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Estrutura Interna

1. Exposição: A peça começa com o governador Civil, Baltazar Moscoso,


dramaturgo frustrado, a tentar escrever mais uma das suas peças medíocres.
O seu empregado Nunes avisa-o que o Senhor Milhões o vem visitar com
uma carta de recomendação do ministro. Ao ser recebido, o Senhor Milhões
liga a campainha elétrica da secretária a uma caixa que transporta consigo.
2. Conflito: Seguidamente, o milionário Sr. Milhões comunica que acaba de
ativar uma bomba, que rebentará daí a vinte minutos. Desesperado e
angustiado, o Governador Civil vê-se abandonado por todos, inclusive
Nunes e da sua esposa, D.ª Ana. Indiferente à aflição do governador civil, o
Sr. Milhões faz uma crítica arrasadora das convenções sociais e a defesa do
sentido último para a vida. O Governador Civil admite que a sua vida foi uma
mentira .
3. Desenlace: Prestes a explodir a bomba chegam dois enfermeiros que vem
buscar o Sr. Milhões, o doido. Por fim, a bomba não passava de uma
brincadeira sendo feita de algodão de rama e não do temido peróxido de
azoto, o que leva o governador civil a falar um palavrão entre raiva e o alívio.

Evolução da relação entre as personagens:

Durante toda a peça de teatro, especialmente no conflito, podemos


nitidamente reparar que existe uma evolução da relação entre as personagens. O
Governador Civil que supostamente tinha Nunes sempre a seu dispor, acabou por
não ter o seu auxílio quando necessita, no mundo em que soube do que estava no
interior da caixa.
Ao longo do diálogo que o Governador tem com o Sr. Milhões, o Governador
telefona para a sua mulher, D.ª Ana de Baltazar Moscoso, para lhe fazer as suas
últimas disposições. Quando D.ª Ana de Baltazar Moscoso entrou no escritório e
soube do que estava no interior da caixa, quis de imediato sair do prédio e fugir sem
se preocupar com o Governador Civil.
Podemos reparar que após todo este acontecimento o Governador toma
consciência que D.ª Ana não gostava tanto dele como ele pensava, pois D.ª Ana
dissera anteriormente ao Governador que quando ele morresse, ela morreria ao seu
lado. D.ª Ana utiliza uma desculpa que não é segundo a sua religião morrer
queimada e sai do prédio. (" Adeus! Morrer queimada, não! (À porta, como quem
lhe atira pazadas de terra). Morre em paz! Descansa em paz! Jaz em paz! O Sr.
Milhões tentam levar o Governador à razão, dizendo que a sua mulher o engana. Ao
longo da peça, o Governador fica cada vez mais impaciente e à medida que o tempo
vai passando deixa de tentar fazer com que o Sr. Milhões mude de ideias, mas
começa a ficar furioso e a tentar enganar para poder fugir. ("Maldito sejas tu por
toda a eternidade. Tenho medo! Tenho medo! Espere! é um pecado morrer com
desespero. Dói-me a barriga... Peço licença para ir lá fora fazer o que tenho a
fazer."). E por fim, quando realmente descobre que tudo o que o Sr. Milhões dizia
era uma farsa, acaba por insultá-lo.
Presença de cómico:

Cómico de Situação: circunstâncias em que a personagem se encontra provoca o


riso.

Nesta obra o cómico de situação aparece pela situação em que o Governador


Civil se encontra. O Sr.Milhões afirma que tem uma bomba irá explodir dentro de
20 minutos, causando o pânico no Governador Civil, o que causa o riso no público.
Outra situação onde se encontra este processo de cómico é quando entra
Aninhas, a mulher do Governador Civil. Ao ver a situação onde o seu marido se
encontra, decide abandoná-lo, referindo "Morrer queimada, não!". A atitude desta
personagem causa o riso.

Cómico de Caráter ou de Personagem: é a maneira de ser e de se apresentar da


personagem que provocao riso.

D.ª Ana é umas das personagens onde o cómico de caráter está mais
presente, principalmente quando pergunta ao Sr. Milhões “Quanto falta?”, para
saber quanto tempo restava para explodir a suposta bomba que colocaria a ida do
marido em causa.
Sr. Milhões, o Doido, que apresenta ser “esperto”, “sabichão”, e o único que
se caracteriza como sensato e conhecedor da realidade pensando assim que fazer
explodir a bomba será a salvação. Porém, nada passa de uma farsa, cumprida até ao
final da obra, cujo papel desempenhado pelo Sr. Milhões é enganar o Governador
Civil e fazê-lo confessar alguns dos seus maiores pecados.

Cómico de Linguagem: é o vocabulário usado e o próprio discurso que provocam o


riso.

Na última frase da obra é "Ai o grande filho da puta!". A utilização de palavras


obscenas é uma das características do cómico de linguagem.

Classificação quanto ao relevo:

Personagens Principais: Personagens Secundárias: Figurantes:

Sr. Milhões D.ª Ana Baltazar Enfermeiros


Governador Civil/Baltazar Moscoso Polícias
Moscovo Nunes
Enfermeiro
Caracterização dos personagens:

Sr. Milhões Governador D.ª Ana Baltazar Nunes Enfermeiro


Civil/Baltazar Moscoso
Moscoso

Homem consciente da Homem Esposa do Espécie de Resolve a


realidade e da condição inconsciente e Governador Civil, polícia-secretário situação
humana, inteligente, preocupado com o não mostrou -criado. Submisso quando
revoltado, rico. estatuto social, fidelidade nem do governador, destapa
Desempenha o papel de irrealista, compaixão pelo mostrou-se fiel a caixa e tira
“trocista” ao longo de interesseiro, marido. Mostrou Baltazar alertando para fora
toda a ação,um papel egocêntrico. despreocupação à as autoridades do algodão em
executor. Apresenta na situação vivida sucedido, porém rama.
primeira parte um pelo seu esposo. É não se arriscou
discurso racional egoísta, para salvá-lo.
seguido de uma egocêntrica e
crescente interesseira.
desagregação
caótica do seu
comportamento
marcado pela
raiva e agitação.

Razões Motivadoras

Sr. Milhões – As suas ações para com o governador civil visam que o seu
interlocutor ceda à pressão e divulgue os seus erros pessoais e profissionais.

Governador Civil – Age por medo e mantém-se sempre na defensiva com o


objetivo de atrasar e até mesmo evitar a sua morte.

D.ª Ana – Age apressadamente por medo de perder a vida.

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