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- Nos últimos anos a escola tem estado sobre pressão devido a v[arios fenômenos que
ocorrem nas suas mediações como reprodução de violências, fracasso escolar e questões
referentes a saúde mentais dos alunos e do corpo profissional. Dentre eles, ganha destaque
diálogos sobre a saúde mental dos professores devido aos relatos desses profissionais ao
sentimento de esgotamento mental e o aumento de pedidos de afastamento dedido
depressão, ansiedade e outros transtornos.
Ao todo, 2,2 milhões de pessoas exercem a profissão na educação básica e 323.376, no ensino
superior, segundo dados fazem parte dos resultados do Censo Escolar 2021.
Podem lecionar nos Ensinos Fundamental e Médio das escolas de Educação Básica, os
graduados em licenciaturas e Pedagogia. Os cursos de bacharelado não habilitam o profissional
a lecionar. São cursos superiores de graduação que dão o título de bacharel. Para atuar como
docente, o bacharel precisa de curso de complementação pedagógica. Na Educação Infantil
(creches e pré-escolas), admitem-se professores com formação mínima de nível médio, na
modalidade regular. Para ingressar como professor de qualquer instituto federal, basta a
graduação. Entretanto, o plano de carreira prevê uma retribuição por titulação, que aumenta o
salário caso o professor tenha mestrado, doutorado ou mesmo especialização. Os docentes
das universidades federais precisam ter ao menos grau de mestre, para concorrerem aos
cargos dos concursos, pois atuam especificamente no Ensino Superior.
No ensino básico, a maioria dos docentes são mulheres, chagando a serem: 94,2%, na pré-
escola; 77,5% no ensino fundamental e no médio, elas representam 57,5%. No que diz respeito
à docência em cursos de graduação, a maioria são homens, bem como na que consiste a
formação, a maior parte de doutores também são homens.
O ser professora apresentou-se como umas das poucas profissões onde a mulher poderia
conciliar o tempo com suas obrigações domésticas. Além disso, constituía uma atividade
socialmente aceita, por ser pensar que estava ligada à experiência maternal das mulheres – de
novo o aspecto artesanal da educação -, e, por fim, mas não por último, tratava-se de um
ofício cuja baixa remuneração era aceita mais resignadamente por elas.
Apesar de no seu início a profissão de professor possibilitar certa visibilidade política e social
considerada importante aos homens, pois com ela, poderiam exercer poder e influir nas
esferas políticas; segundo alguns historiadores, a ocupação do magistério pelas mulheres
também teria ocorrido pelo gradual abandono dos homens do magistério. A incursão dos
homens para outros empregos mais bem remunerados, na indústria e no comércio, teria
possibilitado que seus lugares fossem ocupados pelas mulheres.
Trabalho
O trabalho é uma das atividades humanas mais primárias e essenciais, sendo que atualmente
as pessoas que trabalham passam mais tempo envolvidas com o trabalho do que em qualquer
outra atividade. O trabalho continua a ser o principal vetor da integração e da coesão sociais,
da identidade e da realização de si. É pro meio dessa atividade que nos relacionamos com os
outros, construindo relações de companheirismo e afeto na união de forças produtivas. Por
meio da qual o ser humano produz sua própria existência (eu sou, no conexto social, tal
profissião, por isso que se espera determinadas características e posturas) e por meio dos
meus resultados e do que os outros valozizam de mim, eu me autoconceito e autovalorizo
como pessoa.
Mudanças na organização do trabalho acompanham desenvolvimentos econômicos, sociais e
tecnológicos em sociedades. Nas últimas décadas, o trabalho tem sofrido novas e importantes
transformações, como a racionalização dos processos de trabalho, com consequente redução
do emprego, o incremento de atribuições e responsabilidades das ocupações, a flexibilização
dos contratos de trabalho, entre outras. Essas mudanças interferem, direta ou indiretamente,
em toda a organização social e repercutem na saúde do trabalhador.
Canguilhem (1976) abriu uma perspectiva analítica, na qual saúde e doença são vistas como
dimensões constitutivas do processo dinâmico da vida, estando cada uma delas contida na
outra, entendendo que a doença é, ainda, uma regra de vida, embora ambas não se
confundam. Ele afirma que saúde tem a ver com a capacidade do ser vivo estabelecer novas
normas, tolerar e enfrentar as infidelidades e as agressões do meio – o que significa mais do
que adaptar-se. Ser saudável é então, por um lado, ser capaz de detectar, interpretar e reagir,
ou seja, instituir novas normas de vida, ser normativo (que é diferente de ser normal); por
outro, é ser capaz de cair enfermo, adoentar-se e poder recuperar-se. Ao constatar a
variabilidade biológica e depositar no próprio indivíduo a responsabilidade de apontar o
momento em que começa a doença (parte integrante da experiência do ser vivo e que
corresponde à perda da capacidade normativa), Canguilhem ressalta a existência de uma
dimensão do corpo humano só acessível ao próprio sujeito.
O trabalho nunca é neutro em relação à saúde, podendo tanto favorecê-la, quanto contribuir
para o adoecimento. Sabendo disso, é preciso entender os procedimentos postos em ação
para conquista resgata a saúde no trabalho.
Como o trabalho está organizado? A organização do trabalho pode favorecer de forma positiva
ou negativa a saúde mental do trabalhador.
O trabalho pode ser prescrito, é aquele que está na descrição de cargo, é planejado, ou seja é
tudo aquilo que é definido antecipadamente pela organização e fornecido ao trabalhador para
que o mesmo possa realizar o trabalho. Porém esse trabalho prescrito na maioria das vezes
não consegue ser o trabalho real, ou seja o trabalho que nós fazemos. Por mais que se
planeje e crie formas de como fazer o trabalho, existe contratempos, intempéries podem
mudar o que era previsto. Então temos o trabalho real (atividade) é o trabalho tal como ele
se realiza concretamente, mediante condições reais para esta execução. Entre o trabalho
prescrito e o trabalho real se inscrevem múltiplas variabilidades relativas ao processo de
trabalho (meios, matéria e atividade) e que não podem ser previamente antecipadas. É no
espaço entre o trabalho prescrito e o trabalho efetivamente realizado que se inscreve a
realidade da atividade humana em meios profissionais.
É nesse momento do real do trabalho, que precisamos utilizar nossas mais diversas habilidades
para dar conta de situações que não estavam previstas nem nenhum manual ou planejamento.
Nessa hora eu preciso ter a vontade, a liberdade e autonomia para engajar numa situação de
erro e fracassos e como eu vou conseguir resolver esses erros.
Quando a organização do trabalho é muito rígida, as normas e regras são muito fechadas, o
que gera uma falta de liberdade e autonomia, eu não consigo me movimentar, usar da
criatividade para encontrar uma solução ativa para aquele erro e me sentir melhor. Quando a
organização do trabalho é flexível, dando espaço, liberdade e autonomia para o sujeito poder
usar de formais criativas para resolução de problemas e se sentir melhor. Essa resolução
precisar está junta de reconhecimento das capacidades do trabalhador, para a formação de
uma identidade positiva do trabalho.
Apesar de elas terem o papel de atenuar o sofrimento, não proporcionam a cura. Pelo
contrário, servem como freio à reapropriação, à emancipação e à mudança. Martins (2010)
destaca que as estratégias coletivas de defesa funcionam como uma armadilha psicológica,
incrementando a aceitação e a tolerância do sofrimento no ambiente profissional, reforçando
o consentimento e a alienação.
Sabemos que nem todos suportam as dificuldades existentes ou a elas reagem da mesma
maneira, pois as pessoas se mobilizam, de modo defensivo (individual e coletivamente), diante
da possibilidade de sofrer e de adoecer. Essa força de trabalho é marjoritariamente feminina
maioria dessas professoras tem uma tripla jornada de trabalho (aí incluído o trabalho
doméstico) e mais de um vínculo de trabalho.
“Síndrome da Insensibilidade”
Apesar de a maioria não se transformar em transtornos mentais graves, esses sinais podem
interferir no desempenho profissional das docentes, comprometendo-o. Cabe ressaltar um
agravante: como grande parte desses transtornos não implica o afastamento de sala de aula
ou, devido a acertos informais com as direções, possibilitam que elas se afastem
temporariamente (quase sempre que necessitam), em geral essa problemática não ganha
efetivo reconhecimento, o que poderia levar à procura de soluções. Esse mascaramento,
entretanto, colabora para a configuração de graus de gravidade diferenciados, como indicam
os relatos de algumas trabalhadoras que passaram por sérios problemas emocionais.
Depressão
Burnout
A definição mais consensual na literatura considera o burnout uma síndrome composta de três
dimensões: exaustão emocional, diminuição da realização pessoal e despersonalização. De
forma breve, podem-se conceituar assim as dimensões:
Fatores associados
"A educação básica tem estressores muito específicos, que vão além da regência e da
burocracia. Professor lida com violência física e verbal na escola, falta de estrutura, sofre
pressão da gestão escolar e da exigência dos pais. Salários defasados, violência nas escolas e
pressão por resultados estão entre os fatores que contribuem para a aumentar o estresse no
exercício da docência. A baixa remuneração exige carga horária cada vez maior para se manter
financeiramente, fora o acúmulo de função, tendo um papel de psicólogo, assistente social e
na família.
Falta de reconhecimento
A falta de reconhecimento social, uma das maiores queixas apontadas pelas docentes,
constitui-se em fio condutor para entendermos a maneira pela qual elas se localizam social e
profissionalmente, bem como se relacionam com sua saúde mental. No quadro de caos do
sistema educacional, que cresce gradativamente na contemporaneidade, o julgamento
negativo - por parte da sociedade e dos pais de alunos em particular -, responsabilizando as
docentes pelo fracasso da escola pública, gera profundo incômodo.
Pesquisas realizadas nesse campo, em diversos países, indicam que a perda (relativa, diríamos)
da autonomia e a desvalorização de seu trabalho afetam brutalmente a auto-estima e a
identidade profissional, fazendo com que deixe de ser aquela que ensina para transformar-se,
principalmente, numa administradora de currículo, o que, de modo recorrente, pode colaborar
para uma trabalhadora não ter interesse no que faz, nem prazer nesse fazer.
AS AÇÕES REGULADORAS
O controle-de-turma, que diz respeito à organização das condições de ensino em sala de aula,
implicando a manutenção de um ambiente propício e favorável ao processo ensino-
aprendizagem, demandando dessas profissionais esforço, paciência e discernimento
específicos para lidar com o ‘barulho’ que as crianças fazem, níveis diferenciados de
aprendizagem, entre outros fatores. “O controle de classe, usualmente um atributo associado
aos bons professores e professoras, era (e talvez ainda seja) um dos mais importantes
indicadores de eficiência ou de sucesso na função docente”.
No início da aula e após o intervalo, costumam adotar também formas bastante variadas com
o objetivo de ‘tranquilizar’ os alunos que chegam em sala excitados pelo trajeto até a escola ou
pelo recreio; nesse sentido, tanto podem sugerir que rezem alguma oração ou cantem
músicas, a colocação dos alunos menores nas carteiras da frente; a organização da saída de
alunos para tomar água e ir ao banheiro.
Papel do Psicólogo
Nesse sentido, a psicologia poderá ser a porta de entrada para a escuta qualificada aos
profissionais, mediando situações que englobam a saúde do trabalhador, por meio de um
trabalho que envolve técnicas, metodologias, abordagem teórica e, também, criatividade.