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A idéia de projeto não é nenhuma grande novidade, a idéia de projeto é tão antiga
quanto há humanidade, podemos afirmar que a origem do planejamento está intimamente
ligada ao ser humano. Ou seja, é uma prática inerente ao ser racional que desde os primórdios
da história da humanidade, quando habitava as cavernas, produzia e usava ferramentas e
utensílios produzidos com pedras, madeiras, ossos e outros, para caçar, alimentar-se e utilizar
as peles de animais como proteção. A descoberta do fogo deu mais poder de ação e criação
para planejar mudanças e iniciar migração de um continente para outras regiões provocando
alterações no seu modo de vida. Para Vasconcelos (2000, p. 65), o “planejamento tem como
um dos pilares básicos a ação; subtrair a idéia de ação do planejar é descaracterizá-lo por
completo”.
A gênese da atividade de planejar perpassa o processo de hominização, visto que, o
homem, na sua evolução, foi constituindo personagem principal na transformação do mundo
por sua ação, sempre movido pelo desejo, pela curiosidade e pela necessidade de interagir
com a realidade, através de atividades configuradas como trabalho. A capacidade de pensar
não é anterior à ação, mas vai formando-se no contexto da ação do homem sobre o mundo
objetivando buscar os meios para sua própria sobrevivência.
A partir dos estudos de Dewey sobre aprendizagem que valorizava a ação e a situação
problema, é que William Heard Kilpatrick, seu seguidor também norte-americano em 1919,
levou para a sala de aula o método de projeto. Deve-se a Kilpatrick, inspirado em Dewey o
famoso Método de Projeto, é um método ativo socializador, que tem como base desenvolver
atividades embasadas em problemas exigindo a realização e execução de algo concreto.
Kilpatrick, sistematizou a Pedagogia de Projetos estabelecendo quatro fases: intenção
(definição dos objetivos que se deseja alcançar); preparação (consiste em fazer o projeto do
objeto a ser estudado); execução (inicio do trabalho de execução); avaliação (momento de
comprovação da eficácia do produto). Para Gomes (2002), os estudos realizados por muitas
décadas revelam que:
A Pedagogia de Projetos traduz uma concepção globalizante de conhecimento escolar,
que se de um lado defende uma prática pedagógica motivadora da capacidade de
resolver problemas relevantes para um dado grupo social, de outro não descarta o
constante defrontar dos alunos com os conteúdos acumulados socialmente e
organizados nas disciplinas.
Década 60
Paulo Freire (1921-1997), considerado o mais celebre educador brasileiro,
reconhecido internacionalmente. Autor de Pedagogia do Oprimido, Pedagogia da Autonomia,
Pedagogia da Esperança e muitos outros. Propôs uma educação baseada na pergunta, no
dialogo, uma pedagogia da problematizasão. Destaca-se com a introdução do debate político e
da realidade sociocultural no processo escolar com a educação libertadora e os chamados
temas geradores.
O que é projeto?
A palavra projeto, do latim projectu, significa lançar para frente uma idéia. O projeto é a
menor unidade do planejamento. É um empreendimento com fins definidos nos objetivos e
metas declarados em função de uma necessidade, problema, interesse, questão e outros
dependendo da previsão individual, grupal ou instituição organizacional. Todo projeto requer
planejamento das ações que são delineados nas etapas que se pretende realizar. (Antunes,
2001), um projeto e, na verdade, uma pesquisa ou uma investigação, bem elaborada e
desenvolvida com profundidade sobre uma temática, problema ou tópico que se acredita ser
interessante conhecer ou resolver.
Desenvolver atividades com base em projeto é uma prática atual, que vem se tornando
comum em todas as áreas do conhecimento e setores organizacionais. E particularmente na
área educacional, o volume de ações embasadas em projetos é percebido em todos os níveis e
setores do sistema da educação sejam pública ou privada.
Para a elaboração destes dois projetos educacionais foi reunido um grande número de
cientistas, professores, psicólogos, escritores e muitos outros especialistas. Estes projetos
foram mais conhecidos no Brasil nos anos de 1960 e 1970, são considerados marcos
importantes no ensino de ciências, tendo grande repercussão em nosso meio educacional.
Atualmente tem ocorrido uma grande valorização de métodos e técnicas voltados para o
trabalho com projetos que deram origem a diferentes modelos de planejamento, gestão,
acompanhamento e avaliação de projetos. Dentre os mais conhecidos (MOURA e BARBOSA
2006, p. 20), citam: PMI – Project Management Institute (Instituto de Administração de
Projeto); ZOPP – Zielorientierte Projek Planung (Planejamento de projetos Orientado para
Objetivos); Logical Framework ou Log Frame (Quadro Lógico).
Muitos órgãos e instituições nacionais e internacionais que apóiam os projetos para o
desenvolvimento educacional, científico, cultural e econômico, apresentam modelos
específicos de planejamento e gestão de projetos, citamos: Conselho Nacional de
Desenvolvimento Científico e Tecnológico – CNPq; Fundações de Amparo à pesquisa –
FINEP; Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Pará – FAPESPA; United Nations
Educational – UNESCO e muitos outros projetos.
Com esta citação podemos perceber que não só as instituições educacionais que
propõem projetos, mas toda e qualquer instituição, empresa, setor organizado da sociedade,
organizações não governamentais, comunidades e outras, podem e devem elaborar bons
projetos e desenvolvê-los com sucesso. Fica muito claro compreender a abrangência dos
projetos visto que eles vão desde projetos simples, particulares de indivíduos ou pequenos
grupos, até grandes projetos que envolvem diversos componentes de um sistema educacional,
ou de outra sistemática. Como podemos perceber o atual megaprojeto do governo federal
batizado de PAC, que é o Programa de Aceleração do Crescimento prevendo gastos de R$
636 bilhões até 2010, pelo seu volume e complexidade para viabilizar qualidade de vida para
os brasileiros, podemos afirmar que este é um megaprojeto interdisciplinar.
Além da abrangência do projeto temos que conhecer sua tipologia, ou seja, a
existência na área educacional dos vários tipos de projetos que podem ser elaborados nas
instituições de ensino. Na literatura especializada encontramos muitas classificações de
projetos citando alguns que ocorrem na área educacional: projetos de intervenção, projeto de
ação, projeto de pesquisa, projeto de ensino, projeto pedagógico, projeto de desenvolvimento
e outros.
Cada um com sua especificidade, mas com um só “viés” pesquisar em sala de aula,
pesquisar na escola, na comunidade ou através da Internet, leva os alunos ao caminho da
descoberta, do saber pensar, do aprender a aprender a desconstruir e construir e seu próprio
conhecimento, deixando de ser um copiador do professor.
Não importa a nomenclatura que o professor e sua escola venha a adotar seja (Projetos
educativos interdisciplinares, Pedagogia do projeto, Pesquisa na escola, Metodologia de
projeto e outros), o que realmente faz a diferença é o caminho que se pretende seguir com os
alunos, os objetivos, as metas, as estratégias a serem alcançadas, para que eles tenham a
possibilidade de estudar temáticas do interesse de todos os envolvidos no projeto. Valorizar o
trabalho em grupo é promover a interdisciplinaridade valorizando a Pedagogia de Projetos.
O projeto permite a participação de todos, é correto afirmar que só se aprende a “fazer
fazendo”, neste fazer envolvendo-se a um projeto os alunos são motivados a buscarem
respostas para o problema, eles não ficam parados, só ouvindo o professor falar. Esses são
construtores do conhecimento, assumem responsabilidades, e o professor vê a concretude da
prática interdisciplinar. Num projeto interdisciplinar seja de ação, intervenção ou pesquisa se
consegue perceber e valorizar as relações entre as pessoas, os objetos, a natureza. Para
Fazenda (2001), no projeto interdisciplinar não se ensina, nem se aprende: vive-se, exerce-se.
A responsabilidade é de todos, mas é a responsabilidade individual é fundamental, pois esta, é
a marca do projeto interdisciplinar.
A característica básica de um projeto interdisciplinar é a atitude do professor, é a
ousadia deste, ler, estudar e escrever, é a coragem de buscar, de pesquisar para transformar a
sua insegurança num exercício do pensar novo, do construir algo, criar, inovar, realmente ir
além, fazer o diferencial da sua profissão e da instituição onde estiver desenvolvendo suas
atividades.
O planejamento do projeto interdisciplinar é uma das etapas mais importante do
projeto, visto que é no ato de planejamento que são percebidos e traçados os pontos de
convergência entra as disciplinas e a temática em questão. Deve-se valorizar as fases ou
etapas (o quê, por quê, para quê, quando, quem e como) do planejamentos e seus elementos
(identificação, objetivos, justificativa, procedimentos, resultados e referências), para o sucesso
de qualquer Projeto Interdisciplinar as ações não podem estar fora do ato de planejar.
A Pedagogia de Projeto nascida nos ideais do Método de Projeto, vem reafirmar que a
transgressão e necessária, por que, transgredir o formato da linearidade, do tradicional, da
estagnação ou da mesmice que se impõem desde longas datas nas escolas do mundo inteiro e
em particular as escolas brasileiras, atualmente mostra ser um caminho sem volta, uma
exigência atual das escolas no Brasil.
Tem-se inúmeras razões para realizar a defesa da implementação das ações definidas a
partir da Pedagogia de Projetos em qualquer escola e nível de ensino, visto que, estabelecer a
metodologia embasada em projeto aproxima a escola da realidade, do cotidiano, da vida diária
daqueles que participam, se envolvem em atividades que vão transformar idéias em
realidades.
Seja qual for a configuração que a escola ira definir entre os inúmeros defensores e
suas nomenclaturas já consagradas em muitas publicações como: Método de Projeto,
Pedagogia de Projeto, Metodologia de Projeto, Projeto de Trabalho, Projetos Educativos,
Projetos Interdisciplinar, Trabalho com Projeto e outros, seja qual for a nomenclatura
assumida pela escola, o importante e que esta escola, valorize a coletividade, a participação o
currículo integrado, globalizado e interdisciplinar.
Como afirma Santos (1996), a Pedagogia da Transgressão e um caminho para o
autoconhecimento. Significa dizer que cabe a escola inserir o estudante num caminho do
universo da globalidade, da educação holística, que valoriza o ser na sua completude, negando
a fragmentação.
Os projetos viabilizam com intensidade no dizer de Antunes (2002), o uso das
inteligências múltiplas, organizando para expressar os resultados de estudos através da:
Inteligência Lingüística, lógico-matemática, Sinestésico-corporal, Espacial, Musical,
Naturalística e Interpessoais. Percebe-se que as escolas podem e devem transgredir o formato
de educação vigente, se não transgredimos a linearidade, não vamos conseguir mudar os
resultados do atual Índice Desenvolvimento da Educação Básica – Ideb, que e um indicador
que se baseia no desempenho do aluno em avaliação e em taxas de aprovação.
REFERÊNCIAS
YUS, Rafael. Educação integral uma educação holística para o século XXI.
Traduzido por Daise Vaz de Moraes. Porto Alegre: Artmed, 2002.