colocou a mão na testa de Knight e o empurrou.

— O espaço pessoal, homem, — Ty disse com um sorriso bem-


humorado. Ele ouviu Zane abafar um suspiro.
— Falando de espaço pessoal, vamos ir direto a seus brinquedos para
isso, — McCoy disse quando acenou para Knight.

Knight virou-se para uma mesa de rolamento muito parecida com o tipo
em que os seus cirurgiões mantém seus instrumentos e escolheu através de
uma variedade de dispositivos que estavam lá. Ele levantou um par de óculos
escuros e se virou para entregá-los para Zane. Ele entregou outro para Ty.
Eles eram extraordinariamente pesados quando ele os levantou na palma da
mão.

— Elegante, — Ty comentou secamente.

— Cale a boca. Eles são encaixados com uma alimentação de vídeo aqui,
— Knight disse a Ty quando apontou para a parte superior esquerda do
quadro. — O outro lado possui uma bateria com energia suficiente para cerca
de uma hora de gravação ou três horas de transmissão. Use-o com
moderação. Não há como recarregá-la.

— Ok, — Ty murmurou quando virava mais os óculos e franziu a testa


para eles.

— Eu não tenho certeza para que eles serão úteis, — Zane murmurou
colocando-os de lado.

— Um de seus objetivos é tirar fotos dos homens envolvidos.


Imaginamos que uma Nikon poderia levantar suspeita, — McCoy disse a eles.
Tanto Ty e Zane balançaram a cabeça lentamente.

— E este é o seu scanner de documentos, — Knight disse quando


embalava um longo dispositivo com ambas as palmas. Era mais ou menos do
tamanho de uma régua, um pouco mais grosso. — Você sabe como usar um
desses, certo? — Knight perguntou para Ty com dúvida.
— Aperte o botão, digitalize o documento, — Ty respondeu
obedientemente.

— E não o use como um taco. Ele não foi construído para a violência, —
Knight advertiu.

— Eu só fiz isso uma vez! — Ty argumentou. — E, para ser justo, eu


tinha certeza que ele já era.

— Grady não pode isso. Não mais use equipamentos sensíveis de


tecnologia para mutilar, entendeu? — McCoy interrompeu.

— Sim, senhor, — Ty disse em uma voz descontente. Zane não estava


nem tentando abafar o riso silencioso.

Knight continuou.

— Tentamos inventar alguma forma para vocês dois se comunicar pelo


rádio, mas não temos nada discreto o suficiente em tão curto prazo. Vocês
estarão por sua conta própria, na medida em que isso vai.

— Telefones celulares? — Zane perguntou em dúvida.

— Eles não são confiáveis no mar, mesmo que a linha de cruzeiro afirme
que são. Não vale a pena o risco de emitir qualquer um e vocês não podem ter
os seus próprios. Vocês vão ter os telefones dos Porter com todos os seus
contatos. Mas, respondendo sua pergunta, eu tomaria cuidado se fosse você —
Knight divagava.

Ty olhou entre os dois homens. Nenhuma maneira confiável para se


comunicar com o seu parceiro ou com o resto da equipe, enquanto estivesse a
bordo do navio. Grande. Zane não parecia muito feliz.

— Vocês vão se reportar de volta para nós por um servidor seguro, mas
o acesso só será por terminais públicos. Vocês usarão os codinomes de Punch
e Judy13.

13
Punch e Judy é um tradicional show de marionetes com o Sr. Punch e sua esposa Judy.
— Punch e Judy, — Zane repetiu com voz desprovida de emoção.

— Divertido, — comentou Ty mordaz.

— Eu me divirto. Supere isso, — McCoy atirou de volta. — Os


computadores são públicos, por isso lembrem-se de ter cuidado e serem
inteligente ao acessar o servidor.

Ty apontou para Zane.

— O trabalho dele. — Zane encolheu os ombros.

— Certo. — McCoy entregou a eles duas grossas pastas. — E estes são os


seus itinerários.

— Nossos o quê? — Ty soltou alarmado. Ontem eles não tinham sido


informados sobre quaisquer itinerários, isso estava muito no alto da lista de
merda que eles precisavam saber.

— Quão fortemente estamos programados? — Zane perguntou não


parecendo surpreso. Ty olhou para ele de lado, mas Zane estava estudando os
papéis e não lhe prestando atenção.

— Eles são muito firmes, — McCoy disse em forma de desculpas. — Eles


encontraram isso em uma das malas de Porter quando procuravam
informações.

— Exatamente quanto planejamento vocês colocaram neste caso? — Ty


perguntou criticamente.

— A tinta ainda está secando. — McCoy disse ironicamente. Ele levantou


a mão para diminuir quaisquer protestos. — Ouça, esta oportunidade
praticamente caiu no nosso colo. Conseguimos conter os rumores sobre a
prisão dos Porters. Há meia dúzia de agências que deveriam ser notificadas e
que não foram. Interpol, a Europol, a Scotland Yard, e a italiana Guardia di
Finanza, para citar algumas. Cada uma dessas estará gritando para obter os
seus dedos no pote e vocês dois sabem o que acontece quando um caso se
torna uma guerra jurisdicional. A única maneira de manter essa tampa é ir em
silêncio e rápido.

— Além disso, isso significa que há uma chance muito real de vocês
serem presos por comércio de antiguidades roubadas, se você se deparar com
num agente de qualquer uma dessas organizações, — Knight disse com uma
pitada de alegria infantil.

Ty lhe lançou um olhar sujo e Zane sentou-se para frente quando ele
perguntou: — E, se nos deparamos com uma dessas outras agências-

McCoy cortou em voz alta, chamando sua atenção de volta para ele.

— Seu objetivo é reunir informações, entendeu? Não tentem prender,


deter, capturar, reduzir, restringir, inibir, prevenir ou qualquer outra forma as
atividades de qualquer um dos criminosos. Entendido?

— Sim, senhor, — Ty e Zane responderam em uníssono, Ty não se


preocupou em esconder como estava impressionado com o inventário.

— Porter tem dois parceiros: um italiano com o nome de Lorenzo


Bianchi e um turco chamado Armen Vartan. Bianchi é a cara do círculo, o
único que aparece. Ele faz a compra. Antiguidades roubadas, arte, relíquias de
valor inestimável, você escolhe.

— De onde vem essa informação? — Ty perguntou.

— Itália. Eles tiveram um talão de Bianchi por alguns anos, mas agora
não há maneira de meter o pé na porta. Tudo sobre ele no papel é legítimo. É
aí que Armen e Porter aparecem. Armen com os alvos e lida com aquisições;
Porter organiza o transporte e o armazenamento. Não há absolutamente
nenhuma informação no vento sobre Armen. Nós nem sequer temos uma foto
dele. Ainda.

Ty levantou os óculos com a câmera e descaradamente saudou seu chefe


com eles.

— Como você chegou até Porter? — Zane perguntou curiosamente.


— Infração de trânsito, — McCoy disse com um sorriso satisfeito.

— E você tem certeza absoluta que esses homens nunca se encontraram


pessoalmente? — Ty exigiu.

— Certeza o suficiente para arriscar sua vida nisso, — McCoy assegurou.


— Cada homem planejou cuidadosamente o itinerário feito para coincidir com
intervalos dos outros. É assim que eles planejam fazer sua comunicação. Ou
então nós assim entendemos.

— Então nós temos que grudar neles como cola, — Ty concluiu quando
acenou o arquivo na mão.

— Sim. Seus objetivos são simples. Obter imagens de Armen Vartan.


Recolher o máximo de informação que vocês podem sobre suas operações. E
não se matarem.

ZANE ficou ao pé da Califórnia King redonda com sua roupa de cama


extravagante e manta, com as mãos nos quadris, olhando para as três malas
abertas: uma sua, duas de Ty. Correção: Uma de Corbin, duas de Del. Já havia
roupas penduradas no armário que tinha chegado em sacos de roupa. Ele
torceu o nariz e olhou para todas as coisas e balançou a cabeça.

Eles foram recebidos por uma nota da empregada ao pé da sua cama,


dizendo que o quarto foi arrumado por Stella e eles poderiam ter certeza que
não havia escutas nele. Aparentemente alguém de sua equipe estava posando
como camareira e tinha varrido o espaço para aparelhos de escuta eletrônica.
Isso os deu um pouco de liberdade, de qualquer maneira, e considerando que
o navio inteiro era filmado por um circuito fechado, eles tomariam qualquer
pequena quantidade de privacidade que pudessem obter.
Ty não estava muito longe, além das partições que dividiam a suíte
ricamente decorada para o quarto e áreas de estar, contemplando os
arredores. Sua suíte era uma das apenas seis parecidas em todo o navio, com
mais de 150 metros quadrados de espaço. Isso deve ter custado aos Porters
um bom dinheiro.

Também estava completamente decorada para os feriados. Uma árvore


de Natal em miniatura em um canto perto das portas da varanda e uma cesta
de frutas natalinas estava na cômoda em frente à cama. O navio inteiro foi
decorado de forma similar. Grande parte da tripulação usava chapéus
vermelhos de Papai Noel e sorrisos ridículos. Vasos de árvores de Natal e
ramos de visco e luzes brilhantes brancas enfeitavam todas as áreas do navio.

Zane ficou um pouco chocado ao descobrir que Ty amava o tema do


feriado. Ele reclamou a manhã toda sobre perder o Natal com sua família,
mas foi distraído com as nomeações de luxo que encontraram quando
entraram no camarote.

— Bem, isso é melhor do que o beliche do último cruzeiro que participei.


— Ty disse a Zane com um pequeno sorriso quando se virou para encará-lo.

Zane riu.

— Beliches a bordo de um LST14? — Brincou.

— Nós tivemos que dividir, dormir em turnos. — Ty respondeu


ironicamente. Acenou para o camarote cheio de madeira de ébano e tapetes
persas no chão. Seus olhos estavam brilhando quando ele se moveu para
Zane. — Agora eu tenho uma atualização e eu ainda tenho que dividir uma
cama. Uma maldita rodada.

— Se você estiver desconfortável, há muito espaço nesse enorme sofá


para se esticar, — Zane brincou, virando para encará-lo com uma mão em seu
quadril. Ty parecia tão diferente com aquele cabelo loiro, mas Zane estava

14
O USS LST-2 foi um navio de guerra norte-americano da classe LST que operou durante a Segunda
Guerra Mundial.
vendo além disso agora. Concentrou-se em como Ty mudou, sobre a cor de
seus olhos, o timbre de sua voz e como tudo isso ainda fazia seu pulso acelerar
um pouco.

— Você choraria se eu realmente fizesse isso, — Ty disse a ele com uma


risada.

Afastou-se de Zane novamente, indo para a luz que entrava pelas portas
da varanda.

— Bem, talvez fizesse um beicinho, —, Zane falou lentamente, o


seguindo através do camarote. Era quase do mesmo tamanho de seu
apartamento, na verdade. Ele balançou a cabeça com a extravagância.
Embora certamente entretido por ter um dos maiores camarotes do navio
cruzeiro, isso era um inferno de um desperdício de dinheiro, quando tudo o
que estariam fazendo lá seria dormir. Mas não era o seu dinheiro, então Zane
encolheu os ombros.

— Se você tem mais de quatro anos, não está autorizado a fazer


beicinho, — Ty alegou distraidamente. Ele empurrou as portas duplas de
vidro que levavam à varanda privada e deixou entrar uma onda de ar frio do
oceano. Era meado de dezembro na costa leste. Estava frio. Mas Ty respirou
profundamente, colocando a cabeça para trás e sorrindo.

Zane encostou-se ao batente da porta e só observou. Embora o oceano


escuro fosse lindo no puro ar de dezembro era Ty que prendia sua atenção.
Zane não queria nem um cigarro, que era um desejo normal que batia nele,
cortesia do ar fresco e stress. Ty o distraia assim, desviando em pensamento,
palavra e ação para o melhor ou para o pior, e que tinha tornado mais fácil
para Zane parar completamente de fumar, de novo, há algumas semanas.
Zane suspirou silenciosamente. Para o melhor ou o pior. Ser “casado” de novo
o deixava... sentimental.

Há alguns meses, ele estava contente por ter Ty por perto, mas Zane
esperava Ty ficar impaciente. Ty não era o tipo de cara que você deveria se
apegar, porque ele não podia, ou não queria sossegar. Na verdade, Zane
estava assombrado pelo fato de sua brincadeira ainda manter o interesse de
Ty.

Ty deve ter sentido os olhos nele e se virou para olhar Zane quando seu
sorriso desapareceu.

— O quê? — Ele perguntou com um baque de sua mão. — Nós não


estamos aqui nem há dez minutos e você já tem aquele olhar de que esqueceu
o fogão ligado.

Zane sorriu e balançou a cabeça, levantando uma mão para esfregar


distraidamente o novo brinco.

— Só me preocupando com o que teremos pela frente.

Ty o olhou nos olhos por um longo momento, sua expressão


denunciando seu desejo de talvez falar alguma coisa com sinceridade. A
expressão desapareceu, porém, e Ty sorriu lentamente.

— Vamos entrar para encerrar a noite. — Ele brincou sugestivamente.

Zane se perguntou o que ele tinha quase falado, mas o que tinha saído
foi interessante o suficiente.

— Tem serviço de quarto, — Zane disse com voz arrastada. Era um caro
programa de cruzeiro com tudo incluído, para que pudessem ter, literalmente,
qualquer coisa que quisessem, contanto que isso estivesse disponível.

Eles haviam recebido a turnê usual no momento da chegada e tiveram


um almoço de serviço rápido, mas quiseram chegar a sua suíte rapidamente
para afastar qualquer um que quisesse chegar antes e grampear o lugar.
Passava poucos minutos de uma hora e seu primeiro evento não estava
programado pelas próximas vinte e quatro horas.

— Pelo menos com serviço de quarto não tenho que comer com um
sotaque britânico, — disse Ty em tom de gozação enquanto ele tentava não
sorrir. Ele encostou-se ao batente da porta enquanto o vento roçava sua
camisa de algodão fino.

Zane viu subir arrepios na pele de Ty e levou dois pequenos passos para
ficar bem diante dele, praticamente roçando seus peitos quando Zane passou
as mãos pelos braços de Ty.

— Você não está com frio aqui fora com o vento?

— Essa é a pior linha de aproximação que eu já ouvi, Zane, — Ty


advertiu suavemente. Ele enfiou um dedo em uma das presilhas do cinto de
Zane. — Sorte sua que você é bonito ou nunca transaria.

— Bonito? — Zane repetiu surpreso. Ty apenas riu, o sorriso largo


destacando as linhas de expressão ao redor dos olhos e da boca, linhas que
Zane via muito raramente. Ele balançou a cabeça e disse: — Nunca na minha
vida, fui chamado de 'bonito'. E vindo a pensar sobre isso, eu não acho que já
tive que usar uma linha de aproximação também.

— O último é porque você é bonito, — Ty afirmou com uma bufada de ar


escovando o rosto de Zane. Zane teve que rir quando abaixou a cabeça. Era
muito bobo pensar em si mesmo assim, com um nariz quebrado duas vezes
que curou um pouco torto, rugas nos cantos dos olhos e um inferno de um
monte de cicatrizes. Ty virou a cabeça e deu um beijo na bochecha de Zane e
depois ele colocou as duas mãos sobre o peito de Zane e o empurrou. —
Vamos começar a desfazer essas malas. Quero ver quantas armas eles
conseguiram esconder para a gente.

Zane relutantemente o soltou e o seguiu até a ridícula cama redonda.


Escolhendo uma das malas, ele pegou uma pesada nécessaire.

— Eu estou quase com medo de olhar, — Zane murmurou antes de abri-


lo. Era um kit de barbear a moda antiga com uma bacia de mármore, escova
de crina de cavalo, e duas navalhas de borda reta. Entre outros produtos de
higiene pessoal, havia duas compridas pedras de amolar com elástico ao redor
de cada uma delas e quando Zane as pegou, ele achou uma de suas facas
amarradas a cada pedra pesada. — Versátil, — ele disse com uma sobrancelha
levantada. — Embora eu não sei como irei usá-las com shorts de caminhada e
uma camisa polo.

Ty olhou para ver o que estava fazendo e concordou com Zane quando
olhou para o kit de barbear.

— Espero que eles tenham escondido mais do que apenas suas facas, —
ele murmurou enquanto cutucava uma das malas perfeitamente arrumadas.
— O que diabos é shorts de caminhada? Você é um geek, homem. Eu acho que
nós podemos usar as navalhas, se quisermos fazer um show de horror disso.

Ele tirou um saco de higiene de couro liso e o abriu, olhando para


dentro um segundo antes de simplesmente soltá-lo.

Aquilo caiu no colchão com um barulho de seu conteúdo enquanto Ty


ficou congelado, sua cabeça virada, os olhos fechados com as mãos ainda na
frente dele, como se pudesse estar traumatizado.

Zane olhou para cima e quando viu a bagunça engasgou com uma
risada.

— Ah...— Ele limpou a garganta enquanto olhava para a variedade de


brinquedos sexuais derramados em todo o edredom: três dildos diferentes,
um conjunto de anéis penianos de metal, uma dispersão de pinças, um frasco
de produto de limpeza de brinquedos, alguns lenços de seda e um par de
caixas longas com grampos. Pegou uma das caixas e a abriu. Dentro estava
um objeto que Zane ainda não estava familiarizado apresentado em uma
placa de veludo. Quando ele puxou a pequena placa, Zane encontrou dentro
pedaços de uma arma desmontada.

— Como eu disse, — Zane continuou, embora agora estivesse tentando


não rir, — engenhoso. Eu quero saber quem riu suas bundas, enquanto
embalava isso.
— Essa é a minha arma, — Ty disse com voz ofendida. — Eles
esconderam a arma nos brinquedos sexuais? Isso não está certo, cara. — Ele
balançou a cabeça e continuou resmungando para si mesmo, quando
começou a retirar peças de roupas e produtos de higiene pessoal, cuidado de
examiná-los para qualquer outra coisa que pudesse ter sido escondida para
eles.

— Bom esconderijo, se você me perguntar, — Zane disse enquanto


pegou uma coleira com joias e olhou na direção do pescoço de Ty, estimando
visualmente a possibilidade de um ajuste e decidindo que simplesmente não
parecia certo. — Que cara da segurança vai desmontar um vibrador para
verificar se há um barril de laminas?

Ty não respondeu, apenas olhava de soslaio para o colar e para o olhar


avaliador nos olhos de Zane. Ele bufou para ele e, em seguida, puxou outro
pequeno saco, a bolsa de designer do Del, a abriu com um pouco de medo.
Olhou cautelosamente, como se mais dildos de borracha fossem saltar para
ele, mas, em seguida, despejou o conteúdo na cama. Havia um iPod, um
conjunto de fones de ouvido, alguns livros de quebra-cabeça, duas perucas de
orelha e três dispositivos de escuta sem fio. Ty olhou para Zane e encolheu os
ombros.

— Minha pergunta seria se isso é deles ou nossos? — Zane disse


enquanto abria uma pequena bolsa de cordão e olhou dentro dela. Depois de
um momento, ele simplesmente puxou as cordas para fechá-la e a deixou cair
na cama. O tecido não abafou o barulho de tilintar macio.

— O que é isso? — Ty perguntou quando acenou para o saco.

Zane pegou o saco de volta e tirou um par de algemas pesadas.

— Estas podem ser úteis se eu não conseguir fazer você ficar parado, —
ele disse balançando as algemas em um dedo.

Ty balançou a cabeça e apontou um longo dedo de advertência para


Zane.
— Você tenta e eu vou surtar, — ele disse sério.

— Surtar? — Zane perguntou, franzindo o cenho. — Por quê? — Ele não


achava que já tinha visto Ty amarrado, exceto quando Zane o tinha
encontrado naquela catacumba escura em Nova York, quase sufocado... — Oh.
Okay. — Ele soltou as algemas de volta para o saco e o jogou de lado.

Ty apertou os lábios com força e olhou para o saco de novo.

— Talvez possamos usá-las se fizermos uma prisão, — ele finalmente


decidiu ironicamente antes de tirar mais roupa da mala. Havia uma pequena
pilha de cuecas e camisetas leves, e as colocou de lado, na frente de Zane. Eles
foram autorizados a trazer suas próprias cuecas, pelo menos.

— Eu realmente nunca pensei sobre comprar coisas como essas, — Zane


disse lentamente, soltando outra pequena caixa rotulada de Vacheron
Constantin15 após abri-la e encontrar um relógio muito caro. Outras caixas
continham abotoaduras, prendedores de gravatas à moda antiga, e vários
outros apetrechos de luxo.

— Com nosso salário, você não pode se dar ao luxo de olhar para coisas
como essa. — Ty lambeu os lábios e olhou para Zane com uma careta. — Esses
caras são meio fora do meu alcance, — declarou quando olhou de volta para
tudo o que tinha espalhado sobre a cama.

Zane se virou e sentou na beirada do colchão grosso para que ele


pudesse olhar para Ty. Dinheiro não era algo de que eles já tinham falado e
considerando como Ty estava reagindo ao ambiente caro, Zane não tinha
certeza se agora era um bom momento para abordar o assunto, mesmo em
tom de brincadeira.

— Isso é apenas para mostrar. Ter coisas caras não determina quem
você é.

Ty deu de ombros.
15
Vacheron Constantin é um dos mais antigos fabricantes de relógios de alta gama da Suíça
paralelamente com Blancpain.
— Não, a menos que você seja um idiota, — ele respondeu descuidado.
Olhou ao redor do camarote luxuosamente mobiliado. — Eu nunca conheci
ninguém que vivesse assim. Não tenho certeza se posso retirá-lo.

Zane olhou ao redor e deu de ombros. Uma vez ele já teve roupas de
grifes caras e tinha vivido em lugares chiques. Ele preferia o seu moletom
surrado e o seu apartamento, ou melhor, a casa germinada de Ty.

— Não é grande coisa. Apenas uma fachada. Ninguém precisa viver


assim. Eles só querem ser mimados. O dinheiro torna mais fácil ser
preguiçoso. — Ty olhou para ele com uma pequena carranca e Zane suspirou
interiormente e deu de os ombros. — Experiência pessoal, — murmurou,
recostando em um cotovelo.

— Em sendo preguiçoso? — Ty perguntou com um leve sorriso.

Zane balançou a cabeça lentamente.

— Você me conhece melhor do que isso. — Ty sorriu mais amplo, mas,


em seguida, voltou para uma expressão confusa.

Era evidente que ele queria perguntar mais, mas eles ainda estavam em
uma fase onde perguntar sobre o passado de cada um era um
empreendimento desconfortável. Zane observou as emoções cruzarem o rosto
de Ty e decidiu que uma resposta estava em ordem.

— Minha família tem dinheiro, — ele admitiu. — Operações pecuárias


por várias gerações.

A única reação de Ty foi arquear a sobrancelha. Zane conhecia suficiente


bem o seu normalmente expressivo parceiro, para saber que uma expressão
de tão pouca emoção escondia uma reação mais natural. A cara de pôquer de
Ty era impressionante a menos que você o conhecesse bem.

— Quanto? — Ty finalmente perguntou, expondo sua curiosidade.

— Na minha opinião, eles têm mais dinheiro do que juízo, — Zane disse
com um pequeno encolher de ombros. — Eu realmente não sei.
— Isso é provavelmente muito, então, — Ty concluiu com uma pitada de
desconforto mal disfarçada em sua voz.

— Provavelmente. — Zane admitiu. — Eu não sou exatamente mais uma


parte importante da família. — A velha dor fisgou um pouco e ele forçou-se
para sentar novamente. — Portanto, não é algo com que eu lide.

Ty virou a cabeça para observar Zane, mas ele não deu um passo para
trás ou se afastou para dar espaço. Isso foi uma omissão estranhamente
íntima.

— Então... o quê? Você foi cortado?

Zane balançou a cabeça.

— Nós simplesmente não nos damos bem. — Ele realmente não queria
entrar em uma nova versão de Dallas - muito potencial para as emoções
confusas que tentava manter enterradas com o resto do seu passado, para não
mencionar a seção terrível de lamentação com violino. Forçou um sorriso e
olhou para Ty. — Eu gosto muito mais da sua família.

— Eles são tão ruins assim? — Ty perguntou incrédulo.

Zane teve de rir.

— Não há como comparar, na verdade. Você tem a sua bagagem


familiar, certo? Bem, eu tenho a minha. E você sabe como é, eu e bagagem, —
ele tentou brincar, mas saiu simples melancólico.

Os olhos de Ty desviaram para as malas e pertences sobre a cama, então


olhou para Zane e balançou a cabeça tristemente.

— Se quiser falar sobre isso, — ele ofereceu lentamente, formando um


sorriso, assim que terminou, — você tem o número de Deacon, certo?

Calor encheu o peito de Zane e foi fácil voltar a sorrir. Comentários


como esse fazia muito para lembrar a Zane que Ty realmente se importava
com ele. Mesmo que Ty o estava empurrando para seu irmão psiquiatra.
— Sim. — Então ele olhou para a confusão em desordem na cama. —
Então. Não se preocupe com essa merda. Isso não quer dizer nada. E você não
precisa agir de forma diferente para lidar com isso.

— Sim, sim, — Ty murmurou enquanto se virou e correu a mão pelo


cabelo loiro descolorido. Afastou-se de Zane e da cama e começou a caminhar
para a varanda novamente. Olhou para a porta aberta por um longo
momento, aparentemente tentando se decidir e encontrar a mentalidade certa
para ser Del Porter em vez de Ty Grady.

Enquanto Zane o observava, ele viu a mudança nos ombros de Ty, viu o
estresse derreter nele, viu o seu andar se alterar quando ele andava em
direção às portas e no momento que seu parceiro chegou à varanda e virou,
Ty parecia confortável a sua volta e em sua nova pele. Foi uma mudança sutil,
assim como a que houve na cama de Zane na noite passada. Ty parecia ser
capaz de deslizar rapidamente para uma nova pessoa, ele simplesmente não
parecia ser capaz de mantê-la por muito tempo.

Ele deu a Zane um sorriso torto.

— Eu ainda preciso de um pouco de prática, — ele disse assumindo o


sotaque lírico de Del Porter. Ele mudou o som de sua voz, o tom. Mesmo a
sotaque de cascalho da montanha e a qualidade de rosnado que Zane tinha se
afeiçoado tinha ido embora, substituídos pelos suaves tons britânicos.

Novamente a capacidade impressionou Zane, embora ele


imediatamente sentisse falta da voz natural de Ty. Mas se Ty queria jogar o
jogo aqui na cabine de vez em quando para ajudá-los a entrar no personagem,
ele iria junto. Aquilo não poderia machucar. A melhor maneira de ficar em
segurança à paisana era vivê-la, mas ele seriamente duvidava que precisasse
ir tão longe neste caso e Zane preferia muito mais estar com Ty do que com
Del.

— E o que você sugere? — Ele perguntou no tom arrogante que usava


para Corbin.
Ty se moveu para frente dele, sorrindo enquanto caminhava até ficar na
frente dele e colocar um dedo no ombro de Zane. Ele o deixou provocando até
o pescoço de Zane e deu um beijo casto. Então disse com sua voz habitual: —
Eu quero tirar um cochilo. E, em seguida, comer.

— Fácil o suficiente. Empurre essa porcaria para fora da cama e nós


teremos tempo para um cochilo. Então, existem seis restaurantes de serviço
completo a bordo, dois no nível de luxo, — Zane apontou enquanto colocava
suas mãos nos quadris de Ty. — Isso não contando com o serviço de quarto e
todos os outros lugares e buffet com serviço de balcão.

— Serviço de quarto. Nós vamos passar por cima de nosso plano de


atuação. Mas, primeiro, vamos 'empurrar toda essa porcaria para fora da
cama’, — Ty repetiu com um sorriso enquanto ele se levantou e arrastou Zane
para fora da cama, em seguida, enganchou o pé ao redor do tornozelo de Zane
e o empurrou sempre muito suavemente no chão.

— Hey! — Zane se opôs, mas ele riu levemente enquanto batia no tapete.
Ele puxou os joelhos e equilibrou seus antebraços sobre eles quando olhava
para seu parceiro. — Puxa, eu me sinto tão amado. Jogado no chão com o
resto do lixo, — ele provocou.

Ty acenou com a cabeça, satisfeito consigo mesmo. Estendeu a mão e


varreu o resto do material para fora da cama, bem como, enviá-lo para pousar
no chão atrás de Zane. Então ele subiu na cama redonda e Zane ouviu um flop
cair pesadamente. Zane bufou e trocou de joelhos para que pudesse rastejar
para cima da cama e logo por cima de Ty.

— Você tem sorte por ser bonito.

— Droga certo, — Ty concordou com um sorriso arrogante enquanto se


esticava como um gato e ficou confortável em suas costas.

Zane riu antes de se mexer e deitar ao lado de Ty. Olhou de um lado


para o outro. Para uma grande cama, era, na verdade, uma vez se você
considerasse o colchão redondo e quão altos e largos eles eram. Deu de
ombros levemente e cruzou as mãos sobre sua cintura.

— Eu não sei se eu vou dormir, — murmurou Zane, embora ele estivesse


um pouco cansado. Mesmo que ele dormisse muito melhor agora do que há
alguns meses, uma noite, acordar muito cedo e novo estresse não
compensavam necessariamente o seu nervosismo no trabalho e no ambiente
estranho.

Ty não respondeu e quando Zane olhou para ele, ele viu que o seu
parceiro já estava dormindo, o rosto relaxado, respirando uniformemente.
Zane suspirou exasperado. Ty tinha a mesma capacidade de um monte de
gente que já tinha servido no exército: ele poderia dormir sempre e em
qualquer lugar. Zane invejava essa capacidade. Cuidadosamente ele virou
para o lado e deslizou contra ele, seu braço deslizou ao longo da cintura de Ty
e colocou a cabeça no travesseiro, apoiando a maçã do rosto no ombro de Ty.
Era fácil deixar seus olhos se fecharem, e ele rapidamente se entreteu com o
pensamento de Ty como seu próprio ursinho de pelúcia até adormecer.

Seus itinerários personalizados impressos de cada dia deslizaram por


baixo da porta na noite anterior, vieram em uma pasta verde espalhafatosa
amarrada com uma fita vermelha e supostamente combinava com os resumos
mais genéricos que McCoy os tinha dado naquela manhã. Apesar de terem
revisto brevemente os documentos em síntese, Ty pretendia passar por eles
novamente enquanto jantavam, apenas para assegurar que não haveria
mesmo nenhuma surpresa.

Sentou-se na pequena mesa de jantar com tampo de mármore de sua


cabine, joelho saltando enquanto lia as atividades programadas para Del
Porter.
— Juro por Deus, se tiver outra massagem vou me jogar no mar, — ele
murmurou enquanto esfregava o ombro dolorido. A massagista tinha avisado
que ele ficaria dolorido por alguns dias, mas aquilo era ridículo. Ele tinha
caído para fora de helicópteros e não ficou tão dolorido depois.

Zane garfou um pouco de salada enquanto olhava para a lista de Corbin.

— Umas férias, — ele comentou. — Duas atividades programadas por


dia, mais refeições, algumas excursões extras, enquanto nos portos. Embora
as noites estejam muito limpas, parece.

Ty acenou com a cabeça. Foi fácil construir um perfil dos dois homens
personificados apenas pelas atividades que tinham pago. Escalada, esqui
aquático, mergulho em penhasco, mergulho, uma bastante mansa —aventura
em tirolesa sobre as selvas de Puerto Rico— e várias outras atividades na
mesma linha. Viciados em adrenalina. Ou suicidas, dependendo do caso. Ty
levantou uma sobrancelha e sorriu levemente.

— Estou começando a gostar desses caras.

— Eu estou supondo que Corbin é o aventureiro e Del vai junto. Embora


ele parecesse que malhava, — comentou Zane. — Há alguma diferencia nos
itinerários?

Ty deslizou a pasta mais perto e olhou para a de Zane, as comparando


lado a lado.

— Parece que Corbin tem algumas noites reservadas nas mesas de jogo
de pôquer privado. Apostas altas. — Ty assobiou baixo. — Cem mil a aposta
inicial? Espero que você não esteja jogando com dinheiro do governo,
parceiro, — ele provocou.

Zane apontou para uma nota afixada no lado de seu itinerário. — A


conta dos Porters foi pré-carregada com o tesoureiro do navio. Aqui não diz
quanto, apesar de tudo.
— Você joga pôquer? — Ty perguntou enquanto se sentou para trás e
estudou Zane. Ele tinha a sensação de que Zane seria bom nisso. Ele tinha
uma baita de cara de pôquer.

— Sim, — Zane disse distraidamente, dando outra mordida na salada


enquanto lia a lista atividades. — Eu joguei um monte de jogos de azar em
Miami. — Ele olhou para cima com um sorriso. — Pôquer é sobre estatísticas e
sorte.

— Uh huh, — Ty responda com dúvida. — Mas eu estou falando de jogo


com dinheiro, papai, não a sua vida, — ele disse com um tapinha no joelho de
Zane. Ele sabia tudo o que queria saber sobre o que Zane tinha feito em
Miami.

O sorriso de Zane aumentou quando ele largou o garfo.

— Eu sou bom em ambos. Mas vou ficar com o dinheiro neste momento.
Especialmente desde que ele não é meu.

— Eu aprecio a garantia, — Ty murmurou pensando que ele iria


acreditar nisso quando visse.

— Eu não te chateio com suas armas. Não me chateie com meus


números, — Zane disse suavemente enquanto voltava para o jantar.

Ty olhou para ele e estreitou os olhos. Ele estava pensando mais na


linha de Zane aderindo ao jogo com dinheiro e não com a vida e a integridade
física, mas aparentemente Zane ainda era consciente quando chegou ao seu
nível sábio idiota que beirava os níveis de capacidade de cálculos numéricos.

Ty realmente não invejava a capacidade, mas a respeitava. Ty viu as


coisas como uma bagunça confusa, como um quebra-cabeça que havia sido
jogado sobre uma mesa. Ele poderia montar o quebra-cabeça sem virar as
peças para ver o que estava do outro lado, simplesmente indo no instinto e no
que parecia certo. Mas a mente de Zane pegava essas peças misturadas e as
selecionava, virando todas para cima, de cima para baixo, as rotulava por
categorias que iam desde cor até o nome do cara que as cortava na fábrica e
depois metodicamente as batia no lugar.

A diferença nos métodos os fazia uma equipe na maioria de difícil


compatibilidade, se não ocasionalmente em desacordo.

Zane olhou para cima de seu prato e levantou uma sobrancelha,


aparentemente à espera da réplica de Ty, que não tinha ocorrido. Ty franziu o
cenho, mudando a direção da conversa.

— O que há de errado com minhas armas?

Zane riu.

— Não há nada de errado com suas armas. E falando nisso, nós vamos
ter que ver se eles colocaram a minha na bagagem também. Eu não gosto de
estar desarmado. — Ele estendeu a mão para a cesta de pães, depois pegou
um rolo de levedura fofa e ofereceu para Ty.

Ty balançou a cabeça sorrindo ligeiramente. Era tão fácil distrair Zane


que às vezes era vergonhoso.

— Você vai ter que levar a minha a maior parte do tempo de qualquer
maneira, — disse. — A única coisa que eu tenho para vestir que é grossa o
suficiente para esconder uma arma é o smoking. — Ele acenou para os sacos
de roupa no armário. Ele arrancou a camisa que estava vestindo. Além das
camisas, que eram apenas um pouco apertadas nas costuras em torno de seus
ombros, ele descobriu que meio que gostava do guarda-roupa de Del Porter. A
maioria das roupas era feita de linho ou algodão ou musselina leve,
apropriada para locais tropicais. Mas não havia como esconder a .38 nas
dobras agarradas.

— Há isso, pelo menos. Corbin tem gosto de alta-costura e isso significa


mangas compridas, mesmo que sejam camisas de seda. Eu poderia sair com
uma lâmina. — Zane encolheu os ombros. — A seda é quente. — Ele
completou.
Ty balançou a cabeça e olhou de volta para sua pasta antes que Zane
pudesse ver o sorriso em seus lábios. Seda também prendia na pele como
cola. Ele passou algumas noites suadas em lençóis de seda que não se
lembrava com carinho. Principalmente porque o proprietário daqueles lençóis
de seda havia tentado matá-lo depois...

De qualquer forma, ele também não considerava camisas de seda de alta


moda, a menos que fosse um guido16 e gostasse muito de joias, também, mas
ele não ia entrar nisso com o Sr. Shorts de caminhada.

— Corbin tem manicure em cinco dias, — Zane disse enquanto afastava


ligeiramente o prato, a maior parte da comida que ele colocou para ele
consumida. — Del tem qualquer compromisso de salão?

Ty rapidamente folheou o itinerário, estremecendo quando avistou uma


massagem com pedras quentes. Ele revirou os ombros inconscientemente,
tentando aliviar a dor latejante.

— Se você já está sofrendo, apenas diga que você quer algo diferente, —
disse Zane.

— É só perto dos meus ombros. Eu acho que é onde todos os nós


estavam, — Ty murmurou enquanto apontava com o polegar por cima do
ombro. Ele virou a página. A massagem e sauna eram os únicos tratamentos
de spa programados. Graças a Deus. — Você é mergulhador certificado? —
Perguntou abruptamente quando olhou os detalhes de sua sessão de
mergulho.

— Não. Eu nunca mergulhei. Não importa, no entanto. Corbin é


certificado. Onde está isso? — Zane pegou o itinerário mais perto e passou o
dedo para baixo na lista.

— St. Maarten, — Ty resmungou. Ele estava observando Zane,


pensativo, infeliz com o fato de que mesmo depois de todos os meses que eles

16
Guido se refere ao descendente de italianos que mora em Nova Iorque e usa camisa desabotoada
para mostrar o peito musculoso.
eram parceiros, ele teve que perguntar a Zane algo tão pequeno. Quão bem ele
realmente conhecia o seu parceiro, um homem por quem, tinha certeza,
estava apaixonado? Ele estava pensando nisso desde que Zane revelou que
aparentemente sua família era muito rica. Ty nunca suspeitou, nunca esteve
particularmente curioso sobre a família de Zane ou porque ele nunca falava
dela. Será que ele realmente estava apaixonado por alguém de quem tinha
medo de perguntar sobre o seu passado?

Zane folheou a pasta de materiais e tirou o livreto de atividades. Ty já o


tinha olhado, mas ele o colocou de lado em nome do que eles realmente
tinham programado. O livreto incluía descrições de todos os eventos, duração
do evento, quanto exercício estava incluído e os preços. Zane folheou o livro
antes de parar e ler.

— Diz que do nível iniciante ao avançado podem ser acomodados. Devo


estar bem, não é? — Seu nariz enrugou. — Mergulho, — ele disse em um tom
especulativo.

Ty recostou-se na cadeira, garrafa de água na mão, enquanto continuava


observando Zane, enquanto seu parceiro estava distraído. Levou um tempo,
mas ele finalmente superou o constrangimento de quando Zane
ocasionalmente o pegava encarando. Ele ainda preferia ser discreto sobre
isso, apenas porque era mais divertido. Zane era intrigante quando não estava
ciente disso. Tal como agora. Sua atenção parecia estar completamente focada
no livreto enquanto olhava sobre as suas várias atividades. Ele murmurava
para si próprio, por vezes, franzindo a testa, seus longos dedos em volta de
uma caneta de tinta fina enquanto fazia anotações. Cenho franzido, olhos
pretos atentos.

Ty meio que queria pular em cima dele. Ele sorriu e tomou um longo
gole de água para conter o impulso. Ele inclinou a cabeça para um lado
enquanto observava Zane congelar e fazer uma profunda carranca. Agora ele
queria saltar nele ainda mais. Mas em vez disso, forçou-se a perguntar: — O
que há de errado?
A expressão facial de Zane se transformou numa de descrença. —
Mergulho de penhasco?

— Suponho que você também nunca mergulhou de um penhasco? — Ty


perguntou ironicamente.

— Ou esqui aquático. — Zane torceu o nariz. — Acho que vou ficar


doente no dia de mergulho de penhasco.

— Talvez a gente não vá ter que manter isso por muito tempo, — Ty
gentilmente ofereceu.

— Se nós terminamos mais cedo, acha que o Bureau nos terá de volta
aos EUA antes do fim do cruzeiro? — Zane perguntou enquanto se inclinava
para trás em sua cadeira.

Ty deu de ombros negligentemente.

— Provavelmente não. Muito caro para vir nos pegar. Por que, você está
planejando outras férias tão cedo? — Ele perguntou com um brilho perverso
em seus olhos.

Os olhos de Zane se arregalaram.

— Morda a sua língua ou-

Ty riu da previsível reação horrorizada de Zane. Ele empurrou a cadeira


para trás para equilibrar sobre as pernas traseiras, sorrindo amplamente.

—Isso nunca fica velho.

— Nós não estamos perto o suficiente de um hospital decente para


qualquer bobagem como... uma extensão de vários dias sem trabalho, — ele
improvisou sem jeito. — Não há como dizer que tipo de instalações médicas
essas ilhas têm.

Ty deixou sua cadeira bater de volta e ficou em pé num movimento


gracioso. Inclinou-se e beijou profundamente Zane, sorrindo, mesmo quando
seus lábios se encontraram. Sentiu Zane relaxar sob seu toque e seus lábios se
abriram sob Ty. Ty permaneceu sobre o beijo, aproveitando o tempo ocioso
enquanto eles tinham a oportunidade. Quando finalmente se afastou, ele
apertou o nariz no rosto de Zane, ainda sorrindo quando murmurou: — Você
é tão fácil de irritar.

Zane virou a cabeça, procurando os lábios de Ty novamente enquanto


levantava as mãos para segurar Ty em vez da cadeira.

— Eu poderia começar a esconder isso novamente, mas você parece


gostar muito de ver isso, — ele disse entre beijos.

— Eu gosto, — Ty concordou, arrastando os lábios sobre Zane, antes de


beijá-lo uma última vez e ficar em pé.

Um longo suspiro precedeu as palavras de Zane.

— Então, se Corbin e Del estão fazendo tudo isso, é uma boa aposta, os
outros estão fazendo parte disso. E de acordo com o mapa do navio, todas as
cabines deste nível estão à direita no final deste deck. Não há muitas delas,
embora eu não saiba o que isso importa. Tudo nesse navio é de alta classe.

— Seis delas, de fato, — Ty disse quando se sentou pesadamente. —


Além disso, algumas suítes para família e uma grande suíte real, todas as
quais estão lotadas aqui na popa do Deck Oito. É uma maldita boa aposta que
nossa presa está do outro lado do corredor ou ao lado.

Zane olhou para a área do quarto com uma careta.

— Eu me pergunto quão bem essas paredes são à prova de som, — ele


murmurou.

— Eu não ouvi nenhuma conversa por elas desde que chegamos aqui, —
Ty disse. E ele de fato tinha estado ouvindo, prestando atenção para isso
mesmo. Ele sorriu lentamente. — Não faria mal dar um grito ou dois
apaixonados à noite, no entanto. Para vender o nosso disfarce, é claro, — ele
disse com falsa sinceridade.
— Espero que você tenha trazido pastilha para tosse, então, porque você
vai ficar rouco, — Zane disse com voz arrastada.

O sorriso de Ty aumentou e ele piscou descaradamente para Zane. Sua


pequena experiência na noite passada, obviamente, foi muito bem. Ty tinha
gostado dela também, apesar de definitivamente ter sido um passo para fora
de sua zona de conforto.

— Não sei se eu poderia lidar com isso todas as noites, — ele admitiu
com franqueza incomum. Ainda estava dolorido do que Zane tinha feito com
ele, mas principalmente de maneiras agradáveis. Ty não era inferior muitas
vezes, por razões que nunca tinha realmente contemplado. Ele gostou
bastante daquilo.

— Eu não acho que importa qual de nós esteja gritando, — Zane disse
enquanto se remexia na cadeira.

Ty inclinou a cabeça brincando.

— Declarações como essa me fazem perguntar se você está fazendo a


coisa certa, — provocou.

Zane gemeu e deixou cair a cabeça para trás para que olhasse para o
teto.

— Não me tente com esse desafio. Temos trabalho a fazer.

— Ok, — Ty murmurou, segurando as duas mãos se desculpando. Pegou


a sua pasta novamente e virou a página, tentando se concentrar novamente.
—O que diabos o cruzeiro Rainha do Mediterrâneo está fazendo no Caribe,
afinal?

— Billy Ocean detém os direitos sobre o outro nome.

— Por que eles nomeariam um navio de Billy? — Ty perguntou com um


olhar de soslaio para Zane.

Zane o ignorou, embora o canto de sua boca se curvou um pouco.


— Há alguma dessas atividades que seriamente não precise fazer,
independentemente do horário? Eu realmente não acho que o mergulho do
penhasco é uma boa ideia, — ele disse com relutância evidente em sua voz.

— Por quê? — Ty perguntou quando olhou para Zane curioso. Ele


parecia desconfortável. Era um olhar estranho em um homem que tinha
passado as coisas que Ty sabia que Zane passou.

— O quê? — Ty insistiu depois de outro momento de silêncio.

— É assustador, ok? — Zane murmurou. — Enervante. Eu odeio queda


livre.

Ty lutou para não rir ou deixar qualquer mostra de diversão em seus


olhos, ele sabia que podia, embora raramente escondesse as emoções de Zane.
Ele balançou a cabeça e estendeu a mão para acariciar o joelho de Zane.

— Eu também, — ele disse simplesmente.

Zane soltou uma respiração lenta e acenou com a cabeça, antes de voltar
sua atenção para os papéis.

— De qualquer forma, — ele começou, mas não disse mais nada além
disso.

— Ajuda se alguém empurrar sobre a borda, — Ty disse para ele sério,


pensando que o medo de Zane de cair podia ir além de simplesmente cair de
um penhasco. Era a perda de controlo. Era apenas mais uma razão que Ty
sabia que se apaixonar por seu parceiro era um esforço solo.

— Eu vou passar, obrigado, — Zane respondeu imediatamente. — Eu


posso lidar com esse tipo de coisa, desde que eu estou ligado a uma corda.
Mas mergulhar de um penhasco é como perder o meu domínio sobre uma
corda atada.

O nó da corda de escalada na Academia do FBI representou o


solapamento físico de Zane na sua primeira vez. Ele se formou na segunda
tentativa, mas Ty sabia que ele ainda pensava na academia e sua corda como o
inferno.

— Há sempre uma escalada, — Ty ofereceu, mas ele não poderia colocar


muito esforço por trás disso. A conversa tinha atingido um nervo sensível e
ele perdeu relativamente o bom humor que ele tinha tido. Ele leu o roteiro em
silêncio, não realmente o vendo mais.

— Eu estava esperando uma pausa nas situações perigosas, — Zane


explicou depois de um momento de silêncio. — Nós estamos em uma porra de
navio de cruzeiro, sabe? O que poderia acontecer? Quem iria num agradável e
relaxante cruzeiro fazer a porra de um passeio de tirolesa pelas copas das
árvores na selva?

Ty murmurou pensativamente, concentrando-se na questão.

— Eu estaria muito interessado em ver os itinerários dos outros caras,


consultar qual passeio correspondem com todos os três, — ele disse de
repente. — E se essas aventuras têm algum propósito? Tipo, eles vão
mergulhar, mas estarão realmente coletando algumas antiguidades do chão
do oceano que pretendem vender?

— Há uma extravagância de compras planejada em Tortola, Ilhas


Virgens Britânicas, — disse Zane. — Talvez um encontro fora do navio para
fazer a venda?

— Ou para comprar. — Ty disse com um aceno de cabeça. Ele estava


com a pasta e começou a se mover em direção a varanda novamente,
inconscientemente atraído pelo o ar fresco e luz, apesar da temperatura fria
do lado de fora. Ele alcançou um ombro e começou a esfregar o músculo
dolorido na base de seu pescoço, sua carranca crescendo azedou seu humor
quando começou a ficar inquieto. Era por isso que ele tentava evitar tópicos
que evocavam a ideia de estar apaixonado. Isso sempre terminava com o
deprimente conhecimento que era muito mais que uma queda livre. Uma
solitária.
— Que tal fazer uma pausa e irmos passear enquanto ainda está claro lá
fora? — Zane sugeriu por trás dele.

— Parece bom para mim, — Ty murmurou. Ele jogou a pasta no


pequeno sofá da sala de estar.

— Bem, vamos, então, Boneco, — Zane falou na voz de Corbin.

Ty fez uma careta e um som depreciativo quando se virou e olhou para


Zane.

— Espere, eu tenho que colocar o meu britânico, — ele disse com um


suspiro resignado.

O sorriso de Zane reapareceu.

— Eu vou esperar.

Ty bufou. Ele estava lutando com a pessoa de Del Porter, voando dentro
e fora dele quando tentava afundar-se nisso, se preocupando com o sotaque e
sua capacidade para mantê-lo ao redor dos outros passageiros. Ele deslizou
seus pés em um confortável par de mocassins e acenou para Zane em direção
à porta.

— Eu vou conseguir, — disse a Zane com falsa confiança.

Zane apareceu ao seu lado, em vez de se afastar, e enrolou os dedos em


torno de cada um dos pulsos de Ty, capturando-os com firmeza e, lentamente,
os puxou para baixo e para trás em torno do Ty enquanto se inclinou para
perto.

Ty levantou uma sobrancelha, flexionando os dedos contra a mão de


Zane. Ele não tentou se soltar embora, e ele não sentia à beira da ameaça de
pânico que teria uma vez que tivesse suas mãos contidas. Ele sabia que não
poderia suportar as algemas.

Mas ele confiava em Zane.


— Talvez você devesse trocar para algo bom, — Zane sugeriu sem
problemas. — Dê-me algo lindo para olhar enquanto andamos por aí. — Ele
beijou a pele macia sob o queixo de Ty.

Ty ergueu o queixo para o beijo, em seguida, olhou cuidadosamente


para baixo de seu nariz para Zane, tentando decidir se ele estava ajudando ele
ou tirando sarro dele. Em seguida, a expressão de Ty aqueceu e ele sorriu
ironicamente. Havia uma parte dele que estava quase apreciando o
pensamento dos papéis que deveriam desempenhar, mesmo que ele tinha
passado a maior parte da manhã se queixando. Certamente estava muito
longe de quem ele realmente era.

— O que você gostaria de ver, querido? — Ele perguntou, o sotaque


britânico de volta com força total.

Um leve puxão nos braços de Ty o fez arquear para trás o suficiente para
que Zane pudesse beliscar sua garganta. — Algo que te faça ser notado, —
Zane murmurou antes de morder um pouco e, em seguida, lamber sobre a
pele maltratada. — Você sabe o quanto eu gosto disso.

Ty riu até mesmo enquanto ele tentava não perder o equilíbrio e cair
arrastando Zane junto.

— Você odeia isso, — ele corrigiu ironicamente.

Franzindo os lábios, Zane fez um barulho de acordo.

— Eu suponho que o que eu realmente gosto é de ver as pessoas


cobiçarem você e saber que você é meu. — Ele mordeu a orelha de Ty antes de
liberar seus pulsos. — Vá em frente, então.

Ty bufou, quase sorrindo tristemente quando encontrou os olhos de


Zane. Meio que desejando que para Zane significasse aquilo, ao invés de dizer
isso como parte do personagem que ele deveria estar representando. Mas
desejar nada iria lhe dar, exceto o coração partido, e eles tinham um caso para
se concentrar.
— Nós podemos fazer isso, —, assegurou a ambos em voz baixa.

Os roteiros disseram em quais elegantes restaurantes eles eram


esperados e para quais refeições, então escolheram um lugar para o almoço
do dia seguinte não era uma decisão que tinham que tomar. Zane fez um
estudo rápido do salão de jantar finamente decorado - também decorado com
verde e ouro do feriado - enquanto a hostess os levava a uma mesa de quatro
lugares com outros clientes. Isso deixaria dois lugares vazios além deles e eles
seriam capazes de conviver com relativa facilidade. Zane puxou uma cadeira e
acenou para Ty se sentar. Seus lábios tremeram quando viu Ty e esperava
para o show começar. Zane não tinha a intenção de ficar quieto, mas ele
definitivamente imaginava —Del— como o maior orador dos dois.

Ty olhou para ele e deu um sorriso perverso, em silêncio, dizendo —


observe isso— quando se sentou na cadeira que Zane tinha escolhido para ele.
Zane não considerava Ty como uma prostituta de atenção, mas ele também
definitivamente não se importava de receber os holofotes. Em outra vida, ele
provavelmente teria sido um grande ator.

Ty cumprimentou feliz aos outros clientes, sorrindo para eles e


recebendo o mesmo tipo de resposta morna que Ty sempre tinha quando ele
ligava o charme. Porém, este foi todo um novo nível de carisma, desinibido e
livre da imagem de durão usual de Ty. Zane não tentou segurar sua diversão
ou o sorriso, nenhuma razão disso. Ele se sentou, um pouco para trás da mesa
para que pudesse sustentar um braço na quina e casualmente cruzar as
pernas compridas, e esfregou as mãos um pouco. Elas estavam secas do
bocado de desinfetante para mão onipresente que tinha obtido a partir de um
dispensador quando eles saíram do elevador.

Ty fez uma produção ao apresentá-los para o resto das pessoas na mesa,


recebendo o nome de seus comensais em troca. Era, afinal, parte de seu
trabalho identificar a pequena lista de nomes que tinha sido dada. Dois
nomes, para ser preciso: Armen Vartan e Lorenzo Bianchi, os outros dois
principais jogadores da quadrilha de contrabando além de Corbin Porter.
Certamente Zane não esperava percorrer um por um a lista de alguns
milhares de passageiros, mas eles tinham que começar em algum lugar. O
almoço era um lugar tão bom quanto qualquer outro.

— E como todo mundo está nessa tarde? — Ty perguntou solenemente


quando ele estendeu a mão e pegou a mão de Zane na sua por baixo da mesa.
Eles não estavam sendo muito óbvios com demonstrações públicas
simplesmente porque Ty alegou que era falta de classe estar sobre os outros o
tempo todo. Até agora, eles conseguiram exalar apenas uma proximidade sutil
que era muito familiar, o mesmo tipo que compartilhavam quando em
privado. Se os olhos de Zane demoraram um pouco mais enquanto observa
seu —marido—... bem, quem iria culpá-lo? Mesmo com o cabelo loiro
berrante, Ty era impressionante.

Ty continuava conversando à toa com os outros, pergunto sobre suas


coisas favoritas para fazer a bordo, incluindo as festas de Natal durante todo o
cruzeiro, e lugares para visitar quando estiverem no porto. Zane tentou não
sorrir demais. Era realmente engraçado, senão um pouco chocante, ouvindo
—Del— tagarelar. Ty não era o que se poderia classificar como um tagarela.
Pelo contrário, ele era - e Zane deveria ter sabido melhor do que ser
surpreendido - um conversador muito competente.

Zane voltou sua atenção para a sala como um todo, atuando como se
para apreciar a paisagem enquanto estudava seu arredor: as saídas de
emergência, janelas, medidas de segurança, câmeras escondidas, outros
turistas, cargas e cargas de decorações. Escutava com metade de uma orelha
até que um garçom latino, bem vestido com calças cor cáqui, camisa oxford
branca de abotoar e colete azul marinho que era o uniforme da tripulação,
aproximou-se e começou a tomar os pedidos de bebida depois de entregar
uma única folha do menu de almoço.

Depois de ouvir uma série de pedidos desfiou recitados pelos outros


passageiros, o garçom parou e olhou para Ty com expectativa. Ty olhou para
ele e hesitou, obviamente, esqueceu de ler o menu.
— Qualquer coisa que você queira, Boneco, — Zane falou suavemente,
levando sua voz baixa.

Ty olhou para ele e de volta para o garçom, rapidamente pedindo uma


refeição de três pratos no menu que incluía uma bebida destinada para
complementar a refeição. Zane não tinha certeza se Ty tinha realmente
olhado para isso ou só apontou.

Zane leu rapidamente as escolhas, pegou um único prato principal e


salada, e pediu especificamente por uma Evian17, em vez de um coquetel. O
garçom assentiu, completou as outras ordens, e saiu. A conversa ainda
continuava em torno dele, Ty falando com o sotaque quase perfeito. Zane não
estava ouvindo tantos deslizes agora como quando eles deixaram a cabine. Ty
ainda teve os coloquialismos baixo quando os usava. Ele podia não enganar
um nativo, mas ele poderia ter enganado Zane.

Quando Ty deixou seus dedos deslizarem sobre a palma de Zane quando


ele sorriu para um de seus companheiros de mesa, Zane previu que no
momento em que este almoço terminasse, o rosto de Ty iria doer de tanto
sorrir.

Um membro da equipe de garçons apareceu com suas bebidas,


colocando, uma bebida rosa pálida congelada na frente de Ty antes de
prosseguir. Ty piscou para ela, sua fachada quase perfeita apenas oscilou um
pouco, mas depois sorriu e agradeceu ao garçom quando estendeu a mão para
o pêssego Bellini.

Zane se inclinou na direção dele e praticamente ronronou: — Aproveite,


Boneco, estamos aqui para comemorar, certo? — Ele colocou a mão no
antebraço de Ty e o apertou gentilmente. Ele imaginou que eles estavam
fazendo muito bem em imitar essas identidades, mesmo que eles o estavam
fazendo à esquerda e à direita. Eles estavam jogando uns contra os outros

17
É uma marca de água mineral proveniente de várias fontes perto de Évian-les-Bains, na costa sul
do Lago de Genebra.
bem. Como um verdadeiro casal. Algo sobre isso fez Zane se sentir melhor do
que ele achava que deveria.

Ty apertou a mão dele debaixo da mesa, como se ele soubesse o que


Zane estava pensando. Alguns momentos depois, Ty inclinou-se para ele e
disse: —Esta coisa rosa é realmente muito boa.

Zane riu baixinho e Ty se afastou novamente. Daí em diante, Zane


relaxou e sorriu enquanto ele conversou com o senhor perto sobre a política
recente, assumindo o que ele achava que era o convencido sotaque de Corbin.
Quando desviou o olhar para Ty alguns minutos mais tarde, Zane encontrou-
se perguntando de onde este charmoso conversador tinha vindo e como ele
seria capaz de mantê-lo após o caso. E isso o surpreendeu o suficiente para
que não ouvisse o garçom falando com ele.

Zane piscou e percebeu que ele estava encarando quando Ty cutucou o


joelho com expectativa sob a mesa para levá-lo. Em seguida, uma das
mulheres à mesa riu por trás de sua mão e o instinto assumiu. Zane estendeu
a mão para escovar os nós dos dedos levemente por toda a bochecha de Ty
enquanto sorria calorosamente e depois voltou sua atenção para o garçom,
que estava confirmando a sua ordem antes de descer o prato. Ty estremeceu
involuntariamente e balançou a cabeça, inclinando-se longe de Zane quando a
mulher ao lado dele fez uma pergunta.

Zane podia ouvir os dois outros casais na mesa murmurando, mas ele
não reconhecia a conversa. Ele tinha ficado preso, depois de tudo. Pareceu-
lhe, por seu rápido estudo que Corbin não se preocupa com o que as outras
pessoas pensavam. Somente Del – Ty – importava, e sua mão ficou na de
Zane, seu polegar esfregando suavemente os dedos de Zane, deslizando
suavemente sobre o metal de seu falso anel de casamento. Era estranhamente
reconfortante.

Era fácil assistir ao desempenho magistral de Ty pelo resto do almoço e


Zane se deixou apreciá-lo.
Capítulo Quatro

Ty deitou em uma das espreguiçadeiras, estendeu as mãos atrás da


cabeça e os olhos fechados contra o brilhante sol de inverno filtrado por meio
do vidro de proteção que abrigava a piscina coberta. Logo após o almoço, ele e
Zane decidiram mostrar seus rostos e realmente tentar se divertir antes de
irem mais fundo no caso. Ty tinha optado pela piscina antes de se lembrar do
pedaço de pele sintética cobrindo sua tatuagem. Ele não tinha certeza se isso
poderia ser submerso e queria testar em particular antes de mergulhar.

Ele estava deitado imóvel há muito tempo, no entanto. Ele continuava


dizendo a si mesmo que era parte do disfarce. Esta era a única coisa que
qualquer um esperava que fizesse. Eles imaginavam que estar à vista na
primeira tarde seria um bom plano, e a área da piscina sob a cúpula
significava que era muito quente.

Ty não tinha certeza para onde Zane tinha ido. Ele sabia que não podia
seguir os passos de seu parceiro por medo de parecer muito suspeito, mas
deixar Zane fora de sua vista o deixava nervoso, no entanto. Ele sabia que
havia agentes a bordo do navio em algum lugar, sem dúvida, olhando por eles.
Mas ele ainda tinha de encontrar qualquer um deles e isso o perturbava.

Ninguém era tão bom que poderia constantemente esconder quando um


olho treinado sabia olhar para eles. Ty disse para ele mesmo que eles
provavelmente estavam mantendo um perfil baixo e para não se preocupar
com isso.

Finalmente, ele não poderia levar o relaxamento por mais tempo e


levantou a cabeça, apertando os olhos enquanto olhava em volta para ver se
Zane estava perto, em busca de uma cabeça escura em algum lugar. Ele
passou por cima das três primeiras quase que imediatamente. Em seguida,
avistou um homem surgindo na piscina no meio de uma reunião de mulheres
com diversos tipos de maiô.

Ty inclinou a cabeça, permitindo-se examinar o aperto em seu peito em


reação a avistar o seu parceiro. Isso vinha ocorrendo mais frequentemente
recentemente. Ty não sabia se foi por causa de apenas ter mais oportunidade
de detectar Zane em uma multidão agora, ou se era devido às possibilidades
mais óbvias. Ele tinha parado de tentar negar o fato de que estava apaixonado
há algumas semanas. O fato de que eles não só poderiam mostrar um ao outro
um pouco de atenção aqui no navio, mas que eles foram encorajados a fazê-lo,
só aumentava o peso dos sentimentos que ele percebeu nas montanhas de
West Virginia.

Ele ainda tinha suas dúvidas, é claro, e o pensamento ainda o enervava,


mas ele tinha praticamente chegado a um acordo com isso. Era quase
divertido. Se ele fosse um homem de apostas, ele nunca teria se escolhido
entre os dois para ser o tolo que se apaixonaria.

Ty suspirou um pouco e protegeu os olhos, olhando distraidamente


Zane.

Ficou claro que diversas mulheres flertavam com ele e era claro que
Zane –Corbin– estava se divertindo imensamente. Zane penteou seu cabelo
molhado para trás com uma das mãos enquanto falava com algumas delas
antes de o grupo rir e Zane deu o sorriso cheio de si, que Ty rapidamente
associou com Corbin. O verdadeiro Corbin Porter era obviamente um idiota,
se a impressão que Zane tinha dele era qualquer coisa perto disso.

Mas Zane, com a adição de autoconfiança na sua atitude, estava batendo


botões que Ty nem sabia que possuía. Ele suspirou, olhando para o anel de
prata em seu dedo. Ainda era estranho vê-lo lá. E era irritante que ainda não
conseguia tirá-lo. Ele o puxou como tinha estado fazendo durante toda a
manhã. Estava apenas um pouco apertado e não se moveu na junta
cicatrizada ainda inchada. Hoje à noite ele pretendia passar um pouco de
sabão nele. Ou se falhasse, Astroglide18.

Olhou para cima, suspirando enquanto continuava tentando girar o anel


ao redor de seu dedo. Demorou um bom tempo para ele registrar que Zane
estava vadeando em direção a ele, duas mulheres arrastando ao longo, ainda
falando quando entraram em águas mais rasas.

Ty o observou apreciativamente, não se preocupando que alguém


pudesse ver isso, como normalmente fazia. Inferno, seria estranho se as
pessoas não o vissem olhando, certo? Ele se esticou para trás em sua cadeira,
cruzando um tornozelo sobre o outro e colocando as mãos atrás da cabeça.

Aquilo lhe deu um ponto de vista confortável para ver o fluxo de água
sobre a pele de Zane quando ele subia os degraus rasos para fora da piscina. A
sobrancelha de Ty subiu quando notou a brilhante sunga europeia vermelha
que ficou colada à pele de Zane como papel crepom, bem abaixo do umbigo,
um traço escarlate em seus quadris magros e abdômen musculoso.

Ty cruzou os tornozelos para o outro lado e olhou para o céu


rapidamente, lutando contra sua reação natural à vista. Sua própria sunga era
parecida, mas na cor preta. Ele esperava parecer tão bem como seu parceiro.

Então Zane ergueu a toalha para enxugar o rosto e virou de costas para
Ty. Ty deu uma segunda olhada quando avistou a tinta na parte mais baixa
das costas de Zane, sob a mistura de finas cicatrizes brancas que ele sabia que
estavam lá. Parecia uma vinha trançada com folhas pequenas e espinhos, um
conjunto simples, mas marcante de linhas pretas que envolviam e viravam,
atingindo de quadril a quadril ao longo das costas de Zane antes de mergulhar
para baixo para um ponto apenas dentro dessa muito curta sunga vermelha,
formando um triângulo invertido que se destacava contra a pele bronzeada de
Zane.

Como diabos ele tinha perdido isso?

18
Marca de lubrificante.
Ty bateu com a mão na boca para abafar a risada que ameaçava.
Finalmente, Zane estava tendo um pouco do mesmo tratamento que ele
esteve lidando. Ty supôs que ser forçado a vestir roupas brancas e cabelos
platinados era melhor do que ter um selo de vagabundo de henna.

Ele bufou enquanto ele ficou ali sozinho e teve que desviar o olhar antes
que começasse a rir mais e fizesse uma cena. Uma vez que recuperou o
controle, ele olhou de novo, quando uma das mulheres se aproximou de Zane,
o rosto claro para Ty já que ela o encarava e deliberadamente colocou a mão
sobre a pele nua do quadril de Zane para escovar os dedos perto da tatuagem.
Ty assobiou baixinho, esperando que a henna ou o que quer que tivessem
usado para colocar a tatuagem não esfregasse para fora quando estava
molhado.

Ele não podia ter ouvido a proposta mais claramente se ele estivesse
bem ali ao lado deles. Ele abaixou a cabeça, olhando distraidamente quando
deixou a mão cair para o lado. Ele nunca tinha visto Zane flertar, além de suas
patéticas tentativas em tentar seduzir Ty para a cama. E durante a sua
primeira semana juntos em Nova York, quando eles se reuniram com Serena
Scott.

Ela era do tipo que comia seus companheiros de cama depois. Zane
parecia gostar disso.

A boca da mulher formou um O antes de uma ligeira carranca enrugar a


testa. Zane se virou o suficiente para que Ty pudesse ver o sorriso nos lábios,
inclinando a cabeça na direção de Ty quando ele colocou a mão sobre a dela e
a tirou de seu quadril, embora ele beijasse seus dedos antes de liberá-la para
aliviar a rejeição. A mulher afobada recuou e acenou com a cabeça,
oferecendo um sorriso envergonhado e Zane se virou para caminhar em
direção a Ty, o sorriso de Corbin ainda no local.

Ty não se mexeu enquanto observava a aproximação de Zane. Ele


simplesmente manteve os olhos sobre ele, um sorriso curvando seus lábios
quando Zane se aproximou. Então Zane parou no pé da espreguiçadeira e
abertamente o olhou de cima a baixo.

— Está se divertindo? — Ele perguntou antes de limpar o seu rosto de


novo com a toalha que carregava.

Ty não pôde deixar de se alongar sob a avaliação franca. Ele deu um


sorriso satisfeito para Zane.

— Eu estou agora, — ele respondeu ironicamente, o sotaque vindo mais


fácil para ele. O sotaque, ele tinha descoberto, na verdade tornou mais fácil
ser Del Porter. Quando ele parava de usá-lo em privado, era muito mais difícil
encontrar a atitude correta. Apesar disso, ele não podia comprometer-se a
usá-lo o tempo todo. Soava muito malditamente bobo.

O sorriso de Zane se transformou em um sorriso malicioso.

— Sente-se Boneco, — ele disse enquanto esfregava a toalha sobre o


peito e abdômen.

Ty levantou uma sobrancelha. Zane realmente parecia estar gostando do


seu papel. Ele se levantou sobre os cotovelos, Zane deu um sorriso torto e ele
sentou-se conforme solicitado. Zane montou na espreguiçadeira, sentou-se e
deslizou por trás dele, então se inclinou para trás, Ty cuidadosamente entre as
pernas esparramadas.

— Ah. Um ponto de vista muito melhor para rastrear pessoas


interessantes, — Zane murmurou agradavelmente, caindo no sotaque oleoso
de Corbin.

Ty estendeu a mão para a mesa ao lado da cadeira e pegou seus óculos


de sol. Ele apoiou um cotovelo no joelho de Zane, olhando em volta enquanto
deixava as costas de seus dedos deslizar ao longo da pele úmida da
panturrilha de Zane. As sombras escuras mascaravam sua leitura da
multidão. Várias pessoas os observavam, algumas deliberadamente, algumas
disfarçadamente. Um homem em particular os observava do outro lado do
convés e tinha sido assim desde que Ty o tinha notado, mais de 30 minutos
atrás.

— Acho que encontrei um de nossos contatos, — Ty disse para Zane


quando deixou sua mão viajar para a parte de trás do joelho de Zane e ao
longo de sua coxa. Ele resistiu a mencionar a tatuagem. Ele não achava que
poderia fazer isso sem rir ainda.

Zane resmungou em reconhecimento.

— Só um? Detectou alguém da equipe? — Ele colocou a mão sobre o


ombro de Ty, acariciando levemente com o polegar.

Os lábios de Ty contraíram.

— Ainda não. Você está gostando disso, não é? — Ele declarou divertido,
virando para olhar para trás, para Zane brevemente. As pontas dos dedos mal
roçavam a pele de Zane. Era um gesto tentadoramente casto.

O olhar de Zane enviou em sua direção um olhar lascivo.

— Claro que sim, — ele disse.

Ty sorriu e virou a cabeça para olhar completamente para Zane, uma


sobrancelha erguida por trás dos óculos escuros de grife. Era raro pegar Zane
neste humor. Ty não queria nada mais do que, em seguida, voltar para o
camarote de luxo, trancar a porta e cair de joelhos. E ele estava bem com isso.

Ele tirou os óculos escuros e encontrou os olhos de Zane, sabendo que


seu parceiro iria lê-lo como um livro.

Aquele olhar lascivo estava firmemente no lugar, nos olhos piscando de


Zane, quando ele estendeu a mão, envolveu o pescoço de Ty para puxá-lo
perto e o beijou duro. Ty se debateu um pouco quando foi arrastado, tendo
que se contorcer um pouco e inclinar para trás para atender o beijo. Mas ele
relaxou rapidamente, deixando a estranha sensação se estabelecer sobre ele.
Essa era uma sensação totalmente nova para ele, beijando outro homem
em público. Algo que ele nunca havia feito. Algo de que estava gostando
muito. Estendeu a mão para arrastar os dedos pelo cabelo molhado de Zane.
Ele zumbiu junto com o beijo, deixando seu corpo reagir e não tentando
combater aquilo. Eles tinham duas semanas nessa sólida missão de vigilância.
Poderiam muito bem se divertir. Pareceu uma eternidade antes de Zane se
afastar, embora não pudesse ter sido por mais do que oito ou dez segundos.

— Vamos, — Zane disse asperamente. — Eu já tive bastante sol por uma


tarde e tenho certeza que você já ficou satisfeito de observar as pessoas.

Ty sorriu e virou a cabeça para olhar ao redor da piscina novamente.


Seu corpo inteiro zumbia depois do beijo, outra coisa nova para ele, e ele não
queria se mover e arruinar isso ainda. O homem do outro lado da piscina
ainda os observava casualmente por trás de seus próprios óculos de sol.

Ty inclinou a cabeça para ele. Ele era alto e magro, com o cabelo de um
preto profundo e sua tez era o que Ty poderia chamar de morena. Eles não
podiam se aproximar dele. Ele viria até eles no tempo especificado, esse era o
problema. Até então, tudo o que ele e Zane tinham que fazer era... estar
casados.

Ty sorriu e deliberadamente inclinou seu corpo para trás contra o peito


de Zane. Ele descansou a cabeça na frente do ombro de Zane e virou o rosto
até que seu nariz escovasse sob o queixo de Zane.

— Eu prefiro ficar aqui um pouco mais, — ele disse em voz baixa. Sua
mão deslizou até coxa de Zane, desaparecendo entre seus corpos.

O baixo ronco de uma risada divertida balançou Ty um pouco quando


Zane deixou cair o queixo para roubar um beijo, mais rápido desta vez, antes
de enrolar o braço em torno de Ty para descansar a mão sua na barriga. Ele
agora estava muito bem servindo como a parte de trás da cadeira, e Ty estava
recostado contra ele.
— Se você quiser. Você vai compensar isso para mim mais tarde, — Zane
brincou.

— Oh, eu sei disso, — Ty respondeu quando seus dedos encontraram o


que estavam procurando. Ele sorriu travessamente, baixando a voz enquanto
deixava os dedos deslizarem sobre a protuberância na sunga de Zane. — Estou
ansioso para ser dobrado sobre o parapeito da varanda, — disse a Zane com
certeza, sua voz baixa.

Aquilo provocou uma reação que não foi fácil para o arrogante Corbin.
Ambas as mãos de Zane apertaram quando sugou uma respiração rápida e
seu pau saltou contra a mão de Ty. Quando Zane falou, sua voz estava grossa e
áspera.

— Tudo o que te fizer feliz, Boneco.

Ty sorriu triunfante. Seus dedos continuavam a movimentar


provocativamente, escondidos atrás das suas costas. O homem de aparência
exótica ainda os observava. Ty achou estranho e um pouco desconcertante.
Ele apoiou sua cabeça contra o peito de Zane novamente, franzindo o cenho
enquanto acariciava seu amante, escondido, mas à vista.

Zane deslizou os dedos pelo cabelo de Ty, e Ty achou que pôde ter
sentido os dedos trêmulos. Então, Zane falou suavemente após uma carícia
particularmente firme.

— Você está patinando em gelo fino.

Ty sorriu e olhou ao redor novamente. Ele estava sendo razoavelmente


discreto. Ninguém ao redor deles parecia ter notado. Ele moveu a outra mão
para deslizar preguiçosamente ao longo da coxa de Zane, que usou como um
apoio de braço. Ele podia ver como alguns gostavam desse jogo de sedução
passiva. A excitação era a reação de Zane. Quão longe ele poderia ir antes de
Zane perder o controle?
— Você pretende me punir de alguma forma? — Ele perguntou com a
voz mais inocente que pôde reunir. O sotaque realmente ajudou.

— Oh, eu acho que posso pensar em um castigo adequado, — Zane disse


sombriamente. Sua voz estava parecendo mais um rosnado.

— Se isso não me envolver em ficar meus joelhos de alguma forma, eu


estarei loucamente decepcionado, Ty falou lentamente, quando deu um
aperto com a mão, em ênfase. Ele estava satisfeito consigo mesmo por
lembrar os meandros do dialeto.

Zane riu alto e Ty pode ver claro interesse em alguns outros rostos. Zane
estava atraindo muita atenção, e bem, ele deveria estar. Inferno,
provavelmente metade das pessoas ali em cima - mulheres e homens –
gostariam que Zane os dobrasse sobre o parapeito de uma varanda.

Ty virou a cabeça para acariciar contra o queixo de Zane novamente.

— Você não me contou sobre a tatuagem.

— Achei que você tinha notado, — Zane murmurou. — Não é


exatamente sutil.

Ty riu e balançou a cabeça.

— Ainda não tive a oportunidade de ver esse lado seu ultimamente.

Zane riu e dessa vez balançou a ambos.

— Então o que você acha?

— Eu estou mais impressionado com o resto de você, — Ty assegurou


com outro sorriso. Ele deu a Zane alguns golpes lentos. Ele queria Zane nele e
agora. Mas mais do que isso, ele queria que Zane o quisesse o suficiente para
fazer um movimento.

Zane assobiou baixinho.

— Boneco...— Sua voz carregava um tom de aviso. — Você vai me fazer


esquecer que supostamente estamos trabalhando.
— Estamos trabalhando, lembra? — Ty falou lentamente enquanto
continuava a deslizar as pontas de seus dedos contra a sunga de Zane.

Zane espalhou a mão sobre o peito de Ty e começou a acariciar de cima


abaixo sua pele aquecida pelo sol, indo um pouco mais baixo a cada vez.

— E eu estou me perguntando apenas como Corbin escolheria entre ser


presunçoso e mostrando você fora ou ser ciumento e te arrastar para a cama
longe dos olhares indiscretos, — ele disse com voz rouca.

Ty deslocou seu corpo sugestivamente contra Zane. Se fossem se


levantar a qualquer momento para ir para a cabine, ele queria Zane tão ligado
quanto ele estava. Ele poderia até ser capaz de empurrá-lo ao limite e levá-lo
para ir duro com ele. Deus, isso era divertido, observar Zane batalhar entre o
controle e a paixão selvagem. Seus dedos acariciaram ao longo do duro cume
na sunga de Zane.

— Eu voto para a cama, — Ty murmurou com um sorriso.

Sem aviso, Zane levantou-se da cadeira, praticamente levantando Ty


junto, o colocando de pé. Pegou a toalha em uma mão e o pulso de Ty na outra
e começou a caminhar para as portas que conduziria ao pátio de camarotes de
luxo. Ty quase tropeçou, mal pegando os óculos de sol, e a mão de Zane em
seu pulso era a única coisa que o mantinha em seus pés enquanto era
arrastado para longe da piscina. Ele mordeu o lábio na expectativa do que
poderia vir e tentou parecer devidamente punido quando o seguiu.

Zane o puxou para dentro e o ar condicionado derramou sobre eles


enquanto se moviam pela porta de entrada e para a grande escadaria. Assim
que estavam perto do canto, Zane virou Ty com um grunhido e o prendeu à
parede com a cabeça quase acertando um raminho de espírito festivo colado
na divisória.

— Você tem ideia de como eu estava prestes a te derrubar de volta na


cadeira? — Ele rosnou, moendo sua óbvia ereção contra a coxa de Ty.
Ty enroscou ambas as mãos nos cabelos de Zane e mordeu o lábio
novamente contra o sorriso que ameaçava aparecer.

— Deus, eu adoro quando você faz isso, — disse a Zane com prazer, sua
voz um sussurro, enquanto tentava recuperar o fôlego.

— Isso? — Zane ronronou contra a orelha de Ty enquanto pressionava


seu corpo contra o dele do peito à coxa, pele nua aquecida pelo desejo. Ele
deliberadamente arrastou uma mão pelo lado de Ty em direção ao seu calção.

Ty balançou a cabeça, lutando contra o sorriso quando deixou os dedos


deslizarem pelo rosto de Zane.

— Eu acredito que você estava rosnando. — Ele corrigiu. Ele passou os


braços frouxamente ao redor do pescoço de seu amante e inclinou a cabeça,
pedindo silenciosamente um beijo.

A resposta de Zane começou como um zumbido no peito e passou para


um rosnar quando baixou o queixo e apertou seus lábios firmemente contra
os de Ty, assim como a palma da mão em concha atrás da coxa de Ty para
engata-lo mais perto. Se Ty não o conhecesse melhor, pensaria que Zane
planejava transar com ele ali mesmo no corredor. Quando Zane rosnou
novamente, deixou cair a toalha e deslizou a outra mão sob o tecido da sunga
de Ty em concha contra seu traseiro, Ty de repente não tinha tanta certeza de
que ele realmente o conhecia melhor.

Zane tinha acabado de arrastar sua língua ao longo do lábio inferior de


Ty quando Ty ouviu alguém, muito perto, limpar a garganta. Ele recuou em
alarme quando as mãos de Zane o apertaram, e Ty bateu a parte de trás de sua
cabeça contra a parede. Era uma reação instintiva de ser pego que Ty tinha
certeza que nunca ia superar. Ele não gostava de ser surpreendido.

Um homem estava no meio do corredor olhando para a escada, os


observando passivamente. Era o mesmo homem que Ty tinha visto os
assistindo lá fora. Ele era bastante impressionante de perto. Seu cabelo era
escuro e encaracolado nas pontas, o corte um pouco acima dos ombros e
penteado para trás, com toques de grisalho nas têmporas e ao longo de seu
couro cabeludo. Seu elegante cavanhaque foi cuidadosamente mantido,
escondendo as duras linhas de seus lábios. Segurava seus caros óculos de sol
na mão agora, enquanto olhava para Ty e Zane com perplexidade. Seus olhos
eram de um mogno profundo, uma cor bonita, mas fria e sem emoção. Os
shorts de banho de cor cinza aço que usava apenas intensificava esse efeito.

Zane endireitou à sua altura máxima, com o braço enrolado em volta


dos ombros de Ty e sutilmente o puxou para mais perto, sua mão alargando
na clavícula de Ty possessivamente. Ty engoliu o incômodo causado pela
postura protetora.

— Posso ajudar? — Zane disse, o som estrondoso entre cuspir as


palavras e desconfiado.

— Sr. Porter? — O homem perguntou em inglês com forte sotaque. Ty


não podia situar a origem. Turquia, talvez. Ele não tinha certeza. O que era
óbvio era que este tinha de ser um dos contatos de Corbin Porter a bordo do
navio. E ele definitivamente não era italiano. Então, restava Armen Vartan, o
especialista em aquisições.

— Eu sou Corbin Porter, — Zane admitiu. — Você deve ser-

— Armen Vartan, sim, — o homem interrompeu. — Só com uma


conversa por telefone há mais de um ano atrás, não tem como tirar uma
conclusão, eu sei. — Armen parou olhou Ty de cima para baixo. — Eu tenho
que admitir, seu marido... te entregou a distância.

Ty teve que lutar para não eriçar no homem. Ele se sentia como um
pitbull, seus pelos no pescoço subindo porque ele não gostou do cheiro do
homem. Ele bufou para Armen como se tivesse se divertido. Zane deve ter
notado a tensão, porém, porque a mão no ombro de Ty começou a esfregar
suavemente.

— Ele chama a atenção, não é?


Zane disse.

Armen deu a Ty um olhar educado e acenou a cabeça.

— Muito notável, de fato. Sei que não iremos nos reunir até daqui a
alguns dias, mas sinto que toda essa capa e espada é bastante complicado.
Nós não estamos aqui para nos escondermos um do outro, — ele disse com
um sorriso que parecia genuíno. — Meu camarote é o 8520, se você quiser
entrar em contato comigo antes de nossas atividades programadas
coincidirem. Sinto que jantar e bebidas colocariam todos mais à vontade,
antes de convocar qualquer negócio.

— Eu concordo, — Zane respondeu quando assentiu. — Tenho certeza


que isso não vai alterar demais nosso itinerário.

Armen deu um aceno cortês.

— Muito bom. Estarei em contato.

Ty permaneceu em silêncio, quase vibrando com o desejo de pular e


dizer alguma coisa, cavar informações, qualquer coisa antes que o homem
saísse. Porém, ele ficou em silêncio, fingindo tédio quando desviou o olhar
com um longo suspiro. Ele deslizou seus óculos de sol, como se preparando
para voltar para a piscina, e olhou para Armen. Com um empurrão de sua
unha do polegar para o interior do quadro, ativou a câmera minúscula dentro
dos óculos de sol de grife. Olhou para Armen apenas o tempo suficiente para
esperar a câmera ter uma chance clara, em seguida, apertou o botão
novamente e desviou o olhar.

— Nos vemos em breve, Sr. Armen, — Zane disse, com um leve toque de
encerramento claro em seu tom de voz.

— Até então, Sr. Porter, — disse Armen. Ele acenou a cabeça para Ty. —
Sr. Porter. — E então ele se foi através das portas para a área da piscina.

Ty recuou um pouco, deixando suas mãos deslizarem para baixo e longe


do corpo de Zane enquanto observava o homem desaparecer.
— Ele é meio lodoso, não é? — Ele disse, ainda usando o sotaque, por
medo de perdê-lo.

— Sim. — Zane observou as portas com os olhos apertados. — Essa é


uma boa descrição.

— Tanta coisa para furar nossos roteiros, — Ty murmurou. Mas se


Armen estava avançando o cronograma, talvez este trabalho fosse mais rápido
do que tinha antecipado. — Mas, ei, agora sabemos onde ele vai ficar, —
acrescentou brilhantemente. — Direto na porra da cabine ao lado.

Zane finalmente se virou e reorientou sua atenção para Ty.

— E não precisamos nos preocupar com quaisquer reuniões pelo resto


do dia, — ele disse com a sombra de um sorriso.

— Bom, isso nos dá tempo para contatar a equipe de backup, ter alguns
olhos e ouvidos sobre esse cara. Acho que peguei uma boa imagem, o que
significa que já estamos na metade, — Ty respondeu distraidamente enquanto
olhava para as portas e estendia a mão para Zane novamente quase
inconscientemente. Sua mão encontrou a pele quente firme quando Zane deu
um passo mais perto.

— Isso é tudo?

Ty olhou para ele com um toque de malícia nos lábios.

— E o meu sotaque está escorregando, — afirmou enquanto se


aproximou de seu parceiro, arrastando os dedos contra a pele de Zane quando
envolveu seus braços ao redor de sua cintura. — Eu acho que vou precisar de
um pouco mais de prática antes do jantar. — Ele apertou um beijo no queixo
de Zane.

Os lábios de Zane ergueram quando seus braços deslizaram ao redor da


cintura de Ty.

— Quem é você e o que fez com Ty Grady? — Ele perguntou baixinho.


Ty sorriu e se puxou para mais perto, roçando seus lábios contra os de
Zane.

— Não se acostume com isso, querido, — ele disse lentamente, beijando


Zane novamente languidamente.

A risada baixa de Zane era praticamente um ronronar.

— Então eu vou aproveitar enquanto posso. Vamos, baby. Terminar o


que você começou na piscina.

Eles estavam de mau humor quando a hora marcada para o jantar


chegou, principalmente porque tinham descoberto depois de chegarem a sua
cabine que suas bagagens incluíam um monte de lubrificante aromatizado,
perfumado, de aquecimento, desensibilização, estimulante, silicone, gel, e
aquele tubo minúsculo que Ty suspeitava que brilhasse no escuro e/ou tinha
propriedades explosiva, mas nem um único preservativo foi encontrado.

Ty se xingou novamente por não ter previsto isso. Zane foi tomar um
banho, resmungando sombriamente, depois de ver Ty procurar por toda a
bagagem. Agora Ty podia ouvir coisas deslizando e batendo nos toucadores de
mármore no banheiro. Quando Zane entrou pela porta, seu cabelo estava
penteado para trás e usava calças pretas sob medida que cavalgavam baixo em
seus quadris e uma corrente de ouro trançado ao redor de seu pescoço. Nada
mais.

— É melhor que o jantar seja bom, — ele disse resignado. Seu humor
tinha levado um golpe com a aparição de Armen e se deteriorou durante toda
tarde, coroado por eles perderem a noção do tempo. Agora, eles nem sequer
tinham tempo para fazer a noite interessante antes do jantar.
Ty olhou para Zane fixamente e balançou a cabeça, tentando ver o lado
engraçado da situação. Ele falhou miseravelmente e resmungou com seu
igualmente irritado parceiro.

— Eu sei que o cara é todo o tipo de classe, mas você está colocando uma
camisa, certo, papi? — Ele perguntou ironicamente.

Zane caminhou até o guarda-roupa para escolher através das opções


com um suspiro ofendido. Ele parecia estar discutindo consigo mesmo para
ficar visivelmente relaxado.

Ty grunhiu em simpatia e coçou o queixo, braços cruzados enquanto o


observava.

— Vamos parar em uma das farmácias e conseguir algum depois do


jantar.

— Oh, isso vai muito bem. Você está preocupado em ficar grávido?

Ty inclinou a cabeça e estreitou os olhos para o seu agressivo parceiro.


Ele merecia estar irritado, mas Ty não merecia ser o alvo. Ty vacilou entre
responder na mesma moeda e tentar neutralizar uma possível discussão.
Foda-se.

— Talvez você simplesmente não seja bom o suficiente no sexo e estou te


traindo, — ele finalmente colocou.

Zane arrancou uma camisa do cabide e se virou.

— Se eu descobrisse que você está me traindo, eu bateria em você até te


deixar preto e azul. — Ele rosnou na voz de Corbin.

Ty apertou os olhos e inclinou para frente. Havia algumas vezes, como


agora, que ele realmente acreditava em Zane como Corbin. Nesse caso
especialmente se qualificava. A linha entre eles ficava facilmente turva. Ty
particularmente não gostava desse elemento na transformação de Zane,
possivelmente porque não chegou a se sentir como se fosse uma
representação. Aquilo era como se houvesse uma parte de Zane, em algum
lugar, que realmente quis dizer as coisas que ele disse.

Agora Zane sustentava firmemente seu olhar enquanto colocava a


camisa. Os olhos de Zane estavam marrons escuro, quase pretos, e não de
todo quente. Ty não estava nada intimidado, mas estava irritado o suficiente
para querer negar a Zane a luta para qual estavam caminhando.

Ele sorriu maliciosamente.

— Você provavelmente está certo.

A gelada carranca no rosto de Zane descongelou um pouco, assim como


o frio em seus olhos e um canto de sua boca se curvou quando ele deu a Ty
uma piscadela.

— Claro que eu estou.

Ty revirou os olhos e se levantou.

— Você está pronto, cupcake? — Ele perguntou zombeteiro.

— Eu me sentiria melhor se soubesse onde o nosso maldito backup está,


— Zane resmungou enquanto colocava a camisa de seda preta. Ele deixou dois
botões abertos no colarinho, e parecia mais esbelto, quase magro, no conjunto
todo preto, apesar de seus um metro e noventa e oito de altura e ombros
largos.

— E quanto a armas, — perguntou enquanto amarrava um estilete


estreito a um pulso e abotoava o punho da camisa.

— Bem, — Ty iniciou com um suspiro pesado quando olhou para si


mesmo: — Eu não tenho onde esconder a minha. Mas talvez possamos
esconder uma ou duas a mais em você. — Ele olhou Zane de cima a baixo de
forma crítica. Era relativamente fácil para um olho treinado detectar uma
arma escondida e sua principal preocupação era ser descoberto como fraudes.
— Eu acho que a verdadeira questão é, Corbin iria armado ou devemos
escondê-la bem o suficiente para tornar difícil de notar?

— Porter é um bandido. Um presunçoso que é cuidadoso, mas ele não é


paranoico. Muito orgulhoso para isso. Eu acho que ele a levaria escondida,
mas a teria bem à mão, para uso em caso de apuro, — disse Zane.

Ty não podia evitar o brilho que entrou os olhos.

— Isso significa que temos que ser criativos, — ele disse com certo
prazer enquanto fazia uma nova varredura sobre o corpo de Zane.

— Criativo, — repetiu Zane e olhou para si mesmo enquanto Ty o


estudava. — Como... o quê? Eu já uso facas escondidas.

Ty sorriu e inclinou a cabeça.

— O interior das coxas é bom, logo na virilha. O material é sempre


espaçoso, por isso não aparece, mas é desconfortável como o inferno.
Também é difícil chegar a menos que você sinta vontade de atirar fora uma
rodada logo ao lado de seu johnson19. A parte inferior das costas é
provavelmente o melhor lugar. Não vai impedir o movimento, menos
perceptível, especialmente se você não tirar o casaco. — Ele supôs ao Zane
tirar um paletó preto fora do guarda-roupa. — Nós só precisamos de algo para
prendê-lo. Além do seu cinto, é claro.

— Porque isso é tão confortável, — Zane disse com um suspiro. — Mas


isso vai servir a menos que você tenha uma outra ideia. — Ele caminhou até a
pequena bolsa em cima da mesa de cabeceira e tirou a arma de Ty de onde ela
estava escondida em uma grande caixa de joias que consistia principalmente
de couro e correntes. Eles não encontraram a Glock de Zane escondida em
lugar nenhum.

19
Apelido para órgão sexual masculino nos EUA, já no Brasil tem outros significados. Por aqui o dito cujo
é conhecido como bráulio.
— Eu tenho, — disse Ty arrogantemente enquanto se dirigiu para a
única bolsa que tinha sido autorizado a embalar com suas próprias coisas.
Havia uma única atadura lá, a trouxe por hábito. A segurou até Zane com uma
sobrancelha levantada. — Ok, então não é um sistema Molle20, mas vai servir.

Zane abriu um sorriso e começou a puxar sua camisa para fora da


cintura.

— Então me fixe.

Ty mordeu a língua de qualquer resposta possível e desemaranhou o


curativo. Eles usaram o cinto de Zane para garantir que a arma ficasse no
lugar e Ty fez um rápido trabalho de envolver a bandagem em torno do tronco
de Zane para prendê-la. Aquilo servia para ocultar a forma reveladora do
punho da arma, mas isso era tudo. Ty empurrou a camisa de Zane para baixo
e ficou para trás com as mãos nos quadris, examinando sua obra.

— Isso vai servir, — Ty disse percebendo tardiamente o som duvidoso


em sua voz.

— Desde que não caia fazendo barulho no chão, vai ficar bem, — Zane
disse enquanto colocava a camisa de volta e pegava o casaco. — Eu me sinto
melhor, de qualquer maneira.

— Oh, isso é um alívio, — Ty murmurou sarcasticamente.

Zane apenas sorriu e andou para abrir a porta para ele.

— Vamos, Boneco.

Ty apenas rolou os olhos quando passou por ele. Dê ao homem uma


arma e de repente ele era todo sorriso novamente.

Vindo para pensar sobre isso, esse provavelmente era um dos traços que
manteve Ty interessado.
20
O sistema Molle vem do inglês Modular Light-weight Load-carrying Equipment, que significa Sistema Modular de
Transporte Leve. – É um padrão militar destinado a compatibilizar acessórios com um colete ou sistema base,
permitindo que seja configurado e adaptado a necessidades específicas.
Eles caminharam pelo corredor juntos, Ty olhando disfarçadamente
para Zane enquanto andavam. Ele limpou a garganta e estendeu a mão para
deslizar os dedos nos de Zane, tendo prazer com a capacidade de fazer isso
sem medo de ser descoberto.

— Pelo menos você faz parecer olhar frustrado e irritado bom, — ele
comentou em tom de gozação.

Zane pegou a mão de Ty e beijou seus dedos, oferecendo um olhar triste


de desculpas antes de entrelaçar junto os seus dedos enquanto saíam para a
calçada com parede de vidro de vários andares de altura.

— Então você acha que Del é tão orgulhoso de mostrar Corbin como
Corbin é dele?

— Não, ele está apenas atrás do dinheiro dele, — Ty respondeu


alegremente, tentando não sorrir enquanto observava Zane pelo canto do olho
para ver sua reação.

Os lábios de Zane contorceram.

— Corbin provavelmente pode pagar o que for para que o colírio atinja
sua fantasia. — Ele se inclinou ligeiramente para Ty enquanto caminhavam. —
Mas estou pensando que minha versão de Del é melhor para os olhos.

— Bajulação não vai te fazer transar mais rápido, — Ty disse a ele com
uma careta. Ele estava ciente de sua própria boa aparência e não era muito
modesto para usá-la ocasionalmente, mas Zane raramente fazia um elogio
quando eles não estavam já seminus e Ty não achou que ele tinha notado
tantos olhos persistentes nele como tinha feito no último dia mais ou menos.
Era perturbador para um homem que tinha passado a maior parte de sua vida
tentando não ser notado.

— De alguma forma não acho que você me mantém ao redor por minhas
habilidades de sedução, — Zane disse friamente.
Ty soltou uma gargalhada antes que pudesse se conter. Olhou para Zane
e sorriu carinhosamente para ele. As linhas patetas de Zane e as ocasionais
tentativas sem vergonha e bregas de sedução era apenas parte de seu charme.
Brega, pateta e charmoso —obrigado a Deus por ele ser bonito.

— Eu acho que posso concordar com segurança.

Zane cambaleou um pouco e colocou a mão sobre o coração em uma


falsa surpresa.

— Basta ter conforto no fato de que o mantenho ao redor pelo sexo


incrível, — Ty murmurou para satisfazê-lo.

— Quão incrível? — Zane adulou.

— Não force a barra.


Capítulo Cinco

Eles entraram no restaurante chique indicado em seus itinerários cada


vez mais exigente, e uma alegre hostess vestindo as cores do navio e um
chapéu verde de Papai Noel lhes pediu para segui-la, através da sala de jantar
a luz de velas. Zane olhou em volta casualmente: era a sua fantasia de lugar de
sentar típico, com papel de parede pintado de creme, lustres brilhantes,
porcelana, cristal, linho nas mesas, e um banco de janelas do chão ao teto.
Nada surpreendente. A anfitriã levou a uma plataforma elevada que corria ao
longo de um lado da sala, ao lado das grandes janelas que exibiam o pôr do
sol.

Depois de uma pausa, Zane caminhou para o outro lado e puxou a


cadeira mais próxima da parede para fora, indicando para Ty se sentar. Não é
que ele estava tentando ser mais suave, mas pensou que ele ficaria em frente e
daria a Ty o assento que o iria colocar de costas para a parede. Zane também
não gostava de pessoas andando atrás dele, mas ele não era susceptível de
reagir violentamente por instinto. E, além disso, Ty iria avisá-lo bem antes de
qualquer pessoa suspeita chegasse perto o suficiente para causar danos.

Ty levantou uma sobrancelha para ele em alerta apesar das suas boas
intenções. Muita galanteria da parte de Zane poderia fazer Ty se irritar. O que
poderia ser divertido de assistir. Esta noite, porém, Ty sentou obediente na
cadeira oferecida e colocou o guardanapo no colo enquanto observava Zane
dar a volta ao redor da mesa para se sentar em sua frente.

A anfitriã os desejou um jantar agradável e desapareceu com muito


pouco alarde. Considerando como os funcionários tinham estado
consistentemente tropeçando uns nos outros para ajudar os hóspedes, Zane
ficou levemente impressionado.
—Pelo menos, temos uma vista, — Ty murmurou enquanto olhava para
fora das janelas para o pôr do sol. A luz do sol desaparecendo lutando com as
velas, lançando sombras estranhas em seu rosto.

Zane olhou para fora, mas ele preferia observar o seu parceiro ao invés
da paisagem, ainda estudando o contraste ímpar de Ty contra Del. Ele abriu a
boca para comentar sobre isso quando um garçom parou na mesa, deixou
menus, uma lista de vinhos e a carta de especiais e saiu depois de prometer
voltar logo.

— Bem, — Zane disse recostando-se confortavelmente. — Isso não é


elegante.

— Você é um cínico, — Ty acusou baixinho.

— Por que você diz isso? — Zane perguntou curioso ao olhar em volta
novamente. Ele tinha que admitir que a decoração era de bom gosto.
Simplesmente chique, o que ele tinha aprendido há muito tempo não
significar necessariamente que você estava recebendo o valor do seu dinheiro.

Ty apontou para fora da janela para os últimos raios brilhantes de sol


quando ele desapareceu abaixo do horizonte. O céu azul pálido estava
manchado de rosa e laranja e um toque de vermelho brilhante.

—Isso é de graça, — Ty disse calmamente.

Zane assentiu lentamente. De vez em quando, Ty aparecia com um


desses comentários que realmente fazia Zane recuar e apreciar o que tinha.
Agora, ele definitivamente incluía Ty nesse registro.

— É lindo. Devemos pensar sobre jantar em nossa varanda em algum


momento. — Sua suíte estava do lado de estibordo, assim eles teriam algum
sol só para eles, se quisessem.

Ty sorriu, mas era um sorriso melancólico, totalmente atípico dele. Zane


o observou por um longo momento e depois estendeu a mão para cobrir a
mão de Ty em cima da mesa com a sua própria.
— Você está bem? — Ele perguntou em voz baixa.

— Só estou tentando me lembrar de não ficar muito confortável.

— Não há problema em se divertir, — Zane respondeu, fraseando


cuidadosamente as palavras. — Temos duas semanas aqui. Semanas ocupadas
e agitadas, mas duas semanas. Para nós, principalmente.

—Nós não temos nada para nós até fazermos o nosso trabalho, — Ty
lembrou suavemente. Sua voz era a mesma, não de toda amarga ou resignada
como poderia ter sido. Mas havia algo por baixo que era difícil de identificar.

— Estamos juntos, — foi a resposta simples de Zane.

Os lábios de Ty comprimiram enquanto ele continuava a segurar o olhar


de Zane sobre a mesa e seus olhos se aqueceram como se estivesse tentando
esconder sua diversão. Isso era o suficiente. Zane preferia ver o humor às suas
custas nos olhos de Ty do que qualquer tipo de dor.

— Então, quer olhar os especiais? — Ele perguntou quando segurava o


cartão. Ty bufou e tirou o cartão da mão de Zane, o pegando para ler com os
lábios franzidos. A melancolia se foi, substituída por seu estilo único habitual
de bravata. Zane pegou um dos menus completos mais próximos. — Alguma
coisa boa?

Ty não respondeu por um momento e quando o fez, sua voz era


totalmente desprovida de inflexão.

— Eu vejo peixes. E mais peixes. E, oh, olha, camarão. Com peixe.

Zane abriu o menu e deslizou na lista de entrada.

— Parece que este seria um restaurante de frutos do mar. Fora salada.


Embora estejamos pagando o suficiente, para com certeza, eles conseguirem
um bife em algum lugar aqui para você, se pedir.

— Eu gosto de peixe, — Ty murmurou enquanto revia o seu próprio


menu. Ele soou quase insultado.
— Eu sei disso. Mas você gosta mais de bife, — Zane apontou com um
sorriso.

— Cale a boca, — Ty murmurou com um aceno de cabeça. — Talvez eu


possa pedir peixe e fritas21 e sentir que estou em casa, — disse com a voz
falsamente melancólica.

O garçom apareceu ao seu lado e fizeram seus pedidos, Zane passou


quando o homem sugeriu vinho com a refeição. Mais uma vez, Ty hesitou
quando as bebidas foram trazidas, como se não tivesse certeza se ele deveria
encomendar uma.

— Eu recomendo o Verdicchio, — uma voz agradável e com sotaque


disse, interrompendo a explicação do garçom sobre as opções de vinho. —
Eles fariam bem em ter um Orvieto, mas temos de nos contentar.

Zane voltou sua atenção ao homem que havia falado, sentado em uma
mesa próxima. Ele tinha a coloração escura italiana e recursos para combinar
com seu sotaque e Zane imaginou que ele esava no início ou meados de
cinquenta anos pela profundidade da voz e o cinza nas têmporas.

— Parece um bom conselho. Boneco? Quer experimentar?

— Talvez em outra ocasião, — Ty respondeu suavemente, olhando Zane


com os olhos apertados.

— A carta de vinhos não é tão extensa, mas eu diria que é suficiente, eu


suponho, considerando o que nos rodeia, — o homem disse, sua voz profunda
levada facilmente do outro lado do corredor entre as mesas.

Zane notou uma morena escultural com o homem que tinha acabado de
falar, e ela comentava no que parecia ser italiano, terminando sua frase com
um nome: Lorenzo. E pelo tom de sua voz, ela o estava repreendendo.

21
Peixe e fritas ou Fish and chips ou, ainda, "fish 'n' chips" é um prato típico da culinária do
Reio Unido.
— Ah, sim, me desculpe. Eu tendo em continuar, — o homem falou a
Zane como desculpas.

Zane sorriu como resposta e verificou se Ty pegou essa troca. Um


homem provavelmente italiano chamado Lorenzo comendo na mesma
rotação que eles estavam. As chances eram realmente boas que esse era seu
outro contato principal, Lorenzo Bianchi.

Ty olhava com dedicação para seu cardápio, a cabeça inclinada de uma


maneira que disse que ele realmente estava ouvindo atentamente o casal na
mesa vizinha. Quando Zane olhou para ele, Ty olhou para Zane sob os cílios.
Ele tinha ouvido.

Zane pediu o primeiro prato que chamou sua atenção. Em seguida, o


garçom voltou-se para Ty e anotou seu pedido antes de sair.

— Ah, e você vai sentir a falta do Orvieto, escolhendo tal peixe


levemente grelhado e requintado e sem molho, — Bianchi disse, abanando um
dedo no ar a Zane expansivamente.

— Estou certo de que haverá muitas oportunidades para o vinho


durante o cruzeiro, — Zane disse suavemente, virando o corpo ligeiramente
na cadeira, então ele estava mais aberto aos Bianchis.

— Ah, champagne com o café da manhã, drinques no almoço, cocktails


com aperitivos, vinho com o jantar e conhaque com o meu charuto. Eu
realmente gosto disso, — Bianchi disse com um sorriso quando colocou o
guardanapo na mesa ao lado de seu prato.

Zane teve de ignorar quão seca sua boca ficou. Essa lista de bebidas era
assustadoramente atraente à sua maneira.

— Bem, estamos de férias, afinal, — ele comentou.

— Bah, férias. A vida é toda sobre o amor e o licor, — Bianchi disse com
um grande gesto para a mulher com ele. — Não é verdade, Norina? — Ela
sorriu e acenou com indulgência e Zane viu a luz que brilhou em seus olhos
escuros. Ela correspondia às cores de Bianchi, embora Zane a colocaria como
mais jovem do que Ty, trinta e poucos anos, no máximo. — Ah, mulheres
bonitas e o amor! — Bianchi propôs segurando seu copo quase vazio antes de
terminá-lo em dois goles.

Zane soltou uma risada e balançou a cabeça.

— Tenho certeza de que iria acompanhá-lo com alguma variação de seu


brinde se tivéssemos taças.

Bianchi apertou os olhos, olhando com curiosidade entre Zane e Ty,


enquanto Norina falava em uma enxurrada de italiano e seus olhos se
arregalaram surpreso por um momento antes dele dar uma risada cheia
enquanto se levantava e oferecia sua mão.

— Bem, então a belas pessoas e o amor. Eu sou Lorenzo Bianchi, e é um


prazer conhecê-lo finalmente. Você é o Sr. Porter, não?

Zane sorriu enquanto ficava de pé e apertou a mão de Bianchi.

— Eu concordo com ambos os sentimentos. Corbin Porter, sim.

Bianchi continuou a rir quando apertou a mão de Zane.

— Bem, bem, Sr. Porter, é como Norina supôs. Talvez nos encontremos
antes do planejado, mas essa foi realmente uma boa primeira discussão, você
não concorda?

— Sim, acho que sim, Signor Bianchi. — Zane virou-se parcialmente


para Ty. — Este é o meu marido, Del Porter.

— Muito prazer em conhecê-lo, Sr. Porter e Sr. Porter, — Bianchi disse


quando ofereceu a mão para Ty e enquanto gesticulava com o outro braço
para Norina para ficar de pé. — E esta é a minha gioia Norina22.

Para o choque de todos os três homens, a bela italiana levantou-se e


abraçou Ty com entusiasmo, falando rapidamente em um italiano eufórico

22
Alegria, felicidade.
enquanto o abraçava. Zane se conteve antes de responder com algo mais do
que uma risada, mas certamente isso não era algo que ele esperava ver. Ele
tinha certeza de que Ty não estava esperando isso também, e ficou feliz que
Ty tinha sido capaz de reprimir o instinto assassino.

— Ah, eles passaram tanto tempo planejando isso e aquilo pelo


computador, — Bianchi disse com um aceno de mão. — Vai ser por isso que
você e eu sentaremos em paz nas mesas de pôquer.

Zane esfregou o queixo enquanto suprimia a reação para franzir a testa.


Então Norina e Del eram amigos por e-mail. Isso poderia ser bom. Ou não. —
Estou ansioso por isso.

— Vem, Norina, você e Sr. Porter podem recuperar o atraso amanhã, —


Bianchi disse agradavelmente. — Nós temos um concerto para ver.

Norina tagarelou um pouco mais quando ela abraçou Ty uma última vez
antes de dar a Zane um sorriso brilhante. Zane realmente esperava que o que
ela estava dizendo era algo que Del deveria entender e responder, porque era
óbvio que Norina esperava que Del entendesse italiano. Todos eles se
despediram assim que o garçom apareceu com o aperitivo e saladas e Zane
sentou-se na cadeira para tomar um fôlego e processar.

Ty permaneceu de pé, os observando ir com um sorriso firme no lugar.


Acenou uma última vez quando Norina Bianchi virou-se e acenou para eles
animadamente. Tão logo eles estavam fora de vista, Ty virou-se para Zane, o
sem sorrir, com o rosto inexpressivo, e sentou pesadamente na cadeira. Ele
parecia querer dizer algo desesperadamente, xingar McCoy, Deus e o Pato
Donald por colocá-los no cruzeiro e nessa posição. Mas ele continuava em
silêncio.

Zane não podia pensar numa única coisa para falar, então começou a
comer a salada enquanto revisava a conversa, confiando os detalhes para a
memória, e observando Ty colocar vinagrete na salada. Zane quase podia
fisicamente sentir Ty se conter. Ele conhecia bem o temperamento de seu
parceiro, já tinha visto Ty perder isso em várias ocasiões. O humor de Ty era o
que se podia chamar de volátil. Dependendo do alvo de sua ira,
frequentemente era divertido vê-lo sair. Outras vezes, como no topo de uma
montanha em West Virginia, onde ele tinha palestrado homens sobre a
melhor maneira de matá-los, isso podia ficar um pouco duvidoso.

Hoje à noite provavelmente poderia ser considerado duvidoso, também,


se Zane não conseguisse descobrir como fazer Ty colocar para fora alguns dos
vapores que ele podia ver lentamente se acumulando.

Finalmente, Ty olhou para cima de sua salada e apertou os olhos para


Zane.

— Você fala italiano? — Ele perguntou calmamente.

— Não, — Zane disse, em pedido de desculpas.

Ty apenas balançou a cabeça bruscamente, como se já soubesse disso.

— Merda, — ele murmurou sob sua respiração quando voltou para a sua
salada.

Zane entendia a preocupação de Ty. Qualquer coisinha podia quebrar


uma missão secreta, muito mais um grande problema, como não falar um
idioma. Talvez... talvez Corbin podia se sentir um pouco possessivo e decidir
que não queria Del saindo por conta própria, mesmo que fosse com a adorável
Norina, que, em tese, seria uma ameaça menor a Corbin que o seu viril
marido italiano.

— Ela não agiu como se esperasse uma resposta quando foi para você
em italiano, — Zane falou razoável. — Ela parecia animada em te encontrar.

— Deus, eu espero que ela fale inglês, — Ty murmurou quando pousou o


garfo e beliscou a ponta de seu nariz. — Se ela percebe que não sou Del, vai
até seu marido e estamos majestosamente fodidos.

Zane decidiu jogar sua ideia.


— Eu poderia decidir que não quero passar nem uma hora sem você, e
você pode jogar toda a culpa em seu marido ciumento.

Ty suspirou e olhou para Zane sério.

— Isso realmente não vai movimentar as coisas. E você não vem com o
tipo de extravagâncias ciumentas, de qualquer forma. Não, você lida com seu
objetivo, eu vou lidar com o meu.

— Corbin me pareceu um homem muito possessivo. Eu nem tenho que


incitar a ideia, — Zane disse quando colocou sua tigela de salada vazia de
lado.

Ty inclinou a cabeça, o dilema italiano temporariamente esquecido


enquanto olhava para Zane com curiosidade.

Zane deu de ombros levemente para jogar isso fora.

— Eu não sei como você reagiria. Não quero arriscar uma reunião
pública apenas para enfrentar sua ira depois, — ele disse com um meio
sorriso. Se ele tivesse a sua escolha, ele estaria muito mais perto de seu —
marido— num monte de tempo. Mas ele estava lutando para encontrar a linha
que deveriam estar caminhando nessa tarefa, e não queria confundir o que
vinha de sua interpretação de Corbin e o que realmente vinha de seus
próprios desejos.

Ty ficou calado por um momento e então deu uma risada depreciativa e


disse: — Enfrentar a minha ira?

Zane se inclinou sobre os cotovelos e falou sério: — Você não me viu


com ciúmes.

Ty riu e balançou a cabeça como se pensasse que Zane estava brincando.


Aquilo era o que Zane esperava. Ele estava ficando melhor em prever como Ty
reagiria, ao menos em relação ao lado pessoal de sua parceria. Ele não
participou da risada, ao invés disso, pegou o copo de água e recostou-se na
cadeira para esperar.
Ty ainda sorria quando parou de rir, observando Zane com uma mistura
de diversão e cautelosa confusão. Após um instante, quando Zane ainda não
falou, Ty franziu a testa e inclinou a cabeça.

— Sério? — Ele perguntou, se esquecendo do sotaque que até aquele


ponto tinha mantido.

Zane olhou pela janela para o céu agora escuro, desejando que ele não
tivesse acabado de deixar isso sair. Aquela não era realmente conversa para
um jantar público.

— Vamos conversar sobre isso mais tarde. Vamos apenas dizer que
tenho certeza que me sinto muito possessivo do meu muito bonito marido.

Ty olhou especulativo para ele, o silêncio pesado pendurou entre eles.


Isso foi um constrangimento que eles raramente experimentaram. Zane
esperou por algum tipo de resposta. Ele não conseguia ler o rosto de Ty, mas
ele esperava que Ty pudesse reconhecer a honestidade dele. Sim, sob as certas
circunstâncias, Zane podia se ver sendo muito ciumento. Mas ele
sinceramente não tinha certeza se tinha esse direito, tanto quanto ele
subitamente queria ter.

Finalmente Ty balançou a cabeça de forma decisiva.

— Você transou muitas vezes para ficar com ciúmes. — Ele anunciou
levianamente quando pegou o seu copo.

Zane pensou em discutir, mas em vez disso deu um sorriso a Ty e deixou


isso ir. Era tudo semântica de qualquer maneira, ciúmes contra
possessividade. Soltando o tópico agora significava que ele podia mastigar
muito a ideia sem Ty mais tarde sopra-la com uma piada.

Aquilo só doeu um pouco.

Depois do jantar e quase uma hora de passeio e compras, Zane ainda


estava preocupado com o comentário desdenhoso de Ty no restaurante. Você
transou muitas vezes para ficar com ciúmes. Zane não estava muito certo.
Mesmo antes de jogar de Corbin Porter, ele estava lutando com o
pensamento: — Ele é meu, — sobre seu parceiro, pois as implicações eram
muito grandes para conseguir a sua cabeça ao redor.

Não muitas semanas atrás, ele ficou ao lado da cama de hospital de Ty e


admitiu para si mesmo que ele alguma vez quis deixar Ty ir. Mas ele ainda
não tinha encontrado uma maneira de conciliar isso com a realidade de suas
complicadas vidas. E agora, por causa deste louco caso que distorceu
completamente sua —realidade—, ele poderia ser tão possessivo como
pensava que Corbin seria, e Ty —ou Del— não iria reclamar. Não em público,
de qualquer maneira.

Mas o que quando o caso terminar?

Antes do jantar, ele assumiu que Ty não gostaria que ele demarcasse
qualquer tipo de reivindicação, física ou emocional, exceto como parte de seu
disfarce, e a contragosto. Zane não tinha ouvido nada para mudar essa
suposição, mas tampouco ele não tinha perguntado exatamente. Ele adiou
aquilo, se afastando de um tema que parecia como uma mina terrestre no
centro do seu peito.

Zane se virou do lugar onde estava do lado de fora de uma pomposa loja
de acessórios e viu o dedo de Ty por um display de óculos de sol. Ty virou-se
para olhar para ele, usando um par de óculos de aviador, tal como os que
tinha deixado em casa, a etiqueta saindo lateralmente de sua testa. Zane
sorriu, apesar de seus sentimentos contraditórios.

— Você já não tem um como esse? — Uma pergunta legítima, Ty ou Del.

Ty os tirou e olhou para eles sorrindo.

— Você nunca pode ter muitas maravilhas, — afirmou. Ele os colocou de


volta para baixo e deslizou as mãos por seus lados, onde seus bolsos deveriam
estar. Ele resmungou sobre as macias calças de linho e procurou outra coisa
para fazer com as mãos quando continuaram a passear. Ele estava ficando
inquieto e seu humor diminuia constantemente desde o jantar.
Se a causa foi a perspectiva de lidar com Norina Bianchi ou a conversa
que eles tiveram com relação a ciúme era uma incógnita. Zane começou a
lançar em torno de algo brilhante, doce, ou pegajoso para jogar no caminho
de Ty como um desvio emocional.

— Se quisermos sobremesa depois, não há falta de lugares para lanches,


— Zane disse quando passaram por um quiosque de padaria e uma loja de
refrigerante. Esse era apenas um andar de três de um impressionante, passeio
muito bem decorados, uma espécie de quadra acarpetada de alta classe de
mini-shopping e comida com qualquer coisa desde um Orange Julius23 a
Godiva Chocolatier24 e de loja de camisas baratas para a Tiffany & Co.25 Tudo
completo com uma árvore de Natal de seis metros de altura, brilhando no
centro.

— Eu mataria por algumas balas de goma agora, — Ty murmurou.


Estendeu a mão e entrelaçou os dedos nos de Zane, aparentemente decidindo
que isso era a melhor coisa a fazer com as mãos que de outra forma estariam
ociosas.

— Você deveria ter olhado quando estávamos na loja, — Zane disse, os


movendo ao longo da passarela. Eles encontraram preservativos em um canto
extremamente discreto de uma mini-mercearia, mas em vez de correr o risco
de exposição por comprá-los, Ty tinha embolsado uma caixa. Quando tinham
pisado fora da loja, novamente, Zane descobriu a caixa escondida dentro de
seu paletó. Um dia, Zane iria descobrir como Ty fez isso e como ele sempre
conseguia se apoderar dos seus cigarros sem ele saber. Esta noite, porém, ele
estava grato pela falta de valores morais de seu parceiro. — Você quer voltar e
pegar um pouco?

Ty suspirou tristemente e virou a cabeça para os lados, estalando seu


pescoço.

23
Orange Julius é uma cadeia americana de lojas de bebidas de frutas.
24
A Godiva Chocolatier é uma fabricante belga de chocolates e produtos relacionados.
25
Tiffany & Co. é uma empresa norte-americana do ramo de comércio de jóias.
— Vamos voltar aos computadores e ver se há notícias de casa. Aquela
foto que tirei de Armen deve ter produzido alguma coisa.

— Não, — Zane decidiu, alcançando o cotovelo de Ty para puxá-lo mais


perto. — Dissemos a eles que iríamos verificar todas as manhãs. Temos que
ser previsíveis. E antes que você sugira, não vamos ficar na cabine por dias
enquanto esperamos por algum tempo predeterminado chegar. Precisamos
circular, e aqui tem que ter alguma coisa para nos divertir. — Ele começou a
puxar Ty, apesar de que seu, —marido— estava relutante.

— Eu te odeio um pouco agora, — Ty afirmou, embora ele estava


admitindo a lógica ao não lutar com ele.

— E como isso é diferente do normal? Pare de fazer beicinho, boneco, —


Zane resmungou enquanto apertava a mão de Ty. Olhou para o seu parceiro.
—Certamente podemos encontrar algo para fazer você sorrir.

Ty aproximou-se mais, apertando a mão de Zane de volta quando


abaixou a voz, perdendo o sotaque falso.

— Se você continuar sendo condescendente comigo, eu vou chutar o seu


traseiro quando estivermos sozinhos. E você não vai fazer sexo por duas
semanas, lembre-se disso.

Incomodado, Zane parou no lugar, virou Ty para ele e colocou uma mão
no rosto dele, polegar sob o queixo para fazê-lo olhar para cima.

— Estou brincando e você sabe disso. Não há nenhuma razão para você
estar assim, irritado, — Zane disse, injetando um tom de advertência em sua
voz, e isso não era a influência de Corbin.

Ty apertou os olhos, inclinando a cabeça um pouco da forma como


geralmente fazia no ringue antes de Zane acabar na lona. Mas ele parecia
continuar ciente dos outros passageiros ao redor e no fato de que poderiam
estar sendo sempre observados. Ele não disse nada, apenas expirou forte
como resposta. Desempenhando seu papel, ele gostasse ou não. Zane franziu
a testa. Não era da natureza de Ty ser tão difícil, mesmo que não estivesse
feliz com sua participação no caso.

Consciente das pessoas andando à sua volta, ele liberou o queixo de Ty e


quando Zane falou, manteve a voz muito baixa, deixando cair
deliberadamente o sotaque de Corbin.

— Há algo de errado que eu realmente precise saber?

— Olhe para mim! — Ty chiou. — Eu pareço que estou tendo um bom


tempo aqui? Pare de se divertir tanto, seu imbecil.

Foi difícil escolher entre uma bufada e uma risada, mas


independentemente disso, Zane revirou os olhos.

— Chupe isso, — ele respondeu. — Você já teve um inferno muito pior.


— Ele deslizou o braço em volta da cintura de Ty e saiu andando novamente.
— O que você precisa é de uma bebida, — anunciou.

— Malditamente certo, — Ty disse quase com raiva. — Mas eu não posso


beber, porque quem é um alcoólatra? — Ele perguntou sarcasticamente. Ele
obviamente estava frustrado, tanto pelo papel que tinha de desempenhar
quanto pela falta de uma válvula de escape para a frustração. Ele estava tenso
apesar de todo o —relaxamento— que ele esteve fazendo, e Zane sabia que ele
estaria louco por uma luta, que não seria do bem, no momento em que
chegassem à cabine se ele não encontrasse algo para ele entrar primeiro.

Mas o que era isso de Ty não beber nada? Zane precisava pôr um fim
nessa ideia agora. Ele segurou Ty pelos ombros, encontrou seus olhos e falou
em voz baixa, discreta.

— Ouça. Você não precisa parar de beber só porque eu parei. Sério.

— Eu não sou tão cruel, — Ty disse com franqueza. — Eu vejo o olhar em


seus olhos quando o álcool é mencionado. É o mesmo olhar que você me dá,
então eu sei o que você está pensando.
— Isso não é ser cruel. E o que você quer dizer, o mesmo olhar que eu te
dou? — Zane perguntou, franzindo a testa um pouco. — Seja qual for o olhar
que você está vendo nos meus olhos, não é outra coisa senão eu me
perguntando se você está se perguntando se eu vou desistir e beber.

Ty balançou a cabeça pacientemente.

— É o olhar de um viciado vendo algo que deseja, — ele disse sem


malícia. Falou com um tipo de franqueza que era raro para Ty e ainda mais
surreal pelo sotaque britânico que usava. Ele levantou três dedos. — O álcool,
as drogas e eu. Você pensa em todas essas coisas da mesma maneira. Eu sou o
único que não vai te machucar para te saciar e não sou insensível o suficiente
para combinar dois deles na sua frente.

A surpresa de Zane o manteve quieto por alguns instantes, e ele teve que
organizar seus pensamentos antes que pudesse responder. Por que ele
constantemente ficava surpreso com o quão atento e perspicaz Ty poderia ser,
ele não sabia.

— Eu agradeço a intenção. Mas, realmente, eu posso sinceramente dizer


que enquanto você estiver por perto, não há nenhuma competição.

Ty bufou e olhou para longe, os olhos correndo para frente e para trás
sobre a multidão de passageiros comprando na avenida. Ele chegou a algum
tipo de decisão, no entanto, e balançou a cabeça e olhou para Zane,
desconfortável.

— Vou manter isso em mente.

Zane balançou a cabeça lentamente e decidiu que isso era o melhor que
poderia fazer por hora, pelo menos sobre o assunto. Ele ainda tinha um
parceiro irritado e frustado que precisava de algum tipo de escape.

— Vamos lá.

Ele puxou Ty junto a um mapa da avenida e olhou para as opções de


entretenimento, enquanto Ty se mexia com impaciência. Já passava das nove
e os clubes de dança estavam balançando - Zane podia ouvir a música
abafada, mas não tinha certeza se algo mais suave não poderia ser uma
escolha melhor. Ainda assim, passariam pelos clubes, para checa-los. Ele fez
nota de alguns lugares e, em seguida, orientou Ty para a direção da música.

— O quê? — Ty finalmente perguntou enquanto Zane o puxava.

— Distração para você e entretenimento para mim, vamos, — Zane


anunciou enquanto desciam pela escadaria dupla.

— O que quer dizer com entretenimento? — Ty perguntou, desconfiado


olhando para os degraus. — Estamos indo para baixo, para os clubes?

— Sim, — respondeu Zane quando olhou para o lado, olhando Ty. Ele
ainda se conteve de olhar novamente a maior parte do tempo. Aqueles
obscenos cabelos loiro descolorido.

— Eu não sei, cara, — Ty disse apreensivo enquanto puxava Zane para


mais perto e baixava a voz. Ele estava tendo problemas em manter as nuances
do sotaque. Zane estava surpreso que ele tinha conseguido fazê-lo por tanto
tempo. — Isso geralmente tem toda uma multidão e luzes estroboscópicas e
pessoas tocando onde a arma deveria estar. Eu não saio para dançar a menos
que eu saiba que ninguém vai aparecer de repente com uma faca nas minhas
costas.

— Considerando que todo mundo teve que passar por um detector de


metal e raios-X para subir a bordo, as chances de isso acontecer são mais
baixas do que o normal, apesar de entender sua preocupação, — disse Zane.
Ele apertou Ty perto e sorriu para um casal que caminhava. —E vou cuidar
das suas costas, — acrescentou baixinho.

— Você passou pela segurança e está armado, — Ty lembrou


distraidamente. — Você gosta de dançar? — Ele adicionou em um tom
surpreso.
Zane sorriu verdadeiramente quando chegou ao fim da escada. — Não,
— ele corrigiu, se inclinando para bater no ombro de Ty com o seu. — Eu
adoro dançar.

Ele não conseguia ir tão frequentemente como costumava, e desde que


se mudou para Baltimore, ele não tinha tido a chance de ir aos clubes, já que
passava as noites com Ty. Quando Zane trabalhou em Miami, ele saia quase
todas as noites, embora também tivesse a desculpa de estar trabalhando. Os
clubes em Miami eram notórios pelo círculo criminal e tráfico.

— Eu não sabia disso, — Ty murmurou, parecendo estranhamente


perturbado pelo fato.

Zane deu de ombros.

— Eu falei sobre a quadrilha, — ele disse baixinho. — Quem no seu


perfeito juízo iria dançar quadrilha se não gostasse de dançar?

— Isso é completamente diferente! — Ty riu quando se aproximaram do


ritmo da música batendo.

Zane sorriu, feliz por ter conseguido um sorriso de seu parceiro. Ele
sentiu a música reverberar através dele ao se aproximarem da entrada de um
dos clubes. O nome Netuno foi rabiscado em neon púrpura sobre a porta
dupla e cordas de veludo bloqueavam a entrada. A multidão se contorcia na
sala escura.

— Então seu plano é me embebedar, me deixar todo suado e animado,


então me levar de volta para a cabine? — Ty perguntou em tom calmo.

— Oh, esse pode não ter sido o meu plano antes, mas com certeza é
agora, — Zane concordou plenamente. Se ele tivesse uma escolha sobre o
companheiro de sua noite, preferia ter o Ty excitado e flexível desta tarde, ao
homem rebelde e irritadiço desta noite.

— Eu gostei disso, — Ty aprovou. Ele guiou Zane para o clube, os


seguranças os deixaram passar pela fila de espera, sem um piscar de olhos. Ty
poderia argumentar de maneira diferente, mas ele sabia como usar sua
aparência quando precisava.

Além disso, ele tinha razão sobre as luzes estroboscópicas, mas não era
tão ruim. O clube era pequeno, mas extremamente completo. Havia pistas de
dança diferentes em três diferentes níveis e mesas em torno delas. Pela
primeira vez, não havia nenhum sinal de decorações do feriado. O bar estava
no piso térreo, e Zane apontou Ty nessa direção, esperando que ele
conseguisse alguma coisa, mesmo se não fosse álcool.

Ty não hesitou, aparentemente tendo feito a sua decisão depois da sua


breve discussão de antes com Zane. Ele deixou Zane e cortou seu caminho
através da multidão. Quando Zane o viu ir, ele pode ver as pessoas no clube,
tanto homens como mulheres, voltando-se para tomar um segundo olhar
sobre Ty enquanto ele passava por eles. Foi difícil reprimir os impulsos para
alisar quando as pessoas perceberam, mas depois se lembrou de que não
tinha que se deter - Corbin iria exibir seu marido por tudo o que valesse a
pena. Então, ele só deslizou a mão no bolso para esperar, sabendo muito bem
que Ty estava voltando para ele e só para ele. Ah, sim, convencido era uma
boa palavra para isso, Zane pensou. E assim que viu Ty fazendo o seu
caminho de volta para ele, ele realmente não poderia ter se importado menos
sobre sendo chamado de possessivo também.

Apesar de seus protestos sobre os perigos da multidão, Ty já estava


sorrindo, uma bebida em uma mão enquanto se movia através da massa de
pessoas. A fim de fazer isso, uma pessoa tinha que se mover com o ritmo da
música ou ser batido em torno de seus esforços. Ty fez isso habilmente. Zane
suspeitou que ele passou sua quota de tempo em lugares como este. Zane
apenas imaginou que o tipo de lugar que Ty frequentaria, teria menos luzes
estroboscópicas e mais amendoim no chão.

Ty se movia fluidamente entre a multidão, seus quadris mexiam ou


rolava os ombros, era uma coisa linda Zane refletiu e seu corpo acordou. Ty
ficaria ainda melhor dançando. Seu corpo esguio foi feito para isso.
Quando Ty chegou até ele, ele exibia um sorriso largo, segurando sua
bebida para fora da multidão. Corpos movimentavam no tempo com a batida
da música. Ali não tinha palavras que Zane poderia discernir, abafadas pelo
ruído. Aquilo era muito bom. Tornava mais fácil se concentrar na batida
debaixo de seus pés e retumbando em seu peito, dirigindo a sua frequência
cardíaca e, por enquanto, era no que Zane estava interessado. Ele sacudiu a
cabeça na direção do centro da pista de dança e levantou uma sobrancelha em
questão.

Ty tomou um longo gole da taça na mão e se aproximou, envolvendo um


braço em volta do pescoço de Zane para puxá-lo perto o suficiente para falar
com ele. Era impossível eles permanecerem imóveis no mar de corpos
dançantes, com a música bombeando através da sala eles estavam se
movendo por padrão. Realmente não tinham que se aproximar da pista de
dança, a fim de dançar porque a multidão os absorvia.

— Esta é a primeira vez para mim, — Ty praticamente gritou em seu


ouvido. — Nunca dancei com um cara antes. De propósito, de qualquer forma.

Zane sorriu e deslizou as mãos pelas costas de Ty para se espalhar em


sua bunda e puxá-lo para mais perto sutilmente, não que alguém o veria na
multidão. Zane não iria perder essa oportunidade. Ele nunca pensou que teria
uma chance de dançar com Ty em tudo, não parecia exatamente o tipo para
um balanço ao luar no convés de popa com a pequena banda de jazz que tinha
visto na noite anterior.

E eles certamente não podiam fazer isso em Baltimore.

Ty se aproximou o mais perto possível, pressionando seu corpo contra o


de Zane enquanto se moviam juntos. Pessoas deslocaram ao redor deles,
estranhos tocando e contorcendo-se, juntamente com a batida de forma
indiscriminada. Mas os olhos e as mãos de Ty ficaram em Zane e somente em
Zane.
Capítulo Seis

A fila para a parede de escalada era longa e ia demorar ainda mais, uma
vez que houve a necessidade de ajudar e dar descanso para alguns
escaladores. O frio não era um problema, mas a impaciência era. Ele não
gostava do que considerava fazer tarefas subalternas, como o trabalho
molhado.

O tempo bom e o clima de festa no navio, deixava seu trabalho um


pouco mais fácil, apesar de tudo. As pessoas estavam felizes e alheias e ele foi
capaz de entrar sutilmente bem na frente dos dois homens quando eles
chegaram. Era uma obra-prima da maldade, garantir que ele fosse o último a
escalar antes deles sem que ninguém percebesse o que ele tinha feito ou o que
ele estava prestes a fazer.

Ele carregava uma pequena faca de cerâmica, que tinha sido capaz de
levar ao passar pelos detectores de metal de baixa tecnologia, em uma bolsa
na cintura e era bastante inofensiva, se por algum azar fosse revistado por um
segurança. Também era fácil de largar, se necessário, tudo o que tinha que
fazer era jogá-la com força contra algo sólido e quebraria em um milhão de
pedaços. No navio de cruzeiro, porém, isso não era realmente um problema
com armas. Se estivesse perto o suficiente da borda, ele poderia simplesmente
atirá-la ao mar e vê-la afundar nas profundezas azuis escuras.

Ele não achava que precisaria fazer isso.

Enquanto subia pela parede falsa, cuidadosamente puxou a linha de


amarração para ele, a recolhendo em sua barriga para que ninguém abaixo ou
acima dele visse o que estava fazendo. Quando chegou ao local da corda que
pensou que faria o maior dano, passou a faca na palma da mão de sua pochete
e rapidamente fez um corte, quase um terço da largura pela linha de nylon.
Não era muito, quase imperceptível a olho nu, já que a faca era muito afiada.
Quando feito um exame superficial, não seria visto. Só quando se atingisse o
mosquetão em cima e o peso de um corpo humano puxasse que se tornaria
evidente.

Depois de dobrar a faca, ele acenou para o assistente a cerca de três


metros acima dele e, lentamente, começou a fazer a descida. Tomou cuidado
com a corda, atento para não colocar muito peso sobre ela e a deixou
desenrolar no que parecia um ritmo natural. Quando seus pés tocaram o chão
acolchoado na base da parede, ele estava contente em saber que quando a
corda rompesse por causa do excesso de peso na linha comprometida, sua
presa seria a do cinto de segurança.

Zane balançou a cabeça e suspirou enquanto estava em pé no sol


brilhante e nítido ar de inverno, olhando para a parede de pedra cinza em
direção ao céu azul claro. Ele começava a desejar que Corbin fosse uma fuinha
supergeek ou um homem velho, corpulento, que andava com uma bengala.
Essas coisas eram um inferno para seus nervos.

Ele trouxe sua atenção ao nível do chão, onde Ty estava ao lado dele,
tentando ficar imóvel quando um baixo e bastante robusto membro da equipe
chamado Manny verificava o seu cinto de segurança. Sua vez sobre o muro de
pedra tinha sido por indicação, outra demanda de seus itinerários. A fila era
longa e estava enrolada em torno da plataforma e rampa baixa que os
passageiros tinham que subir para chegar até este ponto. O nível do convés
deixava a parede de rocha elevada, situada perto da popa do grande navio de
cruzeiro, parecia muito maior.

Zane, agora, estava duvidando de sua decisão de tomar o café da manhã.


Não era que estivesse com medo, por si só. Ele sabia que podia escalar o
maldito muro e que ficaria bem, especialmente com um cinto amarrado em
uma corda de nylon grosso ancorado. Ele não tinha medo de altura. Era só a
coisa toda de cair, esse tipo de medo o deixava na merda.

Um tilintar chamou sua atenção, e Zane viu Ty sacudir seus ombros ao


tentar afivelar a correia do capacete sob o queixo. Ele tinha sido vítima de um
dos chapéus de Papai Noel e o estava usando sobre o capacete. Zane riu e
estendeu a mão para arrancá-lo e jogá-lo para o lado.

— Pronto para começar? — Zane perguntou corajosamente. Ele estava


feliz que tinha perdido o jogo pedra-papel-tesoura para quem subiria
primeiro.

— Você parece um pouco verde, — Ty respondeu com ironia, embora a


provocação de sua voz perdeu alguma coisa com o sotaque falso. Seu queixo
estava levantado quando mexia com a correia e estava olhando para Zane com
um sorriso. Com o capacete cobrindo o cabelo loiro platinado, pareceu como
ele novamente, mesmo se não soou como ele.

Zane franziu o nariz e se aproximou o suficiente para empurrar as mãos


de Ty para fora da fivela, virando a alça torcida de um lado para que dobrasse
facilmente.

— Nós vamos estar conectados a alguma coisa. Eu posso lidar com isso.
Eu tenho certeza que é um inferno de vista a doze metros de altura.

— Sim, — Ty disse com uma risada. Sua voz estava cheia de alegria
sádica. — Você não enjoa, não é? Mesmo em um navio deste tamanho, eu
tenho certeza que você vai sentir o movimento lá em cima.

— Eu não tenho ideia, — Zane disse honestamente, colocando as mãos


nos quadris. — Eu acho que nós vamos descobrir.

Mesmo que tivessem se estabelecido em seus papéis a bordo


confortavelmente nos últimos dois dias, ainda foi uma pequena surpresa
quando Ty se aproximou e lhe deu um beijo rápido e casto nos lábios antes de
virar para a parede cinza coberta com vermelho, amarelo, verde, preto e
apoios para as mãos, marcando os diferentes graus de dificuldade para subir.

Zane ficou lá, sorrindo como um idiota quando Manny checou se o


dispositivo de segurança ligado ao cinto de Zane estava funcionando
corretamente, e dizendo a Zane que ele era o contrapeso de Ty e o instruía
como usar o dispositivo simples de passar a corda. Ele poderia ser facilmente
fixado em caso de uma queda, usando o peso de Zane para combater Ty se ele
escorregasse. Zane olhou para o comprimento da corda da âncora no topo da
parede e percebeu o que ele precisava fazer para manter a corda esticada
perto, apenas no caso. Conhecendo Ty, ele cairia e balançaria livre como um
acrobata apenas para abusar do arreio de Zane em suas partes divertidas.

— Ok, Extreme Sports Ken, vá para isso, — disse Zane depois de


recolocar seus óculos de sol.

Ty olhou para ele com exasperação, uma mão no entalhe da parede de


pedra.

— Aqui é onde eu pergunto, “na amarração?”, e se você está preparado


para me pegar se e quando eu cair para a minha possível desgraça, e você
responde: “na amarração” — Ty lhe disse.

— Na amarração— Zane informou obediente, algumas de suas


memórias de academia filtrando de volta. Ele teve um pequeno curso de rapel
na época, mas não tinha ficado nele, e não era exatamente o mesmo que
escalada. Os comandos soaram familiares, apesar de tudo.

Ty pigarreou contra uma risada e disse: — Subindo, — antes de se


erguer para cima da parede. Manny se inclinou e murmurou para Zane, e
Zane anunciou obedientemente: — Suba, — enquanto observava cada
movimento de Ty.

Ty usava um par de shorts verdes e uma camisa azul marinho sem


mangas nessa manhã, ambas as roupas soltas relativamente apertadas para
evitar ser pego nas cordas ou movimentos bruscos na parede, e era fácil ver
seus músculos definidos flexionando enquanto ele habilmente passava de
uma garra para a próxima. Era óbvio que ele tinha feito isso antes e não
apenas em uma excursão estranha de fim de semana. Um Force Recon
provavelmente conseguiu ficar muito familiarizado com esse tipo de coisa.

Ty escalava com eficiência e precisão de movimentos, tomando decisões


sobre para qual apoio de mão ou qual apoio de pé que ele passaria de forma
rápida e escalando a parede como um macaco-aranha. Era senso comum:
quanto mais tempo ficava agarrado a um ponto, os seus músculos cansariam
mais e seria mais difícil continuar a subir.

Ty não perdia tempo. Ele estava indo firmemente para o meio da parede
e as grandes protuberâncias de lá.

— Ótimo, — Zane murmurou. — Ele escolheu tomar o caminho mais


difícil. — Quando a corda ficou tensa nas mãos de Zane, ele cuidadosamente
soltou alguma extensão para que Ty pudesse se manter em movimento
diagonal. Quanto mais alto Ty ficava, mais Zane desejava que tivesse sido
mais insistente em permanecer na cama nesta manhã, embora ele soubesse
que era bobagem. Ty era um fuzileiro naval altamente treinado e uma
pequena parede de rocha como essa era amadorismo para ele. O pensamento
realmente não ajudou Zane a se sentir melhor, no entanto. Mais uma vez ele
pensou em Ty balançando por aí como um palhaço de circo e ele puxou
desconfortavelmente seu arnês26.

— Seu amigo é um bom alpinista, — Manny disse apreciando enquanto


observava a subida ágil de Ty.

Ty desacelerou para uma parada, agitando um pouco com a linha que


tinha ficado emaranhada.

— Tensão. — Ele chamou.

Cuidadosamente Zane puxou a linha para apertá-la para cima.

26
Um arnês é uma espécie de cinto de segurança para a escalada, a espeleologia, o iatismo,
etc.
— Sim, ele adora esse tipo de coisa, — ele respondeu distraído, sem tirar
os olhos de seu parceiro.

Assim que a folga foi recolhida, Ty iniciou a subida mais uma vez. Ele
definitivamente estava se movendo em direção a protuberância porque
oferecia uma subida mais difícil. A inclinação para o exterior significava que a
corda levaria menos de seu peso enquanto subia e era mais desgastante para
os seus membros enquanto puxava a si mesmo mais alto. Mesmo há 7,5 ou 09
metros abaixo, Zane podia ver os músculos dos ombros e antebraços de Ty
saltando quando se aproximava da ponta do afloramento. Em seguida,
ocorreu a Zane que ele não tinha sequer pensado sobre os dedos de Ty. A
cirurgia na mão dele não tinha sido há muito tempo e Zane não tinha
perguntado se Ty tinha recuperado a força e a flexibilidade que estava
acostumado.

Como se em resposta à sua pergunta, Ty deu um breve grito frustrado


de cima quando tentou segurar um dos entalhes ultraperiféricos com essa
mão. Ele a puxou para trás e apertou, olhando para eles enquanto ele se
agarrava a parte inferior da protuberância. Ele se inclinou muito de seu peso
sobre o arnês, mais pendurado no ar quando mantinha a mão na parede
confiando no apoio. Zane pensou que ele poderia estar sorrindo.

— Dedos, — Ty chamou para baixo, os balançando.

Zane bufou.

— Tente usá-los! — Ele gritou de volta, só irritar.

— Eu tentei! Eles não gostaram! — Ty invocou.

Zane podia vê-lo em busca de um agarre diferente, provavelmente um


fraco que não cobraria tanto dos dedos fracos. Ty olhou para o seu cinto de
repente e ao mesmo tempo Zane sentiu a corda perder a tensão em sua mão.
Zane puxou a corda para baixo para pegar a folga, pensando que Ty estava
preocupado o suficiente com os dedos para não gritar.
Ty olhou para eles em consternação.

— Tensão, — Ele gritou para baixo, assim quando a corda ficou frouxa
mais uma vez nas mãos de Zane. Se a ponta de Ty estava frouxa, a de Zane
deveria ficar mais tensa, e não o contrário.

— O que há com a corda? — Manny perguntou para Zane enquanto ele


continuava a puxá-la sem encontrar qualquer resistência. Ele viu Ty olhar
para ele e, em seguida, olhar para cima bruscamente, seu corpo inteiro
balançando em alarme em algum aviso que Zane não podia ouvir ou ver. A
mão livre de Ty arranhou seu cinto quase em pânico, o que era altamente
incomum dele.

— Rocha, — Ty gritou, sua voz tão apavorada como suas ações. O aviso
que um objeto estava caindo confundiu Zane tanto quanto entender que Ty
estava tentando desatar o nó seguro que prendiam a corda em seu arnês. A
corda na mão de Zane, de repente, bateu no chão a seus pés, e havia um ruído
de chicotadas quando dezenas de pés de pesado nylon azul corda caiu do alto
da parede de pedra.

— Se segure! — Zane gritou quando percebeu que a corda âncora tinha


apenas estalado. Não havia nada que pudesse fazer, exceto assistir chocado,
doente e assustado enquanto Ty lutava para encontrar uma vantagem na
parede há mais de 09 metros acima dele.

Quando a corda caiu, Ty ainda estava tentando libertar-se dela. As


pessoas que esperavam na fila pela sua vez para a parede começaram a gritar
quando viram as duas metades da corda caindo. A extremidade mais curta da
corda quebrada, a que ainda estava conectada a Ty, passou por ele, assim que
ele chicoteou o nó frouxo e a atirou para longe de seu corpo. Mas o peso da
corda caindo foi grande o suficiente para puxar mesmo que ele a deixou ir, e
Zane assistiu com horror enquanto ele arrastava seu corpo longe da
protuberância.
Ty deu um grito mudo quando suas pernas e um braço balançaram
livres da parede. A corda aterrissou com um baque decepcionante a vários
metros de distância de onde Zane estava. Trinta pés acima, Ty balançava da
protuberância por uma das mãos, o corpo torcendo como se fosse golpeado
pela brisa do oceano.

— Jogue outra corda, — Zane exigiu a Manny, que estava em uma rádio
bidirecional acenando para alguém no topo da parede. — Colchão inflável?
Alguma coisa? — Frustrado além da crença, Zane se moveu para tentar ficar
onde Ty pudesse vê-lo, perto o suficiente para que ele pudesse ser capaz de
fazer... alguma coisa. Seu coração estava na garganta e sangue corria em seus
ouvidos. Uma coisa era estar em apuros e manter a calma. Isso era outra
coisa, estar preso assistindo, impotente.

Ty ficou pendurado ali, imóvel por uma eternidade. Ele não chutou os
pés em pânico ou mesmo tentou alcançar um apoio de mão adicional com a
mão livre. As únicas coisas que o impediam de cair para a desgraça da qual ele
brincou sobre nem dez minutos antes eram seus cinco nós de dedos brancos.

Ele olhou para Zane como todos na plataforma embaralhada.

— Isso suga, homem, — Ty falou, a voz frustrantemente calma. Houve


um tremor de riso nervoso e suspiros da multidão que assistia.

Zane protegeu os olhos enquanto olhou para seu parceiro e engoliu em


seco antes de responder.

— Você ainda está brincando! — Ele gritou tentando afastar o medo


zumbido no ar ao seu redor.

— Não entre em pânico, senhor! — Manny gritou, ele mesmo parecendo


desesperado. Perder um passageiro rico em um acidente anormal na parede
de escalada, provavelmente não ficaria bem para ele ou para a linha de
cruzeiro. Nem seria a mancha de sangue.
Ty lentamente girou e estendeu a mão para a parede. Ele estava
pendurado na ponta do afloramento, possivelmente, o pior lugar para ter
ficado preso. Ele não poderia ter os pés debaixo dele em um apoio até que
movesse. E se mover seria difícil com apenas uma mão. Do lado positivo, se
ele tivesse estado em qualquer outro lugar na parede, provavelmente teria
caído quando a corda caiu.

Ty agarrou outro apoio e Zane viu os músculos de seus ombros e um


grupo de múxculos nas suas costas, enquanto ele tentava se erguer mais.
Quando sua mão escorregou para longe da parede novamente, Zane ouviu um
murmúrio de maldição não muito britânico soar.

Zane reprimiu a vontade de gritar com Ty, em vez disso se voltou para
Manny.

— Há alguém lá em cima para hogar uma corda segura?

— Estamos trabalhando nisso, senhor, — Manny disse tremendo,


segurando o rádio comunicador bidirecional.

Zane o pegou de sua mão e apertou o botão para falar enquanto voltava
sua atenção para Ty.

— Quem está aí em cima? — Ele bateu. Mas não houve resposta. Os


atendentes que estavam lá em cima quando Ty começou a escalada foram
embora, ele esperava que em busca de outra corda.

Acima, Ty recuperou seu agarre sobre a parede com ambas as mãos e


estava apenas pendurado vacilante.

— É esse maldito anel, — ele falou. — Meus dedos, — ele continuou, na


verdade não terminando nenhuma das frases que começou quando olhava
para cima e ao redor dele. Era mais difícil ouvir o que ele dizia quando olhava
para cima, mas quando olhava para trás abaixo, as pessoas podiam ouvi-lo
dizer: —O pessimista diz: “Não pode ficar pior!” E o otimista responde: “Oh
sim, pode!”
A multidão ria nervosamente, incerta se devia rir.

Ty soltou uma mão e fez um passe para um apoio mais longe, mas ele
errou e balançava precariamente antes de fixar-se no apoio original
novamente.

— Piadas. Ele está contando piadas, — Zane disse baixinho, decidindo


que assim que Ty tivesse ambos os pés no chão ele bateria nele. Muito. Logo
depois de beijá-lo até a inconsciência.

Ty teve o bom senso de ficar quieto depois, quando continuou lutando


para encontrar um caminho para cima ou para baixo, para a esquerda ou para
a direita. Fez várias tentativas fracassadas de balançar-se em torno da borda
do afloramento estreito, durante a última ele perdeu o controle de ambas as
mãos e quase despencou os nove ou mais metros para a plataforma. Ele
deslizou vários centímetros, arranhando a parede com as duas mãos: uma
fração de segundo de Deus-nos-acuda queda livre. Zane pensou que seu
coração ia parar no local antes que Ty conseguisse pegar outro apoio e parar.

Ty não gritou ou berrou ou até mesmo xingou, o que significou para


Zane que Ty realmente começava a entrar em pânico ou seus músculos
cansados estavam prestes a desistir e ele estava gastando toda a sua energia
em se segurar. De qualquer maneira, eles precisavam levá-lo para baixo.

A queda, no entanto, mostrou-se fortuita. Agora, mais abaixo da


protuberância, com a mão boa em uma posição diferente, Ty tinha mais
opções. Quando dois homens no topo da parede, finalmente, vieram até a
borda com uma nova corda e gritaram freneticamente, Ty foi capaz de puxar
mais a si mesmo, deslizando a ponta dos pés em algo sólido e pressionou seu
corpo contra a parede. Ele praticamente afundou de alívio enquanto
descansava seus braços.

Os atendentes lançaram duas novas cordas para baixo, ambas as


extremidades pousando a poucos metros de distância de onde Zane estava.
Manny se apressou para pegar uma extremidade e anexá-la ao seu dispositivo
de segurança no seu arnês, a outra, ficou para outro funcionário, que gritou
sem dizer nada até que elas estavam amarradas. Um dos assistentes acima
girou sobre a borda, lentamente descendo em direção a Ty com a outra
extremidade da nova corda.

Apesar do alívio desse resgate iminente, o homem ainda estava uns


bons quatro metros e meio acima de Ty e seu progresso era lento. Houve uma
onda de suspiros e murmúrios quando Ty começou a subir lentamente em
direção ao homem que descia.

— Não, senhor! Fique onde está! — Um dos funcionários gritou.

— Calma garoto, — Ty gritou de volta com irritação enquanto ele


continuava a subir lentamente. Ficou óbvio para os olhos de Zane que Ty
estava cansado e sendo muito mais cuidado do que foi quando estava
conectado às cordas. Ele estava indo devagar, mas fazendo o mesmo ritmo
que o homem tentando a descida difícil.

— Hey, Lone Star! — Ty gritou novamente.

Zane riu e esfregou a mão sobre o rosto.

— O quê? — Ele gritou de volta.

— A corda entra em um bar, — Ty anunciou. Ele fez uma pausa


dramática enquanto se esforçava para encontrar um ponto de apoio para o pé.
Então continuou com a voz tensa com o esforço físico. — Pede uma cerveja. O
barman lhe diz: ‘Não servimos cordas aqui’. Então a corda sai do bar e vai
para fora, pede a um cara passando para desfiar ambas as extremidades e
amarrá-la em um nó. O cara faz o que a corda pediu, e, em seguida, a corda
volta para dentro e pede uma cerveja. O barman olha para ela e pergunta:
“Você não é aquela corda que estava aqui?” E a corda responde: “Eu sou um
nó desfiado!”
Outra onda de riso nervoso e um punhado de aplausos seguiram suas
palavras. A multidão tinha crescido consideravelmente desde que a notícia de
uma possível morte ou mutilação havia se espalhado.

Zane olhou para Ty, perdido por um longo tempo. Então ele gritou: —
Há quanto tempo você estava guardando essa? — Ele sabia que sua voz estava
quase estridente, mas Zane não se importava. Ele estava louco, chateado, e
com medo, caramba! E tudo o que Ty pôde fazer era contar piadas!

— Estive esperando até que fosse relevante, — Ty gritou para baixo com
uma risada Ele parecia sem fôlego por tentar conversar e subir ao mesmo
tempo. Ele se firmou onde tinha os pés em dois apoios sólidos e, em seguida,
pressionou a testa na parede, achatado como um inseto em um para-brisa.
Zane rosnou frustrado. Pelo menos Ty tinha bom senso o suficiente para
saber quando ele chegou ao seu limite.

Felizmente, o homem escalando para ele estava apenas a meio metro


dele e logo que o alcançou com a corda, ele começou a laçar através dos anéis
do mosquetão no arnês de Ty. Por um breve momento, Zane esteve tão tonto
de alívio que pensou que poderia cair. Em vez disso, virou-se para Manny e
perguntou: — Onde estão as escadas para chegar lá em cima?

— Escadas? — Manny ecoou. Ele parecia em pânico.

— Para a parte superior da parede. Onde elas ficam? — Zane insistiu,


olhando para cima para ver Ty mover-se novamente, agora ancorado seguro e
se aproximando do topo. Ele estava determinado em chegar ao topo, em vez
de apenas empurrar para longe da parede e permitir que eles o abaixassem.

Manny apontou para o lado da fachada falsa de pedra, e com mais um


olhar para verificar o progresso de Ty, Zane decolou em uma corrida para
chegar até lá. Correu os degraus e chegou ao topo apenas a tempo de ver dois
homens ajudando Ty sobre a borda da parede. Ty se arrastou para longe da
extremidade e imediatamente deitou no chão, parecia como se ele estivesse
tentando abraçar a terra firme. Zane caiu de joelhos ao lado dele, estendendo
a mão para tocar e assegurar-se de que Ty estava bem.

— Bebê? — Zane sussurrou, o pânico ecoando por ele novamente, agora


que tudo estava acabado.

Ty olhou para ele com surpresa e, assim perto, Zane podia ver que
apesar das piadas que ele tinha estado contando, todo o corpo de Ty estava
tremendo e ele estava coberto com uma fina camada de suor.

— Será que você voou até aqui? — Ty perguntou incrédulo quando se


levantou.

Zane não respondeu, nem sequer pensou, ele só puxou Ty em seus


braços e o abraçou, deixando o medo correr através dele e, lentamente,
começar a se dissipar.

Ty o abraçou com força, com um braço em volta do pescoço de Zane


enquanto ele se retorceu sem jeito, ainda de joelhos.

— Você está bem? — Zane perguntou com voz trêmula.

— Eu não estou com medo, — Ty sussurrou contra o pescoço de Zane,


com voz quase inaudível. Ele começou a tremer em silêncio, seu corpo
tremendo com o riso nervoso. Zane resmungou e o abraçou mais perto, mas
ele não pensou que isso era muito divertido.

Depois de um longo tempo de ser incapaz de soltar, Zane finalmente se


afastou o suficiente para se atrapalhar com a fivela do capacete de Ty e
arrancá-lo. Jogou a coisa para o lado para que ele pudesse beijar Ty
suavemente e puxá-lo para perto novamente. Foi uma luta para se controlar e
Zane realmente não queria fazer uma cena, mas... — Jesus, bebê, — ele disse
trêmulo. Aquele momento observando Ty escorregar e cair estava queimado
em sua mente e ele não conseguia apagá-lo.

— Está tudo bem, — Ty murmurou suavemente. Ele deu um tapinha no


rosto de Zane sem jeito. — Vamos me desenganchar para que eu possa me
jogar em algum lugar, — ele brincou fracamente quando se sentou sobre os
calcanhares e começou a puxar o arnês. Os dois atendentes o ajudaram a se
soltar, oferecendo desculpas e murmurando expressões de admiração de
como ele conseguiu não cair, mas Ty apenas acenou para eles enquanto
empurrava o arnês. Ele provavelmente não os estava ouvindo. Sua boca era
uma linha dura e ele ainda estava tremendo como a adrenalina queimada. Ele
olhou para Zane e encontrou seus olhos, dando uma trêmula exalação depois
que saiu do arnês e o chutou para fora.

Zane estendeu a mão.

— Vamos lá, bebê. Acho que isso é o suficiente para esta manhã.

Ty pegou sua mão e a apertou com força, puxando-se para Zane como se
ele fosse uma das cordas que Ty esteve atrelado. Ele passou um braço em
volta da cintura de Zane e o abraçou próximo por um momento antes de
deslizar sob o braço de Zane e o deixou ao redor de seus ombros. Era a
primeira vez que Zane se lembrava de Ty iniciar tal exibição de conforto físico
depois de algo traumático. Ele se perguntou se era para o show ou se era real.

Zane odiava que este caso o estava forçando a perguntar-se isso mais e
mais.

À medida que começaram a andar, a ligeira diferença em suas alturas


facilitou se mover sem tropeçarem, mesmo ao descer as estreitas escadas. No
momento em que chegaram ao convés, Zane pensou que ele poderia estar se
acalmando, mas, em seguida, uma multidão de funcionários os cercou com
corpos e murmúrios.

— Sr. Porter! - Por favor, deixe-nos desculpar - Sr. Porter, você está
bem? - Podemos te conseguir alguma coisa? - Sr. Porter, vamos fazer o que-

— Chega, — Zane estalou firmemente acima do barulho, os silenciando,


a raiva finalmente erguendo-se sobre todas as outras emoções que jorrava. —
Nós apenas queremos voltar ao nosso quarto. Vocês podem ter a certeza que
vou deixá-los saber se precisamos de algo e exatamente o que eu penso sobre
o acidente.

O pessoal intimidado desapareceu fora de seu caminho e Zane os fez se


moverem novamente.

— Espere, — Ty murmurou enquanto afagava a barriga de Zane para


impedi-lo de pisar em alguém em seu caminho. Começou a se afastar, ainda
parecendo atordoado. — Eu quero ver a corda.

Zane franziu a testa para Ty brevemente, pensando que ele poderia


realmente estar em choque, mas depois seu cérebro capturou a intenção de
Ty.

— Está na plataforma.

Ty se moveu em direção onde a corda estava em uma pilha confusa de


rolos na base da parede. Manny o parou, perguntando se ele precisava de um
médico e mais uma vez o conteve com ofertas de ajuda e compensações e tudo
o mais sob o sol. Ty acenou para ele, balançando a cabeça e dando ao homem
um sorriso descontraído. Embora ele deve ter ficado abalado, Zane tinha que
lhe dar crédito por manter o sorriso vencedor que parecia ser capaz de
encantar qualquer pessoa.

— Você poderia cortar a ponta dessa corda para mim? — Ty perguntou


para Manny grandiosamente, seu sotaque de volta no lugar. — Eu adoraria
adicioná-la à minha coleção de coisas que quase me mataram.

Ty riu e deu um tapinha nas costas de Manny como se estivesse fazendo


pouco, e os trabalhadores que podiam ouvi-lo pareciam atribuir isso tanto a
atitude despreocupada de um aventureiro ou a um britânico mantendo seus
sentimentos engarrafados. De qualquer forma, eles não iriam recusar nada
que Ty pedisse nesse ponto. Logo Ty estava se movendo em direção a Zane
com quinze centímetros de corda apertadas na mão e um carismático sorriso
forçado firmemente no lugar.
Zane deslizou o braço ao redor dele novamente.

— Vamos, — sugeriu. — Eu não sei se você precisa de uma pausa, mas eu


com certeza preciso. — Os membros da equipe em torno deles riu com franco
alívio.

Ao passarem pela multidão de passageiros, muitos dos quais os chamou


para parabenizar ou com simpático alívio, Zane teve um tempo difícil ao
balançar algumas mãos e acenar para as pessoas enquanto tentava manter a
cabeça de Ty para baixo de modo que ninguém pudesse dar uma olhada muito
boa nele. Eles estavam tentando permanecer sob o radar, e essa não era
exatamente a melhor maneira de fazê-lo.

Ty finalmente limpou a garganta e olhou de soslaio para Zane.

— Eu não recomendaria a parede de pedra para você. Muito alta.

— Faça os insultos agora, enquanto eu ainda estou muito grato por ter
você aqui em segurança, — Zane avisou.

— Eu vou passar, — Ty murmurou. Ele segurava a corda e logo quando


estavam suficientemente longe da multidão para não chamar a atenção.
Metade da grossa corda estava desfiada terrivelmente, quase distorcida do
trauma causado pela sua separação a partir do outro lado. Mas cerca de um
terço do fim estava limpa e reta, com apenas um fio a ser visto em ruínas. Ty a
girou severamente. — Ela foi cortada.

Logo que a porta do camarote foi fechada e trancada atrás deles, Ty


sentiu os joelhos fraquejarem. Estendeu a mão para a parede mais próxima e
fechou os olhos enquanto deixava a fraqueza escoar dele, enquanto tinha a
oportunidade de deixá-la. Ele abaixou a cabeça e afundou mais em direção ao
tapete, sem aviso prévio, apenas grato por estar em terra firme e em privado.
— Whoa, baby, vamos lá, não no chão, — Zane murmurou enquanto
segurava parcialmente Ty. A preocupação era evidente em sua voz, que
oscilou bastante para que Ty tomasse conhecimento disso e tentasse um
pouco pelo homem. Tentou se reunir com um profundo suspiro. — É muito
mais confortável na cama, — Zane continuou.

Quando Ty sentou na ponta da cama – ou o que assumiu que era a


ponta da cama, desde que a maldita coisa era redonda – ele simplesmente
abaixou a cabeça e se inclinou. Não importa quantas vezes uma pessoa quase
morreu, isso nunca chegou ao ponto que era fácil de ignorar. Depois de um
momento para compor-se, ele levantou a cabeça e desanimado olhou para
Zane.

— Mesmo quando eu sou outra pessoa, as pessoas tentam me matar, —


ele brincou.

Zane suspirou e sentou-se ao lado dele.

— Deve ser a sua personalidade encantadora aparecendo através de toda


a água sanitária. — Ele estendeu a mão para correr os dedos pelo cabelo
abusado de Ty.

Ty fechou os olhos e inclinou-se com o toque.

— Eu posso nos ter denunciado lá fora, — disse com tristeza. — Alguém


está aparentemente tentando matar ou ferir pelo menos um dos Porter. Se
eles estavam assistindo, me ouviram xingar sem o meu sotaque.

— Eu realmente não consigo me preocupar com isso agora, — Zane


murmurou, esfregando as costas de Ty em movimentos lentos e suaves.

Ty olhou para ele mais de perto, surpreso com a declaração. Zane não
encontrou seus olhos, e seu rosto estava definido com o que parecia ser dor.

— Hey, — Ty disse baixinho enquanto colocava a mão no joelho de Zane.


— Olhe para o lado positivo, certo? Pelo menos não era você, — ele tentou
rindo quando deu um tapinha na coxa de Zane.
Zane sacudiu a cabeça devagar quando seus olhos rastrearam para
encontrar os de Ty.

— Não. Isso teria sido mais fácil de suportar, — ele disse sem rodeios.

— Tudo bem, então, da próxima vez que você balança sobre o oceano, —
Ty sugeriu enquanto ele, inconscientemente, esfregava os dedos abusados.
Zane entendeu o que ele quis dizer, no entanto. Ty sabia desde a imprudente
discussão anterior sobre os mais profundos medos de Zane que não estava lá
para salvar o dia quando a proverbial merda bateu no ventilador. Zane tinha
sido muito mais eloquente em sua formulação, é claro. Era um medo que Ty
não tinha ideia de como amenizar. E era um legítimo, uma vez que
provavelmente acontecia muito e Zane simplesmente não sabia.

— Não há problema, — Zane sussurrou enquanto acariciava o rosto de


Ty com um dedo levemente trêmulo. — Eu não sabia que seria assim, — sua
voz realmente quebrou e ele desviou o olhar, para a sala, sua mão caindo.

— Zane, — Ty pediu suavemente. Ele estava começando a se preocupar.


Com toda a justiça, ele realmente ainda devia ser o que estava caindo aos
pedaços e não o seu parceiro. Isso quase o deixou com raiva que tinha que ser
ele o único a escapar por pouco da morte ou de se machucar e ainda consolar
o seu parceiro sobre aquilo. Por um breve segundo, ele se permitiu suspeitar
de que Zane poderia se colocar assim apenas para dar algo para Ty se
concentrar. Ele deixou essa fantasia passar quando viu a verdadeira emoção
nos olhos de Zane.

Zane respirou fundo e limpou a garganta.

— Desculpe, — ele disse. — Eu acho que isso meio que me bateu agora.
O que poderia ter acontecido. Eu não sei o porquê. Não é como se eu não
estivesse lá com medo na minha mente. — Ele ofereceu a Ty um sorriso que
não chegou a seus olhos.

— É melhor você ter tido! — Ty desabafou indignado.


— Eu estavam — Zane disse fervorosamente, tomando a mão de Ty
novamente. — Eu não podia fazer nada.

Ty exalou bruscamente e se levantou.

— Não vamos perder tempo com isso, Garrett, — ele disse com
indiferença forçada. Não importa o que dissesse a Zane agora, ele sabia que
estaria sonhando sobre cair nesta noite. Discutir isso em detalhe podia ajudar
a aliviar a mente de Zane, mas não faria nenhum maldito bem para Ty.

A mão de Zane apertou para impedir Ty de se afastar.

— Você me assustou. Você não cortou sua própria corda, mas como você
podia está literalmente pendurado pelas pontas dos dedos e ainda ficar
brincando?

Ty olhou para ele com surpresa e deu um resmungo insultado.

— Cortar minha própria corda? — Ele repetiu.

— Ty. Por favor, — Zane disse, sua voz levando uma pitada de
consternação.

Ele balançou a cabeça um pouco enquanto tentava manter o olhar de


Ty.

Ty inclinou a cabeça e acariciou a mão de Zane.

— Uma coisa que aprendi é, se você ficar muito focado na queda e como
horrivelmente vai doer, você não vê o que está ao seu redor. Você pode perder
a coisa em que pode se agarrar, algo que poderia parar a queda
completamente. Então, se você mantém a calma...— Ele encolheu os ombros.
Não era uma lição que ele aprendeu enquanto estava necessariamente,
literalmente, pendurado no ar, mas serviu para muitas das dificuldades da
vida. Incluindo literalmente ficar pendurado no ar.

Zane ainda não parecia feliz.


— Um homem em mil poderia ter feito o que fez hoje. Eu não poderia
ter feito isso.

Ty não discordou. Ele teve um treinamento intensivo a fim de fazer


exatamente o que fez hoje. Para não mencionar uma saudável dose de pura
sorte. Zane sabia disso e Ty não entendia por que ele estava tão chateado.
Ficou em silêncio, franziu a testa confuso quando assistiu ao jogo de emoções
no rosto de Zane. Mas nenhuma delas ficou no lugar tempo o suficiente para
Ty realmente interpretá-las.

— Eu disse a você o que eu penso sobre queda livre, — Zane disse


finalmente. — E manter a calma não é suficiente. Você lá em cima brincando?
Não estava fazendo isso por você mesmo, não é? — Não era tanto uma
questão como uma conclusão.

— Bem, você sabe o quão divertido eu sou para mim mesmo.

—Sim, certo. Você estava para cair de nove metros e estava mais
preocupado comigo do que com você mesmo. — Zane levantou e colocou uma
mão em cada lado do rosto de Ty, segurando-o. — Você está bem? Eu não
podia fazer nada além de ficar e assistir, mas eu posso fazer algo para ajudar
agora.

— Sim, você pode, — Ty murmurou sombriamente, seus olhos indo para


trás e para frente enquanto olhava o rosto sincero de Zane. — Você pode me
dar algum Tylenol. E gelo. E uma bebida. E, possivelmente, uma boa
massagem suave, porque eu não vou ser capaz de mover os braços em uma
hora.

Zane debruçou para beijá-lo, apenas por um roçar suave dos lábios,
provavelmente para impedir a ladainha de exigências de Ty.

— Você pode ter o que quiser, bebê.

Ty quase cedeu ao suave sentimento, mas fechou os olhos e sacudiu a


cabeça obstinadamente.
—Pare com isso! — Ele exigiu, mal conseguindo manter-se de bater o pé
em um ataque petulante. Ele queria que Zane voltasse ao seu indignado
habitual, não esta estranha versão quixotesca de seu amante e parceiro. —
Pare com isso e... Eu não sei... grite comigo por quase morrer ou algo assim!

— Tudo bem, tudo bem, — Zane disse, sorrindo um pouco e


endireitando os ombros, dando a si mesmo uma ligeira agitação. — Da
próxima vez que você fizer algo assim, vou bater o inferno fora de você, ok? —
Ele roubou mais um beijo e suspirou, em seguida, caminhou até o telefone.
No momento seguinte, estava conversando com o serviço de quarto. — O que
você quer beber? — Ele perguntou a Ty, com a mão sobre o bocal do telefone.

— Muito, — Ty respondeu severamente.

Zane ordenou um pacote de seis de Guinness27 e uma grande jarra de


chá gelado, uma dose de seu melhor uísque, um balde de gelo, alguns
sanduíches frios e batatas fritas e um prato de biscoitos, tudo em rápida
sucessão, antes de desligar.

— Biscoitos? — Ty perguntou com um sorriso que não tentou conter.

— Comida de conforto. Você tem a cerveja, eu recebo os biscoitos, —


Zane explicou quando tirou os tênis e caminhou de volta para a cama.

Ty o observou andar, pensando seriamente em enfrentá-lo e aliviar um


pouco o estresse de uma forma amigável mais do que um chuveiro ou cookies.
Mas decidiu contra tal conduta, Zane parecia angustiado, considerando o
quão importante os eventos da manhã poderiam ser no grande esquema das
coisas.

— Então, — ele disse calmamente. — Nós achamos que alguém está


tentando matar Del, ou achamos que alguém descobriu que não somos os

27
Cerveja irlandesa.
Porters e estão tentando me matar? Ou nós, eu acho, já que não havia
nenhuma maneira de saber qual de nós iria primeiro.

Ele observou em silêncio, enquanto Zane o estudou por um momento e,


em seguida, avançou sobre ele.

— Não houve exposição suficiente para o nosso disfarce ser descoberto,


a menos que haja um curinga no jogo que realmente conhece os Porters. Nós
não temos nenhuma razão para pensar isso, — disse Zane. Parou em frente a
Ty, olhando para ele. — Tire os sapatos.

O tom de voz firme sozinho fez Ty tremer um pouco e levou um


momento para perceber que ainda estava usando os sapatos de escalada
fornecidos pelo pessoal da parede de pedra. Ty olhou para eles surpreso. Ele
sentiu-se corar pela desatenção, e puxou um de cada vez, jogando-os para o
sofá.

— Então, por que tentar ferir um dos Porters? — Ele levantou quando
fez isso. — Uma queda dessa não necessariamente mataria. Especialmente
desde que cortar uma corda não é exatamente um método preciso. Quem fez
isso não tinha ideia de quando rasgaria. E já que eu duvido que o Corbin ou
Del sejam escaladores melhores do que eu, é provável que eles teriam estado
mais abaixo do que eu.

Zane resmungou um comentário enquanto caminhava ao redor da


borda da cama. Sentou e puxou as pernas, encostado na cabeceira da cama e
cruzando as pernas na altura dos tornozelos.

— É muito impreciso. Nós poderíamos ter pulado o nosso compromisso


ou atrasado e poderia ter sido outra pessoa lá em cima. — Sua voz estava
firme agora, quase de volta ao normal.

— O que prova duas coisas, — Ty disse com uma careta. — Quem fez isso
não está com pressa para nos matar, seja quem for que ele queira matar. E
eles não têm medo de ferir pessoas inocentes ao fazê-lo. Minha aposta é em
Armen. Quem gosta de beber tanto quanto o italiano muitas vezes não pode
estar sóbrio o suficiente para planejar com antecedência.

— Não necessariamente. Se você tem tolerância, o álcool pode afinar a


sua atenção, e não enfraquece-la.

O comentário apanhou Ty de calça curta. Ele estava brincando sobre


Lorenzo Bianchi e seu amor pelo vinho, um comentário fora de mão que
provavelmente não deveria ter feito. Mas a crença sincera de Zane nas
palavras que proferiu perturbou Ty suficiente para que ele não fosse capaz de
manter a surpresa e preocupação fora de sua expressão. Zane apenas ofereceu
um dar de ombros e um sorriso triste.

— É isso que você acha? — Ty questionou, incapaz de ajudar a si mesmo.

A testa de Zane franziu um pouco.

— Sim. Todo mundo reage de forma diferente ao álcool, assim como as


drogas e lesões. Depende de como você lida com isso, o que você o deixa fazer
a você. Por quê?

Ty percebeu que estava encarando Zane com a boca ligeiramente aberta


e ele rapidamente apertou os lábios. Ele balançou a cabeça triste. O raciocínio
parecia muito algo... egoísta de um alcoólatra. Ele não queria discutir com
Zane, por isso balançou a cabeça e desviou o olhar, decidido a deixar o fio da
conversa morrer naturalmente. Ele se mudou para a cama, puxando sua
camisa úmida sobre sua cabeça e a jogando de lado enquanto se sentou no
local geral do fim da cama. Ele examinou a cicatriz em sua mão. Seu dedo
estava começando a inchar ainda mais. Ele nunca conseguiria tirar o maldito
anel. Ele realmente teria que cortá-lo em breve.

— Eu estou aqui sentado tentando pensar em uma maneira criativa de


gritar com você por assustar a merda fora de mim e nada está realmente
vindo à mente que não transar com você contra a parede do chuveiro até que
ambos nos sentirmos melhor, — Zane disse atrás dele, seu tom de voz calmo e
coloquial.
Ty acenou distraidamente.

— Eu preciso de um banho, — comentou com voz correspondente.

Zane mudou seu peso para descer da cama e foi em direção a ele,
estendendo uma mão. Quando olhou para cima, Ty ficou surpreso ao ver o
intenso olhar nos olhos de Zane. Seus dedos roçaram a pele de Ty, mas recuou
após uma firme batida na porta da cabine.

Ty olhou para Zane e sorriu corajosamente. Zane olhou para a porta e


de volta para Ty, claramente considerando ignorar até que houve uma
segunda batida, mais alta do que a primeira. Zane bufou e foi para o outro
lado da sala para destrancar a porta e abri-la apenas o suficiente para olhar
para fora.

Ty observou tenso, com as mãos soltas perto da arma que tinha


escondido debaixo do começo do colchão e debruçou para que ele pudesse
agarrá-la rapidamente. Ele não podia ver ou ouvir os seus convidados, mas
não colocaria isso após Zane rosnar para eles irem embora para que
pudessem avançar para o chuveiro como o planejado.

— A menos que você está escondendo um carrinho com cerveja gelada e


os biscoitos, vá embora, — Zane rosnou para quem estava lá fora.

Ty riu e balançou a cabeça. Deitou, deixando a arma em segurança sob o


colchão, rolou na cama, e estendeu em seu estômago, surpreso com a
adrenalina ainda correndo por ele. Ele não tinha quase morrido há um tempo.
Ele não estava lidando com isso muito bem.

Zane trocou mais algumas palavras com a pessoa do outro lado da


porta, antes de fechá-la com firmeza e tirando o ferrolho.

— Estamos agora no topo da lista de favores, — ele disse ironicamente


enquanto caminhava de volta para a cama. — O navio, se não todo o mundo, é
nosso em uma bandeja.
— Ótimo, — Ty respondeu sem entusiasmo. — O que mais está naquele
itinerário maldito?

— Muitos outros esportes radicais para o meu gosto, — Zane murmurou


enquanto se sentava na beira da cama e começou a esfregar o pescoço de Ty
com uma mão.

— Qual seria o ponto em desabilitar Del ou Corbin nesta fase? — Ty


colocou quando ele olhava distraidamente para as portas da varanda.

— Nada mais que removê-los da equação, — Zane respondeu, torcendo


um pouco para usar as duas mãos para massagear cuidadosamente os
músculos de Ty.

— Obrigado, Sherlock, — Ty disse com um pequeno sorriso. — Eu quis


dizer o porquê. Você acha que tropeçamos em uma aquisição de poder nos
negócios?

Zane ficou em silêncio por um minuto enquanto massageava, os dedos


firmes na pele de Ty.

— Você quer dizer que Armen tenta assumir o controle.

— Ou Bianchi, — Ty disse com um aceno de cabeça.

— Acho que poderia ser nós, os Porters, tentando assumir o controle, e


um dos outros está simplesmente atacando primeiro, — Zane sugeriu quando
continuou a massagem, movendo mais para os ombros e braços de Ty.

— Você é muito melhor do que a última senhora, — Ty murmurou


distraído.

As mãos quentes continuaram apertando e esfregando em movimento


suave de círculos e deslizando.

— Porter parece o tipo que tentaria tomar o controle, — Zane


mencionou, continuando a conversa como se Ty não tivesse dito nada. — Um
bandido empreendedor. Bianchi... bem, a minha primeira impressão não
parecia agressivo. Armen é perigoso.

— Certo. — Ty suspirou, fechando os olhos e se concentrando mais nas


mãos de Zane. Ele tinha dedos longos em grandes mãos e os espalhou por
toda a pele de Ty habilmente enquanto massageava os músculos agrupados
com o estresse. Primeiro os dedos cavavam e sovavam até que fosse quase
doloroso, então, Zane parava e começava a acalmar a área com longos golpes
das palmas das mãos, espantando suavemente o desconforto.

Ty percebeu que estava deixando Zane desviá-lo da questão um pouco


mais importante que enfrentava agora. Ele levantou a cabeça e a virou,
apoiando-se novamente, então estava de frente para Zane.

— Você está me distraindo, — ele acusou.

Os cantos da boca de Zane levantaram lentamente e o sorriso chegou


em seus olhos.

— Eu estou, agora? — Ele disse lentamente, arrastando os dedos pelas


costas de Ty.

Ty estremeceu violentamente, depois rolou e e bateu a mão de Zane


longe. Porém, ele calculou mal onde estava na cama redonda e seu ombro
bateu na borda do colchão e ele caiu no chão, com os braços espalhados e um
gemido surpreso.

Houve silêncio por um breve momento, e, em seguida, a cabeça de Zane


apareceu para olhar para ele.

— Você não teve o suficiente disso, por um dia? — Ele não soou
particularmente divertido. Ty sentou-se, esfregando a parte de trás de sua
cabeça e olhando malignamente para seu amante, como se tivesse sido culpa
de Zane. — Não olhe para mim, — Zane disse quando mudou de lugar, ainda
na cama. — Isso, você mesmo fez para você, idiota.
— Eu odeio essa cama, — Ty murmurou quando se sentou no chão,
desanimado e examinou suas mãos abusadas. Ele não se incomodou em
levantar do chão.

— Volte para a cama, — Outra batida interrompeu Zane. Ele escalou


para fora da cama com um grunhido, marchou até a porta e a abriu da mesma
forma como antes.

Só que desta vez ele logo abriu a porta para que o carrinho do serviço de
quarto pudesse ser empurrado para a sua mesa. A funcionária foi discreta,
não teve como saber se ela tinha ouvido falar sobre a louca manhã e Zane
fechou a porta atrás dela.

Ty teve que esticar o pescoço para vê-lo sobre a beirada da cama. Zane
ocupou-se com a bandeja, sorrindo para os pratos descobertos.

— Hey, pegue seu Tylenol e venha comer, — ele disse. — Então eu te


entrego seu relaxamento líquido.

— Garrett, venha aqui, — Ty pediu em voz baixa.

Zane virou o queixo para olhar para ele, franzindo a testa um pouco,
mas foi até onde Ty ainda estava sentado no chão e parou, esperando com um
olhar interrogativo.

— Este piso está surpreendentemente limpo, — Ty disse claramente com


um gesto para o tapete exuberante aos pés de Zane.

— Devo interpretar isso como ‘me traga um sanduíche e uma cerveja’


ou como “venha aqui e me beije”? — Zane perguntou quando cruzou os braços
e olhou para o seu parceiro.

Ty apenas sorriu melancolicamente, parte dele desejando que não


tivesse que pedir Zane para ir lá e beijá-lo. Ele estendeu a mão.

— Ajude-me, — murmurou em seu lugar. Zane pegou a mão dele e o


puxou para cima gentilmente. Ty bateu-lhe no braço e passou por ele, indo até
o carrinho e a variedade de alimentos e bebidas. Ele apenas pegou uma
garrafa de cerveja quando ouviram outra batida na porta.

— Oh, isso está ficando ridículo, — Zane murmurou.

Ty balançou a cabeça e abriu a tampa da cerveja de qualquer maneira.

— Eu atendo dessa vez, — ele disse enquanto acenava Zane fora e


arrastava os pés descalços até a porta. Abriu a porta largamente, supondo que
quem quer que tenha tentado matar Del seria mais furtivo do que apontar
uma arma no seu rosto, na porta de sua suíte.

Ele estava certo, mas quem o cumprimentou era quase tão alarmante.
Norina Bianchi atirou-se nos braços de Ty assim que ele abriu a porta,
acompanhada por uma onda de balbuciar estrangeiro e seu marido sorrindo.
Depois de um abraço apertado, ela se inclinou para trás, deu um tapinha em
ambas as bochechas, e, em seguida, o abraçou novamente. Ela parecia
preocupada, e Ty pensou que o casal tinha ouvido sobre seu acidente na
parede de pedra.

— Sim, eu estou bem. Entre, — ele convidou, perturbado quando


tentava livrar-se suavemente dos braços da mulher sem derramar cerveja em
cima dela.

Ouviu a voz de Zane atrás deles.

— Signor Bianchi, por favor, venha para dentro. Eu vou adivinhar que a
sua adorável esposa ouviu falar sobre a grande aventura de Del dessa manhã.

— Ah, sim, — disse Bianchi enquanto enxotava Norina para fora da


porta para que todos pudessem entrar e fechar a porta. — Lá veio ela, voando
na cabine para falar sobre uma grande excitação no centro esportivo.

Norina ainda falava rapidamente com Ty, seu belo rosto sofrendo uma
série dramática de carrancas e expressões preocupadas. Ty era muito bom
com línguas e em algumas ocasiões podia pegar o que alguém estava dizendo
a partir do conhecimento de línguas similares, ou mesmo os significados da
raiz das palavras que reconhecia. Mas tentar decifrar alguma coisa que ela
dizia enquanto falava em Mach 728 era impossível.

Ele sorriu divertido, de repente, achando a situação incrivelmente


engraçada. Estendeu a mão e pegou uma de suas delicadas mãos entre as suas
e deu um tapinha nela.

— Lentamente, por favor, — pediu com um olhar para Zane e uma


piscadela. — Corbin não fala italiano tão bem como ele pensa.

— Oh! — Norina exclamou quando ela olhou para Zane com olhos
grandes e escuros. — Eu devo pedir desculpas! Na minha emoção eu me
esqueci.

Ty praticamente suspirou de alívio. Ela falava inglês. Agora ele só


precisava convencê-la a continuar a fazê-lo mesmo quando seu falso marido
não estivesse por perto.

— Não precisa se desculpar, Signora, — Zane disse agradável. — Vocês


não querem entrar e se sentar? Nós pedimos bebidas para a tarde.

— Eu disse a minha Norina que vocês estariam... consolando um ao


outro, — disse Bianchi conscientemente. — Depois de uma experiência tão
angustiante. Mas não, ela precisava ver Del por si mesma.

— Disseram que você tinha caído, — ela disse a Ty quando colocou as


duas mãos sobre o peito e olhou para ele. Ty não sabia se era porque ela era
italiana, porque ela sabia que ele era gay e, portanto, —seguro— para apalpar,
ou se ela era apenas o tipo melosa, mas ele realmente queria que ela parasse
de tocá-lo tão livremente.

— Foi um acidente menor, nada tão ruim quanto os rumores, eu tenho


certeza, — Ty assegurou assim que arrancou as mãos de seu peito e a
conduziu pela sala de estar e para junto dos outros dois homens.

28
O Número de Mach ou Velocidade Mach (Ma) é uma medida adimissional de velocidade. É definida
como a razão entre a velocidade do objeto e a velocidade do som. Então, na opinião de Ty, Norina está falando rápido
demais, 7 vezes a velocidade do som (8643,6 km/h.).
— Como você vê, — Zane disse enquanto enchia copos do bar com gelo,
— Del está de pé, passando muito bem.

— Sim, — Bianchi comentou, olhando para o carrinho do serviço de


quarto. — E você pediu uma bebida de serviço de quarto para acalmar o seu
próprio coração, não? — Ele disse indicando a dose de uísque.

Ty levantou uma sobrancelha para Zane. Ele tinha esquecido a bebida.


Ele não gostava de uísque, mas achava que Zane não sabia disso. No entanto,
Ty não sabia se Zane tinha ordenado a dose para Ty ou para si mesmo.

Zane acenou com a mão indiferente para ele enquanto derramava chá.

— Você gostaria de um pouco de chá? Ou cerveja e eu acredito que nós


temos uma seleção de refrigerantes no frigobar e algumas garrafas de vinho.

— Nós tomamos vinho no almoço, — Norina disse, afastando-se um


pouco, mas movendo-se para segurar braço de Ty quando caminhava para se
juntar a Bianchi e Zane na mesa. — Eu vou tomar um chá, por favor.

— Chá. Bah. Terei a cerveja se não for americana, — Bianchi disse


quando puxou uma cadeira, parecendo pronto para se sentir em casa.

Ty teve que segurar um suspiro. Nada mais de massagem para ele. Mas
isso era para o que estavam ali, ele disse a si mesmo, para conseguir
informações dessas pessoas. Não para transar repetidamente com seu
parceiro em uma suíte de luxo. Não importa o quanto isso apelasse.
Capítulo Sete

BIANCHI estava de bom humor quando se juntou a Zane, Armen e


alguns outros jogadores no salão privado. Ele também portava altos espíritos,
literalmente. Ele tinha uma caixa de madeira articulada e uma vez que a
colocou para baixo, pegou uma garrafa azul e prata ornamentada e a embalou
na dobra do seu braço.

— Senhores! — Bianchi cumprimentou efusivamente. — Eu trago um


presente, comprado especialmente com o nosso amigo americano aqui em
mente.

Zane olhou de Bianchi para a garrafa e de volta, e seu estômago revirou.

— Um presente para mim? — Ele questionou, forçando sua voz para um


tom de agradável surpresa.

— Você me contou como você desfrutou da Chivas premium, certo?


Então, eu lhe trouxe a sua própria garrafa de Regal Royal Salute29, embora eu
insista que você compartilhe, — Bianchi disse, claramente muito satisfeito
consigo mesmo.

Zane engoliu em seco, desconcertado com o jorro brotando em sua


garganta, tentando negar que ele estava sentindo até mesmo um pouco de
pânico. Aparentemente Corbin Porter tinha uma propensão para um bom
uísque escocês, e caramba, Chivas Regal Royal Salute? Isso era cinquenta-
fodidos-anos-de-idade Scotch e apenas um número limitado de garrafas
seriamente tinham sequer sido feitas. Bianchi tinha que ter pago uma fortuna
por ela... ou ele a adquiriu em outro estilo de transação.

29
Hoje em dia, o uísque ROYAL SALUTE é uma das mais cobiçadas recompensas das pessoas bem
sucedidas em todo o mundo. Sua embalagem de porcelana inglesa, verdadeira peça de coleção, e sua alta qualidade,
um produto da melhor arte escocesa de destilar uísque, fazem dele um uísque de luxo respeitado e apreciado por
conhecedores no mundo inteiro.
— Isso é tal gesto amável, Signor Bianchi. Mas eu não posso
possivelmente -

— Claro que você pode, e você vai! Eu insisto. Estamos aqui para nos
divertir e celebrar a nossa amizade, — disse Bianchi. O olhar nos olhos de
Bianchi disse a Zane que Corbin Porter nunca iria recusar tal oferta. O
sentimento de afundamento mental intensificou quando Zane debateu uma
saída. Tinha que haver uma maneira graciosa de se curvar, mas quando olhou
para os outros jogadores, todos sorrindo e apreciando, Zane sabia que não
havia.

Um garçom chegou pouco depois com copos vazios para todos os


jogadores na mesa. Bianchi generosamente encheu os copos e quando serviu
um pessoalmente para Zane, Zane sabia que ele estava preso. Não havia
nenhuma maneira de evitar isso sem revelar seu disfarce e o de Ty por causa
de um copo de uísque.

Ele deu o melhor sorriso de merda cheia de Corbin para Bianchi e


ergueu a taça para um brinde à sua saúde, mesmo quando seu estômago se
agitou.

Zane não tinha tomado uma bebida, qualquer bebida, em quase dez
meses. O primeiro gosto do Chivas foi muito caro, bom, inebriante.

TY sentado na varanda de sua suíte olhava para o oceano rolando, os


pés se contorcendo enquanto cantarolava uma música que ele tinha certeza
que era na verdade duas ou três músicas diferentes. Ele estava entediado. Era
apenas o quarto dia do cruzeiro, mas fora quase cair da parede de pedra na
manhã anterior, nada tinha acontecido, e Ty não estava em posição de fazer
qualquer coisa acontecer.
Ele passou quase o dia inteiro sem fazer nada. Aquilo era o que alguns
deviam considerar um período de férias, mas aquilo só o deixava inquieto e
nervoso.

Ele entendia a necessidade de seguir os roteiros, mas estava realmente


começando a odiar essas malditas coisas. Depois do jantar, ontem à noite,
Zane foi a um jogo de pôquer de altas apostas com Bianchi, Armen, e vários
outros grandes apostadores, esperando recolher informação que poderia ser
útil. Ty não era necessário ali e sua presença provavelmente teria feito os
outros homens estranharem. Eles decidiram que não valia a pena o risco de
ele ir junto e o mesmo se aplicava a hoje. E mesmo que tivesse sido capaz de
contatá-los, nenhum dos outros membros da equipe desaparecida poderia
estar lá para backup já que era um jogo privado. O que era outra coisa que
deixou Ty inquieto como o inferno.

Isso meio que o lembrou de sua última viagem antes que houvesse
deixado o Corpo de Fuzileiros. Sabendo que havia ação em outros lugares,
mas preso na enfermaria, inútil, com um buraco de bala em seu ombro. Lá,
pelo menos, o peito não ardia onde todo o cabelo tinha sido arrancado por
cera orgânica perfumada.

Ele sabia que era um tédio auto-imposto neste momento, é claro. Eles
estavam em um navio de cruzeiro. Era, por definição, uma casa de diversão
flutuante. Ty apenas não estava se divertindo e não estava disposto a ir muito
longe, onde ele não poderia ser encontrado se houvesse problemas. A equipe
de suporte de quatro homens que supostamente estava em algum lugar lá
fora, não era realmente de muita ajuda. Ty não tinha os vistos ou ao cabelo
escondido de qualquer um deles. Ele sabia que era por necessidade, eles
estavam apenas lá como reserva, uma equipe de resposta a emergências de
última hora, se tudo fosse para os ares. Ainda assim, Ty teria se sentido
melhor se tivessem recebido alguma forma de contato com os outros do que
sair no convés e agitar os braços, esperando que um deles estivesse
observando.
Nenhum deles o teria feito se sentir melhor de qualquer maneira. Ele
não conhecia nenhum dos outros agentes e não confiava no que não conhecia.

Ele ficou lá sentado por apenas cinco minutos antes de perder a vontade
de estar entediado. Se levantou da espreguiçadeira e virou para voltar para a
cabine, determinado a encontrar algo para manter sua mente ocupada que
não envolvesse cenários de desastres.

Ele pegou a mochila de couro de Del Porter, a abriu e olhou para dentro
com uma pontada de culpa. Não gostou de mexer nos pertences pessoais de
Del mais do que gostava de ser Del. Reconheceu que eles já haviam feito uma
busca superficial em toda a bagagem, incluindo este saco, mas Ty tentou não
sondar muito fundo.

Agora, porém, ele estava desesperado.

Dentro da mochila estava alguns livros de Sudoku e palavras cruzadas, o


que chocou Ty, pois o cara não deveria ser exatamente o tipo intelectual.
Puxou alguns dos livros para fora, folheando-os para encontrá-los quase
totalmente preenchidos.

Ele gemeu em decepção. Isso teria dado a ele algo para fazer, de
qualquer maneira. Ele tinha evitado as áreas de fitness do navio,
simplesmente porque não gostava de multidões, mas gostaria de fazer
algumas voltas ao redor da pista de cooper designada se tudo o mais falhasse.
Se ele pudesse encontrar uma música, estaria em melhor situação. Ele se
lembrava de ter visto um MP3 player em uma destas bolsas.

Ele se sentou, os livros ao lado dele na cama e olhou de volta na bolsa.


Havia um pequeno iPod verde pálido e um conjunto de fones de ouvido
correspondentes, um desodorante, um par de óculos de leitura num estojo
Gucci e não muito mais.

Ty pegou o iPod com um sorriso satisfeito. Conectou os fones de ouvido


e colocou um botão em seu ouvido enquanto virava o aparelho para se
certificar de que ele iria funcionar antes de ficar pronto para uma corrida. O
colocou para embaralhar e em seu joelho enquanto estendeu a mão para o
estojo de óculos Gucci.

Abriu o estojo por curiosidade, querendo saber se eram realmente


óculos de leitura. Ele estava quase surpreso quando descobriu que eram e ele
segurou as elegantes armações até olhá-las mais. Elas eram armações de
arame retangulares com pernas grossas, planas. Não exatamente o que Ty
teria escolhido se tivesse que usar óculos e eles provavelmente custaram mais
do que fazia em um mês.

A coisa mais interessante sobre óculos de leitura foi que quando ele o
experimentou e olhou através deles, eles não alteraram a sua visão. Ty franziu
a testa e os deslizou quando o iPod começou a tocar uma faixa de conversa
falada em uma língua que Ty não tinha certeza.

Os óculos de leitura eram apenas vidro e eles eram mais pesados do que
deveriam ser, lembrando um pouco os óculos de sol que tinha sido dado para
tirar fotos. Ele os tirou e segurou, dobrando as pernas experimentalmente.
Ele não conseguia se concentrar com as palavras estrangeiras em seu ouvido,
embora, e ele pegou o iPod para espiar o nome da faixa. Ele pensou que era
um audiobook de um curso, mas estava rotulado como uma música que ele
nunca tinha ouvido falar. Ty bufou e folheou até a próxima música, mas,
também, era uma conversa que foi rotulado incorretamente.

Ty olhou para ele, ouvindo as palavras em seu ouvido. Ele poderia pegar
certas palavras e frases da gravação ilegível, o suficiente para identificar a
linguagem como italiano e suficiente para reconhecê-la como uma conversa,
não uma palestra ou um livro que está sendo lido. Ele também reconheceu
que não era um estúdio de gravação. Isso soava muito parecido com o
resultado de uma escuta colocada perto de uma pessoa que está falando.

O corpo de Ty ficou frio quando percebeu o que ele tinha encontrado.

— Merda, — ele tirou lentamente. Ele parou a pista e puxou o fone de


sua orelha. Aquelas eram escutas. Aquelas eram escutas de nível profissional
no iPod de Del Porter. Como o escritório perdeu isso? Ele virou os óculos em
sua mão novamente e tirou uma das pernas para fora, não realmente surpreso
quando encontrou um fio fino serpenteando através do plástico. Ele balançou
o braço oco e um receptor liso de aproximadamente o tamanho de uma
moeda caiu na palma da mão.

— Merda, — ele disse de novo.

Ele olhou para o mecanismo. Não reconheceu o modelo, o que


significou que não era americano, russo ou inglês.

— Merda, merda, merda.

Del Porter não era quem eles pensavam que era. O Bureau ficou com o
informante de alguém. E quem estava por trás da espionagem de Del Porter
provavelmente sabia do segredo de Ty e Zane também.

TY entrou na sala ornamentada do cassino e olhou em volta


rapidamente, procurando Zane ou qualquer um dos outros membros da
equipe, que poderia ter estado por lá. Onde diabos estava todo o curioso
pessoal de apoio quando eles eram necessários? Ty ainda não tinha visto um
único deles.

Ele se moveu lentamente por entre a multidão, procurando o seu


parceiro no meio da multidão de jogadores, mas ele sabia que o jogo de
pôquer não estaria aqui. Os jogos dirigidos no navio e mesas eram uma piada,
assim os grandes jogadores que haviam vindo reclamaram um quarto
privativo para hospedar seus próprios —torneios— noturnos. Ty examinou as
paredes por cima das mesas de jogo, finalmente vendo uma porta atrás de
uma tela decorativa estrategicamente colocada. Era possivelmente a entrada
do pessoal, mas era mais provável o quarto privado, que era palco de todas as
baleias.

Ele fez o seu caminho em direção a ela, o pequeno iPod mantido


firmemente em sua mão, escondido dentro de seu bolso. Zane tinha sua única
arma e Ty não tinha agarrado sequer uma faca, por medo de não ser capaz de
esconder a arma bem, e ele se sentia nu quando se movia no meio da
multidão.

Ele pisou atrás da tela para encontrar uma sala íntima, ricamente
decorada com um bar privado e seis mesas drapejadas. Parou na entrada,
olhando ansiosamente para Zane. Se eles pudessem obter o que estava no
iPod para alguém que pudesse falar a língua, podia ser o suficiente para eles
acabarem com esta missão esta noite. Não só isso, mas a possibilidade de que
Del era um informante poderia ser o suficiente para fazer o FBI puxar a ele e
Zane completamente fora desta bagunça. Eles poderiam estar fodendo na
investigação de uma entidade estrangeira e o Bureau odiava confusões
pegajosas políticas.

Acima de tudo, porém, Ty estava preocupado que quem Del estava


relatando poderia estar a bordo com eles e já poderia ter desmascarado a ele e
Zane como fraudes.

Ele viu Zane, sentado de costas para a entrada em uma das mesas mais
próximas. Ty balançou a cabeça. Zane deveria ter sido o último a chegar para
sentar ali, de frente para a parede. Ty se movia lentamente, circulando em
torno um pouco para que Zane visse a abordagem com sua visão periférica.

Zane estava sentado, relaxado na cadeira, principalmente para os lados


da mesa, as pernas cruzadas afetadamente como ele fazia ao agir como
Corbin. Havia o mais fraco de um frio sorriso em seus lábios, mas seus olhos
escuros estavam encapuzados e brancos. O visual foi intensificado por seu
agora padrão de terno todo preto. Ele segurava uma taça de algo que era de
uma rica cor caramelo na mão fora da mesa, os outros homens também
tinham copos e a garrafa estava lá em cima da mesa. Havia uma quantidade
razoável de fichas empilhadas na frente dele. Se ele viu Ty, Zane não deu
nenhum sinal disso enquanto observava Armen Vartan, que estava pensando
em suas próprias cartas.

Ty desacelerou, olhando ao redor da mesa. Ele nunca teve a


oportunidade de jogar pôquer com Zane, mas ele podia imaginar que seu
parceiro era bom nisso. Ele era um homem difícil de ler e quase
obsessivamente atento a pequenos detalhes. Ele continuou a aproximar-se,
chegando a Zane cuidadosamente, esperando parecer devidamente
envergonhado de estar interrompendo.

Ele colocou a mão no ombro de Zane, a deixando deslizar até o pescoço


quando se inclinou ao lado dele. Tanto Armen quanto Bianchi olharam para
ele, como fizeram os outros dois homens na mesa, mas Zane não o
reconheceu.

Ty esperou um momento, observando os outros jogadores. Armen


franziu a testa um pouco sob o escrutínio de Zane e olhou para as pilhas de
fichas no centro da mesa. Cada chip foi rotulado de $ 1.000 e havia um monte
de fichas lá fora. Armen sorriu, pousou a cartas e acrescentou mais duas
pilhas de chips para a pilha.

Ty assistiu ao jogo por alguns instantes. Se tivesse sido o dinheiro de


Zane, ele poderia ter esperado, mas não era, e os cabelos de Ty seriam loiros
até que pudessem sair daqui. Ele colocou a boca perto do ouvido de Zane e
sussurrou: — Eu preciso falar com você.

A atenção que Zane tinha transferido ao próximo homem ao redor da


mesa, que tinha a mesma cara de pau de Zane.

— Agora não, Boneco, — falou lentamente, quando Zane colocou abaixo


o copo na frente dele.

Ty piscou para ele, surpreso. Ele olhou para as cartas em sua mão e
depois para os outros homens na mesa. Ele tinha uma mão justa, mas nada
sensacional. Seus olhos se desviaram para o copo sobre a mesa perto das
fichas de Zane. Ele estava quase vazio e Zane certamente cheirava a álcool. Ty
deixou sua mão deslizar sobre a nuca de Zane, olhando para ele enquanto
colocava a outra mão sobre a coxa de Zane e a apertou.

— É importante, — ele insistiu, sentindo o sotaque estranho em sua


boca enquanto tentava transmitir o quão importante isso podia ser.

— Eu tenho certeza que não é, — Zane respondeu facilmente, acenando


quando o homem do outro lado da mesa dobrou. O próximo cavalheiro, um
homem mais velho usando um smoking finamente costurado, bateu as suas
fichas na mesa de braços cruzados enquanto ele considerava suas cartas. Zane
seria o próximo, se ele não tivesse começado a aposta.

Ty não se importava com o jogo, no entanto. Ele olhou para Zane,


desejando que ele olhasse para cima. Em seu bolso estava possivelmente seu
bilhete de avião para a casa ou mais provavelmente um alvo pintado nas
costas de Ty, e Zane não iria sequer olhar para ele? Ty lutou para não ranger
os dentes enquanto seus dedos afundavam duros na coxa de Zane.

— Querido, — ele disse incisivamente, odiando o sotaque educado e até


mesmo amaldiçoando o fato de que o fazia parecer que estava sentado no chá
com a rainha.

A cabeça de Zane inclinou para um lado e ele colocou as cartas com face
para baixo na mesa.

— Desculpe-me, senhores. Eu estarei de volta, — ele disse


agradavelmente. E ele estava fora da cadeira, puxando Ty por seu braço e
marchando os cinco metros até a porta.

— Não me diga que você deparou com algo que você não consegue lidar,
— Zane rosnou, uma nota clara de irritação em sua voz.

— Não exatamente, mas-


— Então lide com isso. Armen, Bianchi, e eu estamos falando de
negócios entre os rounds e eu não serei distraído. Eu vou lidar com você mais
tarde. — Com isso, ele deu ao braço de Ty um leve empurrão, virou as costas,
ajeitou o paletó, e caminhou de volta para a mesa, retomando o seu lugar sem
problemas, sem um olhar para trás. Os homens na sua mesa igualmente
ignorando Ty.

Ty observou o parceiro ir, sem falar por sua despedida descuidada. Ele
pensou brevemente sobre o seguir de volta para a mesa e chutar sua bunda,
ou pelo menos anunciar as cartas da mão de Zane, mas o impulso passou ao
se convencer que o disfarce era mais importante.

Enquanto olhava para a mesa, ele viu Armen derrubar suas cartas com
uma fungada e Zane recolher as fichas, empilhá-las quando brindou à mesa
com o copo antes de tomar a bebida. Bianchi riu alegremente, abanando o
dedo para Armen antes de levantar a garrafa e começa a encher os copos.

Ty apertou a mandíbula, a raiva brotando dentro dele ao ver a cara


garrafa de Scotch. Ele virou-se para sair da sala antes de ficar ainda mais
irritado. Ele não precisava da ajuda de seu parceiro para fazer alguma coisa
nessa porra de navio. Tudo o que tinha a fazer era se dirigir para o centro de
informática e um canto agradável privado para explorar o servidor seguro,
chamá-lo, e informar a alguém em casa do que tinha encontrado. Ele teria
uma tradução das escutas pela manhã e quando Zane viesse tropeçando de
sua festa de pôquer, Ty lhe contaria tudo sobre isso.

Andou até o cassino, empurrando pela multidão enquanto murmurava


para si mesmo com o sotaque britânico que estava começando a odiar. Ele
mal saiu da calçada do cassino quando foi agarrado de lado e empurrado com
uma mão que agarrava firmemente seu cotovelo.

Outro homem veio do outro lado dele assim os dois estranhos o


cercavam, marchando em direção a uma das portas que levaria a um deck
externo.
Ty não protestou. Ficou calmo e forçou-se a esperar até que a situação
se esclarecesse. O momento em que viu a arma que ele estaria quebrando
ossos, apesar de tudo.

— Taci e vieni con noi30, — um dos homens disse em voz baixa.

Mais italiano. Ty não entendia, mas ele estava bastante certo que o
homem tinha acabado de lhe dizer para manter a boca fechada e se mover. O
tom era praticamente universal.

Eles empurraram as portas de saída para o convés, onde o borrifo do


mar e o vento soprando assaltaram os seus sentidos e soprou as gravatas em
seus rostos. Ty quase aproveitou a oportunidade para fugir deles. Ele ainda
recuou na preparação da tentativa, mas parou. Tudo o que isso era, tinha a
ver com Del Porter e esse era quem Ty era então. Del Porter não deixaria estes
homens sangrando no convés, e Ty não faria também, se pudesse ajudá-lo.

O aperto em seus braços aumentou e os dois homens o levaram para a


esquerda, em direção a um dos viadutos menos usado nesse deck.

Eles finalmente o liberaram assim que realmente não havia para onde
correr, o empurrando para a grade. Ty tropeçou em sua direção, segurando a
madeira lisa antes de se virar para olhá-los com cautela.

—Che cazzo stai facendo31? — Um deles exigiu.

Ty inclinou-se ligeiramente, como se estivesse ouvindo mais para


realmente fazê-lo compreender a língua estrangeira. Era definitivamente
italiano. Que foi fodidamente incrível, porque Ty ainda não falava italiano.
Dolce e Gabbana poderiam ameaçá-lo aqui durante todo o dia. Ele ainda não
entenderia o que estavam dizendo.

— Eu não...— Ty balançou a cabeça, impotente, apenas mal se


lembrando do seu próprio sotaque falso.

30
Cale a boca e venha conosco.
31
Que merda você está fazendo?
— Não se faça de idiota com a gente, — o segundo homem disse irritado.
Ele tinha o cabelo castanho fino e uma compleição doentia, como se o mar
não estava de acordo com ele. Ty já tinha visto isso antes. — Por que você
perdeu a reunião? — Exigiu Gabbana.

Ty rapidamente piscou para ele, sua mente zumbindo enquanto tentava


escolher a forma de jogar isso. Ele não tinha ideia de quem ou do que eles
estavam falando, e às vezes a melhor coisa a fazer era apenas... ser bobo.

O primeiro homem revirou os olhos e colocou a mão no terno barato,


extraindo uma pequena Berretta e deu um passo à frente para enfiá-la no
estômago de Ty. Sua outra mão no seu ombro enquanto falava com ele em voz
baixa.

— Você não vai foder com a gente, chiaro32?

— Eu entendo, — Ty respondeu com a voz rouca, com um aceno de


cabeça irregular. O cano da arma cavou ainda mais em sua caixa torácica e ele
estremeceu quando suas mãos agarraram o corrimão atrás dele. O vento era
muito forte aqui na beirada e chicoteou o cabelo preto de Dolce e puxava as
mangas da camisa fina de Ty.

— Onde está a informação que era para nos trazer? — Gabbana


perguntou em uma voz entediada.

— Informações, — Ty repetiu enquanto balançava a cabeça. É claro que


eles queriam informações. Isto era exatamente o que preocupava Ty: os
manipuladores de Del vindo para recolher. Pelo menos eles não pareciam
conhecer Del Porter pessoalmente. Ty não tinha certeza se isso era uma coisa
boa ou uma coisa ruim para ele.

O homem com a arma empurrou Ty duro, usando a alavancagem e a


altura do parapeito para levantar os pés de Ty fora do deck e empurrá-lo para
trás. Ty suspirou e segurou o corrimão mais forte, alcançando com a outra
para agarrar a lapela do terno da Dolce.
32
Claro.
Ele começava a pensar que seu disfarce não valia a pena o esforço.

— As fitas, frocio33, — Dolce sussurrou em seu ouvido. O que quer que a


palavra significasse Ty sabia que ele não gostou da conotação.

— Fitas, — Ty repetiu sem fôlego. Seus pés mal roçando a madeira do


deck e seus dedos enrolados na gravata de Dolce. Se ele fosse até a borda, ele
não iria sozinho. Perguntava se os sapatos italianos podiam ser usados como
dispositivos de flutuação, mas, em seguida, o homem colocou mais pressão
contra suas costelas, empurrando-o para trás até mesmo mais longe e Ty
agarrou na gravata de poliéster. — Fitas, — ele disse de novo rapidamente.
Eles tinham que estar falando sobre as gravações que tinha ouvido no iPod. —
Elas estão na nossa cabine, — ele disse a eles rapidamente. Se ele não tivesse
os pés no chão em breve, ele estava indo para rasgá-los, a cobertura que se
dane. Ele estava ficando enjoado.

Gabbana estendeu a mão e o estapeou forte suficiente para que Ty


sentisse o sangue escorrer por seu queixo do lábio recém-dividido, e, em
seguida, o homem sacou uma arma e descaradamente a enfiou no rosto de Ty.
Ty sentiu o ritmo cardíaco aumentar ainda mais, a adrenalina o fazendo um
pouco tonto com sua parte superior do corpo pendurada para fora sobre o
mar aberto abaixo. Claro, se o cara atirasse no rosto, realmente não
importaria o quão longe a queda estava.

A arma de Gabbana pressionada contra seu rosto e Ty não tentou


regular sua reação, sua respiração se tornou mais dura. Del Porter estaria
assustado, certo? Bem, Ty percebeu que fazia isso muito bem agora mesmo.
Duas armas eram difíceis de contestar, não importa o quanto você poderia
chutar um traseiro.

— É melhor esperar que elas estão mais próximas que do seu camarote,
— Gabbana disse calmamente. Sua arma foi transferida na boca de Ty,
raspando contra os dentes e enviando um arrepio horrível acima e abaixo de

33
Bicha.
sua coluna, como unhas em um quadro-negro. Os olhos de peixe morto do
homem não davam muita distância e Ty acreditava que talvez ele puxasse o
gatilho. Ele balançou a cabeça contra a arma e o homem a puxou para trás
apenas o suficiente para Ty falar.

— No meu bolso, — ele disse, amaldiçoando-se por entregar o único


pedaço de informação que poderia ter valido algo para eles até agora.

Dolce libertou seu ombro e Ty se sentiu vacilar. A grade era grossa o


suficiente para impedi-lo, porém, e os seus pés tocaram o convés com um
baque quando o homem enfiou a mão no bolso para o iPod. Quando Dolce o
puxou, os dois homens se afastaram, deixando os joelhos de Ty fracos.
Novamente.

— Não se esqueça para quem você está trabalhando, — disse Gabbana


quando deslizou a arma de volta para as dobras de seu casaco. Ty resistiu ao
impulso de pedir ao homem para lembrá-lo.

— Vamos estar em contato, — Dolce disse quase cordialmente, e, em


seguida, os dois homens se viraram e o deixaram sozinho, caído no parapeito
e respirando com dificuldade. Ele colocou a mão nos lábios, limpou o sangue
e olhou para ele em seus dedos.

— Eu odeio essa porra de caso, — Ele murmurou para si mesmo.

Umas boas duas horas após a interrupção de Ty, Zane enfiou um pedaço
de crédito por uma modesta quantia de dinheiro no bolso interno do paletó.
Ele praticamente quebrou mesmo à mesa com Armen, Bianchi e outros dois
grandes jogadores em férias, mantendo-se o suficiente para ficar positivo que
ele não tinha sido capaz de encaixar em uma desculpa para sair até agora.

Ele usou o tempo para estudar seus supostos parceiros de negócios,


buscando sinais e tiques nervosos, seguindo o quanto eles ganharam e quanto
eles perderam. Bianchi foi eternamente jovial e contente, uma personalidade
peculiar que quase teve seus efeitos sobre a paciência de Zane. Armen era
completamente o oposto, aproximando-se do sombrio, mesmo depois de
ganhar uma mão. Ele não era companhia agradável.

Zane sabia que Armen tinha estado a observá-lo com cuidado, ele ficou
especialmente atento quando Ty apareceu. Zane estava em um rolo no ponto,
tendo conquistado três mãos em seguida e um cônjuge choramingando em
busca de atenção simplesmente não parecia tão importante para um grande
jogador.

Apesar de seu show em contrário, o problema foi registrado por Zane


depois do fato. Ty simplesmente não ficava agitado sem razão. Mas Zane não
tinha se preocupado com isso até depois que ele dispensou Ty sumariamente.
Na hora, ele estava mais focado no trabalho, em obter Bianchi ou Armen para
falar sobre si mesmo ou sobre seus negócios comuns, do que tinha estado
sobre o estado de espírito de seu parceiro.

E agora ele saía do cassino, obrigando-se a fazer seu caminho de volta


para o camarote casualmente enquanto ficava mais e mais preocupado. O
calor do uísque caro rodou por ele, fazendo com que tudo ao seu redor ficasse
falso e brilhante. Zane tinha nutrido o primeiro copo, enquanto pôde, mas
tinha havido um segundo, e um terceiro e depois já era tarde demais. Ele
ainda podia sentir o gosto dele, a queimação do licor ultra-premium em sua
língua e na parte de trás de sua garganta.

Ao ver Ty, que tinha conseguido a atenção de Zane, ele conscientemente


parou de esvaziar o copo. Mas tinha sido tempo suficiente desde a última
queda de graça e isso fez sua tolerância sofrer. Ele sabia como operar sob a
influência no cumprimento do dever, ele só não podia evitar no submundo
encharcado de álcool. Ele já tinha caído naquele estado frio e distante da
mente antes de Ty chegar e Zane não tinha sequer o reconhecido. Era como
correr em um velho disfarce, confortável, e lembrando as palavras de antes de
Ty sobre a bebida, Zane estava preocupado agora.
Mesmo com a preocupação, Zane sentia o alívio e ajuda do álcool, o
fascínio que o acolheu, o chamava. No passado, o álcool, tinha dado a ele uma
vantagem e isso ainda queimava nele, lhe permitiu desfazer-se dos nervos e
distrações e trouxe as coisas mais importantes em foco. Zane se conhecia
quando ele estava profundamente na bebida quando disfarçado. Ele passou
muitos anos vivendo assim para não apreciá-lo. Ele também tinha aprendido
o quão destrutivo isso poderia ser. Quão destrutivo ele poderia ser sob a
influência.

A preocupação com Ty o comia enquanto ele deixava o passeio, subia o


elevador e entrava no corredor que levava ao seu camarote. Zane tinha
pensado na época que ele lidou com a situação do jeito certo, agora ele não
tinha tanta certeza.

Quando Zane entrou no seu camarote, ele encontrou o lugar totalmente


abalado. Seu coração saltou alguns batimentos, e, instintivamente, ele cavou
debaixo da camisa na parte baixa das costas e sacou a arma. Ele fechou a
porta sem fazer barulho e, silenciosamente, fez o seu caminho para a sala mal
iluminada. Malas estavam viradas de cabeça para baixo e esvaziadas, suas
coisas espalhadas por todo o chão. O colchão estava pendurado para fora da
cama e ainda inclinado para o lado, as cobertas em ruínas. As almofadas dos
sofás espalhadas pelo chão e as portas para a varanda estavam abertas. Ou Ty
tinha jogado uma birra, ou havia um problema que não esperavam. Zane
estava inclinado para escolher a opção A, lembrando-se da expressão no rosto
de Ty quando Zane virou as costas para ele.

Zane fez uma careta.

Ele seguiu em frente pelo quarto para verificar a varanda e, em seguida,


caminhou até o banheiro, onde a porta estava entreaberta e uma das pias
estava correndo.

Ty estava curvado sobre a pia, sem camisa, deixando a água correr pela
palma de sua mão e, em seguida, espirrando repetidamente no seu rosto.
Aliviado, Zane olhou para ele: o rosto de Ty estava pálido e torcido, e a camisa
que ele usou quando foi ver Zane na mesa de pôquer estava no balcão de
mármore ao lado dele, uma única gota de sangue sobre a gola claramente
visível.

Ty de repente saltou para trás, sua mão indo para a faca sobre a
bancada. Ele empurrou a uma parada, de costas contra o piso de mármore da
parede do banheiro, arma na mão, ofegante enquanto olhava para Zane.

Zane soltou a respiração que estava segurando e olhou sobre Ty


enquanto lentamente baixava a arma. Sentiu seu foco encaixar no lugar: em
Ty agora, ao invés de Bianchi e Armen como antes.

— O que aconteceu? Você está bem?

Ty abaixou um pouco a cabeça, olhando para Zane quando seus olhos


castanhos brilharam com raiva.

— Tive uma festa, — ele respondeu em voz enganosamente calma


enquanto se endireitou e recuou até a pia para desligar a água. — Sinto muito
que você tenha perdido, — ele adicionou assim que colocou a faca, pegou uma
toalha e enxugou os lábios delicadamente.

—Eu deveria estar aqui, — Zane disse, ele estendeu a mão para tocar
levemente o queixo de Ty e virar a cabeça para que pudesse olhar para o lábio
partido.

Ty recuou para longe e deu um tapa na mão dele, rosnando para ele. A
fachada calma desapareceu tão rapidamente como tinha surgido. Ele
empurrou Zane para longe dele e seguiu para empurrá-lo novamente, mesmo
fora do banheiro. Ele fechou o punho, como se estivesse se preparando dar
um soco, mas então ele rangeu os dentes e flexionou os dedos, bufando alto.
Sempre tomou um grande esforço para Ty se controlar uma vez que ele perdia
seu temperamento, e ele visivelmente lutava com isso agora.
Agora Zane sabia que o que tinha acontecido era sério. Ele tentou
estudar Ty mais de perto para ver se ele escondia alguma lesão. Ele parecia
estar ileso sem contar o lábio sangrando.

— O que aconteceu? — Zane perguntou a ele novamente.

— Porra de italianos! — Ty soltou com um gesto de suas mãos, lançando


em outro ameaçador acesso de raiva e Zane realmente recostou-se surpreso.
As próximas palavras de Ty foram gritadas. — Eles tentaram me jogar sobre o
parapeito! Eu não falo italiano, Garrett!

— O parapeito, — Zane repetiu sem expressão. Em seguida, isso clicou.


—O parapeito? Como em parapeito sobre o oceano? O que eles queriam? —
Cenários começaram a aparecer na cabeça de Zane, cada um deles
terminando mal... porque ele não estava lá. Zane se sentiu mal, de repente,
tudo que havia bebido do encantador Scotch ameaçava fazer uma aparição.

Ty apenas parecia ficar mais irritado diante da preocupação tardia de


Zane. Ele ficou bastante trêmulo quando cerrou os punhos em seus lados,
tentando se acalmar. Esse era um exercício fútil, Zane tinha aprendido, mas
ele não iria se expressar assim agora.

— Eles não disseram nada para lhe dar uma ideia de quem eram? —
Zane perguntou cuidadosamente.

— Eu acho que eles eram da Guardia di Finanza34, — Ty disse com os


dentes cerrados, as palavras italianas saindo a sua língua como se ele falasse a
língua. — Mesmo os policiais italianos usam ternos baratos. Del deveria se
encontrar com eles e quando eu perdi isso, eles vieram me procurar. — Ele
acenou com pano para o camarote destruído. — Eles pegaram as escutas de
merda que encontrei. Eu estou supondo que eles viraram o lugar e, em
seguida, vieram atrás de mim quando não as encontraram aqui.

34
A Guarda de Finanças é uma polícia especial da Itália subordinada diretamente ao ministro
de Economia e das Finanças.
—As escutas estavam com você, — Zane concluiu. Ele respirou fundo e
balançou a cabeça, acreditando que Ty deve ter tido um inferno de susto para
estar lívido agora. Permanecer em um personagem o teria feito bastante
impotente, e Zane sentiu uma forte pontada de preocupação que tentou
anular.

— Era isso o que você veio me dizer, — ele disse, mas não tinha certeza
do que ele teria sido capaz de fazer.

— Não que isso importe agora, — Ty rosnou.

— Está feito, Grady. Deixe ir. Nós vamos encontrar as escutas, — Zane
disse enquanto caminhava até a mesa, colocou a arma e começou a escolher
através dos conteúdos espalhados pelo topo. Ele estava tendo bastante
dificuldade para focar em qualquer coisa além de seu parceiro para se
preocupar com o passado agora. Ty estava em silêncio e quando Zane olhou
para ele, ele encontrou Ty ainda de pé na soleira da porta do banheiro,
olhando-o com uma mistura de raiva e com o que poderia ser dor. Era
parecido com o olhar que ele tinha dado a Zane na mesa de pôquer.

Por um momento, Zane estava contente que ele gostasse tanto de


uísque. Se não fosse pela calma e indiferença que isso lhe deu, ele estaria
muito chateado com a experiência de quase morte de Ty, tão próxima ao —
acidente— na parede de escalada ou ele estaria dando um tapa na cabeça de
Ty agora, danem-se as repercussões. Em vez disso, ele esperou por Ty para
continuar.

— Você tem alguma ideia do que perdemos esta noite? — Ty perguntou


a ele com raiva mal controlada.

Zane varreu a confusão de papéis na gaveta da mesa antes de inclinar as


duas mãos sobre a mesa e olhar para Ty, sentindo-se exasperado.

— Não. Mas o que quer que fosse, eles lhe penduraram sobre uma
grade, Ty, não valia a sua vida, — ele disse, tentando raciocinar com ele
embora ele estivesse ficando cada vez mais irritado com a falta de controle de
seu parceiro. Isso estava causando estragos com o seu próprio, e ele fechou os
olhos por um momento. Ele não estava sentindo o zumbido mais e isso estava
começando a afetá-lo. — Então me perdoe se eu estou um pouco menos
preocupado com algumas informações do que você de pé aqui.

Ty o observou em silêncio por um momento.

— Você realmente não parece muito preocupado com isso, — ele


finalmente acusou.

— O que você quer que eu faça? Cair de joelhos a seus pés e agradecer a
Deus que você ainda está respirando? Você iria rir, — Zane respondeu com
um aceno de sua mão.

A emoção acalorada dos olhos de Ty finalmente se esvaiu enquanto


Zane o olhava.

— Sim, eu acho que faria isso, — ele disse finalmente. Ele se virou e
jogou o pano no banheiro com nojo, então moveu pela cabine e curvou para
começar a recolher os conteúdos dispersos de suas malas sem outra palavra.

Zane resistiu ao impulso de rolar os olhos. Ty estava num chilique e


teria que se acalmar e Zane não se sentia caridoso o suficiente para atuar de
pacificador, enquanto saía de um zumbido. Talvez ele deu em demasia como
estava. Balançando a cabeça, tirou o casaco e começou a pegar roupas
também.

Eles tinham jogado quase tudo nas malas e gavetas Quando Zane
decidiu que não queria ficar ali quando Ty estava silencioso e mal-humorado.
Primeiro ele considerou voltar para o cassino, as chances eram boas que
Bianchi e seu uísque escocês ainda estivessem na mesa. Era tentador. Muito
tentador. Mas, depois de pensar por um longo minuto, Zane pegou sua roupa
de banho e tirou os sapatos. Um mergulho seria apenas a coisa para tirar o
aborrecimento amontoado em sua cabeça.
Ty estava ajoelhado ao lado da cama, passando por um monte de joias
que havia sido despejado. Ele pegou uma das abotoaduras de Corbin e estava
olhando para ela com uma carranca profunda, a girando mais e mais como se
ele nunca a tivesse visto antes. Quando Zane se moveu, Ty olhou para ele.

— Você está indo mergulhar? — Ele perguntou incrédulo.

— Você prefere que andemos pelos corredores procurando pelos


homens que o atacaram? Isso certamente seria repousante, — Zane
respondeu logo.

Ty levantou-se devagar, olhando para ele como se o estivesse vendo pela


primeira vez.

— É sempre assim quando você está bêbado? — Ele perguntou com


desdém.

Zane franziu a testa. Agora Ty parecia o babaca que ele encontrou na


primeira vez, desconfiado e superior, e ele estava fazendo um julgamento,
enquanto estava muito emocionada. Típico.

— Como 'assim'? — Ele perguntou quando desabotoou sua camisa.

— Não dando a mínima, — Ty forneceu tristemente.

Zane se levantou e deu alguns passos em direção a Ty, quando a


verdadeira ira provocou seu temperamento.

— Você acha que eu não dou a mínima para você? — Ele perguntou com
precisão. — Só que tipo de resposta você está esperando de mim aqui?

— Eu não sei, Zane, — respondeu Ty. Sua voz era plana e cansada. — Eu
espero que você seja meu parceiro. Espero ser capaz de confiar em você.
Espero que você fique pelo menos moderadamente sóbrio e eu espero que
você escute quando eu digo que é importante, — ele recitou, com a voz ficando
mais nítida.
— Se fosse caso de vida ou morte, você teria conseguido seu ponto de
vista, — Zane disse, a raiva queimando em face da compostura fria de Ty, e
Zane apenas a deixou solta. — Estou fazendo o meu trabalho e eu estou
lidando com a bebida muito bem.

— Ah, é? — Ty perguntou, claramente impressionado. — Tudo bem,


então, — ele disse enquanto olhava para o botão de abotoadora. O ergueu. —
Conte-me sobre as abotoaduras de Bianchi.

Zane apertou os olhos, colocando as mãos nos quadris.

— O que é isso, algum tipo de teste?

— Você é um cara de detalhe, né? — Ty perguntou a ele em um tom


casual. Ele ainda segurava a abotoadura de Corbin entre o polegar e o
indicador. —Você estava fazendo o seu trabalho. Jogando pôquer.
Examinando seus adversários. Procurando dicas, os detalhes que poderiam
lhe dar pistas sobre suas personalidades, — ele disse. — Como as abotoaduras
de Bianchi se parecem?

Zane abriu a boca para responder e encontrou-se sôfrego. Ele podia ver
o rosto de Bianchi. Sua jaqueta preta de smoking, a luva branca presa por...
Ele franziu a testa.

Ty o observava sem expressão, finalmente baixando a mão enquanto


apertou os lábios e balançou a cabeça.

— Isso foi o que eu penseim, — ele murmurou, e jogou a abotoadura


para Zane.

Zane a pegou meio sem jeito, ainda preocupado. Ele deveria ter sabido
desse detalhe, ele tinha certeza que ele tinha visto essas abotoaduras. Olhou
para aquela em sua mão, virando-a, sentindo ressurgir o aborrecimento.

— Então me diga por que as abotoaduras são tão importantes para se


perceber em um jogo de pôquer.
— Além do fato de que ele esfrega o dedo sobre elas quando está
nervoso? — Ty perguntou em voz baixa. Ele apontou para o de mão de Zane.
— É uma escuta. E pelo que eu soube hoje à noite, eu apostaria que as de
Bianchi também o são. Armen não as estava usando.

Zane olhou para a joia, desconfiado, e deslizou sua memória para ver
Bianchi fazer isso. Ty não poderia ter estado lá por mais de três minutos e ele
percebeu isso? A preocupação que Zane não queria sentir formigava na
espinha e ele odiou isso. — Então é um bug. Isso não é bom para nós, se nós
não somos os únicos ouvindo, — ele disse, jogando a abotoadura em cima da
cama.

Ty balançou a cabeça e se afastou.

— Você seriamente não vai me dizer que sou negligente, porque eu não
me lembro como suas abotoaduras se parecem, — Zane disse friamente.

— Nós vamos conversar sobre isso quando estiver sóbrio, — Ty disse a


ele em finalização quando se ajoelhou de volta para atravessar a pilha de
bugigangas no chão.

— Se eu tiver cometido um terrível engano, tal a forma que você está


chateado com isso, eu provavelmente deveria saber, — Zane disse, embora ele
podia sentir seu controle sobre suas emoções escorregar.

Ty parou e permaneceu imóvel ajoelhado, com a cabeça baixa. Quando


olhou para cima, seu corpo inteiro estava tenso.

— Eu precisava de sua ajuda, Zane, — ele disse baixinho. Olhou para


Zane e se levantou. — O seu parceiro precisava de você. Eu tinha a chave para
a porra do caso no meu bolso, — ele disse frustrado, estendendo a mão. —
Você acha que eu não sei o quão importante era o que você estava fazendo?
Acha que eu teria interrompido se não fosse algo grande?

Zane lutou para analisar a resposta de Ty, seu aborrecimento e dúvida e


agora náuseas revividas, o jogou estava fora de ordem. Engoliu em seco,
tentando se recompor, tentando se reorientar e achar aquele espaço frio
novamente. Ty era bom em dar lições de culpa.

—Tudo bem, — disse. Foda-se, ele precisava de um cigarro e uma


bebida.

— Tudo bem, — Ty repetiu. — É tudo que você tem a dizer? Tudo bem?

Zane estava se sentindo mal com a mistura de frustração e chateação


que as acusações de Ty causaram. Aquilo estava lhe dando dor de cabeça.

— Não adianta, não é? Eu estava errado. Você deixou o seu ponto muito
claro. — Ele empurrou a camisa de seus ombros e ela caiu sobre a cama.

Ty observou a camisa cair na cama e depois olhou para Zane. Algo em


seus olhos acendeu de repente, e ele moveu para frente de Zane rapidamente.

— Você quer ir nadar? — Ele perguntou quando se moveu para Zane e o


agarrou, pegando seu braço e o puxando e movendo, empurrando Zane ao
redor para a direção oposta. Seus dedos cavados no ombro de Zane por trás
enquanto ele segurava o outro braço e o empurrou, usando o braço torcido
para guiá-lo em direção da porta. — Vamos dar a porra de um mergulho, — Ty
rosnou quando bateu o peito e o rosto de Zane contra a porta da cabine. Ele o
segurou lá com o peso de seu corpo enquanto alcançava a maçaneta da porta.

O súbito giro fez Zane ficar tonto e ele estava tão chocado com abrupta
manipulação de Ty e sua cabeça batendo com força contra a porta, que não
conseguiu nem se recompor para reagir. Ty não foi gentil quando o empurrou
para o corredor que dava para o deck exterior. Ele não se importava se batia
Zane contra as paredes ou portas a qualquer momento. Zane se recompôs o
suficiente para resistir e Ty continuou segurando o braço torcido
dolorosamente para manter Zane incapaz de lutar. Quando eles estouraram lá
fora, o ar fresco da noite os atingiu, o vento forte trazia o cheiro do mar.
Mesmo ao longo da costa da Flórida, estava frio o suficiente em uma noite de
dezembro no oceano para que as plataformas estivessem praticamente vazias,
exceto pelos mais corajosos ou os convidados mais embriagados. A piscina
estava deserta, mesmo sob o telhado de vidro, brilhando pacificamente em
um azul-verde na noite quando uma névoa de vapor pairava baixa sobre a
água morna.

Ty o empurrou para ela, murmurando sobre ele ser um idiota bêbado.


Algo finalmente clicou quando a última meia hora passou pela cabeça de
Zane. Aquilo poderia ser ruim. Muito ruim. Quando eles se aproximaram da
piscina, ele começou a lutar um pouco, mas já estava fora de equilíbrio e Ty
apenas torceu o braço um pouco mais. Certamente ele largou a personalidade
submissa de Del Porter, o perigo que se dane, aparentemente.

Ty o forçou para a borda da piscina, rosnando em seu ouvido.

— Eu quero ser amaldiçoado se eu morrer porque você está bêbado


demais para se importar. — E com isso, ele enganchou o pé na frente das
canelas de Zane e o empurrou por trás, jogando-o para a piscina.

Mesmo com o aviso, Zane mal conseguiu um fôlego antes de atingir a


água na parte rasa da piscina com um mergulho barulhento. Seu quadril e
ombro dolorosamente atingiram o fundo dos quatro metros de água, o
atordoando, e ele engasgou o que tinha tomado de fôlego antes de emergir e
olhar para Ty. Ele tinha mal acabado de conseguir um pouco de ar quando
percebeu que Ty estava na piscina com ele, ao seu dele.

Ty estendeu a mão para a cabeça de Zane e o afundou sob a água


novamente com outra varredura de suas pernas para derrubar os pés de Zane.
Zane chegou a cobrir as mãos de Ty, para forçá-lo a soltá-lo, mas os dedos de
Ty torceram seu cabelo, e Zane não conseguia lutar muito. Ele atacou o torso
de Ty, mas a água o atrasou muito para que tivesse qualquer efeito.

Apesar de Zane se debater sobre os joelhos no fundo da piscina, Ty o


segurou sob a água até que os pulmões de Zane estivessem em chamas e
depois ele foi violentamente puxado para fora da água. Ty colocou seus rostos
juntos enquanto Zane balbuciava, tentando respirar e falar ao mesmo tempo.
Seus narizes roçavam quando Ty virou-se para ele.
— Você quer lidar comigo agora, Zane? — Ele perguntou com os dentes
cerrados, repetindo o que Zane tinha lhe dito quando o dispensou da sala de
pôquer.

Antes de Zane ter a chance de responder, Ty o submergiu novamente,


segurando-o lá por apenas alguns segundos dessa vez antes de puxá-lo de
volta. Zane tossiu água e se engasgou desesperado para respirar, antebraço de
um lado do aperto de Ty, seus olhos piscando com força contra a dor salina. A
combinação de tudo isso rompeu Zane da mentalidade induzida pelo álcool, e
ele perdeu o distanciamento a que ele tinha estado agarrado.

—Pare, — ele disse ofegante entre tosses. —Espera-

Ty balançou a cabeça e com veemência forçou o rosto de Zane sob a


água novamente. Uma fração de segundo depois, ele o puxou para cima,
segurando o queixo com a outra mão, enquanto continuava a segurar Zane
por seu cabelo. Zane engasgou duro, agora tonto com a falta de ar, molhado
de cima a baixo, e o zumbido queimando fora. Isso tudo fez toda a noite
desabar sobre ele como um peso de chumbo.

— Sinto muito, — ele disse rouco, com pânico deturpado. — Sinto


muito!

Ty estava ofegante pelo esforço de manipulá-lo, sua respiração em


rajadas no rosto molhado de Zane no ar frio. A mão em seu cabelo soltou,
deslizando até o pescoço para manter a cabeça do Zane acima da água. A
outra mão de Ty soltou o queixo de Zane e enrolou na cintura, quando Zane
tentou obter seus pés debaixo dele. Ty segurou-se na água e descansou sua
testa contra Zane. No momento, tudo que Zane poderia fazer era agarrar
fracamente os braços de Ty. Apesar da água relativamente quente, ambos
tremiam quando Ty segurou Zane perto dele.

— Maldito seja, Zane, — Ty ofegava finalmente enquanto a água


perturbada lambia seus peitos nus.
Zane tossiu e engasgou novamente enquanto tentava conseguir ar,
pegando respirações em pânico atrasado, suas mãos tremiam visivelmente
enquanto ele tentava se segurar. Suas pernas não iriam cooperar. Tudo que
ele pode fazer foi acenar.

Ty se endireitou, água fluía por seus braços quando ele puxou para cima
com Zane.

— Vamos lá, — Ty murmurou, seus dentes batendo quando ele passou o


braço de Zane sobre os ombros para ajudá-lo a sair da piscina aquecida. Ele
começou a liderar Zane em direção aos degraus largos. Fora do equilíbrio,
Zane oscilou um pouco mesmo com a ajuda de Ty e, quando saíram, ele
estava tremendo duro da adrenalina e choque e estava tremendo de frio.

O ar frio do lado de fora da cúpula da piscina acertou Zane como uma


marreta, a última palha para quebrar qualquer zumbido, qualquer orgulho, e
qualquer confiança que ele tinha em si mesmo.

Ty manteve o braço ao redor dele, enquanto o conduzia em direção à


entrada que os levaria à sua cabine. O esforço parecia ter tomado todo o vapor
para fora dele também, porque ele estava calmo e em silêncio até que
voltaram para sua cabine. Ele teve a certeza que a porta estava trancada atrás
dele, então empurrou Zane para o banheiro.

—Entra no chuveiro, — Ty ordenou cansado. — Se aqueça.

Zane assentiu e pôs a mão na parede quando dava alguns passos


vacilantes, mas quando uma onda de tontura o ameaçou, ele considerou
ajoelhar-se lá e ser infeliz por um tempo. Os argumentos de que se lembrava,
mesmo sem o filtro vacilante da intoxicação o deixou se sentindo
envergonhado e sem valor. Ele se sentiu doente com o pensamento sobre o
primeiro copo de uísque.
Ty moveu ao seu redor, esforçando-se para tirar a calça molhada e
deixá-la e sua cueca encharcada em uma pilha no chão do banheiro. Pegou
uma toalha artisticamente enrolada da cesta em cima do balcão e começou a
se enxugar. Olhou para Zane quando terminou, olhando-o de cima a baixo
com desprezo evidente. Jogou a toalha no chão na frente dele.

— Boa noite Corbin, — ele murmurou enquanto passava por ele,


roçando no ombro de Zane sem nenhuma gentileza quando se moveu para a
cama.

Zane fechou os olhos por um momento antes de caminhar lentamente


até o banheiro, entrou e fechou a porta atrás dele. Ele ligou o chuveiro,
colocou a água quente, entrou e caiu contra a parede. Seus olhos ardiam,
irritados com a solução salina usada na piscina. Entre isso e o spray do
chuveiro, era fácil explicar as lágrimas espalhando por seu rosto.
Capítulo Oito

QUANDO Zane acordou de repente. Seus olhos se abriram assim que ele
respirou fundo e se sacudiu sentado para olhar ao redor, o coração acelerado.

— Bom dia, — Ty cumprimentou secamente de onde estava sentado no


sofá. Ele usava um pijama fino e um par de chinelos felpudos e tinha os
calcanhares apoiados na mesa em frente a ele. Ele folheava um livro de
enigmas de Sudoku.

Zane piscou várias vezes, tentando processar através da adrenalina. Ele


não conseguia definir se estava sonhando ou se estava acordado. Tinha sido
um longo tempo, semanas, desde que ele tinha acordado de forma tão
abrupta. Ele sentou na cama, nu sob o lençol enrolado, e seu peito e garganta
doíam. Ele precisava de um copo de água, pois estava seca.

Então Zane se lembrou do motivo.

Ele respirou devagar e deitou de volta para que pudesse olhar para o
teto.

— Água e ibuprofeno estão sobre a mesa lá, — Ty ofereceu enquanto


bebia algo de uma delicada porcelana. O serviço de quarto já tinha estado
obviamente lá para entregar o café da manhã.

Zane tentou engolir e não podia, portanto, ele rolou para o lado dele e
estendeu a mão que estava embaraçosamente trêmula para pegar o copo. Em
pouco tempo o ibuprofeno fez efeito, o copo estava vazio, e ele estava olhando
para o teto novamente.

— Obrigado. — Sua voz saiu muito rouca, mesmo depois da água.


Ty apenas murmurou em resposta, sua atenção no livro Sudoku em sua
mão. Ele estava sendo surpreendentemente cordial nesta manhã. Zane
realmente esperava que isso não fosse para disfarçar a raiva séria. Ty ainda
poderia estar furioso, mesmo depois de trabalhar fora parte dela durante o
desastre da piscina. Zane levantou ambos os braços e apertou as palmas das
mãos nos olhos. Não tanto por que sua cabeça doía - ele nunca realmente
sofreu os sintomas clássicos da ressaca, mas porque se lembrava de quão
chateado Ty tinha estado, o que o deixou mais doente do que qualquer bebida.

Ty não voltou a falar. Os únicos sons que fez foi o tilintar da porcelana
quando ele a colocou de lado e o baralhar das páginas quando as virava.

Bem, prolongando o inevitável só lhe daria azia.

— Em quanto problemas eu estou? — Zane perguntou com voz rouca.

— Eu não sou o seu guardião, Garrett, — Ty respondeu calmamente. —


Ninguém morreu.

Zane suspirou. Ele sabia que ninguém tinha morrido. Sabia exatamente
o que tinha acontecido na noite passada. Ele simplesmente não tinha
perspectiva disso, porque quando bebia, se concentrava em tudo o que
pensava que era seu objetivo e excluía todo o resto. Ontem à noite, Ty tinha
sido parte do —todo o resto—. Esse era o problema: Ty. Ty não era o seu
guardião, era a sua consciência.

Zane sentou-se e deslizou para trás para se apoiar contra a cabeceira.

— Lorenzo Bianchi trouxe a Corbin Porter um presente, — ele disse


asperamente. — Um sinal de boa vontade e respeito entre amigos, ele disse.

A dureza nos olhos de Ty não se encaixava com os chinelos macios. Era


quase cômico.
— Suponho que a palavra ‘moderação’ não está no vocabulário de um
alcoólatra, hein? — Ele perguntou facilmente. Se ainda estava com raiva,
estava escondendo muito bem.

Apesar da ausência de sinais exteriores de raiva, cada comentário


cortava fundo. Zane se sentiu vazio quando encontrou os olhos de Ty.

— Eu não pensei que a minha tolerância teria caído muito, — ele disse
suavemente. — Pensei que podia lidar com isso.

Ty continuou a olhar para ele, com o rosto inexpressivo. A falta de


emoção era totalmente diferente de Ty, geralmente ele não poderia ser
confiável para controlar seu temperamento e seus olhos eram de fácil leitura.
A falta de emoção exterior simplesmente significava que ele estava tentando
muito duro esconder o que estava sentindo. Finalmente, ele colocou o livro de
lado e tirou os pés da mesa.

— Pelo menos você sabe disso para a próxima vez, — observou.

Zane passou os braços em torno de si, sabendo que ele não teria
qualquer simpatia ou conforto. Ty nunca lhe tinha dado qualquer motivo para
pensar que ele sofria de vícios como Zane e apesar de fazer um esforço para
não beber em torno de seu parceiro, as reações de Ty sugeriam um pouco de
desdém para o problema de Zane de abuso de substâncias desde seu primeiro
comentário sarcástico eras atrás quando se conheceram: — O quê, você é um
alcoólatra em recuperação?

Ty certamente não queria ouvir Zane chorar sobre isso. Zane desejava,
embora, algumas vezes, que Ty pelo menos reconhecesse o quão
malditamente difícil era para Zane dizer não a tanto, todos os dias de sua
vida.

Ty ainda estava olhando para ele.


— Você percebe que provavelmente vai ser esperado que você beba de
novo, certo? — Ele perguntou suavemente.

O pensamento doía tanto dentro de Zane que tinha que aparecer do lado
de fora de alguma forma. Ele ainda sentir o sabor do licor e sua garganta e
barriga queimavam por ele. Ele balançou a cabeça bruscamente. Aquilo faria
tudo mais fácil de manusear, ver mais claro, mais suave de engolir. Aquilo iria
esfria-lo e acalmar os nervos. E a cada gole ele se drogaria mais. Zane sabia
que quando a garrafa estivesse em frente a ele, ele não seria capaz de lidar
com aquilo.

— Você vai simplesmente aceitar? — Ty perguntou a ele frustrado. Ele se


levantou rapidamente, uma das pantufas na mão. A segurou, balançou, em
seguida, a atirou com raiva na parede. — Por que diabos eu sou o único que se
preocupa com isso? — Ele gritou enquanto se aproximava.

— Eu me preocupo com isso. Mas não há nada que eu possa fazer sobre
isso, — respondeu Zane.

— Besteira! — Ty retrucou, sacudindo a cabeça como se tivesse acabado


de morder um pedaço de alguma coisa.

— Você vai me ouvir pelo menos uma vez! Apenas uma vez! — Zane
gritou com raiva.

Ty parou abruptamente, olhando para ele por um momento antes de


respirar rapidamente e assentir. Olhou para baixo e balançou o pé, chutando
o outro chinelo felpudo com uma maldição sussurrada. Ele olhou de volta
para Zane e acenou com a cabeça novamente.

— Eu estou ouvindo, — ele disse soando sincero e sério.

Zane levou alguns minutos para se recompor, porque ele pensou que
não teria outra chance para tentar se explicar. Quando ele falou, foi o mais
sincero e honesto que poderia ser.
— Você quer que eu seja capaz de beber e me controlar melhor. De ser
capaz de resistir ao que isso faz para mim e de me afastar quando começar a
ser demais. Mas a verdade é que só um gole é demais. Não há como lidar com
isso, não importa o quanto você se importe. — Ele parou por um momento,
olhando para Ty e desejando que ele compreendesse. — Você tem que
acreditar em mim. Mesmo que não entenda, — ele implorou.

Ty olhou para ele em silêncio, seus olhos indo de um lado ao lado


enquanto estudava o rosto de Zane. Ele realmente não parecia com Ty, não
com todo o retoque. Mas não podiam mudar seus olhos. Ele deu mais um
passo em direção à cama e se ajoelhou ao lado dela, tomando a mão de Zane
na sua e olhando para ele.

— Eu não entendo o que isso pede, — ele admitiu, olhando sinceramente


para Zane. — Eu não entendo o que isso faz para você. Mas eu sei que você é o
ser humano mais incrivelmente teimoso que eu já conheci, — ele continuou
com uma pitada de frustração. — Você é mais forte do que foi a noite passada.

A respiração de Zane pegou. Ele não tinha noção de que era assim que
Ty pensava nele. Isso o fez se sentir com três metros de altura. E ao mesmo
tempo muito pequeno. A realidade nua e crua era que ele era, e sempre seria,
um viciado em bebidas alcoólicas e em drogas que se pendurava nas pontas
dos dedos todos os dias tentando ficar sóbrio e fazer o seu trabalho. Apertou a
mão de Ty.

— Eu queria ser o que você acredita, — ele sussurrou. — Queria ser o


que você precisa que eu seja.

Ty olhou para suas mãos e suspirou profundamente. Ele parecia lutar


com o que dizer ou fazer, e ver Ty indeciso foi outra experiência nova, mas
não uma totalmente agradável. Finalmente, Ty engoliu em seco e olhou para
cima.

— Zane, — ele disse com a voz rouca. Então parou e olhou para baixo
novamente rapidamente antes de reencontrar os olhos de Zane com
determinação. — Você é tudo que eu preciso de você que seja, — ele
sussurrou.

As palavras calmas atordoaram Zane. Como Ty poderia dizer isso depois


da noite passada? Ou melhor, como Ty poderia dizer uma coisa dessas de
todo modo? Um ligeiro dar de ombros sem esperança foi tudo que Zane
conseguiu administrar.

— Eu sei que é difícil, — Ty murmurou. — Mas você não pode me deixar


pendurado como eu estive na noite passada, — ele disse com uma voz mais
forte. Ele ainda estava de joelhos, segurando a mão de Zane. — Eu tinha uma
arma na minha boca e você estava jogando bêbado, sendo Corbin Porter nas
mesas.

Zane se encolheu, mas encontrou os olhos de Ty calmamente.

— Eu sei, — sussurrou. — Eu nunca me perdoaria se algo tivesse


acontecido com você.

Ty sorriu levemente.

— Bom, pelo menos nós dois concordamos com isso, — ele disse
ironicamente. — Olha, eu... eu entendo que a maior parte do seu trabalho
disfarçado foi gasto bêbado, estou certo?

— Uma grande parte dele, sim, — Zane admitiu, suas palavras


arrastadas anunciando a sua relutância. Ele não gostava de dar qualquer
munição para atirar nele, mesmo para Ty. — Não era exatamente incomum,
considerando o local.
Ty assentiu. Zane tinha lhe dito sobre ser um agente disfarçado no
submundo de Miami. Mas essa missão secreta não poderia ser mais diferente.
Era como comparar um hambúrguer queimado a um Kobe beef35.

Ty continuou, sua voz espelhando a relutância que Zane estava


sentindo.

— E estou supondo que com sua tolerância isso nunca foi realmente um
problema. — Ele segurou o fôlego, olhando para Zane como se medindo o
quanto mais ele queria dizer. Era óbvio que ele estava tendo dúvidas sobre o
que quer que estava chegando.

— Sim, isso é certo, — Zane respondeu com vontade que Ty continuasse


falando.

— Se você contar isso a alguém, juro que vou te matar, — Ty o ameaçou


de repente, apontando o dedo para Zane em advertência.

Apesar de sua surpresa, Zane imediatamente sacudiu a cabeça.

Ty pigarreou e acenou com a mão.

— Quando estou trabalhando disfarçado, eu não posso tomar qualquer


tipo de medicamentos ou drogas, principalmente porque eu arrisco a reagir
mal a elas. Você sabe disso. Mas eu não posso beber, tampouco, embora não
pelas mesmas razões que você não deva. Então eu tive que aprender maneiras
de fingir. Eu posso te mostrar como contornar isso, se você quiser.

Zane franziu a testa um pouco tentando seguir a explicação de Ty. Não


fazia muito sentido, mas ele descobriria sobre isso mais tarde. Ty estava
estendendo um inferno de uma oferta de paz, e era isso que importava agora.

— Sim, eu quero.

35
Refere-se aos cortes de carne de vaca da estirpe Tajima do gado wagyu, criado na província de Hyogo,
Japão. A carne geralmente é considerada uma ifuaria, reconhecida pelo seu sabor, consistência e gordura,
bem marmorizada. O Kobe Beef é a carne mais gostosa e cara do mundo.
Ty balançou a cabeça com um aparente alívio e deu um tapinha no
joelho de Zane.

— Eu vou te mostrar hoje, no caso de precisar disso no jantar. Ok?


Agora me ajude a levantar.

Zane assentiu e se inclinou para beijá-lo suavemente antes que Ty


pudesse ir muito longe.

— Uma vez que estamos sendo tão brutalmente honestos, tenho que
dizer que isto é um inferno muito mais difícil do que apenas sendo um
trabalho.

— O que você quer dizer? — Ty perguntou com uma carranca e um


aceno de cabeça.

— Eu me preocupo com o trabalho. Eu faço. Mas eu me importo tanto


quanto - se não mais - sobre o que você pensa de mim.

Ty abriu a boca como se fosse responder, em seguida, a fechou e apertou


os lábios.

— Nós vamos lidar com sentimentos depois, — ele disse e era


dolorosamente óbvio que não era o que ele pretendeu dizer. — Eu só quero
sobreviver a esse caso do caralho e chegar em casa e raspar a minha cabeça, —
disse a Zane com uma sinceridade que era quase divertida.

Zane passou a mão pelo cabelo de Ty e torceu o nariz.

— Eu concordo. — Então ele esfregou a mão rápido e forte na cabeça de


Ty brincando.

Ty bateu em seu pulso e resmungou quando se empurrou em pé.

— Pare com isso. É pior do que arrastar suas meias no tapete, —


murmurou enquanto se afastava.

Zane riu e se recostou, só o suficiente para o enorme peso em seu peito


deixá-lo para respirar. Ainda assim, havia tanta coisa que poderia dar errado.
Mas Ty tinha escutado. E... Zane viu seu parceiro - seu amante - se mover em
torno do quarto. E Ty tinha lhe dado outra oportunidade. Após o perigo, a
raiva e a dor, Ty o puxou fora da piscina sóbrio em vez de apenas chutá-lo
para fora ou abandoná-lo como uma causa perdida. Ele tinha feito um esforço
para ajudar Zane, mesmo que no momento parecesse como castigo e
vingança.

Ty murmurou para si mesmo enquanto se afastava. Ele estava


brincando com o anel em sua mão, inconscientemente tentando tirá-lo. Zane
viu o puxão do músculo sobre os ombros, admirando a forma como ele se
mantinha de pé e orgulhoso, mesmo aqui, quando estavam apenas os dois.
Mesmo quando Zane o observava, Ty empurrava a banda de seu pijama,
chutando para fora para que pudesse se trocar.

— Eu mereço uma medalha por lidar com você, — ele disse para Zane a
contragosto quando jogou a calça para longe, sem saber do intenso escrutínio
de Zane.

Zane suspirou e silenciosamente reconheceu que Ty estava certo. Saindo


da cama, Zane foi para o banheiro e saiu cinco minutos depois, limpo e
usando uma calça solta de seda para dormir.

— Qualquer ideia do que vem a seguir? — Ele perguntou.

Ty tinha colocado um jeans elegantemente lavado com buracos nos


joelhos do denim macio. Não se preocupou em colocar uma camisa. Com
nada, exceto o guarda-roupa de Del Porter à sua disposição, Ty passara a usar
o mínimo possível. Zane tinha que admitir que ele egoisticamente gostou. Ty
acenou o livro de Sudoku que esteve olhando antes.

— Eu encontrei algumas coisas perturbadoras na noite passada, — disse


a Zane. — Temos toda uma porrada de problemas. Del Porter? Não é tão
estúpido quanto parece.

— Eu não falei com ele, mas ele não parecia que iria tomar muito, —
Zane comentou quando parou ao lado dele.
— Estes livros de quebra-cabeça são cheios de códigos, — Ty disse. — Eu
não os desvendei ainda. Encontrei um iPod cheio de gravações que tenho
certeza que ele fez usando estes, — ele continuou apontando para um par de
abotoaduras e óculos de leitura quebrados. — Eu não sei por que ou para
quem, mas as autoridades italianas têm uma participação nisto também.
Tudo o que eu sei com certeza é que o FBI colocou seu arranque na bunda de
outra pessoa nesse caso, e estamos fodidos, porque não importa o quanto eu
queira, eu ainda não falo italiano.

Zane encarou Ty enquanto absorvia tudo. Isso era o que Ty tentou lhe
dizer ontem à noite. Zane esfregou uma mão sobre o rosto.

— Estamos presos na picada de alguém, — murmurou. — Merda. Esta


atribuição foi totalmente fodida desde o início.

— Exatamente, — Ty murmurou. Jogou os livros para baixo e se atirou


desajeitadamente no sofá. A inclinação cansada de seus ombros era mais
óbvia, e parecia que talvez fosse até muito mais do que Zane suspeitava. Era
possível que ele nem foi dormir.

— E agora? — Zane perguntou. — Parece que você precisa de um


cochilo, mas acho que podemos querer encontrar a nossa equipe, os fazer
olhar para os passaportes evidentemente originários da Itália e chamar de
volta para casa para ver se McCoy tem qualquer pista sobre esta pequena
virada divertida.

— Eu tenho procurado a equipe, — Ty disse com um rosnado baixo,


preciso. — Eles são aparentemente furtivos a um nível olímpico, porque eu
não consigo encontrar qualquer vestígio de qualquer um deles.

Zane franziu a testa.

— Algo não está certo nisso. Eles deviam estar perto o suficiente para
que chamemos reforços. Chamando por eles num megafone não é exatamente
sutil.
— Se eles estivessem perto de nós, eles teriam chamado a cavalaria
ontem à noite quando Dolce e Gabbana estavam me mantendo com o cano da
arma, — Ty murmurou enquanto examinava suas unhas criticamente.

— Eles realmente fizeram isso? — Zane perguntou cuidadosamente.

Ty olhou para ele como se não esperasse ouvir isso e, em seguida,


acenou para ele com a sua típica atitude descontraída. Era frustrante, às
vezes, saber quanto trauma Ty poderia esconder atrás de um sorriso ou uma
brincadeira.

— Dolce e Gabbana levaram o iPod cheio de gravações, — disse a Zane,


como se ele fosse de alguma forma acelerar. — Mas nesta manhã eu descobri
que Del estava tomando notas com estes, — ele acrescentou quando apontou
para a variedade de livros de Sudoku e de palavras cruzadas. — Eu entendi
parte do que me disseram ontem à noite antes de começarem com inglês, —
disse a Zane. — Tenho certeza que um deles me chamou de gay, —
acrescentou com um sorriso irônico.

— Como são perceptivos, Del— Zane disse zombeteiro assim que pegou
um dos livros. — E sobre o Sudoku?

— Seja qual for o método que ele usava, eu não o segui, — Ty admitiu
enquanto mostrava as páginas para Zane. — Eu não posso nem decidi se eu
acho que ele é brilhante para ter uma cópia codificada ou estúpido por
escrever merda, — ele murmurou. Ficou em silêncio por um momento. — Eles
disseram isso com maldade, — ele finalmente acrescentou, obviamente
incapaz de deixar ir.

Zane olhou para cima dos quadrados cheios de letras para estudar seu
parceiro atentamente. — Eu disse que você é um maldito de bom ator.

Ty devolveu sério seu olhar, o olhar firme.

— Eu realmente não estou atuando muito mais, Zane.


Zane engoliu uma agitação nervosa que despertou para a vida em seu
peito. Ele sentia que havia mais nisto do que apenas as palavras.

— E você não gosta disso, — ele disse de forma neutra, não querendo
influenciar Ty de uma forma ou de outra.

Ty segurou seu olhar, parecendo segurar a respiração também enquanto


considerava a sua resposta.

— Eu não gosto do jeito que algumas pessoas me olham, — ele admitiu


com dificuldade. — Mas que se fodam, — acrescentou com certeza. —Eu sou o
que eu vejo no espelho toda noite.

Zane bufou silenciosamente e se moveu para ficar atrás de Ty,


deslizando os braços ao redor de sua cintura para pegá-lo, esperando
desesperadamente que Ty não o afastasse.

— Eu não gosto do jeito que algumas pessoas olham para você também,
— ele murmurou contra a lateral do pescoço de Ty.

Ty virou a cabeça, pressionando seu rosto contra o nariz de Zane.

— Eu não acho que nós estamos falando sobre as mesmas pessoas, — ele
disse ironicamente. Sua voz tornou-se mais séria. — Os que olham para nós
como se os ofendessemos. Esses são os que eu gostaria de socar bem forte.

— Eu entendo, — disse Zane. O “nós” soou muito, muito bom e embora


Zane pudesse sentir o cheiro de uma possível discussão lá, ele já tinha o
suficiente de temas sérios de vida para o mês, muito mais para o dia. —
Ignore-os. Eles não sabem o que estão perdendo. — Ty começou a rir e depois
colocou a mão sobre sua boca para parar. Zane riu e mordeu o pescoço de Ty
antes de dizer: — Então, eles não querem cobiçar a bunda mais bonita do
navio. Sorte minha.
Ty bufou, mas era óbvio que estava tentando não sorrir. Sua mão
pousou sobre o antebraço de Zane, e ele inclinou a cabeça para trás contra o
ombro de Zane.

— Agora eu acho que você está apenas tentando fazer sexo.

— Eu vejo você, você sabe, — Zane murmurou, deslizando uma mão


para cima e para baixo no peito e barriga de Ty. — Muito antes desse caso.

Ty virou a cabeça para o lado e se virou no lugar, dando ao peito de Zane


um hesitante empurrão.

— Você não vai se livrar do problema assim facilmente. Temos trabalho


a fazer.

Zane começou a sorrir e apertou seus braços.

— Um beijo, — ele barganhou. Ele queria manter a mente de Ty fora do


que os outros pensavam dele e sim em como Zane pensava nele.

Ty balançou a cabeça, mas seus braços se apertaram ao redor da cintura


de Zane. Zane o puxou para mais perto e Ty estava sorrindo.

— Que seja bom, — ele desafiou brincando.

Oh, Zane estava mais do que pronto para o desafio. Ele levantou uma
mão para segurar a parte de trás do crânio de Ty e reivindicou sua boca em
uma corrida tórrida, literalmente saqueando Ty em um beijo de contusões.
Isso era sobre ele expressando a possessividade e o desespero que sentia, mas
depois desacelerou, apreciando beijar Ty como ele não o beijasse há muito
tempo e ele alisou e suavizou o movimento de seus lábios enquanto persuadia
a língua de Ty para jogar. Cada toque que conseguiu de volta o excitava mais,
mas desde que ele estava recebendo só um beijo, queria fazer mais disso. Zane
não o soltou quando o puxou fora, traçando os lábios de Ty com a língua e
com ternura lambendo o lábio inferior inchado de Ty antes de finalmente se
entregar e puxar para trás.
Quando o fez, Ty gemeu baixinho e pegou o rosto de Zane com ambas as
mãos para evitar que ele se afastasse.

— Dane-se, — ele murmurou em derrota, puxando Zane para mais perto


para beijá-lo novamente.

Ty estava sentado em uma das muitas cadeiras colocadas ao longo do


vasto convés, olhando para a água agitada. Segurava seus óculos na mão, as
nuvens turvas em cima fazendo ficar escuro demais para precisar deles. Ele
puxou os pés para o assento e estava descansando um cotovelo no joelho, com
os olhos na água, mas sua mente em outro lugar.

Provavelmente teria parecido um modelo à espera de sua foto ser tirada


se não fosse o chapéu vermelho berrante de Papai Noel que usava. Na
verdade, ele se sentia menos autoconsciente com ele porque escondia o cabelo
louro platinado.

Zane foi a outro jogo de pôquer após o jantar. Ele realmente tinha se
recusado no início, temendo outra garrafa de uísque, mas quando Bianchi o
chamou, houve sugestões que negócios poderiam ser conduzidos no jogo. Ty
quis acompanhá-lo, mas, novamente, era muito arriscado. Além disso, Zane
precisava saber se Ty confiava nele. Ty realmente tinha certeza de que
confiava -pelo menos quando era sobre beber- mas agora era um momento
tão bom quanto qualquer outro para descobrir isso.

Assim, com Zane fora, ele veio aqui para limpar sua mente e se esconder
de Norina Bianchi, que parecia determinada a forçá-lo a ter outra massagem.
Ele tinha estado ali por cerca de meia hora, olhando para o nada e
simplesmente desfrutando estar lá pela primeira vez.

Todo mundo tinha desaparecido do convés logo após sua chegada, indo
para dentro, com os braços cheios de toalhas de praia e livros, esperando que
as nuvens negras que se aproximavam rapidamente trouxessem chuva com
elas. Ty sabia melhor, no entanto. Ele tinha visto o suficiente na água para
saber quando uma tempestade se aproximava. A tempestade definitivamente
estava chegando, mas não vinha com estas nuvens.

Sentou imóvel, apreciando o silêncio absoluto da frente se aproximando


e a brisa fresca em sua pele salgada. As ameaçadoras nuvens refletidas na
água, tornando a superfície prata. Era uma paisagem marinha de outro
mundo, que levou Ty a lugares que não visitava há algum tempo. Ele estava
tão perdido em pensamentos que não ouviu alguém se aproximar.

— Você não acha que deveria entrar, — perguntou uma voz atrás dele.

A expressão de Ty não se alterou, embora o súbito aparecimento do


homem o havia assustado. Ele apenas balançou a cabeça de um lado para o
outro, observando Armen Vartan se mover com sua visão periférica.

— Não vai chover, — Ty respondeu lentamente, o sotaque britânico saiu


de forma satisfatória. Ele ainda precisava trabalhar nele. E precisava saber
por que diabos Armen estava aqui quando ele deveria estar lá dentro jogando
pôquer.

Armen permaneceu em silêncio e se sentou na cadeira ao lado de Ty,


aparentemente contente em assistir o movimento do oceano como Ty estava.
As nuvens que passavam em cima estavam se movendo rápido, a luz refletida
transformava a água num profundo verde-mar agora. Quando Armen
finalmente falou, sua voz era baixa e grave.

— Você tomou seu papel surpreendentemente bem.

Ty sentiu seu corpo ficar frio, mas mais uma vez ele não reagiu
exteriormente, continuando a olhar para a água verde sem comentários. Se
Armen os tinha descoberto como fraudes, esta era uma maneira
surpreendentemente civil de anunciar.
— Eu contratei você para espionar o homem, não para se apaixonar por
ele, — Armen disse calmo, embora seu tom brusco traísse o seu
aborrecimento.

Ty virou a cabeça para olhar para ele, se obrigando a esconder


habilmente seu choque com uma expressão vazia. Armen encontrou seus
olhos e levantou uma sobrancelha, como se esperasse que Ty dissesse alguma
coisa. Ty olhou para ele sem nenhuma intenção de falar. Qualquer coisa dita
agora iria denunciá-lo como um impostor.

— Bem? — Armen perguntou com expectativa. — Você é mais capaz do


que eu pensei, ou será realmente um problema se você for forçado a fazer-lhe
mal?

— Não vai ser um problema, — Ty respondeu imediatamente.

— Bom, — Armen disse com um sorriso satisfeito que fez Ty se sentir


sujo enquanto olhava para ele. Armen olhou para ele de forma crítica. —
Quando você me disse que teria que mudar sua aparência, admito que não
esperava isso, — ele disse, com um gesto para o rosto de Ty. — Eu meio que
aprovo.

Ty apenas balançou a cabeça, sua mente correndo quando olhava para a


água novamente. Ele pensou que era um pouco mais difícil recuperar o fôlego
do que tinha sido há cinco minutos.

— Eu tenho o pen drive que você deixou para mim no hotel. Suponho
que você recebeu seu pagamento prontamente? Bom. Eu quero a outra
unidade antes do cruzeiro acabar. O dinheiro será transferido para a sua
conta como antes.

Ty engoliu em seco e decidiu dar uma chance para cavar um pouco mais
de informações.

—E os italianos?
— Eles não são preocupação sua, — disse Armen bruscamente. — Seu
trabalho é Corbin Porter. Vamos deixar esses malditos, agentes fracos da
Guarda lidar com os Bianchis.

Ty assentiu obedientemente, apertando a mandíbula.

— Se ele desconfiar da conspiração, eu suponho que você vai cuidar das


coisas, — Armen ordenou abruptamente quando ficou de pé. — Bom dia, Sr.
Porter.

E então ele se foi passeando por toda a extensão da plataforma quando


o vento levantou e arrancou a gravata.

Ty lambeu os lábios, saboreando o sal enquanto ruminava este novo


desenvolvimento. Ele esperou calmamente até que Armen estivesse fora de
vista e então levantou de sua cadeira e correu para as portas.

Zane jogou um par de fichas de $ 1,000 no pote para apostar e se


recostou na cadeira quando viu um rosto familiar aparecer na porta da sala
privada, onde os jogadores sérios de pôquer se reuniam. Um olhar para o
relógio confirmou que ele não tinha estado na mesa sequer por 30 minutos, e
Zane começava a se perguntar se ele seria capaz de deixar Ty sozinho em tudo
sem que acontecesse algo desastroso.

Ty hesitou na porta, olhando ao redor da sala como se estivesse


procurando por alguém antes de dar um passo para a sala. Zane franziu a
testa um pouco, mas manteve seu olho em Ty enquanto observa as cartas na
mão para o Five Card Stud36 sobre a mesa. Ty não se aproximou, no entanto.
Simplesmente ficou na entrada e observou. Depois de 30 segundos
arrastados, Zane jogou suas cartas, pegou o copo meio vazio e se desculpou,
acenando para o distribuidor, que disse que seguraria as fichas de Zane para o
36
Jogo de pôquer com 5 cartas, é a versão mais antiga do Stud Poker e é considerada uma versão
simples. Sua simplicidade torna o jogo charmoso e conveniente.
momento. Rapidamente, Zane se juntou a Ty na porta, assim que outro casal
passou.

— Sentiu saudades, Boneco? — Zane perguntou casualmente,


permanecendo em seu personagem.

— Eu definitivamente senti alguma coisa, — Ty murmurou enquanto


seus olhos procuravam furtivamente pelo quarto novamente. — Precisamos
chegar a um computador. Agora.

Zane levantou uma sobrancelha e deslizou o braço em volta da cintura


de Ty, os virando para a sala de jogos.

— Por todos os meios, lidere o caminho. — Então ele baixou a voz. — E


quem nós estamos procurando?

— Armen, — Ty sussurrou em resposta. — Se ele me vir aqui com você


agora, nós dois estamos na merda.

— Eu não o vi hoje, — Zane disse assim que deixou cair o braço e moveu
para colocar-se entre Ty e a maior parte da sala de jogo enquanto caminhava,
apenas no caso.

— Eu o vi, — Ty disse sério. Ele pegou a mão de Zane e o puxou através


do cassino mais rápido, apenas retardando quando alguém entrava.

Zane apertou os lábios com força quando abriram seu caminho para
fora da sala e saíram para a calçada. Ty não pareceria tão triste se não tivesse
relação com uma ameaça de morte. Del certamente era um alvo. Zane
rapidamente inclinou Ty para o próximo corredor, que felizmente estava
vazio.

— Nós podemos cortar todo o caminho para a biblioteca e evitar as áreas


públicas. O que está acontecendo?

Ty parou e se colocou de costas na parede mais próxima, olhando por


cima do ombro de Zane em primeiro lugar e, em seguida, encontrando os
olhos de Zane.
— Eu estava sentado no deck observando o desenrolar da tempestade, —
começou em voz baixa. — Armen me encontrou lá fora. O resumo é que ele
contratou Del para se aproximar de Corbin, para espioná-lo. Ele veio para ter
certeza que eu ainda estava à altura da tarefa. Queria ter certeza de que eu
não estava muito ligado ao meu marido, — ele cuspiu.

Zane engoliu surpreso e limpou a garganta.

— Ele contratou para espionar Corbin, seu próprio marido? E Del


concordou com isso? Jesus. — Ele colocou as mãos nos quadris. — Este caso
pode ficar mais fodido?

Ty fechou os olhos frustrado.

— Del é um mercenário, Zane, — ele disse com os dentes cerrados. —


Ele não está casado com Corbin porque o ama. Ele se casou porque foi
contratado para seduzi-lo. Temos que entrar em contato com Baltimore e
deixar que saibam que ele é perigoso.

Zane ficou absolutamente frio quando a fúria ameaçou. Sim, Corbin


Porter era um ladrão, um bandido e um idiota. Mas ninguém deve ser tomado
e jogado assim. Não com casamento. Zane se obrigou a tomar algumas
respirações e olhar para Ty.

— Você está bem? — Ele verificou, apenas no caso. Por tudo que sabiam,
Del também fez movimentos para Armen Vartan.

— Estou chateado, — Ty respondeu enfático. Se ele estava com raiva


pelo mesmo motivo que Zane era uma incógnita, no entanto. — E eu estou
preocupado se Del for capaz de contatar Armen, o nosso disfarce vai ser
soprado para o inferno. É por isso que precisamos chegar a um computador.

— Vamos lá. Se Del se ligou a Corbin, ele poderia ter cavado seu
caminho para a prisão, — Zane disse quando se virou para liderar o caminho
para os terminais de Internet via satélite da biblioteca. Então, um
pensamento ocorreu e ele parou imóvel. — É possível que Armen estivesse
jogando com você? Tentando fazer que você lançasse o disfarce? Que ele já
saiba?

— Qualquer coisa é possível neste momento, — Ty murmurou triste. —


Eu joguei tão simples quanto poderia.

— Eu sei que você fez, — Zane disse, já tentando pensar em planos de


contingência. — Vamos lá.

Eles estavam na biblioteca em menos de dez minutos e Zane sentou


num dos terminais atrás. Ele rapidamente pagou pelo tempo da conexão, e
lançou uma sessão de navegação privada, e dentro de minutos conseguiu,
através das camadas de inúmeros gateways dos servidores criptografados e
protegidos por senha, enviar um e-mail seguro no sistema extenso do Bureau.

Assim quando o e-mail foi enviado, Ty se inclinou sobre a mesa do


computador e bateu a cabeça na mesa. A bolinha branca na ponta do seu
chapéu de Noel caiu desconsolada.

— Esse é o mais decepcionante envio de SOS que já vi, — ele murmurou


contra a mesa.

Zane riu ironicamente e recostou na cadeira. Tudo o que podiam fazer


era esperar por uma resposta.

— Você deveria ter trazido o seu livro de palavras cruzadas.

Ty suspirou e caiu de joelhos, em seguida, virou-se e caiu no chão,


efetivamente se escondendo debaixo da mesa para que ninguém pudesse vê-lo
ali com Zane. Ele apoiou os cotovelos sobre os joelhos e olhou para Zane,
pronto para esperar, e Zane estendeu a mão e empurrou a ponta do chapéu
fora da mesa.

Não importava que eles estavam no que poderia ser uma situação de
risco de vida. Os pensamentos de Zane estavam focados exatamente no que
Ty poderia estar fazendo enquanto estava de joelhos embaixo da mesa, se ele
tivesse acabado de correr mais entre as pernas de Zane. Tomou um inferno de
muita força de vontade para tentar banir esse pensamento.

Eles observaram um ao outro em silêncio por alguns minutos antes de


Zane falar, mais para distrair os impulsos de cair de joelhos também.

— Quer assistir a um jogo de futebol?

Isso chamou a atenção de Ty. Ele se animou e inclinou para frente.

— Como? — Ele perguntou ansioso.

Zane deu de ombros e voltou para o terminal. Ele minimizou a janela de


e-mail depois de ter certeza que isso os alertaria para uma nova mensagem e
abriu uma nova janela. Depois de vários cliques, ele estava olhando através de
transmissão de vídeos disponíveis na Rede NFL.

— Temos Jacksonville vs Buffalo, Atlanta e Cleveland, Broncos e


Ravens, e ... Arizona a New Orleans. Faça a sua escolha.

— Dê-me Saints, — Ty exigiu quando ficou de joelhos novamente e se


virou para olhar para o computador. Seus braços estavam cruzados sobre a
borda da mesa, e ele ficou satisfeito em se ajoelhar perto do joelho de Zane.

— Não Baltimore?

— Os Ravens são como enteados, — Ty respondeu enquanto olhava para


a tela. — Eu os amo mas ainda estarão dormindo no sofá quando a casa
estiver cheia.

— Então, o time você cresceu assistindo? De West Virginia... os


Steelers? — Levou apenas algumas teclas para pagar o acesso via satélite, e o
jogo passado no domingo apareceu na tela, um pouco antes do apito inicial.

— Nós éramos uma espécie de tempestade perfeita, — Ty respondeu


quando apoiou o queixo nas mãos. — Com o beisebol era tudo Braves todo o
caminho em TBS. Mas no futebol, escolhemos Cincinnati, Washington,
Pittsburgh, Filadélfia, Cleveland. Eu era parcial para o Redskins. Mas me
liguei aos Saints quando estava na Louisiana.

Outro pedaço da vida de Ty casualmente revelado.

— Eu nunca vi qualquer equipe além dos Cowboys antes de morar em


Miami, — Zane comentou, armazenando os novos pedacinhos de informação
sobre o seu parceiro.

— Bem, eu sempre fui uma prostituta, — Ty disse ironicamente.

Zane olhou para Ty surpreso e seu comentário saiu antes que ele
pensasse sobre isso. — Uau. Sou muito fiel à forma. — Ty ainda provocava
Zane por brincar com prostitutas-ligadas-informantes no trabalho, apesar de
isso ter acontecido muito antes deles se encontrarem. Zane tinha sido um
desastre sério na época, mas ele com certeza não era mais.

Ty olhou para ele rapidamente, mas não levou exceção para o


comentário. Não vocalmente, de qualquer maneira. Ele só apontou para a tela
e balançou os dedos com urgência.

Zane aumentou o volume quando os jogadores alinharam.

— Lá vai você, — ele disse, feliz consigo mesmo.

Ty afagou o joelho de Zane, parecendo muito satisfeito, e deixou a mão


descansando lá enquanto observava a tela devotadamente. Zane sorriu e
passou tanto tempo olhando para Ty quanto assistindo o jogo e vigiando a
guia minimizada.

Eles estavam no meio do terceiro tempo, antes da pequena guia


começar a piscar.

— Sobre o tempo maldito, — Ty disse enquanto apontava para o ícone


piscando. — Clique nele, clique nele!

Zane parou o vídeo e clicou no e-mail. Abriu o RE: e começou a ler:

Obrigado pela atualização. O show de Punch and Judy continua.


— Só isso? — Ty perguntou incrédulo. — Eu vou matar Mac quando
chegarmos em casa.

Zane se inclinou para trás e esfregou os olhos.

— Certamente, estou começando a me sentir como um fantoche


maldito, — ele murmurou.

Ty suspirou alto e os ombros caíram.

— Bem, — ele retirou com relutância. Olhou para Zane com um encolher
de ombros. — Eu acho que nós continuaremos. — Seus dedos apertaram no
joelho de Zane quando se levantou do chão.

Zane o olhou enquanto se levantava.

— Você não está se esquecendo de algo?

Ty olhou para ele com os olhos arregalados e apalpou os bolsos


distraidamente, depois balançou a cabeça como se lembrasse do que estava
esquecendo. Inclinou para beijar Zane diretamente. Quando se endireitou,
disse: — Saints venceu por 17-9. Vamos. — E se virou e encaminhou para a
saída.

Zane desligou o terminal e estava nos calcanhares de Ty fora da porta.

Ty abriu o caminho para um salão de alguma maneira da avenida. Não


era tão movimentado como muitos dos restaurantes maiores. Zane olhou em
volta para a baixa iluminação, sofás de couro e pequenas mesas, e se
perguntou o que Ty estava pensando.

— Estamos tendo um lanche? — Zane perguntou a Ty quando


caminharam até um grupo de poltronas estofadas em um canto fora do
caminho.

— Eu estou ficando longe dos lugares que sei que Armen possa estar
agora, — Ty respondeu quando levantou a mão para chamar a atenção de um
garçom. — E...— ele hesitou e olhou para Zane preocupado. — Eu disse que ia
falar sobre alguns truques para beber no trabalho. Eu acho que agora é um
momento tão bom quanto qualquer outro. Porque eu com certeza preciso de
uma bebida.

Zane levantou uma sobrancelha, depois deu de ombros e se sentou.

— Parece bom para mim.

— O que posso fazer por vocês, meus senhores, — perguntou um garçom


quando apareceu em suas cadeiras.

Ty levantou dois dedos.

— Dois copos, balde de gelo, garrafa de água e um uísque, por favor. —


Ele recitou rapidamente antes que Zane pudesse mesmo abrir a boca. O
garçom assentiu e afastou-se.

Ty parecia inquieto, então Zane decidiu sentar perto dele. Ele se


acomodou na cadeira ao lado de Ty, cruzou as pernas com facilidade e se
inclinou para seu amante.

— Nós não somos vistos da porta, — ressaltou. — Você pode relaxar um


pouco.

Ty olhou para a porta de entrada, em seguida, encontrou os olhos de


Zane. Ele parecia sombrio e preocupado, a expressão estranha em seus olhos
era singularmente impressionante. Zane manteve o olhar por um longo
momento antes de chegar a tocar o braço de Ty e o esfregar gentilmente
enquanto esperava por Ty se acalmar. Seu parceiro era geralmente bastante
descontraído, apesar de sua inata inquietação, mas quando Ty ficava irritado,
isso poderia ser uma tarefa difícil de orientá-lo. Zane estava muito consciente
de como ele tinha contribuído para o estresse mais recente de Ty.

Ty respirou fundo e inclinou para ele.

— Você ainda quer fazer isso? — Zane franziu a testa um pouco. — Por
que não?
Ty sorriu levemente.

— Okay. Nós dois sabemos que você tem que beber às vezes para vender
uma cobertura. E eu acho que estamos de acordo em que você não deve. Em
tudo. Um amigo meu me ensinou truques há alguns anos para essas situações.
Eu... realmente não lidei bem com eles no começo.

Zane pensou que isso soava um pouco sinistro.

— Ok, — respondeu, arrastando a palavra um pouco.

Ty continuou a olhar para ele cautelosamente.

— O que? — Zane perguntou um pouco exasperado. — Eu não vou tirar


sarro de você. Certamente, eu não tenho lugar para atirar pedras sobre isso.

Ty trabalhou sua mandíbula rapidamente e, em seguida, bufou. Ele


estava sorrindo quando desviou o olhar.

— Eu sou um bêbado pateta, — admitiu.

Zane não viu o que era tão ruim sobre isso.

— Isso afetaria o trabalho, sim, mas por que isso é tão terrível em geral?

Ty riu.

— Um dia eu vou te mostrar, — ele prometeu, olhando para Zane com


uma pitada do velho brilho malicioso em seus olhos.

Essa era uma promessa o suficiente para fazer Zane sorrir e relaxar.

— Tudo bem. Vamos a lição.

— Primeiro: sempre peça gelo adicional. O deixe derreter em sua


bebida e a diluir. — Ty falava quando o garçom voltou com uma bandeja e os
itens solicitados. A pequena mesa em seus joelhos era mais pela aparência do
que qualquer coisa, mas ele conseguiu encaixar os três copos sobre ela. Ty
colocou o balde de gelo e a garrafa de água no chão. Uma vez que eles estavam
sozinhos, Ty disse: — E peça a próxima rodada antes de terminar. O garçom
irá limpar a sua antiga bebida quando trouxer a nova.

— Faz sentido, — Zane comentou e viu quando Ty mexeu nas coisas ao


redor.

Ty pegou o copo de uísque e o firmou no assento ao lado de sua perna.


Então ele mexeu nos dois copos restantes sobre a mesa e colocou água em
ambos, os enchendo quase até a borda. Ele pegou um e ironicamente brindou
a Zane com ele.

— A melhor maneira de ficar sóbrio é ser um bêbado desleixado, — ele


disse baixinho. Ele sacudiu a mão para o lado e sentou para frente, de
repente, como se estivesse animado sobre o que estava prestes a dizer. A água
espirrou para fora do copo para o chão. Seus olhos eram maiores quando ele
agarrou em Zane com sua mão livre. — Seja muito animado quando fala, —
ele disse enfaticamente, acenando com a mão novamente.

Zane tentou segurar o seu sorriso, porque na verdade, isso era para ser
sério. Ele acenou piedosamente em seu lugar. Ty segurou o copo para mostrar
a ele que quase um quarto da água já foi embora.

Ele bebeu alguns goles de água até que apenas um terço restava, então
ele o colocou sobre a mesa.

— A melhor maneira de escoar o seu copo é derramar, — ele disse


quando pegou o copo de uísque e tomou um gole do mesmo. Ele o colocou no
chão a seus pés. Então olhou para Zane. — Prazer em conhecê-lo, Sr. Porter,
— disse de repente, metade em pé e furando o braço como se ele estivesse
prestes a apertar a mão de Zane. Bateu o copo de água sobre a sua mão,
fazendo-o derrapar para fora da mesa no colo de Zane.

Zane só poderia estremecer quando água espirrou sobre suas calças e


bateu o copo no chão.
— E esperar que o cara não queira que você pague por sua limpeza a
seco, — ele disse ironicamente enquanto escovava suas coxas. — Eficaz, no
entanto.

— Desculpe por isso, — exclamou Ty, aproximando-se e agarrando o


guardanapo mais próximo e ajudando Zane a secar o seu colo. Zane percebeu
que ele ainda acrescentou uma mancha às suas palavras quando murmurou
desculpas.

— Você pode me ajudar assim por tanto tempo quanto você quiser, —
Zane falou lentamente, enquanto Ty arrastava o guardanapo na frente de suas
calças. — E eu vou te pedir outra bebida, — ressaltou.

— Desajeitado, desajeitado, — Ty murmurou com um triste aceno de


cabeça. — Eu provavelmente já tive o suficiente, — ele afirmou enquanto se
sentava de volta em sua cadeira. Ele sorriu lentamente e levantou o cartão-
chave de Zane. — É útil para outros empreendimentos também.

Zane não tinha notado.

— Bem, isso é embaraçoso, — ele murmurou quando balançou a cabeça.


Mas ele ainda sorria.

Ty devolveu a ele.

— Essa é uma lição diferente. — Ele tomou outro gole do seu copo de
uísque e, em seguida, pegou o copo que ele tinha deixado cair e o colocou
sobre a mesa novamente. Deixou alguns cubos de gelo nele, depois verteu
alguns de seu uísque nele. Então ele adicionou mais gelo. Fez um gesto para o
copo.

— Uma bebida é duas.

— Se eu deixar o gelo derreter muito nele, não há nenhuma maneira de


eu ficar nem mesmo com uma remota tonteira. — Zane observou.

— E esse é o ponto, — Ty murmurou. Ele engoliu o que tinha acabado de


servir no copo de água. — Agora eu pedi e, em teoria, consumi três bebidas.
Apenas metade de um copo de uísque desapareceu ainda. Você conseguiu a
direção?

Zane assentiu.

— Sim, não há problema, — ele disse baixinho enquanto estudava o


rosto de Ty. Ele ainda parecia preocupado. Era um simples conjunto de
ideias, mas Zane percebeu que poderia colocá-las em uso sem muita
dificuldade. A sala de pôquer era movimentada o suficiente para ele mexer
nas bebidas sem ser detectado.

— Às vezes, se você chegar lá primeiro, você pode conseguir um copo


vazio. Os troque de alguma forma como eu fiz, ou despeje a bebida sob a mesa
ou em plantas ou decorações. Muito disso é pela situação. Seus melhores
amigos são o gelo extra e a falta de jeito, — Ty revidou o que restava do uísque
que tinha encomendado. — Ok, vamos encontrar algumas calças secas, — ele
disse com uma voz rouca quando colocou o copo na mesa com um barulho.

— Eu estou pensando que você vai se sentir melhor por trás de uma
porta fechada, — Zane concordou quando se levantou. — E então hoje à noite
eu começo a praticar minhas aulas.

Ty levantou e se aproximou de Zane. Ele deslizou sua mão ao redor da


cintura de Zane e o puxou para mais perto.

— Eu sei que é difícil, — sussurrou. — Mas da próxima vez que você


pensar que precisa de um segundo copo, basta se lembrar que vou chutar o
seu traseiro quando você chegar em casa. — Ele pontuou a ameaça com um
beijo forte.

As palavras fluíram mais e para Zane afundou em águas profundas,


quando ele deu sob os lábios de Ty. Ele sabia que ele ia responder para Ty, a
qualquer hora, em qualquer lugar. Mas agora Zane acreditava, pela primeira
vez em muito tempo, que ele tinha alguém que realmente se importava com
ele.
Passado o susto do muro de escalada e o susto não emergencial de Del
Porter, Zane tinha certeza que seria atormentado por outros acidentes e
ruidosamente insistiu em evitar excursões que envolviam gravidade. Mas os
últimos três dias tinham sido estranhamente livres de ameaças, o suficiente
para que Ty começasse se perguntar se a corda na parede de pedra tinha sido
realmente um acidente depois de tudo. Se não tivesse sido pela visita de
Armen, Ty poderia ter sido capaz de convencer a si mesmo.

Depois da pequena —discussão— com Armen, porém, nem Ty nem Zane


puderam relaxar. Isso transformou o que poderia ter sido alguns dias
agradáveis em tensos e frustrantes.

Entre outras atividades em seu itinerário, eles fizeram esqui aquático e


canoagem numa ilha privada perto do Haiti, uma propriedade da linha de
cruzeiro. O primeiro não foi do gosto de Ty, mas Zane tinha chamado de
emocionante e disse que não se importaria de tentar novamente. O caiaque foi
agradável por nenhuma outra razão de que Ty poderia começar a cantarolar
—Dueling Banjos37— para Zane sempre que quisesse, e Zane não conseguia
bater nele com o remo do caiaque sem tombar.

Zane jogou pôquer com Armen, Bianchi, e alguns outros altos


apostadores todas as noites por uma ou duas horas. Ele foi capaz de arrancar
alguns detalhes vagos de Bianchi sobre a sua parte do negócio, mas Armen
permaneceu de boca fechada. Então Zane contentou-se com a vitória
modesta, e Ty tinha estado honestamente surpreso quando Zane lhe
entregara uma ficha de $10.000 uma noite. Aparentemente 10K era uma
modesta quantia para os Porters. Não era provável que eles iam mantê-la, o
FBI tinha uma maneira de coletar tudo o que se conseguia depois de uma

37
Tema do filme Amargo Pesadelo. Quatro amigos decidem deixar a cidade em busca de um contato
com a natureza. Eles pegam uma canoa e começam a descer as corredeiras de um rio na Geórgia, sem imaginar que a
aventura pode virar um verdadeiro pesadelo.
missão, mas o dinheiro não era o ponto. Ty sabia que Zane apenas gostava
dos raros momentos em que ele conseguia surpreendê-lo. E ele o tinha.

No passeio de ontem, eles experimentaram uma caminhada de cinco


horas por uma floresta tropical em Porto Rico para a —selva emocionante e a
aventura de tirolesa— que realmente não era tão excitante ou aventureira,
uma vez que acabou por ser um arnês de trinta minutos pelas copas das
árvores. A caminhada em si tinha sido mais divertida. Ty teria preferido ter
ficado na floresta tropical densa, mas o tinham assegurado que as florestas
não eram seguras para sair por conta própria. Ty mal conteve um bufar
quando o jovem guia sério tinha dito essas palavras. Ty tinha certeza que
poderia ter mostrado ao garoto o que uma selva perigosa realmente parecia.

Na programação de hoje estava a —emocionante experiência de


mergulho do penhasco para nadadores jovens e velhos, — a chance de
mergulhar 16,760 metros de um penhasco rochoso na enseada protegida
abaixo. Agora isso Ty poderia deixar para trás. Ele parecia estar entre os
poucos, porém, porque havia um monte de gente indo para o topo do
penhasco e quase tantos caminhando de volta para baixo.

Olhando para a altura da qual os poucos corajosos saltavam, Ty tinha


dúvidas de que Zane seria capaz de lidar com aquilo.

— É uma longa caminhada até lá, — Ty tentou casualmente, olhando de


soslaio para o seu parceiro. — Foi um longo dia também. Nós podemos
ignorar e voltar para o navio, se quiser.

—Eu não me importo de caminhar até lá, — Zane respondeu com um


dar de ombros. — Eu sei que você esteve ansioso por isso por toda a semana.

Ty bufou. Ele sabia que Zane passaria a saída mais fácil se a oferecesse.

— É uma longa subida, querido, — ele disse, em voz baixa, ainda atento
para as pessoas ao redor que podiam ouvi-los. — Não há necessidade para
você fazer isso, se você só pretende caminhar de volta.
Zane o estudou por um momento antes de olhar para cima, para o
penhasco.

— Eu prefiro ter a companhia pelo menos parte do tempo, Boneco.

Ty cuidadosamente analisou isso por um longo momento antes de


assentir.

— Se você insiste, — ele disse com um sorriso, em seguida, começou a


fazer seu caminho em direção à trilha estreita.

A subida não era muito acentuada, uma vez que o caminho foi cortado
em zigue-zague até a montanha para preservar a flora natural, por isso
demorou um pouco de tempo para chegar até lá. Eles caminharam em
silêncio por alguns minutos antes de Zane falar.

— Não é a altura, você sabe.

— É a queda, — Ty terminou por ele com um aceno de cabeça.

— Sim, — murmurou Zane. — Você me conhece, sempre querendo estar


no controle. — Ele bufou como se tivesse feito uma piada.

Ty observava seu pé de forma diligente, sorrindo para si mesmo


enquanto Zane não podia ver a sua expressão. Ele sabia muito bem como tudo
que Zane não podia controlar, ou pelo menos entender, levava o homem a
alcances insuportáveis de loucura.

— Sim, — ele finalmente disse em voz baixa. — Mas às vezes você perde
as melhores coisas, porque você não pode controlá-las.

— Como o quê? — A voz de Zane estava relaxada e refletia alguma


curiosidade.

Ty sorriu mais amplo, olhando para trás para dar uma olhada em Zane.
— Se você tem que perguntar...

— Há coisas que eu faço, embora eu não possa controlar, — Zane disse


enfaticamente quando bateu no traseiro de Ty. — Mas escolher queda livre?
Não. Eu prefiro enfrentar... cobras nas montanhas, — ele disse com uma
risadinha no final.

Ty bufou depreciativamente, insatisfeito com a tentativa de humor. Ele


ainda achava pouca graça sobre esse episódio da caminhada na montanha que
deu errado.

— Certo. Essa é a diferença entre uma coisa nervosa só o suficiente para


obter um barato e algo realmente assustador, — Zane disse quando diminuiu
perto do topo do penhasco.

Ty balançou a cabeça e suspirou. A vista ali era bonita, mas era


deprimente muitas vezes para Ty pegar um vislumbre do processo de
raciocínio de Zane. Ele preferia olhar para o oceano além do penhasco.

— Você gosta muito de um barato, — ele disse com tristeza.

Zane deu de ombros.

— Não posso negar isso, eu acho.

Ty teria que chamar besteira se ele ainda tentasse. Ty se virou para


olhar para ele. O sol estava se pondo, lançando um brilho quente sobre tudo,
incluindo Zane. Ty às vezes desejava que ele soubesse o que dizer para ajudar
Zane, mas depois se lembrava de que ele não era exatamente o que se poderia
chamar de estável, também. Havia um monte de panela e chaleira
acontecendo aqui.

Em vez de qualquer coisa particularmente inspiradora, ele apenas


acenou com a mão na borda do penhasco.

— A corrida de endorfina é um inferno de um barato. Tem certeza que


não quer ir?

Zane levantou uma sobrancelha e se aproximou da beirada, de onde


olhou para o lado e viu outro homem saltar, gritando e agitando por todo o
caminho até a piscina de água escura lá embaixo. Ele se virou, com um sorriso
irônico, e respondeu a Ty com um agradável: — Claro que não. Vá em frente.
— É justo. Você vai pirar se eu fizer isso?

O sorriso ficou, mas Ty podia ver os ombros de Zane se endireitarem


ligeiramente.

— Não.

— Se você for mentir, baby, pelo menos, o faça direito, — Ty disse


ironicamente.

Zane revirou os olhos.

— Oh Boneco, se algo correr mal, como é que eu seguiria sem você? —


Ele falou em uma cantilena melodramática. Então balançou a cabeça. — Eu
não vou pirar, — disse mais a sério. — Eu não gosto disso, mas vou ficar bem.

Ty fez uma avaliação completa, não muito certo do motivo que qual ele
queria que Zane aproveitasse a oportunidade e fosse com ele. Mas queria.
Também sabia que não iria convencê-lo a ir. Ele sabia disso com a mesma
certeza de que Zane não estava apaixonado por ele. A comparação diminuiu a
emoção do salto, isso era certo.

Zane estendeu a mão, segurou o pulso de Ty e gentilmente o puxou para


mais perto. Então ele abaixou a cabeça para roçar os lábios por alguns
segundos. Quando se endireitou, o sorriso era o de Zane, não o sorriso falso
que ele estava usando para interpretar Corbin.

— Vá em frente. Você vai gostar.

Ty se encontrou sorrindo palidamente, apreciando o esforço.

— Eu gostaria mais se eu pudesse te empurrar primeiro, — ele disse


provocando, em uma voz de lisonja.

A reação física de Zane não era uma que Ty reconheceu direito. Era
quase uma careta, mal estava lá, a respiração ficou presa, olhos piscando com
força. Tudo desapareceu em segundos, mas quando o olhar de Zane correu
para a beira do penhasco e para trás, Ty percebeu que Zane estava realmente
com medo. Escondia bem, mas não bem o suficiente.

— Eu vou ver o que posso fazer hoje à noite para te compensar, — Zane
disse depois de uma pausa longa demais.

— Você pode fazer isso, — Ty disse suavemente, lamentando a


provocação. Ele pisou discretamente para o lado para bloquear a visão de
Zane do penhasco, e o beijou rapidamente. — Agora direto para baixo de
modo que você não me veja saltar. Eu não vou caminhar de volta pela colina
maluca quando há uma rota mais rápida.

Zane balançou a cabeça lentamente e recuou alguns passos. Ele fez uma
pausa, como se fosse dizer algo, mas conseguiu dar um sorriso convincente
antes de se virar e seguir o caminho para baixo.

Ty esperou um instante, então virou para encontrar o atendente perto


da borda do penhasco olhando para ele com expectativa. Ainda havia algumas
pessoas zanzando, mas todas elas pareciam prontas para voltar ao invés de ir
até o fim.

— É a minha vez? — Ty perguntou ao atendente brilhantemente. O


homem sorriu e acenou com a cabeça.

Ty deu uma última olhada para o caminho, batendo para baixo seus
bolsos para ter certeza de tinha deixado tudo com Zane, gastando esses
últimos segundos para se fortalecer.

Ele contou a Zane uma vez, mas não tinha certeza se Zane lembrava que
Ty também tinha medo de altura.

Com uma última hesitação, Ty se virou e correu para a beira do


precipício, lançando-se antes que pudesse ter dúvidas sobre o salto.

A parte que Ty mais amava e temia sobre cair era a corrida do próprio
medo.
Capítulo Nove

A atribuição começava a cansá-los. A experiência de viver em um


camarote chique, comer uma comida incrível e desfrutar da emoção de seus
itinerários diários tinha desvanecido rapidamente em uma levemente
temerosa obrigação, algo terrível que certamente convenceu Zane que
estavam ali para trabalhar em vez de se divertir.

Ele esperou que a noite de compras ontem em St. Thomas iria


transformar-se em algum negócio, mas tinha sido tensa, aborrecida e
decepcionante, assim como o resto da semana tinha sido. Essa confusão
perigosa deixou seu parceiro irritadiço, mas um pouco de sexo seriamente
quente durante a noite.

Sexo. Ele e Ty tinham estado sério um sobre o outro há dias. Embora


Zane não tivesse qualquer queixa, era realmente bizarro tentar se lembrar de
que eles estavam supostamente trabalhando. A espera deixando ambos
frustados, e o sexo era a única saída que experimentavam, além de uma rara
aventura cuidadosamente planejada como a tirolesa através das copas das
árvores. Toda noite ou durante o dia, como o caso provou ser mais
frequentemente do que ocasionalmente, cresceu progressivamente, sempre
mais aquecido e intenso.

As emoções de Zane estavam crescendo também e ele estava tendo


dificuldades em manter em conta que a proximidade constante e viver a
mentira de ser Corbin e Del Porter distorcia essas emoções. Isso não
significava que a estreita e apaixonada ligação entre ele e Ty era tão
verdadeira como se sentia.

Tudo mudaria quando fossem para casa. Ty mudaria.


Zane suspirou e resolveu não pensar mais nisso quando puxou sua
camisa sobre a cabeça e a jogou no sofá. Era cansativo, ter um bom tempo.
Eles estavam ali há sete extra-longos, repletos de atividades, dias
terrivelmente chatos, e ele estava pensando que passar a maior parte de um
na cama parecia uma ótima ideia, especialmente depois de Ty e seu temerário
mergulho esticarem os nervos de Zane ontem.

A reticência de Zane não impediu Ty de correr a toda velocidade em


direção à borda do precipício e se jogar com o tipo de prazer cavaleiro que só
os loucos podiam manter e viver. Zane não tinha contado a Ty, mas ele parou
na grade ao redor da montanha e viu seu amante saltar sobre a borda. O
coração de Zane despencou como se tivesse sido ele a fazer o salto. Ele tinha
que dizer uma coisa: a forma de Ty foi linda quando mergulhou em direção a
plácida piscina abaixo. Ele gostaria de saber se era algo que veio naturalmente
ou se era toda a formação de Ty.

Uma coisa ele sabia: Ty era destemido.

Ele riu um pouco, sacudindo a cabeça e virando para olhar pela cabine.
Ele gostaria de saber onde Ty tinha ido. Seu parceiro tinha mencionado algo
sobre a necessidade de executar uma missão quando deixaram o restaurante
após o almoço. Zane já tinha se decidido ser preguiçoso por um tempo, então
voltou para sua cabine, tirou os sapatos e caminhou através do quarto para a
espreguiçadeira, onde se sentou e se estendeu com um suspiro.

Apenas alguns minutos depois, ouviu a porta da cabine abrir e fechar, e,


em seguida, o farfalhar de um saco plástico quando Ty entrou e largou o que
tinha comprado.

— Eu tenho certeza de que só eu já foi apalpado ao comprar pasta de


dente, — Ty disse com uma careta enquanto lutava com os pequenos botões
de sua camisa. — Por uma pequena velhinha com borboletas mortas em seu
chapéu.
Zane teve que lutar muito para não rir. Ele tinha notado nos últimos
dias que quando Ty ficava frustrado, ele começava a retirar e jogar as peças de
roupa para a esquerda e para a direita. Não era como se Zane não se
importasse em olhar, mas o fato de que ele estava fazendo isso agora
provavelmente significava que não achou nada engraçado ser apalpado.

— Estou surpreso que não foi mais do que isso, usando aquelas calças,
— Zane murmurou, olhando a bunda de Ty.

Ty revirou os olhos. Zane se perguntou quanto tempo iria levar antes de


Ty colocar um fim aos comentários lascivos que Zane tinha toda a intenção de
continuar fazendo. Ele observou o seu parceiro, apreciando a vista quando Ty
sentou no sofá, apoiando os pés em cima da mesa na frente dele.

— Estou entediado, — disse irritado para Zane. — Como as pessoas


podem viver assim?

— Eu não tenho ideia, — Zane murmurou sonolento. Ele também estava


entediado. Mas pelo menos ele poderia ir para o cassino e sentir como se
estivesse fazendo algo que valesse a pena, mesmo que não tivesse descoberto
nada de útil até agora. Ele tinha visto Armen Vartan duas vezes fora de seus
jogos de pôquer, mas apenas pelos segundos que levou para Armen acenar
com a cabeça e seguir em frente. Obviamente, não era o —tempo— ainda.

Eles estiveram dançando, fazendo compras, passeando, nadando, e


nenhum deles tinha interesse em shuffleboard38. Zane estava meio brincando
quando sugeriu as aulas de dança country, o que fez Ty gargalhar. Afora essas
opções, Ty ficou preso... tomando sol e sendo agradável com Signora Bianchi,
a quem ele evitava desesperadamente em todas as chances que tinha. Isso
havia deixado de ser engraçado para ser ridículo um dia atrás.

Ty enrolou suas mãos e até seus olhos, gemendo miseravelmente


enquanto os esfregava. Zane abriu um olho para olhar para ele.

38
O Shuffleboard é um esporte individual no qual os jogadores usam um taco para
empurrar os discos que deslizam sobre uma quadra e devem parar dentro da zona de pontuação
triangular (com subdivisões) situada na extremidade oposta da quadra.
— O que há de errado? — Ele perguntou. A fricção parecia mais do que
apenas cansaço. — Você está assim tão inquieto?

— Sim, — respondeu Ty em frustração. — Eu não tenho ido correr faz


uma semana, — ele resmungou quando se sentou e seu joelho começou a
saltar rapidamente. — A única coisa que eu consegui fazer é subir meia parede
de pedra e depois quase cair. E remar preguiçosamente em torno de uma ilha
privada.

— Então, vá correr, — Zane disse facilmente, ignorando o sarcasmo. —


Há uma pista de corrida muito boa ao redor do deck exterior superior. Você
tem o corpo de um corredor. Ninguém pensaria nada sobre isso.

— Oh, eu tenho o corpo de um corredor, né? Zane, — Ty disse


lentamente, fechando os olhos quando se inclinou para frente, como se
estivesse prestes a abordar um assunto complicado com uma criança
pequena: — Eu nunca fui tão cobiçado em minha vida, — disse com ênfase. —
Por homens ou mulheres. Não há nenhuma maneira no inferno que eu vá a
qualquer um dos ginásios ou correr em qualquer lugar a menos seja de noite e
todos estejam nos clubes tentando transar.

Zane não conseguiu segurar a risada tranquila.

— Coitadinho. Você não pode me dizer que não tem sido muito cobiçado
em sua vida.

Ty olhou para ele com os olhos arregalados, sua expressão frustrada de


sinceridade completa.

— Não, — insistiu. — Pelo menos se eu fui, eu nunca notei, que porra!

Zane franziu a testa.

— Você está falando sério? — Ele olhou para Ty de cima a baixo


significativamente.

— Sim, — Ty disse em uma voz ofendida. Ele se mexeu


desconfortavelmente sob o súbito escrutínio e se levantou. — Por quê? — Ele
perguntou defensivamente quando começou a se mover em direção a
varanda.

— Porque...— Zane já tinha visto Ty usar sua boa aparência em sua


vantagem. Ele sabia que Ty estava ciente de como parecia para os outros. Ele
poderia ligar o charme e todos, com exceção do mais frio dos corações, se
derreteriam por ele, e metade dessa batalha era física. Mas Zane suspeitava
que agora, Ty estava falando de um tipo diferente de cobiçar, e ele pensou
melhor do que dar uma resposta irreverente. Ele estudou Ty por um longo
momento, percebendo que ignorar a pergunta não faria o seu parceiro se
sentir melhor. —Você é um homem muito bonito, — ele estabeleceu,
mantendo a voz baixa e séria.

Ty olhou para Zane por cima do ombro, com uma sobrancelha


levantada, como se esperasse que houvesse uma piada depois da declaração.
Quando ele viu que Zane estava falando sério, ele levantou seu queixo e bufou
para ele antes de voltar a olhar para o oceano que deslizava atrás do navio.

Zane se levantou e caminhou até ficar atrás dele, enrolando seus braços
ao redor de sua cintura. Ele estava se acostumando com essa coisa de ser-
capaz-de-tocar.

— Qual é o problema? — Ele gracejou suavemente. —É tudo diversão e


jogos até alguém lhe faz um elogio?

Ty ficou em silêncio, inclinando a cabeça quando olhou para fora das


portas da varanda diligente.

— Acho que você me pega desprevenido quando está sendo sincero, —


ele finalmente decidiu, com um toque irônico com as palavras.

— Acho que somos sinceros um com o outro, — Zane murmurou contra


a maçã do rosto de Ty. — Nós simplesmente não... nos oferecemos muito
sobre ser sinceros.
Ty virou a cabeça ligeiramente, tencionando brevemente sob as mãos de
Zane antes de relaxar novamente.

— Oferecer, — ele repetiu com cuidado.

— Nenhum de nós é muito de partilhar, — Zane disse, um de seus


polegares começando a esfregar a barriga de Ty.

— Eu compartilho, — Ty argumentou teimosamente. Sua mão deslizou


para o bolso do quadril de Zane em um gesto inconsciente.

Zane limpou a garganta em um som incrédulo.

— Como assim?

Ty ficou em silêncio, obviamente, tentando pensar em uma resposta.


Finalmente resmungou.

— Sobre o que você quer que eu compartilhe? — Ele perguntou. Parecia


estar desconfortável.

Zane apenas encolheu os ombros.

— Foi mais um comentário sobre informações passadas, — disse. Não ia


empurrar Ty para ser —voluntário— a nada agora. Eles não tinham discutido
a sério em dois dias. Ele gostava das brigas e provocações muito mais.

Ty mordia o lábio inferior, com uma mão no bolso de Zane, a outra


descansando sobre a de Zane.

— Eu não me importo com perguntas, você sabe, — ele disse


suavemente finalmente. — Se não puder te dizer o que você quer saber, só vou
te dizer isso, — ele assegurou a Zane. — Só... para referências futurasm — ele
disse.

— Como se eu perguntasse sobre os telefonemas no meio da noite que te


enviam para trabalhar sem mim?

Ty ficou em silêncio por um momento e então abaixou um pouco a


cabeça e se inclinou para frente.
— Eu não posso dizer o que você quer saber, — respondeu em voz baixa
e monótona.

Zane assentiu. Ele sabia que Ty não poderia falar sobre os trabalhos
ocasionais, mas perguntou mesmo assim. Ele tinha suas suspeitas. Depois de
alguns meses de praticamente viver com Ty, pequenas pistas tinham se
somados. O fundo Force Recon de Ty lhe deu um conjunto especial de
habilidades para o trabalho disfarçado, e ele era um agente secreto
experiente, desaparecia —em uma missão— sem aviso prévio, às vezes por
uma noite, outras vezes por dias e era extraordinariamente próximo do chefe
de seu chefe, Richard Burns, Diretor Assistente da Divisão de Investigação
Criminal do FBI. Se alguém mais alto no Bureau, como Dick Burns, ia tocar
alguém para um pouco de —trabalho paralelo— que precisasse de um toque
especial, Ty seria uma escolha clara. Outra teoria de Zane tinha a ver com
redes de prostituição de alta classe e um esboço de escritório de campeonato
de futebol de fantasia.

— De certa forma, é um alívio saber disso, pelo menos, — Zane disse


calmamente. Ele podia sentir Ty prendendo a respiração, a maneira que fazia
quando queria falar, mas não pretendia. — Está tudo bem. Eu entendo porque
você não pode falar sobre isso.

Ty sacudiu a cabeça com um aceno, mas ainda não tinha exalado.

— Talvez um dia eu possa te falar sobre isso, — ele finalmente disse com
firmeza.

— Tudo bem, — murmurou Zane. Ele mudou de assunto para distrair Ty


do stress. — Que tal maluco? Qual é a sua sobremesa favorita?

Ty virou a cabeça e seu rosto roçou os lábios de Zane. Zane podia senti-
lo relaxar quando o assunto mudou.

— Eu não gosto de chocolate, — respondeu após um momento de


reflexão. — Exceto em torta de tartaruga. Você sabe o que é isso?
— Sorvete com caramelo e nozes, — disse Zane. — Mas isso é coberto de
chocolate.

Ty sorriu levemente.

— Eu não sou uma contradição viva?

Zane cantarolava enquanto apertou seus braços ao redor de Ty antes de


soltar novamente.

— Sempre foi, sempre será, — ele confirmou. — Me deixou louco quando


nos conhecemos.

— Bem, você devolveu o favor, — Ty murmurou. Ele se afastou e virou.


—O que você quer dizer? — Perguntou como uma reflexão tardia.

— Não me queria como parceiro, mas teve certeza que eu não fosse
ferido. Me odiava, mas cuidou de mim quando fui ferido. Agia como um idiota
musculoso, mas exibia inteligência em alguns momentos. — Agora que
pensava nisso, Ty ainda fazia isso. Zane fez uma pausa, lembrando com
carinho daqueles primeiros dias, agora que eles estavam além deles. — Lutou
comigo o tempo todo, mas sentiu minha falta quando eu fui embora, —
acrescentou com um sorriso.

Ty moveu na sua frente, dando um passo para longe. Estremecendo


internamente, Zane deixou as mãos caírem livre ao invés de segurá-lo. Ele
temia que tivesse compartilhado muito, Ty nunca ficava confortável ao
relembrar ou falar sobre sentimentos, algo que Zane tentou manter em
mente. Respirando profundamente, ele mudou o seu peso para dar a Ty
algum espaço.

— Tempos estranhos, hein? — Ty finalmente perguntou com voz


divertida.

Zane parou depois de dar apenas um passo.


— Bem, no começo, — ele permitiu, seus lábios curvando num sorriso
aliviado. — Você estava determinado em me fazer pensar que você era um
completo idiota.

Ty sorriu lentamente. Ele obviamente gostou disso ao menos um pouco.


Ele limpou a garganta e olhou para suas mãos, o sorriso desaparecendo.

— Eu estava esperando... mantê-lo no comprimento do braço, — ele


admitiu assim que olhou de volta para Zane e fez uma careta.

Zane franziu a testa.

— O que você quer dizer? Mantenha o garoto-propaganda fraco no


comprimento de um braço desde o começo do caso?

Ty balançou a cabeça sem dizer nada, seus olhos sérios e um pouco


tristes.

— Você quer dizer... — Zane balançou a cabeça. Ele não precisava


insistir sobre o passado. — E agora? — Ele perguntou. — Eu estou mais perto
do que a distância de um braço.

Ty sorriu levemente.

— Não era pessoal, Zane, — ele disse. —Eu tinha acabado de perder meu
parceiro. Eu não queria outro.

Zane relaxou. Ele se lembrava agora. Fazia apenas um ano ou algo


assim, que o parceiro de Ty tinha sido morto quando Zane o conheceu.
Balançando a cabeça, voltou para a espreguiçadeira e se sentou, esticando as
pernas para fora.

— Eu te odiava, mas você sabia disso.

Ty sorriu.

— Esse era o meu objetivo. Você não teve muita escolha, — ele ofereceu
levianamente quando virou de volta para a varanda.
— Sem merda. E eu odiei ainda mais ao longo do caminho quando você
me obrigou a continuar revendo minha opinião.

Ty abaixou a cabeça e olhou para Zane. Zane se perguntou no que ele


pensava. Ele quase sempre se perguntava o que Ty estava pensando quando
não podia ler a emoção em seu rosto. Agora, porém, ele achou que ele só
podia estar confortável o suficiente para perguntar.

— O quê?

Ty balançou a cabeça e foi em direção a ele.

— Vamos deixar que o passado fique no passado por hora, sim? — Ele
murmurou quando sentou ao lado de Zane e esparramou sem graça.

— Sim, — murmurou Zane. Então deu de ombros. — Sua vez. — Ele


inclinou para trás e bocejou, arqueando as costas.

Ty olhou para ele surpreso.

—Minha vez de quê? — Perguntou.

Divertido com ele mesmo, Zane riu levemente.

— De fazer uma pergunta. É um jogo, baby. Siga com o programa. Eu


pensei que você estava entediado.

Ty bufou e olhou com cuidado para Zane.

— Por que você mudou para rapazes? — Ele perguntou.

O nariz de Zane franziu. Essa não era uma pergunta que esperava, mas
não se importava em responder.

— Isso aconteceu durante uma missão de longo prazo. Tentei, gostei,


fiquei preso nisso. E isso me recorda menos do passado.
Ty acenou com a cabeça e desviou o olhar. Parecia que queria perguntar
algo mais, mas permaneceu em silêncio, à toa brincando com o anel em seu
dedo que não tinha sido capaz de tirar.

— Você pode perguntar, também, você sabe, — Zane disse, após


observá-lo por um minuto.

Ty suspirou pesadamente e olhou para ele com um pequeno sorriso. Ele


ergueu a mão, exibindo o anel de prata.

— Tem algum truque para conseguir essas coisas fora? — Perguntou.


Era dolorosamente óbvio que essa não era a pergunta que ele queria fazer.

Zane lutou contra a vontade de franzir a testa e rosnar para ele, apenas
faça a maldita pergunta, agora. Em vez disso, passou a mão sobre os olhos.

— Mergulhe a mão em água fria e, em seguida, use um pouco de sabão


nele, — disse calmamente.

— Eu já tentei isso. Tentei o Astroglide também. Inútil, — Ty murmurou


enquanto olhava para ele. Ele suspirou e ficou em pé novamente, andando
para longe de Zane.

Depois de vê-lo andar para trás e para frente, Zane finalmente rosnou
para ele.

— Pelo amor de Deus, — disse, cansado. — Faça alguma pergunta. Eu


não vou arrancar sua cabeça por isso.

— Eu sei, — Ty respondeu imediatamente, não de todo surpreso que


Zane soubesse que tinha algo mais a perguntar. — Eu só... eu não acho que
quero saber a resposta, — admitiu.

Zane considerou isso em silencio e decidiu que não havia nada que ele
pudesse fazer. Ele cruzou as pernas na altura dos tornozelos e esperou. Ou Ty
perguntaria ou passaria para outra coisa e ele teria que deixar ir.
Ty apenas balançou a cabeça para ele. Ele passou a mão pelo cabelo
descolorido em um gesto nervoso que Zane raramente via e então se afastou e
foi até a varanda novamente. Ele parecia atraído por ela, como se
representasse a liberdade ou algo igualmente nebuloso. Zane manteve sua
cabeça virada para observá-lo e, depois de alguns minutos, se deslocou para
puxar as pernas em cima da espreguiçadeira para que ele pudesse deitar e
ainda ver Ty. Isso o fez se perguntar: Qual poderia ser a pergunta que deixaria
Ty tão nervoso assim? Algo a ver com o que ele perguntou a Zane? Talvez ele
estivesse com medo que Zane lhe perguntaria a mesma coisa. Isso tinha
passado pela cabeça de Zane.

Os músculos dos ombros e costas de Ty ficaram tensos enquanto esteve


lá. Foi estranho vê-lo sem o cabelo escuro e uma tatuagem em seu braço.
Também era estranho vê-lo naquela calça de linho justa, mas Zane nunca
reclamaria sobre elas.

Zane piscou. Tatuagem.

— Gostaria de colorir? — Ele perguntou, decidindo que mudar de


assunto ajudaria Ty a relaxar.

— Huh? — Ty perguntou enquanto se virava e olhava para Zane como se


ele tivesse perdido o juízo.

— Colorir. Minha tatuagem, — Zane incitou. Ele ficou surpreso com o


quão surpreso Ty estava. Ele devia ter estado realmente perdido em
pensamentos.

— Oh. — Ty murmurou quando virou e se aproximou. — O inferno, vou


tentar qualquer coisa neste momento, — concordou com facilidade.

Zane disse a si mesmo para esquecer as perguntas não formuladas e se


concentrar no que poderia estar vindo. Se ele jogasse direito, ele poderia ser
capaz de seduzir para ser o topo. Ty não quebrou o personagem em toda a
semana que estiveram aqui e Zane sentia saudades de ser fodido. Com Ty
sempre era uma emoção incrível.
— As canetas estão na minha necessaire na penteadeira, — ele disse.

Ty se moveu para pega-las sem uma palavra. Zane se levantou da


espreguiçadeira, tirou a camisa, empurrado para baixo suas calças e cuecas e
subiu nu em cima da cama, se acomodando confortavelmente em sua barriga.
Esperava que Ty saísse do banheiro sem aquela muito bem vestida calça de
linho, mas ou Ty não estava pensando à frente ou Zane teria que se esforçar
mais.

Um momento depois, Ty passou os dedos pela espinha de Zane, mal


tocando a pele quando se sentou na cama ao lado dele. Zane estremeceu e
fechou os olhos. Ele não sabia o que havia no toque de Ty, mas era elétrico o
tempo todo.

— Melhor uma caneta do que um canivete dessa vez, — Ty murmurou


para ele. Ele deu um beijo no ombro de Zane antes de destampar a caneta. —
Oh, estas são as que cheiram bem, — disse com um sorriso óbvio.

Zane riu.

— Tão fácil de agradar, — ele provocou. — Certifique-se de colorir


dentro das linhas pretas e não das brancas, por favor, — pediu, se referindo ao
pálido cruzamento de cicatrizes e marcas de pústulas já decorando as costas.
Algumas dessas marcas tinham vindo do referido canivete quando Ty tinha
raspado o vidro e fragmentos de metal de um monitor de computador que
explodiu nas costas de Zane.

— Ei, eu sei o que fazer, ok? — Ty disse em uma voz ofendida. —Tem um
monte de coisas curvadas, né? — Murmurou enquanto corria a ponta do dedo
sobre o desenho. Então colocou a mão livre no ombro de Zane, deixando seus
dedos deslizarem através da pele cicatrizada de Zane quando inclinou e
pressionou a ponta da caneta em suas costas. Moveu a caneta em ritmo lento,
inconscientemente movendo seu rosto para mais perto e inclinando mais seu
peso contra Zane enquanto trabalhava.
Fechando os olhos, Zane concentrou sua vontade em não mexer. A
caneta quase fazia cócegas, mal firme o suficiente para evitar desencadear
uma reação infeliz de mover e riso indefeso. Então, ele tentou pensar mais
sobre o peso de Ty sobre ele e como não tinha sido fodido há muito tempo.

Assim que ele começou essa linha de pensamento, Ty começou a soprar


sobre os pedaços da tatuagem que ele já tinha desenhado, e que Deus o ajude,
Zane rangeu.

Ty levantou a cabeça para olhar para ele.

— Tudo bem? — Ele perguntou confuso. — Isso não queima, não é? —


Ele perguntou com dúvida.

Zane pigarreou.

— Oh, não, está tudo bem. Apenas me pegou de surpresa.

Ty deslocou para o outro joelho, deu um tapinha no traseiro nu de Zane,


e depois continuou com o desenho. Moveu mais lento no que Zane assumiu
que eram as partes mais finas, sua mão deslizando sobre a pele de Zane em
arcos graciosos e cachos, seguindo as linhas da tatuagem. E então ele parava e
soprava suavemente. A cada vez, Zane inalava bruscamente quando seu
estômago apertava e cavava seus dedos no edredom.

— Quase pronto? — Zane perguntou com os dentes cerrados. Ele


agradeceu a Deus que a tinta secava em cerca de 15 segundos - a mulher no
spa tinha comparado a caneta a um Sharpie39 e não mancharia quando
rolasse sobre ela.

— Só mais uma coisa curvada, — murmurou Ty. Ele soprou sobre ela
cuidadosamente e, em seguida, sentou e tampou a caneta com um piscar de
olhos. Zane quase conseguiu, mas o último lampejo de respiração através de
sua pele enviou um tremor por ele, e ele engasgou.

39
Caneta marcador permanente.
Ty finalmente tomou conhecimento da reação dele e colocou a mão
sobre as costas de Zane, se inclinando para beijar o ombro, e depois se moveu
lentamente para colocar mais de seu peso contra o corpo de Zane e sussurrar
em seu ouvido.

— Você é tão fácil.

Zane gemeu e curvou as mãos na colcha.

— Acho que você tem meu número, — ele disse com a voz rouca.

A mão de Ty arrastou sobre os ombros e para baixo do braço quando Ty


se esfregou contra seu pescoço. Beijou logo abaixo da orelha de Zane,
mordiscando o lóbulo da orelha e o brinco de rubi lá. Zane zumbiu
encorajador e inclinou a cabeça para o lado, expondo mais de seu pescoço
enquanto empurrava sua bunda contra a virilha de Ty. Ty puxou seu ombro,
pedindo para rolar em suas costas. Ele abaixou a cabeça para roçar os lábios
contra os de Zane quando Zane moveu seu peso e se mexeu, envolvendo os
braços em torno de Ty quando o fez. Zane mordeu suavemente o lábio inferior
de Ty e suspirou, feliz por sentir o peso de seu amante em cima dele.

Ty mudou até que estava estabelecido sobre as coxas de Zane, se


inclinando pesadamente enquanto o beijava languidamente. Ambas as mãos
emaranhadas nos cabelos de Zane, os cotovelos apoiados nos seus bíceps e
prendendo seus braços para a cama. Zane flexionou os dedos e deixou as
mãos cair moles, investindo no beijo e emocionado por ter Ty sobre ele. A
coxa de Ty esfregando seu pau excitado apenas tornava isso mais agradável.

O beijo de Ty ficou mais quente enquanto seu corpo se movia contra o


de Zane, o tecido suave da calça de Ty era a única coisa entre eles. Ty rosnou
de repente quando ele empurrou para cima mãos e joelhos, e enfiou os
cotovelos sob os braços de Zane e o arrastou para o centro da cama redonda
de grandes dimensões. O pulso de Zane saltou, pensando nas possibilidades.
Quando Ty estava realmente quente e incomodado, podia ser uma experiência
incrível, como ser atacado por um leão sem a complicação de precisar de
pontos depois.

Ty apaixonadamente o beijou de novo, no cio contra o quadril de Zane


enquanto se movia lentamente. Zane encontrou seu beijo com mais
entusiasmo, e agarrou os quadris de Ty, o encorajando. Escutar Ty, o ouvir
ofegar e gemer, estava levando Zane para a borda ainda mais rápido do que
sentir Ty se esfregar contra ele.

Ty se afastou abruptamente do beijo, empurrando para cima em suas


mãos e joelhos novamente. Só que desta vez não tentou mover Zane. Ele
abaixou a cabeça e beijou o peito de Zane enquanto rastejava para trás, os
dedos de Zane arrastando nos lados de Ty, enquanto Ty se movia ao
pressionar uma linha de beijos do estômago ao quadril de Zane. Zane gemeu e
abriu as pernas, apoiando um joelho para cima enquanto arqueava contra os
lábios de Ty.

Ty alegremente se moveu para deixar Zane inclinar sua coxa sobre ele.
Estendeu a mão para a outra perna, a deslizou até as costas das coxas de Zane
descansarem contra as laterais dos ombros largos de Ty, a cabeça entre as
pernas de Zane. Ele abaixou a cabeça para beijar a parte interna da coxa de
Zane enquanto suas mãos envolviam seus quadris. A tensão aumentou junto
com a respiração presa de Zane, e ele se obrigou a manter os olhos abertos
para que pudesse assistir a visão erótica. Ty testava severamente o seu
autocontrole.

Ty olhou para ele, seus olhos mutáveis praticamente brilhando com


malícia, e então abaixou a cabeça mais uma vez e tomou o pau de Zane em sua
boca. Zane xingou sob sua respiração, enquanto seu corpo estremecia, a
quente e úmida boca de Ty em torno dele. Fazia algumas semanas que Ty
tinha feito isso. Ele tinha ido para baixo em Zane, e Zane não tinha sido capaz
de ver porque tinha estado tão malditamente escuro naquelas montanhas. Ele
imaginou como teria parecido, no entanto. Mas agora... Cristo. Agora ele não
tinha que imaginar. Ele podia ver seu pau deslizando entre aqueles lábios
cheios, ver a língua de Ty o lambendo. Zane de repente tinha certeza de que
não tinha controle o suficiente para desfrutar desta visão como ele gostaria.

Ty arqueou as costas, praticamente pegando os quadris de Zane para


fora da cama enquanto se movia. Sua mão espalhada no baixo ventre de Zane,
seus dedos cavando na sua pele enquanto sua cabeça balançava ritmicamente
e ele levava o pau de Zane mais profundo, chupando e lambendo e deixando o
eixo deslizar entre os lábios.

Tentar prolongar o prazer era uma luta em si, e ver Ty sugando não
ajudava. Mas Zane não fechou os olhos, nem mesmo quando sua virilha
apertou perigosamente em resposta à sucção de Ty. Zane estava perto, muito
perto. Ele percebeu que seus quadris balançavam para cima enquanto tentava
se empurrar na boca quente e molhada de Ty. Ele estendeu a mão e empurrou
o ombro de Ty em alerta, tentando prolongar o prazer, pelo menos um pouco.

Ty o deixou lentamente deslizar para fora, olhando para Zane


brevemente quando deixou a cabeça do pênis de Zane descansar contra seus
lábios em uma exibição tentadora.

— Cristo, você é bom nisso, — Zane disse ofegante sem pensar.

Ty riu baixinho. Então, ele piscou e começou a lamber o pau de Zane


todo o caminho da cabeça até o eixo e de volta. Ele apertou os lábios com
força, e forçou Zane de volta entre os lábios.

Zane deu um grito duro enquanto arqueava as costas e suas mãos


debateram, tentando pegar e empurrar os braços de Ty em advertência. Mas
Ty reforçou seu domínio sobre ele, prendendo-o no colchão e rodando sua
língua ao redor da cabeça do pênis de Zane antes de sua cabeça balançar para
cima e para baixo e o sugar com força.

— Ty, — Zane rangeu quando se contorcia. — Eu vou- — Um suspiro


áspero substituiu suas palavras quando ele perdeu a luta para segurar o seu
clímax. Seu orgasmo o varreu, e ele gozou na boca de Ty, jorrando contra sua
língua, enviando quentes pulsos para a parte de trás da garganta de Ty. O
próprio pensamento e a visão disso deixava Zane fora de si, mesmo quando
ele atirou sua carga.

Ty não pareceu se importar, gemendo desenfreadamente e continuando


a sugar e engolir enquanto Zane gozava. O prazer foi crescendo, construindo,
até que Zane gritou e empurrou os braços de Ty, tentando se soltar quando
seu pênis ficou tão sensível que não pôde deixar de suspirar e tremer.

Ty finalmente cedeu, levantando a cabeça e soltando seu controle na


cintura de Zane para deixá-lo se mover. Sentou e observou, sorrindo
enquanto Zane estremecia, gemia e agarrava a colcha. Ty lambeu os lábios e
pressionou a palma de sua mão na boca, tentando não sorrir.

— Você é muito fácil, — ele contou a Zane novamente com uma voz
satisfeita.

Zane gemeu novamente quando ele moveu para deitar em suas costas,
com as pernas ainda espalhadas e Ty entre seus joelhos.

— Você acha que é fácil resistir a você fazendo isso? — Zane conseguiu
falar entre as respirações.

Ty estendeu a mão, passando a palma sobre o joelho de Zane, em


seguida, deu um tapinha na coxa, e se arrastou entre as pernas dele para
beijá-lo.

— É divertido de qualquer maneira, — ele murmurou antes de beijá-lo


novamente.

— Foda-se, sim, claro que é, — Zane concordou fervorosamente após os


seus lábios se separarem novamente. Ele gostou do ligeiro gosto de si mesmo
na boca de Ty, que fez a possessividade nele crescer exponencialmente. Ele
correu os dedos sobre os lábios inchados de Ty. — Eu realmente queria ver
isso lá em cima daquela montanha.

— Bem, lá vai você, — Ty resmungou.


—Provavelmente, foi bom eu não consegui. Não teria sido capaz de
manter a calma. — Zane estremeceu novamente e puxou Ty para baixo, para
cima dele.

Ty deu um gemido e caiu contra ele, desajeitado. Ele empurrou o seu


rosto no pescoço de Zane e rosnou, o som baixo na parte de trás de sua
garganta, enquanto passava as mãos pelos braços de Zane e apertou em torno
de seus cotovelos. O som também enviou um arrepio de antecipação através
do corpo de Zane.

Ele moveu suas mãos para agarrar os quadris de Ty, forçando-os contra
o seu próprio quadril, mexendo sob eles e sentindo o pau duro de Ty contra
ele.

— Vamos lá, baby, — sussurrou no ouvido de Ty. — Eu quero sentir


você.

Ty fez outro som frustrado contra a pele de Zane, pressionando seu


corpo contra o corpo exigente de Zane.

— Eu já passei uma semana inteira sem quebrar a porra do personagem,


— ele lembrou a Zane.

— E você tem feito um trabalho maravilhoso, — Zane disse antes de


lamber a orelha de Ty e a sugar entre os lábios.

Ty deslizou os dedos nos cabelos de Zane e agarrou com força, puxando


a cabeça de Zane para trás para beijar o queixo.

— Você vai me fazer te foder, não é, — ele disse com a voz derrotada,
embora ele realmente não parecesse muito preocupado com a perspectiva de
sair da mentalidade submissa do falso Del Porter.

Zane praticamente ronronou quando se arqueou contra ele.

— Eu não posso te obrigar a fazer nada, — ele disse antes de suspirar. —


Mas eu não posso te foder tão cedo, não depois que você chupou meus miolos
através de meu pau.
Ty riu e empurrou para cima nas suas mãos e joelhos para olhar para
Zane com um sorriso torto.

— Você é estupidamente romântico. Eu não sei como mantive minha


calça.

Zane sorriu. Ele se ergueu nos cotovelos, beijou Ty longamente, e voltou


a se encostar contra a cabeceira.

— Bem, então, — disse lentamente, injetando a escuridão da voz de


Corbin em sua própria enquanto tentava deslizar nesse personagem odioso, —
me dê um show, Boneco.

Ty balançou a cabeça e se arrastou em direção Zane novamente.

— Eu me recuso a fazer o sotaque durante o sexo. — Ele afirmou


teimosamente enquanto pegava atrás dos joelhos de Zane e o puxou até se
deitar novamente.

Zane levantou uma sobrancelha enquanto deixava Ty movê-lo.


Estendeu a mão e apertou a palma contra o peito de Ty, a arrastando até sua
barriga e mais longe para provocar entre as pernas.

— Meu, meu, sentindo-se arrogante hoje à noite, não é? Duas recusas


até agora. O que cem a seguir?

— Eu não disse que recusei, — Ty murmurou antes de beijá-lo


languidamente. Zane deslizou sua língua ao longo do lábio inferior de Ty e
segurou um lado do rosto na palma da mão, acariciando delicadamente. Ty
podia deixá-lo quente, frio e quente de novo no período de um minuto, e isso
muitas vezes quando completamente vestido e armado. Nesta situação ele não
tinha nenhuma chance, e sua barriga apertou agradavelmente em
reconhecimento do fato.

Os dedos de Ty percorreram o peito de Zane enquanto ele pairava sobre


ele. Seu nariz pressionou contra o rosto de Zane e os seus lábios mal roçaram
os de Zane quando falou.
— Você quer um show? — Ele perguntou em um sussurro.

A maior parte do cérebro de Zane bloqueou quando ele corou ao pensar


nas muitas e variadas conotações dessa oferta.

— Sim, — disse asperamente.

Ty ficou imóvel por um instante, e então ele lentamente roçou os lábios


contra os de Zane, antes de empurrar-se a ajoelhar em cima dele. Agora, Zane
não achava que Ty fosse um exibicionista. Mas ele tinha feito um monte de
coisas nesta semana que Zane nunca pensou que ele iria ou poderia fazer. Ty
deslizou as mãos sob o material suave da calça creme que usava e a empurrou
até os joelhos, expondo-se ao olhar apreciativo de Zane. Ty não tentou
removê-la completamente, porém, em vez disso montou nas coxas de Zane
enquanto deixava uma mão derivar na barriga de Zane. Sua outra mão
deslizou lentamente até sua própria coxa enquanto ele observava Zane, que
teve de engolir em seco. Seus olhos corriam do rosto de Ty para sua mão e
coxa.

Eles nunca tinham sido assim um com o outro: apenas observando, nem
mesmo realmente se tocando. Eles sempre estavam satisfeitos por foder a
excitação, mas isso estava rapidamente se tornando apenas uma correção
temporária. Zane não pensava que existia uma maneira de ele não querer
mais Ty, e os momentos de silêncio entre eles estavam se tornando mais
viciante. Neste momento, não havia outra escolha além de assistir, e isso era
tão intimo que Zane mal conseguia suportar.

A mão de Ty se moveu lentamente no começo, com os olhos fechados


esvoaçantes e sua cabeça inclinada para trás quando se sentou sobre as coxas
de Zane e se acariciou. A outra mão apenas descansava na barriga de Zane.
Ele gemeu baixinho, abrindo os olhos para olhar para Zane novamente. Zane
estava fascinado pela visão diante dele. Os longos dedos de Ty enrolados ao
redor de seu pau enquanto ele se tocava da maneira que mais lhe agradava.
Zane teve que se lembrar de respirar quando umedeceu os lábios. Ty poupou
um sorriso conhecedor antes de acelerar sua mão e gemer baixinho. Os dedos
sobre a barriga de Zane começaram a se curvar, arrastando contra a sua pela
quando a cabeça de Ty caiu para trás e ele empurrou seus quadris para frente
em sua própria mão. Zane lutou contra a vontade de gemer quando seu corpo
despertou mais rápido do que ele esperava. Ty montado nele, a calça
empurrada para baixo a esmo e seu pau duro na sua mão foi o mais devasso
show que Zane poderia imaginar.

Os olhos de Ty se fecharam novamente, seus gemidos quase


permanentes enquanto ele se masturbava. Ele subiu sobre os joelhos e se
inclinou para a frente. A calça colaborou, escorregando pelas pernas e
panturrilhas, e ele colocou sua outra mão no peito de Zane quando se abaixou
novamente para sentar e esfregar contra a virilha de Zane. O pau
endurecendo de Zane deslizou contra a bunda de Ty quando ele arqueou o
corpo. Sua mão se moveu mais rápido, e cada polegada de músculos tensos de
Ty telegrafava seu prazer e o quanto ele queria Zane dentro dele enquanto se
tocava.

— Jesus, — Zane praguejou sob sua respiração, suas mãos movendo


inconscientemente para as coxas de Ty e as agarrando. Ele estava começando
a doer agora, a pressão do peso e o movimento de Ty fazendo isso
maravilhosamente pior. Seus olhos se arregalaram enquanto ele tentava
apreciar o máximo de visão que podia. Suas unhas sem corte arrastavam pelo
peito de Zane enquanto seus quadris balançavam. Ele gemia desenfreado e
engasgou o nome de Zane quando curvou os ombros e seu corpo enrolou.

Zane estava falando antes que percebesse.

— É isso aí, baby. Quero ouvir você. Quero ver você gozar em cima de
mim. Vamos lá, baby. — Disse com a voz rouca enquanto levantava seus
quadris para cima para moer contra a bunda de Ty.

Ty engasgou e balançou no corpo de Zane embaixo dele, sua mão


apertando forte quando todo o seu corpo ficou tenso. Ele deu um grito súbito,
curto e rouco, e seus ombros estalaram de volta quando começou a esvaziar
na barriga de Zane.

— Tão porra lindo, — Zane suspirou, ignorando o quão duro ele estava e
o quanto ele queria virar Ty de costas em favor de imergir na visão de Ty
quando ele gozou.

Ty ofegava enquanto se curvava sobre Zane, apenas se mantendo de


achatar. Ele respirava com dificuldade, seus olhos fechados e sua respiração
em rajadas quentes contra o rosto de Zane. Então, ele levantou a cabeça
ligeiramente e beijou Zane apaixonadamente, gemendo no beijo quando
colocou o corpo para fora ao longo do de Zane.

O deslizar molhado de sua pele enviou outro choque através de Zane e


enquanto eles se beijavam, ele passou os braços ao redor de Ty e os rolou, se
colocando sobre ele e agarrando seus pulsos para fixá-los na cama. A
possessividade queimava nele quase fora de controle quando assumiu o beijo
avidamente.

Ty riu sem fôlego, seu corpo relaxado e flexível sob Zane.

— Baby. — Ele murmurou, o som tão suave que Zane não tinha certeza
se Ty sabia que disse isso.

Zane arrastou a sua língua para o lado do pescoço de Ty.

— Sempre que você quiser ser fodido, agora você sabe o que fazer para
conseguir isso, — ele rosnou, mordendo a clavícula de Ty e empurrando
contra sua coxa.

Ty riu mais ainda.

— Tudo o que tenho que fazer para ser fodido é olhar para você, — ele
lembrou com ironia quando tentava se desvencilhar das calças, que ainda
estavam em suas panturrilhas.

Zane bufou e desceu dele o tempo suficiente para pegar o frasco de


lubrificante e uma camisinha da mesa ao lado.
— Tudo bem, — ele disse quando puxou fora as calças de Ty e se
acomodou entre os joelhos, xingando quando rasgou a caixa e rasgou um
pacote para que pudesse rolar um preservativo. Sua barriga ainda estava
pegajosa e ele passou a mão nela, em seguida, agarrou seu próprio pênis e o
esfregou lentamente com uma mão alisada pelo gozo de Ty.

— Sempre que você quiser ser fodido duro, agora você sabe como
conseguir.

— Oh Deus, sim. — Ty gemeu excitado enquanto puxava os joelhos e, em


seguida, envolveu as pernas ao redor dos quadris de Zane. Ele olhou para
Zane, seus olhos vidrados e cheios de desejo.

Zane estava muito tenso, era tentador só levar Ty logo em seguida. Mas
ele se forçou colocar uma mão sobre a barriga de Ty. Ele estava fodendo Ty
todos os dias, às vezes duas vezes no dia, durante uma semana interia. Às
vezes, sem nenhum tipo de preparação. Ty não precisava ou queria,
normalmente. Ambos gostavam disso áspero. Mas Zane sempre perguntava.

— Você quer isso sem preparação? — Ele murmurou acariciando a coxa


de Ty.

— Sim, — Ty respondeu sem fôlego. Ele fechou os olhos e balançou a


cabeça, passando as mãos pelos braços de Zane, deixando que seus dedos
arrastassem pelos músculos definidos.

Zane estremeceu quando pegou a pequena garrafa e passou uma


quantidade generosa de lubrificante. Ele se inclinou para frente, apoiando em
um braço enquanto guiava seu pênis com a outra mão. Ty se encolheu com o
lubrificante frio, mas levantou os quadris e gemia quando Zane lentamente
empurrou dentro dele. Depois de deslizar algumas vezes e resolvido dentro
ele começou a balançar, mas ele podia dizer imediatamente que tomaria um
empurrão duro para se afundar plenamente dentro, mesmo que eles tenham
transado naquela manhã, Ty estava apertado e estreito ao redor dele, tão
tenso e quente do caralho. Ele sempre estava. Zane esperando a Deus não o
machucar, Zane chegou a deslizar sua mão atrás da cabeça de Ty e a levantar
para que pudesse capturar os lábios de Ty enquanto agarrava seus quadris
para frente com um grunhido.

Ty gritou desesperadamente, o som quase abafado pelos lábios de Zane,


mas não totalmente. Seus dedos cavaram na parte de trás do pescoço de Zane,
e ele gritou mais uma vez com a voz rouca, enquanto seu corpo arqueava
inteiro debaixo de Zane. Zane parou, a respiração ofegante, puxou seus
quadris para trás e, em seguida, afundou de novo, mais devagar dessa vez,
porém, era quase muito difícil de mover quanto Ty apertou o cerco em torno
dele. Apesar dos quadris de Ty apressando, Zane começou a foder Ty
constantemente, sua respiração pesada e ele rosnou novamente enquanto
pegava os pulsos de Ty e o segurou para baixo.

— Vou te foder até você gritar, — Zane rangeu enquanto observava o


rosto de Ty.

Ty pouco mais podia fazer além de gemer e se contorcer em resposta.


Seus olhos se abriram para olhar para Zane, mas então ele empurrou a cabeça
para trás e os fechou de novo, se contorcendo sob Zane e apertando os joelhos
juntos na cintura de Zane, levantando seus quadris para atender cada um dos
golpes de Zane. Querendo mais espaço para se movimentar, Zane recuou e
segurou por trás de cada um dos joelhos de Ty, empurrando-os para o peito
de Ty tão certo de que poderia empurrar contra a sua bunda, suas peles
golpeando a cada empurrão.

Ty gritou novamente, lutando contra o peso de Zane e começando uma


ladainha de pedidos incoerente e maldições. Alavancou algo para agarrar
além dos lençóis. Ele não parecia saber o que fazer com ele próprio ou com o
prazer enquanto Zane colidia com ele. Zane percebeu que não tinha visto isso
antes - ele sempre teve Ty por trás, transando com ele de joelhos ou inclinado
sobre a mesa ou na parede de seu quarto. Nunca tinha sido entre as pernas de
Ty assim, o segurando para baixo, sentindo seu corpo tenso ao redor dele, o
assistindo perder o controle.
Ty pode ter agido como submisso nesta semana, mas com certeza ele
estava muito longe de estar ativamente pensando nisso agora... e Zane tinha
feito isso para ele. Com um suspiro, Zane perdeu o tênue controle e soltou
uma série de golpes brutais quando começou a gozar novamente.

Ty jogou a cabeça para trás e gritou o seu nome desesperadamente e, até


mesmo no meio de seu orgasmo, Zane podia sentir o corpo de Ty pulsando ao
redor dele. Zane abaixou a cabeça e tentou desesperadamente não perder esse
sentimento.

Ty o segurou com força, a respiração irregular. Ele quase choramingou


quando os movimentos de Zane diminuíram, e apertou os lábios na testa
úmida de Zane enquanto seu corpo praticamente derretia, o estresse
escoando fora dele.

Zane o segurou com força suficiente apqnas para abaixar lentamente as


pernas de Ty e se colocar para baixo com cuidado antes de se deixar relaxar
cuidadosamente sobre o corpo suado de Ty com um longo gemido, seus lábios
roçando a maçã do rosto de Ty.

Ty estava com os olhos fechados, engolindo ar.

— Jesus, Zane, — ele finalmente conseguiu dizer.

Zane gemeu e deu um beijo na bochecha de Ty. Sua cabeça ainda girava,
e ele tinha medo de que se abrisse os olhos, o mundo inclinaria. Ele só queria
segurar Ty perto.

Cedo demais Ty moveu debaixo dele, suspirando enquanto ele


gentilmente tentava pedir para Zane rolar. O ruído da garganta de Zane foi
uma espécie de protesto, mas ele alcançou entre eles e cuidadosamente se
retirou com um suspiro melancólico. Ty gemeu com ele. Zane jogou o peso
para sair de Ty, e ele estava contra o lado de Ty. Ty permaneceu de costas,
com os olhos fechados e corpo mole. Depois de alguns minutos de apenas
respirar, o pulso de Zane começou a acalmar, e ele abriu os olhos para olhar o
seu amante. O cabelo platinado de Ty estava úmido de suor, e ele tinha a parte
de trás de seu braço descansando sobre seus olhos. O anel de prata no dedo
brilhava à luz, pegando as imperfeições e arranhões que Ty já tinha
conseguido infligir nele.

Vendo a faísca dançar no anel, Zane percebeu que sua garganta estava
apertada, e teve que engolir duas vezes para se livrar do sentimento enquanto
piscava com força contra o formigamento nos olhos. Seu peito parecia que
tinha um peso de chumbo sobre ele, e Zane fechou os olhos. Isso doía, esse
sentimento, esse peso e essa tensão, e ele não podia lidar com isso agora. Ele
não queria que machucasse desse jeito quando olhava para Ty.

Reabrindo seus olhos, Zane alcançou para tocar o rosto de Ty.

—Ok, — ele disse asperamente.

Ty gemeu baixinho em resposta.

— Lembre-me de não te provocar muitas vezes, — brincou com ironia.

Zane riu, deixando sua mão afunilar sobre o peitoral de Ty.

— Eu suponho que você não precise caminhar ocasionalmente.

Ty moveu a mão para colocá-la sobre a de Zane, seus dedos enrolando


em torno de palma de Zane. Ele ainda não tinha aberto os olhos. Ele parecia
contente em estar ali com Zane e segurar sua mão. Zane tinha estado perto de
se afastar o suficiente para se livrar do preservativo, mas ele estava relutante
em soltar quando Ty era tão amável. Ele sentiu os anéis baterem levemente
juntos. Naquele momento, isso o fez querer coisas que ele sabia que não
poderia ter e não devia querer, mas Zane apertou os dedos de Ty de uma
maneira suave.

— Zane, — Ty finalmente disse em voz baixa. Ele não tinha mexido, mas
os seus olhos estavam abertos, olhando para o teto. Zane cantarolou baixinho
em resposta. Ty permaneceu em silêncio por um momento, aparentemente
ponderando sobre isso antes de finalmente perguntar: — Você tem algum
motivo para não simplesmente abandonar os preservativos a partir de agora?
A surpresa cruzou através de Zane tão rapidamente que ele prendeu a
respiração e teve que forçar-se a retomar a respiração normal. Ele nunca teria
imaginado que essa pergunta sairia da boca de Ty neste momento,
especialmente considerando que isso se parecia a muitos desejos meio-
formados de Zane.

— Não, — respondeu com a voz baixa e mais calma do que esperava


ouvir. — Não há razão pela qual eu não poderia, — ele esclareceu.

Ele sentiu mais do que viu o movimento ao lado dele quando Ty virou a
cabeça para olhar para ele. Ty não disse mais nada. Ele parecia ou estar
examinando Zane para posterior reação ou pensando no que dizer depois.
Com Ty ele nunca sabia.

O silêncio em torno deles parecia um estrondo aos ouvidos de Zane,


mas do que poderia ter sido as ondas lá fora. Ele puxou a mão livre de Ty e
pressionou suavemente as pontas dos dedos nos lábios de Ty. Zane sabia
muito bem que ele se comprometeu a Ty meses e meses atrás, mesmo quando
Ty ainda estava transando com garçonetes em Baltimore. Ele nunca enfrentou
uma afirmação tão óbvia do comprometimento de Ty, porém, mesmo depois
de Ty tinha ido ao apartamento e lhe disse que queria ficar com ele. Isso fez
Zane se perguntar o que exatamente Ty estava pensando. Seus olhos eram
difíceis de ler e ele não tentou falar com os dedos de Zane sobre sua boca. Mas
Zane podia ver que os cantos dos lábios se contorciam no começo de um
sorriso torto.

Zane ergueu os dedos e colocou a palma da mão contra a bochecha de


Ty enquanto mentalmente descascava através de várias respostas,
descartando algumas como demasiado íntimas para suportar, outras muito
como uma piada. — Você pergunta por que...?

Ty inclinou um pouco a cabeça, sem tirar os olhos de Zane enquanto ele


considerava a pergunta.
— Porque não tem havido ninguém além de você há muito tempo. E eu
não acho que haverá, — ele respondeu sem rodeios.

Não havia qualquer motivo para brincar, não quando Ty estava sendo
tão descaradamente honesto.

— Bom, — sussurrou Zane, seu polegar roçando o lábio inferior de Ty. —


Eu... me sento assim... há um tempo agora, — admitiu hesitante.

O sorriso torto de Ty cresceu e ele assentiu.

— Eu sei.

Zane franziu o nariz e baixou os olhos, um pouco de constrangimento o


agradando. Ele não tinha pensado que era tão fácil de ler. Os dedos de Ty
acariciaram seu pulso, deslizando lentamente por seu braço, mas Ty se
manteve notavelmente em silencioso. Zane olhou para cima novamente,
tentando deixar os nervos ir. Se havia alguém com quem ele deveria estar
confortável, ser realmente ele mesmo, esse alguém era Ty. Quando seus olhos
se encontraram, balançou a cabeça, reconhecendo que Ty o conhecia muito,
muito bem. Ele conhecia o bom e o ruim.

Ty ainda estava sorrindo para ele, mas era um sorriso suave que era
incomum em seu parceiro. Não havia nenhum traço de provocação, nem
brincadeira em seus olhos. Ele estava tão sério quanto Zane jamais o
imaginou, mas havia também uma suavidade com ele naquele momento, uma
ternura suave que combinava com a sua sinceridade, fez o pulso de Zane
aumentar um pouco. Ele moveu a mão para trás para cobrir o peito de Ty.
Zane não conseguia pensar em nada para dizer, qualquer coisa que não
estragaria o clima. Então, ao invés disso se inclinou para pressionar seus
lábios suavemente em Ty.

Ty deslizou a mão no ombro de Zane e o abraçou perto enquanto o


beijava. Quando terminou, ele ainda estava sorrindo calorosamente com a
mão na parte de trás do pescoço de Zane. — Vá se limpar, — ele pediu
rispidamente, um sorriso curvando seus lábios enquanto seus olhos castanhos
brilhavam com malícia renovada.

Zane rapidamente o beijou de novo antes de sentar e mover para a beira


precariamente curva da cama com um gemido. Ele esfregou as mãos sobre o
rosto, enquanto sua cabeça girava. Aquele beijo foi tão maldição... muito.
Zane suspirou e se levantou lentamente, esticando os braços para o ar e
curvando as costas antes de deixar os seus braços para trás e para baixo. Tirou
a camisinha e caminhou em direção ao banheiro, olhando para Ty enquanto
atravessava a sala.

Ty se levantou para se sentar na cama. Ele estava sentado com as pernas


cruzadas, os olhos fechados e cabeça baixa enquanto corria um único dedo
pela sobrancelha. Sua testa estava enrugada com e preocupação e estava
balançando quase imperceptivelmente. Zane conhecia os sinais de algo que
pesava muito na mente de Ty. Isso fez o estômago de Zane despencar quando
entrou no banheiro. Ele jogou o preservativo na lixeira e se virou para voltar
para a cama, subir no colchão e alcançar para tocar.

Ty olhou criticamente.

— Isso não estará se limpando por si mesmo, — ele disse com uma
risada.

— O quê? — Zane disse com um aceno para seu próprio corpo.

— Você nem sequer me trouxe uma toalha! Que tipo de Romeo é você?
— Ty brincou facilmente.

Zane franziu ligeiramente a testa, a mão parando um pouco abaixo do


peito de Ty. Ele não era capaz de conciliar a mudança rápida de Ty de
emoções escondidas e isso o incomodava. Aquela expressão que tinha visto no
rosto de Ty o incomodava. Mas ele ofereceu a Ty um meio sorriso, se
empurrou para fora da cama e caminhou até o banheiro, onde acendeu a luz e
se olhou no espelho enquanto esfregava o seu peito, tentando banir essa
tensão que dificultava respirar. As rugas de preocupação na testa de Ty
quando ele não sabia que Zane podia vê-lo o assustou. Ele estava apavorado
de que Ty se afastaria dele se soubesse como a possessividade que Zane sentia
estava crescendo em um vício grave. Zane sabia como Ty sentia sobre vícios.

Se Zane se permitisse sentir mais, se ele deixasse esse querer crescer,


isso afastaria Ty. E doeria como o inferno quando o perdesse.
Capítulo Dez

Contrabandear o tanque de mergulho reserva para as plataformas onde


os barcos estavam ancorados não foi tão fácil como tinha sido esgueirar a faca
de cerâmica que tinha usado em sua última tentativa. Ele teve que
desembarcar no último porto e contratar um barco para chegar na ilha à
frente do navio de cruzeiro, então rastrear o serviço que seria usado para a
excursão de mergulho. Mas ele era muito bom em seu trabalho e conseguiu
passar pelos atendentes na lojinha eentrar na área de teste sem ser
incomodado.

Ele não tinha conseguido matar ou mutilar o homem loiro na parede de


pedra, tinha ficado chocado quando percebeu que o homem não tinha caído
quando a corda partiu e muito menos se ferido. Antes de assumir a tarefa, ele
foi informado que seu alvo podia ser facilmente subestimado, mas que cairia
na armadilha de qualquer maneira. Desta vez ele não tinha a intenção de
falhar. Ele não tinha que matar o homem para ter sucesso, apenas colocá-lo
fora de combate.

Os equipamentos de mergulho estavam alinhados no cais ao lado do


pequeno barco que seria usado para levar o grupo ao mar naquele mesmo dia
mais tarde. O equipamento tinha sido convenientemente rotulado com os
nomes dos usuários, de acordo com o tamanho e nível de habilidade. Ele
afundou ao longo dos pacotes até que encontrou o identificado para Del
Porter. Ele ergueu o tanque que trouxe com ele, verificando o seu peso. Foi
preenchido com a quantidade correta de oxigênio: cerca de 21 por cento. Mas
o resto dos gases eram perigosos, uma mistura de dióxido de carbono e óxido
nitroso. Talvez não fosse letal, mas ao respirá-lo ele induziria uma certa
letargia, cortesia do dióxido de carbono venenoso, e combinado com o efeito
de euforia do óxido nitroso, certamente seria letal quando uma pessoa estava
debaixo d'água.

Se o alvo percebesse que o seu ar estava ruim uma vez que estivesse lá
embaixo, ele talvez não se importasse o suficiente para tentar chegar a
superfície antes de se afogar.

— Quanto tempo se passou desde que você mergulhou? — Zane


perguntou enquanto lutava para puxar a roupa colante para cima de suas
pernas. A maldita coisa era de borracha e se agarrava a ele. Ele deveria ter
trazido um pouco de talco.

— Eu revalido o meu certificado todo ano, — respondeu Ty, o falso


sotaque britânico novamente em pleno vigor hoje. Ele não estava lutando com
o terno de neoprene. Parecia haver uma técnica que Zane desconhecia. Ty
olhou para Zane e sorriu. Naquela manhã, ele não tinha se barbeado, a barba
escura contrastando assustadoramente com seu cabelo loiro-branco. Os
óculos de aviador que ele tinha esgueirado fora e comprado, quase
exatamente iguais ao par que ele tinha deixado em casa, lhe deu um ar
ligeiramente libertino quando ele sorriu torto e fechou o zíper da roupa. —
Por quê?

—Imaginando se você vai ficar entediado enquanto eles nos as lições de


reciclagem, — Zane disse a ele sobre a sua excursão de —experiência mista—
de mergulho. Ele bufou e finalmente conseguiu puxar o terno por suas coxas e
quadris. Agora ele só tinha que puxá-lo para cima sobre o peito para espremer
os braços nas mangas curtas. Colocar essa coisa era mais trabalhoso do que o
mergulhar.

Ty balançou a cabeça e pegou o tanque.


— O instrutor nos disse que os mergulhadores experientes podem sair
por conta própria, mais adiante da plataforma. Você precisa de ajuda? — Ele
perguntou perplexo enquanto assistia Zane lutar.

— Uma mão extra ou três seria apreciada, — Zane disse, embora


parecesse bobo pedir. — Não é como se nós fossemosvamos ficar com frio nas
águas do Caribe, — ele reclamou sobre o pesado terno isolante.

— Ao menos é um de três quartos e não um steamer40, — Ty disse com


uma voz quente. Ele ainda usava os óculos de sol, mas Zane de alguma forma
sabia que Ty estava olhando em seus olhos, em vez de para baixo enquanto
rodava a roupa de mergulho para cima do torso de Zane.

Zane deixou seu sorriso crescer um pouco parecido com um de tubarão.

— Eu acho que é quente41 o suficiente para um local público, — ele


concordou, com um ronronar.

Ty inclinou o queixo, chegando a tirar fora os aviadores e espiar Zane


cuidadosamente. Ele parecia à vontade com a roupa de mergulho abraçando
seu corpo. Sua pele era de um marrom saudável ao sol, e a brisa salgada
divertidamente levantava seu cabelo tingido da testa. Seus olhos eram de um
verde profundo à luz do sol. E Zane não tinha nenhum desejo de desviar o
olhar. Ty se inclinou e beijou Zane rapidamente, um simples roçar dos lábios.

— Da próxima vez, fazemos isso de verdade.

— De verdade? — Zane repetiu, um pouco sem fôlego.

— No nosso tempo livre, — Ty esclareceu, sua voz caindo para um mero


sussurro. — Em algum lugar tropical, onde não teremos jurisdição e não
seremos incomodados por assassinos ou ladrões.

40
Traje de mergulho de corpo inteiro.
41
Zane fez um trocadilho, já que steamer pode significar tanto um traje de mergulho de corpo inteiro
quanto uma caldeira ou um barco movido a vapor.
Zane sentiu o calor jorrar por ele, e não era por causa estar selado em
uma roupa de mergulho. Ele colocou as mãos sobre os quadris de Ty e o
puxou delicadamente para seus peitos colidirem.

— Gostei dessa ideia.

Ty riu baixinho e pegou Zane por ambos os pulsos, puxando as mãos.

— Um pouco de decoro, por favor, — disse formalmente. Ele se abaixou


e fechou a roupa de mergulho de Zane lentamente, tomando cuidado para não
pegar sua pele com o zíper.

— Decoro, — Zane murmurou. — Claro. — Ele teve que desviar o olhar


de Ty para a água, para conseguir manter esse conceito em mente.
Felizmente, o instrutor se levantou e lhe deu outra coisa para se concentrar.

O homem apresentou uma revisão básica de técnica e equipamentos,


bem como mais informações detalhadas sobre o recife artificial abaixo para os
mergulhadores mais experientes, mas Zane só estava ouvindo com metade de
sua atenção. Ty verificava ao longo do tanque de Zane, mangueiras e
medidores para se certificar que tudo estava em ordem e depois fez o mesmo
com o seu próprio equipamento. Ele murmurava para si mesmo, como
sempre fazia, e explicava a Zane o que estava fazendo, e isso era muito mais
interessante de se ouvir.

Assim que o instrutor terminou, Ty ergueu seu tanque e o atirou sobre


seus ombros, prendendo-o com um nível de familiaridade e competência que
até mesmo um novato teria reconhecido.

— Pronto para ir? — Ele perguntou a Zane brilhantemente, enquanto


puxava sua máscara sobre sua cabeça.

— Vamos, sabichão, — Zane respondeu com um sorriso indulgente


quando se moveu para sentar na beirada do barco de mergulho com cerca de
outras vinte pessoas. Ele puxou sua máscara e colocou o aparelho de
respiração. Achou que o pior seria se lembrar que ele não conseguia respirar
pelo nariz, e isso não seria difícil. Aquilo era meio emocionante, realmente,
em um bom caminho, para uma mudança. Ele se virou para olhar para Ty,
assim que seu parceiro caiu na água e desapareceu. Depois de respirar fundo,
Zane o seguiu.

Tudo estava, de repente, calmo e tranquilo ao seu redor, e tudo que ele
tinha de fazer era se concentrar na sua respiração. Era reconfortante. Zane
afundou lentamente através das camadas de azul e verde pelo que pareceu ser
um longo tempo, deixando que o peso das correias que usava o puxasse para
baixo enquanto se acostumava ao silêncio rugindo em seus ouvidos e
observou a água silenciar a luz brilhante acima da superfície. Ele afundou
junto com os últimos mergulhadores que estavam localizados mais perto da
superfície e um dos instrutores de mergulho que usava um terno amarelo
neoprene brilhante acenou para ele. Zane deu um sinal de positivo antes de se
corrigir e virar para espiar através da água mudando.

Quando olhou para baixo, Ty – Zane reconheceria aquela forma de


corpo em qualquer lugar – estava a vários metros abaixo dele, braços e pernas
como se estivesse flutuando na superfície. Era uma postura de total
relaxamento e prazer. Ele deu a Zane um pequeno aceno, então endireitou seu
corpo, deu um forte chute de suas pernas e mergulhou para trás, em relação a
Zane, mais fundo no azul claro. Vendo-o, Zane lembrou de um golfinho,
devido a facilidade com que se mexia através da água.

Zane viu alguns mergulhadores próximos verificando o recife de coral


que o mar tinha feito, mas ele estava contente em simplesmente flutuar
lentamente para baixo e manter um olho sobre onde Ty, o Super Golfinho,
nadava.

Foi fácil para Zane se perder debaixo da água, cercado pelo calor,
silêncio, e os cardumes de peixe coloridos nadando pela água sem fim. Tudo
isso estava marcado pela visão das manchas pretas dos outros mergulhadores,
e havia alguns poucos que afundaram mais ao longo da plataforma.
Quando se virou preguiçosamente na água, uma dessas manchas pretas
nadou em sua direção em uma velocidade alarmante, descendo sobre ele de
cima. Antes que Zane pudesse reagir, mãos fortes seguraram seu bíceps, e o
mergulhador —atacante— ficou suspenso de cabeça para baixo em cima dele.
A placa pressionando contra a de Zane, e os olhos castanhos de Ty brilhavam
alegremente quando olhou para ele e piscou. Zane riu e teve que ajustar seu
protetor bucal entre os dentes antes que pudesse golpear Ty, que já estava
recuperando a distância. Zane era um nadador decente, mas não havia
nenhuma maneira no inferno de que ele poderia pegar Ty. Seria divertido
tentar, embora, e Zane agarrou um braço, os dedos pegando na pele do pulso
de Ty, antes que seu parceiro balançasse fora do alcance.

Ty torceu e voltou para dar a volta ao redor e por atrás de Zane, e pelo
sorriso que Zane podia ver, mesmo por trás do bocal, ele poderia dizer que Ty
estava gostando do jogo de gato-e-rato, tanto quanto ele. Ty usou a traseira de
Zane para se lançar e correr para longe dele. Os braços maiores de Zane não
eram uma vantagem, a água o retardava o suficiente para que tudo que ele
conseguisse fosse a ponta dos dedos sobre o traje ou sobre a pele. Depois de
rolar tudo de novo na água enquanto perseguia um golfinho, Zane viu Ty
literalmente pinotear a distância, provocando e acenando. Aquilo atingiu
Zane, ele percebeu que não conseguia ver Ty assim muitas vezes: brincalhão e
descontraído. Zane realmente gostava. Ele era muito parecido com uma foca,
alegremente nadando em torno de uma baleia assassina e a provocando para
pegá-la. Queria que a oferta de Ty para irem a uma ilha tropical em sua
próxima extensão de tempo de folga fosse séria, porque era uma oferta muito
atraente, especialmente se este fosse o lado de Ty que ele veria todos os dias.

Ty deslizou ao longo do chão do oceano arenoso enquanto Zane o


observava. As sombras eram mais profundas lá, mas a visibilidade ainda era
boa. As ondas estavam acima a um mundo de distância, e a paz e a alegria do
momento, completava a cena, embalando Zane em simplesmente aproveitar
isso.
Ele deveria saber que aquilo não iria durar.

Ty parou o mergulho de lazer e caiu de joelhos na areia no fundo do


oceano. Uma nuvem de sedimentos e areia perturbada subia ao seu redor em
câmera lenta. Parecia que ele estava verificando um dos indicadores do seu
tanque de ar. Depois de várias respirações, Zane se endireitou e chutou as
pernas algumas vezes para ir naquela direção para ver o que estava
acontecendo.

Ty olhou para cima quando Zane se aproximou. As nuvens escuras ao


seu redor tinham começado a acalmar, e Zane podia ver seu peito e ombros
com clareza novamente. Ele fez um gesto para Zane se aproximar, e quando
Zane ficou ao seu alcance, Ty estendeu a mão e segurou seu ombro, olhando
de perto para o seu medidor de ar. Ele, então, se inclinou para trás e bateu em
seu próprio medidor, fazendo um gesto para Zane para olhar para ele.

Dizia que o tanque estava meio vazio. Muito ar sobrando. Zane deu de
ombros. Por que Ty olhava para aquilo? Zane estendeu ambas as mãos, com
as palmas para cima, e as levantou em um movimento de —e daí?

Ty sacudiu a cabeça e apontou para o seu bocal. Então, fez um


movimento de parar na sua garganta e apontou para o indicador novamente.
Ele queria que Zane desligasse o ar? Aquilo não podia estar certo. Zane
balançou a cabeça, encolheu os ombros e olhou para Ty, esperando ele
elaborar.

Ty jogou a cabeça para o lado, revirando os olhos por trás da máscara


em frustração. Então, para a surpresa crescente de Zane, ele puxou o bocal da
sua boca e encolheu os ombros para fora do tanque, ficando sem ar em tudo.
Zane gritou um ilegível —Que inferno— através de seu protetor bucal e
agarrou o braço de Ty enquanto olhava ao redor à procura de um dos ternos
amarelos. Se Ty o estava empurrando ao redor, Zane não queria que o
instrutor visse. Mas um outro olhar disse a Zane que Ty não estava se
divertindo mais.
Ty apontou para Zane, em seguida, para si mesmo, e, em seguida,
empurrou o dedo para cima. Ty queria que eles subissem para a superfície. Ty
acenou para o tanque de ar e passou os dedos pela garganta novamente, Zane
olhou para o tanque descartado, e aquilo clicou. Apesar do que o mostrador
dizia, o tanque estava sem ar... assim como Ty já estava há algum tempo.

Zane acenou com a cabeça, mas ele pegou o braço de Ty e bateu em seu
próprio bocal e, em seguida, no peito de Ty. Zane teve que puxar a alça de seu
equipamento e eles poderiam compartilhar o bocal e o ar.

Isso havia funcionado no filme de James Bond. Por que não agora?

Ty concordou bruscamente. Ele não estava se debatendo ou entrando


em pânico. Muito parecido com sua reação a ficar pendurado na plataforma
sobre a parede de pedra, ele estava irritantemente calmo. Mas ele
provavelmente esteve prendendo a respiração há um tempo, e se o tanque de
ar não estava cheio, não havia como dizer quanto ar que ele obteve nessa
última respiração. Quando Zane teve o bocal livre, Ty o pegou e rapidamente
o colocou na sua própria boca, respirando profundamente antes de entregá-lo
de volta e balançar a cabeça.

Alcançou o tanque descartado e o atirou nas costas sobre seus ombros,


seus movimentos desajeitados na água. Então apontou para cima, tocando
seu relógio com várias voltas exageradas. Zane acenou com o bocal quando o
reassentava sem o fixar na cinta e começava a nadar em direção à luz. Eles
tinham um longo caminho a percorrer.

Mas Ty passou um braço ao redor do pescoço de Zane, o puxando com


força e balançando a cabeça. Seus olhos eram quase da cor da água, por trás
da máscara, a cor do mar e do sol acima refletindo e fazendo truques com a
luz. Ele olhou Zane nos olhos com preocupação quando parou seu progresso e
eles ficaram pendurados na água juntos no silêncio, um momento
estranhamente pacífico no meio de uma emergência. Zane sabia que Ty estava
tentando lhe dizer algo importante, mas ele simplesmente não estava
entendendo, e isso o preocupava, quase tanto quanto o seu desejo de
chegarem rapidamente à superfície.

Então Ty balançou a cabeça e bateu no relógio de novo, cada toque mais


lento e mais deliberado que o último antes de apontar para cima novamente.
Zane franziu a testa e balançou a cabeça enquanto cerrava o punho na água.
Ele sabia que não ajudaria ficar frustrado, mas ele odiava não ser capaz de
entender.

Ty pareceu sentir o que ele sentia e acariciou a mão de Zane com uma
mão enquanto alcançava com a outra o cinturão de Zane e soltava um dos
pesos, o deixando cair. Eles começaram a flutuar preguiçosamente para cima.
Ty pegou o bocal, dando a Zane um momento puxar uma ultima respiração
antes de puxá-lo para fora da boca de Zane. Mas, em vez de colocá-lo em sua
própria, ele o segurou para o lado e se inclinou para beijar Zane tão
apaixonadamente quanto as máscaras de mergulho e a água permitiam. A
força nisso surpreendeu Zane, e ele agarrou Ty, tentando não deixar que o
beijo o distraísse de seu problema. Não foi a melhor das ideias, quando eles
não sabiam o que tinha acontecido com o tanque de Ty.

Eles também não sabiam o que tinha acontecido a corda guia de Ty na


parede de escalada.

Zane puxou para trás, os olhos arregalados enquanto olhava para Ty, em
seguida, até a superfície e de volta. Poderia muito bem ser perigoso lá em
cima.

Ty estava balançando a cabeça, como se estivesse dizendo a Zane para


não pensar sobre isso. Ele respirou fundo no bocal e, em seguida, o bateu de
volta na boca de Zane. Eles estavam subindo muito lentamente, segurando o
outro perto e se empurrando ao redor um do outro pela corrente em uma
dança prazerosa que teria sido violentamente romântica e divertida em
qualquer outro cenário. Cardumes de pequenos peixes coloridos nadavam
alegremente ao redor deles.
Ty parecia determinado a ir devagar e isso acalmou Zane lentamente. Ty
teria estado mais preocupado e ativo se eles estivessem em perigo iminente.
Então ele moveu os braços para segurar Ty próximo e igualar a sua respiração
enquanto subia suavemente.

Eles estavam fazendo progressos, embora fosse difícil julgar quanto


mais tempo levaria para chegar lá. Zane sabia de uma coisa; Ty nunca teria
conseguido subir para a superfície se ele estivesse ali, sem ajuda,
especialmente se Ty acreditasse que tivesse que subir assim lentamente.

Quando Ty pegou o bocal uma vez mais, ele respirou fundo, em seguida,
cutucou o nariz contra o de Zane e o beijou novamente. Este foi um beijo
suave, uma indulgência lânguida que poderia quase fazer Zane esquecer que
alguém poderia estar tentando afogá-los.

Quando Ty o terminou, olhou para cima e tomou uma respiração mais


profunda do bocal e depois de tê-lo cuidadosamente colocado de volta na boca
de Zane e retirou um pouco mais de seus pesos. Eles subiram mais
rapidamente, ganhando velocidade quando Ty começou a chutar em direção à
superfície.

Quando suas cabeças quebraram a superfície da água, estava


barulhento, o barulho da água contra eles, quase ensurdeceu Zane por um
momento. Ty respirou fundo o ar e arrancou a máscara. Ele parecia tão
aliviado quanto Zane se sentia quando piscava fora a água que entrou em seus
olhos. Zane empurrou seu protetor bucal para fora e olhou em volta. Eles
estavam a quase trinta metros do barco de mergulho, em que um dos
tripulantes acenava para eles. Virou-se para Ty e pegou o tanque vazio de seu
ombro.

Ty golpeou suas mãos arranhando.

— Você não pode nadar e também segurá-lo, — disse com uma voz
áspera. Em vez disso, estendeu a mão e arrancou a máscara de Zane da
cabeça, os dois boiando na água com dificuldade, enquanto as ondas os
lambia. Ty não disse outra palavra. Ele apenas puxou Zane para mais perto e
o beijou uma terceira vez enquanto balançavam nos braços um do outro. Zane
deixou Ty controlar isso - e ele – quando ofegaram pelo beijo, não deixando
ir.

Quando Ty finalmente se afastou, ele ergueu o queixo fora da água e


olhou sério para Zane por cima do gentil movimento das ondas.

— Isso foi pelo ar, — ele disse ofegante, ainda um pouco fora do ar.

— O que diabos aconteceu? — Perguntou Zane.

— Eu me senti engraçado. Vertiginoso. Não deveria me sentir assim


debaixo d'água. Vamos lá. — Ele grunhiu e se virou e começou a nadar firme,
golpes poderosos em direção ao barco.

Depois daquele beijo, Zane estava tão fora do ar quanto Ty tinha estado.
Mas ele corajosamente começou a nadar atrás dele.

A tripulação já tinha ajudado Ty a subir a bordo pela extremidade plana


da embarcação quando Zane chegou, e várias mãos fortes o agarraram e o
puxaram para fora da água também. Ele se ajoelhou ao lado de Ty, que estava
tomando respirações profundas, agradecido pelo ar quente do Caribe.

— Sinto muito, — ele disse para Zane quando estendeu a mão e deu um
tapinha no ombro. Ele estava falando com o sotaque britânico e depois de
tudo o que aconteceu abaixo da superfície, isso parecia descontroladamente
impróprio. — Eu não podia nos deixar subir muito rapidamente. Eu estava
com medo que poderíamos está fundo o suficiente para arriscar nas dobras.

— Então era isso que você estava tentando dizer. — Zane deu de ombros
para fora do tanque quando um dos instrutores de mergulho tirou o peso de
seus ombros.

Ty encolheu de vergonha, as bochechas corando sob sua pele quando


outro instrutor se ajoelhou ao lado dele para tirar sua pressão. Preocupado,
Zane se esticou parte do caminho, mas parou, então se lembrou que poderia
tocar seu falso marido sem parecer estranho. Assim, ele tocou o topo da coxa
de Ty, então sua bochecha.

— Você está bem?

— Eu estou bem, — Ty respondeu com um aceno vigoroso. Olhou para


cima e encontrou os olhos de Zane por um momento, depois voltou seu olhar
para a mulher ajoelhada ao lado dele. — Exausto contra o fundo lá embaixo.
Suponho que bati algo solto, — disse à garota com um sorriso e um elegante
dar de ombros despreocupado. Foi o suficiente para enganar um estranho, e a
mulher sorriu para ele preocupada e o ajudou a tirar o tanque inútil.

— Acontece com o melhor de nós, — ela gentilmente ofereceu. — Pelo


menos você não entrou em pânico e tinha alguém perto o suficiente para
ajudá-lo.

Zane passou as mãos pelo seu cabelo para alisá-lo para trás e vigiar Ty
cuidadosamente.

— Nós vamos ter que pegar leve esta noite, — ele disse, deixando sua
mão cair levemente no joelho de Ty. Ele sabia que estava se aventurando em
território meloso, mas dane-se, o que tinha acontecido era mais assustador
agora, ao pensar sobre aquilo, do que tinha sido sob a água com Ty o
segurando em seus braços. Ele sabia porque Ty estava mantendo uma tampa
sobre isso, mas ele queria gritar aos quatro ventos que alguém tinha acabado
de tentar assassinar seu amante. De novo.

Ty sorriu, mas permaneceu em silêncio. Eles não queriam que os


funcionários ventilassem sobre mais uma tentativa contra suas vidas. A
notícia se espalharia como fogo no navio, e eles já tinham mais atenção do
que queriam.

Depois de mais alguns momentos para ter certeza que ambos estavam
bem, os dois instrutores os deixou sentados sozinhos perto da proa do
pequeno barco. Ty esperou até que ninguém estivesse ao alcance da voz antes
de inclinar contra a parte de trás do assento acolchoado e resmungou: —
Estou começando a não gostar deste caso.

Zane gemeu e esfregou os olhos.

— Eu realmente não tinha antecipado as tentativas de assassinato, —


murmurou.

A mão de Ty deslizou sobre seu joelho, descansando lá em um gesto


familiar que parecia tão estranho apenas uma semana antes.

— Nós vamos descobrir isso hoje à noite. Estou cansado de ficar sentado
esperando alguém me matar.

Zane moveu a mão para cobrir a de Ty enquanto ele concordou em


silêncio, observando o seu parceiro ao invés do azul do Caribe que jogava
suavemente atrás dele.

Depois de um longo banho quente, Zane simplesmente colocou um dos


roupões no banheiro e se juntou a Ty no quarto principal. Ele estava com
fome após a sua excursão.

— Ei, quer comer alguns sanduíches ou algo assim? — Ele perguntou


antes de cair pesadamente no sofá e colocar os pés em cima da mesa baixa na
frente dele.

Ainda eram seis horas antes do jantar, de acordo com o roteiro que
determinava as suas vidas.

— Qualquer coisa, menos peixe, — foi a resposta descontente de Ty. Ele


tinha passado do roupão após o seu banho para o jeans esfarrapado que
provavelmente acabaria roubando de Del Porter. Ele tinha a cabeça baixa
enquanto trabalhava para fazer um entalhe no chão em frente a varanda,
caminhando lentamente para trás e para frente.
Zane decidiu sugerir uma curta caminhada até uma loja perto com
serviço de balcão, que servia hambúrgueres e batatas fritas. Comida para
conforto parecia uma ideia brilhante e ele tinha certeza de que Ty poderia
usar algo normal. Mas, por ora, ele se sentou em silêncio e observou o seu
parceiro. Ele quase que podia, literalmente, ver a fumaça subindo acima da
cabeça de Ty.

— Ok, aqui está o que sabemos, — Ty deixou escapar quando virou para
Zane e apontou o dedo para ele quase acusador. — Armen Vartan contratou
Del para espionar Corbin Porter. Quando nos viu jogando de casal feliz, ele
decidiu que o seu plano tinha saído pela culatra, né?

Zane piscou pela explosão e respondeu com um prolongado e


cuidadoso, — Yeah. — Algo sobre esse pensamento o incomodava, mas ele não
tinha certeza do que. Mas Zane esteve um pouco surpreso ao descobrir que a
ideia dele e de Ty sendo descritos como um —casal feliz— gerava tanto riso
quanto desejo.

— E então nós temos os italianos na mistura, e se Dolce e Gabbana


forem legítimos agentes da Guardia di Finanza, comerei meus sapatos, — Ty
continuou com um aceno descuidado de sua mão quando se virou e andou
para longe de Zane em agitação. — Então, nós concluímos logicamente, que os
italianos são desonestos ou trabalham fora dos livros. De acordo? — Ele se
virou para olhar Zane com as sobrancelhas levantadas.

— Eu acho que é possível que eles sejam da Guardia di Finanza


perseguindo Bianchi, mas realmente não é provável que eles fossem
sancionados para trabalhar em um navio sob a bandeira de outro país. Então,
sim, eles não são legítimos, — Zane concordou.

— Ok, — Ty disse quase para si mesmo. Ele de repente parou de andar e


cruzou os braços, abaixando a cabeça e fechando os olhos. Ele cobriu os olhos
com uma das mãos e ficou ali, imóvel. — Ok, — repetiu, sua voz, um
murmúrio suave, quase íntimo.
O baixo ronronar da voz de Ty nunca deixou de chamar a atenção de
Zane. Não importava quando ele o usava: no trabalho, em casa, fazendo
compras, enquanto comia... e agora, ao pensar mais sobre o que Armen deve
ter visto para considerá-lo e a Ty como um —casal feliz—, isso fez Zane se
perguntar exatamente o que as outras pessoas viam.

— Digamos que eu seja Armen, — Ty disse, obviamente, não esperando


que Zane comentasse. — E eu tenho dois parceiros de negócios que quero que
desapareçam. Isso é por que as autoridades italianas estão atrás deles? Será
que é por que sou um canalha ambicioso e quero que todo o negócio passe
para mim? Se for o caso, então eu precisaria das informações deles também,
desde que o negócio foi compartimentado. Então eu estaria atrás dos seus
laptops, telefones celulares, qualquer coisa com registros de negócios.

Uma vez que Zane imaginou que Ty estava mais divagando, a maior
parte de seu pensamento voltou a mastigar a ideia de —casal feliz—. Zane
sabia que as pessoas no escritório os viam como parceiros que nem sempre se
davam bem. Isso era verdade. O que pensaram estranhos que se encontraram
com eles juntos, enquanto juntos, mas não sob disfarces?

A mudança no tom da voz de Ty interrompeu seus pensamentos, o


trazendo de volta.

— Eu plantei Del com Corbin, a fim de obter o que preciso dele, mas não
confio nele e pretendo eliminá-lo também, quando eu terminar. Bianchi é
mais difícil porque ele é casado, então eu suborno alguma autoridade italiana
para segui-lo, em seguida, levá-lo para baixo.

Ty estava falando mais rápido, aquecendo a sua linha de raciocinio.


Aquilo era um pouco perturbador se ver, quão facilmente ele se transformava
em um gênio do mal, e às vezes isso fazia Zane se preocupar sobre quão
diferente o cérebro de Ty deve ser conectado. Ty fazia loucos saltos intuitivos
que eram mais frequentemente certos do que errados. Zane era muito mais
analítico, escolhendo padrões para conectar os pontos. Então, ver Ty assim
era meio que de inspirador.

E estranho.

E, as vezes quente.

Ty continuou, sem se intimidar com a falta de provas ou a necessidade


de respirar.

— Então um ano ou mais após a infiltração de Del, eu tenho todas as


suas informações por causa dele e dos italianos sujo, e sugiro este cruzeiro e
uma reunião especial, balançando uma isca irresistível. Encontrar um
tesouro? Algo de um naufrágio em torno de uma das ilhas? Algo que vão
querer que chegue nas suas mãos e vender. Mas isso é irrelevante, — disse
com um movimento violento de sua mão. — Criei o encontro no mercado e me
certifiquei que vá mal para Porter e Bianchi. Na verdade, não há necessidade
de ter alguma coisa para vender se eu os matar antes do fim do cruzeiro.

A palavra “morte” desviou a atenção de Zane de se perguntar se ele e Ty


pareciam um casal em situações sociais - jantar em um restaurante local, as
viagens de compras ocasionais, e até se exercitar no ginásio. Ty ainda estava
falando. — Mesmo se o encontro planejado falhar, eu conheço os seus
itinerários, tenho homens a bordo do navio, e eles não tem nenhum lugar
para onde correr.

— Mas eles estão tentando matar só você. Até agora. Eu não. Não
Corbin, — Zane ressaltou.

Ty parou e olhou para ele, então estreitou os olhos.

— Del pode ser um problema, pois começo a suspeitar que ele realmente
ama Corbin, — ele respondeu. — Então, vou me livrar dele primeiro.

— Isso certamente perturbaria Corbin, — disse Zane. Isso estava


perturbando a ele, e Zane já sabia o que era lidar com a perda de um ente
querido. Ele voltou seu olhar para bloquear em Ty. — Dependendo de quão
próximos eles são, Corbin poderia ficar seriamente fora de comissão se
perdesse Del.

O olhar de Ty pareceu distante e ele balançou a cabeça lentamente.

— Ambos as tentativas foram desleixadas. Nenhuma era uma morte


garantida. A queda do muro provocaria ossos quebrarem, uma série de
prejuízos, para não mencionar o fato de que não havia maneira de saber que
eu iria primeiro. E não havia nenhuma maneira de saber se eu iria reagir
como um maluco ou se iria me matar. Sim, há o afogamento, mas era mais
provável que que provocaria um caso de doença descompressiva ou algum
desconforto respiratório pela histeria induzida. — Ele balançou a cabeça. —
Mutilar é tão bom quanto matar pelo que estão preocupados. Por quê? Como
isso os ajudaria a chegar a Corbin?

— Minha mente certamente não estaria no negócio, — Zane murmurou,


pensando no senso de posse e a necessidade de protegê-lo que o agarrou
quando Ty estava em apuros. Sua mente definitivamente não estava voltada
para o negócio na mão.

— Não, — Ty concordou. Seus olhos brilharam de repente e olhou para


Zane. — A menos que tenham a intenção de levá-lo à força. Armen sabe que
Del é um assassino contratado, mas agora suspeita de seus motivos. Ele acha
que Del protegeria Corbin porque o amava. Mas com Del fora do caminho,
eles estarão livres para tomar Corbin. Isso deve significar que eles precisam
dele para alguma coisa, algo físico.

— Algo que Del não pôde roubar, — Zane disse enquanto concordava. —
Com homens de negócios sujos, quem sabe? Poderia ser nomes, números de
contas, senhas. Inferno, isso poderia ser uma impressão de voz ou
escaneamento de retina, pelo que sabemos. Então Armen teria que ter Corbin
em pessoa, sob seu polegar. — Ele inclinou a cabeça para trás contra a parede.
— Se ele pensa que Del está apaixonado, — refletiu, — por que não o tomar
como refém?
A atenção dos olhos de Ty voltou para Zane por um longo momento, seu
rosto ilegível.

— Talvez ele saiba que você não está apaixonado, — ele colocou
calmamente.

Zane tentou manter os olhos de Ty, mas ele rapidamente foi forçado a
desviar o olhar. A intensidade do olhar o deixou mais desconfortável do que
esperava, porque ele sentiu algo por trás dele. Alguma coisa a ver com Ty não
sendo Del e Zane não sendo Corbin. Algo sobre o que aconteceria com
qualquer um deles, se o outro se fosse, e como aquilo faria o peito de Zane
doer, mesmo sem jogar a palavra “amor” ao redor, que realmente o assustou.

Foi o que incomodou Zane sobre a afirmação de Ty de como Armen


chegou a essa conclusão quando olhou para os Porters. Ele não estava
olhando para Del e Corbin. Ele estava olhando para Ty e Zane. E Ty pareceu
como se estivesse apaixonado...

Zane balançou a cabeça e deu um suspiro de acordo, porque ele estava


no limite e não tinha certeza de como consertar aquilo.

— Então Del sobreviveu a sua utilidade.

Ty caiu pesadamente ao lado dele com seus ombros caídos e uma


sensação desanimada sobre ele.

— Eu não estou preocupado com Del. Ele está em segurança na cadeia,


— murmurou. Ele olhou para Zane, uma sobrancelha levantada. — Mas, e os
Bianchis?

Zane deu de ombros.

— Ele não parece muito duro. É mais como um grande jogador europeu
que brinca à margem do crime.

Ty sentou para a frente e virou para que pudesse olhar Zane mais
atentamente.
— Zane, — ele disse impaciente. — Eu quis dizer e se eles também já
sobreviveram à sua utilidade? Eles se misturaram com pessoas ruins, mas não
merecem morrer por isso.

— Não, eles não merecem. — Era óbvio, vendo Lorenzo e Norina juntos,
como eram apaixonados. Ou isso, ou ambos mereciam o Oscar ou qualquer
que seja o equivalente italiano. — Então você acha que Armen quer o anel
inteiro, — Zane colocou. — E ele orquestrou esta viagem para eleminar seus
parceiros e atender os compradores ao mesmo tempo.

— Eu acho. — Ty ficou em silêncio, continuando a olhar para Zane com


uma expressão pensativa. — Onde está a sua cabeça agora? — Ele finalmente
perguntou. Não era o tom cáustico que ele geralmente usava quando
suspeitava que a mente de Zane não estava onde ele queria que estivesse. Foi
um inquérito suave, que em si era estranho o suficiente para fazer Zane
responder honestamente.

— Eu estava pensando... sobre o que Armen deve ter visto, — Zane disse
com certa relutância, arrancando o cinto de seu robe.

— Visto onde? — Ty perguntou em honesta confusão.

— Ao nos observar.

Ty bufou. Nem seu rosto nem seus olhos, normalmente expressivos,


mostraram qualquer coisa antes de ele desviar o olhar e levantar.

— Bem, claramente, ele viu que sou um ator melhor do que você, — ele
disse enquanto se afastava com altivez.

Zane não sabia como interpretar essa resposta. Não era sempre que Ty
evadia dele, o que significava que o seu parceiro estava escondendo algo.

— Pensei que você tinha dito que não acreditava que estivesse atuando
mais.

— Isso foi em referência ao fato de ser um gay flamejante, — Ty


respondeu ironicamente. Suas costas ainda estavam voltadas para Zane. Suas
mãos estavam em seus quadris e sua cabeça estava inclinada um pouco
enquanto olhava para fora das portas da varanda.

Zane levantou do sofá, ficou de pé e foi atrás de Ty. Ele sabia que Ty
podia ouvi-lo se mover, então não se preocupou ao se aproximar. Ele também
sabia que Ty estava desviando como um louco. E Zane pensou que podia
saber o porquê. Ele deslizou seus braços ao redor da cintura de Ty e suas
mãos frouxamente unidas.

— Não, não foi isso.

Ty ficou ainda mais tenso mesmo que só levemente, e virou a cabeça


para Zane. Ele parecia surpreso que, pela primeira vez, Zane o tinha chamado
através de seu ato de fumaça e espelhos.

— O que foi, então? — Ele perguntou calmamente.

— Você me quer, — Zane murmurou, sentindo-se extremamente seguro


sobre isso. Essa foi a razão porque Ty pareceu tão convincente para Armen.
Não era um —querer— como em querer transar explosivamente a cada meia
hora, embora certamente issp fizesse parte. E também não era o —querer—,
como em estar sozinho à noite. Era mais. Zane sorriu levemente enquanto
pressionava um pequeno beijo na orelha de Ty.

Ty bufou alto e virou a cabeça, e Zane sabia instintivamente que ele


provavelmente estava revirando os olhos e tentando não sorrir.

— E isso é um crime agora? — Ty perguntou em voz baixa.

Zane riu.

— Eu não me importaria nem se fosse. — Ele apertou os braços, não


querendo se afastar de Ty. — É mais do que apenas brincadeira agora, — ele
disse. — Não é? — Ele fez com que o tom de sua voz enfatizasse que não era
realmente uma pergunta.
Ty ficou imóvel em resposta. Ele nem mesmo parecia estar respirando.
O silêncio se estendeu mais, avançando em direção da tensão. Finalmente, ele
soltou a respiração em silêncio e abaixou a cabeça.

—Não, — mentiu alegremente, assim como ele fez em um hotel em Nova


York mais de um ano atrás.

Zane riu. A resposta Grady clássica, e, definitivamente, o que ele


preferia ouvir. Um “sim” só poderia ter lhe provocado um ataque cardíaco.
Ele segurou Ty mais perto.

— Você me deve.

— Devo? — Ty repetiu em voz áspera questionadora quando Zane sentiu


seu batimento cardíaco começar a acelerar.

— Hmm Mm. Como eu desejei você, — Zane respirou. — Isso me assusta


muito.

— Eu sei, — Ty murmurou quando se virou no abraço e se aninhou


contra o pescoço de Zane.

As mãos de Zane tremiam enquanto segurou o rosto de Ty e o beijou


suavemente, mais e mais. Ele não sabia onde tinha encontrado a coragem de
dizer o que disse. Mas tinha valido a pena. Ty passou os braços em torno de
Zane e o puxou para mais perto. Zane podia sentir o desejo começar a crescer,
tremendo como um fio elétrico entre eles, e ele gemeu avidamente, apertando
os dedos no cós da calça jeans desgastada pendurada na cintura de Ty. Ele
estava dividido entre esse lado assustadoramente terno de seu
relacionamento que estava vendo cada vez mais e o desejo antigo de derrubar
Ty no tapete e fodê-lo o sentido.

— Ty, — ele suspirou.

—Vamos lá, — Ty incentivou suavemente. Ele pegou sua mão e


começou a puxá-lo para a cama.
O olhar de Zane focou no de Ty, o que fez o seu coração bater ainda mais
rápido. Era quase demais, se deixar pensar sobre o que mais isto poderia
significar: Ele queria Ty, Ty o queria e ... e para evitar pensar sobre isso, Zane
deu dois passos largos para pegar Ty em torno da cintura e reivindicar outro
beijo.

Ty empurrou o roupão dos ombros de Zane. O material pesado


escorregou e travou sobre os cotovelos de Zane até que ele ergueu os braços
para deixá-lo cair no chão, ficando nu e excitado. Ty soltou seu jeans e o
empurrou para baixo. Assim que ambos estavam despidos, Ty enfiou os dedos
nos quadris Zane e o empurrou para a cama.

Zane cambaleou dois passos e os seus joelhos atingiram o lado do


colchão redondo, tirando seu equilíbrio o suficiente para que tivesse que
segurar com ambas as mãos para evitar cair de cara no edredom. Ty se
aproveitou da situação precária, colocando uma mão no centro das costas de
Zane e o empurrou levemente quando se aproximou por trás dele. Sua outra
mão deslizava sobre a pele de Zane, até o lado de suas costelas e de volta aos
músculos rígidos.

Zane podia sentir a cabeça do pênis nu de Ty se esfregando contra ele.


Ele empurrou para trás contra as coxas de Ty, movendo a bunda para se
esfregar enquanto arqueava e praticamente ronronava sob as mãos de Ty.
Porra, tinha passado muito tempo desde que ele tinha sido fodido, e agora ele
precisava disso.

Ty engasgou, o som foi seguido por um genido baixo e um impulso lento


de seus quadris contra Zane.

— Você quer isto assim? — Ele perguntou asperamente.

— Sim! — Zane mordeu fora.

Ty passou as mãos pela pele das costas de Zane novamente, seus dedos
traçando a linha da tatuagem.
— Espere, — ele ordenou em voz baixa antes de se afastar para a mesa
de cabeceira.

Zane obedeceu, na maior parte. Ele estendeu a mão e segurou o braço


de Ty.

— Só o lubrificante, — disse com a voz rouca. Eles já tinham meio que


conversaram sobre isso. Ambos eram testados com regularidade e não havia
dúvida quanto à segurança. E ele queria ter Ty dentro dele sem nada entre
eles.

Ty olhou para trás.

— Você tem certeza? — Ele perguntou sério.

Zane encontrou seus olhos e assentiu.

— Só você.

O som que Ty fez em resposta era mais um rosnar do que qualquer


outra coisa. Ele girou e começou a vasculhar a gaveta onde tinham guardado
seus suprimentos. Quando ouviu o estalo da garrafa aberta, Zane apalpou o
edredom e o puxou para baixo até que o amassou em uma pilha contra seu
peito.

— Ty, — ele disse com urgência, apoiando seu peso em uma mão para
que pudesse se acariciar.

— Deus! — Ty bufou incrédulo. Ele retornou em um longo passo. — Seja


paciente! — Ele ordenou, exasperado quando chegou perto de Zane e parou
sua mão, beijando suas costas quando se inclinou sobre ele. Seu pênis
cutucava Zane enquanto se movia.

Zane rosnou baixo em sua garganta, mas se soltou quando estremeceu


sob os lábios de Ty.

— Paciência, — Ty o lembrou quando empurrou o edredom longe e


pressionou totalmente Zane sobre os lençóis e o colchão.
Zane deixou Ty movê-lo, querendo apenas estar debaixo dele agora.
Para ter Ty o querendo. Para ter Ty mostrando o quando o queria. A
respiração de Zane falhou quando seus joelhos se espalharam, seu pênis
roçando os lençóis. Ty empurrou em seu peito enquanto mordia no ombro de
Zane e deslizava um dedo nele. A respiração falhou, Zane parou quando seu
peito esfregou os lençóis macios e Ty parecia o atacar a partir de dois lados ao
mesmo tempo. Ele engasgou com a pequena mordida e recuou contra o dedo
de Ty, soltando um gemido profundamente necessitado. Ty murmurou
absurdos em seu ouvido e, em seguida, raspou os dentes sobre a pele de seu
ombro novamente enquanto torcia o dedo dentro dele. Ele empurrou por trás,
usando todo o seu corpo, e forçou os quadris de Zane a empurrar para baixo
contra o colchão.

Gritando forte, Zane cavou seus quadris contra os lençóis para estimular
seu pênis endurecido. Se ele tivesse que rebolar no colchão, a fim de fazer que
Ty transasse com ele, ele ficaria feliz em fazê-lo.

Ty acrescentou outro dedo escorregadio, impaciente e os torceu


maliciosamente.

— Jesus! Ty! — Zane assobiou quando sua bunda apertou em torno dos
longos dedos de Ty. Ty cantarolou em resposta e cavou os dedos de sua mão
livre no quadril de Zane. Ele empurrou contra Zane, exigente e se inclinou
sobre ele para morder a pele macia sob a omoplata de Zane. Ty sabia que tipo
de resposta ele conseguiria. Zane gritou novamente e dirigiu os quadris para
trás e depois para baixo contra a cama. Ty pressionou contra ele e murmurou
novamente, perguntando se ele estava pronto.

— Foda, sim! Por favor! — Zane respondeu pesaroso, tentando


conseguir mais atrito contra seu pênis, mas o ângulo estava errado. — Por
favor, baby, — ele implorou com voz rouca.

Ty se apressou em retirar os dedos, se atrapalhou com a pequena


garrafa próxima ao joelho de Zane, e, em seguida, aplicou liberalmente o
lubrificante em si mesmo. Sua mão deslizou sobre a parte inferior das costas
de Zane em agradecimento, e o deslizar lento apenas fez Zane tremer
enquanto sentia os dedos acariciando sua pele. Ele ofegou o nome de Ty
novamente, tentando se manter o mais imóvel possível, enquanto agarrava os
lençóis. Ty parecia estar prendendo a respiração enquanto pressionava contra
Zane. Quando sentiu Ty escovar contra ele, Zane se perguntou se Ty já tinha
feito isso sem camisinha - ele não tinha feito - mas o pau de Ty empurrou nele
antes que ele pudesse pensar mais sobre aquilo.

Ty deu um gemido devasso enquanto balançava lentamente dentro.


Zane tentou relaxar enquanto Ty empurrava, mas o desejo o agarrando, o fez
ficar todo tenso. Ele mordeu o lábio contra um suspiro e tentou mexer um
pouco para fazer Ty se mover.

— Pare de se mover ou eu só vou gozar em todo o seu traseiro aqui, — Ty


rosnou para ele enquanto arrastava os dedos pelas costas de Zane.

Zane abaixou a cabeça e tentou tomar respirações até mesmo enquanto


seu corpo ajustava para deixar os deslizes de Ty. Então ele gemeu alto e
empurrou seus quadris como encorajamento.

— É isso aí, — Ty gemeu com dificuldade. Ele alcançou ao redor de


Zane e o acariciou lentamente, com a mão praticamente presa entre o corpo
de Zane e a cama. Ele empurrou mais, gemendo novamente quando fez isso, e
se deitou por cima de Zane e flexionou os quadris.

Zane abafou um grito enterrando o rosto contra os lençóis. O peso de Ty


sobre ele alterou toda a experiência e ele não conseguia pensar em nada
agora. Ele só podia reagir.

— Por favor, — sussurrou mais e mais quando Ty se movia lentamente


dentro dele. Ele podia sentir a dureza dos quadris de Ty contra sua bunda,
sentir o impulso do seu pênis nu mais e mais, sentir sua respiração na parte
de trás do pescoço. Só de saber que Ty estaria, literalmente, gozando dentro
do aeu corpo o fez formigar - ele estava muito consciente disso.
Ty gemeu, um lamentoso gemido, quando começou a balançar seus
quadris ritmicamente, retirando quase todo o caminho para fora e, em
seguida, deslizando de volta lentamente. Ele segurou o quadril de Zane
debaixo dele e o prendeu, apertou sua boca aberta contra a parte de trás do
ombro de Zane e sussurrou seu nome. Gemendo constantemente, Zane ficou
tenso novamente quando o clímax começou a ameaçar e seus músculos
apertaram ao redor de Ty, quando ele começou a se contorcer, tentando
mudar e obter um pouco mais de estímulo em seu pênis.

Ty ergueu os quadris e puxou Zane, o erguendo o suficiente apenas para


que a cada impulso Zane fosse empurrado em sua mão.

— Goze, Zane, — ele persuadiu em voz baixa. — Eu prometo que vou


continuar te fodendo depois que você gozar.

Uma vez que ele estava empurrando na mão de Ty, Zane começou a se
contorcendo, arfando o nome de Ty a cada empurrão. Mas tinha que ser mais
rápido, mais forte, mais profundo. Ty sabia, porém, como sempre sabia. Ele
aumentou o seu próprio ritmo, conduzindo Zane cada vez mais duro,
acertando sua próstata de forma irregular, forçando o pau de Zane em sua
mão alisada enquanto transava com ele. Zane mordeu um grito alto quando
ele atingiu o orgasmo, seu quente gozo amarrando sobre os dedos de Ty e
escorrendo para os lençóis enquanto ele empurrava para trás no pau de Ty
mais e mais.

Ty gritou com voz rouca quando os movimentos de Zane se tornaram


mais selvagem, mas ele conseguiu se manter empurrando mesmo quando
Zane apertou e se contraiu em torno de seu pênis. Ele deslizou a mão para
cima e sobre o quadril de Zane, espalhando gozo em sua pele. Ele o segurou
com força e realmente começou a empurrar contra ele, balançando o corpo e
batendo juntas sua úmida pele com a de Zane.
Zane finalmente gemeu, um longo e dolorido gemido, enquanto seu
corpo apertava ao redor de Ty. Se Ty continuasse, Zane estaria gozando
novamente. Ele podia sentir de volta o prazer crescendo no fundo de sua
barriga e bolas, e ele se movia com os golpes, inclinando para pressionar a
testa nos lençóis. Ty tinha prometido continuar transando com ele, e Deus, ele
estava fazendo isso.

Ty esticou sobre ele, retardando seus quadris quando sussurrou: —


Tudo bem?

Respirando vacilante, Zane abriu os olhos atordoado para ver os lençóis


emaranhados.

— Não pare, — ele respirou. Ele queria gozar novamente com o pau de
Ty dentro dele. Ele queria ouvir Ty. Ele queria sentir Ty gozar dentro dele
naquele momento. Oh puta que pariu, ele queria isso, sentir Ty tão
fodidamente perto...

Ty abaixou a cabeça e pressionou a testa contra as costas de Zane,


gemendo e grunhindo queixosamente, quando ele obedeceu. Ele empurrou
para cima, segurando um dos quadris de Zane e o ombro para usar como
alavanca. Ele ofegou com as estocadas martelando, e Zane gemia entre as
respirações duras enquanto se deliciava com a forma como Ty usava o seu
corpo. Ele estava meio duro novamente, o prazer irradiando de sua virilha a
cada movimento. Ele alcançou sob si mesmo com a palma da mão novamente,
alcançando até entre suas pernas para massagear também Ty.

Ty simplesmente gemeu em resposta e se agarrou a Zane duro quando


ele finalmente encontrou a sua libertação. Ele ofegava contra a pele de Zane
enquanto seus quadris continuavam a balançar, seu corpo sacudindo com a
estimulação. Zane agarrou-se quando Ty gozou e bombeou muito duro para
um clímax menor, mas mais acentuado, com o corpo tenso ao redor do pênis
pulsando de Ty.
Depois de uma eternidade de prazer quase doloroso, Ty parou e
pressionou a testa contra as costas de Zane, respirando com dificuldade.
Então ele saiu rapidamente, talvez apreciando o fato de que não tinha que se
preocupar com um preservativo. Zane estremeceu quando sentiu um rastro
quente de gozo deslizar ao longo do interior de sua coxa, e estava na ponta da
sua língua dizer para Ty que fizesse tudo de novo.

Uma vez que Ty recuou, os braços de Zane finalmente cederam, e ele


caiu de barriga, joelhos abertos, antes de se curvar em seu lado, ainda
vacilando enquanto choques de sensações o percorriam. Ele observou com os
olhos quase fechados, Ty se arrastando para cima da cama como um homem
que tinha acabado de correr uma maratona e caiu ao seu lado.

Ty se aproximou e colocou seu joelho entre as pernas de Zane, se


aproximou mais e se aninhou contra o rosto de Zane antes de beijá-lo.

— Você está bem? — Ele perguntou suavemente novamente.

Zane deslizou o braço por cima da cintura de Ty para ajudá-los a


permanecer perto.

— Sim, — ele sussurrou cedendo para a vontade de mexer seus quadris e


sentir mais do gozo de Ty deslizando entre suas nádegas e coxas. — Você?

— Talvez, — Ty murmurou em resposta. — Vamos ver na parte da


manhã, — ele acrescentou com um pequeno sorriso.

Zane estava sério, no entanto.

— Você vai acordar de manhã e pensar melhor sobre isso?

Ty languidamente o beijou novamente, deslizando a mão no cabelo


limpo de Zane e respirando profundamente pelo nariz para que pudesse
beijar Zane mais e mais.

— Não, — assegurou a ele uma vez que finalmente se afastou.


Zane rolou para suas costas o suficiente para liberar o outro braço para
que ele pudesse envolver ambos ao redor de Ty possessivo.

— Ok, — ele sussurrou quando conseguiu um fôlego. Ele se moveu


apenas o suficiente para pressionar suas testas juntas. — Não vi esse tipo de
coisa vindo.

— Droga, — Ty respondeu irônico. — Então eu poderei dizer que é tudo


culpa sua.

Zane golpeou as costelas de Ty. Ty grunhiu e empurrou, rindo.

— Você sabe o que quero dizer, — murmurou Zane.

Ty acalmou e cutucou mais perto.

— Talvez, — ele admitiu maliciosamente. Estreitando os olhos, Zane


afastou sua cabeça para olhar para o seu parceiro.

— Talvez?

Todo o corpo de Ty estremeceu com uma onda de prazer, e tremeu


quando o ar frio começou a tocá-lo.

— Você sabe que você me queria, — brincou com cuidado, com um


sorriso em sua voz.

Zane resmungou baixinho.

— Certamente não foi a sua disposição agradável que me chamou a


atenção, — murmurou enquanto beijava levemente a mandíbula de Ty.

— Claro que foi, — Ty bufou. — É a minha melhor característica.

—Sua bunda é sua melhor característica, — Zane corrigiu. Ty deu outro


huff insultado e começou a rolar para longe dele. Zane riu e flexionou os
braços, não o deixando afastar. — O quê? Você quer que eu diga mais alguma
coisa? Algo poético? Como seus olhos brilhantes? Ou seus cheios e carnudos
lábios?
— Minha personalidade cintilante, — Ty forneceu descaradamente.

— Seu apetite sexual insaciável, — Zane demorou, espalhando as mãos


nas costas de Ty para ancorá-lo no lugar, enquanto ele emaranhava suas
pernas com as de Ty.

— Isso é em parte culpa sua, — Ty acusou.

Zane sorriu.

— Eu vou aceitar a culpa, — ele disse. — Se você me falar a minha


melhor característica.

— Isso é fácil, — respondeu Ty. — O seu parceiro, — disse


descaradamente, conseguindo manter uma cara séria.

O sorriso de Zane suavizou e balançou a cabeça lentamente.

— Eu diria que você está certo.

— Oh, não faça isso, — Ty gemeu com um pequeno soco nas costelas de
Zane. — Piada, — murmurou. — Foi uma piada.

Zane apenas riu e balançou a cabeça ligeiramente, roubando um beijo


de Ty.

— Não é uma brincadeira, — discordou, embora ainda sorrindo. — Eu


não sou nenhum prêmio.

— Fale-me sobre isso, — Ty gemeu.

Zane riu e enterrou o rosto na junção entre o pescoço e o ombro de Ty,


inalando profundamente.

Ty cantarolou baixinho e rolou de costas, levando Zane com ele.

— Devemos pensar em nos limpar, — murmurou. —Você fez uma


bagunça.

— Eu fiz uma bagunça? — Zane perguntado incisivamente.


Ty rosnou no fundo de seu peito enquanto chegava mais perto de Zane,
impedindo Zane de acariciá-lo como ele estava prestes a fazer.

— Eu gostei, — ele disse com um olhar malicioso.

Zane virou a cabeça para morder o pescoço de Ty.

— Chuveiro, então?

— Hmm Mm, — Ty respondeu, embora não parecesse ter nenhum


plano de se mover.

— Parece promissor, — Zane resmungou, sorrindo contra a clavícula de


Ty.

— Se ficarmos aqui todo pegajosos, eu posso ter que te foder de novo, —


Ty advertiu.

— Oh, que agonia, — Zane disse com voz arrastada, puxando Ty para
mais perto para beijá-lo profundamente.

Ty rolou de repente, colocando-se em cima de Zane claramente com a


intenção de continuar na mesma linha. Mas eles estavam mais perto da borda
precária do colchão redondo do que qualquer um deles percebeu, e quando Ty
colocou todo o seu peso em Zane, ambos caíram fora da beirada da cama
redonda em uma pilha deselegante de membros, maldições e risos
estrondosos.
Capítulo Onze

Havia cerca de vinte altos apostadores a bordo do Rainha do


Mediterrâneo e Zane tinha jogado pôquer com todos eles.

A maioria eram jogadores acima da média. Eles não estariam na sala


privada deste exclusivo salão pay-to-play, se não o fossem. Alguns eram
excelentes jogadores, seja em virtude de habilidade, intuição, ou da efêmera
Senhora Sorte, isso não importava. E depois havia os experts.

Zane ainda não tinha decidido se ele se contava como um desses,


simplesmente porque Lorenzo Bianchi e Armen Vartan não eram, então Zane
não se empurrou contra os profissionais, que ele sabia o suficiente para ser
cauteloso.

Dois desses que Zane considerava experts, sentavam à mesa agora com
ele, Bianchi, e Armen, fazendo uma mesa flexível de cinco. Felizmente, ele
estava ali para relaxar e trocar ideias, não para ganhar. Considerando que seu
dia tinha sido uma montanha-russa até agora, ele poderia desfrutar uma noite
tranquila na mesa. Zane se moveu ligeiramente, tentando aliviar o
desconforto de sua tarde bastante ativa. Pensar que deixou Ty todo quente,
suave e saciado em sua cama fez Zane sorrir.

— Você está gostando de sua noite, Sr. Porter? — Perguntou Bianchi.

— Definitivamente, Signor Bianchi, definitivamente, — Zane falou


lentamente, enquanto o crupiê se aproximava da mesa com vários pacotes
novos de cartas.

Ver a tripulação do navio realmente envolvida dentro da operação de


jogo de altas apostas surpreendeu a Zane na primeira noite. Mas ele descobriu
que os crupiês eram pagos acima e além do seu salário normal para trabalhar
nas horas de folga para os jogadores que financiavam os seus próprios jogos
neste salão privado. O navio gentilmente doou o uso de cartas e fichas de
valores muito mais altos do que qualquer passageiro —normal— veria na sala
de jogo adequada.

Dinheiro realmente podia comprar mais dinheiro.

Aqui, no jogo particular, era a escolha dos jogadores enquanto eles


estavam ao redor da mesa. Eles jogavam os antigos clássicos 5-Card Draw e 7-
Card Stud, o popular Texas Hold'em e Omaha Hi-Lo e, ocasionalmente,
variações como Crazy Pineapple e Follow the Queen.

Analisar os números e descobrir as porcentagens, foi de certa forma


calmante para Zane. Era fácil, não era fatal, e ele nem sequer tinha que se
preocupar sobre o dinheiro. Ele admitia, era bastante apavorante jogar US $
5.000 ou 6.000 dólares antes nas big blinds42, mas depois de um tempo a
quantidade de dinheiro não significava nada.

Tudo isso desceu para as fichas.

Zane olhou preguiçosamente ao redor da mesa, catalogando o que sabia


sobre os seus adversários. O Expert Número Um jogava de forma agressiva e
gostava de apostar alto e apostar muitas vezes, mas ele saia de cena cedo, se
não tivesse as cartas. Ele preferia 7-Card Stud. Os lóbulos das orelhas ficavam
vermelhos quando se animava. O Especialista Número Dois jogava de
maneira uniforme, sempre ficava para ver a maior parte das cartas e fazia um
blefe decente. Ela gostava de Texas Hold'em. Mas ela tinha o mau hábito de
tocar uma de suas unhas bem cuidadas em alguma coisa quando tinha boas
cartas. Armen tinha uma cara de pedra –grande surpresa–, mas era um
jogador arrogante, como Zane o imaginava como um homem de negócios. Ele
sempre escolhia 5-Card Stud para forçar os outros jogadores a apostarem.
Armen não ficava muito ou tomava riscos a não ser que a porcentagem estava
42
A big blind é a maior das duas apostas forçadas num jogo que envolve blinds. A menor das apostas
forçadas e por conseguinte chamada a small blind.
do seu lado. E Bianchi, ele era tão passível como um jogador de pôquer como
era em pessoa, sorrindo e falando, que era quase tão impossível de ver através
quanto a própria máscara sem emoção de Zane. Bianchi gostava das variações
de pôquer, algo diferente a cada vez. Mas, como Ty tinha apontado, ele
esfregava as abotoaduras quando estava no caminho certo.

A observação de Ty realmente fez Zane parar e pensar sobre o que


estava fazendo. Sem a bebida, ele sabia que podia jogar melhor que qualquer
um ali, se ele colocasse sua mente naquilo. Ele conhecia os números, era
paciente, e literalmente não tinha nada a perder.

Durante a primeira hora e meia mais ou menos, Zane jogou de forma


conservadora, preso a Évian43 com gelo e um toque de limão, e manteve um
olho sobre os outros jogadores, confirmando tiques e, mais importante ainda,
confirmando humor. Mesmo o melhor jogador era mais provável de se trair se
estivesse animado, chateado ou com raiva ao invés de contente com o mundo.
As cartas não importavam, porque cada jogador trazia com ele o humor para a
mesa.

Zane também usou o tempo para começar a estabelecer um falso tique.


Era um risco, mas que valeu a pena no passado, e não doía nada usá-lo, desde
que ele ficasse consistente. Sendo o escorregadio e confiante Corbin Porter,
Zane tinha certeza de que o homem teria um tique. Ele tinha muito ego para
que não tivesse. Zane escolheu algo sutil: uma breve carícia nas cartas se ele
estava feliz com elas. Caso contrário, suas mãos ficavam claramente em cima
da mesa.

Então Zane ficou sério.

Dobre se você não tiver um par ou melhor lá pela terceira carta em 5-


card stud. Em 7-card stud, mais mãos são conquistadas pelo maior de dois
pares ou mesmo por um único par, do que por straights44, flushes45, ou

43
Évian, é uma marca de água mineral proveniente de várias fontes perto de Évian-les-Bains, na
margem sul do Lago de Genebra. Hoje, a Évian é de propriedade da Danone, uma empresa multinacional francesa.
44
Straight Flush: Cinco cartas em ordem numérica, todas do mesmo naipe.
displays maiores. Five-card draw é tudo sobre porcentagens e ases. Jogar
para colher o pote em Omaha Hi-Lo, receber metade mantém você no jogo.
Jogar, altas mãos fortes e de forma muito agressiva em Texas Hold'em ou ir
em frente e dobrar. É tudo sobre os números.

É tudo sobre as fichas.

E Zane começou a esquadrinhá-los dentro.

Número Um ficou frustrado rápido, vendo sua pilha de fichas diminuir e


deixou as suas emoções obterem o melhor dele. Zane o colocou para fora com
um jack-high straight após uma rodada de Texas Hold'em, e o homem saiu.
Bianchi começou a dobrar mais do que costumava, contente em beber seu
uísque e jogar de comentarista depois de perder a maior parte de suas fichas
para a Número Dois por nove sobre sete em uma particularmente brutal
rodada de 7-card stud.

As fichas de Zane aumentaram. Número Dois se segurou até Armen


enganá-la em algumas centenas de milhares de dólares em fichas por - na
visão de Zane - blefar em uma dobradura. Assim restava Armen e Zane com o
volume das fichad entre eles, e era a vez de Zane escolher o jogo. Exatamente
o que ele estava esperando. As prodigiosas pilhas significavam que Armen
estaria mais disposto a jogar, se o perfil sobre dele de Zane estivesse correto.
O que Zane não sabia sobre o difícil de ler Sr. Armen era se o homem seria
incitado à ação.

— 5-card draw. Por tudo isso.

Armen levantou uma sobrancelha quando Número Dois soltou um


suspiro duro e se abanou enquanto Bianchi começava a contar fichas.

— Você sabe quanto dinheiro está sobre a mesa, Sr. Porter? — Bianchi
perguntou, sem nenhuma advertência em sua voz.

45
Flush: Cinco cartas do mesmo naipe.
— Eu estou ciente, — disse Zane calmamente, os olhos ainda fixos nos
de Armen.

— O que você propõe não precisa de nenhuma habilidade, Sr. Porter,


apenas pura sorte, — Armen observou.

— Oh, eu estou me sentindo com sorte hoje, Sr. Armen, — Zane


assegurou, apesar do pico de aborrecimento que a implicação causou. Armen
estava protelando e Zane podia ver as rugas formando nos cantos dos olhos
do homem. Então deliberadamente Zane sorriu, jogando Armen em “um ouse
apostar tudo”.

Armen fungou.

— Muito bem.

Eles empurraram suas fichas para o centro da mesa e depois Zane se


sentou com seu copo de Évian e acenou para o crupiê.

— A dobra será negociada novamente, senhores? — Perguntou o crupiê.


Zane olhou para Armen com um dos sorrisos cheio de si de Corbin.

— Sem renegociação, — disse Armen breve.

— Assim valor do pote será de $ 500.000, — o distribuidor anunciou


sem um piscar de olhos, e embaralhou as cartas antes de começar a lidar
habilmente. Realmente não era justo, Zane refletiu quando pegou suas cartas.
Armen não sabia que Zane não tinha participação no dinheiro.

Os números passaram zunindo pela sua mente quando a ação


aconteceu.

As probabilidades são de uma em cada duas para receber um par ou


superior.

Ele assistiu Armen embaralhar suas cartas antes de olhar para as suas
próprias cartas. Zane não se preocupou em arrumá-las.
As chances de estar lidando com um par de valetes ou superior são de
uma em cinco.

Não havia lance para ser feito. Armen tinha chamado primeiro e levou
duas cartas novas.

As chances de fazer uma trinca ao puxar duas cartas para um par e


um kicker são 12-1.

Zane baixou três cartas viradas para baixo para o crupiê as substituir,
pegou as novas, deu uma olhada, em seguida, as colocou numa pequena pilha
sobre a mesa viradas para baixo. Ele focou todo o peso de sua atenção sobre
Armen.

Ao extrair três cartas para um par, as chances de fazer um full house


são de 97-1.

Por cima das fichas, Armen o observava de perto a procura qualquer


sinal, qualquer indício que iria ajudar. Ele quebrou o contato visual para olhar
brevemente para as cartas de Zane, e seus lábios comprimiram duro em uma
exposição sutil de ressentimento.

Armen abruptamente se levantou, deu um olhar mortal para Zane,


baixou as cartas viradas para baixo na mesa, ajeitou a gravata e se afastou.

Zane o observou ir, interiormente espantado, e então ele percebeu o que


Armen tinha visto: Ele estava acariciando suas cartas muito ligeiramente com
o polegar.

Número Dois debruçou para virar as cartas de Armen: três dez com um
kicker ace. Bom.

Zane apenas sorriu inocente e colocou a palma da mão sobre o seu


solitário par de rainhas.
Depois de várias bandejas de fichas negociadas por crédito em sua
conta, Zane saiu do cassino e da sala de jogos, voando reconhecidamente um
pouco alto.

Não era todo dia que um homem ganhava $500,000 em um blefe meio-
que- intencional de pôquer. Bianchi tentou atraí-lo para uma rodada de
congratulações com aquele whisky bom demais, e embora Zane tinha estado
extremamente tentado, ele tinha apresentado suas desculpas, alegando com
um demasiado-verdadeiro desejo de regressar ao seu amante para uma não
tão pequena celebração por sua conta.

Ainda assim, após a oferta de Bianchi os desejos baixaram, e Zane


decidiu vagar pela avenida e olhar as vitrines um pouco no seu caminho de
volta para o camarote.

Ele passou pelas lojas turísticas cafonas e ainda assim caras e demorou
na loja de couro, não que ele precisasse de um outro casaco. Zane não iria se
separar do dele, com seus rasgos, lágrimas e tudo mais. Ele o manteve desde
que Ty o jogou para ele em Nova York durante o caso de assassinatos em série
que quase matou os dois.

Quando ele seguiu em frente, uma pequena banca de jornal com um


estoque de livros chamou a sua atenção, mas Zane resistiu à tentação dos
livros de bolso, com um suspiro, embora ele olhasse para um livro de palavras
cruzadas e pensou em comprá-lo para Ty, só para rir dele. Virou a esquina em
seu caminho para as escadas e estava a meio caminho após passar por uma
joalheria extremamente cara, quando um brilho opaco chamou a atenção de
Zane. Ele parou e olhou distraidamente sobre vários estojos de joias e seus
olhos pousaram em um estojo exibido discretamente.

Os detalhes da peça entraram em foco quando se aproximou do estojo, e


um dos onipresentes membros da tripulação estava lá para retirá-lo e
apresentá-lo, sem sequer perguntar.
Um elegante pingente de prata polida pendurado em um cordão de
couro preto enrolado, realçado pelo veludo cinza do expositor. O pingente
trabalhado a mão era aproximadamente do tamanho e forma de um níquel, e
a margem interna ostentava uma bússola de dois tons rosa. Cada um dos oito
pontos, terminavam em um pequeno diamante cortado ajustado no selo
redondo.

Aquilo estava comprado, pago, e embrulhado antes que Zane pensasse


no que estava fazendo. Se ele estivesse se sentindo particularmente
romântico, poderia admitir que às vezes pensava em Ty como sua bússola.
Mas essas palavras não iam sair dos seus lábios. Hoje não, de qualquer
maneira. Não até que ele soubesse por que pensava isso. Não até que isso
parasse de assustá-lo.

Depois de experimentar um momento de pânico sobre o impulso de


uma compra real, Zane decidiu em qualifica-la como um presente de Natal.
Ele podia comprar para seu parceiro - seu amante - um bom presente de
Natal, certo? Podia não ser o estilo de Ty, mas Zane não se importava. Depois
de se decidir sobre isso, tudo o que via enquanto caminhava de volta para o
camarote com o pequeno pacote em seu bolso, era a bússola rosa aninhada
contra o oco da garganta de Ty.

TY não percebeu que tinha adormecido, até que ouviu o clique da porta.
Ele se sacudiu acordado e chegou para o lado da cama, onde uma arma
normalmente estaria aninhada entre o colchão de molas e caixa. Em vez
disso, ele encontrou a borda arredondada da cama circular que ele nunca iria
se acostumar, e caiu no chão.

A —Corbin— voz de Zane veio flutuando para dentro da cabine.

— Querido, eu estou em casa.


— Cristo, — Ty murmurou quando se levantou e olhou por cima da
borda da cama para olhar para Zane.

Zane passeou – não havia outra palavra para isso que não fosse passeou
- pela sala, com uma mão no bolso da calça, a jaqueta de seu terno
casualmente desabotoada.

— E como foi a sua tarde, boneco? — Ele perguntou com uma piscadela.

— Eu estava aproveitando uma soneca, eu acho, — Ty murmurou


enquanto se levantava. — Deus, você está presunçoso. O que você fez?

Zane sorriu.

— Eu tive um bom dia nas mesas.

— Ah, é? — Ty questionou, cortando as palavras com um bocejo,


enquanto esticava os braços acima da cabeça.

— Oh yeah, — Zane respondeu. Ele se moveu para ficar na frente de Ty.


— Diga-me, baby. O que você faria com 500 mil dólares?

Ty levantou uma sobrancelha.

— Eu... provavelmente colocaria na poupança com todo o dinheiro que


eu nunca gastei dinheiro. Por quê?

— Não há nada em que você gostaria de gastar isso? — Zane perguntou


enquanto se senteba na beira da cama. — Talvez se nós gastarmos uma parte
dele agora, o Bureau não vai descobrir sobre isso. — Aquele sorriso ainda
estava no lugar e ele estava segurando o riso claro.

Ty rapidamente piscou para ele, chocado com suas palavras. Zane tinha
levado um par de fichas de 10000 dólares de pôquer algumas noites atrás,
apenas para assistir Ty revirar os olhos. Mas isso?

— Você está dizendo que realmente ganhou meio milhão de dólares? —


Ele perguntou incrédulo. Zane assentiu com a cabeça e deu de ombros. Ty
sentou duro ao lado dele. — Você está brincando comigo? — Ele perguntou
com uma risada. — Jesus, Zane. Vamos para Vegas quando isso acabar.

Zane riu alto.

— Eu disse que era bom no pôquer. — Ele balançou a cabeça e ficou de


pé de novo, começando a retirar o casaco. — Eu vou avisá-lo, no entanto.
Armen vai estar mal-humorado por um tempo.

Ty gemeu e caiu de costas.

— Ele provavelmente vai me pedir para matá-lo agora. Eu espero que


você se comprou algo de bom.

— Eu tenho a sua volta, — Zane disse enquanto avançava sobre a cama e


se ajoelhou no colchão, um joelho de cada lado das coxas de Ty, e inclinou
sobre ele. — E a sua frente, — ele disse lentamente. — Vamos, Boneco. Não
seria certo se eu não saísse para comemorar esta noite.

Ty bufou e balançou a cabeça enquanto olhava nos olhos de Zane.

— Ou, — ele disse lentamente, — nós poderíamos ficar em casa e


comemorar. Gastar os seus ganhos ilícitos em serviço de quarto, não
precisando nós preocupar em ser morto, e eu podia largar o sotaque essa
noite.

O olhar de Zane ficou faminto e intenso enquanto se concentrava em Ty.


Ty amava aquele olhar em seus olhos.

— Eu poderia ser facilmente influenciado por essa ideia.

Ty mordeu o lábio e levantou o queixo ligeiramente, deslocando os


ombros em convite. Ele e Zane sabiam que ele não tinha que realmente dizer
qualquer coisa para balançar Zane. E Zane não decepcionou, se inclinou para
beijar Ty docemente.

— Não é muitas vezes que eu posso dizer 'você pode ter o que quiser,
baby', — Zane praticamente ronronava. — Mas esse é um desses momentos.
Ty sorriu serenamente, tentando manter o toque de melancolia fora
dele. Ele sabia que Zane quis dizer o que disse. O Bureau não tinha maneira
de saber que ele tinha acabado de ganhar todo esse dinheiro. Eles podiam sair
e gastar tudo, e ninguém seria sensato. Mas Ty nunca tinha sido um homem
muito materialista.

— A única coisa que eu quero é você, — ele sussurrou.

APÓS o mergulho assustador do dia anterior, eles concordaram em


pular os passeios Jet Sky e snorkeling46 em favor de tentar descobrir como
quebrar alguma coisa, qualquer coisa, neste seriamente fodido caso. Ty tinha
percebido que não haveria muita ação. Eles estavam na periferia de uma
investigação maior, sabiam disso. Mas ele e Zane não eram prováveis
candidatos para sentar e não fazer nada por muito tempo.

Havia uma refeição à noite com todos os participantes. Mas, enquanto


tinham a certeza de aprender sobre o —encontro— vindouro que estava
planejado no jantar, Ty preferia estar um passo à frente. Isso o estava
deixando louco, que eles não poderiam mesmo dar passos de bebê. Então,
estava vasculhando os livros que Del Porter tinha usado para fazer anotações,
tentando vislumbrar qualquer coisa útil neles.

Até agora, ele não teve sucesso.

Ele tinha proposto uma busca na suíte de Armen, mas Zane vetou a
ideia. Ty ainda era da opinião que eles iriam encontrar a informação que
estavam atrás no camarote de Armen, mas ele não podia fazer a busca

46
O Snorkeling ou apneia é uma prática esportiva de mergulho em águas rasas com o objetivo de
recreação, relaxamento e lazer. O mergulhador usa apenas uma máscara, nadadeiras e um tubo de aproximadamente
40 centímetros para respirar sob a água. Esse tubo chamado snorkel também identifica a prática deste tipo de
mergulho bastante conhecido em regiões costeiras, onde a transparência do mar, a rica flora e fauna podem ser
apreciadas e contempladas
sozinho. Zane não estava com disposição para ouvi-lo e, provavelmente, por
uma boa razão, considerando a possibilidade muito real de que Armen estava
tentando matar um ou ambos. E Ty não iria encontrar nenhuma ajuda de sua
equipe de apoio. Ele e Zane tinham tentado mais uma vez caçar um dos
membros da equipe do FBI, sem sucesso. Alguma equipe de apoio. Quando Ty
correr para qualquer um desses brutamontes, ele estava indo para dar uma
bronca. Uma reprimenda na ponta de lápis, de preferência.

Ele não conseguia encontrar nem pé nem cabeça nos rabiscos escritos
nos livros, e tentar estava começando a lhe dar uma dor de cabeça.
Finalmente, jogou o livro sobre a mesa e apoiou os cotovelos sobre os joelhos,
esfregando as têmporas com os dedos. Quando isso não ajudou, ele conduziu
uma mão e procurou o ponto de pressão entre o polegar e o indicador,
apertando com força. Mãos quentes estabeleceram sobre seus ombros e
começaram a massagear a base de seu crânio, trabalhando nos duros
músculos doloridos de seu pescoço. Ty gemeu baixinho, continuando a
apertar no ponto de pressão até que esse e os dedos em seu pescoço
começaram a forçar a cabeça para trás.

— Obrigado, — murmurou.

— Você está estressando — disse Zane. — Mais do que o habitual. Não


que seja injustificado.

Ty suspirou profundamente. Ele colocou a mão perto de sua cabeça, em


busca de uma analogia que Zane poderia identificar.

— Eu só estou... ficando muito input47, — tentou com uma voz frustrada.

— Há muitos detalhes e não há contexto suficiente, — disse Zane.

— Sim, — disse Ty com alívio. Ele se inclinou mais nas mãos de Zane. —
Normalmente, eu estaria fazendo o perfil do criminoso, mas não há sequer
um verdadeiro crime. Não podemos olhar muito perto sobre a parede de
47
INPUT é uma expressão da língua inglesa que significa entrada. O termo é muito utilizado na área da
Tecnologia da Informação (TI), como também em diversas outras áreas da atividade humana, como eletricidade,
hidráulica etc.
pedra ou no incidente de mergulho ou nós explodimos o nosso disfarce. E sem
qualquer informação concreta, algo que possamos recolher de tudo isso são
apenas... suposições.

— Nem mesmo tão educado, pois todos nós estamos no escuro e


separados de recursos. — Zane continuou a massagear os nós no pescoço de
Ty, e seus dedos estavam quentes, pegando na pele do Ty. Ty esticou o
pescoço para olhar para ele, descansando o topo de sua cabeça contra a
barriga de Zane.

Zane parou a fricção e olhou para baixo para encontrar os olhos de Ty.

— Muito forte? — Ele gentilmente pressionou seus dedos contra um dos


nós recalcitrantes.

— Eu não estou tão dolorido como estava, — Ty murmurou. — Isso está


ótimo. Você ainda se opõe a procurar na suíte de Armen?

Zane manteve as carícias, os dedos aplicando mais pressão.

— Eu acho que a chance de encontrar algo de útil é menor do que a


chance de se machucar, — ele murmurou. Não era realmente uma resposta
para a questão. Mas não era o insípido —não— que ele deu a Ty antes.

Ty levantou uma sobrancelha no sorriso travesso que Zane


provavelmente estava muito familiarizado. Isso possivelmente parecia
estranho de cabeça para baixo.

— Isso é um sólido talvez.

— Há um inferno de um monte de perguntas que nós não temos


respostas para tentar uma busca assim. Nós nem sequer sabemos se podemos
entrar no quarto sem o cartão-chave. Você pretende pegá-lo no bolso de
Armen?

— Eu sou realmente muito bom nisso, — Ty disse com franqueza. Ele se


mexeu, deslizando para longe das mãos de Zane com pesar. Ele se levantou e
virou para Zane, e estremeceu quando disse, — Eu meio que tinha uma ideia
diferente.

A testa de Zane franziu.

— O quê?

— Bem...— Ty olhou para a varanda e estalou a língua. — Deixe-me


mostrar a você. — Ele acenou para Zane segui-lo. Saiu para a varanda e
apontou para a grossa divisória que separava as varandas de seus vizinhos. —
A suíte de Armen é ao nosso lado, né?

— Essa é a suíte que o vejo entrar e sair de qualquer maneiram — Zane


concordou quando se moveu para olhar as varandas.

— E é a que ele nos disse em que estava. Então eu acho que talvez eu só
possa... balançar para seu balcão.

Zane olhou por cima da borda do parapeito e olhou para longe com um
rolar de olhos e fazendo uma careta. O oceano estava a uma boa distância
abaixo. A queda seria provavelmente... dolorosa.

— Ok, — Zane foi vago. — Entrar não é um grande desafio. Mas


conseguir Armen fora pode ser. Tanto quanto eu posso dizer, ele vai para o
jantar e jogos de pôquer e é isso.

Ty deu de ombros.

— Então, vá a um jogo de pôquer. Certifique-se de que eu tenha pelo


menos trinta minutos para entrar e sair.

— Não há outro torneio programado até o final do cruzeiro, — disse


Zane. — Ele deixou claro que não está interessado em socializar. — Ele bufou
e voltou para a cabine, as mãos nos quadris.

— Então... peça para encontrá-lo para falar de negócios. Inferno, talvez


você descubra alguma coisa.

Zane não parecia muito feliz, mas ele não descartou a ideia.
— Eu ainda acho que é uma má ideia. Nós não sabemos quem mais
pode estar lá dentro e já tentaram matá-lo duas vezes.

— Ok, — Ty concordou com um aceno pensativo. Olhou para a divisória


e voltou para a suíte, fechando a porta atrás dele. — Então, vamos esperar até
o jantar. Toda vez que eu o vi no jantar, seus guarda-costas estavam com ele.
Duvido que deixariam um homem para trás sozinho. Armen não parece o tipo
de confiar em alguém tanto assim. Vou deixar o jantar mais cedo, por algum
motivo, e você se certifique de que ele permaneça lá por pelo menos meia
hora.

Zane acenou com a cabeça e quando falou a sua voz estava relutante.

— Tudo bem. Eu acho que é o melhor plano possível.

Ty deu um sorriso satisfeito.

— Obrigado.

— Eu não vou conseguir ajudá-lo, se estiver ocupado distraindo Armen


à mesa, — Zane ressaltou.

— Posso lidar com isso, — Ty assegurou. Ele se aproximou e lhe deu


uma palmada no ombro. — Eu me saia muito bem antes de ter você chegar
como parceiro, lembra?

— Estou pensando sobre alguns dias atrás, — Zane murmurou.

Dolce e Gabbana. Ty inclinou a cabeça e sorriu calorosamente. Ele


aproximou e puxou Zane para perto pelo seu cinto, e depois apertou o nariz e
os lábios no rosto de Zane. Zane suspirou baixinho e deslizou seus braços ao
redor da cintura de Ty enquanto virava o rosto para capturar um beijo em
seus lábios.

— Você parece bem hoje, Zane, — Ty comentou em voz baixa, sorrindo.


— Você parece uma isca.
— Perdão? — A voz de Zane aumentou no final, e ele inclinou para trás
para olhar para ele.

Ty apenas olhou para ele, um pequeno sorriso curvando seus lábios.

— O que você está pensando agora? — Zane perguntou, olhando para Ty


com os olhos apertados. — E o que quer dizer com o estou bem hoje? — Ele
completou.

Ty riu levemente e beijou Zane de novo, só porque podia. Então se


afastou.

— Precisamos tentar encontrar novamente o nosso apoio antes do


jantar, — falou para Zane quando se virou. — Isso deve frustrar nós dois.

O copo de cristal lowball48 mantinha o melhor em uísque escocês.


Destilado na Ilha de Skye 18 anos atrás, com temperos adicionais
introduzidos para produzir um sabor distinto que era muitas vezes descrito
como ardente, a bebida tinha uma cor escura e cheiro único, para não ser
confundido com qualquer outro uísque.

O barman colocou os copos em uma bandeja em cima de dois


guardanapos azul marinho para combinar com a bandeira do navio. As outras
bebidas destinadas para a mesa ficaram em guardanapos verde e ouro para
combinar, e ele sinalizou para a garçonete que a bandeja estava pronta.

O barman passou para a próxima ordem. Um homem sentado no bar


virou para olhar as bebidas, em seguida, cuidadosamente olhou por cima do
ombro para verificar o progresso da garçonete. Ela não estava nem perto, e ele

48
furtivamente moveu para abrir o pacote escondido e o deslizou para fora da
manga e apressadamente gotejou o conteúdo em cada um dos copos lowball.

O veneno não tinha cheiro e muito pouco gosto. O ardente Talisker49,


que o extravagante italiano pediu para os dois homens gays iria mascará-lo
bem.

Pegou outro pacote, se preparando para colocar nas bebidas dos


italianos a seguir, mas um movimento chamou sua atenção e foi forçado a se
afastar quando a garçonete fez seu caminho em direção ao bar.

Ela levantou a bandeja de bebidas habilmente no ar, agitando acima das


cabeças dos outros clientes para a mesa redonda perto do canto da sala de
jantar. Uma rodada tranquila de agradecimentos recebeu sua chegada com os
drinques.

Ela colocou os guardanapos azuis e os copos na frente de seus


destinatários, o uísque escuro escondendo o conteúdo mortal.

Eles se sentaram à mesa elegante, perto da pista de dança, Ty com uma


mão na toalha branca à sua frente e a outra no colo de Zane, os dedos atados
entre os de Zane. Zane esperava que segurar um ao outro, lhes desse um
pouco de compostura de onde tirar paciência. Procuraram mais uma vez por
qualquer um dos outros membros da equipe, fingindo tropeçar em algumas
áreas de serviço, e não encontraram ninguém, o que tinha aumentado sua
frustração. Ou eles estavam fazendo um trabalho melhor em serem discretos
do que Ty lhes dera crédito, ou algo tinha dado errado.

Mesmo um time relegado para ser backup de emergência invisível, tinha


que ser mais acessível do que isso.

Zane deu um fim abrupto nessa procura, para que pudessem se


preparar para o jantar, e eles chegaram logo após Lorenzo e Norina Bianchi.
Agora eles estavam tendo uma conversa fiada por cima da banda ao vivo que
49
A destilaria Talisker é uma destilaria de uísque escocês single malt da ilha com sede em Carbost, na
Escócia, na Ilha de Skye. A destilaria é operada pela Diageo e é comercializada como parte de sua série Classic Malts. A
marca é vendida como um uísque premium.
tocava antigas canções românticas, esperando por Armen Vartan e o show
que Zane estava certo que viria. Finalmente, depois de oito dias, uma
verdadeira liderança para os negócios da quadrilha de contrabando teria de se
apresentar. Em uma operação secreta, oito dias não era nada. Foram os
arredores e toda a situação de —casal— com Ty que a tornaram tão surreal.

Ty se inclinou para Norina um pouco após a garçonete colocar a taça de


champanhe em um guardanapo verde na frente dela.

— Está gostando do cruzeiro, Del? Consegue acreditar que já estamos na


metade do caminho para acabar? — Ela perguntou em um tom agradável. Seu
marido olhando tolerante de seu outro lado.

Ty sorriu e acenou com a cabeça, inclinando-se um pouco para trás para


dar espaço para o funcionário.

— Tem sido bastante agradável, — respondeu com firmeza. Ele não


conseguia reunir a energia para ser efusivo com ela. Ele tinha feito um
trabalho admirável antes de hoje à noite, no entanto. Durou mais do que Zane
teria previsto.

— Oh, meu pobre Del, — Norina disse simpaticamente enquanto


acariciava sua bochecha com a mão. — Você teve um momento tenso, não?
Está marcado, então. Amanhã enquanto eles brincam com seus brinquedos,
você e eu, vamos nos divertir em outro lugar? Talvez algum tempo com o
massagista?

— Del gosta de tudo o que o torna mais belo, — Zane falou lentamente
enquanto escutava.

Ty olhou de lado para Zane, dando um breve olhar de ódio. Mas ele
escolheu ignorar o comentário e olhou para Norina com um sorriso fraco.

— Contanto que a diversão não envolva escalada, — disse a ela.

Ela riu levemente.

— Minha diversão não tem nada com a ver com escalada.


— Eu tenho certeza que vocês terão um grande momento, — Zane disse,
tentando manter o ambiente agradável. — Vou ficar feliz sabendo que Del está
se divertindo enquanto estou trabalhando.

— Se eles tiverem dinheiro para gastar, estarão felizes, — Bianchi previu


quando se inclinou para os lados em sua cadeira.

Norina bateu levemente com a mão.

— Isso vai manter meus pensamentos só em você.

Ty desprezou os dois, obviamente, insultado, mas manteve sua língua


quieta, enquanto Armen caminhava até a mesa.

— Peço desculpas pelo meu atraso, — o homem murmurou quando


puxou o assento ao lado de Zane e se sentou. Ele não ofereceu uma
justificativa.

Zane sorriu educadamente.

— De modo nenhum. Nós estávamos passando o tempo.

— Eu pedi bebidas para todos nós, Signor Armen, — Bianchi declarou.

— Muito bem, — Armen murmurou enquanto olhava em direção ao bar.

— Eu acho que eu gostaria de frutos do mar essa noite, Lorenzo, —


Norina disse assim que ela leu o menu.

— Depois de peixe nas últimas três refeições, eu não estou surpreso,


minha gioia. Peça o que quiser, — disse Bianchi.

Ty olhou para baixo e esfregou a testa desconfortável. Zane sabia que ele
desejava que os dois italianos aliviassem o material meloso um pouco. Estava
dando em seus nervos, então Zane sabia que isso tinha que ser grave para Ty,
que pegou seu copo de uísque. Aparentemente, ele estava pensando que
poderia muito bem aproveitar, se os criminosos estavam pagando a conta.

Observando quando Ty pegou o pesado copo lowball de cristal e o levou


aos lábios, Zane quase podia sentir o líquido picante queimando seu caminho
para o fundo de sua garganta e o pensamento foi suficiente para elevar os
cabelos em seus braços antes mesmo de Ty engolir.

Ele seria capaz de prová-lo na língua de Ty.

— Eu vejo que Del está ansioso para um brinde, não é? — Bianchi disse
com uma gargalhada.

Ty pigarreou antes de tomar um gole e colocou o copo para baixo com


um sorriso de desculpas.

— Só estamos satisfeitos por estar aqui, — disse Zane. Ele olhou para
seu próprio copo e decidiu que não ia pegá-lo. Ele brindaria com o copo de
água, má sorte e disfarce que se danassem.

— Então vamos brindar ao prazer, — Bianchi começou erguendo o copo.


Armen e Ty ambos seguraram seus copos e Zane estendeu a mão para o copo
de água. Norina delicadamente tocou a taça de champanhe na de seu marido,
e Zane não pode deixar de olhar quando Ty colocou o copo nos lábios
novamente.

Ty estava certo: colocar duas das coisas em que Zane era viciado juntas
desse modo era de certa forma cruel.

A banda tocou o acorde de abertura de uma nova canção e Norina


aplaudiu e saltou animadamente enquanto agarrava o braço de Ty. O uísque
em seu copo espirrou e ela o puxou para longe de seu rosto antes que ele
pudesse derramar em seu colo.

— Um tango! Del, você tem que dançar comigo! Por favor, tesouro,
vamos dançar, enquanto vocês fazem as suas coisas chatas, — Norina disse
quando se virou para o marido.

— Ah, os caprichos de uma mulher, — disse Bianchi carinhoso. — Você


deve.
Norina virou para Ty, uma mão graciosa estendida.

— Você me prometeu um tango, enquanto estivéssemos no mar.

Ty olhou para ela, com os olhos um pouco largos.

— Eu prometi? — Ele perguntou, obviamente pego desprevenido. — Eu


prometi, — repetiu com mais confiança, tentando cobrir sua reação inicial,
enquanto pegava delicadamente a mão dela. Ele olhou para Zane como se
procurasse socorro.

Zane levantou ambas as sobrancelhas e deu de ombros, mas ele sentiu


uma onda de ansiedade. Ele não sabia se Ty sabia dançar tango. Em uma pista
de dança, de qualquer maneira. Não era exatamente o tipo de coisa que se
aprende em um bar. — Vá em frente, Boneco. Tenho certeza de que haverá
mais músicas para dançarmos esta noite.

Ty lhe deu o olhar mais malvado que Zane pensou que já tinha visto,
mas ele se levantou e segurou a mão de Norina quando ela se levantou. Os
outros ficaram de pé quando ela o fez, e Ty a escoltou fora da mesa, como um
perfeito cavalheiro, levando-a para a pista de dança aberta no meio da sala de
jantar.

— Ah, os nossos amados são umas delícias, não são? — Bianchi disse
enquanto girava o licor em seu copo.

— Delícias. Certo, — Zane murmurou enquanto mantinha os olhos sobre


o casal. Não havia muitos corajosos o suficiente para o tango, o que deixava
Ty e Norina ainda mais evidentes. Zane apostaria sua recente herança
inesperada que Ty não teria ido lá sem pelo menos alguma noção de como
dançar tango, mas ele ainda estava preocupado. Não havia nenhum lugar para
Ty se esconder.
A melodia reiniciou.

Quando começaram a dançar, foi lento, quase um começo hesitante.


Mais parar e ir de um bom fluxo de passos. Mas Zane sabia que era como a
maioria dos tangos começava. Não erraram todos os passos, e Norina estava
sorrindo quando eles viraram em um semicírculo. Em seguida, a música
pegou, ficando mais robusta, e Ty girou em torno de Norina no ritmo da
música e a abaixou grandiosamente quando ela riu. Foi quando eles
realmente começaram a dançar.

Zane quase quebrou o disfarce e mostrou sua surpresa quando viu que
Ty poderia dançar o tango. E muito, muito bem. Surpresa, surpresa.

Os comensais nas mesas mais próximas da pista de dança assistiam a


quatro casais dançando. Todos eles eram muito bons, mas Ty e Norina eram
os únicos que realmente eram divertidos de assistir. Duas pessoas atraentes
com personalidades brilhantes, que sabiam o que estavam fazendo e
gostavam de fazer isso, – eles não eram ruins de assistir.

— Ah, ele faz minha gioia sorrir, — Bianchi comentou, sua voz cheia de
orgulho. — Ela é tão linda, — ele acrescentou, quase para si mesmo. Um
homem verdadeiramente apaixonado.

Com esse pensamento tremendo em mente, Zane falou. — Ambos o são,


— ele concordou, sem dúvida.

— E você, Sr. Armen? Por que não trouxe alguém com você? Talvez
alguém tão impressionante como a minha Norina... ou tão bonito como o Sr.
Porter, — Bianchi perguntou.

— Pessoas bonitas são, em regra, uma distração, — Armen disse


rigidamente. — E mais problemas do que valem a pena. — Ele não fez
nenhum esforço para explicar a declaração ou defender os seus cônjuges da
ampla generalização. Ele olhou para eles, agora dançando uma versão mais
vigorosa do tango enquanto cada um ficava mais familiarizado com a forma
que o outro se movia.
Se Lorenzo Bianchi soubesse que o falso Del Porter na pista de dança
era na verdade bissexual e a reputação que Ty tinha em casa, não havia como
ele ficar sentado passivamente enquanto a mulher dançava com ele assim.
Zane se viu engolindo não uma pequena quantidade de ciúme, especialmente
após ver a verdadeira alegria no rosto de Ty. Ty e Norina sorriam abertamente
um para o outro enquanto se moviam com graciosos passos de caixa e o giro
ocasional ou a inclinação.

— Talvez uma distração, — Zane começou antes de se forçar a virar de


volta para a mesa. — Mas também uma motivação para conduzir um negócio
de sucesso.

— Deixe para o americano ignorar a conversa fiada e ir direto para oS


negócioS, — comentou Bianchi estupefado. Ele pegou seu copo, o segurando
até Zane. — Eu saúdo a sua capacidade de ignorar as coisas belas em favor do
negócio.

Zane assentiu uma vez e nivelou um olhar de expectativa para Armen.

— Enquanto eles estão ocupados de outra maneira, não há tempo como


o presente.

— Aos negócios, então, — Armen murmurou quando levantou seu


próprio copo. Ele e Bianchi tocaram seus copos junto.

Após um momento de hesitação e sob o olhar de expectativa de Bianchi,


Zane foi contra a sua decisão de antes e levantou o copo lowball à sua frente
do guardanapo azul escuro.

— Aos negócios bem-sucedidos.

A música atingiu um auge e houve um punhado de aplausos das pessoas


que assistiam enquanto um ou dois dos casais tentaram algum difícil giro ou
inclinação. Um olhar para trás mostrou Norina quase paralela ao chão, uma
mão delicada se arrastando na superfície de madeira brilhando enquanto a
outra agarrava o cotovelo de Ty. Seus pés estavam entre as pernas de Ty,
deslizando facilmente quando Ty a puxou para cima e para um giro
impressionante que exigiu algum sapateado de ambas as partes.

A curiosidade de Zane estava ultrapassando: onde diabos Ty aprendeu a


dançar assim? Eles teriam que conversar sobre isso. Zane ergueu o copo a
meio caminho dos seus lábios, mas parou enquanto continuava a assistir,
querendo... não, doendo para estar... depois do que pareceu um longo
momento, ele balançou a cabeça e se virou para a mesa, deixando o copo
lowball suavemente golpear a mesa quando a música desvaneceu de volta
para uma vertente lenta dos últimos vestígios do tango. Ele com certeza tinha
seus ocasionais voos de fantasia, Zane refletiu sem nenhum arrependimento.
Dançar um tango com Ty definitivamente se qualificava.

— Eu providenciei uma reunião para amanhã, durante as excursões em


terra, — Armen disse assim que a música finalmente terminou. Ele falou
rapidamente, como se quisesse tirar isso do caminho antes dos dois
retornarem para a mesa.

— Seremos levados até os objetos, nos permitiram examiná-los, e depois


vamos negociar um preço por qualquer um que julgamos valioso.

Ele tinha acabado de terminar com essa curta explicação quando Ty e


Norina deslizaram de volta para a mesa.

— Oh, que maravilha! — Norina estava exclamando pendurada no braço


de Ty e praticamente o arrastando. — Eu não dançava assim há muito tempo!
Nós temos de fazer isso de novo!

Zane se levantou mais uma vez com os outros homens, observando as


formalidades, e esperou por Ty assentar Norina e se juntar a ele.

— Você se divertiu, Boneco? — Ele perguntou um pouco mais sério do


que realmente planejou.

O rosto de Ty estava corado, embora Zane não podia ter certeza se era
do esforço ou de vergonha.
— Sim, — Ty respondeu secamente. O tom foi suficiente para deixar
Zane saber que ele estava corando e não apenas superaquecido.

Zane deslizou o braço em volta da cintura de Ty e o puxou perto por um


momento.

— Você foi incrível, — ele disse honestamente. Foi boa sorte que isso
estava no personagem.

Ty estremeceu violentamente. Ele virou a cabeça e expôs o pescoço para


os lábios de Zane enquanto falava.

— Cala a boca, — ele sussurrou perturbado, mas ligeiramente divertido.


Zane riu e decidiu deixar para lá. Caso contrário, ele pagaria por isso mais
tarde. Então, ele puxou a cadeira de Ty para ele, mas suas mãos ainda
coçavam por tocá-lo.

— Muito bem, meus amores, — disse Bianchi quando Ty sentou e


Norina sorriu para o marido. — Del, agradeço por ter poupado meus pobres
pés.

— O prazer foi meu, — Ty respondeu com uma fraca tentativa de sorriso.


Norina virou seu sorriso encantador para Ty e começou a falar rapidamente
em italiano com ele, obviamente, muito animada para continuar com o inglês.

Ty apenas balançava a cabeça em aparente concordância com o que ela


falava quando alcançou o uísque. Mas Zane não queria esperar e ele sabia que
conseguir Ty fora da pista de dança não era realmente uma opção viável.
Então pegou a mão de Ty e a levou aos lábios para um beijo suave ao longo
juntas de Ty. Ele debruçou muito perto, roçando seus lábios contra a
bochecha de Ty enquanto sussurrava: — Que tal outro rubor para que eles não
suspeitem que estou lhe falando sobre a reunião.

Ty olhou um pouco para baixo e, em seguida, se virou o suficiente para


que sua respiração fosse quente contra o rosto de Zane. Ele colocou a bebida
de volta na mesa, tão distraído que quase errou o guardanapo azul.
— Será logo? — Ele perguntou suavemente.

— Amanhã, — Zane respirava. — Em terra. — Ele se inclinou um pouco


mais perto, pendurando seu braço sobre o encosto da cadeira de Ty. — Talvez
você possa ir às compras, — ele murmurou.

Ty fez um ruído abafado na parte de trás de sua garganta antes de


recuar e olhar para longe de Zane com um forte aceno de cabeça. Depois ele
carimbou forte o pé de Zane. Zane conteve um gemido de dor e uma careta.
Bastardo. Ty queria estar no mercado quando o negócio fosse abaixo, não?
Zane espetou Ty nas costelas com dois dedos e chutou a canela em troca,
enquanto começava a se estabelece para trás na cadeira.

Ty empurrou e sentou para a frente com muita força, empurrando a


mesa e o copo que ele estava alcançando novamente. As centenas de dólares
do uísque em seu copo respingaram por toda parte, molhando a toalha de
linho e a maior parte dele, fluindo ao longo da borda no peito e colo de Ty.

Ele ficou de pé rapidamente com uma maldição em voz baixa. Norina


exclamou em voz alta e alcançou o guardanapo para ajudá-lo. Zane se sentou
rapidamente, conseguindo evitar tudo menos um pequeno respingo numa
perna da calça e teve que segurar uma risada. Ele não esperou que Ty reagisse
de forma tão violenta, mas talvez ele estivesse com um humor pior do que
Zane suspeitou.

Ty dispensou a Norina em ajudá-lo a se secar, em vez disso pegou o


guardanapo com agradecimentos e, em seguida, virando os olhos apertados
para Zane, como se fosse culpa dele.

— Desculpem-me? — Ele disse para o resto da mesa, com os dentes


cerrados. — Peça peixe para mim, querido. Eu estarei de volta, — ele bateu em
Zane quando se virou e fez rapidamente o seu caminho para fora da sala de
jantar.

Só depois que ele estava fora de vista, Zane percebeu que Ty


provavelmente tinha aproveitado o pesado smoking para esconder a arma
nele, pela primeira vez durante toda a semana. Ele não podia tirar o casaco,
eles veriam a sua arma.

Ty não iria deixar isso para lá sem se vingar, e Zane se resignou à sua
sorte, com um pequeno sorriso. Tinha valido a pena.
Capítulo Doze

Ty não se incomodou em trocar de roupa quando chegou em sua cabine.


Ele tirou o paletó e o jogou no sofá enquanto passava por ele. Depois de
pensar por um momento, ele também tirou, infeliz, a sua uma arma da
cintura e a colocou em cima da mesa. Ele não tinha um coldre para
transportá-la com segurança, e se tivesse o azar de ser pego no quarto de
Armen, ter uma arma só iria aumentar suas chances de ser baleado.

Resmungando, ele procurou na sua bagagem até encontrar o scanner


portátil que Knight os equipou antes que saírem de Baltimore. Ele o
empurrou para um dos bolsos forrados de cetim da calça do smoking e se
dirigiu para a varanda. Tentou não pensar sobre quão ferido ficaria se caísse
na água tantos andares abaixo quando ele se içou pelo corrimão escorregadio.
Seus dedos estavam brancos enquanto agarrava a grossa divisória que ele
precisaria balançar ao redor para chegar na varanda de Armen.

Ele começava a desejar que Zane tivesse se oposto a este plano.

Ty respirou fundo, cavou os dedos sob a ligeira borda na extremidade da


divisória e balançou o pé sobre o ar livre. Ele jogou o peso de seu corpo com
ele, sabendo que a grade desse lado estaria tão escorregadia e úmida quanto
do seu lado, esperando se impulsionar sobre ela, em vez de saltar fora dela e
cair no mar.

A estratégia funcionou, mais ou menos.

Não foi tão difícil quanto imaginou que seria, e ele derrapou ao longo da
varanda e caiu numa pilha deselegante na plataforma.

Ele ficou de pé e olhou em volta, ajeitando a camisa e balançando a


cabeça.
— Eu estou bem, — ele disse para as cadeiras. Ele limpou a garganta e
tentou não rir de si mesmo, que bom que esta era uma missão solo. Zane não
iria deixá-lo viver em paz se ele tivesse visto aquela ação pouco ágil.

Ele se dirigiu para a porta de vidro da varanda, confiante de que estaria


destrancada. Ninguém nunca fechava a porta da varanda, confiando na
gravidade para manter os intrusos fora. Então, ele ficou perplexo quando
encontrou a porta deslizante de vidro não só barrada, mas bloqueada com um
pedaço de madeira.

— Filho da... — Ele olhou ao redor procurando algo para combater o


obstáculo de baixa tecnologia. Ele não queria deixar evidências de que esteve
ali, então jogar um móvel na porta não era uma boa ideia. Escorregou uma
faca e se ajoelhou na frente da porta, a deslizando pela fresta e facilmente
disparando na fechadura. Ele foi capaz de abrir a porta uma polegada ou
assim, mas, em seguida, o pedaço de madeira o parou. Parecia ser um grosso
cabo de madeira balsa, provavelmente retirada de um dos móveis decorativos
da suíte. Ty enfiou a mão pela fresta e empurrou com toda sua força, se
alavancando contra a parede. Nada se moveu por um momento, exceto talvez
um tendão ou dois em seu cotovelo que não deviam se alongarem dessa
forma, mas, em seguida, a madeira cedeu à pressão. Não só cedeu como
implodiu, explodindo em pequenos pedaços e fazendo a porta abrir e voar. Ty
caiu para frente, assim que a porta não estava mais lá para sustentar o seu
peso e caiu de cara no deck. Novamente.

Ele se levantou com um resmungou.

— Eu odeio esse caso, — e se arrastou até a cabine.


ZANE se acomodou em sua cadeira após um pequeno sorriso para
Norina e estendeu a mão para o copo de água. Bianchi acenou para um
garçom, que prometeu trazer mais bebidas imediatamente, bem como as suas
saladas. Zane se perguntou se ele teria que fazer algum tipo de manobra para
manter Armen aqui, uma vez que eles estavam literalmente começando o
jantar.

— Sr. Porter, eu poderia incomodá-lo por um momento? — A voz de


Armen invadiu o monólogo em curso de Bianchi sobre os benefícios relativos
do vinho e a saúde para um homem de meia-idade.

Zane olhou curioso para Armen.

— Claro.

— Se você não irá desfrutar esse uísque, é uma vergonha ele ser
desperdiçado, — Armen disse. Ele parecia um pouco atormentado.

Com um pequeno dar de ombros, Zane acenou com a mão para ele.

— Seja meu convidado.

Armen assentiu em agradecimento e pegou o copo lowball na frente de


Zane, dando um longo gole imediatamente no copo. Zane o olhou, um pouco
intrigado. Ele não se lembrava de ter visto Armen beber, mesmo durante os
jogos de pôquer.

Quando ele pousou o copo, ele de fato sorriu palidamente para Zane.

— Esse negócio muitas vezes me causa estresse, — explicou, quase com


vergonha de admitir isso. Zane piscou para ele, mas ofereceu um sorriso
bondoso.

Suas saladas chegaram poucos minutos depois, dez minutos tinham se


passado desde que Ty saiu. Zane se juntou a uma nova conversa quando
Norina falou sobre as próximas aulas de dança a bordo, mas ele mantinha um
olho em Armen, que começou a se remexer levemente. E tinha que ser um
sutil truque da iluminação no restaurante, porque quando Armen
abruptamente largou o garfo de salada, Zane teria jurado que o homem estava
pálido e suando.

— Sr. Armen, você está bem? — Zane perguntou com o cenho franzido.

Armen pigarreou duas vezes antes de empurrar para trás da mesa.

— Receio não estar me sentindo muito bem. Por favor... me desculpem,


— ele disse suavemente, e mesmo quando Zane disse: — Espere, — ele estava
de pé e se movendo rigidamente para fora do restaurante.

— Espero que ele não esteja enjoado, — disse Norina.

Zane balançou a cabeça. Passaram apenas uns vinte minutos. Não era
tempo suficiente. Agora Armen e seus dois guarda-costas estavam em seu
caminho de volta para sua cabine e Zane não tinha como avisar Ty.

— Acho que vou checar Del antes das entradas chegarem, — Zane
murmurou, colocando o guardanapo ao lado de sua salada quase intocada
quando se levantava.

— Volte depressa. Você não quer que o seu jantar esfrie. E traga o meu
Del de volta com você! — Norina disse. Zane assentiu enquanto se afastava,
esperando que pudesse se afastar o suficiente para seguir Armen de volta ao
seu camarote - Zane podia impedir o seu caminho passando pelos guarda-
costas se fosse preciso.

Se Ty precisasse dele, eu estaria lá.

Ty se sentou atrás da grande mesa em uma parte da suíte, folheando


documentos e os lendo rapidamente. Ele usava o scanner portátil para fazer
cópias de alguns dos papeis, mas sabia que não tinha tempo para copiar
todos. Ele tentava recolher informações importantes e determinar quais
podiam ser pertinentes, mantendo uma orelha para a frente na suíte.
Sua cabeça virou quando ouviu um arranhar na porta, em seguida, o
som característico do cartão chave sendo usado. Olhou furtivamente ao redor
da cabine, procurando um lugar para se esconder. Não havia nenhuma
maneira dele sair da porta e ao redor da divisória da varanda a tempo de não
ser visto.

Ele se escondeu atrás da mesa e praguejou intimamente quando


percebeu que não havia fundo na maldita coisa. Ele viu um par de pernas
entrarem na cabine e várias outras no corredor. Armen e seus guarda-costas.

Ty se virou e colocou sua costa no lado da mesa, momentaneamente,


fora da vista. Mas enquanto se moviam ao redor da sala, eles poderiam
rapidamente ter um vislumbre dele. Ele olhou ao redor do canto e contou três
homens. Armen estava arrancando a gravata em desagrado óbvio. Talvez ele
odiasse vestir smoking tanto quanto Ty.

— Está abafado, — Armen murmurou para um de seus guarda-costas e o


homem foi até o termostato para regular a temperatura de acordo.

— Você parece doente, — um dos homens comentou, mas o sotaque era


tão espesso que Ty não tinha certeza se era isso que ele disse ou não. O
bandido começou a andar ao redor do sofá, ficando assustadoramente perto
do esconderijo de Ty. Ty se esquivou, rastejando atrás da mesa e olhando para
o outro lado. Armen sentou no lado de sua cama redonda, o lado que não se
parecia com a ponta da cama, de qualquer maneira, e ele estava de costas para
Ty. Um dos guarda-costas tinha desaparecido no banheiro e o outro estava de
costas, de qualquer forma, aparentemente dando a seu chefe um mínimo de
privacidade. Ty aproveitou a chance e se arrastou pelo chão para a cama, com
a intenção de deslizar sob ela, antes de lembrar que a maldita coisa estava em
um pedestal sólido. Ele resistiu à vontade de praguejar e abraçou o tapete
caro, rolando o mais próximo que pôde para o lado da cama quando ouviu um
dos três homens começar a se mover pela cabine.
O edredom quase o cobria, mas ele ainda era um cara deitado no chão,
se qualquer um dos homens decidisse passear ao lado da cama.

Ele prendeu a respiração, esperando.

— Estou cansado. Talvez o uísque caro compartilhado com o Sr. Porter


não combine comigo, — Armen finalmente murmurou. — Está tudo bem. Por
favor, saiam, — ele pediu com a mesma voz monótona, que sempre falava.

Ty franziu a testa. Sr. Porter era Zane. Ele compartilhou seu uísque com
Armen? Ty nem sequer tentou pensar sobre aquilo. Ele ouviu os dois homens
murmuraram obedientemente e Ty contou até dez antes que ouviu a porta se
fechar atrás deles.

Ele ficou onde estava, franzindo a testa fortemente e respirando


superficialmente, esticando as orelhas para que pudesse ouvir os movimentos
de Armen.

Mas o homem não estava se movendo. Ele nem estava movendo ao


redor da cama. Ty fez novamente uma contagem lenta até dez, então se
levantou e ergueu a cabeça sobre a cama. Armen ainda estava sentado no
mesmo lugar, ombros caídos, cabeça baixa. Enquanto Ty observava, ele
levantou a cabeça e tomou uma respiração profunda e aparentemente
dolorosa.

Que diabos havia de errado com ele?

Sua respiração ficou mais difícil, e ele apertou a mão no peito pouco
antes do seu corpo parecer desmoronar internamente e ele tombou para
frente, para o chão. Ty subiu e caiu sobre a cama antes que pudesse pensar
melhor, pousando ao lado da forma suspensa de Armen do outro lado da
cama.

— Armen? — Ty sussurrou quando colocou a mão no pescoço de Armen.


O homem simplesmente gorgolejou em resposta.
Ty rapidamente rolou por cima dele e esticou os braços acima da
cabeça, tomando nota de como seu corpo estava errado. Ele estava
completamente mole, desprovido de qualquer controle muscular. Ty agarrou
sua mão e seus dedos estavam gelados ao toque. Piscou rapidamente para Ty,
mas, em seguida, até mesmo o piscar parou. Não houve tiques faciais ou
movimentos, nada que indicasse que o homem ainda estivesse vivo. Seus
olhos estavam tão dilatados que as iris normalmente cor de café estavam
completamente pretas. Seu corpo inteiro estava encharcado de suor. Ty
inclinou a cabeça para ouvir e podia escutar uma vacilante respiração áspera.
O pulso em seu pescoço estava fibroso, e até mesmo quando o verificava, o
corpo de Armen começou a se contorcer todo, os músculos saltando.

Certamente Ty não era um especialista, mas ele reconhecia veneno


quando via. Síncope e paralisia, dificuldade respiratória, dilatação das
pupilas, sudorese profunda. E um último fôlego gaguejou antes de o corpo
ficar completamente imóvel.

Ty fez uma careta e balançou a cabeça quando se sentou duro e olhou


impotente para o corpo de Armen. Ty estava familiarizado com venenos e as
formas silenciosas de morte. Ele estava quase certo de que tinha usado esse
mesmo uma ou duas vezes. O culpado era provavelmente uma fava-de-
Calabar, de origem africana. Meio grão seria letal, mas para agir tão
rapidamente tinha que ter sido vários, moídos e escorregados em algo que
esconderia o sabor sutil.

O medo se apoderou dele, de repente, tão forte que quase o deixou


doente.

Armen tinha partilhado um copo de uísque com Zane.

Ty deixou Armen onde ele tinha caído, sabendo que o homem estava
além de ajuda. Ele disparou para fora para a porta da varanda, mal pensando
em fechá-la atrás de si e ele não teve tanto cuidado quanto deveria ter dito
quando estava no parapeito da varanda da cabine de Armen e se voltou para a
divisória. Mas ele não podia se dar ao luxo de ter cuidado quando Zane já
poderia estar morrendo do mesmo veneno que matou Vartan Armen. O
veneno pode ser tratado com atropina, com graus variados de sucesso, mas a
melhor coisa a fazer era vomitá-lo. Violentamente. Ele tinha que chegar a
Zane agora se ele teve uma dose tão grande quanto a de Armen.

Já podia ser tarde demais.

Ele aterrissou no chão da varanda com um baque pesado e invadiu pelas


portas da varanda. Felizmente elas não estavam travadas, ou simplesmente
ele teria atravessado o vidro para entrar.

— Ty!

Lá estava Zane, caminhando em direção a ele, parecendo objetivo e


chateado, mas ainda respirando e não paralisado. Ty não pensou, ele
simplesmente atacou Zane e o abraçou com força enquanto seu coração batia
por causa do medo e adrenalina. Ele fechou os olhos e se permitiu apenas
aproveitar o calor e o cheiro do corpo de Zane ao lado dele. Ele tinha estado
tão em pânico que quase inconscientemente se convenceu de que nunca seria
capaz de fazer isso de novo. Os braços de Zane estavam muito apertados em
torno dele, e depois de um longo momento, percebeu que Zane falava com ele.

—... não havia nenhuma maneira que eu podia te avisar para sair de lá,
— Zane estava dizendo, os lábios se movendo contra a orelha e cabelo de Ty.

Ty puxou sua cabeça para trás e olhou para Zane quase freneticamente.

— O quê? Não, cale a boca – pare de falar. Você bebeu alguma coisa?

— O quê? Beber alguma coisa? Todos nós tivemos bebidas com o jantar,
Zane disse enquanto apertava os braços de Ty. — Por quê? Você está
praticamente pirando.

— Você bebeu seu drinque, Zane? — Ty quase gritou, agarrando Zane da


mesma maneira e o sacudindo violentamente.
— Jesus! Não! Que porra é essa? Eu disse que não ia beber mais, a não
ser que seja absolutamente necessário, — Zane exclamou, magoa clara em sua
voz.

Ty tomou o rosto de Zane em suas mãos e balançou a cabeça, sem


conseguir falar de alívio. Ele se permitiu um momento para se acalmar antes
de tentar explicar, e, finalmente, ele só conseguiu um: — Armen está morto.

A confusão de Zane era clara, mas ele não atirou em Ty por causa disso.

— Como? — Ele se afastou o suficiente para olhar Ty de cima para baixo.


— Você está bem?

Ty balançou a cabeça.

— Eu não o matei! Ele voltou do jantar antes de eu sair, falando sobre


não se sentir bem e ter compartilhado do seu uísque. Então ele caiu morto em
seu quarto. Clássico envenenamento. Eu pensei... você tem certeza que está
bem? Você não tomou sequer um gole?

Zane segurou uma das bochechas de Ty na palma da mão.

— Nem mesmo um gole. Cheguei perto, mas então havia uma grande
distração atraente na pista de dança. — Ty novamente o abraçou com alívio.
Zane bufou silenciosamente, mas o puxou perto por várias respirações
profundas antes de começar a relaxar. — Tão grande como isso é, nós temos
problemas, baby.

— Grandes problemas, — Ty concordou sem soltar Zane. — Armen está


morto porque ele bebeu a sua bebida. Assim, não era ele quem estava
tentando nos matar, mas alguém ainda porra estão tentando nos matar! — Ele
se afastou e olhou para Zane novamente para assegurar que ele estava bem.
Ele balançou a cabeça tristemente. Zane estava certo: eles tinham trabalho a
fazer. — E os Bianchi, ou são culpados, ou eles também estão em perigo.

— Ou malditamente mortos no chão do salão de jantar, — Zane disse,


sua voz áspera. — Bianchi bebe como um peixe porra. — Então ele cruzou os
braços. — Espere. Se Armen bebeu da minha bebida e isso foi o que o
envenenou, então Bianchi já estaria morto, — ele disse olhando para o relógio.
— Nós tivemos essas bebidas quase desde o momento em que nos sentamos e
Armen não pegou a minha até uns bons dez minutos depois que você saiu.
Mas ele saiu muito rapidamente depois de você. Eu diria que... cinco minutos
para começar, talvez quinze minutos para matar?

Ty fechou os olhos e balançou as mãos no ar.

— Pare de fazer matemática, — gritou enquanto pegava seu paletó e


movia ao redor de Zane em direção da porta. — Vamos lá, temos de encontrá-
los.

— Eu os deixei na sala de jantar esperando pelas entradas, — Zane disse


enquanto eles praticamente corriam para fora da cabine.

ZANE nem sequer pensou em diminuir quando ele e Ty percorreram a


avenida, derrapando em torno das árvores de Natal e se esquivando dos
grupos de pessoas. Ele sabia que Ty estava ao lado dele, e ambos sabiam o que
precisava ser feito: encontrar os Bianchi. Quando viraram a última curva
antes do restaurante, Zane encontrou-se esperando que tanto Lorenzo quanto
Norina estivessem respirando e que fossem inocentes. Para criminosos, eles
eram uma companhia agradável, bastante incomum na experiência de Zane
com o duro cenário de drogas de Miami.

Nem ele nem Ty pararam de se mover quando entraram no restaurante.


Depois de notar a ausência de gritos, paramédicos, ou qualquer outra emoção
incomum, Zane imediatamente mirou para o lado esquerdo do restaurante de
onde ficou em pé dentro da porta, viu Bianchi no bar, sem qualquer
problema, e cortou passando a hostess. Zane sentiu Ty ir em outra direção, ele
sabia sem perguntar que ele ia atrás de Norina.

Zane chegou ao bar e colocou a mão no ombro de Bianchi.

— Signor Bianchi?

Bianchi se virou, um sorriso largo no rosto.

— Oh, Sr. Porter, você deve ter se apressado para voltar tão rapidamente
de sua verificação em seu Del. Uísque? — Ele perguntou segurando uma
garrafa.

— Ainda não, obrigado, — Zane disse suavemente enquanto estendeu a


mão para pegar o frasco oferecido. Ele observou Bianchi cuidadosamente,
procurando uma dica. Esse homem estava tentando envenená-lo? — Eu vou
esperar pela sobremesa, eu acho.

— A ideia parece boa, — Bianchi disse, parecendo aprovar. — Traga-a


para a mesa, e todos nós vamos terminar a garrafa.

Zane balançou a cabeça lentamente e um movimento sobre o ombro de


Bianchi chamou sua atenção. Ele olhou para cima para ver dois homens em
ternos baratos caminhando ao longo do bar em direção a eles. Os homens
estavam totalmente focados nele e em Bianchi, e os instintos de Zane
entraram em alerta. Ele teria que assumir um risco.

— Ouça-me. Armen está morto.

Os olhos de Bianchi imediatamente ficaram comicamente grandes –


isso foi tão natural como uma reação que Zane já tinha visto. — Morto? — Ele
perguntou horrorizado.

— Sim. Envenenado, — Zane disse, acenando com a garrafa.

Bianchi arrancou a mão como se ela o tivesse queimado.

— Mas... mas pedimos nossas bebidas do bar, todos nós! — Então


Bianchi se encolheu. — E a minha Norina? — Ele disse desesperado,
deslizando para fora do banco bar e ficando em pé. — Ela também teve
drinques!

Zane pegou o seu braço para impedi-lo de correr fora.

— À sua direita, você conhece esses homens?

— Homens? Que homens? Que me importo sobre homens? Minha


Norina! — Bianchi balbuciava. Era muito, muito claro para Zane que o
homem não estava envolvido em qualquer envenenamento.

— Del está com ela. Lorenzo, — Zane disse, tentando prender a atenção
do homem enquanto os dois homens se aproximavam. Aos olhos de Zane, eles
pareciam algum tipo de agentes da lei. — Os homens atrás de você.

Bianchi olhou por cima do ombro e sacudiu a cabeça.

— Não. Não, eu não os conheço.

Zane agarrou o braço de Bianchi para segurá-lo no lugar. — Levante-se,


— pediu.

Bianchi olhou para ele, parecendo selvagem ao redor dos olhos, mas
obedeceu, assim quando os dois homens pararam em frente a eles. Seus
sorrisos não eram particularmente agradáveis de olhar.

— Signor Bianchi? — O terno azul perguntou com um óbvio sotaque


italiano.

Bianchi pigarreou nervosamente e olhou para Zane, que acenou com a


cabeça ligeiramente.

— Si, sono il Signor Bianchi.

— Deve venire con noi,— o terno azul disse categoricamente.


—Cosa? Perchè? Chi siete50?—, perguntou Bianchi. Zane não tinha
certeza do que eles estavam dizendo, mas ele sabia o que era con noi: venha
com a gente.

— Ci sarà tempo dopo per le domande. Ora venga com noi51, — o terno
bege disse enquanto deslizava a mão em sua jaqueta.

Zane não hesitou. Ele avançou para agarrar o braço do homem e lhe deu
uma cotovelada na garganta, enviando o homem ao chão sufocando e
ofegando, muito focado em tentar respirar para tentar sacar uma arma. O
terno azul agarrou Bianchi, mas um pontapé duro na parte de trás do joelho
do terno e um cruzado esquerdo o empurrou para fora enquanto as pessoas
ao seu redor engasgavam e se afastavam de suas mesas, iniciando um
tumulto. Zane puxou o braço de Bianchi para forçá-lo se afastar do bar
quando o terno bege começou a levantar.

— Isso é o que você ganha por me segurar sobre um corrimão, seu


idiota! — Ty gritou em triunfo sobre o caos dos comensais boquiabertos.

Ouvindo aquele grito, Zane localizou o seu parceiro na multidão agitada


e conduziu Bianchi nessa direção. Bianchi correu para Norina -Ty a arrastava
junto com ele- e a arrastou para um abraço com uma série de italiano
preocupado. Zane se virou para olhar ao redor. Os clientes se movendo
bloqueavam o caminho para a porta e ele procurou ao redor por uma outra
saída que eles poderiam usar antes que a ameaça ou a tripulação a fechasse.

— Cozinha, — ele disse a Ty enquanto puxava Bianchi novamente. —


Hora de ir antes dos ternos fiquem froggy52 de novo.

— Froggy? — Bianchi disse inexpressivamente.

50
O que? Porque? Quam são vocês?
51
Haverá tempo para perguntas depois. Agora venha com a gente.
52
Froggy significa comedor de rãs, sapo, rã e até mesmo francesa e franciú, podendo ser usado também
como uma gíria para ansioso, o que deve ter sido a intenção de Zane. Deixamos em inglês para destacar a confusão do
Bianchi com a palavra.
— Basta ir! — Zane os exortou enquanto empurrava o homem e sua
esposa na frente dele.

Ty passou um braço em torno de Zane e o abraçou com entusiasmo.

— Você bateu naquele desgraçado na bunda, — ele disse alegremente. —


Deus, isso foi ótimo!

— O que aconteceu com o seu sotaque? — Norina exigiu dele enquanto


era arrastada.

— É com isso que você está preocupada agora? — Ty perguntou a ela


incrédulo. — Onde está a nossa arma? — Perguntou Zane.

— Não está com você? — Ty perguntou sem expressão e Zane xingou sob
sua respiração enquanto gritos de raiva atrás deles significavam que os
homens que deviam ser o Dolce e Gabbana de Ty estavam em perseguição.

Eles empurraram as portas duplas para a cozinha industrial, atraindo


olhares estranhos dos funcionários lá dentro enquanto corriam através das
passarelas, esquivando-se da equipe de garçons, bandejas e carrinhos de
pratos sujos. Eles chegaram numa porta de serviço na parte de trás quando
Zane olhou para o outro lado da cozinha para ver Dolce e Gabbana bater pelas
portas e trombar diretamente em um garçom que passava. Todos os três
caíram no chão como em um desenho.

Ty empurrou com os ombros a porta da entrada de funcionários e eles


saíram para o corredor, só para ele colocar o pé no freio e jogar seus braços
bem abertos para evitar que o resto deles o seguissem.

— Voltem, voltem! — Ele gritou antes de um tiro silvar direito em cima


da porta de metal. Norina soltou um grito estridente quando ela caiu de
costas contra Zane, e ele a puxou de volta para a cozinha. Ty e Bianchi foram
com eles enquanto Zane virou por um corredor que funcionava ao longo da
parte de trás da grande cozinha, mantendo a maior parte dos armários, fogões
e área de preparação entre eles e Dolce e Gabbana. Eles não tinham muito
tempo, no entanto. Quem quer que estivesse no corredor estaria atrás deles e
rápido.

Zane quase passou correndo do elevador, mas ele pegou a extremidade


da porta para parar a si próprio. Fez um gesto para Bianchi e Norina.

— Mexam-se! — Ele ordenou, os empurrando quando pararam apenas


dentro do limite.

— Não há espaço! — Bianchi bufou enquanto ele tentava se enfiar entre


dois carros de grande porte de lavanderia. Ele puxou Norina o mais perto que
pôde, mal conseguindo ela dentro. Zane foi capaz de mover apenas dentro da
parede ao lado dos controles, mas o resto do elevador de serviço estava cheio.

Zane olhou para Ty.

— Venha aqui, — ele pediu quando alcançou para pegar a correia que
fechava o portão de metal e as portas pesadas.

Ty estendeu a mão, pegou a sólida barra de metal acima da porta e se


balançou por cima do carrinho de serviço para cair em um dos carrinhos de
lavanderia com glamour. Assim que ele soltou a barra, Zane fechou a porta e
bateu com o punho contra o botão, enviando para cima o elevador rangendo
lentamente.

Por um longo minuto, o único som era das engrenagens de metal


moendo enquanto o elevador funcionava, e Zane esticou o pescoço para olhar
para Ty. Ele teve que bufar, Ty tinha seus pés para fora, cruzados nos
tornozelos e mãos casualmente atrás da cabeça enquanto descansava em cima
da bagunça da lavanderia.

— Você não são Corbin e Del Porter, — disse Bianchi numa certeza
óbvia.

— Acontece que isso é bom para você, então não bata nisso, — Zane
disse breve enquanto olhava através da grade acima deles para o poço do
elevador escuro. Não era provável que qualquer um de seus perseguidores
soubesse aonde o elevador ia, então ele e Ty teriam uma chance legítima de
conseguir para os Bianchis algo parecido com segurança antes de seguir para
baixo para a segurança do navio.

— Você não é meu bom amigo Del? — Norina disse em voz baixa. — Mas
você dança tango tão bem!

— Sim, você dança tango tão bem, — Zane repetiu olhando para o seu
parceiro.

— Como isso aconteceu, por acaso?

— Não comece comigo, Garrett, — Ty murmurou. Ele virou com um


olhar sinceramente arrependido para Norina. — É uma longa história. Sinto
muito.

Ela mordeu o lábio, obviamente chateada, e, em seguida, virou-se no


pouco espaço que tinha e bateu na sua cabeça com sua bolsa designer. Zane
riu alto, atraindo um olhar de seu parceiro e uma fungada de Norina.

O elevador rangeu para parar, e o solavanco fez Ty balançar e perder o


equilíbrio. Ele caiu entre as pilhas de roupa suja em que ele estava
empoleirado no topo. Enquanto ele xingava e se esforçava para sair do cesto
da lavanderia, as portas abriram ruidosamente.

Zane sorriu para Ty por um momento antes de cuidadosamente olhar


para fora do elevador, verificando ambos os lados. O corredor estava vazio, e
ele não ouvia quaisquer passos correndo.

— Parece limpo. Vamos. Precisamos encontrar a segurança e levá-los


para um lugar seguro.

— Mas o que está acontecendo? — Norina começou a exigir enquanto


corriam pelo corredor para um conjunto de portas corta-fogo.

— Um pouco de ajuda de volta aqui! — Ty chamou atrás eles apenas


quando um som de acidente veio de dentro do elevador e Ty se arrastou por
entre as portas, coberto de toalhas e fronhas. — Eu estou bem, — murmurou
enquanto lutava para ficar de pé e correu para alcançá-los. Quando chegou
neles, Norina o recompensou com outro beijo, apenas para uma boa medida.

— Quem são esses homens? — Ela exigiu de todos eles.

— Dois deles são a polícia italiana, minha gioia, — Bianchi disse se


desculpando.

— Oh, Lorenzo, como eles fizeram para nos encontrar? — Perguntou


Norina.

— Eu estou apostando em Armen, — Zane disse quando chegaram às


portas. — Não que a gente pode perguntar, agora, considerando.

— Por que não? — Norina perguntou. Ela olhou para os três homens que
estavam em silêncio ao redor dela e empalideceu.

Zane balançou a cabeça e abriu uma das portas com cuidado. Elas
abriam para um dos lobbies menores fora da avenida alegremente decorada.
Ele não viu ninguém, fora os passageiros, e fez um gesto para os outros segui-
lo para fora.

— Fiquem perto, — avisou. — Nós não sabemos onde esses caras vão
aparecer e não temos ideia de quem são o segundo conjunto de atirador.

— Eu prefiro lidar com Dolce e Gabbana que com os caras com armas, —
Ty reivindicou.

— Não é Dolce e Gabbana! — Norina chorou quando acenou a sua bolsa


ameaçadoramente. — Couro branco de avestruz hobo, é a único de seu tipo, e
olhe! Arruinada por causa de sua cara!

— Sinto muito! — Ty chorou impotente, levantando as mãos para


afastar mais ataques.

— Não está ajudando! — Zane sussurrou para eles e Bianchi conseguiu


acalmar Norina o suficiente para salvar Ty de outra pancada na cabeça com o
couro de avestruz.
Eles saíram, tentando agir casualmente. Zane liderou o caminho de
volta para a avenida, embora eles permanecessem do lado distante de
encontro à parede, indo em direção à escada principal e ao elevador que os
levariam para cima em direção a ponte. Esse era o único lugar que Zane podia
pensar e onde ele tinha a certeza de encontrar segurança de verdade contra
armas de fogo. Eles não podiam simplesmente pegar um tripulante aleatório
para obter ajuda eficaz e um telefonema desesperado não ajudaria.

No momento em que chegou à entrada principal do passeio, Zane se


acalmou o suficiente para ser capaz de começar a pensar mais adiante. Eles
teriam que chegar a um telefone via satélite para telefonar. Precisavam
conseguir uma autorização jurisdicional, e tanto quanto ele odiava isso, pelo
que aconteceu, as autoridades locais teriam que se envolver, pelo menos para
prender os seus atacantes.

Quando pararam ao pé da escada, Zane olhou à sua volta e se virou para


ver um homem levantando o braço para apontar a arma diretamente para ele.

— Abaixem-se, — Zane exclamou, agarrando as cabeças de Bianchi e


Norina e caindo no chão, no momento em que o tiro ecoou e ricocheteou para
trás. Gritos soaram na galeria, e Zane teve a oportunidade de olhar para o seu
atacante, só para ter que se abaixar imediatamente quando o homem
disparou contra ele novamente. Desta vez, a bala ressou no metal embutido
na parede da escada.

— Fora, fora, fora! — Zane exortou, empurrando Bianchi em direção à


porta que iria levá-los para o deck ao ar livre.

Zane podia ouvir Ty reclamando enquanto ele puxava a retaguarda.

— Se aquele desgraçado atirar em mim mais uma vez, eu vou enfiar essa
arma em seu-

— Direita! — Bianchi gritou enquanto agarrava o braço de Norina e a


puxava na direção apontada por Zane, em direção à ponte, assim como Zane
queria. O que Zane não queria era que o homem fosse direito para um grupo
de turistas que guinchavam e gritavam, seu progresso lento enquanto Norina
tentava se desculpar e ajudar as pessoas.

— Pegue ela e vá, — Zane disse quando Ty parou ao seu lado. Ty agarrou
Norina pela mão e começou a correr na frente. Quando eles correram, Zane
arrancou Bianchi, que se desculpava profusamente com as mulheres que
agora riam do acidente. — Não é o momento! — Ele insistiu, empurrando o
italiano na frente dele. Biancho seguiu Ty e Norina ao virar a esquina para
uma passarela coberta que percorria o comprimento do navio e Zane fez uma
pausa para olhar para trás. Ele viu três homens correrem pela avenida e
começarem a olhar pela multidão, e Zane soltou uma respiração lenta. Eles
poderiam ter se esquivado da bala de novo... até que o grupo de senhoras que
Bianchi tinha dado um encontrão apontou em sua direção. Um dos homens
gritou com ele, mas Zane se virou e correu atrás dos outros.

Depois de correr forte por um meio minuto, ele estava perto dos
calcanhares de Bianchi e arriscou um olhar por cima do ombro enquanto
corriam ao longo do convés a bombordo do navio, ainda nas áreas públicas.
Os bandidos que os perseguiam não tinham puxado as armas e atirado contra
eles novamente, provavelmente devido à massa de pessoas que apreciavam a
música e atividades noturnas ao longo das plataformas abertas. Mas Zane
verificava de tempo em tempo, eles estavam perdendo terreno, e ele não tinha
certeza de quão longe seriam capazes de chegar.

Norina gritou algo em italiano e Zane virou sua atenção de volta para
onde estava indo: dentro e para cima de um lance de escadas, ao invés da
grande escadaria ao ar livre que os levaria para a grande piscina, agora aberta
para a lua no clima mais quente do Caribe. Bem pensado da parte de Ty, os
levar em algum tipo de abrigo. Zane esperava que não fosse um beco sem
saída para eles.

Subiram as escadas, subindo dois pavimentos antes da próxima saída.


Quando Zane deslizou através da porta corta-fogo, Ty, Bianchi, e Norina
esperavam por ele.
— Obstrua isso, — Ty ordenou, sem fôlego, mas não ofegante como os
pobres italianos. Ele já estava se movendo para uma pesada espreguiçadeira
para tentar bloquear a porta, mas amaldiçoou criativamente quando
descobriu que as cadeiras foram aparafusadas ao deck. Zane verificou a porta
e ouviu as batidas de pesados passos na escada. — Temos que mos mover
agora, — ele disse, enquanto tentava recordar o layout do convés do navio. —
Vá para a esquerda e saia, devemos ser capazes de cortar através do
compartimento de passageiros de volta para o calçadão e para ponte.

Ty estendeu a mão para ele e o empurrou para assumir a liderança.


Então ele virou para a mulher.

— Norina, me dê os seus sapatos, — exigiu.

— Eles não são do seu tamanho! — Norina protestou quando ela se


afastou de Ty.

— Eu não vou usá-los! — Ty gritou com ela frustrado.

— Eles são Manolo, de pele de jacaré-

— Dê os sapatos! — Bianchi exortou enquanto se abaixava para arrancá-


los de seus pés.

Ty pegou um deles e o colocou sob sua jaqueta. Zane sabia que seu
parceiro estava morrendo por uma arma, mas ele teria de se contentar com
stilettos de couro de jacaré e assumir a retaguarda. Zane partiu para a porta e
correu de volta para a noite e virou à esquerda, cortando a área de estar ao ar
livre de um café fechado, rumo a outra porta na antepara53. Parou na frente
dela, recuperando a força e o peso de um lado e puxou a maçaneta da porta.

Trancada.

— Oh, vamos lá, — Zane rosnou. Ele começou a procurar nos bolsos pelo
seu cartão-chave. Norina e Bianchi pararam ao lado dele.

53
Anteparas são "paredes" longitudinais ou transversais cuja função pode ser delimitar espaços,
fortalecer a estrutura ou garantir a estanquidade de um compartimento.
— Isso é um risco de incêndio, — comentou Bianchi depois de ele puxar
a alça.

Zane bufou, encontrou o seu cartão, e o deslizou através do leitor ao


lado da porta. A pequena caixa piscou rede.

Uma série de travas e pancadas se seguiu, acompanhada pela estranha


melodia de canções de Natal que estava sendo tocada por uma decoração
mecânica. Logo Ty virava a esquina, derrapando em seus caros sapatos de
couro italiano. Ele tinha conseguido manter sua camisa de smoking enfiada,
mas já não estava abotoada. Zane bufou. Só Ty para encontrar uma maneira
de mostrar o seu peito quando eram perseguidos por homens armados por
todo um navio de cruzeiro. Ele olhou por cima do ombro, rindo baixinho de
qualquer bloqueio que tinha conseguido inventar.

— Você nos comprou um pouco de tempo? — Zane perguntou. — Nós


precisamos disso. Não conseguimos abrir a porta. Vamos, — ele disse,
pegando o cotovelo de Norina e virando as costas para o convés. —
Precisamos encontrar outra maneira de entrar.

— Agora gostaria de ter me unido a sua aula de aeróbica, minha gioia, —


Bianchi bufou quando correram novamente. O riso tilintando de Norina era
mais leve do que Zane esperava ouvir, considerando que eles estavam
praticamente correndo por suas vidas.

Eles chegaram a uma porta de manutenção, que também estava


bloqueada, mas antes que Zane pudesse tentar o cartão-chave, Ty latiu para
ele se mover para o lado. Zane mal tinha conseguido sair do caminho antes
que Ty se atirasse, ombro primeiro, contra a borda da porta. A porta era
pesada, de metal sólido, mas o batente da porta não era. Norina gritou e bateu
as mãos sobre a boca, e Bianchi gritou sem palavras surpreso quando o
batente da porta se estilhaçou sob o ataque. Ty deu a porta um forte pontapé,
mas não foi o suficiente. Ele deu um passo para trás e, em seguida, chutou a
porta novamente.
Ela se abriu com um gemido de protesto.

— Vá, — Zane disse, empurrando Bianchi e Norina em direção à porta.


—Isso tem que levar a um corredor interno. — Quando eles se mexiam, olhou
para Ty muito rapidamente. — Tudo bem?

Ty grunhiu para ele, esfregando seu braço enquanto seguia os Bianchis


para cima. Zane empurrou a porta fechada atrás deles, mas ela não travou.
Eles estavam em uma espécie de sala de mecânica. Luzes piscavam em todas
as paredes, e os fios enroscavam em todos os lugares.

Norina já estava no final da sala, abrindo uma porta que levava de volta
para o convés.

— Não, nós queremos ficar dentro. Temos que chegar à ponte, — Zane
gritou, girando em círculo, olhando para o outro lado. Mas não havia
nenhuma.

— Fora é melhor do que estar preso, — Ty argumentou, apontando para


a porta e se movendo em direção a ela. Ele digitalizava o quarto enquanto ia.
—Alguém sabe o suficiente de eletrônica para fazer algum dano com qualquer
dessas coisas?

Zane balançou a cabeça. Não havia tempo. Bianchi deu de ombros e


olhou ao redor do quarto.

— Vamos! — Norina sussurrou urgentemente e ela abriu a porta para


espiar.

Bianchi e Ty estavam em seus calcanhares.

Eles saíram de volta no convés, agora um pouco mais para a lateral do


navio. Não estavam nem a cinquenta metros da popa agora, e as portas
estavam ficando escassas.

— Vocês já assistiram a filmes de terror onde a cadela da menina corre


para cima, em vez de sair? — Ty falava para ninguém em particular, quando
eles cautelosamente superavam o longo convés exterior. Zane sabia o que ele
queria dizer, porque estavam fazendo o mesmo: subindo até onde eles
estariam presos se não pudessem encontrar outra saída para baixo.

Olhar para o oceano lá embaixo foi uma experiência vertiginosa daquela


altura. Zane engoliu em seco, virou as costas para a água e olhou para trás,
para o caminho do qual vieram. Esperava que os perseguidores seguissem
pela sala mecânica e perdessem tempo em vez de ficar no convés e os fechar
rápido. Quando ele ouviu fortes passadas, ele virou para correr atrás dos
outros.

Quando ele fez a próxima volta, Zane derrapou até parar. Bianchi,
Norina, e Ty, estavam parados no meio de uma área aberta de se sentar
abrigada sob uma saliência e não havia outra saída, exceto o caminho que eles
fizeram, o caminho que os seus perseguidores bloqueavam.

Bianchi e Norina estavam se segurando próximos um do outro,


recuando em direção ao corrimão enquanto Ty ficava na frente deles
segurando os dois stilettos de couro de jacaré, como se ele pudesse proteger
as duas pessoas por trás deles quando fossem atacados. Zane não iria colocar
que passar Ty Grady seria letal com um par de saltos altos de perto. Mas os
homens que os perseguiam não estavam interessados em lutar. Eles atirariam
primeiro.

Ty encontrou os olhos de Zane, e era óbvio antes mesmo que ele falasse
qualquer coisa que eles finalmente atingiram o fim da linha. Não havia para
onde correr.

Atrás dele, Zane podia ouvir os homens os perseguindo, gritando e


batendo ao redor de dentro do compartimento mecânico. Eles bloquearam a
porta da melhor maneira possível, mas aquilo não os seguraria por muito
tempo. Correu para o seu parceiro.

Ty olhou para o toldo, em seguida, para trás deles no corrimão. Ele


balançou a cabeça.
— A única saída é para baixo, — disse sem fôlego. Ele olhou para Zane.
—Temos de saltar.

— Saltar para onde? — Zane perguntou incrédulo.

Ty segurou seu braço com força e o puxou para a grade.

—A piscina é lá embaixo. Temos sorte, eles recuaram o teto por causa do


tempo quente, — ele disse enquanto olhava de novo. Quando Ty falou
novamente ele estava gritando, dando ordens para Norina e Bianchi. —
Reúnam as almofadas dessas espreguiçadeiras, e as joguem. Tentem acertar a
água, — gritou quando jogou os sapatos de lado e começou a fazer a mesma
coisa que falou a eles.

Zane viu quando Ty arrancou a primeira almofada grossa de uma das


espreguiçadeiras e a atirou como um disco de grandes dimensões sobre os
corrimões. Ele não esperou para ver onde caiu, mas correu para a próxima
cadeira. Bianchi logo começou a ajudá-lo, sua esposa assustada seguia em
seus calcanhares.

— Mas eu não entendo! — Ela disse enquanto lutava com uma das
almofadas pesadas. — Por que temos que fazer isto?

— Você tem que dispersar o peso quando bate na água desta altura, ou
você vai direto para o fundo, assim como se você estivesse batendo em
concreto, — Ty respondeu quando jogou outra das almofadas sobre os
corrimões. Ele se virou para Norina e agarrou a sua mão, a puxando para a
grade.

— Espere! — Ela chorou e puxou para longe dele e juntou sua bolsa
arruinada e seus saltos. Ela deslizou os sapatos e endireitou os ombros. — Eu
irei como uma senhora deveria, — ela afirmou bravamente. — Em notórios
saltos de couro.

Ty de fato abriu um sorriso quando a atraia para a grade.

— Quando você saltar, certifique-se de mirar para uma almofada.


Ela olhou por cima do corrimão e imediatamente virou a cabeça e
colocou os dedos sobre a boca, fechando os olhos. Zane pensou que o seu
coração poderia parar. Eles estariam caindo três pavimentos ou mais para a
piscina.

— Vem, Norina. Basta pensar no mergulho do penhasco, — Bianchi


disse com uma voz trêmula enquanto a ajudava a subir para se sentar no
corrimão. Ele a beijou forte e rápido e quando ela começou a falar
rapidamente em italiano, ele a jogou de lado. Tanto Ty quanto Bianchi a
assistiram cair, ela bateu direto em uma das almofadas como deveria fazer.
Ouvindo seu gemido fino e o splash distante que se seguiu, Zane estremeceu
quando Bianchi golpeou o ombro de Ty e, em seguida, pulou da grade
também.

Zane ouviu o próximo respingo e correu de volta pelo convés para


verificar a passarela. Ele chegou a tempo de ver os homens explodirem para
fora de uma porta e deslizar no corrimão do lado do navio, lançando quase no
fim. Mas então eles endireitaram e começaram a se mover.

— Quarenta e cinco metros e se aproximando. — Zane disse, seu pulso


disparando enquanto caminhava lentamente para trás, observando a
aproximação dos caçadores.

— Vamos, Garrett, — Ty pediu numa voz baixa e tensa. Quando Zane


finalmente olhou para ele, Ty estava montado em cima do corrimão, se
segurando com a mão. Mas Zane não poderia se forçar a mover. Ele já podia
se sentir caindo enquanto olhava para Ty e vagamente admitiu para si mesmo
que estava assustado e fora de si.

Ty esperou alguns instantes, então deslizou para fora da grade,


atravessou os dez metros entre eles e pegou a mão de Zane. Ele não o puxou
para ele, no entanto.

— Vamos lá, Zane. Não há outro caminho. Por favor.


Zane teve que se forçar dizer as palavras enquanto segurava a mão de Ty
como se ela fosse a tabua de salvação e olhou para seu amante.

— Eu não posso, — ele ofegou. Ele teria recuado como fizera no


penhasco, mas ele podia ouvir os passos se aproximando.

Os olhos de Ty dispararam para olhar por cima do ombro de Zane, e


Zane sabia o que ele via, sem ter que se virar. Eles não tinham muito tempo.
Aqueles olhos castanhos que ele estava tão familiarizado voltaram para ele,
suplicantes e ansiosos.

— Por favor, baby. Eu não quero morrer aqui com você, — ele disse com
uma fraca risada.

— Não, — Zane disse dolorosamente. A ideia de ele ser a causa da morte


de Ty era demais para suportar e ele empacou. Ergueu a mão trêmula solta
para Ty e a empurrou suavemente para ele. — Vai, salte. Agora.

— Foda-se, Garrett. Eu não vou te deixar aqui, — Ty rosnou quando


pegou a mão de Zane novamente. Desta vez ele puxou para ele. Apesar do
tamanho de Zane, era difícil de lutar contra a força de Ty, e Ty o puxou para
se mover três passos bruscos para o corrimão. — Se eu tiver que empurrá-lo
por cima, eu vou, mas então você não será capaz de mirar e vai quebrar a
perna e nunca vou ouvir o fim de tudo, — Ty resmungou para ele quase
baixinho quando ele olhou para baixo, para a queda de três andares.

Zane envolveu sua mão livre ao redor da grade em um aperto de morte.

— Sinto muito, Ty, — ele sussurrou quando encontrou o olhar


preocupado de Ty. Visões de quedas guerreavam com a visão de Ty quase lhe
implorando para saltar, e por um momento Zane pensou que podia estar
doente ali mesmo.

O primeiro imprudente tiro foi enviado através da grade decorativa e


soou para fora, sibilando fora do toldo acima de suas cabeças. Ty se abaixou
instintivamente, mas ele não tirava os olhos de Zane. Os olhos de Ty sempre
foram fáceis para Zane ler, e agora Ty estava desesperado e com medo e não
tentava esconder isso. Ele colocou a mão no rosto de Zane, apertando os
dedos de Zane com a outra. — Zane, — sussurrou trêmulo. Ele hesitou, sua
boca mexendo, mas nenhum som saindo. Outro tiro, desta vez mais perto e
um pouco mais preciso, eles tinham se abaixado juntos quando faíscas os
banhou a partir da grade de metal. Seus perseguidores estavam se movendo
com cautela no caso de sua presa estivesse armada, mas o tempo estava se
esgotando.

— Zane, — Ty repetiu desesperado quando ficou em pé e puxou Zane


mais perto da borda antes de subir no corrimão novamente. — Eu te amo, —
ele soltou, o agarre apertando a mão de Zane, no caso de ele tentar se afastar.
—Por favor, confie em mim.

Zane não achava que era possível ficar chocado fora do medo
entorpecente. Mas as palavras de Ty o sacudiram o suficiente para que ele
permitisse Ty o puxar e guiá-lo, e Zane se viu subindo para lançar uma perna
e ficar em cima do parapeito ao lado de seu parceiro em uma espécie de
névoa.

— Eu confio em você, — ele disse em uma voz trêmula, que revelou


tanto de seu medo.

Os dedos de Ty eram como um aperto de torno na mão de Zane.

— Em três, — disse suavemente.

Atrás deles, os homens finalmente viraram a esquina, vieram à tona, e


dispararam rapidamente sem mirar, embora um tiro direcionado acertasse na
grade entre eles, fazendo com que Zane recuasse e oscilasse bastante
enquanto agarrava o corrimão desesperadamente, o susto crescendo em seu
peito e cegando a sua mente.

— Três! — Ty gritou. Ele passou o braço em torno do ombro de Zane e se


inclinou para o lado, chutando a grade no último minuto e fazendo que ambos
caíssem sobre a borda.
A queda passou muito mais rapidamente do que Zane esperava.
Atordoado pela declaração de Ty, ele mal conseguiu duas respirações antes
que, de repente, as almofadas estavam lá e ele bateu na água, mergulhando
abaixo da superfície. Apesar das almofadas ajudarem a amortecer a queda,
parecia que todo o ar foi eliminado dele. Ele poderia ter engasgado antes de se
deter e tomar um gole da água salina quando o impulso o levou para o fundo
da piscina.

Ele instintivamente se lançou de voltar para cima, ofegando e tossindo


enquanto subia parar a superfície, e ele se debateu impotente por alguns
segundos. Tentando respirar e pisar a água e abrir os olhos, tudo ao mesmo
tempo era demais para conseguir quando seu pulso estava correndo e seu
coração praticamente estava batendo fora do seu peito.

Um aperto firme puxou seu ombro, em seguida, o soltou com a mesma


rapidez, e ele podia ouvir alguém próximo tossindo e cuspindo enquanto
também se esforçava na água. Gritos e berros se misturavam com o som
correndo da adrenalina nos ouvidos de Zane e alguém latindo ordens próximo
a ele.

Livre do medo que o tinha congelado, mas agora literalmente o sacudia,


Zane finalmente conseguiu se endireitar e limpar os olhos ardendo para que
ele pudesse ver Ty ao lado dele.

— Você disse aquilo para me fazer pular? — Ele colocou pra fora.

Ty estava lutando através da água em direção à borda da piscina. Ele


mais parecia um cachorro se afogando do que o nadador gracioso que Zane
tinha visto no mar e na piscina há vários dias. Ty não respondeu, ele
simplesmente cuspiu um bocado de água e balançou a cabeça. Ele jogou os
braços sobre a borda da parede, apenas o suficiente para se içar fora da água
para ser capaz de ofegar várias respirações profundas. Zane também chegou
ao lado da piscina, ainda tentando envolver seu cérebro em torno de
manipulação de Ty e o fato óbvio de que foi bem sucedido.
Zane estava doente, com raiva, horrorizado, ainda com medo em sua
mente, desesperadamente aliviado... uma mistura de emoções queimando que
não conseguia resolver. Ele manteve os olhos sobre o seu parceiro, sem saber
se Ty responderia. Mas Ty apenas olhou para o deck da piscina quando
apoiava os cotovelos sobre ela, parecendo um pouco confuso.

Enquanto Zane observava, uma pesada bota preta entrou na frente do


rosto de seu parceiro, fazendo com que Ty olhasse para o seu dono. Um dos
agentes de segurança do navio estava em cima dele, olhando para eles com
desaprovação e com os braços cruzados. Atrás dele, os Bianchi estavam
envoltos em toalhas e algemados, outros dois agentes de segurança os
acompanhavam.

Ty olhou para o homem por mais um instante, em seguida, bateu com a


cabeça para baixo para os braços em sinal de rendição.
Capítulo Treze

TY sentava com um pé puxado para cima no beliche duro, o cotovelo


apoiado no joelho enquanto olhava para as estéreis paredes brancas das celas.
Havia três delas, separadas por cercas de arame grosso. Ty inclinou seu
ombro contra o fio de sua cela e exalou lentamente.

— Pelo menos não estão mais atirando em nós, — ele disse com voz
arrastada para Zane, mantendo o sotaque britânico só porque isso irritava os
agentes italianos e os de segurança do navio, que ainda estavam tentando
descobrir quem diabos eles realmente eram. E porque ele fodidamente podia.

— É verdade, — concordou Zane, deslocando cansado no pequeno banco


na cela ao lado. Ele ainda estava tenso. — Eles vão esclarecer isso em breve e
vamos sair daqui.

Uma vez que a segurança do navio tinha juntado a merda, a situação se


acalmou rápido. Principalmente porque todo mundo estava trancado em
algum lugar ou outro, de acordo com os vários e diversos visitantes que
tinham recebido para informá-los ou provocá-los.

Dolce e Gabbana tinham vindo para repreendê-los por meter seus


narizes americanos (talvez) onde não pertenciam. Os dois capangas acabaram
por ser realmente da italiana Guardia di Finanza, supostamente atribuídos
para prender os Bianchis. Ty e Zane podiam somente assumir que Armen
Vartan realmente tinha tentado um golpe, ele forneceu a Guardia as
informações que precisavam para prender o casal italiano. Ty tinha certeza
que esses dois não demorariam muito tempo em seus empregos depois que
todos os relatórios fossem arquivados.
Era possível que Armen realmente não recorreu a tentativa de
assassinato, mas eles nunca saberiam ao certo, já que ele estava agora no
necrotério do navio e não podia falar a ninguém o que aconteceu. Enquanto
Armen podia ou não podia ter sido o culpado em relação às tentativas contra a
vida de Ty estavam em causa, os autores dos incidentes de mergulho e
escalada não podiam ser encontrados, de acordo com o capitão.

Ty suspeitava que os mesmos homens que estavam no tiroteio e na


perseguição, era provavelmente quem planejavam trair a quadrilha inteira de
contrabando e matar todos eles. Eles não estavam falando também, o que
deixava muita coisa para se supor sobre quem diabos eles realmente eram e o
que realmente tinha acontecido. Eles haviam sido presos na cadeia em
Tortola54, e eles foram detidos sob a acusação de tentativa de homicídio. Eles
podiam até mesmo enfrentar acusações de tentativa de sequestro do navio de
cruzeiro, se os promotores se sentissem particularmente vingativos. Ty tinha
certeza de que haveriam outras acusações vindo também, incluindo o
contrabando, lavagem de dinheiro e porte de armas pendentes de extradição.

O capitão educadamente os informou que os Bianchis estavam em


prisão domiciliar em seu camarote até que Dolce e Gabbana pudessem
reivindicar a jurisdição.

Ty se perguntou como diabos ele e Zane ficaram presos na cela maldita


em vez do seu camarote de luxo, com um guarda na porta. Quando Ty tinha
manifestado oposição, o capitão tinha educadamente informado que eles
permaneceriam exatamente onde estavam... até que eles chegassem no porto
de Maryland.

Eles podiam muito bem ficar confortáveis.

Ty virou a cabeça para olhar através do arame para Zane, sua boca se
contorcendo em um sorriso.

54
Tortola é uma das maiores ilhas da dependência do Reino Unido nas Caraíbas, as Ilhas Virgens
Britânicas, que corresponde à metade oriental das Ilhas Virgens.
— McCoy especificamente me disse que se eu acabasse parando na
prisão não era para chamá-lo, — ele disse com diversão irônica. — Eu não sei
o que me irrita mais, o fato dele assumir que eu acabaria aqui, ou que ele
estava certo.

Zane fez uma careta, mas ele ainda assim riu.

— Mas nós encontramos uma provocação, — disse. — Ele nos deve –a


você – por essa.

— Nós, — Ty corrigiu. Ele balançou a cabeça, olhando para Zane de


perto. Ele se mexeu e virou, colocando seus dedos através do fio enquanto
apertava o nariz contra ele. — Eu sei que isso não era tudo diversão e jogos
para você.

Zane bufou uma risada triste.

— Você poderia dizer isso. — Ele olhou para Ty com descrença clara
sobre sua face. — Eu ainda não posso acreditar que você me o que disse.

Ty bateu seu dedo contra o arame grosso, a aliança de casamento


fazendo um pequeno som de tinindo ao lado de sua orelha. Ele sorriu
fracamente. Ele tinha que concordar, mas provavelmente não pelos mesmos
motivos que Zane não podia acreditar. Ele não disse nada em resposta,
esperando que o sorriso fosse o suficiente. Zane apenas balançou a cabeça e
desviou o olhar.

Ty liberou o fio de partição e sentou para trás, recostado sobre a cama


dura, com o braço apoiado em seu joelho novamente. Seu ombro ferido onde
ele bateu na porta e depois bateu no fundo da piscina um pouco mais forte do
que esperava. Mas isso não era nada comparado à sensação de aperto no
peito. Seu dedo doía muito, mas ele estava relutante em pedir a alguém cortar
o anel fora. Ele sentiria a falta dele quando ele se fosse. E provavelmente
nunca usaria outro que significasse algo para ele.

Ele viu a luz jogar no anel arranhado de prata.


Não havia para onde ir, e eles tinham todo o tempo do mundo lá. Era
um pensamento estranhamente libertador, aquele que fez o aperto no peito
diminuir um pouco. Ele lambeu os lábios enquanto seu polegar roçava o anel.
“Eu te amo” não era algo que ele já tinha realmente planejado dizer a Zane,
especialmente não em uma situação em que nenhum deles poderia se
esconder um do outro. Mas isso tinha saído tão naturalmente na grade lá em
cima que ele não tinha sido capaz de se parar. Agora, ele poderia mentir
direitamente no rosto de Zane e deixar Zane acreditar que tinha sido um mero
estratagema para fazê-lo saltar, ou ele poderia dizer a verdade. Novamente.

Ty estava cansado de esconder aquilo.

— Eu tenho um problema, Zane, — admitiu, parecendo um pouco


surpreso que estava a dizer isso em voz alta, especialmente agora, quando
tudo parecia estar indo bem no seu estranho relacionamento.

Zane levantou uma sobrancelha.

— Além de estar encharcado em uma cela de prisão no meio do Caribe?

— Eu tenho que dizer, isso não é uma novidade para mim, — Ty


murmurou. Ele sorriu e olhou para o teto, quase falando com ele mesmo ao
dizer isso. Ele esperou um momento para ter certeza que realmente queria
dizer isso e quando falou, finalmente, largou o sotaque falso. — Não, este é
um tipo diferente de problema.

Apesar de ter expressado surpresa um momento atrás, a voz de Zane


desta vez era mais grave, com um tom de preocupação audível.

— O que é?

Ty mordeu o interior de seu lábio enquanto olhava para as mãos e as


virava. Elas tinham começado a tremer ligeiramente. Ele podia sentir o
nervosismo percorrendo seu corpo. Se ele dissesse a Zane, nada mais seria o
mesmo. Toda a sua parceria mudaria, para melhor ou para pior. E ele sabia
que não conseguiria nada com isso, exceto o alívio de ser sincero.
Ele respirou fundo e olhou para Zane, encontrando seus olhos através
do arame. Zane franziu a testa e se aproximou da cerca, achatando uma palma
da mão contra ele, como se tentasse chegar a Ty para ajudá-lo.

Ty não chegou a tocá-lo, sabendo que isso faria mais difícil para ele
conseguir as palavras. Ele sabia qual seria a resposta de Zane. Ele realmente
não tinha pensado nisso - as repercussões, os efeitos-cascata qualquer coisa,
mas ele raramente pensava antes de agir. Era mais ou menos como o primeiro
salto de avião. Feche os olhos e dê um passo e espere que o terreno não bata
em você muito rápido. De qualquer maneira, você sabia que o vento estava
indo para cima em seu nariz a mais de 300 quilometros por hora.

Apaixonar-se ou simplesmente cair: as duas coisas eram aterrorizantes


em qualquer velocidade.

Respirou fundo e ergueu o queixo teimosamente, encontrando os olhos


de Zane sem vacilar.

— Eu não disse aquilo apenas para fazê-lo saltar. Eu estou apaixonado


por você, Zane, — ele admitiu numa voz calma e clara. — Já faz um tempo.

Os olhos de Zane arregalaram e o choque estava claro neles. Ele não


tentou esconder. Isso, pelo menos, demonstrava a confiança que eles
construíram entre si. Ele não escondia as suas emoções de Ty mais. Não mais
do que Ty escondia dele. Os lábios de Zane se separaram como se fosse dizer
alguma coisa, mas nada saiu quando ele inclinou a cabeça ligeiramente para o
lado.

— Você não precisa dizer nada, — Ty disse rapidamente. Ele sabia como
Zane responderia e chegou a um acordo com isso. Ele ainda não queria ouvir
as palavras, apesar de tudo. Ele não conseguia olhas nos olhos de Zane por
mais tempo e ele podia sentir seu rosto aquecendo. Olhou para sua mão e a
virou.

— Eu sei que você não... — Ele balançou a cabeça e olhou para a parede
branca austera em frente a sua cela, e começou de novo. — Eu sei que você se
importa comigo. Isso é tudo que eu preciso. Eu só percebi... que temos
segredos demais entre nós, — ele continuou quando olhou de volta para Zane
e sorriu nervosamente. — Somente é um a menos.

A cascata de emoções que cruzou o rosto de Zane o surpreendeu, Ty não


pensava que já tinha visto Zane parecer tão assustado. Os dedos dele
enrolaram na cerca e ele apenas balançou a cabeça ligeiramente.

— Um a menos, — ecoou baixinho, embora seus lábios se moveram


como se estivesse começando a dizer mais alguma coisa e parou. Então ele
reiniciou. — Por que você me contou dessa forma?

Ty deu de ombros com o ombro dolorido.

— Pareceu uma boa ideia no momento, — respondeu embaraçado.

— Eu estava muito cego, surdo e com medo em minha mente. — Zane


admitiu. — Mas eu... ouvi você.

Ty acenou desconfortavelmente. Isso era mais difícil do que pensou,


sabendo que uma confissão de amor não viria em retorno. Ele ficou contente
de ter dito a Zane, mas, meio que ele queria mudar de assunto agora.

— Acho que isso explica porque você não se importou de eu ser tão
possessivo, — Zane acrescentou abruptamente um minuto depois.

Ty levantou uma sobrancelha e sacudiu a cabeça. Ele quase ficou


aliviado que Zane não tinha tentado negar isso e parecia ir para uma resposta
mais leve, menos significativa. Ele sorriu agradecido.

— Experimente essa merda em terra e vamos ver como eu reajo.

Zane revirou os olhos.

— Eu me perguntei o quanto disso era Del e o quanto era você. Depois


de um tempo eu não tinha certeza de que eu pudesse dizer.

Ty não estava certo do que dizer sobre isso e qualquer outra coisa que
vinha à mente apenas os levava de volta para o território que poderia acabar
por ser doloroso se não fossem cuidadosos. Ele descobriu que estava
decepcionado, que a resposta natural de Zane que Ty o amava era falar sobre
seu caso. Ele observou Zane por um longo momento antes de virar seus
ombros até encostar na parede atrás dele e olhar para seus dedos novamente.
Com sua visão periférica, ele viu Zane fazer o mesmo. Eles se sentaram em
um silêncio um tanto tenso até Zane que falou.

— Estou pensando em me arriscar.

— O quê? — Ty perguntou enquanto olhava para Zane com uma careta.

Um sorriso, lentamente, puxou os lábios de Zane.

— Tentar essa merda em terra.

Ty se afastou da perede e virou a cabeça para poder vê-lo melhor. Ele


não esperava ouvir um “eu te amo” de Zane. Se ele tivesse recebido um,
provavelmente teria acreditado. Mas ele supôs que “tentar essa merda em
terra” – e as implicações por trás, é que Zane queria Ty para si mesmo - era o
mais próximo que ele conseguiria. A constatação o fez sorrir lentamente.

— Você é tão fácil, — disse a Zane com satisfação quando olhou para a
parede branca e lisa novamente.

— Só para você, Boneco, — Zane demorou em sua voz de Corbin.

Ty suspirou e passou a mão pelos seus cabelos loiros.

— Nunca mais me chame disso de novo, — avisou numa voz cansada. —


Idiota.

Zane riu, visivelmente liberando o estresse que estava carregando em


seus ombros e ele colocou a cabeça para trás contra a parede. Ele não parecia
preocupado. Ty o observou pelo canto do olho. Tudo o que Ty tinha que fazer
era manter o olhar no rosto de Zane, aquele ali, relaxado e contente e um
pouco divertido. Em seguida, eles estariam bem.

— Oh, a propósito, — Ty murmurou. — Feliz Natal, Zane.


Zane olhou para ele com alguma surpresa, então olhou para o relógio de
plástico na parede oposta. Era meia-noite. Ele bufou baixinho.

— Feliz Natal, Ty.

TY tinha antecipado uma enxurrada de perguntas quando chegassem


em terra, mas ele também esperava ir para casa, tomar um bom banho e
trocar de roupas primeiro. Mas não houve qualquer desvio do cais para o
escritório do Bureau. Eles foram interrogados o mais rápido possível.

Ty sentou em uma das mesas de interrogatório – no lado errado. Eles


estavam trazendo alguém para cortar o anel do seu dedo enquanto ele
escrevia o seu relatório, mas também queriam que um agente falasse com ele,
o que era incomum. Ele estava um pouco nervoso que ele e Zane tinham
perdido algo ou fodido em algum lugar, especialmente desde que Zane tinha
sido conduzido para outra sala, para um interrogatório separado.

Ele tentou conter os nervos quando terminava o seu breve resumo do


que tinha acontecido no navio. Ele assinou na parte inferior do relatório e o
empurrou para longe, respirando fundo para se acalmar.

A porta se abriu e ele respirou lentamente quando três homens


entraram. SAIC55 Dan McCoy sorriu e segurou a porta aberta para um dos
técnicos de laboratório e para o agente especial Scott Alston, que arrastava
atrás dele.

— Grady. É bom ter você de volta, — McCoy saudou enquanto se sentava


em frente a Ty.

O técnico de laboratório enrolou um pedaço de gaze e tirou um par de


utensílios cortantes que parecia um cruzamento entre uma tesoura e um
55
Special Agent In Charge – Agente especial encarregado
adereço de Hellraiser56. Ty engoliu em uma desconfortável sensação de déjà
vu. O último conjunto de utensílios que tinha visto enrolado em um
interrogatório não foi usado para cortar metal. Ele limpou a garganta e
desviou o olhar rapidamente, dando ao técnico sua mão esquerda para que o
homem pudesse cortar o anel de prata do dedo inchado.

Ele encontrou os olhos de McCoy quando o técnico começou a tentar


trabalhar um lado da perversa tesoura sob o anel.

—Se transformou em uma verdadeira tempestade de merda, hein? —


McCoy disse com um sorriso simpático.

Ty bufou.

— Você poderia dizer isso. O que aconteceu, afinal? Havia pessoas


tentando nos matar a torto e a direito!

— Sim, — McCoy respondeu devagar, balançando a cabeça. — Nós


pisamos nisso. Sinto muito.

Ty olhou para ele incrédulo.

— Desculpe?

McCoy deu de ombros.

— Parece que vocês dois entraram no olho do furacão. Vocês eram mais
como... as vacas que são jogadas ao redor da periferia. — Alston bufou e
tentou encobrir isso com uma tosse e uma mão à boca.

Ty olhou entre eles com uma carranca, sem diversão.

— Eu me sinto mais como uma cabra nisso, Mac, — ele rosnou.

McCoy levantou as mãos em sinal de rendição. Ele tinha um pequeno


dossiê em uma delas.

56
Hellraiser - Renascido do Inferno, é um filme de terror britânico de 1987 dirigido por Clive Barker. A
trama, que explora os temas sadomasoquismo, dor como fonte de prazer, moralidade sob stress e medo, é baseada
no livro The Hellbound Heart, do próprio diretor.
— Nós não tínhamos nenhuma maneira de saber que tudo isso estava
acontecendo. — Ele deslizou o arquivo sobre a mesa para Ty. — Havia quatro
grupos diferentes em jogo. Os federais, a Guardia di Finanza, jagunços de
Armen Vartan, e um quarto grupo que parece ser de negociantes de
antiguidades de Dubai. De onde vieram, não temos nenhum indício, mas
eram eles que estavam tentando matá-lo. Quero dizer a Del.

— Por quê? — Ty perguntou em dúvida assim que abriu a pasta.

— Há uma tênue conexão entre eles e Armen no fim do negócio, e


também entre eles e Del Porter, cujo nome não é realmente Del Porter, —
Alston lhe contou. — Aparentemente, os ladrões planejavam assumir a rede
de contrabando pela força. Depois de ter todos os três membros do anel -
Armen Vartan, Corbin Porter, e Lorenzo Bianchi - em um lugar produzido
para facilitar o golpe.

— Pelo que estamos recebendo nos interrogatórios, parece que a


intenção deles era colocar cada um dos homens fora da comissão de alguma
forma e, em seguida, tomar seus lugares na reunião final em Tortola. Visando
Del - quero dizer você - eles tinham a intenção de manter Corbin a bordo do
cruzeiro com seu marido ferido. Iam deixar a Guardia di Finanza cuidar dos
Bianchis. E é de se imaginar que o plano original era para Armen.

— Quando perceberam que não iriam mutilá-lo tão facilmente, foram


mais duro e tentaram matar todos vocês.

— Incrível, — Ty disse sarcasticamente enquanto olhava para os


documentos digitados. Tudo que Alston e McCoy tinham acabado de contar a
ele estava lá e havia mais.

Aqueles homens ficariam presos por um longo tempo já que as


autoridades continuavam a aumentar a sua longa lista de crimes.

O corpo de Armen Vartan foi reclamado por cidadãos turcos, e eles


partiram em um voo para Istambul. O Bureau estava trabalhando com o
governo turco para investigar os negócios de Armen, mas isso era lento.
Um dia após a perseguição final, um homem da manutenção encontrou
a equipe reserva do FBI trancada em uma sala de armazenamento no porão.
Eles estavam cansados, extremamente irritados, e seriamente enjoados de
doces e refrigerantes, mas por outro lado ilesos. Isso explicava onde aqueles
filhos da puta tinham estado todo o tempo. Eles haviam sido desentocados
por Dolce e Gabbana, que tinham pensado que eles estavam atrás de Corbin e
Del quando tinham visto os membros da equipe colarem em Ty e Zane. Como
eles esperavam manter o seu trabalho, ficar fora da prisão e evitar um
incidente internacional por sequestrar e deter ilegalmente agentes federais
americanos, Ty não sabia.

Cruzeiros em águas internacionais faziam coisas estranhas com as


pessoas.

Os Bianchis haviam retornado para a Itália com a Guardia di Finanza.


Bianchi estava cooperando com a Guardia para recuperar antiguidades em
troca de clemência e imunidade para Norina, que realmente não tinha estado
envolvida dentro do negócio, exceto na periferia.

Ty lamentava de como aquilo tinha terminado. Ele gostava da mulher


italiana e quase se sentia culpado por ter mentido para ela.

De sua parte, Norina não perdoou Ty por destruir seus sapatos e sua
bolsa, mas ela havia solicitado que uma mensagem fosse enviada para Ty e
Zane, uma que lhes agradecia por ter salvado sua vida e a de seu marido. A
nota estava no dossiê, escrito em inglês, então Ty podia realmente lê-la.

Ele bufou e sorriu levemente.

— Então, — disse Alston, interrompendo a sua linha de pensamento. Ty


olhou para ele. — Era uma cama king-size?

— E redonda, — Ty respondeu zombeteiro. — E se as piadas de gato


forem substituídas por piadas de gays, apenas avise que eu não as acho
engraçadas, — ele acrescentou sério.
O sorriso de Alston desapareceu, e ele assentiu, reconhecendo que Ty
não estava brincando.

O som de metal raspando em metal havia acompanhado suas palavras, e


Ty olhou para ver o anel de prata finalmente sendo puxado para fora do dedo
dolorido. A visão do anel cortado e a impressão que deixou em sua pele foi
mais doloroso do que ele esperava.

— Obrigadom — ele murmurou para o técnico. O homem acenou com a


cabeça e entregou a aliança de casamento a ele. Ty a apalpou e a colocou no
bolso, feliz por McCoy não exigir que a devolvesse.

A entrevista durou uma hora mais ou menos, as questões mundanas e


direções muito claras de tudo o que poderia ter sido embaraçoso ou
prejudicial. A atenção de Ty estava apenas metade lá, no entanto. A outra
metade estava em Zane e no anel queimando um buraco no bolso de Ty.

ZANE se obrigou a prestar atenção ao tráfego congestionado do feriado.


Estava atrasado, mas neste momento tudo o que podia fazer era dirigir. Ele
batia o polegar no volante e olhou no espelho retrovisor.

A imagem parecia com ele mesmo novamente. Seu cabelo castanho


estava naturalmente aparado, sem gel, e o brinco desapareceu, embora Zane
se pegou olhando para a pedra rubi vez ou outra durante a semana passada.
Não era seu estilo, no entanto. Ele usava seu próprio terno cinza, uma camisa
totalmente branca, e uma gravata de seda vermelha e prata. Tudo bom, mas
não tão caro quanto o guarda-roupa extravagante de Corbin Porter. Debaixo
do terno, a tatuagem agora estava desaparecendo. Zane tinha considerado
realmente uma tatuagem, mas depois de pensar sobre o que Ty diria,
abandonou a ideia. Não era realmente o seu estilo também.

Zane removeu o último vestígio de sua falsa pessoa quatro dias depois
deles voltarem do cruzeiro – naquela tarde, na verdade. Ele estava tão
acostumado a usar um anel de casamento que não pensou sobre
simplesmente remover o anel de prata, providenciado para o caso, até que ele
estava lavando o molho de espaguete de seus dedos depois do almoço e notou
que o anel era da cor errada.

Ele ficou lá na pia olhando para o anel por alguns minutos, a água
correndo, as memórias do cruzeiro passando pela sua mente. Mas não era
sobre do caso e dos perigos que Zane se lembrava. Eram os momentos de
silêncio que ele e Ty passaram sentados juntos, relaxando. A inebriante,
sensual e vibrante tensão sexual entre eles que ambos não só permitiram, mas
alimentaram. O riso, a dança, as brincadeiras e apenas estar juntos.

Com tudo isso em mente, pareceu estranho –errado, de alguma forma–


remover o anel que o ligava a Ty.

Depois de secar as mãos, ele levou o anel para o quarto e pegou a caixa
de lembrança de madeira em sua cômoda. Ele abriu a parte superior com uma
suave pressão no fecho magnético e viu sua aliança de casamento de ouro
dentro, com todos os seus arranhões e riscos. Zane lentamente colocou o anel
de prata quase pura ao lado dele antes de deslizar os dedos sobre o anel de
ouro.

Quando ele pensou sobre Becky, foi mais difícil trazer seu rosto à
mente, e quando ele o fez, era fraco e difuso ao redor das bordas,
desaparecendo com o tempo. Fazia mais de seis anos desde que sua esposa
morreu, e mesmo que ele ainda sentisse falta dela, não doeu como costumava
doer.

Zane fechou a caixa, deixando os dois anéis dentro.


Então ele olhou para a pequena caixa envolta com fita ao lado dela e
resmungou um pouco. Ele tinha comprado o pingente de bússola para Ty por
um capricho, e ainda queria dar para ele. Só não tinha certeza... do porquê. O
peito de Zane ficou apertado quando ele pensou sobre a declaração de amor
de Ty, e comparado com isso? O pingente parecia vulgar. Além disso, eles
tinham perdido o Natal, enquanto estavam presos naquela droga de cela e
entregar agora o colar para Ty parecia bobo.

Zane o deixou para trás quando ele pegou o paletó e saiu do


apartamento.

Então, após um pouco mais de três horas, ele estava ali, dirigindo
através do tráfego em um pequeno estacionamento. Zane apertou a
caminhonete em um espaço destinado a um veículo menor, desejando que ele
tivesse montado a Valkyrie57 apesar do tempo frio, mas seco, que quase o
congelaria se ele a montasse pela cidade. Não somente a moto era mais
manobrável, mas era muito mais fácil de estacionar entre carros que
monopolizavam o espaço e um terço do pequeno estacionamento nos
restaurantes cheios de Baltimore.

Ele não tinha montado porque era difícil manter o terno e gravata
arrumados quando o fazia.

A famosa churrascaria privada que ficava em duas velhas casas


geminadas reformadas perto do Fell’s Point, sempre estava lotada, a véspera
de Ano Novo fazia isso ainda pior. Ele estava feliz por ter pensado em ligar e
reservar logo que chegou em casa.

Ele chegou 15 minutos atrasado à porta – não foi a melhor das ideias
para uma reserva de jantar em uma noite regular, muito menos num feriado,
mas ele tinha certeza de que Ty teria chegado a tempo. Era um dos
restaurantes favoritos de Ty. Depois de todo o peixe a bordo do navio

57
Honda Valkyrie é uma motocicleta fabricada pela Honda entre 1997 e 2003. Foi nomeada GL1500C no
mercado estado-unidense e F6C em outros mercados. Entre suas versões estão a Honda Valkyrie 1500,
Honda Valkyrie1800 e Honda Valkyrie Rune.
cruzeiro, Zane imaginou que uma peça de alta qualidade de carne seria
valorizada pelo seu parceiro carnívoro.

Em alguns minutos, um dos recepcionistas o levou para a parte de trás


do restaurante estreito, pela longa parede lateral que tinha uma linha
completa de cabines para 2-4 e, como ele esperava, Ty estava em frente ao
restaurante apropriado. Zane tinha desistido de lutar sobre quem se sentaria
com as costas para uma sala cheia já a algum tempo atrás. Ty sempre oferecia
o argumento de que mais pessoas queriam matá-lo, e ele estava certo.

Ty estava sentado diligentemente enquanto rasgava um pedaço de papel


em finas tiras, o joelho saltando por baixo da mesa enquanto ele tentava se
manter ocupado enquanto esperava. Quando olhou para cima, viu a hostess
conduzindo Zane para ele, e ele se endireitou ligeiramente, juntando os
pedaços de papel e os amassando em uma bola na mão.

— Hey, — Zane cumprimentou, entregando a hostess o seu pesado


casaco de lã que ia até a cintura, desabotoando o paletó e deslizando para
dentro da cabine em frente a ele.

Sentado na cabine, reto e alto com um terno bem ajustado, realmente


apertado, e sua gravata elegantemente estreita e reta, o cabelo loiro
descolorido raspado quase que completamente no que era praticamente uma
guarnição do couro cabeludo, Ty parecia mais um Jarhead58 do que Zane já
tinha visto. Maldito o homem, ele conseguia parecer bom até de cabeça
raspada. E parecia muito mais como ele mesmo. Zane tinha certeza de que Ty
tinha ido a algum lugar e rolado na lama por várias horas assim que chegaram
em casa do navio cruzeiro. Isso o teria feito se sentir melhor.

Agora Ty parecia nervoso, o que não era como ele agia. Embora distante
nos últimos dias, de volta à sua rotina habitual de às vezes juntos, às vezes
separados – tão errado como isso parecia– Zane tinha se preocupado que a
confissão de amor de Ty e a sua evidente falta de resposta, deixaria as coisas

58
Jarhead é um apelido usado para se referir aos fuzileiros navais dos Estados Unidos.
estranhas entre eles na primeira vez que fixassem juntos. Assim, Zane
suspirou quando sentou na cadeira e ofereceu a Ty um sorriso.

— Me desculpe, eu estou atrasado, — Zane começou.

Ty acenou com a cabeça e se inclinou para frente, apoiando os cotovelos


sobre a mesa.

— Você está bem? — Ele perguntou com o cenho franzido.

— Sim, — Zane disse, tentando não estremecer. — Eu não pensei que


estaria tão atrasado, ou teria telefonado.

— Está tudo bem, — Ty disse a ele enquanto seus olhos facilmente


viajavam sobre Zane cuidadosamente, como se o verificasse por lesões ou
qualquer desgaste excessivo. Ty não confiava na moto de Zane, e ele sabia que
Zane geralmente a usava. Com aquele olhar, Zane se sentiu mais aquecido,
dentro e fora, do que ao entrar em um prédio aquecido do frio lá fora. Ele
tentou capturar os olhos de Ty. Era um pouco estranho, esta nova dinâmica
em sua parceria. Talvez agora ele devesse chamá-la de um relacionamento
real. Sim. Estranho. Mas Zane realmente gostou disso e ele sorriu lentamente.

— O quê? — Ty perguntou com desconfiança quando encontrou os olhos


de Zane e viu o sorriso se formando. Ele gemeu. — O que você fez agora?

Zane balançou a cabeça, olhando para o seu amante sobre a mesa.

— Eu não fiz nada, — ele protestou, se divertindo com a reação de Ty.


Agora Ty sabia como ele se sentia a cada dia quando ele acordava ou ia
trabalhar e via Ty sorrindo.

Ty estreitou os olhos e apontou um dedo de advertência para Zane,


obviamente não acreditando que ele não tramou algo. Zane percebeu
imediatamente o que faltava na mão de Ty, e ele se descobriu desconcertado
ao ver que o anel desapareceu. O dedo ainda estava visivelmente inchado e
Zane podia adivinhar o que tinha acontecido.

— Eles tiveram que cortá-lo, huh?


— Cortar o quê? — Ty perguntou com os ombros enquadrados se sentou
para trás, quase ofendido.

Zane teve de rir.

— Seu anel.

Ty olhou para suas mãos.

— Oh. — Ele acenou com a cabeça. — Sim, de nenhuma outra maneira


aquilo sairia sem levar meu dedo junto.

— Você parece desapontado.

Ty deu de ombros e Zane podia dizer que ele estava desconfortável.

— Sinto falta dele, — ele admitiu, fazendo o estômago de Zane dar


piruetas. — Ele me dava algo para fazer com as minhas mãos, — Ty continuou
segurando sua mão para cima e movendo o polegar como se estivesse
brincando com um anel em seu dedo.

Zane bufou. Sim, isso parecia mais como Ty do que estar


emocionalmente ligado a uma peça de joia. Agora ele estava meio feliz por ter
deixado o colar em casa.

Olharam-se quando um garçom chegou com o pão e as bebidas que Ty


já tinha pedido.

Assim que o garçom foi embora com o seu aperitivo e os pratos pedidos,
Ty pegou seu copo, que estava cheio de refrigerante em vez de cerveja ou
champanhe e levantou para Zane com um sorriso.

—Por sermos nós mesmos de novo.

Zane riu e levantou a taça de chá gelado para brindar com Ty.

— Ouça, ouça, — ele disse. — Bon voyage, Corbin e Del Porter.


— Eu não posso dizer que aquilo foi divertido, — Ty murmurou
ironicamente quando colocou o copo na mesa. Olhou para Zane quase com
cuidado. — Você ouviu o que acabou aparecendo nos interrogatórios?

Zane sabia que Corbin e Del Porter agora estavam em Nova York sob
uma investigação de longo prazo do FBI para as extensas atividades
criminosas de Corbin. No entanto, ele não tinha ouvido nada mais sobre eles.

— Não. Algo interessante?

Ty deu de ombros, desconfortável, como se não tivesse certeza se a


notícia era interessante ou não.

— Bem, Del admitiu que tinha sido contratado por Armen para cavar
seu caminho na vida de Corbin, seduzi-lo e espioná-lo, e enviar informações.
Mas no final, ele realmente se apaixonou por Corbin. Ele disse que lhe
contaram o plano de Armen para assumir durante o cruzeiro, e afirma ter
deliberadamente orquestrado a captura dele e de Corbin antes que o navio
partisse para salvar a vida de Corbin. — Ele olhou para Zane, quando ele disse
a última parte, observando sua reação.

Zane piscou surpreso, levantando ambas as sobrancelhas.

— Isso é muito impressionante. Del não parece ter muita espinha


dorsal, e para isso certamente é necessário ter uma.

— Eu acho que Del enganou um monte de gente. Nós inclusive, — Ty


disse suavemente. — Ele tinha que saber que arriscou perder Corbin de
qualquer maneira. Ele se sacrificou. — Ty fez uma pausa, deixando isso
afundar. O que ele não disse era claro. Del havia sacrificado a sua liberdade e
o seu coração só para manter o homem que amava seguro.

Zane não pode deixar escapar o significado das palavras de Ty.

— Precisa ser uma pessoa especial para fazer isso. — Ele disse
calmamente.
Ty acenou com a cabeça e desviou o olhar. O conhecimento colocava
Del e Corbin em uma luz diferente do que Zane tinha originalmente
percebido. Isso o lembrou de que não deveria fazer suposições duvidosas,
especialmente quando se tratava de assuntos do coração.

— Eu ainda não terminei e entreguei o meu relatório, — Zane


finalmente disse. — Precisou de um tempo para descobrir o que incluir e o
que... editar.

— Eu espero que você não edite a grande quantidade de sexo, — Ty disse


secamente. Ele ergueu o copo aos lábios enquanto falava, tentando esconder o
seu sorriso. — Porque eu tomei notas detalhadas.

Zane riu quando pegava o copo de água.

— Isso não daria a McCoy uma emoção, — disse inexpressivo.

Ty estava sorrindo quando pousou o copo, seus olhos nos de Zane com a
mesma intensidade que Zane notava mais e mais vezes. O tipo que geralmente
vinha logo antes das roupas começarem a ser arrancadas. Isso fez Zane
tremer mesmo enquanto corava com o calor. Ele tentou segurar o sorriso,
apoiando um cotovelo na mesa enquanto esfregava os dedos sobre o queixo,
numa tentativa de esconder um pouco da vertigem que o ameaçava.

Ty olhou para Zane criticamente.

— Você está muito satisfeito consigo mesmo, — ele observou ainda


desconfiado. — Eu não gosto disso. Pare com isso.

Zane piscou. Ele não achava que estava projetando algo. Mas estava
ficando cada vez mais difícil esconder as coisas de Ty, mesmo se ele quisesse.
Por enquanto... caramba. Zane pigarreou. Deixe para Ty trazer à tona algo
antes que ele estivesse pronto para compartilhar.

Ty estendeu a mão sobre a mesa e pegou sua mão, de repente, a


apertando suavemente. Em vez de soltá-la imediatamente como ele
costumava fazer, porém, ele a segurou, não parecendo se importar com quem
os visse no restaurante lotado. Ele deslizou a mão até o pulso de Zane e deu
outro aperto antes de soltá-la e pegou seu copo novamente.

— Está tudo bem, — ele assegurou a Zane enquanto levava o copo aos
lábios. — Você é uma gracinha quando está planejando.

O estômago de Zane virou e ele molhou o lábio inferior, os nervos


vibrando. Não era o gesto, ou até mesmo o local. Era a confiança.

— Eu, ah, fiz uma resolução de Ano Novo, — ele disse, envergonhado
por aquilo ter saido um pouco trêmulo.

— Ah, é? — Ty perguntou divertido. — Minha última era de não atirar


em ninguém por um ano, — disse a Zane com tristeza enquanto olhava para o
copo e rodou o gelo ao redor. — Eu não sou muito bom com elas, — obversou
com um leve franzido. Ele olhou de volta para Zane. — O que você decidiu?

Zane bufou uma risada com o comentário autodepreciativo de Ty, mas


isso não dissipou seu nervosismo. Ele ficou irritado consigo mesmo por um
momento e tamborilou com os dedos sobre a toalha de mesa.

— Eu resolvi cuidar melhor de mim mesmo.

As sobrancelhas de Ty se levantaram lentamente.

— Bom. Menos trabalho para mim, — ele disse piscando para Zane para
aliviar a verdade nas palavras.

Isso ajudou Zane a relaxar um pouco, saber que Ty estava com um


humor bom o suficiente para provocar. Ele se lembrou que Ty realmente teve
um inferno de um mergulho com o anunciando “eu te amo” sem nenhum
aviso, sem dúvida, uma admissão menor como essa não era tão difícil.
Engoliu em seco.

— Foi por isso que me atrasei, — disse antes de acrescentar com um


pouco de pressa, — a reunião do AA demorou mais que o previsto.
Ty olhou para ele com surpresa real, seus olhos cor de avelã estavam
grandes, e não disse nada por um longo momento. Finalmente, balançou a
cabeça lentamente, sua expressão inteiramente séria.

— Isso é bom, Zane, — sussurrou. Ele assentiu novamente, sorrindo


lentamente. — Isso é muito bom.

Alívio correu através de Zane e ele se perguntava quando a aprovação de


Ty tinha passado a significar tanto. Ele relaxou e soltou uma respiração lenta.
Queria que Ty soubesse que podia confiar em seu parceiro e que Zane se
importava o suficiente com ele para fazer um esforço que ele não tinha feito
antes de ganhar essa confiança. Se Ty ia amá-lo, Zane queria pelo menos ser
digno desse amor.

— Bom, — ele repetiu baixinho, tamborilando os dedos novamente para


soltar um pouco da tensão remanescente, inexplicavelmente feliz por ter feito
Ty sorrir.

Ty olhou para baixo para a mão direita de Zane brevemente antes de


olhar de volta para cima com as duas mãos em direção a ele e o puxando. Ele
inclinou para a frente e beijou os dedos de Zane, como se estivesse
agradecendo o esforço. Então olhou de volta para Zane e sorriu largamente.
Pela primeira vez, que Zane conseguia se lembrar, Ty não estava corando após
tal demonstração de afeto em público e seus olhos não procuravam alguém
que poderia tê-los visto. Toda a sua atenção estava voltada para Zane.

O sorriso estava pegando. Eles provavelmente pareciam idiotas,


sentados ali, sorrindo um para o outro, mas Zane não podia se importar
menos.

Ty não disse nada, apenas pegou o guardanapo e o colocou em seu colo


enquanto continuava a olhar para Zane carinhosamente. Zane refletiu sobre o
fato de que se Ty o olhasse assim mais vezes, ele viraria massa nas mãos do
homem. Isso era mais do que um pouco assustador, especialmente porque, as
emoções dentro de si mesmo insinuavam algo que Zane ainda não tinha
encontrado a coragem de considerar. Ele limpou a garganta e pensou que com
Ty ao seu lado, ele podia achar a força mais cedo ou mais tarde.

— Feliz Ano Novo, — Zane desejou, erguendo o copo para um brinde. Ty


tocou o copo no de Zane. — Feliz Ano Novo.

Olhando para o seu parceiro sentado em sua frente, Zane pensou que
este poderia simplesmente ser o melhor ano de sempre. Ele estava olhando
para frente.

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