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Universidade de Lisboa – Faculdade de Motricidade Humana

Licenciatura de Reabilitação Psicomotora – 3º Ano, 1º Semestre


Intervenção Psicomotora II | Ano Letivo 2023-2024 | L3RPM1
Docente: Flávia Yázigi
Discentes: Carlota Rodrigues (25975); Catarina Silva (26160);
Mariana Valério (26022); Pedro Valente (26017)

MÉTODO WATSU

Introdução

No âmbito da unidade curricular de Intervenção Psicomotora II, mais


concretamente no Módulo A: Psicomotricidade em Meio Aquático, lecionada
pela Docente Flávia Yázigi, no 1º semestre do 3º ano da Licenciatura de
Reabilitação Psicomotora, da Faculdade de Motricidade Humana pertencente à
Universidade de Lisboa, foi-nos solicitado, em grupo, a elaboração de um
trabalho escrito acerca de uma das técnicas de relaxamento em meio aquático,
tendo sido escolhido por nós a técnica Watsu.

O Método Watsu, proveniente do Zen-Shiatsu, é caracterizado como


uma técnica de relaxação através do alongamento e da movimentação do
corpo, em meio aquático, de forma lenta e calma (Cunha et al.,1998; Veldema
& Jansen, 2021; Schitter et al., 2020). Desta forma, o terapeuta manuseia o
paciente com as mãos, braços, ombro e antebraço, com o intuito de
proporcionar uma menor sensação de stress e dor (Cunha et al.,1998; Veldema
& Jansen, 2021; Schitter et al., 2020). Caso haja uma má aplicação deste
método, este pode provocar problemas a nível das articulações e dos músculos
no paciente (Cunha et al.,1998; Veldema & Jansen, 2021; Schitter et al., 2020).

Desta forma, ao longo do trabalho serão apresentados a história e os


princípios fundamentais do Método Watsu, baseado em artigos científicos,
assim como um exemplo de uma sequência lógica de exercícios para uma
sessão e por fim as referências bibliográficas.

História

No ano de 1928, Water Blount divulgou que alguns exercícios realizados


na água podiam ser efetuados, inicialmente, com a utilização de um tanque que
continha um motor que ejetava jatos de água (Cunha et al., 1998). Desta forma,
posteriormente, foi desenvolvida a técnica designada de Watsu, por Harold Dull

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Licenciatura de Reabilitação Psicomotora – 3º Ano, 1º Semestre
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Docente: Flávia Yázigi
Discentes: Carlota Rodrigues (25975); Catarina Silva (26160);
Mariana Valério (26022); Pedro Valente (26017)

(Cunha et al., 1998). A palavra Watsu tem a sua origem na junção de duas
palavras, sendo elas “water” e “shiatsu” (Sobreira et al., 2020). Desta forma,
por volta do início dos anos 80, Harold Dull baseou-se nos seus conhecimentos
em Zen-Shiatsu e adaptou esta técnica ao meio aquático (Sobreira et al.,
2020). Iniciou o seu trabalho nesta vertente nas piscinas de água quente de
Harbin Hot Sprins, na Califórnia (Sobreira et al., 2020).

A técnica Shiatsu é caracterizada por ser um tipo de massagem


japonesa, onde o seu nome deriva da ligação da palavra “shi” (dedo) e “atsu”
(pressão) (Eberhardt et al., 2015). Assim, o Zen-Shiatsu tem por base a prática
do Shiatsu, no qual é definida como a aplicação de pressão nos dedos,
também como da palma da mão, nos meridianos principais do corpo (Eberhardt
et al., 2015). Assim, este é um método que envolve o corpo de forma profunda,
contudo de modo suave (Sobreira et al., 2020). Com este tipo de aplicação é
gerado um centro de energia, trabalhando-se, por isso, com alongamentos
(Sobreira et al., 2020).

Já o Watsu, ao ser realizado em meio aquático, permite uma maior


manipulação terapêutica, bem como a realização de transições nos
movimentos (Sobreira et al., 2020). No entanto, antes de se iniciar esta técnica
é necessário que o indivíduo com quem se vai efetuar o trabalho esteja
confortável naquele meio, sobretudo numa posição de decúbito dorsal
(Sobreira et al., 2020).

Princípios e Fundamentos

No ano de 1980, Harold Dull, tendo como base os métodos da técnica


zen shiatsu, pode-se afirmar que houve a implementação dos mesmos dentro
de água, elaborando-se, portanto, a técnica de hidroterapia Watsu (Cunha et
al.,1998).

Esta nova técnica elaborada pelo Harold Dull, teve como princípios os
alongamentos, a relaxação e a movimentação lenta e calma dos membros e do
corpo de forma passiva pelo cliente no meio aquático, proporcionando uma
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Mariana Valério (26022); Pedro Valente (26017)

sensação de bem-estar holístico, desde o estiramento dos músculos a rotação


do corpo, a mobilização articular, até ao bem-estar mental da pessoa (Cunha et
al.,1998; Veldema & Jansen, 2021; Schitter et al., 2020).

Na técnica Watsu, as pessoas permanecem num ambiente aquático


aquecido, em torno dos 35 graus, o que possibilita uma sensação da perda de
stress e dor, permitindo assim um estado de redução de stress e rigidez tónica
e muscular (Schitter et al., 2020).

Neste método, as pessoas mantêm-se num estado de flutuação, no


qual, o terapeuta ajuda o cliente a relaxar através dos alongamentos e da
manipulação dos membros e do corpo, mediado pelas mãos, braços, ombro e
antebraço do terapeuta (Cunha et al.,1998; Veldema & Jansen, 2021; Schitter
et al., 2020). No decorrer da sessão há a promoção de uma sensação de
liberdade e segurança destinada ao cliente, o que permite que este se
mantenha confortável, possibilitando a existência de uma mobilidade passiva
pelo terapeuta através de movimentos sequencializados, lentos e calmos
(Cunha et al.,1998; Veldema & Jansen, 2021; Schitter et al., 2020).

A execução deste método deverá ser exercida com cuidado, pois se os


alongamentos forem realizados de forma errada, pode ter consequências
negativas nas articulações e músculos do cliente, bem como aumento da
sensação de ansiedade e de dor por parte dos movimentos ou técnicas mal
exercidas (Cunha et al.,1998; Veldema & Jansen, 2021; Schitter et al., 2020). A
utilização desta técnica apresenta uma elevada taxa de sucesso em pessoas
com mobilidade reduzida e com uma elevada tensão muscular (Cunha et
al.,1998; Veldema & Jansen, 2021; Schitter et al., 2020).

Exercícios Padrão da Técnica de Watsu


Os exercícios apresentados nesta técnica são amplos e diversificados,
sendo que um exercício pode apresentar variações. Por esta razão
apresentamos os exercícios segundo uma sequência, cujo maior objetivo é a
libertação do corpo, nomeadamente a cabeça e bacia.

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Discentes: Carlota Rodrigues (25975); Catarina Silva (26160);
Mariana Valério (26022); Pedro Valente (26017)

Exercício 1 - Iniciação
Segundo demonstrado por Center (2013), o utente começa esta técnica
num espaço da piscina, estando inicialmente em pé e, posteriormente, vai
baixando o corpo, de modo a colocar-se na posição agachado, ficando com o
queixo ao nível da água. De seguida, o terapeuta entra em contacto com o
utente indo buscar os braços do mesmo, através dos antebraços com
delicadeza, trazendo-os para a sua frente. Caso o utente se sinta confortável,
pode fechar os olhos (Center, 2013).
Quando o terapeuta começa a sentir que o utente está a ficar mais
relaxado e confortável, vai passando um dos braços para o lado, posicionando-
se lateralmente sem nunca perder o contacto com o este (Center, 2013).
Assim, este braço é colocado de forma a ter uma maior liberdade de
movimento (Center, 2013).
O terapeuta coloca, de seguida, o seu braço, que está mais próximo da
cabeça do utente, por debaixo da sua zona cervical (Center, 2013). A outra
mão vai ser posta ao nível da zona do sacro, com o braço em pronação
(Center, 2013).
Na nossa aplicação realizámos uma adaptação de colocar o braço em
supinação, devido a não termos formação nesta técnica e, por isso, ser mais
fácil para a realização dos exercícios. Esta posição é tomada por Ponto de
Equilíbrio (PE) que irá servir de base a alguns exercícios aqui descritos (Dull,
2004).
Figura 1. Técnica de relaxação inicial retirado de (Center, 2013)

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Exercício 2 - “Water Breath Dance”


Este exercício inicia-se quando o terapeuta sentir o peso dos braços que
se encontram no PE a diminuir (sinal indicativo da inspiração do parceiro),
devendo realizar também a inspiração profunda, de modo a deixar o seu corpo
flutuar na água, causando a flutuação do PE e da cabeça do utente (Dull,
2004). Ao se sentir pronto, o terapeuta deve realizar a expiração mais
profunda, levando a que o seu corpo se afunde, sem nunca deixar o utente
ficar totalmente submerso (Dull, 2004).
Figura 2. Water Breath Dance retirado de (International School of Watsu, 2008)

Exercício 3 - “Free Spine”


Para este exercício é necessário partir da posição básica (pés paralelos
aos ombros e braços colocados nos pontos anteriormente falados) (Dull, 2004).
O terapeuta realiza uma extensão alternada dos braços colocados no PE, em
simultâneo com a sua expiração e ao inspirar recolhe os braços (Dull, 2004).
Sem alterar o ritmo estabelecido e, após algumas repetições do movimento, a
amplitude deste deve ser gradualmente reduzida até chegar ao ponto da
imperceptibilidade (Dull, 2004).
Figura 3. Free Spine retirado de (International School of Watsu, 2008)

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Exercício 4 - “Accordion”
Na realização deste exercício os joelhos e a cabeça do utente devem
encontrar-se apoiados pelos braços do terapeuta (Dull, 2004). Quando este
denota uma inspiração por parte de outrem deve abrir ligeiramente os seus
braços (Dull, 2004). No momento da expiração o instrutor deve fechar os seus
braços afundando os quadris do utente, mantendo a cabeça levantada (Dull,
2004). A cada inspiração o terapeuta deve aumentar a amplitude entre os seus
braços e na expiração deve afundar mais os quadris com o máximo de cuidado
possível, pois deve-se ter em conta os limites do utente (Dull, 2004).
Figura 4. Accordion retirado de (International School of Watsu, 2008)

Exercício 4.A - “Spiral Accordion”


Este exercício requer a técnica anteriormente falada como ponto de
partida (International School of Watsu, 2008). Quando o terapeuta realizar a
abertura dos braços, deve puxar o utente para si e ao fechar deve direcionar
este para a frente, nunca quebrando o contacto entre os corpos (International
School of Watsu, 2008). Ao executar este exercício é necessária uma maior
amplitude de abertura dos braços (International School of Watsu, 2008).
Figura 5. Spiral Accordion retirado de (International School of Watsu, 2008)

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Exercício 5 - “One Leg Offering”


Neste exercício o terapeuta deve apoiar a zona cervical do utente com
um braço enquanto que com o outro, em supinação, apoia o joelho da perna
mais próxima (International School of Watsu, 2008). De seguida, o utente é
movimentado para a frente e para trás de forma a não submergir a cabeça
deste (International School of Watsu, 2008).
Figura 6. One Leg Offering retirado de (International School of Watsu, 2008)

Exercício 5.A - “One Leg Offering Rotation”


Este exercício é o seguimento do anterior, porém o terapeuta ao
direcionar o utente para a frente coloca a perna mais próxima de si por cima da
outra, fazendo com que este fique numa posição lateral (Center, 2013).
Figura 7. One Leg Offering Rotation retirado de (International School of Watsu, 2008)

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Exercício 6 - “Two Leg Offering”


Para este exercício o terapeuta deve apoiar a zona cervical e os dois
joelhos do utente com os seus braços, tendo sempre atenção à flutuação da
cabeça do utente (International School of Watsu, 2008). De seguida, este é
direcionado ou para a frente e para trás ou então para os lados (International
School of Watsu, 2008).
Figura 8. Two Leg Offering retirado de (International School of Watsu, 2008)

Exercício 7- “Back to wall”


No exercício final da sequência, o terapeuta, com uma mão posicionada
na zona cervical e outra na zona dos joelhos, vai gentilmente deslocar-se para
perto da parede da piscina (Center, 2013). De seguida, coloca o paciente numa
posição vertical, fazendo com que as suas costas sejam encostadas à parede,
ao mesmo tempo que um dos braços, ainda na zona cervical de forma a dar
suporte (Center, 2013). Os joelhos são baixos de forma lenta e suave fazendo
com que o utente toque com os pés no chão, podendo ser usado os joelhos do
terapeuta para dar apoio (Center, 2013). De seguida, colocamos a palma da
mão na testa do utente e quando o terapeuta sentir que este se encontra
pronto, é removida a mão e deixamos que o utente, se assim o quiser, continue
naquela posição (Center, 2013).
Figura 9. Back to Wall retirado de (Center, 2013)

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Referências:

1. Center, O. W.(2013). Watsu 1 Sequence (2013 new version) with Toru


Ogasawara. Youtube. httpswww.youtube.com/watch?v=jSKxk6jHcv4
2. Cunha, M. C. B., Labronici, R. H. D. D., Oliveira, A. de S. B., e Gabbai,
A. A. (1998). Hidroterapia. Revista Neurociências, 6(3), 126-130.
https://doi.org/10.34024/rnc.1998.v6.10326
3. Dull, H. (2004). Watsu: Freeing the Body In Water, 2, 22-24. Trafford
Publishing. https://books.google.pt/books?
id=STwPZn0A24oC&dq=watsu&lr=&hl=pt-PT&source=gbs_navlinks_s
4. Eberhardt, T. D., Hofstätter, L. M., Lopes, S. M. S., Silva, E. A. A. da,
Ceranto, D. de C. F. B., e Nicola, A. L. (2015). Comparação analgésica
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profissionais de enfermagem. Revista Enfermagem UERJ, 23(3), 324–
330. https://doi.org/10.12957/reuerj.2015.9616
5. International School of Watsu. (2008). A Watsu Basic sequence - part 1.
YouTube. https://www.youtube.com/watch?v=58ya3qtSyMY
6. International School of Watsu. (2008). A Watsu Basic sequence - part 2.
YouTube. https://www.youtube.com/watch?v=3mJoIDate1M
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hydrotherapy WATSU (WaterShiatsu)-A systematic review and meta-

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Docente: Flávia Yázigi
Discentes: Carlota Rodrigues (25975); Catarina Silva (26160);
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analysis. PloS one, 15(3), e0229705.


https://doi.org/10.1371/journal.pone.0229705
8. Sobreira, I. L., Valle, I. M. R., Lourenço, L. L., e Carvalho, R. G. S.
(2021). Evidências do Watsu no Contexto das Práticas Integrativas e
Complementares em Saúde. Práticas Integrativas Complementares:
Visão Holística e Multidisciplinar, 11, 143-153. 10.37885/201202409
9. Veldema, J., & Jansen, P. (2021). Aquatic therapy in stroke
rehabilitation: systematic review and meta-analysis. Acta neurologica
Scandinavica, 143(3), 221–241. https://doi.org/10.1111/ane.13371

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