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CLASSIFICAÇÃO ABC E XYZ: UM ESTUDO DE CASO APLICADO EM UMA

DISTRIBUIDORA DE ALIMENTOS DA REGIÃO METRPOLITANA DE


FORTALEZA

Francisco José Mesquita Moreira1, Jorge dos Santos Gurgel2.


1
– Graduando em Tecnologia em Processos Químicos pelo Instituto Federal de
Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará – Campus Fortaleza
2
– Professor Mestre do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do
Ceará – Campus Fortaleza

RESUMO

O presente artigo tem por objetivo analisar a gestão de estoques aplicada a uma empresa
distribuidora de alimentos na Região Metropolitana de Fortaleza. Esse serviço lida com
produtos perecíveis possuindo diversas datas de validade, sendo imprescindível a utilização de
um sistema de gestão de estoques efetivo para o controle eficaz desses produtos. Nesse sentido,
para a realização da pesquisa, feita através de estudo de caso, foi possível aplicar as
classificações ABC e XYZ na organização. Foram utilizados instrumentos tais como
observação in loco, entrevistas não estruturadas e análise dos dados referentes aos estoques da
empresa. Identificou-se que a Classificação ABC e a XYZ estão intimamente ligadas, uma vez
que os produtos de maiores criticidades também são os produtos de maiores níveis financeiros
dentro dos estoques.
Palavras-chave: Classificação ABC, Classificação XYZ, gestão de estoques, distribuidora de
alimentos

ABSTRACT

This work has the objective to analize the stock management system applied to a food
distributor on the Metropolitan Region of Fortaleza. This service delas with perishable produtcs
with various expirations dates, where the use of na effective stock management system to
control all these products is indispensable. Thus, for the conducting research, which was made
trought case study, it was possible to apply the ABC and XYZ Classifications in the enterprise.
Observations in site, non-structured interviews and data analysis of the stocks were used. It was
seen that the ABC and XYZ Classifications are closely linked, once the major criticity products
are the major expensive as well.
Keywords: ABC Classification, XYZ Classification, Stock Management, food distributor

INTRODUÇÃO

No atual contexto com o qual as empresas brasileiras estão inseridas, torna-se


necessário que as mesmas se adequem, não só ao mercado, mas também às flutuações de todos
os tipos, tanto em relação às vendas como também em relação ao ressuprimento de matérias
primas. Dessa forma, torna-se necessário que as empresas consigam reduzir seus custos por
meio da diminuição de desperdícios, principalmente em relação aos estoques.

A gestão de estoques, para Betts et al. (2008), equivale a uma etapa imprescindível
das corporações, que consiste em planejar e controlar acúmulos de recursos transformados ou
que ainda serão transformados, à medida que eles passam pela cadeia de suprimentos, de
processos e de operações, em que os níveis de estoque estão sujeitos ao consumo. Se houver
um aumento na demanda sem o devido acompanhamento do ressuprimento, desregulando o
consumo de materiais, faz-se necessário um controle maior por parte das organizações para
impedir essas situações.

Dessa maneira, diversas indústrias utilizam meios diferentes para controlar seus
estoques. Uma delas é a Classificação ABC que, segundo Pozo (2016), originou-se no século
XIX, através do economista Vilfredo Pareto, onde 20% da população de uma certa região da
Itália possuía 80% de todas as riquezas. Portanto, a Classificação ABC, tendo essa ideia como
base, foi criada para o melhor controle dos estoques das empresas.

Além disso, a Classificação XYZ, diferentemente da Classificação ABC, não


considera fatores monetários, mas a criticidade dos produtos. De acordo com Mendes e Castilho
(2009), a Classificação XYZ é uma ferramenta gerencial que toma como base o nível de
necessidade de determinados materiais para o bom funcionamento da empresa, onde a falta
desses produtos poderia acarretar a paralização das atividades do empreendimento,
necessitando de um ressuprimento com urgência.

Contudo, há de se verificar: como são aplicados os sistemas de gestão de estoques


nas empresas?

No âmbito acadêmico, pouco se tem falado a respeito de uma classificação cruzada,


que consiste na junção de dois ou mais procedimentos de controle dos estoques, obtida com
base em ambas Classificações ABC e XYZ. Em empresas de pequeno porte, com foco em
distribuição de alimentos, a presença de trabalhos é ainda mais reduzida. Como empresas do
ramo de alimentos trabalham com períodos curtos de estocagem, a gestão de estoques se torna
um diferencial competitivo que pode gerar aumento de lucros com a redução de desperdícios.

Ambos os modelos são ferramentas gerenciais de controle de estoques que são


baseados em fatores diferentes. Dessa forma, o presente trabalho visa observar na prática como
é feito o controle de estoques de uma empresa e apresentar um modelo de análise de estoques,
combinando a Classificação ABC com a Classificação XYZ, em uma empresa de distribuição
de alimentos de pequeno porte, com foco na redução dos custos referentes à estocagem.

REFERENCIAL TEÓRICO

De acordo com Betts et al. (2008), a gestão de estoques consiste em planejar e


controlar acúmulos de recursos transformados, à medida que eles passam pela cadeia de
suprimentos, de processos e de operações, em que os níveis de estoques estão sujeitos ao
consumo. Se a constância da procura sobre o produto for maior que o ressuprimento do mesmo,
pode ocorrer a ruptura ou o esvaziamento do estoque, com prejuízos visíveis para o
empreendimento no todo.

Ainda, conforme o Grando et al. (2018), a gestão de estoques tem se tornado um


fator competitivo de grande importância para as empresas, uma vez que a redução de custos das
empresas faz-se mais evidente, ocasionando a permanência da mesma no mercado internacional
mediante a globalização e a competitividade organizacional. Quando há faltas de materiais,
ocorrem paradas que podem danificar o maquinário, além de abalar a imagem, confiança e
vitalidade financeira da empresa.

Tendo isso em vista, é importante que as empresas utilizem ferramentas eficazes de


controle de estoques, visando não só a permanência competitiva no mercado internacional,
como também a redução de desperdícios oriundos de compras desnecessárias da empresa.

De acordo com Rego e Mesquita (2011), existem três diferentes tipos de modelos
de controle de estoque, que foram desenvolvidos para melhorar o sistema de gestão de estoques
dos empreendimentos:

 Reposição Contínua: onde são estabelecidos dois parâmetros: o ponto de


pedido “R”, quando o nível de um produto alcança determinado ponto, o
processo de compras é iniciado, e o lote de compra “Q”, também chamado
de Lote Econômico de Compras;
 Reposição Periódica: onde também se estabelece dois parâmetros: o
intervalo de tempo da revisão “T”, que informa a quantidade de
dias/semanas em que haverá a recontagem do nível de estoque de
determinado produto para iniciar o processo de compra, e o nível máximo
de estoque “S”, onde, a cada revisão, vê-se a necessidade real de tal produto;
e
 Estoque Base: onde possui um parâmetro, chamado de base ou patamar “B”.
Para cada retirada do estoque, realiza-se um pedido de porção equivalente
para repor a base, mantendo-se a posição do estoque nesse patamar (estoque
presente + pedidos feitos) constante.

Além desses métodos, o uso das ferramentas de classificação ABC e XYZ também
são meios importantes para se determinar o nível de controle para cada tipo de produto dentro
das empresas, pois facilitam a visualização de onde estão os maiores investimentos da empresa,
no caso da classificação ABC, ou onde estão os produtos mais essenciais para a linha de
produção, para a classificação XYZ.

De acordo com Pozo (2016), a curva ABC originou-se através de um estudo


econômico desenvolvido pelo economista italiano, Vilfredo Pareto (1848-1923), onde
constatou uma pequena parcela da população, aproximadamente 20%, detendo cerca de 80%
da riqueza da região. Ou seja, havia uma concentração de renda na mão de poucas pessoas,
gerando uma distribuição de renda falha no local. O princípio de Pareto é aplicado atualmente
em diversas situações, em especial, na gestão de estoques, definindo políticas de estoques,
estabelecendo prioridades para a programação da produção, armazenagem e distribuição de
produtos (DIAS, 2015).

A partir da classificação ABC, é possível identificar os itens que precisam de


atenção e de tratamentos mais adequados, pois há itens com grande quantidade física, porém
com pouco valor agregado. Contudo, há outros itens que, ainda que em poucas quantidades,
possuem um alto valor agregado, sendo o controle mais relevante desses para reduzir riscos de
perdas desnecessárias dentro do estoque das empresas. O método ABC torna-se uma ferramenta
gerencial simplória, pois utiliza-se apenas de valores estatísticos, porém eficazes, para a
classificação dos itens componentes do estoque, principalmente quanto a sua importância
financeira para a empresa (PONTES, 2013).

De acordo com Moreira (2015), as três classes que compõem a curva ABC podem
então ser descritas como:

 Classe A: pequena parcela dos itens, cerca de 10%, são responsáveis pela
maior parcela de investimentos, cerca de 50 a 70%. São os materiais mais
importantes e devem receber atenção especial em seu gerenciamento;
 Classe B: corresponde a uma quantidade intermediária, com cerca de 20 a
30% dos componentes do estoque, equivalendo a um valor intermediário de
investimentos, sendo necessário apenas o controle moderado de suas
quantidades;
 Classe C: corresponde a maior quantidade de itens do estoque, porém
representam apenas uma pequena parcela de investimentos, dispensando
controles rigorosos.

Há casos, segundo Gasnier (2002), em que é viável expandir a classificação ABC.


Nestas situações, é possível identificar itens que se distanciaram da classificação padrão. Dessa
forma, são definidas mais duas classes, por (KERBER FILHO, 2004; GASNIER, 2002) como:

 Classe A+: são os principais destaques da classe A, por representarem um


percentual de investimento acima da classificação comum. Esses produtos
merecem uma atenção mais do que especial, pois representam uma enorme
quantidade de capital investido pela empresa, sendo sua gestão um
diferencial competitivo para o empreendimento;
 Classe D: são os itens classificados como C, mas que não possuem consumo
em um tempo considerado ou seus valores são baixos demais se
considerarmos os períodos de produção ou de reciclo dos estoques.

Tal como a ABC, a classificação XYZ é uma técnica gerencial que determina a
importância dos materiais, porém, nesse caso, considera o grau de criticidade ou
imprescindibilidade do material no desenvolvimento das atividades da empresa no processo
produtivo (MENDES e CASTILHO, 2009). É uma ferramenta utilizada para o gerenciamento
de materiais, visando trazer ao administrador mais ciência a respeito das essencialidades
durante os processos de estocagem de materiais.

Assim sendo, para orientar a classificação dos itens nas classes XYZ, são sugeridas
algumas perguntas por Barbieri e Machline (2006) para avaliar o grau de importância e o
impacto da falta dos materiais nas operações, sendo elas: “O material é necessário para
atividades essenciais do ambiente?”; “Ele pode ser adquirido facilmente?”; “Pode ser
facilmente substituído por equivalentes segundo sua utilidade?”; “Esse item possui
equivalente(s) já especificado(s)?”. Após tal análise, é possível segmentar os itens conforme a
descrição apresentada no quadro a seguir: (MENDES e CASTILHO, 2009):
CLASSIFICAÇÃO DEFINIÇÃO
Materiais de baixa criticidade. Sua falta não implica paralisações da
Classe X produção, nem riscos à segurança pessoal, ambiental e patrimonial.
Há facilidade de sua obtenção no mercado.

Grau de criticidade de materiais intermediário, podendo ser


Classe Y
substituídos por outros com relativa facilidade.

Itens de máxima criticidade, não podendo ser substituídos por outros


equivalentes sem acarretar prejuízos significativos. A falta desses
Classe Z
materiais provoca paralisação da produção, ou colocam em risco as
pessoas, o ambiente ou o patrimônio da empresa.
Fonte: Adaptado de Pontes (2014)

METODOLOGIA

Para Yin (2001), um estudo de caso consiste numa abordagem metodológica de


investigação adequada quando procuramos compreender, explorar ou descrever acontecimentos
e contextos complexos. Sua base, para Schramm (1971) é tentar esclarecer uma decisão ou um
conjunto de decisões: o motivo pelo qual foram tomadas, como foram implementadas e com
quais resultados. Portanto, este trabalho trata-se de um estudo de caso da gestão de estoques,
realizado na prática de uma empresa distribuidora de alimentos, localizada na Região
Metropolitana de Fortaleza.

A empresa é uma das líderes no segmento de distribuição de alimentos na Região


Metropolitana de Fortaleza, com foco em itens de confeitaria, fornecendo para clientes dos
ramos de hotelaria, bares, restaurantes, barracas de praia, microempreendedores e
supermercados. Apresenta um sistema de controle empresarial – SGI – que controla todos os
âmbitos da empresa, tanto as vendas de produtos quanto os níveis de estoques.

Para a confecção desse estudo de caso, realizaram-se observações durante visitas


técnicas orientadas e entrevistas não estruturadas com os responsáveis pelo gerenciamento do
setor de estoques do empreendimento estudado.

RESULTADOS E DISCUSSÕES

O objetivo primário deste trabalho reside em observar, na prática, como é feito o


controle de estoques por uma empresa de distribuição de alimentos. Por serem produtos de
pequena validade, é importante ressaltar que os sistemas de gestão de estoques são um bom
foco para negócios desse ramo, como citato por Betts et al. (2008).

Tendo isso em vista, verificou-se a presença de um sistema de controle gerencial


dentro do empreendimento, que ajuda a conferir os níveis de estoques que estão presentes no
próprio armazém da empresa. Contudo, o controle também é feito manualmente, e na maior
parte dos casos semanalmente, indicando que há problemas no sistema, na inserção dos dados
ou no controle dos mesmos.

O objetivo secundário deste trabalho visa a apresentação de um modelo de controle


de estoques adicional para a empresa, propiciando uma melhoria no sistema já existente na
organização, realizando uma ligação entre a Classificação ABC e a Classificação XYZ. Dessa
forma, obteve-se os dados referentes aos estoques do empreendimento com os funcionários
designados do setor.

Os dados da empresa foram compilados e tratados de acordo com a tabela fornecida


pelo sistema de controle de estoques da empresa. A partir dos dados obtidos, gerou-se a tabela
1, com os custos associados a cada grupo de produtos, feito logo em seguida a classificação
ABC dos produtos presentes no estoque da empresa.

Como constata-se na tabela, os grupos “Confeitarias e Doces”, “Temperos e


Condimentos” e “Bases e Cremes” representam 72,93% de todo o custo associado dos estoques
dessa empresa. Devido a isso, evidencia-se como esses produtos podem ser classificados como
Classe A. Quanto aos produtos classificados como Classe B, que são os incluídos de “Manteigas
e Margarinas” à “Diversos”, percebe-se um incremento de 22,6% no custo total, correspondente
aos produtos ditos como Classe B. São produtos que merecem uma atenção moderada, uma vez
que não representam grandes quantias de investimento na empresa (MOREIRA, 2015).
Tabela 1 – Custo Associado por Grupo de Produtos
Custo Total Fração Percentual Acumulado
Grupo de Produtos Fração Classe
(R$) Acumulada (%) (%)
Confeitarias e Doces 574.221,16 0,388705 0,388705 38,8705 38,8705 A
Temperos e Condimentos 269.817,43 0,182646 0,571352 18,2646 57,1352 A
Bases e Cremes 233.350,78 0,157961 0,729313 15,7961 72,9313 A
Manteigas e Margarinas 97.792,67 0,066198 0,795512 6,6198 79,5512 B
Gorduras, óleos e Azeites 91.307,51 0,061808 0,857320 6,1808 85,7320 B
Queijos 44.990,02 0,030455 0,887775 3,0455 88,7775 B
Compotas e Conservas 39.522,28 0,026754 0,914529 2,6754 91,4529 B
Cereais 30.161,05 0,020417 0,934945 2,0417 93,4945 B
Diversos 30.011,94 0,020316 0,955261 2,0316 95,5261 B
Atomatados e Derivados 27.379,90 0,018534 0,973795 1,8534 97,3795 C
Farináceos e Massas 26.736,22 0,018098 0,991894 1,8098 99,1894 C
Ativador 7.335,13 0,004965 0,996859 0,4965 99,6859 C
Molhos 3.825,74 0,002590 0,999449 0,2590 99,9449 C
Descartáveis, Higiene e
Limpeza 432,87 0,000293 0,999742 0,0293 99,9742 C
Sachets 208,88 0,000141 0,999883 0,0141 99,9883 C
Adoçantes 131,63 0,000089 0,999972 0,0089 99,9972 C
Bomboniere 40,68 0,000028 1,000000 0,0028 100,0000 C
Total 1.477.265,89 1,000000 100

Fonte: Autor (2019)

Quanto aos demais produtos, o incremento é de 4,47%, o que corresponde aos


produtos de Classe C. São mercadorias que ou estão em pequenas quantidades ou são baratas e
fáceis de serem administradas, além de não serem o foco principal do empreendimento. À vista
disso, a empresa deverá diminuir os esforços feitos para controlar essa parte do estoque.

Com base na tabela de classificação dos grupos de produtos da empresa, gerou-se


o Gráfico 1 da Curva ABC para melhor visualização da representatividade dos produtos:

O gráfico da Curva ABC mostra a distribuição dos investimentos da empresa nos


estoques dos produtos em função de suas classes, mostrando, claramente, a divisão monetária
entre cada uma delas. Percebe-se que os produtos da classe A representam entre 10 e 20% dos
itens e cerca de 70% do valor. Já para a classe B, nota-se cerca de 30% dos itens com um pouco
mais de 20% de valor. Por fim, os itens da classe C apresentam-se em 50% dos itens com um
pouco menos de 5% do valor total.
Gráfico 1 – Curva ABC

Porcentagem x Classes
100,00

90,00

80,00
Porcentagem Acumulada, %

70,00

60,00

50,00
C
B
40,00

30,00

20,00
A
10,00

0,00

Fonte: Autor (2019)

Contudo, ainda que a Classificação ABC seja eficiente para se determinar o custo
dos produtos dentro dos estoques de uma empresa, ela falha ao não considerar a criticidade de
alguns produtos dentro do processo produtivo das empresas. Dessa forma, é preciso que haja
uma complementaridade para essa classificação, gerando uma classificação cruzada para
melhor controle dos produtos em estoque.

Assim, a Classificação XYZ foi utilizada na caracterização dos estoques presentes


no empreendimento, servindo como um adicional para a melhoria do controle dos estoques
possuídos pela empresa. Essa classificação servirá como um acréscimo de controle dos estoques
da organização, otimizando o uso dos recursos financeiros. (MENDES e CASTILHO, 2009).

Foram feitas as perguntas pertinentes aos membros responsáveis pelo setor de


controle de estoques da empresa, esclarecendo que o seu principal fornecedor é a Nestlé,
apontando maior delonga no tempo de ressuprimento. Diante do exposto, também foi utilizada
a fonte de dados dos estoques do empreendimento para se executar a Classificação XYZ dos
seus produtos presentes no estoque da organização.

Assim, dos 99 itens cadastrados no grupo de produtos da Classe A, 65 deles


pertenciam à Nestlé. Na Classe B, dos 101 itens cadastrados, não foram encontrados produtos
provenientes da Nestlé. Na Classe C, dos 91 itens presentes, apenas 2 deles são fornecidos pela
Nestlé.

Dessa forma, gerou-se uma tabela correlacionando o número de produtos da Classe


Z em relação ao agrupamento de cada classe da Classificação ABC, possibilitando a
visualização adequada do percentual de itens estabelecidos como Classe Z com o total de itens
cadastrados:

Tabela 2 – Produtos Classe Z em comparação com a Classificação ABC


Percentual Percentual
Classe Total de Produtos Produtos Z
Parcial Total
A 99 65 65,6566 22,3368
B 101 0 0,0000 0,0000
C 91 2 2,1978 0,6873
Total de
291 67 23,0241
Itens

Fonte: Autor (2019)

A presença de um grande número de produtos Z na classe de produtos com alto


valor revela uma discordância com a literatura, tendo em vista que nem sempre os produtos
Classe A são os mais críticos para o processo produtivo das empresas (MENDES e CASTILHO,
2009).

Ainda com essas informações, na tabela 3 são comparados os níveis de investimento


de cada grupo de produtos que correspondem a Classe A, relacionando-os com os valores
pertinentes aos produtos de Classe Z:

Tabela 3 – Custo Associado dos Produtos Classe Z aos grupos da Classe A


Grupo de Participação Participação
Custo (R$) Produtos Z (R$)
Produtos Parcial (%) Total (%)
Confeitarias e
574.221,16 508.896,64 88,624 34,449
Doces
Temperos e
269.817,43 174.034,34 64,501 11,781
Condimentos
Bases e Cremes 233.350,78 187.085,19 80,173 12,664
Total 1.077.389,37 870.016,18 58,894

Fonte: Autor (2019)

Como ficou claro a partir da tabela, além de serem os produtos com maior aporte
financeiro, também são os mais críticos para o processo da empresa. Tendo isso em vista, a
empresa deveria ter um maior cuidado com os produtos provenientes desse fornecedor
(PONTES, 2013).
Por estarem classificados dessa forma, é notável que o sistema de gestão de estoques
tenha como foco essa variedade de produtos, garantindo que não haja a falta e nem o excesso
dos mesmos, mantendo-os em níveis aceitáveis. Isso possibilitará, assim, uma melhor vantagem
competitiva da empresa frente aos concorrentes locais, já que haverá uma redução nos custos
associados a esses produtos de elevado custo (GRANDO et al., 2013).

Além disso, por se tratar de uma empresa que distribui produtos perecíveis, a
melhoria na organização dentro do espaço de armazenagem dos mesmos, irá facilitar não só a
localização, como também o seu próprio controle, pois agilizará o fluxo de reposição dos
estoques.

Devido a esses fatores em conjunto, pode-se facilmente classificar os produtos tidos


como Classe A e Classe Z, em uma subclasse especial tida como Classe A+ (GARNIER, 2002).

Estendendo essa especificação para todas as outras classes, gerando as subclasses


B+ e C+, e considerando todos os demais produtos dentro das respectivas classes como sendo
de menor criticidade para a empresa, a tabela 4 analisa o grau de importância relativa de cada
subclasse inserida em cada Classe, prezando sua participação monetária dentro do estoque da
empresa:

Tabela 4 – Ordem de importância para as subclasses


Ordem de
Classe Subclasses Participação (%)
Importância
A+ 1º 58,894
A
A- 2º 14,038
B+ 3º 0,000
B
B- 4º 22,595
C+ 5º 0,050
C
C- 6º 4,424
Total 100,000

Fonte: Autor (2019)

A tabela, ainda que não contemple os produtos do tipo B+, foi colocada dessa forma
pois, em algum período no tempo, a empresa possuiu produtos Z nos grupos pertinentes a Classe
B. Dessa forma, esse modelo foi adotado para facilitar, quando possível, a organização a
controlar os seus estoques de maneira mais eficiente, caso esses produtos acabem retornando
em um futuro próximo.
CONCLUSÃO

Evidenciou-se, na prática, o funcionamento do sistema de gestão de estoques da


empresa, apresentando um certo número de falhas, uma vez que os funcionários responsáveis
pelo setor efetuam, semanalmente, uma recontagem dos estoques presentes, principalmente
quando há pedidos de clientes especiais. Dessa forma, o sistema precisa de melhorias para
minimizar retrabalho, otimizando todo o processo.

Para isso, efetuou-se a classificação ABC dos produtos em estoque da empresa,


gerando-se uma tabela para melhor facilitar e orientar a produção da Classificação ABC.
Percebeu-se que apenas três grupos já correspondiam a um capital acumulado de 72,93%,
corroborando, em partes, o que diz a literatura sobre esse tipo de classificação.

Expandindo-se o modelo de controle dos estoques, a Classificação XYZ serviu


como um adicional à Classificação ABC, como ficou claro a partir das tabelas 3 e 4. Dessa
forma, esse modelo de classificação cruzada pode ser facilmente aplicado em outros
empreendimentos.

Recomenda-se utilizar essa forma de classificação cruzada em outras organizações


do ramo de distribuição de alimentos, levando em consideração os fatores de criticidade e
também os fatores monetários, para saber se há uma correspondência entre os fatos aqui
apresentados.

Além disso, é de suma importância verificar se o modelo apresentado pode ser


facilmente correlacionado com empresas de outros ramos, uma vez que o foco de controle por
grau de importância pode se revelar um importante aliado para as empresas no melhor foco de
atenções no controle de estoques.

REFERÊNCIAS

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