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Fundamentos
Teóricos e Práticos
Fundamentos
Teóricos e Práticos
do Ensino de Geografia
do Ensino de Geografia Paulo César Medeiros
Fundamentos Teóricos
788538 708933
Fundamentos
Teóricos e Práticos
do Ensino de Geografia
Paulo César Medeiros
2010
Paulo César Medeiros
O eu e o outro...........................................................................137
Justificativa.................................................................................................................................137
Objetivos.....................................................................................................................................138
Procedimentos metodológicos...........................................................................................138
Fontes de pesquisa..................................................................................................................140
Avaliação.....................................................................................................................................140
Explorando o espaço da escola..........................................151
Justificativa.................................................................................................................................151
Objetivos.....................................................................................................................................152
Procedimentos metodológicos...........................................................................................152
Fontes de pesquisa..................................................................................................................154
Avaliação.....................................................................................................................................155
Conhecendo os lugares........................................................165
Justificativa.................................................................................................................................165
Objetivos.....................................................................................................................................166
Procedimentos metodológicos...........................................................................................166
Fontes de pesquisa..................................................................................................................169
Avaliação.....................................................................................................................................169
O campo e a cidade................................................................209
Justificativa.................................................................................................................................209
Objetivos.....................................................................................................................................210
Procedimentos metodológicos...........................................................................................210
Fontes de pesquisa..................................................................................................................213
Avaliação.....................................................................................................................................214
Atividades produtivas............................................................227
Justificativa.................................................................................................................................227
Objetivos.....................................................................................................................................228
Procedimentos metodológicos...........................................................................................228
Fontes de pesquisa..................................................................................................................231
Avaliação.....................................................................................................................................231
Anotações..................................................................................279
Apresentação
Bons estudos!
A ciência da Terra
Paulo Freire nos ensinou que o ser humano só tem as possibilidades de par-
ticipar ativamente na história, na sociedade e na transformação da realidade se
for auxiliado a tomar consciência da realidade e de sua própria capacidade para
transformá-la. O indivíduo não pode lutar contras as forças que não compreende,
a não ser que descubra que ele pode. Essa conscientização coloca o primeiro ob-
jetivo da educação que é “antes de tudo provocar uma atitude crítica, de reflexão,
que comprometa a ação”.
No entanto, o ser humano levou milhares de anos para sistematizar suas re-
flexões sobre as informações espaciais, criar os primeiros sistemas matemáticos
para referenciar o espaço terrestre e organizar uma descrição da superfície pla-
netária. Há pouco mais de cem anos, nas universidades europeias, constitui-se a
cadeira de Geografia, e de lá para cá essa disciplina é ensinada e promovida nas
sociedades contemporâneas.
14
A ciência da Terra
15
A ciência da Terra
Com o início das atividades mercantilistas do século XV, por meio de grandes
rotas marítimas, inicia-se um novo processo de conhecimentos sobre a superfí-
cie do planeta.
O Encolhimento do mapa-múndi
1850-1930
Anos 1960
Jatos de passageiros:
800-1 100km/h.
16
A ciência da Terra
MOREIRA; SENE, 2000, p. 11. Mapa elaborado em 1508, por Francesco Rosseli, um car-
tógrafo florentino. Esse foi o primeiro mapamúndi da história da cartografia, ou seja, o
primeiro a mostrar o planeta inteiro.
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A ciência da Terra
A crise socioambiental
e as Ciências Humanas
Nos anos 1980, o relatório Nosso Futuro Comum demonstra que o modelo de
desenvolvimento capitalista, empreendido em profundidade no final do século XX,
teve como principais consequências a morte de milhões de humanos, pela fome,
por acidentes químicos e nucleares.
18
A ciência da Terra
Em nível internacional, dois eventos marcam o final dos anos 1990. A publi-
cação do relatório chamado Nosso Futuro Comum (abril 1987), elaborado pela
Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento da ONU e o Con-
gresso Internacional sobre Educação e Formação Ambientais (agosto 1987), re-
alizado em Moscou.
19
A ciência da Terra
20
A ciência da Terra
tarão os discursos e quem sabe as ações das novas gerações. Para tal, é funda-
mental que construa uma base teórica ampla que permita dialogar com muitas
disciplinas específicas e estabeleça um vínculo com o espaço vivido pelos atores
do processo educacional.
Texto complementar
O papel e o valor do ensino da Geografia
(MONBEIG, 1957)
[...]
Uma boa carta mural, uma fotografia escolhida com inteligência e projeta-
da para a classe, ou, na sua falta, as ilustrações dos bons manuais de Geogra-
fia, prestam-se facilmente a esse gênero de exercícios. Não é necessário dizer
que esse treinamento não deve ser reservado exclusivamente aos alunos mais
novos. Convém adotá-lo até nas últimas classes colegiais, atual Ensino Médio.
22
A ciência da Terra
23
A ciência da Terra
perto seu nível de vida? Onde, quando e como conhecerá algo a respeito
da economia de outros países, das rivalidades econômicas, dos aspectos do
mundo que condicionam a vida de cada nação?
24
A ciência da Terra
Dica de estudo
O site da TVE Brasil <www.tvebrasil.com.br> apresenta textos e temas de
apoio para o ensino da Geografia e da História, produzidos pelo programa Salto
para o Futuro. Está disponível desde 2001 e acessível aos educadores como com-
plementação de seus estudos sobre metodologias e práticas pedagógicas.
Atividades
1. A partir da leitura da música “Parabolicamará”, que está na aula, elabore uma
análise relacionando-a com a tecnologia contemporânea e suas implicações
sobre o conhecimento do planeta Terra.
25
A ciência da Terra
3. Leia o texto a seguir, reflita e elabore uma conclusão sobre Geografia e seu
papel na formação escolar.
(MEDEIROS, 2001)
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A ciência da Terra
Referências
AGENDA 21. In: CONFERÊNCIA DAS NAÇÕES UNIDAS SOBRE O MEIO AMBIENTE E
DESENVOLVIMENTO, 1992, Rio de Janeiro. Atas. Brasília: Câmara dos Deputados.
Coordenação de Publicações, 1995.
BLACHE, Paul Vidal de La. Des caractères distinctifs de la Géographie [Título ori-
ginal]. Tradução de: Odete Sandrini Mayer. Annales de Géographie, v. 22, n.
124, p. 289-299, 1913.
CURIOSIDADES. Terra: foto da terra tirada por satélite. Disponível em: <www.
adrianavacanti.eti.br/tati/curiosidades/terra.htm>. Acesso em: abr. 2004.
27
A ciência da Terra
HOBSBAWM, Eric. Era dos Extremos. O breve século XX 1914-1991. São Paulo:
Companhia das Letras, 1995.
LACOSTE, Y. A Geografia: isto serve, em primeiro lugar, para fazer a guerra. Cam-
pinas: Papirus, 1988.
_____. A Nova Geografia: estudos de geografia do Brasil. 2. ed. São Paulo: Mo-
derna, 1996.
MORAES, Antonio Carlos Robert. Geografia Pequena História Crítica. 15. ed.
São Paulo: Hucitec, 1997.
28
A ciência da Terra
_____. (Org.). Geografia e Ensino – textos críticos. São Paulo: Papirus, 1989.
_____. Brasil, Sociedade & Espaço. 7. ed. São Paulo: Ática, 1999.
_____. Sociedade & Espaço: geografia geral e do Brasil. São Paulo: Ática, 2001.
Gabarito
1. O aluno deverá relacionar as atuais tecnologias de comunicação, transporte
e informação com a possibilidade de conhecimento do planeta, associando
os conhecimentos desenvolvidos nesta aula.
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A sistematização
do saber geográfico
A evolução da Geografia
Até o final do século XVIII, o conhecimento geográfico encontrava-se
disperso. A diversidade de matérias com essa designação não permitia es-
tabelecer um conteúdo unitário. Até então, o termo Geografia podia estar
associado aos relatos de viagens; aos compêndios de curiosidades sobre
lugares exóticos; relatórios estatísticos, ao conhecimento de fenômenos
naturais e outros conhecimentos sobre porções da superfície terrestre.
A visão, naquele momento, foi a de que à Geografia não caberia discutir os problemas do
Estado, afirmando que este não é objeto do conhecimento geográfico. Assim, oculta-se o
alcance político do saber geográfico. A visão naturalista e mecanicista da realidade passou a
determinar a organização dos conteúdos da Geografia. (PEREIRA, 1989, p. 38)
32
A sistematização do saber geográfico
As escolas de Geografia
A Geografia passou por diversos momentos na construção de sua base teóri-
ca. É possível dividir a história do pensamento geográfico em dois momentos; o
primeiro, que vai da origem da Geografia como ciência no século XIX até meados
dos anos 1950/1960, e o segundo, que vai dos anos 1960 até os dias atuais.
O primeiro momento pode ser chamado de naturalista, já que essa escola en-
tende o meio ambiente como a descrição do quadro natural do planeta (relevo,
clima, vegetação, hidrografia, fauna e flora). As bases dessa Geografia, enquanto
conhecimento científico que se organizava, foram lançadas por Alexandre von
Humboldt, conselheiro do rei da Prússia, e Karl Ritter, tutor de uma família de
banqueiros.
33
A sistematização do saber geográfico
34
A sistematização do saber geográfico
Segundo CAPRA, 1996, Bertalanffy não viu a realização de sua visão, “no entanto, duas décadas depois de sua morte, em 1972, uma concepção sis-
têmica de vida, mente e consciência começou a emergir, transcendendo fronteiras disciplinares e, na verdade, sustentando a promessa de unificar
vários campos de estudo que antes eram separados”.
5
Segundo Mendonça (1998), Soctchava considerou o geossistema como abordagem metodológica da Geografia Física para o tratamento do
quadro natural do planeta. Essa metodologia marcou na geografia física soviética, permitindo um amplo conhecimento do território.
35
A sistematização do saber geográfico
Os princípios fundamentais
da ciência geográfica
As diferentes escolas de Geografia que se desenvolveram ao longo dos sé-
culos XIX e XX deixaram grandes contribuições teóricas e metodológicas. Para
que possamos compreender o funcionamento do pensamento geográfico é im-
portante ter em mãos alguns dos seus princípios fundamentais que auxiliam na
explicação dos fenômenos geográficos.
ceitos que iremos apresentar têm entre si uma aparente semelhança, pois em
nosso cotidiano usamos muitas vezes essas expressões, porém elas são cate-
gorias fundamentais para compreendermos a complexidade da sociedade em
suas relações e nas relações com a natureza.
O espaço geográfico
Durante a evolução do pensamento geográfico ocorreram muitas escolas e
pensamentos distintos. A Geografia Tradicional concebeu o espaço como um
receptáculo que apenas contém as coisas, os objetos, ou seja, o termo espaço é
utilizado no sentido de área que contém os fenômenos e que estes são localizá-
veis. A Geografia Teorética-Quantitativa apresenta o espaço em duas perspec-
tivas. A primeira admite o espaço como a planície isotrópica que se explica de
forma racionalista e hipotética-dedutiva. A segunda executa as representações
matriciais e topológicas, constituindo os meios operacionais que permitem co-
nhecer a organização espacial e gerar diferentes modelos de interpretação da
realidade espacial.
A Geografia Crítica surge na década de 1970, sendo que sua maior base filo-
sófica assenta-se no materialismo histórico e na dialética sustentados na obra de
Karl Marx. Dessa forma, rompe com a visão tradicional e com a visão quantitati-
vista. O espaço agora é visto como o locus da reprodução das relações sociais de
produção. A contribuição de Henri Lefebvre para a afirmação de que o espaço é
o locus da reprodução da sociedade aparece na sua obra A Produção do Espaço
(1974) e em muitas outras obras.
Do espaço não se pode dizer que seja um produto como qualquer outro, um objeto ou uma
soma de objetos, uma coisa ou uma coleção de coisas, uma mercadoria ou um conjunto de
mercadorias. Não se pode dizer que seja simplesmente um instrumento, o mais importante
de todos os instrumentos, o pressuposto de toda produção e de todo o intercâmbio. Estaria
essencialmente vinculado com a reprodução das relações (sociais) de produção. (LEFEBVRE,
1976, p. 34)
A vasta obra de Milton Santos teve grande inspiração em Lefébvre e seu con-
ceito de espaço social. A natureza e o significado do espaço aparecem como fator
social e não apenas como reflexo. Constitui-se o espaço, segundo Milton Santos,
em uma instância da sociedade organizada que subordina e é subordinado por
ela. Para analisar o espaço, Santos (1985) sugere o uso das seguintes categorias:
37
A sistematização do saber geográfico
O lugar
O conceito de lugar guarda uma dimensão prático-sensível, isto é, trata-se da
porção espacial necessária e apropriada para a existência individual. Nesse caso,
lugar configura-se no espaço vivido e reconhecido. Ao viver e estabelecer relações
38
A sistematização do saber geográfico
A região
A palavra região deriva do latim regere, palavra composta pelo radical reg,
que deu origem a outras palavras como regente, regência, regra, e outras. O Im-
pério Romano designava regione para as áreas subordinadas às regras de Roma.
Atualmente, emprega-se, em geral, esse conceito para se designar determinadas
áreas onde há predomínio de determinadas características que as distingue das
demais. Também é um sentido bastante usado para unidades administrativas
para facilitar a administração dos estados.
39
A sistematização do saber geográfico
O território
O território surge das relações entre os atores sociais, políticos e econômi-
cos que interferem na gestão do espaço geográfico. Ele refere-se aos projetos e
práticas desses atores, numa dimensão concreta, funcional, simbólica, afetiva e
manifesta-se em diferentes escalas. O território é fundamentalmente um espaço
definido e delimitado para e a partir de relações de poder. Se as condições ne-
cessárias à existência de uma sociedade estão contidas nos recursos naturais de
determinadas áreas ou se há ligações afetivas e de identidade entre grupos so-
ciais e seu espaço de vivência, então estão criadas as condições para a constitui-
ção da territorialidade.
A paisagem
Pode ser compreendida como uma unidade visível do arranjo espacial que
a nossa visão alcança. A paisagem tem um caráter social, pois ela é formada de
movimentos resultantes da ação humana por intermédio do seu trabalho, da
sua cultura e dos seus sentimentos. A paisagem é então percebida e apreendida
constantemente. Portanto, ela é produto da percepção humana que se desen-
volve no processo seletivo de apreensão empírica do indivíduo em suas relações
com o ambiente e com os grupos sociais aos quais pertence.
40
A sistematização do saber geográfico
Texto complementar
O conhecimento geográfico
(LIMA, 2009)
[...]
41
A sistematização do saber geográfico
Durante a Idade Média ressalta-se as ações dos árabes, que com o cres-
cimento do islã expandiram seus domínios para o Oriente Médio e Penín-
sula Ibérica. Os árabes, muito ligados à Matemática e à Astronomia preo-
cuparam-se em estudar a natureza. A cartografia e a navegação ganharam
reforço com a invenção da bússola e do astrolábio. Os árabes eram grandes
comerciantes e realizaram várias viagens com o intuito comercial, que con-
tribuíram para a geografia, pois traziam relatos de climas, relevos, ventos,
correntes marítimas.
42
A sistematização do saber geográfico
43
A sistematização do saber geográfico
Dica de estudo
O Guia Geográfico <www.guiageo-mapas.com> disponibiliza mapas, globos
e diferentes imagens do Planeta Terra, com alta definição e que podem ser bai-
xados no seu computador. Aproveite para observar as diferentes paisagens da
Terra e aprofundar seus conhecimentos sobre a geografia dos continentes.
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A sistematização do saber geográfico
Atividades
1. Sabemos que a sistematização do saber geográfico foi resultante de um
processo histórico ocorrido na Europa no final do século XIX. Elabore uma
reflexão sobre esse momento, salientando seus principais aspectos e perso-
nagens envolvidos.
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A sistematização do saber geográfico
Referências
BLACHE, Paul Vidal de La. Des caractères distinctifs de la Géographie [Título ori-
ginal]. Tradução de: Odete Sandrini Mayer. Annales de Géographie, v. 22, n.
124, p. 289-299, 1913.
CAPRA, F. A Teia da Vida: uma nova compreensão científica dos sistemas vivos.
São Paulo: Cultrix, 1996.
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A sistematização do saber geográfico
LACOSTE, Y. A Geografia: isto serve, em primeiro lugar, para fazer a guerra. Cam-
pinas: Papirus, 1988.
_____. A Nova Geografia: estudos de geografia do Brasil. 2. ed. São Paulo: Mo-
derna, 1996.
MORAES, Antonio Carlos Robert. Geografia Pequena História Crítica. 15. ed.
Hucitec: São Paulo, 1997.
_____. A Natureza do Espaço: técnica e tempo, razão e emoção. 2. ed. São Paulo:
Hucitec, 1997.
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A sistematização do saber geográfico
SIMIELLI, Maria Elena. Primeiros Mapas – como entender e construir. São Paulo:
Ática, 1993.
_____. Brasil, Sociedade & Espaço. 7. ed. São Paulo: Ática, 1999.
_____. Sociedade & Espaço: geografia geral e do Brasil. São Paulo: Ática, 2001.
Gabarito
1. O aluno deverá indicar o processo de organização dos sistemas de ensino
europeus e os principais geógrafos que contribuíram com a sistematização
desses conhecimentos.
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A sistematização do saber geográfico
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Ser humano: o construtor do espaço
O homem vive uma relação metabólica com o restante da natureza, uma relação de
intercâmbio intranatureza realizada pelo e com o trabalho. Desse intercâmbio, o homem
extrai suas condições de sobrevivência, mudando o conjunto da natureza ao tempo que
muda a si mesmo. Dá-se, então, uma relação de hominização do homem pelo próprio
homem, um processo de história social que desdobra uma longa história de hominização
do homem pela evolução natural da natureza. Essa relação interna do homem com o
restante do universo e da natureza se externaliza para se materializar na forma do espaço.
Então, o que internamente era relação de metabolismo do homem com a natureza,
externamente passa a ser a relação de espaço do homem com o homem na sociedade
historicamente concretizada.
(MOREIRA, 2002)
O nascer da humanidade
A Geografia, ao trabalhar com as escalas temporais para explicar as di-
ferentes paisagens e fenômenos geográficos, utiliza-se tanto do tempo
geológico (eras da evolução natural do Universo e da Terra) como do tempo
histórico (o tempo da existência da humanidade). Para esse ensaio usare-
mos o tempo histórico, em que apresentaremos uma breve resenha da evo-
lução humana desde seu surgimento até hoje e das marcas de suas relações
deixadas na superfície terrena.
Período
(em milhões de 5a4 4a3 3a2 2,5 a 1 2 a 1,5
anos atrás)
Leste/sul
Distribuição Leste da África Leste da África Leste da África Sul da África
da África
Vegetal/oní-
Alimentação Vegetal/onívora Vegetal/onívora
vora
Vegetal Vegetal
Volume do
crânio em — 380 a 450 430 a 520 500 a 530 500 a 530
cm3
Altura em — 1 a 1,5 1 a 1,5 1,5 1,5
metros
52
Ser humano: o construtor do espaço
O trabalho humano
A habilidade tornou-se a nova força de sobrevivência do Homo habilis, o pri-
meiro representante do gênero Homo. Sua característica era única: a capacidade
de produzir e utilizar artefatos líticos. Os primeiros registros datam de, aproxi-
madamente, 2,5 milhões de anos atrás, no leste da África. Esses utensílios eram
instrumentos muito simples, produzidos a partir de pedras e ossos. Os ossos
serviam para escavar o solo em busca de raízes e as pedras serviam para diferen-
tes funções, como quebrar os ossos para a obtenção de tutano, corte de ervas e
gramas, talhar madeira, caçar pequenos animais e até para a defesa.
Utensílios – Ósseos/líticos
Por volta de 1 milhão de anos somente uma das espécies sobreviveu e o que
se sabe é que a inteligência de produzir e utilizar instrumentos são as adapta-
ções que permitiram ao Homo habilis sobreviver à seleção natural imposta pelo
ambiente. O uso de ferramentas mostra que sua dieta era baseada em produ-
tos de origem vegetal, suplementada com alimentos de origem animal. A nova
dieta provoca alterações nas estruturas físicas dando passagem para a formação
de um novo indivíduo com um corpo maior e mais robusto, com a forma da
face mais achatada, redução da dentição e a testa mais alongada, o Homo erec-
tus. Com o domínio do fogo, o conhecimento da fabricação de instrumentos e
dotado de condições físicas vantajosas, o Homo erectus empreende, a partir da
África, a primeira dispersão do homem pelo Velho Mundo. Fósseis que datam de
mais de 1 milhão de anos demonstram que já haviam se distribuído amplamen-
te pela África, Ásia e Europa.
0 1 700 km
Por volta de 500 mil anos atrás, começam a surgir formas mais avançadas de
hominídeos. Os registros fósseis desses homens modernos são encontrados na
África, Europa e Ásia. Essas populações viviam em locais diferentes, apresenta-
vam características diferentes como o tamanho e o formato do crânio, além de
54
Ser humano: o construtor do espaço
55
Ser humano: o construtor do espaço
As técnicas de produção
O processo de objetivação da natureza transforma-a em uma atividade acu-
mulativa. Mas também modifica o sujeito por meio do acúmulo de novas habi-
lidades e conhecimentos. Esse fenômeno torna-se, então, um fato socializante
que assume um caráter de extensão sobre a superfície. A influência da forma de
produção para além do indivíduo permite perceber como os objetos transcen-
dem ao seu criador e acumulam-se no espaço material.
56
Ser humano: o construtor do espaço
O espaço humanizado
As transformações ocorridas na sociedade contemporânea, em sua relação
com a natureza, são profundamente marcadas pelo contexto histórico da primeira
metade do século XX. A industrialização, a bipolarização econômica e seus desdo-
bramentos criaram condições para uma crise ambiental de proporções globais.
A Segunda Guerra Mundial, entre 1939 e 1945, deixou uma marca de destrui-
ção na Europa e Ásia, colocando aquela população em precárias condições de hi-
giene, alimentação e moradia. Por outro lado, o conflito bélico desencadeou mo-
vimentos ecológicos, que defendiam a paz e denunciavam a ameaça atômica.
57
Ser humano: o construtor do espaço
58
Ser humano: o construtor do espaço
forma e o acesso privado aos meios naturais. O estudo geográfico deve, portan-
to, preocupar-se com a explicação do espaço humano, pois é das relações sociais
que derivam as forças que agem na construção material do espaço geográfico.
Texto complementar
A paisagem construída
(BRANCO, 2009)
Paisagem humanizada
Considerando os movimentos nas paisagens, podemos perceber que elas
mudam de um momento para outro. Por isso, afirmamos que elas são dinâ-
micas, estão sendo constantemente modificadas. Elas podem ser modificadas
também: quando casas ou prédios são derrubados, e outros são construídos;
59
Ser humano: o construtor do espaço
quando uma área de floresta é desmatada; quando ocorre uma colheita numa
área cultivada, por exemplo, com arroz; quando ruas, viadutos, pontes, rodo-
vias, são construídos etc.
Modificações e descobertas
Nas paisagens também encontramos elementos que foram construídos
em diferentes épocas. Muitas vezes, em áreas onde a ocupação humana é
antiga e contínua, verifica-se a presença de construções de diferentes perío-
dos históricos. Em relação a isso, podemos pensar, por exemplo, em regiões
da Índia e da Itália. Mas podemos também considerar algumas cidades bra-
sileiras que foram fundadas no primeiro século da presença dos portugueses
no Brasil: Olinda, Rio de Janeiro, São Paulo, Salvador, entre outras. Nessas ci-
dades e em muitas outras coexistem o velho e o novo, o antigo e o moderno.
60
Ser humano: o construtor do espaço
Espaço geográfico
Se fôssemos consultar num dicionário a palavra espaço, constataríamos
que há uma grande quantidade de significados. Para a Geografia o espaço
são as paisagens, as relações que se estabelecem entre as pessoas (sociais,
econômicas, políticas etc.), as relações entre as pessoas e a natureza, e as
próprias pessoas. Esse espaço é chamado de espaço geográfico.
Dica de estudo
O site <www.novomilenio.inf.br> disponibiliza informações atualizadas
(Tempo Real Universal – UT – Universal Time) sobre a estimativa da população
mundial. Os dados são do Escritório do Censo dos EUA, que também informa
em inglês a população por país. Apresenta, ainda, números disponíveis sobre a
população mundial (média entre as principais referências estatísticas internacio-
nais) e uma linha do tempo sobre o crescimento da população mundial.
Atividades
1. Elabore uma breve resenha sobre o processo de transformação das condi-
ções ambientais da Terra e suas implicações no aparecimento dos primeiros
ancestrais humanos, no continente africano.
61
Ser humano: o construtor do espaço
62
Ser humano: o construtor do espaço
Referências
BRANCO, Anselmo Lazaro. A Paisagem Construída. Disponível em: <www.geo-
grafiaparatodos.com.br/index.php?pag=sl245>. Acesso em: 10 ago. 2009.
LACOSTE, Y. A Geografia: isto serve, em primeiro lugar, para fazer a guerra. Cam-
pinas: Papirus, 1988.
MOREIRA, João Carlos; SENE, Eustáquio. Geografia para o Ensino Médio: geo-
grafia geral e do Brasil. São Paulo: Scipione, 2002.
63
Ser humano: o construtor do espaço
ROSS, J. L.S. Geografia do Brasil. 2. ed. São Paulo: Universidade de São Paulo,
1998.
_____. Brasil, Sociedade & Espaço. 7. ed. São Paulo: Ática, 1999.
_____. Sociedade & Espaço: geografia geral e do Brasil. São Paulo: Ática, 2001.
Gabarito
1. Por volta de 20 milhões de anos atrás um resfriamento generalizado con-
dicionou os seres vivos a habitarem a faixa equatorial do planeta, criando
condições de confinamento e competição pela sobrevivência, o que levou
ao aparecimento de hominídeos (por volta de 8 milhões de anos) desde o
leste até o sul da África.
64
Ser humano: o construtor do espaço
65
O espaço vivido
e o espaço percebido
Amala e Kamala eram duas meninas que foram descobertas em 1921, numa caverna
da Índia, vivendo entre lobos. Essas crianças, que na época tinham, aproximadamente,
idades de 4 e 8 anos, foram confiadas a um asilo e passaram a ser observadas pelos estu-
diosos. Amala, a mais jovem, não resistiu à nova vida. A outra, porém, viveu mais uns oito
anos. Ambas apresentavam hábitos alimentares bastante diferentes dos nossos. Como
fazem normalmente os animais, elas cheiravam a comida antes de tocá-la, dilacerando
os alimentos com os dentes e poucas vezes fazendo uso das mãos como instrumento
para beber e comer. Possuíam aguda sensibilidade auditiva e desenvolvimento do olfato
para a carne. Para se locomover apoiavam-se sobre as mãos e os pés, adotando a marcha
quadrúpede, como faziam seus antigos companheiros, os lobos. Kamala, por exemplo,
levou seis anos para utilizar a marcha ereta. Notou-se também que Kamala não se sentia
à vontade na companhia de outras pessoas, preferindo a dos animais, que se entendiam
maravilhosamente com ela, jamais se espantando quando de sua aproximação.
Partindo dessa ideia percebemos que existe um sistema espacial que é pro-
duto de decisões dos atores. A Nova Geografia (anos 1960), desenvolve uma
abordagem denominada de Geografia dos Atores. Apresenta um conjunto de
pressupostos que pode auxiliar a compreensão espacial:
Entre muitas abordagens que admitiram o ser humano como principal ator
do espaço temos a Geografia Humanística ou Comportamental e a Geografia da
Percepção. Essas duas abordagens geográficas da atualidade têm contribuído
amplamente para a compreensão dos processos de relação sociedade-socieda-
de e sociedade-natureza. Utilizando conceitos que são originais da Psicologia,
da Sociologia e da Filosofia, os geógrafos humanistas podem desvendar as pai-
sagens construídas nos diferentes lugares.
68
O espaço vivido e o espaço percebido
A percepção do espaço
A percepção geográfica está associada às atividades perceptivas humanas.
Essas atividades (visão, audição, olfato, tato e paladar) estão associadas a uma
certa posição do sujeito percebedor em relação ao seu meio circundante. No
âmbito da Geografia procura-se compreender como a percepção dos indivíduos
sobre o meio em que vivem está relacionada com o seu modo de vida e este
com a sociedade em que vive. Nesse processo de relação indivíduo-sociedade-
-natureza estão contidos os elementos que possibilitarão compreender a sensa-
ção humana do espaço.
A sensação é condição básica da condição sensorial da percepção, necessitando um órgão
corporal para se realizar. E poderíamos dizer que a percepção é a apreensão de uma qualidade
sensível, acrescida de uma significação, como uma qualidade essencial, e não apenas um
acréscimo. (OLIVEIRA apud MENDONÇA; KOZEL, 2002, p. 191)
69
O espaço vivido e o espaço percebido
A cognição do espaço
Jean Piaget (1896-1980) iniciou sua obra com pesquisas no campo da psico-
logia da criança, no Instituto Jean Jaques Rosseau, em Genebra. Nesse institu-
to foi professor e diretor do Centro Internacional de Educação (1929). Em 1955,
fundou o Centro de Estudos de Epistemologia Genética, organismo que estuda
os processos de aprendizagem do homem.
70
O espaço vivido e o espaço percebido
71
O espaço vivido e o espaço percebido
72
O espaço vivido e o espaço percebido
Texto complementar
[...]
Para tanto, ela precisa saber olhar, observar, descrever, registrar e analisar.
Como fazer isso? É certo que, da forma como a Geografia tem sido tratada
na escola tradicionalmente, ela não tem muito a contribuir.
73
O espaço vivido e o espaço percebido
74
O espaço vivido e o espaço percebido
75
O espaço vivido e o espaço percebido
[...]
Dica de estudo
O artigo “Uma breve leitura da Geografia da percepção” tem como objetivo
central apresentar uma discussão acadêmica, mas simplificada e acessível, sobre a
percepção ambiental no pensamento geográfico que se desponta no cenário atual.
Disponível em: <www.ig.ufu.br/coloquio/textos/ROCHA,%20Val %E9ria.pdf>.
Atividades
1. Leia o texto a seguir e elabore um comentário relacionado-o com os conteú-
dos trabalhados nesta unidade:
76
O espaço vivido e o espaço percebido
77
O espaço vivido e o espaço percebido
Referências
BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacio-
nais: meio ambiente, saúde. Brasília, 1997.
CALLAI, Helena Copetti. Aprendendo a Ler o Mundo: a geografia nos anos ini-
ciais do ensino fundamental. Disponível em: <http://joacademico.blogspot.
com/2009/09/aprendendo-ler-o-mundo-geografia-nos.html>. Acesso em: 10
out. 2009.
78
O espaço vivido e o espaço percebido
LACOSTE, Y. A Geografia: isto serve, em primeiro lugar, para fazer a guerra. Cam-
pinas: Papirus, 1988.
OLIVEIRA, Pérsio Santos de. Introdução à Sociologia. 4. ed. São Paulo: Ática,
1991.
PIAGET, J. Para Onde Vai a Educação? Rio de Janeiro: José Olympio, 1973.
_____. Brasil, Sociedade & Espaço. 7. ed. São Paulo: Ática, 1999.
_____. Sociedade & Espaço: geografia geral e do Brasil. São Paulo: Ática, 2001.
79
O espaço vivido e o espaço percebido
Gabarito
1. O aluno deverá descrever sua compreensão do espaço geográfico como
uma dimensão humana e que toma forma a partir das identidades e modos
de organização das sociedades.
3. Para Castells o padrão da sociedade atual é a rede, que deriva da atual con-
juntura econômica, política e tecnológica.
80
O espaço vivido e o espaço percebido
81
O espaço representado
(KOZEL, 2002)
A produção/representação do espaço
Marx e Engels (1984) ressaltam que, pela confecção de instrumentos de tra-
balho, os homens vão se diferenciar dos demais seres da natureza, produzindo
os meios para a sua vivência ao mesmo tempo em que transformam a própria
natureza que os circunda em potencial para essa referida produção. É nessa re-
84
O espaço representado
lação com os outros seres da natureza, inclusive com os da sua própria espécie,
que o homem toma consciência de si mesmo. Uma consciência adquirida pela
apreensão do movimento de um real acionado pelo homem, mas também, exis-
tente e apreendido nos demais ciclos da natureza.
Os humanos, por serem seres sociais, interagem com seus semelhantes por
meio dos enunciados e estabelecem o diálogo entre os discursos proferidos, o
que vem a se constituir numa antropologia filosófica ou dialogismo. Porém, pelo
dialogismo, os sujeitos tornam-se históricos e sociais por incorporarem diferen-
tes vozes ou discursos dos outros, e esse tecido de muitas vozes entrecruzam-se,
completam-se, polemizam entre si, com o interior e o exterior [sic]. Dialogismo
não é apenas mais um conceito entre tantos, mas um instrumento imprescindí-
vel no estudo da compreensão do real (KOZEL, 2002, p. 229).
85
O espaço representado
Nesse sentido, é possível afirmar que os modelos que foram utilizados para
interpretar as manifestações representativas seguiram os padrões de cada mo-
mento histórico, tanto nas práticas da representação como no “gosto”, no “estilo”,
no “modo de vida”, nas “formas”. O conjunto de simbolismos que se apresenta-
vam na composição estavam impregnados do contexto social, sobretudo com
as relações de poder, religião e cultura.
86
O espaço representado
As dimensões
imaginárias
Geografia Geografia cultural
humanista
Topophilia Geo-literatura
Psicologia O espaço
do espaço vivido
As cartas O discurso
mentais
As dimensões
comportamentais
A Geografia tem como seu objeto de análise o espaço construído pelos hu-
manos. Um espaço que é resultante da soma dos interesses sociais. As redes de
povoados ligadas por caminhos construídos para garantirem o fluxo de pessoas,
materiais e ideias, formam o grande complexo, que constitui a paisagem huma-
nizada e que define o processo da representação.
87
O espaço representado
88
O espaço representado
89
O espaço representado
Essas são perguntas que necessitam ser respondidas pelos atores da educa-
ção e podem ter suas respostas ligadas ao exercício cotidiano do educador. O
conhecimento do mundo vivido do aluno pode revelar os caminhos para que se
construa um sistema avaliativo das representações.
Texto complementar
[...]
90
O espaço representado
91
O espaço representado
Dica de estudo
O artigo “O espaço e lugar: implicações teóricas para o estudo das represen-
tações socioespaciais” trata de uma pesquisa bibliográfica referente ao estudo
da Psicologia Ambiental sobre as noções de espaço e lugar na sua articulação
com os estudos de representações sociais. Os autores apresentam o espaço
físico que se caracteriza por ser um objeto de representação, ganhando uma
dimensão simbólica capaz de regular conduta, justificar determinadas práticas
e contribuir para a construção de identidades. Disponível em: <www.ie.ufmt.br/
semiedu2008/gts/gt13/.../IURY%20LARA%20ALVES.pdf>.
92
O espaço representado
Atividades
1. Leia o texto a seguir e elabore um comentário relacionado-o com os conteú-
dos trabalhados nesta unidade:
93
O espaço representado
Referências
ANDRÉ, Y. Ensinar as Representações Espaciais. Paris: Anthropos-Economica,
1998.
DOWNS, Roger M.; STEA, David (eds.). Image and Environment – cognitive map-
ping and spatial behavior. Chicago/London: Edward Arnold, 1973.
_____. Cognitive maps and spatial behavior: Process and products. In: GONÇAL-
VES, C. W. P. Os (Des) Caminhos do Meio Ambiente. 7. ed. São Paulo: Contexto,
2000.
94
O espaço representado
LACOSTE, Y. A Geografia: isto serve, em primeiro lugar, para fazer a guerra. Cam-
pinas: Papirus, 1988.
_____. Brasil, Sociedade & Espaço. 7. ed. São Paulo: Ática, 1999.
_____. Sociedade & Espaço: geografia geral e do Brasil. São Paulo: Ática, 2001.
95
O espaço representado
Gabarito
1. O texto reflete a importância do entendimento das representações do es-
paço como meio para o educador compreender a percepção dos educan-
dos sobre sua realidade espacial. As paisagens representadas podem revelar
como os educandos pensam seu espaço vivido.
96
O espaço representado
97
O ensino de Geografia
e os Parâmetros Curriculares
100
O ensino de Geografia e os Parâmetros Curriculares
101
O ensino de Geografia e os Parâmetros Curriculares
teve sua duração de oito anos (dividida em 8 séries) alterada para nove anos (di-
vidida em 9 anos) transformando o último ano da Educação Infantil no primeiro
ano do Ensino Fundamental. Desde então os sistemas de ensino público e priva-
do passaram a adaptar-se à lei.
Nesse salto qualitativo que o cidadão-aluno realiza nos anos iniciais, ele é des
locado de seu ego-centro para a centralidade das relações sociais. Nesse caso, a
família e os amigos da escola são o seu meio de comunicação com o mundo.
Essas mudanças não significam que a compreensão da projeção euclidiana e da
representação cartográfica stricto sensu, sejam primordiais. É fundamental que
ele possa se reconhecer num mundo de alteridade e desigualdades sociais, cer-
cado de sujeitos privilegiados ou excluídos, e que isso ocorre pela contradição
do trabalho.
A utilização incorreta dos solos, das águas, das florestas e dos demais seres
vivos para gerar a sustentação humana deve ser percebida pelo educando e,
nesse caso, é fundamental que o educador esteja atento para auxiliar a conexão
desses fenômenos com o espaço vivido da criança. Pois é no seu local de vida
que se expressam as contradições entre a sociedade e a natureza.
104
O ensino de Geografia e os Parâmetros Curriculares
105
O ensino de Geografia e os Parâmetros Curriculares
A matriz de referência avaliativa abaixo foi construída com base nas Matrizes
Curriculares de Referência do Sistema de Avaliação da Educação Básica SAEB-
INEP, utilizada para avaliação nacional do ano de 1999. Adaptações foram neces-
sárias para a aplicação na prática da formação de docentes.
O grupo da família
Observar uma gravura de uma família e apontar os seus diversos compo-
nentes.
Os grupos da escola
Reconhecer as atribuições dos membros da escola.
106
O ensino de Geografia e os Parâmetros Curriculares
Os grupos do bairro
Reconhecer os grupos de uma comunidade a partir de representações.
Reconhecer numa lista de regras aquelas que são pertinentes aos espaços
públicos.
107
O ensino de Geografia e os Parâmetros Curriculares
Espaço representado
Organização e orientação espacial
Identificar elementos à direita e à esquerda, tendo por referência a si
próprio ou objetos.
Noções de escala
Medir distâncias, utilizando-se de escala métrica.
Representação simbólica
Identificar representações gráficas de objetos numa perspectiva vertical
(de cima para baixo).
108
O ensino de Geografia e os Parâmetros Curriculares
Figuras cartográficas
Descrever lugares de uma escola, casa, quarteirão ou áreas agrícolas a par-
tir da representação em mapas, utilizando-se da legenda.
109
O ensino de Geografia e os Parâmetros Curriculares
Texto complementar
111
O ensino de Geografia e os Parâmetros Curriculares
112
O ensino de Geografia e os Parâmetros Curriculares
113
O ensino de Geografia e os Parâmetros Curriculares
O estudo da linguagem cartográfica, por sua vez, tem cada vez mais reafir-
mado sua importância, desde o início da escolaridade. Contribui não apenas
para que os alunos venham a compreender e utilizar uma ferramenta básica
114
O ensino de Geografia e os Parâmetros Curriculares
Dica de estudo
O artigo “Currículos de Geografia: da abertura política aos PCNs” apresenta
o contexto histórico da elaboração dos documentos curriculares oficiais da Ge-
ografia nos anos 1980-1990. O estudo de caso foi a reformulação e implemen-
tação dessas diretrizes no estado e município de São Paulo, sob o “Movimento
de reorientação curricular” implantado pelo Ministério da Educação. A autora
traça um perfil importante desse processo e permite conhecer as atuais altera-
ções no ensino da Geografia. Disponível em: <www.mercator.ufc.br/index.php/
mercator/article/view/110/82>.
115
O ensino de Geografia e os Parâmetros Curriculares
Atividades
1. Como os conhecimentos da Geografia podem contribuir no ensino-aprendi-
zagem da Educação Infantil?
Referências
BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacio-
nais: meio ambiente e saúde. Brasília, 1997.
LACOSTE, Y. A Geografia: isto serve, em primeiro lugar, para fazer a guerra. Cam-
pinas: Papirus, 1988.
MST. Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra – Brasil. Crianças: encon-
tro dos sem terrinha (foto de Douglas Mansur). São Paulo, 2003. Disponível em:
<www.mst.org.br/multimidia/gfotos/criancas/crian2.htm>. Acesso em abr.
2004.
_____. Brasil, Sociedade & Espaço. 7. ed. São Paulo: Ática, 1999.
_____. Sociedade & Espaço: geografia geral e do Brasil. São Paulo: Ática, 2001.
117
O ensino de Geografia e os Parâmetros Curriculares
Gabarito
1. Espera-se que o aluno indique a importância da aprendizagem espacial para
o desenvolvimento cognitivo das crianças, mesmo antes desta aparecer
como disciplina escolar.
Ex.:
118
O ensino de Geografia e os Parâmetros Curriculares
119
O ensino de Geografia
e os Temas Transversais
Em Geografia, é possível tratar desse tema nos momentos em que são tra-
tados os assuntos referentes à cidadania, aos modos de produção, aos modos
de vida e à distribuição populacional. Por exemplo, ao estudar as doenças sexu-
123
O ensino de Geografia e os Temas Transversais
124
O ensino de Geografia e os Temas Transversais
Texto complementar
[...]
Por sua natureza aberta, [os Parâmetros Curriculares Nacionais] configuram uma
proposta flexível, a ser concretizada nas decisões regionais e locais sobre currículos e
programas de transformação da realidade educacional empreendidos pelas autoridades
governamentais, pelas escolas e pelos professores. Não configuram, portanto, um modelo
curricular homogêneo e impositivo[...] (BRASIL, 1997a, p. 13)
Mesmo que um determinado tema possa ser mais pertinente a uma área
do que a outra, o fator decisivo do seu grau de inserção em dada área de
125
O ensino de Geografia e os Temas Transversais
[...]
Trabalho docente
A reflexão sobre a viabilidade dos “temas transversais” pode ser iniciada
pelas condições do professor para colocar em prática o que determinam os
Parâmetros Curriculares Nacionais. Para isso, é útil considerar a contribuição
apresentada por Mizukami (1998). Ao estudar os documentos dos Parâme-
tros, a autora procurou conduzir sua análise em torno da seguinte questão-
-chave: que competências o professor precisa ter para que os PCNs se con-
cretizem? De acordo com as determinações e as fundamentações teóricas
presentes nesses documentos, identificou oito tipos de competências que
são esperadas do professor, a saber:
126
O ensino de Geografia e os Temas Transversais
Sabemos que, de forma geral, não, e isso nos permite prever o quanto
pode ser problemática a concretização da transversalidade.
127
O ensino de Geografia e os Temas Transversais
128
O ensino de Geografia e os Temas Transversais
qualidade dos PCNs e das propostas que se dispõem a aprimorá-los. Não é suficiente e
nem é mais admissível o registro sumário que se costuma fazer nessas oportunidades
sobre a indigência salarial e a precarização geral das condições de trabalho no magistério
público. Feito o registro, parte-se para análise das questões substantivas, já que, embora
importante, salário não é tudo. (Grifos do autor.)
É certo, então, que as lutas pela melhoria das condições de trabalho e por
melhor remuneração, precisam ser incorporadas à luta maior e primeira, pela
caracterização da escola como local de trabalho. Considerar a escola pública
como local de trabalho implica, também, em repensar sua forma de organi-
zação. Segundo Silva Júnior (1995, p. 21), “a escola pública é um local de tra-
balho que, por sua finalidade e por sua natureza peculiar, supõe critérios
especiais de organização. Tais critérios devem ser estabelecidos a partir das
características do trabalho que ali se desenvolve” (Grifos do autor.).
[...]
129
O ensino de Geografia e os Temas Transversais
Dica de estudo
“A Geografia saindo da sala de aula para o mundo”, é um artigo que apresenta
o relato crítico de diversas práticas da autora com temas do cotidiano da escola,
salientando a experimentação e o trabalho de campo com meios para alcançar
níveis mais elaborados de saberes com estudantes do Ensino Fundamental. Dis-
ponível em: <www.agb.org.br/XENPEG/artigos/GT/GT3/tc3%20(8).pdf>.
Atividades
1. Elabore um texto crítico sobre a relação dos conhecimentos de Geografia
com os Temas Transversais propostos nos Parâmetros Curriculares Nacionais
para educação básica.
130
O ensino de Geografia e os Temas Transversais
Referências
BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacio-
nais: meio ambiente, saúde. Brasília, 1997.
LACOSTE, Y. A Geografia: isto serve, em primeiro lugar, para fazer a guerra. Cam-
pinas: Papirus, 1988.
_____. Brasil, Sociedade & Espaço. 7. ed. São Paulo: Ática, 1999.
_____. Sociedade & Espaço: geografia geral e do Brasil. São Paulo: Ática, 2001.
132
O ensino de Geografia e os Temas Transversais
Gabarito
1. Os conhecimentos sobre lugares, territórios, paisagens, regiões fornecem
amplas possibilidades para o trabalho com Temas Transversais, pois todos
eles estão diretamente ligados ao espaço vivido dos educandos em suas mui-
tas dimensões (cultural, ambiental, saúde, sexualidade, trabalho e consumo),
porém é fundamental que os conhecimentos das demais ciências estejam
articulados para dar condições de uma reflexão crítica do tema estudado.
Ex.:
133
O ensino de Geografia e os Temas Transversais
Ex.:
Tema Conceitos
Respeito mútuo, justiça, diálogo, soliedarie-
Ética e pluralidade cultural
dade.
Qualidade de vida; evolução do planeta;
evolução humana; trabalho; natureza; sub-
Saúde e meio ambiente
sistência, resíduos, impactos ambientais;
poluição; recuperação ambiental;[...]
Corpo; relações humanas; estruturas po-
Educação sexual pulacionais; família; planejamento familiar;
preconceito e gênero.
Produção de necessidades; apropriação da
Trabalho e consumo natureza; divisão do trabalho; consumismo;
direitos do consumidor.
134
O ensino de Geografia e os Temas Transversais
135
O eu e o outro
Justificativa
A criança é portadora de capacidades afetivas, emocionais e cognitivas.
Desde que nasce, tem o desejo de estar próxima às pessoas. A interação
e o aprendizado contínuo com os outros, sejam adultos ou crianças, são
fundamentais para o seu desenvolvimento.
Objetivos
Promover a integração e a socialização da turma.
Procedimentos metodológicos
Material necessário
Folhas de papel de cores variadas.
Procedimentos
Os alunos devem fingir que estão tomando banho usando como esponja
um pedaço de papel amassado.
Orientar os educandos para que finjam tirar a roupa, uma peça de cada vez,
e que todos façam movimentos como se estivessem entrando no banho.
Depois devem fingir que estão abrindo o chuveiro e, como se estivessem
com a “esponja”, iniciam o banho imaginário.
O educador deve orientar que lavem as partes do corpo em uma sequência
por ele determinada: esfregar o lado de cima da cabeça; esfregar a parte
de trás da cabeça; esfregar o braço direito; esfregar o braço esquerdo etc.
Após o banho, devem desamassar o papel e utilizá-lo como toalha para
secar-se. Nesse momento, podem ser repetidas as noções de lateralidade.
138
O eu e o outro
Tema 2 – eu e o grupo
Materiais necessários
Papel, lápis de cor, fotografia do aluno, materiais de desenho e pintura.
Procedimentos
Cada criança deverá escrever o seu nome e o de seus colegas em uma
folha, sendo que cada nome deverá possuir uma cor.
Fazer, em outra folha de papel, uma tabela na qual conste a lista com o
nome de cada um e o resultado das informações anteriormente listadas, o
qual deverá ser entregue um para cada aluno.
Cada criança irá apresentar o seu colega para os demais, e estes registra-
rão todos os dados em suas tabelas.
Pronto, agora cada criança tem um pequeno banco de dados sobre seus
colegas.
Tema 3 – o mapa do eu
Essa atividade leva o educando a identificar as partes do próprio corpo e do corpo
do colega. Dessa maneira, depende de que se formem duplas para o trabalho.
Materiais necessários
Papel bobina ou jornal, barbante, fita adesiva, lápis ou giz de cera, sucatas.
139
O eu e o outro
Procedimentos
Em duplas, os educandos farão cada um o mapa do outro de forma alter-
nada.
Cada um, com o contorno de seu corpo, irá realizar a decoração por meio
de desenhos, colagens, pinturas ou mesmo escrevendo o nome das partes
do corpo.
Fontes de pesquisa
As fontes de pesquisa para essas atividades poderão ser compostas com
o atlas do corpo humano, livros infantis que contêm histórias sobre o corpo
humano, guias sobre saúde e higiene da criança, além dos materiais didáticos
disponíveis na escola.
Avaliação
A avaliação, nesse tipo de atividade, deve ser qualitativa e cumulativa ao
longo do processo de formação. As atividades apresentadas são apenas suges-
tões de abordagens didático-pedagógicas.
Texto complementar
[...]
141
O eu e o outro
Uma das formas possíveis de ler o espaço é por meio dos mapas, que
são a representação cartográfica de um determinado espaço. Estudiosos
do ensino/aprendizagem da cartografia consideram que, para o sujeito ser
capaz de ler de forma crítica o espaço, é necessário tanto que ele saiba fazer
a leitura do espaço real/concreto como que ele seja capaz de fazer a leitura
de sua representação, o mapa. É, inclusive, de comum entendimento que
terá melhores condições para ler o mapa aquele que sabe fazer o mapa. De-
senhar trajetos, percursos, plantas da sala de aula, da casa, do pátio da escola
pode ser o início do trabalho do aluno com as formas de representação do
espaço. São atividades que, de um modo geral, as crianças dos anos iniciais
da escolarização realizam, mas nunca é demais lembrar que o interessante é
que as façam apoiadas nos dados concretos e reais e não imaginando/fanta-
siando. Quer dizer, tentar representar o que existe de fato.
Assim, não basta saber ler o espaço. É importante também saber repre-
sentá-lo, o que exige determinadas regras. Para fazer um mapa, por mais
simples que ele seja, a criança poderá realizar atividades de observação e
de representação. Ao fazer um desenho de um lugar que lhe seja conhecido
ou mesmo muito familiar, ela estará fazendo escolhas e tornando mais rigo-
rosa a sua observação. Poderá desse modo, dar-se conta de aspectos que
não eram percebidos, poderá levantar novas hipóteses para explicar o que
existe, poderá fazer críticas e até encontrar soluções para as quais lhe parecia
impossível contribuir. A capacidade de o aluno fazer a representação de um
determinado espaço significa muito mais do que estar aprendendo Geogra-
fia: pode ser um exercício que permitirá a construção do seu conhecimento
para além da realidade que está sendo representada, e estimula o desen-
volvimento da criatividade, o que, de resto, lhe é significativo para a própria
vida e não apenas para aprender, simplesmente.
142
O eu e o outro
Por meio da Geografia, nas aulas dos anos iniciais do Ensino Fundamen-
tal, podemos encontrar uma maneira interessante de conhecer o mundo, de
nos reconhecermos como cidadãos e de sermos agentes atuantes na cons-
trução do espaço em que vivemos. E os nossos alunos precisam aprender a
fazer as análises geográficas. E conhecer o seu mundo, o lugar em que vivem
para poder compreender o que são os processos de exclusão social e a sele-
tividade dos espaços.
143
O eu e o outro
Dica de estudo
O artigo “O eu e o outro em Jean Paul Sartre: pressupostos de uma antropo-
logia filosófica na construção do ser social” explica a dimensão da relação Eu-
-Outro, na obra de Sartre em seus ensaios antropofilosóficos, nos quais busca
abordar a existência de um Ser constituído, identificado na convivência com os
outros, num mundo construído de objetos e ações, marcado na realidade socio-
histórica pela consciência. Segundo Sartre é o ser consciente que faz o Homem
ultrapassar seus limites, na constituição de sua temporalidade e de sua identi-
dade como Ser social. Disponível em: <www.fundamentalpsychopathology.org/
journal/nov5/5.pdf>.
144
O eu e o outro
Atividades
1. Tomando por base o corpo da criança podemos desenvolver diferentes for-
mas de aprendizagem espacial, como a lateralidade, profundidade, elabore
uma proposta de atividade que explore as dimensões do corpo seguindo o
seguinte roteiro:
Tema:
Justificativa:
Objetivos:
Recursos e materiais:
Procedimentos metodológicos:
Fontes de pesquisa:
145
O eu e o outro
Avaliação:
Tema:
Justificativa:
Objetivos:
Recursos e materiais:
Procedimentos metodológicos:
146
O eu e o outro
Fontes de pesquisa:
Avaliação:
Referências
ADAS, M. Panorama Geográfico do Brasil: contradições, impasses e desafios
socioespaciais. 3. ed. São Paulo: Moderna, 1998.
CALLAI, Helena Copetti. Aprendendo a Ler o Mundo: a geografia nos anos ini-
ciais do ensino fundamental. Disponível em: <http://joacademico.blogspot.
com/2009/09/aprendendo-ler-o-mundo-geografia-nos.html>. Acesso em: 10
out. 2009.
MORANDI, S.; GIL, I.C. O Espaço do Homem. São Paulo: Ceeteps/Cetec, 1999.
MORENO, J. C.; FONTOURA JR., A. História e Geografia. São Paulo: Ibep, 1996.
147
O eu e o outro
Gabarito
1. Espera-se que o aluno elabore a proposta a partir de suas pesquisas, experi-
ências didáticas ou ideias inovadoras.
Ex.:
148
O eu e o outro
Ex.:
149
Explorando o espaço da escola
Justificativa
O espaço da escola representa um ponto de partida para a construção
de referências básicas em relação ao espaço vivido do educando, além de
oferecer um conjunto de formas e objetos que permitem representações.
O espaço escolar também está ligado à vida da criança pelas relações
sociais que ela desenvolve durante boa parte do tempo em que nele se
encontra.
Objetivos
Observar e identificar todos os membros da comunidade escolar, além dos
colegas de outras turmas, realizando um passeio de estudos na escola.
Procedimentos metodológicos
Cada ambiente deve ser bem explorado para que todas as informações
espaciais e pessoais sejam observadas, pois isso será fundamental para o
reconhecimento posterior na sala de aula.
152
Explorando o espaço da escola
Listar no quadro de giz tudo aquilo que foi observado, indicando cada
ambiente e suas características físicas e humanas.
Procedimentos
A primeira tarefa é identificar o tamanho da carteira para calcular a escala
de redução para, posteriormente, calcular o tamanho da sala (ex.: se a car-
teira mede 50cm de comprimento e a caixa 5cm de comprimento, a escala
de redução foi de 1:10).
Procedimentos
Se a turma já construiu a maquete, agora deve produzir uma folha um pouco
maior de papel transparente e, em equipes de três alunos, retirar o papel co-
locado na tampa da caixa, desenhando os objetos e os contornos da sala.
Com essa etapa desenvolvida pode-se fazer, ainda, um mapa menor. Nes-
se caso, é só aplicar uma escala e reduzir para uma folha menor e proceder
do mesmo modo.
Fontes de pesquisa
Atlas geográfico, livros de desenho geométrico, cálculos matemáticos de
escala.
154
Explorando o espaço da escola
Avaliação
Alfabetizar para a compreensão e representação é compreender o princípio
norteador de toda a base cartográfica e possibilitar as condições necessárias
para a criança expressar-se com linguagens simbólicas. Nesse caso, o educando,
nas séries iniciais, já desenvolveu várias habilidades e consegue transferir para os
outros objetos as posições ligadas à lateralidade e às direções cardeais. Apenas o
trabalho gradativo pode responder cada vez mais às noções elaboradas e à con-
fecção de pesquisas e representações de lugares próximos e distantes. Porém,
são importantes alguns parâmetros que possam indicar o desenvolvimento da
cognição espacial da criança. Vejamos os seguintes:
Noções de escala
Medir distâncias, utilizando-se de escala métrica.
155
Explorando o espaço da escola
Representação simbólica
Identificar representações gráficas de objetos numa perspectiva vertical
(de cima para baixo).
Texto complementar
[...]
Introdução
Ao longo dos séculos, o homem construiu um eficiente sistema de sinais
de comunicação, que incluem letras, ideogramas, sinais, imagens etc. Esses
sistemas de signos criados pelas sociedades ao longo do curso da história
humana mudaram e continuam mudando a forma social e o nível de de-
senvolvimento cultural daqueles que o utilizam. Ler e escrever são pontos
centrais em nossa organização social, e a leitura e a escrita certamente con-
tribuem para que o sujeito se expresse melhor, amplie seus conhecimentos,
adquira argumentos para criticar, persiga seus direitos e desenvolva habili-
dades. Da mesma forma a alfabetização cartográfica também é imprescin-
dível, já que estar capacitado para ler mapas é importante para comparar
as informações obtidas e formular hipóteses variadas sobre suas relações,
conceber ideias de lugares vistos ou daqueles nunca vistos para formar uma
ideia de mundo.
156
Explorando o espaço da escola
Alves (2001) acredita que o ensino da Geografia pode e deve ter como ob-
jetivo preparar os alunos para o exercício da cidadania, dando a ideia do per-
tencer a certa realidade, integrada pelas relações natureza e sociedade, que
estão em constante transformação. Os mapas são os instrumentos adequados
para tal exercício, auxiliando na apreensão e compreensão dos fenômenos que
ocorrem nos diferentes lugares e no entendimento da organização espacial.
157
Explorando o espaço da escola
No caso das crianças que possuem visão normal, uma pesquisa realizada
por Loch e Fukner (2004), com professores de educação básica em Santa Ca-
tarina mostrou que os professores precisam aprender a ensinar Cartografia.
Verificou-se que existem deficiências dos professores tanto no domínio de
conteúdos de Cartografia quanto no ensino dela. Eles mostraram-se, na sua
maioria, incapazes de avançar além do livro didático no que tange à Car-
tografia, ou quando o fazem não se sentem seguros se estão procedendo
corretamente; e de fato não estão em ambos os casos. Como afirmam Santos
(2002), Bovo (2001) e Castellar (1996), a Cartografia está muito distante das
escolas brasileiras, porque grande parte das habilidades de leitura, escrita e
visualização através de meios gráficos são desconhecidos dos professores e,
consequentemente dos alunos.
Para conseguir ler mapas o aluno deve ser alfabetizado, assim como
acontece com a escrita e a matemática; é quase impossível que uma criança
entenda um mapa sem nunca ter aprendido a fazer suas próprias represen-
tações cartográficas. Observamos que falta preparo dos professores para tal
tarefa, entretanto, é possível reverter esse quadro através de cursos de capa-
citação e aplicação de propostas que apresentem um processo de alfabeti-
zação cartográfica para toda a escola.
158
Explorando o espaço da escola
[...]
Dica de estudo
A série Cartografia na Escola, disponível em: <www.tvebrasil.com.br/SALTO/bo-
letins2003/ce/index.htm>, pertence ao programa Salto para o Futuro/TV Escola e
tem como principal objetivo discutir como os mapas e outras formas de represen-
tar o espaço podem ser estudados com turmas do Ensino Fundamental e Médio.
Atividades
1. Como você já deve saber, a Terra gira em torno de si mesma, originando os
dias e as noites. É por causa desse movimento que a Terra faz em relação ao
Sol que se tem a impressão de que este se move durante o dia. Com base em
seus conhecimentos sobre o movimento do Sol, descreva a forma de locali-
zação dos pontos cardeais, tendo como base a observação desse astro.
159
Explorando o espaço da escola
160
Explorando o espaço da escola
Referências
ALMEIDA, Luciana Cristina de; CHAVES, Ana Paula Nunes; LOCH, Ruth Emília Noguei-
ra. Iniciando a Alfabetização Cartográfica. Disponível em: <www.labtate.ufsc.br/
images/INICIANDO_A_ALFABETIZACAO_CARTOGRAFICA.pdf>. Acesso em: 09 out.
2009.
161
Explorando o espaço da escola
MORENO, J. C.; FONTOURA JR., A. História e Geografia. São Paulo: Ibep, 1996.
_____. A Natureza do Espaço: técnica e tempo, razão e emoção. 2. ed. São Paulo:
Hucitec, 1997.
Gabarito
1. O movimento aparente do Sol permite identificar duas direções (leste e oeste).
A partir dessa referência é possível identificar as demais direções (norte e sul).
162
Explorando o espaço da escola
163
Conhecendo os lugares
Justificativa
A partir do conhecimento do espaço da escola, a criança pode ser
levada a perceber que a construção do espaço é resultante da interação
dos grupos sociais com o ambiente em que vivem e que o trabalho é a
principal força que age na construção dos lugares.
Objetivos
Desenvolvimento das capacidades de observação, de leitura e de repre-
sentação do caminho casa-escola.
Procedimentos metodológicos
Procedimentos
Inicialmente, peça para os alunos representarem o trajeto de sua casa até
a escola em uma folha branca, tamanho A4.
166
Conhecendo os lugares
Podem ser produzidas cópias dos mapas reais dos bairros nos quais as
crianças moram e do bairro da escola para que sejam localizados todos
os elementos que apareceram no mapa mental, podendo ser construída
uma legenda para esse novo mapa.
Procedimentos
Fazer uma ampliação do mapa do bairro utilizando a cópia ampliada ou a
técnica de transporte do desenho por meio de quadrículas.
Se for possível, fazer uma aula de campo com as crianças nos arredores da
escola ou até mesmo por todo o bairro.
167
Conhecendo os lugares
Cada criança poderá receber uma ficha para preencher as principais infor-
mações do bairro: nome do bairro onde moro, distância de minha casa até a
escola, tipos de construções, relevo, vegetação, rios, serviços públicos etc.
Procedimentos
Antes de sair para o trabalho de campo é importante que se faça um rotei-
ro de estudos com base na planta do bairro.
168
Conhecendo os lugares
De volta à escola, é hora de iniciar a reflexão sobre o que foi visto e a repre-
sentação do trajeto em forma de desenhos e maquetes.
Tudo o que foi visto poderá ser escrito no quadro. Após a listagem dos ele-
mentos, serão feitos desenhos que representem cada um dos elementos.
Fontes de pesquisa
Mapa do município com as divisões dos bairros.
Atlas geográfico.
Avaliação
Alfabetizar para a compreensão e representação é compreender o princípio
norteador de toda a base cartográfica e possibilitar as condições necessárias
para a criança expressar-se com linguagens simbólicas. Nesse caso, o educando
das séries iniciais já desenvolveu várias habilidades e consegue transferir para
os outros objetos as posições ligadas à lateralidade e às direções cardeais.
Apenas o trabalho gradativo pode responder cada vez mais às noções ela-
boradas e à confecção de pesquisas e representações de lugares próximos e
distantes. Porém, são importantes alguns parâmetros que possam indicar o
desenvolvimento da cognição espacial da criança. Vejamos os seguintes:
169
Conhecendo os lugares
Noções de escala
Medir distâncias, utilizando-se de escala métrica.
Comparar as escalas de mapas diferentes identificando as reduções e as
ampliações.
Construir objetos que representam estruturas reais, conservando as pro-
porções.
Representação simbólica
Representar os elementos do caminho casa-escola por meio de símbolos
e signos.
Comparar e identificar os símbolos que representam os elementos da pai-
sagem do caminho casa-escola.
Comparar e identificar os símbolos que representam os elementos dos ar-
redores da escola.
Texto complementar
O que falar sobre o bairro? Qual seu papel na vida de uma cidade? De
maneira bem simples, pode-se dizer que o bairro é uma das várias partes
em que se divide uma cidade, que serve de orientação para os seus diversos
170
Conhecendo os lugares
O bairro também pode ser caracterizado por uma aparente e relativa au-
tossuficiência, possuindo em sua paisagem elementos como rede de trans-
portes, bancos, hospitais, escolas, igrejas, estabelecimentos comerciais, re-
sidências, praças, entre outros, que dependem também de uma estrutura
maior, que tem a ver com a escala da cidade, do estado, do país e do mundo.
Esse caráter funcional confere ao bairro um status de utilidade pública aces-
sível a um bom número de indivíduos, que por sua vez necessitam dos seus
serviços.
Por outro lado, o bairro possui uma interpretação que leva em conside-
ração o ponto de vista do seu morador, para quem o espaço se reproduz
enquanto lugar onde se desenrola a vida em todos os seus aspectos. Ele
compreende então elementos ligados à subjetividade, ao enraizamento
identitário e aos relacionamentos sociais mais amplos, mas também permite
haver cada vez mais conflitos, descontentamentos, distanciamento e empo-
brecimento das relações sociais. Pierre George assinala que o bairro é uma
“das bases da vida urbana [...] É com base no bairro que se desenvolve a vida
pública, que se organiza a representação popular” (1983, p. 76). Assim, bairro
é percebido a partir das relações processadas entre seus moradores, sendo
171
Conhecendo os lugares
Em alguns casos, o bairro pode ser uma extensão da própria casa do indi-
víduo ou do grupo, uma espécie de “privatização do espaço público” como
na expressão de Mayol (2005). Ou seja, o bairro adquire uma vida, traduzida
por um amálgama de relações entre os diversos habitantes do lugar.
172
Conhecendo os lugares
Dica de estudo
O texto “A aula de campo: além dos muros da escola”, do professor Márcio
Balbino Cavalcante, apresenta informações sobre aulas de campo, uma prática
de fundamental relevância para a compreensão e leitura do espaço geográfico,
principalmente, pela possibilidade de estreitamento que estabelece entre teoria
e prática. Embora seja uma metodologia muito utilizada na pesquisa, desde os
geógrafos clássicos, no ensino básico (principalmente nos níveis fundamental e
médio) ainda não é muito aplicada como prática pedagógica para construção de
conceitos e discussão da realidade cotidiana do aluno. Disponível em: <http://
conviteageografia.blogs.sapo.pt/5552.html>.
Atividades
1. Construa uma breve história do bairro onde você mora. Lembre que o espa-
ço geográfico é resultado do trabalho humano e que conforme ele desen-
volve seu modo de vida a paisagem é alterada e resulta em novas formas
espaciais.
173
Conhecendo os lugares
174
Conhecendo os lugares
Referências
CASTELLAR, S.; MAESTRO, V. Geografia. 2. ed. São Paulo: Quinteto, 2002.
MORENO, J.C.; FONTOURA JR., A. História e Geografia. São Paulo: Ibep, 1996.
_____. A Natureza do Espaço: técnica e tempo, razão e emoção. 2. ed. São Paulo:
Hucitec, 1997.
175
Conhecendo os lugares
Gabarito
1. A resposta deve descrever fatos, fenômenos, tempos, sujeitos e fontes que
revelem o desenvolvimento espacial do bairro de residência do aluno, sa-
lientando as principais mudanças ocorridas e formas espaciais que resulta-
ram da expansão urbana e/ou rural desse espaço vivido.
176
Conhecendo os lugares
177
O trabalho e a
organização do espaço
Justificativa
A observação dos elementos que estão próximos à criança podem
trazer revelações de como tudo o que consumimos pode ser explicado
como resultado da atividade do trabalho, sofrendo muitas transformações
ao longo de sua produção.
Objetivos
Reconhecer os principais processos de produção das necessidades humanas.
Procedimentos metodológicos
Procedimentos
Serão montados grupos de trabalho com três ou quatro crianças. O grupo
irá escolher um tipo de alimento industrializado para sua pesquisa.
Procedimentos
O mercadinho é organizado a partir de um acervo de embalagens de dife-
rentes produtos utilizados no cotidiano, elas deverão ser coletadas pelos
educandos em suas casas, a partir do que consomem diariamente.
Procedimentos
Dividir a turma em dois grupos. Um grupo irá construir uma indústria, o
outro, uma fazenda.
Fontes de pesquisa
Atlas geográfico.
Jornais.
Revistas.
Avaliação
As atividades apresentadas estão centradas na questão da transformação
dos espaços utilizados para o desenvolvimento da criança tendo em vista suas
necessidades básicas. Assim, tudo aquilo que ela utiliza para sua vivência no
cotidiano permite ao educador conhecer e ensinar tipos de trabalho, as relações
com o tempo e os diferentes modos de vida das populações.
183
O trabalho e a organização do espaço
Texto complementar
184
O trabalho e a organização do espaço
Por ora, podemos inferir que desde priscas eras o trabalho foi entendi-
do de diferentes formas. Como mediador das transformações que o homem
promovia na natureza, base, aliás, do recorte positivista que dá liga às Geo-
grafias e que sacramentou a dicotomia entre o que viria cimentar o discurso
geográfico escolar: paisagem natural, paisagem humanizada; somente em
meados do século XX ganha a cena a formulação primeira natureza e segun-
da natureza herdada de um debate enraizado nas ciências sociais.
185
O trabalho e a organização do espaço
186
O trabalho e a organização do espaço
[...]
Dica de estudo
O site <www.cpdoc.fgv.br> apresenta “A Era Vargas – 1.º tempo – dos anos
1920 a 1945”, título de um CD-ROM lançado pelo CPDOC em 1997. Seu con-
teúdo foi adaptado para ser o primeiro produto disponibilizado na página Na-
vegando na História. São 126 textos, 300 imagens e 140 biografias apresentados
em três módulos temáticos: Os Anos 1920; Anos de Incerteza (1930-1937) e Di-
retrizes do Estado Novo (1937-1945). Nele você encontrará informações sobre o
movimento operário brasileiro e diversas imagens e documentos que retratam a
organização dos trabalhadores do Brasil.
187
O trabalho e a organização do espaço
Atividades
1. Realize uma pesquisa sobre os modos de produção artesanal, a manufatura
e a indústria. Com base nos resultados da pesquisa faça uma representação
explicando, com suas palavras, cada um desses processos.
Produção artesanal
Manufatura
188
O trabalho e a organização do espaço
Indústria
Referências
FRAISE, Paul. Percepção e avaliação do tempo. In: FRAISE, Paul; PIAGET, Jean. Tra-
tado de Psicologia Experimental. Rio de Janeiro: Forense, 1974. v. 6.
MORENO, J. C.; FONTOURA JR., A. História e Geografia. São Paulo: Ibep, 1996.
189
O trabalho e a organização do espaço
_____. A Natureza do Espaço: técnica e tempo, razão e emoção. 2. ed. São Paulo:
Hucitec, 1997.
Gabarito
1.
Produção artesanal
Manufatura
Indústria
190
O trabalho e a organização do espaço
191
A natureza e suas dinâmicas
Justificativa
Na medida em que a humanidade aumentou sua capacidade de inter-
vir nas dinâmicas da natureza para satisfazer suas necessidades e desejos,
cada vez mais crescentes, a tecnologia, a informação, a comunicação e a
circulação, somadas à força de trabalho humana, provocaram a constitui-
ção dos territórios, formando modos de vida e culturas.
Objetivos
Estimular a percepção da criança em relação aos animais e plantas que
ocupam o espaço do bairro, da escola e da casa.
Procedimentos metodológicos
Tema 1 – observando a
fauna e a flora do nosso bairro
Materiais necessários
Papéis, revistas para recortes, lápis e materiais de pintura.
Procedimentos
Para iniciar o trabalho, devem ser realizados estudos prévios sobre os se-
res vivos, os quais permitirão às crianças identificarem os diferentes reinos
do mundo animal e vegetal.
Após a coleta de informações, deve-se listar tudo o que foi visto e pedir
para que formem duplas e escolham uma planta e um animal para serem
estudados.
194
A natureza e suas dinâmicas
Procedimentos
Essa atividade necessita de conhecimentos prévios sobre a origem e sobre
a família de cada criança, para a formação das raízes da árvore.
Logo após, cada uma deve desenhar, pintar e recortar o papel em forma
de uma folha (verde), para formar a parte superior. Nessa folha, ela escre-
verá seu nome.
A árvore da vida pode ser utilizada para iniciar o trabalho sobre a relação
entre os seres humanos e as relações entre os elementos da natureza.
195
A natureza e suas dinâmicas
Procedimentos
Cada criança irá construir um terrário para que possa observar a dinâmica
das plantas e a circulação de materiais, gases e água.
Em seguida, põe-se a camada de terra preta, que pode ser entre 2 a 4cm.
As mudas devem ser fixadas somente na camada de terra preta para ob-
terem mais nutrientes.
Será que a plantinha irá morrer? Em quanto tempo? Como ela irá respirar?
Como irá se alimentar?
196
A natureza e suas dinâmicas
Fontes de pesquisa
Catálogos e livros sobre animais e plantas.
Mapa do bairro.
Documentos históricos do bairro.
Constituição Brasileira de 1988 – Capítulo VI – Do meio ambiente.
Livros e revistas sobre o desmatamento e a poluição ambiental.
Avaliação
Espera-se que a criança, a partir da observação das diferentes formas de vida
e organização dos seres vivos no espaço geográfico do lugar onde vive, desen-
volva sua percepção acerca das características que explicam a existência de
ciclos na natureza.
Texto complementar
[...]
197
A natureza e suas dinâmicas
Francis Bacon (séc. XVII), concebia a natureza como algo exterior à so-
ciedade humana, pressupondo uma separação entre natureza e sociedade,
haja vista a relação entre ambas ser concebida como mecânica, ou seja, o
homem exercia seu domínio sobre a natureza através das artes mecânicas.
198
A natureza e suas dinâmicas
menos sociais passaram a ser tratados a partir das mesmas bases científicas
em que eram tratados os eventos químicos, ou mesmo físicos, pois a Biolo-
gia passou a ser considerada “como sistematicamente histórica[...] Mas, de
acordo com a teoria física da natureza universal, não é o mundo biológico e
sim o mundo físico que está na base da natureza” (SMITH, 1988, p. 33-34).
Com Adam Smith, a teoria de formação do valor, que até então conce-
bia a natureza como fonte de valor e a agricultura como meio de produção,
passou-se a negar a prioridade do trabalho agrícola e também da natureza
exterior. Desse modo, a natureza deixou de ser o elemento central da Teoria
Econômica, pois passou a ser vista como um obstáculo ao desenvolvimento
econômico.
199
A natureza e suas dinâmicas
Para Karl Marx (séc. XIX), é preciso buscar a unidade entre natureza e his-
tória, ou entre natureza e sociedade, pois a natureza não pode ser conce-
bida como algo exterior à sociedade, visto que essa relação é um produto
histórico.
200
A natureza e suas dinâmicas
termo sujeito, além de significar um ser ativo, dono de seu destino, também
pode indicar que podemos estar submetidos a determinadas circunstâncias.
É a visão antropocêntrica de mundo, na qual o homem é o senhor de todas
as coisas, que faz com que se esqueça que o termo sujeito, pode significar
tanto aquele que age como aquele que se submete. Essa visão de natureza
separada do homem é característica do pensamento dominante no mundo
ocidental, cuja matriz filosófica advém da Grécia e da Roma antigas, que se
firmou contrapondo-se a outras formas de pensar e de agir.
201
A natureza e suas dinâmicas
Segundo Gonçalves,
A ideia de uma natureza objetiva e exterior ao homem, o que pressupõe uma ideia de
homem não natural e fora da natureza, cristaliza-se com a civilização industrial inaugurada
pelo capitalismo. As ciências da natureza se separam das ciências do homem; cria-se um
abismo colossal entre uma e outra e, [...] tudo isso não é só uma questão de concepção de
mundo[...] (op.cit., p. 35)
202
A natureza e suas dinâmicas
[...]
203
A natureza e suas dinâmicas
Dica de estudo
A revista eletrônica Educação Ambiental em Ação, disponível em: <www.re-
vistaea.org>, foi elaborada pelo Grupo de Educação Ambiental da Internet/GEAI
que se integram a partir de uma “lista de discussão” sobre Educação Ambiental/
EA. Nessa página você encontrará textos de apoio, propostas de trabalhos e di-
versas abordagens sobre o tema meio ambiente para aperfeiçoar a ação peda-
gógica com a Educação Ambiental.
Atividades
1. Realize uma pesquisa sobre a evolução da vida na Terra. Observe que duran-
te o processo de formação de nosso planeta, a estrutura rochosa (litosfera),
o ar (atmosfera) e a água (hidrosfera) estiveram sempre interagindo para as
condições de surgimento e evolução da vida. Anote as suas principais con-
clusões.
204
A natureza e suas dinâmicas
Referências
DEBESSE-ARVISET, M.-L. A Escola e a Agressão do Meio Ambiente. São Paulo:
Difel, 1974.
FERREIRO, Graça Maria Lemos. Moderno Atlas Geográfico. São Paulo: Moderna,
1997.
205
A natureza e suas dinâmicas
MORANDI, S.; GIL, I.C. O Espaço do Homem. São Paulo: Ceeteps/Cetec, 1999.
MORENO, J.C.; FONTOURA JR., A. História e Geografia. São Paulo: Ibep, 1996.
_____. A Natureza do Espaço: técnica e tempo, razão e emoção. 2. ed. São Paulo:
Hucitec, 1997.
_____. Brasil Sociedade & Espaço. 7. ed. São Paulo: Ática, 1999.
_____. Sociedade & Espaço: geografia geral e do Brasil. São Paulo: Ática, 2001.
206
A natureza e suas dinâmicas
Gabarito
1. A resposta deve explicar o processo de desenvolvimento dos seres vivos,
considerando plantas e animais em escala evolutiva, relacionadas aos de-
mais sistemas não vivos (ar, água, solo). Sabe-se que a Terra tem aproxima-
damente 4,6 bilhões de anos e que as primeiras formas de vida datam de
aproximadamente 3 bilhões de anos, esses tempos são divididos em eras
e períodos e em cada período é possível descrever as mutações biológicas
associadas às transformações da própria Terra.
207
O campo e a cidade
Justificativa
O estudo dos espaços urbano e rural é desenvolvido pela Geografia
na Educação Fundamental e, por uma questão didática dessa temática, é
importante que o educador tenha o conhecimento dos processos históri-
cos, econômicos, ecológicos e socioambientais que distinguem e unem o
campo e a cidade.
Dessa forma, trabalhar com essa temática significa abrir um amplo diálogo
com as crianças a respeito das condições de vida da população brasileira e das
diferenças regionais, para que se possa comparar o espaço vivido com os luga-
res e suas paisagens e possibilitar à criança reconhecer o seu meio e diante dele
reconstruir seus valores e sua identidade.
Objetivos
Reconhecer e representar os principais momentos da evolução das técni-
cas de produção agrícola e do modo de vida das populações agrárias.
Procedimentos metodológicos
Procedimentos
O trabalho consiste em contar para as crianças a evolução do ser humano.
Essa temática se encontra em um de nossos estudos anteriores.
A história deve abordar a origem das atividades de domesticação de plan-
tas e animais, que permitiram a fixação dos grupos humanos nas regiões
agrícolas. O desenvolvimento de técnicas e instrumentos e a mecanização
do campo até os dias de hoje, seus aspectos positivos e negativos.
210
O campo e a cidade
Cada criança irá escolher um personagem dos quadrinhos que deverá uti-
lizar para recontar a história da agricultura.
Procedimentos
Nessa proposta de trabalho, as crianças serão estimuladas a construírem
uma representação em desenho, colagem ou construção de maquetes de
uma cidade que tem vida e devora os ambientes naturais.
Alguns estudiosos das grandes cidades afirmam que, do ponto de vista eco-
lógico, elas se assemelham a um animal enorme, imóvel, que cresce o tem-
po todo e consome oxigênio, água, energia, alimentos e recursos naturais.
211
O campo e a cidade
Como fazer a cidade: ela pode ser desenhada em folhas grandes para que
sejam expostas. Cada grupo de trabalho irá imaginar a sua cidade e deve
ser estimulado pelo educador a percebê-la como um ser vivo, que se ali-
menta e elimina dejetos.
212
O campo e a cidade
Procedimentos
Essa atividade deve ser realizada após o desenvolvimento do estudo de
paisagens da cidade e do campo.
Agora que a base já está pronta, vamos desenhar e colorir as áreas de mo-
radia, estradas, rios, construções, plantações e florestas. Nesse caso, po-
dem ser utilizados materiais como pó e serragem tingidos, ou materiais
triturados para colagem e diferenciação das áreas.
Fontes de pesquisa
Revistas, jornais e gibis com a temática campo-cidade.
Atlas geográfico.
213
O campo e a cidade
Avaliação
Para que o processo de avaliação da temática campo-cidade seja desenvol-
vido com bases seguras, é fundamental que o educador tenha o conhecimento
da realidade na qual estão inseridos os educandos. Sua posição social e suas
relações com o seu ambiente (rural ou urbano) são a referência básica para a
construção de uma percepção crítica da criança.
O trabalho do educador deve fazer com que as crianças, a partir dos estudos
dessa temática, possam identificar os produtos, as vestimentas, os comporta-
mentos e as paisagens agrícolas e compará-las com a cidade. Dessa forma, a
criança ressignifica seu próprio modo de vida e sua relação com o lugar.
Texto complementar
A Geografia no ensino básico frente aos novos
cenários rurais e urbanos na América Latina
(DUARTE, 2009)
[...]
É por essa razão que o Ensino Fundamental é o momento ideal para nos
guiarmos por alguns princípios que contribuirão para essa transição dos
conceitos cotidianos aos científicos.
Reforçando essa ênfase, três dos quatro blocos temáticos têm a dinâmica
do urbano e do rural como matriz: “o papel das tecnologias na construção de
paisagens urbanas e rurais”, “distâncias e velocidades no mundo urbano e no
mundo rural” e “urbano e rural: modos de vida”.
215
O campo e a cidade
216
O campo e a cidade
Nas regiões de seus países membros a OCDE considera como rural toda
unidade administrativa ou estatística elementar com densidade inferior a 150
hab./km², classificando-as, desde 1994, em três categorias. A unidade rural
pode apresentar um núcleo urbano com densidade demográfica superior a
150 hab./km², desde que o resultado geral, computando-se a área do entor-
no, não ultrapasse esse patamar. As categorias definidas são as seguintes:
217
O campo e a cidade
José Eli da Veiga (2002) aponta inclusive que as áreas rurais mais próspe-
ras dos países desenvolvidos não são aquelas fortemente vinculadas à agri-
218
O campo e a cidade
cultura de ponta. Ele destaca que essa vitalidade é tanto maior quanto mais
significativa for a adjacência campo-cidade, termo que expressa relações
intensas entre espaços urbanos e as áreas rurais circunvizinhas. Nos EUA, o
maior dinamismo regional é encontrado nos condados rurais onde predomi-
na o setor terciário com destaque para aqueles que são os destinos preferi-
dos dos aposentados urbanos.
[...]
219
O campo e a cidade
Dica de estudo
A página do Movimento dos Sem Terra <www.mst.org.br> apresenta o his-
tórico dessa que é considerada uma das maiores organizações de trabalhadores
rurais do mundo. Nela você encontrará textos, reportagens, vídeos e diversas in-
formações sobre a questão agrária brasileira, suas principais lutas e distribuição
do movimento nas unidades da federação.
Atividades
1. Observe a tabela a seguir que trata da distribuição dos estabelecimentos ru-
rais segundo o tamanho e registre suas conclusões para serem levadas ao
grupo de estudo.
220
O campo e a cidade
221
O campo e a cidade
3. Como você classifica o lugar onde você mora: urbano ou rural? Quais são
as características que permitem a você definir essa classificação? Quais os
aspectos positivos e negativos do modo de vida de seu lugar?
Referências
CARNEIRO, S.M.M. A Dimensão Ambiental da Educação Escolar de 1.ª a 4.ª
séries do Ensino Fundamental na Rede Escolar Pública da Cidade de Para-
naguá. Tese (Doutorado em meio Ambiente e Desenvolvimento), Universidade
Federal do Paraná Curitiba, 1999.
DUARTE, Ronaldo Goulart. A Geografia no Ensino Básico Frente aos Novos Ce-
nários Rurais e Urbanos na América Latina. Disponível em: <http://egal2009.
easyplanners.info/area03/3092_Duarte_Ronaldo.doc>. Acesso em 11 out. 2009.
222
O campo e a cidade
IBGE. Anuário Estatístico do Brasil: 1980, 1988, 1990, 1994 e 1998. Rio de Ja-
neiro, 1998.
MORANDI, S.; GIL, I.C. O Espaço do Homem. São Paulo: Ceeteps/Cetec, 1999.
MORENO, J. C.; FONTOURA JR., A. História e Geografia. São Paulo: Ibep, 1996.
_____. A Natureza do Espaço: técnica e tempo, razão e emoção. 2. ed. São Paulo:
Hucitec, 1997.
223
O campo e a cidade
Gabarito
1. A tabela indica a concentração da terra produtiva no Brasil onde os menores
estabelecimentos ultrapassam 50% do total nacional de estabelecimentos,
mas ocupam uma área produtiva menor que 3%. Ao contrário, os grandes
estabelecimentos equivalem a 0,03 % do total de estabelecimentos grandes e
ocupam uma área de 15% do total.
224
O campo e a cidade
225
Atividades produtivas
Justificativa
As primeiras formas de produção do ser humano deram-se pelo Homo
habilis, o nosso ancestral humano. A partir da confecção de ferramentas
para a produção de suas necessidades, o ser humano foi transformando-se
em um artesão.
Objetivos
Reconhecer as atividades artesanais como fonte de organização das socie-
dades, por meio da realização de um trabalho prático.
Procedimentos metodológicos
Procedimentos
Esse trabalho consiste em organizar uma feira com o artesanato produzi-
do pelas crianças, na qual todos irão expor seus produtos e realizarão uma
atividade de trocas diretas ou por meio de moedas.
É nesse momento que entra o papel criativo do educador, pois ele po-
derá explorar toda a criatividade das crianças. Podem ser confeccionados
brinquedos, pinturas, escultura em massa ou argila, colagens, bijuterias,
decorações e outros.
228
Atividades produtivas
Ao final da feira, todos devem fazer uma reflexão sobre o que descobriram
de importante sobre o artesanato.
Procedimentos
Essa proposta de trabalho tem por finalidade a identificação das formas
de comércio nos diferentes povos do mundo.
Para organizar essa pesquisa, podem ser formados grupos de três crianças
e cada equipe escolherá um povo para pesquisar sobre a forma de co-
mércio que desenvolveram (egípcios, árabes, chineses, hindus, ocidentais,
americanos e outros).
229
Atividades produtivas
Procedimentos
Esse trabalho consiste em desafiar a criatividade das crianças para que
elas projetem um novo produto para ser vendido no mercado. Todas as
etapas, desde a sua idealização até a divulgação do produto, poderão ser
acompanhadas e auxiliarão na aprendizagem.
forma de comercialização.
Ao final da exposição, todos farão uma avaliação coletiva do que foi pro-
duzido.
Fontes de pesquisa
Revistas de circulação geral.
História da moeda.
Avaliação
As diferenças sociais e culturais são fundamentais para explicar as relações
de produção de consumo na sociedade. As atividades produtivas estão direta-
mente ligadas aos processos históricos. Por isso, é fundamental que o educador
tenha em mente que, ao explicar sobre um tipo de atividade produtiva, estará
construindo um olhar sobre a construção do espaço geográfico.
231
Atividades produtivas
Ainda como processo avaliativo poderão ser utilizados recursos que permi-
tam, em meio ao trabalho com as propostas anteriormente indicadas, explicar
a utilização de mão de obra barata dos trabalhadores e que ainda existe, em
alguns lugares, a exploração do trabalho infantil.
Texto complementar
A criança e o consumo
(DUARTE, 2009)
Sem dúvida, isso é preocupante, pois as pessoas que valorizam bem ma-
teriais em demasia tendem a ser infelizes e frustradas, uma vez que é im-
possível estar satisfeito ao conseguir a posse de um produto, pois a cada se-
232
Atividades produtivas
Por mais desumano que seja, há estudos que visam como ampliar as amo-
lações dos filhos. A saúde da criança nunca é levada em consideração. Para a
autora, os pais lutam sim pelo melhor de seus filhos, mas o problema é que
enquanto estão tentando estabelecer limites, os executivos do marketing
trabalham dia e noite para acabar com sua autoridade. Algumas empresas
defendem que os pais é que são os responsáveis pelo excessivo consumo
infantil, pois não têm tempo para os filhos[...] Mas Linn retruca afirmando
que isso não lhes dá o direito de tirar vantagem (lucro) em cima da vida das
crianças. E as corporações respondem: “Se é ético não sei, mas nosso papel é
promover produtos”.
No que se refere ao marketing dentro das escolas, apesar de não ser uma
realidade tão presente em nosso país, nos EUA é extremamente comum e
forte. A partir dos anos 1990 a publicidade nas escolas aumentou seriamen-
te nos EUA. Empresas patrocinam materiais educativos, porém não se jus-
tificam com base filosófica ou política, nem sugerem o que é bom para a
criança; para eles tudo se resume a dinheiro. O problema da propaganda nas
escolas é que há uma mensagem implícita aos alunos nos produtos anuncia-
dos nas escolas. E seja qual for o sentimento da criança em relação à escola,
ela irá acreditar que é bom pra ela, porque de qualquer forma a escola é vista
como o lugar do conhecimento verdadeiro.
Linn faz também uma crítica ao Channel One, um programa que transmite
notícias (muito superficiais) e durante os intervalos comerciais bombardeiam
aos alunos com propagandas. Um estudo concluiu que os espectadores do
programa concordam que dinheiro é tudo, um carro legal é mais importante
que escola e que pessoas ricas são mais felizes que as pobres. Uma outra crí-
233
Atividades produtivas
Dica de estudo
Assista ao documentário sobre publicidade, consumo e infância Criança, a
Alma do Negócio.
Por que meu filho sempre me pede um brinquedo novo? Por que minha filha
quer mais uma boneca se ela já tem uma caixa cheia de bonecas? Por que meu
filho acha que precisa de mais um tênis? Por que eu comprei maquiagem para
minha filha se ela só tem 5 anos? Esse documentário reflete sobre essas e outras
234
Atividades produtivas
Disponível em 5 partes:
Parte 1 <www.youtube.com/watch?v=dX-ND0G8PRU>.
Parte 2 <www.youtube.com/watch?v=UkcVM0Vcwd0>.
Parte 3 <www.youtube.com/watch?v=eq0gqEeaNL8>.
Parte 4 <www.youtube.com/watch?v=2d0DWuZsAfM>.
Parte 5 <www.youtube.com/watch?v=88v1i9BXTS8>.
Atividades
1. A ação do trabalho humano esteve diretamente ligada à construção dos mo-
dos de vida. Faça uma pesquisa sobre as formas de produção dos objetos de
uso e consumo pessoal. Seguem, a seguir, as formas de produção que você
deverá pesquisar.
a) Artesanato.
b) Manufatura.
c) Maquinofatura.
d) Robotização.
235
Atividades produtivas
3. Que relação você faz da expansão das relações comerciais que evoluíram du-
rante as grandes navegações mundiais, com o desenvolvimento econômico
e social do nosso país? Anote aqui suas conclusões e leia-as para o seu grupo
de estudos.
236
Atividades produtivas
Referências
DEL RIO, Vicente; OLIVEIRA, Lívia de. Percepção Ambiental: experiência brasilei-
ra. São Carlos: Editora da UFSCar/Studio Nobel, 1996.
LACOSTE, Y. A Geografia: isto serve, em primeiro lugar, para fazer a guerra. Cam-
pinas: Papirus, 1988.
MORENO, J. C.; FONTOURA JR., A. História e Geografia. São Paulo: Ibep, 1996.
_____. A Natureza do Espaço: técnica e tempo, razão e emoção. 2. ed. São Paulo:
Hucitec, 1997.
237
Atividades produtivas
Gabarito
1. Espera-se que a partir da identificação dos bens de consumo pessoal se pos-
sa classificá-los de acordo como as diferentes formas de produção e perceber
que de acordo com a opção de consumo estamos ativando processos diver-
sos da produção, como a exploração do trabalho, a degradação ambiental e
a concentração da terra e da renda.
238
Atividades produtivas
239
A cultura e os grupos sociais
Justificativa
Ao estudar sobre a cultura do povo brasileiro, busca-se que a crian-
ça amplie a sua noção de diversidade cultural, procurando compreender
de que forma as sociedades estruturam-se em suas diferentes formas de
manifestações.
O Brasil, pela história de formação do seu povo, possui uma das maio-
res diversidades culturais do mundo. Portanto, muitas tradições conserva-
ram-se e misturaram-se no interior e nos centros urbanos. Em todo o país,
festas populares, festas religiosas, folguedos e hábitos regionais são reali-
zados todos os anos e podem oferecer um universo de possibilidades de
relacionar a cultura nacional com a realidade do espaço vivido da criança.
A cultura e os grupos sociais
Objetivos
Resgatar, a partir de uma pesquisa, os elementos que formam o imaginá-
rio das crianças a respeito de lendas e contos do seu lugar.
Procedimentos metodológicos
Procedimentos
Essa proposta de trabalho busca compreender, a partir de histórias do lu-
gar da criança, a sua percepção dos aspectos culturais e sua interpretação
do imaginário popular.
242
A cultura e os grupos sociais
Procedimentos
Essa proposta envolve uma investigação sobre as diferentes festas popu-
lares que existem em nossa região e também em outras regiões do Brasil.
Assim, as crianças serão levadas ao universo das comunidades em suas
manifestações de identidades culturais.
243
A cultura e os grupos sociais
brincadeiras e jogos;
músicas e danças;
roupas e enfeites;
motivo principal.
A partir desse roteiro, podem ser estudadas outras festas do país, que ser-
virão para orientar a apresentação do trabalho.
Cada grupo fará a sua apresentação e, ao final, pode-se realizar uma ava-
liação coletiva.
Procedimentos
O trabalho com essa temática justifica-se pela sua abrangência na cultura
nacional. Desse baile participam milhões de pessoas em todo o país, o que
o torna mais interessante, porque em cada região do país essa festa adqui-
re características próprias e ressignificam-se os valores culturais locais.
244
A cultura e os grupos sociais
Essas músicas devem ser copiadas em fita K7 ou CD, pois servirão para
animar o baile na escola.
As letras das músicas serão também copiadas para serem analisadas nas
aulas.
Fontes de pesquisa
Livros de história da cidade.
Acervos culturais e documentos antigos.
Manuais de pintura e desenho.
Avaliação
A utilização da cultura como referência para o estudo da geografia dos luga-
res permite trabalhar com a criança, aproveitando o espírito de transcendência
e de subversão de valores que permeia o imaginário dos grupos sociais. A ex-
periência de contar e recontar os contos e lendas de cada lugar é o exercício da
cultura na sua cognição espacial.
As diferenças sociais e culturais são percebidas nas festas e tradições dos di-
ferentes povos. Ao diferenciar traços culturais de grupos, tais como indígenas,
negros e brancos, a criança inicia um processo de compreensão da diversidade
cultural de seu país.
245
A cultura e os grupos sociais
Texto complementar
Preâmbulo:
Ciente que o status da educação geográfica varia de nação à nação e que
nossa compreensão dos povos e de seu relacionamento com o meio am-
biente estão sendo influenciados pelo rápido desenvolvimento das tecno-
logias de comunicações e pelas mudanças das atitudes sociais, políticas e
econômicas em níveis locais, nacionais e internacionais; nós, participantes
do 29.º Congresso Geográfico realizado em Seul, Coreia do Sul, em agosto
de 2000, comprometemo-nos e nossa disciplina para realçar a habilidade de
todos os cidadãos na contribuição pela criação de um mundo justo, susten-
tável e agradável para todos, assim proclamamos:
246
A cultura e os grupos sociais
247
A cultura e os grupos sociais
248
A cultura e os grupos sociais
Dica de estudo
O blog do Ministério da Cultura <http://blogs.cultura.gov.br/diversidadecul-
tural> apresenta os principais documentos e ações em nível nacional da Con-
venção sobre a Proteção e a Promoção da Diversidade das Expressões Culturais,
adotada pela Assembleia Geral em outubro de 2005, e promulgada no Brasil pelo
Decreto-Lei 6.177, de agosto de 2007. O MinC vem desenvolvendo, por meio da
Secretaria da Identidade e da Diversidade Cultural, um trabalho de divulgação
da Convenção, para que seu conteúdo e seus objetivos sejam apreendidos por
toda a sociedade brasileira, e especialmente pelos gestores públicos e privados
de cultura.
Atividades
1. Leia o fragmento de texto abaixo e faça um comentário sobre a importância
do trabalho e da cultura para o desenvolvimento do ser humano.
Por ser uma atividade relacional, o trabalho, além de desenvolver as habilidades, permite que
a convivência não só facilite a aprendizagem e o aperfeiçoamento dos instrumentos, mas
também enriqueça a afetividade resultante do relacionamento humano: experimentando
emoções de expectativa, desejo, prazer, medo, inveja, o homem aprende a conhecer a natureza,
as pessoas e a si mesmo. A cultura é, portanto, um processo de autoliberação progressiva do
homem, o que o caracteriza como um ser de mutação, um ser de projeto que se faz à medida
que transcende a sua própria existência. (ARANHA; MARTINS, 1986, p. 5-6)
249
A cultura e os grupos sociais
Referências
CORNELL, Joseph. Brincar e Aprender com a Natureza: guia de atividades in-
fantis para pais e monitores. São Paulo. Melhoramentos, 1996.
DIAS, G. F. Educação Ambiental: princípios e práticas. 4. ed. São Paulo: Gaia, 1992.
IBGE. Anuário Estatístico do Brasil: 1980, 1988, 1990, 1994 e 1998. Rio de Ja-
neiro, 1998.
MORANDI, S.; GIL, I.C. O Espaço do Homem. São Paulo: Ceeteps/Cetec, 1999.
MORENO, J.C.; FONTOURA JR., A. História e Geografia. São Paulo: Ibep, 1996.
250
A cultura e os grupos sociais
Gabarito
1. Espera-se que os acadêmicos relacionem o trabalho à cultura, uma vez que
das relações da produção resultam não apenas bens e mercadorias, mas
também um conjunto de sentimentos humanos que são a base da autolibe-
ração progressiva do homem, produzindo a cultura. Ao mesmo tempo em
que produz socialmente a sociedade transcende a sua própria existência.
251
O espaço geográfico brasileiro
Justificativa
O conhecimento sobre a origem e a evolução do território brasileiro
deve ter seu início nas primeiras séries do ensino básico, pois a identida-
de da criança é diariamente associada com seu país e sua comunidade.
Vejamos o exemplo dos eventos esportivos internacionais, como as Olim-
píadas e a Copa do Mundo. Nesses, e em muitos outros momentos, cada
criança ressignifica sua percepção sobre o que é o Brasil.
Nesse sentido, cada lugar está, de algum modo, marcado pelo proces-
so histórico que orientou o desenvolvimento dos lugares. As cidades e as
regiões rurais são interligadas por uma cadeia de fluxos de objetos, infor-
mações e ideias. A aprendizagem sobre os aspectos geográficos do Brasil
pode contribuir para que a criança perceba esses fluxos no seu cotidiano.
O espaço geográfico brasileiro
Objetivos
Reconhecer, a partir da produção de representações, as principais paisa-
gens brasileiras.
Procedimentos metodológicos
Procedimentos
Esse tema permite o trabalho com a percepção das crianças, a partir da com-
paração das diferentes paisagens brasileiras com as paisagens de sua região,
permitindo que percebam as características naturais de seu ambiente.
254
O espaço geográfico brasileiro
cursos, tais como filmes sobre diferentes lugares do Brasil, para identifica-
ção das paisagens.
Produzir uma legenda para o mapa e indicar um título, lançar a escala, a fonte
e a indicação do norte. Assim, teremos o mapa das paisagens naturais.
Podem ser utilizadas várias formas de análises como descrição visual, pro-
dução textual, representações gráficas etc.
Procedimentos
A proposta dessa atividade resume-se na confecção de um quebra-cabeça
com as diferentes divisões regionais que o Brasil possui.
255
O espaço geográfico brasileiro
Aplica-se uma camada de cola sobre toda a superfície para que se torne
mais resistente. Recortam-se, com cuidado, todas a regiões dos dois ma-
pas. Pronto, está feito o quebra-cabeça.
Para montá-lo, podem-se utilizar várias dinâmicas, por exemplo: cada alu-
no irá pesquisar alguma curiosidade de uma região e expor para a turma.
No dia da montagem, faz-se um sorteio e cada um coloca a sua peça de-
pois de apresentar sua pesquisa.
Jogos de perguntas e respostas entre equipes, para ver quem fica por últi-
mo para colocar a sua região no quebra-cabeça.
Procedimentos
Esse trabalho consiste em realizar um festival musical com a turma, a partir
de uma pesquisa sobre estilos musicais das cinco regiões brasileiras.
A turma será dividida em cinco grupos, sendo que cada equipe desenvol-
verá uma pesquisa sobre os tipos musicais de uma região e escolherá duas
músicas e suas respectivas letras. As músicas devem ser gravadas em fitas
ou CDs e, juntamente com a letra, serão apresentadas na escola.
O educador deve orientar para que as letras das músicas contenham in-
formações sobre os aspectos históricos, os costumes, as paisagens e os
conflitos vividos pelos povos em sua região.
256
O espaço geográfico brasileiro
Fontes de pesquisa
Atlas do Brasil.
Avaliação
O ensino da geografia do Brasil assume um caráter dinâmico na medida em
que o educador promove situações de ensino-aprendizagem que correspondam
aos interesses dos educandos. Interesses que são estimulados pela sensibiliza-
ção aos conteúdos de Geografia. A natureza e a cultura do Brasil são, sem dúvida,
as principais dimensões que atraem o interesse das crianças.
257
O espaço geográfico brasileiro
Texto complementar
[...]
258
O espaço geográfico brasileiro
[...]
Dica de estudo
A página eletrônica Brasil em Síntese <www.ibge.gov.br/brasil_em_sintese/
default.htm> é disponibilizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatís-
tica (IBGE). Apresenta diversas informações sobre o território brasileiro (dados
geográficos, unidades de conservação, divisão política, densidade demográfica)
além de vários temas da geografia como: população, educação, trabalho, habi-
tação, agropecuária, indústria, comércio e serviços.
259
O espaço geográfico brasileiro
Atividades
1. Realize uma pesquisa sobre as principais características humanas e naturais
destas três regiões indicadas abaixo.
a) Amazônia:
b) Nordeste:
c) Centro-Sul:
260
O espaço geográfico brasileiro
2. Agora que você já desenvolveu um olhar sobre essas regiões, faça uma com-
paração entre a divisão da questão 1 e a divisão regional utilizada pelo IBGE –
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (Norte, Nordeste, Centro-Oeste,
Sudeste, Sul). Registre suas conclusões e leve-as para seu grupo de estudos.
Referências
CAPRA, F. A Teia da Vida: uma nova compreensão científica dos sistemas vivos.
São Paulo: Cultrix, 1996.
IBGE. Anuário Estatístico do Brasil: 1980, 1988, 1990, 1994 e 1998. Rio de Ja-
neiro, 1998.
261
O espaço geográfico brasileiro
MORENO, J. C.; FONTOURA JR., A. História e Geografia. São Paulo: Ibep, 1996.
_____. A Natureza do Espaço: técnica e tempo, razão e emoção. 2. ed. São Paulo:
Hucitec, 1997.
262
O espaço geográfico brasileiro
Gabarito
1. Amazônia: também conhecida como Complexo Regional Amazônico, com-
preende quase todos os estados da região Norte, grande parte do Mato
Grosso e parte do Maranhão. Apresenta uma área de aproximadamente 5,1
milhões de km², mais de 60% do território do país. É a região geoconômica
menos populosa do país, com populações tradicionais e algumas cidades
urbanizadas.
263
O espaço geográfico mundial
Justificativa
Uma importante contribuição do educador é a organização do pensa-
mento a partir do conhecimento informal, da cultura que a criança adqui-
re fora do ambiente escolar, pois ela atua como sujeito de uma sociedade.
Considerando esse papel ativo da criança, o educador deve estar alerta
para que o conhecimento que ela traz acerca do mundo seja tomado
como ponto de partida para o conhecimento e a formação dos conceitos.
Objetivos
Produzir um mapa dos principais ecossistemas planetários e desenvolver
uma análise sobre suas principais características.
Procedimentos metodológicos
Procedimentos
Essa proposta de trabalho pretende construir uma ampliação do mapa-
-múndi e a cartografação dos grandes biomas terrestres. A partir da re-
presentação dos biomas, as crianças serão capazes de desenvolver sua
percepção sobre as características de cada bioma e compará-las com a
paisagem natural do espaço regional da criança.
Será produzida uma legenda para o mapa mundial dos biomas e cada
equipe irá apresentar sua pesquisa.
Procedimentos
Essa proposta busca despertar nas crianças o interesse pelos temas atu-
ais do mundo, desenvolvendo o senso crítico em relação aos organismos
internacionais de poder político e econômico. Por meio da simulação de
uma reunião da Organização das Nações Unidas (ONU).
267
O espaço geográfico mundial
A reunião poderá durar vários dias, se for necessário, e deverá apontar so-
luções para cada assunto escolhido. Só serão aprovadas decisões da as-
sembleia com mais de 50% de votos dos países.
Procedimentos
Esse trabalho consiste em organizar uma pesquisa sobre os principais
pratos originários dos diversos países do mundo. Com base nesse estudo,
podem ser realizadas reflexões sobre a origem e o desenvolvimento das
culturas e da produção de cada um desses países.
268
O espaço geográfico mundial
Fontes de pesquisa
Guias turísticos internacionais.
Atlas mundial.
Guias de alimentos e de saúde alimentar.
Livros de História e Geografia mundiais.
Avaliação
O processo de avaliação sobre os temas da geografia mundial deve privilegiar
o conhecimento abstrato do aluno, pois se trata de temas que estão fora do seu
âmbito espacial. O ensino dos temas internacionais deve ser relacionado com os
temas de seu espaço vivido para que ele tenha os parâmetros necessários para
compreender o conteúdo apresentado pelo educador.
Texto complementar
[...]
270
O espaço geográfico mundial
O espaço geográfico não deve ser visto como simples resultado de uma
interação entre o homem e a natureza, nem sequer como uma “mistura” da
sociedade e o meio ambiente.
271
O espaço geográfico mundial
Enfim,
Os objetos são tudo o que existe na superfície da Terra, toda herança da história natural
e todo o resultado da ação humana que se objetivou. Os objetos são extensos, essa
objetividade, isso que se cria fora do homem e se torna instrumento material de sua vida,
em ambos os casos uma exterioridade “. (SANTOS, 1997, p. 59)
272
O espaço geográfico mundial
Objetos não agem, mas, sobretudo no período histórico atual, podem nascer predestinados
a um certo tipo de ações, a cuja plena eficácia se tornam indispensáveis [sic]. São as
ações que, em última análise, definem os objetos, dando-lhes um sentido. Mas hoje, os
objetos “valorizam” diferentemente as ações em virtude de seu conteúdo técnico. Assim,
considerar as ações separadamente ou os objetos separadamente, não dá conta da sua
realidade histórica. Uma geografia social deve encarar, de modo uno, isto é, não separado,
objetos e ações, “agindo” em concerto. (SANTOS, 1997, p. 70)
O espaço deve ser concebido como um fator e não como causa, pois ele
“testemunha a realização da história, sendo ao mesmo tempo, passado pre-
sente e futuro”. (SANTOS, 1997, p. 124)
Isso nos remete a uma discussão realizada por Carlos, na qual essa autora
ressalta que
O espaço geográfico é produto, condição e meio para a reprodução das relações sociais
no sentido amplo de reprodução da sociedade, num determinado momento histórico –
um processo que se define como social e histórico; o que significa que há uma relação
necessária entre espaço e sociedade. (CARLOS, 2001, p. 65)
[...]
273
O espaço geográfico mundial
Dica de estudo
O portal Apolo 11 <www.apolo11.com> apresenta informações e educação
científica, divulgação de organizações ligadas às atividades espaciais, como ima-
gens de satélite e GPS. Divulga campanhas relacionadas a rastreio de automó-
veis, cartografia, turismo, energia solar e energias alternativas. Nele se encontram
diversos temas da geografia mundial como: meteorologia, furacões, terremotos,
fenômenos naturais, astronomia, astronáutica, tecnologia espacial, ciências em
geral, geografia e artigos educacionais.
Atividades
1. Realize uma pesquisa sobre as diferenças climáticas que ocorrem no planeta
Terra. O que explica a existência de calotas polares nos polos terrestres e
faixas tropicais, subtropicais e equatoriais?
274
O espaço geográfico mundial
275
O espaço geográfico mundial
Referências
ANDRÉ, Y. Ensinar as Representações Espaciais. Paris: Anthropos-Economica,
1998.
MORAES, A. C. R. Geografia: pequena história crítica. 15. ed. São Paulo: Hucitec,
1997.
MORENO, J. C.; FONTOURA JR., A. História e Geografia. São Paulo: Ibep, 1996.
_____. A Natureza do Espaço: técnica e tempo, razão e emoção. 2. ed. São Paulo:
Hucitec, 1997.
276
O espaço geográfico mundial
Gabarito
1. Espera-se que o acadêmico identifique as zonas climáticas do Planeta Terra,
explicando as diferenças a partir de seus conhecimentos sobre a posição dos
continentes e oceanos, os gradientes de radiação solar, a circulação de ar e
a água na atmosfera, a esfericidade terrestre, os movimentos do planeta no
sistema solar e outras reflexões sobre as dinâmicas naturais.
277
Anotações
e Práticos do Ensino de Geografia
Fundamentos
Teóricos e Práticos
Fundamentos
Teóricos e Práticos
do Ensino de Geografia
do Ensino de Geografia Paulo César Medeiros
Fundamentos Teóricos
788538 708933