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Trabalho produtivo é o que acresce valor e o improdutivo o que não acresce. O primeiro
seria o trabalho dos empregados na manufatura. O segundo seria o trabalho dos serviçais,
dos servidores públicos, de alguns profissionais liberais, por mais nobre ou útil que seja o
trabalho. O trabalho improdutivo perece no momento que é executado.
Onde há emprego de capital para movimentar trabalho produtivo, o povo é mais industrioso.
Onde há renda para prover o povo, este se torna ocioso.
“A quantidade de dinheiro, então, que pode ser empregada anualmente em qualquer país
deve ser determinada pelo valor dos bens de consumo anualmente nele circulados.” (p.197)
Segundo Smith há dois tipos de trabalho. Um que acrescenta algo ao valor do objeto que é
aplicado, conhecido como produtivo e um que não tem esse efeito, conhecido como
improdutivo. Isso não significa que o trabalho improdutivo não tenha seu valor e desmereça
sua remuneração. O que Smith quer dizer é que o trabalho produtivo fixa-se e realiza-se em
um objeto específico ou mercadoria rendável, a qual perdura algum tempo após o fim do
seu trabalho. Assim, uma certa quantidade do trabalho estocado e acumulado possa ser
empregado em alguma outra ocasião podendo posteriormente movimentar uma quantidade
de trabalho igual a que originalmente foi produzida. Ao contrario do trabalho improdutivo,
que não se fixa nem se realiza em um objeto especifico ou mercadoria vendável. Seus
serviços normalmente morrem no próprio instante em que são executados, e raramente
deixam atrás de si algum traço ou valor.
LIVRO QUINTO A Receita do Soberano ou do Estado
(P.244)
Com o avanço da divisão do trabalho, a ocupação da maior parte daqueles que vivem do
trabalho, isto é, da maioria da população, acaba restringindo-se a algumas operações
extremamente simples, muitas vezes a uma ou duas. Ora, a compreensão da maior parte
das pessoas é formada pelas suas ocupações normais. O homem que gasta toda sua vida
executando algumas operações simples, cujos efeitos também são, talvez, sempre os
mesmos ou mais ou menos os mesmos, não tem nenhuma oportunidade para exercitar sua
compreensão ou para exercer seu espírito iventivo no sentido de encontrar meios para
eliminar dificuldades que nunca ocorrem. Ele perde naturalmente o hábito de fazer isso,
tornando-se geralmente tão embotado e ignorante quanto o possa ser uma criatura
humana. O entorpecimento de sua mente o torna não somente incapaz de saborear ou ter
alguma participação em toda conversação racional, mas também de conceber algum
sentimento generoso, nobre ou terno, e, conseqüentemente, de formar algum julgamento
justo até mesmo acerca de muitas das obrigações normais da vida privada. Ele é totalmente
incapaz de formar juízo sobre os grandes e vastos interesses de seus país; e, a menos que
se tenha empreendido um esforço inaudito para transformá-lo, é igualmente incapaz de
defender seu país na guerra. A uniformidade de sua vida estagnada naturalmente corrompe
a coragem de seu espírito, fazendo-o olhar com horror a vida irregular, incerta e cheia de
aventuras de um soldado. Esse tipo de vida corrompe até mesmo sua atividade corporal,
tornando-o incapaz de utilizar sua força física com vigor e perseverança em alguma
ocupação que não aquela para a qual foi criado. Assim, a habilidade que ele adquiriu em
sua ocupação específica parece ter sido adquirida à custa de suas virtudes intelectuais,
sociais e marciais. Ora, em toda sociedade evoluída e civilizada, este é o estado em que
inevitavelmente caem os trabalhadores pobres — isto é, a grande massa da população — a
menos que o Governo tome algumas providências para impedir que tal aconteça.
(conclusão)
Tanto a despesa destinada à defesa da sociedade como a destinada ao sustento da
dignidade do magistrado supremo são aplicadas em benefício geral de toda a sociedade. É,
pois, justo que ambas sejam cobertas pela contribuição geral de toda a sociedade,
contribuindo todos os seus membros, na medida do possível, em proporção com suas
respectivas capacidades. Sem dúvida, também a despesa com a administração da justiça
pode ser considerada como sendo aplicada em benefício de toda a sociedade. Por isso, não
é injusto que ela seja paga com a contribuição geral de toda a sociedade. Entretanto, as
pessoas que causam essa despesa são aquelas que, por sua injustiça, cometida de uma
forma ou de outra, fazem com que seja necessário procurar reparação ou proteção dos
tribunais de justiça. Por sua vez, as pessoas mais diretamente beneficiadas com esse gasto
são aquelas a quem os tribunais de justiça restituem ou mantêm os direitos. Por isso, as
despesas com administração da justiça podem ser muito apropriadamente cobertas pela
contribuição particular de uma ou de outra dessas duas categorias de pessoas, ou pelas
duas, conforme o exige a diversidade de circunstâncias — em outras palavras, com as
taxas judiciárias. Pode não ser necessário recorrer, neste caso, à contribuição geral da
sociedade, a não ser para processar os criminosos que, pessoalmente, carecem de
propriedade ou fundo suficientes para pagar tais taxas. As despesas locais ou provinciais
que beneficiam apenas um lugar ou uma província (por exemplo, as que se aplicam no
policiamento de uma cidade ou de um distrito em particular) devem ser cobertas por uma
receita local ou provincial, sem onerar a receita geral da sociedade. É injusto exigir que toda
a sociedade contribua para custear uma despesa cuja aplicação beneficia apenas uma
parte dessa sociedade. Os gastos despendidos com a manutenção de boas estradas e
comunicações beneficiam, sem dúvida, toda a sociedade e, portanto, sem injustiça, podem
ser cobertos pela contribuição geral de toda a sociedade. Entretanto, esse gasto beneficia
mais imediata e diretamente aqueles que viajam ou transportam mercadorias de um lugar a
outro. e que consomem essas mercadorias. As taxas de pedágio da Inglaterra, e as taxas
denominadas peagens em outros países, impõem essa despesa exclusivamente a essas
duas categorias de pessoas e, com isso, desafogam a sociedade em geral de um ônus bem
considerável. Indubitavelmente, também as despesas com as instituições destinadas à
educação e à instrução religiosa são benéficas para toda a sociedade, podendo, portanto,
sem injustiça, ser cobertas com a contribuição geral da sociedade. Todavia, talvez com igual
justiça e até com alguma vantagem, essa despesa poderia ser paga exclusivamente por
aqueles que auferem o benefício imediato de tal educação e instrução, ou pela contribuição
voluntária daqueles que acreditam precisar de uma ou de outra. Quando as instituições ou
outras obras públicas que beneficiam toda a sociedade não podem ser mantidas
integralmente ou não são assim efetivamente mantidas com a contribuição daqueles
membros particulares da sociedade mais diretamente beneficiados por elas, essa
deficiência deve, na maioria dos casos, ser suprida pela contribuição geral de toda a
sociedade. A receita geral da sociedade, além de cobrir os gastos com a defesa da
sociedade, e sustentar a dignidade do magistrado supremo, tem que suprir a deficiência de
muitos setores específicos da receita. No próximo capítulo procurarei explicar as fontes
dessa receita geral ou pública.