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Casquear para minimizar as laminites

Fazer o casco periodicamente garante que o peso do animal seja bem distribuído sobre todas as unhas, já
que o excesso de carga em uma delas pode acarretar a doença. Assim, cuidados regulares são
procedimentos necessários à moderna atividade leiteira. O casco cresce em torno de 5 mm por mês. Seu
formato depende da taxa de crescimento e do índice de desgaste. Crescimento excessivo é uma
conseqüência ora nutrição ora das condições de acomodação, ou ambas, comuns ao sistema intensivo de
criação.

O resultado do crescimento excessivo é a sobrecarga e a instabilidade, particularmente das unhas de fora


dos membros posteriores e unhas de dentro dos anteriores. Na maioria das vezes, o crescimento
excessivo ocorre na ponta do casco, visto que ai ele é mais duro, sendo o crescimento maior que o
desgaste. Em contrapartida, no talão (parte posterior), onde o casco é mais macio, o crescimento é lento
e o desgaste maior, principalmente porque o talão sustenta uma carga maior. O resultado final é um
crescimento maior e o levantamento da ponta, com um correspondente abaixamento do talão. O ângulo
da frente do casco é alterado de 45 graus (normal) para 30 graus ou menos. Crescimento excessivo
também acontece na sola. Vacas não desenvolvem calosidades, mas produzem mais tecido córneo na sola
da unha afetada. O crescimento do casco é mais exagerado nas vacas que já tiveram experiência de
laminite ou para aquelas instaladas em concreto ou outro piso áspero. A maioria das vacas se beneficiará
do casqueamento feito uma ou duas vezes por ano.

A maior parte das fazendas apara os cascos de suas vacas somente no período seco. Considerando os
efeitos da nutrição, instalações e laminites anteriores, no excesso de crescimento, o casqueamento (ou
pelo menos uma avaliação da sua necessidade) pode ser justificado no meio do período de lactação.
Dependendo das condições de instalação e da prevalecência de laminites, problemas com crescimento
excessivo do casco e doenças da unha são quase certos em rebanhos que somente casqueiam no período
seco. Passo-a-passoAntes de começar o casqueamento, avalie cuidadosamente todas as vacas para
determinar quais as que irão necessitar de casqueamento. Depois, os seguintes passos resumem a base
para o processo:

l – Comece com a unha de dentro do membro posterior. Usualmente, essa unha tem a forma normal. A
parede frontal de dentro deve ter um comprimento de 7,5 cm desde a ponta até a junção da pele com o
tecido córneo. A espessura da sola deverá ser de, no mínimo 0,5 cm. Poupe ao máximo o talão na unha
de dentro;

2 – Usando como guia a unha de dentro, que você já arrumou, apare a unha de fora (membros
posteriores), deixando-a do mesmo tamanho. Note que a parede frontal da unha de fora deve estar um
pouco maior que 7,S cm, se comparada com a unha de dentro, já casqueada. A seguir, apare a superfície
de apoio da sola do lado de fora, no mesmo nível da unha de dentro. Quando terminar, as superfícies de
apoio deverão estar planas de dentro para fora e da frente para trás;

3 - Dê forma e incline a sola de tal modo que a parte interna e mais posterior da sola aprofunde em
direção ao centro das duas unhas. Tenha cuidado, contudo, pois um excessivo aprofundamento ou
inclinação da sola nessa área, diminui a superfície de apoio da muralha externa. Esse é um dos erros mais
comuns no casqueamento. Entretanto, uma inclinação apropriada da sola nessa região diminui a pressão
no sitio mais comum, onde pode acontecer a ulcera de sola e ajudar a abrir o espaço entre as unhas;

4 – Nivele os talões. As superfícies de apoio dos talões deverão estar no mesmo plano. Isso distribui o
peso igualmente entre as unhas; Os passos 5 e 6 são usados para tratar problemas de casco já existentes
e deverão ser usados quando necessário.

5 - Apare de forma que a unha danificada fique bem baixa em direção ao talão, para aumentar a
superfície de apoio na unha sadia. Na maioria dos cascos, a unha danificada será a do lado de fora da
pata posterior e a de dentro da pata anterior. Indicações específicas para esses procedimentos de
casqueamento incluem manobras que levem a um maior crescimento direcionado para a região que está
sofrendo sobrecarga (hemorragia no local da úlcera de sola) ou excessivo ponto de apoio na unha.
Abaixando a unha danificada, reduz-se sua superfície de apoio, o que irá permitir o seu restabelecimento
e eventual retorno à função e saúde normais. Em alguns casos, é necessário aplicar um “tamanco” à unha
saudável, de tal forma que seja reduzida a carga na unha danificada.

6 – Remova o tecido córneo solto, apare e tire fora cristas duras. Somente tecido saudável deverá ser
deixado no local. Durante todo o casqueamento preste atenção ao nivelamento entre as unhas. É objetivo
primordial, quando preservar a unha de dentro, remover os tecidos córneos soltos, especialmente no
talão. A não ser que o problema que criou o defeito seja corrigido, os benefícios do tratamento têm vida
curta. Ao seguir os passos anteriormente mencionados, você deverá observar e casquear vacas
saudáveis, bem como as vacas que estão mancando. Muitas vezes, uma vaca com um membro doente
terá problemas similares nos outros membros.

Finalmente, vacas que não responderem ao casqueamento ou piorarem dentro de uns dois dias deverão
ser reexaminadas. Pés e pernas são o maior problema de saúde para muitos rebanhos. As causas desses
problemas incluem: nutrição, alimentação, acomodações, meio ambiente (incluindo aqui estradas e
corredores), outras doenças, níveis de manejo e influências genéticas. Casquear é apenas um dos modos
de aplicar-se aos problemas da laminite, mas tem um importante papel na sua prevenção e tratamento.

FONTE:
Revista Raça Jersey - Número 24 - Mar/Abr/1999
Associação dos Criadores de Gado Jersey do Brasil
Av Francisco Matarazzo, 455 - CEP 05001-900 - São Paulo-SP
Tel: (11) 3672-0588 Fax: 3672-8101
Tradução: Francisco Dimas Cru
Fonte: Revista Hoard’s Dairyman (dez. 1998)

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