Você está na página 1de 58

Disciplina |

Introdução

DISCIPLINA
PATOLOGIAS DO SISTEMA
NERVOSO CENTRAL

www.cenes.com.br | 1
Patologias do Sistema Nervoso Central |

Sumário

Sumário
Sumário ----------------------------------------------------------------------------------------------------- 2
1 Introdução --------------------------------------------------------------------------------------------- 4
2 Paralisia Cerebral (PC) ----------------------------------------------------------------------------- 4
3 Esclerose Múltipla (EM) ---------------------------------------------------------------------------- 7
4 Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA) ------------------------------------------------------------ 8
5 Epilepsia ----------------------------------------------------------------------------------------------- 10
6 Hidrocefalia ------------------------------------------------------------------------------------------ 15
7 Acidente Vascular Cerebral (AVC) -------------------------------------------------------------- 16
8 Transtorno Neurocognitivo devido à doença de Huntington --------------------------- 17
9 Transtorno Neurocognitivo devido a lesão cerebral traumática ---------------------- 18
10 Transtorno Neurocognitivo devido à doença de Parkinson -------------------------- 19
11 Transtorno Neurocognitivo devido à doença de Alzheimer ------------------------- 20
12 Transtorno Neurocognitivo Vascular------------------------------------------------------- 23
13 Transtorno Neurocognitivo Frontotemporal --------------------------------------------- 25
14 Transtorno neurocognitivo frontotemporal de variante comportamental ------ 25
15 Transtorno neurocognitivo frontotemporal de variantes linguística ------------- 26
16 Deficiência Intelectual (DI) -------------------------------------------------------------------- 27
17 Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade (TDAH) --------------------------- 29
18 Transtornos do Espectro Autista (TEA) ---------------------------------------------------- 32
18.1 Definição ---------------------------------------------------------------------------------------------------------- 33
19 Transtornos específicos da Aprendizagem ----------------------------------------------- 36
19.1 Dislexia ------------------------------------------------------------------------------------------------------------ 37
Diagnóstico ---------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 39
Tratamento ---------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 41
19.2 Discalculia --------------------------------------------------------------------------------------------------------- 42
Diagnóstico ---------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 44
Tratamento ---------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 44
19.3 Disgrafia e disortografia -------------------------------------------------------------------------------------- 44

20 TANV: Transtorno de aprendizagem não verbal ---------------------------------------- 45


20.1 O que é? ----------------------------------------------------------------------------------------------------------- 46

www.cenes.com.br | 2
Patologias do Sistema Nervoso Central |

Sumário

20.2 Papel dos pais ---------------------------------------------------------------------------------------------------- 48


20.3 Diagnóstico ------------------------------------------------------------------------------------------------------- 48
20.4 Gnosias ------------------------------------------------------------------------------------------------------------ 48
20.5 Praxias ------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 50
20.6 Afasias ------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 51
21 Amnésia -------------------------------------------------------------------------------------------- 52
22 Depressão ----------------------------------------------------------------------------------------- 53
23 Transtorno Bipolar do Humor ---------------------------------------------------------------- 54
24 Referências ---------------------------------------------------------------------------------------- 57

Este documento possui recursos de interatividade através da navegação por


marcadores.

Acesse a barra de marcadores do seu leitor de PDF e navegue de maneira RÁPIDA e


DESCOMPLICADA pelo conteúdo.

www.cenes.com.br | 3
Patologias do Sistema Nervoso Central |

Introdução

1 Introdução
Neste primeiro momento, serão abordadas as patologias mais comuns
decorrentes de alterações em alguma região do Sistema Nervoso Central.

O sistema nervoso do organismo humano é dividido em duas partes, o Sistema


Nervoso Central (SNC) e o Sistema Nervoso Periférico (SNP). O SNC é constituído pelo
encéfalo e pela medula espinhal, e o SNP é formado por nervos e gânglios, que são
responsáveis pelo transporte de informações sensoriais entre o SNC e os demais
órgãos do organismo.

No SNC encontram-se a substância cinzenta e a substância branca. A substância


cinzenta é formada pelos corpos de neurônios e a substância branca é constituída
pelos axônios, que são fibras nervosas. A cor esbranquiçada é devido à mielina que
encobre os axônios.

Mesmo que mínimas, quaisquer alterações da integridade do SNC, seja


anatômica ou funcional, podem trazer comprometimentos ao indivíduo em sua
capacidade de aprendizagem, inclusive no meio acadêmico, o que prejudica
significativamente o desenvolvimento intelectual caso o comprometimento do SNC
ocorra nos primeiros anos de vida.

É importante lembrar que “o córtex cerebral é a camada de substância cinzenta


que reveste os hemisférios cerebrais” (HAASE et al, 2013). Dependendo da localização
de origem, as patologias vasculares podem ser chamadas de “corticais”, quando
originárias no córtex; ou “subcorticais”, quando as lesões estão nas estruturas mais
internas, “abaixo do córtex”. As lesões corticais apresentam sintomas cognitivos e
motores súbitos, enquanto as subcorticais são mais discretas, inclusive com
microinfartos imperceptíveis em testes de rastreio, mas visíveis em exames de
imagem.

As artérias cerebrais têm a função de irrigar grandes áreas cerebrais, e danos


nestas artérias de maior calibre são facilmente identificados pelos pacientes e por seus
cuidadores, pois a sintomatologia é evidente.

2 Paralisia Cerebral (PC)


A Paralisia Cerebral é caracterizada por desordens não progressivas que ocorrem
no desenvolvimento do cérebro, seja no período fetal ou na infância, que interferem

www.cenes.com.br | 4
Patologias do Sistema Nervoso Central |

Paralisia Cerebral (PC)

nos movimentos motores e posturais.

A paralisia cerebral é uma deficiência que não altera a inteligência, mas pode
afetar membros de diferentes formas:

• Braço e perna de um dos lados do corpo;


• Duas pernas;
• Ambos os braços e pernas.

Existem diversos tipos de paralisia cerebral:

• Espástico: os músculos ficam tensos e contraídos. Ocorre devido a


danos
• No córtex motor e é o mais frequente.
• Discinético: movimentos involuntários ocorridos devido aos danos
nos gânglios da base.
• Atáxico: movimentos descoordenados, que afetam o equilíbrio e a
percepção do posicionamento do corpo no espaço. Ocorre devido a danos no
cerebelo.
• Tipos mistos: combinação de danos.

Os sintomas podem se apresentar em diferentes níveis de intensidade e


acarretam em uma limitação das experiências sensoriais. A criança com paralisia
cerebral não vai ter acesso às mesmas sensações decorrentes de atividades comuns a
outras crianças, como andar de bicicleta e perceber a relação entre o equilíbrio e a
velocidade que impõe ao pedalar; correr pela praia, sentindo as diferentes texturas da
areia (quente, molhada, fina...) no solado do pé; dar uma cambalhota; pular na piscina;
entre outras.

Já é sabido pela literatura que a limitação no desenvolvimento motor tem relação


direta com prejuízos no desenvolvimento cognitivo. Sendo assim, a criança com
paralisia cerebral muito comumente apresenta quociente intelectual abaixo da faixa
média para sua idade.

Pode haver dificuldades no desenvolvimento da comunicação, nas habilidades


visuoespaciais, além de a criança com paralisia cerebral precisar de maior tempo para
lidar com as informações, seja pela gravidade de seu quadro ou por privação de
oportunidades para aprender por tentativas e erros e por experimentação. Os

www.cenes.com.br | 5
Patologias do Sistema Nervoso Central |

Paralisia Cerebral (PC)

cuidadores e professores desta criança precisam ser instruídos sobre à necessidade


que ela tem de maior tempo para entender os estímulos do meio, para armazenar e
expressar as informações.

Antes de se formar em neuropsicologia, o profissional é psicólogo e, neste


âmbito, deve também atentar a questões emocionais do contexto de seu
cliente/paciente. No caso do atendimento da criança com paralisia cerebral, o
profissional da psicologia deve observar a maneira com que os pais, em especial a
mãe, lidam com as dificuldades da criança. Em alguns casos, faz-se necessário uma ou
mais sessões específicas com a mãe ou os cuidadores para entender quais eram as
expectativas sobre a criança desde a gestação, como lidaram com o diagnóstico, como
esta criança foi recebida neste lar, o que esperam dela etc. É importante orientar para
que estes adultos evitem limitar ainda mais esta criança, por motivos psicodinâmicos
próprios deste(s) adulto(s). Um contexto facilitador é extremamente importante para
que esta criança aprenda a lidar com os frequentes fracassos que irão surgir, tanto em
meio acadêmico quanto no social.

O diagnóstico de paralisia cerebral é feito por um neurologista infantil, com base


na história de vida e das características clínicas encontradas em sua avaliação,
incluindo as alterações motoras, “retardo no desenvolvimento, persistência de reflexos
arcaicos, anormalidades posturais e outros sinais patológicos” (TABAQUIM; JOAQUIM,
2013).

Quando é solicitada a avaliação neuropsicológica, os testes devem ser pensados


a fim de propiciar a execução por parte do paciente. Evita-se, então, utilizar testes
como o subteste “cubos” (WISC) em crianças cuja manifestação motora não lhe
permita a manipulação adequada. Para avaliação da capacidade de raciocínio geral de
crianças de 3 a 9 anos, pode-se utilizar a Escala de Maturidade Mental Columbia, que
não exige uma resposta verbal, tem apresentação lúdica e não é tão complexa quanto
o Raven.

A paralisia cerebral é uma síndrome ocorrida geralmente por falta de oxigênio


ou hemorragia no cérebro, na hora do nascimento, e pode abranger:

• Diminuição da coordenação motora;


• Rigidez e perda da força muscular;
• Descontrole de membros, cabeça e olhos;
• Tremores.

www.cenes.com.br | 6
Patologias do Sistema Nervoso Central |

Esclerose Múltipla (EM)

A reabilitação é feita com fisioterapia e terapia ocupacional para auxiliar no


combate da rigidez muscular.

3 Esclerose Múltipla (EM)


Esclerose múltipla é uma doença crônica decorrente de comprometimento nos
circuitos subcorticais do Sistema Nervoso Central, devido à desmielinização, que é a
perda progressiva da bainha de mielina sobre os nervos. Afeta o cérebro, a medula
espinhal e o nervo óptico.

Afeta pacientes jovens, com início entre os 20 e 30 anos. O indivíduo acometido


pode apresentar uma série de sintomas, tais como: extremo cansaço, diminuição da
acuidade visual, desequilíbrio, falhas mnésticas, disfasia (linguagem), ataxia (motora).
Cerca de 30% dos pacientes com Esclerose Múltipla têm dificuldades de memória.

Os sintomas aparecem em diferentes regiões do nosso organismo.

REGIÃO ALGUNS SINTOMAS MAIS COMUNS

• » Fadiga.
• » Depressão.
Central
• » Instabilidade de humor.
• » Comprometimento cognitivo.
• » Nistagmo (oscilações rítmicas, repetidas e
involuntárias de um ou ambos os olhos).
Visual
• » Neurite óptica (inflamação do nervo óptico).

• » Disfagia (dificuldade de engolir).

Garganta

• » Disartria (dificuldade para articular as palavras


para falar).
Fala

• » Fraqueza.
• » Espasmos (contração muscular súbita e
Musculoesque
involuntária).
lética
• » Ataxia (perda do controle muscular durante a
realização de movimentos voluntários).

www.cenes.com.br | 7
Patologias do Sistema Nervoso Central |

Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA)

Em uma ou mais regiões também pode haver sensação de dor, hipoestesia ou


parestesia.

Até o momento conta com uma ampla gama de opções terapêuticas bastante
eficazes, mas ainda é uma doença que não tem cura. O tratamento é feito com um
neurologista e tem o objetivo de evitar os picos de processo inflamatório. Mesmo com
a medicação, é possível que sintomas ainda sejam relatados, porém, em uma
intensidade mais abrandada. O estado emocional do indivíduo interfere
significantemente em sua percepção da doença e de seus sintomas.

É preciso investigar as queixas a fundo, a fim de entender quais são suas causas.
Por exemplo: se o paciente informa estar triste, é importante averiguar se ele tem
vontade de realizar as atividades que fazia antes da doença. Em caso negativo, pode-
se investigar sobre a probabilidade de uma depressão. Caso o indivíduo tenha
interesse, mas apresente extremo cansaço, talvez se trate de uma fadiga física.

É importante que o profissional faça orientações, inclusive por meio de um


documento ou reunião à empresa em que o paciente trabalha, informando sobre a
necessidade de intervalos para descanso mais frequentes, para que os patrões saibam
como é a melhor maneira de extrair o melhor rendimento deste profissional, evitando
julgar a doença como uma preguiça ou má vontade, o que pode interferir
negativamente em uma avaliação de desempenho.

Em testes de aprendizado/memória, provavelmente este paciente apresentará


alguma dificuldade na evocação dos estímulos previamente apresentados. Ao
trabalhar no programa de reabilitação neuropsicológica, o uso de dicas/pistas é
bastante útil para auxiliar nesta etapa de evocação, visto que os estímulos foram
registrados.

4 Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA)


Trata-se de uma doença degenerativa com comprometimento progressivo dos
neurônios motores localizados no cérebro e na medula espinhal. Conforme as células
nervosas vão perdendo sua capacidade de transmitir impulsos nervosos, é dada
origem à doença.

Os sintomas mais comuns incluem a paresia gradual da musculatura dos


membros, disfagia (dificuldade de deglutição), disartria (dificuldade na articulação) e
dispneia (dificuldade respiratória). Pode haver paralisia progressiva de todos os

www.cenes.com.br | 8
Patologias do Sistema Nervoso Central |

Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA)

músculos sobre os quais, em condições saudáveis, temos domínio voluntário sobre


sua movimentação e articulação.

Sendo assim, é um paciente com dificuldade para engolir alimentos, o que pode
acarretar em desnutrição, se não for devidamente assistido; não consegue se
expressar de forma suficiente a ser compreendido com facilidade, o que pode gerar
frustrações emocionais. Também podem apresentar fraquezas na musculatura
respiratória, o que é uma causa comum de morte dos pacientes acometidos com ELA.

Outros sintomas são:

• Endurecimento Muscular;
• Atrofia Muscular;
• Cãibras;
• Tremor Muscular;
• Espasmos;
• Diminuição Ou Perda Da Sensibilidade.

A morte dos neurônios interfere no funcionamento dos músculos do organismo


humano, comprometendo, progressivamente, a fala, a deglutição, além dos músculos
dos membros. A consciência e os órgãos dos sentidos permanecem inalteradas.

O início dos sintomas ocorre próximo aos 54 anos, abruptamente e com


sobrevida média de 3 a 5 anos. É uma doença que ainda não tem cura. Metade dos
pacientes morre em 30 meses e 20% pode sobreviver de 5 a 10 anos. O tratamento é
majoritariamente médico, mas com melhor eficácia se houver cuidado multidisciplinar
abrangendo os serviços de psicoterapia, fonoaudiologia, fisioterapia e
acompanhamento nutricional.

Com as dificuldades motoras progressivas, é natural que o paciente vá tendo


cada vez mais dificuldade funcional e torne-se dependente para atividades diárias. A
somatória das incapacidades e da extrema dependência comumente geram
irritabilidade, sintomas ansiosos e depressivos no paciente, o que pode acarretar em
conflitos com os familiares ou cuidadores que lhe auxiliam, caso estes não tenham
estrutura emocional suficientemente fortalecida para lidar com o doente. Neste
sentido, a psicoterapia, sendo individual ou familiar, é indicada como suporte para a
dinâmica familiar e melhor qualidade de vida dos envolvidos.

Há poucos estudos sobre a cognição de pacientes acometidos com Esclerose

www.cenes.com.br | 9
Patologias do Sistema Nervoso Central |

Epilepsia

Lateral Amiotrófica. O que se sabe é que há déficits cognitivos abrangendo


principalmente as funções executivas e aspectos da linguagem e de memória.
Alterações do comportamento dos indivíduos com ELA são muito semelhantes às
encontradas em indivíduos com Transtorno Neurocognitivo Frontotemporal.

Uma escala globalmente utilizada por profissionais da saúde, em geral o médico,


para avaliação da funcionalidade do indivíduo com Esclerose Lateral Amiotrófica é a
“Amyotrophic Lateral Sclerosis Functional Rating Scale-Revised”.

5 Epilepsia
A epilepsia é um distúrbio cerebral caracterizado por crises epilépticas. É
necessário que ocorra, pelo menos, duas crises dentro de um intervalo de 24h para
que seja caracterizada.

Crises epilépticas são o desequilíbrio entre excitação e inibição de impulsos da


atividade elétrica cerebral. Há descargas súbitas, excessivas e descontroladas de um
grupamento neuronal, ocorrendo de modo espontâneo ou secundário a eventos
exógenos.

As crises epiléticas também são chamadas de manifestações ictais. Ocorrem,


predominantemente, no córtex cerebral e sua atividade é geralmente intermitente e
recorrente.

É importante frisar que crise não é sinônimo de convulsão, pois pode haver crise
que não seja convulsiva. Convulsões são especificamente as crises com manifestação
motora, em que há episódios de contração muscular excessiva ou anormal. As crises
podem ser decorrentes de uma disfunção neuronal focal ou generalizada.

As crises parciais ou focais são as mais comuns. Têm origem em redes neuronais
específicas de um dos hemisférios cerebrais e podem se originar em estruturas
subcorticais.

As crises parciais podem ser simples ou complexas:

• As crises parciais simples têm início súbito, com duração breve e


não há perda da consciência. Nem sempre apresenta sintomas e pode ser
seguida de uma fraqueza transitória.
• As crises parciais complexas vêm acompanhadas de perda da
consciência, em que não há contato com o ambiente. Durante a crise, alterações

www.cenes.com.br | 10
Patologias do Sistema Nervoso Central |

Epilepsia

motoras são comuns, podendo apresentar movimentos mastigatórios;


movimentos intensos das mãos e dedos; caretas; rasgar roupas; pegar e soltar de
maneira repetitiva um objeto; entre outras ações sem sentido. Após a crise o
indivíduo apresenta confusão mental e amnésia.

As crises parciais generalizadas se originam em algum ponto de uma rede


neuronal e rapidamente se propagam em redes neuronais de ambos os hemisférios
cerebrais. Podem incluir estruturas corticais e subcorticais e perda da consciência.

Dentre as crises generalizadas, existe a crise de ausência, a crise tônica, a crise


clônica, a crise tônico-clônica (mais comum) e a crise mioclônica, descritas a seguir:

• Crise de ausência: perda súbita da consciência (não mais que 30


segundos). O indivíduo fica estático, com fixação do olhar, sem responder aos
estímulos. Pode acontecer muitas destas crises ao longo do dia.
• Crise tônica: contrações musculares repentinas e duradouras,
deixando os membros tensos, estendidos com duração de poucos segundos ou
minutos. Há perda de consciência e, comumente, desvio dos olhos e cabeça para
um lado ou até rotação de todo o corpo.
• Crise clônica: contrações musculares do corpo ou membros,
movimentos de flexão e estiramento dos membros de forma repetitiva e rítmica,
com duração de poucos segundos ou minutos. Pode haver flexão de um membro
e giro do pescoço.
• Crise tônico-clônica: perda súbita da consciência, queda ao solo e
o indivíduo pode emitir um grito ou gemido. Há uma rigidez generalizada, em
que a cabeça fica retraída, os braços flexionados e as pernas extendidas (fase
tônica). Posteriormente, ocorre uma fase em que os músculos alternadamente
relaxam e se contraem, surgindo os abalos clônicos de grande amplitude.
Durante a fase clônica desta crise, o indivíduo pode morder a língua ou evacuar.
A duração média é de 3 minutos e, no período pós-ictal, o indivíduo vai
recuperando a consciência aos poucos, podendo sentir cansaço, dor de cabeça,
confusão e sonolência.
• Crise mioclônica: abalos musculares abruptos, rápidos e repetitivos,
simétricos nas extremidades, em que é comum deixar cair objetos das mãos. O
indivíduo mantém-se consciente e descreve sensação de “choque elétrico”.

O chamado Estado de Mal Epiléptico é caracterizado por uma crise de duração


prolongada ou por duas ou mais crises seguidas, mas sem a retomada completa da
consciência entre estas crises, podendo provocar uma condição duradoura. Sabe-se

www.cenes.com.br | 11
Patologias do Sistema Nervoso Central |

Epilepsia

que as crises vão ocasionar sintomas de acordo com a região envolvida.

Quanto à etiologia, a epilepsia é chamada Idiopática é aquela de causa genética.


Em casos em que a epilepsia foi originada a partir de uma lesão, chama-se de epilepsia
Sintomática. E quando não se sabe a causa, chama-se de epilepsia Criptogênica.

A variante mais estudada entre as epilepsias de etiologia idiopática é a Epilepsia


mioclônica juvenil. Esta é uma síndrome generalizada, com início na adolescência,
geralmente precipitada por privação do sono, fadiga, abuso de álcool e estimulação
luminosa. Estes jovens apresentam maiores dificuldades no desempenho de tarefas
que envolvem a formação de conceitos, abstração, flexibilidade mental, velocidade de
processamento e planejamento.

Entre as epilepsias parciais, a mais frequente é a Epilepsia de Lobo Temporal. Os


pacientes acometidos com este tipo descrevem alterações psíquicas momentâneas,
como medos, dejà vu (sensação de que já esteve em determinado lugar ou já fez a
mesma coisa antes) e o jamais vu (esquecimento total de algo cotidiano). Descrevem,
também, sensações gástricas crescentes, como “uma bola que vai subindo”;
alucinações olfativas ou gustativas; palpitações (percepção dos batimentos cardíacos),
piloereção (ereção dos pelos, conhecida por “arrepios”); alterações gastrointestinais.

Na avaliação neuropsicológica, as disfunções comumente encontradas em


indivíduos com epilepsia de lobo temporal são as alterações de linguagem
envolvendo nomeação, déficits mnésticos e disfunções executivas. Estudos atribuem
este perfil como “reflexo do espraiamento de descargas epileptiformes em um circuito
temporofrontal” (FUENTES et al, 2008).

A Epilepsia de Lobo Frontal vai apresentar sintomatologia diferente, dependendo


da área específica que for afetada na região frontal. A maior parte dos prejuízos está
relacionada às funções motoras e de funções executivas. Dentre as alterações motoras
podem ocorrer movimentação excessiva dos membros, alterações posturais, entre
outras, geralmente em crises com duração de 10 a 30 segundos. Impulsividade,
agressividade e labilidade do humor são alterações comportamentais comuns.

Epilepsia do Lobo Parietal e do Occipital são menos frequentes. Quando


ocorridas no Lobo Parietal, são comuns as parestesias contralaterais. Alucinações
visuais e movimentos dos olhos e da cabeça são uma característica encontrada em
Epilepsia do Lobo Occipital.

Em crianças, a epilepsia interfere no aprendizado acadêmico e há uma relação


entre menor idade de início das crises e menor desempenho nas disciplinas escolares.

www.cenes.com.br | 12
Patologias do Sistema Nervoso Central |

Epilepsia

Sendo assim, quanto mais velha for a criança em seu primeiro episódio, menor será o
impacto acadêmico. Em crianças, com a remissão das crises, muito frequentemente há
melhora no rendimento acadêmico.

Independentemente do tipo de síndrome epiléptica, as crises levam ao dano


neuronal, e a cada crise, os danos aumentam. Nem todos os casos têm as crises
cessadas com medicamento. Estima-se que cerca de 30% dos casos permaneçam com
as crises refratárias ao tratamento medicamentoso. Nestes casos em que não há
constatação de diminuição ou interrupção das crises, a realização de neurocirurgia é
necessária.

O diagnóstico é realizado por meio de entrevista descritiva das crises. O exame


de eletroencefalograma (EEG) também é necessário para a caracterização da atividade
elétrica cerebral.

Ao atender um indivíduo com epilepsia, é importante que, tanto paciente quanto


seus familiares, sejam orientados quanto à necessidade de ingestão medicamentosa
correta e manutenção das consultas com neurologista, mesmo na ausência das crises.

A avaliação neuropsicológica de pacientes com epilepsia vai auxiliar a


compreender a dimensão do impacto da síndrome na funcionalidade e auxiliam no
prognóstico, revelando quais são as potencialidades e as maiores dificuldades do
indivíduo.

E orientando para possíveis atividades que podem ser realizadas em seu


cotidiano. A avaliação pode, também, fazer acompanhamento da evolução do
indivíduo.

Antes da aplicação de qualquer teste é importante entender o caso


detalhadamente, por meio de entrevistas com o paciente, com os familiares e com
profissionais da saúde que atendem este paciente. Esta coleta de dados tem o objetivo
de entender, basicamente, “o tipo e a frequência das crises, as medicações em uso e
como estes fatores se manifestam, atualmente, sobre a cognição e o comportamento”
(PAULA; COSTA, 2016).

A próxima etapa vai incluir a aplicação de testes com o objetivo de responder às


solicitações de quem requeriu a avaliação. É importante caracterizar as habilidades
pré-mórbidas, geralmente através de testes que avaliam a inteligência cristalizada e
por meio de entrevista detalhada com os familiares ou pessoas de convívio acadêmico
ou profissional do paciente.

www.cenes.com.br | 13
Patologias do Sistema Nervoso Central |

Epilepsia

A avaliação neuropsicológica pode ser solicitada no momento pré-operatório a


fim de mensurar o estado cognitivo e emocional do sujeito ainda com a
sintomatologia epiléptica. Os mesmos testes devem ser utilizados para a avaliação
pós-operatória, garantindo melhor comparação de desempenho pré e pós cirúrgico.
O objetivo é averiguar quais déficits estavam presentes com a doença e em quais
funções houve melhora, assegurando ao paciente e à equipe médica, a realidade
cognitiva do paciente em questão.

Da mesma forma com que o profissional da neuropsicologia se interessa mais


pelo resumo dos resultados de exames de imagem, profissionais de outras áreas
precisam ter acesso prático aos dados obtidos no exame neuropsicológico.

Assim, em um ambiente multidisciplinar, o neuropsicólogo precisa organizar os


dados de maneira prática para que a discussão em equipe seja fluida e que todos
possam entender quais são as potencialidades e as dificuldades dos pacientes.

Uma sugestão para esta situação é que os resultados abaixo da média sejam
apresentados na cor vermelha e aqueles na faixa média, ou acima desta, em verde. A
autora enfatiza que, para os pacientes, é importante manter a prática de entregar um
relatório descritivo e fazer as devidas orientações.

É sempre importante lembrar que o neuropsicólogo é livre para escolher suas


técnicas avaliativas, mas também precisa estar bastante esclarecido sobre o
diagnóstico e suas variações, inclusive quanto aos fatores que podem interferir na
execução de uma tarefa. Como os testes e outros instrumentos não são absolutos,
devem ser interpretados dentro do contexto, pois nada substitui o raciocínio clínico.

Algumas orientações sobre a epilepsia são imprescindíveis ao público em geral,


ao presenciar uma crise convulsiva, tais como:

• Mantenha-se calmo e acalme quem assiste à crise.

• Coloque a pessoa de lado, com a cabeça baixa, de modo que a


saliva possa escorrer para fora da boca.

• Desaperte a roupa em volta do pescoço.

• Ponha qualquer coisa macia debaixo da cabeça da pessoa. Pode ser


sua mão ou sua perna, impedindo-a de bater a cabeça no chão ou em objetos
próximos.

• Permaneça junto da pessoa até que volte a respirar calmamente e

www.cenes.com.br | 14
Patologias do Sistema Nervoso Central |

Hidrocefalia

comece a acordar.

• Ofereça-se para ajudar no regresso para casa ou chamar alguém da


família.

É muito comum a pessoa ficar constrangida, principalmente se tiver muita gente


olhando. Neste caso, reações hostis, como uma defesa do ego, podem ocorrer. É
importante que a pessoa seja respeitada, caso não queira conversar após a crise ou
não queira ajuda.

•Não coloque nada na boca da pessoa, ela pode morder e se


machucar. Também não tente puxar a língua da pessoa.

• Não tente acordar nem force a pessoa a se levantar.

• Não lhe dê NADA para beber (nunca dê líquidos a alguém que está
inconsciente).

6 Hidrocefalia
O líquido que envolve e circula pelo Sistema Nervoso Central é chamado de
líquor. Este é produzido no cérebro pelo plexo coroide. O cérebro saudável produz
uma gota de líquor a cada dez segundos, em média. Ao ser produzido, passa pelo
ventrículo lateral, depois pelo forame de Monro, pelo 3o ventrículo, pelo aqueduto,
pelo 4o ventrículo e, por último, é absorvido nas granulações.

Caso ocorra algum incidente cerebral, seja uma infecção nas granulações ou
traumatismo craniano, um AVC... em que haja sangramento que se misture ao líquor,
esse sangramento vai circular junto ao líquor e, ao chegar nas granulações, vai entupi-
las. Entupindo, o líquor não pode ser absorvido. Sendo assim, fica excedente, pois o
cérebro continua produzindo. A Hidrocefalia é o acúmulo de líquor no cérebro.

A hidrocefalia de pressão normal caracteriza-se por alterações cognitivas


subcorticais, apresentadas como declínio, apraxia da marcha e incontinência urinária.
O exame de neuroimagem é capaz de revelar um aumento do volume do sistema
ventricular e leve atrofia cortical.

O paciente com hidrocefalia apresenta marcha comprometida apraxicamente. A


habilidade motora é preservada, o indivíduo consegue andar, mas a praxia da marcha

www.cenes.com.br | 15
Patologias do Sistema Nervoso Central |

Acidente Vascular Cerebral (AVC)

é alterada, o paciente anda sem boa desenvoltura, como se fosse uma criança
aprendendo a andar.

O tratamento é neurocirúrgico. Na grande maioria dos casos, punções liquóricas


(líquido que percorre o Sistema Nervoso Central) repetidas trazem melhorias sobre a
cognição e a marcha. Em outros casos, a implantação de uma válvula para regulagem
do fluxo já é suficiente. Faz-se importante fazer fisioterapia, reabilitação cognitiva e
outras intervenções indicadas a cada caso.

7 Acidente Vascular Cerebral (AVC)


O acidente vascular cerebral é causado pela ruptura aguda de vasos sanguíneos
dentro do cérebro. Há dois tipos de AVC:

• AVC Isquêmico: de ocorrência frequente em cerca de 80% dos


casos, este tipo é decorrente de interrupção do fluxo sanguíneo. Os sintomas são
percebidos como iniciados “de repente”. No AVC isquêmico transitório, os
sintomas são passageiros.
• AVC Hemorrágico: menos comum, ocorre por rompimento de
algum vaso sanguíneo. O paciente sente dores de cabeça muito fortes, podendo
vir acompanhadas de fraqueza e/ou sonolência.

Sabemos que o oxigênio é transportado pelo sangue. Sendo assim, as células


nervosas da área afetada ficam privadas de oxigênio, o que impede seu
funcionamento. Com isto, a parte do corpo que é controlada por estas células também
sofre impacto, apresentando fraquezas ou incapacidade de funcionar. Pode ocorrer,
ainda, perda da consciência, do funcionamento cerebral como um todo, sendo a causa
mais comum de incapacidade e morte. A maior incidência é em idosos, hipertensos,
diabéticos, fumantes e pessoas com colesterol alto.

É importante reconhecer os sintomas o mais breve possível, pois o tratamento


de desobstrução do coágulo para a minimização de sequelas deve ser feito nas
primeiras 4 horas.

De acordo com o DSM-V, as evidências de doença cerebrovascular encontradas


em exames de neuroimagem (ressonância magnética ou tomografia
computadorizada) englobam um ou mais dos seguintes eventos:

• Um ou mais grandes vasos infartados ou hemorrágicos;

www.cenes.com.br | 16
Patologias do Sistema Nervoso Central |

Transtorno Neurocognitivo devido à doença de Huntington

• Um único infarto ou hemorragia situada em uma região específica


do cérebro, como o giro angular, o tálamo, ou porções anteriores e basais do
cérebro;
• Dois ou mais infartos lacunares fora do tronco cerebral;
• Lesões extensas e confluentes da substância branca;

Nos exames de neuroimagem, as lesões de substância branca aparecem descritas


como “doença do vaso menor”, ou “mudanças isquêmicas subcorticais”.

8 Transtorno Neurocognitivo devido à doença de Huntington


Esta doença é uma desordem degenerativa, com comprometimento nos circuitos
subcorticais, com perdas específicas de neurônios do estriado, que é composto pelo
núcleo caudado e putamen.

De condição genética, a doença conduz à deterioração progressiva do sistema


nervoso. Manifesta-se a partir dos 40 anos de idade, o tempo de evolução médio da
doença é de 15 anos após o diagnóstico dos sintomas motores. Só há tratamento
sintomático, o que leva o paciente, inexoravelmente, ao óbito.

Ocorrem mudanças cognitivas, comportamentais e motoras, comumente nesta


ordem. Prejuízos cognitivos são progressivos e incluem alterações nas funções
executivas, mais especificamente na velocidade de processamento, organização e
planejamento. As mudanças comportamentais estão altamente associadas ao declínio
funcional, como a depressão, irritabilidade, ansiedade, sintomas obsessivo-
compulsivos, desinibição e mudanças de personalidade. Entre as alterações motoras,
os pacientes apresentam um quadro, chamado Coréia, caracterizado por distúrbio de
movimento, que acomete todas as regiões do corpo, tais como: movimentos bruscos,
hipercinéticos e involuntários.

Com a progressão da doença, os pacientes apresentam prejuízo intenso da


marcha e os movimentos involuntários e desordenados mais graves podem interferir
significativamente no autocuidado, como tomar banho, vestir-se e ir ao banheiro,
tornando o indivíduo acometido cada vez mais incapacitado, inclusive para andar. No
estágio terminal, o controle motor para comer e deglutir é intensificado a ponto de
colaborar de forma significativa para a morte do indivíduo.

www.cenes.com.br | 17
Patologias do Sistema Nervoso Central |

Transtorno Neurocognitivo devido a lesão cerebral traumática

O neuropsicólogo que trabalhar atendendo a esta condição deve saber que o


prejuízo motor acaba produzindo uma disartria (produção da fala), sendo de difícil
compreensão. Perdas de memória também são frequentes.

As barreiras na comunicação e o aumento progressivo da dependência


comumente impulsionam a alterações de humor, como o aumento de
comportamentos impulsivos ou irritáveis. Uma atenção profissional se faz necessária
para evitar maiores desgastes emocionais do indivíduo e de sua família, já que, em
fase mais avançada da doença, os cuidados necessários vão além das demandas
decorrentes do declínio cognitivo.

A orientação familiar deve ser constante, inclusive procurando acolher as


angústias dos familiares e cuidadores, que precisam estar em boas condições físicas e
de estrutura emocional para que possam cuidar deste doente com menos cansaço e
evitando a sobrecarga, tão comum em cuidadores.

9 Transtorno Neurocognitivo devido a lesão cerebral


traumática
É um dano cerebral, causado por fatores externos, como um impacto na cabeça
ou outras ocorrências de movimento rápido (aceleração/desaceleração) em que
houve deslocamento do cérebro na caixa craniana.

De acordo com o DSM-V, as características específicas de um trauma cerebral


incluem, pelo menos, um dos seguintes eventos:

• Perda de consciência;
• Amnésia pós-traumática;
• Desorientação e confusão;
• Sinais neurológicos: um novo surgimento de convulsões, perda de
campo visual, anosmia (perda total do olfato), hemiparesia (paralisia de um dos
lados do corpo).

Dentre as causas mais comuns estão:

• As quedas, especialmente em pessoas idosas;


• Acidentes de trânsito, com maior foco para motociclistas.

www.cenes.com.br | 18
Patologias do Sistema Nervoso Central |

Transtorno Neurocognitivo devido à doença de Parkinson

Há lesões cerebrais chamadas de “lesões de contragolpe”, que ocorrem quando


o cérebro se choca com a parte óssea que o protege, mas no lado oposto ao do
impacto. Por exemplo: se o indivíduo sofreu impacto na parte frontal da cabeça,
dentro do crânio, o cérebro é jogado rapidamente para a parte de trás, oprimindo o
lobo occipital e áreas mais próximas a ele. Ao ser lançado para a parte de trás, o
cérebro choca-se com o osso e este impacto interno pode causar danos. Dependendo
da intensidade do golpe, ao voltar, o cérebro ainda corre risco de chocar com a parte
frontal do crânio, causando outro golpe.

A lesão cerebral traumática pode acarretar distúrbios convulsivos e, dependendo


da gravidade, pode levar o indivíduo ao óbito.

Quanto à cognição, as dificuldades vão variar de acordo com a intensidade e


extensão da lesão e das áreas afetadas. Dentre os principais déficits, podem abranger
domínios variados, tais como atenção, funções executivas, memória e cognição social
(capacidade de julgamento e comportamento social desajustados). Em uma lesão mais
grave, com hemorragia intracraniana, por exemplo, os prejuízos também são mais
acentuados, como afasia, dispraxia construtiva, entre outros.

Em bebês ou crianças pequenas, as lesões podem acarretar em prejuízos no


desenvolvimento neuropsicomotor. Em adolescentes e adultos, os déficits
neurocognitivos abarcam maior propensão à fadiga, hipersensibilidade a luz e som e
labilidade do humor (irritabilidade, depressão, ansiedade, hostilidade ou apatia). Em
idosos, a desorientação e confusão mental são comuns após lesão cerebral traumática.

Em muitos casos o processo de reabilitação traz inúmeros benefícios para que o


indivíduo retome, ao máximo, seu potencial funcional. O objetivo do tratamento é
tentar restaurar a autonomia e independência deste indivíduo, para que seja menos
dependente dos cuidados alheios e, talvez, possa retomar seus afazeres anteriores ao
evento traumático.

10 Transtorno Neurocognitivo devido à doença de Parkinson


Este transtorno é caracterizado por comprometimento nos circuitos subcorticais.
É uma doença neurodegenerativa cujos sintomas principais são: tremor, rigidez e
lentidão. Para entendermos melhor, vamos voltar à bioquímica dos
neurotransmissores:

Há uma região do cérebro chamada de corpo estriado, responsável por controlar

www.cenes.com.br | 19
Patologias do Sistema Nervoso Central |

Transtorno Neurocognitivo devido à doença de Alzheimer

a postura e os movimentos do corpo humano. Por meio da acetilcolina, o corpo


estriado ativa os movimentos e, através da dopamina, os inibe. A dopamina é
produzida na substância negra e faz a comunicação entre esta região e o corpo
estriado. No Parkinson, há perda de neurônios da substância negra. Sendo assim, a
diminuição da concentração de dopamina é significativa, o que faz com que seja muito
mais difícil para o doente inibir movimentos (tremores) indesejáveis e controlá-los
(rigidez). A doença de Parkinson costuma aparecer após os 65 anos.

O paciente acometido com a doença vai apresentar manifestações clínicas


variadas, com destaque para o quadro motor, composto por rigidez muscular, tremor
de repouso, bradicinesia (lentificação dos movimentos), rigidez na marcha
(geralmente caminha arrastando os pés, com passos bem curtos e com necessidade
de apoio), diminuição da expressão mímica facial e alteração postural (é comum
andarem com a cabeça inclinada para frente), com alto risco de queda. Há, ainda,
manifestações não motoras, tais como anomia, depressão, distúrbios do sono,
alterações cognitivas e comportamentais, disfunção autonômica, entre outras.

O paciente acometido com Parkinson tem mais chances de desenvolver algum


outro Transtorno Neurocognitivo. Cerca de 40 a 50% dos pacientes com Parkinson
vão apresentar sintomas demenciais, caracterizados por diminuição da memória, da
atenção, das funções executivas e visioespaciais, alterações da personalidade e
transtornos comportamentais.

Geralmente, o comprometimento motor está presente há, pelo menos, um ano


antes do início do declínio cognitivo, que tem desenvolvimento gradual. Quanto maior
a idade de início da doença de Parkinson, maiores são as chances de desenvolvimento
de doença concomitante.

Em testes neuropsicológicos, a atenção sustentada é mais preservada do que a


atenção utilizada para realizar testes que avaliam a velocidade de processamento.

11 Transtorno Neurocognitivo devido à doença de Alzheimer


Alzheimer é a doença neurodegenerativa mais comum entre os idosos senis,
afetando cerca de 15% dos idosos acima dos 65 anos e dobrando a cada 5 anos. A
instalação do quadro é de início insidioso e a progressão da doença depende muito
de fatores genéticos e da reserva cognitiva (rede neuronal desenvolvida previamente).
Geralmente a evolução é lenta, podendo levar mais de 15 anos.

www.cenes.com.br | 20
Patologias do Sistema Nervoso Central |

Transtorno Neurocognitivo devido à doença de Alzheimer

Os principais fatores que definem a doença de Alzheimer são a deterioração


progressiva das funções cognitivas, especificamente das habilidades visioespaciais e
memória, e, concomitantemente, a perda da funcionalidade. Ocorre
comprometimento nos circuitos corticais e com grande perda de neurônios
hipocampais.

Desenvolve-se progressivamente, decorrente de processo degenerativo,


iniciando seu curso pelos lobos temporais mesiais, afetando o hipocampo e,
consequentemente, a memória. Há certa atrofia cortical, em especial nos córtex
límbico e associativo, bem como aumento no volume dos ventrículos cerebrais.

A acetilcolina é um neurotransmissor usado pelo hipocampo, que é a região mais


envolvida nos processos de memória (que inclui a aprendizagem). Os níveis de
acetilcolina caem progressivamente durante o envelhecimento, e, nos pacientes com
Alzheimer, a queda dos níveis de acetilcolina é drasticamente mais elevada. Há
também outros processos bioquímicos alterados na doença, mas ainda em estudo
pela comunidade científica.

São comuns os déficits mnésticos, de linguagem (perda da nomeação,


compreensão) e habilidades visuoespaciais.

Na fase inicial da doença os pacientes começam a ter dificuldades cognitivas,


especificamente na aquisição de novas memórias (aprendizado), alguma dificuldade
em acompanhar o tempo, desorientação espacial e mudanças de humor, podendo
aparecer sintomas de depressivos, como apatia, perda de iniciativa etc.

Nesta fase, a linguagem e as habilidades motoras continuam como antes. O


doente é capaz de manter uma conversa, é sociável e compreende a comunicação,
como gestos, entonação etc. Pode acontecer de o paciente não reconhecer facilmente
o lugar onde está e ter lapsos de memória durante uma conversa. Uma estratégia
eficaz é auxiliar, informando sobre o assunto que estava sendo discutido e, caso o
fornecimento de dicas não esteja sendo suficiente ou esteja provocando frustrações
no indivíduo, pode-se mudar o foco da conversa ou mudar de ambiente.

A fase leve é o momento ideal de se introduzir um cuidador na vida diária deste


idoso, pois ainda é capaz de escolher e entender a necessidade, embora muitas vezes
apresentem resistência por não terem compreensão global de seu quadro. Também é
uma fase em que precisa ser pensado sobre a possibilidade de retirada da direção de
um automóvel, pois na próxima fase os déficits são mais abrangentes e estes idosos
em trânsito podem pôr em risco a própria vida e a de outros.

www.cenes.com.br | 21
Patologias do Sistema Nervoso Central |

Transtorno Neurocognitivo devido à doença de Alzheimer

A fase moderada abrange outras áreas cerebrais e funções cognitivas,


ocasionando déficits na linguagem, nas habilidades visioespaciais e o
comprometimento para a realização das atividades diárias avançam um pouco mais.
Este idoso passa a apresentar-se um pouco mais descuidado com sua higiene pessoal
(ou demandando ajuda para conseguir se arrumar como de costume).

Já ocorre perda parcial da capacidade de reconhecimento, mantendo intactas as


recordações mais solidificadas, como os ambientes familiares e orientações pessoais
(próprio nome, idade, lugar de nascimento, nome de seu cônjuge e parentes). Passa a
ter dificuldades na fala e linguagem (afasia) e para realizar funções básicas já
aprendidas, como se vestir e utilizar talheres.

Nesta fase moderada da doença, o idoso já é dependente de um cuidador em


tempo integral, pois começam as manifestações físicas/motoras, como debilidade
muscular, alterações de postura, caminhada, maior cansaço, entre outros.

O idoso nesta fase é mais sonolento, repetitivo com a fala e com atitudes (abre e
fecha gavetas, dobra e desdobra roupas...), pode apresentar sinais psicóticos (delírios,
alucinações e ilusões) e perde o interesse por atividades das quais gostava antes. É
um paciente que pode relatar que alguém em sua residência está roubando seu
dinheiro (sendo que talvez esqueceu onde o guardou), que os familiares estão
combinando sua internação para ficar com seus bens, entre outros.

Na fase mais avançada da doença, o comprometimento cerebral já avançou para


as porções do lobo frontal, ocasionando em alterações das funções executivas, da
personalidade e do comportamento.

A rigidez muscular e a alteração de postura estão mais acentuadas e podem,


ainda, surgir tremores e crises epiléticas. Muito frequentemente, os idosos nesta fase
apresentam incontinência urinária e fecal e certa perda de resposta à dor.

Cognitivamente é um idoso desorientado com relação ao tempo e ao espaço,


não sabendo informar em que data está e, se não estiver em sua casa de infância, não
saberá informar onde está. A apatia é mais marcante, assim como os sintomas
psicóticos e a agitação psicomotora. Apresenta maior agressividade, que pode ser
atribuída a múltiplos fatores, como dores, cansaço, remédios e um ambiente exigente.

O indivíduo nesta etapa já não se tem mais a preservação das capacidades


automáticas adquiridas, como tomar banho, vestir-se sozinho, andar ou comer
(incluindo pegar a comida com os talheres, levar a comida à boca, mastigar e deglutir).

www.cenes.com.br | 22
Patologias do Sistema Nervoso Central |

Transtorno Neurocognitivo Vascular

É de extrema importância que o familiar/cuidador seja orientado para conseguir


controlar as situações de ansiedade e agitação dos doentes com Alzheimer, porque
estas podem gerar comportamentos cada vez mais desgastantes a todos os
envolvidos.

12 Transtorno Neurocognitivo Vascular


O Transtorno Neurocognitivo Vascular costuma ser decorrente de
comprometimento nos circuitos subcorticais que agrupam o conjunto de quadros de
perdas cognitivas e alterações da personalidade associadas a lesões
cerebrovasculares.

As lesões cerebrovasculares são de diversas causas, podendo consistir em:

• Pequenas áreas de enfarte ou doença dos pequenos vasos


(microvascular);
• Grandes lesões tromboembólicas (múltiplos infartos);
• Lesões desmielinizantes secundárias à interrupção da irrigação
sanguínea local;
• Infartos lacunares;
• Lesões únicas em locais estratégicos (tálamo, giro angular
esquerdo, núcleo caudado, gânglios da base);
• Angiopatia amiloide;
• Acidentes vasculares cerebrais hemorrágicos (rompimento dos
vasos sanguíneos cerebrais) ou obstrução, entre outros.

A etiologia vascular é heterogênea, pois vai depender do tipo de lesão, da


localização e da extensão da lesão, que pode ser focal, multifocal ou difusa. A certeza
é de que, após o acidente vascular cerebral, a circulação de sangue no cérebro é
menor.

O surgimento da doença é abrupto, com rápido desenvolvimento de déficits,


inclusive cognitivos. Pressão alta, diabetes e tabaco são predispositores para
desencadear o Transtorno. A prevalência é maior em indivíduos do sexo masculino do
que nos do sexo feminino.

De acordo com critérios do DSM-V, para a doença ser classificada como

www.cenes.com.br | 23
Patologias do Sistema Nervoso Central |

Transtorno Neurocognitivo Vascular

Transtorno Neurocognitivo vascular leve é necessário um só acidente vascular cerebral


ou doença extensa da substância branca. Para ser caracterizado como Transtorno
Neurocognitivo vascular maior, é preciso que tenha ocorrido, pelo menos, um dentre
estes eventos:

• Dois ou mais acidentes vasculares cerebrais;


• Um acidente vascular cerebral estrategicamente situado;
• Uma combinação de doença da substância branca.

Os sintomas iniciais são variados, pois dependem da localização da lesão. É muito


comum que o paciente tenha complicações vasculares associadas, como “hipertensão
arterial, sopro carotídeo, doença cardiovascular, diabete e dislipidemias”
(DALGALARRONDO, 2008). A maior prevenção é a boa saúde cardiovascular.

Nos três meses após um acidente vascular cerebral, 20 a 30% dos indivíduos
apresentam falhas cognitivas, motoras e na funcionalidade. Posteriormente, o
paciente passa a ter menor controle do corpo, sendo comum ocorrer distúrbio de
marcha, com quedas frequentes, dificuldade de movimentação dos membros de um
mesmo lado do corpo, dificuldade na fala ou na articulação das palavras, déficit visual
de uma parte do campo visual e incontinência urinária nos estágios mais avançados.

Quando ocorre doença isquêmica em pequenos vasos, costuma haver o


desenvolvimento de sintomas depressivos concomitante à lentidão psicomotora e à
disfunção executiva (“depressão vascular”).

É comum escutar os familiares relatarem que o paciente “de um dia para o outro
começou a...” falar com a boca torta, ter dificuldade para segurar um talher ou se
perder no trânsito, por exemplo.

Os déficits cognitivos podem ser atribuídos a uma ruptura dos circuitos córtico-
subcorticais, com possível influência na atenção, em especial na velocidade do
processamento de informações e na capacidade executiva, mas podem variar de um
caso para outro.

Na avaliação neuropsicológica, na etapa de averiguação dos resultados


quantitativos da aplicação dos testes, é comum a ocorrência de falhas de coerência
sequencial nos testes de memória com histórias. É um paciente capaz de evocar o
conteúdo apresentado dentro da quantidade de informações esperadas para sua faixa
etária, porém, de maneira desorganizada. No reconhecimento tardio, o desempenho

www.cenes.com.br | 24
Patologias do Sistema Nervoso Central |

Transtorno Neurocognitivo Frontotemporal

flui melhor com a utilização de pistas/dicas, o que pode ser um bom recurso para o
programa de reabilitação neuropsicológica, incluindo a orientação para que o
cuidador faça uso desta estratégia no cotidiano deste paciente.

13 Transtorno Neurocognitivo Frontotemporal


O Transtorno Neurocognitivo Frontotemporal compreende uma série de
variantes sindrômicas, causado por degeneração de um ou ambos os lobos frontais e
temporais do cérebro. Seu desenvolvimento é progressivo, tem início normalmente
entre os 40 e os 65 anos e acarreta em mudança comportamental e de personalidade
e/ou prejuízo na linguagem.

Conforme a doença progride, os pacientes acometidos tendem a apresentar


sinais e sintomas que podem ser uma combinação dos subtipos existentes.

Como existem diversas funções a serem, reguladas pelos dois lobos mais
envolvidos, há variâncias na apresentação dos sintomas. O DSM-V subdivide a doença
em dois grupos, sendo um grupo denominado de Transtorno Neurocognitivo
frontotemporal de variante (ou subtipo) comportamental, e o outro Transtorno
Neurocognitivo frontotemporal de variante (ou subtipo) linguística.

14 Transtorno neurocognitivo frontotemporal de variante


comportamental
Indivíduos com a variante comportamental do Transtorno Neurocognitivo
Frontotemporal apresentam graus variados de apatia ou desinibição, com prejuízo da
capacidade de insight. Podem perder interessena socialização, inclusive com
desinteresse pelas atividades e pessoas habituais, apresentar perda funcional no
autocuidado, nas responsabilidades pessoais ou evidenciar comportamentos
socialmente inadequados. Nos estágios posteriores, pode ocorrer perda de controle
dos esfíncteres.

www.cenes.com.br | 25
Patologias do Sistema Nervoso Central |

Transtorno neurocognitivo frontotemporal de variantes linguística

15 Transtorno neurocognitivo frontotemporal de variantes


linguística
Indivíduos com Transtorno neurocognitivo frontotemporal de variante linguística
apresentam afasia progressiva primária, mas cada variante tem suas especificidades.

Os indivíduos acometidos com a variante linguística semântica (denominada


anteriormente por demência semântica) podem apresentar prejuízos importantes na
compreensão de palavras, na nomeação de objetos, e no reconhecimento do
significado de estímulos visuais (agnosia associativa). Com a progressão da doença,
também é comum a redução progressiva da produção verbal. Na avaliação
neuropsicológica, é percebido como um paciente que economiza esforço ao fornecer
respostas, mas mantém a preservação dos conhecimentos previamente adquiridos
sobre as vertentes da língua, como a gramática, a leitura em voz alta e a escrita
ortograficamente correta de palavras regulares.

O quadro clínico é definido de acordo com a localização e abrangência


anatômica da lesão. Inicialmente ocorrem alterações da personalidade e de
comportamento, seguidas de déficits de linguagem. Dentre as alterações de
personalidade, podemos ter um indivíduo apático e insensível que, anteriormente, se
comovia com as demandas alheias e buscava ajudar.

As alterações de comportamento podem incluir o isolamento social, perda de


crítica, inflexibilidade mental, descuido da higiene pessoal, comportamentos rituais
(incluindo a possibilidade de colecionismo), deambulações inadaptadas, entre outras.
Os déficits de linguagem abrangem redução da fluência verbal, estereotipias, ecolalia
e sinais de hiperoralidade (repetir as frases inúmeras vezes ou ecoar aquilo que os
outros dizem).

Em geral, pacientes acometidos com algum subtipo desta demência apresentam


reflexos primitivos frontalizados (preensão palmar, sucção e projeção tônica dos
lábios), início insidioso e progressivo de distúrbios de linguagem, alterações precoces
de personalidade e de comportamento, como: isolamento social, apatia, desinibição,
impulsividade, irritabilidade, hiperoralidade (repetir as frases inúmeras vezes ou ecoar
aquilo que os outros dizem) e descuido com a higiene pessoal.

Existem várias técnicas utilizadas para realizar o diagnóstico tais como,


imagiologia cerebral, eletroencefalograma ou testes neuropsicológicos, que podem
auxiliar na caracterização da doença.

www.cenes.com.br | 26
Patologias do Sistema Nervoso Central |

Deficiência Intelectual (DI)

Em testes padronizados, a variante comportamental do Transtorno


Neurocognitivo frontotemporal aponta para prejuízos comuns no raciocínio abstrato,
na atenção concentrada (distratibilidade), na capacidade de planejamento e
julgamento e nas funções executivas (flexibilidade mental e controle inibitório). Nos
estágios iniciais, as capacidades perceptomotoras e a memória (incluindo a
capacidade de aprendizagem) estão relativamente preservadas.

Ainda não existe cura para o Transtorno. O que se pode fazer é cuidar dos
sintomas secundários, como a depressão, podem ser aliviados pela psicoterapia e/ou
medicação. Os profissionais da saúde têm o papel de fornecer conhecimentos sobre
a doença, incluindo os motivos pelos quais a pessoa se comporta de determinada
maneira. Assim, os familiares podem auxiliar o paciente a lidar com seus sintomas em
vez de insistir para que se comporte de tal maneira, evitando maiores conflitos.

Como a doença atinge o indivíduo em idade produtiva, em que ainda desfrutam


de plena independência, é comum o abalo das relações familiares e laborais. O apoio
de profissionais, amigos e familiares tende a fazer uma diferença positiva na forma de
gerir a doença. A psicoterapia via auxiliar o doente a lidar com as questões emocionais
decorrentes destas transformações e com a nova perspectiva de vida, entre outras
demandas.

16 Deficiência Intelectual (DI)


Trata-se de uma deficiência caracterizada por limitações significativas em dois
âmbitos, consecutivamente:

• Funcionamento intelectual;

• Comportamento e funcionamento adaptativo socialmente.

Para que o diagnóstico seja caracterizado, ambos os déficits precisam ser


existentes desde o período de desenvolvimento, sendo necessário auxílio constante
para que o indivíduo possa desempenhar as atividades de vida diária para lidar com
as demandas externas, seja em casa, na escola, no trabalho ou outro ambiente.

Os déficits intelectuais devem ser averiguados tanto pela avaliação clínica quanto
por testes de inteligência padronizados, individualizados e adequados culturalmente
e psicometricamente. A avaliação deve englobar a mensuração do quociente de

www.cenes.com.br | 27
Patologias do Sistema Nervoso Central |

Deficiência Intelectual (DI)

inteligência (QI), a capacidade de “raciocínio, solução de problemas, planejamento,


pensamento abstrato, juízo” (DSM-V) e a aprendizagem.

Uma pontuação de teste abaixo de 70 indica uma limitação no funcionamento


intelectual. Para a padronização do Teste de Inteligência Wechsler para Crianças
(WISC-IV), foram avaliadas 120 crianças diagnosticadas previamente como deficientes
mentais. A média de desempenho daquelas classificadas como Deficientes Mentais
Leves foi de 60 pontos de QI Total, com 9 pontos de desvio padrão. Crianças
diagnosticadas como Deficientes Mentais Moderadas obtiveram média de
desempenho de 46 pontos de QI Total, com 8 pontos de desvio padrão.

O comportamento expresso por um funcionamento adaptativo limitado abarca


dificuldades quanto ao relacionamento interpessoal, autoestima, resolução de
problemas sociais, capacidade de seguir regras e leis e evitar ser vítima, assumindo
suas responsabilidades sociais. Compreendem, também, questões acerca de
atividades do cotidiano, como os cuidados de higiene pessoal, cuidados com a saúde,
utilização de dinheiro, transporte, telefone, entre outras competências.

Os graus de deficiência intelectual variam, passando por dificuldades leves para


se ajustar a situações novas (mas podendo ser educáveis), à falta de percepção sobre
situações em que pode por sua vida em perigo (como querer soltar a mão dos
pais/responsáveis e querer atravessar a rua rapidamente e sem olhar), crises de
agressividade (inclusive autoagressividade, como morder as unhas até produzir
ferimentos, por exemplo) e persistência de reflexos primitivos devido à imaturidade
do SNC.

Após avaliação e constatação do diagnóstico, o neuropsicólogo pode trabalhar


visando conscientizar este indivíduo sobre seus limites, ensinar estratégias para
responder às demandas o mais próximo do esperado, valorizar suas capacidades e
buscar atividades em que seja necessário o uso de seus recursos psíquicos mais
preservados.

O ideal é trabalhar a partir de contextos reais, criar situações de aprendizagem


positivas, com elogios perante aos sucessos (mesmo que pequenos) e significativas
na vida desta criança, usar situações e formas mais concretas possíveis, dividir as
tarefas em partes e apresentar materiais de diferentes tipos, tais como: objetos,
músicas, expressões corporais, expressões faciais, entre outras.

Citamos aqui dois exemplos para ilustrar como este aproveitamento dos recursos
intelectuais pode ser feito, mesmo com a presença marcante de déficits cognitivos em

www.cenes.com.br | 28
Patologias do Sistema Nervoso Central |

Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade (TDAH)

indivíduos adultos, em idade produtiva laboralmente:

• Limitação das habilidades verbais, mas com preservação da


coordenação motora e da atenção concentrada, pode trabalhar em estoque de
supermercado.

• Falhas práxicas, mas com preservação (mesmo que mínima) das


capacidades mnésticas pode atuar no balcão de informações de um shopping ou
terminal rodoviário.

O objetivo é tentar melhorar, o funcionamento das pessoas dentro de seu próprio


ambiente, a fim de melhorar sua qualidade de vida ao ter a sensação satisfatória de
realização. Ao desempenhar atividades que valorizem o que há de melhor no
indivíduo (mesmo que esteja abaixo do esperado para sua faixa etária), temos melhora
em termos de autoestima, satisfação pessoal, orgulho e outros princípios de
autoidentidade.

Outras síndromes apresentam deficiência intelectual, tais como:

• Síndromes e condições genéticas e malformativas;

• Síndrome de Down;

• Síndrome do X-Frágil;

• Microcefalia;

• Síndrome do alcoolismo fetal;

• Síndrome do Cri du chat (miado do gato);

• Síndrome de Angelman.

17 Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade (TDAH)


O TDAH é um transtorno do neurodesenvolvimento que se caracteriza por um
padrão persistente de sintomas de desatenção, hiperatividade e impulsividade. Pode
ser apenas do tipo desatento, apenas hiperativo ou do tipo combinado, com
desatenção e hiperatividade.

A apresentação do TDAH do tipo desatento inclui a incapacidade de permanecer

www.cenes.com.br | 29
Patologias do Sistema Nervoso Central |

Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade (TDAH)

em uma tarefa por tempo prolongado, as crianças parecem não ouvir e perdem seus
materiais com mais frequência que os outros indivíduos de sua idade.

As características fundamentais do indivíduo acometido com TDAH do tipo


hiperativo são: o excesso de atividade (além da manifestação de outros de mesma
idade), inquietação, grande dificuldade de permanecer sentado, incapacidade de
aguardar, entre outros.

A apresentação do tipo combinada envolve critérios de desatenção


concomitante ao preenchimento dos critérios de hiperatividade-impulsividade, desde
que presentes nos últimos 6 meses.

O indivíduo com TDAH tem maior busca por novidades. Diante de situações
novas, estimulantes ou desafiadoras (como os jogos de videogame, por exemplo) a
criança é capaz de controlar seus sintomas com esforço voluntário por algum tempo.

Pessoas com TDAH tem maior dificuldade em concluir seus objetivos, iniciando
vários projetos, mas que não chegam ao final, incluindo os âmbitos acadêmico,
profissional e relacionamento afetivo. Apresentam maior envolvimento em acidentes
de trânsito, mais multas por excesso de velocidade e perdem seus objetos com mais
frequência do que indivíduos sem este acometimento.

A avaliação neuropsicológica do paciente com suspeita de TDAH precisa ser feita


cautelosamente, a fim de diferenciar os sintomas de outras patologias, como o
transtorno opositor e desafiante, o Transtorno Bipolar, manifestações emocionais,
entre outras possibilidades. O profissional deve estar bastante embasado
cientificamente e fazer entrevista minuciosa com os pais, com a escola, com outros
ambientes em que a criança convive e, também, com a própria criança.

Dificuldades mais frequentes em estudantes com TDAH.

Lentidão para aprender conteúdos e realizar tarefas escolares.

Dificuldade para ignorar estímulos irrelevantes e para


interromper uma resposta já iniciada.

Dificuldade de organizar e planejar.

Dificuldade de sustentar a atenção durante uma atividade


mental prolongada. Essa dificuldade é tanto maior quanto menos
motivadora for a atividade.

www.cenes.com.br | 30
Patologias do Sistema Nervoso Central |

Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade (TDAH)

Elevada variabilidade de desempenho: um estudante pode


apresentar bom desempenho em certa atividade num dia e falhar em
outra de mesma natureza no outro.

Baixa sensibilidade as recompensas: os alunos com


desenvolvimento típico se sentem recompensados mais facilmente
que os estudantes com TDAH, que podem precisar de mais atenção
para entender que seu esforço está sendo valorizado.

Imediatismo/Aversão à espera: mesmo que a consequência de


uma ação seja muito boa futuramente, indivíduos com TDAH tendem
a desvalorizar recompensas que levam mais tempo para serem
alcançadas, preferindo recompensas menores, mas imediatas.

Menor sensibilidade à punição: estudantes com TDAH podem


ter dificuldade para inibir comportamentos de risco, ou seja,
comportamentos que podem trazer consequências negativas, mesmo
que já tenham vivido e aprendido que a punição é bastante provável
ou grave.

Dificuldade para lidar com o tempo, pessoas com TDAH


costumam achar que o tempo demora mais para passar do que
realmente passa. Elas podem ter dificuldades para estabelecer
prioridades, cumprir prazos, concluir suas tarefas, avaliar as
consequências em longo prazo etc.

Dificuldade de aprendizagem da leitura e da matemática,


mesmo que não tenham dislexia ou discalculia do desenvolvimento
(mas com frequência têm), os problemas de leitura, escrita e
aritmética são comuns.
Fonte: Cartilha de Aprendizagem Pearson, 2015.

O tratamento do indivíduo com diagnóstico de TDAH é por meio de medicação


concomitante a psicoterapia. Muitas vezes a criança acometida também frequenta um
profissional da psicopedagogia e faz aulas de reforço escolar.

www.cenes.com.br | 31
Patologias do Sistema Nervoso Central |

Transtornos do Espectro Autista (TEA)

18 Transtornos do Espectro Autista (TEA)


O transtorno do espectro autista (TEA) é uma patologia do
neurodesenvolvimento muito frequente e que acontece em diferentes condições
genéticas.

Desde a descoberta deste diagnóstico, diversas nomenclaturas já foram utilizadas


para classificá-lo, conforme os manuais oficiais de classificação de doenças.

De “transtorno global do desenvolvimento” (classificação adotada na 10a edição


da Classificação Internacional de Doenças – CID-10) e “transtorno invasivo do
desenvolvimento (classificação adotada na 4a edição do Manual Diagnóstico e
Estatístico de Transtornos Mentais – DSM-IV-TR), o autismo, segundo o DSM mais
atual (DSM-V), passa a ser enquadrado na categoria de “transtornos do espectro
autista” (TEA).

Esta mudança não envolve só a nomenclatura, ela também determina a


eliminação de todas as subcategorias que este diagnóstico envolvia antes, como:
“síndrome de Asperger”, “transtorno desintegrativo da infância” e “autismo atípico”. A
partir de então, passa-se a adotar a classificação TEA em diferentes níveis de
intensidade, ou seja, “transtorno do espectro autista” “leve”, “moderado” ou “grave”.

Esta mudança no DSM-V veio a simplificar muito o processo de diagnóstico do


autismo, visto a infinidade de variações com que este transtorno pode se apresentar
em cada sujeito. A existência de subcategorias demarcadas pela sintomatologia, como
“síndrome de Asperger” e “autismo atípico”, não contemplava todas essas variações.

Haviam muitos sujeitos que, apesar de apresentarem claros traços de autismo,


não se encaixavam em nenhuma destas subcategorias, ou não se encaixavam em
apenas uma, ou ainda, sujeitos com um quadro mais leve eram encaixados na mesma
subcategoria que sujeitos com quadro grave. Daí o motivo desta forma anterior de
classificação ter caído por terra.

O que se sucede agora é que, ao invés de separar os indivíduos com os aspectos


comportamentais característicos do autismo por subcategorias, todos são designados
como TEA, seguido do grau de intensidade com que ele apresenta o transtorno. Afinal,
em cada indivíduo os comportamentos autísticos evoluem de maneira particular, pois
são influenciados por variáveis ambientais, como: a história de vida, o contexto social
e as estimulações do ambiente. É preciso considerar a singularidade de cada caso.

www.cenes.com.br | 32
Patologias do Sistema Nervoso Central |

Transtornos do Espectro Autista (TEA)

18.1 Definição
Os transtornos do espectro autista são alterações de causa
neurodesenvolvimental, caracterizadas por uma tríade de deficiências:

• Prejuízo grave no desenvolvimento de interações sociais;

• Prejuízo grave do desenvolvimento da comunicação;

• Importante limitação na variabilidade de comportamentos.

O diagnóstico é feito com a avaliação do desenvolvimento do sujeito (desde a


sua primeira infância), nestas três áreas. Os quadros a seguir, mostram as formas de
apresentação de cada uma destas três áreas de deficiências:

• Área da comunicação – Prejuízos nesta área podem envolver desde


um mutismo total e não atendimento aos chamados, até um excelente
desenvolvimento da fala, com uso de palavras, por vezes rebuscadas demais para
a idade, mas nenhuma habilidade para entender expressões emocionais, gestos,
símbolos e metáforas (sentidos figurados).
• Comportamentos relacionados:

▪ Ausência ou atraso na aquisição da linguagem verbal


e não verbal (déficit no uso de gestos, ausência total de
expressões faciais);

▪ Falha para manter a conversação;

▪ Não atender quando chamado;

▪ Discursos repetitivos, incluindo ecolalia (repetição


constante para si mesmo, de frases e conteúdos ouvidos de
diálogos, desenhos animados, filmes etc.)

▪ Dificuldade em interpretar expressões faciais


(percepção de emoções) e verbais;

▪ Ausência de brincadeiras sociais, já que estas estão


quase que totalmente baseadas na comunicação, como:
esconde-esconde, pega-pega etc.

www.cenes.com.br | 33
Patologias do Sistema Nervoso Central |

Transtornos do Espectro Autista (TEA)

• Área do comportamento – Alterações de comportamento


frequentes, como: movimentos repetitivos sem função aparente (por exemplo,
balançar o troco para frente e para trás), apego a rotinas ou interesses restritos,
podem variar desde ausência completa até uma grande intensidade destas
manifestações.
• Comportamentos relacionados:

▪ comportamentos motores repetitivos, com função de


autoestimulação sensorial (pular, balançar, fazer movimentos
com os dedos e/ou mãos, fazer careta, bater palma etc.);

▪ hiper ou hiporreatividade a estímulos sensoriais ou


interesse excessivo por aspectos sensoriais do ambiente (por
exemplo, aparente falta de sensibilidade a dor/temperatura,
reação excessiva aos sons ou texturas específicas, cheirar ou
tocar objetos de forma exagerada, fascinação visual por luzes ou
movimento);

▪ apego a rotinas (rejeição à mudanças, rigidez no


seguimento de algumas regras, necessidade de fazer sempre o
mesmo caminho ou de comer sempre os mesmos alimentos);

▪ interesses restritos à coisas específicas e muito


exagerados, que chegam a comprometer as interações sociais
(por exemplo, só falar, só brincar, só desenhar coisas
relacionadas a um determinado assunto, sem desenvolver uma
riqueza imaginativa ou fantasiosa);

▪ preocupação com partes de objetos (por exemplo,


brincar apenas com as rodas dos carrinhos, girando-as, ou de
alinhar os brinquedos, observando-os fixamente).

• Área da interação social – prejuízos nesta área podem se


caracterizar por desde um isolamento crônico (indivíduos que passam a maior
parte do tempo sozinhas, balbuciando, realizando movimentos repetitivos sem
nenhuma função aparente), até uma aproximação social com dificuldades de
interação e formação de vínculos.
• Algumas das dificuldades relacionadas são:

www.cenes.com.br | 34
Patologias do Sistema Nervoso Central |

Transtornos do Espectro Autista (TEA)

▪ Pouco ou nenhum contato visual durante as interações


sociais;

▪ Dificuldade em interpretar e entender as intenções dos


outros, bem

▪ Como de iniciar ou responder às interações;

▪ Ausência de interesse por pares ou interações


incomuns, como: puxar a mão de uma pessoa e levá-la até a
porta, ao invés de pedir-lhe que a abra.

▪ Falta de reciprocidade sócioemocional (expressar


emoções ao outro e ser afetado pelas emoções dos outro);

▪ Ausência de procura espontânea pelo


compartilhamento de prazer (compartilhar momentos e
situações com os outros);

▪ Dificuldade para compartilhar brincadeiras


imaginativas;

▪ A criança possui falha no desenvolvimento de


interações com pessoas da mesma idade, preferindo
aproximação com adultos.

Como já foi citado anteriormente, as formas de apresentação dos TEA irão variar
muito de pessoa para pessoa, tanto em quantidade, como em intensidade dos
sintomas (mais grave ou mais sutil). É o conjunto desses sintomas e o seu grau de
comprometimento na qualidade de vida da pessoa que irá definir a gravidade do TEA.

Dependendo do nível de gravidade apresentado, os sintomas dos TEA podem


ser percebidos antes do três anos de idade ou mais tardiamente (nos casos das formas
de apresentação mais leves). É muito comum que os sintomas de autismo, na infância,
sejam confundidos com sintomas de surdez, já que a criança autista não atende a
chamados mas, com a investigação de um profissional especializado este quadro
costuma ser descartado.

O tratamento dos TEA pode ser feito através de terapias como a Cognitivo

www.cenes.com.br | 35
Patologias do Sistema Nervoso Central |

Transtornos específicos da Aprendizagem

Comportamental (TCC) e a Análise do Comportamento (AC). Em algumas situações,


há necessidade de intervenção medicamentosa para amenizar sintomas como:
comportamentos autolesivos (por exemplo, bater a cabeça na parede),
comportamentos motores repetitivos etc.

Quanto mais cedo estas intervenções forem feitas melhor para o prognóstico e
qualidade de vida do indivíduo. Vale ressaltar que, o TEA é um quadro clínico que
acomete mais meninos do que meninas.

Figura Sinais de alerta para autismo.

Os sinais de alerta para o TEA

Aos 6 meses Não sorri expressando alegria.

Aos 9 meses Não responde à interação


(sorrisos, caretas ou sons); não
busca a interação produzindo sons,
sorrisos ou caretas.

Aos 12 meses Não balbucia, não responde ao


lhe chamarem pelo nome, não
segue com o olhar os gestos que o
outro lhe faz.

Aos 18 meses Não fala palavras e não


expressa o que quer.

Aos 24 meses Não fala frases com duas


palavras que não sejam apenas
imitação e repetição.

Fonte: Miranda (2012).

19 Transtornos específicos da Aprendizagem


Para alguns alunos, aprender na maneira como a escola ensina (ensino formal)
flui de uma forma natural, suas habilidades são desenvolvidas em consonância com o
que é ensinado na escola. Mas esta não é a realidade de todos. Muitos alunos
apresentam dificuldades em aprender algumas disciplinas da forma esperada e isso
pode ocorrer por diversos motivos, tais como: falta de interesse/motivação, atraso no

www.cenes.com.br | 36
Patologias do Sistema Nervoso Central |

Transtornos específicos da Aprendizagem

desenvolvimento cognitivo global, problemas de atenção, TDAH, deficiência visual ou


auditiva, déficit no Processamento Auditivo Central (PAC), dificuldade em entender o
que está sendo pedido, problemas familiares e emocionais ou, ainda, por um
Transtorno Específico da Aprendizagem, que é o que nós vamos estudar agora. Os
Transtornos Específicos da Aprendizagem, segundo o DSM-V, envolvem 3
modalidades:

• Com prejuízo na leitura (também chamada de dislexia): déficit na


precisão, velocidade, fluência e compreensão da leitura.
• Com prejuízo na matemática (mais conhecida como discalculia):
distúrbio no senso numérico, memorização de fatos aritméticos, precisão ou
fluência de cálculo, precisão no raciocínio matemático.
• Com prejuízo na expressão escrita (conhecida como disgrafia e
disortografia): déficit de precisão na ortografia, na gramática e na pontuação e
falta de clareza ou organização da expressão escrita.

A denominação de Transtornos Específicos da Aprendizagem existe porque eles


dizem respeito a dificuldades em apenas alguns aspectos particulares da
aprendizagem, não significa que a aprendizagem como um todo, do indivíduo, esteja
afetada. Neste capítulo, vamos entender quais são os aspectos particulares da
aprendizagem que cada um desses transtornos acomete e como cada um se apresenta
no indivíduo.

19.1 Dislexia
A dislexia, assim como os outros Transtornos Específicos da Aprendizagem, é
uma alteração do neurodesenvolvimento, de origem neurobiológica, que
compromete a capacidade do cérebro de perceber e processar certos tipos de
informação com eficiência e exatidão. A dislexia é caracterizada por uma dificuldade
na habilidade de leitura e de tradução dos sons em letras e das letras em seus sons.
Em outras palavras, o que acontece é que a pessoa não consegue entender muito bem
que cada palavra é formada por partes menores (sons de letras e sons de sílabas que
se juntam) e não percebe que novas palavras podem ser formadas quando sons são
acrescentados, tirados, invertidos ou substituídos nas palavras. Ou seja, há uma
incapacidade naquilo que aprendemos na disciplina de Funções Cognitivas, como
sendo a “consciência fonológica”. Lembram-se?

www.cenes.com.br | 37
Patologias do Sistema Nervoso Central |

Transtornos específicos da Aprendizagem

Por ter essa dificuldade no âmbito da decifração dos códigos escritos (leitura), a
pessoa com Dislexia, consequentemente, também apresentará dificuldades na escrita.

Costuma-se considerar a Dislexia um transtorno heterogênio, pois as dificuldades


e necessidades que os disléxicos podem apresentar em relação à leitura, não são
sempre as mesmas e não há um único método de tratamento que sirva para todos. O
que é certo, é que este transtorno demanda uma avaliação e atendimento
interdisciplinar, com a participação de profissionais especializados da psicologia,
neuropsicologia, fonoaudiologia e psicopedagogia.

Apesar de ter um desenvolvimento atípico na aptidão literária, as pessoas com


dislexia costumam ter inteligência acima da média e apresentar altas habilidades em
diversos campos, como o das artes plásticas, da música, do teatro, da oratória etc.
Dislexia nada tem a ver com Deficiência Intelectual.

O intelecto do disléxico está preservado, o que está comprometido é apenas o


seu processamento fonológico e outros componentes do cérebro que estão
relacionados aos aspectos perceptivos da leitura (componentes visuais e auditivos).
Este déficit no processamento fonológico do disléxico, compromete dois dos
domínios da linguagem: o sintático (estruturação frasal) e o semântico (significado do
que se lê ou do que se escreve), além de comprometer, também, a memória
operacional que estudamos na Unidade IV, da disciplina “Funções Cognitivas”.

O comprometimento na memória operacional e no domínio semântico


acontecem quando o disléxico vai ler. Uma leitura muito lenta e trabalhosa acaba
sobrecarregando a memória operacional e isso atrapalha a interpretação dos textos
lidos.

É importante ressaltar que, por mais que o disléxico tenha potencial para
entender e assimilar o conteúdo acadêmico, se este for passado através da leitura, ele
não vai ter um bom rendimento. Como o nosso sistema escolar é totalmente baseado
na leitura, o disléxico tenderá a ter prejuízo em todas as disciplinas.

Apesar das dificuldades relacionadas à leitura, o disléxico não possui qualquer


prejuízo em sua capacidade de compreensão auditiva, portanto se alguém ler um
texto para ele em voz alta, ele compreenderá sem dificuldades.

Na identificação deste transtorno específico de aprendizagem, assim como dos


outros dois que iremos estudar, a participação dos professores é essencial. Em geral,
é na escola que acontece a primeira suspeita de que a criança possa ter algum
transtorno específico de aprendizagem. Antes disso, a criança não costuma passar por

www.cenes.com.br | 38
Patologias do Sistema Nervoso Central |

Transtornos específicos da Aprendizagem

situações que testem essas capacidades de forma a tornar evidente a existência de


uma dificuldade. Por este motivo, o diagnóstico costuma acontecer em idade escolar.

Diagnóstico

Antes de falar do diagnóstico da dislexia e dos outros transtornos específicos da


aprendizagem, é importante que saibamos que existe um programa de rastreio desses
transtornos que não é amplamente divulgado e conhecido aqui no Brasil, mas que aos
poucos vêm ganhando espaço no nosso cenário. Este programa chama-se Resposta à
Intervenção (do inglês “Response to Intervention” – RTI). Por meio dele, é possível
identificar se uma dificuldade de aprendizagem da criança é apenas uma dificuldade
que pode ser resolvida a partir de uma intervenção individualizada ou se trata de um
transtorno específico da aprendizagem. Se for apenas uma dificuldade, a criança
conseguirá avançar nas diferentes etapas deste programa e se, o que ela tiver for um
transtorno específico da aprendizagem, as suas dificuldades irão se manter apesar da
intervenção individualizada e ela não avançará nas etapas que se sucedem.

Pode-se suspeitar que a criança possui um transtorno específico da


aprendizagem, a partir do momento em que as suas habilidades acadêmicas afetadas
estejam significativamente abaixo do esperado para a sua idade e que mesmo
passando por intervenções dirigidas a estas dificuldades a criança não avance em seu
desempenho.

Abaixo você pode conferir o que os critérios diagnósticos para transtornos


específicos da aprendizagem incluem:

Figura- Critérios diagnósticos para os Transtornos Específicos da Aprendizagem.

Leitura lenta e incorreta Lê palavras isoladas em voz alta de


de palavras e feita sob forma lenta, incorreta ou hesitante;
esforço. frequentemente “advinha” palavras.

Dificuldade de Pode ler corretamente um texto, porém


compreender o significado não entende a sequência, as relações, as
do que é lido. inferências ou os sentidos mais profundos do
que foi lido.

Dificuldades de Pode acrescentar, omitir ou substituir


soletração. vogais ou consoantes.

www.cenes.com.br | 39
Patologias do Sistema Nervoso Central |

Transtornos específicos da Aprendizagem

Dificuldade de Frases apresentando múltiplos erros de


expressão escrita. gramática ou pontuação, organização
inadequada dos parágrafos, pouca clareza ao
expressar as ideias apor meio da escrita.

Dificuldades no Tem pouco conhecimento dos números,


domínio do senso numérico, sua magnitude e a relação entre eles; se
dos fatos numéricos ou perde no meio de uma conta, podendo
cálculos confundir os procedimentos.

Dificuldades no Demonstra muita dificuldade em aplicar


raciocínio matemático. conceitos, fatos ou procedimentos
matemáticos para resolver problemas
quantitativos.
Fonte: Instituto ABCD, 2015

Com base nesses critérios, um médico especialista, com a ajuda da avaliação de


outros profissionais que podem ser psicólogos especialistas em neuropsicologia,
psicopedagogos ou fonoaudiólogos, poderá estabelecer um diagnóstico efetivo de
dislexia ou outro transtorno específico da aprendizagem.

A incidência da Dislexia varia de 5 a 8% das crianças que apresentam dificuldade


escolar, com maior prejuízo em crianças do gênero masculino.

Figura- Dificuldades comuns a crianças/jovens, com transtornos específicos da


aprendizagem.

PERCEPÇÕES COTIDIANAS:

Identificar os dias da semana e os meses do ano (noção de tempo).

Reproduzir uma história na sequência correta.

Seguir ordens e rotinas.

Desenvolver a noção de orientação espacial (confusão com localização e


direções).

Inverter os pés ao calçar sapatos ou confundir direita/esquerda, em cima/


embaixo (lateralidade).

www.cenes.com.br | 40
Patologias do Sistema Nervoso Central |

Transtornos específicos da Aprendizagem

Perceber o esquema corporal.

Lidar com padrões de sons que se repetem (acompanhar o ritmo de uma


música)

Aprender canções com rima.

LINGUAGEM:

Demonstrar atraso na aquisição da fala.

Persistir em uma fala infantilizada.

Trocar sons ao pronunciar determinadas palavras.

Demonstrar dificuldades para nomear objetos.

Utilizar expressões amplas “lá, naquela lugar”.

Usar substitutos “coisa”, “negócio”, “treco”.

Substituir palavras semanticamente parecidas (falar cadeira ao invés de


poltrona).

ATIVIDADES CORPORAIS

Dificuldade para amarrar cadarço de sapatos.

Falta de precisão para agarrar objetos arremessados no ar.

SITUAÇÕES QUE ENVOLVEM LEITURA E ESCRITA:

Assistir a um filme com legenda.

Aprender um novo idioma.


Fonte: Instituto ABCD, 2015.

Tratamento

O tratamento recomendado para a dislexia é aquele que é feito levando em


consideração a necessidade de cada disléxico, pois, como vimos, a dislexia é um
transtorno heterogêneo, as dificuldades podem variar de um disléxico para o outro.
Mas, os especialistas que são capacitados para fazer o tratamento são o
fonoaudiólogo, o psicopedagogo, o psicólogo (para cuidar dos problemas emocionais
que o disléxico costuma apresentar) e o neuropsicólogo (que pode cuidar das

www.cenes.com.br | 41
Patologias do Sistema Nervoso Central |

Transtornos específicos da Aprendizagem

questões relacionadas à memória e à atenção, além de ajudar na avaliação para o


possível diagnóstico). Isto não significa que o disléxico precisará passar
obrigatoriamente por todos estes profissionais para ser tratado. Como foi falado, é
necessário investigar a demanda de cada um.

O fato de o disléxico apresentar dificuldades na aprendizagem da leitura e escrita


não significa que ele não possa aprender a ler. Significa apenas que ele necessitará de
um método de ensino que atenda às suas necessidades especiais.

Nesse caso, o que costuma funcionar é a ênfase no ensino dos sons das palavras,
na associação de cada letra ao seu respectivo som.

19.2 Discalculia
A discalculia é um transtorno específico da aprendizagem caracterizado por
déficits no processamento de informações numéricas, que envolvem habilidades
como: compreender o conceito de número e manipulá-los mentalmente, contar,
aprender os sistemas cardinais e ordinais, completar sequências de números,
compreender o significado dos sinais das 4 operações básicas (+, -, x, ÷) e da
igualdade (=); reconhecer princípios de medidas, reconhecer valores de moedas,
entender fatos aritméticos, compreensão das horas, dentre outros. Por ser um
transtorno específico de aprendizagem, a discalculia tem muitas características em
comum com a dislexia.

Trata-se de um transtorno do neurodesenvolvimento, derivado de uma disfunção


biológica, o diagnóstico costuma acontecer em idade escolar e causa danos ao
desenvolvimento socioemocional de crianças e adolescentes, por conta do
diagnóstico tardio e da falta de compreensão que estes jovens enfrentam até serem
diagnosticados.

Além disso, a discalculia também não significa prejuízo do intelecto, mas apenas
uma disfunção em alguns processos cognitivos ligados às capacidades matemáticas.
Pessoas com discalculia podem apresentar altas habilidades em áreas do
conhecimento que não estejam diretamente ligadas à matemática, como as artes, as
profissões da área de humanas etc.

Qualquer transtorno específico de aprendizagem, pode se apresentar de forma


isolada ou em combinação com outros da mesma categoria. É comum encontrar
crianças com discalculia e dislexia, bem como com dislexia e disgrafia, por exemplo.

www.cenes.com.br | 42
Patologias do Sistema Nervoso Central |

Transtornos específicos da Aprendizagem

Mas, é importante ressaltar que os transtornos específicos da aprendizagem só podem


ser suspeitados na ausência de deficiência intelectual e lesões neurológicas e, na
presença de exposição ao ensino formal.

Figura- Dificuldades percebidas na discalculia.

O indivíduo com transtorno de habilidades matemáticas poderá


apresentar:

Dificuldade para processar auditivamente, entender e escrever números.

Dificuldade para perceber velocidade, temperatura e tempo.

Dificuldade para compreender como os números se relacionam uns com


os outros.

Memória de trabalho ou operacional ruim e dificuldade para lidar com


várias informações ao mesmo tempo.

Lentidão da velocidade de processamento.


Fonte: Weinstein, 2010.

Figura- Dificuldades Acadêmicas na discalculia.

Em termos acadêmicos alunos com discalculia poderá apresentar:

Dificuldade para entender conceitos numéricos simples (tais como,


local/valor e o uso das quatro operações).

Falta de conhecimento intuitivo sobre números (valor e relação entre os


números).

Problemas para aprender, evocar e/ou usar fatos e procedimentos


numéricos (ex.: taboada, divisões longas).

Mesmo que estes alunos produzam uma resposta correta ou usem um


número correto, eles geralmente o fazem de maneira mecânica e sem
confiança.
Fonte: Weinstein, 2010.

www.cenes.com.br | 43
Patologias do Sistema Nervoso Central |

Transtornos específicos da Aprendizagem

Diagnóstico

Assim como nos demais transtornos específicos de aprendizagem, quando há


suspeita de descalculia, por parte do professor ou da família, o aluno deve ser
encaminhado para uma avaliação diagnóstica interdisciplinar, para então dar início ao
tratamento.

Para uma avaliação detalhada é necessário decompor os componentes das


habilidades matemáticas em partes menores e avaliá-las individualmente. Dessa
forma, o diagnóstico de um transtorno de habilidade matemática será melhor
realizado por uma equipe interdisciplinar (composta por fonoaudiólogo,
neuropsicólogo, psicopedagogo e médico neuropediatra), que poderá observar e
discutir o desempenho em cada domínio cognitivo específico e as influências mútuas
entre eles: formação de conceitos, velocidade de processamento da informação,
memória de trabalho, decodificação de símbolos, domínio de leitura e escrita, atenção,
memória, senso numérico, domínio de procedimento, noções de tempo e espaço,
entre outros (WEINSTEIN, 2010, p. 6).

Tratamento

O tratamento deve ser direcionado às necessidades específicas do jovem e


podem contar com profissionais como o fonoaudiólogo, o psicólogo, o
neuropsicólogo e o psicopedagogo.

Em discalculia, torna-se necessária a disposição de acomodações pedagógicas


em sala de aula, que atendam às necessidades especiais do aluno, como o uso de
calculadora na realização de tarefas, por exemplo. Estas acomodações são legalmente
garantidas, desde que o aluno tenha diagnóstico formal do quadro.

Segundo a literatura especializada, a prevalência da discalculia costuma ser de


5% das crianças que apresentam dificuldade escolar.

19.3 Disgrafia e disortografia


Enfim chegamos a última modalidade dos transtornos específicos da
aprendizagem, que são os relacionados à escrita. Nesta modalidade existem dois
tipos:

www.cenes.com.br | 44
Patologias do Sistema Nervoso Central |

TANV: Transtorno de aprendizagem não verbal

• Disgrafia: distúrbio que afeta a expressão escrita do indivíduo,


prejudicando a sua clareza ou organização. Pessoas que apresentam este
distúrbio costumam cometer erros como: mudar a forma das letras, aumentar ou
diminuir o seu tamanho de forma aleatória na frase, não respeitar margens,
ultrapassar a linha, colocar uma pressão no lápis excessiva ou deficitária, escrever
as letras de forma invertida (escrita espelhada) e escrever letras muitas vezes
indecifráveis, com traçados defeituosos e irregulares.

• Disortografia: distúrbio que afeta a capacidade de escrever


corretamente e de expressar ideias através da escrita. Indivíduos que apresentam
este transtorno costumam cometer erros como: escrever frases mal estruturadas,
incompletas, com pobreza de vocabulário, falta de elementos essenciais (como
conectivos, por exemplo), repetição de palavras, linguagem empobrecida, faltas
ou erros de pontuação, de concordância, falta de concatenação das ideias,
inversão na ordem das letras ou das sílabas nas palavras ou omissão ou
substituição destas. Além disso, em se tratando de gramática, essas pessoas
podem ter dificuldades em categorizar, utilizar corretamente tempos verbais e
dividir orações.

O procedimento para diagnóstico e tratamento destes transtornos são os


mesmos que se aplicam à dislexia e à discalculia. A origem da disgrafia e da
disortografia também é semelhante à destes dois transtornos.

20 TANV: Transtorno de aprendizagem não verbal


O Transtorno de Aprendizagem Não Verbal (TANV) também é considerado um
subtipo específico dos transtornos de aprendizagem, porém ainda não é reconhecido
por muitos pesquisadores, por isso não consta nos sistemas classificatórios de
doenças, existentes. Como ele não consta na categoria oficial de Transtorno Específico
da Aprendizagem do DSM-V, resolvemos colocá-lo em uma sessão à parte.

O TANV é um distúrbio do neurodesenvolvimento caracterizado por um déficit


no processamento da informação perceptual não linguística. Este déficit produz
problemas tanto na recepção e decodificação da informação, quanto na expressão,
por consequência.

As disfunções que o transtorno de aprendizagem não verbal envolve são variadas

www.cenes.com.br | 45
Patologias do Sistema Nervoso Central |

TANV: Transtorno de aprendizagem não verbal

e abrangem diversos domínios cognitivos. Sumarizando estas disfunções por domínio


atingido, temos:

• Psicomotricidade:

▪ Dificuldades de equilíbrio;

▪ Dificuldades de habilidades grafo-motoras;

▪ Falha na coordenação motora (praxias)

• Visual, espacial, organizacional:

▪ Falha na percepção espacial e nas relações espaciais;

▪ Memória fotográfica pobre;

▪ Imaginação deficitária.

• Sócioemocional:

▪ Baixa compreensão da comunicação não verbal;

▪ Apego a rotina e rejeição a mudanças e situações novas;

▪ Déficit no julgamento e nas interações sociais.

20.1 O que é?
Distúrbio de Aprendizagem Não Verbal é uma deficiência neurológica,
generalizada, que é causada por danos no circuito cerebral.

Áreas de déficit:

• Tátil (percepção): capacidade de identificar algo somente pelo


toque.
• Tátil (atenção): capacidade de atender as estratégias de ensino que
exigem contato.
• Percepção Visual: capacidade de verificar com precisão o campo
visual ou ambiente e processar o que é visto.
• Atenção Visual: capacidade de atender a estratégias de ensino que

www.cenes.com.br | 46
Patologias do Sistema Nervoso Central |

TANV: Transtorno de aprendizagem não verbal

utilizam modalidade visual.


• Orientação Espacial: consciência de onde o indivíduo está no
espaço e sua proximidade física com os outros objetos.
• Coordenação Psicomotora: capacidade de comandar o seu corpo
para fazer aquilo que ele deseja que seja feito, no momento desejado.
• Generalização da Informação: aplicação de uma informação
aprendida previamente, em uma situação semelhante.
• Flexibilidade Mental: capacidade de assimilar e processar novas
informações ou ideias que irão influenciar na sua maneira de pensar sobre um
tópico ou uma situação.
• Pragmática: uso funcional e prático da linguagem.
• Habilidade Social: capacidade de interagir apropriadamente,
baseado nas normas estabelecidas de relação social.
• Adaptabilidade: capacidade de se ajustar a uma nova situação.
• Estabilidade Emocional: consistência no bem estar emocional.
• Função Executora e Organização: capacidade de organizar, priorizar
e planejar pensamentos e atividades.

Sinais precoces de alerta:

• Dificuldade em se acalmar desde bem pequena? Ela consegue se


acalmar sozinha ou necessita de ajuda?
• Dificuldade para dormir?
• A criança é ativa? Consegue executar as atividades motoras
próprias da sua idade?
• A criança possui medo excessivo?
• A criança parece não entender causa e efeito?
• Quando aprende a andar, a criança se mostra muito instável? (mais
do que normalmente é verificado em outras crianças).
• Possui dificuldade em subir e descer escadas? (falta de
estabilidade).
• Odeia surpresas e assusta-se com muita facilidade?
• Não gosta que sua rotina seja alterada?
• Dificuldade de interagir com outras crianças?

www.cenes.com.br | 47
Patologias do Sistema Nervoso Central |

TANV: Transtorno de aprendizagem não verbal

20.2 Papel dos pais


Os pais devem desempenhar o papel central no desenvolvimento da criança e no
programa de intervenção ao qual ela será submetida.

20.3 Diagnóstico
O diagnóstico só pode ser efetuado se este distúrbio estiver causando prejuízos
sociais no indivíduo. Caso esteja, o procedimento a ser seguido é o mesmo dos
transtornos específicos da aprendizagem.

20.4 Gnosias
O primeiro contato do organismo humano com o meio externo se dá por meio
dos órgãos dos sentidos (tato, visão, olfato, paladar e audição). Estando estes
saudáveis, a próxima etapa é a decodificação dos estímulos, processo que vai
transformar o estímulo em uma sensação perceptível.

A sensopercepção corresponde à sensação e à interpretação dos estímulos que


se apresentam diante de nós. As sensações são percebidas pelos órgãos dos sentidos
e a decodificação é feita em processo de segunda ordem em nosso cérebro.

Para cada órgão do sentido, podemos citar alguns exemplos:

• Tato: Primeiro ocorre o contato da pele com a água, para depois o


cérebro decodificar que a água está fria.
• Visão: Primeiro o estímulo luminoso chega ao trato óptico, para,
então, ser decodificado e entendemos que aquele estímulo visual é a imagem de
um caderno.
• Paladar: O primeiro contato é o do alimento com as papilas
gustativas, o segundo momento é a decodificação de que aquele é o sabor doce
de uma manga.
• Olfato: Inicialmente o aroma chega às vias nazais e posteriormente,
o cérebro pode traduzir aquela informação, informando que se trata do cheiro
de um eucalipto.
• Audição: O estímulo sonoro chega ao trato auditivo e, depois, é
decodificado como sendo o som do toque de uma mensagem que chegou ao
celular.

www.cenes.com.br | 48
Patologias do Sistema Nervoso Central |

TANV: Transtorno de aprendizagem não verbal

Sabemos que há casos em que algum dos órgãos dos sentidos não está em pleno
funcionamento das vias receptoras dos estímulos. Quando a pele está queimada, por
exemplo, e uma bolha encobre o ferimento, não há a mesma sensibilidade receptora
de estímulos do que se estivesse em seu estado sadio. Quando a visão não está em
sua plena saúde, o indivíduo não é capaz de enxergar adequadamente, em alguns
casos fica ou nasce cego. O mesmo para os demais órgãos dos sentidos.

Também pode haver pleno funcionamento das vias receptoras dos estímulos,
mas ocorrer falhas na decodificação dos mesmos. Sendo assim, a pessoa pode receber
os estímulos visuais, mas não ser capaz de identificar que aquele objeto que vê é uma
escova de dentes, por exemplo. Este distúrbio do reconhecimento (de objetos, odores,
sons, pessoas, formas...) sem prejuízo do sentido específico (ou sem prejuízo mnéstico)
é chamado de agnosia.

Exemplos de dificuldades de reconhecimento que as pessoas com agnosia


podem apresentar:

• Visual: objetos, pessoas, cores...auditiva: latido de um cachorro,


buzina, som da campainha, do telefone...
• Tátil: ao tocar, não percebe que a panela está quente e pode
queimar; há dificuldade no reconhecimento de formatos, não sabendo distinguir
o que é uma maçã de um abacaxi, por exemplo;
• Olfato: não sentir cheiro de queimado, não diferenciar cheiro de
comida apodrecida da comida feita na hora;
• Paladar: não perceber se a comida está estragada, doce,
apimentada.

A pessoa é capaz de identificar que há um objeto diante de seus olhos (ou um


alimento na boca), mas não é capaz de identificar que objeto ou alimento é aquele.
Em alguns casos, as pessoas são capazes de reconhecer visualmente o objeto, mas
não sabem informar ao certo qual é a utilidade, mesmo que saibam utilizá-lo na vida
real. A dificuldade é em descrever o uso.

Por exemplo: a pessoa pode estar diante de uma escova de dentes, ser capaz de
nomear, ou seja, dizer que o nome daquele objeto é “escova de dentes”, mas, ao ser
questionada sobre a finalidade da escova de dentes, não sabe informar. Mesmo assim,
a pessoa pode pegar a escova e utilizá-la para escovar seus dentes.

Este tipo de dificuldade não deve ser confundida com dificuldades de memória,

www.cenes.com.br | 49
Patologias do Sistema Nervoso Central |

TANV: Transtorno de aprendizagem não verbal

pois, aqui, a dificuldade é no processo gnóstico, ou seja, de percepção ou de


associação concomitante ao funcionamento saudável das vias sensoriais primárias
receptoras de estímulos.

Em certos casos o paciente pode se colocar em risco, ingerindo comida podre ou


não ouvindo a buzina de um carro que alerta para que não atravesse a rua; ou colocar
em risco a vida de outros, caso não perceba o cheiro de queimado, por exemplo.

20.5 Praxias
Praxia é a capacidade de realização correta de movimento voluntário, tais como:
fechar a tampa de uma garrafa, riscar um palito de fósforos, descascar uma fruta, entre
outros.

Chama-se de apraxia a dificuldade na execução de movimentos voluntários


orientados a um propósito, em especial em atividades que exigem o uso de
motricidade fina. Existem diversos subtipos de apraxias, algumas delas serão descritas
a seguir:

• A apraxia ideomotora é a inabilidade de realizar atos motores sob


comando verbal, mesmo que estes sejam realizados espontaneamente pelo
indivíduo. O indivíduo apáxico pode ter dificuldades na realização correta de
certos movimentos, mesmo que ele saiba informar e descrever minuciosamente
como estes devem ser feitos. Estudos científicos apontam que os déficits na
produção de gestos estão relacionados a lesões frontais e parietais à esquerda.
• A apraxia ideomotora é mais comum relacionada ao uso de objetos
e ferramentas, como um talher, um elástico ou uma chave de fenda, do que a
realização de gestos com conotação simbólica, como acenar com a mão, por
exemplo. A apraxia ideomotora geralmente é resultante de lesão no hemisfério
esquerdo.
• A apraxia da marcha é uma dificuldade para andar, descartando-se
fraqueza, perda sensorial ou falha de coordenação motora. O indivíduo apresenta
marcha lenta, com passos curtos, sem levantar o pé do chão e passando a
impressão de hesitar a cada passo dado.
• A apraxia do vestir é referente à inabilidade de vestir as peças de
roupa na ordem correta, obedecendo ao esquema corporal, mesmo que as
capacidades motoras simples e a cognição global estejam preservadas. Esta
resulta geralmente de lesões no hemisfério direito. Eventualmente, os pacientes

www.cenes.com.br | 50
Patologias do Sistema Nervoso Central |

TANV: Transtorno de aprendizagem não verbal

podem tentar vestir as calças nos braços ou podem colocar uma roupa íntima
por cima de outra peça.
• Apraxia bucofacial refere-se à incapacidade de realização de
movimentos orais sob comando, tal como soprar um fósforo ou por a língua para
fora. Por outro lado, podem, espontaneamente, fumar, engolir ou lamber os
lábios ao sentir farelos, por exemplo.
• Apraxia construtiva é a incapacidade ou a dificuldade de reproduzir
elementos gráficos ou tridimensionais, tais como trabalhar com figuras
geométricas, montar quebra-cabeças, fazer um desenho, entre outros. Esta
dificuldade deve ser referente a tarefas que o indivíduo fazia com facilidade,
anteriormente à lesão neurológica. Este tipo de apraxia é resultante de lesões no
hemisfério direito.

Deve-se descartar algumas hipóteses sobre a não realização do movimento a ser


analisado:

• Presença de agnosias;
• Falha de compreensão do que foi solicitado;
• Presença de transtorno opositor desafiante;
• Desatenção;
• Ausência de alterações do tônus;
• Dificuldade de compreensão.

O avaliador precisa se certificar de que o paciente entende o que precisa fazer e


que há registro sobre o que está sendo solicitado, não exigindo do paciente que
realize movimento que nunca realizou anteriormente.

20.6 Afasias
O termo afasia está relacionado as alterações da fala. Algumas das principais
causas estão relacionadas às isquemias na região da artéria cerebral média. Há
diversos subtipos de afasias, cada qual com sua particularidade. As principais
limitações podem permear entre:

• Repetição;
• Redução da fluência;
• Expressão verbal fragmentada;
• Parafasias.

www.cenes.com.br | 51
Patologias do Sistema Nervoso Central |

Amnésia

Em cada subclassificação de afasia, pode haver preservação de componentes da


linguagem, como:

• Fluência;
• Repetição;
• Articulação;
• Fonologia;
• Sintaxe.

Dentre as mais conhecidas, estão a Afasia de Broca, caracterizada por distúrbios


na expressão, com uso de poucas palavras, em uma fala não fluente e grande
dificuldade na evocação de palavras. Ocorre decorrente de lesão no lobo frontal
esquerdo.

A afasia de Wernicke também é bastante comum entre as afasias, sendo


permeada por profunda alteração da compreensão verbal. A expressividade tende a
ser logorreia, em que o paciente fala aleatoriamente e sem conexão com aquilo que
lhe foi dito. As alterações cerebrais estão correspondentes aos giros medial e superior

21 Amnésia
Dificuldades relacionadas a etapa de evocação das informações que ficaram
armazenadas na memória. De acordo com o DSM-V, amnésia é a “incapacidade de
recordar informações autobiográficas importantes que é inconsistente com o
esquecimento comum”, que ocorre em indivíduos saudáveis.

A reabilitação neuropsicológica do paciente com amnésia precisa abranger


objetivos simples e pautados na repetição, priorizando manter o paciente orientado e
informado sobre seu acometimento. As repetições iniciais podem ser: Seu nome é
Fulano, você tem XX anos, é casado e mora na cidade de São Paulo.

E o indivíduo repete as informações todos os dias, várias vezes. Conforme o


paciente se acostume com a rotina repetitiva, pode-se inserir um calendário grande
em algum ponto de grande visualização na residência, para que este indivíduo possa
se orientar. Ao acordar, circula-se o dia corrente e, ao ir dormir, marca-se um “X” por
cima deste dia, simbolizando seu término.

www.cenes.com.br | 52
Patologias do Sistema Nervoso Central |

Depressão

É importante que um cuidador de convívio seja ativo no tratamento, para que


possa repetir a ele estas informações com frequência, até que sejam internalizadas. A
partir de então, podem-se trabalhar outros aspectos relacionados à sua autonomia.

22 Depressão
As características prementes dos pacientes em episódio depressivo são o humor
triste ou irritável, a perda do interesse em atividades que antes eram interessantes,
anedonia, melancolia e pessimismo. Estes sintomas podem cursar com irritabilidade,
ansiedade, pânico, queixas somáticas variadas, tendência a ideias de menos-valia,
alterações de sono, apetite, energia, libido e motivação, alterações de pensamento,
como sentimento de culpa, de fracasso, desesperança com o futuro e ideação suicida
nos casos mais graves. Podem vir acompanhados de alterações somáticas e cognitivas,
que afetam significativamente o funcionamento do indivíduo.

Há diferentes apresentações da doença e o que as diferem são, basicamente, o


tempo de duração, o momento em que ocorrem e a intensidade com que os sintomas
interferem no funcionamento cotidiano.

O transtorno depressivo maior é o mais comum. Para este diagnóstico é


necessária à ocorrência de “episódios distintos de pelo menos duas semanas de
duração, envolvendo alterações nítidas no afeto, na cognição e em funções
neurovegetativas, e remissões interepisódicas” (DSM-V).

Uma forma mais crônica de depressão é o chamado transtorno depressivo


persistente (também conhecido como distimia), que pode ser diagnosticada quando
a perturbação do humor continua por pelo menos dois anos em adultos e, no caso de
crianças, persistência por um ano.

Quando o primeiro episódio depressivo ocorre após os 60 anos, a depressão é


caracterizada como de início tardio. Neste caso, o paciente acometido apresenta
maior grau de apatia, isolamento social, solidão, rede social não estruturada e
disfunção cognitiva, especialmente na atenção e velocidade psicomotora. Este tipo de
depressão pode ser indicativo de um futuro desenvolvimento de transtorno
Neurocognitivo.

A associação de Alzheimer e depressão é bastante comum e o grau de


incapacidade e dependência do indivíduo passa a ser exacerbado.

www.cenes.com.br | 53
Patologias do Sistema Nervoso Central |

Transtorno Bipolar do Humor

Muitas vezes os quadros de depressão são subestimados pelos pacientes e/ou


seus familiares, que acabam não dando importância aos sintomas.
Consequentemente, são subdiagnosticados e subtratados, o que contribui para a
diminuição da qualidade de vida do paciente.

Os profissionais devem ser devidamente esclarecidos sobre os critérios


diagnósticos e como identificar e avaliar os sintomas por meio da fala do sujeito e de
possível acompanhante que conviva com ele. Não se deve confundir quadro de
depressão com a tristeza ou luto normais, ocorridos diante de determinadas situações.
O luto pode induzir grande sofrimento, mas não costuma provocar um episódio de
transtorno depressivo maior.

Durante a realização de testes neuropsicológicos, com frequência, o paciente


depressivo informa que não se lembra ou que não sabe responder, sempre
transmitindo uma informação de que não é capaz. Entretanto, se são apresentados
elementos como dicas, o paciente comumente sabe indicar a resposta. É evidente que
não há vontade em se esforçar para lembrar, mas também não há déficit primário de
memória.

Em alguns casos o paciente não mantém a atenção em alerta o suficiente para


registrar as informações que lhe são apresentadas. Em testes de memória, é comum
que seu desempenho seja limitado na evocação imediata, mas que não perca muitas
informações na etapa de evocação tardia. A diminuição da quantidade de elementos
evocados na etapa imediata ocorre por redução da atenção. E, como a memória está
preservada, o que ficou registrado é facilmente evocado na etapa de avaliação da
memória tardia.

23 Transtorno Bipolar do Humor


O transtorno bipolar é uma doença mental caracterizada por alterações de humor
que se manifestam pela alternância entre episódios depressivos e de euforia em
diversos graus de intensidade. Quanto mais episódios a pessoa tiver, maior será sua
deterioração cognitiva. Os períodos de remissão são bastante frequentes e, quando o
paciente está eutímico, as alterações psicopatológicas mais intensas regridem.

O primeiro episódio que os pacientes apresentam é o depressivo, depois podem


apresentar ou episódio de mania ou de hipomania. Geralmente, os primeiros sintomas
iniciam entre os 20 e 30 anos. Contudo, em alguns casos, podem começar na infância

www.cenes.com.br | 54
Patologias do Sistema Nervoso Central |

Transtorno Bipolar do Humor

ou após os 65 anos de idade.

Há duas classificações importantes do Transtorno Bipolar, e suas caracterizações


estão descritas a seguir, de acordo com DSM-V e Dalgalarrondo (2008):

• Transtorno Bipolar tipo I: caracterizado por episódios depressivos


intercalados com períodos de eutimia e seguidos de fases maníacas bem
caracterizadas. Pelo menos um episódio maníaco é necessário para o diagnóstico
desta vertente.
• T. Bipolar tipo II: são episódios depressivos intercalados com
períodos de eutimia e seguidos de fases hipomaníacas. Consiste em um ou mais
episódios depressivos maiores e pelo menos um episódio hipomaníaco, sendo
que o episódio depressivo maior deve ter duração de pelo menos duas semanas,
e o hipomaníaco, de, no mínimo, quatro dias.

Dentre as características dos pacientes em episódio depressivo estão o humor


triste, a perda do interesse em atividades que antes eram interessantes e o
pessimismo.

O humor durante episódio maníaco costuma ser descrito como eufórico,


excessivamente alegre, expansivo ou irritável. Para ser caracterizado, é importante que
tenha ocorrido internação ou duração de uma semana no mínimo, estando presente
quase todos os dias.

Quando os pacientes com Transtorno Bipolar envelhecem e chegam à terceira


idade, geralmente apresentam riscos “duas vezes aumentado para evoluir para um
quadro demencial quando comparados com pacientes com outras doenças crônicas”
(KESSING; NILSSON, 2003).

O indivíduo em estado de mania pode apresentar aumento da sociabilidade,


conversando com estranhos como se fossem amigos de infância, sem crítica de sua
inadequação; pode haver alteração na autoconfiança, delírios de grandeza,
desinibição sexual, fuga de ideias, redução da necessidade de sono (diferente de
insônia, em que o paciente quer dormir, mas não consegue), entre outras alterações.

No DSM-V há uma advertência importante que deve ser observada durante o


processo de avaliação, especificamente na fase da entrevista, sobre a cautela que se
deve ter para “não confundir sintomas de mania com sintomas de abusos de drogas
ou efeitos colaterais de medicamentos (p. ex., esteroides, L-dopa, antidepressivos,

www.cenes.com.br | 55
Patologias do Sistema Nervoso Central |

Transtorno Bipolar do Humor

estimulantes)”.

Quando a cognição é avaliada, os pacientes com Transtorno Bipolar apresentam


dificuldades cognitivas relacionadas aos componentes das funções executivas, com
lentificação do pensamento e da atividade motora, dificuldade para se concentrar,
raciocinar e tomar decisões.

A reabilitação neuropsicológica pode auxiliar o paciente a se adaptar melhor ao


mundo. Deve ser realizada durante o período de eutimia, pois é quando o paciente
tem condições de melhor absorver a intervenção.

www.cenes.com.br | 56
Patologias do Sistema Nervoso Central |

Referências

24 Referências
Dalgalarrondo, P. Psicopatologia e semiologia dos transtornos mentais. – 2. ed. – Porto
Alegre: Artmed, 2008. 440p.

Fuentes et al, Avaliação neuropsicológica aplicada às epilepsias. In.: Fuentes et al.

Neuropsicologia: teoria e prática. Porto Alegre: Artmed, 2008.

Haase, V. G.; Antunes, A. M.; Bertola, L.; Paula, J. J.; Abreu, N.; Malloy-Diniz, L. F. Método
anatomoclínico na interpretação dos resultados das investigações clínicas: síndromes
demenciais do idoso. In.: Malloy-Diniz, Fuentes e Cosenza. Neuropsicologia do
envelhecimento: uma abordagem multidimensional. Porto Alegre: Artmed, 2013.

Kessing, L.V.; Nilsson, F.M. (2003). Increased risk of developing dementia in patients
with major affective disorders compared to patients with other medical illnesses. J
Affect Disord, 73, 261-269

Malloy-Diniz, L. F.; Mattos, P.; Abreu, N.; Fuentes, D. Neuropsicologia: Aplicações


clínicas. Porto Alegre: Artmed, 2015.

Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais: DSM-V – 5. ed. – Dados


eletrônicos. – Porto Alegre: Artmed, 2014.

Miranda, M. C.; Muszkat, M.; Mello, C. B. Neuropsicologia do Desenvolvimento:


Transtornos do Neurodesenvolvimento. Rio de Janeiro: Rubio, 2012.

Paula, J. J.; Costa, D. S. A entrevista clínica em neuropsicologia. In.: Malloy-Diniz, L. F.;


Mattos, P.; Abreu, N.; Fuentes, D. Neuropsicologia: Aplicações clínicas. Porto Alegre:
Artmed, 2016.

Tabaquim, M., L., M.; Joaquim, R., M. Funções neuropsicológicas na paralisia cerebral.

Arch Health Invest (2013) 2(5): 40-46.

Tanguay, P. Nonverbal Learning Disabilities at Home – A parent’s Guide.

Londres e Filadelfia, 2000.

Wechsler, D. Escala de inteligência Wechsler para crianças: WISC-IV: manual


técnico.ed. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2013.

www.cenes.com.br | 57
Patologias do Sistema Nervoso Central |

Referências

www.cenes.com.br | 58

Você também pode gostar