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Cenário da realidade dos professores

- Nos últimos anos a escola tem estado sobre pressão devido a v[arios fenômenos que
ocorrem nas suas mediações como reprodução de violências, fracasso escolar e questões
referentes a saúde mentais dos alunos e do corpo profissional. Dentre eles, ganha destaque
diálogos sobre a saúde mental dos professores devido aos relatos desses profissionais ao
sentimento de esgotamento mental e o aumento de pedidos de afastamento dedido
depressão, ansiedade e outros transtornos.

O que é ser professor?

Ao todo, 2,2 milhões de pessoas exercem a profissão na educação básica e 323.376, no ensino
superior, segundo dados fazem parte dos resultados do Censo Escolar 2021.

Podem lecionar nos Ensinos Fundamental e Médio das escolas de Educação Básica, os
graduados em licenciaturas e Pedagogia. Os cursos de bacharelado não habilitam o profissional
a lecionar. São cursos superiores de graduação que dão o título de bacharel. Para atuar como
docente, o bacharel precisa de curso de complementação pedagógica. Na Educação Infantil
(creches e pré-escolas), admitem-se professores com formação mínima de nível médio, na
modalidade regular. Para ingressar como professor de qualquer instituto federal, basta a
graduação. Entretanto, o plano de carreira prevê uma retribuição por titulação, que aumenta o
salário caso o professor tenha mestrado, doutorado ou mesmo especialização. Os docentes
das universidades federais precisam ter ao menos grau de mestre, para concorrerem aos
cargos dos concursos, pois atuam especificamente no Ensino Superior.

No ensino básico, a maioria dos docentes são mulheres, chagando a serem: 94,2%, na pré-
escola; 77,5% no ensino fundamental e no médio, elas representam 57,5%. No que diz respeito
à docência em cursos de graduação, a maioria são homens, bem como na que consiste a
formação, a maior parte de doutores também são homens.

As atribuições do cargo são amplas e diversas que circunscrevem:

a) Planejar e executar o trabalho docente, em consonância com o plano curricular da escola;


Planejar suas atividades e preparar o material necessário à execução das mesmas;

b) Levantar e interpretar dados relativos à realidade de sua classe;

c) Definir, operacionalmente, os objetivos do plano curricular;

d) Selecionar e organizar formas de execução - situações de experiências;

e) Montar formas de avaliação, condizentes com o esquema de referências teóricas utilizado


pela escola;

f) Realizar sua ação cooperativamente no âmbito escolar;

g) Participar de reuniões, conselho de classe, atividades cívicas e outras;

h) Atender a solicitações da direção da escola referentes a sua ação docente desenvolvida no


âmbito escolar.
Magistério: Natureza e Vocação Feminina

Durantes longos períodos da história, as mulheres foram subordinadas a cultura masculina e


desigualdades sociais, que as restringindo ao espaço doméstico por um longo tempo,
estabeleceu regras de conduta e construção de uma imagem do papel feminino que ainda
permanece em muitas instancias da nossa sociedade.

A mulher não se intimidou em querer seu espaço de manifestação na esfera pública,


encontrando na Educação (magistério) uma grande chance de atuação na profissão de ser
professora, apesar de ainda priorizar-se à época o poder masculino no controle do que deveria
ser ensinado, O diretor, quase sempre do sexo masculino, até meados do século XX,; ainda
assim, era a possibilidade que traria a elas a libertação econômica e social, o que de fato
ocorreu.

O ser professora apresentou-se como umas das poucas profissões onde a mulher poderia
conciliar o tempo com suas obrigações domésticas. Além disso, constituía uma atividade
socialmente aceita, por ser pensar que estava ligada à experiência maternal das mulheres – de
novo o aspecto artesanal da educação -, e, por fim, mas não por último, tratava-se de um
ofício cuja baixa remuneração era aceita mais resignadamente por elas.

A presença feminina no magistério foi ganhando corpo e, na década de 1930 o escolanovismo


divulgava a crença no poder da educação para o desenvolvimento do país, ecoando
diretamente na política educacional e na criação de mais escolas e consequentemente, na
necessidade de mais professores. A esse aumento e a essa demanda correspondeu-se uma
visão ideológica que atribuía às mulheres a função de regeneradoras morais da sociedade,
refletindo o seu papel social de mãe e educadora dos filhos, o que se faria principalmente pela
sua inserção no campo educacional.

Apesar de no seu início a profissão de professor possibilitar certa visibilidade política e social
considerada importante aos homens, pois com ela, poderiam exercer poder e influir nas
esferas políticas; segundo alguns historiadores, a ocupação do magistério pelas mulheres
também teria ocorrido pelo gradual abandono dos homens do magistério. A incursão dos
homens para outros empregos mais bem remunerados, na indústria e no comércio, teria
possibilitado que seus lugares fossem ocupados pelas mulheres.

Trabalho

O trabalho é uma das atividades humanas mais primárias e essenciais, sendo que atualmente
as pessoas que trabalham passam mais tempo envolvidas com o trabalho do que em qualquer
outra atividade. O trabalho continua a ser o principal vetor da integração e da coesão sociais,
da identidade e da realização de si. É pro meio dessa atividade que nos relacionamos com os
outros, construindo relações de companheirismo e afeto na união de forças produtivas. Por
meio da qual o ser humano produz sua própria existência (eu sou, no conexto social, tal
profissião, por isso que se espera determinadas características e posturas) e por meio dos
meus resultados e do que os outros valozizam de mim, eu me autoconceito e autovalorizo
como pessoa.
Mudanças na organização do trabalho acompanham desenvolvimentos econômicos, sociais e
tecnológicos em sociedades. Nas últimas décadas, o trabalho tem sofrido novas e importantes
transformações, como a racionalização dos processos de trabalho, com consequente redução
do emprego, o incremento de atribuições e responsabilidades das ocupações, a flexibilização
dos contratos de trabalho, entre outras. Essas mudanças interferem, direta ou indiretamente,
em toda a organização social e repercutem na saúde do trabalhador.

Saúde e Doença: Perspectiva Analítica

Canguilhem (1976) abriu uma perspectiva analítica, na qual saúde e doença são vistas como
dimensões constitutivas do processo dinâmico da vida, estando cada uma delas contida na
outra, entendendo que a doença é, ainda, uma regra de vida, embora ambas não se
confundam. Ele afirma que saúde tem a ver com a capacidade do ser vivo estabelecer novas
normas, tolerar e enfrentar as infidelidades e as agressões do meio – o que significa mais do
que adaptar-se. Ser saudável é então, por um lado, ser capaz de detectar, interpretar e reagir,
ou seja, instituir novas normas de vida, ser normativo (que é diferente de ser normal); por
outro, é ser capaz de cair enfermo, adoentar-se e poder recuperar-se. Ao constatar a
variabilidade biológica e depositar no próprio indivíduo a responsabilidade de apontar o
momento em que começa a doença (parte integrante da experiência do ser vivo e que
corresponde à perda da capacidade normativa), Canguilhem ressalta a existência de uma
dimensão do corpo humano só acessível ao próprio sujeito.

Saúde Mental e Trabalho

O trabalho nunca é neutro em relação à saúde, podendo tanto favorecê-la, quanto contribuir
para o adoecimento. Sabendo disso, é preciso entender os procedimentos postos em ação
para conquista resgata a saúde no trabalho.

Antes de tudo em nossa avaliação, a concepção de que as condições de saúde estariam


garantidas num local de trabalho ideal não se coloca. Isso porque, numa perspectiva de
conquista permanente, os nossos desejos, na medida em que as situações mudam, vão
necessariamente se reconfigurando, demandando mobilização por novas melhorias.
Consideramos a saúde da mesma forma: ela não é um estado ideal, não é algo estático, mas
sim algo que se altera constantemente, estando sempre adiante de nós; ela é, antes de tudo,
uma sucessão de compromissos que as pessoas assumem com a realidade, que se altera, se
reconquista, se (re)define a cada momento – algo que se defende a cada instante, um campo
de negociação cotidiana para tornar a vida viável.

Se as condições atuais do trabalho oferecem condições para que as pessoas se desestabilizem,


se descompensem psiquicamente, como as pessoas resistem a esse processo de adoecimento?

Como o trabalho está organizado? A organização do trabalho pode favorecer de forma positiva
ou negativa a saúde mental do trabalhador.

O trabalho pode ser prescrito, é aquele que está na descrição de cargo, é planejado, ou seja é
tudo aquilo que é definido antecipadamente pela organização e fornecido ao trabalhador para
que o mesmo possa realizar o trabalho. Porém esse trabalho prescrito na maioria das vezes
não consegue ser o trabalho real, ou seja o trabalho que nós fazemos. Por mais que se
planeje e crie formas de como fazer o trabalho, existe contratempos, intempéries podem
mudar o que era previsto. Então temos o trabalho real (atividade) é o trabalho tal como ele
se realiza concretamente, mediante condições reais para esta execução. Entre o trabalho
prescrito e o trabalho real se inscrevem múltiplas variabilidades relativas ao processo de
trabalho (meios, matéria e atividade) e que não podem ser previamente antecipadas. É no
espaço entre o trabalho prescrito e o trabalho efetivamente realizado que se inscreve a
realidade da atividade humana em meios profissionais.

É nesse momento do real do trabalho, que precisamos utilizar nossas mais diversas habilidades
para dar conta de situações que não estavam previstas nem nenhum manual ou planejamento.
Nessa hora eu preciso ter a vontade, a liberdade e autonomia para engajar numa situação de
erro e fracassos e como eu vou conseguir resolver esses erros.

Quando a organização do trabalho é muito rígida, as normas e regras são muito fechadas, o
que gera uma falta de liberdade e autonomia, eu não consigo me movimentar, usar da
criatividade para encontrar uma solução ativa para aquele erro e me sentir melhor. Quando a
organização do trabalho é flexível, dando espaço, liberdade e autonomia para o sujeito poder
usar de formais criativas para resolução de problemas e se sentir melhor. Essa resolução
precisar está junta de reconhecimento das capacidades do trabalhador, para a formação de
uma identidade positiva do trabalho.

É nesse campo de possibilidades que causam sofrimento e contentamento para os


trabalhadores que o indivíduo cria estratégias de defesas, para lidar com o sofrimento, de
forma coletiva ou individual, para a manutenção da saúde mental, buscando de relação mais
harmoniosa e gratificante com o trabalho.

o sofrimento é inerente ao trabalhar. Frente às pressões, ao sofrimento no trabalho e seus


efeitos, os trabalhadores constroem coletivamente estratégias de defesa para minimizar a
percepção daquilo que os faz sofrer no trabalho, fornecendo uma espécie de proteção ao
psiquismo e a saúde. Esses recursos defensivos são utilizados para mediação, enfrentamento e
negação do sofrimento. Trata-se de uma operação mental inconsciente, que não modifica a
realidade.

As estratégias coletivas de defesa caracterizam-se por regras construídas a partir de um


consenso ou acordo compartilhado entre os membros do coletivo, na busca de uma
estabilidade frente ao sofrimento oriundo do trabalho. As estratégias de defesa, em um
primeiro momento, podem ser benéficas ao trabalhador, mas recorrer a elas de forma
contínua e exagerada pode prejudicá-lo.

EX.: Os trabalhadores de atividades que envolvem grandes riscos costumam elaborar


estratégias coletivas de defesa, a indústria química, nuclear, tratamento de resíduos
industriais, pesca etc. Nesse contexto, as principais estratégias de defesa coletivas são a
banalização do risco, a exaltação e a negação do perigo e a virilidade.

Já os trabalhadores submetidos a tarefas repetitivas, monótonas, fragmentadas ou/e om


sobrecarga, costumam construir estratégias de defesa como o aumento do ritmo da produção
aliada a prática da autoaceleração e da hiperatividade, podendo configurar-se tanto como uma
estratégia individual como coletiva. aumento progressivo do ritmo de trabalho concomitante à
progressiva redução do tempo no desempenho das tarefas, pode ser compreendido como uma
estratégia coletiva de defesa: como uma forma de inibir o pensamento reflexivo, dissociando a
vivência de sofrimento.

Apesar de elas terem o papel de atenuar o sofrimento, não proporcionam a cura. Pelo
contrário, servem como freio à reapropriação, à emancipação e à mudança. Martins (2010)
destaca que as estratégias coletivas de defesa funcionam como uma armadilha psicológica,
incrementando a aceitação e a tolerância do sofrimento no ambiente profissional, reforçando
o consentimento e a alienação.

Adoecimento devido ao Trabalho dos Professores

Sabemos que nem todos suportam as dificuldades existentes ou a elas reagem da mesma
maneira, pois as pessoas se mobilizam, de modo defensivo (individual e coletivamente), diante
da possibilidade de sofrer e de adoecer. Essa força de trabalho é marjoritariamente feminina
maioria dessas professoras tem uma tripla jornada de trabalho (aí incluído o trabalho
doméstico) e mais de um vínculo de trabalho.

A vivência das trabalhadoras no que tange ao processo saúde-doença, mais precisamente em


relação à doença, contempla, substancialmente, problemas relacionados à voz (devidos ao uso
intenso e à má colocação, uma vez que não aprenderam a usá-la com propriedade diante de
classes numerosas e de crianças naturalmente agitadas e barulhentas); problemas alérgicos
(decorrentes do pó de giz); problemas de visão (causados pelo esforço visual inerente à
atividade: “a vista estragada de tanto corrigir provas e trabalhos”); problemas de coluna
vertebral, de músculos e de varizes (em função da postura do corpo e do grande esforço físico
exigido no exercício da atividade). Completam esse quadro as enfermidades psicossomáticas,
expressas por cansaço, alterações digestivas e de sono (insônia) e dores de cabeça,
determinando que a economia psicossomática se apresente como elemento estratégico da
investigação em saúde mental no trabalho docente.

“Síndrome da Insensibilidade”

Diante das diversas situações de insalubridade e acumulo de trabalho no trabalho, as docentes


(em maior ou menor grau) podem manifestar um rol de sinais e sintomas de sofrimento
psíquico, expresso em desânimo, fadiga, frustração, depressão, impotência, insegurança em
realizar as atividades cotidianas, manifestações de irritação, angústia e, até mesmo, sensação
de enlouquecimento - particularmente aquelas que lecionam nas primeiras séries, devido ao
acentuado desgaste do trabalho com crianças menores.

Seligmann-Silva (1994) refere-se ao embotamento da afetividade em determinadas situações


de trabalho, o que pode ajudar-nos a entender a atividade das professoras, na medida em que
encontramos em uma parcela dessas trabalhadoras uma criatividade. Esse embotamento se
aproxima do estado de anestesia psíquica, frequentemente acompanhado de manifestações
de doenças somáticas. Ao mencionar um conjunto de sintomas relacionado a determinadas
vivências no trabalho, a autora utiliza a expressão genérica “síndrome de insensibilidade” pelo
fato de ela englobar quadros de estados mentais, senão idênticos, pelo menos semelhantes.
Esses sinais, que estão presentes principalmente em profissões que envolvem a relação de
cuidados, como é o caso do magistério, remetem-nos ao sofrimento patógeno.

Apesar de a maioria não se transformar em transtornos mentais graves, esses sinais podem
interferir no desempenho profissional das docentes, comprometendo-o. Cabe ressaltar um
agravante: como grande parte desses transtornos não implica o afastamento de sala de aula
ou, devido a acertos informais com as direções, possibilitam que elas se afastem
temporariamente (quase sempre que necessitam), em geral essa problemática não ganha
efetivo reconhecimento, o que poderia levar à procura de soluções. Esse mascaramento,
entretanto, colabora para a configuração de graus de gravidade diferenciados, como indicam
os relatos de algumas trabalhadoras que passaram por sérios problemas emocionais.

A manifestação mais frequente, ou intensa, de sinais de sofrimento e de desgaste naquelas


com mais tempo de permanência no magistério remete-nos à idéia de processo cumulativo. A
esse respeito, Seligmann-Silva (1994) menciona o caso de professoras que, tendo inicialmente
desenvolvido relação prazerosa com os alunos, passaram a desenvolver ação reativa, devido à
“saturação emocional”. Aquilo que um dia foi motivo de prazer - a relação com os alunos -
anos depois deixa de ser algo estimulante.

Patologias mais frequentes no trabalho Docente

 Depressão

A depressão, de acordo com o DSM-V, é caracterizada como um transtorno mental em que


ocorre alteração significativa do humor ou afeto, sendo comum a associação com a
incapacidade funcional e a diminuição da qualidade de vida. Como sintomas comuns são
referidas a tristeza, a apatia, a diminuição de motivação, interesse e concentração, além de
cansaço aparente, aumento ou redução do sono e de apetite, sentimento de culpa e
autoestima e autoconfiança prejudicadas.

A depressão correlacionou-se positivamente com a demanda de trabalho e negativamente


com o apoio social, e referiram ainda que a saúde mental dos professores esteve
significativamente associada à alta demanda de trabalho e ao baixo apoio social.

 Burnout

O Ministério da Saúde define a Síndrome de Burnout como um “distúrbio emocional com


sintomas de exaustão extrema, estresse e esgotamento físico resultante de situações de
trabalho desgastante, que demandam muita competitividade ou responsabilidade.” Ela se
caracteriza por três dimensões: sentimentos de exaustão ou esgotamento de energia,
aumento do distanciamento mental do próprio trabalho, sentimentos de negativismo ou
cinismo relacionados ao trabalho e redução da eficácia profissional. Não se trata de “estresse”,
mas sim do resultado do estresse crônico, possuindo como sintomas dores de cabeça,
problemas de estômago, dificuldade para dormir, falta de ar, entre outros.

A definição mais consensual na literatura considera o burnout uma síndrome composta de três
dimensões: exaustão emocional, diminuição da realização pessoal e despersonalização. De
forma breve, podem-se conceituar assim as dimensões:

1. a exaustão emocional caracteriza-se como uma perda marcada e progressiva de


energia para as atividades laborais, com consequente esgotamento físico e mental;
2. a despersonalização tem como foco o prejuízo na capacidade relacional com as
pessoas e no cumprimento de metas;
3. a diminuição da realização pessoal expressa-se por um julgamento negativo das
próprias capacidades perante as demandas a serem cumpridas, com a autoestima e a
autoconfiança prejudicadas.

Fatores associados
"A educação básica tem estressores muito específicos, que vão além da regência e da
burocracia. Professor lida com violência física e verbal na escola, falta de estrutura, sofre
pressão da gestão escolar e da exigência dos pais. Salários defasados, violência nas escolas e
pressão por resultados estão entre os fatores que contribuem para a aumentar o estresse no
exercício da docência. A baixa remuneração exige carga horária cada vez maior para se manter
financeiramente, fora o acúmulo de função, tendo um papel de psicólogo, assistente social e
na família.

A falta de suporte da escola aos docentes, o comportamento dos alunos e excesso de


burocracia podem ser causas. Ela destaca ainda sobrecarga de tarefas, uma vez que a função
exige tempo de trabalho antes e depois da jornada em sala de aula, com preparação de aulas e
correção de provas.

Falta de reconhecimento

As principais de queixas acerca da situação de trabalho docente nas escolas. Identificamos o


custo psíquico para essas profissionais do envolvimento emocional com os problemas dos
alunos; a desvalorização social de seu trabalho (o não reconhecimento); a falta de estímulo ao
trabalho; a exigência de domínio de temas diferentes e em constante mudança; a existência de
relações interpessoais insatisfatórias, bem como de classes numerosas; a inexistência de
tempo para descanso e lazer; a extensiva jornada de trabalho (tripla jornada); o sentimento de
culpa por não darem conta satisfatoriamente das atividades domésticas e familiares.

A falta de reconhecimento social, uma das maiores queixas apontadas pelas docentes,
constitui-se em fio condutor para entendermos a maneira pela qual elas se localizam social e
profissionalmente, bem como se relacionam com sua saúde mental. No quadro de caos do
sistema educacional, que cresce gradativamente na contemporaneidade, o julgamento
negativo - por parte da sociedade e dos pais de alunos em particular -, responsabilizando as
docentes pelo fracasso da escola pública, gera profundo incômodo.

As professoras travaram intensa e polêmica discussão acerca de seu papel no processo de


desvalorização do ensino público, questionando seu papel, de fato, no denominado fracasso
escolar: algumas se disseram responsáveis (introjetando, assim, uma responsabilidade
pessoal), na medida em que não se acreditavam capacitadas (competentes) para ter um bom
desempenho; outras, apontando uma direção diferente, queixaram-se principalmente das
consequências sobre a educação de três fatores, comuns à maior parte da categoria: a precária
formação inicial recebida, os ínfimos salários e a falta de compromisso político com a
educação. A eles podemos adiantar a constatação de que, por força dos baixos salários que
recebem, têm que buscar outro emprego a fim de complementar o orçamento familiar, o que
em geral compromete ainda mais a qualidade de seu desempenho.

A ausência da competência desejável constitui-se em uma fonte de sofrimento psíquico, isso


porque tanto dificulta seus modos operatórios como sua própria competência não se revela
satisfatória, conformando um quadro de precariedades técnica e social. Assim, perguntamo-
nos como as formas de mobilização subjetiva das professoras, particularmente a sua
sabedoria prática e seus requisitos cognitivos e afetivos, são solicitadas e investidas no
trabalho. Faz-se necessário saber dos obstáculos que entravam essa mobilização, que
interferem no trabalho docente.
As trabalhadoras parecem não perceber (pelo menos em seu conjunto) que não têm como
responder adequadamente às expectativas que existem em relação a seu trabalho, dada a
dinâmica social na qual elas se inserem. Aparentemente, não se dão conta, de imediato, de
que é exatamente a inexistência de sólido suporte social (reconhecimento formal e simbólico),
técnico (formação adequada no nível de métodos e conteúdos) e de projeto político, o que
dificulta esse enfrentamento, o que, por sua vez, provoca na maioria o sentimento de extremo
desencanto e a sensação de incapacidade para o exercício de sua atividade diária.

Pesquisas realizadas nesse campo, em diversos países, indicam que a perda (relativa, diríamos)
da autonomia e a desvalorização de seu trabalho afetam brutalmente a auto-estima e a
identidade profissional, fazendo com que deixe de ser aquela que ensina para transformar-se,
principalmente, numa administradora de currículo, o que, de modo recorrente, pode colaborar
para uma trabalhadora não ter interesse no que faz, nem prazer nesse fazer.

AS AÇÕES REGULADORAS

O controle-de-turma, que diz respeito à organização das condições de ensino em sala de aula,
implicando a manutenção de um ambiente propício e favorável ao processo ensino-
aprendizagem, demandando dessas profissionais esforço, paciência e discernimento
específicos para lidar com o ‘barulho’ que as crianças fazem, níveis diferenciados de
aprendizagem, entre outros fatores. “O controle de classe, usualmente um atributo associado
aos bons professores e professoras, era (e talvez ainda seja) um dos mais importantes
indicadores de eficiência ou de sucesso na função docente”.

No início da aula e após o intervalo, costumam adotar também formas bastante variadas com
o objetivo de ‘tranquilizar’ os alunos que chegam em sala excitados pelo trajeto até a escola ou
pelo recreio; nesse sentido, tanto podem sugerir que rezem alguma oração ou cantem
músicas, a colocação dos alunos menores nas carteiras da frente; a organização da saída de
alunos para tomar água e ir ao banheiro.

A dimensão do prazer é facilmente evocada, sobretudo, como dissemos anteriormente, na


relação afetiva que estabelecem com os alunos, e no fato de perceberem os resultados de seu
trabalho. Remetem-se, assim, principalmente, à dimensão afetiva existente na relação
educativa, o que não deixa de configurar atitude paradoxal, em que amor e saturação
emocional em relação aos alunos se impõem simultaneamente e sob conflito. Quando nos
defrontamos com formas de regulação desenvolvidas que davam “conta” do seu trabalho,
percebemos nas professoras uma elaboração afirmativa de sofrimento criador/de prazer, isto
é, dar uma boa aula, incentivar a vontade de aprender a ler e a escrever são resultados que
elas consideram “maravilhosos” e que muito as gratificam.

Papel do Psicólogo

Nesse sentido, a psicologia poderá ser a porta de entrada para a escuta qualificada aos
profissionais, mediando situações que englobam a saúde do trabalhador, por meio de um
trabalho que envolve técnicas, metodologias, abordagem teórica e, também, criatividade.

No campo grupal simboliza uma “galeriadeespelhos”,no


qualcadaintegrantepoderefletireserrefletidonos e pelos outros. Assim, defendemos seguintes
campos:1)gruposdeensino-aprendizagem(visam“formarcabeças”); 2)institucionais (objetivam
promover integração); 3)comunitários(pretendem promover saúde mental de comunidades);
4)terapêuticos(visamproporcionarmelhoriadesituaçãopatológicadosindivíduos)
(ZIMERMAN,2007,p.5).Sobreesteúltimo,quandoosprofissionaisjádesenvolveramumapatologia(t
ranstorno),cabe,primeiramente,oacolhimentoe,posteriormente,um encaminhamento para
tratamento psicológico individua

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