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Livro 1

PARREIRA, Patrícia; BARATELLA, Thaís V. Fisioterapia Aquática: Editora Manole, 2011. E-


book. ISBN 9788520452387. Disponível em:
https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788520452387/. Acesso em: 24 mai.
2023.

Condutas terapêuticas na piscina, os imensos benefícios do equilíbrio, do fortalecimento, da


propriocepção e, pelo emprego de diversos exercícios, o retorno às atividades da vida
diária, de forma mais rápida e agradável.
https://integrada.minhabiblioteca.com.br/reader/books/9788520452387/pageid/18

O termo propriocepção foi pela primeira vez utilizado por Sherrington em


1906 e se origina do latim propius = própria e (re)ceptus = o ato de receber. A
propriocepção pode ser dividida em cinestesia (percepção do movimento) e senso de
posição articular. Os responsáveis pela captação e transmissão da informação
proprioceptiva são os mecanorreceptores, que podem ser encontrados na cápsula articular,
no retináculo, nos ligamentos, na pele, nos músculos e nos tendões. Dentre eles, podem-se
citar corpúsculos de Pacini, órgãos tendinosos de Golgi, fusos musculares, terminações
nervosas de Ruffini e terminações nervosas livres.

As informações derivadas dos mecanorreceptores são processadas em três níveis:


medular, responsável pela estabilização dinâmica da musculatura; cerebelar, responsável
pelo equilíbrio e postura; e cortical, responsável pela contração voluntária. Qualquer déficit
na chegada (aferência), no processamento ou no comando (eferência) pode resultar em
posturas inadequadas ou desequilíbrios, podendo ser fatores causais de disfunção.

https://integrada.minhabiblioteca.com.br/reader/books/9788520452387/pageid/261

Exercícios realizados no ambiente aquático têm sido recomendados principalmente na fase


inicial da reabilitação, por permitirem precoce mobilização ativa e por melhorarem a função
neuromuscular. O treinamento aquático pode prover um meio ideal para conseguir esses
objetivos, graças aos efeitos positivos e às propriedades físicas da água no corpo humano,
como diminuição da dor, aumento da amplitude de movimento, flexibilidade, restauração
precoce da mobilidade articular, redução do edema e aumento do aporte sanguíneo para os
músculos. A pressão hidrostática auxilia na diminuição da descarga de peso sobre os
membros inferiores e na resolução de edemas. Considera-se que uma das principais
vantagens da piscina terapêutica é a redução das forças na sustentação do peso. A força
de flutuação também pode auxiliar a facilitar o deslocamento de todo o
corpo, como, por exemplo, durante a marcha, que, em compensação à viscosidade,
provoca resistência ao deslocamento. O movimento em meio aquoso é dependente da
forma do corpo ao se deslocar na água e da velocidade, podendo ser modificado de
inúmeras maneiras e criando as mais diversas situações terapêuticas. A força de arrasto
pode ser utilizada para facilitar os movimentos, tanto do paciente quanto do terapeuta. Uma
vez que o paciente esteja posicionado atrás do terapeuta, o movimento de resistência será
vencido pelo terapeuta e facilitado para o paciente.

Provocar desequilíbrios auxilia o paciente a obter maior controle terapêutico,


que varia a normalização de amplitudes de movimento, a força e o tônus muscular, a
melhora no condicionamento físico e a deambulação. A forma de execução do movimento
está relacionada ao objetivo a ser atingido.
https://integrada.minhabiblioteca.com.br/reader/books/9788520452387/pageid/264

O desenvolvimento ou o restabelecimento da propriocepção, da cinestesia e do


controle neuromuscular do indivíduo com disfunção minimizará o risco de lesão,
restaurando a consciência cinestésica. Todo processo de reabilitação deve ter enfoque na
melhoria das condições funcionais do paciente. Um erro comum no processo de reabilitação
consiste em assumir que os programas clínicos que apenas utilizam métodos tradicionais
(restauração de força, resistência e flexibilidade muscular) levarão a um retorno seguro às
atividades funcionais.

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Livro 2

VASCONCELOS, Gabriela de S.; FERRAZ, Natália L.; SANGEAN, Márcia C.; e outros
Fisioterapia Aquática : Grupo A, 2021. E-book. ISBN 9786556902937. Disponível em:
https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9786556902937/. Acesso em: 24 mai.
2023.

O papel da fisioterapia aquática nas doenças neurológicas.


A fisioterapia aquática é composta de ações de prevenção, promoção, proteção, educação,
intervenção, recuperação e reabilitação do paciente em diferentes ambientes aquáticos
(BRASIL, 2014). O fisioterapeuta pode atuar nas diversas áreas da fisioterapia, entre as
quais está a neurologia. As alterações no sistema nervoso podem ser decorrentes de lesões
no sistema nervoso central ou no sistema nervoso periférico. O sistema nervoso central é
formado pelo encéfalo — que engloba o cérebro, o cerebelo e o tronco encefálico — e pela
medula espinhal. Já o sistema nervoso periférico é constituído pelos nervos, gânglios e
terminações nervosas, que são as vias que levam estímulos para o sistema nervoso central
ou para os músculos e as glândulas. Logo, o sistema nervoso é responsável pelas
comunicações no organismo, integrando-o com o ambiente.

Indicações da Fisioterapia Aquática:


paresia ou paralisia;
fraqueza muscular;
hipotonia ou hipertonia;
alteração de sensibilidade;
déficit de equilíbrio e de coordenação;
alteração no padrão de marcha.

A intervenção deve iniciar na fase aguda da doença, pois, por meio de


exercícios direcionados, a fisioterapia pode auxiliar na melhora dessas alterações e na
prevenção de outros acometimentos à saúde do indivíduo, melhorando sua capacidade
funcional, sua força muscular, seu equilíbrio, sua coordenação motora, sua marcha e,
consequentemente, sua qualidade de vida (BURKE-DOE; JOBST, 2015).

A hidroterapia é indicada para o tratamento dos distúrbios cinético-funcionais


neurológicos e pode ser realizada em indivíduos de qualquer idade.

Com a intervenção precoce, esse tipo de terapia pode recuperar a capacidade funcional do
paciente mais rapidamente que a intervenção no solo, sendo uma ótima opção para
indivíduos que apresentam restrições, pois favorece a aquisição de novas habilidades.

No exame físico, o profissional deve aferir os dados vitais; realizar a


palpação muscular para verificar a presença de flacidez ou rigidez muscular; avaliar o tônus
muscular em diferentes grupos; avaliar a mobilidade verificando a amplitude de movimento
de cada articulação; avaliar a força muscular (escala de Oxford); avaliar os reflexos
superficiais (Babinski e cutâneo abdominal) e os reflexos profundos (bicipital, tricipital,
patelar, aquileu); verificar a presença de clônus; e avaliar a sensibilidade superficial (tátil,
térmica, dolorosa) e a sensibilidade profunda (propriocepção e cinestesia). Se necessário,
pode-se realizar a avaliação dos miótomos e dermátomos por meio da escala de ASIA.
Ainda, é preciso avaliar o equilíbrio, a coordenação e outras funções, como
cardiorrespiratória e geniturinária.

Piscina terapêutica
A piscina terapêutica é um dos recursos mais usados para a realização da fisioterapia
aquática. Na hidroterapia, o profissional pode desenvolver diferentes técnicas, como, por
exemplo, a hidrocinesioterapia e a Bad Ragaz. Fundamentada no movimento humano, a
hidrocinesioterapia consiste na junção da cinesioterapia com a terapia aquática, sendo
realizados os exercícios de acordo com o tratamento específico para cada paciente.
Podendo ser constituída de exercícios de membros superiores, inferiores e tronco, essa
técnica é direcionada para alongamento; ganho de amplitude de movimento; fortalecimento
muscular; treino de equilíbrio, coordenação e marcha; e trabalho de condicionamento
aeróbico. Já a Bad Ragaz, uma técnica muito indicada para pacientes com alterações
neurológicas, promove o fortalecimento e a reeducação muscular, o relaxamento, o
alongamento da coluna vertebral, a redução do tônus e o aumento da amplitude de
movimento, melhorando, assim, a resistência e a capacidade funcional. Nessa técnica, o
fisioterapeuta conduz e instrui o paciente, a fim de proporcionar a estabilização do
tronco.

Watsu
Em sua origem, a técnica Watsu não era direcionada para tratamento, mas, após ser
adaptada para essa finalidade, passou a ser muito utilizada em pacientes com distúrbios
neuromusculares. Composta basicamente por alongamentos que visam à reeducação
muscular, essa técnica consiste na realização, a partir da flutuação, de uma sequência de
movimentos, como os alongamentos e as rotações do tronco, que auxiliam no relaxamento
profundo.
Por meio das propriedades físicas da água, como a pressão hidrostática, a
flutuação, a tensão superficial, a turbulência e a temperatura, essas técnicas geram efeitos
fisiológicos que promovem a melhora do quadro clínico do paciente.

Na hidroterapia, a sessão pode ser iniciada com aquecimento, a fim de


adaptar o corpo ao ambiente, e, para promover alongamento, podem-se realizar no início da
sessão técnicas como a Watsu. Para promover relaxamento e diminuição do tônus
muscular, pode-se lançar mão do método Bad Ragaz, executando movimentos lentos e
rítmicos. Nesse método, os flutuadores são utilizados na cervical, na cintura pélvica e no
tornozelo, de modo a manter o corpo alinhado e totalmente flutuante. Os flutuadores são
indicados também como suporte para pacientes que não conseguem se manter em uma
posição segura dentro da piscina (p. ex., em alguns casos de crianças com paralisia
cerebral), facilitando a sustentação do paciente pelo profissional e a realização de
movimentos (CUNHA et al., 2000).

Dependendo das alterações apresentadas pelo paciente, o tratamento


fisioterapêutico em solo pode ser de difícil execução. Desse modo, a água se mostra uma
boa alternativa de tratamento devido às suas propriedades
físicas, que auxiliam na mobilização e, assim, tornam a intervenção mais efetiva.

Outro ponto importante a ser destacado diz respeito às incontinências


urinária e fecal. Embora elas sejam elencadas como contraindicações para a realização da
hidroterapia, os pacientes com esses distúrbios podem utilizar fraldas específicas para o
uso em ambiente aquático. Já nos casos de uso de sonda vesical, o coletor pode ser
esvaziado antes da sessão e fixado para a realização da hidroterapia.

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