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FACULDADE UNYLEYA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO-SENSU


CURSO DE NEUROCIÊNCIAS, NEUROENGENHARIA E NEURORROBÓTICA

IVANILDO DA SILVA PEREIRA

A Intricada Vascularização do Sistema Nervoso Central e o Acidente Vascular


Cerebral

RIO DE JANEIRO
2024
1 – INTRODUÇÃO
O Sistema Nervoso Central (SNC), que inclui o encéfalo e a medula espinhal,
representa uma das estruturas mais complexas do corpo humano. Para operar de
maneira eficiente, ele requer um fornecimento constante de sangue carregado de
oxigênio e nutrientes. Esse suprimento é garantido por um sistema vascular altamente
especializado, composto por artérias, veias e capilares. Por outro lado, o Acidente
Vascular Cerebral (AVC), é uma condição súbita que prejudica a circulação sanguínea
no cérebro, levando a danos neurológicos significativos. Essa disfunção resulta em
perda de oxigênio e nutrientes para as células cerebrais, levando a danos
neurológicos. Neste trabalho, exploraremos a vascularização completa do SNC e
discutiremos o AVC em termos de sua definição, causas, mecanismos
fisiopatológicos, sintomas clínicos e opções de tratamento não farmacológico.

2 – ARTÉRIAS DO SNC
Duas sentinelas principais garantem o fluxo sanguíneo arterial para o SNC: as
artérias carótidas internas (ACI) e as artérias vertebrais (AV). As ACI, originadas da
artéria carótida comum no pescoço, ascendem pelo crânio e se ramificam, irrigando o
cérebro como raízes nutrindo uma árvore frondosa. As AV, por sua vez, nascem das
artérias subclávias no pescoço, se fundem para formar a artéria basilar e irrigam o
tronco cerebral, cerebelo e parte do diencéfalo.
A partir dessas artérias principais, diversos ramos menores se ramificam, cada
um com um destino específico:
- Artéria cerebral anterior (ACA): Irriga a face medial do hemisfério cerebral,
incluindo o corpo caloso e o giro cingulado, responsáveis por funções como memória
e emoção.
- Artéria cerebral média (ACM): Nutre a face lateral do hemisfério cerebral,
incluindo os giros pré-centrais e pós-centrais, áreas cruciais para a motricidade e a
sensibilidade.
- Artéria cerebral posterior (ACP): Irriga a face posterior do hemisfério cerebral,
incluindo os lobos occipital e temporal, responsáveis pela visão e audição,
respectivamente.
- Artéria cerebelar superior (ACS): Nutre a parte superior do cerebelo,
fundamental para o equilíbrio e a coordenação motora.
- Artéria cerebelar inferior anterior (AICA): Irriga a parte inferior anterior do
cerebelo, importante para a propriocepção e o controle do movimento ocular.
- Artéria cerebelar inferior posterior (AICP): Nutre a parte inferior posterior do
cerebelo, crucial para o tônus muscular e a postura.

3 – VEIAS DO SNC
O sangue venoso, carregando os produtos residuais do metabolismo cerebral,
é drenado por um sistema de veias que acompanham as artérias como sombras. As
principais veias do SNC são:
- Seios Venosos Durais: Drenam o sangue venoso do cérebro e da medula
espinhal, incluindo o seio sagital superior, seio transverso e seio sigmoide.
- Veias Cerebrais Internas: Drenam o sangue das estruturas profundas do
cérebro.
- Veias Cerebrais Superficiais: Drenam o sangue da superfície cortical do
cérebro.
- Veias Basais: Drenam o sangue do tronco encefálico.
- Veias Espinhais: Drenam o sangue da medula espinhal.

4 – ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL (AVC)


O Acidente Vascular Cerebral (AVC), também conhecido como derrame, é uma
condição caracterizada pela interrupção abrupta e súbita do fluxo sanguíneo para o
cérebro, podendo ser isquêmico (por obstrução de uma artéria) ou hemorrágico (por
ruptura de um vaso sanguíneo). Essa disfunção resulta na falta de oxigênio e
nutrientes para as células neurais, levando a danos celulares e disfunção neurológica,
podendo ter consequências devastadoras, como perda de função motora, sensitiva ou
cognitiva e, em alguns casos, à morte. O AVC é classificado como isquêmico em 80%
dos casos, geralmente causado por aterosclerose, trombose ou embolia, enquanto o
AVC hemorrágico pode ser causado por hipertensão arterial, aneurismas ou
malformações arteriovenosas.

4.1 – Etiologia
Os AVCs podem ser isquêmicos, causados por obstrução arterial, ou
hemorrágicos, causados por ruptura vascular. Fatores de risco incluem
hipertensão, diabetes, tabagismo, obesidade e histórico familiar.
4.2 – Fisiopatologia
A fisiopatologia do AVC é distinta para cada subtipo. No AVC isquêmico,
a interrupção do fluxo sanguíneo resulta na privação de oxigênio e glicose para
as células neurais, desencadeando um processo que culmina na morte celular
e na formação de uma área de infarto. Este evento isquêmico desencadeia uma
série de mecanismos, incluindo excitotoxicidade, acidose, produção de radicais
livres e disfunção mitocondrial. Por outro lado, no AVC hemorrágico, a ruptura
de um vaso sanguíneo provoca o extravasamento de sangue para o tecido
cerebral, causando hemorragia, compressão dos tecidos circundantes e danos
neuronais adicionais devido à toxicidade do sangue extravasado. Essas duas
condições têm impactos distintos na fisiologia cerebral, mas ambas podem
levar a danos neurológicos graves e complicações sérias.

4.3 – Quadro Clínico


Os sintomas de um AVC podem variar dependendo da área do cérebro
afetada e da extensão do dano. No entanto, sinais comuns incluem fraqueza
ou paralisia em um lado do corpo, dificuldade na fala ou compreensão, perda
súbita de visão, tonturas, confusão e dor de cabeça intensa. É essencial
reconhecer esses sintomas e procurar atendimento médico imediato, pois o
tratamento precoce pode melhorar significativamente o prognóstico.

4.4 – Tratamento Não Farmacológico


O tratamento não farmacológico do AVC é fundamental para a
recuperação do paciente. Envolve fisioterapia, terapia ocupacional,
fonoaudiologia e terapia psicológica, que auxiliam na recuperação da força
muscular, coordenação motora, atividades cotidianas, fala, deglutição,
comunicação e bem-estar emocional.
O tratamento é multidisciplinar e personalizado, com foco na reabilitação
física, funcional e psicossocial do paciente, visando a melhora da qualidade de
vida e do prognóstico após o AVC.
5 – CONCLUSÃO
A compreensão da complexa e intrincada vascularização do Sistema Nervoso
Central (SNC) é essencial para garantir o fluxo sanguíneo vital necessário ao
funcionamento adequado do encéfalo e da medula espinhal. Essa rede intricada de
artérias, veias e capilares desempenha um papel fundamental no diagnóstico preciso
e tratamento eficaz de doenças neurológicas, como o AVC. A pesquisa médica e o
desenvolvimento de novas tecnologias continuam a desvendar os segredos dessa
rede vital, abrindo caminho para melhores métodos de prevenção, diagnóstico e
tratamento das doenças que afetam o SNC. Compreender a complexa vascularização
do SNC e os mecanismos do AVC é fundamental para o diagnóstico preciso,
tratamento eficaz e reabilitação completa dos pacientes. A ciência médica, em
constante avanço, busca incessantemente novos métodos de prevenção, diagnóstico
e tratamento do AVC, com o objetivo de minimizar o impacto dessa doença
devastadora na vida das pessoas.

6 - REFERÊNCIAS
1. Silva, ALCS., et al. "Fatores de risco modificáveis para o acidente vascular
cerebral: revisão integrativa." Revista Brasileira de Enfermagem [online]. 72(1):121-
128 (2019). [Acesso em 5 de abril de 2024]

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