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Sermão: 08/10/2023

• Saudação
Leitura: Salmo 19.1-6
• Mais à frente faremos a leitura do restante do Salmo.
• Oração: Salmo 19.14
• Dos mais diversos ditados populares que utilizamos
no dia-a-dia, certamente um que a maioria de nós,
senão todos já ouvimos é: “uma imagem vale mais
que mil palavras”.
• Esse ditado fala do poder da comunicação por meio
de recursos visuais, uma das formas da chamada
linguagem não-verbal.
• As imagens transmitem uma mensagem e nos
revelam algo do seu autor: seu caráter, seus
pensamentos, seus ideais.
• Percebemos isso em propagandas, outdoors, ou em
símbolos: com certeza se eu lhes mostrasse uma
suástica, que é o símbolo do nazismo,
automaticamente viria à sua mente todo o ideal
nazista de supremacia e os terrores da 2ª Guerra
Mundial – algo que facilmente ultrapassaria as mil
palavras, já que infindos livros de história já foram
escritos sobre o tema.
• Também isso se aplica aos quadros, às grandes
pinturas já feitas. Tome por exemplo um dos
quadros mais famosos do mundo, senão o mais
famoso: “Mona Lisa”, de Leonardo da Vinci.
• Uma pintura aparentemente simples de uma
mulher, mas que para muitos contém alguma
mensagem oculta de seu autor. Diz-se que o seu lado
esquerdo é feminino e o seu lado direito é masculino.
Muitos questionam: quem teria sido o seu modelo?
Qual o significado do seu sorriso enigmático?
• Quantos artigos, debates, documentários, filmes já
não foram produzidos em busca desta mensagem?
Percebam, palavras que com certeza excedem o valor
de “mil”, mas todas contidas em uma única imagem,
a pintura da Mona Lisa, de Leonardo da Vinci.
• O texto que lemos, irmãos, nos revela que também a
própria imagem da realidade criada transmite uma
mensagem de seu autor. A imagem da criação, esta
pintura de Deus Criador, nos revela algo sobre o seu
autor, de sua pessoa, caráter, propósitos.
• A imagem da criação, meus irmãos, dá testemunho
da existência, glória, grandeza e poder de Deus.
• Paulo escreve aos romanos que “os atributos invisíveis
de Deus, assim o seu eterno poder, como também a sua
própria divindade, claramente se reconhecem, desde o
princípio do mundo, sendo percebidos por meio das coisas
criadas”.
• Porém, meus irmãos, diferentemente da dita
mensagem oculta de Da Vinci no quadro da Mona
Lisa, a mensagem transmitida pela criação não é
oculta: conforme lemos no verso primeiro do Salmo,
esta mensagem é proclamada do alto dos céus.

“Os céus proclamam a glória de Deus, e o firmamento


anuncia as obras de suas mãos.” – v. 1

• Quando queremos anunciar algo para que todas


ouçam subimos num local mais alto para que todos
ouçam; nossas caixas de som são colocadas num
altura mais elevada para que o som se propague mais
longe – a mensagem das glória e das obras do
SENHOR é anunciada do firmamento, o local mais
alto da criação.
• Esta mensagem proclamada pela imagem da criação,
irmãos, é também não-verbal: lemos que nesta
proclamação não há linguagem, não há palavras
sendo ditas, não se ouve nenhum som, mas ainda
assim a voz desta proclamação ecoa por toda a terra,
estas palavras não-ditas alcançam os confins do
mundo.
• O que a natureza nos revela de Deus, meus irmãos?
• A beleza, imensidão e altivez dos céus revelam um
Deus, belo, imenso e altivo, pois Ele mesmo, como
escreve o profeta Isaías, os estendeu como uma
cortina e os desenrolou como uma tenda para
estabelecer nos céus a sua habitação (Is 40.22).
• O salmista Davi contempla a grande pintura de
Deus dos céus, e nos versos 5 e 6 Davi direciona seu
foco para o senhor dos céus, o Sol.
• O Sol é personificado e retratado como um herói, um
homem forte e robusto de quem ninguém pode fugir,
e que ninguém consegue dominá-lo, subjugá-lo,
controlá-lo. Quem de nós pode controlar o Sol?
Quem de nós pode impedir que o mesmo nasça na
alvorada e se ponha no crepúsculo? Quem pode fugir
de sua luz e calor?
• Porém, meus irmãos, até mesmo o Sol, este herói
indomável, se submete a alguém que lhe é superior,
mais forte, pois o Sol segue um curso determinado e
dele não pode se desviar.
• Como diz o Pregador, o autor do Eclesiastes:
“Levanta-se o sol, e põe-se o sol, e volta ao seu lugar, onde
nasce de novo.” – Ec 1.5

• Um curso determinado, do qual o Sol, o herói


incontrolável, não pode se desviar. E quem o
determinou?
• Mas força e a imponência do Sol, do qual nenhum de
nós pode se esconder, revelam um Deus Criador
forte e imponente do qual nenhum de nós pode se
esconder.
• O verso 2 do Salmo, irmãos, fala da ordem que
encontramos na criação no sequenciamento e
continuidade infáliveis entre dia e noite, governados
pelos luzeiros celestes. Um dia segue-se ao outro, e
uma noite segue-se a outra, e nesse sequenciamente
há uma transmissão da mesma mensagem e
conhecimento do Criador:

“Um dia discursa a outro dia, e uma noite revela


conhecimento a outra noite.” – v. 2
• Esta continuidade e sequenciamento de dias e noites
trazem a idéia de uma proclamação contínua e
ininterrupta da glória de Deus.
• A criação revela Deus de forma mais plena naqueles
que foram criados à sua imagem: nós, seres
humanos.
• A Palavra de Deus dá testemunho de que a
humanidade foi criada de forma especial e superior
em relação ao restante da criação, pois fomos feitos
à imagem de Deus, como seus representantes.
Portanto, aquele que coloca o homem no mesmo
nível do restante da criação, dos animais e vegetais,
revela a mesma insensatez daquele que diz: “Não há
Deus” (Sl 14.1).
• Não à toa, meus irmãos, o SENHOR ao longo da
história revela a Israel, e até antes a Noé, a sua
vontade de que seja aplicada a pena de morte ao
assassino, ao homicida, pois este atenta contra a
própria imagem de Deus no mundo, a ponto de
matá-la.
• Nós, irmãos, somos estas imagens, estes ícones,
estas representações visíveis de Deus que revelam e
transmitem a mensagem da glória e do poder de
Deus.
• Por sermos capazes de pensar, raciocinar, falar,
julgar, criticar, governar, revelam um Deus justo,
bom, sábio e que se relaciona com os seres criados.
• São Gregório de Nissa, um dos Pais da Igreja do
Século IV, escreveu:

“Pintores transferem formas humanas aos seus quadros por


meio de certas cores... nosso Criador também, pintando o
retrato para refletir sua própria beleza, pela adição de
virtudes, como se fosse com cores, mostra em nós a sua
própria soberania... pureza, liberdade de paixões, bem-
aventurança, alienação de todo mal e todos aqueles tipos de
atributos que ajudam a formar no homem a semelhança de
Deus.”

• São Gregório de Nissa afirma, irmãos, que, assim


como os pintores (como Leonardo da Vinci) pintam
as formas humanas nos seus quadros usando as
diferentes cores, Deus nos pintou à sua imagem
usando as cores das suas virtudes quando criou o
homem de forma perfeita no Éden: pureza, liberdade
de paixões, bem-aventurança, alienação de todo mal.
• No entanto, meus irmãos, com o pecado, esta
imagem de Deus em nós torna-se desfocada e sem
nitidez: não representamos a Deus de forma
fidedigna.
• Assim como um quadro que é manchado por uma
tinta de cor que lhe é totalmente estranha, fomos
manchados por algo que nos era estranho e que não
encontramos no ser de Deus: o mal.
• Um outro Gregório (não o de Nissa), São Gregório
de Nazianzo, também Pai da Igreja que viveu no
Século IV, escreveu:
“A imagem [de Deus em nós]... foi borrada e estragada
pela maldade.”

• Como um quadro borrado no qual já não se


reconhece o seu modelo original, o pecado torna
Deus irreconhecível em nós.
• Mas há esperança do resgate da imagem fidedigna
de Deus no homem. Encontramos esta esperança
naquele que, sendo homem, é a própria imagem do
Deus invisível: Jesus Cristo.
• O Deus invisível se fez visível em Cristo, pois Ele
é a própria imagem de Deus, mas não como nós,
criados à imagem e semelhança de Deus. Cristo foi
gerado do Pai desde toda a eternidade. Ele é Deus.
Nele está a essência de Deus pois nEle reside a
plenitude da divindade.
• Cristo revela de forma perfeita os atributos e o
caráter de Deus, revelando um Deus longânimo,
compassivo e amável.
• Cristo é a perfeita imagem da humanidade e a
perfeita imagem de Deus, pois Ele, sendo o Verbo
eterno, se fez carne e reconhecido em forma
humana.
• A redenção que Cristo traz, irmãos, nos faz
retornar à imagem de Deus originalmente em nós
na criação ao sermos regenerados, recriados à
imagem de Cristo.
• Paulo escreve aos coríntios na sua primeira carta
dizendo que “assim como trouxemos a imagem do que
é terreno”, ou seja, a imagem terrena e carnal de
Adão, “devemos trazer também a imagem do celestial”,
ou seja, a imagem do segundo Adão, de Cristo,
num espírito vivificante (1 Co 15.49).
• Aos colossenses o mesmo apóstolo escreve que nós
nos revestimos “do novo homem que se refaz para o
pleno conhecimento, segundo a imagem daquele que o
criou” (Cl 3.10).
• Quando somos santificados, irmãos, somos feitos
conforme à imagem do varão perfeito Cristo, e
assim conforme à imagem de Deus, pois Ele é a
imagem perfeita de Deus.
• Mas como colocar isto em prática, irmãos, em
nossa vida enquanto regenerados e alcançados por
Cristo? Como sermos representações fidedignas
de Deus, que comuniquem a sua glóra, grandeza,
poder, sabedoria, justiça, amor, longanimidade e
compaixão?
• Para respondermos isto, meus irmãos, voltemos ao
Salmo 19 e vamos ler o restante deste Salmo.

Leitura: Salmo 19.1-6

• O restante deste Salmo, irmãos, nos fala da


excelência e da preciosidade da lei de Deus. A lei
de Deus que foi dada ao seu povo também revelam
algo sobre o seu autor: sua vontade, seu caráter, sua
soberania.
• Passamos a ser então representações fidedignas de
Deus, meus irmãos, quando vivemos a lei de Deus
– quando nossa vida passa a ser ditada, regrada
pela lei do SENHOR.
• O Senhor Jesus, que é a imagem de perfeita de
Deus, foi o perfeito varão que viveu vida perfeita,
sem pecado, encarnando a própria lei de Deus
sendo Ele o Verbo eterno. Cristo passa a ser nosso
modelo para uma vida santificada que aponta para
glória de Deus.
• Assim como Deus determina o curso do Sol, do
qual o mesmo não pode se desviar, Ele mesmo
também dita o nosso curso, nos ensinando como
devemos viver, qual deve ser o nosso caminho de
vida, que é segundo a sua vontade expressa na sua
lei.
• Conforme lemos no Salmo, a lei de Deus também
nos admoesta (v. 11) e nos ajuda a discernir as
nossas próprias faltas (v. 12), pois por nós mesmos
não seríamos capazes. A lei de Deus, portanto,
meus irmãos, é o que não só determina o nosso
caminho, mas também nos aponta o retorno ao
curso determinado por Deus quando nos
desviamos.
• Sendo assim, irmãos, uma vida continuamente
direcionada pela lei de Deus, em cada palavra,
ação, decisão, fará de nós essas fidedignas imagens
de Deus, e será, assim como na natureza, uma
proclamação “não-verbal” contínua e ininterrupta
da glória de Deus.
• É importante pontuar, irmãos, que este anúncio
“não-verbal” do ser de Deus e dos seus atributos
não substitui a proclamação “verbal” das verdades
de Deus.
• O apóstolo Paulo afirma que a fé vem pela
pregação, portanto é essencial que verbalizemos o
Evangelho para alcançar o perdido.
• Mas esta proclamação “não-verbal” que fazemos
com a nossa vida, quando vivemos conforme a Lei
de Deus, fundamenta e encarna o Evangelho que
pregamos.
• Portanto, irmãos, que nossas vidas, pela graça de
Cristo, sejam vivas proclamações não-ocultas da
glória e das obras de Deus, para que também por
meio de nós a mensagem do Autor da Vida, do
nosso Criador, de seu poder, sua soberania, sua
beleza, alcance os confins do mundo.
• Que Deus nos abençoe em Cristo Jesus.

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