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religiosa é fortalecida
com criação de leis e
abertura de CPI
P. 23 a 26
ANO 2 . Nº 5 . AGOSTO/2021
foco na geração de
emprego e renda
P.18
INCENTIVO
PARA O ESTADO
VOLTAR A CRESCER
2 DIÁLOGO
DIÁLOGO
Foco na retomada
A
Alerj manteve uma forte agenda econômica nos da sobre ações de hoje que se refletem no futuro, a
últimos meses, como revela a reportagem de Diálogo detalha o novo Marco do Gás, aprovado pelo
capa da quinta edição da revista Diálogo. No cen- Congresso e seus efeitos para o estado, como a atração
tro dos debates está o ajuste que o Legislativo tem de investimentos que vão gerar emprego e renda. No
promovido, em conjunto com o Governo do Estado, nas QRCode, o leitor acessa a entrevista em que a espe-
alíquotas de impostos com o objetivo de aliviar a carga cialistas da área de petróleo e gás e integrante da As-
sobre setores importantes para a economia do esta- sessoria Fiscal da Alerj, Magda Chambriard, detalha
do, já bastante impactados pelos efeitos da pandemia. a lei e as oportunidades do setor nos próximos anos.
É uma calibragem dentro das regras permitidas pelo O respeito à diversidade e o combate à intolerância
Regime de Recuperação Fiscal, para que segmentos religiosa são outros assuntos abordados, que têm mere-
diversos – como bares e restaurantes, produtores rurais cido muita atenção no Parlamento fluminense. O leitor
e termelétricas - possam competir em igualdade com vai conhecer o trabalho da Comissão Parlamentar de
os estados vizinhos. Inquérito (CPI) que investiga casos de racismo religioso
As medidas aprovadas têm visão de longo prazo. O no estado e as leis criadas para promover a convivência
presidente da Casa, deputado André Ceciliano (PT), harmoniosa entre adeptos de todos os cultos. Esta edi-
elaborou a lei que cria o Fundo Soberano. O objeti- ção traz ainda a mudança para o Alerjão e as novidades
vo é assegurar que o bom momento do petróleo gere da grade de programação da TV Alerj, que incluiu a
poupança de recursos excedentes capaz de financiar cobertura do Campeonato Carioca de Futebol e trans-
investimentos em áreas estruturantes, como saúde e missões de concertos da Sala Cecília Meireles.
educação. A proposta deverá ser debatida em todo o
estado para colher a contribuição da sociedade. Ain- Boa leitura!
EXPEDIENTE
diálogo
REVISTA DIÁLOGO É UMA PUBLICAÇÃO Editor de Fotografia
TRIMESTRAL DA SUBDIRETORIA Rafael Wallace
GERAL DE COMUNICAÇÃO SOCIAL
DA ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO Editor de Audiovisual
ESTADO DO RIO DE JANEIRO Fabiano Silva
Editores
Presidente Estagiários
Flávia Duarte e Marco Senna
André Ceciliano Ana Luiza Abreu, Andressa Sampaio, Manuela
Chaves, Juliana Clara Almeida, Juliana
Coordenação e revisão Mentzinger, Marco Stivanelli, João Pedro
1o Vice-presidente - Jair Bittencourt Flávia Duarte, Marco Senna e Fernanda Galvão Lima, Larissa Sampaio e Petra Sobral
2o Vice-presidente - Chico Machado
Redatora
3o Vice-presidente - Franciane Motta
Maria José de Queirós
4o Vice-presidente - Samuel Malafaia
Equipe
1o Secretário - Marcos Muller Ana Paula de Deus, Buanna Rosa, Fernanda Telefone: (21) 2588-1000
Rodrigues, Gustavo Natario, Julia Passos, Rua da Ajuda, 5, sala 2603
2o Secretário - Tia Ju Edifício Lúcio Costa - Centro
Leon Lucius, Líbia Vignoli, Natalia Alves, Nivea
3o Secretário - Renato Zaca Souza, Octacilio Barbosa, Tainah Vieira, Tiago Rio de Janeiro/RJ - CEP
4o Secretário - Felipe Soares Atzevedo, Thiago Lontra e Vanessa Lima Impressão: Imprensa Oficial
Tiragem: 1,4 mil exemplares
Projeto gráfico
1o Vogal - Pedro Brazão www.alerj.rj.gov.br
Mariana Erthal
2o Vogal - Dr. Deodalto comunicacaosocial@alerj.rj.gov.br
3o Vogal - Valdecy da Saúde @alerj
Diagramação
@AssembleiaRJ
4o Vogal - Giovani Ratinho Mariana Erthal e Daniel Tiriba @instalerj
DIÁLOGO 3
SUMÁRIO
MODERNIZAÇÃO
Rafael Wallace
Alerj de casa nova............................................P.5
AJUDA EMERGENCIAL
Supera RJ: Auxílio na pandemia...................P.7
CEDAE
Desafios do saneamento................................P.9
MARCO DO GÁS
Mais energia na economia do Rio...............P.13
PETRÓLEO
Fundo Soberano financia o futuro..............P.16
ECONOMIA DO RIO
Leis para garantir bons negócios...............P.18
EMPREENDEDORISMO
Colheita inovadora na Serra fluminense...P.21
Divulgação/Ferj
CONTRA INTOLERÂNCIA
Respeita minha crença!...............................P.23
TV ALERJ
Programação do popular ao erudito.........P.27
CASA DO POVO
Canal aberto nas audiências públicas.......P.29
ELERJ
Melhores práticas no Parlamento..............P.31
PARLAMENTO JUVENIL
Mentoria mantém jovens conectados ao
Legislativo......................................................P.33
FOTOCRÔNICA..........................................P. 34
4 DIÁLOGO
MODERNIZAÇÃO
A
inauguração do novo Plenário tificação por biometria para as votações. andares do edifício já apelidado de
após a volta do recesso parla- Neles, o parlamentar tem acesso digital Alerjão. A construção, da década de
mentar, em agosto, marcou a às pautas dos projetos de lei em debate 1960, foi modernizada para oferecer
mudança da Alerj do histórico no plenário. O registro facial é outra no- um ambiente mais acessível, seguro,
Palácio Tiradentes para o Edifício Lúcio vidade para dar mais segurança no in- confortável e sustentável aos servido-
Costa. É uma transição para a moder- gresso ao sistema. A cerimônia de aber- res e ao público que circula pelo Parla-
nidade, com o sistema digital sendo in- tura, realizada pelo presidente da Alerj, mento fluminense.
corporado às rotinas da Casa. No palco deputado André Ceciliano
das votações, brilha o painel eletrônico (PT), no dia 02/08, teve a
de alta resolução (7K) com 14 metros e presença do governador
504 placas de LED. Ele dá maior agili- Claudio Castro, de repre-
dade e transparência às sessões legisla- sentantes de Poderes, do
tivas. O espaço é 27% mais amplo que comércio, da indústria,
o anterior, com 503 m² e 185 lugares além de deputados fede-
para receber deputados, assessores e rais e outras autoridades.
DIÁLOGO 5
INFOGRÁFICO Nova Sede Alerj (Alerjã
MODERNIZAÇÃO Ed. Lúcio Costa I andares em destaque
6 DIÁLOGO
ão)
AJUDA EMERGENCIAL
SUPERA RJ:
auxílio na pandemia
T EXTO NATÁLIA ALVES cado. Foi uma alegria ser contemplada por muitas privações, e este dinheiro
FOTO THIAGO LONTRA com o auxílio", conta a moradora da vem no momento certo. Não vemos a
Baixada Fluminense, que recebeu o hora desta pandemia passar para reto-
D
esempregada e mãe de duas crian- benefício em junho, no lançamento mar as nossas vidas”, conta Jaqueline,
ças de nove e três anos, Natália do programa, na quadra da escola de que recebeu o cartão durante evento
Rodrigues, de 31 anos, foi uma das samba Beija-flor de Nilópolis. de promoção do programa, na quadra
primeiras beneficiárias do progra- A comerciária Jaqueline de Oliveira da escola de samba Salgueiro, na Tiju-
ma Supera RJ. O auxílio emergencial é da Silva, de 37 anos, e o marido, téc- ca, Zona Norte da Capital.
o que complementa a instável renda da nico de operadora de telefonia, perde- O benefício foi criado para ajudar a
família, formada unicamente pela diária ram o emprego no início da pandemia população mais pobre, desemprega-
do marido como motorista de aplicativo. e se viram em dificuldade para manter dos, autônomos e micro e pequenos
“Tem dia que ele ganha mais, tem as contas da casa. O recurso tem aju- empresários a atravessarem o mo-
dia que não ganha quase nada. Quando dado o casal nas despesas básicas. mento mais agudo da crise econômica
recebi o cartão fui direto para o mer- “Infelizmente, estamos passando provocada pela pandemia. No primei-
DIÁLOGO 7
AJUDA EMERGENCIAL
EMPRESÁRIA Nerusa solicitou crédito para suas lojas CASTRO e Ceciliano durante o lançamento do SuperaRJ
8 DIÁLOGO
CEDAE
ESTAÇÃO de tratamento
do Guandu, a maior do
estado, deve receber
R$ 870 milhões em
investimentos até 2023
Desafios do
SANEAMENTO
T EXTO JULIANA MENTZINGEN E LEON LUCIUS é bom para a saúde”, explica o profes- não surpreendeu o porteiro e educa-
FOTO RAFAEL WALLACE sor do Departamento de Engenharia dor ambiental Edson José Monteiro,
Sanitária e de Meio Ambiente da Uni- morador da localidade de Lagoinha,
O
novo Marco Legal do Saneamen- versidade do Estado do Rio de Janeiro bairro de Nova Iguaçu, na Baixada
to Básico no Brasil, atualizado (Uerj), Adacto Ottoni. Fluminense. As águas que descem de
pela Lei Federal 14.026/2020, A poluição evidenciada pela prolife- São Paulo pelo rio Paraíba do Sul atra-
traz metas ambiciosas: até 2030, ração de geosmina no Sistema Guandu vessam o bairro antes de desaguar na
99% das residências do país devem - que abastece mais de nove milhões Baía de Sepetiba, carregando visíveis
ter água tratada e 90%, coleta e trata- de pessoas na Região Metropolitana - manchas do esgoto despejado irregu-
mento de esgoto. Os percentuais são larmente pelas cidades e indústrias às
um desafio a ser enfrentado no estado suas margens.
do Rio, que hoje oferece abastecimen- “Não é de hoje que percebo algumas
to a 90,5% da população, com apenas placas esverdeadas nas águas. Elas só
58% de coleta de esgoto. Deste per- aparecem nos rios que passam por
centual, 63% dos dejetos são tratados, parques industriais”, conta Edinho,
segundo dados do Sistema Nacional de que realiza um trabalho de conscienti-
Informações sobre Saneamento Básico zação sobre a necessidade de proteger
(SNIS), em 2019. o meio ambiente na comunidade local.
“A situação do Rio de Janeiro é bas-
tante crítica e preocupante. Existe DESIGUALDADE NO ACESSO
um risco, porque os mananciais estão Os índices no atendimento variam
cada vez mais poluídos e as empresas de acordo com as cidades e bairros e
têm que usar cada vez mais produtos podem demonstrar quão desigual é o
químicos para o tratamento da água acesso a esse direito básico. O estado
consumida pela população. O que não EDINHO é testemunha da degradação do Rio tem quatro municípios entre os
DIÁLOGO 9
CEDAE
10 DIÁLOGO
Teresópolis N. Friburgo
Quatis Paty
Resende Casimiro Rio das Ostras Vassouras dos Alferes
de Abreu Barra Petrópolis
Cachoeiras Porto do Piraí
Itatiaia Real V. Redonda
Guapimirim de Macacu Engo Paulo Miguel Pereira Casimiro Rio das Ostras
Silva Jardim Mendes de Frontin de Abreu
Magé Pinheiral Cachoeiras
Barra Mansa Cabo Guapimirim
Frio METROPOLITANA de Macacu
LAGOS MÉDIO Piraí Armação
Paracambi D. de Caxias Magé Silva Jardim
Cabo
Japeri
SÃO
Itaboraí dos Búzios N. Iguaçu
Tanguá Rio Bonito Araruama PARAÍBA
S. Pedro LAGOS
Frio
Armação
São da Aldeia Queimados B. Roxo dos Búzios
PAULO
Iguaba Itaboraí
Gonçalo Seropédica Tanguá Rio Bonito Araruama S. Pedro
Saquarema Grande Rio Claro Mesquita S. J. de Meriti São da Aldeia
Niterói Maricá Nilópolis Gonçalo Iguaba
Itaguaí
Arraial Saquarema Grande
Angra dos Reis Mangaratiba do Cabo Rio de Janeiro Niterói Maricá
Arraial
do Cabo
COSTA VERDE
BLOCO 1: 18 municípios e
mais 18 bairros da Zona Sul do
município do Rio de Janeiro.
BLOCO 3: Seis municípios e
22 bairros da Zona Oeste do
município do Rio de Janeiro.
R$ 22,6 bi
VENCEDOR: Consórcio Aegea SEM VENCEDOR em autorga
OUTORGA: R$ 8,2 bilhões
BLOCO 4: Sete municípios e
BLOCO 2: Dois municípios e 106 bairros do Centro e da Zona
20 bairros da Zona Oeste do Norte do município do Rio de Varre-Sai
Município do Miracema
São José
de Ubá Italva
Rio de Janeiro S. Francisco
de Itabapoana Porciúncula
Cambuci Cardoso
Sto. Antônio Moreira
de Pádua Natividad
Aperibé São Fidélis
MINAS
Piraí Paracambi Magé
MÉDIO Japeri D. de Caxias Cabo
90,69%
Areal
CENTRO-SUL
RANKING TRATA BRASIL: Quatis Paty
Teresópolis N. Friburgo
Macaé
58,08%
Pinheiral Cachoeiras
Barra Mansa Guapimirim
ENTRE AS MELHORES: METROPOLITANA de Macacu
Paracambi Magé Silva Jardim
Niterói, em 24º lugarMÉDIO Piraí D. de Caxias Cabo
Japeri N. Iguaçu
Capital, em 43º lugarPARAÍBA Coleta doLAGOS
esgoto Frio
Arma
Queimados B. Roxo dos Bú
O
Itaboraí
Seropédica Rio Bonito Araruama S. Pedro
ENTRE OS DEZ PIORES: Rio Claro Mesquita S. J. de Meriti São
Tanguá
da Aldeia
62,99%
Belford Roxo, 91º Itaguaí Nilópolis Gonçalo Iguaba
Duque de Caxias, 93º Saquarema Grande
Angra dos Reis Rio de Janeiro Niterói Maricá
São Gonçalo, 94º Mangaratiba Arraial
São João de Meriti, 97º Tratamento do esgoto do Cabo
COSTA VERDE
Fonte: Instituto Trata Brasil/ 2021
Fonte: SNIS 2019
Ilha Grande
DIÁLOGO 11
CEDAE
CONTRAPARTIDAS EXIGIDAS
A concessão estabelece contraparti-
das das empresas que arremataram
os serviços: investimentos em in-
fraestrutura na ordem de R$ 30 bi-
lhões, sendo R$ 12 bilhões nos cinco
primeiros anos; R$ 1,86 bilhão na
infraestrutura de favelas em até três
anos; e a ampliação da tarifa social
de 0,57% para, no mínimo, 5% da
população. O edital também prevê
que não haja aumento real das tari-
fas de saneamento, ou seja, nenhum
acréscimo acima do reajuste infla- LEGISLATIVO VAI FISCALIZAR
cionário. O Estado do Rio de Janeiro
tem a segunda tarifa de água mais O presidente da Comissão de Meio mentação do novo sistema de pres-
cara do país. Ambiente da Alerj, deputado Gusta- tação de serviço.
Parte dos recursos arrecadados de- vo Schmidt (PSL), acredita na par- “A intenção é que elas tenham
verão ser empregados em medidas de ceria entre as instituições públicas mecanismos efetivos, formados por
recuperação ambiental: R$ 5,75 bi- do estado para subsidiar políticas técnicos de carreira e com um corpo
lhões deverão ser investidos na Baía públicas para a população. Ao longo de conselheiros que esteja compro-
de Guanabara, no Complexo Lagunar dos últimos dois anos, a comissão metido com a garantia do equilíbrio
da Barra da Tijuca e na Bacia Hidro- promoveu 13 audiências públicas e entre o interesse privado e o do con-
gráfica do Rio Guandu. A previsão da diversas reuniões para fiscalizar os sumidor”, opina.
Secretaria de Estado da Casa Civil é de serviços e debater soluções, atuan- O investimento em fiscalização
que a concessão dos serviços renda do com cobranças à Cedae durante também foi defendido por Ottoni,
ao estado R$ 120 bilhões em 35 anos, a crise da contaminação do Guandu que aponta a necessidade de maior
com pagamento de outorgas, manu- por geosmina. aporte de recursos no Instituto Es-
tenções, obras e equipamentos. “Temos o privilégio de contar tadual do Ambiente (INEA).
Para o diretor do Comitê da Bacia com as universidades públicas do “Um processo de licenciamento
Hidrográfica do Guandu, o investi- estado, dentre outros centros de bem feito e com fiscalização ambien-
mento de R$ 2,9 bilhões do leilão da excelência que podem ser parcei- tal eficiente é o que vai resolver gran-
Cedae, destinado para a preservação ros do Poder Público na elaboração de parte desses problemas. Eficácia
da Bacia do Guandu, deveria priorizar de estratégias e políticas de sanea- é você obrigar a empresa a ter pro-
a região dos municípios de Queimados mento”, comenta. gramas representativos de monitora-
e Nova Iguaçu, onde nascem os rios Wagner Victer aponta a necessi- mento de todo o processo, apresentar
Botas, Queimados e Ipiranga, que se dade de fortalecimento das agências relatórios de manutenção e conser-
encontram altamente contaminados. reguladoras para que o interesse pú- vação, agregando tecnologias mais
“São regiões que não suportam mais blico seja preservado com a imple- modernas”, comenta o professor.
12 DIÁLOGO
MARCO DO GÁS
Divulgação/Porto do Açu
PORTO DO AÇU, em São João da Barra,
tem localização privilegiada para
aproveitamento do gás do pré-sal
Mais energia
TEXTO MARIA JOSÉ DE QUEIRÓS
O
gás natural tem potencial para
impulsionar a economia do es-
na economia
tado nos próximos anos. A cria-
ção do Marco Regulatório para
a exploração do combustível fóssil e a
aprovação pela Alerj da Lei 9.289/21
- que posterga o pagamento do ICMS
do Estado
para incentivar a instalação de novas
usinas termelétricas - estabelecem
cenário atrativo para negócios abas-
tecidos por esta matéria-prima abun-
dante no Rio de Janeiro.
Analistas do setor alertam que o
momento reúne as condições para o
estado, finalmente, desenvolver uma
cadeia produtiva a partir desta fonte se. Mas é preciso discutir como vai se ses vêm da indústria, contra 30% em
de energia, que também é insumo para dar a reindustrialização e a diversi- Santa Catarina, por exemplo.
diversos produtos como vidro, fertili- ficação da atividade produtiva. Atu- Para o economista, o segmento é
zantes e fabricação de aço. almente, o Rio de Janeiro é a unidade fundamental na recuperação econô-
Para o diretor-presidente da Asses- da federação onde o emprego indus- mica do estado, pela capacidade de
soria Fiscal da Alerj, economista Mau- trial tem a menor representatividade, gerar demanda de serviços e produtos
ro Osório, o novo marco regulatório e comparando com outras do Sudeste no entorno de onde essa indústria se
a tributação especial terão impacto e do Sul. Somente 9% dos postos de instala. O setor de petróleo e gás tam-
imediato sobre a economia fluminen- trabalhos gerados em solos fluminen- bém cria oportunidades de emprego
DIÁLOGO 13
MARCO DO GÁS
Divulgação/ Prefeitura de S. João da Barra
14 DIÁLOGO
Divulgação/ Marlim Azul
em que a gaseificação está avançada,
25%, contra a média nacional de 3%. A
diretora comercial da empresa, Bianca
Mascaro, avalia que a redução dos pre-
ços ao consumidor depende de uma
queda também no valor da molécula de
gás ofertada hoje ao mercado.
“O preço do gás para o consumidor
final é composto, em sua maior parte,
pelo custo do gás natural, pelos custos
de transporte e pelos impostos federais
e estaduais. Isso corresponde a cerca de
85% da fatura. Apenas o restante, em
média 15%, é relativo à parte das dis-
tribuidoras. Precisamos trabalhar para
que o gás natural possa chegar a todos
os brasileiros, do litoral e do interior,
além de estabelecer condições para
que os benefícios econômicos, sociais e
ambientais do gás natural contribuam
para a retomada da economia brasilei-
ra”, explica.
MUNICÍPIOS PRODUTORES
MARLIM AZUL, em Macaé, obras em estágio adiantado geram 1.800 empregos ATENTOS ÀS OPORTUNIDADES
Para o prefeito de Macaé, Welberth
Rezende, o incentivo promovido pela
re, vai possibilitar a criação de um hub “Nossa empresa planeja participar Lei 9.289/21 é o início de um novo ci-
de gás e energia na região. do leilão A-5 de energia nova de 2021 clo de desenvolvimento, com a atração
“A iniciativa da Alerj vai possibili- com vistas a dobrar a sua capacidade de 14 novos empreendimentos, além
tar a implantação de novas térmicas de geração”, antecipa. de Marlim Azul. Para ele, a Alerj exer-
e atração de investimentos relevantes O Rio de Janeiro está entre os três ce um papel importante neste novo
no setor de gás, fortalecendo a eco- maiores produtores de gás do Brasil. O processo de reestruturação do mer-
nomia fluminense, com geração de insumo reinjetado em 2019 nos poços cado de óleo e gás regional.
milhares de postos de trabalho. Es- de petróleo foi de 28 milhões m3/dia, “Os empreendimentos garantirão
tamos trabalhando para que o estado superando o volume importado no segurança e qualidade energética para
tenha protagonismo no mercado de mesmo ano, que foi de 27 milhões m3/ todas as empresas e indústrias que se
gás”, afirma. dia, segundo dados da Agência Nacio- instalarem em nossa cidade, um ativo
Já o diretor-presidente da Marlim nal do Petróleo (ANP). importante na consolidação de proje-
Azul, Bruno Chevalier, afirma que a Estudos da Federação das Indústrias tos”, comemora.
norma permite que o Rio de Janeiro do Estado do Rio de Janeiro (Firjan) A prefeita de São João da Barra,
alcance o mesmo grau de competiti- mostram que cada milhão m3/dia de também do Norte Fluminense, Carla
vidade que outras unidades da fede- gás produzido no estado, ou que deixe Maria Machado, destaca a necessidade
ração. A unidade térmica do consór- de ser reinjetado - e que seja consu- de um ambiente de estabilidade legis-
cio Pátria Investimentos, Grupo Shell mido nas indústrias fluminenses - tem lativa e jurídica para que as empresas
e Mitsubishi Hitachi Power Systems potencial de gerar renda anual adicio- comecem a investir no Brasil.
(MHPS), em construção na cidade de nal de mais de R$ 60 milhões em ICMS “Existe uma oferta imensa de gás no
Macaé, Norte Fluminense, está em e R$ 20 milhões em royalties e partici- mercado exterior a preços baixos. Com
estágio avançado de obras, com in- pação especial. o terminal de regaseificação do Porto do
vestimentos de R$ 2,5 bilhões, geran- Açu, o insumo pode ser recebido por na-
do 1.800 empregos diretos durante a EXPANSÃO NO MERCADO vios e injetado na malha de dutos do país
fase de construção e 150 empregos na RESIDENCIAL para uma oferta barata de energia. Isso
fase de operação. O novo marco regulatório possibilita gera um ambiente totalmente favorável
ainda a expansão do con- para a instalação de indústrias”, avalia.
sumo residencial e das Carla destaca ainda que o parlamen-
pequenas e médias indús- to está fazendo a sua parte: “O depu-
trias. A Naturgy, distribui- tado André Ceciliano vem atuando de
dora de gás encanado que forma firme e eficiente em busca de
atua em 53 dos 92 municí- melhorar a arrecadação e propiciar
pios fluminenses, aponta melhor ambiente de negócios para o
que o Rio de Janeiro e São Rio de Janeiro”.
Paulo são os únicos estados
DIÁLOGO 15
PETRÓLEO
Fundo
TEXTO MARIA JOSÉ DE QUEIRÓS
A
riqueza gerada pelo petróleo con-
Soberano
tinuará a crescer e ainda será im-
portante para a economia do Rio
de Janeiro na próxima década.
Para ajudar o estado a planejar a apli-
financia o
cação destes recursos, a Alerj criou o
Fundo Soberano Estadual. A Casa apro-
vou e promulgou a Emenda Constitu-
cional 86/21, de autoria do presidente da
FUTURO
Alerj, deputado André Ceciliano (PT),
em junho deste ano. A implementação
da Emenda ainda depende de regula-
mentação por parte do Poder Executivo.
O Fundo será formado, principal-
mente, de receitas excedentes dos
royalties e participações especiais -
aquelas que estejam além da previsão
orçamentária anual. A expectativa é
Poupança de excedente de royalties de que, ainda este ano, seja possível
arrecadar cerca de R$ 2 bilhões a mais
vai dar mais estabilidade às finanças para os cofres do estado.
“Será uma espécie de poupança para
públicas e garantir investimentos de o médio e longo prazo, fundamental
médio e longo prazos para que possamos fazer investimen-
tos estruturantes nas áreas de saúde,
educação, segurança pública, e ou-
tras", explica Ceciliano.
A intenção é garantir dinheiro para
investimentos futuros em serviços
públicos essenciais aos cidadãos flu-
minenses, como saúde, educação e
infraestrutura. A medida também vai
proporcionar mais estabilidade às fi-
nanças do Rio de Janeiro, reduzindo o
peso da volatilidade das commodities
no mercado internacional.
O fundo será composto por 30% de
todo aumento na arrecadação com
os recursos de participação especial
sobre a produção de petróleo e gás
natural, além de 50% das receitas re-
Foto: Thiago Lontra
16 DIÁLOGO
Rafael Wallace
economia fluminense desmoronou
com a queda de 70% no preço do pe-
tróleo. A crise arruinou os cofres pú-
blicos estadual e dos municípios pro-
dutores, levando, inclusive, ao não
pagamento dos seus funcionários.
Diante da instabilidade, o governo foi
forçado a ingressar no Regime de Re-
cuperação Fiscal.
O presidente da Alerj ressalta que a
medida vai socorrer o estado em mo-
mentos de queda de arrecadação. Sem-
pre que as receitas de royalties reduzi-
rem mais de 30%, os recursos poderão
ser aplicados no orçamento. Mas so-
mente 20% do que está disponível pode
ser utilizado, e o dinheiro não pode ir
para o custeio de despesas correntes.
“Os royalties de petróleo são a nossa
segunda maior arrecadação depois do
ICMS. Mas é preciso construir um fu-
turo além do petróleo, um recurso que COMISSÃO de Indústria Naval da Alerj cobra realização de contratos no estado
não vai estar disponível para sempre,
seja pelo fim das reservas ou pela mu- entender o cenário e propor soluções",
dança da matriz energética do plane- afirma o presidente da CPI, deputado
ta”, explica Ceciliano. Luiz Paulo (Cidadania).
O deputado Luiz Paulo (Cidadania) es- A retomada das atividades da in-
clarece que o fundo não irá retirar ver- dústria naval, ligada à cadeia pro-
bas de outras áreas, lembrando que será É fundamental que dutiva do petróleo, é outra linha de
constituído pelo excesso de arrecadação. atuação da Casa. A Comissão de In-
“O restante desse excesso continua- haja estratégias públicas dústria Naval e Offshore, presidida
rá a capitalizar nos fundos de Desen- no cumprimento do pela deputada Célia Jordão (Patriota),
volvimento Social e do Meio Ambiente conteúdo local para tem promovido reuniões com sindi-
e no RioPrevidência. O que tem que catos, estaleiros e empresas petrolí-
ficar claro é que não está se tirando garantir a geração feras para destravar investimentos e
dinheiro do sistema previdenciário” de empregos e alavancar gerar emprego e renda.
afirma Luiz Paulo. a economia do Rio Em 2001, o segmento da constru-
Medida semelhante já é adotada em ção naval gerava 3,9 mil empregos no
outros países como Noruega, Singapu- de Janeiro” país. Com incentivos para que a Petro-
ra, Dubai e China. Os municípios de Ni- Célia Jordão (Patriota) bras contratasse estaleiros nacionais,
terói e Maricá, campeões no ranking de Presidente da Comissão de Indústria Naval chegou-se a 82 mil postos de trabalho
produção de óleo e gás, também adota- gerados em 2014. Com a crise do pe-
ram essa iniciativa. A prefeitura de Ni- tróleo, em 2015, houve perda de 30 mil
terói utilizou R$ 200 milhões do fundo empregos no setor, derrubando essa
em despesas imprevistas no combate repasses de Royalties e Participações cadeia produtiva que não se recuperou
aos efeitos da pandemia de covid-19. Especiais, registrada no primeiro tri- no estado do Rio.
mestre deste ano. No foco da comissão “É fundamental que haja estra-
CPI FISCALIZA REPASSES também estão a busca de ações para tégias públicas no cumprimento
A Alerj está encarando o desafio de reduzir as perdas com a Lei Kandir do conteúdo local para garantir a
apresentar medidas para o melhor e a discussão sobre o pagamento de geração de empregos e alavancar a
aproveitamento da riqueza que vem ICMS das atividades do setor no des- economia do Rio de Janeiro. Só com
do petróleo. A Nota Técnica produzida tino e não na origem. A CPI já obteve a execução dos contratos da Petro-
pela Assessoria Fiscal da Casa aponta a primeira vitória com a efetivação do bras aqui, há uma projeção de 60 mil
que o estado do Rio detém cerca de convênio entre a Secretaria de Estado empregos diretos, fora os indiretos
85% das reservas provadas de petróleo de Fazenda (Sefaz) e a Agência Nacio- fomentados pelo comércio de produ-
do Brasil e de cerca de 62% das de gás, nal do Petróleo (ANP) para auditar o ção de peças e siderurgia. A gover-
conforme dados da ANP. O Parlamento cálculo desses repasses. nança do poder público nas esferas
fluminense tem atuado para aprimorar "É alardeado que o Rio recebe royal- federal e estadual é essencial para a
a fiscalização das compensações finan- ties e participações, mas a verdade é luta da indústria naval e para a reto-
ceiras a que o estado tem direito. que o Rio de Janeiro recebe muito me- mada do crescimento fluminense”,
Foi criada uma CPI para investigar a nos do que poderia. A Alerj está mer- afirma a deputada.
queda de cerca de R$ 800 milhões nos gulhando fundo nessas questões, para
DIÁLOGO 17
INCENTIVO À ECONOMIA
Octacílio Barbosa
TEXTO BUANNA ROSA
A Leis para
equiparação de incentivos fis-
cais é a estratégia adotada pela
Alerj, nos últimos meses, para
tornar o ambiente de negócio do
estado mais favorável, diante da crise
econômica instalada durante a pande-
garantir bons
mia. Sem ferir as regras impostas pelo
Regime de Recuperação Fiscal (RRF),
a lógica é reproduzir aqui alíquotas de
impostos utilizadas em outras unida-
des da Região Sudeste para as mes-
negócios
mas categorias de produtos. A medi-
da corrige distorções que reduzem a
nossa competitividade e tem resultado
imediato no caixa.
No primeiro trimestre, o estado do
Rio teve aumento de 40,5% no núme-
ro de novas empresas abertas, com-
parado ao mesmo período de 2020.
Segundo dados da Junta Comercial do
Estado do Rio de Janeiro (Jucerja), fo-
ram criadas 14.938 mil novas empre-
sas, batendo recorde de iniciativas dos
últimos 20 anos. O crescimento é fruto
da necessidade de empreender diante
da crise.
“A Alerj tem trabalhado de forma
coordenada com outros poderes e
instituições para aprovar medidas que
favoreçam o crescimento empresarial
no Rio. É fundamental agregar as so-
luções. Queremos criar um ambiente
cada vez mais otimista para a abertura
de novos negócios e tornar os nossos
empresários confiantes de que, apesar
da pandemia, o Rio é o melhor estado
para se fazer investimentos”, afirma o
presidente da Alerj, deputado André
Ceciliano (PT).
PRESIDENTE do SindRio, Fernando Blower diz
BARES E RESTAURANTES que redução da alíquota favorece setor de bares e
O Parlamento recebeu do Sindicato restaurantes, que perdeu 5.530 empregos em um ano
de Bares e Restaurantes (SindRio) a
proposta de redução do ICMS como
pedido de apoio neste momento de
queda de faturamento e fechamento
de portas. O setor, que emprega cerca
de 170 mil pessoas, foi um dos mais
afetados pela redução das atividades
exigida em função das medidas sa-
nitárias contra a covid-19. O pedido
foi atendido com a aprovação da Lei
9.355/21, que fixa alíquota de ICMS de
3% no fornecimento ou na saída das
refeições e de 4% para demais ope-
rações até o fim de 2032. A norma, de
autoria do deputado André Ceciliano,
é uma “colagem” da alíquota pratica-
da em Minas Gerais.
18 DIÁLOGO
Thiago lontra
COMPETITIVIDADE
COM OUTROS ESTADOS
A expectativa com essas iniciativas
é de que os incentivos ou mesmo as
isenções fiscais sejam compensados
pela ampliação da base de arrecada-
ção, trazendo investimento estrutu-
ral em alguma região e ampliando a
EMPRESÁRIA Patrícia geração de emprego e renda. O pre-
de Carvalho espera sidente da Comissão de Tributação,
crescimento das vendas deputado Luiz Paulo (Cidadania),
explica que, com a aprovação do RRF,
em 2017, o Rio teve que reduzir seus
“Sem incentivo, seguramente, mais incentivos fiscais em até 20%, duran-
de 25% desses estabelecimentos não te três anos, e todas as isenções con-
vão ter condições de reabrir. Espera- cedidas tinham que ser reconhecidas
mos poder reativar todos os que foram pelo Conselho Nacional de Política
fechados, além de trazer novos inves- Fazendária (Confaz).
Queremos criar um timentos”, afirma o deputado. “A Lei Complementar Federal
Segundo dados do SindRio, o setor 160/17 e o Convênio ICMS Confaz
ambiente cada vez fechou 12 mil postos de emprego no 190/17 permitem a prática de copiar
mais otimista para estado desde 2019. O presidente do alíquotas de estados vizinhos, mesmo
a abertura de novos sindicato, Fernando Blower, sócio durante o RRF, evitando a chamada
do Meza Bar, ressalta a importância guerra fiscal. O Rio pôde usar uma
negócios e tornar os da medida. brecha na legislação que permite essa
nossos empresários “A aprovação da redução da alí- equiparação com estados vizinhos,
confiantes. Apesar da quota do ICMS está sendo muito evitando que o estado perca receita”,
celebrada pelo setor de bares e res- conta o deputado.
pandemia, o Rio é o taurantes. Certamente, consegui- No último ano, o Rio perdeu R$ 64
melhor estado para se remos retomar a empregabilidade e bilhões na balança comercial interes-
fazer investimentos” até gerar novos investimentos para tadual, de acordo com dados da Fede-
o estado do Rio de Janeiro. A Alerj ração das Indústrias do Estado do Rio
Deputado André Ceciliano demonstrou sensibilidade com um de Janeiro (Firjan), sendo a maioria
Presidente da Alerj dos setores que mais sofreu durante para estados do Sudeste. Isso significa
DIÁLOGO 19
INCENTIVO À ECONOMIA
20 DIÁLOGO
EMPREENDEDORISMO
Q
uase escondida em Pedro do Rio,
no limite entre Petrópolis e Paraí-
ba do Sul, a Vinícola Inconfidên-
cia cultiva 22 mil parreiras de uvas
europeias tintas e brancas. Depois de
dez anos de investimento em pesquisa
e aprimoramento do cultivo e elabora-
ção, em 2019 passou a comercializar as
primeiras garrafas. Iniciativas pioneiras
como esta estão no radar do Fórum da
Alerj de Desenvolvimento do Rio , que
leva o apoio do Parlamento fluminense
a ações de empreendedorismo e inova-
ção na economia.
No início de junho, o Fórum pro-
moveu um encontro entre integran-
tes da Federação das Indústrias do
Estado (Firjan), Empresa Brasileira
de Pesquisa Agropecuária (Embrapa),
Ministério da Agricultura, Empresa
de Pesquisa Agropecuária do Estado
(Pesagro-Rio), Empresa de Assis-
tência Técnica e Extensão Rural do
Estado (Emater-RJ) com produtores
de uvas viníferas. A secretária-geral
do Fórum, Geiza Rocha, explica que a
ideia é estreitar as relações entre pro-
dutores e esferas reguladoras, técnicos
e gestores públicos para identificar o
potencial e os desafios desta atividade.
“A exemplo do sucesso na produção
de lúpulo para cerveja, os produtores
de uva e vinho do estado começam a
trilhar um caminho promissor e que-
remos acompanhar. A ideia é aproxi-
mar esses temas do Parlamento, que
pode atuar criando leis que incenti-
vem esta cadeia produtiva que inclui
o turismo rural”, conta.
Embora a produção da Inconfidên-
cia ainda seja restrita, o cultivo de uvas
viníferas vem crescendo no Rio de Ja- ANDRÉ Gonçalves é o agônomo responsável técnico pela Vinícola Inconfidência
neiro, que é o segundo maior mercado
consumidor da bebida no país. Atual-
Colheita inovadora
mente, há 22 propriedades cultivando
e colhendo mais de 70 mil toneladas da
fruta ao ano. Segundo a Secretaria de
na Serra fluminense
Estado de Agricultura, são 34 hectares
plantados, equivalente a 38 campos
de futebol. Em 2016, eram apenas sete
hectares, o que indica que o plantio
praticamente dobrou a cada ano.
O desenvolvimento de um projeto
embrionário envolve expectativas,
Vinícola inicia produção no estado do Rio,
frustrações, dedicação e o desejo de onde há 22 propriedades cultivando uvas
crescimento. Mas o poder público
também tem a sua contribuição a dar, viníferas. Fórum da Alerj apoia agricultores
como explica o proprietário da Viníco-
la Inconfidência, Daniel Aranha. no diálogo com o poder público
DIÁLOGO 21
EMPREENDEDORISMO
22 DIÁLOGO
CONTRA A INTOLERÂNCIA
RESPEITA
minha crença!
Legislativo combate
racismo religioso
com a criação de leis
e instala CPI para
investigar ataques
a templos religiosos
T EXTO MARCO ANTÔNIO STIVANELLI
E TIAGO ATZEVEDO
C
om centenas de curtidas,
uma postagem divulgada
nas redes sociais mostra-
va a mãe de santo Con-
ceição d’Lissá destruindo as
imagens de seu próprio terreiro
de candomblé. Sob ameaça e
xingamentos, a ialorixá sofreu
agressões físicas e morais de ban-
didos em Nova Iguaçu, na Baixada
Fluminense, em 2017. Dois anos
antes, Kailane Campos, de apenas
11 anos, foi apedrejada no rosto
por um homem quando saía
com a avó de um culto em um
terreiro de candomblé na Vila
da Penha.
Os casos tiveram ampla re-
percussão, mas a realidade de
intolerância e racismo religioso
não mudou com o passar dos anos.
Entre 2018 e 2020, 25% dos 500
Arte: Banco de Imagem
DIÁLOGO 23
Atilon Lima/Divulgação
RACISMO HISTÓRICO E
EDUCAÇÃO
O combate à intolerância é também
uma luta contra o racismo, que pre-
cisa ter a educação como aliada. Líder
de um terreiro da Baixada Fluminen-
CERIMÔNIA de se, Mãe Torody disse aos membros da
transferência do acervo CPI da Alerj que os casos de agressão
"Nosso sagrado" para o na região vêm aumentando e que é
Museu da República preciso falar do assunto. “Queremos
respeito em primeiro lugar, não to-
lerância. Precisamos de ferramentas
para encarar o desrespeito e orientar
sobre como vivemos e como somos
alvo adeptos de religiões de matriz cio de todos os cultos, leis estaduais agredidos”, diz.
africana como o candomblé e a um- têm sido editadas para especificar as O deputado e umbandista Átila
banda, embora também haja registros violações e permitir a responsabi- Nunes (MDB) - autor da Lei 5.931/11,
de agressões a praticantes do cristia- lização. Ainda hoje é difícil separar que criou a Decradi, e da Lei 8.113/18,
nismo, judaísmo e islamismo. casos de intolerância e racismo re- que originou o Estatuto da Liberdade
A violência tem silenciado os ata- ligioso nos registros policiais, que Religiosa – entende que a mudan-
baques nos terreiros, principalmente acabam sendo tipificados como in- ça tem que vir de um movimento de
nas comunidades pobres do estado júria por preconceito de forma geral. conscientização da sociedade. “No
dominadas pelo tráfico e a milícia. O Somente no ano passado, 1.188 pes- Legislativo estamos sempre aten-
pedido de socorro dessas lideranças soas foram vítimas deste crime, que tos, fazendo denúncia ao Ministério
tem sido ouvido na Alerj, onde um envolve questões de raça, cor, reli- Público, criando CPI, promovendo
grupo de deputados decidiu jogar luz gião, etnia e procedência nacional, o diálogo e chamando atenção para
sobre estes casos. Uma série de leis de acordo com dados do Instituto de o movimento. Mas a mudança, ela é
vêm sendo aprovadas para assegurar Segurança Pública (ISP). dentro de casa ou talvez através da
o direito à liberdade de culto e pena- Para facilitar essa identificação, escola”, afirma.
lizar quem pratica ataques discrimi- foi aprovada a Lei 8.343/19, dos de- A deputada Mônica Francisco
natórios e, em maio, foi instaurada putados Martha Rocha e Luiz Paulo (PSol), que é pastora evangélica,
uma Comissão Parlamentar de In- (Cidadania), que obriga a inscrição concorda ser preciso estabelecer um
quérito (CPI) que pretende respon- do subtítulo “intolerância religiosa” pacto social de respeito mútuo. A
sabilizar quem dissemina discurso nas ocorrências registradas pela Po- parlamentar defende que a questão já
e ações de intolerância. Os registros lícia Civil, para melhoria dos dados extrapolou a intolerância e tem raí-
dessas ocorrências foram solicitados estatísticos. Ainda com o objetivo de zes no racismo religioso em relação às
à Polícia Civil e serão analisados pe- sistematizar e levar ao conhecimen- religiões de matriz africana. “As pes-
los deputados. to da sociedade esta rotina de desres- soas precisam se relacionar com res-
“Existe a intolerância religiosa e isso peito, a Alerj aprovou a Lei 9.276/21, peito umas às outras e isso indepen-
vai exigir de nós apresentar proposi- que determina a elaboração de um re- de de profissão de fé. Os homens não
ções para evitar essas ações que se tra- latório com estatísticas relacionadas nascem se odiando. Isso é ensinado.
duzem em crime de ódio. O trabalho à discriminação contra indivíduos ou E a escola tem um papel fundamental.
da Comissão é identificar e diminuir grupos em razão da sua etnia, raça, Temos já um arcabouço legal, mas é
os crimes de intolerância”, destaca a cor, ou por intolerância religiosa, preciso que haja um esforço coletivo,
presidente da CPI, deputada Martha ocorrida no estado. O documento das instituições e da sociedade como
Rocha (PDT). deve se basear nos registros de ocor- um todo”, esclarece.
Embora a Constituição, em seu rência das delegacias. A norma é de Esse entendimento motivou o depu-
Artigo 5º, já assegure o livre exercí- autoria dos deputados Martha Rocha, tado Waldeck Carneiro (PT) a elaborar
24 DIÁLOGO
CONTRA A INTOLERÂNCIA
Julia Passos
MEMÓRIA DE JOÃOZINHO DA
GOMÉIA PRESERVADA
O respeito ao culto de diferentes
religiões passa também por ações
que valorizem seu legado para
a construção da sociedade. Ini-
ciativas como o tombamento do
Terreiro da Goméia, em Duque de
Caxias, na Baixada Fluminense,
fazem parte dessa estratégia. A Lei
9.251/21, de autoria dos deputados
Mônica Francisco (PSol), Waldeck
Carneiro (PT) e André Ceciliano
(PT), transformou o local em Pa-
trimônio Histórico e Cultural do
MARTHA Rocha Estado do Rio.
comanda a CPI que A medida tem um forte sim-
investiga ataques a bolismo na região, que regis-
cultos religiosos. Para tra casos de ataques a terreiros.
o deputado Serafiini, O templo do babalorixá baiano
preconceito tem Joãozinho da Goméia foi erguido
origem no racismo no final da década de 40. O líder
religioso já era conhecido como
o Rei do Candomblé, por reali-
zar um importante trabalho de
a Lei 9.210/21, que obriga escolas das vem sofrendo com a discriminação e divulgação da religião de matriz
redes pública e privada do estado a violência, isso desde os tempos da es- africana, apesar da visibilidade
promoverem ações extracurriculares cravidão. Então, o cenário que temos ter gerado críticas na época. Sua
que abordem o respeito à liberdade hoje é de tentativa de apagar toda a história foi contada pela Escola
individual de crença e de culto, além contribuição cultural e religiosa da de Samba Acadêmicos do Grande
de discutir a diversidade cultural e re- cultura negra em nossa cultura como Rio, de Duque Caxias, no enredo:
ligiosa. A norma pretende fortalecer a brasileiros”, lembra. “Tata Londirá: o Canto do Cabo-
aplicação do Estatuto Estadual da Li- O babalaô (sacerdote do Candom- clo no Quilombo de Caxias”, da
berdade Religiosa (Lei 8.113/18). blé) e historiador Ivanir dos Santos dupla de carnavalescos Gabriel
O parlamentar acredita na impor- lembra que o próprio Estado brasileiro Haddad e Leonardo Bora.
tância de ampliar o conhecimento tem participação histórica nos casos “Recentemente foi publicado
sobre as contribuições das ancestra- de perseguição às religiões de matri- um dossiê voltado para a memória
lidades africana, indígena e da tradi- zes africanas. Ele conta que é sinto- de Joãozinho da Goméia, que deve
ção judaico-cristã para a formação mático que a transferência de mais de ser publicado também pela USP
da nossa sociedade. “O engajamento 200 peças de religiões de matriz afro- ainda este ano. A gente fica mui-
das comunidades escolares é funda- -brasileira apreendidas entre os anos to feliz em ver que seu nome ga-
mental para o combate à intolerância de 1889 e 1945 somente tenha ocorri- nhou a cena de outras discussões,
religiosa. É nesse ambiente que, mui- do em agosto do ano passado. “Logo como símbolo de luta em defesa
tas vezes, se tem o primeiro contato após a abolição, a legislação brasileira da liberdade contra a intolerância
com a ideia de sociedade, sendo ainda criminalizou a prática religiosa dos religiosa”, afirma Leonardo Bora.
o lugar em que se aprende a dividir negros. Foi uma perseguição garan-
o espaço com outras pessoas, o que tida pela lei. Era política de estado”,
proporciona contato com a diversida- explica Ivanir.
de de costumes, valores e culturas”, Depois de longa articulação, o
afirma Waldeck. acervo saiu do Museu da Polícia Civil
O presidente da Comissão de Edu- para o Museu da República, no Ca-
cação da Alerj, deputado Flávio Sera- tete. A Alerj promoveu audiências
fini (PSol), concorda que as agressões públicas para discutir o destino das
a adeptos dos cultos de matrizes afri- peças e aprovou a inclusão do dia 11
canas têm origem no racismo. “Não é de março, data da devolução, no Ca-
à toa que mais de 70% dos episódios lendário Oficial do Estado como “Dia
classificados como intolerância reli- estadual da Libertação do Acervo Sa-
giosa se dão nas religiões afro-bra- grado Afro-Brasileiro”. A lei é do de-
sileiras. O Brasil é um país com uma putado Flávio Serafini, que também
lógica racista muito presente, onde atuou na causa.
historicamente a população preta
DIÁLOGO 25
ARTIGO
EU TENHO FÉ
F
é não se discute! Os conflitos religiosos, danoso é para sociedade brasileira
Carrego comigo esta as violências patrimoniais, físicas,
pequena e simbólica ou melhor a intolerância psicológicas e simbólicas contras as
frase, desde do início religiosa, estão de mãos religiões de matriz africana.
dos meus processos de
conversão e iniciação dadas com o racismo Cá do meu canto, uma pergunta
religiosa. Acredito que e todas as formas de fica ecoando sem pousar em lugar
as lutas que travamos algum: “É o Brasil o país laico e
contra todas as formas de opressões preconceitos democrático?” Sim, vivemos num
e tentativas de silenciamentos país laico e democrático, mas, de fato,
podem ser fortalecidas quando não sabemos ao certo o que significam
compreendemos que as nossas as palavras “laico” e "democrático"
diversidades religiosas precisam ser em um país onde a liberdade religiosa
a base da construção do respeito e Sim, vivemos num país é garantida constitucionalmente, mas
da tolerância. não é permitida à toda a sociedade.
laico e democrático,
A experiência de viver e comungar Essa intolerância está intimamente
em prol de ideias voltadas para a
mas, de fato, não ligada à gênese da formação e
comunhã é hoje expressada, no sabemos ao certo transformações da sociedade
meu entendimento e vivência, brasileira. Já na década de 1980, os
através da organização e realização
o que significam as ataques, principalmente no estado
da Caminhada em Defesa da palavras “laico” e do Rio de Janeiro, passaram a ser
Liberdade Religiosa. Desde seu praticados pelo poder paralelo -
início, em 2008, a manifestação "democrático" em um que se identifica como "traficantes
- organizada pela Comissão de país onde a liberdade evangélicos" - proibindo o
Combate à Intolerância Religiosa funcionamento dos templos de
(CCIR) em parceria com Centro religiosa é garantida umbanda e candomblé dentro das
de Articulação de Populações constitucionalmente, comunidades de favela. Esta triste
Marginalizadas (CEAP) - é realidade vem se intensificando
realizada, anualmente, no mas não é permitida à cotidianamente. Tivemos avanços
terceiro domingo do mês de toda a sociedade significativos, como a criação
setembro. Perguntas sempre da Delegacia de Crimes Raciais e
aparecem: "Quais as motivações Delitos de Intolerância (Decradi),
para os ataques de intolerância na cidade do Rio de Janeiro, pela
religiosa contra as religiões de Como bem sabemos, do ponto Lei 5.931/11. Entretanto, acredito
matriz africana?" e “Por que não de vista histórico, "conflitos que ainda precisamos investir e
fortalecemos os diálogos inter- e disputas" religiosos nunca instrumentalizar uma proposta
religiosos em vez de alimentar deixaram de fazer parte das pedagógica descolonizadora, voltada
o ódio e subir os muros das transformações sociais. Sim, para as diversidades, pluralidade
diferenças?" nunca deixaram porque não existe e, sobretudo, para o diálogo
uma unicidade sobre religiões e inter-religioso. Acredito que essa,
Obviamente, não temos respostas religiosidades, seja aqui no Brasil ou possivelmente, seria a chave para que
prontas sobre questões históricas em qualquer outra parte do mundo. possamos construir uma sociedade
que ainda são fortalecidas Contudo, aqui no país, os conflitos onde as nossas diferenças possam
pelo racismo estrutural. Mas religiosos, ou melhor a intolerância ser os laços que nos unem e não os as
podemos pontuar que existe religiosa, estão de mãos dadas pontas que os separam.
um silenciamento por boa com o racismo e todas as formas
parte da sociedade brasileira e, de preconceitos. E essa simbiose
principalmente, dos órgão de está cada vez mais camuflada como Ivanir dos Santos é babalaô e doutor em História
segurança públicas municipais opinião pessoal dentro da nossa Comparada pela Universidade Federal do Rio de
e estadual sobre os casos de sociedade. Opiniões essas que Janeiro (UFRJ)
intolerância religiosa no Brasil. não permite enxergarmos o quão
26 DIÁLOGO
TV ALERJ
DIVULGAÇÃO FERJ
T EXTO GUSTAVO NATARIO
E MARCO STIVANELLI
E
m tempos de mudanças e adapta-
ções, a TV Alerj vem implemen-
tando um processo de renovação
na sua programação, que passa
a ser voltada também ao entrete-
nimento. Com a diversificação de
sua grade de exibições, a emissora
quer atrair novos telespectadores e
ser percebida como uma televisão
`normal`. Ou seja, a ideia é mostrar
que o canal não é feito somente da
transmissão de votações plenárias e
de audiências públicas – que vai além
do noticiário legislativo. Por isso, desde
junho deste ano, a TV começou a exibir
jogos de futebol da Série C do Campeo-
nato Carioca e concertos de música rea-
lizados na Sala Cecília Meireles.
As transmissões são frutos de parce-
rias e convênios da TV Alerj com a Fe-
deração de Futebol do Estado do Rio de
Janeiro (Ferj) e com a Fundação Anita
Mantuano de Artes do Estado do Rio
de Janeiro (Funarj). E os convênios não
acarretam custos ao Parlamento flumi-
nense, como destacou o diretor-geral da
Alerj, Wagner Victer. “Estamos usando
a estrutura já existente na emissora, e
o objetivo é promover geração de con-
teúdo de fomento ao esporte e à cultura.
Vale observar também que atividades
de transmissão externas estão dentro
do escopo da TV Alerj”, destacou.
O marco dessa nova fase da TV Alerj
foi a transmissão da primeira parti-
da de futebol, no dia 06 de junho
passado, com o confronto entre
Paduano e Uni-Souza, no campo
do Centro de Futebol Zico (CFZ),
no Recreio dos Bandeirantes, válido
pela Série C do Cariocão. Para assistir
às transmissões ao vivo dos jogos – JOGOS são transmitidos ao vivo, sempre aos domingos, também pelo Youtube
sempre aos domingos – é só acessar os
seguintes canais: 10.2 TV Aberta Digi- com a Fundação Anita Mantuano de car cada vez mais a programação. “As
tal, 12 Net, ou pelo Youtube da TV Alerj Artes do Estado do Rio de Janeiro (Fu- importantes discussões políticas e o
- a grade de programação é disponibi- narj). As transmissões ocorrem, sema- plenário ao vivo vão continuar como
lizada nas redes sociais da emissora. nalmente, seguindo a agenda de apre- destaque. O que estamos fazendo é
Os espetáculos musicais realizados na sentações em cartaz no espaço. inserir o entretenimento e a cultura
Sala Cecília Meireles são transmitidos ao O diretor da emissora, Luciano Sil- para dinamizar essas 24 horas de gra-
vivo pelo canal, graças a um convênio va, conta que há planos para diversifi- de. Temos planos de transmitir o sinal
DIÁLOGO 27
TV ALERJ
Reprodução da Internet
também em outras TVs por assinatu- na agenda política. A cultura é um es- As transmissões dos jogos de futebol
ra. Ou seja, nosso objetivo é fazer com pelho da realidade. No ano passado, as pela TV Alerj contam com uma equi-
que as pessoas vejam a TV Alerj como apresentações pelo YouTube que rea- pe de peso. Um dos comentaristas é o
uma emissora igual as outras televi- lizamos alcançaram 40 mil pessoas. ex-jogador Sorato, lembrado principal-
sões abertas”, esclarece. Ou seja, existe uma grande demanda mente pelas grandes atuações vestindo
No caso do futebol, o planejamento para essas apresentações. Em um ca- a camisa do Vasco da Gama nas décadas
tem sido exibir um jogo a cada fim de nal aberto, esse número já vem sendo de 1980 e 1990. Ele afirma que a exibição
semana, com prioridade para as parti- maior”, afirma José Roberto. das partidas da Série C é um incentivo
das realizadas na Região Metropolitana Subdiretor de Cultura da Alerj, Nel- também para os clubes pequenos. “Es-
e Baixada Fluminense. O presidente da son Freitas ressalta a democratização ses times vêm tendo uma divulgação
Ferj, Rubens Lopes, destaca que a par- do acesso ao setor cultural para todos maior, aumentando a possibilidade de
ceria vem mostrando o potencial da os cidadãos. “O papel da cultura, so- patrocínios. Isso para o futebol é funda-
competição: “A Federação vê nessa ação bretudo apoiado pela gestão pública, é mental já que as dificuldades financeiras
conjunta uma oportunidade de suces- de chegar a todas as pessoas. Concer- são enormes, principalmente nessas di-
so”, diz. Na mesma linha, o diretor de tos eruditos e teatro não são acessíveis visões inferiores”, comenta.
competições da Ferj, Marcelo Vianna, a uma grande parte da população, e a
enaltece o crescimento desses cam- parceria da TV Alerj com a Funarj am- TETRACAMPEÃO APOIA
peonatos de divisões menores. “No que plia essa possibilidade”, observa. INICIATIVA
se refere à competição, as transmissões Além da divulgação de arte, cultura, es-
têm mostrado os talentos do celeiro do PROFISSIONAIS QUALIFICADOS porte e lazer, a expectativa é de que as
futebol do Rio de Janeiro, assim como a A TV Alerj já conta com um corpo téc- transmissões sejam importantes eco-
excelência na organização. É a confir- nico de profissionais capacitados, bem nomicamente e profissionalmente para
mação do crescimento das séries que, como programação específica voltada os artistas e esportistas. Ex-jogador de
no passado, não tinham tanta visibili- para as áreas de cultura e esporte. O futebol, o deputado Bebeto (Pode), que
dade”, conclui. jornalista Ricardo Brasil, por exemplo, foi tetracampeão mundial com a Seleção
Por sua vez, o presidente da Funarj, comanda o programa Cultne na TV. Já Brasileira na Copa de 1994, afirma que
José Roberto Gifford, elogia a iniciativa Rui Guilherme, que atuou como re- o início profissional de um futebolista é
da TV Alerj de levar ao público a produ- pórter esportivo durante muitos anos, marcado por grandes dificuldades.
ção artística em cartaz no espaço cul- é âncora do Arena Esportiva. “As dificuldades para se chegar a dis-
tural fluminense. O canal é a primeira Rui, inclusive, participou como co- putar uma Série A são imensas. É muita
emissora do estado do Rio a transmitir mentarista da transmissão do primei- luta, trabalho e sacrifício. A TV Alerj está
ao vivo as apresentações que ocorrem ro jogo da TV Alerj. “Para mim foi um dando uma grande visibilidade para os
na Sala Cecília Meireles. A expectativa é prazer e uma oportunidade excelente. jogadores. Quando eu comecei, os jogos
de que mais pessoas assistam aos con- Eu revivi os bons momentos de quan- não passavam pela televisão. Agora, es-
certos, especialmente neste momento do trabalhei no Sportv e na TV Band, ses atletas podem ser vistos pelos clubes
de isolamento social necessário em de- além de estar feliz por ajudar a impul- maiores, já que sempre tem olheiros e o
corrência da pandemia. sionar o Campeonato Carioca”, conta acesso às partidas fica facilitado com as
“É muito importante saber o que está ele, que segue fazendo os comentários transmissões”, enaltece.
acontecendo no estado, não somente das partidas.
28 DIÁLOGO
CASA DO POVO
DEBATES
on-line são
canais de
participação
da sociedade
na elaboração
das leis
U
m dos desafios recentes en- deputada Martha Rocha (PDT), res- “É um espaço que respira democra-
frentados pela Alerj foi manter salta que as audiências públicas têm o cia, onde as informações entre poder
a proximidade entre o Parla- papel de fomentar a cidadania, permi- público e população são compartilha-
mento e a população fluminense tindo que o povo participe das discus- das. Acho que, cada vez mais, a popu-
em tempos de distanciamento social sões de questões de relevante interesse lação está consciente do seu papel de
obrigatório. A Casa do Povo fluminen- social. A parlamentar lembra que esses cobrar do poder público, mas também
se teve que se adaptar para continuar encontros definem políticas públicas e de colaborar. A pandemia mostrou
atendendo às demandas da sociedade estimulam a inserção da sociedade na que cada um precisa fazer a sua par-
e realizando audiências públicas, mas elaboração dos projetos de lei. te”, explica.
de forma virtual. Em 2020, os deputa- Entre os exemplos de problemas Participante assídua nas reuniões
dos realizaram 94 audiências públicas, trazidos às audiências e que viraram que envolvem temas de assistência
com ampla participação de represen- leis está a medida que permite que social, a líder do Movimento Nacio-
tantes de diversos setores da socieda- mulheres em situação de violência nal de População em Situação de Rua
de civil e do poder público. Este ano, doméstica tenham gratuidade e prio- da Baixada Fluminense, Vânia Rosa,
somente no primeiro semestre, foram ridade na emissão de documentos. A ressalta a abertura do Parlamento flu-
cerca de 40 debates, que envolvem deputada também conta que foi num minense aos cidadãos. “Acredito que a
propostas para a melhoria da vida no desses encontros que ela identificou a Alerj é um espaço apropriado para que
DIÁLOGO 29
CASA DO POVO
a sociedade civil possa participar e se dezenas de pesquisadores, do Obser- discussão, pois considero como um
fazer presente, na tentativa de unir vatório da Segurança, de representan- dos canais mais importantes do Par-
forças e de trocar ideias que valorizem tes da Ordem dos Advogados do Brasil lamento. Em especial neste período
as políticas públicas em todos os seg- (OAB), Ministério Público, Defensoria de pandemia, quando a presença da
mentos. Temos o privilégio de ter as e mães da Baixada Fluminense. população em plenário, reuniões,
portas abertas na Alerj para contribuir “Chegamos a um consenso sobre audiências e votações fica mais ini-
de alguma forma para a luta pelos mais como deveria ser o projeto de lei, que bida”, completa.
vulneráveis”, diz. acabaria aprovado dias depois. Essa À frente da CPI que investiga os casos
O presidente da Comissão pelo Cum- audiência foi uma das mais importan- de crianças desaparecidas no estado, o
primento das Leis (Cumpra-se!), de- tes que realizamos nos últimos tem- deputado Alexandre Knoploch (PSL)
putado Carlos Minc (PSB), diz que as pos, pela Comissão do Cumpra-se!. lembra que as audiências constituem
audiências são instrumentos funda- Sendo exemplo claro da relevância mecanismo de apoio também para a
mentais para o exercício do mandato, desses debates para o exercício do atividade de fiscalização do Legislativo.
principalmente em tempos de pan- nosso mandato”, enfatiza. “No meu mandato, especificamente,
demia, quando foi necessário ouvir Boas ideias e mobilização popular foram muito importantes durante a CPI
as novas dificuldades que surgiram. têm poder até para alterar a Consti- dos Incêndios, quando pudemos ouvir
Ele notou que houve aumento do en- tuição do Estado, como lembra o pre- os dirigentes do Flamengo no caso do
gajamento da sociedade em relação às sidente da Comissão de Ciência e Tec- Ninho do Urubu, do Hospital Badim,
agendas discutidas pelo Parlamento. nologia da Casa, deputado Waldeck entre outros. E pretendemos repetir o
“Em abril, promovemos audiên- Carneiro (PT). Foi o que ocorreu com feito com a CPI das Crianças Desapa-
cia pública para debater o aperfei- a Emenda Constitucional 71/2017, que recidas”, comenta.
çoamento do projeto de lei que cria regulamenta o repasse de duodécimos A deputada Célia Jordão (Patriota)
o Sistema Estadual de Unidades de às Universidades do Estado do Rio de preside a Comissão de Indústria Na-
Conservação. Tivemos quase mil es- Janeiro (UERJ), do Norte Fluminense val e Offshore e do Setor de Petróleo
pectadores no nosso canal do YouTu- (UENF) e à Fundação Centro Universi- e Gás e diz que a prioridade é ouvir
be, fora os que participaram do deba- tário Estadual da Zona Oeste (UEZO). trabalhadores, empresas e governo
te on-line, como representantes de Para o deputado, as audiências públi- em busca de propostas para alavancar
ONGs ambientais, do Ministério Pú- cas são um instrumento muito im- um setor que já foi forte empregador
blico, de secretarias e pesquisadores portante para que o Parlamento possa no estado, mas que carece de elabo-
ligados ao tema”, conta. legislar em sintonia com as demandas ração de uma política pública para a
O deputado destaca a criação da Lei da sociedade civil organizada. retomada econômica.
9.298/21, que estabelece a instalação de “Essas reuniões foram fundamen- “Tenho visto a satisfação das pessoas
microcâmeras nos equipamentos dos tais no contexto do debate sobre ao serem consultadas sobre um tema de
agentes de segurança do Estado. O tex- financiamento das universidades interesse, cujo resultado visa a benefi-
to, aprovado após seis anos de discus- estaduais. Quem dera todos os pro- ciá-las. O diálogo é sempre o melhor
são, foi aperfeiçoado com a participação jetos de lei, antes de serem votados, caminho”, declara a parlamentar.
do Comando Geral da Polícia Militar, de pudessem passar pelo crivo dessa
Julia Passos
30 DIÁLOGO
ELERJ
CURSOS
presenciais e
on-line garatem
participação de
público externo
Melhores práticas
no Parlamento
Escola do Legislativo celebra 20 anos com mais de 50 mil servidores
capacitados e lançamento de novos cursos de pós-graduação
A
Escola do Legislativo do Estado a contribuir para a reflexão sobre o e Adultos (Eja), pré-vestibular social,
do Rio de Janeiro (Elerj) come- universo do Parlamento em seus mais além de cursos de idiomas (inglês e
mora este ano duas décadas de variados aspectos – políticos, sociais, espanhol) são algumas das especiali-
atuação. Criada em 2001 por econômicos e culturais. zações oferecidas.
meio de um projeto de resolução, ela Nesse período de duas décadas a Desde 2009, a Elerj vem se reinven-
vem ao longo dos tempos exercendo serviço do conhecimento, a Elerj já tando e passando a formar também
importante papel no aprimoramento formou e capacitou mais de 50 mil servidores em cursos de pós-gradua-
profissional do corpo técnico da Alerj servidores, objetivando uma maior ção e MBA. Já foram realizados cinco
e das Câmaras Municipais em todo eficiência do serviço público legisla- cursos nesse segmento com parcerias
o estado do Rio, visando ao aperfei- tivo, além de promover a elevação de na certificação com a Universidade
DIÁLOGO 31
ELERJ
segundo vai qualificar servidores no
sentido de que se tornem aptos para
a docência, de forma que possam
compartilhar com maior eficiência
e técnica seus conhecimentos pro-
fissionais nas atividades acadêmicas
oferecidas pela Escola do Legislativo
e até em outras instituições.
32 DIÁLOGO
PARLAMENTO JUVENIL
O
Parlamento Juvenil (PJ) da dades públicas do Rio de
Alerj encontrou no Programa Janeiro”, comenta a par-
de Formação de Instrutores e lamentar.
Mentoria uma maneira criati- Criado em 1998, na Alerj,
va de manter os jovens mobilizados o Parlamento Juvenil é um
mesmo à distância. Até outubro, 267 projeto em parceria com
ex-integrantes e alunos do 3º ano do a Secretaria de Estado de
Ensino Médio da rede estadual de Educação que possibilita
ensino participam de um curso de a inserção dos jovens na
cinco meses, no qual vão aprofundar atividade política e vivência no proces- integrante Larissa Westfal sugeriu o
conhecimentos sobre gestão pública, so legislativo. O projeto simula toda a projeto de lei que cria o LegislAqui,
democracia, direitos humanos e fun- estrutura de um parlamento conven- aplicativo que estimula e facilita a
cionamento do Poder Legislativo. cional, com Mesa Diretora, Regimento participação popular. A ideia virou
O objetivo é formar os instrutores Interno e votação em plenário. Durante lei e o aplicativo já está em desenvol-
que irão capacitar jovens de suas re- sua realização, jovens participantes têm vimento pela Casa.
giões para que estejam aptos a pre- a oportunidade de atuarem como depu- Larissa reforça a importância da
parar os candidatos à 13ª edição do tados estaduais, criando e aprovando participação dos jovens na política
Parlamento Juvenil. Os encontros da projetos de lei de sua própria autoria. como forma de trazer conhecimento
mentoria são virtuais e, ao fim do cur- Desde sua implementação, em 2003, já e renovação para a atividade legis-
so, os participantes receberão certifi- foram realizadas 12 edições do PJ, com a lativa. “O Parlamento Juvenil é um
cado da Escola do Legislativo (Elerj). participação de 1.250 escolas de 92 mu- projeto muito impactante na vida
À frente do projeto, a deputada nicípios fluminenses. dos jovens que participam dele. Além
Dani Monteiro (PSOL), de 29 anos, é a Coordenador do Parlamento Juvenil, de abrir nossos olhos para a política,
parlamentar mais jovem da Casa. Ela o ex-deputado Wanderson Nogueira também nos faz enxergar as dificul-
destaca o poder de mudança que a ju- destacou a relevância dessa mentoria dades do nosso estado. É muito im-
ventude traz para a política. para a oxigenação do programa. “É portante que cada vez mais os jovens
“A participação ativa e permanente uma oportunidade que temos também continuem participando da política,
é um dos objetivos principais do cur- de apresentar a importância do Parla- porque nosso futuro só depende de
so. Queremos aprender com esses jo- mento Juvenil, dos processos demo- nós”, afirma.
vens, que estão buscando participar cráticos, para assim formar cidadãos e Um dos gestores do curso, Filipe
politicamente da sociedade. Sou uma jovens protagonistas e conscientes do Asth diz que o programa de mentoria
parlamentar jovem, nascida e criada seu papel. Estamos muito felizes com tem sido um espaço privilegiado de
na favela e na periferia. Estudei em os resultados alcançados”, diz. análise de como nos organizamos em
escola pública e trabalhei em telemar- sociedade: “É a chance de pensar-
keting para chegar a uma universida- PROJETOS DO PJ SÃO mos em alternativas e de construir-
de pública. Minha trajetória me anima APROVEITADOS PELA ALERJ mos juntos um outro modo possível
ainda mais a estimular essa juventude O Parlamento Juvenil é um celeiro de fazer”.
a conquistar uma vaga nas universi- de propostas de leis. Na 11ª edição, a
DIÁLOGO 33
FOTOCRÔNICA
34 DIÁLOGO
TEXTO E FOTOS EQUIPE FOTOALERJ
C
ontar a história do Palácio Tiradentes vai além de
uma descrição. A visão panorâmica não dá conta
de seus relevos, narrativas e da vida latente que
ele guarda. É preciso desconstruí-lo, decifrá-lo
e multiplicar os olhares. Expor cada obra de arte como
pequeno fragmento de um corpo complexo.
Cenário importante, mas também ator. Persona-
gem eloquente no elenco da cidade maravilhosa. É
espaço e testemunha das decisões que impactam a
todos os cidadãos do estado. Um farol para os olhos e,
também, para reflexões sobre nosso papel no mundo.
DIÁLOGO 35