Você está na página 1de 8

Educação Literária

Antero de Quental

- Temas:

Configurações do Ideal Angústia existencial


- Desejo do Absoluto (é uma - Inquietação espiritual e
representação criada pelo sujeito desassossego (O reconhecimento da
poético para dar forma ao que fragilidade do poeta enquanto ser
deseja alcançar e também o que humano leva a sentir-se
necessita para superar a angústia e desalentado, desencantado e
a tristeza provocadas pela realidade. frustrado, entregando-se a uma
Ele procura a perfeição); profunda inquietação espiritual);
- Anseio pelo Ideal (Este ideal pode - Reflexão metafísica atormentada
corresponder a sentimentos ou ( estes sonetos refletem relacionar-
valores que equivalem ao potencial se com o tom pessimista de muitas
da razão humana. Este ideal em das composições, que evidenciam a
alguns poemas surge ligado à figura procura incessante de um sentido
de Deus e ao universo religioso); para a existência);
- Procura de um sentimento para a - Angústia, dor, morbidez e cansaço;
existência humana (O ideal torna-se - Procura de um sentido para a
presente que permite a expressão de existência humana;
uma atitude ativa e interventiva na - Insatisfação perante o real (como
qual os homens participam na forma de libertação do sofrimento
construção de um futuro mais feliz); causado pela realidade, o sujeito
- Crença na luta por uma sociedade poético encontra conforto na noite e
melhor; na morte, este chega mesmo a
- Atitude ativa e interventiva; dirigir-se como destinatárias das
- Racionalidade otimista; suas palavras);
- Imaginação e sonho; - Consciência dos limites da
- Busca da perfeição e da plenitude condição humana;
das realizações do “eu”, sendo estes -Pessimismo, desencanto e
imaginárias ou reais); frustração;
Interiorização reflexiva;
Atitude passiva e contemplativa;
Anseio pela noite e pela morte;
- Linguagem, estilo e estrutura:

- Soneto:
É uma forma poética fixa, que é constituída por 2 quadras e
2 tercetos tendo estes versos decassilábicos. A rima é interpolada
e emparelhada nas quadras e com combinações mais variáveis
nos tercetos.
Na organização formal ocorre uma coerência intrínseca na
qual desenvolve o tema, e uma estrutura interna marcada pela
existência de uma conclusão expressiva que ocorre geralmente no
último terceto.
A parte mais válida da poesia anteriana está na forma
clássica do soneto. Este soneto expressa a unidade a nível de
conteúdo, ou seja uma só ideia desenvolvida em partes e
resumida num final;
A simplicidade está presente neste soneto a partir da forma
dada pelas quadras e pelos tercetos sendo que esta é mantida
muito rigorosa entre si. O soneto para além de disto tudo será
também um molde de um lugar onde um sentido fica preso e
gravado para sempre.

- Discurso conceptual:
É um discurso em que se explora uma ideia ou um conceito
na qual é conferido um valor particular através da referência com letra
maiúscula ou personificado. Antero de Quental utiliza uma breve
reflexão filosófica, sendo esta desenvolvida no soneto de acordo com a
estrutura externa e interna.
Por vezes é utilizada a alegoria, sendo esta também
frequente a exploração de uma arquitetura narrativa e a inclusão
de pequenos diálogos.
- Esquema síntese:

- Inquietação espiritual e desassossego;


- Insatisfação perante o real;
- Desencanto, angústia, dor, morbidez,
frustração e cansaço;
Angústia existencial - Interiorização reflexiva;
- Incessante procura de um sentido para a
existência;
- Desilusão e incredulidade face à luta

Refúgio no sonho e na
transcendência religiosa
Configurações do Ideal

Perfeição e plenitude das


realizações (imaginárias e
reais) do “eu”
Cesário Verde
- Foi escrito por Cesário;
- Demonstra uma inspiração no modernismo. Tem uma visão
realista e objetiva do real e faz referência ao quotidiano, é de
salientar que Cesário demonstra empatia com os excluídos da
sociedade.

- “O sentimento dum ocidental”

-Viagem pela cidade e descrença nas capacidades


humanas;
- É um poema longo têm 44 quadras, distribuídas em quatro
partes tendo cada uma delas 11 estrofes;
- Tem uma estrutura narrativa seguindo uma progressão
cronológica, integrando pequenos episódios ilustrativos do
ambiente da capital;
- Cesário faz uma alusão a Camões e a Os Lusíadas, sendo
estes símbolos de um passado glorioso;
- Temos presente neste poema uma subversão da memória
épica:
- Quando o Poeta-cantor da realidade do seu tempo:
presente na visão antiépica da cidade onde “a Dor humana busca
os amplos horizontes”, em contraste com o espírito épico de
Camões e recordando as notações disfóricas das críticas e
conselhos aos portugueses mas reflexões do poeta em Os
Lusiadas;
- A viagem pelas “marés, de fel” da cidade, opondo o
“sinistro mar” do século XIX aos “mares nunca dantes navegados”
invocados também em Os Lusiadas;
- As personagens representam os contrastes sociais e
os “heróis” desfavorecidos- intenção crítica e depreciativa face À
atualidade;
- Existem também uma denúncia da realidade
decadente e antiépica do final do século XIX;
- Para além disso, existe o desfasamento entre a
realidade desejada (imaginário épico camoniano) e a realidade
efetiva;

- Linguagem, estilo e estrutura:

- Apresenta uma regularidade estrófica e métrica, com


preferência pelos versos longos /decassílabos e
alexandrinos);
- O seu vocabulário é simples, concreto e objetivo;
- O sensorialismo da linguagem utilizada nesta obra é
usada na representação das sensações provocada
pelo real;
- Usa também adjetivos e advérbios (antepondo, por
vezes, as impressões que a realidade lhe provoca)
- Representação da cidade e dos tipos sociais:

- A cidade era o lugar de inspiração do poeta;


- A representação da cidade era vista como opressora
e destrutiva, já o campo era a representação da
vitalidade e o amor.
- Traz-nos uma nova imagem da mulher: do povo,
trabalhadora que sofre e está doente vs mulher
sedutora e bela; mulher fria e distante; a mulher pura.
- Povo- produtividade;
- Burguesia- ociosidade;
- Marginais- degradação moral e social.

- Perceção sensorial e transfiguração poética do real:

- Neste poema está presente a recriação do real através


\da representação das diferentes sensações e das
impressões provocada pelo meio envolvente
(influência impressionista);
- A descrição objetiva da realidade como ponto de
partida para “fugas imaginativas”;
- Presença e intervenção da imaginação
transfiguradora;
- Conjunção da visão objetiva do exterior com a
transformação subjetiva interior.
- Deambulação e imaginação: o observador acidental:
- O carácter deambulatório: o percurso pela cidade
como momento de análise e de interrogação do “eu”
(dimensão lírica e narrativa da poesia)
- O real e o quotidiano como fonte de inspiração: a
poética de cariz realista;
- A observação objetiva como ponto de partida para a
poetização;

- Análises dos poemas:

- “Ave Marias”: Corresponde às estrofes em que se descreve


a cidade de Lisboa ao entardecer, À hora do toque para a
oração vespertina das ave-marias, no momento em que o
sujeito poético se cruza com diversos trabalhadores, no
regresso de mais um dia de trabalho;

- “Noite Fechada”: Apresenta a capital ao início da noite


quando começam a notar-se as primeiras luzes;

- “Ao Gás”: Remete para as realidades entrevistas sob a luz


dos candeeiros, já na escuridão da cidade;

- “Horas Mortas”: Encerra o poema com a representaç7ao


dos espaços e das figuras que povoam a capital durante a
madrugada.

Você também pode gostar