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Manual de

Química Orgânica I
Curso de licenciatrura em ensino de Química

Universidade Pedagógica
Departamento de Química
Direitos de autor (copyright)
Este módulo não pode ser reproduzido para fins comerciais. Caso haja necessidade de reprodução,
deverá ser mantida a referência à Universidade Pedagógica e aos seus Autores.

Universidade Pedagógica
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Agradecimentos

À COMMONWEALTH of LEARNING (COL) pela disponibilização do Template usado na


produção dos Módulos.

Ao Magnífico Reitor, Directores de Faculdade e Chefes de Departamento pelo apoio prestado


em todo o processo.
Ficha Técnica

Autor: Malaquias Zildo António Tsambe

Revisor científico: Elias Narciso Matos

Revisor da engenharia de Educação à Distância: Cristina Loforte

Revisor do Desenho Instrucional: Cristina Loforte

Maquetizador e Editor: Aurélio Armando Pires Ribeiro

Ilustrador: Malaquias Zildo António Tsambe

Publicado pela Univseridiade Pedagógica, Moçambique, 2015


Química Orgânica I i

Índice
Visão geral 1
Bem-vindo ao módulo de Química Orgânica I ................................................................. 1
Objectivos do módulo ....................................................................................................... 2
Quem deve estudar este módulo ....................................................................................... 2
Como está estruturado este módulo .................................................................................. 3
Ícones de actividade .......................................................................................................... 3
Acerca dos ícones .......................................................................................... 3
Habilidades de estudo ....................................................................................................... 4
Precisa de apoio? .............................................................................................................. 5
Auto-avaliação .................................................................................................................. 5
Avaliação .......................................................................................................................... 5
Tempo de estudo e outras actividades .............................................................................. 5

Unidade n° 01 7
Introdução à Química Orgânica I...................................................................................... 7
Introdução ................................................................................................................ 7

Lição no 01 8
Breve Historial da Química Orgânica ............................................................................... 8
Introdução ................................................................................................................ 8
Introdução à Química Orgânica ..................................................................... 9
Auto-avaliação ................................................................................................................ 11

Lição no 02 12
Compostos de Carbono. Estrutura e propriedades .......................................................... 12
Introdução .............................................................................................................. 12
Compostos de Carbono ................................................................................ 13
Auto-avaliação ................................................................................................................ 17

Lição no 03 18
Cadeias Carbónicas ......................................................................................................... 18
Introdução .............................................................................................................. 18
Auto-avaliação ................................................................................................................ 22

Lição no 04 23
Isomeria dos Compostos Orgânicos ............................................................................... 23
Introdução .............................................................................................................. 23
O que será Isomeria? .................................................................................... 24
ii Índice

Auto-avaliação ................................................................................................................ 26

Lição no 05 27
Compostos Orgânicos. Nomenclatura e grupos funcionais ............................................ 27
Introdução .............................................................................................................. 27
Auto-avaliação ................................................................................................................ 35
Resumo ........................................................................................................................... 36
Respostas dos exercícios ................................................................................................. 37

Unidade n° 02 39
Hidrocarbonetos .............................................................................................................. 39
Introdução .............................................................................................................. 39

Lição no 01 41
Hidrocarbonetos saturados. Alcanos............................................................................... 41
Introdução .............................................................................................................. 41
Auto-avaliação ................................................................................................................ 51
Compostos Alicíclicos .................................................................................................... 52
Introdução .............................................................................................................. 52
Auto-avaliação ................................................................................................................ 58

Lição no 03 59
Hidrocarbonetos Insaturados. Alcenos ........................................................................... 59
Introdução .............................................................................................................. 59
Auto-avaliação ................................................................................................................ 71

Lição no 04 72
Hidrocarbonetos insaturados. Alcinos ............................................................................ 72
Introdução .............................................................................................................. 72
Auto-avaliação ................................................................................................................ 80

Lição no 05 81
Hidrocarbonetos Aromáticos .......................................................................................... 81
Introdução .............................................................................................................. 81
Auto-avaliação ................................................................................................................ 94

Lição no 06 95
Derivados dos Hidrocarbonetos ...................................................................................... 95
Introdução .............................................................................................................. 95
Química Orgânica I iii

Auto-avaliação .............................................................................................................. 105


Resumo da Unidade ...................................................................................................... 106
Respostas dos exercícios ............................................................................................... 108

Unidade n° 03 110
Compostos Com Grupos Funcionais Simples. ............................................................. 110
Introdução ............................................................................................................ 110

Lição no 01 112
Compostos Orgânicos de Oxigénio .............................................................................. 112
Introdução ............................................................................................................ 112
Compostos com grupos Funcionais simples .............................................. 113
Auto-avaliação .............................................................................................................. 128

Lição no 02 129
Compostos carbonilos ................................................................................................... 129
Introdução ............................................................................................................ 129
Auto-avaliação .............................................................................................................. 140

Lição no 03 141
Ácidos carboxílicos e Ésteres ....................................................................................... 141
Introdução ............................................................................................................ 141
Auto-avaliação .............................................................................................................. 150

Lição no 4 151
Anidridos e Haletos de Ácidos carboxilicos ................................................................. 151
Introdução ............................................................................................................ 151
Auto-avaliação .............................................................................................................. 156
Resumo ......................................................................................................................... 157
Respostas dos exercícios ............................................................................................... 159
Compostos Nitrogenados .............................................................................................. 162
Introdução ............................................................................................................ 162

Lição no 1 164
Compostos orgânicos de Nitrogénio ............................................................................. 164
Introdução ............................................................................................................ 164
Auto-avaliação .............................................................................................................. 171

Lição no 02 172
Aminas e Amidas .......................................................................................................... 172
Introdução ............................................................................................................ 172
iv Índice

Auto-avaliação .............................................................................................................. 180


Respostas dos exercícios ............................................................................................... 182
Término do módulo ...................................................................................................... 183
Química Orgânica I 1

Visão geral
Bem-vindo ao módulo de Química
Orgânica I
Caro estudante seja bem-vindo ao módulo de Química Orgânica I. O
presente módulo apresenta uma visão geral dos conteúdos iniciais da
química dos compostos de carbono (principais fundamentos, historial e
relações estruturais dos diferentes grupos de compostos orgânicos). Nele,
também, serão abordadas as reações características dos compostos
orgânicos que são os principais fundamentos para o entendimento dos
diferentes processos químicos que ocorrem no dia-a-dia, em diversas
indústrias bem como nos organismos dos seres vivos.

Os conteúdos abordados nesse módulo não só ajudarão a conhecer os


processos que estão por detrás de muitos fenómenos químicos, mas
também criarão bases para o entendimento dos conteúdos que serão
tratados nos módulos de Química Técnica, Orgânica II, Macromolecular,
Química Física II e Bioquímica.

Unidade Nome da Lições por Unidade


Unidade
Breve Historial da Química Orgânica
Compostos de Carbono. Estrutura e propriedades
Introdução à Cadeias Carbónicas
1 Química Orgânica Isomeria dos Compostos Orgânicos
Compostos Orgânicos. Nomenclatura e grupos
funcionais
Hidrocarbonetos saturados. Alcanos
Compostos Alicíclicos
Hidrocarbonetos Hidrocarbonetos Insaturados. Alcenos
Hidrocarbonetos insaturados. Alcinos
2 Hidrocarboneto Aromáticos
Derivados dos Hidrocarbonetos
Compostos Com Compostos Orgânicos de Oxigénio
Grupos Compostos carbonilos
3 Funcionais Ácidos carboxílicos e Ésteres
Simples Anidridos e Haletos de Ácidos carboxilicos
Compostos Compostos orgânicos de Nitrogénio
4 Nitrogenados Aminas e Amidas
Aminoácidos
2 Química Orgânica I

A química dos compostos de carbono é fascinante, se nos apercebermos


que todos os seres vivos (plantas e animais) apresentam na sua
constituição básica os elementos carbono e hidrogénio, na forma de
compostos orgânicos. Podemos encontrar ainda na natureza os compostos
orgânicos na forma de carvão, gás e petróleo bruto.

Objectivos do módulo
Ao terminar o estudo deste módulo, com título “módulo de Química
Orgânica I”, pretende-se que seja capaz de:

Aprimorar os conhecimentos adquiridos nos níveis anteriores


relacionados à estrutura e propriedades dos compostos orgânicos;
Diferenciar os compostos orgânicos dos inorgânicos, tendo em
Objectivos conta as particularidades de cada um;

Explicar a síntese de substâncias orgânicas, desde as reações aos


seus mecanismos, bem como as condições óptimas para a sua
efectivação;

Explicar a importância económica, industrial prática e quotidiana


dos compostos orgânicos;

Quem deve estudar este módulo


Este Módulo foi concebido para todos aqueles que tenham concluído a
12a classe de ESG, grupo de ciências ou equivalente e tenham-se inscrito
no curso de Licenciatura em Ensino de Química à Distância da
Universidade Pedagógica.
Química Orgânica I 3

Como está estruturado este


módulo
Todos os módulos dos cursos produzidos pela Universidade Pedagógica
encontram-se estruturados da seguinte maneira:

Páginas introdutórias
Um índice completo.
Uma visão geral detalhada do módulo, resumindo os aspectos-chave
que você precisa conhecer para completar o estudo. Recomendamos
vivamente que leia esta secção com atenção antes de começar o seu
estudo.

Conteúdo do módulo
O módulo está estruturado em unidades. Cada unidade incluirá uma
introdução, objectivos da unidade, conteúdo da unidade(dividido em
lições) incluindo actividades de aprendizagem, um sumário da unidade
e uma ou mais actividades para auto-avaliação.

Outros recursos
Para quem esteja interessado em aprender mais, apresentamos uma lista
de recursos adicionais para você explorar. Estes recursos podem incluir
livros, artigos ou sites na internet.

Tarefas de avaliação e/ou Auto-avaliação


As tarefas de avaliação para este módulo encontram-se no final de cada
lição e de cada unidade.

Comentários e sugestões
Esta é a sua oportunidade para nos dar sugestões e fazer comentários
sobre a estrutura e o conteúdo do curso / módulo. Os seus comentários
serão úteis para nos ajudar a avaliar e melhorar este módulo.

Ícones de actividade
Ao longo deste manual irá encontrar uma série de ícones nas margens das
folhas. Estes ícones servem para identificar diferentes partes do processo
de aprendizagem. Podem indicar uma parcela específica de texto, uma
nova actividade ou tarefa, uma mudança de actividade, etc.

Acerca dos ícones


Neste módulo encontrará ícones que identificam os objectivos, as
actividades, dicas, sumários e actividades de auto-avaliação.
Pode ver o conjunto completo de ícones deste manual já a seguir, cada
um com uma descrição do seu significado e da forma como nós
4 Química Orgânica I

interpretámos esse significado para representar as várias actividades ao


longo deste curso / módulo.

Comprometimento/ Resistência, “Qualidade do “Aprender através


perseverança perseverança trabalho” da experiência”

(excelência/
autenticidade)
Actividade Auto-avaliação Avaliação / Exemplo /
Teste Estudo de caso

Paz/harmonia Unidade/relações Vigilância / “Eu mudo ou


humanas preocupação transformo a minha
vida”
Debate Actividade de
grupo Tome Nota! Objectivos

“[Ajuda-me] deixa- Apoio /


“Nó da sabedoria”
me ajudar-te” Quanto tempo? encorajamento

Leitura Terminologia Dica

Habilidades de estudo
Este módulo foi concebido tendo-se em consideração que você vai
estudar sozinho. É por isso que, no fim de cada unidade/lição você tem
actividades que lhe ajudam a verificar tudo o que nela aprendeu.

Fazem parte deste conjunto de actividades experiências recomendadas,


consulta a livros e Internet, interpretação de tabelas, desenho e
interpretação de gráficos e diagramas, etc., pois eles são preciosos para
você conhecer o nível da sua aprendizagem.
Química Orgânica I 5

Precisa de apoio?
Se você tiver dificuldades, tem o Centro de Recursos à sua espera, perto
do local da sua residência. Não hesite em recorrer a esse centro, pois ele
foi criado para si. Lá encontrará literatura e outros materiais de consulta.

Auto-avaliação
Ao longo de cada Unidade você terá que resolver uma série de exercícios,
que lhe ajudarão a consolidar o que aprendeu.

Recomendamos que você resolva todos os exercícios indicados sem


correr para consultar a chave de correcção.

Avaliação
Nesta disciplina você vai realizar 2 testes: O primeiro teste terá lugar
depois de completar a unidade 2. O segundo teste terá lugar depois de
completar a última unidade.

Cada teste tem a duração de 90 minutos e o exame tem a duração de 120


minutos. O seu tutor terá 15 a 20 dias para marcar a data do teste, bem
como a do exame.

Tempo de estudo e outras actividades


Este módulo deverá ser estudado num semestre do calendário lectivo.
Você deverá dispender 80 horas de estudo para este módulo.
Você também deve estudar, em média, uma hora por dia consoante a sua
Quanto tempo? disponibilidade para completar as 5 horas semanais recomendadas pelo
plano de estudos.
Química Orgânica I 7

Unidade n° 01
Introdução à Química Orgânica I
Introdução
Bem-vindo a esta unidade didáctica. Nela você desenvolverá as noções de
Química Orgânica, relacionadas basicamente à estrutura, às propriedades e
às reacções, que aprendeu no nível médio e na disciplina de Química
Básica.

Ao lhe propormos esta unidade, pretendemos que você se envolva


academicamente e de maneira árdua e complexa em todas as actividades
indicadas ao longo das lições. Neste sentido, achamos que devíamos
proporcionar-lhe informações básicas sobre a Química Orgânica.

Assim, nesta unidade trataremos do historial da química orgânica, da


estrutura dos compostos orgânicos, das propriedades particulares dos
compostos orgânicos e das bases para a nomenclatura dos compostos
orgânicos. Estes conteúdos ajudarão a perceber os factos históricos que
estão por detrás de muitas sínteses orgânicas de compostos comuns como
são os casos da síntese do vinagre ou mesmo do etanol (álcool comum).

Ao completar esta unidade, você será capaz de:

• Identificar o objecto de estudo da Química Orgânica;

• Interpretar os factores que estão por detrás do surgimento da Química


Orgânica como ciência;
Objectivos da
unidade • Definir os conceitos fundamentais da Química Orgânica;

• Interpretar as diferentes fases históricas relacionadas com o


desenvolvimento da Química Orgânica;

• Identificar os compostos orgânicos a partir da sua estrutura;

• Relacionar a estrutura e propriedades das substâncias orgânicas;

• Identificar as diferentes formas de nomenclatura dos compostos orgânicos.


8 Química Orgânica I

Lição no 01
Breve Historial da Química
Orgânica
Introdução
Nesta lição, faremos uma recapitulação dos conteúdos estudados nos anos
anteriores sobre o historial da Química orgânica, as fases que
caracterizaram a evolução desta parte da Química como ciência, bem
como o seu desenvolvimento até aos tempos actuais.

Esta lição permitirá desenvolver bases sobre os factos que marcaram o


desenvolvimento da Química orgânica, considerando a síntese de Fredric
Wöhler como um marco importante para a síntese de vários compostos
orgânicos sintéticos e consequentemente um dos marcos históricos do
desenvolvimento deste ramo da Química.

Você deve dispender cerca de 45minutos para estudar esta lição.

Ao completar esta lição, você será capaz de:

• Identificar as diferentes fases do desenvolvimento da Química


orgânica;
• Identificar os principais intervenientes no desenvolvimento da
Objectivos da lição Química orgânica;
• Interpretar os impactos da teoria da força vital no
desenvolvimento da Química orgânica
• Identificar a importância da síntese de Fredric Wöhler deu a
Química orgânica;
• Identificar e caracterizar o objecto de estudo da Química
orgânica;
• Identificar a importância e tarefas da química orgânica.
Química Orgânica I 9

Introdução à Química Orgânica

Breve Historial

A química, como todas outras ciências teve um contínuo desenvolvimento


nas várias fases da história. As premissas para o surgimento da química
orgânica, particularmente, existem desde os tempos pré-históricos. Este
facto é justificado pelos inúmeros processos relacionados com este ramo
da química, desde então utilizados, pois os compostos orgânicos são
conhecidos há já muito tempo, em virtude da sua vasta aplicação. É sabido
que os povos da antiguidade fermentavam o suco da uva produzindo
vinho, extraíam gorduras e azeite dos animais e plantas, corantes de
plantas, entre outros. Contudo estes não tinham a noções muito precisas da
natureza química desses processos.

A química orgânica, tal como a conhecemos hoje, tem seus primórdios no


fim do sec. XVIII e princípios do sec. XIX, quando se começou a fazer
grandes esforços para isolar compostos orgânicos puros que pudessem ser
usados em substituição ou complemento de estratos naturais.

No sec. XVIII notou-se um desenvolvimento acentuado da ciência


química, com as contribuições de Scheele (químico Sueco, 1769), sobre os
métodos apropriados para a obtenção de compostos orgânicos em animais
e vegetais (Ácido cítrico do limão, Ácido láctico do leite, glicerol da
gordura, etc.).

À medida em que se aumentava o número de compostos isolados e


estudados, os químicos notavam diferenças acentuadas entre as
propriedades destes e dos compostos minerais (por exemplo; ponto de
fusão e de ebulição, densidade, etc.) e que os compostos desta classe são
formados por poucos elementos químicos unidos em várias proporções.
“Tais compostos pareciam não obedecer à lei de proporções constantes ou
múltiplas de Dalton e Proust”.

Em 1776 Bergmann (químico Sueco), fez a primeira classificação dos


compostos químicos tendo os dividido em:

• Compostos Orgânicos – os compostos obtidos dos organismos


vivos.
• Compostos Minerais – compostos inorgânicos, obtidos do reino
mineral.
10 Química Orgânica I

Em 1802 Jacob Berzelius (Químico Sueco) fundamentou a classificação


de Bergmann, através da teoria da força vital ou Vitalismo, segundo a
qual “Os compostos orgânicos só poderiam ser obtidos dos seres vivos e
sob influência duma força divina”.

Esta teoria teve aceitação por parte dos químicos da época, até que Fredric
Wöhler (1928), discípulo de Berzelius, conseguiu obter um composto
orgânico (a Ureia) a partir de um composto inorgânico (o Cianato de
amónio), no laboratório.

Esta síntese pode ser traduzida pela seguinte equação:



NH4OCN NH2 – CO – NH2
Cianato de amónio Ureia

Esta síntese foi um marco importante para se ultrapassar a teoria do


Vitalismo, visto que após esta síntese, um grande número de compostos
orgânicos foi produzido a partir de matéria não viva.

Assim, a química orgânica passou a ser definida como a parte da


química que estuda os compostos de Carbono.

Exceptua-se o próprio carbono, seus ácidos e sais.

Liebig (1830), aperfeiçou as técnicas de análise elementar e demonstrou


que os compostos orgânicos seguiam as leis de proporções múltiplas.

Kolbe, partindo de substâncias puramente inorgânicas produziu compostos


orgânicos.

C, H2O, S Ácido acético


Berthollet (1855), também produziu substâncias orgânicas a partir de
substâncias puramente inorgânicas:

CS2 e H2S CH4


CO / Ca(OH)2 Ácido fórmico
C/H Eteno

Butlerov (1860), desenvolveu a teoria química da estrutura, segundo a


qual a ligação característica dos compostos orgânicos é a ligação atómica
e o carbono é nos compostos orgânicos sempre tetravalente.

Kekule (1857 – 1867), esclareceu a estrutura do Benzeno.


Química Orgânica I 11

Label & Van’t Hoof (1874), mostraram que as quatro ligações do carbono
nos compostos orgânicos são feitas numa estrutura espacial.

Lewis (1916), Explicou as ligações atómicas que é formado por um par de


electrões.

Huquel (1930), avançou com a teoria quântica e isomeria.

Assim as tarefas básicas da Química Orgânica são:


• Separação de compostos (isolar compostos orgânicos a partir de
substâncias naturais);
• Determinar as suas estruturas;
• Determinar a relação entre a estrutura e a reactividade;
• Sintetizar outros compostos orgânicos úteis para a sociedade
(detergentes, plásticos, pesticidas, etc.).

N.B: Compostos como Carbono, Dióxido de carbono (CO2), Monóxido


de carbono (CO), Ácido cianídrico (HCN), Ácido carbónico (H2CO3),
Carbonatos (CO32-), Bicarbonatos (HCO3-), etc., que são formados pelo
Tome Nota! elemento Carbono mas com propriedades mais semelhantes às dos
compostos inorgânicos, não são considerados orgânicos, eles são
inorgânicos e servem de intermediários ou compostos de transição entre
a química inorgânica e orgânica.

Auto-avaliação
1. O entende por Química orgânica? O que são compostos orgânicos?

2. No início do sec. XIX, Berzelius lançou uma teoria que mais tarde caiu em
Exercícios desuso.

a) Como se chama essa teoria?

b) O que é que esteve por detrás do desuso da teoria de Berzelius. Escreva a


respectiva equação química da síntese que pôs em causa essa teoria.

3. É mais correcto falar em “Compostos de Carbono” do que em “Compostos


Orgânicos”. Comente esta afirmação.
12 Química Orgânica I

Lição no 02
Compostos de Carbono. Estrutura
e propriedades
Introdução
Com esta lição pretende-se que nos familiarizemos com os compostos de
carbono (compostos orgânicos), sua estrutura e propriedades. Nela
trataremos das propriedades particulares dos compostos orgânicos bem
como as principais características desses compostos, diferenciando-os dos
compostos inorgânicos. Representaremos, com base nos conhecimentos
adquiridos, as diferentes possibilidades de formação das ligações pelos
átomos de carbono nos compostos orgânicos.

Nela, também, aprenderemos a representar e interpretar as estruturas dos


compostos orgânicos, bem como, a classificar os hidrocarbonetos a partir
a sua estrutura.

Você deve dispender cerca de 60 minutos para estudar esta lição.

Ao completar esta lição, você será capaz de:

• Identificar as principais características dos compostos orgânicos;

• Diferenciar os compostos orgânicos dos inorgânicos;

Objectivos da lição • Descrever as propriedades particulares dos compostos orgânicos;

• Representar e caracterizar a estrutura básica dos compostos


orgânicos;

• Representar e interpretar as possibilidades de formação das


ligações simples, duplas ou triplas entre átomos de carbono.
Química Orgânica I 13

Compostos de Carbono
Os compostos de carbono exceptuando o Carbono, seus Óxidos, Ácido
Carbónico e seus Sais, são designados compostos orgânicos. Estes
compostos apresentam átomos de carbono ligados entre si por ligações
covalentes originando uma vasta gama de compostos de uma mesma
família e estudados em Química orgânica.

Qual é a posição do Carbono no Sistema Periódico dos elementos?

Você aprendeu na Química Geral que o carbono possui quatro electrões


(4e-) de valência por isso situa-se no IV grupo principal, e é portanto
tetravalente.

Pela sua estrutura e consequente posição, o carbono é coordenativamente


saturado e pode ligar-se a outros átomos de carbonos formando cadeias
carbónicas ou formar ligações múltiplas.

Quais as Diferenças entre Compostos Orgânicos e Inorgânicos?

Os compostos orgânicos são estruturalmente diferentes dos inorgânicos e


isso faz com que estes apresentem consequentemente uma série de
diferenças nas propriedades e na aplicação.

Veja, na tabela a seguir, a comparação básica entre os compostos


orgânicos dos inorgânicos.
14 Química Orgânica I

Tabela 1: Comparação da Estrutura e Propriedades dos Compostos


Orgânicos e Inorgânicos

Compostos ORGÂNICOS Compostos INORGÂNICOS


Ligações covalentes (com carácter Ligações iónicas (com carácter
covalente) iónico)
Raramente solúveis em água; e Frequentemente solúveis em água;
raramente formam electrólitos em Formam electrólitos em solução
solução. (ácidos, bases e sais).
Tem pontos de fusão e ebulição Pontos de fusão e ebulição elevados,
relativamente baixos, menor que maior que 500 oC; Muitos são
400oC; Muitos são líquidos a sólidos cristalinos a temperatura
temperatura ambiente – carácter ambiente– carácter iónico.
covalente.
Baixa densidade, muitas vezes Densidades variáveis, maior que 1
aproximadamente igual a 1 g/dm3. g/dm3, em alguns casos (metais),
muito elevada.
Facilmente decompõe-se pela acção Grande estabilidade térmica.
do calor, são poucos resistentes a
temperaturas maiores que 500oC.
A maior parte deles são bons Raramente são combustíveis.
combustíveis.
Tem fraco efeito térmico. As reações Tem acentuado efeito térmico (exo
são raramente unívocas. ou endotérmico).

Os compostos orgânicos são constituídos basicamente por carbono e


hidrogénio, considerados elementos organogéneos, porém pode também
conter, Oxigénio, Enxofre, Nitrogénio, Fósforo, Halogéneos (F, Cl, Br e I)
e metais, considerados elementos heterogéneos.

Estes ocorrem na natureza tanto em organismos vegetais como animais,


no petróleo bruto, gás natural, etc.

Propriedades particulares dos compostos orgânicos

• A principal ligação dos compostos orgânicos é ligações covalentes


(apolar e polar);

• São menos densos que a água e na sua maioria insolúveis nela,


mas solúveis em solventes orgânicos;
Química Orgânica I 15

• São inflamáveis. Ao aquecimento carbonizam, decompõe-se


facilmente, libertando Dióxido de carbono (combustão completa),
Monóxido de carbono ou carbono (combustão incompleta) e água;
• Nos compostos orgânicos o Carbono é sempre tetravalente;

• Apresentam o fenómeno de isomeria.

As substâncias Orgânicas têm Estrutura Comum?


As fórmulas moleculares planas dos compostos orgânicos foram
estabelecidas por Butlerov constituindo a chamada teoria estrutural dos
compostos orgânicos:

• O Carbono é tetravalente, isto é, tem valência IV. Todas as


propriedades específicas dos compostos orgânicos são
determinadas pela tetravalência do elemento Carbono – que
provêm do facto deste possuir 4 electrões de valência, como
mostra a figura a baixo.
*
* C *
*
• Nas moléculas orgânicas, os átomos de carbono tem a
propriedade de ligarem-se (ligação atómica) entre si formando
cadeias carbónicas.
• As ligações entre os átomos de carbono podem ser: simples,
duplas ou triplas.

Possibilidades de formação de ligações do átomo de carbono

Como foi mencionado acima o átomo de carbono pode formar três tipos
diferentes de ligações, a saber: Ligação simples, dupla e tripla.

Estas resultam da combinação de átomos com diferentes estados de


hibridização.
16 Química Orgânica I

6C: 1s2 2s2 2p2


sp3 sp3 sp3 sp3

Ligações simples

*
sp2 sp2 sp2

Ligações dupla

sp sp

Estado fundamental Estado excitado Ligações tripla

Estado hibridizado

Na ligação simples, as orbitais no átomo de carbono são distribuídas no


sentido de formar uma estrutura espacial “tetraédrica”. As quatro ligações
estão distribuídas pelos vértices dum tetraedro imaginário cujos ângulos
são de 109,4º (figura abaixo).

C C
Com ângulos de 109o

Fig. 1: Estrutura tridimensional das ligações dos compostos de carbono

Exemplo: CH4 (Metano) C2H4 (Etano) C2H2 (Etino)


Química Orgânica I 17

Leia mais sobre a estrutura tridimensional das moléculas e Hibridização em:


AICHINGER-MANGE. Química Básica-3 ”Orgânica”. E.P.U. São
Leitura Paulo, 1992 e FELTRE, Ricardo. Química Orgânica. Vol. 3. S. Paulo,
Editora Moderna, 1991.

Auto-avaliação
1. Qual é a valência do carbono nos compostos orgânicos?

2. Que tipo de ligações os átomos de Carbono apresentam nos compostos


Exercícios orgânicos?

3. Distinga os compostos Orgânicos dos Inorgânicos quanto à estrutura e


a condutibilidade eléctrica.

4. Quais os principais tipos de Hibridização que os átomos de Carbono


nos compostos Orgânicos apresentam.
18 Química Orgânica I

Lição no 03
Cadeias Carbónicas
Introdução
Esta lição apresenta as diferentes formas através das quais os compostos
orgânicos podem existir. Nela trataremos das cadeias carbónicas, como
sendo as diferentes sequências que os átomos de carbono podem formar
entre sí, sua identificação, classificação e entender a escrita das diferentes
formas químicas que este grupo de compostos pode ter.

Assim, através dos conjuntos de exemplos e exercícios, desenvolveremos


capacidades para classificar as cadeias carbónicas, os tipos de átomos de
carbono numa determinada cadeia carbónica em como aprenderemos a
escrever as diferentes fórmulas químicas dos compostos orgânicos.

Você deve dispender cerca de 60 minutos para estudar


esta lição.
Quanto tempo?

Ao completar esta lição, você será capaz de:

• Identificar os diferentes tipos de cadeias carbónicas;

• Classificar as cadeias carbónicas tendo em conta os diferentes


âmbitos;
Objectivos da lição
• Identificar os tipos de átomos de carbono numa cadeia carbónica;

• Escrever as diferentes fórmulas químicas dos compostos


orgânicos;

• Definir o conceito de série homóloga.


Química Orgânica I 19

Como vimos na aula passada o carbono tem possibilidade de formar uma


diversa gama de compostos orgânicos. Nesta lição iremos estudar as
diversas cadeias que o corbono pode formar.

O que são Cadeias carbónicas?

Define-se uma cadeia carbónica como uma sequência de átomos de


carbono ligados entre si por ligações covalentes.

Classificação:
As cadeias carbónicas podem ser:

As cadeias Homogéneas e Homocíclicas são caracterizadas por


apresentarem apenas átomos de carbono e hidrogénio na sua
constituição;

As cadeias Heterogéneas e Heterocíclica são caracterizadas por


apresentarem pelo menos um heteroátomo para além dos átomos
de carbono e hidrogénio na cadeia;

As cadeias Saturadas são aquelas que apresentam somente


ligações simples entre os átomos de carbono, enquanto que as
20 Química Orgânica I

cadeias Insaturadas apresentam uma ou mais ligações dupla ou


tripla (insaturações) entre átomos de carbono.

As cadeias Mononucleares são todas as cadeias cíclicas que


apresentam um só anel. As Polinucleares são todas as cadeias
cíclicas que apresentam mais do que um anel.

As cadeias Polinucleares condensadas são todas as cadeias que


apresentam dois ou mais anéis compartilhando um ou mais
átomos de carbono.

As cadeias Polinucleares isoladas são todas as cadeias que


apresentam dois ou mais anéis onde estes não se encontram
ligados através de um átomo, isto é, eles não compartilham o
mesmo átomo de carbono.

Tipos de Carbono numa cadeia Carbónica


Carbono primário – é aquele que se encontra ligado a apenas 1 outro
átomo de Carbono.

Carbono secundário – é aquele que se encontra ligado a dois outros


átomos de Carbono.

Carbono terciário – é aquele que se encontra ligado a três outros átomos


de Carbono.

Carbono quaternário – é aquele que se encontra ligado a quatro outros


átomos de Carbono.

Exemplo:
Quaternário Terciário

│ │
─C─ ─C─
│ │ │ │ │
–C–C–C–C–C–
│ │ │ │ │
─ C─
│ Secundário Primário

Fórmulas Químicas dos Compostos Orgânicos


É uma representação gráfica através de símbolos de moléculas de uma
determinada substâncias.
Química Orgânica I 21

a) Fórmula empírica (fórmula mínima) – indica a proporção mais


simples de combinação de todos elementos numa molécula.

Exemplo: C6H12O6 → CH2O

b) Fórmula molecular – indica a quantidade e qualidade de átomos


de cada elemento que constitui a molécula.

Exemplo: C3H8.

c) Fórmula racional – expressa o tipo de ligação e os grupos de


átomos participantes, indica também a composição qualitativa e
quantitativa da substância.

Exemplo: CH3 – CH2 – CH3

d) Fórmula estrutural – indica a quantidade e qualidade dos átomos.


Também põe em evidência o tipo de ligação entre os átomos, bem
como a sua disposição na molécula.
H H H
Exemplo: ‫׀‬ ‫׀‬ ‫׀‬
H–C–C–C–H
‫׀‬ ‫׀‬ ‫׀‬
H H H
N.B: A fórmula estrutural pode ser simplificada, considerando cada traço livre
correspondente a um átomo de hidrogénio.

Exemplo: ‫׀‬ ‫׀‬ ‫׀‬


–C–C–C–
‫׀‬ ‫׀‬ ‫׀‬

Série homóloga – é uma sequência de compostos cujas moléculas diferem


entre si por um número inteiro de grupos metiléno (–CH2–).
Exemplo: CH4; CH3–CH3;
CH3–CH2–CH3; CH3–CH2– CH2–CH3

Série homóloga duma determinada família de compostos de carbono como


objecto principal e característico de agrupamento em famílias ou classes dos
compostos orgânicos.

Leitura: Você pode encontrar este conteúdo dentre outros livros nos seguintes:
FELTRE, Ricardo; Química Orgânica, vol. 3.
BONNER, William A. & CASTRO, Albert; Química Organica Básica.
22 Química Orgânica I

Auto-avaliação
1. Classifique as cadeias carbónicas quanto a:
- A natureza, ao tipo de ligações e a disposição dos átomos de carbono.
a) O

Exercícios CH3 – C – CH2 – CH3 b) CH2 ─ CH2
│ │
CH2 ─ O
2. Dado os seguintes compostos:
a) CH3 b) CH2 ─ CH2
│ │ │
CH3─ CH─CH3 CH2 ─ CH2
I- Identifique a cadeia carbónica que apresenta um átomo de carbono
terceario.
II- Classifique a cadeia carbónica b).

3. Escreva as fórmulas moleculares dos compostos das alíneas a), b) dos


números 1 e 2.
Química Orgânica I 23

Lição no 04
Isomeria dos Compostos
Orgânicos
Introdução
Esta lição aborda de forma particular a isomeria nos compostos orgânicos.
Entende-se por isomeria o fenómeno de ocorrência de dois ou mais
compostos de carbono com uma mesma fórmula molecular e diferentes
estruturas. Nela faremos a identificação dos diferentes tipos de formas
isoméricas e caracterização dessas diferentes formas isoméricas dos
compostos orgânicos.

Nela, também, faremos uma revisão do conteúdo estudado na lição


anterior, pois as formas isoméricas são apresentadas tendo em conta as
cadeias carbónicas.

Você deve dispender cerca de 60 minutos para estudar

Quanto tempo? esta lição.

Assim, ao completar esta lição, você será capaz de:

• Identificar as fórmulas isoméricas nos compostos de orgânicos;

• Representar as diferentes fórmulas dos isómeros nos compostos


orgânicos;
Objectivos da lição
• Classificar os isómeros nos compostos orgânicos;

• Escrever as fórmulas estruturais das diferentes formas


isoméricas.

Na lição anterior vimos as diversas possibilidade que o carbono tem de


formar vários grupos de compostos orgânicos. Nesta lição iremos estudar
as diversas disposições que os átomos de carbono podem estruturalmente
apresentar-se.
24 Química Orgânica I

O que será Isomeria?


É o fenómeno em que dois ou mais compostos apresentam a mesma
fórmula molecular mas com diferentes fórmulas estruturais.

Isómero - São compostos com a mesma fórmula molecular mas com


diferentes distribuição espacial dos seus átomos.

Nos compostos orgânicos encontramos vários tipos de isomeria:


1. Isomeria Estrutural
• Isomeria de Cadeia:
Cadeias Normais
Cadeias Ramificadas

Exemplo: C4H10;

CH3–CH2–CH2–CH3; CH3 – CH – CH3



Ramificação
CH3
Cadeia Normal Cadeia Ramificada

Isomeria de Posição:

Têm-se em conta a posição da insaturação (ligação dupla


ou tripla) ou a posição de um determinado grupo
funcional.

Exemplo: C4H8
1 2 3 4 1 2 3 4
CH3 – CH = CH – CH3 CH2 = CH – CH2 – CH3

Posição 2 (carbono 2) Posição 1 (carbono 1)

Exemplo: C3H7X;
3 2 1 1 2 3
CH3 – CH2 – CH2 – X; CH3 – CH – CH3

Grupo funcional X

Posição 1 (carbono 1) Posição 2 (carbono 2)

Isomeria de Função

Têm-se em conta a função orgânica pertencente. Quando


dois compostos apresentam a mesma fórmula molecular,
mas pertencem a funções orgânicas diferentes.
Exemplo: C3H6O;
Química Orgânica I 25

O O
║ ║
CH3 – C – CH3 CH3 – CH2 – C – H

Função orgânica: Cetona Função orgânica: Aldeído

2. Isomeria Espacial ou Estereoisomeria


Isomeros espaciais ou estereoisomeros diferem entre si na disposição
dos átomos no espaço.
• Isomeria Geométrica (CIS/TRANS)

Exemplo: C4H6X2
X X X CH3

C=C C=C

CH3 CH3 CH3 X


Cis - isómero Trans – isómero
X é um heteroátomo ou grupo de átomos

• Isomeria Óptica
Fenómeno de existência de um composto que se
comporta em relação a um outro como imagem e
objecto num espelho. Este tipo de isomeria só existe
quando temos átomos assimétricos (ex: com quatro
substituintes diferentes).

O número de isómeros é determinado pela forma 2n, onde n é o número de


átomos assimétricos existentes no composto.

Exemplo: a a

b C d d C b

g g

3. Isomeria de Conformação
É caracterizada pela diferença da posição dos átomos constituintes no
espaço.

Pode-se ter um arranjo em que os átomos de hidrogénio, por


exemplo, encontram-se posicionados um atrás do outro –
Conformação ecliptica
26 Química Orgânica I

Pode-se ter um arranjo em que os átomos de hidrogénio, por


exemplo, não ficam exactamente um atrás do outro –
Conformação escalonada;.

Exemplo: C2H6

HH H H

H
H H H

HH H H
Ecliptica (Eclipsada) Escalonada (Alternada)

4. Tautomeria
É um caso “especial” da isomeria, que ocorre quando têm se compostos
com a mesma fórmula molecular mas diferente posição de um átomo de
Hidrogénio.

Exemplo: C3H6O

O H HO
║ │ │ │
CH3 – C – C – CH3 CH3 –C – C – CH3
│ │ │
Cetona Álcool

Auto-avaliação
1. Quantos isómeros o composto com fórmula molecular C4H8 pode
formar? Indique os respectivos nomes.

Exercícios 2. Escreva os isómeros de função para o composto com a fórmula


molecular C4H8O;

3. Qual a condição para a existência da isomeria óptica?

4. Indique a alternativa correcta. Isómeros estruturais têm:

a) A mesma fórmula empírica e molecular;

b) As mesmas propriedades físicas e químicas;

c) Fórmulas gerais diferentes;

d) O mesmo arranjo dos seus átomos.


Química Orgânica I 27

Lição no 05
Compostos Orgânicos.
Nomenclatura e grupos funcionais
Introdução
Nesta lição, aprenderemos como se atribuem nomes aos compostos de
carbono (compostos orgânicos) aplicando as regras de nomenclatura
estabelecidas pela IUPA. Também aprenderemos a escrever as fórmulas
dos compostos orgânicos a partir dos seus nomes.

A lição também, aborda as principais funções (classes e/ou família) dos


compostos orgânicos, a sua fórmula geral (a partir da qual se obtém todos
os compostos da respectiva série homóloga) ou grupo funcional (a partir
do qual se identifica a série) e as principais características dos compostos
orgânicos.

Você deve dispender cerca de 60 minutos para estudar


esta lição.
Quanto tempo?

Ao completar esta lição, você será capaz de:

• Interpretar as principais regras de nomenclatura estabelecidas


pela IUPAC para dar nome aos compostos orgânicos;

• Identificar e nomear os radicais orgânicos numa cadeia


Objectivos da lição
carbónica;

• Nomear os compostos orgânicos tendo em conta as regras de


nomenclatura estabelecidas pela IUPAC;

• Escrever as fórmulas dos compostos orgânicos a partir dos seus


nomes;

• Identificar as principais funções dos compostos orgânicos;

• Identificar as fórmulas gerais e os grupos funcionais de cada


família de compostos orgânicos;
28 Química Orgânica I

• Identificar as características principais das funções e classes


principais dos compostos orgânicos.

A diversidade de compostos orgânicos fez com que houvesse necessidade


de se definir algumas regras de nomenclatura. Nesta lição iremos abordar
os princípios que normam a nomenclatura dos compostos orgânicos.

Como é que se dá nomes aos Compostos orgânicos?


Em 1957 foi estabelecido pela IUPAC (International Union of Pure and
Applied Chemistry), um conjunto de regras que permite estabelecer uma
sequência de nomes para os compostos orgânicos.

Comecemos por fixar os Prefixos que indicam a quantidade de átomos de


carbono

No de 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 20
átomos de
Carbono

Prefixo Met Et Prop But Pent Hex Hept Oct Non Dec Icos

Para começar veremos como se nomeiam os Radicais:

Os radicais são considerados restos dos compostos orgânicos, formados


pela perca de um átomo de Hidrogénio formando o respectivo radical.

O nome do radical é indicado segundo a regra:

Prefixo (n0 de átomos de carbono) + terminação “il”


Química Orgânica I 29

Tabela 2: Alguns Radicais


Radical Nome
CH3 – Metil

CH3 – CH2 – C2H5 – Etil

CH3 – CH2 – CH2 – C3H7 – n-propil

CH3 – CH –
│ C3H7 – Isopropil
CH3

CH3 – CH2 – CH2– CH2 – C4H9 – n-butil

CH3 – CH2– CH –
│ C4H9 – s-butil
CH3
CH3

CH3 – C — C4H9 – t-butil

CH3
CH3 – CH– CH2 –
│ C4H9 – Isobutil
CH3

Você pode nomear os compostos orgânicos de várias formas a


Saber:

1- Nomenclatura Substituitiva

Regras:

• Escolhe-se a cadeia mais longa, que contenha maior número de


átomos de carbono (compostos saturados) ou que contenha maior
número de ligações múltiplas (compostos insaturados), ou ainda,
que contenha o átomo de carbono com o grupo funcional
(compostos orgânicos com grupos funcionais) e considera-se
como cadeia matriz. As restantes porções consideram-se radicais;
30 Química Orgânica I

• Enumera-se os átomos de carbono da cadeia matriz começando da


extremidade mais próxima da extremidade que conduz a um
resultado baixo na soma dos números indicadores dos radicais;

• No caso em que um radical (grupo alquil ou aril) aparece mais do


que uma vez como radical, usam-se os prefixos: di, tri, tetra,
penta, etc. para indicar a existência de dois, três, quatro, cinco,
etc. radicais respectivamente, indicado a posição (através dos
números) de cada um dos radical.

• Se houver mais do que um radical indica-se na nomenclatura


obedecendo a ordem alfabética ou de complexidade dos radicais.

• Os números são separados por vírgulas e o número e a letra por


um ífen.

Exemplo:
CH3 C2H5
1 2│ 3 4│ 5 6 7
CH3 – C – CH2 – CH – CH – CH – CH3
│ │ │
CH3 C2H5 CH3

Ordem Alfabética dos radicais: 4,5-Dietil-2,2,6-Trimetil heptano

Ordem de complexidade dos radicai: 2,2,6-Trimetil-4,5-dietil heptano

2- Nomenclatura Radicofuncional
Regras:
Nesta nomenclatura consideram-se duas situações;
• Identifica-se na cadeia um substrato correspondente ao primeiro
elemento da série, considera-se grupo principal e dá-se nome a
este (normalmente usa-se o nome trivial do primeiro composto da
série). Todos outros substratos ligados a ele são considerados
radicais;
• Se houver mais do que um radical indica-se na nomenclatura
obedecendo à ordem alfabética ou de complexidade dos radicais.
Química Orgânica I 31

Exemplo:
CH3

CH3– C – CH = C – CH2 – CH3
│ │
CH3 CH3

Ordem de complexidade dos radicais: Metil etil t-butil etileno

Ordem Alfabética dos radicais: Etil metil t-butil etileno

3- Nomenclatura Trivial
Regras:
• Toma-se como base uma porção da cadeia que se pareça com o
Metano e considera-se substituído um ou mais átomos de
hidrogénio por radical (is);
• Se houver mais do que um radical indica-se na nomenclatura
obedecendo a ordem alfabética ou de complexidade dos radicais.

Exemplo:
CH3 CH3
│ │
CH 3– CH – CH2 – CH – CH – CH3

CH3
Ordem de complexidade dos radicais: Metil isopropil isobutil metano

Ordem Alfabética dos radicais: Metil isobutil isopropil metano

4- Nomenclatura Usual
Esta nomenclatura não obedece uma regra fixa; geralmente atribuem-se os
nomes aos compostos tendo em conta a sua origem (ou fonte de
obtenção).

Exemplo:
O

H – C – OH Ácido fórmico (foi primeiramente obtido
pela extração do corpo da Formiga)

O

CH3 – C – OH Ácido Acético (componente do Vinagre)
32 Química Orgânica I

O

CH3 – CH2 – C – OH Ácido Propionico (Resina da madeira)

O

CH3 – CH2 – CH2 – C – OH Ácido Butirico (Manteiga)

Qual a origem das designações (nomenclatura usual) dos seguintes


compostos orgânicos: Ácido lático, Ácido ascóbico e Ácido valérico.

Actividade 1 Comentário: Compare as suas respostas com a dos seus colegas. Se não
chegarem a consenso sobre as vossas respostas consultem o tutor de
especialidade para confirmar se responderam correctamente.

Reactividade dos Compostos orgânicos


As reações orgânicas ocorrem tendo em conta a capacidade que uma
substância tem de reagir lentamente ou rapidamente.

As principais razões da reactividade são os efeitos electrónicos resultantes


da estrutura.

Electronegatividade
Entende-se por electronegatividade a capacidade dos nucleos dos atomos
atraírem para si os electrões de valência.

Por exemplo, na ligação do carbono com o oxigénio os pares de electrões


estão mais desviados para o oxigénio, isto faz com que o Carbono tenha
uma carga parcial positiva e o Oxigénio carga parcial negativa.

Exemplo: δ+ δ- δ+ δ- δ- δ+
C O C O ou O C
Electronegatividade: 2,5 3,5

Efeitos Indutivos
É a alteração da densidade electrónica de um átomo ou conjuto de átomos
pela influência de um outro átomo ou conjunto de átomos. A indução
diminui com o aumento da cadeia.

Exemplo: δ δ+ δ+ δ-
C C O
Química Orgânica I 33

Efeito indutivo + I (+ I efeito) – Ocorre quando se tem um conjunto (ou


grupo) de átomos que aumentam a densidade de um outro átomo ou centro
(cedem electrões).
Exemplo:
δ++ δ+
R CH2 CH3
+ I efeito
1. Efeito indutivo - I (- I efeito) – Ocorre quando se tem um conjuto
de (ou grupo) de átomos que retiram electrões (ex. Halogénio)
Exemplo: δ+ δ-
R CH2 X onde; R - radical
- I efeito X – grupo que retira electrões

Efeitos Mesoméricos

Este efeito é induzido pelos átomos com electrões п (pi). Quando os


átomos tem ligações pi alternadas fala-se de mesomeria (efeito
mesomérico), nestes compostos os electrões do tipo pi alternam-se numa
conjugação numa conjugação simples. E quando têm somente ligações δ
(sigma) fala-se de indução (efeito indutivo).

п – p; é uma ligação dupla que se altera com uma ligação do tipo p (que é
caracterizada por apresentar electrões livres).

• O efeito mesomérico faz com que os compostos sejam bastante


estáveis;

• Em todos campos de ligações onde se têm os efeitos mesoméricos


verifica se uma deslocalização dos electrões e formam as
designadas “estruturas limites” – uma estrutura imaginária que
representa a molécula num determinado estado.

Exemplo:

Efeito mesomérico + M (electrões п) (electrões livres – p)


“aumenta a densidade dos CH3 (─) (+) CH3
electrões dos resíduos C=C–N C=C–N
orgânicos” CH3 CH3

(─)
IOI IOI
Efeito mesomérico – M ║ │
(+)
“diminui a densidade
C–C=C– C–R C–C=C–C–R
dos electrões dos
resíduos orgânicos”
34 Química Orgânica I

Quais as Principais Funções Orgânicas?


Existem várias funções orgânicas. Nesta aula iremos tratar apenas algumas
funções orgânicas básicas para o entendimento da química orgânica.
A tabela apresentada abaixo mostra as principais funções orgânicas,
fórmulas gerais e/ou grupo funcional e principais características de cada
uma delas.

Tabela 3: Principais Funções Orgânicas


FUNÇÃO CARACTERÍSTICAS
Só ligações simples
Alcanos: CnH2n + 2 n≥1
Alifáticos Uma ligação dupla
ou Alcenos: CnH2n n≥2
Acíclicos
Hidrocarbonetos

Uma ligação tripla


Alcinos: CnH2n – 2 n≥2
Duas ligações duplas
Dienos: CnH2n – 2 n≥3
Cadeia cíclica saturada
Cíclicos Cicloalcanos: CnH2n n≥3
Cadeia cíclica com uma dupla
Cicloalcenos: CnH2n -2 n ≥ 3 ligação
Aromáticos: Apresentam o anel benzeno
CnH2n – 6 n≥6
Haletos Apresentam um radical alquil
( Haletos de Alquil) CnH2n + 1 – X n≥6 ligado a um Halogénio
Grupo “OH” ligado a carbono saturado │
Álcoois R – C – OH

Fenóis Grupo “OH” ligado a um anel
aromático R – OH (R – radical aril)
Grupo carbonilo ligado ao Hidrogénio:
O O
Aldeidos ║ ║
─ C─ R─ C─H
Grupo carbonilo ligado à dois
carbonos : O O
Cetonas ║ ║
─ C─ R ─ C ─ R1
Grupo carboxílo: O O
║ ║
Ácidos carboxílicos ─ C ─ OH R ─ C ─ OH
Grupo carboxíilo (a), com o O
Hidrogénio substituído por um radical. ║
Ésteres R ─ C ─ O ─ R1
Aminas Grupo amino (─NH2) ligado ao R─NH2 ; R2NH ; R3N
carbono.
Grupo carbonilo ligado a um grupo O
Amidas amino. ║
R ─ C ─ ONH2
Química Orgânica I 35

Auto-avaliação
1. Dê nomes aos seguintes compostos (Substitutiva e
Radicofuncional/trivial):
CH3 CH3 – CH – CH3
| |
Exercícios a) CH3 – C – CH2 – CH – CH3 b) CH3 – C = CH – CH3
| |
CH3 CH3

c) CH3 – CH – C ≡ C – CH3 d) CH = C – CH2 – CH3


| | |
CH3 CH2 – CH2

2. Escreva as fórmulas de constituição dos seguintes compostos:


a) 2,3-Dimetilpropano b) 3-Etil-2,3-dimetilhexano

3. Quais os compostos do número 1 que possuem átomos de carbono


terciário?
36 Química Orgânica I

Resumo
Nesta unidade esperamos que tenha apreendido e aprofundado, seus
conhecimentos sobre o historial da quimica orgânica, as etapas do seu
surgimento, e as propriedades características dos compostos orgânicos.
A química orgânica, como ramo da química teve um contínuo desenvolvimento
nas várias fases da história. As premissas para o seu surgimento existem desde
Resumo
os tempos pré-históricos. Este acto é fundamentado pelos inúmeros processos
de síntese relacionados com este ramo da química. A química orgânica, tal
como a conhecemos hoje, tem seus primórdios no fim do sec. XVIII e
princípios do sec. XIX, quando se começou a fazer grandes esforços para isolar
compostos orgânicos puros a partir de estratos naturais. O marco histórico
marcante é a desmoronação da teoria da força vital através da síntese de Fredric
Wöhler (1928).
Esta química estuda os compostos de carbono exceptuando o Carbono, seus
Óxidos, Ácido Carbónico e Sais inorgânicos. Os compostos orgânicos
apresentam átomos de carbono ligados entre si por ligações covalentes
originando uma vasta gama de compostos de uma mesma família. Eles diferem
estruturalmente dos inorgânicos a que faz com que apresentem
consequentemente uma série de diferenças nas propriedades e na aplicação.
Os compostos orgânicos são caracterizados por basicamente apresentarem
sequências de átomos de carbono ligados entre si por ligações covalentes.
Nestas cadeias os átomos de carbono são classificados de acordo com o número
de outros átomos de carbono com que estabelecem ligações. Os compostos
orgânicos podem ser representados graficamente através de símbolos que
mostram os átomos que constituem a molécula.
Estes compostos são caracterizados por apresentar o fenómeno de isomeria,
fenómeno em que dois ou mais compostos apresentam a mesma fórmula
molecular mas com diferentes fórmulas estruturais. Dependendo da estrutura e
função orgânica estes podem apresentar diferentes tipo de isomeria (isomeria
estrutural, isomeria espacial ou estereoisomeria, isomeria de conformação e
tautomeria).
Em 1957 foi estabelecido pela IUPAC (International Union of Pure and
Applied Chemistry), um conjunto de regras que permite estabelecer uma
sequência equívoca de nomes para os compostos orgânicos. Este conjunto de
regras permite escrever o nome de qualquer composto orgânico. E estes
compostos podem ser nomeados tendo em conta a nomenclatura substituitiva,
radicofuncional ou trivial.
As reações orgânicas ocorrem tendo em conta a capacidade que uma substância
tem de reagir lentamente ou rapidamente. E esta capacidade depende, dentre
outros, dos efeitos electrónicos (electronegatividade, efeitos indutivos e
mesoméricos), que determinam o tipo e a forma de reacção de um determinado
composto orgânico.
Química Orgânica I 37

Respostas dos exercícios


Lição 1
1. R: Química orgânica é a parte da química que se dedica ao estudo dos
compostos de carbono exceptuando o próprio carbono e o sais do
ácido carbónico. Compostos orgânicos são todos aqueles compostos
que estruturalmente apresentam átomos de carbono ligados
covalentemente e caracterizados por possuírem propriedades
covalente acentuadas.
2. R: a) Teoria da força vital ou vitalismo.
b) A síntese de Woller, traduzido pela equação:

NH4OCN NH2 – CO – NH2
Cianato de amónio Ureia

3. R: Pelo facto dos compostos orgânicos terem sido por muito tempo
considerados compostos obtidos exclusivamente de matéria viva, o
termo compostos de carbono é abragente aos compostos obtidos de
matéria mineral com propriedades orgânicas.
Lição 2
1. R: Nos compostos orgânicos o carbono apresenta valência IV
2. R: Os átomos de carbono podem apresentar ligações saturadas
(simples) e ligações insaturadas (duplas ou triplas).
3. Os compostos orgânicos são caracterizados por apresentarem ligações
covalentes e raramente são solúveis em água (raramente formam
electrolitos) enquanto que os compostos inorgânicos apresentam
maioritariamente ligações iónicas e são frequentemente solúveis em água
(formam electrólitos).
4. R: Hibridização sp3, sp2 e sp.
Lição 3
1. R: a) Heterogénea, Saturada, Normal
b) Heterociclica e Saturada
2. R: I - Composto a)
II- todos os átomos de carbono dessa cadeia são secundários.
3. R: 1. a) C4H8O b) C3H6O
2. a) C4H10 b) C4H8
Lição 4
1. R: Pode formar dois isómeros; Buteno-1 e Buteno-2
2. R: CH3 – CH2 – CH2 – CHO e CH3 – CH2 – CO – CH3
3. R: A existência de isomeria optica é condicionada pela existência de
carbonos assimétricos.
4. R: a)
Lição 5
38 Química Orgânica I

1. R: a) 2,2,4-Trimetilpentano e Isobutiltrimetilmetano
b) 3,4-Dimetilpenteno-2 e Isopropildimetiletileno
c) 4-Metilpentino-1 e Isopropilmetilacetileno
d) 1-Etilciclobuteno-1
2. R: CH3 CH3
| |
a) CH3 – C – CH3 b) CH3 – CH – CH – CH2 – CH2 – CH3
| |
CH3 CH3
4. R: Composto b)

AICHINGER-MANGE. Química Básica-3 ”Orgânica”. E.P.U. São


Paulo, 1992

MAHAN; B. H. Química. Um Curso Universitário. 2a edição. Editora


Leitura complementar
Edgard Bücher. São Paulo, 1972.

RUSSEL, John B. et all. Química Geral. Volume I e II 2a edição. Editora


Markron Books. São Paulo, 1994.
Química Orgânica I 39

Unidade n° 02
Hidrocarbonetos
Introdução
Nesta unidade analisaremos os hidrocarbonetos. O que seriam os
Hidrocarbonetos?
Nesta unidade iremos abordar com detalhes a classificação dos
hidrocarbonetos e alguns dos seus derivados, considerando a
particularidade das características de cada grupo de compostos que
constituem essa família.
Neste sentido, a primeira lição aborda os hidrocarbonetos saturados, como
sendo todos compostos orgânicos constituídos exclusivamente por
carbono e hidrogénio e apresentando apenas ligações simples entre os
átomos de carbono. Nesta lição fez-se a revisão da nomenclatura dessa
classe de compostos orgânicos, também estudou as suas propriedades
químicas e físicas.
Na segunda lição tratamos da constituição dos compostos orgânicos, sua
classificação e estudo aprofundado da nomenclatura deste grupo de
compostos. A terceira e quarta lição é dedicada ao estudo dos
hidrocarbonetos insaturados. Em ambas lições você terá a oportunidade de
aprofundar seus conhecimentos sobre a característica principal destes
grupos de compostos orgânicos, caracterizados por apresentar insaturação
entre átomos de carbono, que pode ser uma dupla ou tripla ligação. Para
além disso, a lição aborda o tipo de reacção específica desse grupo de
compostos que são caracterizados por apresentar uma insaturação entre
dois átomos de carbono.
Nestas lições serão destacadas as propriedades físicas e químicas, bem
como as aplicações dos principais compostos desta classe.
Na quinta lição trataremos dos hidrocarbonetos aromáticos, compostos
caracterizados por apresentar anel aromático. Ela aborda a nomenclatura,
as propriedades físicas e químicas desse grupo de compostos orgânicos.
No fim desta lição trata-se dos compostos heterocíclicos, grupo de
compostos cíclicos que apresentam no anel um átomo diferente de
carbono e hidrogénio, sua classificação e propriedades.
Na última lição desta unidade introduz-se os derivados de carbono,
Haletos de alquilo e Arilo, e Compostos Organometalicos. Ela aborda a
caracterização e identificação estrutural dos derivados dos
hidrocarbonetos, a nomenclatura, as propriedades físicas e químicas,
destacando a reactividade desse grupo de compostos orgânicos.
40 Química Orgânica I

Ao completar esta unidade, você será capaz de:

• Definir o conceito de hidrocarbonetos;


• Caracterizar os compostos que constituem a família dos
hidrocarbonetos;
Objectivos da unidade • Identificar as principais classes dos compostos que pertencem a
família dos hidrocarbonetos;
• Identificar as fórmulas gerais de cada classe dos hidrocarbonetos;
• Identificar os principais derivados dos hidrocarbonetos;
• Conhecer as principais formas de hidrocarbonetos existentes no
País.

Faça uma pesquisa bibliográfica sobre as principais reservas de gás


natural e petróleo em Moçambique, indique as províncias onde ocorrem.

Actividade 2 Comentário: Faça a actividade em grupo de dois ou três. No final da actividade


cada grupo deve trocar o seu trabalho e avaliar o trabalho do outro grupo tendo
em conta os seguintes aspectos: autenticidade, fontes consultadas e atualidade da
informação. Entregar a nota de avaliação ao tutor de especialidade.
Química Orgânica I 41

Lição no 01
Hidrocarbonetos saturados.
Alcanos

Introdução
Nesta lição, abordaremos com detalhe a classe dos hidrocarbonetos
saturados, sua classificação e propriedades particulares deste grande
subgrupo de compostos orgânicos.

Com esta lição pretendese que você adquira conhecimentos que lhe
ajudarão a interpretar os vários fenómenos que ocorrem no seu quotidiano,
como a queima de combustíveis fósseis e biocombustíveis. Os compostos
orgânicos tratados nesta lição e nas lições subsequentes encontram
particular aplicabilidade nas diferentes indústrias, entre as quais a
petroquíomica, a farmacêutica, a alimentar, entre outras, pois muitos
desses produtos são derivados do petróleo bruto.

Você deve dedicar cerca de 90 minutos para o estudo desta lição

Quanto tempo?

Ao completar esta lição, você será capaz de:


• Caracterizar estruturalmente os hidrocarbonetos saturados;
• Caracterizar a classe dos Alcanos;
• Identificar estruturalmente os compostos que constituem a série
Objectivos da lição dos alcanos;
• Identificar as principais formas de obtenção dos alcanos;
• Nomear, com base nas diferentes formas de nomenclatura, os
compostos desta classe;
• Identificar as principais reações desta classe dos hidrocarbonetos.

Nesta lição irá estudar os alcanos, um hidrocarboneto saturado. Mas antes


de iniciar o estudo deste tipo de hidrocarboneto é importante saber o que
42 Química Orgânica I

são hidrocarbonetos de forma generalizada e quais os grupos de


compostos que os constituem.

Hidrocarbonetos
A classe dos compostos que formam os vários outros derivados, são os
hidrocarbonetos. Eles são compostos formados por dois elementos, o
hidrogénio e carbono.

Estes são divididos em duas classes principais de acordo com a sua


estrutura – alifáticos e aromáticos. Hidrocarbonetos Alifáticos são
hidrocarbonetos que não contém o anel benzeno, enquanto que os
hidrocarbonetos aromáticos são aqueles que contém um ou mais anéis
benzeno. Hidrocarbonetos alifáticos são divididos em alcanos, alcenos e
alcinos. Um alcano na forma de um anel é chamado cicloalcano.
Cicloalcanos tem a fórmula geral CnH2n.

Como é que os Hidrocarbonetos se Classificam?


Quanto ao esqueleto fundamental, SCHARLENMYER (1870), chamou:

- hidrocarbonetos todos compostos constituídos exclusivamente por


carbono e hidrogénio.

- derivados a qualquer composto em que o hidrogénio é substituído por


um átomo de qualquer outro elemento ou grupo químico.

HIDROCARBONETO

Acíclicos (Alifáticos)
Ciclicos

Aromáticos Heterocíclico
Lineares Ramificados Alicíclico

- Cicloalcanos Saturado Insaturado


CnH2n
Saturado Insaturado - Cicloalcenos
CnH2n – 2
- Cicloalcinos
CnH2n - 4
Alcanos Alcenos Alcinos
Derivados
CnH2n + 2 CnH2n CnH2n - 2 Heteroparafinas Heterocolifinas
Química Orgânica I 43

Fórmula Geral
R–X ou R–X–R
X – Heteroátomo, estes condicionam um grupo específico de ligações ou
formam os chamados grupos funcionais.

Uma vez percebida a classificação dos hidrocarbonetos podemos comecar


a ver as particularidades de cada grupo de hidrocarbonetos, comecemos
pelos Alcanos.

O que seriam os Alcanos ou Parafinas?


São hidrocarbonetos de cadeia aberta que apresentam somente ligações
simples (saturadas) entre átomos de Carbono. A fonte principal desses
hidrocarbonetos é o petróleo bruto e gás natural.

Fórmula geral: CnH2n + 2 onde; n ≥ 1

Os Alcanos variam de C1 a C30.


Tem como elemento mais simples o Metano (CH4).
Fórmula estrutural: H

H–C–H

H
Os Alcanos formam uma série homóloga cuja diferença dos segmentos é
um grupo metilénico (- CH2 -). São homólogos porque têm as mesmas
propriedades.

Os Alcanos podem ser divididos em:

ALCANO

ACICLICOS CICLICOS

LINEARES RAMIFICADOS
44 Química Orgânica I

Exemplo: CH3–CH2–CH2–CH3; CH3– CH – CH3



Ramificação
Cadeia Normal CH3
Cadeia Ramificada

Nomenclatura
Segundo a IUPAC, para nomear os Alcanos de cadeia normal usa-se a
regra:
Prefixo (no de átomos de carbono) + Sufixo “ANO”

CH4 ; Met + ano = Metano


CH3 – CH3 ; Et + ano = Etano
CH3 – CH2 – CH3 ; Prop + ano = Propano
CH3 – CH2 – CH2 – CH3 ; But + ano = n-Butano

Para Alcanos com 4 ou mais átomos de carbono indica-se antes a letra n


que significa cadeia normal.

Na Nomenclatura dos Alcanos Ramificados tem se as seguintes regras:


• Localizar a cadeia mais longa;
• Indicar através de números a posição dos substituintes na cadeia
principal;
• Nomear a cadeia principal

(NB: Em caso de dúvida; veja as nomenclatura substutivas, na lição 5


da primeira unidade e nas unidades subsequentes).


Tome Nota!

Isomeria dos Alcanos


As ligações simples dos Alcanos possibilitam a rotação em torno do eixo,
isto faz com que estes possuam conformações. Além dos isómeros de
conformação, os hidrocarbonetos saturados tem outros isómeros,
geralmente a partir de sete átomos de carbono.

• Alcanos a partir de C2 formam isómeros de conformação;


• Alcanos a partir de C4 formam isómeros de estrutura (estruturais);
Isómeros formados
• C4 – forma 2 isómeros;
• C5 – forma 3 isómeros;
• C6 – forma 4 isómeros;
• C7 – forma 9 isómeros;
• C10 – forma 75 isómeros
Química Orgânica I 45

Características da ligação C – C
O Carbono encontra-se no IV GA do sistema periódico, tem 2 subníveis e
4 electrões de valência.
C : 1s2 2s2 2p2
6

px py pz px py pz
+ Energ.
sp3 sp3 sp3 sp3
s s
Estado fundamental Estado excitado Estado hibridizado
O número de orbitais fundamentais é igual ao número de orbitais que se
formam quando ocorre a hibridização, porém apresentam estruturas
diferentes.

s p sp

Comprimento das ligações C – C


Simples = 1,54 Ao
Duplas = 1,34 Ao
Triplas = 1,20 Ao
Os Alcanos são caracterizados por apresentar uma hibridização do tipo
sp3, resultante da fusão de nuvens electrónicas do subnível s e p, onde uma
orbital s (esférica) funde-se com três orbitais p (helicoidais, px, py e pz),
consequentemente eles apresentam ligações saturadas (simples), sigma (δ)
entre átomos de carbono.

Exemplo: A molécula do metano (CH4) tem a seguinte estrutura;



─C─

z sp3 z
= 109,8 oC

x x x
sp3 sp3

s p sp3
y y
y
46 Química Orgânica I

Exemplo: molécula de Metano (CH4)

Propriedades físicas
A temperatura ambiente:
• Os Alcanos com C1 à C4 – são gases
• Os Alcanos com C5 à C17– são líquidos
• Os Alcanos com C18à C ∞ – são sólidos

São insolúveis em água, mas bem solúveis em solventes orgânicos


(Álcool, Éter, etc.). A solubilidade diminui com o aumento da cadeia
carbónica.

Em geral possuem pontos de fusão (PF) e pontos de ebulição (PE) baixos,


porém, estes aumentam com o aumento da cadeia carbónica.

1. Com ajuda dos esquemas de classificação dos hidrocarbonetos e dos


alcanos, faça a classificação dos seguintes compostos: Propano,
Ciclobutano e 2metilpentano.
Actividade 3
2. Quando é que se diz que dois ou mais compostos são isómeros?

Comentário: Compare as suas respostas com a dos seus colegas. Consulte as


bibliografias recomendadas para esse capítulo e caso não haja consenso entre
colegas consulte ao tutor de especialidade.

Obtenção dos Alcanos


As principais fontes de obtenção dos Alcanos são o gás natural, o petróleo
bruto e o carvão natural. Pela destilação fraccionada destes obtêm-se
alcanos e os derivados hidrocarbonetos.

Obtenção laboratorial
• Método que ocorre sem alteração da cadeia

1. Hidrólise do Carbeto de alumínio


Al4C3 + 12 H2O 3 CH4 + 4 Al(OH)3
Metano

2. Hidrólise de compostos de Grignard


R – X + Mg R – Mg – X
Química Orgânica I 47

R – Mg – X + H2O R – H + Mg(OH)X
Alcano

+ Mg
CH3 – CH2 – Br CH3 – CH2 – Mg – Br + H2O

CH3 – CH3 + Mg(OH)Br


Etano

3. Hidrogenação catalítica de compostos insaturados alifáticos.


Consiste na adição, na presença de um catalisador, de moléculas de
hidrogénio aos hidrocarbonetos alifáticos que apresentam
insaturações.
Pt ou Pd
R – CH = CH – R´ + H2 R – CH2 – CH2 – R´

• Método que ocorre com alteração da ligação C – C

1. Síntese de Wutz

Ocorre com o aumento de átomos de carbono – ocorre duplicação da


cadeia carbónica. Esta síntese é usada para a obtenção de
hidrocarbonetos específicos.

R – X + Na R – Na + R’ – X R – R’
─ NaBr ─ NaBr
(X – Halogénio) Alcano

+ Na
CH3 – CH2 – Br CH3 – CH2 – Br + CH3 – CH2 – Na
─ NaBr

CH3 – CH2 – CH2 – CH


─ NaBr
Butano

2. Síntese de Koble
R – COONa 2Na+ + 2CH3 – COO –

-2e
2CH3 – COO – 2 •CH3 + CO2
2 • CH3 CH3 – CH3

2 CH3 – COONa 2 e– CH3 – CH3 + CO2


- 2 Na

3. Polimerização de Alcenos
Exemplo:
n CH2 = CH2 • [• CH2 – CH2 •]n•
Ou
n CH2 = CH2 [ CH2 – CH2 ]n
Eteno Polietileno

• Método que ocorre com a cisão ou divisão da ligação C – C


1. Descarboxilação
Consiste na retirada do grupo corboxílico num determinado sal de ácido
carboxílico.
48 Química Orgânica I


R – COONa + 2NaOH R – H + Na2CO3

2. Craqueamento (Craking) dos Alcanos


O craqueamento não ocorre fundamentalmente com a finalidade de
produzir um Alcano, porém, este obtêm se como produto secundário
por isso pode ser considerado um método para obter Alcanos.

CH3– (CH2)4–CH3 H2 + CH2=CH–(CH2)3–CH3 + Isómeros


ou CH4 + CH2 = CH – (CH2)2 – CH3 + Isómeros
CH3–CH3 + CH2=CH–CH2–CH3 + Isómeros
CH2=CH2 + CH3–CH2–CH2–CH3 + Isómeros
CH2 = CH – CH3 + CH3 – CH2 – CH3 + Isómeros Etc.

Propriedades químicas (Reações dos Alcanos)


Os alcanos são caracterizados por serem bastantes selectivos nas reações
que sofrem, pois apresentam grande estabilidades nas ligações C – C ou C
– H.
1. Oxidação
Em condições energéticos os alcanos podem sofrer diferentes oxidações
caracterizadas por libertar energias como produto principal:
Oxidação Completa ou total
CH4 + 2 O2 CO2 + H2O ∆H = - 213 Kcal/mol
Oxidação Incompleta ou parcial
Nesta oxidação, os produtos variam com as condições do meio de
ocorrência da reacção:
O2/AlPO4/300 oC
CH4 CH3OH + ∆H
O2/AlPO4
CH4 HCHO + ∆H
H2O (Ni) 800 oC
CH4 CO + H2 + ∆H

2. Substituição
Os alcanos são caracterizados por sofrerem reações de substituição, onde
um dos ligantes é substituído por um radical ou um outro átomo.
Química Orgânica I 49

Exemplo: Cloração do Metano


Mecanismo Radicálico
1a Etapa: Iniciação

Na presença de calor Na presença da Luz


CH4 + Cl2 ∆ hv
CH4 + Cl2

Cl – Cl ∆ 2Cl • hv
Cl2 2 Cl •
CH4 + Cl •
∆ HCl + • CH3 hv
Cl • + CH4 HCl + CH3 •

Esta etapa ocorre quando há adição de energia (ultravioleta ou calor) à partículas


estáveis, formando partículas reactivas.

2a Etapa: Propagação
hv
CH3 • + Cl2 ∆ CH3Cl + • Cl CH3 • + Cl2 CH3Cl + • Cl

CH4 + Cl • ∆ HCl + • CH3


hv
CH4 + • Cl HCl + • CH3

3a Etapa: Extinção (Recombinação dos radicais)


CH3 • + • Cl ∆ CH3 – Cl hv
CH3 • + • Cl CH3 – Cl

Cl • + • Cl ∆ Cl2
hv
Cl • + • Cl Cl2
CH3 • + CH3 • ∆ CH3 – CH3 hv
CH3 • + • CH3 CH3 – CH3

O que será que determina a substituição de um protão num ou noutro


átomo de carbono?

Regra de MARKOVNIKOV

“Nas reações de Substituição será substituído o átomo de Hidrogénio


ligado ao carbono menos hidrogenado”.
Tendo em conta o tipo de substituição que os Alcanos podem sofrer tem-
se:
1. Reacção de Halogenação
Consiste na substituição de um ou mais átomos de Hidrogénio por um
Halogénio (Bromo ou Cloro).
Bromação
CH3 CH3
│ │
CH3– CH – CH3 + Br2 CH3 – C – CH3 + HBr

Br
50 Química Orgânica I

Cloração
CH3 CH3
│ │
R – CH – CH3 + Cl2 R – CCl – CH3 + HBr

2. Nitração
R–H + HO – NO2 R – NO2 + H2O

3. Reacção de Combustão
Completa
R – H + O2 CO2 + H2O

Incompleta
Dependendo da quantidade de Oxigénio pode-se formar Monóxido de
carbono ou Carbono e Água.

R – H + O2 CO + H2O ou C + H2O

Regioselectividade
Propriedades que se relaciona com a densidade electrónica dentro de uma
molécula. Selecciona os átomos de carbono que reagem na substituição.

Na reacção de compostos com cadeias a partir de três átomos de carbono,


sabendo que o carbono terciário é o mais reactivo que o secundário e este
é relativamente mais reactivo que o primário, então será mais reactivo, os
que tiveram mais ligações, e esse fenómeno tem o nome de selectividade.
Química Orgânica I 51

Auto-avaliação
1. Indique a alternativa correcta.
A classe de compostos orgânicos descrita como hidrocarboneto é
constituída por:
Pesquisa a) Todos os compostos que contém ligações saturadas entre carbono-
hidrogénio.
b) Aqueles compostos que são exclusivamente formados pelos
elementos carbono e hidrogénio e que não contém grupos cíclicos.
c) Compostos formados por hidrogénio e carbono e que pode ou não
conter um anel benzeno.
d) Todos compostos orgânicos que contém apenas carbono e
hidrogénio

2. Ordene os seguintes alcanos quanto ao ponto de ebulição crescente:


a) 3,3-Dimetilpentano b) 2-Metilheptano
c) n-Heptano e) n-Pentano

3. Escreva a equação para a obtenção de n-Butano a partir de 1-Buteno.


52 Lição no 02

Lição no 02
Compostos Alicíclicos
Introdução
Nesta lição trataremos dos compostos que apresentam anéis constituídos
por átomos de carbono e hidrogénio, nela faremos a classificação deste
grupo de compostos, caracterizando as estruturas e as principais
propriedades dos compostos que pertencem a essa classe de compostos da
família dos hidrocarbonetos.

A lição aborda com particularidade os compostos aliciclicos que são, pela


sua natureza, compostos com larga aplicabilidade na indústria
farmacêutica.

Voce precisa dedicar cerca de 60 minutos para aprendizagem desta lição

Ao completar esta lição, você será capaz de:

• Caracterizar estruturalmente os compostos alicíclicos;

• Identificar estruturalmente os compostos que constituem a classe


dos alicíclicos;
Objectivos da lição
• Identificar as principais formas de obtenção dos compostos
alicíclicos;

• Nomear os diferentes compostos que constituem a classe dos


compostos alicíclicos;

• Identificar as principais reações desta classe dos hidrocarbonetos.

Compostos Alicíclicos. O que são?

São compostos que formam um anel constituído apenas por átomos de


carbono e hidrogénio. Estes são classificados em vários grupos:
• Compostos que formam só um anel = Monocíclos;
• Compostos que formam dois anéis = Bicíclos
Lição no 02 53

• Compostos que formam mais de dois anéis = Policíclos

Os monociclos podem ser:


• Anéis constituído por átomos de carbono saturados =
Cicloalcanos;
• Compostos que formam anéis com átomos de carbono e com pelo
menos uma ligação dupla = Cicloalcenos;
• Compostos que formam anéis com átomos de carbono e com pelo
menos uma ligação tripla = Cicloalcinos.

Os cicloalcanos são isómeros dos alcenos e os cicloalcinos são isómeros


dos alcinos.

Cicloalcanos
Compostos saturados que formam anel em que participam apenas átomos
de carbono com apenas ligações simples.

Os Aneis são classificados segundo os seus tamanhos:


• Sistema de anéis Pequenos – São todos os que possuem três a
quatro (3 a 4) átomos de carbono.
• Sistema de anéis Normais – São todos aqueles que possuem cinco
a seis (5 a 6) átomos de carbono.
• Sistema de anéis Médios – São todos aqueles que possuem oito a
doze (6 a 12) átomos de carbono.
• Sistema de anéis Grandes – São aqueles que possuem mais de
dezoito (18) átomos de carbono.

Os anéis que possuem entre cinco a seis átomos de carbono, são os únicos
anéis que permitem manter a estrutura tetraédrica dos seus anéis. Nestas
estruturas existem pouca energia interna, isto faz com que estes compostos
sejam bastante estáveis.

Os anéis com três átomos de carbono possuem uma grande quantidade de


energia interna (Energia de Bayer ou Tensão de Bayer) – energia
resultante da deformação dos ângulos normais das ligações.
54 Lição no 02

Consequentemente os anéis pequenos devido a elevada tensão interna são


instáveis.

Os anéis Normais são os mais frequentes na natureza.Isto deve-se ao facto


de um anel com seis átomos permitir que cada átomo de carbono
mantenha a sua estrutura tetraédrica – isto lhes confere a estabilidade e
pouca reactividade.

Os anéis com mais de cinco átomos de carbono permitem duas


conformações reais existentes, com baixa energia interna com estruturas
diferentes, isto é causado pelo seu diferente nível de energia.

Conformações:

Cadeira/twist Barco/banheira

As conformações sob forma de cadeira e barco são estruturas sem a


energia de Bayer, mas nestes existe uma energia que causa a repulsão dos
átomos com mesma carga = Tensão de Prelog e Tensão de Pitzer (quando
os átomos se posicionam em forma de conformação ecliptica).
A forma em cadeira tem muito menos energia interna do que a de barco,
isto faz com que a conformação em cadeira seja mais frequente e estável.

Nomenclatura dos Cicloalcanos

Procede-se do mesmo modo que nos Alcanos, contudo deve-se ter em


conta a presença do ciclo, começando assim o nome com o prefixo ciclo.
Quando temos mais do que um substituinte, enumera-se o anel começando
pela posição do substituinte com a maior prioridade. Os substituintes são
então indicados por ordem alfabética ou de complexidade.

• Ciclo + número de átomos + sufixo “ano”


Em caso de haver substituintes, indica-se as posições desses através de
números.
• Número + nome do substituente + cicloalcano
Lição no 02 55

Exemplo:

- Ciclopropano - Ciclobutano

Propriedades químicas e físicas

Em condições normais os ciclos com três a quatro átomos de carbono são


gases. Os ciclos com entre cinco a onze átomos de carbono são líquidos e
os com mais de onze átomos são sólidos.

Os cicloalcanos com mais de 20 átomos de carbono formam cadeias


paralelas. Os compostos cíclicos com mais de quatro átomos de carbono
sofrem preferencialmente reações de substituição de forma semelhante aos
compostos de cadeia aberta. Os dois primeiros representantes admitem
reações de adição rompendo o ciclo ou anel formando uma cadeia linear
(isto acontece por causa da sua energia de Bayer).

Exemplo:
CH2
+ H2 CH3 – CH2 – CH3
H2C CH2

H2C CH2
+ H2 CH3 – CH2 – CH2 – CH3
H2C CH2

Policiclos e Biciclos
Os compostos cíclicos com mais do que um anel também são classificados
com base nos seus anéis.
Os Bicliclos podem ser:

a) Aneis spiranos
Compostos formados por dois anéis e tendo em comum um átomo de
carbono.

A nomenclatura destes é feita, começando pela palavra spiro + (entre


parênteses rectos o número de átomos de cada anel, começando pelo anel
que tiver menor número de átomos de carbono) + (o nome do Alcano
correspondente a quantidade de átomos de carbono que constitui o
composto.
56 Lição no 02

Exemplo:

Spiro[2.3]hexano Spiro[4.5]decano

b) Aneis condensados
Compostos formados por dois anéis, tendo em comum dois átomos de
carbono que fazem a ponte entre estes dois anéis.
A nomenclatura destes é feita começando pelo prefixo “biciclo” + número
de átomos dos dois anéis, começando do anel com maior número de
átomos de carbono + número de átomos de carbono na ponte (neste caso
zero) + o nome do Alcano correspondente a quantidade de átomos de
carbono que constitui o composto.

Exemplo:

Biciclo[2.1.0]pentano Biciclo[3.2.0]heptano

c) Aneis com pontes


São compostos formados por dois anéis, tendo em comum dois átomos de
carbono que fazem a ponte entre estes anéis. Nestes compostos
encontramos entre os dois átomos comuns os dois aneis um ou mais
átomos de carbono.

A nomenclatura destes é feita começando pelo prefixo “biciclo” + número


de átomos dos dois anéis, começando pelo anel com maior número de
átomos de carbono + número de átomos de carbono na ponte (no exemplo
seguinte) + o nome do Alcano correspondente a quantidade de átomos de
carbono que constitui o composto.

Exemplo:

Biciclo[5.3.1]undecano

d) Aneis de ordem superior


Lição no 02 57

São anéis caracterizados por não possuírem uma ligação química típica
entre os ciclos que constituem o anel. Estes tipos de anéis podem ser:
Catanas ou Rotaxanas
Exemplo:

(CH2)m (CH2)n-1 C=0


(CH2)n

Catanas Rotaxanas

1. Quais as diferenças entre aneis spiranos e condensados? E entre aneis


com ponte e condensados?

Actividade 4 2. Qual o significado de cada um dos números em cada uma das


seguintes nomenclaturas: a) Spiro[4.5]decano b) Biciclo[2.1.0]pentano e
c) Biciclo[5.3.1]undecano

Comentário: Consulte a bibliografia recomendada. Compare suas


respostas com as dos seus colegas e caso persitam dúvidas, consultem o
tutor de especialidade.

Reações de Sínteses
Os cicloalcanos são obtidos pela condensação de compostos orgânicos
formando aneis constituidos basicamente por carbono e hidrogénio.

Os aneis de ordem superior são obtidos no laboratório a partir de:


• Reacção intermolecular de Wutz

CH2 – X
2NaOH
(CH2) n-2
- 2NAX (C H 2)n
CH2 – X

• Pirólise dos ácidos carboxílicos

COOө
Ba2+
(CH2) n-1
- BaCO3 (CH2)n-1 CH = 0
ө
COO
58 Lição no 02

Auto-avaliação
1. Explique os termos “Tensão de PITZER e BAYER”.

2. O Ciclopropano pode-se hidrogenar às temperaturas de 80 ºC


Exercícios
cataliticamente à Propano. Escreva a equação que traduz esse processso.

3. Escreva as fórmulas estruturais dos seguintes compostos:


a) Spiro[3.4] nonano b) Biciclo[4.3.1] decano
Lição no 02 59

Lição no 03
Hidrocarbonetos Insaturados.
Alcenos
Introdução
Esta lição apresenta de forma genérica os hidrocarbonetos insaturados,
que são compostos constituídos por átomos de carbono e hidrogénio
caracterizados por possuírem uma insaturação entre os átomos de carbono.

Nela trataremos com algum detalhe a classe dos alcenos, sua série
homologa, a classificação e identificação através da estrutura, as principais
propriedades físicas e químicas bem como a nomenclatura dos diferentes
compostos que constituem a classe destes compostos.

Você precisa dedicar 120 minutos para estudar essa lição.

Ao completar esta lição, você será capaz de:

• Diferenciar estruturalmente os hidrocarbonetos insaturados;


• Caracterizar as classes que constituem os hidrocarbonetos
insaturados;
Objectivos da lição • Identificar estruturalmente os compostos que constituem a
série dos alcenos;
• Identificar as principais formas de obtenção dos alcenos;
• Nomear cada um dos diferentes compostos que constituem os
alcenos;
• Identificar as principais reações desta classe dos
hidrocarbonetos.
Em biologia você estudou as hormonas vegetais, destacando que o etileno
é produzido naturalmente em plantas, sendo responsável pelo
amadurecimento de frutos. Por isso ele e usado para amadurecer de
maneira forçada as frutas verdes. Nesta lição trataremos da classe de
hidrocarbonetos que tem como o primeiro composto da série o etileno – os
alcenos.
60 Lição no 02

Alcenos ou Olefinas
São hidrocarbonetos de cadeia aberta que apresentam insaturação do tipo
ligação dupla entre os átomos de Carbono.

Fórmula geral: CnH2n onde; n ≥ 2

Representante: C2H4 – Eteno / Etileno

Propriedades físicas
A temperatura ambiente:
• Os Alcenos com C1 à C4 – são gases
• Os Alcenos com C5 à C17 – são líquidos
• Os Alcenos com C18 à C ∞ – são sólidos
São insolúveis em água, mas bem solúveis em solventes orgânicos
(Álcool, Éter, etc.). A solubilidade diminui com o aumento da cadeia
carbónica, enquanto que os PF e PE aumentam com o aumento da cadeia
carbónica.

Os Alcenos são caracterizados por apresentar isomeria de Posição, Cadeia


e Geométrica (CIS/TRANS).

Carácter da ligação dupla (C=C)


A ligação dupla caracteriza a classe dos Alcenos. Estas são caracterizadas
por serem constituídas por duas ligações covalentes mas não equivalentes,
como se mostra a seguir.

6C. 1s22s22p2 estrutura do átomo de carbono

6C. 1s22s22px12py12pz0 1s22s12px12py12pz1


Estado fundamental Estado excitado Estado hibridizado

pz
2p2 px py pz sp2 sp2 sp2

2s2 s Ligações duplas


Estado fundamental Estado excitado
Lição no 02 61

pz
2
sp
+ px sp2
sp2
pz
s

Exemplo: molécula do Eteno (C2H4)

As orbitais híbridas estão distribuídas na forma de um triângulo equilátero


com o ângulo de 120o. Pelo facto de haver formação de duas ligações
covalentes entre dois átomos de carbono, não é possível uma rotação da
molécula em torno do eixo da ligação. A fixação do plano possibilita a
formação dos pi(Π )–destrómicos (que são os isóemros cis e trans) que
caracterizam os Alcenos.

Exemplo:
a c
C=C a ≠ b, no número atómico ou nos radicais

b d c ≠ d, no número atómico ou nos radicais


Segundo CAHN, INGOLD E PRELOG a ordem prioritária dos
substituintes é determinada segundo o número atómico crescente.

1. Qual o tipo de hibridização que ocorre nos alcanos e nos alcenos?


2. Como se classificam os alcenos tendo em conta SCHARLENMYER?

Actividade 5:
Comentário: Compare as suas respostas com a dos seus colegas. Caso não
chegem a um consenso sobre as respostas consultem o tutor de especialidade
para confirmar se responderam correctamente.

Nomenclatura
Segundo a IUPAC, para nomear os Alcenos de cadeia normal usa-se a
regra:

Prefixo (no de átomos de carbono) + Sufixo “ENO”


62 Lição no 02

CH2 = CH2 ; Et + eno = Eteno


CH3 – CH = CH2 ; Prop + eno = Propeno
CH3 – CH2 – CH = CH2 ; But + eno = Buteno -1

Para Alcenos com 4 ou mais átomos de carbono indica-se


obrigatoriamente a posição da ligação dupla na cadeia carbónica.
Na Nomenclatura dos Alcenos Ramificados tem se as seguintes regras:
• Localizar a cadeia mais longa;
• Indicar através de números a posição dos substituintes na cadeia
principal;
• Nomear os radicais (indicando a posição da insaturação) e cadeia
principal
(NB: Em caso de dúvida; veja a nomenclatura substutiva, 1a Unidade, lição 5).

Obtenção dos Alcenos


Várias são as formas de obtenção dos compostos orgânicos, dentre elas:

1. Desidrogenação dos Alcanos (β-Eliminação)


Cat
R – CH2 – CH2 – R’ R – CH = CH – R’ + H2
800oC

2. Reação de Eliminação

Desidratação dos álcoois


OH

H+/Al2O3
R – CH2 – CH – CH3 R–CH=CH–CH3 + H2O

O que determina a possibilidade de eliminação de um ou outro átomo?


Veja o que diz a Regra de Saytzeff:
“Existindo várias possibilidades de retirada do átomo de Hidrogénio será
preferencialmente retirado o átomo de Hidrogénio do Carbono vizinho
menos hidrogenado ao Carbono que contém o grupo OH”.

Eliminação de HX
X

Álcool
R– CH2 – CH – CH3 + KOH R – CH = CH – CH3 + H2O + KX

Desalogenação de α-β-dihaletos de Alquilo


X X
│ │
R – CH – CH – CH3 + Zn R – CH = CH – CH3 + ZnX2

3. Craqueamento térmico dos Alcanos


H H
│ │ ∆T
R – CH – CH – R’ R’ – H + R – CH = CH – R’
Lição no 02 63

4. Hidrogenação catalítica de compostos insaturados alifáticos


(Alcinos)
R – C ≡ C – R´ + H2 Pt ou Pd R – CH = CH – R´

Propriedades químicas
Os Alcenos são caracterizados por sofrerem reações de adição e por
possuírem um centro de densidade electrónica elevada que representa uma
insaturação. Este centro faz com que a principal reação seja de adição.
Por ter excesso de electrões reagem rapidamente com partículas
electrofílicas (Reações de adição electrofílica).

Mecanismo de adição electrofílica


Para haver uma adição electrofílica deve se ter um agente heterofilico para
fazer a cisão heterolítica dos reagentes. Para o efeito são usados
catalizadores.
Os catalisadores são ácidos de Lewis (AlX3)
Voce estudou na Química Geral os ácidos de Lewis. “Eles são definidos
como substâncias que em solução aquosa libertão um protão”.
Exemplo:
AlCl3 + Cl2 [AlCl4]- + Cl+
E Nu
'
| | +E + | | | E + Nu- | |
C=C C=C E+ – C – C – (+) –C–C–
| | | | | | | |
Complexo Π Carbocatião

A fase da reação mais longa é a de formação do carbocatião. Esta reacção


é designada adição electrofílica apesar de existir uma participação de um
agente nucleofílico, pois a fase de maior duração na reacção a partícula
mais pequena é eletrofilica.
Exemplo:
AlX3
R – CH = CH2 + H X R – CHX – CH3

HX + AlX3 [AlX4]- + H+
+
1o Passo (Lento): R – CH = CH2 + H+ R – CH – CH3

2o Passo (Rápido): R – CH – CH3 + [AlX4]- R – CHX – CH3


- AlX3
64 Lição no 02

O que será que determina a orientação da adição de um protão a um ou


outro átomo de carbono da ligação dupla?

Regra de MARKOVNIKOV
“Nas reações de adição o protão é adicionado ao átomo de Carbono mais
hidrogenado da dupla ligação”.
Esta pré orientação deve se a estabilidade do carbocatião que se forma
quando ocorre a cisão.

Exemplo:
CH2=CH–CH3 + HCl CH3–CHCl–CH3 ou ClCH2–CH2–CH3
2-Cloropropano 1-Cloropropano

O 2-Cloropropano é a molécula que se forma obedecendo a regra de


Markovnikov, pois no processo da reacção ocorre a formação de um
carbocatião estável em relação ao 1-Cloropropano que dificilmente se
forma porque durante o decurso da reacção o seu carbocatião é muito
instável devido aos seu centro de carga que lhe confere um efeito +I
menos acentuado.

Anti Markovnikov/ Regra de Karash


Na presença de peróxidos, a orientação da adição é contrária à regra de
Markovnikov. A reacção ocorre com um mecanismo radicálico.

Tendo em conta o tipo de Adição que os Alcenos podem sofrer tem-se:

1. Hidrogenação
Consiste na adição de um ou mais átomos de Hidrogénio, quebrando a
insaturação.
Pt ou Pd
R – CH = CH – R´ + H2 R – CH2 – CH2 – R´

2. Halogenação
Reacção usada em laboratório para a identificação de compostos que
apresentam uma insaturação do tipo dupla ligação.
R – CH = CH – R´ + X2 R – CHX – CHX – R´

3. Hidratação
Consiste na adição de molécula de água quebrando a insaturação (ligação
dupla).
Lição no 02 65

H+
R – CH = CH2 + H – OH R – CH2 – CH2 – OH

4. Hidrohalogenação
Consiste na adição de molécula de haleto de hidrogénio quebrando a
insaturação (ligação dupla).

R – CH = CH2 + H – X R – CH – CH3

X

5. Polimerização
Consiste na adição de várias moléculas (monómeros) de um alceno
quebrando a insaturação (ligação dupla) formando uma molécula de peso
molecular maior – o polímero.

573 K/Cat
n CH2 = CH2 + n CH2 = CH2 – CH2 – CH2 – CH2 – nCH2 –

Etileno (monómero) Polietileno (polímero)

6. Combustão
a) Completa
R – CH = CH2 + O2 CO2 + H2O

b) Incompleta
Dependendo da quantidade de Oxigénio pode-se formar Monóxido de
carbono ou Carbono e Água.

R – CH = CH2 + O2 CO + H2O ou C + H2O

1. O que diz a regra de Markovnikov?

2. Qual a principal diferença estrutural que faz com que os alcanos


Actividade 6: sofram reacções de substituição e os alcenos de adição?

Comentário: Consulte a bibliografia recomendada. Compare suas respostas


com a dos seus colegas. Caso persistam dúvidas consultem o tutor de
especialidade para confirmar se responderam correctamente

Dienos

Adição electrofílica nos Dienos


66 Lição no 02

Os Alcenos com duas insaturações (ligações duplas) designam se Dienos e


estes são classificados de acordo com a posição das ligações duplas na
molécula.

Dienos conjugados
A ligação dupla é alternada por uma ligação simples
Exemplo:

CH2 = CH – CH = CH – ………

Dienos Isolados
As ligações duplas não obedecem um ordenamento específico.
Exemplo:

– CH = CH – CH2 – CH = CH – ………

Dienos Cumulados
As ligações duplas encontram se em carbonos vizinhos
Exemplo:

– CH = C = CH – ………

Reactividade dos Dienos

Dienos Isolados.
Os Dienos isolados reagem de maneira semelhante aos alcenos. As
ligações duplas por se encotrarem isoladas uma da outra não se
influenciam

Dienos Cojugados
Devido a proximidade das ligações duplas estas influenciam-se
mutuamente durante as reaçoes originando produtos de adição designados
por 1,2- e 1,4

+HBr
CH2 = CH – CH = CH2 CH3 – CH – CH = CH2
|
Br
Bromobuteno-2 e

CH3 – CH = CH – CH2 – Br
3-Bromobuteno-1

HBr + AlBr3 [AlBr4]- + H+


Lição no 02 67

H+
(+)
CH2=CH–CH=CH2 CH3 – CH – CH = CH2
(+) Br ―
CH3 – CH = CH – CH2 CH3 – CH = CH – CH2 – Br

Deslocalização de electrões pi ( Π )

Quando duas estruturas apresentam se semelhantes, porem com a variação


da posição do Carbono do carbocatião estas são designadas estruturas
limites e são caracterizadas pela deslocalização dos electrões que
constituem as duas moléculas sem no entanto formarem um equilíbrio
entre elas.

Exemplo:
(+) (+)
CH3 – CH – CH = CH2 CH3 – CH = CH – CH2

Estas duas estruturas diferem cada uma da outra pela estabilidade


energética de cada uma:
1,4 - é a estrutura mais estável
1,2 – é a estrutura menos estável

Nos Dienos cumulados (Alienos)


Os Alienos facilmente sofrem isomerização quando se encontram em
meio básico. Em meio ácido estes sofrem reações de adição como em
alcenos normais.

Exemplo: (OH)-
CH2 = C = CH2 CH3 – C ≡ CH2
Propino
H2O (H+)
CH2=C=CH2 CH2=C–CH3 CH3 –C–CH3
| ║
OH O
Cetona
Reações dos Alcenos na Técnica
Hidrogenação catalítica

R – CH = CH – R + H2 Pt R – CH2 – CH2 – R
68 Lição no 02

Epoxidação
O O
CH2=CH2 + ½ O2 CH2 – CH2 C C
Ag/280oC O3
O O
Oxido de etino Produto intermediário = Petróleo

Oxidação

CH2 = CH2 + ½ O2 (PdCl2) CH3 – CH2 – C – CH3



O
Oxosíntese
Formação de um aldeído a partir de Monóxido de carbono,
Hidrogénio e um Alceno.
CH2 = CH2 + CO + O2 CH3 – CH2 – CHO

Na presença de minerais fortes forma se ácidos carboxílicos esta reação é


designada Reação de KOCH.

Polimerização
A polimerização ocorre sempre com presença de moléculas com baixo
peso molecular (monómero) formando moléculas de elevado peso
molecular ou macromoléculas (polímeros).

As reações de polimerização decorrem sempre em três fases ou etapas:


Iniciação – fase em que ocorre a activação do monómero;
Propagação – fase que ocorre com o aumento da cadeia carbónica;
Extinção – formação da macromolécula.

1. Mecanismo Radicálico (AR)


Neste mecanismo encontra se radicais nas fases de extinção,
caracterizados pela presença de peróxidos.
Exemplo:
Iniciação:
CH2 = CH + R CH2 – CH •
| | |
R R R

Propagação:
CH2 – CH • + CH2 = CH CH2 – CH – CH2 – CH •
| | | | | |
R R R R R R
Lição no 02 69

R
|
+ n (CH2 = CH)
CH2 – CH – CH2 – CH – CH2 – CH •
| | | |
R R R n R

Extinção:

CH2–CH–CH2–CH–CH2–CH • + • R” CH2–CH–CH2–CH–CH2–CH–R”
| | | | | | | |
R R R n R R R R n R

Mecanismo de adição iónica (Adição electrofílica e Nucleofílica)


Neste mecanismo pode se fazer a adição electrofílica ou nucleofílica
dependendo do iniciador (catião ou anião).

Usando como iniciador um catião


BF3 + H2O [B(OH)F3]ө + H+

Iniciação:
CH3 CH3
| |
CH2 = C + H+ CH3 – C +
| |
CH3 CH3

Propagação:
CH3 CH3 CH3 CH3 CH3
| | | | |
CH3 – C + + n CH2 = C CH3 – C – CH2 – C – CH2 – C +
| | | | n |
CH3 CH3 CH3 CH3 CH3

Extinção (Termino):
Quando começamos com uma partícula positiva a extinção deve ser feita
por uma partícula negativa.

CH3 CH3 CH3 CH3 CH3 CH3


| | | ө | | |
+ [B(OH)F3]
CH3–C–CH2–C–CH2–C + CH3 –C – CH2 – C – CH = C
| | n | – BF3/H2O | | |
CH3 CH3 CH3 CH3 CH3 CH3

Podemos usar como iniciador um ião


Exemplo de indicadores:
Soda amida: NaNH2 Na+ + NH2 -
Potássio amida: KNH2 Na+ + NH2 -
70 Lição no 02

Reagentes de Grignard: R – Mg – X R- + MgX +


Sodiotrifenilmetano: (C6H5)3 – CH2 – Li (C6H5)3 – CH2- + Li+
N-Butillitio: CH3–(CH2)2–CH2–Li CH3 – (CH2)2 – CH2 - + Li+

Iniciação:
COOH3 COOH3
| |
NH2 - + CH2 = C NH2 – CH2 – C -
| |
CH3 CH3

Propagação:
COOH3 COOH3 COOH3 COOH3
| | | |
NH2 – CH2 – C - + n CH2=C NH2–CH2–C–CH2–C -
| | | n |
CH3 CH3 CH3 CH3

Extinção (Termino): São usados desactivadores para a extinção

COOH3 COOH3 COOH3 COOH3


| | | |
NH2–CH2–C–CH2–C - + NH3 NH2–CH2–C –CH2–CH + NH2 -
| n | | n |
CH3 CH3 CH3 CH3

2. Mecanismo coordenativo
Usa se um centro de coordenação, geralmente um complexo.
X
R X | R
Al Ti
R X | X
X

Substituição nos Alcenos


Exemplo:
Propeno (500oC fase gasosa)

CH3 – CH = CH2 + Cl2 CH2 = CH – CH2Cl + HCl


Cloreto de alilo

CH3 – CH = CH2 + O2 CH2 = CH – CHO + H2O


Propenal (Acloreina)

CH3 – CH = CH2 + NH3/O2 CH2 = CH – CN


Propenoetilo
Lição no 02 71

Auto-avaliação
1. Qual das fórmulas representa um alceno?

a) C2H6 b) C3H6 c) C4H8 d) C5H8


Exercícios
2. Escreva as fórmulas de constituição para os seguintes alcenos:

a) 2,3-Dimetil-2-buteno b) 3-Bromopropeno

3. Porque é que os nomes dos seguintes alcenos não são correctos?

a) Hexeno-5 b) 4-Vinilhepteno c) 2-Metilhexeno-4

4. Qual o tipo de reacção característica dos alcenos? Porque?

5. Quais os compostos que mostram isomeria cis/trans:

a) 1-Buteno b) 2-Buteno c) 1,1-Dicloroetano d) 1,2-Dicloroeteno


72 Lição no 02

Lição no 04
Hidrocarbonetos insaturados.
Alcinos
Introdução
Esta lição apresenta o detalhe dos compostos orgânicos pertencentes a
classe dos alcinos - hidrocarbonetos insaturados caracterizados por
englobar entre dois átomos de carbono da cadeia matriz uma insaturação
por ligação tripla.

Nela faremos a classificação e identificação dos alcinos, analisaremos a


sua série homologa, bem como, as principais propriedades físicas e
químicas e nomenclatura dos diferentes compostos que constituem a
classe dos alcinos. Também analisaremos os diversos campos de
aplicabilidade dos compostos desta classe, com particular atenção ao
representante desta série – o acetileno.

Recordar que voce precisa de cerca de 90 minutos para a aprendizagem


desta lição.

Ao completar esta lição, você será capaz de:

• Caracterizar a classe dos alcinos;

• Identificar estruturalmente os compostos que constituem a série


dos alcinos;
Objectivos da lição
• Identificar as principais formas de obtenção dos alcinos;

• Nomear cada um dos diferentes compostos que constituem os


alcinos;

• Identificar as principais reações desta classe dos hidrocarbonetos.

Nesta lição daremos continuidade ao estudo dos hidrocarbonetos,


destacando aqueles que apresentam uma insaturação do tipo “tripla
ligação”.
Lição no 02 73

Alcinos
São hidrocarboneto caracterizados pela presença de uma tripla ligação
entre dois átomos de carbono.

Fórmula geral: CnH2n -2 onde; n ≥ 2

Representante: C2H2 – Etino / Acetileno


Por apresentarem a mesma fórmula geral que os Cicloalcenos, os Alcinos
são considerados isómeros de função destes.

Carácter da ligação tripla


A ligação dupla caracteriza a classe dos Alcenos. Estas são caracterizadas
por serem constituídas por duas ligações covalentes mas não equivalentes
– ligação tripla, como se mostra a seguir.

6C. 1s22s22p2

6C. 1s22s22px12py12pz0 1s22s12px12py12pz1


Estado fundamental Estado excitado

py pz

2p2 + Eneg px py pz sp2 sp2


Hibridização sp

2s2 s
Estado fundamental Estado excitado

z
pz

+ x
x x
sp sp

Y
Y pz

Exemplo: A molécula do Etino (C2H2) tem a seguinte estrutura


74 Lição no 02

A ligação tripla tem uma rotação centro-simétrica sem posição favorável.


Comparando aos Alcenos, os Alcinos não formam isómeros Cis e Trans.

Pelo facto de possuir um centro fixo pode sofrer ataques electrofílicos.


Podem facilmente libertar um protão sem perder o seu par electrónico –
segundo Arhenius, estes comportam se como ácidos.

Propriedades físicas

A temperatura ambiente:

• Os Alcinos com C1 a C4 – são gases


• Os Alcenos com C5 a C6 – são líquidos
• Os Alcenos com C7 a C ∞ – são sólidos

São geralmente insolúveis em água, mas bem solúveis em solventes


orgânicos.

O Acetileno (Etino) tem cheiro a éster, tem efeito narcótico e arde com
uma chama viva, contrariamente a outros alcinos é relativamente solúvel
em água.

Nomenclatura
Segundo a IUPAC, para nomear os Alcinos de cadeia normal usa-se a
regra:
Prefixo (no de átomos de carbono) + Sufixo “INO”

CH3 – CH3 ; Et + ino = Etino


CH3 – CH2 – CH3 ; Prop + ino = Propino
CH3 – CH2 – C ≡ CH ; But + ino = Butino-1

Para Alcinos com 4 ou mais átomos de carbono indica-se antes a posição


da ligação dupla na cadeia carbónica.
Lição no 02 75

Na Nomenclatura dos Alcinos Ramificados obedece-se às seguintes


regras:
• Localizar a cadeia mais longa;
• Indicar através de números a posição dos substituintes na cadeia
principal;
• Nomear os radicais (indicando a posição da insaturação) e da
cadeia principal;
(NB: Em caso de dúvida; veja a nomenclatura substutiva, pag. 5).

Obtenção
a) Deshalohidrificação
H X H H
| | OH - | |
OH -
H–C–C–H HC ≡ CH H–C – C –H
| | - 2HX - 2HX | |
H X X X
Halogénado geminados Halogenado vicinais

Exemplo:
Br
| 2KOH/Al(OH)3 2KOH/Al(OH)3
CH3–CH2–C–CH3 - 2HBr CH3–CH2–C≡CH CH3–CH–CH–CH3
- 2HBr
| | |
Br Br Br
Halogénado geminados Halogenado vicinais

b) Dihalogenação de tetrahalogenoalcanos
Br Br
| |
CH3 – C – C – H 2Zn CH3 – C ≡ CH + 2 ZnBr2
| |
H X

c) Deshidratação de Diálcoois
CH3 – CH – CH – CH3 CH3 – C ≡ CH – CH3
2 H2SO4
| | - 2H2O
OH OH

Produção técnica do etino

a) Hidrólise da Carbide
CaO + 3 C CaC2 + CO

CaC2 + 2 H2O HC ≡ CH + Ca(OH)2


76 Lição no 02

b) Pirólise de Alcanos curtos


Usam se eléctrodos circulares para efectuar a pirólise.
1400oC
2 CH4 HC ≡ CH + 3 H2

Pirólise electrofílica na presença de hidrogénio


4000oC
2 CH3 – CH3 + 6H CH ≡ CH + CH2 = CH2 + 6H2

Oxidação de Metano
1500oC
2 CH4 HC ≡ CH + 7 H2 + 2 CO

Acidez dos Alcinos

Sp3 < sp2 < sp – valores crescente de electronegatividade nas hibridizações


dos átomos de carbono.

A consequência desta diferença de electronegatividade faz se sentir na


ligação entre os átomos de carbono e hidrogénio nestes compostos.

Nos alcinos o átomo de hidrogénio é facilmente libertado por causa da


electronegatividade acentuada causada pela existência da ligação tripla.

Exemplo:

H–C≡C–H → Tem pKa = 26 assim sendo ele liberta facilmente


um protão H+. Contudo comparando com a água, os alcinos são ácidos
fracos.

Os alcinos comportam se como ácidos quando a ligação tripla está na


extremidade e o hidrogénio que se liberta tem o nome de Hidrogénio-
acetileno.

Hidrogenioacetilénicos
Estes formam vários sais, especialmente com metais pesados.

H–C≡C–H + NaNH2 H – C ≡ C – Na+


- NH3

H–C≡C–H + Ca(NH2) [H – C ≡ C] 2– Ca 2+
- NH3
H–C≡C–H + AgNH2 H – C ≡ C – Ag +
- NH3
Os carbetos têm sais que em contacto com a água são deslocados, isto é,
os acetiletos sofrem hidrolise em soluções aquosas. Os alcinos que se
Lição no 02 77

comportam como ácidos são os que possuem a ligação tripla nos carbonos
extremos.

Identificação dos Alcinos

H–C≡C–H + 2 [Ag(NH3)2]+ Ag–C≡C–Ag


-2 NH3

1. Qual o tipo de hibridização que é encontrada nos alcinos?

2. Por que é que os alcinos que apresentam a tripla ligação na


extremidade apresentam propriedades ácidas?
Actividade 7:

Comentário: Compare as suas respostas com a dos seus colegas, tendo em


conta o conteúdo da lição. Se não chegarem a consenso sobre as vossas respostas
consultem o tutor de especialidade para confirmar se responderam
correctamente.

Propriedades químicas

Os Alcinos por apresentarem insaturações entre átomos de carbono são


caracterizados por sofrerem reações de adição.

Hidrogenação
Cat.
R–C≡C–R + H2 R – CH = CH – R

Exemplo: Cat.
H–C≡C–H + H2 CH2 = CH2

Halogenação

R–C≡C–R + X2 R – CX = CX – R

Exemplo:
H–C≡C–H + Cl2 Cl – CH = CH – Cl
78 Lição no 02

Adição de Haletos de hidrogénio

Cataliz.
R–C≡C–R + HX R – CX = CH – R

Exemplo:
Cataliz.
CH3 – C ≡ C – H + HBr CH3 – CH2 = CHBr

Síntese de Reppe

A partir de substâncias assimétricas do tipo R–Y–H, produz se vários


compostos cujo principal interesse é a reacção do grupo vinilo.

Vinilação

Importante para produção de fibras

HC ≡ CH + R–Y–H CH2 = CH – Y – R

Esta é uma reacção de adição onde uma partícula com um par de electrões
livres adiciona se a um dos átomos de carbono da ligação tripla.

+ Tautomeria
R–C≡C–R + H–O–H R – C = C- H R–C=CH2 R–C–CH3
| | | ║
HO+ H HO O
Centoenol
Exemplo:
Tautomeria
HC≡CH + H–O–H HC = C- H+ HC=CH HC–CH3
2
| | | ║
HO+ H HO O
Centoenol

HC ≡ CH CH2 = CHCl → Cloreto de vinilo


+ HCN
HC ≡ CH CH2 = CHCN → Cianeto de vinilo
+ ROH
HC ≡ CH CH2 = CHOR → Éter de vinilo

Etilização
Lição no 02 79

Quando adiciona se aos alcinos terminais, aldeídos ou cetonas na presença


de acetiletos de cobre, forma se Acindiol (álcoois com grupos e ligações
triplas).

CuC2
HC≡CH + R–CHO R–CH–C≡CH (R=H)
| 3-hidroxipropino-1 ou
HO Prop-2-ino-1-ol

HC≡CH + 2 R–CHO CuC2 R – CH – C ≡ C – CH – R


| |
HO HO Acindiol

Carbonização
Na presença do CO e compostos como hidrogénio-acídicos, pode se
formar compostos com grupos carbonilos.

HC ≡ CH + CO + R–Y–H CH2 = CH – C – Y – R

O
Exemplos:
HC ≡ CH + CO + H–O–H CH2 = CH – COOH
Ácido acrílico

HC ≡ CH + CO + R–O–H CH2 = CH – COOR


Éster do ácido acrílico

R
HC ≡ CH + CO + R–NH–R CH2 = CH – CO – N
R
Amida do ácido acrílico

Ciclização
Com ajuda de um catalizador

3 HC ≡ CH Cat. C6H6 ou

4 HC ≡ CH Cat. –CH = CH2 Estireno

Reações técnicas

Produção do Butadieno-1,3

Venilação (AN) Tautomeria Dimerização


+H2O
2HC≡CH 2[H2C=CHOH] 2CH3–CHO CH3–CH–CH2 – CHO
|
Álcool vinílico Etanal HO Aldol
80 Lição no 02

Hidrogenação Desidratação
Pt/Ni H2SO4/H3PO4
2 HC≡CH CH3–CH–CH2–CH2 CH2=CH–CH=CH2
| |
HO HO Butadieno-1,3
Butandiol-1,3

Auto-avaliação
1. Identifique os seguintes compostos em alcano, cicloalcano, aleno ou
alcino.
a) CH3 – C ≡ CH b) CH3 – CH2 – CH2 – CH3
Exercícios

c) d)
2. Escreva os nomes e as fórmulas moleculares de cada um dos
compostos.
3. Explique o carácter ácido do acetileno.
4. Quais compostos se formam por reacção de Butino-1 com:
a) 1 mol de H2, Ni b) 2 mol de HCl d) AgNO3.
Lição no 02 81

Lição no 05
Hidrocarbonetos Aromáticos
Introdução
Esta lição aborda os hidrocarbonetos insaturados – classe de compostos
que apresentam na sua estrutura um anel aromático. Nela trataremos da
classificação e identificação dos hidrocarbonetos aromáticos, bem como, a
nomenclatura e as principais propriedades físicas e químicas dos
diferentes compostos que constituem desta classe.

A lição aborda com particularidade os compostos aromáticos que são pela


sua natureza compostos com larga aplicabilidade nas diferentes indústrias,
com particular realce para a indústria cosmética e farmacêutica.

No fim desta lição você pode pegar um frasco de creme, uma caixinha de
medicamento e verificar a sua composição. Notará que alguns dos
componentes foram estudados nessa classe de hidrocarbonetos. Dedique
cerca de 120minutos para o estudo desta lição

Ao completar esta lição, você será capaz de:

• Identificar estruturalmente os compostos que constituem a classe


dos hidrocarbonetos aromáticos;

• Caracterizar estruturalmente os hidrocarbonetos insaturados;


Objectivos da lição
• Identificar as principais formas de obtenção dos hidrocarbonetos
aromáticos;

• Nomear os compostos que constituem os hidrocarbonetos


aromáticos;

• Identificar as principais reações desta classe dos hidrocarbonetos.

Nesta lição iremos estudar um conjunto de compostos orgânicos que são


caracterizados por apresentarem um anel aromático na sua estrutura, sendo
esta estrutura o que define o conjunto de propriedades particulares desse
grupo de compostos orgânicos
82 Lição no 02

Hidrocarbonetos Aromáticos
São caracterizados por possuir um aroma (ou cheiro) característico. Eles
têm em comum uma estrutura semelhante ao representante desta série “o
Benzeno”.
O estado aromático é caracterizado por possuir propriedades específicas.

A estrutura do Benzeno sugere que os compostos são inteiramente


insaturados com possibilidade da reação de adição (mas não é o que
acontece) electrofilica, contudo estes realizam preferencialmente reações
de substituição.

Estrutura do Benzeno
A espectroscopia mostra que o
Benzeno não é um composto com
ligações duplas e simples alternadas ou ou
como Kekulé afirmou, é sim um
composto com ligações circulares.

Estado Aromático
O Benzeno e seus derivados são quase poli-enos cíclicos conjugados.

H H

Alcanos: C – C → 154 Ao
H H
Alcenos: C = C → 133,7 Ao
H H
Benzeno: C – C → 139,7 Pm

Num Alceno, quando se faz uma reação de adição (a hidrogenação, por


exemplo) ocorre quebra da ligação dupla libertando se uma energia igual a
28,6 Kcal, seria portanto de esperar que quando se adiciona Hidrogénio ao
Benzeno (hidrogenação) se liberta-se 3x(-28,6 Kcal), porém, isso não se
verifica, visto que na hidrogenação do Benzeno libertam-se 36 Kcal, isto
comprova que na fórmula estrutural do Benzeno temos ressonância e não
o conjunto de ligações duplas e simples alternadas.
Lição no 02 83

Kekule Robison

Regra de HÜECKEL
O fenómeno de mesomerização acontece quando temos sempre um
número específico de electrões equivalentes. Este número específico de
electrões é determinado pela fórmula: (4n + 2)Π .
Segundo Hüeckel os hidrocarbonetos podem ser classificados como
aromáticos quando a presença ou não de um número específico de
electrões em:

• n = 0, temos sistemas aromáticos com 2-Π electrões


+ +

+
+

• n = 1, temos sistemas aromáticos com 6-Π electrões

N O

Benzeno Piridina Furano

Nomenclatura

Nesta classe de compostos são usados muitos nomes triviais. Estes nomes
são reconhecidos pela IUPAC.

Para atribuir nomes sistemáticos aos compostos desta série obedece-se as


regras abaixo:

Escolhe-se o sistema cíclico aromático como a cadeia matriz e considera-


se a parte restante na molécula como substituintes.

De seguida, enumeram-se os átomos do anel, partindo do átomo que liga


ao grupo funcional. A numeração deve ser no sentido de se obter menor
número dos substituintes.

Tendo em conta a estrutura do Benzeno pode-se criar designações das


ligações dos átomos de um anel tendo em conta um determinado
substituinte, “o substituinte/radical dirigente”.
84 Lição no 02

R
R R Posição: 2 e 6 = Orto (o)
3 e 5 = Meta (m)
O O 4 = Para (p)
m m

p
Exemplos:
CH3
H3C CH3

CH3
CH3 H3C
o-xileno m-xileno p-xileno
1,2-Dimetilbenzeno 1,3-Dimetilbenzeno 1,4-Dimetilbenzeno

Radiacais aromáticos
O

CH2 -

Benzilo Fenilo Benzoilo

Propriedades físicas

O Benzeno é a temperatura ambiente um líquido incolor, com ponto de


fusão igual a 55 ºC e ponto de ebulição igual a 80 ºC. Tem cheiro
aromático, é venenoso e arde libertando muita fuligem, é insolúvel em
água, porém é um bom solvente de compostos orgânicos.

Importância dos Compostos Aromáticos

São em geral bons solventes orgânicos e são muitas vezes usados como
produtos iniciais em sínteses orgânicas (ex. produção de estirenos, fenóis,
etc.), são importantes na indústria de produção de medicamentos.

Os compostos Aromáticos mais importantes são os que possuem radicais


alquilados no anel.

Obtenção dos Compostos Aromáticos

São obtidos em geral a partir do petróleo e carvão natural.


Lição no 02 85

Por se revestirem de importância especial a indústria preocupa-se por


disponibilizar compostos aromaticos com cadeias laterais.

Os compostos aromáticos com cadeias laterais podem ser obtidos por:

1. Reação/Síntese Wutz-Fittig
I Na C2 H5
+ 2Na
+ + C2H5I
- NaI - NaI

2. Alquilação de Friedel-Craft
R
AlCl3
+ R-Cl
- HCl

3. Alcilação de Friedel-Craft
O O AlCl3
H3C + AlCl3 H3C H3C C
+
+ [AlCl4]
-

Cl Cl O

O
CH3
+ C 2H 5
H3C C + Zn/HCl
-H
O ou N2H4/NaOH

Métodos Especiais

1. Descarboxilação

COOH

+ CO2

H3C
CH3

2. Extracção - consiste na obtenção de compostos aromáticos pela


extração, com ajuda de solventes, do Coque (carvão).

3. Aromatização – processo de transformação de compostos lineares


em aromaticos.
CH3 CH3 CH3
│ │ │
CH2 CH2
│ - 4 H2
CH2 CH2
CH2
86 Lição no 02

Reactividade dos compostos aromáticos


Os compostos aromáticos realizam preferencialmente reações de
substituição electrofilicas.
Estas ocorrem em duas etapas:
A etapa mais lenta que começa com o ataque electrofilico e vai até a
formação do ião arenio passando pelo complexo π.
O segundo passo rápido consiste na eliminação de um protão e a
rearomatização do composto

Substituição electrofílica

+ + E E
E E
+ H
- H+

Π Ião
-Complexo Iao arenio
O ião arenio não é um composto aromático porque possui na sua estrutura,
segundo a regra de Hueckel, 4 electrões, isto faz com que ele perca energia
saindo de um estado aromático para um estado não aromático. Para que
ele volte ao estado aromático ele elimina um protão e adquire novamente
6 electrões o que lhe confere, segundo a regra de Hueckel, o estado
aromático.

Exemplo:

[Br - Br] + AlBr3 [AlBr4 ] - + Br +

+ + Br Br
Br Br
+ H
- H+

Π -Complexo IãoIao arenio

Nos compostos aromáticos não existe adição electrofílica. Nestes ocorre


uma eliminação porque há uma tendência do composto voltar ao estado
aromático.
Lição no 02 87

Exemplos:
1. Halogenação

Ocorre a substituição de um ou mais átomos de hidrogénio por halogénios


(Bromo, Cloro ou Iodo).

Cl
AlCl3
+ Cl2
- HCl

2. Nitração

HNO 3 + H 2SO 4 H 2NO 3+ + HSO 4 -

H 2NO 3+ + H 2SO 4 NO 2+ + HSO 4 - + H 3O +

+ + NO 2 NO 2
NO 2 NO 2
+ H
- H 2O

-Complexo IãoIao arenio

3. Sulfonação

(H2SO4, 98%)

+ + SO3H SO3H
SO3H SO3H
+ H
- H2O

Ião
-Complexo Iao arenio Acido benzosulfonico

4. Alquilação com alcenos


CH3
C 2H 5
CH2=CH2 CH3-CH=CH2 CH3

Isopropil benzeno

Os Alcenos actuam neste caso como ião carbenilo.


88 Lição no 02

Substituição electrofílica nos compostos aromáticos

Uma vez formado o produto da reação, pode-se fazer uma nova reação
tendo como reagente o produto das reações anteriores e uma outra
substância. Aqui, observa-se que o substituinte altera a densidade
electrónica do substrato, como por exemplo, quando se faz uma
halogenação.

Nestas reações nota-se a presença de efeitos indutivos e mesoméricos


causado pela alteração das densidades nos compostos.

Efeito +M

NH2 + + +
NH2 NH2 NH2 NH2

Efeito + I

CH3 + + +
CH3 CH3 CH3 CH3

Tanto o efeito +M como o +I criam um aumento da densidade electrónica


que favorece a reação destes com agentes electrofílicos.
No geral o efeito diminui com o aumento da electronegatividade do
heteroátomo presente.

Efeito - M
O
+
O O O O
+
R R R R R
+

Quando temos efeitos doadores de electrões, estes aumentam a densidade


electrónica nas posições 2 e 4. Quando temos efeitos receptores estes
diminuem a densidade electrónica nas posições 2 e 4.
Os efeitos indutivos condicionam a velocidade e a posição onde ocorrerá a
reação seguinte.
Lição no 02 89

Ao fenómeno de orientação da posição da reação seguinte chamamos de


efeitos dirigentes.
• Substituintes com efeitos +M e +I dirigem a segunda substituição
para as posições orto e para, e designam-se Dirigentes da 1a
ordem;
• Substituintes com efeitos –M e –I dirigem a segunda substituição
para a posição meta e designam-se Dirigentes da 2a ordem.
Exemplos:

CH3 CH3 CH3


Cl2/AlCl3
ou 1a ordem
- HCl
Cl Cl

NO 2
Cl 2 /AlCl 3

- HCl 2 a ordem

NO 2 Cl

Classificação dos compostos aromáticos quanto à densidade


Tomando como padrão o Benzeno que tem densidade igual a 1 pode-se
classificar os compostos aromáticos quanto à densidade. Todos os anéis
com densidade electrónica maior do que a do Benzeno (ou maior que 1)
ou compostos aromáticos que tem mais um electrão nos carbonos
chamam-se Π-electrões ricos e os que tem menos (e que dificilmente
reagem) chamam-se Π-electrões pobres.

Exemplos:

NO2 NO2

NO2
H2SO4/HNO3 HNO3 HNO3
- H2O - H2O - H2O
NO2 O 2N NO2
(dificil)

Reações de Adição em Arenos


Em casos excepcionais e energéticos pode-se fazer reações de adição em
arenos.

Adição de Halogénios
90 Lição no 02

H
+ H Cl H
Cl
+ Cl + + + Cl + Cl Cl 2
Cl H H Cl
H
Cl
Cl

H Cl
Cl H
H Cl Cl 2
H H
Cl Cl
Cl H
Lindano

Hidrogenação
Com o uso de catalizadores adiciona-se Hidrogénio aos arenos formando
produtos saturados.

3 H2 (Ni)
200 oC

Ciclohexano

Reações na Cadeia lateral


Substituição Radicalica (Sr)
Essa reação decorre na presença de luz e calor
CH3 CH 2 Cl CHCl 2 CCl 3
+ Cl2 Cl2 Cl2
- HCl - HCl - HCl

Tolueno Cloreto Cloreto de Cloreto de


de Vinilo benzideno benzidin

Regra: sob acção de luz e calor a reação decorre na cadeia lateral. E


quando estiver sob acção de catalizadores e a frio a reação decorre no
anel.

Compostos heterocíclicos

São hidrocarbonetos em que os átomos de carbono formam um anel e


dentro do anel existe um átomo diferente dos átomos de carbono.
Classificação dos compostos Heterociclos

HETEROCICLICOS

SATURADOS INSATURADOS AROMATICOS


Compostos que Forma um anel, mas Compostos cíclicos
formam um anel e possuem dentro do anel com electrões
possuem um átomo ligações múltiplas deslocalizados (4n +
diferente do átomo de isoladas. 2)Π.
carbono com ligações
Lição no 02 91

simples no anel.
Exemplo: Exemplo:
Exemplo: Heterociclicosalcenos/ Heteroanulenos
Heterocíclicosalcanos alcinos
X X X

X X X X X X

Estes compostos possuem grande importância na síntese de compostos


orgânicos.

Nomenclatura
Existe nestes uma vasta gama de nomes triviais permitida pela IUPAC.
Porém neles também existem nomes sistemáticos.

Exemplo:
N N

N O
X O N
Pinel (Azol) Furano (Oxal) Imitazol Oxazol Quinolina

N
N
N N N
Pirolino-3 Piridina (Azin) Pirimidina (1,3-Diazin)
Isoquilino

Segundo HUNTZSCH-WIDMAN:
A nomenclatura sistemática dos heterociclos tem em conta:

• o heteroátomo do anel, onde cada heteroátomo tem uma


designação específica através de um sufixo (tabela 4); e

• o tamanho do anel, (tabela 5);

• quando se une o prefixo (do heteroátomo) e o sufixo (do tamanho


do anel) e houver duas vogais que se sucedem, elimina-se a vogal
“a”;

• A presença de dois ou mais heteroátomos é representado pelo


prefixo “di”, considera-se a diferença dos heteroátomos
começando por oxigénio que tem prefixo oxi, depois o enxofre
prefixo tia e depois nitrogénio, prefixo aso.
92 Lição no 02

Tabela 4: heteroátomo do aneis


Elemento Prefixo Elemento Prefixo Elemento Prefixo
Oxigénio (O) Axo Fósforo (P) Fosfa Bismuto (Bi) Bisma
Enxofre (S) Tia Astato (As) Arsa Estanho (Sn) Stama
Selénio (Se) Selena Mercúrio Mercura Chumbo (Pb) Plumba
(Hg)
Telúrio (Te) Telura (Sb) Stiba Boro (B) Bora
Nitrogénio (N) Aza Silício (Si) Sila Germâno Germa
(Ge)

Tabela 5: Tamanho de aneis


Tamanho do Compostos com Compostos sem Nitrogénio
Anel Nitrogénio
Composto Compostos Compostos Compostos
base (mãe) saturados base (mão) saturados
3 Irin Iridin Iren Iran
4 Et Etidin Et Etan
5 Ol Olidin Ol Olan
6 In Inan In Inan
7 Epin Epan Epin Epan
8 Ocin Ocan Ocin Ocan
9 Oninin Onan Onin Onan
10 Enin Ecan Ecin Ecan
Exemplo:
N
N
N N
N O N
Aza+irin= Azirin Aza+et = Azet Imitazol Oxol Diazin

N N N N
N

N S N O
N
Azol Tiazol Azin Triazol Oxidiazol

Os heterocíclicos podem ser agrupados quanto ao tamanho do anel.

Sistemas pequenos – são heterocíclos constituído por 3 a 4 átomos. Estes


são caracterizados por possuir elevadas energias interna (Energia de
Bayer), esta faz com que eles reajam com abertura do anel.
Lição no 02 93

NH3
HO CH2 CH2 NH2
O
HCN HO CH2 CH2 C N CH2 CH2 C N
- HOH
H2C CH2 Acrilnitrilo
HOH HO CH2 CH2 OH

Sistemas normais – são heterocíclos constituídos por 5 a 6 átomos. São


sistemas estáveis sem tensões internas, estes podem ser classificados em
anéis Π-e- ricos e anéis Π-e- pobres.

+ + + +
Sistemas pi Ricos

O S
Furano Tiofeno

N
Sistemas pi Pobres
N N
Piridina Pirimidina

Obtenção
Utilizam-se dicetonas com grupos funcionais nos carbonos 1 e 4.
Exemplo:
F urano
5
)
O
2 O
HC CH (P
l 2

Z nC
H 3C C C CH3 P 2S 3
T iofena

OH OH S
NH
3

P irol
N
94 Lição no 02

Auto-avaliação
1. Indique a alternativa correta. Hidrocarbonetos aromáticos são:
a) Todos os hidrocarbonetos cíclicos.
b) Hidrocarbonetos que contêm apenas anéis benzeno.
c) Hidrocarboneto que contém um anel com (4n+2e) π delocalizados
Exercícios
na sua estrutura.
d) Cicloalcanos

2. Escreva as fórmulas estruturais dos seguintes compostos:


a) p-Diclorobenzeno b) 1,3,5-Trimetilbenzeno
c) 2,6-Diclorotolueno

3. Complete o esquema:
CH3Cl/AlCl3
a) C6H6 A

b)
Cl2, FeCl3 NaOH CH3Cl, FeCl3
A B C

4. Escreva as estruturas dos seguintes aneis heterocíclicos: a) Imitazol; b)


Oxol, c) Tiol e d) Diazim.
Lição no 02 95

Lição no 06
Derivados dos Hidrocarbonetos
Introdução
Esta lição aborda os derivados dos hidrocarbonetos – Compostos
resultante da substituição de um ou mais átomos de hidrogénio por um
heteroátomo. Para isso, faremos a caracterização e identificação estrutural
dos derivados dos hidrocarbonetos. Também trataremos da nomenclatura
e das principais propriedades físicas e químicas dos derivados.

Para tal temos que tomar genericamente como ponto de partida para a
compreensão deste conteúdo os hidrocarbonetos, conteúdo estudado na
primeira lição desta unidade.

Voce precisa conhecer os derivados dos hidrocarbonetos pelo facto dos


hidrocarbonetos serem encontrados in nature em forma de mistura de
hidrocarbonetos e seus derivados para, a partir daí, saber como separá-los
e/ou indentificar as diversas aplicabilidades destes na indústria têxtil e
cosmética. Para esta lição voce precisa dedicar 60 minutos de estudo.

Ao completar esta lição, você será capaz de:

• Caracterizar estruturalmente os derivados dos hidrocarbonetos;

• Identificar estruturalmente os compostos que constituem os


derivados dos hidrocarbonetos;
Objectivos da lição
• Identificar as principais formas de obtenção dos derivados dos
hidrocarbonetos;

• Nomear os compostos que constituem a classe dos


hidrocarbonetos;

• Identificar as principais reações dos derivados dos


hidrocarbonetos.

Para iniciarmos o estudo comecemos dor definir o que são derivados dos
hidrocarbonetos.
96 Lição no 02

São compostos que resultam da substituição de um ou mais átomos de


hidrogénio num hidrocarboneto por um ou mais heteroátomo (halogénios
e metais) destacando-se os seguintes derivados dos hidrocarbonetos:
Haletos e Organometálicos.

O que são Haletos de alquilo e de arilo?


São compostos derivados dos hidrocarbonetos, onde pelo menos um
átomo de hidrogénio é substituído por um halogénio.

Geralmente aparecem representados pela fórmula: R – x, onde

R – Radical Arilo ou Alquilo


X –Halogénio

Estes compostos são caracterizados por serem muito reactivos, por essa
razão são bastante usados nos processos de síntese.

Nomenclatura

a) Nomenclatura substituitiva

Os compostos são considerados derivados halogenados dos


hidrocarbonetos.

Exemplos:
CH3 – Cl: Clorometano Br

CH2 = CH – CH2Cl: Cloropropeno

CCl2F2: Diclorodifluormetano
Dibromobenzeno │
Br
b) Nomenclatura radicofuncional

Os compostos são considerados como derivados dos Hidrácidos. A


nomenclatura que se apresenta é principalmente usada para nomear
haletos de alquilo.

Exemplo:
CH3 – Cl: Cloro de metilo
CH2 = CH – Cl: Cloro de vinilo
CCl2F2: Diclorodifluormetano
Lição no 02 97

CH2Cl

Cloreto de benzilo

c) Nomenclatura trivial

Estes compostos também tem uma nomenclatura que não obedece a


nenhuma regra específica – nomenclatura trivial.

Exemplo: CHCl3 – Clorofórmio

Propriedades Físicas

A maior parte dos haletos de alquilo e arilo são líquidos a temperatura


ambiente. Alguns apresentam-se no estado gasoso e os membros da série
com pesos atómicos superiores são líquidos.

Comparando aos haletos com o mesmo número de átomos de carbono, o


ponto de fusão cresce com o aumento da massa nestes.
Exemplo: CH3Br > CH3Cl

São quase todos insolúveis em água, mas bem solúveis em solventes


orgânicos e são bons solventes de gorduras.

Estrutura da ligação C – X
A ligação dos haletos de alquilo ou arilo é caracterizado por ocorrer entre
Carbono-halogénio e esta é que condiciona todo o comportamento dos
compostos que a apresentam.
sp3 p
C –––– X
Uma orbital sp3 do carbono forma com a orbital p dos halogéneos uma
ligação simples, polar e bastante forte.

O que condiciona a polaridade dessa ligação é a electronegatividade dos


halogéneos e isso influencia decisivamente as propriedades do composto.

δ+ δ-
C –––– X - a presença dessas cargas parciais nesses átomos faz com
que estes compostos tenham uma elevada polaridade.
98 Lição no 02

Variação da Polaridade:
sp > sp2 > sp3
C – F > C – Cl > C – Br > C - I

No centro polar existe uma polarizabilidade (capacidade de alteração dos


pólos pela influencia dum factor externo).

A polaridade depende da diferença dos átomos participantes na ligação.

Polarizabilidade:
C – F < C – Cl < C – Br < C - I
Estes sofrem efeitos mesomericos (diminui a reactividade do composto)

Reactividade dos Haletos

Os haletos de arilo são menos reactivos que os de alquilo devido ao efeito


de mesomerização nos haletos de arilo.

C – Arilo < C – F < C – Cl < C – Br < C - I

Cl + + +
Cl Cl Cl Cl

Métodos de obtenção

a) Substituição de átomos de Hidrogénios por halogénios nos


hidrocarbonetos (Halogenação de Alcanos, Alcenos, Alcinos e
compostos aromáticos)

Hv Hv
R–CH3 + Cl2 R–CH2–Cl + Cl2 R–CH–Cl (SR)
- HCl - HCl
H2SO4
R – OH + HCl R – Cl + H2O (SN)

R – H + SO2Cl2 R – Cl + SO2 + HCl (SR)

b) Adição de halogénios a Alcenos ou Alcinos

HBr + CH2 = CH2 CH3 – CH2Br

Br2 + CH2 = CH2 CH2Br – CH2Br (AE)


Lição no 02 99

c) Substituição em Arenos
Br

+ Br2 FeBr3 (SE)


- HBr

d) Troca de Halogénios
Acetona
R – Br + NaI R – I + NaBr

Propriedades químicas
Os haletos de alquilo tem predominantemente dois tipos de reações:
• Substituição
• Eliminação

Reações de Substituição
Onde o grupo halogénio presente poderá ser substituído por um grupo ou
átomo com propriedades nucleofílicas.
Exemplo:

Z + R-X R-Z +

Reações de Eliminação
Consiste na eliminação do halogénio formando compostos insaturados.
│ │ │ │
– C – C – + Br – – C = C – + HBr + X –
│ │
H X

Mecanismo das reações dos haletos

Substituição Nucleofílica
• Da 1a Ordem (SN1)

Z + R-X R-Z +
Esta reação pode ocorrer sob o processo de substituição nucleofílica da 1a
ordem nos seguintes passos:

1 o: R–X R+ + ‫ ׀‬X– (passo lento)


Formação de partículas com cargas através da cisão heterolítica. Este
passo conduz a formação de um carbocatião (R+). Este passo é favorecido
por acção de agentes externos.
100 Lição no 02

2 o: R+ + ‫ ׀‬Z R–Z (passo rápido)

Pela presença de um único agente nucleofílico esta reação é chamada de


mononucleofílica. A reação é susceptivel a agentes externos.
O carbocatião formado na substituição da 1a ordem tem um estado de
hibridização sp2.

Agentes Nucleofilicos
Z : Cl Br I OH NH3

• Da 2a Ordem (SN2)

Nesta reação também existem dois passos:

│ │ │
Z‫ ׀‬+ – C – X [Z … C ... X] Z C – + ‫׀‬X–
│ │ │

1a Passo (mais lento) 2a Passo (mais rápido)

Essa reação é chamada de bimolecular porque na fase decisiva integra os


dois agentes nucleofílicos.

A estrutura do composto final apresenta inversão comparativamente ao


composto inicial. Diferente da SN1, neste tipo de substituição não há
formação de iões, isso significa que este sistema é pouco influenciado pelo
meio externo.

Classificação dos agentes nucleofilicos

Os agentes nucleofílicos são classificados geralmente pelo tipo de átomo


que estabelece a ligação:
• O-Nucleofílicos, quando estão ligados por um átomo de Oxigénio;
Exemplo:

OH OR


S-Nucleofílicos, quando estão ligados através de um átomo de
Enxofre;
Exemplo:
SH SR
Lição no 02 101

•N-Nucleofílicos, quando estão ligados por um átomo de


Nitrogénio;
Exemplo:

NH3 RNH2 R2NH

• C-Nucleofílicos, quando estão ligados por um átomo de Carbono;


Exemplo:

R C C

• Nucleofílicos ambidentes, quando existe no ião vários centros


nucleofílicos, isto é, quando os compostos pussui mais do que
uma posição nucleofilica;
Exemplo:

O N O O N O

Nestes agentes as transformações dependem da molécula e da reação.

Regra de Kornblum

No mecanismo da substituição nucleofílica 1 (SN1) reage o centro com


maior densidade electrónica do arilo, isto é, o centro mais
electronegativo.
Nas reações de substituição da 2a ordem (SN2) o ataque nucleofílico
ocorre no átomo com maior carácter nucleofílico.

+ R X R X
R N C C N R C N
SN1 SN2
Isocianato Nitrilo

R X R X NO2
R O N O O N O R
SN1 SN2
Alquilnitrilo Nitroalcano

ELIMINAÇÃO β

Também consideradas reações concorrentes.

E1 – eliminação monomolecular
Consiste na eliminação do agente nucleofílico existente.
102 Lição no 02

Exemplo:
H3C H H3C H CH3
│ │ │ │ │
CH3–C– C–CH3 CH3 – C – C – CH3 C = CH – CH3
- Br –
│ │ +
│ +- H │
+

Br H H CH3

E2 – eliminação da 2a ordem
Na presença de agentes nucleofílicos fortes e sob propriedades básicas,
este entra em interação com o agente existente perturbando o sistema e
como consequência ocorre a eliminação do agente que existente e porque
o agente introduzido não forma ligação também é eliminado.
Exemplo:
R H R H R H
│ │ │ │ │ │
R”–O – + H–C–C–Br [R”–O…H–C–C…Br] H–C=C + HBr + R”–O-
│ │ ││ │
H R H R R

Na eliminação E1 existe uma influência externa e há formação de


carbocatiões. Na eliminação E2 não há formação de carbocatiões.

Substituição nucleofílica nos haletos de arilo activados e não activados

a) Arenos não activados


CH3 H 3C H 3C

+ NaOH
- NaCl
e
OH

Cl HO
p-cresol m-cresol

Nestes existe um mecanismo chamado Arino, quase semelhante ao da


SN1. Este mecanismo ocorre em arenos não activados.

R R R R

+ NaOH + H2O
- NaCl
e
OH

Cl Arino HO
50% 50%
dihidroaromatico
Lição no 02 103

b) Arenos activados
Substituição que ocorre com a retirada de electrões no anel e
consequentemente activam os respectivos anéis. Estes possuem um
mecanismo semelhante ao da SN2.

X Z
X Z

IZ
+ X-

Há formação de uma carga negativa num átomo de carbono.


A substituição dos halogénios nos arenos activados por substituições em
posições Orto e Para no anel benzeno é relativamente fácil.
Cl Cl HO
NO 2 NO 2
+ HNO 3 / (H 2SO 4 ) + Na 2CO 3

NO 2 O 2N

+ Na2CO3
O2N Cl + NH3 O2N NH2 + HCl

Esta reação ocorre segundo um mecanismo bimolecular de adição:


1o Passo: Adição de agentes nucleofílicos e formação de arilos
2o Passo: Rearomatização eliminando o halogénio

Z
X X X X
Z Z Z

ZI- + +
+
+

+
+

N N N N N
O O O O O O
O O O O
104 Lição no 02

1. O que diz a regra de Kornblum?

2. O que são agentes nucleofílicos? E o que são agentes electrofílicos?


Dê dois exemplos para cada.
Actividade 8:

Comentário: Compare as suas respostas com a dos seus colegas. Atenção que
os exemplos não precisam ser necessariamente igual. Se não chegarem a
consenso sobre as vossas respostas consultem o tutor de especialidade para
confirmar se responderam correctamente

COMPOSTOS ORGANOMETÁLICOS

São compostos nos quais o átomo de carbono está ligado a um metal.


Fórmula geral: R – M

Quase todos os metais formam compostos organometálicos, mais


especialmente os alcalinos e alcalinos terrosos por serem mais
electropositivos.

Carácter da ligação C – Metal


δ- δ+ δ- δ+
R –––– M R ←––– M

Reagente de Grignard

Fórmula geral: R – Mg – X , haletos de alquilmagnésio

Os reagentes de Grignard são altamente reactivos.

Preparação de Reagentes de Grignard

CH3 – CH2 – CH2 – Cl + Mg Éter CH3 – CH2 – CH2 – MgCl

CH3 – CH Cl – CH3 + Mg Éter CH3 – CH2 – MgCl – CH3


(Cloreto de isopropilmagnesio)

Síntese de compostos organometálicos

C2H5 – Cl Pb/ Na (C2H5)4 Pb + 4 NaCl


(Tetraetilchumbo)

C6H5 – Br + Mg C6H5 Mg Br + 4 NaCl


(Fenilmagnesiobromo)
Lição no 02 105

C2H5 – Cl + Mg/Al Al (C2H5)3 + 3 MgCl2

Reactividade
Os compostos de Grignard sofrem reações de substituição.
Exemplo:
Na presença de ácidos e água formam alcanos (SE)

R Mg Br + HOH R–H + Mg (OH) X

R Mg Br + NH3 R–H + Mg (NH2) X

R Mg Br + CH3OH R – H + Mg (OCH3) X

Esta reação representa simplesmente o deslocamento do ácido mais fraco


(R – H) do respectivo sal pelo ácido mais forte (exemplo, HOH).

C6H5Li + CH3COOH C6H6 + CH3COOLi

CH3 – Mg Br + C2H5OH CH4 + C2H5OMgBr

Em condições apropriadas os haletos de alquilo reagem com compostos de


Grignard como agentes electrofílicos produzindo alcanos.

R – X + R’ – MgX R – R’ + MgX2

Síntese de WUTZ
+ 2 Na Br – C2H5
CH3–CH2–Br CH3–CH2–Na CH3–CH2–CH3–CH3
- NaBr
- NaBr

Geralmente forma-se combinações de produtos.

Auto-avaliação
1. Escreva os nomes aos seguintes compostos:
a) CH3 – CHCl – CH3 b) CH2 = CH – CH2I
c) CH2 = CHBr d) CH2Br – CH2Br

Exercícios
2. O Cloreto de t-butilo reage com hidróxido de sódio segundo o
mecanismo SN1.
a) Formule a equação molecular
106 Lição no 02

Resumo da Unidade
Nesta unidade estudamos os hidrocarbonetos – compostos orgânicos constituídos
exclusivamente por átomos de carbono e hidrogénio, abordando com detalhes a sua
classificação e de alguns dos seus derivados tendo em conta as particularidades das
características de cada grupo de compostos que constituem essa família de
Resumo compostos orgânicos.
Os alcanos são hidrocarbonetos de cadeia aberta que apresentam somente ligações
simples (saturadas) entre átomos de Carbono. A fonte principal desses
hidrocarbonetos é o petróleo bruto, gás natural e o carvão natural. Estes formam
uma série homóloga cuja diferença dos seguimentos é um grupo metilénico (- CH2
-). São caracterizados por apresentar uma hibridização do tipo sp3, por
consequência eles apresentam ligações saturadas (simples) ou sigma (δ). Os alcanos
são, também, caracterizados por serem bastantes selectivos nas reações que sofrem,
pois apresentam grande estabilidades nas ligações C – C ou C – H.
Compostos Aliciclicos, são compostos que formam um anel constituído apenas por
átomos de Carbono e hidrogénio. Destacando-se os seguintes: monociclos, bicíclos
e policíclos. Em condições normais os ciclos com três a quatro átomos de carbono
são gases. Os ciclos com entre cinco a onze átomos de carbono são líquidos e os
com mais de onze átomos são sólidos. Os anéis que possuem entre cinco a seis
átomos de carbono são os únicos anéis que permitem manter a estrutura tetraédrica
dos seus anéis, por isso, os únicos anéis estáveis e consequentemente os que
podemos encontrar na natureza, pelo facto de existir pouca energia interna nas suas
estruturas.
Os alcenos são hidrocarbonetos de cadeia aberta que apresentam uma insaturação
do tipo dupla entre dois átomos de Carbono, pelo facto de apresentarem átomos de
carbono com hibridizaçao sp2. São caracterizados por serem insolúveis em água,
mas bem solúveis em solventes orgânicos e por apresentar isomeria de Posição,
Cadeia e Geométrica (CIS/TRANS).
Este grupo de compostos orgânicos sofrem reações de adição, por possuírem um
centro de densidade electrónica que representa uma insaturação e este faz com que
a primeira reação seja de adição. Por ter excesso de electrões reagem rapidamente
com partículas electrofílicas - reações de adição electrofílica.
Quando duas estruturas se apresentam semelhantes, porém com a variação da
posição do carbocatião, são designadas estruturas limites e são caracterizadas pela
deslocalização dos electrões π que constituem as duas moléculas sem no entanto
formarem um equilíbrio entre elas.
Por sua vez os dienos, que são alcenos com duas insaturações (ligações duplas)
classificam-se de acordo com a posição das ligações duplas na molécula (dienos
isolados, dienos conjugados e dienos cumulados).
Lição no 02 107

Os alcinos são hidrocarboneto caracterizados pela presença de uma tripla ligação,


com rotação centro-simétrica sem posição favorável, entre dois átomos de carbono.
Pelo facto de possuir um centro fixo pode sofrer ataques electrofílicos. Podem
facilmente libertar um protão (hidrogénio acetileno) sem perder o seu par
Resumo electrónico – segundo Arhenius, estes comportam-se como ácidos. Por
apresentarem insaturações entre átomos de carbono são caracterizados por sofrerem
reações de adição.
Os hidrocarbonetos aromáticos têm em comum uma estrutura semelhante ao
representante desta série “o Benzeno”. O Benzeno e seus derivados são quase poli-
enos cíclicos conjugados, pois segundo a regra de HÜECKEL, o fenómeno de
mesomerização acontece quando temos sempre um número específico de electrões
equivalentes. Este número específico de electrões é determinado pela fórmula: (4n
+ 2)Π . onde, Π deve ler se “Pi”
A estrutura do Benzeno mostra-nos que os compostos são inteiramente insaturados
com possibilidade da reação de adição electrofilica (mas não é o que acontece).
Eles possuem este tipo de reação mas muito lentamente, preferindo reações de
substituição. Nos compostos aromáticos não existe adição electrofílica, nestes
ocorre uma eliminação, porque há uma tendência do composto readquirir o estado
aromático.
Tomando como padrão o Benzeno que tem densidade igual a 1, podemos classifica-
los tendo em conta a densidade. Assim, todos os anéis com densidade electrónica
maior do que a do Benzeno chamam-se Π-electrões ricos e os que tem menos
chamam-se Π-electrões pobres.
Compostos heterocíclicos são hidrocarbonetos em que os átomos de carbono
formam um anel e dentro do anel existe um átomo diferente dos átomos de
carbono. Estes compostos podem ser agrupados em três classes distintas (anéis
pequenos, anéis médios e anéis grandes).
Haletos de alquilo ou arilo são compostos derivados dos hidrocarbonetos, onde pelo
menos um átomo de hidrogénio é substituído por um halogénio. Estes compostos
são caracterizados por serem muito reactivos, por essa razão são bastante usados
nos processos de síntese. A ligação polar nos haletos, que é resultado da união da
orbital sp3 do carbono com a orbital p dos halogéneos, é bastante forte e é
caracterizada por condicionar todo o comportamento dos compostos que a
apresentam. O que condiciona a polaridade dessa ligação é a electronegatividade
dos halogéneos e isso influencia decisivamente as propriedades do composto.
Por sua vez, os compostos organometálicos são compostos nos quais o átomo de
carbono está ligado a um metal. Quase todos os metais formam compostos
organometálicos, mais especialmente os alcalinos e alcalinos terrosos por serem
mais electropositivos.
108 Lição no 02

Respostas dos exercícios


Lição 1
1. R: alternativa c)
2. R: 3,3-Dimetilpentano < n-Pentano < 2-Metilheptano < n-Heptano
Pt
3. R: CH2 = CH – CH2 – CH3 + H2 CH3 – CH2 – CH2 – CH3

Lição 2
1. R: “Tensão de Pitzer” – é a energia que causa a repulsão dos átomos
num anel, ela faz com que os átomos estejam distribuídos em forma de
conformação ecliptica.

2. R: CH2
Pt/∆
+ H2 CH3 – CH2 – CH3
H2C CH2

3. R: a) b)

Lição 3
1. R: composto c)
H3C CH3 CH3
| | |
2. R: a) CH3 – C = C – CH3 b)CH3 – C = CH2
3. R: Os nomes dos alcenos não são correctos porque não obedecem
aos princípios de nomenclatura da IUPAC.
4. R: Os alcenos sofrem reações de adição, como consequência da
existência da dupla ligação enre os átomos de carbono.
5. R: Os compostos que mostram isomeria cis/trans são b) e d)

Lição 4
1. R: a) alcino b) alcano c) alceno d) cicloalcano
2. R: a) Propino b) Butano
c) 2-metil penteno-2 d) metilciclopentano
3. R: O acetileno tem caracter ácido pelo facto de poder libertar
facilmente um protão H+, este facto é justificado pela electronegatividade
acentuada causada pela existência da ligação tripla.
Pt
4. R: a) H – C ≡ C – H + H2 H2C = CH2
Pt
b) H – C ≡ C – H + 2HCl H3C – CHCl2
Pt
c) H – C ≡ C – H + Ag H – C ≡ C – Ag + ½ H2
Lição no 02 109

Lição 5

1. R: alternativa c)

2. Escreva as fórmulas estruturais dos seguintes compostos:


a) Cl b) CH3 c) CH3
| | |
—Cl

CH3— —CH3 Cl—


|
Cl

3. Complete o esquema:
CH3Cl/AlCl3 –CH3
a) C6H6

Cl OH OH
b) | | |
Cl2, FeCl3 NaOH CH3Cl, FeCl3 —CH3

Lição 6
1. R: a) 2-Cloropropano b) 3-Iodopropeno-1
c) Bromoeteno d) 1,2-Dibromoetano

2. CH3 CH3
| |
CH3 — C — Cl + NaOH CH3 — C — OH + NaCl
| |
CH3 CH3

AICHINGER-MANGE. Química Básica-3 ”Orgânica”. E.P.U. São


Paulo, 1992
MAHAN; B. H. Química. Um Curso Universitário. 2a edição. Editora
Leitura complementar Edgard Bücher. São Paulo, 1972.
MORISON R. e BOYD. Química Orgânica. 7a edição; F.C.
Guldbenkian. Lisboa, 1998.
RUSSEL, John B. et all. Química Geral. Volume I e II. 2a Edição.
Editora Markron Books. São Paulo, 1994.
SOLOMONS, T.W. Gralham. Química Orgânica –1, 2 e 3; L.T.C.
editora. São Paulo, 1994.
110 Lição no 02

Unidade n° 03
Compostos Com Grupos
Funcionais Simples.
Introdução
Nesta unidade abordaremos os Compostos Orgânicos com grupos
Funcionais Simples. Nela analisaremos as principais funções dos
compostos orgânicos com grupos funcionais simples, suas fórmulas gerais
(a partir da qual se podem obter todos os compostos da respectiva série
homóloga) ou grupo funcional (a partir do qual se identifica a série) e as
principais características dos compostos orgânicos que constituem uma
determinada função orgânica. Ela, também, aborda as diversas aplicações
dos compostos orgânicos usados no nosso dia-a-dia e que compõem os
cosméticos, industria plástica, farmacêutica, entre outras, destacando as
propriedades, as formas de obtenção e aplicações dos álcoois, fenóis, éter,
aldeidos e cetonas, ácidos carboxilicos e ésteres, aminas e amidas, entre
outros.

Na primeira lição desta unidade você aprenderá a classificar os principais


compostos orgânicos que apresentam no seu grupo funcional o oxigénio.
Nela trataremos com particularidade os compostos orgânicos onde o
átomo de Oxigénio esta ligado ao Carbono por uma ligação simples
(Álcoois, Fenóis e Éteres), bem como dos principais métodos de obtenção,
suas propriedades químicas e fisicas, e suas principais aplicações. Na
segunda lição analisaremos os compostos carbonílicos – compostos que
possuem o grupo carbonilo ligado a um átomo de carbono e a um átomo
de hidrogénio (aldeídos) ou ligado a dois radicais (cetona). Nela
abordamos as propriedades físicas e químicas, sua fórmula geral (a partir
da qual se ira obter todos os compostos da respectiva série homóloga),
bem como, as principais características dos compostos que constituem
essa família e as principais aplicações desses compostos.

A terceira lição destaca os ácidos carboxílicos – compostos que possuem


o grupo carboxílcos (pode também ser considerado uma associação do
Lição no 02 111

grupo carbonilo e hidroxilico) ligado a um átomo de carbono e ésteres –


compostos derivados dos ácidos carboxilicos. Nela analisaremos as
principais propriedades físicas e químicas, fórmulas gerais (a partir das
quais se ira obter todos os compostos das duas séries homólogas), bem
como, as principais características dos compostos que constituem esse
grupo de compostos orgânicos. A partir das suas estruturas
determinaremos as principais aplicações dos principais compostos desta
série. Na última lição desta unidade trataremos das principais
características dos Anidridos e Haletos de Ácidos Carboxílicos. Ela
também aborda as propriedades físicas e químicas, os principais métodos
de obtenção e as principais aplicações deste grupo de compostos
orgânicos.

Ao completar esta unidade, você será capaz de:

• Identificar os grupos funcionais nos compostos orgânicos;

• Identificar as fórmulas dos grupos funcionais dos compostos


orgânicos;
Objectivos
• Identificar as principais características das funções orgânicas com
grupos funcionais simples;

• Identificar os constituintes básicos de cada uma das funções


orgânicas com grupos funcionais simples.

O ponto de partida para a compreensão das estruturas e principais


características das funções orgânicas com grupos funcionais é conhecer os
constituintes básicos de cada uma das séries homólogas que constituem
esses compostos. Nesta unidade abordaremos os grupos funcionais mais
simples.

Na 1ª unidade, lição número 5 apresentamos as principais funções


orgânicas. Nesta unidade, iremos fazer uma revisão da mesma com vista, a
aprofundar com particularidade os conhecimentos sobre as funções
orgânicas com grupos funcionais, suas propriedades físicas e químicas,
suas características, formas de obtenção entre outras particularidades de
cada função.
112 Lição no 02

Lição no 01
Compostos Orgânicos de
Oxigénio
Introdução
Esta lição aborda os principais compostos orgânicos que apresentam na
sua estrutura um grupo funcional constituído entre outros por um átomo
de oxigénio. Olharemos com particularidade para sua fórmula geral (a
partir da qual se obtém todos os compostos da respectiva série homóloga)
ou grupo funcional (a partir do qual se identifica a série), suas
características principais e propriedades.

Nesta sentido trataremos de grupos de compostos que pertecem as funções


dos alcoóis, fenóis e éteres, suas propriedades físicas e químicas. E a partir
das suas estruturas entenderemos a aplicabilidade destes no nosso dia-a-
dia para a produção do álcool (pelo método tradicional), bem como, a
aplicação dessas substâncias na indústria farmacêutica, alimentar e
cosmética.

Você precisa de cerca de 120 minutos para estudar essa lição.


Ao completar esta lição, você será capaz de:

• Identificar as diferentes classes de compostos orgânicos de


oxigénio;
• Caracterizar os compostos orgânicos hidroxilados e os éteres;
Objectivos da lição • Nomear os compostos que pertencem a série dos alcoóis, fenóis e
éteres;
• Classificar os compostos da série dos alcoóis;
• Caracterizar as formas de produção artezanal de álcool (etanol);
• Identificar as principais reações químicas dos compostos
orgânicos hidroxilados;
• Identificar estruturalmente os compostos da série dos éteres.
Lição no 02 113

Iniciaremos o estudo dos compostos orgânicos de oxigénio verificando de


forma generalizada todos os compostos orgânicos com grupos funcionais
simples.
A tabela a seguir mostra as diferentes funções, suas caracteríticas e a
composição dos grupos funcionais simples.

Compostos com grupos Funcionais simples


Tabela 6: Funções e características das principais funções orgânicas
FUNÇÃO
CARACTERÍSTICAS
Grupo “OH” ligado a carbono │
Alcoóis saturado R – C – OH

Fenóis Grupo “OH” ligado a um anel
—OH
aromático

Éteres Grupo “– O –” ligado a dois


radicais. R – O – R’
Grupo carbonilo ligado ao
Hidrogénio: O
Aldeidos O ║
║ R─ C─H
─ C─
Grupo carbonilo ligado à dois
carbonos: O O
Cetonas ║ ║
─ C─ R ─ C ─ R1
Grupo carboxílo: O
O ║
Ácidos ║ R ─ C ─ OH
carboxílicos ─ C ─ OH
Grupo carboxíilo (a), com o O
Hidrogénio substituído por um ║
Ésteres radical. R ─ C ─ O ─ R1
Aminas Grupo amino (─NH2) ligado ao R─NH2 ; R2NH ;
carbono. R3N
Grupo carbonilo ligado a um O
Amidas grupo amino. ║
R ─ C ─ ONH2

Compostos orgânicos de oxigénio


Existem compostos orgânicos onde o átomo de Oxigénio está ligado ao
Carbono por uma ligação simples (Álcoois, Fenóis e Éteres).

Outros compostos orgânicos apresentam o átomo de Carbono com ligação


dupla com o Oxigénio (Aldeídos e Cetonas).

113
114 Lição no 02

Existem ainda outros compostos orgânicos em que o átomo de Carbono


forma três ligações com dois átomos de Oxigénio (Ácidos Carboxílicos e
Esteres).

Também, existem compostos inorgânicos onde o átomo de Carbono é


tetravalente para o átomo de Oxigénio, por exemplo, a molécula de
Dióxido de carbono.

Compostos Hidroxilados (Alcoóis e Fenóis)


Podem ser formalmente considerados derivados da água pela substituição
de um átomo de hidrogénio por um grupo alquilico ou arilo, formando
respectivamente os Alcoóis e Fenóis.

H–O–H –––––→ R – O – H onde R = radical Aril ou Alquil

Uso e importância

São bons solventes, combustíveis (etanol), desinfectantes (álcool


hospitalar), quando ingeridos em pequenas quantidades são estimulantes
do sistema nervoso e em elevadas quantidades é um narcótico chegando a
ser venenoso, porém seu contacto com a pele não tem efeitos prejudiciais;
são constantemente aplicados na síntese de vários compostos orgânicos.

Os alcoóis encontram-se na natureza maioritariamente na forma associada


com ácidos orgânicos ou inorgânicos ou ainda como ceras.

Álcoois

São todos os compostos orgânicos que apresentam o grupo hidroxilo


ligado a um radical alquilo.

Os representantes mais importantes são:

• Monoalcoóis (monovalentes)
Alcoóis com apenas um grupo hidroxilo
Exemplo: Metanol
CH3-OH

• Alcoóis bivalentes
Lição no 02 115

Exemplo: Glicol CH2 – CH2


│ │
OH OH

• Alcoóis trivalentes
Exemplo: Glicol CH2 – CH – CH2
│ │ │
OH OH OH
Classificação e Nomenclatura
Os alcoóis podem ser classificados de acordo com a quantidade de grupos
hidroxilicos.

• alcoóis monovalentes - apresentam apenas um grupo hidroxila

• alcoóis bivalentes – apresentam dois grupos hidroxilos

• alcoóis trivalentes – apresentam três grupos hidroxilos

Alcoóis Monovalentes
Podem ainda ser classificados dependendo da localização do grupo
hidroxilo no átomo de carbono primário, secundário ou terciário.

- alcoóis primários: R – CH2 – OH

- alcoóis secundários (álcool monovalente secundário): R–CH(OH) –CH3

- alcoóis terciários (álcool monovalente terciário): R–CH(CH3)OH–CH3

Nomenclatura substituitiva

O nome é constituido por um prefixo que indica o número de átomos de


carbono na molécula e um sufixo (ol) que indica o grupo funcional
constituinte, e um número que indica a posição do grupo funcional.

Exemplo:
CH3 – OH: Metanol CH3 – CH(OH)– CH3: Propanol - 2

CH3–CH2–OH: Etanol CH2=CH–CH2–CH2– OH: But-3-en-1-ol

C6H11OH: Ciclohexanol HO–CH2–CH2–CH2–CH2–OH: Butandiol-1,4

Nomenclatura radicofuncional
O nome começa pela palavra álcool e considera-se o resto da molécula
como substituinte.
116 Lição no 02

Exemplo:
CH3–OH: Álcool metílico CH3–CH(OH)–CH3: Álcool isopropílico

CH3–CH2–OH: Álcool etílico C6H5OH: Álcool benzílico

C6H11OH: Álcool Ciclohexilico CH2=CH–CH2–OH: Álcool atílico

Nomenclatura trivial
O nome não obedece a procedimentos sistemáticos.

CH2 – CH2 : Glicol CH2 – CH – CH2 : Glicerol


│ │ │ │ │
OH OH OH OH OH

OH OH
HO HO
OH OH
CH3 OH OH

CH3 OH OH
P-cresol O-cresol Fenol beta-Naftol Bentatechina Resorcina Hidroquinona

Propriedades físicas

Os alcoóis alquilicos de baixo peso molecular são líquidos incolores com


cheiro característico.

Os alcoóis com átomos de carbono de C1 – C4, são bem solúveis em água


contudo a solubilidade decresce com o aumento da cadeia carbónica.

Alcoóis com mais de doze átomos de carbono são sólidos, de C4 – C11 são
oleosos.

Estas propriedades justificam-se pela estrutura dessas moléculas. Tem, em


geral, pontos de fusão e ebulição mais altos que os hidrocarbonetos
alifáticos com o mesmo número de átomos de carbono, isto deve-se a
estrutura plana que os álcoois apresentam o que lhes proporciona a
existência de pontes de hidrogénio criando associações de dímeros e
ligações dipolos.
R
|
R – O | ............................ H – O|
|
H .................... |O – H ponte de hidrogénio
|
R
Lição no 02 117

O Metanol é o representante mais simples. É muito venenoso para os seres


humanos, quando ingerido em pequenas quantidades provoca cegueira e
em quantidades relativamente maiores provoca a morte. Ele encontra se
em bebidas de fabrico caseiro (o primeiro destilado é constituido por
grande quantidade de metanol).

O Etanol quando ingerido em pequenas quantidades é um estimulante e


em quantidades relativamente maiores torna-se um narcótico e provoca a
morte quando ingerido em quantidades elevadas. Ele pode ser encontrado
nas diversas bebidas alcoolicas sendo os destilados, os que apresentam
maior percentual alcoólico quando comparado com bebidas fermentadas.

O Fenol é o representante dos compostos orgânicos hidroxilados


aromáticos, são usados para baixar a concentração dos líquidos. São
substâncias maioritariamente sólidas a temperatura ambiente, são
incolores quando puros e ligeiramente avermelhados quando em
compostos.

Obtenção
1. Hidrólise de haletos

R–X + NaOH R – OH + NaX

CH2Cl CH2OH
+ NaOH (aq)
- NaCl

Alcool benzilico

2. Hidrólise de arilos activados


Cl OH
NO2 NO 2
+ NaOH (aq)
- NaCl

NO2 NO 2

3. Fusão de ácidos sulfónicos


SO 3Na OH
NaOH (aq)/300oC
+ Na2SO3
118 Lição no 02

4. Fervura de sais Diazónicos

Ar - N + N + H 2O Ar - OH + N2 + H+

+
N N OH
H 2O
+ N2 + H+

5. Hidratação de Alcenos
(H+)
R – CH = CH2 + H2O R – CH – CH3
│ (AE)
OH
(H+) (H+)
R – CH = CH2 + H2 SO4 R – CH – CH3 R–CH–CH3
│ - H2SO4 │
OSO3H OH

6. Redução de aldeídos e Cetonas


(H+)/Cat Catalizador: Platina (Pt),
R – CHO R – CH2 OH Paladio (Pd),
Aldeido Álcool primário Níquel (Ni).
(H+)/Cat LiAH4,
R – CO – R R – CH2 OH NaBH4
Cetona Álcool secundário

7. Redução de ácidos
2H2 (CuO/Cr2O3)
CH3 – (CH2)n – COOH CH3–(CH2)n–CH2OH + H2
- 250oC/20 Mpa

8. Síntese de Grignard

Redução do grupo com formação de nova ligação C – C

R – MgX + CH2O R – CH2 OH (Álcool primário)

R – MgX + R2CHO R – CH OH (Álcool secundário)



R’’
R’’

R – MgX + R2CHO R – C OH (Álcool terciário)

R’’
Lição no 02 119

Métodos especiais de obtenção dos Alcoóis

1. Hidrogenação do Monóxido de carbono para obter Metanol

CO + H2O ZnO/Cr2O3 CH3 – OH

2. Hidratação do Eteno para obter Etanol

CH2 = CH2 + H2O (H+) CH3 – CH2 – OH

3. Hidratação e redução do Acetileno


(Hg2+) + H2 (Ni)/ 100-130OC
CHΞCH + H2O CH3 –CHO CH3–CH2–OH

4. Fermentação alcoólica
Enzima
C6H12O6 2 CH3 – CH2 – OH + 2 CO2

Reactividade do grupo Hidroxilo “– OH”


As moléculas dos álcoois contem a ligação O - H e C -O e C - H que são
ligações polares.
l _
R–C⇒O⇐H
l

Centros reactivos dos alcoóis


Ataque nucleofilico

l l δ⊕ Nuθ l l l l
—C–C– —C–C–H —C–C–H
l θδ↓ l l ↑ ↓
lO ←H H lO←H H lO←H
Deshidrogenação Desidratação
⊕ Pode eliminar protão
E Ataque electrofilico

Portanto as reações podem ser divididas em:


• Quebra da ligação O – H
• Quebra da ligação C – O
• Oxigénio como base
• Oxidação

A reactividade dos alcoóis varia em função da localização do grupo


funcional em relação ao tipo de carbono ao qual esta ligado.
120 Lição no 02

Neste sentido os alcoóis terciários tem maior reactividade que os


secundários e estes que os primários.
Reactividade: Álcool Terciário > Álcool Secundário > Álcool Primário
O composto mais reactivo será aquele que tiver o grupo “OH” ligado a um
átomo de carbono terciário (isto e, um carbono ligado a outros três átomos
de catbono).

1. Faça uma pesquisa sobre as formas de produção caseira de álcool para


consumo.
2. Porque os alcoois tem propriedades ácidas?
Actividade 9:
3. Reveja da Química Geral, o que são substâncias anfotéricas.

Comentário: Em relação a primeira actividade, faça uma redação que pode ser
resultado de uma consulta oral ou bibliográfica e troque com os colegas. Fazer a
avaliação da redação tendo em conta os seguintes aspectos: originalidade e fontes
consultada. Em relação à última actividade pode consultar qualquer manual de
Química Geral.

Acidez e derivados metálicos


Alcoóis e fenóis tal como a água apresentam moléculas anfotéricas.
Como ácidos reagem com metais formando sais e libertando hidrogénio.
R - OH + Na → RONa + ½ H2
C2H5OH + Na → C2H5ONa + ½ H2

Apesar de alcoóis apresentarem propriedades ácidas, essas não são


acentuadas ( pKa > 16), isto faz deles ácidos mais fracos que a água.
Assim, as reações como ácidos não podem ocorrer no meio aquoso.
A ordem relativa de acidez dos álcoois é influenciada pelos efeitos
electrónicos e pode ser apresentada da seguinte maneira:
CH3OH > Al. Primário > Al. Secundário > Al. terciário
pKa = 15,8 16

Exemplo:
CH3 – CH2 – CH2 – OH + Na → CH3 – CH2 – CH2 – ONa + ½ H2

CH3 – CH2 – CH2 – ONa + H2O → CH3 – CH2 – CH2 – OH + NaOH

FENOIS
Compostos onde encontramos o grupo hidroxilo ligado directamente a um
anel aromático “alcoóis aromáticos”.
Lição no 02 121

São derivados dos Hidrocarbonetos aromáticos pela substituição de um


átomo de Hidrogénio pelo grupo hidroxilo, onde predomina a hibridização
sp2.
São ácidos mais fortes que a água, porque o ião que se forma quando cede
um protão é estabilizado pela mesomeria de anel. Como consequência os
sais dos fenóis podem ser obtidos em meio aquoso.
Mesomeria do ião fenóxido

- - -
{ - O
=O-- - =O-- =O ---O }
-
Os Alcoóis e Fenóis pela sua disposição são substâncias anfotéricas
reagindo como base através dos pares livres de electrões de Oxigénio e
como ácidos formando Alcoolatos.

-OH -ONa
+ Na + 1/2 H2
Fenolato de sódio

Alcooxidos de alumínio e metais alcalinos são usados frequentemente


como catalisadores. O que se segue? Ou seja o que é apresentado nos
pontos numerados? Ou seja a oxidação do Cumeno, a hidrolise do
Clorobenzeno são tipos de quê??

Reacções de Obtençãos dos Fenóis

Os Fenóis podem ser obtidos no laboratório de diversas formas, entre elas:

1. Oxidação do Cumeno
CH3 CH3
CH3
- CH O2 --
C O-OH + -OH
CH3 H + C=O
CH3
CH3
Cumeno Cumenohidroxiperoxido Fenol Acetona

2. Hidrólise do Clorobenzeno
-Cl 360°c/28Mp -OH
+ NaOH + NaCl
(Cu)

3. Síntese de Williansom

-O-Na+ - 3
-O-CH
CH3I - + NaI

Base forte
122 Lição no 02

Quebra da ligação C – O
A diferença de electronegatividade dos dois átomos faz com que estes
tenham uma ligação polar.

A ligação C – O é menos polarizável que a ligação C – Halogénio. Para


aumentar a polaridade da ligação C – O adiciona-se protão H+.

Os grupos hidroxilos em hidrocarbonetos alifaticos só se deixam substituir


em meio fortemente acídico no qual o álcool parcialmente se encontra na
forma de oxónio

δ⊕ δθ δ⊕
H+
R–O–H R–O–H + X
|
H (Ião Oxónio)

⊕ θ
R - OH + HX R - OH2 + X (Equilíbrio cat. por ácidos)
Oxónio
Nos fenóis não activados este efeito não é suficiente para possibilitar a
substituição nucleofilica do grupo hidroxilo (Efeitos indutivos e
mesoméricos).

O ião oxónio permite a formação de vários produtos. Como parceiros


nucleofilicos em soluções alcoólicas de ácidos minerais concorrem sempre
iões e moléculas alcoólicas de modo que como produtos se formem tantos
ésteres como ésteres

R - OX (Éster) Ex. CH3-CH2-O-SO3H


+OX
H+ +ROH

R – OH R – O H2 R – O⊕ – R R-O-R
- H2O l -H⊕ (Éter)
- H2O/180°c ßE1 H

R – CH = CH –R´ (Alceno)

As reações de substituição nos fenóis só ocorrem quando estes estão


activados e reagem com agentes nucleofilicos fortes.

OH Cl

O2N- -NO2 N2O - -NO2


PCl5
NO2
NO2
Lição no 02 123

Oxidação de alcoóis e fenóis


Tabela 7: Produtos da oxidação dos álcoois
Alcoóis Produto (s)
Primário Aldeído ou Ácido [O]
CH3-CH2-CH2-OH →
Secundário Cetona [O]
CH3-CH-CH3 →
l
OH
Terciário Não sofre oxidação CH3
l [O]
CH3-C - OH → X
l
CH3
Fenóis Quinonas

Policondensação: O fenol na presença do aldeídos fórmico forma


policondesados (Fenoplastico).
OH
O
-OH O

-OH -2 H O
Benzcatechina O-Benzchinona -2H
OH O

Éteres
São formalmente considerados como derivados dealquilados da água.
Água Álcool Éter
H – O| H – O| R – O|
| | |
H R R

Os Éteres são classificados segundo o tipo de substituintes:

1. Éteres Simples – quando os dois radicais são iguais: R – O – R

2. Éteres mistos – quando os dois radicais são diferentes: R – O – R’

3. Éteres cíclicos – quando os dois radicais ligam se formando um anel

Note: Os éteres podem ser cíclicos, quando o heteroátomo de um ciclo é o


oxigénio. Nesse caso são chamados epóxidos.

Nomenclatura dos Éteres


Nomenclatura substitutiva
124 Lição no 02

O segmento R–O recebe o nome de alquilox – correspondente ao alquil e


arilox – correspondente ao aril.

Escolhe se o segmento com a menor cadeia e atribui se o nome do


segmento, seguido do nome do substituintes.
Pode-se resumir em:

Prefixo do menor radical + óxi + hidrocarboneto maior

Exemplos:
CH3 – CH2 – O – CH2 – CH2 – CH3 CH3 – O – C6H5
- Etoxipropano - Metoxibenzeno

Nomenclatura radicofuncional

Usam-se os prefixos que indicam os dois restos dois restos e acrescenta-


se a palavra éter que indica a classe do composto (éter)
Exemplo:
CH3 – CH2 – O – CH2 – CH2 – CH3 CH3 – O – C6H5
- Etilpropil éter - Fenilmetil éter

Nomenclatura Trivial
CH3 – O – C6H5 C6H5 – O – CH2 – CH3 H2C – CH2
O
- Anisol - Fenetol - Oxian

Propriedades físicas

Sendo o ângulo entre as ligações R - O - R diferente de 180o C, devido ao


efeito da repulsão dos pares electrónicos não ligantes do oxigénio, os
momentos de dipolo das duas ligações não se anulam mutuamente. Por
isso os éteres apresentam certo momento de dipolo, ainda que pequeno,
mas diferente de zero.

Essa fraca polaridade, no entanto, não exerce efeito considerável sobre o


ponto de ebulição do éter, sendo aproximadamente igual ao do alcano de
massa molecular e geometria correspondente, contudo menor que a dos
álcoois isómeros. Isto se deve principalmente ao facto de que nos álcoois é
possível a formação de pontes de hidrogénio entre as moléculas, o que não
Lição no 02 125

ocorre nos éteres. Por outro lado, a solubilidade dos éteres em água é
comparável à dos álcoois correspondentes, já que, com as moléculas de
água, os éteres podem formar ligações de hidrogénio.

Os éteres são substâncias mais voláteis do que os álcoois correspondentes


(mais uma vez, devido à ausência de ligações de hidrogénio). Os éteres
líquidos são incolores, de cheiro agradável. Por apresentarem um
momento de dipolo desprezível, os éteres podem servir como solventes
apolares para substâncias orgânicas.

Métodos de obtenção dos Éteres

1- Desidratação intermolecular de álcoois

Os álcoois podem ser desidratados com ácido sulfúrico concentrado a


quente ou com Al2O3. O produto formado dependerá basicamente da
temperatura em que a reação for realizada. A cerca de 180o C ocorre uma
eliminação e o produto principal é um alceno. Porém, se a reação, for
realizada a cerca de 140o C, ocorre uma substituição e o produto principal
é um éter. Como pode ser visto a seguir:

Nota: carbocátion = carbocaião, íon = ião e cátion = catião

2- Reação de álcoois com aldeídos ou cetonas


Reagindo-se um álcool com aldeídos ou cetonas, em meio ácido, pode-se
obter compostos chamados acetais, que são éteres duplos.
Exemplo:
126 Lição no 02

3- Reação de fenóis com haletos

Os fenóis podem reagir com haletos, em meio básico, produzindo éteres.


Geralmente utilizam-se os iodetos, pelo facto do iodo possibilitar uma
saída fácil.

4- Reação de haletos com alcóxidos (síntese de Williamson)


Reagindo com alcóxidos, os haletos podem produzir éteres:
Lição no 02 127

Propriedades químicas

Os éteres são pouco reactivos, em virtude da grande estabilidade das


ligações C-O-C. No entanto, os éteres são altamente inflamáveis, exigindo
cuidado na sua manipulação.
Além disso, em contacto com o ar, a maioria dos éteres alifáticos
transformam-se em peróxidos instáveis. Embora, se encontrem em baixa
concentração, esses peróxidos são muito perigosos, pois podem dar
origem a explosões violentas durante as destilações que se seguem às
extracções com éter.

A presença de peróxido pode ser identificada pela adição de sulfato


ferroso e tiocianato de potássio. O peróxido oxida o ferro II a ferro III, o
qual reage com o ião tiocianato, produzindo um complexo de coloração
vermelho-sangue, característico. Essa é também uma maneira de eliminar
o peróxido, pois ele é reduzido pelo ião Fe2+. Também se pode eliminar o
peróxido destilando o éter com ácido sulfúrico concentrado.

Poucas reações dos éteres são importantes. Porém, a reacção com HX é


um método interessante para a obtenção de álcoois e haletos.

Algumas reações dos Éteres:


H R
| + RX/BX |
H+
R – O+ – R R–O–R R – O+ – R + BX4-

Oxonio secundário Oxónio terciário

Os oxonios são mais reactivos que os éteres


H+ +
++ I-
RX/BX
R – OH R–O –R R – I + R – OH
|
H
Aplicações dos éteres
Os éteres mais simples são usados principalmente como solventes. Entre
eles, o éter dietílico (éter comum) merece destaque: este pode ser usado
como solvente no laboratório e na indústria, como anestésico e para a
extracção de óleos, gorduras, essências etc.
128 Lição no 02

Auto-avaliação
1. Escreva as seguintes fórmulas de constituição ou os nomes dos
seguintes compostos e indique a que grupo eles pertence:

Exercícios a) Hexanol-2 b) Butandiol-1,3

c) p-Bromofenol d) β-Naftol

e) CH3 – CH2 – O – CH3 f) CH3 – O – C6H5


g) CH3 – (CH2)3 – CH2 – OH

2. Quais as pré-condições estruturais que os álcoóis possuem para a


formação de pontes de hidrogénio? Porque é que os hidrocarbonetos não
são capazes de formar pontes de hidrogénio?

3. Como se identificam estruturalmente os éteres, fenóis e álcoóis?

4. Complete, identificando, cada uma das etapas do seguinte esquema de


reação:
HCl NaOH H2SO4 (coc)
CH2 = CH2 A C D
Lição no 02 129

Lição no 02
Compostos carbonilos
Introdução
Esta lição aborda os compostos carbonílicos – compostos que possuem o
grupo carbonilo ligado a um átomo de carbono e a um átomo de
hidrogénio (aldeídos) ou ligado a dois radicais (cetona). Neste âmbito,
veremos as propriedades físicas e químicas, sua fórmula geral (a partir da
qual se irá obter todos os compostos da respectiva série homóloga), bem
como, as principais características dos compostos que constituem essa
família. A partir das estruturas dos compostos abordaremos os principais
campos de aplicações desses compostos.

Voce necessita de cerca de 90 minutos para estudar essa lição.


Ao completar esta lição, você será capaz de:

• Identificar estruturalmente os compostos da série dos compostos


carbonilos;

Objectivos da lição • Diferenciar os compostos carbonilos;

• Classificar cada uma das classes que constituem os compostos


carbonilos;

• Nomear os compostos que pertencem a cada uma das séries dos


compostos carbonilos;

• Identificar as principais reações químicas dos compostos


carbonilos.

Para iniciarmos essa lição você precisa se recordar que os aldeídos e


cetonas são compostos que apresentam átomo de oxigênio em seus grupos
funcionais. Reveja a tabela apresentada no início da lição anterior.

Aldeídos e Cetonas
São compostos que têm na sua estrutura um átomo de oxigénio com
valência (II), formando com o átomo de carbono o grupo funcional (C=O).
130 Lição no 02

Estes caracterizam se por serem oxicompostos e não possuírem


heteroátomos ligado ao átomo de carbono.

Aldeídos Cetonas
R R
C=O C=O
H R’

Nomenclatura dos aldeídos e Cetonas


Nomenclatura Substitutiva

Usa-se o prefixo que indica o número de átomos de carbono e um sufixo


“al” para o caso dos aldeídos e “ona” para as cetonas. No caso das
cetonas indica-se numericamente a posição do grupo funcional.
Exemplos:

H – CHO CH3 – CHO CH3 – CH2 – CHO


Metanal Etanal Propanal

O

CH3 – C – CH2 – CH3 Butanona-2

Quando aparece um outro grupo funcional mais oxidado ligado ao grupo


carbonilo, o composto passa a ser um oxicomposto.
O

CH3 – C – COOH CHO - COOH
- Acido-2-oxopropanoíco - Ácido oxoetanoíco

No caso de aldeídos cíclicos, onde o grupo aldeído se encontra ligado a


um anel, usa-se o sufixo carboaldeído.

—CHO - Ciclohexacarboaldeído

Existem compostos mais complexos onde o grupo carbonilo dos aldeídos


não é o grupo funcional principal, usa-se o sufixo “formil”.

—COOH

| - Ácido-6-formil-naphtalen-2-carbónico
CHO
Lição no 02 131

Nomenclatura Radicofuncional
É usado para as cetonas. Nestes, usa-se os prefixos que indicam os dois
radicais e a estes se adiciona o sufixo “cetona”.
Exemplo:
O O
║ ║
CH3 – C – COOH CH3 – CH2 – C – CH2 – CH3

Etilmetil cetona Dietil cetona

Nomenclatura Trivial
É um sistema de nomenclatura no qual os compostos são nomeados tendo
em conta as suas fontes de obtenção.

HCHO - Formaldeído (ácido fórmico)


CH3 – CHO - Acetaldeído (ácido acético)
CH3 – CO – CH3 - Acetona
C6H5 – CO – CH3 - Acetofenona
C6H5 – CO – C6H5 - Benzofenona

Propriedades físicas

À temperatura de 25o C, os aldeídos de C1 a C2 são gasosos, de C3 a C11


são líquidos e os demais são sólidos. Os aldeídos mais simples são
bastante solúveis em água. Apresentam também odores penetrantes e
geralmente desagradáveis (cheiro libertado pelos insectos, ou da acetona
utilizada pelas mulheres para retirar verniz das unhas). Com o aumento da
massa molecular esses odores vão se tornando menos fortes, e à medida
em que a cadeia vai crescendo, entre C8 a C14, os odores se tornam
agradáveis (cheiro libertado pelas frutas).

O grupo carbonilo confere uma considerável polaridade aos aldeídos, e


por isso, possuem pontos de ebulição mais altos que alcanos com peso
molecular comparável. No entanto, não se formam pontes de hidrogénio
intermolecular, visto que eles contêm apenas hidrogénio ligado a carbono.
Comparando-se as cetonas com os aldeídos isómeros, as cetonas têm
ponto de ebulição mais elevados e são mais solúveis em água, pois suas
moléculas são mais polares que a dos aldeídos.
132 Lição no 02

Métodos de obtenção
1. Oxidação de alcoóis primários
[O]
R – CH2 – OH R – CHO
- H2O

2. Redução de derivados de ácidos carboxílicos (Redução de Rosenmund)

[H]
R – COCl R – CHO
- HCl

3. Redução de ácidos carboxílicos com ácido fórmico


Cat
R – COOH + HCOOH R – CHO + R – OH
(Reação de disporporção)

4. Reação de compostos de Grignard com ésteres de ácido metanoíco


O – Mg – X
R – Mg – X + HCOOR H–C–R - Mg(OH)X
R – CHO
O–R

5. Oxidação enérgica de alcenos


Em meio ácido o KMnO4 é oxidante bastante enérgico que leva à ruptura
da dupla ligação, quebrando o alceno em moléculas menores. Os produtos
formados na reação dependem do tipo de carbono da dupla ligação.
Carbonos primários originam CO2 e H2O; carbonos secundários, ácidos
carboxílicos, e carbonos terciários, cetonas. Na oxidação do Metil
propeno, por exemplo, como os carbonos da dupla são terciário e
primário, formam-se, respectivamente, cetona e CO2 + H2O:

6. Ozonólise de alcenos

Os alcenos, reagindo com o ozono em meio aquoso, produzem aldeídos


e/ou cetonas. Trata-se de uma reação que ocorre com a quebra da dupla
ligação, quebrando a molécula do alceno em moléculas menores.
Lição no 02 133

O ozono é um oxidante bastante enérgico e na presença de um alceno


ocorre uma reação de adição, formando um produto intermediário instável
(um ozoneto), que então se decompõe nos produtos finais, por hidrólise.

7. Hidratação de dienos cumulados (adição de H2O)

Os dienos que possuem ligações duplas acumuladas reagem com água,


produzindo cetonas.

Veja um exemplo de reação, envolvendo o 1,2- butadieno:

Nota: carbocátion = carbocatião e próton = protão

8. Hidratação de alcinos
O mecanismo da adição de água nos alcinos ocorre de maneira análoga à
hidratação dos alcenos, porém, o produto (um enol) tautomeriza-se
formando cetona ou aldeído, dependendo da estrutura da cadeia carbónica.
Exemplo:
134 Lição no 02

9. Oxidação de alcinos por KMnO4


Oxidação branda - Nessa reação, a tripla ligação não chega a romper-se
e, aos carbonos, são adicionados oxigénios. Os produtos dependem dos
tipos de carbono iniciais. Geralmente resulta um aldeído ou uma função
mista, como no exemplo abaixo - um cetoaldeído:

Oxidação enérgica - A oxidação enérgica dos alcinos por permanganato


segue uma reação semelhante à oxidação enérgica dos alcenos. Os
carbonos primários formam CO2 e H2O, secundários formam ácidos
carboxílicos e terciários, cetonas.

10. Acilação de Friedel-Crafts

Reagindo-se haletos de ácido com benzeno, em presença de AlCl3 ou


FeCl3 (ácidos de Lewis), obtém-se cetonas. O agente electrófilico é o ião
acetoxônio. Veja o exemplo abaixo:
Lição no 02 135

11. Oxidação do cumeno


Esse é um dos métodos mais importantes e eficazes, utilizado inclusive
industrialmente, para a obtenção do fenol e da acetona. Trata-se da
oxidação do cumeno:

Propriedades químicas

Os aldeídos e cetonas são bastante reactivos, pela existência de elevada


polaridade gerada pelo grupo carbonilo, que serve como local de adição
nucleofílica e aumentando de propriedades acidicas dos átomos de
hidrogénio ligados ao carbono α (carbono ligado directamente ao grupo
carbonilo). Em relação às cetonas, os aldeídos são mais reactivos.

Como o grupo carbonilo confere à molécula uma estrutura plana, e a


adição de um reagente nucleófilo pode ocorrer em dois lados, ou seja, a
superfície de contacto é maior, o que facilita a reação. Isso possibilita a
formação de racematos (mistura de enantiômeros), caso o carbono seja
assimétrico.
136 Lição no 02

Outros factores que influenciam a reactividade dos aldeídos e cetonas são


a intensidade da polaridade entre C e O e o volume do(s) grupo(s)
ligado(s) à carbonila.

Os grupos de indução +I diminuem a deficiência electrónica no carbono e,


consequentemente, diminui a afinidade deste por reagentes nucleofílicos
(:Nu), ou seja, a reação de adição nucleofílica é mais difícil.

De outro modo, os grupos de indução -I aumentam a deficiência


electrónica no carbono e, consequentemente, aumentam a afinidade deste
por reagentes nucleofílicos, ou seja, a reação de adição nucleofílica é mais
fácil.

1. Formação de cianidrinas (reação com HCN)

Os aldeídos e cetonas reagem com HCN produzindo cianidrinas.


Exemplo:

2. Reação com reagente de Grignard

Os aldeídos e cetonas podem reagir com composto de Grignard e posterior


hidratação em meio ácido, produzindo alcoóis.
Exemplo:

3. Reação com hidreto

Os aldeídos e cetonas podem ser tratados com um agente fornecedor de


hidretos (ex: LiAlH4) e posteriormente, tratados em meio ácido. Assim,
obtemos um álcool.
Exemplo:
Lição no 02 137

4. Reação com alcoóis em meio ácido

Reagindo-se um aldeído ou cetona com um álcool, em meio ácido, pode-


se obter compostos chamados acetais, que são éteres duplos.
Exemplo:

5- Reação com compostos de fósforo

Os aldeídos e cetonas, quando reagem com compostos de fósforo


(particularmente, compostos especiais de fósforo pentavalente: H2C=PR3,
como o metileno-trifenil-fósforo), produzem alcenos.

Veja o exemplo seguinte:


138 Lição no 02

6. Oxidação e Redução
a) Redução

Os aldeídos e as cetonas deixam-se reduzir cataliticamente até aos alcoóis


primários e secundários, respectivamente. (Cat: Cr, Ni, Pt, etc.)

+ 2HCl/Zn
R – CHO R – CH2 – OH
Aldeídos álcool primário

+ 2HCl/Zn
R – CO – R R – CH2 – OH
Cetonas |
R’
álcool secundário

b) Redução até hidrocarbonetos

CH3 – CO – CH2 – CH3 + 2HCl/Zn/Hg CH3 – (CH2)2 – CH3 + H2O

c) Oxidação
R – CHO + ½ O2 R – CH2 – OH

d) Desproporção
Acontece geralmente com aldeídos cíclicos ou aldeídos em que o grupo
funcional está ligado ao carbono terciário.
Os aldeídos por terem entalpia de formação maior que a dos seus produtos
de oxidação ou redução desproporcionam quando em presença de
catalisadores básicos fortes.
Lição no 02 139

—CHO —COONa —CH2OH


2 NaOH +

Reação de CANNIZZARO

Esta reação é denominada de cannizzaro(em homenagem ao químico


Italiano Stanislao Cannizzaro), ocorre quando o grupo aldeído esta
ligado a um átomo de carbono terciário ou principalmente com aldeídos
aromáticos.

Aplicações dos aldeídos e cetonas

O aldeído fórmico é utilizado como: desinfectante, líquido para


conservação de substratos orgânicos e peças anatômicas, matéria-prima na
fabricação de plásticos e como reagente para síntese de urotropina
(medicamento renal).

O aldeído acético é utilizado para: produção de cloral (CCl3 - CHO),


aplicado como hipnótico e clarificador de tecidos animais, produção de
DDT, produção de ácido acético, anidrido acético, álcool n-butílico,
produção de resinas, fabrico de espelhos (usado como redutor da prata) e
na indústria de materiais fotográficos.

Uma das cetonas mais importantes é, sem dúvida, a propanona (acetona


comum), utilizada principalmente: como solvente no laboratório e na
indústria, no fabrico de pólvora sem fumaça, no fabrico de medicamentos
hipnóticos (clorofórmio, sulfonal, cloretona etc.), na produção de anidrido
acético, na extracção de óleos e gorduras de sementes e no fabrico de
vernizes.

Dentre as cetonas aromáticas, merece destaque a acetofenona, utilizada


principalmente como solvente na indústria de perfumaria e como
intermediária em certas sínteses orgânicas.
140 Lição no 02

Auto-avaliação
1. Escreva as fórmulas moleculares dos seguintes compostos:
a) 2-Metilbutanal b) 3-Metilbutanona
c) Etilpropilcetona d) m-Bromobenzaldeido
Exercícios
2. Qual é a classe de compostos que se forma no primeiro passo de
oxidação de:
a) Álcool primário b) Álcool secundário
c) Álcool terciário d) Aldeído e) Cetona

3. O representante das cetonas é acetona também designado por:


a) Metanona
b) Etanona
c) Propanona
d) Butanona

4. Indique a alternativa correta. As moléculas dos aldeídos são:


A. Polares devido à presença do grupo carbonilo
B. Apolares devido à presença do grupo carbonilo
C. Polares devido à presença do grupo carboxilico

D. Apolares devido à presença do grupo carboxilico


Lição no 02 141

Lição no 03
Ácidos carboxílicos e Ésteres
Introdução
Nesta lição trataremos dos ácidos carboxílicos – compostos que possuem
o grupo carboxílcos (pode também ser considerado uma associação do
grupo carbonilo e hidroxilico) ligado a um átomo de carbono e ésteres –
compostos derivados dos ácidos carboxilicos.

Neste âmbito, abordaremos as propriedades físicas e químicas, fórmulas


gerais (a partir das quais se irá obter todos os compostos das duas séries
homólogas), também trataremos das principais características dos
compostos que constituem esse grupo de compostos orgânicos. A partir
das estruturas dos compostos identificaremos as principais aplicações dos
compostos de cada uma destas séries.

Você necessita de cerca de 90 minutos para estudar essa lição.

Ao completar esta lição, você será capaz de:

• Identificar estruturalmente os compostos da série dos ácidos


carboxílos e ésteres;

• Distinguir os compostos da série dos ésteres dos da série dos


Objectivos da lição
ácidos carboxílicos;

• Nomear os compostos que pertencem a cada uma das séries;

• Caracterizar os compostos que constituem as diferentes séries;

• Identificar as principais reações químicas de cada uma das séries.

Os frutos que encontramos na natureza são caracterizados por apresentar


diversos tipos de aromas, que são basicamente ácidos carboxílicos e
ésteres. Assim, abordaremos nessa lição esse conjunto de compostos
orgânicos do nosso dia a dia.

Ácidos carboxilicos e Ésteres


142 Lição no 02

São compostos carbonilos, diferindo dos aldeídos e das cetonas pelo facto
de ter um heteroátomo ligado ao átomo de carbono do grupo carbonilo.

Os ácidos carboxílicos são caracterizados por apresentar o grupo


carboxílico:
O

R – C – OH
O grupo funcional carboxílico pode ser visto formalmente como o
somatório de um grupo carbonilo e um hidroxilo.

O grupo carbonilo pode formar derivados, pela substituição do grupo


hidroxilo por heteroátomos (Cl, NH2 e outros).

Os ácidos e seus derivados nunca aparecem livres na natureza, mas em


forma de sais ácidos. Porém, existem alguns que permanecem inalterados,
isto é, encontram-se associados.

Tabela 8: Algumas propriedades particulares de certos ácidos

Ácidos Fórmula PF (oC) PF (oC) Ocorrência

Ácido fórmico HCOOH 8 100,5 Extratos das


Formigas

Ácido acético CH3COOH 17 118 Vinagre

Ácido propanoíco CH3CH2COOH -22 141 Resina

Ácido butanoíco CH3CH2CH2COOH -5 163 -

Ácido n-butanoíco CH3CH2CH2COOH - - Manteiga


rançosa*

Ácido t-butanoíco CH3CH2CH2COOH - - Camomila**

* quando a manteiga (e não a margarina) fica guardada por muito tempo


principalmente fora da geleira, fica com o sabor alterado ou seja fica
rançosa.

** presente em camomila, ja deve ter ouvido falar de chá de camomila que


algumas pessoas tomam para se acalmar.
Lição no 02 143

A seguir veja alguns ésteres que fazem parte das essências naturais de
frutas:

Tabela 9: Algumas essências a base de ésteres

Éster Fórmula molecular Essências

Cana de acúcar
Formiato de etila HCOOCH2CH3
fermentada

Acetato de etila CH3-COOCH2CH3 Laranja e Pêra

Acetato de amila CH3COOCH2(CH2)3CH3 Maçã e banana

Butirato de etila CH3(CH2)2COOCH2CH3 Banana e morango

Caprilato de n-nonila CH3(CH2)6OOCH2(CH2)7CH3 Laranja

Ácidos gordos - são parte integrante das gorduras, aparecem como


ésteres de glicerol. Encontramos nas aminas (ácido caprico – ácido
hexanoíco), no queijo (ácido decanoico), na bílis (ácido laurico – ácido
dodecanoico), etc.

Ácidos dicarboxílicos – são ácidos com dois grupos funcionais.


Exemplos:

Ácido oxalico: COOH – COOH

Ácido malonico: COOH – CH2 – COOH

Ácido tereftalico: C6H4 – (COOH)2

Propriedades físicas dos ácidos carboxílicos e ésteres


Como se poderia prever pela estrutura molecular, os ácidos carboxílicos
são substâncias polares e podem, como os álcoois, formar pontes de
hidrogénio entre si ou com moléculas de outra espécie. Por essa razão, os
ácidos carboxílicos apresentam praticamente o mesmo comportamento
que os dos alcoóis, quanto à solubilidade.

Os ácidos com até 4 carbonos são líquidos incolores, miscíveis com a


água, os ácidos de C5 a C9 são líquidos incolores e viscosos, muito pouco
144 Lição no 02

solúveis. Os ácidos com mais de dez átomos de carbonos são sólidos de


cor brancos, semelhantes à cera, insolúveis em água.

O ácido aromático mais simples, o ácido benzóico, por apresentar já


elevado número de carbonos, não tem apreciável solubilidade em água. Os
ácidos carboxílicos são solúveis em solventes menos polares, como o éter,
o álcool, o benzeno.

O cheiro característico dos ácidos alifáticos mais baixos passa


progressivamente de forte e irritante nos ácidos fórmico e acético, para
extremamente desagradável (semelhante à manteiga rançosa) nos ácidos
butírico (C4), valérico (C5) e capróico (C6). Os ácidos mais altos não têm
muito odor, por serem pouco voláteis.

Comparando-se um ácido carboxílico e um álcool, ambos com o mesmo


número de carbonos, o ácido terá maior ponto de ebulição, devido à
formação de duas pontes de hidrogénio e não apenas uma, como no álcool.
Como pode ser visto na figura a seguir:

A presença de um grupo carbonilo (C=O) confere aos ésteres carácter


polar. Os ésteres mais baixos são líquidos incolores voláteis e têm cheiro
agradável. À medida que a massa molecular aumenta eles vão se tornando
líquidos viscosos (óleos vegetais e animais) e os de massa molecular
muito elevada são sólidos (gorduras e ceras).

Por não formarem pontes de hidrogénio, os ésteres têm pontos de ebulição


menores que os dos alcoóis e ácidos de igual massa molecular. Pelo
mesmo motivo, são insolúveis em água.

Nomenclatura dos ácidos carboxílicos e ésteres


Nomenclatura substitutiva
Escolhe-se a cadeia mais longa que possua o grupo carboxílico e toma-se
como base para o nome do composto, usando o prefixo para indicar o
Lição no 02 145

número de átomos de carbono e o sufixo “oico” para caracterizar o grupo,


indicando também a posição do grupo funcional.

Exemplo:
CH3 – CH – COOH
| - Ácido-2-hidroxipropanoíco ou
OH - Ácido-α-hidroxipropanoíco

Quando há conjunção para formação de derivados, o grupo arilo é


chamado “oílo”.
O nome provém do ácido correspondentes substituindo a terminação
“oíco” por “oílo”.
Exemplo:
CH3 – C – Etanoilo

O
Os sais dos ácidos carboxílicos são caracterizados pela terminação “ato”
Exemplo:
C6H5 – COONa CH3 – COONH4
- Benzoato de sódio - Acetato de amónio

Os nomes dos derivados provêm dos ácidos.


Exemplos:
CH3 – C – O – CH3
║ - Éster metílico do ácido etanoíco (ou do ácido acético)
O

CH3 – C – O – NH2
║ - Amida do ácido etanoíco (ou do ácido acético)
O

CH3 – C – Cl
║ - Cloreto do ácido etanoíco (ou do ácido acético)
O

Métodos de Obtenção
1. Oxidação do grupo metílico
+ [O]
C6H5 – CH3 C6H5 – COOH
- H 2O
C6H12 + [O] HOOC – (CH2)4 – COOH
- H 2O

2. Oxidação de alcoóis primários e aldeídos


+ [O] + [O]
R – CH2 – OH R – CHO R – COOH
- H 2O
(Oxidantes: KMnO4; CrO3; HNO3)
146 Lição no 02

3. Hidrólise de nitrilos ou amidas


O
║ + HOH
+ HOH
R–C≡N R – C – NH2 NH4+(R – OO)-

4. Hidrólise dos Ésteres (saponificação de gorduras)

CH2 – O – CO – R’ CH2 – OH
| |
CH – O – CO – R’ + 3 H 2O CH – OH + 3 R – COOH
| |
CH2 – O – CO – R’ CH2 – OH

5. Carbonilização dos alcenos


+ HOH
R – CH = CH2 + CO R–CH– CH2 R–CH2–CH2COOH
C

O

6. Reação de reagente de Grignard com dióxido de carbono


+ HOH
O = C = O + R–MgX R – COO –MgX - Mg(OH)X R–C – OH

O

Propriedades Químicas
Acidez e actividade carbonila
Os ácidos carboxílicos possuem carácter ácido devido à sua ionização em
água: R–COOH + H2O R–COO- + H3O+.
Essa força ácida pode ser maior ou menor dependendo do tipo de efeito
indutivo causado pelo grupo que se encontra ligado ao grupo carboxilico:

No primeiro caso (a) o grupo X é electrão-atraente. O efeito indutivo é -I


e, portanto, deixa o grupo carbonilo com défice electrónico, o que leva a
um enfraquecimento da ligação com o hidrogénio ácido. Logo, será mais
fácil a liberação do protão. Assim, o carácter ácido aumenta.

No segundo caso (b) o grupo X é electrão-repelente. O efeito indutivo é +I


e, portanto, deixa o grupo carbonilo com excesso de electrões, o que leva a
Lição no 02 147

um aumento da força de ligação com o hidrogénio ácido. Logo, será mais


difícil a liberação do protão. Assim, o carácter ácido diminui.

Os ácidos aromáticos comportam-se de maneira semelhante quando neles


se inserem grupos substituintes. Assim, a introdução de grupos CH3, OH
ou NH2 (efeito indutivo -I) no ácido benzóico, por exemplo, conduz a
ácidos mais fracos do que ele; de outro modo, a introdução de grupos Cl,
Br ou NO2 (efeito indutivo +I) conduz a ácidos mais fortes.

1. Como são caracterizados, na natureza, os ácidos carboxílicos e ésteres?

2. De que se derivam os seguintes nomes: ácido formico, ácido úrico,


ácido cítrico e ácido málico?
Actividade 10:

Comentário: Compare as suas respostas com a dos seus colegas. Caso não
chegem a um consenso sobre as respostas consultem o tutor de especialidade
para confirmar se responderam correctamente.

Sais de ácidos carboxílicos

Embora muito mais fraco que os ácidos inorgânicos fortes (sulfúrico,


nítrico, clorídrico), os ácidos carboxílicos podem reagir completamente
com hidróxidos, produzindo os respectivos sais; soluções de ácidos
minerais (H3O+) realizam a transformação inversa.

RCOOH + OH- RCOO- + H2O

RCOO- + H3O+ RCOOH + H2O

Os sais dos ácidos carboxílicos, como todos os sais, são sólidos cristalinos
formados por iões positivos e iões negativos. As intensas forças
electrostáticas existentes entre esses iões só são quebradas á altas
temperaturas ou pela acção de solventes altamente polares. Os sais
carboxílicos dos metais alcalinos são solúveis em água, mas insolúveis em
solventes apolares. A maioria dos outros sais são insolúveis.

Normalmente o grupo C=O não sofre qualquer modificação em presença


de outros reagentes e, por consequência, aparecem intactos nos compostos
resultantes. No entanto, isso determina o comportamento químico dos
148 Lição no 02

ésteres, assim como o dos demais derivados. A reação mais característica


dos ésteres é a hidrólise, que fornece como produtos um álcool e um ácido
carboxílico.

Gorduras e Sabões
Do ponto de vista da nossa existência, os ésteres mais importantes são os
que se encontram nas gorduras e óleos animais e vegetais. Um importante
grupo destes compostos deriva de um álcool apenas, o glicerol –
HOCH2CH(OH)CH2OH – e são por isso chamados glicerídeos.

São triésteres de ácidos graxos (ácidos de elevada massa molecular).


Quando um glicerídeo é tratado com uma base inorgânico, produz-se o
sabão - um sal do ácido graxo.

O sabão ordinário dos nossos dias é uma mistura de sais de sódio de


ácidos graxos. A composição de um sabão e seu método de preparação
pode variar, mas o seu comportamento químico é o mesmo.

Como agente de limpeza: as moléculas do sabão têm uma extremidade


polar (-COO-Na+) e uma extremidade apolar (a longa cadeia carbónica). A
extremidade polar é solúvel em água (porção hidrófila) e a apolar não
(esta porção, hidrófoba, é solúvel em óleo). Normalmente, as gotículas de
óleo em contacto com a água tendem a aglutinar-se, formando uma
camada distinta sobre a água. A presença do sabão altera esta situação.

As extremidades hidrófobas das moléculas do sabão interagem


quimicamente por ligações intermoleculares e dissolvem-se nas gotículas
de óleo, enquanto as extremidades hidrófilas se projectam para o exterior,
na camada de água circundante devido à presença dos grupos iónicos (-
COO-Na+), cada uma das gotículas de óleo fica rodeada de uma atmosfera
iónica.

A repulsão entre essas esferas de carga eléctrica idêntica impede a coesão


das gotículas de óleo e obtém-se assim uma emulsão estável de óleo em
água. Essas esferas formadas são chamadas micelas. O sabão limpa ao
emulsionar a gordura que constitui ou contém a sujeira.

Esquema de acção detergente do sabão:


Lição no 02 149

Aplicações dos ácidos carboxílicos

Os ácidos carboxílicos encontram numerosas aplicações na indústria e no


laboratório, mas sem dúvida os mais representativos são os ácidos fórmico
e acético.

Ácido fórmico: tingimento e acabamento de tecidos, produção de ácido


oxálico e outros produtos orgânicos, desinfetante em medicina e na
produção de bebidas e no fabrico de polímeros.

Ácido acético: na produção de acetato de vinila (plástico PVA), produção


de anidrido acético e cloreto de vinila (importantes em sínteses orgânicas),
fabrico de ésteres (importantes como solventes, em perfumaria e essências
artificiais), na produção de acetato de celulose (fibras têxteis artificiais) e
no fabrico do vinagre.

Os ésteres encontram muitas áreas de aplicação. Dentre seus principais


usos estão: o fortalecimento de polímeros, produção de fibras sintéticas e
plásticas, cardiotónicos, anestésicos e fungicidas (benzoatos), fabrico de
essências artificiais de frutas, como solventes para vernizes, lubrificantes e
na perfumaria.
150 Lição no 02

Auto-avaliação
1. Considere os ácidos carboxílicos abaixo.
I- a) Cl – CH2 – CH2 – COOH b) HOCH2 – CH2 – COOH

Exercícios c) CH3 – CH2 – CH2 – COOH d) I – CH2 – CH2 – COOH

II- COOH COOH COOH


| | |
a) b) c)

| |
NO2 O – CH3
A. Coloque os seguintes grupos (I e II) de ácidos em ordem crescente de
acidez.
B. De nomes aos compostos b).

2. Complete o seguinte esquema:


½ O2 / Cat
C6H5CHO A

3. O que se entende por gorduras (Lípidos)?


Lição no 02 151

Lição no 4
Anidridos e Haletos de Ácidos
carboxilicos
Introdução
Nesta lição abordaremos os compostos derivados dos Ácidos Carboxílicos
– anidridos e haletos de ácidos. Para isso, faremos a caracterização e
identificação estrutural desses derivados. Também trataremos da
nomenclatura e das principais propriedades físicas e químicas dos
derivados.

Para a compreensão desta lição, você deve se recordar e se for necessário


rever os conteúdos sobre os ácidos carboxílicos. E de forma mais
generalizada, é importante que você se lembre das principais propriedades
químicas dos compostos carbonilos. A lição, também, realça as diferenças
estruturais entre estes grupos de compostos, através das quais se pode
interpretar a diferença na aplicabilidade de cada um.

Você precisa dedicar cerca 60 minutos para estudar essa lição.

Ao completar esta lição, você será capaz de:

• Identificar estruturalmente os compostos derivados dos ácidos


carboxílicos (anidridos e haletos);

• Diferenciar os compostos anidridos e haletos de ácidos


Objectivos da licção
carboxílicos;

• Caracterizar os compostos que constituem os anidridos e o


haletos de ácidos carboxílicos;

• Nomear os compostos que pertencem a cada uma dessas séries;

• Identificar as principais reações químicas dos compostos


anidridos e haletos de ácidos carboxílicos.
152 Lição no 02

Como vimos na lição anterior, os ácidos carboxílicos são altamente


reactivos, originando uma série de compostos orgânicos derivados desses
ácidos.

Nesta lição trataremos dos anidridos e haletos desses ácidos.


Destacaremos alguns que se encontram presentes na natureza como
principais poluentes da água de origem biótica (produzido por bacterias) e
abiótica (produzido pelos fnómenos naturais), como são os casos de
clorofórmio e PCBs.

ANIDRIDOS E HALETOS DE ÁCIDOS

Os haletos de acilos são produtos da substituição do grupo hidroxilo por


um halogéneo. Enquanto que os anidridos são formalmente considerados
produtos da condensação de dois ácidos ou da reação de um sal ácido e
cloreto de acilo.
O O
║ ║
R–C–X R1 – C
O
onde X = halogéneo R2 – C
Haleto de acilo ║
O
Anidrido
Na substituição do grupo OH por um halogéneo forma-se haleto de acilo.
Destes os Cloretos de acilo são os mais importantes.

Os anidridos podem também ser considerados derivados dos haletos.


O O
║ ║
R1 – C – X R1 – C
O
+ - NaCl R2 – C
R2 – C – ONa ║
║ O
O Anidrido

Os anidridos podem ser classificados em dois grupos, esta classificação


tem como base os radicais, assim:
- Quando R1 = R2 são designados anidridos normais
- Quando R1 ≠ R2 são designados anidridos mistos
Lição no 02 153

Propriedades físicas

Em geral, todos os haletos de acila têm pontos de ebulição muito baixos.


Os cloretos de ácidos mais simples são líquidos de cheiro forte e irritante,
tóxicos, insolúveis e mais densos que a água.

O anidrido mais simples é o acético - um líquido incolor de cheiro forte e


irritante, pouco solúvel em água, mas solúvel em solventes orgânicos. Os
anidridos de massa molecular elevada se apresentam como sólidos de
baixo ponto de fusão. Por não formarem pontes de hidrogénio, os
anidridos têm pontos de ebulição e solubilidade em água menores que
outros compostos de igual massa molecular, que formam tais ligações.

Nomenclatura dos anidridos e haletos de ácidos

Para haletos de acilo o nome do haleto é formado pelo nome do halogéneo


e o nome do ácido correspondente substituindo o sufixo “óico” por
“ilo(a)”.

Nome do haleto + de + nome do ácido + íla

Exemplos:

Para anidridos o nome é formado pelo prefixo “anidrido”, o nome do


ácido correspondente a uma porção ácida, o sufixo que indica a
quantidade de átomos de carbono do haleto e acrescido da terminação
“oico”.

Anidrido + nome do ácido + sufixo + óico

Exemplo:
154 Lição no 02

Métodos de obtenção

O brometo e o iodeto de acila são muito difíceis de se obter e, por isso,


têm importância prática somente os cloretos de acila. Estes são preparados
a partir dos ácidos correspondentes, por meio de reação destes últimos
com cloretos de fósforo ou com cloreto de tionila.
Os anidridos são preparados principalmente pela desidratação de ácidos
(3) em presença de agentes desidratantes como o P2O5, e pela reação entre
um sal sódico de ácido e um cloreto de ácido (4):
1. CH3 – COOH + PCl5 SE CH3 – COCl + POCl3 + HCl
2. CH3 – COONa + SOCl2 SE CH3 – COCl + SO2 + NaCl
3. R – COOH + HOOC – R R – CO – O – OC – R + H2O
4. R - COONa + ClOC – R R – CO – O – OC – R + NaCl

Propriedades químicas

Analogamente aos demais derivados dos ácidos carboxílicos, os cloretos


de acila e os anidridos reagem principalmente por substituição
nucleofílica. As reações são muito semelhantes àquelas que ocorrem com
os ácidos carboxílicos, onde o grupo OH é protonado e abandona a
estrutura para a entrada de outro grupo básico. No entanto, os cloretos de
acila são muito mais reactivos do que seus respectivos ácidos, visto que o
cloro abandona facilmente a estrutura, sem precisar ser protonado.

Os haletos de acilo são compostos com elevada actividade carbonila.


Haletos Anidridos Ésteres Aminas Nitrilas

Serie de reactividade dos derivados dos ácidos carboxílicos


Lição no 02 155

Nesta série pode-se notar que a reactividade aumenta no sentido dos


haletos, isto é, os haletos são mais reativos que os anidridos e estes mais
que os ésteres. Por sua vez, os ésteres são mais reactivos que as aminas e
estas mais que as nitrilas.

Quando exposto ao ar húmido, o cloreto de acetila exala odor de ácido


acético e vapores brancos de ácido clorídrico, devido à reação:
CH3 – COOCl + H2O CH3 – COOH + HCl

Os haletos são extremamente reactivos por possuírem uma maior


actividade carbonila. Reagem com vários agentes.
1. R – COOCl + R – OH R – COOR + HCl (Éster)

2. R – COOCl + H2O2 R – COO – OH + HCl (Perácido)

3. R – COOCl + NH3 R – CO – NH2 + HCl (Amida)

4. R – COOCl + R’ – COONa R – COO – CO – R’ + HCl


(Anidrido)
5. R – COOCl + C6H6 C6H6 – CO – R + HCl (Cetona)

Os anidridos de ácidos carboxílicos apresentam as mesmas propriedades


químicas dos cloretos de acila, porém, as reações são mais lentas.
Enquanto nas reações dos cloretos de acila um dos produtos é geralmente
o HCl, nas dos anidridos um dos produtos é o próprio ácido que lhe deu
origem.

Uma das reações industrialmente importantes dos anidridos é: Com o


ácido salicílico (síntese da ácido acetil-salicílico - AAS).
156 Lição no 02

Aplicações dos anidridos e dos cloretos de ácidos.

As aplicações mais importantes dos cloretos de ácido são como matéria-


prima para síntese de outros compostos. De entre os anidridos mais
importantes destacam-se o anidrido acético e o anidrido ftálico.

O anidrido acético é usado principalmente em:

Reações de acetilação (síntese de aspirina, acetato de celulose etc.),


produção de filmes fotográficos, fabrico de fibras têxteis.

O anidrido ftálico é usado principalmente em:

Fabrico de resinas e plastificantes e na síntese da fenolftaleína e outros


corantes.

Auto-avaliação
1. Escreva os nomes (IUPAC) dos seguintes compostos:
a) CH3 – COBr b) CH3 - CO – O – CO – CH3
2. Complete as seguintes equações:
Exercícios
a) CH3 – COOCl + NH3 _______________ + HCl
b) CH3 – COOCl + CH3 – COONa ________ + ______

3. Diga justificando, com um exemplo, porque os anidridos são


compostos mais reativos que os ésteres.
Lição no 02 157

Resumo
158 Lição no 02

Compostos orgânicos que apresentam na sua estrutura um átomo de oxigénio


(grupo funcional) ligado a um ou mais átomos de carbono são designados
compostos orgânicos oxigenados – fazem parte deste grupo de compostos os
Álcoois, Fenóis e Éteres (ligações simples com oxigénio), Aldeídos e Cetonas
Resumo (ligação dupla com oxigénio) e, Ácidos Carboxílicos e Esteres (três ligações
com dois átomos de Oxigénio). Os compostos hidroxilados são formalmente
considerados derivados da água pela substituição de um átomo de hidrogénio
por um grupo alquilico ou arilo, formando respectivamente os Álcoois e
Fenóis.
Os álcoois apresentarem propriedades ácidas, essas não são muito acentuadas
tem pKa>16, isto faz deles ácidos mais fracos que a água e assim as reações
desses não podem ocorrer no meio aquoso, enquanto que os fenóis são ácidos
mais fortes que a água, porque o ião que se forma quando cede um protão é
estabilizado pela mesomeria de anel, por isso podem ser obtidos em meio
aquoso. A ordem relativa de acidez dos álcoois e fenóis é influenciada pelos
efeitos electrónicos.
Os Álcoois e Fenóis pela sua disposição são substâncias anfotéricas reagindo
como base através, dos pares livres de electrões de Oxigénio e como ácidos
formando Alcoolatos. Por sua vez, os éteres são pouco reactivos, em virtude
da grande estabilidade das ligações C-O-C. No entanto, os éteres são
altamente inflamáveis, exigindo cuidado na sua manipulação.
Compostos carbonilos são são caracterizados por apresentarem o grupo
carbonilo que lhes confere uma considerável polaridade, e por isso, possuem
pontos de ebulição mais altos que outros compostos de peso molecular
comparável. No entanto, não se formam pontes de hidrogénio intermolecular,
visto que eles contêm apenas hidrogénio ligado a carbono. Por causa dessa
polaridade, estes compostos são bastante reactivos, pese embora as cetonas
serem menos reactivas que os aldeídos. Outro factor que influenciam a
reactividade desses compostos é a intensidade da polaridade entre carbono e o
oxigénio.
Os ácidos carboxílicos são caracterizados por apresentar o grupo funcional
que pode ser considerado um somatório de um grupo carbonilo e um
hidroxilo. Este grupo carbonilo pode formar derivados, pela substituição do
grupo hidroxilo por heteroátomos (Cl, NH2 e outros).
Os ácidos e seus derivados nunca aparecem livres na natureza, mas em forma
de sais ácidos. Comparando-se um ácido carboxílico e um álcool, ambos com
o mesmo número de carbonos, o ácido terá maior ponto de ebulição, devido à
formação de duas pontes de hidrogénio e não apenas uma, como no álcool.
A presença de um grupo carbonilo (C=O) confere aos ésteres um carácter
polar. Por não formarem pontes de hidrogénio, os ésteres têm pontos de
ebulição menores que os dos alcoóis e ácidos de igual massa molecular. Pelo
mesmo motivo, são insolúveis em água.
Lição no 02 159

Os ácidos carboxílicos possuem carácter ácido devido à sua ionização


em água. Essa força ácida pode ser maior ou menor dependendo do tipo
de efeito indutivo causado pelo grupo que se encontra ligado ao grupo
carboxilico. Embora muito mais fraco que os ácidos inorgânicos fortes
Resumo (sulfúrico, nítrico, clorídrico), os ácidos carboxílicos podem reagir
completamente com hidróxidos, produzindo os respectivos sais.
Os haletos de acilos são produtos da substituição do grupo hidroxilo por
um halogéneo. Enquanto que os anidridos são formalmente considerados
produtos da condensação de dois ácidos ou da reação de um sal ácido e
cloreto de acilo. Os anidridos podem também ser considerados derivados
dos haletos.
Os derivados dos ácidos carboxílicos reagem principalmente por
substituição nucleofílica. As reações são muito semelhantes àquelas que
ocorrem com os ácidos carboxílicos, onde o grupo OH é protonado e
abandona a estrutura para a entrada de outro grupo básico. No entanto, os
cloretos de acila são muito mais reactivos do que seus respectivos ácidos,
visto que o cloro abandona facilmente a estrutura, sem precisar ser
protonado. Os haletos de acilo são compostos com elevada actividade
carbonila.

Respostas dos exercícios


Lição 1

1. R: a) –OH b) HO – CH2 – CH2 – CH2 – CH2 – OH

–OH
c) Br – –OH d)

2. R: Os alcoóis podem formar pontes de hidrogénio pelo facto destes


possuírem uma estrutura plana que lhes proporciona a existência de pontes
de hidrogénio criando associações de dímeros e ligações dipolos, este facto
é causado pela diferença de polaridade causado pelo grupo hidroxilo dos
álcoois. Os hidrocarbonetos pelo facto de não possuírem grupos em que os
átomos apresentam polaridade, estes não estão predispotos a formar pontes
de hidrogénio.

HCl NaOH H2SO4(coc)


3. R: a) CH2=CH2 CH3–CH2Cl CH3–CH2OH CH2=CH2
160 Lição no 02

Lição 2 O

1. R: a) CH3 – CH2 – CH – CHO b) CH3 – C – CH – CH3
| |
CH3 CH3
O

c) CH3 – CH2 – C – CH – CH3 – CH3 d) —CHO

2. R: a) Aldeído b) Cetona c) Não sofrem oxidação


d) Ácidos carboxílicos e) Não sofrem oxidação

3. R: alternativa correcta c)

4. R: alternativa correcta a)

Lição 3
1. R: A: I. d) > a) > b) > c) II. b) > a) > c)
B: I. Ácido-3-Hidroxipronoico II. Ácido-4-nitro benzóico

2. R:
½ O2 / Cat
C6H5CHO C6H5COOH

3. R: Gorduras são ésteres de glicerol com ácidos carboxílicos de elevado


peso molecular (ácidos graxos).

Lição 4
1. Escreva os nomes (IUPAC) dos seguintes compostos:
a) Brometo de etanoila
b) Anidrido acético (anidrido do ácido ácetico)
2. Complete as seguintes equações:
a) CH3 – COOCl + NH3 CH3 – CO – NH2 + HCl

b) CH3–COOCl + CH3–COONa CH3–COO–CO–CH3 + HCl


3. Os haletos são mais reactivos que os ésteres pelo facto de apresentarem
um halogênio que facilmente se despreende da ligação com carbono que o
radical alquil ligado ao carbono carbonilo e isso possibilita que o o grupo
substituinte, seja mais fortemente atraído pelo carbono, que tem carácter
positivo, e a substituição é mais fácil.
Lição no 02 161

MAHAN; B. H. Química. Um Curso Universitário. 2a edição. Editora


Edgard Bücher. São Paulo, 1972.
MORISON R. e BOYD. Química Orgânica. 7a edição; F.C.
Leitura complementar Guldbenkian. Lisboa, 1998.
RUSSEL, John B. et all. Química Geral. Volume I e II. 2a Edição.
Editora Markron Books. São Paulo, 1994.
SOLOMONS, T.W. Gralham. Química Orgânica –1, 2 e 3; L.T.C.
editora. São Paulo, 1994.
162 Unidade n 04

Unidade n° 04
Compostos Nitrogenados
Introdução
Nesta unidade, trataremos alguns dos principais compostos orgânicos
nitrogenados, isto é, compostos que apresentam átomos de nitrogénio,
enfatizando as suas fórmulas gerais (a partir das quais se podem obter
informações qualitativas e quantitativas sobre os constituientes das
respectivas séries homólogas) os grupos funcionais (a partir dos quais se
pode identificar as propriedades cada uma das série) e as principais
características dos compostos orgânicos que constituem uma determinada
função orgânica.

Nela faremos uma ligação desse grupo de compostos com os sistemas


vivos, uma vez que neste grupo de compostos orgânicos encontramos
compostos como os aminoácidos, proteínas que são largamente estudados
na composição dos seres vivos.

Assim, nesta unidade trataremos dos compostos orgânicos nitrogenados,


das aminas e amidas, e dos aminoácidos, suas características propriedades
e aplicações.

Os compostos nitrogenados constituem uma das classes mais importantes


dos compostos orgânicos. Entre os compostos orgânicos naturais
nitrogenados destacam-se as proteínas, os alcalóides e a maioria das
vitaminas e hormonas, para além dos vários tipos de compostos de origem
sintética que constituem os polímeros, explosivos, corantes e
medicamentos.

Os átomos de nitrogénio nestes compostos se encontram em diferentes


estados de substituição e oxidação e podem constituir um grupo funcional
ou fazerem parte de um heterociclo.

Nesta unidade aborda-se a química dos compostos orgânicos nitrogenados


mais simples.
Unidade n 04 163

Ao completar esta unidade, você será capaz de:

• Identificar os principais grupos de compostos orgânicos


nitrogenados;

• Identificar as fórmulas gerais ou os grupos funcionais de cada


Objectivos
série que constitui os compostos orgânicos nitrogenados;

• Identificar as principais características de cada uma das séries dos


compostos orgânicos nitrogenados;

• Enumerar os constituintes básicos de cada uma dessas séries


homólogas.
164 Unidade n 04

Lição no 1
Compostos orgânicos de
Nitrogénio
Introdução
Nesta lição daremos continuidade ao conteúdo introduzido na unidade
anterior, dando ênfase a classificação dos compostos orgânicos
nitrogenados, bem como a diferença existente entre eles. Também
abordaremos com particularidades os nitrocompostos como um dos
principais grupos que constitui a família destes compostos orgânicos.

Neste sentido, analisaremos as propriedades físicas e químicas, sua


fórmula geral (a partir da qual se irá obter todos os compostos da
respectiva série homóloga). Esta lição, também, aborda as principais
características dos compostos que constituem essa família. A partir das
estruturas dos compostos faremos as respectivas relações com as
principais aplicações desses compostos.

Você necessita dedicar 60 minutos para o estudo desta lição.

Ao completar esta lição, você será capaz de:

• Classificar os compostos orgânicos de nitrogénio;

• Identificar estruturalmente os vários grupos de compostos


orgânicos de nitrogénio;
Objectivos da lição
• Caracterizar cada uma das classes que constituem os compostos
orgânicos de nitrogenio;

• Nomear os diferentes compostos que pertencem a cada uma das


séries dos compostos orgânicos de nitrogénio;

• Representar estruturalmente os compostos orgânicos de


nitrogénio;

• Identificar as principais reacções químicas dos compostos


orgânicos de nitrogénio.
Unidade n 04 165

Em classes anteriores você estudou a composição química do ar,


destacando a presença de nitrogénio na atmosfera como o principal
componente. Para inicaiarmos esta unidade reveja o conceito de ciclo
biogeoquímico de nirogénio.
Neste ciclo, irá notar que o nirogénio pode ser encontrado na natureza em
diversas formas (orgânicas e inorgânicas). Nesta lição dedicaremos o
estudo dos compostos orgânicos de nitrogénio.

Compostos orgânicos de nitrogénio


São compostos que podem ser formalmente considerados derivados dos
hidrocarbonetos pela substituição de um átomo de hidrogénio por radicais
(alquil ou aril).

Fórmulas gerais
Tabela 10: Séries Homologas e Fórmulas gerais

Série Formula regal


Aminas R – NH2
Nitrocompostos R – NO2
Nitrosocompostos R – NO
Hidroxilaminas R – NH – OH
Hidrazinas R – NH2 – NH2
Azocompostos R – N = N – R’
Diazocompostos R – N2
Amidas R – CONHR’

Classificação

Os compostos orgânicos de nitrogénio podem ser classificados tendo em


conta o número de ligações entre o átomo de nitrogénio e átomos de
carbono ou o tipo de átomo de carbono onde se encontra inserido o grupo
nitro. Assim, tem-se;
166 Unidade n 04

Primários – Quando um átomo de carbono primário esta ligado ao átomo


de nitrogénio.
Exemplo:
R – CH2 – NO2 - Nitrocomposto primário
R – CH2 – NH2 - Amina primaria

Secundários – Quando o átomo de nitrogénio está ligado a dois átomos de


carbono (para aminas) ou quando o átomo de nitrogénio está ligado a um
carbono secundário (por exemplo em nitrocompostos).
Exemplo:
R – NH – R’ - Amina secundária
R – CH – NO2 - Nitrocomposto secundário
|
R’
Terciários – Quando o átomo de nitrogénio está ligado a três átomos de
carbono (para aminas) ou quando o átomo de nitrogénio esta ligado a um
carbono terciário (por exemplo em nitrocompostos).
Exemplo:
R”
|
R – N – R’ - Amina terciária

R”
|
R – C – NO2 - Nitrocomposto terciário
|
R’

Nomenclatura orgânicos de nitrogénio


Nomenclatura substitutiva

Usam-se os prefixos nitro, nitroso, hidroxilamina ou hidrazina e o nome


do resto orgânico.
Alguns Exemplos:
—NO2
(CH3)2 – C – NO

Nitrobenzeno 2-Nitroso-2-metilpropano

— NH – OH — NH – CH3

Hidroxilamino benzeno Metilaminociclihexano


Unidade n 04 167

H2N – NH – CH2 – COOH CH3 – NH2

Ácido hidrazinoacético Aminometano

Nomeclatura Radicofuncional
O nome é definido começando pelo radical e termina pela função. Esta
nomenclatura é frequentemente usada para aminas, hidoxaminas e
hidrazinas.
Exemplos:
CH3 – CH2 – NH2 — N(CH3)2
Etilamina
Dimetilfenilamina

— NH – OH — NH – NH2

N-fenilhidroxilamina N-fenilhidrazina

CH3 – O – NH2
O-metilhidroxilamina

Nomeclatura trivial
É uma nomenclatura bastante usada para as aminas.

—NH2 —NH2 —NH2


— CH3 — OCH3

Anelina O-Toluidina O-anisidina

NH2— — — NH2

- Benzidina

Iniciaremos o estudo dos compostos do nitrogénio pelos nitrocompostos.


Na lição seguinte estudaremos o principla grupo de compostos orgânico
de nitrogénio (Aminas e Amidas).
168 Unidade n 04

Nitrocompostos
São caracterizados por possuir um grupo nitro ligado a um resto orgânico.
R – NO2 onde; R – pode ser um radical alquil ou aril
Exemplos:
CH3 – CH2 – NO2 —NO2
Radical alquil Radical aril

Propriedades físicas

Os nitrocompostos são isómeros dos nitritos. A diferença é que nos


primeiros, o nitrogénio está ligado directamente à cadeia carbónica (R–
NO2), enquanto que, no nitritos, a ligação do nitrogénio à cadeia carbónica
é feita através de um átomo de oxigénio (R - O - N=O). Os nitroalcanos
são líquidos incolores, densos, de cheiro agradável, não venenosos e
insolúveis em água. São substâncias muito polares de modo que seus
pontos de fusão e ebulição e a densidade são bem superiores aos dos
nitritos isómeros.
Exemplo:
Nitrocomposto e Nitritos Diferença dos PE
H3C-NO2 102o C
H3C-O-N=O -12o C

O nitrobenzeno é um líquido amarelado, insolúvel e mais denso que a


água, venenoso e bom solvente para substâncias orgânicas. Os
nitrotoluenos também são líquidos.

Métodos de obtenção

Os nitrocompostos geralmente são preparados pela reação com ácido


nítrico. Essa reação é chamada nitração:

• Para alifáticos: Nitração de alcanos

400-500o C
CH4 + HNO3 CH3 – NO2
- H 2O
Unidade n 04 169

• Para aromáticos: Nitração do benzeno (ou derivados)

H2SO4 —NO2 + HNO3/H2SO4 —NO2


+ HNO3
- H2O - H2O |
NO2
m-dimetil benzeno
+ -
(HNO3 + 2 H2SO4 NO2 + 2 HSO4 + H2O)

• Substituição nos Haletos


R – Cl + NaNO2 R – NO2 e R – O – NO
- NaCl
Nitroalcano Alquilnitrito

Os produtos são separados por destilação. Os nitroalcanos tem PE 10 vezes


mais altos que os alquilnitritos.

• Produção do Nitrometano no laboratório


+ NaNO2
Cl–CH2–COONa O2N–CH2–COONa + H2O CH3 – NO2
- NaCl - NaHCO3

Propriedades químicas dos nitrocompostos

O grupo NO2 gera um forte efeito desactivador do anel aromático,


facilitando as substituições electrofílicas preferencialmente na posição
meta (ou 1,3).
Veja a seguir as possíveis estruturas de ressonância para o nitrobenzeno:

Note que as posições “orto” e “para” possuem baixa densidade


electrónica, pois ficam constantemente destituídos de electrões. Assim, o
composto sofrerá facilmente ataques electrófilicos na posição “meta”.
Porém, se o primeiro radical (NO2) diminui a densidade electrónica do
anel, ele é um grupo desactivador, e diminui a reactividade do composto.

Os nitroalcanos têm um carácter ácido, embora não acentuado,


proveniente do equilíbrio abaixo:
170 Unidade n 04

Devido ao efeito mesomérico o grupo nitro é relativamente pouco


reactivo.
1. Reação de aminas aromáticas
— NO2 —NO — NH–OH
+ H+ + H+
- H 2O
Nitrobenzeno N-fenilhidroxilamina

— NH2 + H+ —NH–OH + H+ —NH2


- H 2O
HO—
Anilina P-amino fenol

—NO + —NH–OH —+NO-=N—


- H 2O Azobenzeno
+
+ 2H - H2O

—NO + —NH2 —N=N—


- H 2O Azobenzeno
+
+ 2H

—NH2 + —NH–OH —NH=NH—


- H 2O Hidrazobenzeno

Aplicações dos nitrocompostos


Os nitroalcanos são usados como solventes e como intermediários na
produção de outros compostos orgânicos. Pelo facto de ter um odor
agradável (lembra amêndoas amargas) o nitrobenzeno é utilizado na
fabricação de perfumes baratos.

O trinitro-tolueno, mais conhecido como TNT, é um dos explosivos mais


utilizados no mundo.

Os mono-nitrocompostos aromáticos (nitrobenzenos, nitrotoluenos,


nitroxilenos) são importantes para a obtenção de aminas aromáticas,
usadas na produção de corantes orgânicos.
Unidade n 04 171

O 2,4,6-trinitrofenol (ácido pícrico) além de ser utilizado no fabrico de


explosivos (como o picrato de sódio), é usado como germicida e no
fabrico de medicamentos (Picrato de butesina, usado em queimaduras).

Auto-avaliação
1. Represente as fórmulas estruturais dos seguintes compostos:
a) Nitrometano b) p-Cloronitrobenzeno

2. Esclareça com base na estrutura, total igualdade da ligaçao dos átomos


Exercícios de oxigénio do grupo nitro ao nitrogénio.

3. Complete os seguintes esquemas de reações:


HNO2/ H+ (100 ºC)
a) CH3  NH2 A B

CH3

KMnO4 SOCl2 HO – (CH2)2 – N (CH3)2 x


A B C

NO2 O

H2N C – O – (CH2)2 – N (CH3)2
172 Unidade n 04

Lição no 02
Aminas e Amidas
Introdução
Nesta lição estudará a natureza, caracterização e identificação estrutural
dos compostos orgânicos de nitrogénio com elevada importância
fisiológica; as aminas e amidas. Estes compostos orgânicos apresentam
átomos de nitrogénio, mas concretamente compostos que possuem o grupo
amina ligado a um radical alquil e derivado dos ácidos carboxilicos,
respectivamente. Nela faremos a caracterização e identificação estrutural
dos compostos que constituem essas séries. Também trataremos da
nomenclatura e das principais propriedades físicas e químicas.

Você precisa dedicar cerca de 90 minutos para aprendizagem desta lição.

Ao completar esta lição, você será capaz de:

• Identificar estruturalmente os compostos que constituem as séries


das amidas e aminas;

• Diferenciar os compostos que constituem a série das aminas dos


Objectivos da licção
que constituem a série das amidas;

• Caracterizar os compostos das séries das aminas e amidas;

• Nomear os compostos de cada uma dessas séries (aminas e


amidas);

• Identificar as principais reações químicas de cada uma dessas


séries.

Esta lição será dedicada ao estudo de um grupo de compostos orgânicos


de nitrogénio que abundam na natureza, principalmente em organismos
vivos. Nela, iniciaremos o estudo das aminas e seguidamente as amidas.
Unidade n 04 173

Aminas. O que são?


São formalmente considerados derivados alquilicos ou arilicos de
amoníaco, por substituição de um ou mais átomos de hidrogénio por
radicais.

Fórmula geral: R – NH2 ;


Os átomos de hidrogénio podem ser total ou parcialmente substituídos
originando três séries distintas de compostos.

Assim, as aminas são classificadas em três tipos, a saber:

• Aminas primária - Apenas um dos hidrogénios do NH3 é


substituído por radical.

• Aminas secundária - Dois dos hidrogénios do NH3 são substituídos


por radicais.

• Aminas terciária - Os três hidrogénios do NH3 são substituídos por


radicais.

Propriedades físicas

A metilamina (também a dimetil e trimetilamina) e a etilamina são gases;


os seguintes, até a dodecilamina, são líquidos, e os restantes são sólidos. A
metilamina e etilamina têm cheiro forte, semelhante a do amónio e as
aminas alquílicas maiores têm nitidamente um "cheiro de peixe".

As aminas aromáticas são geralmente muito tóxicas e facilmente


absorvidas pela pele, tendo muitas vezes consequências mortais.

A polaridade das aminas decresce com o aumento dos restos alquilicos, no


sentido primário - secundária - terciária (as aminas terciárias não formam
pontes de hidrogénio). Consequentemente, os pontos de ebulição
decrescem no mesmo sentido. As aminas mais baixas são perfeitamente
solúveis em água, a partir das aminas com seis átomos de carbono a
solubilidade em água decresce, porém solúveis em solventes menos
polares (éter, álcool, benzeno etc.).
174 Unidade n 04

Nomenclatura das aminas


As aminas são nomeadas, tendo em conta os radicais correspondentes
(alquil ou aril) e acrescido o sufixo “amina”.

Nome do radical (ais) + sufico “amina”

Exemplos

Nota: Compostos como: HN=CHCH2 são designados iminas. Eles


possuem um átomo de nitrogénio ligado a um carbono por dupla ligação.

Métodos de obtenção

As aminas podem ser preparadas por vários métodos. Dentre eles


destacam-se:

1. Alquilação da amónia (Reação de Hoffmann) – quando se faz reagir


um haleto (RX) com NH3 obtém-se uma amina primária, que pode ser
novamente alquilada, gerando uma amina secundária, e esta, por sua vez,
uma terciária. R”

- R–X - R”–X
|
R’– X + NH3 - HCl R’– NH2 R’– NH – R R’– N – R
- HCl - HCl
Amina Amina Amina
primária secundaria terciária

2. Redução de compostos nitrogenados - muitos compostos


nitrogenados (nitrilos, isonitrilios, oximas, amidas, hidrazonas, nitro-
compostos etc.) podem ser reduzidos por hidreto, produzindo aminas.

2 Zn/HCl
R – NO2 R – NH2

3 H2SO4
4 C6H5 – NO2 + 3 Fe + 4 H2O 4 C6H5 – NH2 + FeSO4
Unidade n 04 175

3. Hidrogenação de nitrocompostos

2 H2 (Ni)/200oC
R–C≡N R – CH2 – NH2

Propriedades químicas das aminas

As aminas têm carácter básico, semelhante ao da amónia, e por isso as


aminas são consideradas bases orgânicas. Esse carácter básico pode ser
maior ou menor dependendo dos grupos ligados ao grupo amino.

NH3 R – NH2 R2 – NH R3 – N

Ex: NH3 CH3 – NH2 (CH3)2 – NH (CH3)3 – N


pKb: 4,74 3,36 3,23 4,20

Carácter básico crescente

Comparando-se uma amina primária com a secundária de mesmo número


de carbonos o carácter básico aumenta, devido ao aumento do efeito
indutivo +I causado pelos grupos alquila. No entanto, a amina terciária
tem menor basicidade, devido ao impedimento estérico causado pelos
substituintes e dificuldade de aproximação do agente electrófilico ao
nitrogénio.

Esta anomalia na sequência de basicidade acontece em soluções aquosas,


devido ao facto das aminas poderem formar pontes de hidrogénio com
água.

As aminas aromáticas quando comparadas com as aminas alifaticas


mostram um carácter básico mais fraco, devido ao efeito da ressonância,
que diminui a densidade electrónica no nitrogénio. O grupo amino exerce
um efeito + M.

Portando são aceitadores de electrões, como o anel e outros restos


orgânicos diminuem a basicidade das aminas.
176 Unidade n 04

NH2 + + +
NH2 NH2 NH2 NH2

As reações características das aminas são genericamente iniciadas por um


ataque nucleofílico do átomo de nitrogénio das aminas (que tem um par
electrónico disponível) `a um electrófilo (que pode ser um carbono
polarizado).

1. Reação de Aminas com ácidos diluídos (formação de sais solúveis)

R – NH2 + H3O+ R – NH3+ + H2O

R – NH2 + H2O [R – NH3+] + OH-


R – NH2 + H3O+ [R – NH3+] + Cl-

2. Reação de adição (Reação de Schotten-Bauman)


O H O
║ | ║
R – NH2 + Cl – C – R R – N – C – R + [R – NH3+]Cl-

3. Solfonação

R – NH2 + C6H5 – SO2 – Cl R–NH–SO2–C6H5 + R – NH3+

R2 –NH + C6H5– SO2–Cl R2–N–SO2–C6H5 + [R2 – NH2+] Cl-

R3 –N + C6H5– SO2–Cl Não reage

Amidas
São formalmente consideradas derivados dos ácidos carboxilicos pela
substituição do grupo OH do ácido por um grupo NH2, NHR ou NR2.
O

Fórmula geral: R – C – NH2

As amidas são classificadas em três tipos quanto à substituição dos átomos


de hidrogénio no nitrogénio:

• Amidas Simples - É do tipo R-CONH2, ou seja, não há substituições


no nitrogênio, além do grupo acila.
Unidade n 04 177

• Amidas N - substituída - É do tipo R-CONHR, ou seja, um dos


hidrogénios do NH2 foi substituído por um radical.

• Amidas N, N - dissubstituída - É do tipo R-CONRR', ou seja, os


dois hidrogénios do NH2 foram substituídos por radicais.

Também podem ser classificadas quanto ao número de grupos acila


ligados ao nitrogénio:

• Amidas primárias - É do tipo (R-CO)NH2, ou seja, há somente um


grupo acila ligado ao nitrogénio.

• Amidas secundárias - É do tipo (R-CO)2NH, ou seja, há dois grupos


acila ligados ao nitrogênio.

• Amidas terciárias - É do tipo (R-CO)3N, ou seja, há três grupos


acila ligados ao nitrogénio.

Propriedades físicas

As amidas primárias têm pontos de ebulição muito superiores aos dos


ácidos correspondentes, apesar da massa molecular ser aproximadamente
igual. Isso se deve à formação de maior número de pontes de hidrogénio e
formação de "moléculas dímeras".

Pode-se provar esse fato, substituindo os hidrogênios do grupo amino por


radicais CH3. Verifica-se que os pontos de fusão e ebulição diminuem,
apesar do aumento da massa molecular:

Tabela 11: Pontos de fusão e ebuliçao de certas amidas

Estrutura da amida PF (oC) PE (oC)

H3C-CO-NH2 81 222

H3C-CO-NH(CH3) 28 206

H3C-CO-N(CH3)2 06 166

Nomenclatura das amidas

Prefixo + sufixo + amida


Nota: As amidas secundárias e cíclicas são chamadas imidas.
178 Unidade n 04

Exemplos:

Métodos de obtenção das amidas

As amidas normalmente não ocorrem na natureza, e são preparadas em


laboratório e podem ser preparadas principalmente por:

1. Reação de haletos de acilo, anidridos ou ésteres com aminas ou


aminoácidos.

—COCl —NH2 —CO–NH—


+ - HCl

2. Aquceimento de sais de amónio dos ácidos carboxilicos (Aquecimento -


desidratação de sais de amónio)

∆/to
R – COONH4 R – CONH2 + H2O

3. Hidratação de nitrilas (catalisada por H2SO4):


R – CN + H2O R – CONH2

4. Reação do monóxido de carbono com amoníaco (Caso especial de


obtenção de formaamida)

Pt
CO + NH3 H – CO – NH2
Unidade n 04 179

Propriedades químicas das amidas

A presença do grupo C=O confere às amidas um carácter polar.


Normalmente o grupo C=O não sofre qualquer modificação permanente
no decorrer da maioria das reações, e por consequência, aparecem intactos
nos compostos resultantes. A sua presença, no entanto, determina o
comportamento químico das amidas, assim como o dos demais derivados
dos ácidos carboxílicos.
O

R – C – NH2 - tem um efeito + M

Devido ao efeito mesomérico são compostos pouco reactivos, contudo os


compostos por estes formados são muito reactivos.

Assim, as amidas quando aquecidas com substâncias higroscópicas


formam nitrilas, por destilação.

+ H2O - P2O5

R – CO – OH - NH3
R – CO – NH2 - H2O
R–C≡N

Aplicações das aminas e amidas

As aminas são empregues no preparo de vários produtos sintéticos e como


aceleradores no processo de vulcanização da borracha. A etanolamina
(HO-CH2-CH2-NH2) é usada como tensoativo, isto é, para mudar a tensão
superficial de soluções aquosas.

As aminas aromáticas são muito usadas na produção de corantes orgânicos


(ex: anilina) na síntese da acetanilida e na sintese de medicamentos.

As amidas por seu turno encontram aplicação em muitas sínteses ou como


intermediários industriais na preparação de medicamentos e outros
derivados. Por exemplo o nylon é uma poliamida muito importante entre
os polímeros.

A ureia, de fórmula CO(NH2)2, é uma amida do ácido carbónico,


encontrada como produto final do metabolismo dos animais superiores, e
eliminada pela urina. A amida do ácido sulfanílico (sulfanilamida) e
outras amidas substituídas relacionadas com ela, têm considerável
importância terapêutica e são conhecidas como sulfamidas.
180 Unidade n 04

Auto-avaliação
1. Classifique as aminas quanto à estrutura.

2. Ordene segundo a basicidade crescente os seguintes grupos de


Exercícios compostos:

a) Amoníaco, Dietilamina, Anilina,

3. Pertence à classe das aminas primárias o composto que se obtém pela


substituição de:

a) Um dos átomos de hidrogénio do NH3 por um radical alquila

b) Um dos átomos de hidrogénio do NH3 por um radical acila

c) Um dos átomos de hidrogénio do NH3 por dois radicais arila

d) Três átomos de Hidrogénio do NH3 por um radical alquilidina

4. Um composto que apresenta um radical alquila e o grupo amino ligado


ao átomo de carbono da carbonila pertence à função:

a) Cetona

b) Amida

c) Aminoácido

d) Amina
Unidade n 04 181

Os compostos orgânicos nitrogenados são moléculas orgânicas que


apresentam em sua constituição o heteroátomo nitrogênio. Os principais
grupos de compostos orgânicos de nitrogênio são: aminas, amidas,
nitrocompostos, nitrosocompostos, hidroxilaminas, hidrazinas,
Resumo
azocompostos e diazocompostos.

Os compostos orgânicos de nitrogénio encontram se em abundância na


natureza, nas mais diversas formas, que pode ser resumido no ciclo
biogeoquímico do nitrogênio. Os compostos nitrogenados constituem a
classe mais importantes, no sentido fisiológico, dos compostos orgânicos.
Na natureza podem-se destacar pelo facto de constituirem a base
estrutural e funcional dos seres vivos, entre elas, as proteínas, os
alcalóides e a maioria das vitaminas e hormonas.

Estes também constituem a base de várias sínteses industriais, sendo


largamente aplicados para a produção de polímeros, explosivos, corantes
e medicamentos.

Os compostos orgânicos de nitrogénio são caracterizados por sofrerem


reações de substituição (certos grupos preferencialmente ataques
electrofílicos e outros preferencialmente ataques nucleofílico, ou ainda os
dois ataques sequenciados).

Um destaque aos aminoácidos deve ser dado quando se fala de


compostos orgânicos de nitrogénio. Os aminoácidos são compostos
bifuncionais que apresentam uma função ácida, devido à presença do
grupo carboxílico, e uma função básica, originada pela presença do grupo
amino. Embora os AA apresentem duas funções, uma ácida e outra
básica, devido a presença dos grupos carboxílicos e amino na sua
estrutura, na realidade estes compostos encontram-se em forma de iões
bipolares, e não na forma não ionizada. Deste modo, os AA apresentam
uma estrutura salina (de um sal interno) dipolar.
182 Unidade n 04

Respostas dos exercícios


Lição 1

1. Desenhe as fórmulas estruturais dos seguintes compostos:


a) CH3 – NO2
b) NO2– –Cl

2. O
N
O

3. Complete os seguintes esquemas de reações:


HNO2/ H+ (100 ºC)
a) CH3  NH2 A B

CH3

KMnO4 SOCl2 HO – (CH2)2 – N (CH3)2 x


A B C

NO2 O

H2N C – O – (CH2)2 – N (CH3)2

Licao 2
1. Classificação das aminas quanto a estrutura: Aminas primárias,
Aminas secundárias e Aminas terceárias.

2. Ordene crescente de basicidade:


a) Anilina < Dietilamina <Amoníaco
3. Alternativa corecta a)
4. Alternativa correcta b)
Unidade n 04 183

AICHINGER-MANGE. Química Básica-3 ”Orgânica”. E.P.U. São


Paulo, 1992
MAHAN; B. H. Química. Um Curso Universitário. 2a edição. Editora
Leitura complementar Edgard Bücher. São Paulo, 1972.
RUSSEL, John B. et all. Química Geral. Volume I e II. 2a Edição.
Editora Markron Books. São Paulo, 1994.
MORISON R. e BOYD. Química Orgânica. 7a edição; F.C.
Guldbenkian. Lisboa, 1998.
SOLOMONS, T.W. Gralham. Química Orgânica –1, 2 e 3; L.T.C.
editora. São Paulo, 1994.
RUSSEL, John B. et all. Química Geral. Volume I e II. 2a Edição;
editora Markron Books. São Paulo, 1994.

Término do módulo
Caro estudante, chegou ao fim do módulo de Química orgânica I. Neste
módulo você teve a possibilidade de aprender os conteúdos iniciais da
Química orgânica, destacando-se os principais fundamentos, historial e
relações estruturais dos diferentes grupos de compostos orgânicos e suas
reacções características. Você viu, ainda, os processos que estão por
detrás dos diversos processos químicos do dia-a-dia bem como os
industriais.
O conteúdo estudado nesse módulo serve de fundamento para o
entendimento de conteúdos de várias outras discplinas futuras como são
os casos da Química Técnica, Orgânica II, Macromolecular, Química
Física II e Bioquímica.
Assim, esperamos que você esteja em condições de diferenciar os
compostos orgânicos tendo em conta a relação estrutura/propriedades,
diferenciar os compostos orgânicos dos inorgânicos, explicar os
processos de síntese de substâncias orgânicas através dos mecanismos de
reação e ser capaz de explicar a importância económica, industrial prática
e quotidiana dos compostos orgânicos.
Vale recordar que a química dos compostos de carbono é fascinante, se
nos apercebermos que todos os seres vivos (plantas e animais)
apresentam na sua constituição básica os elementos carbono e hidrogénio,
na forma de compostos orgânicos. Podemos encontar ainda na natureza
os compostos orgânicos na forma de carvão, gás e petróleo bruto.
184 Unidade n 04

AICHINGER-MANGE. Química Básica-3 ”Orgânica”. E.P.U. São


Paulo, 1992

CHANG, Raimund. Química. 5a Edição. Editora Mc Graw-hill. Lisboa,


1994.

MAHAN; B. H. Química. Um Curso Universitário. 2a edição. Editora


Edgard Bücher. São Paulo, 1972.
Bibliografia
MORISON R. e BOYD. Química Orgânica. 7a edição; F.C.
Guldbenkian. Lisboa, 1998.

REGER, Daniel et all.Química. Princípios e Aplicações. Fundação


Caloust Gubbenkian. Lisboa, 1997.

RUSSEL, John B. et all. Química Geral. Volume I e II. 2a Edição.


Editora Markron Books. São Paulo, 1994.

SARDELLA, A. e LEMBO, A. Química. Volume 3. São Paulo, 1999.

SIMÕES, José et all. Guia do Laboratório de Química e Bioquímica.


Lisboa, 2000.

SOLOMONS, T.W. Gralham. Química Orgânica –1, 2 e 3. 4a Edição.


L.T.C. Editora. São Paulo, 1994.

PERUZZO, F. M. & CANTO, E. Química na Abordagem do Cotidiano.


Volume 2 – Moderna. São Paulo, 1998.

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