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Luanda, 2023
RESUMO
Assédio Moral Laboral nas instituições é um fenómeno contemporâneo e, um comportamento
irracional, repetido, em relação a um determinado empregado, ou a um grupo de empregados,
criando um risco para a saúde psicológica e para a segurança laboral, ou, pode-se entender como
na deliberada efectivação de violência no local de trabalho através do estabelecimento de
comunicações não éticas que se caracterizam pela repetição de um comportamento hostil. O
presente trabalho é um estudo de caso e teve como principal objectivo descrever como se
caracteriza o Assédio Moral Laboral nos professores do Iº Ciclo do Ensino Secundário do
colégio Triângulo Dourado, na qual determinou-se a modalidade de Assédio Moral Laboral
mais praticada, a frequência com que ocorrem os factos, o local em que predomina o assédio e
o factor que predomina para a ocorrência do Assédio Moral Laboral. O estudo classifica-se
como descritivo. Para recolha de dados, utilizou-se a observação e o inquérito por questionário
em uma amostra probabilística, constituída por 22 professores. O processamento dos dados foi
mediante o uso da estatística descritiva com a ajuda do programa Microsoft Excel,
configurando-se assim numa abordagem quantitativa dos dados. Os métodos de abordagem
utilizados durante todo estudo foram o dedutivo-indutivo e o hipotético-dedutivo.
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INTRODUÇÃO
Dentre as formas de agressão mais verificadas no seio do ambiente do trabalho nos dias
de hoje, predomina o Assédio Moral, de acordo com os inúmeros estudos desenvolvidos a partir
do grande número de pacientes com distúrbios psicológicos e a dificuldade de estabelecer
interrelações pessoais. De facto, sabe-se que o Assédio Moral Laboral sempre existiu, porém,
hoje o fenômeno ocorre com maior visibilidade e frequência.
No que concerne à profissão docente, actualmente é evidente uma perda de prestígio por
parte dos professores, como se fosse só mais uma ferramenta para a produção institucional,
encontrando-se a sua imagem social num estado de degradação. A massificação do ensino
trouxe grandes alterações à classe docente, originando um aumento brusco do número de alunos
e de escolas e, necessariamente de professores, com todos os problemas que daí advêm.
Problematização
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organizações, e são validados como sendo uma actividade perpetradas pelos próprios colegas
de trabalho, superiores hierárquicos e algumas vezes por subalternos.
O trabalhador que passa por estas situações de abusos e excessos, mostra-se uma pessoa
desmotivada e improdutiva, factos que podem comprometer a qualidade da vida em sociedade.
Justificativa
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questões pessoais e administrativas, sendo que essa violência traz consequências imediatas e
tardias ao docente.
Objectivos da pesquisa
Metodologia da pesquisa
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Do ponto de vista da sua natureza é uma pesquisa básica, tendo em conta que visa gerar
conhecimentos sem pretensões de aplicação prática; quanto aos objectivos classifica-se como
pesquisa descritiva, porque, propõe-se a descrever as manifestações e as implicações do
fenómeno Assédio Moral no colégio Triângulo Dourado; segundo a forma de abordagem do
problema é quantitativa, visto que para a discussão dos dados foram utilizadas técnicas e
ferramentas estatísticas; e de acordo com os procedimentos técnicos apresenta-se como um
estudo de caso, ex-post-facto, que estuda a profundidade o fenómeno Assédio Moral Laboral
no colégio Triângulo Dourado no passado recente.
• Observação directa não participante: como técnica utilizada de forma planificada para
tomar contacto com o ambiente em que ocorre o fenómeno Assédio Moral Laboral no
colégio sem intervir nas suas manifestações.
População e amostra
O estudo foi desenvolvido a partir de um censo com os 22 professores que lecionam no Iº ciclo
do ensino secundário (7ª, 8ª e 9ª classe) colégio Triângulo Dourado.
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CAPÍTULO I. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Neste capítulo se apresentará os conceitos teóricos desenvolvidos por outros autores sobre o
tema em estudo.
A terminologia Assédio Moral Laboral deriva do verbo inglês “to mob”, traduzindo
para a língua portuguesa tem como significado, maltratar ou atacar alguém. Dentro da
especificidade do contexto organizacional, o termo remete a vasta prática vexatória ou
persecutória de violência psicológica, realizada de forma arbitrária e repetida por um
empregador ou superior hierárquico, por colegas de trabalho de igual nível ou até por pessoas
do escalão laboral inferior, tendo como finalidade provocar a vítima um estado de profundo
mal-estar, isolamento e terror psicológico (Carvalho G. D., 2007).
Heinz Leymann (1990), caracteriza o Assédio Moral Laboral como uma comunicação
hostil e não ética, direcionada de um modo sistemático por um ou mais indivíduos contra um
alvo que, durante as agressões, é posto em uma posição desamparada e indefesa e é mantido
nesta condição por meio de acções hostis.
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Hirigoyen (2002) define o Assédio Moral no local de trabalho como a conduta abusiva
que, manifestada de forma repetitiva e prolongada, pode trazer danos à personalidade, à
dignidade, ou à integridade do trabalhador, quando exposto a situações humilhantes e
constrangedoras, além de buscar excluí-lo de sua função ou deteriorar o ambiente de trabalho
(Hirigoyen, 2002).
Para a configuração do Assédio Moral, a conduta praticada pelo assediador tem que
ocorrer de maneira repetida e sistemática, e também com os ataques aparentemente inofensivos
que de certa maneira com o passar do tempo pode afetar a vítima, portanto não somente aquelas
condutas capazes de provocar lesão imediata que configuram o assédio (Hirigoyen, 2002).
Para a conduta degradante e humilhante se caracterizar como Assédio Moral, tem que
ser praticada com uma devida frequência, de forma reiterada e sistemática. Portanto a
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necessidade da existência de um dano real, geralmente provocando grande sofrimento na
vítima, de natureza psicológica que ameaça a permanência da pessoa no emprego e a sua
integridade física, e psíquica no seu ambiente laboral (Hirigoyen, 2002).
Embora seja mais comum o Assédio Moral Laboral partir de um superior para um
subordinado, também pode ocorrer entre colegas de mesmo nível hierárquico ou mesmo partir
de subordinados para um superior, sendo este último caso, entretanto, mais difícil de se
configurar. O assédio pode se dar por qualquer uma das modalidades.
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autoestima e poder, acha necessário rebaixar os outros, não admitindo suas falhas e não
valorizando suas ações, sendo arrogante, amoral e capaz de se apoderar de trabalhos alheios
com intuito de demonstrar uma sabedoria que não possui (Alkimin, 2008).
Considera-se que esta forma de assédio pode ocorrer por haver uma insegurança ou até
mesmo uma inexperiência do superior hierárquico, no qual este não consiga manter o domínio
sobre os trabalhadores. O superior diante de postura autoritária para o exercício de seu comando
se excede nos poderes de mando e adopta posturas autoritárias e arrogantes, no intuito de
estimular a competitividade e rivalidade, ou até mesmo por cometer actos de ingerência pelo
uso abusivo do poder de mando acaba criando uma rivalidade é aí que os assediadores se
fortalecem para derrubá-lo do cargo (Alkimin, 2008).
Nota-se que o Assédio Moral horizontal pode ser praticado de forma individual, coletiva
contra determinado grupo de trabalhadores ou somente um indivíduo. Os factores que geram
essa perversão moral são provocados pelo excesso de competitividade entre os colegas de
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trabalho, a inveja, o interesse em promoções e em cargos superiores, talvez o medo de ser
passado para trás (Guedes, 2003).
Quanto ao Assédio Moral no ambiente escolar ele traduz-se a exposição dos professores
a situações degradantes, vexatórias, humilhantes, constrangedoras ocasionadas de forma
repetitivas e prolongadas durante toda a jornada de trabalho, bem como no exercício das
funções desse professor, predominando nas relações hierárquicas autoritárias e assimétricas, em
que prevalecem condutas negativas, relações de barbárie e fora de éticas de longa duração, de
um ou mais diretores dirigida a um ou mais professores, desumanizando e desestabilizando a
relação da vítima com o ambiente escolar e a organização desse ambiente, coagindo o professor
a desistir da escola e pedir demissão (Lima Filho, 2009).
As consequências do Assédio Moral são vastas e englobam várias dimensões quer para
a vítima, quer para a organização e mesmo para a sociedade em geral. O facto de um indivíduo
ser alvo de Assédio Moral no trabalho pode transformar as suas percepções não só face ao seu
ambiente de trabalho, mas também à vida em geral, em situações ameaçadoras, envolvendo
medo, perigo e autoquestionamento relativamente ao sentido da vida (Mikkelsen & Einarsen,
2001).
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c) Danos nas relações familiares,
d) Consequências na organização e,
e) Consequências na sociedade.
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CAPÍTULO II. ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS DADOS
No presente capítulo se observará a interpretação dos dados levantados à luz dos critérios de
autores estudiosos do tema. Tendo em conta uma abordagem quantitativa dos dados, se observa
também os resultados em tabelas e gráficos. Os dados foram colhidos por intermédio de
observações e inquéritos por questionários.
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Tabela 1.
Identificação das vítimas de Assédio Moral Laboral por sexo no colégio Triângulo Dourado
Resultados – Identificação das vítimas de Assédio Moral Laboral por sexo no Colégio
Triângulo Dourado
Vítimas Frequência Frequência Sexo Frequência Frequência
absoluta relativa absoluta relativa
40%
60%
Vítimas Sexo Masculino (12) Vítimas Sexo Feminino (8) Não Vítimas (2)
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Tabela 2.
Identificação do nível escolar dos professores vítimas no colégio Triângulo Dourado
Figura 2.
85 %
10 %
5%
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O pesquisador entende que o nível de escolaridade também não é um factor que leva ao
assédio no colégio, o que constitui uma particularidade, pelo facto que geralmente segundo a
literatura consultada os professores com o menor nível académico são os mais vitimizados,
mas, no colégio Triângulo Dourado todos são assediados de uma forma ou outra.
Outro sim, está em correspondência com a análise da tabela anterior, que demonstra
como os mais jovens são maioritariamente vitimizados e o grau académico em muitas ocasiões
está em correspondência com a idade.
No caso do docente no doutoramento, acredita-se que o assédio vem pela via do abuso
de poder, pois não é comum que uma pessoa com alto nível de instrução permita o assédio.
Tabela 3.
Identificação da função dos professores vítimas no colégio Triângulo Dourado
Resultados – Identificação da função dos professores vítimas no Colégio Triângulo
Dourado
Função Frequência absoluta Frequência relativa
Professor Colaborador 9 45%
Professor Efectivo 6 30%
Professor - Coordenador 5 25%
Total 20 100%
Figura 3.
Identificação da função dos professores vítimas no colégio Triângulo Dourado
25%
45%
30%
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colaborador, representando 45%, seis vítimas encontram-se na função de Professor efectivo
representando 30% e por fim, cinco vítimas encontram-se na posição de Professor Coordenador,
indicando 25%.
Tabela 4.
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Figura 4.
Identificação do agressor de Assédio Moral Laboral no colégio Triângulo Dourado
55 %
45 %
0%
O pesquisador entende que tal como qualquer instituição conforme descreve a literatura
o colégio Triangulo Dourado também padece com maior frequência do tipo Assédio Moral
Laboral praticado pelo superior hierárquico, isto porque, é aquele praticado pelo empregador,
é a hipótese mais comum diante da subordinação em que a vítima se encontra em relação ao
assediador e se caracteriza por relações autoritárias, desumanas, onde predomina os desmandos,
a manipulação do medo.
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O facto do assédio ser perpetrado pelos superiores (responsáveis da instituição) é um
indicativo de falta de liderança, factor que leva à desmotivação do pessoal docente,
influenciando na qualidade do processo docente-educativo.
Tabela 5.
Identificação das modalidades de Assédio Moral Laboral praticadas no colégio Triângulo
Dourado
– Identificação das modalidades de Assédio Moral Laboral praticadas no colégio
Triângulo Dourado
Modalidades de Assédio Frequência absoluta Frequência relativa
Moral Laboral
Exclusão 1 5%
Humilhação 9 45%
Boatos 3 15%
Intimidação 7 35%
Total 20 100%
Figura 5.
Identificação das modalidades de Assédio Moral Laboral praticadas no colégio Triângulo
Dourado.
– Identificação das modalidades de assédio moral laboral
praticadas no colégio Triângulo Dourado
45%
35%
15%
5%
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Os dados referentes a Tabela 5 correspondem as modalidades de Assédio Moral Laboral
praticadas pelos agressores no colégio Triângulo Dourado. Adverte-se que a humilhação é
maioritariamente a conduta praticada pelos agressores existindo nove professores vítimas entre
os inquiridos que correspondem a 45%, seguido de sete vítimas que sofrem de intimidação
representando 35%, os boatos com 3 vítimas com 15% e para finalizar, apenas uma vítima que
apontou a exclusão como forma de agressão representando 5% do valor global.
Tabela 6:
Identificação dos factores que conduzem ao Assédio Moral Laboral no colégio Triângulo
Dourado
Resultados – Identificação dos factores que conduzem ao Assédio Moral Laboral no Colégio
Triângulo Dourado
Factores Frequência absoluta Frequência Relativa
Condições socio-económicas 3 15%
Autoritarismo 8 40%
Más relações interpessoais 4 20%
Deficiência física 2 10%
Ambiente laboral 3 15%
competitivo
Outro 0 0
Total 20 100%
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Figura 6.
Identificação dos factores que conduzem ao Assédio Moral Laboral no colégio Triângulo
Dourado
– Identificação dos factores que conduzem ao assédio moral
laboral no colégio Triângulo Dourado
40%
20%
15% 15%
10%
A Tabela 6 nos mostram a identificação dos factores que conduzem ao Assédio Moral
Laboral no colégio Triângulo Dourado. Pode-se constatar que oito vítimas apontaram que o
autoritarismo é o principal factor que conduz a existência de Assédio Moral Laboral,
correspondendo a 40%, seguido das más relações interpessoais que foram apontadas por quatro
vítimas, correspondendo a 20%. As condições socio-econômicas e o ambiente laboral
competitivo como factores que desencadeiam o assédio possuem ambos de igual modo 15%, e
por fim, apenas duas vítimas apontaram a deficiência física como factor que propicia a
violência, correspondendo a 10%.
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CONCLUSÃO
Mediante a recolha de dados por intermédio do questionário e observações, determinou-
se que a modalidade de Assédio Moral Laboral mais praticada é a humilhação.
As agressões de Assédio Moral Laboral mais frequente tendem a ocorrer três ou quatro
vezes na semana (às vezes) na sala de direção do colégio.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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