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DE SEGURANÇA E HIGIENE
OCUPACIONAIS
Orientadora: Professora Doutora Joana Cristina Cardoso Guedes (Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto)
Coorientadora: Professora Doutora Jacqueline Castelo Branco (Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto)
Arguente: Professor Doutor Luís João Rodrigues Das Neves Mourão (Instituto Superior de Engenharia do Porto)
Presidente do Júri: Professor Doutor Mário Augusto Pires Vaz (Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto)
2022
AGRADECIMENTOS
À professora doutora Joana Guedes e à professora doutora Jacqueline Castelo Branco, orientadoras
científicas desta dissertação, pela disponibilidade e interesse manifestados na orientação deste
trabalho e concludentemente por todos os comentários, sugestões e incentivos à melhoria. Muito,
muito obrigada!
A todos aqueles que me acompanharam ao longo deste percurso académico, e que de algum modo
contribuíram para a minha formação, colegas e docentes do MESHO. Um agradecimento especial
à Ana Castro e à Sónia Mesquita, por toda a partilha e entreajuda durante este Mestrado.
A todos aqueles que contribuíram para o desenvolvimento da presente dissertação, com partilha
de informação e que me facilitaram o acesso aos locais para a recolha em dados. Com destaque ao
Eng.º Tiago Franco, pela paciência e disponibilidade em esclarecer todas as dúvidas sobre a obra
e os respetivos processos, e ao Eng.º Miguel Rodrigues por toda a partilha alusiva à temática em
estudo.
À minha família, em especial, à mãe Lucinda, por todo o apoio e amor incondicional, sempre
manifestados.
Aos meus sobrinhos, Clara, Matilde, Martim e aos meus afilhados Diana e Gonçalo, por serem
uma fonte de inspiração. Igualmente aos meus irmãos, Luís e Paulo, por acreditarem sempre em
mim.
Aos meus amigos, por toda a motivação e estímulo. Com evidência para o Diogo, pela amizade
inabalável, cujo suporte se tornou fundamental para a concretização desta etapa. Obrigada e
obrigada!
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Avaliação de Ruído Ocupacional e Respetivas Medidas de Proteção no Setor da Construção Civil
DESTAQUES
1. Em ambiente de obra, para além dos operadores das máquinas, os trabalhadores que
realizam tarefas nas proximidades das fontes de ruído estão igualmente expostos a níveis
de ruído elevados.
2. O dosímetro é o equipamento de medição de ruído mais eficaz, em contexto ocupacional,
para avaliar os trabalhadores que realizam tarefas que exigem movimento no decorrer do
processo produtivo.
3. O planeamento e a organização do layout do estaleiro, na fase de pré-construção, permite
o estudo de estratégias com vista à redução da poluição sonora no ambiente de trabalho.
HIGHLIGHTS
1. In the work environment, in addition to machine operators, workers who carry out tasks in
the vicinity of noise sources, are also exposed to high noise levels.
2. The dosimeter is the most effective measurement equipment in the occupational context of
workers who perform tasks that require movement during the prosecution of the production
process.
3. The planning and organization of the layout at the shipyard, in the pre-construction phase,
allows the study of strategies aiming to reduce noise pollution in the workspace.
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Avaliação de Ruído Ocupacional e Respetivas Medidas de Proteção no Setor da Construção Civil
RESUMO
Introdução: Na Europa ocidental, a arte de construir foi evidenciada durante o Império Romano,
tendo progredindo a par com a evolução civilizacional. A indústria da construção civil detém uma
grande importância no contexto económico e social mundial. Esta tendência reflete-se na
conjuntura portuguesa, compreendendo um volume de negócios de 22 865 milhões de euros e com
301 710 trabalhadores distribuídos por 51 189 empresas (BPstat, 2020). A dinâmica associada ao
setor da construção e obras públicas é considerada um dos principais indicadores da economia,
com a procura dirigida a este setor estritamente ligada ao grau de desenvolvimento económico e
social do país, das fases de investimentos de outros setores, fortalecendo a evolução tecnológica e
científica. No sentido de validar a pertinência do tema, foram identificados os agentes físicos que
desencadeiam mais acidentes de trabalho, ou culminam nas doenças ocupacionais mais graves, em
contexto de obra. Em paralelo, pretende-se identificar as tarefas e instrumentos de trabalho que
contribuem para a exposição a esses agentes.
Objetivo: Como objetivo geral da presente dissertação, pretendeu-se identificar e avaliar a
exposição ao ruído nos trabalhadores que exercem atividades no setor da construção civil,
detalhando os processos produtivos e identificando as tarefas e consequentes fontes emissoras que
expõem os trabalhadores a níveis elevados de ruído, de forma a se poder atuar na prevenção.
Metodologia: A metodologia considerada é a relatada na legislação em vigor, nomeadamente no
DL nº 182 de 6 de setembro que surge complementada com a Norma NP EN ISO 9612:2011. As
amostragens analisadas foram recolhidas em ambiente de obra, na construção de um edifício de
habitação multifamiliar a decorrer na cidade de Aveiro. Procedeu-se à avaliação da exposição ao
ruído em postos de trabalho em que o operador não manuseava qualquer fonte de ruído mas estava
exposto a ruídos periféricos, decorrentes da utilização de máquinas noutros postos no mesmo
ambiente. Foram selecionadas postos de trabalho reconhecíveis na maioria das obras, para que as
conclusões sejam transversais e o contributo mais abrangente. Para a realização das medições foi
utilizado um dosímetro da marca e modelo SVANTEK SV 104, e foram avaliados: um servente
de obra, um montador de estruturas metálicas, um fiscal de obra, um pedreiro e um armador.
Resultados: Com a aplicabilidade da metodologia elencada, foi possível depreender que existem
outros trabalhadores em ambiente de obra que estão expostos a níveis de ruído elevados, mesmo
sem utilizarem qualquer equipamento ruidoso na sua tarefa. Como resultados das amostragens
realizadas, foram obtidos os níveis sonoros contínuos equivalentes, referentes à exposição diária
do trabalhador ao ruído, de 80.2 dB (A) para o servente de obra, 88.5 dB (A) para o montador de
estruturas metálicas, 82.8 dB (A) para o fiscal de obra, 83.2 dB (A) para o pedreiro e 81.5 dB (A)
para o armador. A nível de espetro, as frequências mais relevantes situam-se na gama das médias
e altas frequências, notando-se um tendência para as frequências de 1000 Hz, sons agudos. São
estabelecidas premissas de atuação na fase de projeto, a incluir no Plano de Segurança e Saúde,
com a implementação do conceito Prevention through Design (PtD), com a organização do layout
de trabalho e com a implementação de medidas organizacionais.
Palavras-chave: Construção Civil, Agentes físicos, Ruído Ocupacional, Doenças Ocupacionais.
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Avaliação de Ruído Ocupacional e Respetivas Medidas de Proteção no Setor da Construção Civil
ABSTRACT
Introduction: In western Europe, the art of building was developed during the Roman Empire,
having progressed along with the civilizational evolution. The civil construction industry is pivotal
in the global economic and social context. This trend reflects in the portuguese economy,
comprising a turnover of 22 865 million euros and with 301 710 employees distributed among 50
189 companies (BPstat, 2020). The dynamics associated with the construction and public works
sector is considered one of the main indicators of the economy, and the demand directed to this
sector is linked to the country's degree of development, the national economic situation and the
investment phases of other sectors, strengthening technological and scientific evolution and,
consequently, the society. In order to validate the relevance of the theme, the physical agents that
trigger more work accidents or culminate in the most serious occupational diseases were identified.
In parallel, it is intended to identify the tasks and work instruments that contribute to this exposure.
Objective: As a general objective of this thesis, it was intended to identify and evaluate the noise
exposure of workers in the civil construction sector, detailing the production processes and
identifying the tasks and consequent sources of noise, that expose workers to high levels of noise,
in order to be able to act in the prevention.
Methodology: The methodology considered is the one reported in the legislation in force, namely
in DL nº 182 of 6 September, which is complemented by the NP EN ISO 9612:2011 standard. The
analyzed samples were collected in a construction environment, in a work related to the
construction of a multifamily housing building, taking place in the city of Aveiro. An assessment
of noise exposure was carried out in workstations where the operator was not handling any source
of noise but was exposed to peripheral noise, resulting from the use of machines in other
workstations in the same environment. Recognizable jobs were selected in most of the works, so
that the conclusions are transversal and the contribution more comprehensive. To carry out the
measurements, a dosimeter of the brand and model SVANTEK SV 104 was used, and the
following were evaluated: a construction worker, a metallic structure assembler, a construction
inspector, a bricklayer and a steel bender.
Results: With the applicability of the methodology mentioned, it was possible to infer that there
are other workers in the construction environment who are exposed to high noise levels even
without using any noisy equipment in their task. As a result of the samples carried out, the
equivalent continuous levels were obtained, referring to the worker's daily exposure to noise, of
80.2 dB (A) for the construction worker, 88.5 dB (A) for the metallic structure assembler, 82.8 dB
(A) for the construction inspector, 83.2 dB (A) for the mason and 81.5 dB (A) for the steel bender.
In terms of spectrum, the most relevant frequencies are in the range of medium and high
frequencies, with a tendency towards frequencies of 1000 Hz, high-pitched sounds. Operating
premises are established in the design phase, to be included in the Health and Safety Plan, with the
implementation of the Prevention through Design (PtD) concept, with the organization of the work
layout and with the implementation of organizational measures.
Keywords: Civil Construction, Physical agents, Occupational Noise, Occupational Diseases.
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Avaliação de Ruído Ocupacional e Respetivas Medidas de Proteção no Setor da Construção Civil
ÍNDICE
1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................................ 1
1.1 Preâmbulo ......................................................................................................................... 1
1.2 Sinistralidade na Indústria da Construção Civil ............................................................... 3
1.3 Problemática e hipóteses de investigação ......................................................................... 4
1.4 Estrutura da dissertação .................................................................................................... 6
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ................................................................................................. 7
2.1 Conceitos básicos de ordem tecnológica .......................................................................... 7
2.2 Descrição da metodologia da revisão bibliográfica ........................................................ 14
2.3 Resultados e discussão da revisão bibliográfica ............................................................. 15
2.4 Conclusões da revisão bibliográfica ............................................................................... 28
2.5 Enquadramento legal e normativo acerca do ruído – Evolução temporal ...................... 29
3 OBJETIVOS, MATERIAIS E MÉTODOS ........................................................................... 33
3.1 Objetivos da dissertação ................................................................................................. 33
3.2 Descrição da metodologia aplicada ................................................................................ 33
3.3 Descrição dos postos trabalho avaliados e caracterização do processo produtivo ......... 36
3.4 Descrição da estratégia de medição ................................................................................ 49
3.5 Instrumentos selecionados para medição da exposição ao ruído ................................... 50
3.6 Medição .......................................................................................................................... 52
3.7 Tratamento de dados e cálculos ...................................................................................... 53
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO............................................................................................ 55
4.1 Resultados das medições ................................................................................................ 55
4.2 Discussão dos resultados referentes aos níveis de pressão sonora ................................. 57
4.3 Discussão dos resultados relativos à análise espetral ..................................................... 61
4.4 Medidas de vigilância da saúde ...................................................................................... 67
4.5 Medidas de tratamento do risco ...................................................................................... 68
5 CONCLUSÕES E PERSPETIVAS FUTURAS .................................................................... 71
5.1 Conclusões ...................................................................................................................... 71
5.2 Perspetivas futuras .......................................................................................................... 72
6 BIBLIOGRAFIA .................................................................................................................... 73
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Mestrado em Engenharia de Segurança e Higiene Ocupacionais
7 ANEXOS .................................................................................................................................. 1
7.1 Listagem de Normas Portuguesas sobre acústica ............................................................. 2
7.2 Configuração do dosímetro SVANTEK SV 104 para preparação da recolha de dados ... 3
7.3 Resultados das medições extraídas do software “Supervisor” ......................................... 6
7.4 Tabela de referência dos níveis sonoros de equipamentos: Setor da construção ........... 31
7.5 Cálculos da atenuação conseguida com o uso de proteção auditiva ............................... 32
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Avaliação de Ruído Ocupacional e Respetivas Medidas de Proteção no Setor da Construção Civil
ÍNDICE DE FIGURAS
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Avaliação de Ruído Ocupacional e Respetivas Medidas de Proteção no Setor da Construção Civil
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Avaliação de Ruído Ocupacional e Respetivas Medidas de Proteção no Setor da Construção Civil
ÍNDICE DE TABELAS
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Avaliação de Ruído Ocupacional e Respetivas Medidas de Proteção no Setor da Construção Civil
ÍNDICE DE EQUAÇÕES
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Avaliação de Ruído Ocupacional e Respetivas Medidas de Proteção no Setor da Construção Civil
ABREVIATURAS
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Mestrado em Engenharia de Segurança e Higiene Ocupacionais
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Avaliação de Ruído Ocupacional e Respetivas Medidas de Proteção no Setor da Construção Civil
GLOSSÁRIO
Acidente ocupacional – Aquele que se verifique no local e no tempo de trabalho e produza direta
ou indiretamente lesão corporal, perturbação ou doença de que resulte redução na capacidade de
trabalho ou a morte1.
Avaliação do risco – Processo sistemático que visa a identificação dos perigos e dos eventos
desencandadores.
Doença Ocupacional – Toda a doença contraída pelo trabalhador na sequência de uma exposição
a um ou mais fatores de risco presentes na atividade profissional, nas condições de trabalho e/ou
nas técnicas usadas durante o trabalho.
Dosímetro – Instrumento de medição de nível de pressão sonora, destinado a medir a exposição
ao ruído de uma pessoa ao longo de um período de tempo.
Exposição pessoal diária ao Ruído, LEX, 8h, – Representa o nível sonoro contínuo equivalente,
ponderado A, calculado para um período normal de trabalhão diário de oito horas, que abrange
todos os ruídos presentes no local de trabalho, expresso em dB (A).
Exposição pessoal diária efetiva, LEX, 8h, efect – Representa a exposição pessoal diária ao ruído
tendo em conta a atenuação proporcionada pela utilização correta de protetores auditivos, expressa
em dB (A).
Fator desencadeador – Aspeto que origina e/ou potencia um determinado acontecimento.
Fonte de Risco - O elemento que, por si só ou em combinação com ouros, tem o potencial
intrínseco de originar um risco2.
Local de Trabalho – Lugar em que o trabalhador se encontra ou de onde ou para onde deva
dirigir-se em virtude do seu trabalho, na qual esteja direta ou indiretamente sujeito ao controlo do
empregador3.
Nível de pressão sonora de pico, Lcpico – Valor máximo de pressão sonora instantânea, ponderado
de C, expressa em dB (C).
Nível sonoro contínuo equivalente, ponderado A, em decibel, L aeq, T – Valor do nível de
pressão sonora ponderada A de um ruído uniforme que, no intervalo de tempo T, tem o mesmo
valor eficaz da pressão sonora do ruído considerado cujo nível é variável em função do tempo.
Perigo – Fonte de dano potencial4.
Posto de trabalho – Conjunto de todas as tarefas concretizadas por um determinado trabalhador
durante um dia inteiro de trabalho, geralmente consiste num período de 8 horas diárias (é dotado
de recursos humanos, físicos, tecnológicos e organizacionais).
xix
Mestrado em Engenharia de Segurança e Higiene Ocupacionais
5 NP EN ISO 31000:2012
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Avaliação de Ruído Ocupacional e Respetivas Medidas de Proteção no Setor da Construção Civil
1 INTRODUÇÃO
1.1 Preâmbulo
A indústria da construção civil tem uma importância notória no contexto da economia a nível
global. É uma atividade económica que se caracteriza por uma imensa variedade no que respeita
aos intervenientes, nomeadamente, as empresas que operam na área, clientes que recorrem aos
seus serviços, diversidade de projetos, multiplicidade de formas de utilizar e manusear a matéria-
prima e uma constante aposta e interesse na evolução tecnológica (Baganha et al., 2002).
Na europa ocidental, a arte de construir, foi sobressaída durante o Império Romano (José, 1996).
A partir dessa época, progredindo a par com a evolução civilizacional, reflete-se nos dias de hoje
como um impulsionador económico e um dos segmentos mais importantes para as sociedades.
De acordo com o relatório anual da Global Powers of Construction (GPoC) referente ao ano de
20206, e partido de uma abordagem atual sobre o setor, à medida que o mundo recupera da atual
crise pandémica provocada pelo vírus SARS-CoV 2, o mercado global da construção continuará a
crescer a um ritmo superior ao da economia como um todo. As estimativas, apontadas no mesmo
relatório, indicam que é expectável que o valor da produção global de construção aumente de 11,6
biliões de dólares em 2020 para cerca de 14,8 biliões em 2030, resultando uma taxa média de
crescimento anual de cerca de 2,5% (GPoC, 2020).
A nível mundial, as conjeturas apontam para que o setor continue a apostar na inovação, no
desenvolvimento e aplicação de novas tecnologias e equipamentos, de forma a conseguir uma
maior eficiência a nível operacional que culminará numa rentabilidade sustentável. As 100 maiores
empresas de construção do mundo geraram receitas superiores a 1,51 biliões de dólares durante o
ano de 2020, o que representa um aumento de 3,7% em relação ao ano anterior. As maiores
empresas em termos de receita estão localizadas na China (48%), Europa (22%), Japão (13%),
Estados Unidos (8%) e Coreia do Sul (5%). A construtora Mota-Engil é a única representante
portuguesa no Top 100 mundial, com a 76ª posição (GPoC, 2020).
Nos últimos anos, em Portugal, este setor tem apresentado um grande dinamismo, motivado pelo
forte investimento público e privado que leva à materialização de grandes projetos (Baganha et
al., 2002).
Assim, a construção civil manifesta-se como uma atividade com relevância no contexto económico
e social Português. É uma área fortemente empregadora e um dos setores mais relevantes para o
desenvolvimento económico do país, compreendendo um volume de negócios de 22 865 milhões
de euros com 301 710 trabalhadores distribuídos por 51 189 empresas (ano de 2020)7.
Conserva-se motivada pela heterogeneidade associada às atividades inerentes, e pelo facto das
obras serem sempre diferentes, o que contribui para uma forte ocorrência de sinistros laborais.
6
https://www2.deloitte.com/global/en/pages/energy-and-resources/articles/deloitte-global-powers-of-construction.html
7
https://bpstat.bportugal.pt/conteudos/publicacoes/1304
Rainho, Marina 1
Mestrado em Engenharia de Segurança e Higiene Ocupacionais
8
https://www.apsei.org.pt/areas-de-atuacao/seguranca-no-trabalho/o-ruido-no-local-de-trabalho
2 Introdução
Avaliação de Ruído Ocupacional e Respetivas Medidas de Proteção no Setor da Construção Civil
9
https://www.act.gov.pt/(pt-PT)/CentroInformacao/Estatistica/Paginas/AcidentesdeTrabalhoGraves.aspx
Rainho, Marina 3
Mestrado em Engenharia de Segurança e Higiene Ocupacionais
São consideradas agentes físicos as diversas formas de energia que, de algum modo, podem
comprometer a saúde e/ou integridade humana de um trabalhador sujeito àquelas. Esta exposição,
a longo ou curto prazo, poderá resultar em acidente de trabalho ou culminar em enfermidades,
designadas de doenças ocupacionais. A delegação geral de saúde (DGS) define que as doenças
adquiridas por um trabalhar, devido à exposição a um ou a mais fatores de risco, combinados ou
não, presentes na realidade laboral, nas condições de trabalho e nas técnicas utilizadas durante a
realização das tarefas laborais, são designadas de doenças profissionais.
Neste contexto, em Portugal, admitimos que os trabalhadores da construção civil estão expostos a
vários fatores de risco, no que concerne à exposição aos agentes físicos, nomeadamente, o ruído,
as vibrações, as pressões anormais, as temperaturas extremas e as radiações ionizantes e não
ionizantes (Silva et al., 2016). A presente dissertação salienta e evidencia a exposição ao ruído.
Alguns dos agentes físicos supramencionados estão associados à utilização de máquinas e ou
ferramentas que são responsáveis pela exposição dos trabalhadores a esse agente. Com a análise
dos dados refentes às estatísticas dos acidentes de trabalho e de doenças profissionais,
conseguimos depreender que os fatores de risco subordinados à exposição a esses agentes, embora
não tenham um impacto significativo quando falamos em acidentes de trabalho mortais, estão
associados à manifestação de doenças profissionais graves.
A nível global, temos assistido a uma diminuição do número de acidentes de trabalho, de forma
genérica, constatando-se uma redução de cerca de 25% dos acidentes de trabalho, ao longo dos
últimos dez anos. Em contraponto, o número de doenças relacionadas com o trabalho contínua
responsável por 2.4 milhões de mortes a nível mundial, 200 000 das quais na Europa10.
Neste âmbito, e tendo por base o estudo do agente físico ruído, é possível depreender que a maioria
das doenças profissionais a este associado, se manifestam em consequência da exposição,
constante ou pontual, mas elevada, do trabalhador a este agente. Assente nesta realidade, e de
acordo com a EU-OSHA, é fundamental fomentar a prevenção, com vista à aplicabilidade de
políticas e boas práticas nos locais de trabalho, sendo os conceitos de avaliação de riscos e gestão
de riscos fundamentais, para a prevenção de riscos associados à segurança e saúde no trabalho11.
Por outro lado, é necessário assumir a existência da exposição e quais as suas possíveis
consequências, de forma a estabelecer estratégias de atuação.
Assente na problemática da doença profissional motivada pela exposição dos trabalhadores do
sector da construção civil ao ruído, urge identificar as tarefas que expõem o trabalhador a esse
agente, tendo como premissa o controlo dos níveis de exposição.
Em Portugal, as doenças profissionais identificadas e reconhecidas pelo Ministério do trabalho e
da Solidariedade social, estão listadas no Decreto-Regulamentar 76/2007 de 12 de julho,
mencionando os Agentes físicos e consequentemente o Ruído no capítulo 4.
10 https://osha.europa.eu/pt/themes/work-related-diseases
11 https://oshwiki.eu/wiki/Prevention_and_control_strategies
4 Introdução
Avaliação de Ruído Ocupacional e Respetivas Medidas de Proteção no Setor da Construção Civil
A atividade laboral, quando não é executada em condições adequadas, é responsável por alterações
na saúde do trabalhador. São conhecidos vários tipos de fatores de risco que podem contribuir para
o aparecimento e ou evolução de doenças profissionais.
Sucede fundamental a prevenção, de forma a proteger o trabalhador do excesso de ruído produzido
pelas várias tarefas inerentes às atividades da construção. A constante evolução levou à
incorporação de novas técnicas e metodologias que acentuaram a produção de ruído neste
contexto. A exposição ao ruído, sem qualquer medida de controlo ou proteção, acaba por afetar o
desempenho do trabalhador na execução da sua atividade laboral e pode provocar distúrbios ao
nível do cérebro e do sistema nervoso que podem resultar irreparáveis. As ondas sonoras
produzidas por uma fonte emissora de ruído, podem transmitir-se desde a origem até ao ouvido do
ser humano de forma direta ou indireta, por condução, através dos materiais de construção que
podem funcionar com fontes secundárias. Sempre que o ruído alcança determinados níveis, o
aparelho auditivo apresenta fadiga. Apesar de numa fase inicial não ser considerado grave e ser
expectável a recuperação, nos casos de exposição constante, prolongada e não controlada, existe
possibilidade de atingir surdez permanente, motivada por lesões irreversíveis no ouvido interno.
Com a presente dissertação aspira-se conseguir responder às seguintes interrogações:
- Os trabalhadores que executam atividades no setor da construção civil estão expostos a níveis de
ruído que podem ser considerados prejudiciais à sua saúde?
- Os trabalhadores que manuseiam a fonte de ruído (máquina) são os únicos trabalhadores expostos
a níveis de ruído elevados?
Que permitirão dar resposta à questão fundamental da investigação, cerne da presente dissertação:
- É possível diminuir a exposição ao ruído dos trabalhadores que realizam tarefas no setor da
construção? Através de que medidas?
Rainho, Marina 5
Mestrado em Engenharia de Segurança e Higiene Ocupacionais
6 Introdução
Avaliação de Ruído Ocupacional e Respetivas Medidas de Proteção no Setor da Construção Civil
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Ruído Ocupacional
O ruído é um som indesejado e a sua intensidade é medida em decibéis (dB) (Miguel 2014)
(OSHA,2015). A escala de decibéis é logarítmica, pelo que a um aumento de três decibéis no nível
do som corresponde a duplicação da intensidade do ruído. A fim de ter em conta o facto de o
ouvido humano possuir uma sensibilidade diferente a frequências diferentes, a pressão sonora ou
intensidade do ruído é, normalmente, medida em decibéis ponderados A [dB (A)]. Mas não é
apenas o nível de pressão sonora que determina a perigosidade do ruído. O período de exposição
é também muito importante. Para ter em conta este fator, são utilizados níveis de som com
ponderação temporal. No caso do ruído no local de trabalho, esta ponderação baseia-se
normalmente num período diário de trabalho de oito horas (OSHA, 2015).
Os efeitos do ruído sobre o ser humano depende de três características, a amplitude, a frequência
e a duração. Embora não exista uma normalização referente às definições dos tipos de exposição
ao ruído, podemos classificar esta normalização como continua ou impulsiva. Todos os ruídos não
impulsivos (contínuo, variável e intermitente) são conjuntamente designados por ruídos contínuos.
Os ruídos de impacto e de impulso são conjuntamente designados por ruídos impulsivos (Azeres,
2002).
Relativamente aos tipos de ruído, a norma ISO 2240:2003, refere que o espetro de ruído pode ser
contínuo ou com sons considerados puros e audíveis, podendo o ruído classificar-se como ruído
estacionário, uniforme e não estacionário. O ruído não estacionário pode ser subdividido em três
tipos, contínuo, intermitente e impulsivo (Miguel, 2014).
O ruído contínuo corresponde aos tipos de ruído cujos níveis de pressão sonora e espetros de
frequência se mantêm constantes no tempo. O ruído intermitente refere-se aos ruídos com níveis
de pressão sonora e espetro de frequência que possuem variações em intervalos bem definidos e
identificáveis, podem ser periódicos. O Ruído impulsivo é um tipo de ruído de muita curta duração
(< 200 ms) e com um nível de pressão sonora bastante elevado (usualmente reconhecido em caso
de detonação de substâncias explosivas) (Ferreira & Guerreiro, 2010).
Usualmente, nos locais de trabalho, a exposição representa um misto de ruídos do tipo contínuo e
impulsivo. No setor da construção os trabalhadores estão expostos aos três tipos de ruído, com
mais incidência para o ruído contínuo e intermitente. Não tão frequente temos a exposição ao ruído
impulsivo, que aprece como ferramenta da engenharia da escavação, associada à abertura de túneis
e desmonte de superfícies com componentes rochosas.
Rainho, Marina 7
Mestrado em Engenharia de Segurança e Higiene Ocupacionais
Efeitos físicos, que resultam na modificação das características físicas do sistema auditivo, que
podem reverter em perdas auditivas, temporárias ou permanentes (APSEI 2022)12;
Efeitos fisiológicos, que podem emergir em alterações no funcionamento do organismo, lesando
não somente o sistema auditivo como também as diferentes funções orgânicas, contribuindo para
o aparecimento de distúrbios gastrointestinais, alterações no sistema nervoso central, alterações no
ritmo cardíaco e respiratório e tensão muscular (Miguel, 2014);
Efeitos psicológicos, alterações no comportamento do trabalhador, que podem causar
irritabilidade em trabalhadores com tendência de stress e agravar o estado de angústia em pessoas
com tendência a depressão (Miguel, 2014).
Som
Som é qualquer variação de pressão que o ouvido pode detetar. Quando uma fonte sonora, como
um diapasão, vibra, provoca variações de pressão no ar ambiente, que se sobrepõem à pressão
do ar. Comparada com a pressão do ar (em Pascal), a variação da pressão sonora é percetível
pelo ouvido humano na gama de 20mPa a 100 Pa, para um indivíduo médio em plena posse das
suas capacidades auditivas (APSEI 2022) 7.
Fisiologia do ouvido humano
Do ponto de vista físico, pode definir-se o ruído como toda a vibração mecânica estatisticamente
aleatória de um meio elástico. Do ponto de vista fisiológico, será todo o fenómeno acústico que
produz uma sensação auditiva desagradável ou incomodativa (Miguel, 2014) (Azeres, 2002). Para
o entendimento da exposição ao ruído em contexto ocupacional é fundamental que se compreenda
como funciona a Anatomia e Fisiologia da Audição e quais as áreas anatómicas que o ruído
atravessa até ser sentido pelo cérebro humano.
O ouvido humano é um recetor, ligado à recolha, condução, modificação e amplificação das ondas
sonoras. O sistema auditivo é constituído por três áreas anatómicas distintas, de acordo com a
figura 1.
O ouvido externo é composto pelo pavilhão auricular e pelo canal auditivo externo. (Miguel,
2014). O Pavilhão auricular tem como função conduzir as ondas sonoras pelo canal auditivo
externo até à membrana timpânica (Paço, 2010).
O ouvido médio é constituído pela membrana timpânica e uma cadeia de ossículos – martelo,
bigorna e estribo, conexos entre si. (Miguel, 2014). As ondas que advêm do ouvido externo,
atingem o tímpano fazendo-o vibrar, o movimento vibratório propaga-se aos ossículos que
transmitem ao ouvido interno (Paço, 2010).
O ouvido interno encontra-se encerrado numa cápsula óssea, designada de labirinto ósseo, e
comunica com o ouvido médio pela janela oval e pela janela redonda. É um sistema complexo de
12
https://www.apsei.org.pt/areas-de-atuacao/seguranca-no-trabalho/o-ruido-no-local-de-trabalho/
8 Revisão Bibliográfica
Avaliação de Ruído Ocupacional e Respetivas Medidas de Proteção no Setor da Construção Civil
canais preenchidos por um líquido, perilinfa, e encontra-se dividido em dois sistemas: a cóclea,
que é o órgão responsável pela audição e os canais circulares que são os órgãos do equilíbrio
(Azeres, 2002). O Som transmite-se ao ouvido interno pelas vibrações dos ossículos do ouvido
médio, que se encontram ligados à cóclea. Células microscópicas e sensíveis que convertem essas
vibrações num sinal eletroquímico que é transportado pelo nervo auditivo para o Sistema Nervoso
Central, onde o som é finalmente ouvido e reconhecido (Paço, 2010).
13
https://www.act.gov.pt/(pt-PT)/crc/PublicacoesElectronicas/Documents/Guia_Ruido_no_Trabalho.pdf
14
Ibid.
Rainho, Marina 9
Mestrado em Engenharia de Segurança e Higiene Ocupacionais
Pressão Sonora
Chama-se pressão sonora “p” (ou pressão acústica) a uma alteração da pressão atmosférica que se
propaga no ar como uma onda15. A escala de valores de níveis de pressão sonora e respetiva
perigosidade encontram-se na figura 2. De acordo com a norma portuguesa NP ISO 1996:2011, O
nível de pressão sonora, Lp, em decibéis, é dado pela seguinte expressão:
𝑝2 𝑝
Lp = 10.log = 20. log Equação 1: Fórmula de cálculo do nível de pressão sonora
𝑝0 2 𝑝0
p – Consiste no valor eficaz ou valor médio quadrático que é a raiz quadrada da média aritmética
dos quadrados dos valores instantâneos de pressão sonora, da pressão sonora, em pascal;
p0 – Consiste no valor eficaz da pressão sonora de referência (2 x 10-5 Pa).
Todas as fontes sonoras emitem uma determinada potência acústica, característica e de valor fixo,
relacionada com a saída da mesma. As vibrações sonoras originadas pela fonte têm, valores
variáveis dependentes de fatores externos, tais como a distância e orientação do recetor, variações
de temperatura tipo de local etc. (Miguel, 2014). A forma como a sensibilidade auditiva se
manifesta vária de acordo com as características do individuo exposto, e pode depender de fatores
como a idade, o estado emocional e as rotinas associadas ao dia-a-dia. (Santsfeld & Matherson,
2022
15
https://www.act.gov.pt/(pt-PT)/crc/PublicacoesElectronicas/Documents/Guia_Ruido_no_Trabalho.pdf
10 Revisão Bibliográfica
Avaliação de Ruído Ocupacional e Respetivas Medidas de Proteção no Setor da Construção Civil
A intensidade das vibrações sonoras ou das variações de pressão sonoras que lhes estão associadas
exprime-se em newton por metro quadrado (N.m-2) ou pascal e designa-se por pressão sonora
(Miguel, 2014).
O limiar da audibilidade a 1000 Hz é provocado por uma pressão de 20 μ pascal (μPa), e o limiar
da dor ocorre a uma pressão de 100 pascal (Pa) (Miguel, 2014).
O ouvido humano não responde linearmente aos estímulos, mas sim logaritmicamente, pelo que,
as medidas dos parâmetros acústicos são feitas numa escala logarítmica em decibéis (dB). O
decibel é o logaritmo da razão entre o valor medido e um valor de referência padronizado e
corresponde, praticamente, à mais pequena variação da pressão sonora que um ouvido humano,
pode distinguir, nas condições normais de audição (Miguel, 2014).
Ponderação em frequência
As diferenças na receção sonora de acordo com a frequência e o nível fazem com que sejam
utilizados níveis de pressão sonora ponderados para avaliar o risco de perda auditiva. O nível de
pressão sonora ponderado A, expresso em dB (A) é o que melhor corresponde à receção subjetiva
de sons com um nível de pressão sonora baixo. O nível de pressão sonora ponderado C, expresso
em dB (C) é o que melhor corresponde à receção subjetiva de sons com um nível de pressão sonora
elevado. A ponderação representa um ajustamento ou uma correção dos níveis de pressão sonora
e aplica-se a cada banda de frequências16.
De forma a ter uma noção exata da composição do ruído é necessário apurar o valor sonoro para
cada frequência. Esta análise é denominada de análise espetral ou análise por frequência (Azeres,
2002) (Miguel, 2014).
Limiar de audição, Frequência e espetro
O valor mínimo do nível de pressão sonora de uma dada frequência audível chama-se limiar de
audição. É definido como o nível de som ao qual, em condições específicas, se obtêm 50 % de
respostas corretas durantes testes de deteção repetidos17. O ouvido humano tem capacidade de
detetar frequências entre os 20 Hz e os 20 000 Hz. As frequências abaixo dos 20 Hz são designados
de infra-sons, enquanto, as frequências acima dos 20 000 Hz são nomeadas de ultra-sons (Figura
3). Quanto maior for a frequência, mais agudo é o Som, quanto menor, mais grave. Os infra e ultra-
sons não são audíveis pelo ouvido humano. A gama audível encontra-se dividida em 10 grupos de
frequências que são designadas por oitavas. Cada oitava, por seu turno, está subdividida em 3
grupos de terços de oitava (Miguel, 2014).
16 https://www. act.gov.pt/(pt-PT)/crc/PublicacoesElectronicas/Documents/Guia_Ruido_no_Trabalho.
17
https://alextinoco.com/saude-do-trabalho/pdf-pca-programa-de-conservacao-auditiva/
Rainho, Marina 11
Mestrado em Engenharia de Segurança e Higiene Ocupacionais
Ao observar um ponto da onda sonora, nota-se que a pressão altera um determinado número de
vezes por segundo à volta da pressão atmosférica (Miguel, 2014).
A frequência é expressa na seguinte equação, em que o número de flutuações ou períodos por
segundo (hertz) define a frequência ou altura do som (Azeres, 2002) (Miguel, 2014):
1
f=T Equação 2: Fórmula de cálculo da frequência
Em que:
f = Corresponde à frequência, em hertz;
T = Designa o período, em segundos.
PCA – Programa de Conservação Auditiva
O Programa de Conservação Auditiva (PCA), também denominado Programa de Prevenção de
Perdas Auditivas (PPPA), corresponde a um conjunto de atividades que visam prevenir ou
estabilizar as perdas auditivas ocupacionais por meio de um processo de melhoria 18.
PAIR – Perda auditiva induzida por Ruído
A perda auditiva induzida por ruído (PAIR) é 100% evitável. Não obstante, uma vez adquirida, é
permanente e torna-se irreversível (NIOSH, 1998). A PAIR é a doença profissional mais comum
na Europa, representando cerca de 30% da totalidade das doenças ocupacionais (OSHA, 2005).
Compreender e minimizar os riscos é essencial para a prevenção de lesões relacionáveis ao ruído.
A eliminação ou redução do ruído na fonte, provenientes das instalações e dos equipamentos, reduz
os riscos relacionados à PAIR e resulta em maior segurança, produtividade e conforto (Tak et al.,
2009). A PAIR afeta, numa fase inicial as altas frequências, (3000,4000 ou 6000 Hz), passando
posteriormente a afetar as mais baixas (500,1000 ou 2000 Hz) (Sengogut, 2007). A melhor forma
de reduzir a exposição ao ruído e consequentemente a perda auditiva é tratar os ruídos na sua
origem. O uso dos princípios de engenharia para solucionar os problemas com ruídos perigosos
encontrados no local de trabalho antes da sua exposição ocorrer (por exemplo, com a instalação
18
https://www.act.gov.pt/(pt-PT)/crc/PublicacoesElectronicas/Documents/Guia_Ruido_no_Trabalho.pdf
12 Revisão Bibliográfica
Avaliação de Ruído Ocupacional e Respetivas Medidas de Proteção no Setor da Construção Civil
19
https://www.ilo.org/global/topics/labour-administration-inspection/resources-library/publications/guide-for-labour-
inspectors/noise/lang--en/index.htm
Rainho, Marina 13
Mestrado em Engenharia de Segurança e Higiene Ocupacionais
14 Revisão Bibliográfica
Avaliação de Ruído Ocupacional e Respetivas Medidas de Proteção no Setor da Construção Civil
Identificação
Registos identificados nas Registos adicionais
bases de dados identificados noutras fontes
(n=753) (n=6)
Com a observação da figura 4, apuramos que esta pesquisa originou, inicialmente, 753 artigos.
Destes foram excluídos 707, após diligência dos critérios de exclusão: 511 por não estarem dentro
da janela temporal considerada (data), 1 por não estar no idioma inglês (idioma), 78 por não
atentarem o tipo de fonte considerada (fonte), 73 por não considerarem o tipo de documento (tipo)
e 44 por estarem fora do tema de pesquisa. Resultaram 46 artigos.
Após aplicação destes critérios, todos os artigos considerados foram salvos e carregados para o
software de gestão de referências, o Mendeley e foi aplicada a ferramenta que remove de forma
automática os artigos duplicados. Após eliminação dos artigos que se encontravam em duplicado,
que totalizaram 15 artigos, foram selecionados para leitura 31 artigos. Destes 31, foram ainda
excluídos 11 artigos, por não se enquadrarem diretamente no caso de estudo. Os artigos excluídos,
nesta fase, abordavam maioritariamente o ruído noutros contextos e setores ou abordavam riscos
associados ao sector da construção que não se incluíam no Agente físico - Ruído. Deste processo
resultaram 20 artigos para leitura integral. Com a aplicação da técnica Snowballing foram incluídos
mais 6 artigos na pesquisa. A figura 4 resume o processo de pesquisa, incluindo os registos dos
artigos excluídos por fase e o número de artigo incluídos. No final, resultaram 26 artigos que
integram a presente revisão bibliográfica sistemática.
Rainho, Marina 15
Mestrado em Engenharia de Segurança e Higiene Ocupacionais
Posteriormente foi realizada uma análise acerca do país de origem de cada artigo de acordo com a
distribuição da figura 5. O país com mais representação foi os Estados Unidos da América, com 8
artigos, seguido de Portugal com 3 artigos, e da República Checa, Dinamarca e China, com 2
artigos cada. Os restantes países, Canadá, Paquistão, Brasil, Reino Unido, Índia, Espanha,
Austrália, Singapura e Malásia incorporaram um artigo cada.
A representação de autores por país organiza-se por ordem crescente de artigos, da seguinte forma:
- Malásia: Salim et al., 2017
- Singapura: Kumar & Lee, 2019
- Austrália: Chinda & Mohamed, 2008
- Espanha: Garzón et al., 2013
- Índia: Neeharika et al., 2018
- Reino Unido: Harvey et al., 2018
- Brasil: dos Santos et al., 2017
- Paquistão: Abrar et al., 2017
- Canadá: Dabirian et al., 2020
- China: Ning et al., 2019; Sun et al., 2021.
- Dinamarca: Frederiksen et al., 2017; Poulsen et al., 2019.
- República Checa: Thai et al., 2021; Kantová, 2021.
- Portugal: Tender et al., 2017; Alves et al., 2020; Costa et al., 2021.
- Estados Unidos da América: Suter, 2002; Feder et al., 2017; Rose, 2017; Kwon et al., 2017;
Kwon et al., 2018; Ahn et al., 2019; Huang et al., 2021; Park et al., 2020.
Após leitura integral dos artigos procedeu-se à distribuição dos mesmos tendo por base o conteúdo
do artigo, tendo resultado na distribuição enumerada na figura 6.
16 Revisão Bibliográfica
Avaliação de Ruído Ocupacional e Respetivas Medidas de Proteção no Setor da Construção Civil
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Rainho, Marina 17
Mestrado em Engenharia de Segurança e Higiene Ocupacionais
Devido à extrema exploração da natureza, a poluição sonora tornou-se num grande problema que
afeta a saúde e qualidade de vida. O ruído foi considerado poluente pela primeira vez no congresso
do Meio Ambiente realizado em Estocolmo em 1972 (Kumar & Lee, 2019). Foi transversal a
vários autores (Feder et al., 2017) (dos Santos et al., 2017) (Frederiksen et al., 2017) (Rose, 2017)
(Poulsen et al., 2019) (Kumar & Lee, 2019) (Alves et al., 2020) (Thai et al., 2021) (Sun et al.,
2021) (Kantová, 2021) (Sun et al., 2021) e (Sun et al., 2021), que a exposição ao ruído afeta a
saúde humana. A década de 1990 foi voltada para impactos mais específicos na saúde humana e
relatos de desconforto devido ao ruído, os estudos que serviram de base ao artigo escrito por Alves
et al. (2020) correlacionaram a exposição ao ruído de baixa frequência com o aparecimento de
doenças cardiovasculares (Alves et al., 2020).
A perda auditiva induzia por ruído (PAIR) é reconhecida há muito tempo como um problema
ocupacional (Thai et al., 2021), sendo a segunda forma mais comum relacionada aos sentidos,
após a perda auditiva relacionada à idade (Sun et al., 2021). Fundamentações recentes, sugerem
que 12 % da população global está em risco de perda auditiva por exposição ao ruído, os
trabalhadores que estão sob exposição prolongada a níveis de ruído excessivo apresentam grandes
probabilidades de desenvolver PAIR (Thai et al., 2021). A OMS inquiriu que cerca de 16 % dos
casos da perda auditiva em adultos foram causados pela exposição ao ruído ocupacional (Sun et
al., 2021) (Thai et al., 2021). A maioria das PAIR tem início insidioso e, portanto muitos
trabalhadores não sabem que estão a perder a audição (Feder et al., 2017).
Em 2009, o Centro de Controlo e Prevenção de Doenças na China lançaram a National Key
Occupational Diseases Survey (NKODS), um projeto de vigilância nacional de dez riscos
ocupacionais por forma a lidar com os desafios mais severos das doenças ocupacionais. O ruído é
um dos dez principais riscos ocupacionais (Sun et al., 2021). A utilização de grandes máquinas e
martelos hidráulicos estão associados à PAIR (Sun et al., 2021).
Entre os trabalhadores dos EUA, a maior prevalência de exposições perigosas ao ruído no local de
trabalho, ocorre no setor da indústria de mineração (76%) e no da construção (44%) (Rose, 2017)
(Feder et al., 2017). A maneira mais eficaz de prevenir a PAIR é eliminar os riscos de ruído (Rose,
2017). Nos EUA a PAIR foi responsável por aproximadamente 11 % de todas as doenças
ocupacionais (Feder et al., 2017). Elizabeth el al (2013), categoriza a indústria de construção de
estradas como uma das ocupações mais perigosas em termos de alta exposição ao ruído, e em
consequência, alto risco de perda auditiva induzida por ruído.
Segundo Rossi (2018), a frequência cardíaca aumenta significativamente em trabalhadores
introvertidos em comparação com uma situação de silêncio, enquanto os trabalhadores
extrovertidos não apresentam alteração na sua frequência cardíaca. A frequência cardíaca nas
pessoas aumentava com a maior exposição ao ruído (Alves et al., 2020). A exposição prolongada
ao ruído das turbinas eólicas está associada ao aumento de Enfarte do miocárdio e acidente
vascular cerebral. As vias fisiopatológicas podem desenvolver a ativação de uma resposta geral ao
stress e a distúrbios de sono, o que contribui para o aumento de fatores de risco, incluindo pressão
arterial, disfunção endotelial e sistema imunológico enfraquecido (Munzel et al, 2017) (Poulsen
et al., 2019). Os danos à audição podem ser evitados, mas quando a perda auditiva induzida por
ruído permanente ocorre, não pode ser curada ou revertida (OSHA, 2011).
18 Revisão Bibliográfica
Avaliação de Ruído Ocupacional e Respetivas Medidas de Proteção no Setor da Construção Civil
A exposição ocupacional ao ruído é reconhecida como um fator de risco substancial para perda
auditiva e, em todo o mundo e continua a ser a causa mais frequente de perda auditiva
neurossensorial evitável (Frederiksen et al., 2017).
Como um dos maiores produtores mundiais, a China tem muitas empresas de manufatura,
construção e mineração. A poluição sonora tornou-se um dos principais riscos públicos, tendo sido
notadas as seguintes falhas: falta de investimento nos serviços de ruído ocupacional, má gestão da
saúde ocupacional e equipamentos de proteção individual insuficientes para trabalhadores
expostos ao ruído (Sun et al., 2021). A perda auditiva de alta frequência é uma preocupação
significativa para a saúde ocupacional em muitos países, e a identificação precoce pode ser eficaz
para prevenir a perda auditiva (OSHA, 2011) (Frederiksen et al., 2017) (Sun et al., 2021).
Quanto à exposição, o limiar de dor em humanos ocorre quando são atingidos 120-130 dB. O ruído
pode causar uma série de problemas de saúde, não apenas perda auditiva ou surdez, mas também
pelo stresse, zumbido, hipertensão, dores de cabeça, cansaço físico, dificuldade de concentração,
problemas circulatórios, distúrbios do sono, batimentos cardíacos acelerados, abstinência
periférica, distúrbios psicológicos, aumento dos níveis de adrenalina e perda de magnésio,
tornando imperativa a redução dos níveis de exposição ao ruído (Kumar & Lee, 2019) (Alves et
al., 2020) (Kantová, 2021).
A perda auditiva entre os trabalhadores da construção civil, em Mato Grosso – Brasil, varia entre
13 e 70 %, e é maior em profissionais com maior tempo de exposição. No Brasil foram registados
mais de 19 mil acidentes de trabalho decorrentes de problemas auditivos nos trabalhadores da
construção civil entre 2002 e 2012. A perda auditiva é um problema de saúde pública pois afeta o
desenvolvimento da comunicação interpessoal, da linguagem, da interação social e pode prejudicar
o desenvolvimento profissional da população afetada. Os indivíduos detetados com deficiência
auditiva podem apresentar graves problemas psicossociais, que podem levar ao isolamento, stress,
dificuldade no relacionamento social, diminuição da autoestima e depressão (dos Santos et al.,
2017).
Uma única exposição a um súbito e poderoso ruído, como por exemplo uma explosão, pode
danificar o ouvido humano instantaneamente. A perda auditiva ocorre quando os cílios, pequenas
células que revestem a cóclea, no ouvido interno, (ver figura 1) ficam danificadas. Numa fase
inicial, o dano acontece aos cílios que recebem as frequências mais altas. Gradualmente a
exposição ao ruído, afeta a fala, se uma pessoa apresentar uma fala distorcida, pode ser um sinal
que uma perda auditiva substancial já aconteceu (OSHA, 2011).
O ouvido humano pode sofrer danos por exposições regulares a 8 horas a um ruído de 85 dB (A).
Quando um trabalhador está exposto a um ruído de 100 dB (A), motivado pelo funcionamento de
uma britadeira, uma hora por dia de exposição pode ser suficiente para danificar a sua audição. A
NIOSH recomenda que a exposição dos trabalhadores ao ruído deve ser controlada abaixo de um
nível equivalente a 85 dB (A) por oito horas de trabalho, de forma a minimizar a perda de audição.
(OSHA, 2011).
Rainho, Marina 19
Mestrado em Engenharia de Segurança e Higiene Ocupacionais
Tipo de Níveis de
Equipamento Metodologia de Gama de
Autor /Ano resultad Norma VLE exposição
de medição recolha frequências
os obtidos
20 Revisão Bibliográfica
Avaliação de Ruído Ocupacional e Respetivas Medidas de Proteção no Setor da Construção Civil
Rainho, Marina 21
Mestrado em Engenharia de Segurança e Higiene Ocupacionais
uma medição inicial e uma nova medição 10 anos depois, como resultado foi constatado que os
níveis de ruído diminuíram de 83,9 dB (A) para 82,8 dB (A), (regulamento da Dinamarca impõe
como VLE 85 dB (A)). Verificou-se que o uso de dispositivos de proteção auditiva aumentou de
70,1 para 76,1 %, o que contribuiu para a diminuição dos níveis de exposição (Frederiksen et al.,
2017). As medições deste estudo foram realizadas com recurso a um dosímetro da marca Bruel &
Kjr, modelo 4443. Este artigo viabiliza a importância a implementação de medidas de controlo e
consequentemente a verificação da sua adequabilidade.
Os aspetos ecológicos dos trabalhos de construção incluem o cumprimento dos limites de higiene
para ruído em estaleiro de obras, sendo este causado principalmente pela operação simultânea de
máquinas. Durante a construção, em contexto de obra, verifica-se que a maioria do ruído é causado
por máquinas (Rose, 2017) (Feder et al., 2017) (Abrar et al.,2017) (Ning et al., 2019) (Kantová,
2021). O ruído proveniente do local é adicionado à soma dos tipos de ruído já existentes no meio
ambiente, levando a uma mistura de sons que posteriormente é absorvida pelo ouvido humano
(Kantová, 2021).
Nesta revisão bibliográfica é de destacar o artigo, “Evaluation of construction site noise to allow
the optimisation of construction processes and construction machinery selection”, que aborda os
níveis de ruído em contexto ocupacional no setor na construção, em que o tema do artigo é
precisamente o enfoque da presente dissertação, propondo uma solução de redução de ruído, que
consiste na preparação de um modelo onde é efetuado o registo de medições, que em caso de
ultrapassagem dos valores limite de exposição, se propõe que sejam modificados os procedimentos
tecnológicos, sendo implementados, se possível, de forma imediata ou nas obras seguintes. Este
estudo foi realizado com o suporte do software Hluk plus onde o objetivo consistiu em obter o
nível de potência sonora de um conjunto de máquinas que funcionam em simultâneo, de forma a
se poder estabelecer estratégias de redução do ruído (Kantová, 2021). Foi concluído que é possível
reduzir o valor da pressão sonora abaixo do valor limite de exposição quando se afastam as
máquinas umas das noutras no local de trabalho (Ning et al., 2019) (Kantová, 2021).
À medida que a obra avança e dependendo da complexidade do processo produtivo e da
simultaneidade do envolvimento de máquinas acusticamente dominantes, o ruído emitido também
se altera. O nível de potência sonora de uma determinada máquina é indicado pelo fornecedor do
equipamento na respetiva ficha técnica da máquina (Kantová, 2021). A tabela de dados nº 3 elenca
fontes de ruído dominantes em obra e respetivos níveis de potência sonora recolhidos com
informações dadas pelo fabricante reunidos por Kantová (2021).
As atividades acusticamente mais significativas mencionadas na tabela 3, incluem trabalhos de:
Demolição;
Escavação;
Cravação de estacas.
22 Revisão Bibliográfica
Avaliação de Ruído Ocupacional e Respetivas Medidas de Proteção no Setor da Construção Civil
Kantová (2021) apresenta uma metodologia de acesso ao empreiteiro para resolver o ruído na
construção, de acordo com o seguinte esquema:
O modelo Construction Noise Prediction Model Based on Case-Based Reasoning (CBR) in the
Preconstruction Phase, sugere alternativas práticas para melhorar a gestão do ruído atual e
converte o paradigma da gestão do ruído de construção, favorecendo as medidas preventivas na
fase de pré-construção. O modelo pode ser aplicado como um complemento à gestão do ruído
ocupacional em estaleiros de obras para permitir que os responsáveis de segurança prevejam e
avaliem com antecedência prováveis problemas relacionados ao ruído. A CBR é uma abordagem
de inteligência artificial que reutiliza o conhecimento retirado de casos anteriores recorrendo a
bases de dados relacionadas ao ruído. Neste estudo os níveis de ruído foram determinados como
atributos de saída para prever o nível de ruído que será emitido durante a fase de construção. O
atributo de saída foi classificado em níveis máximos para os trabalhos provenientes de
terraplenagens, demolições e acabamentos (Kwon et al., 2017).
Kwon et al. (2018), publica um artigo onde propõe um modelo para determinação do risco
induzido por ruído, com a severidade baseada no nível de ruído previsto a partir de uma simulação
de Monte Carlo e a probabilidade de ocorrência do ruído exceder um determinado limite.
A utilização de modelos baseados na probabilidade e simulação das condições acústicas, com
recurso à simulação Monte Carlo, pode ser utilizada para prever os dados de ruído com vista à
criação de mapas de ruído que permitam determinar as zonas mais problemáticas no que respeita
à exposição ao ruído, calculando a exposição ao ruído dos trabalhadores durante o horário de
trabalho. Esta metodologia de avaliação do risco de ruído ocupacional permite estabelecer
previamente estratégias de atuação de forma a minimizar o risco. Neste contexto, é fundamental
Rainho, Marina 23
Mestrado em Engenharia de Segurança e Higiene Ocupacionais
avaliar quando e onde o ruído emitido pelas atividades associadas ao setor poderá afetar, não só
os trabalhadores como também as áreas adjacentes ao estaleiro da obra (Dabirian et al., 2020).
Como estratégia simples de avaliação de ruído pode ser aplicada a regra do pé e indicador de ruído
– 2-3 Foot Rule and Noise Indicator, que consiste numa regra que poderá ser implementada em
qualquer local de trabalhado e permite que um trabalhador, que não tenha problemas auditivos,
obtenha uma ideia acerca do nível de ruído a que se encontra exposto, permitindo verificar se este
pode ser considerado prejudicial. Quando não há um medidor de som disponível, o trabalhador
pode colocar-se a uma distância de cerca de 60-90cm (ou à distância de um braço) do seu colega
de trabalho, e se tiver que levantar a voz para que ele o oiça, podemos assumir que o nível do som
está acima de 85dBA (OSHA, 2011).
O ruído associado à utilização de máquinas
Os principais resultados mostraram que a exposição ao ruído no setor, está ligada à utilização de
máquinas (Abrar et al.,2017) (Rose, 2017) (Feder et al., 2017) (Ning et al., 2019) (Kantová, 2021).
Um estudo realizado por Ferder et al, (2017) inquiriu os participantes que trabalhavam em
ambientes ruidosos a nomear a fonte do ruído presente no ambiente de trabalho com mais impacto,
a maioria dos participantes, 81 % relatou a fonte de ruído como sendo de máquinas (escavadeiras,
retroescavadoras ou equipamentos de serralharia) (Feder et al., 2017).
De acordo com Legris e Poulin, os níveis médios de exposição ao ruído, para um dia de trabalho
que engloba 8 horas, para os operadores de equipamento pesados foram registados os valores de
exposição de 97 dB (A) para o operador de rolo compactador de vibração e de 95 dB (A) para o
operador do rolo compactador de betuminoso. A perda auditiva pode afetar a capacidade do
trabalhador em conduzir em segurança, o que, no caso dos condutores de veículos pesados pode
levar à incapacidade de exercer a profissão. Um estudo baseado numa abordagem multicritério
permitiu sinalizar os trabalhos realizados por escavadeiras mecânicas e tratores por produzir níveis
elevados de ruído. Não foram observadas medidas de controlo nos locais para reduzir a exposição
ao ruído dos trabalhadores expostos. A maior taxa de problemas auditivos devido ao ruído intenso
foi encontrada entre os motoristas de veículos pesados (Abrar et al., 2017).
A maioria dos equipamentos de construção geralmente produzem níveis de ruído superiores a 70
dB (A) e podem facilmente exceder os 100 dB (A) (Kwon et al., 2018). Camiões basculantes, e
camiões betoneira estão associados a problemas relacionados ao ruído (Kwon et al., 2017).
O ruído é um dos contaminantes físicos mais encontrados no setor da construção civil. Ambientes
de ruído variável e intermitente são usuais na indústria da construção, contrariamente à maioria
das indústrias em que o ruído é relativamente continuo. As obras, na maior parte do processo
produtivo ocorrem ao ar livre, sem o acúmulo de reverberação típicos das fábricas, e muitas vezes
é caracterizado por sons de curta duração provenientes do uso de ferramentas manuais. Quando o
ruído de um equipamento se verifica, o nível de som tende a ser mais contínuo. (Suter, 2002).
A poluição sonora associada às atividades da construção é um fator importante que pode
comprometer a saúde ocupacional, e também os ambientes de vida humana. Várias pesquisas
concentram-se principalmente na redução da poluição sonora na envolvente dos edifícios sensíveis
e não para os trabalhadores no local (Ning et al., 2019).
24 Revisão Bibliográfica
Avaliação de Ruído Ocupacional e Respetivas Medidas de Proteção no Setor da Construção Civil
Rainho, Marina 25
Mestrado em Engenharia de Segurança e Higiene Ocupacionais
et al., 2013) (Salim et al., 2017) (Tender et al., 2017) (Harvey et al., 2018) (Neeharika et al., 2018)
e (Costa et al., 2021).
Assente na questão: As taxas de mortalidade na construção são três vezes maiores do que a média
em todos os setores, é fundamental identificar os perigos existentes no setor, tanto humanos como
físicos, sendo imprescindível considerar as características dos trabalhadores e as pressões que eles
enfrentam no sistema. O envolvimento dos trabalhadores nas questões da segurança é uma etapa
de prevenção essencial (Harvey et al., 2018).
Os escorregões, as quedas, a eletrocussão, o ruído e as vibrações consistem nos perigos mais
comuns destacados nos estaleiros de obras (Salim et al., 2017). O papel do trabalhador é crucial
na redução da potencial lesão no local de trabalho (Garzón et al., 2013) (Salim et al., 2017)
(Harvey et al., 2018). Quando um técnico de segurança, analisa a questão da prevenção de riscos
ocupacionais, o foco raramente vai para o aspeto comportamental do trabalhador. Porém, é
necessário que os profissionais responsáveis pela segurança e saúde dominem todas as condições
de um ambiente seguro desde os aspetos relacionados à organização até aos aspetos que
fundamentam o comportamento dos trabalhadores. De acordo com os cânones da abordagem
psicométrica, o trabalhador da construção tem noção que o seu quotidiano de trabalho apresenta
riscos intrínsecos que podem afetá-lo (Garzón et al., 2013).
A liderança influência fortemente as pessoas e as políticas. Assim, os líderes devem ser modelos
na promoção do trabalho seguro, influenciando o comportamento dos trabalhadores, levando a
que, estes aceitem as suas responsabilidades a nível da segurança (Chinda & Mohamed, 2008).
Capacitar e valorizar os trabalhadores é um aspeto subestimado na gestão de riscos. Envolver os
trabalhadores na gestão de risco e respeitar a sua experiencia é particularmente importante. A
colaboração constitui confiança, colaborar com os trabalhadores mostra que são valorizados
(Chinda & Mohamed, 2008) (Garzón et al., 2013) (Harvey et al., 2018).
Segundo Garzón et al. (2013) 84 % dos riscos são percebidos dependendo da experiência, da
formação e do conhecimento do trabalhador (Garzón et al., 2013). A formação é portanto
fundamental, pois foca nas atitudes individuais nos trabalhadores, fator preponderante para a
gestão de equipas (Lamont, 2006) (Tender et al., 2017) (Harvey et al., 2018).
O planeamento e a organização do layout no estaleiro na fase de pré-construção, permite o estudo
de estratégias com vista à redução da poluição sonora. Estas estratégias de controlo permitirão
reduzir a poluição sonora sem necessidade de grandes intervenções do ponto de vista financeiro e
de forma segura. É conhecido que os métodos de mitigação de ruído atualmente disponíveis
tendem a ser passivos e acompanhados de despesas adicionais significativas. A localização das
instalações é um fator crítico de poluição sonora, sendo constatado que pode ser reduzida,
otimizando o planeamento do layout do estaleiro de obras na fase de pré-construção, permitindo
um equilíbrio entre a redução do ruído, a melhoria da segurança e o controlo de custos. Os
equipamentos de construção que produzem ruído e as atividades em instalações temporárias são
as principais fontes de ruído. A atenuação do ruído torna-se mais significativa quando a distância
entre a fonte de ruído e o recetor de ruído aumenta. Um layout de instalação baseado na distância
26 Revisão Bibliográfica
Avaliação de Ruído Ocupacional e Respetivas Medidas de Proteção no Setor da Construção Civil
adequada entre as instalações é benéfico para mitigar a poluição sonora (Ning et al., 2019)
(Kantová, 2021).
A fase mais eficiente e económica para controlar o ruído é a fase de projeto (Suter, 2002) (Abrar
et al., 2017) (Kantová, 2021). Considerando o projeto de um espaço de trabalho potencialmente
ruidoso ou o projeto de um equipamento (Suter, 2002).
Uma variedade de materiais tradicionais têm sido usados para reduzir o ruído, tais como fibras
naturais (algodão e lã), materiais granulares (betão poroso, betuminoso e argilas granulares) e
materiais celulares sintéticos (lã de vidro inerte, espumas de melamina, poliuretano e poliéster).
Estes materiais são eficientes e podem ser estudados para o desenvolvimento de sistemas de
absorção sonora na gama das altas frequências (Kumar & Lee, 2019).
O estudo realizado por Abrar et al. (2017), foca a importância da inclusão do plano de segurança
e saúde ocupacional na fase de execução de todos os projetos associados às várias fases da
construção.
Influência da utilização de proteção auditiva
Sempre que a solução de controlo de ruído a aplicar consista no uso de equipamentos de proteção
individual - protetores auriculares, é basilar que o protetor escolhido seja adequado ao posto de
trabalho e ao trabalhador. Tendo em atenção o nível de proteção conseguida, de forma a não
colocar o trabalhador numa situação de proteção excessiva que o possa colocar em perigo. Foi
constatado, por informações recolhidas de 298 profissionais que exercem funções no setor da
construção civil, nos Estados Unidos, na China ou no Japão, que muitos dos trabalhadores do setor
não estão dispostos a usar dispositivos de proteção auditiva devido à sua preocupação com a
audibilidade degradada dos sons ambientais (Huang et al., 2021).
Vários autores realizaram estudos por forma a depreender o grau de consciencialização e a
utilização de protetores auditivos (Rose, 2017) (Feder et al., 2017) e (Salim et al., 2018). Salem at
al. (2018) relata no seu artigo, com respeito a um estudo realizado por meio de entrevistas, que 60
% dos trabalhadores estão cientes da importância da utilização de proteção auditiva, mas apenas
38 % afirmou que os utiliza. Num caso prático, realizado pro Rose (2017) sobre o mesmo tema,
foi avaliada a frequência com que os trabalhadores que trabalham na manutenção de vias, usam os
dispositivos que proteção auditiva. Entre os 166 trabalhadores em análise, 54% relatou que sempre
ou quase sempre usa os EPIS de proteção auditiva ao usar ferramentas barulhentas ou quando
trabalha numa zona barulhenta (Rose, 2017). Num estudo com 3.666 participantes, com idades
entre os 16 e 79 anos, quando inquiridos acerca do uso da proteção auditiva, 80 % afirmou que
utilizava proteção auditiva sempre era obrigatório (Feder et al., 2017).
Num caso prático, os trabalhadores que realizam manutenção e reparação de estradas em Nova
Inglaterra (EUA), foram questionados sobre a frequência com que utilizam os dispositivos de
proteção auditiva durante os trabalhados em que estão expostos ao ruído. Os membros das equipas
de segurança no trabalho identificaram que a segurança, incluindo o uso de equipamentos de
proteção individual (EPI), era importante e de alta prioridade. Não obstante, foi constatado que
quando os trabalhadores foram orientados a usar os seus EPI, raramente consideram os dispositivos
de proteção auditiva como parte do equipamento de proteção individual. Num programa de
Rainho, Marina 27
Mestrado em Engenharia de Segurança e Higiene Ocupacionais
conservação auditiva, é importante compreender de que modo o local de trabalho influência o uso
de proteção auditiva para os trabalhadores. O clima de segurança refere-se, também, às perceções
dos trabalhadores sobre a importância que a gestão dá às políticas organizacionais em relação à
segurança. Devido ao ambiente de trabalho e à falta de implementação de medidas de engenharia,
os trabalhadores confiam nos equipamentos individuais de proteção auditiva, nomeadamente, nos
tampões e protetores auditivos, por forma a reduzir a exposição ao ruído (Rose, 2017).
A prevalência do uso adequado e diligente de dispositivos de proteção auditiva nos trabalhadores
da construção nos EUA é raro (Suter, 2002) (Feder et al., 2017), em parte devido às dificuldades
percebidas na audição e compreensão da comunicação de fala e nos sinais de alerta (Suter, 2002)
(Huang et al., 2021). No entanto, controlar o ruído na fonte, é o processo mais confortável e fiável
para proteger a audição do trabalhador (Suter, 2002).
Foi transversal aos artigos analisados que a exposição elevada e não controlada ao ruído, expõe os
trabalhadores a fatores de riscos. Esta exposição pode levar a manifestações clinicas graves, que
podem comprometer a saúde a integridade física da pessoa exposta.
A indústria da construção está entre as maiores indústrias nos países em desenvolvimento e
desenvolvidos. Esta indústria é complicada, diversificada e dinâmica (Celik et al., 2017). A
poluição sonora causada pelo setor da construção é uma das principais barreiras para o
desenvolvimento sustentável do setor, perturbando tanto o ambiente envolvente ao estaleiro, ruído
ambiental, como os trabalhadores do estaleiro, ruído ocupacional (Ning et al., 2019) (Kantová,
2021). Mais de meio milhão de trabalhadores da construção civil estão expostos a níveis
potencialmente perigosos de ruído. Os regulamentos de ruído da construção carecem da
especificidade dos regulamentos gerais da indústria. A mobilidade dos trabalhadores e a grande
proporção de pequenos negócios, dificultam a implementação de medidas de conservação auditiva
(Suter, 2002).
É importante estudar os chamados quase-acidentes, pois esses eventos tradicionalmente antecedem
os acidentes (Ceyhan, 2012) e são, portanto, uma fonte de informação extremamente útil para o
estudo sobre os processos de implementação de medidas de risco e segurança ocupacionais
(Tender et al., 2017).
As atividades de construção estão associadas a vários problemas relacionados ao ruído, incluindo
problemas de saúde, custos excessivos e atrasos nos cronogramas. Esses problemas podem ser
evitados com a realização de avaliações e previsões de ruído durante a fase de pré-construção
(Kwon et al., 2017) (Kantová, 2021).
Os riscos decorrentes da poluição sonora excessiva retardam o crescimento do produto interno
bruto de muitos países em todo o mundo (Kantová, 2021). Assim, reduzir a poluição sonora na
construção é vital para melhorar a segurança e saúde ocupacional e contribuir para a eficiência
económica na indústria da construção (Ning et al., 2019).
28 Revisão Bibliográfica
Avaliação de Ruído Ocupacional e Respetivas Medidas de Proteção no Setor da Construção Civil
A nível do processo produtivo e tarefas associadas, foi possível elencar, que as tarefas que expõem
os trabalhadores a maiores fontes de ruído, são as tarefas relacionadas as fases da construção
ligadas às escavações, terraplenagens, estruturas, contenções periferias, obra de pedreiro e aos
trabalhados de corte de madeiras e tubagens (plásticas ou metálicas).
O projeto pré-construção, realizado antes de dar início à obra, é visto como uma medida
preponderante no que concerne à prevenção. Contém planos financeiros, cronogramas,
regulamentos técnicos com procedimentos de trabalho e propostas para a implementação de
máquinas de construção e gestão de equipas. Esses itens são otimizados para economizar dinheiro,
encurtar o tempo de construção e aumentar a qualidade do trabalho final, garantindo que os padrões
ambientais e de segurança são mantidos no local.
A complexidade dos processos produtivos e a sua constante mutação, são os principais
responsáveis pela exposição a níveis elevados de ruído neste contexto, e são identificados como
elementos dificultadores quando se fala em implementação de medidas de controlo.
Motivada pela incidência de estatísticas alarmantes, associadas à exposição do ruído, que
culminam no aparecimento e desenvolvimento de doenças ocupacionais, é pertinente que existam
avaliações e simulações, de forma a identificar as fontes de ruído, para que, seja possível trabalhá-
las no sentido de implementar medidas que permitam reduzir os níveis de exposição. A
organização do layout da obra e o planeamento antecipado, em fase de projeto, são medidas que
foram identificadas nos artigos em estudo e que comprovadamente permitem reduzir os níveis de
ruído (na fonte).
O processo de medição e simulação, associado ao tema da exposição ao ruído ocupacional, assume
um papel preponderante na abordagem e prevenção dos riscos associados a exposição a este agente
físico. Por outro lado, constatou-se, pela análise dos artigos provenientes da revisão bibliografia,
que o estudo do ruído neste contexto é muito direcionado para os trabalhadores que operam as
máquinas, ou que executam uma tarefa em que uma máquina integra o processo produtivo. Posto
isto, salienta-se como pertinente, a avaliação do ruído para outros trabalhadores que realizam
tarefas que não dependem do uso de qualquer fonte de ruído, mas estão igualmente expostos ao
ruído, proveniente dessas fontes (máquinas e ou ferramentas).
ruído. Este regulamento, composto por VIII capítulos, abordava as várias temáticas inerentes ao
tema, nomeadamente, os princípios gerais, os locais para implantação de edifícios, os requisitos
técnico-funcionais dos edifícios, a laboração de indústria, comércios e serviços, atividades
ruidosas, tráfego, sinalização sonora e fiscalização. Ao fazer uma pesquisa sobre os
acontecimentos preponderantes nesse ano, podemos facilmente relacionar a publicação deste
decreto-lei com a adesão de Portugal à Comunidade Económica Europeia, a 1 de janeiro de 1986,
que permitiu que Portugal, segundo a Agência pra o Desenvolvimento e Coesão (AD&C) passa-
se a beneficiar de uma Política Regional Europeia com o objetivo de aproximar os seus padrões
de desenvolvimento à média registada no contexto Europeu, de forma a privilegiar o
desenvolvimento da económica e a modernização da sociedade. De antemão, podemos concluir
que o desenvolvimento da economia e a modernização da sociedade, estão articuladas ao
desenvolvimento tecnológico.
Nos anos posteriores, foram públicas várias normas e diretivas na tentativa de melhorar e clarificar
a abordagem à temática da exposição ocupacional do ruído. A listagem de normas portuguesas
que retratam as temáticas associadas ao ruído encontra-se no anexo 7.1.
Em 2006 foi, finalmente, publicado um Decreto-Lei, que refere as prescrições mínimas de
segurança e saúde respeitantes à exposição dos trabalhadores ao agente físico – Ruído, com
aplicação a todos os setores de atividade com vista ao controlo dos níveis de exposição do ruído
em contexto ocupacional.
À data presente, corrente ano de 2022, a temática de exposição ocupacional ao ruído o quadro
legislativo comunitário nacional é o seguinte:
- Diretiva 89/391/CEE de 12 de junho de 1989, relativa à aplicação de medidas destinadas a
promover a melhoria de segurança e saúde dos trabalhadores no trabalho.
- Diretiva 2003/10/CE de 6 de fevereiro de 2003, relativa às prescrições mínimas de segurança e
de saúde em matéria de exposição dos trabalhadores aos riscos devidos aos agentes físicos – ruído.
- Decreto-lei nº 182/2006 de 6 de setembro, que transpõe para a ordem jurídica interna a diretiva
nº 2003/10/CE, do parlamento Europeu e do Conselho, de 6 de fevereiro, referente às prescrições
mínimas de segurança e de saúde em matéria de exposição dos trabalhadores aos riscos devidos
aos agentes físicos (ruído). Este decreto atualiza o Decreto-Lei 72/92 e o Decreto regulamentar nº
9/92 de 28 de abril, estabelecendo as prescrições mínimas de segurança e saúde respeitantes à
exposição dos trabalhadores aos riscos devidos ao ruído. Este decreto que refere as prescrições
mínimas de segurança e saúde respeitantes à exposição dos trabalhadores ao agente físico – Ruído,
com aplicação a todos os setores de atividade, incluídos também os trabalhadores por conta própria
e estipula que não é permitida, em nenhuma situação, a exposição pessoal diária ou semanal dos
trabalhadores a níveis de ruído iguais ou superiores a 87 dB (A), ou valores de pico iguais ou
superiores a 140 dB (C), sendo estes valores estabelecidos legalmente como os valores limite de
exposição ao ruído. Este decreto quando faz referência ao valor da incerteza da medição, remete o
tema para a norma NP EN ISO 9612:2011 – Acústica: Determinação da exposição ao ruído
ocupacional – Método de Engenharia.
Este diploma legal passou a estipular três níveis de intervenção, de acordo com a tabela 4.
30 Revisão Bibliográfica
Avaliação de Ruído Ocupacional e Respetivas Medidas de Proteção no Setor da Construção Civil
32 Revisão Bibliográfica
Avaliação de Ruído Ocupacional e Respetivas Medidas de Proteção no Setor da Construção Civil
De um modo geral o processo produtivo associado ao setor da construção civil, é bastante variável,
as várias fases correspondentes à execução da obra englobam a compatibilização entre meios
humanos, materiais e tecnológicos, para que seja possível realizar as várias fases e concretizar o
objetivo final, que consiste na construção do edifício.
A obra onde foram realizadas as amostragens da presente dissertação, consiste na construção de
um edifício destinado a habitação multifamiliar na cidade de Aveiro, com 6 pisos, que responde
ao mercado actual que valora as pequenas tipologias. O edifício em causa encontra-se em fase de
construção (2022), foi construído de raiz e para materializar a construção foi necessário realizar a
demolição de uma pré-existência que estava em ruínas no local. A nível de construção, a solução
estrutural a implementar recai sobre uma estrutura em betão armado para as fundações, sapatas,
pilares, muros de suporte e lajes de piso. Para realizar a estrutura em betão armado foi necessário
implementar as fases relativas à execução das armaduras, das cofragem e da betonagem. Para a
realização das cofragens foram utilizadas peças de madeira, escoras metálicas e vigas de
travamento, sendo utilizadas a serra elétrica e de mesa para os cortes nas madeiras. A cofragem
consiste essencialmente na montagem de estruturas de suporte, neste caso em madeira, com o
Rainho, Marina 33
Mestrado em Engenharia de Segurança e Higiene Ocupacionais
propósito de evitar desmoronamentos ou para delimitar e reter betão, como uma espécie de
reservatório, garantindo através de uma estrutura estanque, que esta mantém o formato pretendido
até à sua completa secagem ou solidificação. Para a realização das cofragens são necessários vários
recursos humanos, para além dos operadores das máquinas que preparam os cortes necessários nas
peças a utilizar, existem outros trabalhadores que estão responsáveis pela montagem da cofragem
e outros que procedem ao transporte do material para o local onde irá ser realizada a montagem.
Nesta obra, e em paralelo com a realização das fases que permitem a realização dos componentes
estruturais, haviam vários trabalhadores que se encontravam a realizar as paredes em alvenaria. Á
medida que a estrutura ficava pronta, as alvenarias também avançavam. As amostragens realizadas
contemplaram as fases da obra acima descritas, nomeadamente a realização dos elementos
estruturais, pilares, vigas e lajes e paredes em alvenaria.
A metodologia aplicada à avaliação da exposição ao ruído dos trabalhadores no setor da construção
civil foi selecionada tendo em linha de conta, as estratégias de medição descritas na norma NP EN
ISO 9612:2011.
Com o desenvolver da dissertação, procedeu-se à realização de várias vistorias e compilação de
informações, sobre o contexto de obra, que permitiram articular a informação sobre o trabalho na
construção civil em ambiente não controlado, tendo permitido concluir que em obra, os
trabalhadores encontram-se expostos a várias fontes de ruído, que podem ser suscetíveis a incitar
lesões. As vistorias realizadas recorreram a análises observacionais e fotográficas, com vista à
recolha de dados sobre o tipo de tarefas que se realizam de modo mais frequente no setor, quais as
ferramentas mais utilizadas e em que circunstâncias, quais os grupos de trabalhadores expostos e
quais as fontes de ruído a que estão expostos (uma ou várias). Estas vistorias permitiram selecionar
e enquadrar os trabalhadores a avaliar, de forma a tornar o contributo da presente dissertação o
mais abrangente e transversal possível. Com a aplicabilidade da presente metodologia, pretende-
se recolher dados, de forma a considerar a possibilidade de controlar e diminuir a exposição dos
trabalhadores deste setor ao ruído, partindo da abordagem de prevenção ainda em fase de projeto.
O reconhecimento dos procedimentos e respetivos processos foi realizado com recurso a
levantamentos e reconhecimento da atividade, caracterização das tarefas, meios técnicos e
humanos envolvidos e potencialmente expostos, verificação de equipamentos associados às tarefas
e duração da exposição. Foi realizada uma primeira fase de reconhecimento na obra de forma a
recolher dados sobre a fase em que se encontrava a obra, posteriormente foram recolhidas
informações sobre as fontes de ruído, que máquinas eram utilizadas e em que tarefas. Em seguida
foram listados os trabalhadores potencialmente expostos, por um lado os expostos ao ruído de
forma direta, por outro os de forma indireta. Por fim, procedeu-se à seleção dos 5 postos de
trabalho a avaliar, tendo como premissa a seleção de postos de trabalho em que os trabalhadores
se encontravam expostos a várias fontes de ruído, em simultâneo.
A figura 8 integra a fase de reconhecimento, proveniente da compilação e análise de informações
recolhida sobre o tema, e identifica fases de obra onde se verifica que os trabalhadores estão
expostos ao ruído. As primeiras três imagens, a), b) e c) refletem a exposição ao ruído dos
trabalhadores que na sua tarefa manuseiam um equipamento que emite ruído. Por oposição, nas
figuras d) e) e f) é possível verificar que existem vários trabalhadores que não operam qualquer
fonte do ruído e, no entanto, estão expostos ao ruído das máquinas manuseadas por colegas de
trabalho que realizam tarefas no mesmo ambiente.
a) Utilização do martelo pneumático (2020). b) Realização de muro de contenção, fontes de ruído: martelo
pneumatico e serra elétrica (2020).
Rainho, Marina 35
Mestrado em Engenharia de Segurança e Higiene Ocupacionais
R
Descrição dos processos produtivos, identificação dos postos de trabalho e tarefas a avaliar
e
v
i
s Identificação da problemática e seleção da estratégia de medição
ã
o
Avaliação de ruído: medições em obra
B
i
Análise e tratamento dos dados obtidos
b
l
i
Análise crítica dos resultados e conclusões sobre adequabilidade da metodologia
o
g
r
á Proposta de medidas de mitigação e controlo
f
i
c
Conclusões e perspetivas futuras
a
A análise efetuada teve como enfoque principal as tarefas que expõem os trabalhadores ao agente
físico – Ruído, de forma a responder aos objetivos/questões da presente dissertação.
O processo produtivo que se descreve é o da construção de um edifício destinado a habitação
multifamiliar, sendo que, esse processo é apoiado por várias fases, geralmente comuns à maioria
das obras, a construir de raiz, nomeadamente:
Execução dos projetos (Ante Projeto, Estudo Prévio, Projeto de Licenciamento e Projeto
de Execução);
Rainho, Marina 37
Mestrado em Engenharia de Segurança e Higiene Ocupacionais
O Servente de obra é um profissional do setor da construção, que realiza várias tarefas manuais
consideradas no meio, como tarefas simples, que auxiliam a edificação.
Este profissional pode realizar tarefas que correspondem à carga, descarga, transporte de materiais
e ferramentas manuais, trabalhos de escavações, assentamento de canalizações e tubagens para
passagem de águas e esgotos ou redes elétricas, tarefas de limpeza e compactação de solos, e
verificação e preparação de equipamentos. Este profissional dá auxílio às tarefas delegadas pelo
encarregado, trabalhando com ele em ambiente de simbiose.
Neste dia, o servente procedeu à colocação do material na grua, empilhando-o de forma manual,
utilizando as próprias mãos, quando o carregamento já estava completo, o trabalhador deu sinal,
via rádio ao operador da grua para subir a carga. Enquanto a carga subia para o seu destino, o
servente preparava outra carga e assim sucessivamente ao longo do dia, tendo realizado a mesma
tarefa durante todo o turno de trabalho, correspondente a 8 horas de trabalho.
Servente de Obra
Figura 13:
Retroescavadora em
ambiente de obra.
Rainho, Marina 39
Mestrado em Engenharia de Segurança e Higiene Ocupacionais
fundamentais da obra. Estas estruturas servem de suporte a cargas, são elementos de montagem
rápida e são comprovadamente, pelos profissionais do setor, eficientes na sua função. Estes
elementos são adaptáveis a qualquer projeto e ambiente, tornando-os presentes na maioria das
obras.
As estruturas provisórias aparecem em vários contextos nas obras, importa agora focar nas
estruturas provisórias metálicas. Nesta fase de obra, o montador de estruturas metálicas, realizou
trabalhos de montagem de estruturas provisórias, nomeadamente de escoramentos e de andaimes.
Em concordância com o dicionário da Engenharia Civil, o escoramento é a designação da aplicação
de escoras, que servem de reforço ou sustentação e uma escora é uma peça que tem como
finalidade amparar e suportar cargas, de forma linear, sujeita a esforços de compressão. Os
andaimes são equipamentos utilizados em obra que dão apoio aos trabalhados em altura, são
normalmente, fabricados em tubagem metálica e contemplam proteções. Nesta obra, tanto as
escoras como os andaimes utilizados são compostos por material metálico.
Os escoramentos foram realizados utilizando escoras metálicas (Figura 14), estes elementos,
previamente dimensionados, em projeto próprio, dão apoio a elementos estruturais, tais como
vigas, pilares e lajes, de forma a evitar desmoronamentos, garantindo, através de um estrutura
estanque, que o betão conserva o formato almejado até à sua completa secagem ou solidificação.
Para a montagem destas estruturas metálicas foi necessário proceder ao transporte destes
elementos para o local da obra, o transporte foi realizado respeitando o limite de peso e dimensões.
Na maioria dos casos e inclusive nesta obra, o transporte destes elementos, deste o armazém até à
obra, é realizado em carrinha e ou camião (de acordo com a quantidade a transportar e capacidade
do veículo de carga) até ao local da obra e depois o transporte para os vários locais, onde se realiza
a montagem foi realizado com recuso a sistemas de elevação vertical (gruas torre).
A fase de transporte é essencial, os componentes metálicos são pesados e é importante que a sua
fixação seja assegurada durante o transporte, de forma a evitar deslocamentos e degradar os
elementos ou causar acidentes. Antes da montagem destas estruturas temporárias, o responsável
pela montagem garante que o local onde se irá realizar a montagem está devidamente nivelado e
compactado. Para a montagem das escoras é necessário selecionar os elementos a utilizar na
montagem e regular a altura da flauta com o gancho realizando os ajustes finais com a porca,
levando a escora a adquirir a altura pretendida.
No caso dos andaimes, para além da escolha dos elementos para a montagem, de forma a garantir
que o andaime chega ao local almejado é necessário, sempre que o terreno não estiver nivelado e
sólido, a colocação de bases niveladoras para compensar desníveis ou alterar a altura da superfície.
No processo de montagem o trabalhador é responsável pela verificação dos encaixes e apertos,
assegurando que as estruturas suportam a capacidade de carga necessária e são montadas
respeitando os projetos dimensionados para o efeito. Não obstante à montagem, este profissional
é igualmente responsável pela desmontagem das estruturas metálicas provisórias, após cumprirem
a função pretendida. Este trabalhador realizou a tarefa de montagem de estruturas metálicas
provisórias ao longo do dia, tendo realizado a mesma tarefa durante todo o turno de trabalho,
correspondente a 8 horas de diárias.
Rainho, Marina 41
Mestrado em Engenharia de Segurança e Higiene Ocupacionais
As equipas de fiscalização adquirem, cada vez mais, uma importância notória, para a qualidade
geral de uma obra, controlando os custos, prazos e a qualidade das técnicas de execução e dos
materiais empregues. O controlo da execução em obra, que é tarefa do fiscal da obra, é fundamental
quando se fala em minimização dos custos destinados à construção e concludentemente quando se
fala em manutenção. Em síntese, a tarefa do fiscal de obra é assegurar a qualidade do material e
42 Objetivos, materiais e métodos
Avaliação de Ruído Ocupacional e Respetivas Medidas de Proteção no Setor da Construção Civil
da sua execução, de forma a reduzir erros, e custos adicionais com a obra, com a segurança e com
a manutenção.
Nesta amostragem, a tarefa do fiscal, foi refletida no controlo e boa execução da betonagem. De
acordo com o dicionário da Engenharia Civil, a betonagem consiste na aplicação do betão em obra,
sendo realizada com recurso à colocação de argamassa de cimento em locais designados
previamente, com o objetivo de executar elementos construtivos, podendo estes ser estruturais ou
não estruturais.
Antes da realização da betonagem, o fiscal é responsável por aprovar o estudo de composição de
betão e por realizar o plano de betonagem. O plano de betonagem deve englobar a sua preparação
e assegurar que os moldes e armaduras estão em condições para receber o betão. Após
materialização do plano de betonagem, o transporte do betão é realizado por um camião betoneira.
Este camião é o equipamento responsável por receber o betão preparado na central e direcioná-lo
até ao local de aplicação na obra. Se a betão demorar a ser aplicado, motivado por algum
imprevisto, são colocados no camião retardadores de presa, chamado de adjuvantes, de forma a
conservar o betão, para garantir a qualidade e resistência do mesmo. Importa referir que o betão é
perecível, pelo que, o controlo do tempo de transporte e em consequência, o tempo demorado na
sua posterior aplicação são fundamentais para o sucesso da betonagem.
Após verificação das tarefas de inspeção e consequente do transporte do material para o local onde
será realizado o despejo do betão, e tendo sido asseguradas as condições climatéricas propícias, a
zona a betonar deve ser protegida contra a radiação solar, vento forte, congelação, água, chuva e
neve, procedeu-se à aplicação do betão nas armaduras. O betão foi aplicado nas armaduras, com a
ajuda de uma bomba de betão, neste caso foi realizada a descarga direta do betão para as
armaduras, com a ajuda de um tubo que direciona o betão para o local pretendido (figura 19), de
forma a preencher todos os espaços que a cofragem delimita. De acordo com o fabricante, neste
caso a CIMPOR, a melhor forma de aplicar o betão, é colocá-lo o mais próximo possível da sua
posição final, de forma a minimizar as operações de espalhamento e evitar a movimentação
horizontal do betão.
Cada camião transporta, em média 8 m³ de betão, pelo que, durante todo o dia, existiram camiões
a realizar o despejo de betão na obra. Cada descarga, realizada com a recuso a uma bomba de betão
demorava cerca de meia hora. Nos casos em que a descarga é realizada com o apoio do balde da
grua, o processo é mais demorado, podendo demorar o quadruplo do tempo. Neste dia a descarga
com apoio do balde da grua não se verificou, apenas foi utilizada a bomba de betão.
Nos dias em que é realizada a betonagem o camião betoneira está em funcionado todo o dia, chega
um camião descarrega o betão e abandona a obra, chega outro camião e é realizado um ciclo
semelhante, e assim sucessivamente durante as 8 horas de trabalho.
Rainho, Marina 43
Mestrado em Engenharia de Segurança e Higiene Ocupacionais
Fiscal de Obra
O pedreiro de obra, ou também conhecido como trolha na zona norte de Portugal, é um profissional
que desempenha diversas funções que podem passar pela montagem de alvenarias de pedra, tijolo,
blocos ou de outros materiais, em concordância com o estipulado nos projetos de licenciamento e
de execução. As funções atribuídas ao pedreiro passam também pelo assentamento de
revestimentos nas fases da obra mais avançadas podendo realizar outros trabalhos de construção.
O trabalhador envolvido na amostragem, o pedreiro, neste dia, estava dedicado apenas à execução
das alvenarias de bloco de betão térmico. A tarefa consistia em pegar no bloco de betão, colocar
argamassa com o apoio de uma colher de pedreiro, denominada de trolha, que consiste numa
ferramenta de metal de forma ligeiramente triangular que é utilizada para aplicar e espalhar a
argamassa, de modo a empilhar os vários blocos com a respetiva argamassa até realizar a parede
com a altura necessária. Embora o pedreiro estivesse apto para preparar a argamassa necessária à
montagem das alvenarias, por uma questão de otimização de recursos e de tempo, a argamassa foi
feita por um servente que preparou in sito a mistura com água, areia e cimento e a levou preparada
ao pedreiro, com o apoio de um carrinho de mão, para consequente aplicação.
O pedreiro realizou a mesma tarefa durante todo o turno de trabalho, correspondente a 8 horas de
trabalho diárias.
Rainho, Marina 45
Mestrado em Engenharia de Segurança e Higiene Ocupacionais
Pedreiro
O Armador é um profissional do setor da construção e a sua função passa pela execução das
armaduras de aço, sendo o responsável para realização do designado esqueleto da obra. A sua
função passa pela execução dos elementos de fundação, das armaduras das lajes, dos pilares e das
vigas.
Neste dia, o trabalhador encontrava-se realizar a armadura dos pilares. A armadura é um elemento
realizado em varões de aço que são cortados e moldados para posterior aplicação do betão. Este
trabalhador é responsável por escolher os varões a serem usados na estrutura do pilar, tendo em
linha de conta o estipulado pelo projetista de estruturas.
Após escolha dos varões, estes são moldados com um gancho, de acordo com as especificações
técnicas, colocando os varões, os estribos (peças de varão de aço utilizadas para ligar
Rainho, Marina 47
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Armador
A seleção da estratégia de medição foi realizada de acordo com o estipulado na norma NP EN ISO
9612:2011, que especifica o método de engenharia para medir a exposição dos trabalhadores ao
ruído em ambiente ocupacional, tendo em conta, qual a finalidade das medições, qual a
complexidade da situação de trabalho analisada, o número de trabalhadores envolvidos, a duração
efetiva do dia de trabalho, o tempo disponível para a medição, o tipo de análise dos dados
pretendida, e o detalhe da informação necessária (Instituto Português da Qualidade, 2011).
Antes da realização da colheita de dados foram realizadas algumas vistorias em obra, de forma a
aferir as fontes de ruído predominantes, o tipo de trabalhadores expostos e o tipo de tarefa que se
encontravam a executar. Estes dados permitiram escolher a melhor estratégia de medição e qual o
equipamento de medição que melhor se adequava, aplicado ao contexto.
De acordo com o tipo de exposição ao ruído, e partindo da existência de várias tarefas a decorrer
em simultâneo que utilizam equipamentos que emitem ruído, foi possível apurar que, por um lado,
encontram-se os trabalhadores que operam um equipamento que é uma fonte de ruído e por outro
permanecem os trabalhadores que não operam a fonte de ruído mas que se encontram expostos,
em alguns casos a mais do que uma fonte de ruído em simultâneo.
Contrariando a tese recorrente, que foca, analisa e avalia os trabalhadores que operam as fontes de
ruído – máquinas, a presente avaliação centra-se nos trabalhadores, que realizam tarefas em
contexto de obra e que não operam qualquer máquina. Encontrando-se, expostos a várias fontes
de ruído que advém de tarefas realizadas por outros colegas no mesmo ambiente de trabalho.
Rainho, Marina 49
Mestrado em Engenharia de Segurança e Higiene Ocupacionais
Rainho, Marina 51
Mestrado em Engenharia de Segurança e Higiene Ocupacionais
3.6 Medição
O equipamento selecionado para realização das medições, foi o dosímetro SVANTEK SV 104
(figuras 29 e 30), integrado com um protetor de vento (figura 31), que consiste num medidor de
nível de ruído da classe 2.
O dosímetro foi acoplado do trabalhador seguindo as diretrizes da Norma ISO:9612:2011 e as
normas de utilização do fabricante do equipamento – Svantek. O microfone foi colocado na parte
superior do ombro, a uma distância de pelo menos, 0,1 m da entrada do canal auditivo, do lado do
ouvido mais exposto, tendo sido cuidadosamente colocado, de modo a que não houvesse qualquer
interferência motivada por impactos mecânicos ou interposições do vestuário do funcionário, e
não perturbasse o desempenho profissional do trabalhador, nem contribuísse para despoletar
fatores de risco ocupacional (figura 32). Nas recolhas realizadas, para além dos pressupostos da
norma ISO 9612:2011 foram tidas em consideração as normas e diretrizes do fabricante do
equipamento (SV 104).
Para além da vantagem da mobilidade na utilização do dosímetro, outra das vantagens em utilizar
este tipo de equipamento consiste no facto de não haver necessidade de seguir os trabalhadores
que estão a ser avaliados de perto, o que permite a realização da monitorização de vários
trabalhadores em simultâneo. Nesta dissertação apenas se realizou uma medição de cada vez, no
entanto, é pertinente salientar esta possibilidade.
Procedeu-se à colheita de dados – medições, numa janela temporal que durou aproximadamente
1:00 hora, este período de medição é representativo da exposição global do trabalhador, abrange
os períodos mais significativos da exposição às várias fontes de ruído e é expressivo das situações
de trabalho em análise. As medições foram realizadas num período em que estavam em
funcionamento várias fontes de ruído em simultâneo. O processo de colheita de dados, foi
acompanhado com a observação e análise das condições de exposição, de forma a permitir
controlar a qualidade e fiabilidade dos dados obtidos.
Os trabalhadores avaliados foram informados que a medição tinha como desígnio um estudo
realizado a nível académico, tendo aceitado, a participação. Durante a realização das medições
foram aconselhados a realizar o trabalho normalmente e a não retirar o equipamento durante a
colheita de dados. Para efeitos de medição foram recolhidas as seguintes amostras:
LAeq – Nível sonoro contínuo equivalente, ponderado A;
LCpico – Valor máximo da pressão sonora instantânea a que o trabalhador se encontra
exposto, ponderado C;
LAeq,f – Nível sonoro contínuo equivalente, ponderado A, em cada banda de oitava.
Rainho, Marina 53
Mestrado em Engenharia de Segurança e Higiene Ocupacionais
O nível sonoro contínuo equivalente, ponderado A, em cada banda de oitava, LAeq,f, permite que
seja calculado o valor referente à exposição diária efetiva, LEX,8h,efect, (equações 4, 5 e 6) que
consiste no nível sonoro continuo equivalente a que o trabalhador fica exposto quando utilizada
um modelo de protetor auditivo específico.
Cálculo da Exposição pessoal diária ao ruído
O nível contínuo equivalente, ponderado A, LEX,8H, é calculado para um período normal de
trabalho diário de 8 horas (T0), que abrange todos os ruídos presentes no local de trabalho,
expresso em dB (A), dado pela expressão:
𝐿𝐸𝑋,8ℎ = 𝐿𝐴𝑒𝑞 + 10 log(𝑇𝑒
𝑇0
) Equação 3: Fórmula de cálculo da exposição pessoal diária ponderada a 8h
Em que:
- LAeq.T: representa o nível de pressão sonora contínuo equivalente, ponderado A, no intervalo de
tempo Te;
- Te, representa a duração efetiva da exposição durante um dia de trabalho, expressa em horas;
- T0, representa a duração de referência T0 = 8 horas (28 800 segundos ou 480 minutos).
Cálculo da Exposição pessoal diária efetiva
A atenuação oferecida por um protetor auditivo pode ser determina com recurso a três métodos
diferentes, nomeadamente o método de Banda de Oitava, o método HML e o método SNR. O
método de Banda de Oitava é o mais fiável e rigoroso para determinar a atenuação, pelo que, foi
o método selecionado para aplicar na presente situação.
Por cada banda de oitava procedeu-se ao cálculo dos níveis globais, de acordo com a seguinte
equação:
𝐿𝑛 = 𝐿𝐴𝑒𝑞,𝑓,𝑇𝑘 − 𝑀𝑓 + 𝛼𝑆𝑓 Equação 4: Fórmula de cálculo dos níveis globais para cada banda de oitava
Para concluir, procedeu-se ao cálculo da exposição diária efetiva em dB (A) de cada trabalhador
que execute o trabalho com protetores auditivos no intervalo de tempo considerado adequado.
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os resultados espelhados na tabela de dados 12, correspondem aos valores decorrentes das
medições realizadas pelo dosímetro SV 104, onde foram retirados através do software supervisor,
os valores medidos, relativos ao nível de ruído contínuo equivalente, LAeq dB (A), ao valor mínimo
do nível de pressão sonora, ponderado (A), Lmin dB (A), ao valor máximo do nível de pressão
sonora, ponderado (A), Lmax dB (A), ao nível de pressão sonora de pico, ponderado (C), Lcpico dB
(C) e os valores calculados referentes ao nível de exposição ao ruído, ponderado de (A)
normalizado para um valor de exposição diária de 8 horas de trabalhado, Lex,8h dB (A), e ao nível
de exposição ao ruído ponderado (A), com a adição do valor referente à incerteza da medição,
LEX,8H+U dB (A). O cálculo do valor LEX,8H foi realizado de acordo com as premissas estabelecidas
norma (ISO 9612:2011), tendo sido selecionada a estratégia baseada no dia completo te trabalho.
As tabelas de dados integrais extraídas do software Supervisor e referentes às amostragens
realizadas encontram-se no anexo 7.2.
O LAeq (nível de pressão sonora contínuo equivalente) determina o nível sonoro médio captado
durante o período de tempo em que ocorre a medição. O valor de LEX,8H permite obter o valor
efetivo da exposição de um trabalhador durante o seu período de trabalho, ponderando os valores
LAeq aferidos durante a medição realizada. Os postos de trabalho avaliados expõem o trabalhador
Rainho, Marina 55
Mestrado em Engenharia de Segurança e Higiene Ocupacionais
a diferentes níveis sonoros ao longo do dia de trabalho, esta exposição, ao ser medida, originará
os valores de LAeq. O valor de LEX,8H é a ponderação de todos os valores obtidos de LAeq, num valor
final e único. O valor de LAeq é equivalente ao valor de LEX,8H, quando um trabalhador apresenta
uma rotina homogénea, para as 8 de atividade laboral, o que se verificou nas medições realizadas.
Tabela 12: Valores medidos pelo dosímetro SV 104 e extraídos do Software Supervisor
Lex,8h+U*
Tarefa ou zona LAeq Lmin Lmax Lcpico Lex,8h
dB(A)
de trabalho dB(A) dB(A) dB(A) dB(C) dB(A)
Operador 1:
Servente de 77.2 45.2 92.00 126.6 77.2 77.2 ± 3.00 = 80.2
obra
Operador 2:
Montador de
85.6 46.3 94.9 108.7 85.6 85.6 ± 3.00 = 88.5
estruturas
metálicas
Operador 3:
79.8 43.1 87.5 113.1 79.8 79.8 ± 3.00 = 82.8
Fiscal de obra
Operador 4:
80.2 59.0 88.6 124.5 80.2 80.2 ± 3.00 = 83.2
Pedreiro
Operador 5:
78.5 40.6 88.9 114.3 78.5 78.5 ± 3.00 = 81.5
Armador
56 Resultados e Discussão
Avaliação de Ruído Ocupacional e Respetivas Medidas de Proteção no Setor da Construção Civil
Com a observação dos gráficos referentes às figuras 33,34, 35, 36 e 37, correspondentes aos níveis
de pressão sonora obtidos pelas amostragens realizadas em ambiente de obra. Podemos concluir
que os níveis de ruído não são contínuos, verificando-se que os níveis de pressão sonora oscilam
no tempo. É possível enquadrar estas exposições ao ruído, como exposições ao ruído intermitente,
em que conseguimos identificar os níveis de pressão sonora de forma a atribuir-lhe um intervalo
temporal, mediante o tempo da amostra, pelos períodos considerados e interpretados nas tabelas
referentes à interpretação dos gráficos supramencionados. No setor da construção, apesar de não
se verificar nas medições realizadas, existem algumas fases da obra, em que encontramos a
exposição ao ruído impulsivo ou de impacto, que apresentam altos níveis de intensidade sonora
num intervalo de tempo reduzido como é o caso das explosões.
OPERADOR 01_ Servente de obra
dB dB
130.0 130.0
120.0 120.0
110.0 110.0
100.0 100.0
Acoustic pressure
Acoustic pressure
90.0 90.0
80.0 80.0
70.0 70.0
60.0 60.0
50.0 50.0
40.0 40.0
08:10:00 08:15:00 08:20:00 08:25:00 08:30:00 08:35:00 08:40:00 08:45:00 08:50:00 08:55:00 09:00:00 09:05:00 Time
08:05:42
Start Duration LZpeak (TH) [dB] LASmax (TH) [dB] LASmin (TH) [dB] LAeq (TH) [dB] LAV (TH) [dB]
Info - - P1 P1 (A, Slow) P1 (A, Slow) P1 (A, Lin) P1 (A, Slow)
Main cursor 22/07/2022 08:05:42 - 83.1 65.0 63.0 63.1 -
High vibration level Figura 33: Gráfico do nível sonoro a que se encontra exposto o servente de obra
22/07/2022 08:14:01 00:00:02.000 121.8 88.2 64.9 85.6 85.1
NoMotion 22/07/2022 08:06:16 00:21:20.000 106.4 82.8 46.8 76.0 69.9
O servente de obra, ao realizar a tarefa correspondente ao seu posto de trabalho, que se encontra
descrita na tabela de dados nº 6, mesmo sem operar qualquer equipamento ruidoso, encontra-se
exposto ao ruído da torre grua, ao ruído do berbequim e ao ruído da retroescavadora. O nível
sonoro de referência para estes equipamentos é de, 100 dB (A), 102 dB (A) e 86.5 dB (A),
respetivamente (anexo 7.4). A tabela 14 corresponde à interpretação do gráfico da figura 33, onde
se encontram descritas as fontes sonoras preponderantes nos intervalos temporais considerados.
Rainho, Marina 57
Mestrado em Engenharia de Segurança e Higiene Ocupacionais
Tabela 14: Interpretação do gráfico do nível sonoro a que se encontra exposto o servente de obra
Nº. de períodos Janela
Interpretação dos dados com base na observação
considerados temporal
Valor de pressão sonora relativamente constante, devido ao funcionamento simultâneo da
grua e da retroescavadora. A posição da grua foi constante ao longo do dia. A
01 08:05 – 08:27
retroescavadora fez várias movimentações o que contribuiu para pequenas oscilações na
exposição, devido à aproximação ou afastamento do local onde o servente trabalhava.
02 08:27 – 08:45 Nestes períodos, ao funcionamento simultâneo da grua e da retroescavadora foi adicionado
o ruído do berbequim. O nível sonoro emitido pelo berbequim variou nos períodos 02 e 03,
motivado pela distância a que operador do berbequim se encontrava do servente de obra.
03 08:45 – 08:58
No período 02, o operador do berbequim estava a fixar a vedação metálica mais próximo
do servente de obra e no período 03 mais afastado.
No último período da amostra, as fontes de ruído presentes voltaram a ser a grua e a
retroescavadora. Neste período notou-se a aproximação ao local de um camião de
04 08:58 – 09:06
transporta material para a obra. O ruído emitido pelo camião a realizar a manobra de
marcha a traz justifica os momentos de pico.
dB dB
110.0 110.0
100.0 100.0
90.0 90.0
Acoustic pressure
Acoustic pressure
80.0 80.0
70.0 70.0
60.0 60.0
50.0 50.0
11:20:00 11:25:00 11:30:00 11:35:00 11:40:00 11:45:00 11:50:00 11:55:00 12:00:00 12:05:00 12:10:00 12:15:00 Time
11:17:27
Start Duration LZpeak (TH) [dB] LASmax (TH) [dB] LASmin (TH) [dB]
Info - - P1 P1 (A, Slow) P1 (A, Slow)
Main cursor
NoMotion Figura 34: Gráfico do nível sonoro a que se encontra exposto o montador de estruturas metálicas
01/09/2022 11:17:27
01/09/2022 11:17:50
-
01:00:36.000
91.6
108.7
60.3
94.9
46.3
69.9
Tabela 15: Interpretação do gráfico do nível sonoro a que se encontra exposto o montador de estruturas metálicas
Nº. de períodos Janela
Interpretação dos dados com base na observação
considerados temporal
Valor de pressão sonora relativamente constante, devido ao funcionamento simultâneo da
grua e do camião betoneira. Neste posto de trabalho estamos perante o manuseamento de
peças metálicas que batem umas nas outras ou no pavimento que é em betão. As variações
01 11:17– 12:05 dos valores de pressão sonora neste período, caracterizam-se essencialmente pelo ruído
proveniente do manuseamento das peças metálicas refletindo-se em pequenos momentos d
pico. O ruído da grua, do camião betoneira e da bomba de betão foi simultâneo e constante
ao longo do período em análise.
Descrição equivalente ao período 01. Neste período nota-se um decrescimento do nível
02 12:06 – 12:20 sonoro motivado pelo facto de alguns postos de trabalho na obra já se encontrarem
parados para o período de almoço. A grua já estava parada.
58 Resultados e Discussão
Avaliação de Ruído Ocupacional e Respetivas Medidas de Proteção no Setor da Construção Civil
dB dB
110.0 110.0
100.0 100.0
90.0 90.0
Acoustic pressure
Acoustic pressure
80.0 80.0
70.0 70.0
60.0 60.0
50.0 50.0
40.0 40.0
08:15:00 08:20:00 08:25:00 08:30:00 08:35:00 08:40:00 08:45:00 08:50:00 08:55:00 09:00:00 09:05:00 Time
08:10:20
Start Duration LZpeak (TH) [dB] LASmax (TH) [dB] LASmin (TH) [dB]
Info - - P1 P1 (A, Slow) P1 (A, Slow)
Main cursor 24/08/2022 08:10:20 Figura 35: Gráfico do nível sonoro a que se encontra exposto o fiscal de obra
- 95.2 80.6 61.8
NoMotion 24/08/2022 08:10:43 00:22:47.000 105.2 87.5 75.0
O fiscal de obra, ao realizar a tarefa análoga ao seu posto de trabalho, que se encontra descrita na
tabela de dados nº 8, mesmo sem operar qualquer equipamento que emite ruído, encontra-se
exposto ao ruído da torre grua, ao ruído do camião betoneira, da bomba de betão, e ao ruído do
camião que transporta materiais para a obra. O nível sonoro de referência para estes equipamentos
é de, 100 dB (A) para a grua, <85 dB (A) para o camião betoneira, e <85 dB (A) para a bomba de
betão (anexo 7.4). Para o camião de transporte de material, de acordo com dados recolhidos na
pesquisa bibliográfica, estima-se que o nível sonoro referência se encontre nos 90 dB (A) (tabela
3). A tabela 16 corresponde à interpretação do gráfico da figura 35, onde se encontram descritas
as fontes sonoras influentes nos períodos temporais considerados.
Tabela 16: Interpretação do gráfico do nível sonoro a que se encontra exposto o fiscal de obra
Nº. de períodos Janela
Interpretação dos dados com base na observação
considerados temporal
Duração da betonagem: Neste período o camião betoneira estava em funcionamento em
simultâneo com a bomba de betão, tendo realizado a descarga do betão para a laje
01 08:10 – 08:35
previamente preparada, num período que englobou cerca de 25 minutos. Em paralelo na
obra, as torres grua estavam em funcionamento.
Neste período o betão já tinha sido despejado, pelo que, foi realizada a desmontagem da
02 08:35 – 08:45 bomba de betão. Estavam em funcionamento as gruas torre e o camião betoneira sem
estar a despejar o betão.
Neste período o fiscal deslocou-se para controlar a carga e descarga de um camião que
03 08:47 – 08:53 chegará com material para a obra. As gruas torres continuavam em funcionamento. Os
momentos de pico neste período justificam-se pela manobra de marcha atrás do camião.
Descrição semelhante ao período 02. Neste caso estava a ser colocada a bomba de betão
04 08:55 – 09:10 no camião betoneira para se poder realizar um novo ciclo da betonagem. As gruas torres
continuavam em funcionamento.
Rainho, Marina 59
Mestrado em Engenharia de Segurança e Higiene Ocupacionais
OPERADOR 04_Pedreiro
dB dB
120.0 120.0
110.0 110.0
Acoustic pressure
Acoustic pressure
100.0 100.0
90.0 90.0
80.0 80.0
70.0 70.0
60.0 60.0
14:00:00 14:05:00 14:10:00 14:15:00 14:20:00 14:25:00 14:30:00 14:35:00 14:40:00 14:45:00 14:50:00 14:55:00 15:00:00 Time
13:59:18
Start Duration LZpeak (TH) [dB] LASmax (TH) [dB] LASmin (TH) [dB]
Info - - P1 P1 (A, Slow) P1 (A, Slow)
Main cursor 12/08/2022 13:59:18 - 91.8 72.9 68.4
NoMotion 12/08/2022 13:59:46 00:56:38.000 108.1 88.1 59.0
O Pedreiro, ao realizar a tarefa correspondente ao seu posto de trabalho, que se encontra descrita
na tabela de dados nº 9, mesmo sem operar qualquer equipamento que emita ruído, encontra-se
exposto ao ruído da torre grua, ao ruído do camião de transporte de materiais, da retroescavadora
e da rebarbadora. O nível sonoro de referência para estes equipamentos é de, 100 dB (A) para a
grua, e 86.5 dB (A), para a retroescavadora (anexo 7.4). A rebarbadora, segundo a consulta
realizada a um fabricante deste tipo de equipamentos (SKIL) tem como nível sonoro de referência,
99 dB (A). Para o camião de transporte de material, de acordo com dados recolhidos na pesquisa
bibliográfica, estima-se que o nível sonoro referência se encontre nos 90 dB (A) (tabela 3). A
tabela 17 corresponde à interpretação do gráfico da figura 36, onde se encontram descritas as fontes
sonoras dominantes nos períodos temporais considerados.
Tabela 17: Interpretação do gráfico do nível sonoro a que se encontra exposto o pedreiro
Nº. de períodos Janela
Interpretação dos dados com base na observação
Considerados temporal
Valor de pressão sonora relativamente constante, devido ao funcionamento simultâneo da
01 14:00 – 14:10
grua, do camião de transporte de materiais, da retroescavadora e da rebarbadora.
Neste período estava em funcionamento a grua, a retroescavadora e o camião de transporte
02 14:10 – 14:17
de materiais. A rebarbadora estava em pausa.
Descrição equivalente ao período de tempo 01. As mesmas fontes de ruído em
03 14:18 – 14:35
funcionamento simultâneo.
04 14:35 – 14:45 Descrição equivalente ao período 02. A rebarbadora estava parada.
Descrição equivalente ao período de tempo 01 e 03. As mesmas fontes de ruído em
funcionamento simultâneo. Neste período, por volta das 15:00 verificamos que ocorreu
05 14:45 – 15:00
uma diminuição do nível sonoro que se carateriza por um momento de paragem da
retroescavadora e da rebarbadora em simultâneo.
60 Resultados e Discussão
Avaliação de Ruído Ocupacional e Respetivas Medidas de Proteção no Setor da Construção Civil
OPERADOR 05_Armador
dB dB
110.0 110.0
100.0 100.0
90.0 90.0
Acoustic pressure
Acoustic pressure
80.0 80.0
70.0 70.0
60.0 60.0
50.0 50.0
40.0 40.0
10:20:00 10:25:00 10:30:00 10:35:00 10:40:00 10:45:00 10:50:00 10:55:00 11:00:00 11:05:00 11:10:00 11:15:00 11:20:00 11:25:00 Time
10:16:40
Start Duration LZpeak (TH) [dB] LASmax (TH) [dB] LASmin (TH) [dB]
Info - - P1 P1 (A, Slow) P1 (A, Slow)
Main cursor 12/08/2022 10:16:40 - 93.7 74.0 70.1
High vibration level 12/08/2022 10:34:55 00:00:01.000 100.0 72.1 68.8
NoMotion
Figura 37:Gráfico referente ao nível sonoro a que se encontra exposto o Armador
12/08/2022 10:17:55 00:45:20.000 110.8 88.9 40.6
O Armador, ao realizar a tarefa correspondente ao seu posto de trabalho, que se encontra descrita
na tabela de dados nº 10, mesmo sem operar qualquer equipamento que emita ruído, encontra-se
exposto ao ruído da torre grua, da retroescavadora e da rebarbadora. O nível sonoro de referência
para estes equipamentos é de, 100 dB (A) para a grua e 86.5 dB (A) para a retroescavadora (anexo
7.4). A rebarbadora, segundo a consulta a um fabricante deste tipo de equipamentos (SKIL) tem
um nível sonoro de referência, de 99 dB (A). A tabela 18 corresponde à interpretação do gráfico
da figura 37, onde se encontram descritas as fontes sonoras predominantes nos períodos temporais
considerados.
Tabela 18: Interpretação do gráfico do nível sonoro a que se encontra exposto o Armador
Nº. de períodos Janela
Interpretação dos dados com base na observação
considerados temporal
Neste período estava em funcionamento a grua, a retroescavadora e a rebarbadora. Os
momentos em que se verificou a exposição a valores mais elevados foi quando a
rebarbadora se encontrava a realizar trabalhos muito próximo ao armador, fazendo oscilar
01 10:16 – 10:35 os valores de pressão sonora. A retroescavadora operava no piso térreo, o trabalhador
estava a realizar a armação dos pilares no piso 03, pelo que, havia uma distância de cerca
de 9 metros de altura entre o ruído emitido pela retroescavadora e o local de trabalho do
Armador.
Neste período a rebarbadora estava parada. Em paralelo, o armador afastou-se do local
02 10:36 – 10:42
onde estava a trabalhar para atender uma chamada telefónica.
Descrição equivalente ao período de tempo 01. As mesmas fontes de ruído em
03 10:43 – 11:03 funcionamento simultâneo tendo sido notado que o trabalhador estava bastante próximo
da rebarbadora.
Neste período a rebarbadora estava parada. No piso abaixo estavam a realizar a
04 11:04 – 11:09 descofragem. A diferença acentuada nos níveis de pressão sonora deve-se à madeira das
cofragens a bater no chão (pavimento de betão).
05 11:10 – 11:25 Descrição equivalente ao período 01.
Rainho, Marina 61
Mestrado em Engenharia de Segurança e Higiene Ocupacionais
representada num sistema de eixos onde as frequências se situam no eixo das abcissas e os níveis
sonoros no eixo das ordenadas (Azeres, 2002). O ruído de baixa frequência, associado à capacidade
em ouvir sons graves, incorpora a gama de frequências acústicas mais difíceis de detetar pelo
ouvido humano, que se encontram abaixo dos 125 Hz, incluindo as não audíveis, abaixo dos 20
HZ. O ruído de alta frequência engloba os valores de frequência considerados altos, entre os 2000
Hz e os 8000 Hz, associados aos sons agudos. O filtro de ponderação utilizado nas medições
realizadas foi o filtro (A), adequado para a avaliação de ruídos entendíveis pelo ouvido humano,
que são essencialmente os ruídos de médias e altas frequências, compreendidos entre as 250 e
8000 Hz (figura 3). A intensidade do ruído é mais evidente para os sons puros e para as frequências
mais altas (Miguel, 2014).
63,8
LAeq dB(A)
47,1
34,8
63 125 250 500 1000 2000 4000 8000 63 125 250 500 1000 2000 4000 8000
Banda de Oitava (HZ) Banda de Oitava (HZ)
55,3
34,7 39,3
63 125 250 500 1000 2000 4000 8000 63 125 250 500 1000 2000 4000 8000
Banda de Oitava (HZ) Banda de Oitava (HZ)
Operador 5: Armador
74,5 72,5
67,8 68,5 71,3
52,8
LAeq dB(A)
36,1 39,1
Figura 38: Gráficos interpretativos referentes à análise espetral de cada posto de trabalho
62 Resultados e Discussão
Avaliação de Ruído Ocupacional e Respetivas Medidas de Proteção no Setor da Construção Civil
A figura 38, respeitante aos resultados conseguidos com a análise espetral, realizada com recurso
ao método das bandas de oitava, permitem-nos depreender quais são as frequências dominantes
nas exposições observadas.
No primeiro trabalhador em análise, o servente de obra, verifica-se que os tipos de ruído mais com
mais preponderância se situam na gama das médias e altas frequências, chegando a valores
relativamente próximos para as frequências de 500 Hz, 1000 Hz, 2000 Hz e 4000 Hz, tendo sido
apurados os valores referentes ao nível sonoro máximo de 70.1 dB (A), 71.3 dB (A), 70.9 dB (A),
70.4 dB (A), respetivamente (figura 38). A exposição simultânea a várias fontes de ruído, com
valores sonoros de referência aproximados (figura 33), nomeadamente a grua, o berbequim e a
retroescavadora fundamentam os valores apurados.
Relativamente ao Montador de estruturas metálicas, a frequência dominante situa-se na gama das
médias frequências, 1000 Hz tendo resultado num nível sonoro máximo de 81.7 dB (A) (figura
38). Esta exposição é provocada pela exposição simultânea ao ruído da grua, do camião betoneira,
da bomba de betão e ao ruído proveniente do bater das peças metálicas, do escoramento, umas nas
outras e no pavimento em betão.
Para o fiscal de obra, a frequência influente encontra-se na gama das médias e altas frequências,
1000 Hz e 2000 Hz, resultando numa exposição relativamente homogénea em ambas as
frequências, de 75.3 dB (A) e 75.1 dB (A), respetivamente (figura 38). Este trabalhador está
exposto ao ruído proveniente da grua, do camião betoneira, da bomba de betão e ao ruído do
camião de transporte de matérias de construção. O nível sonoro apurado, homogéneo entre o final
nas médias frequências e o início das altas frequências, é proveniente da exposição combinada do
camião betoneira e da bomba de betão que trabalharam em simultâneo. Tendo resultado num nível
sonoro misturado pelas duas fontes sonoras, já que, funcionam em ambiente simbiose. Só é
possível despejar o betão na laje se a bomba de betão estiver acoplada ao camião betoneira para
que o betão consiga chegar o local almejado (figura 19).
No posto de trabalho, referente ao Pedreiro, o nível sonoro apurado situa-se na gama das médias
frequências, destacando a frequência de 1000 Hz, com um nível sonoro máximo de 77.5 dB (A)
(figura 38). Este trabalhador estava exposto ao ruído da torre grua, ao ruído do camião de
transporte de materiais, da retroescavadora e a rebarbadora. Este valor justifica-se pela exposição
às várias fontes de ruído em simultâneo, com ênfase para a influência do ruído emitido pela
rebarbadora, tendo destaque, uma vez que estava bastante próxima, a nível de distância horizontal,
do local de trabalho pedreiro.
O último trabalhador analisado, à sequência dos resultados anteriores, vai ao encontro do
expectável, que é a exposição ao ruído de médias frequências, tendo-se verificado que o nível
sonoro com mais impacto de situa na gama das frequências de 1000 Hz com um nível sonoro
máximo de 74.5 dB (A). Este trabalhador estava exposto ao ruído da torre grua, da retroescavadora
e a rebarbadora. À sequência da situação elencada no pedreiro, este valor é justificado pela
aproximação ao ruído emitido pela rebarbadora.
Rainho, Marina 63
Mestrado em Engenharia de Segurança e Higiene Ocupacionais
64 Resultados e Discussão
Avaliação de Ruído Ocupacional e Respetivas Medidas de Proteção no Setor da Construção Civil
Tabela 19: Resultados do cálculo da atenuação proporcionada com a utilização de protetores auditivos
Utilização intermitente -
Intervalo de tempo com
Intervalo de tempo sem
trabalhador deve usar
Duração da amostra
proteção auditiva.
Considerada
auriculares)
auriculares)
Lex,8 h efect
Lex,8 h efect
Operador 1: 02_08:27
Servente de às 8:45
1.05 56.432 52.981 3.5 4.5 73.777 73.752
obra 03_08:45
às 08:58
Operador 2: 01_11:17
Montador de às 12:05
1.02 64.608 55.568 0.5 7.5 74.071 73.648
estruturas 02_12:06
metálicas às 12:20
Operador 3: 01_08:10
Fiscal de obra 1.01 58.995 51.483 2.5 5.5 74.874 74.810
às 08:35
Operador 4: 01_14:00
Pedreiro às 14:10
03_14:18
1.04 59.205 49.330 2 6 74.357 74.267
às 14:35
05_14:45
às 15:00
Operador 5: 01_10:16
Armador às 10:35
03_10:45
às 11:03
1.12 04_11:04 56.918 47.867 3 5 74.408 74.365
às 11:09
05_11:10
às 11:25
Rainho, Marina 65
Mestrado em Engenharia de Segurança e Higiene Ocupacionais
66 Resultados e Discussão
Avaliação de Ruído Ocupacional e Respetivas Medidas de Proteção no Setor da Construção Civil
A escolha do protetor auditivo mais adequado deve ser realizada de acordo com as características
específicas de cada protetor, analisando as vantagens e desvantagens de cada um, por forma a
realizar uma escolha adequada e consciente em cada caso (Mitin, 2004).
As desvantagens associadas à utilização dos tampões auditivos prendem-se com o facto de ser
necessário tempo para os retirar e colocar do ouvido, com a necessidade de condições de higiene
mais controladas, de forma a evitar irritações e infeções nos canais auditivos, sendo necessários
cuidados de higiene particulares, sempre que se colocam ou se retiram os tampões e são necessárias
condições de armazenamento específicas, para evitar o contacto com poeiras e outros ácaros
presentes no ambiente. A nível de vantagens podemos elencar a facilidade de transporte, o conforto
associado a usos prolongados, são compatíveis com outros equipamentos de proteção individual
(EPI), tais como óculos, máscaras, capacete etc., e apresentam uma boa performance perante
baixas e médias frequências (Abreu, 2012).
Relativamente ao uso dos protetores auriculares, elencamos como desvantagens a
incompatibilidade com outros equipamentos de proteção individual, tais como óculos ou capacete,
o facto de causarem desconforto em ambientes quentes e húmidos, e a evidência de poderem causar
irritações nas orelhas sempre que sejam considerados em utilizações prolongadas. As vantagens
associadas ao uso deste EPI, concentram-se na facilidade de uso. Um tamanho serve à maioria dos
trabalhadores, e é menos provável que ocorram infeções. Apresentam facilidade em colocar/retirar
e contemplam melhor desempenho perante as médias e altas frequências (Abreu, 2012).
Neste setor, e estando os trabalhadores potencialmente expostos ao ruído de média e alta
frequência, e sendo a obra um ambiente com poeiras e sujidade constante, a proteção auditiva mais
adequada prende-se com a utilização dos protetores auriculares, que para além de oferecerem uma
atenuação superior na gama de frequências medida e influente (1000 Hz), são também, os mais
adequados e fáceis de colocar/retirar para o tipo de utilização que se pretende, intermitente. Sendo
obrigatório, em obra, o uso de capacete para todos os trabalhadores, recomenda-se uma solução
com uso integrado de capacete e proteção auricular, e caso se afigura necessário, sistema de
comunicação. Os trabalhadores que usem óculos de ver, ou óculos de proteção como EPI, devem
ser avaliados individualmente de forma a aferir a melhor estratégia de EPI adequada à sua situação
de trabalho. Sempre que a estratégia de redução da exposição ao ruído passe pela implementação
de EPI´s, deve ser assegurada a compatibilidade com os todos os equipamentos de proteção
individual que o trabalhador deve usar.
Rainho, Marina 67
Mestrado em Engenharia de Segurança e Higiene Ocupacionais
O posto de trabalho em que o nível de exposição ao ruído é superior ao valor de ação superior
(VAS) permitido por lei de 85 dB (A), deverá ser vigiado e submetido a exames audiométricos
anualmente (Ministério do Trabalho e da Solidariedade Social, 2006). Situação que se verificou
no montador de estruturas metálicas, em que o nível sonoro contínuo equivalente, referente à
exposição diária do trabalhador ao ruído medido foi de 88.5 dB (A).
Quando se reconhece que existe exposição ao ruído em valores que podem ser considerados
prejudiciais para os trabalhadores, devem ser propostas medidas de mitigação que permitam
reduzir a exposição ao ruído para o valor mais baixo possível. Para reduzir a exposição ao ruído é
necessário que se conheça a fonte que o produz. A legislação em vigor sobre o tema enumera que
as empresas e os profissionais que atuam na área da segurança e saúde no trabalho devem
privilegiar as medidas construtivas ou de engenharia, seguidas de medidas organizacionais e por
fim, as medidas de proteção individual.
Kantová (2021) apresenta um contributo baseado numa metodologia que permite reduzir o ruído
da construção com vista à organização do layout, à modificação de procedimentos tecnológicos e
direciona estas medidas de mitigação a serem estudadas e planeadas em fase de projeto. A
utilização de softwares de modelagem de informação, permite definir as fontes de ruído e as
posições dos pontos medidos para avaliação. Este tipo de abordagem possibilita a realização de
um estudo em fase pré-projeto, com vista ao dimensionamento prévio do ruído expectável para o
local, e com isto permite que sejam estudadas as fontes sonoras e as várias combinações de ruído
simultâneo expetáveis. Esta abordagem permite que o layout do estaleiro seja organizado de forma
a definir a posição das máquinas com afastamentos horizontais suficientes para reduzir o ruído
num determinado local e por outro lado, permite verificar quais as combinações de máquinas que
podem funcionar em simultâneo, sem que a exposição conjunta seja considerada prejudicial. A
questão associada à definição das distâncias entre os equipamentos ruidosos e o conhecimento
prévio dos equipamentos que combinados produzem níveis de ruído de elevados, permite que
antecipadamente sejam tomadas medidas organizacionais que reduzam os níveis de ruído
presentes em ambiente de obra.
A prevenção pelo design (PtD – Prevention through Design) é uma medida construtiva
implementada com base no planeamento, que pretende a eliminação de riscos de segurança e saúde
associados a processos, estruturas, equipamentos, ferramentas e métodos de organizações de
trabalho, que neste setor poderá facilmente ser incluída e desenvolvida no Plano de Segurança e
Saúde em fase de projeto (PSS). Esta medida aplica-se ao “desenho” e “redesenho” de instalações,
processos, produtos e operações com vista à redução do risco, neste caso o ruído. Um equipamento
ou um local de trabalho quando é identificado como ruidoso, através de informações do fabricante
do equipamento, ou pela realização de medições/simulações que o sinalizem, deve ser trabalhado
pelas equipas de segurança para que sejam tomadas medidas de redução dos níveis dessa
exposição. Em fase de projeto, conhecendo as fontes de ruído que irão acompanhar a obra, devem
ser estudadas as medidas de engenharia a aplicar, que podem incluir modificações do
68 Resultados e Discussão
Avaliação de Ruído Ocupacional e Respetivas Medidas de Proteção no Setor da Construção Civil
funcionamento mecânico dos equipamentos através do tratamento acústico dos órgãos das
máquinas que geram ruído, encapsulamento de máquinas, implementação de silenciadores nas
saídas de ar/gases e sempre que se proceder à aquisição de novos equipamentos devem ser
privilegiados equipamentos com baixos níveis de ruído.
A NIOSH lançou em 2007 uma missão que consiste na prevenção de lesões, doenças e mortes em
ambiente ocupacional ao se considerar a prevenção de riscos no projeto, com vista à readequação
e modernização dos locais de trabalho, substituição de ferramentas, equipamentos e processos de
trabalho. Integrar conceitos de PtD nos processos permite a redução de lesões e doenças nos locais
de trabalho, e permite diminuir custos adicionais associados a estas lesões (NIOSH, 2015). A
prevenção pelo PtD, permite que um profissional da equipa de segurança e saúde olhe para um
local de trabalho e realize um estudo detalhado sobre o processo produtivo, sobre as ferramentas
de trabalho utilizadas, sobre os meios humanos envolvidos, sobre a adequabilidade como estes
executam as tarefas que lhes são delegadas e quais os comportamentos que podem ser considerados
de risco. Esta abordagem consente que sejam sinalizados os problemas e os comportamentos de
risco e com isto, planear uma série de procedimentos de atuação com vista à redução dos níveis de
exposição. A presente dissertação foca o ruído, no entanto a prevenção pelo PtD é transversal aos
vários riscos presentes nos locais de trabalho.
A implementação desta medida (PtD) deverá seguir as recomendações da NIOSH, com ênfase
para as fases do Design Conceptual, do Design Preliminar, do programa Buy Quiet, da aquisição
dos equipamentos, do comissionamento e das operações de inicialização contínuas de
manutenção. A fase do Design Conceptual permite identificar as fontes de ruído e estabelecer
regras de controlo e mitigação de ruídos; A fase do Design Preliminar possibilita avaliar o risco
dos ruídos perigosos, tendo em linha de conta as várias fontes sonoras e os respetivos contributos.
Nesta fase deverão ser elencadas as fontes de ruído mais preponderantes, identificando o nível
sonoro de cada equipamento utilizado e deverá ser realizada uma tabela comparativa entre os
vários produtos do mercado e as respetivas fontes sonoras médias de cada um, identificando os
equipamentos menos ruidosos e direcionar as equipas de gestão, de forma fundamentada, a optar
por esse tipo de equipamentos. Após identificar o nível sonoro de cada equipamento, para os casos
em que este valor é elevado (acima do VLE 87 dB (A)) deverão ser estudadas estratégias de
redução das potenciais fontes de ruído, levando à substituição de peças por componentes menos
ruidosas, considerando a possibilidade de aplicação de silenciadores nos motores e equacionar a
possibilidade de encapsular as máquinas, sempre que tal se afigure viável; A fase referente à
implementação do programa Buy Quiet deve reunir as especificações relativas aos níveis de ruído
a ser observados na aquisição de equipamentos; Em paralelo com o programa Buy Quiet, na
aquisição de novos equipamentos é necessário ter em consideração a especificação sobre os níveis
de ruído que cada máquina emite, certificando que o equipamento pretendido atende às
especificações e não excede os níveis máximos de ruído, o VLE 87 dB (A); Na fase do
comissionamento devem ser realizados testes de forma a comprovar os níveis de ruído
especificados; Por fim, na fase referente às operações de inicialização contínuas de manutenção,
sempre que possível, deve ser garantido que os níveis de ruído não ultrapassam os VLE e devem
ser desenvolvidos procedimentos operacionais padrão de forma a controlar a exposição ao ruído
Rainho, Marina 69
Mestrado em Engenharia de Segurança e Higiene Ocupacionais
de equipamentos com realce para os equipamentos que forem modificados ao longo da sua
utilização.
Após implementação da PtD recorrendo às medidas de engenharia será necessário elencar,
também no PSS, uma série de medidas organizacionais que visam contribuir para a diminuição da
exposição ao ruído. No que concerne a estas medidas, deve ser realizada a identificação de todos
os equipamentos ruidosos que irão integrar a obra em questão e os potenciais níveis sonoros
associados, em que fases serão utilizados e por quanto tempo. Este tipo de informação irá permitir
estabelecer comparações dos níveis sonoros e permitir que o layout dos postos de trabalho na obra
seja organizado expondo o menor número de trabalhadores possíveis. Verificou-se pelas recolhas
concretizadas que a realização de tarefas nas proximidades das fontes sonoras expõe os
trabalhadores que não operam a máquina a níveis de ruído elevados. Sempre que for viável, o
trabalhador que não opera qualquer equipamento ruidoso deve estar o mais afastado possível da
fonte sonora, medida que deve ser planeada.
No PSS, devem também ser incluídas listas de verificações preventivas regulares dos
equipamentos, de acordo com diretrizes dos fabricantes dos equipamentos que controlem e
verifiquem o desgaste dos componentes, planos e horários dos postos de trabalhado, estabelecendo
estratégias de rotatividade das tarefas, de forma a combinar os postos de trabalho com tarefas que
não exponham o trabalhador ao ruído de forma permanente. Devem ser planeadas, de forma
direcionada, para a obra e para as fontes de ruído intervenientes na mesma, ações de formação e
sensibilização sobre a temática da exposição ao ruído com vista à consciencialização das equipas
envolvidas e ações de formação sobre a forma correta de operar o equipamento, de forma a evitar
ruídos que possam decorrer da má utilização ou desgaste dos equipamentos e ferramentas.
Após implementação das medidas de engenharia e organizacionais, deverão ser colocados à
disposição dos trabalhadores protetores auditivos, para serem utilizados nas tarefas e locais, em
que não foi possível reduzir os níveis de ruído com recurso a medidas de engenharia ou
organizacionais. Pela variabilidade dos níveis sonoros presentes nas obras, a utilização de proteção
auditiva deve ser dimensionada com base numa utilização intermitente, para as alturas em que os
níveis sonoros são elevados e consequentemente podem ser prejudiciais. O trabalhador deve ser
orientado, por forma a identificar, de forma autónoma quais os períodos em que deve utilizar o
EPI para proteção auditiva.
O setor em estudo, é um setor bastante desafiante, pela mutabilidade de processos produtivos e
pelo facto das obras serem sempre diferentes. Com os resultados obtidos verificamos que, para
além dos operadores das máquinas, existem vários grupos de trabalhadores que não trabalham
diretamente com a utilização e manuseio de máquinas mas estão expostos a esses ruídos, que
podem ser relatados com “ruídos periféricos”. A abordagem a seguir, em consequência da
realização da presente dissertação, vai ao encontro da prevenção de riscos atuando na fase de
projeto, privilegiando as medidas de engenharia, com vista à redução do ruído na fonte. Sempre
que não foi viável do ponto de vista técnico e financeiro, atuar de forma imediata com recurso à
implementação de medidas de engenharia para a redução do ruído na fonte, devem ser tomadas
diligências de forma a implementar as medidas necessárias nas obras seguintes.
70 Resultados e Discussão
Avaliação de Ruído Ocupacional e Respetivas Medidas de Proteção no Setor da Construção Civil
5.1 Conclusões
Rainho, Marina 71
Mestrado em Engenharia de Segurança e Higiene Ocupacionais
Mais estudos devem ser realizados acerca da temática do ruído no setor da construção, de forma a
amplificar o estado da arte sobre a exposição diária ao ruído neste contexto ocupacional.
Tendo em conta a limitação de dados obtidos com as amostragens realizadas, será importante a
recolha de mais amostras em vários contextos e em várias obras, de forma a comparar os resultados
conseguidos, para consolidar e identificar as tarefas e equipamentos mais ruidosos e,
concludentemente, mais prejudiciais para a saúde do trabalhador. Será pertinente considerar a
realização de recolhas de dados com recurso a outro tipo de dosímetro, de classe 1, e, em alguns
casos, recorrer a sonómetros – ou à combinação de dosímetros e sonómetros – dependendo da
tarefa a avaliar.
Por outro lado, será fundamental o acompanhamento e realização de novas recolhas de dados, após
implementação das medidas de redução ao ruído, para comprovar a adequabilidade das medidas
aplicadas e o sucesso das mesmas. Paralelamente, deve considerar-se a realização de inquéritos e
entrevistas aos trabalhadores do setor, de forma a depreender qual o grau de conhecimento sobre
o ruído ocupacional e a utilização de equipamentos de proteção auditiva individual, com vista ao
planeamento de ações de sensibilização e formação adequadas e direcionadas.
Por forma a correlacionar uma potencial exposição, quando há, num mesmo ambiente, fontes
simultâneas de ruído, considera-se mais-valia, o estudo e a construção de modelos de previsão de
ruído.
Considera-se ainda que, mais estudos devem ser efetivados, por forma a analisar os efeitos
sinérgicos sobre os trabalhadores do setor da construção expostos a múltiplos fatores de risco
concomitantes (Ruído, Vibrações, Ambiente Térmico e Radiações).
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Rainho, Marina 75
Mestrado em Engenharia de Segurança e Higiene Ocupacionais
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Rainho, Marina 77
Avaliação de Ruído Ocupacional e Respetivas Medidas de Proteção no Setor da Construção Civil
7 ANEXOS
Rainho, Marina 1
Mestrado em Engenharia de Segurança e Higiene Ocupacionais
2 Anexos
Avaliação de Ruído Ocupacional e Respetivas Medidas de Proteção no Setor da Construção Civil
Rainho, Marina 3
Mestrado em Engenharia de Segurança e Higiene Ocupacionais
4 Anexos
Avaliação de Ruído Ocupacional e Respetivas Medidas de Proteção no Setor da Construção Civil
Rainho, Marina 5
Mestrado em Engenharia de Segurança e Higiene Ocupacionais
No. 1
Start date & time 22/07/2022 08:05:30
Duration 01:05:55.000
Elapsed time 01:05:55
P1 - OSHA HC LZpeak (SR) [dB] 126.6
P1 - OSHA HC (A, Slow) LASmax (SR) [dB] 92.0
P1 - OSHA HC (A, Slow) LASmin (SR) [dB] 45.2
P1 - OSHA HC (A, Slow) LAS(SPL) (SR) [dB] 53.7
P1 - OSHA HC (A, Lin) LAeq (SR) [dB] 77.2
P1 - OSHA HC (A, Lin) LAE(SEL) (SR) [dB] 113.2
P1 - OSHA HC (A, Slow) Ltm3 (SR) [dB] 78.4
P1 - OSHA HC (A, Slow) LASTeq (SR) [dB] 78.9
P1 - OSHA HC (A, Slow) LAV (SR) [dB] 67.5
P1 - OSHA HC (A, Slow) TLAV (SR) [dB] 127.3
P1 - OSHA HC (A, Lin) LAE8(SEL8) (SR) [dB] 121.8
P1 - OSHA HC (A, Lin) PLAE(PSEL) (SR) [dB] 68.6
P1 - OSHA HC (A, Lin) LEPd (SR) [dB] 77.2
P1 - OSHA HC (A, Lin) E (SR) [Pa^2h] 0.020
P1 - OSHA HC (A, Lin) E_8h (SR) [Pa^2h] 0.170
P1 - OSHA HC (A, Slow) TWA (SR) [dB] 53.2
P1 - OSHA HC (A, Lin) ULT (SR) [s] 0.000
P1 - OSHA HC (A) PTP_Z (SR) [%] 0.000
P1 - OSHA HC (A) PTC_Z (SR) 3.000
P1 - OSHA HC (A, Lin) Lc-a (SR) [dB] 5.5
P1 - OSHA HC (A, Slow) PrTWA (SR) [dB] 67.5
P1 - OSHA HC (A, Lin) NoMotion time (SR) [s] 1280.000
P1 - OSHA HC (A, Slow) DOSE (SR) [%] 0.611
P1 - OSHA HC (A, Slow) DOSE_8h (SR) [%] 4.452
P1 - OSHA HC (A, Slow) PrDOSE (SR) [%] 4.452
P1 - OSHA HC (A, Lin) LAeq Histogram (SR) [dB] L01 88.5
P1 - OSHA HC (A, Lin) LAeq Histogram (SR) [dB] L02 86.3
P1 - OSHA HC (A, Lin) LAeq Histogram (SR) [dB] L03 84.7
P1 - OSHA HC (A, Lin) LAeq Histogram (SR) [dB] L04 83.3
P1 - OSHA HC (A, Lin) LAeq Histogram (SR) [dB] L05 82.3
P1 - OSHA HC (A, Lin) LAeq Histogram (SR) [dB] L06 81.7
P1 - OSHA HC (A, Lin) LAeq Histogram (SR) [dB] L07 81.2
P1 - OSHA HC (A, Lin) LAeq Histogram (SR) [dB] L08 80.8
P1 - OSHA HC (A, Lin) LAeq Histogram (SR) [dB] L09 80.4
6 Anexos
Avaliação de Ruído Ocupacional e Respetivas Medidas de Proteção no Setor da Construção Civil
Rainho, Marina 7
Mestrado em Engenharia de Segurança e Higiene Ocupacionais
8 Anexos
Avaliação de Ruído Ocupacional e Respetivas Medidas de Proteção no Setor da Construção Civil
Rainho, Marina 9
Mestrado em Engenharia de Segurança e Higiene Ocupacionais
dB dB
130.0 130.0
120.0 120.0
110.0 110.0
100.0 100.0
Acoustic pressure
Acoustic pressure
90.0 90.0
80.0 80.0
70.0 70.0
60.0 60.0
50.0 50.0
40.0 40.0
08:10:00 08:15:00 08:20:00 08:25:00 08:30:00 08:35:00 08:40:00 08:45:00 08:50:00 08:55:00 09:00:00 09:05:00 Time
08:05:42
Start Duration LZpeak (TH) [dB] LASmax (TH) [dB] LASmin (TH) [dB] LAeq (TH) [dB] LAV (TH) [dB]
Info - - P1 P1 (A, Slow) P1 (A, Slow) P1 (A, Lin) P1 (A, Slow)
Main cursor 22/07/2022 08:05:42 - 83.1 65.0 63.0 63.1 -
High vibration level 22/07/2022 08:14:01 00:00:02.000 121.8 88.2 64.9 85.6 85.1
NoMotion 22/07/2022 08:06:16 00:21:20.000 106.4 82.8 46.8 76.0 69.9
10 Anexos
Avaliação de Ruído Ocupacional e Respetivas Medidas de Proteção no Setor da Construção Civil
No. 1
Start date & time 01/09/2022 11:17:24
Duration 01:02:18.000
Elapsed time 01:02:18
P1 - OSHA HC LZpeak (SR) [dB] 108.7
P1 - OSHA HC (A, Lin) LAE(SEL) (SR) [dB] 121.3
P1 - OSHA HC (A, Slow) LASmax (SR) [dB] 94.9
P1 - OSHA HC (A, Slow) LASmin (SR) [dB] 46.3
P1 - OSHA HC (A, Slow) LAS(SPL) (SR) [dB] 48.3
P1 - OSHA HC (A, Lin) LAeq (SR) [dB] 85.6
P1 - OSHA HC (A, Lin) Lc-a (SR) [dB] -0.1
P1 - OSHA HC (A, Slow) Ltm3 (SR) [dB] 86.2
P1 - OSHA HC (A, Slow) LASTeq (SR) [dB] 86.5
P1 - OSHA HC (A, Slow) LAV (SR) [dB] 84.7
P1 - OSHA HC (A, Slow) TLAV (SR) [dB] 144.1
P1 - OSHA HC (A, Lin) ULT (SR) [s] 0.000
P1 - OSHA HC (A, Lin) NoMotion time (SR) [s] 3636.000
P1 - OSHA HC (A) PTC_Z (SR) 0.000
P1 - OSHA HC (A, Lin) LAE8(SEL8) (SR) [dB] 130.2
P1 - OSHA HC (A, Lin) PLAE(PSEL) (SR) [dB] 76.7
P1 - OSHA HC (A, Lin) LEPd (SR) [dB] 85.6
P1 - OSHA HC (A, Lin) E (SR) [Pa^2h] 0.150
P1 - OSHA HC (A, Lin) E_8h (SR) [Pa^2h] 1.150
P1 - OSHA HC (A, Slow) TWA (SR) [dB] 70.0
P1 - OSHA HC (A, Slow) PrTWA (SR) [dB] 84.7
P1 - OSHA HC (A) PTP_Z (SR) [%] 0.000
P1 - OSHA HC (A, Slow) DOSE (SR) [%] 6.234
P1 - OSHA HC (A, Slow) DOSE_8h (SR) [%] 48.028
P1 - OSHA HC (A, Slow) PrDOSE (SR) [%] 48.028
P1 - OSHA HC (A, Lin) LAeq Histogram (SR) [dB] L01 90.9
P1 - OSHA HC (A, Lin) LAeq Histogram (SR) [dB] L02 89.8
P1 - OSHA HC (A, Lin) LAeq Histogram (SR) [dB] L03 89.3
P1 - OSHA HC (A, Lin) LAeq Histogram (SR) [dB] L04 88.9
P1 - OSHA HC (A, Lin) LAeq Histogram (SR) [dB] L05 88.8
P1 - OSHA HC (A, Lin) LAeq Histogram (SR) [dB] L06 88.7
P1 - OSHA HC (A, Lin) LAeq Histogram (SR) [dB] L07 88.6
P1 - OSHA HC (A, Lin) LAeq Histogram (SR) [dB] L08 88.5
P1 - OSHA HC (A, Lin) LAeq Histogram (SR) [dB] L09 88.4
P1 - OSHA HC (A, Lin) LAeq Histogram (SR) [dB] L10 88.3
P1 - OSHA HC (A, Lin) LAeq Histogram (SR) [dB] L11 88.2
Rainho, Marina 11
Mestrado em Engenharia de Segurança e Higiene Ocupacionais
12 Anexos
Avaliação de Ruído Ocupacional e Respetivas Medidas de Proteção no Setor da Construção Civil
Rainho, Marina 13
Mestrado em Engenharia de Segurança e Higiene Ocupacionais
14 Anexos
Avaliação de Ruído Ocupacional e Respetivas Medidas de Proteção no Setor da Construção Civil
dB dB
110.0 110.0
100.0 100.0
90.0 90.0
Acoustic pressure
Acoustic pressure
80.0 80.0
70.0 70.0
60.0 60.0
50.0 50.0
11:20:00 11:25:00 11:30:00 11:35:00 11:40:00 11:45:00 11:50:00 11:55:00 12:00:00 12:05:00 12:10:00 12:15:00 Time
11:17:27
Start Duration LZpeak (TH) [dB] LASmax (TH) [dB] LASmin (TH) [dB]
Info - - P1 P1 (A, Slow) P1 (A, Slow)
Main cursor 01/09/2022 11:17:27 - 91.6 60.3 46.3
NoMotion 01/09/2022 11:17:50 01:00:36.000 108.7 94.9 69.9
Rainho, Marina 15
Mestrado em Engenharia de Segurança e Higiene Ocupacionais
No. 1
Start date & time 24/08/2022 08:10:14
Duration 01:01:46.000
Elapsed time 01:01:46
P1 - OSHA HC LZpeak (SR) [dB] 113.1
P1 - OSHA HC (A, Lin) LAE(SEL) (SR) [dB] 115.5
P1 - OSHA HC (A, Slow) LASmax (SR) [dB] 87.5
P1 - OSHA HC (A, Slow) LASmin (SR) [dB] 43.1
P1 - OSHA HC (A, Slow) LAS(SPL) (SR) [dB] 46.0
P1 - OSHA HC (A, Lin) LAeq (SR) [dB] 79.8
P1 - OSHA HC (A, Lin) Lc-a (SR) [dB] 2.2
P1 - OSHA HC (A, Slow) Ltm3 (SR) [dB] 80.4
P1 - OSHA HC (A, Slow) LASTeq (SR) [dB] 80.6
P1 - OSHA HC (A, Slow) LAV (SR) [dB] 76.0
P1 - OSHA HC (A, Slow) TLAV (SR) [dB] 135.3
P1 - OSHA HC (A, Lin) ULT (SR) [s] 0.000
P1 - OSHA HC (A, Lin) NoMotion time (SR) [s] 1367.000
P1 - OSHA HC (A) PTC_Z (SR) 0.000
P1 - OSHA HC (A, Lin) LAE8(SEL8) (SR) [dB] 124.4
P1 - OSHA HC (A, Lin) PLAE(PSEL) (SR) [dB] 70.9
P1 - OSHA HC (A, Lin) LEPd (SR) [dB] 79.8
P1 - OSHA HC (A, Lin) E (SR) [Pa^2h] 0.040
P1 - OSHA HC (A, Lin) E_8h (SR) [Pa^2h] 0.300
P1 - OSHA HC (A, Slow) TWA (SR) [dB] 61.2
P1 - OSHA HC (A, Slow) PrTWA (SR) [dB] 76.0
P1 - OSHA HC (A) PTP_Z (SR) [%] 0.000
P1 - OSHA HC (A, Slow) DOSE (SR) [%] 1.856
P1 - OSHA HC (A, Slow) DOSE_8h (SR) [%] 14.422
P1 - OSHA HC (A, Slow) PrDOSE (SR) [%] 14.422
P1 - OSHA HC (A, Lin) LAeq Histogram (SR) [dB] L01 85.9
P1 - OSHA HC (A, Lin) LAeq Histogram (SR) [dB] L02 85.5
P1 - OSHA HC (A, Lin) LAeq Histogram (SR) [dB] L03 85.2
P1 - OSHA HC (A, Lin) LAeq Histogram (SR) [dB] L04 84.9
P1 - OSHA HC (A, Lin) LAeq Histogram (SR) [dB] L05 84.6
P1 - OSHA HC (A, Lin) LAeq Histogram (SR) [dB] L06 84.4
P1 - OSHA HC (A, Lin) LAeq Histogram (SR) [dB] L07 84.2
P1 - OSHA HC (A, Lin) LAeq Histogram (SR) [dB] L08 83.9
P1 - OSHA HC (A, Lin) LAeq Histogram (SR) [dB] L09 83.8
P1 - OSHA HC (A, Lin) LAeq Histogram (SR) [dB] L10 83.6
P1 - OSHA HC (A, Lin) LAeq Histogram (SR) [dB] L11 83.5
16 Anexos
Avaliação de Ruído Ocupacional e Respetivas Medidas de Proteção no Setor da Construção Civil
Rainho, Marina 17
Mestrado em Engenharia de Segurança e Higiene Ocupacionais
18 Anexos
Avaliação de Ruído Ocupacional e Respetivas Medidas de Proteção no Setor da Construção Civil
Rainho, Marina 19
Mestrado em Engenharia de Segurança e Higiene Ocupacionais
dB dB
110.0 110.0
100.0 100.0
90.0 90.0
Acoustic pressure
Acoustic pressure
80.0 80.0
70.0 70.0
60.0 60.0
50.0 50.0
40.0 40.0
08:15:00 08:20:00 08:25:00 08:30:00 08:35:00 08:40:00 08:45:00 08:50:00 08:55:00 09:00:00 09:05:00 Time
08:10:20
Start Duration LZpeak (TH) [dB] LASmax (TH) [dB] LASmin (TH) [dB]
Info - - P1 P1 (A, Slow) P1 (A, Slow)
Main cursor 24/08/2022 08:10:20 - 95.2 80.6 61.8
NoMotion 24/08/2022 08:10:43 00:22:47.000 105.2 87.5 75.0
20 Anexos
Avaliação de Ruído Ocupacional e Respetivas Medidas de Proteção no Setor da Construção Civil
OPERADOR 04_Pedreiro
No. 1
Start date & time 12/08/2022 13:59:12
Duration 01:04:07.000
Elapsed time 01:04:07
P1 - OSHA HC LZpeak (SR) [dB] 124.5
P1 - OSHA HC (A, Lin) LAE(SEL) (SR) [dB] 116.1
P1 - OSHA HC (A, Slow) LASmax (SR) [dB] 88.6
P1 - OSHA HC (A, Slow) LASmin (SR) [dB] 59.0
P1 - OSHA HC (A, Slow) LAS(SPL) (SR) [dB] 74.7
P1 - OSHA HC (A, Lin) LAeq (SR) [dB] 80.2
P1 - OSHA HC (A, Lin) Lc-a (SR) [dB] -0.3
P1 - OSHA HC (A, Slow) Ltm3 (SR) [dB] 81.7
P1 - OSHA HC (A, Slow) LASTeq (SR) [dB] 82.1
P1 - OSHA HC (A, Slow) LAV (SR) [dB] 77.1
P1 - OSHA HC (A, Slow) TLAV (SR) [dB] 136.6
P1 - OSHA HC (A, Lin) ULT (SR) [s] 0.000
P1 - OSHA HC (A, Lin) NoMotion time (SR) [s] 3398.000
P1 - OSHA HC (A) PTC_Z (SR) 1.000
P1 - OSHA HC (A, Lin) LAE8(SEL8) (SR) [dB] 124.8
P1 - OSHA HC (A, Lin) PLAE(PSEL) (SR) [dB] 71.5
P1 - OSHA HC (A, Lin) LEPd (SR) [dB] 80.2
P1 - OSHA HC (A, Lin) E (SR) [Pa^2h] 0.040
P1 - OSHA HC (A, Lin) E_8h (SR) [Pa^2h] 0.340
P1 - OSHA HC (A, Slow) TWA (SR) [dB] 62.5
P1 - OSHA HC (A, Slow) PrTWA (SR) [dB] 77.1
P1 - OSHA HC (A) PTP_Z (SR) [%] 0.000
P1 - OSHA HC (A, Slow) DOSE (SR) [%] 2.222
P1 - OSHA HC (A, Slow) DOSE_8h (SR) [%] 16.637
P1 - OSHA HC (A, Slow) PrDOSE (SR) [%] 16.637
P1 - OSHA HC (A, Lin) LAeq Histogram (SR) [dB] L01 87.6
P1 - OSHA HC (A, Lin) LAeq Histogram (SR) [dB] L02 86.7
P1 - OSHA HC (A, Lin) LAeq Histogram (SR) [dB] L03 86.0
P1 - OSHA HC (A, Lin) LAeq Histogram (SR) [dB] L04 85.6
P1 - OSHA HC (A, Lin) LAeq Histogram (SR) [dB] L05 85.2
P1 - OSHA HC (A, Lin) LAeq Histogram (SR) [dB] L06 84.8
P1 - OSHA HC (A, Lin) LAeq Histogram (SR) [dB] L07 84.5
P1 - OSHA HC (A, Lin) LAeq Histogram (SR) [dB] L08 84.3
P1 - OSHA HC (A, Lin) LAeq Histogram (SR) [dB] L09 84.0
P1 - OSHA HC (A, Lin) LAeq Histogram (SR) [dB] L10 83.8
P1 - OSHA HC (A, Lin) LAeq Histogram (SR) [dB] L11 83.6
Rainho, Marina 21
Mestrado em Engenharia de Segurança e Higiene Ocupacionais
22 Anexos
Avaliação de Ruído Ocupacional e Respetivas Medidas de Proteção no Setor da Construção Civil
Rainho, Marina 23
Mestrado em Engenharia de Segurança e Higiene Ocupacionais
24 Anexos
Avaliação de Ruído Ocupacional e Respetivas Medidas de Proteção no Setor da Construção Civil
dB dB
120.0 120.0
110.0 110.0
Acoustic pressure
Acoustic pressure
100.0 100.0
90.0 90.0
80.0 80.0
70.0 70.0
60.0 60.0
14:00:00 14:05:00 14:10:00 14:15:00 14:20:00 14:25:00 14:30:00 14:35:00 14:40:00 14:45:00 14:50:00 14:55:00 15:00:00 Time
13:59:18
Start Duration LZpeak (TH) [dB] LASmax (TH) [dB] LASmin (TH) [dB]
Info - - P1 P1 (A, Slow) P1 (A, Slow)
Main cursor 12/08/2022 13:59:18 - 91.8 72.9 68.4
NoMotion 12/08/2022 13:59:46 00:56:38.000 108.1 88.1 59.0
Rainho, Marina 25
Mestrado em Engenharia de Segurança e Higiene Ocupacionais
OPERADOR 05_Armador
No. 1
Start date & time 12/08/2022 10:16:24
Duration 01:12:02.000
Elapsed time 01:12:02
P1 - OSHA HC LZpeak (SR) [dB] 114.3
P1 - OSHA HC (A, Slow) LASmax (SR) [dB] 88.9
P1 - OSHA HC (A, Slow) LASmin (SR) [dB] 40.6
P1 - OSHA HC (A, Slow) LAS(SPL) (SR) [dB] 61.3
P1 - OSHA HC (A, Lin) LAeq (SR) [dB] 78.5
P1 - OSHA HC (A, Lin) LAE(SEL) (SR) [dB] 114.9
P1 - OSHA HC (A, Slow) Ltm3 (SR) [dB] 80.1
P1 - OSHA HC (A, Slow) LASTeq (SR) [dB] 80.5
P1 - OSHA HC (A, Slow) LAV (SR) [dB] 73.1
P1 - OSHA HC (A, Slow) TLAV (SR) [dB] 133.4
P1 - OSHA HC (A, Lin) LAE8(SEL8) (SR) [dB] 123.2
P1 - OSHA HC (A, Lin) PLAE(PSEL) (SR) [dB] 70.3
P1 - OSHA HC (A, Lin) LEPd (SR) [dB] 78.5
P1 - OSHA HC (A, Lin) E (SR) [Pa^2h] 0.030
P1 - OSHA HC (A, Lin) E_8h (SR) [Pa^2h] 0.230
P1 - OSHA HC (A, Slow) TWA (SR) [dB] 59.4
P1 - OSHA HC (A, Lin) ULT (SR) [s] 0.000
P1 - OSHA HC (A) PTP_Z (SR) [%] 0.000
P1 - OSHA HC (A) PTC_Z (SR) 0.000
P1 - OSHA HC (A, Lin) Lc-a (SR) [dB] -0.3
P1 - OSHA HC (A, Slow) PrTWA (SR) [dB] 73.1
P1 - OSHA HC (A, Lin) NoMotion time (SR) [s] 2720.000
P1 - OSHA HC (A, Slow) DOSE (SR) [%] 1.434
P1 - OSHA HC (A, Slow) DOSE_8h (SR) [%] 9.556
P1 - OSHA HC (A, Slow) PrDOSE (SR) [%] 9.556
P1 - OSHA HC (A, Lin) LAeq Histogram (SR) [dB] L01 87.6
P1 - OSHA HC (A, Lin) LAeq Histogram (SR) [dB] L02 86.4
P1 - OSHA HC (A, Lin) LAeq Histogram (SR) [dB] L03 85.6
P1 - OSHA HC (A, Lin) LAeq Histogram (SR) [dB] L04 84.9
P1 - OSHA HC (A, Lin) LAeq Histogram (SR) [dB] L05 84.5
P1 - OSHA HC (A, Lin) LAeq Histogram (SR) [dB] L06 84.0
P1 - OSHA HC (A, Lin) LAeq Histogram (SR) [dB] L07 83.7
P1 - OSHA HC (A, Lin) LAeq Histogram (SR) [dB] L08 83.3
P1 - OSHA HC (A, Lin) LAeq Histogram (SR) [dB] L09 82.9
P1 - OSHA HC (A, Lin) LAeq Histogram (SR) [dB] L10 82.7
P1 - OSHA HC (A, Lin) LAeq Histogram (SR) [dB] L11 82.4
26 Anexos
Avaliação de Ruído Ocupacional e Respetivas Medidas de Proteção no Setor da Construção Civil
Rainho, Marina 27
Mestrado em Engenharia de Segurança e Higiene Ocupacionais
28 Anexos
Avaliação de Ruído Ocupacional e Respetivas Medidas de Proteção no Setor da Construção Civil
Rainho, Marina 29
Mestrado em Engenharia de Segurança e Higiene Ocupacionais
dB dB
110.0 110.0
100.0 100.0
90.0 90.0
Acoustic pressure
Acoustic pressure
80.0 80.0
70.0 70.0
60.0 60.0
50.0 50.0
40.0 40.0
10:20:00 10:25:00 10:30:00 10:35:00 10:40:00 10:45:00 10:50:00 10:55:00 11:00:00 11:05:00 11:10:00 11:15:00 11:20:00 11:25:00 Time
10:16:40
Start Duration LZpeak (TH) [dB] LASmax (TH) [dB] LASmin (TH) [dB]
Info - - P1 P1 (A, Slow) P1 (A, Slow)
Main cursor 12/08/2022 10:16:40 - 93.7 74.0 70.1
High vibration level 12/08/2022 10:34:55 00:00:01.000 100.0 72.1 68.8
NoMotion 12/08/2022 10:17:55 00:45:20.000 110.8 88.9 40.6
30 Anexos
Avaliação de Ruído Ocupacional e Respetivas Medidas de Proteção no Setor da Construção Civil
Pá carregadora 88 85-91
Retroescavadora 86.5 79-89
Bulldozer 96 89-113
Movimentação de
Cilindro compactador 90 79-93
terras
Scraper 96 84-102
Motoniveladora <85
Pavimentadora 101 100-102
Misturadora de betão <85 97-102
Movimentação de
Autobomba de betão <85
materiais
Grua 100
Rainho, Marina 31
Mestrado em Engenharia de Segurança e Higiene Ocupacionais
32 Anexos
Avaliação de Ruído Ocupacional e Respetivas Medidas de Proteção no Setor da Construção Civil
Rainho, Marina 33
Mestrado em Engenharia de Segurança e Higiene Ocupacionais
34 Anexos