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ANÁLISE DO FABIO GRANER | AGOSTO.

2023

Offshores: Nova proposta


tem 19 alterações, como
regra de “renda passiva” e
câmbio para atualização
de patrimônio
©2023 JOTA Jornalismo

A proposta de taxação das offshores incorporada ao texto da MP do


salário mínimo teve 19 alterações em relação à proposta original,
segundo disse ao JOTA o diretor da secretaria extraordinária de
reforma tributária do ministério da Fazenda, Daniel Loria. As
mudanças foram sugeridas pela própria pasta, após uma série de
reuniões e consultas à sociedade durante a tramitação da MP 1171,
que corrige a tabela do IR e introduz a taxação das empresas
sediadas no exterior.

Loria disse que a ideia foi ampliar a segurança jurídica do texto e


centrar mais claramente o foco da medida nas estruturas de
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empresas fora do país usadas para fazer aplicações financeiras de


pessoa física sem taxação no Brasil.

O técnico explicou que uma das principais mudanças foi subir o


patamar de “renda passiva”, como um rendimento decorrente de
alguma aplicação financeira ou dividendo recebido pela estrutura
da empresa fora, para estar sujeito à regra. A norma
originalmente proposta trabalhava com a taxação anual (uma
espécie de “come-cotas”) para empresas com patamar de renda
passiva de até 20% das receitas das empresas, mas o governo topou
alterar isso para 40% da renda dessas companhias.

“A tributação automática dos lucros ocorrerá se a entidade estiver


constituída em jurisdição de tributação favorecida, ou em regime
fiscal privilegiado (vulgarmente conhecidos como “paraíso
fiscal”), ou no caso de as sociedades no exterior contarem com
renda ativa própria inferior a 60% da renda total”, explica o texto
do relatório do deputado Merlong Solano (PT).

Loria também destacou a revisão da regra de atualização dos


valores mantidos fora do Brasil, a ser feita neste ano com
pagamento de alíquota reduzida em 10%. Originalmente, a
proposta previa que os recursos seriam atualizados pela taxa de
31/12/2022, que estava em R$ 5,22. Agora, será pela taxa de
30/6/2023, de R$ 4,82, o que, na prática reduz a base de cálculo do
tributo. “Isso deve dar uma incentivada boa. E é uma medida
justa”, disse Loria, comentando que a intenção era deixar o câmbio
o mais próximo da data de adesão.

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Outra modificação é nas regras de incidência do IR anual nos


trusts, outro tipo de estrutura usada no exterior. Loria explicou
que as conversas com o mercado mostravam que a regra
funcionava bem para o chamado trust “revogável”, que pode
acabar quando o titular quiser, mas não para o irrevogável, na qual
o criador do trust abre mão do recurso nessa estrutura de forma
definitiva para o beneficiário, como uma doação em vida. Pelo
texto, ficará claro que o responsável pelo patrimônio, para o fim
fiscal, é o herdeiro dele.

O técnico também destaca que o novo texto aperfeiçoou o


tratamento nos casos de cadeias societárias no exterior – como
uma holding com empresas operacionais embaixo da estrutura. A
preocupação é com holdings que recebem dividendos, uma renda
passiva, de empresas com receitas ativas debaixo de seu
guarda-chuva. “Vai se olhar para a controlada direta com indireta
lá fora. Se você tem uma holding e embaixo dela tem empresa
operacional, nenhuma delas será tributada”, explicou,
argumentando que isso resolve uma série de dúvidas que vinham
sendo levantadas pelos contribuintes.

Também houve aperfeiçoamento de redação para o tratamento


dado aos bancos, cuja renda advém de juros (que teoricamente
seria “renda passiva”, mas no caso dessas instituições é uma renda
ativa do negócio). O texto deixa claro que intermediação
financeira não é renda passiva, explica Loria.

“A gente participou de inúmeras audiências e eventos com o setor


privado, academia, instituições financeiras e contribuintes de

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forma geral, coletamos diversas sugestões e acatamos 19 pontos


buscando aperfeiçoar o texto e com foco no que quer atacar
investimentos financeiros de pessoa fisíca no exterior. O projeto
está melhor do que estava antes, mais maduro para votação”,
afirmou Loria, destacando que as mudanças não afetam o cenário
de arrecadação com a medida.

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