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GOVERNO DO ESTADO DO PIAUÍ
Alexandro Sousa Sá
Antônia Dias do Nascimento
Elenice Maria Nery
Geane Alves
Irene Nogueira Costa
Sebastião Batista de Carvalho
Sérgio Ramos de Carvalho
Silvana Ribeiro Dias Vieira
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Sumário
Apresentação .............................................................................................................05
Apêndices ..................................................................................................................16
Anexos .......................................................................................................................56
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Apresentação
A Educação de Jovens e Adultos (EJA) não deve ser justificada apenas como
reparação ou o resgate da dívida com a parcela da população jovem e adulta que, por uma
razão ou outra, não tem a escolaridade correspondente ao Ensino Fundamental ou Médio.
Neste sentido, a Secretaria de Estado da Educação, por meio da Superintendência de
Educação Técnica e Profissional e Educação de Jovens e adultos, propõe, dentre outras ações
de valorização do público da EJA, este curso de formação continuada para professores que
atuam no II Segmento (anos finais) do Ensino Fundamental da Educação de Jovens e
Adultos, com vistas a oportunizar aos participantes uma ressignificação de suas práticas
pedagógicas.
Com uma carga horária de 44 horas, sendo 30 presenciais e 10 de estudos e práticas,
o referido curso tem a finalidade de contribuir para a qualidade da aprendizagem nas turmas
de EJA. Para tanto, serão discutidas as seguintes temáticas: Planejamento de ensino, avaliação
de aprendizagem e estratégias metodológicas, todas elas alinhadas às novas propostas
educacionais da Base Nacional Comum Curricular.
É importante destacar que a ressignificação das práticas pedagógicas aqui proposta
considera que o público da modalidade EJA possui características, anseios, necessidades e
motivações bastante diferenciadas das crianças e adolescentes que se encontram em estágio
regular dentro do processo de ensino e aprendizagem.
Assim, é com grande satisfação que toda a equipe que compõe a Superintendência
de Educação Técnica e Profissional e Educação de Jovens e adultos e Unidade de Educação
de Jovens e Adultos apresentam este guia de orientação para que todos possam acompanhar
a rotina de aprendizagem pensada para esta Formação.
Por fim, desejamos a todos e todas uma excelente experiência de ressignificação da
prática pedagógica em EJA.
Bom estudo!
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Considerações iniciais
Caros(as) professores(as),
A equipe organizadora
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1 Planejamento e avaliação em EJA
Fernando Pessoa
Este capítulo pretende levar os professores a uma reflexão sobre o tema, a partir de
sua própria rotina de planejamento: como ele vem acontecendo em sua escola tem atendido
ao propósito educacional? É necessário abandonar o planejamento já existente para d ar lugar
ao novo? Como planejar para o aluno do século XXI, na modalidade EJA? Planejamento e
avaliação andam juntos ou separados? São essas reflexões que utilizaremos como base para
compreendermos o que, de fato, representa o processo de (re)significação proposto no tema
desse material didático.
Para início de conversa, sugerimos a leitura de um livro que nos oportuniza um bom
debate sobre o tema Planejamento, trazendo para a discussão pontos essenciais de reflexão,
exatamente por apontar a tríade Planejamento, Metodologias e Avaliação, perpassando pela
intrínseca relação dos três sub temas citados com a formação de professores. Segue imagem
do livro citado.
Há, no imaginário escolar, a procura por resultados
homogêneos, por uniformidade. Entretanto, uma
escola que não desenvolve o olhar e a escuta para as
diferenças não é uma escola inclusiva, quando se
considera a tarefa de educar jovens e adultos e se
levam em conta suas singulares histórias de vida. É
preciso efetuar as adaptações curriculares
necessárias, considerar a diversidade dos sujeitos e
construir um ambiente de liberdade individual e
social, com práticas pedagógicas baseadas no
respeito à dignidade dos alunos de todas as idades,
tal como os autores defendem nesta publicação.
Fonte: https://www.amazon.com.br/EJA-
MARIA-CONCEI%C3%87%C3%83O-
PILLONCHRISTOFOLI/dp/8577060497
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Feito o convite à reflexão, apresentamos, na íntegra, uma resenha do referido livro,
cujo título EJA: UM CENÁRIO DOS JOVENS E ADULTOS E SUAS MÚLTIPLAS
NECESSIDADES nos chama a atenção para a compreensão de que o cenário da EJA é tão
particular que nos inspira a conhecer o que essa modalidade tem de tão ímpar a nos oferecer.
Texto motivacional
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Organizada em seis capítulos, a obra tece reflexões sobre planejamento e formação
de professores, avaliação, memórias, diários de aula e a escrita na EJA e a educação de jovens
e adultos na interface com a educação especial. Tais capítulos serão explicados, de maneira
sucinta, para que possamos compreender a dimensão da importância dessas propostas para
área educacional da EJA.
Planejamento e avaliação em EJA são abordados no primeiro capítulo por Jussara
Margareth de Paula Loch, que apresenta ao leitor o elo ensinar-aprender, destacando a
relevância do planejamento e da avaliação na EJA, tendo como base teórica a educação
popular. Tal análise leva o leitor à reflexão de que a educação de jovens e adultos deve ser
pensada a partir de seus sujeitos e com eles.
O segundo capítulo, Memória, identidade e uma oficina na EJA, de autoria de Susana
Huerga, ressalta a importância da relação entre memória e identidade de cada sujeito na EJA,
enfocando a ideia de que “é impossível reconhecer lembranças desprovidas de afeto”.
O terceiro capítulo, Os diários de aula no cotidiano docente da EJA: a escrita de quem
alfabetiza, cuja autoria é de Maria Inês Côrte Vitória, enfatiza que os diários de aula devem
ser encarados como um registro de mais alta valia, por influenciarem de forma direta a
escritura de seus alunos, assegurando o ingresso e a permanência dos indivíduos em uma
sociedade letrada em que todos têm direito.
Maria Conceição Pillon Christofoli, no quarto capítulo, As possibilidades de leitura na
EJA, reflete sobre a importância da prática da leitura por permitir ao sujeito o acesso à língua
escrita. Ao compreender o que lê, depara-se com ideias e conhecimentos novos. Ressalta
ainda que há educadores que acabam excluindo possibilidades de trabalhos voltados ao
cotidiano desse alunado, não o priorizando. Christofoli, ao longo do texto, diferencia
alfabetização de letramento, e nos alerta sobre a ineficiência de definir ou questionar tais
termos sem antes refletir sobre a necessidade de um maior número de leitores.
No que tange à interface da EJA com a educação especial, a autora Salete Campos
de Moraes, no quinto capítulo, intitulado Alunos “diferentes” e saberes docentes, ressalta em seu
texto o fato de a EJA, no Brasil, se constituir como um produto da miséria social para as
classes trabalhadoras regidas pela exclusão, chamando os alunos de “deserdados sociais”. Por
conseguinte, Moraes tece considerações sobre a necessidade de uma educação de qualidade
para todos, incluindo àqueles que, por algum motivo, não puderam ser escolarizados.
Acredita que para considerar um efetivo alcance da educação para todos, é necessário que a
EJA dê voz às minorias.
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Katiuscha Lara Genro Bins, em Alfabetismo e inclusão de jovens e adultos deficientes mentais
na EJA, traz à tona, no sexto e último capítulo, a preocupação com três fatores: a
alfabetização, a EJA e o adulto deficiente mental. A autora realizou uma pesquisa com nove
indivíduos, dentre eles, jovens e adultos com deficiência mental, incluídos em uma escola na
rede municipal de Porto Alegre, acreditando que esses sujeitos, adultos deficientes mentais,
são capazes de aprender, mesmo que ainda a inclusão escolar e social seja um processo em
andamento.
As discussões encontradas nesses textos revelam ao leitor uma visão ampla e crítica
sobre a Educação de Jovens e Adultos e esta na interface com a Educação Especial. Os
planejamentos, as metodologias e avaliações discutidas neles impulsionam os pesquisadores
da área a acreditar que é possível angariar frutos no espaço de crescimento educacional e
profissional de muitos jovens e adultos, em suas múltiplas necessidades Os avanços em
pesquisas sobre esse assunto podem ser vistos em trabalhos como de Arroyo (2006), o qual
ressalta que a EJA, além de ser um espaço ocupado pelos segmentos discriminados da
sociedade brasileira, é também um espaço educacional que assume a diversidade como tônica
dessa educação que, historicamente, foi tratada pelas políticas públicas como produção da
conformidade.
Com uma leitura acessível, os quadros de sínteses tornam a obra agradável e interes-
sante. Os autores conseguem levantar, em linhas gerais, as principais questões e reflexões da
atualidade sobre os caminhos da EJA na diversidade, instigando-nos a pensar sobre a
necessidade de trilhar tais caminhos.
Cada capítulo pode ser usado independentemente como material de discussão para
o trabalho das equipes docentes das escolas, grupos de pais, educadores e profissionais da
saúde ou educação, por trazer em seu núcleo reflexões teóricas sobre práticas educacionais
mais diversas na EJA, promovendo novas possibilidades e incentivando novas abordagens
teóricas e práticas. Desse modo, contribui para a produção de conhecimento nas áreas fun-
damentais da EJA. Moraes (2009), além de ressaltar a importância da EJA como espaço
sociocultural – no qual jovens e adultos têm autonomia sobre o que falam, o que ouvem e
com isso ilustram um cenário educacional diferente, próprio –, também o relaciona com os
alunos jovens e adultos com necessidade educacionais especiais, que, por muitos anos,
estiveram à margem do sistema educacional e que, atualmente, compõem a EJA.
Mediante o exposto, ratificamos a importância de tal obra pelo fato de que a EJA,
segundo Fonseca (2007), é um espaço educacional emergido pelos movimentos sociais,
composta por histórias de vida de sujeitos que retornam à escola para terem contato com a
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leitura, a escrita e, assim, terem um presente e um futuro com os quais possam atingir seus
ideais laborais e sociais, o que não é evidenciado na educação das crianças, pois esta se pauta
no que o aluno virá a ser no futuro.
Por meio da leitura da obra, podemos afirmar que compartilhamos a idéia que ela
apresenta, bem como percebemos a pouca produção de conhecimento nessa área. Desse
modo, o livro mencionado poderá ser um material importante para que os profissionais da
educação, os pesquisadores e as pessoas interessadas em tal assunto reflitam sobre as
peculiaridades existentes na EJA, principalmente em relação às práticas pedagógicas que
devem ser consideradas para esse alunado e aos conteúdos curriculares a serem utilizados
para ele, ressaltando os anseios e desejos desses jovens e adultos de conhecer cada vez mais
o mundo acadêmico que se tem na escola, o qual poderá ser utilizado em suas vidas.
Referências
ARROYO, M. G. Educação de Jovens e adultos: um campo de direitos e de responsabilidade
pública. In: SOARES, L.; GIOVANETTI, M. A.; GOMES, N. L. (orgs.). Diálogos na Educação
de Jovens e Adultos Belo Horizonte: Autêntica, 2006. p. 19-52.
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Inspirados pela leitura da resenha, sugerimos que todos façam a leitura na íntegra do
capítulo 01, intitulado Planejamento e avaliação em EJA , de Jussara Margareth de Paula Loch
do livro que apresentamos em anexo neste material.
Como convite à prática, a equipe preparou uma oficina cujo objetivo é oportunizar
aos participantes a possibilidade de replanejar alguns conteúdos constantes na orientação
normativa para a EJA, disponibilizada para todas as escolas. Para isso, fizemos um recorte
do referido documento e o apresentamos para que os professores possam reprogramar suas
aulas, com vistas a atender as orientações propostas neste guia e no material já
disponibilizados a todos.
Finalizando essa discussão inicial, passamos a conversar sobre as metodologias.
Assunto sobre o qual abordamos no capítulo seguinte.
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2 Práticas pedagógicas significativas em EJA
Não basta saber ler que Eva viu a uva. É preciso compreender qual a posição
que Eva ocupa no seu contexto social, quem trabalha para produzir a uva e
quem lucra com esse trabalho.
Paulo Freire
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3 Como e o que avaliar em EJA?
Inicialmente, convidamos você para uma autoavaliação: Como tem sido sua prática? Como
você avalia, de fato, avalia seus alunos? Você utiliza uma avaliação “justa”, considerando o quão diferenciado
o nosso público é?
Vamos, então, acompanhar uma reflexão sobre o papel da escola, em um pequeno
vídeo que aborda, justamente, a necessidade de repensarmos o propósito da avaliação
quantitativa na escola.
É importante destacar que, ao salientar o jogo gradual das boas notas, o personagem
nos chama atenção para o processo de avaliação no âmbito escolar. Assim, além do vídeo,
propomos a releitura do texto discutido no capítulo anterior: Planejamento e avaliação em EJA,
de Jussara Margareth de Paula Loch.
Como atividade prática, participe ativamente da oficina proposta pelo formador, de
acordo com a área de conhecimento da qual você participa.
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Orientações finais
“Numa praia tranquila, junto a uma colônia de pescadores, morava um escritor. Todas as manhãs,
ele ficava passeando pela praia, olhando as ondas. Assim, ele se inspirava para o trabalho e
à tarde ficava em casa mais motivado escrevendo…
Um dia, caminhando pela areia, ele viu um velho que parecia dançar. Chegou mais perto e viu que
era um jovem, pegando na areia as estrelas do mar, uma por uma e jogando-as
de volta ao oceano…
E aí? – disse o jovem num sorriso, sem parar o que fazia.
– Por que você está fazendo isso? Perguntou-lhe o escritor, curioso.
– Não vê que a maré baixou e o Sol está brilhando forte? Se essas estrelas-do-mar ficarem aqui
na areia vão secar no Sol e morrer!
O escritor até que achou bonita a intenção do garoto, mas deu um sorriso e comentou:
– Só que existem milhares de quilômetros de praia por esse mundo afora, meu caro. Centenas de
milhares de estrelas-do-mar devem estar espalhadas por todas essas praias, trazidas pelas ondas.
Você aqui, tendo todo esse trabalho, jogando umas poucas de volta ao oceano, que diferença
faz?
– O jovem olhou para o escritor, pegou mais uma estrela na areia, jogou na água do mar, voltou
a olhar para ele e disse:
– Pra essa, eu fiz diferença.
Naquela tarde, o escritor não conseguiu escrever. À noite, mal conseguiu dormir. De manhãzinha,
bem cedo foi para a praia.
O jovem pegava as primeiras ondas do dia com sua prancha e logo veio também para a areia.
Juntos com o Sol, ainda manso e começando a subir, começaram a jogar as estrelas-do-mar de
volta ao oceano”.
Texto disponível em
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