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[2023]

[TERAPIAS
AQUÁTICAS
CORPORAIS]

[BASES TEÓRICO-PRÁTICAS]
PROFª DR.ª LAURA DE SOUSA GOMES VELOSO

2023
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FACULDADE DE ENFERMAGEM NOVA ESPERANÇA


Reconhecida pelo MEC: Portaria nº 3258 de 21 de setembro de 2005.
Publicada no Diário Oficial de 23 de setembro de 2005 Pg. 184 Seção 01.

TERAPIAS AQUÁTICAS CORPORAIS

JOÃO PESSOA
2023

PROFª Dr.ª. LAURA VELOSO


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1 INTRODUÇÃO

A água é certamente um meio diferenciado e bastante apropriado para a prática de


fisioterapia em pessoas idosas, permitindo o atendimento individual e em grupos, e a facilitação
da socialização entre os pacientes.
Harold Dull in Ruoti et al (2002, p. 204) diz que “na água, a alma encontra a liberdade
que o corpo perdeu”. A frase do mentor dos mais divulgados métodos de reabilitação aquática
mostra o efeito motivador que a água exerce sobre as pessoas, em que, as atividades físicas no
meio líquido atingem seus objetivos ao aplicar ao corpo imerso uma forma de calor contínua e
global, atingindo efeitos terapêuticos vastos, no âmbito físico e psicológico. Dessa forma, para
os autores, a reabilitação aquática ganha espaço ao comprovar efetividade através de parâmetros
objetivos e subjetivos, como a qualidade de vida.
Para Becker e Cole (2002, p. 86), “todos os princípios físicos são clinicamente úteis,
sem modificação adicional, embora possam ser ampliados para uma variedade de situações
clínicas, mediante equipamentos adicionais”.
Os efeitos fisiológicos da hidroterapia advêm de uma combinação dos efeitos físicos da
água (térmicos e mecânicos) e efeitos do exercício. Os efeitos variam com a duração do
tratamento e exercício, tipo, progressão e intensidade do exercício, temperatura da água,
postura, movimentos associados ao ciclo respiratório e também com a patologia do paciente.

Figura 1 – Pressão sobre um corpo flutuante com a cabeça fora da água e porcentagem de
descarga de peso em corpo imerso até o pescoço.
Fonte: CAROMANO, 2002.

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1.1 PROPRIEDADES HIDROTÉRMICAS

Durante o envelhecimento, ocorre o processo de SARCOPENIA e a redução do tecido


adiposo subcutâneo, o que contribui para a redução da tolerância à variações bruscas de
temperatura, em virtude da eliminação das principais camadas naturais de isolamento térmico.
Dessa forma, os efeitos fisiológicos da terapia aquática – principalmente as
repercussões sobre o sistema cardiovascular, acontecem em tempo menor. Assim, a intensidade
das respostas esperadas para a conduta traçada dependerá da temperatura do fluido, da
proporção de energia acumulada nos músculos periféricos, principalmente durante exercícios
vigorosos.
OBS: Durante exercícios vigorosos, a temperatura do meio acumula-se por condução na
musculatura periférica, que pode aumentar a temperatura corpórea para 39C, acarretando em
aceleração metabólica e posterior fadiga.

1.2 PROPRIEDADES HIDROESTÁTICAS

Os efeitos biológicos da imersão são respaldados pelas propriedades hidroestáticas, a


saber: PRESSÃO HIDROESTÁTICA, FLUTUAÇÃO, DENSIDADE RELATIVA,
METACENTRO, VISCOSIDADE E TENSÃO SUPERFICIAL.
A densidade relativa e a flutuação estão diretamente relacionadas com a descarga de
peso corporal, eliminação das forças de cisalhamento interarticulares, e com a modificação da
composição corporal. Durante o processo de envelhecimento, há substituição da massa magra
por massa gorda, principalmente no abdome e quadril. Isso irá interferir no manuseio do
paciente: a densidade relativa do idoso tenderá a ser menor que a de adultos jovens, em
decorrência do acúmulo de massa gorda, principalmente nas regiões inferiores do corpo; isso
facilitará o deslocamento do corpo imerso para regiões mais próximas à superfície da água,
aumentando o potencial de flutuabilidade.
A oposição do Empuxo em relação à gravidade reduz ascendentemente as forças de
cisalhamento sobre as articulações ao promover o afastamento das superfícies articulares –
conhecido como DECOAPTAÇÃO ARTICULAR, uma vez que na velhice as estruturas
articulares estão em processo de degeneração – principalmente discos intervertebrais e
cartilagens articulares. Como são estruturas ricas em nociceptores, consequentemente há
redução da sensação de peso articular e de quadros dolorosos, favorecendo retorno à ADM. As
atividades verticais realizadas em máxima profundidade facilitam a mobilização articular,
possibilitando reproduzir movimentos.
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A Pressão Hidrostática interfere principalmente no retorno venoso, na função


respiratória e no equilíbrio. Durante o envelhecimento, a inabilidade das válvulas venosas bem
como a diminuição da força propulsora dos músculos da panturrilha contribui para a instalação
de edemas periféricos por estases.
Em relação à função respiratória, na velhice observa-se a diminuição dos volumes e
capacidades pulmonares, modificação de padrões respiratórios costais, retração da caixa
torácica, inabilidade diafragmática. Quando imerso, em níveis acima do apêndice xifóide, há
uma exacerbação desse quadro, já que a Ph aumenta a pressão intrapulmonar, provocando
decréscimo da CV e do volume de reserva expiratório. Em relação ao diafragma, suas cúpulas
de direcionam para cima (sentido craniano) durante a imersão, o que provoca retração do
movimento de expansão torácica, em conjunto com o encurtamento dos músculos intercostais;
dessa forma, o trabalho inspiratório ocorre em desvantagem mecânica, obrigando o
recrutamento maior de Unidades Motoras diafragmáticas, aumentando o potencial contrátil do
músculo e fazendo-o trabalhar contra resistência. Se o nível de imersão encontra-se no nível de
ombros, esse trabalho será maior, o que poderá provocar alterações dos padrões ventilatórios.
A PH também atua na estabilização do equilíbrio dinâmico, uma vez que estimula o
recrutamento de proprioceptores sensoriais em tronco e extremidades (principalmente Paccini e
Ruffini), o que confere apoio e consciência corporal.
O metacentro estimula o recrutamento das reações de endireitamento e retificação via
SNC e sistema vestibular, restaurando o equilíbrio estático e dinâmico durante a imersão em
níveis crescentes. Dessa forma, o metacentro auxilia a restauração do equilíbrio global do idoso,
prevenindo o evento das quedas, já que durante o envelhecimento o controle postural encontra-
se deteriorado.
A viscosidade e a tensão superficial aumentam a resistência ao deslocamento corporal
em imersão, contribuindo para condicionamento físico em geral.

1.3 PROPRIEDADES HIDRODINÂMICAS

O fluxo laminar e o fluxo turbulento podem facilitar ou resistir ao deslocamento do


corpo em meio aquático, o que deve ser aplicado em decorrência às perdas funcionais do
envelhecimento, principalmente em relação à ADM das grandes articulações, na força muscular
e resistência à fadiga.

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2 MÉTODOS TERAPÊUTICOS AQUÁTICOS ALTERNATIVOS

2.1 PROTOCOLO AI CHI

Ai Chi é uma atividade corporal aquática desenvolvida por Jun Kuonno no Japão, cuja
tradução é Amor e Energia. O princípio do método é desbloquear a energia que permanece
presa em nosso centro cardíaco através de movimentos suaves na água.
O Ai Chi trata os aspectos psicoemocionais e suas repercussões somáticas com
tolerância através da respiração, da aquisição de posturas adequadas e da “mente tranqüila”.
Os proprioceptores das articulações trabalham conjuntamente com o restante do sistema
nervoso, permitindo o aumento da ADM e maior estabilidade durante a mobilidade, já que a
articulação mantém-se estável devido as propriedades físicas da água; em especial a pressão
hidrostática.

- Princípios do Ai Chi:
YUAN - fazer os movimentos de forma circular, buscando a harmonia interna e externa.
SUNG - relaxar, interna e externamente, para promover a circulação sanguínea.
CHING - não tencionar o corpo ou torná-lo rígido.
YUN - movimentar-se em determinada velocidade, controlada pela mente.
CHENG - manter bom equilíbrio e postura.
SHU - movimentar o corpo de forma fácil, confortável e relaxada.
TSING - dirigir o pensamento para a mente; concentrar-se.

O Ai Chi foi projetado para preparar um cliente para receber o trabalho corporal
aquático, promovendo o conforto na água e desenvolvendo a confiança no praticante. Como
Watsu, é executado na água morna, na profundidade do ombro; usando uma combinação de
respiração profunda e movimentos lentos e largos dos braços, pés e tronco. O praticante
aprende a adotar uma postura forte, contudo relaxada e a mover-se com a sustentação da água;
além disso, os movimentos realizados incentivam a respirar diafragmáticamente, aumentando
a capacidade pulmonar total e, através da contração diafragmática, massagear vísceras.

Seqüência dos movimentos

1 - Contemplando

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2 Flutuando

3 - Elevando

4 - Fechando

5 - cruzando

6 - Acalmando

7 - Agrupando

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8 - Livrando

Princípios de Aplicação do Método


- Piscina Aquecida a 34ºC, com imersão máxima (nível C7/Fúrcula esternal);
- aplicado de forma isolada ou em grupo;
- séries de 03 a 12 repetições para cada movimento, com respiração nasal,
- INSPIRAR: Rot. Ext + Supinação de MMSS; EXPIRAR: Rot. Int + Pronação.
- Instrutor deve estar do lado de fora da piscina para demonstrar os movimentos durante as
primeiras sessões. Após isso, deve permanecer na parte interna, dando feedback sensorial e
realizando os ajustes necessários em seus praticantes.

2.2 PROTOCOLO WATER PILATES / HIDROPILATES

Fora da piscina
- Mamulengo
- Contrologia

Aquecimento:
- Mobilização ativa livre associada à contrologia;
- Caminhadas leves;
- Bicicleta.

Série dos Movimentos sem acessórios (lembrar que os braços se movem em oposição às
pernas)
- POSTURA NEUTRA EM PÉ (elevação do MI com flexão de quadril e joelho)

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- POSTURA NEUTRA EM PÉ (elevação para frente do MI com flexão do Q com


extensão do J);
- Postura Neutra de pé (elevação do MI atrás com extensão do quadril e joelho);
- ROLL UP (rolamento para frente)
- RELÓGIO (2, 4, 6, 8, 12 horas)
- DIAGONAL (45º EM DIAGONAL)
- CIRCUNDUÇÃO (SEGMENTADA, PARA FRENTE E PARA TRÁS)
- ESPIRAIS (PARA FRENTE, PARA TRÁS, LEVANDO PARA FRENTE,
LEVANDO PARA TRÁS)
- SINGLE LEG STRETCH (alongamento de uma perna): na posição de pé ou deitada.
- ELEVAÇÃO LATERAL (SIDE LEG LIFT): em pé, em apoio unipodal, mover a
perna oposta em abdução, mantendo joelhos em extensão. Os braços movem-se
cruzando o corpo.
- Elevação lateral com rotação (Side leg lift with rotation): em pé, em apoio unipodal,
mover a perna oposta em flexão, com joelho fletido, rodar o quadril interna e
externamente. Os braços movem-se cruzando o corpo.
- Serrote (Saw): Paciente em pé, submergindo e abduzindo os braços com polegares
para cima, associado à flexão do quadril e extensão do joelho, com a mão direita
alcançando o pé esquerdo.

- Corda Esticada (Thight rope): Paciente em pé realiza flexão, abdução, adução,


extensão do quadril com o toque dos artelhos no chão. Unilateral e com os braços
realizando adução, abdução horizontal. Alternando as pernas e fazendo os mesmos
movimentos com os braços.
- Rotação da coluna (Twist): em pé, Rodar os braços abertos para a direita e para
esquerda.
- Chutes alternados (Swings Kicks): Estenda a perna D para frente, enquanto empurra o
calcanhar para cima e para trás.

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Série de movimentos com acessórios: Aquatubos


O “espaguete” (aquatubo) nos dá mais possibilidades para adaptar de forma
criativa o Pilates na água, proporcionando fortalecimento e alongamento enquanto
suspensos.
- Círculos com o quadril: Paciente sentado sobre o espaguete realizando movimentos
circulares com o quadril no sentido horário, e depois anti-horário. Os braços podem
ficar na frente do espaguete movimentando de forma aleatória.

Figura 5
Fonte: AVANTE, 2007.

REFERÊNCIAS

BATES, Andréa; HANSON, Norm. Exercícios Aquáticos Terapêuticos. São Paulo:


Manole, 1998.

RUOTI, Richard; MORRIS, David; COLE, Andrew. Reabilitação Aquática. São


Paulo: Manole, 2000.

SACCHELLI, Tatiana; ACCACIO, Letícia Maria Pires; RADL, André Luís Maierá.
Fisioterapia Aquática - Série Manuais de Fisioterapia. Barueri: Manole, 2007.

BECKER, Bruce; COLE, Andrew. Terapia aquática moderna. São Paulo:


Manole, 2000.

CAMPION, Margareth Reid. Hidroterapia: princípios e prática. São Paulo: Manole,


2000.

CASE, Leanne. Condicionamento físico na água. São Paulo: Manole, 1998.

JAKAITES, Fábio. Reabilitação e Terapia Aquática: aspectos clínicos e práticos. São


Paulo: Roca, 2007.

KATZ, Jane. Exercícios Aquáticos na gravidez. São Paulo: Manole, 1999.

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