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Segurança
pública integrada
Governo investe em tecnologia para
melhorar o combate ao crime e o
atendimento à população
pau ta d a p o r d e s a f i o s
REVISTA TEMA
A Revista do Serpro
ANO XL
Nº 229 •MAI/JUN • 2015
ISSN 01005227
Título depositado no INPI,
sob nº 01125
A
Ana Lúcia Carvalho analucia.carvalho@serpro.gov.br
Reportagem
matéria de capa desta edição da revista Tema mostra a complexidade que é
Aldo Maranhão, Alexei Kalupniek, Leonardo Barçante, fazer a segurança pública no Brasil, pois nosso país tem uma população
Loyanne Salles, Regina Faria, Tanis Serra, Tiago Arrais, Vanessa
Borges e Victor Freire imensa e uma dimensão continental. Além disso, existe grande diversidade
Editor de Arte
André Moscatelli
técnica e econômica entre suas unidades federativas, disparidade que se re
Programação Visual e Diagramação flete diretamente nas instituições que atuam nessa área. É possível, porém, por meio da
André Menezes, Demian Pontes,
Edno Junior e Rômulo Geraldino
tecnologia, fazer uma melhor gestão dos diferentes sistemas de estados e municípios, a
Revisão fim de que se produzam estatísticas de segurança pública a partir de dados gerados de
Henri Couto
Fotografia
forma segmentada e sem padronização.
Arquivo Serpro Para colaborar com essa missão, apresentaremos o Sistema Nacional de Informações de
Diretorpresidente
Marcos Vinícius Ferreira Mazoni
Segurança Pública, Prisionais e sobre Drogas (Sinesp), solução desenvolvida pelo Serpro
Diretorasuperintendente para a Secretaria Nacional de Segurança Pública do Ministério da Justiça. Ele representa a
Glória Guimarães
Diretores
construção de um grande pacto no alinhamento de metodologias de coleta e divulgação
Antônio João Parera, André de Cesero, Antônio Luiz Fuschino, de dados neste importante assunto. Conheceremos alguns dos módulos que integram o
Fernando Garrido e Robinson Margato
Conselho Diretor
Sinesp, sistema que está integrado a bases como as do Denatran, Receita Federal e aos sis
Alexandre Motta (MF), Ernani César e Silva Cabral (MF), Iêda temas estaduais.
Aparecida de Moura Cagni (MF), Marcos Mazoni (Serpro),
Nazaré Lopes Bretas (MP), Nerylson Lima da Silva (MF) e Na seção Entrevista, podemos contar um pouco mais do trabalho realizado pelo Minis
Raimundo José Rodrigues da Silva (MF)
Conselho Fiscal
tério da Justiça, na voz de seu secretárioexecutivo Marivaldo de Castro Pereira. Ele conver
Clício Luiz da Costa VIeira, Stela Maris Monteiro Simão, Nina sou com a revista Tema e falou sobre as prioridades em relação à gestão da pasta, além de
Maria Arcela, Maria D'Arc Lopes Beserra, Priscila de Souza
Cavalcante, Sarah Tarsila Araújo da Silva toda a estruturação que vem sendo feita para que as expectativas sejam alcançadas.
Conselho Editorial Conheceremos, ainda, na seção Software Livre, um sistema que utiliza a placa micro
Robinson Margato, Deivi Kuhn, Corinto Meffe, Eunides Maria
Leite Chaves, Evandro Fazendeiro de Miranda, José Roberto controladora Arduino e o software de voz sobre IP Asterisk, ambos tecnologias livres. A no
Alves Cabral, Lea Cunha Bastos, Marcos Benjamin Silva, Paulo
Afonso Volpe Weyne e Roberto Akira Osumi vidade foi criada por uma pequena empresa no Nordeste brasileiro que passou a fornecer
Endereço
Sede: SGAN, Q. 601, Módulo V 70836900 Brasília / DF
um serviço inovador que permite que moradores e síndicos de condomínios de aparta
Tel: (61) 20218181 – Fax: (61) 20218531 mentos controlem remotamente funções como a abertura de portões e o acendimento de
Regionais do Serpro
• Brasília – Av. L2 Norte – SGAN, Quadra 601, Módulo G,
luzes, atividades que demandavam obrigatoriamente deslocamentos físicos.
70830900 – Tel. (61) 20219000 Já a Central de Compras e Contratações, assunto de outra matéria desta edição, explica
• Belém – Av. Perimetral da Ciência, 2.010, Bairro Terra Firme,
66077830 – Tel. (91) 32164008 como o governo federal passou a centralizar a aquisição e contratação de bens e serviços
• Fortaleza – Av. Pontes Vieira, 832, São João do Tauape,
60130240 – Tel. (85) 40082848 de uso comum aos órgãos da administração direta do Poder Executivo. A solução, desen
• Recife – Av. Parnamirim, 295. 52060901 Tel. (81) 21264010
• Salvador – Av. Luís Vianna Filho, 2355, Bairro Paralela, volvida pelo Serpro, foi criada com o objetivo de obter maior eficiência no gasto público,
41130530 – Tel. (71) 21027800
• Belo Horizonte – Av. José Cândido da Silveira, 1.200,
padronizar procedimentos e melhorar o controle e a fiscalização das compras federais.
Cidade Nova, 31035536 – Tel. (31) 33116200 Neste número, também, a seção Infográfico mostra como é um centro de dados por
• Rio de Janeiro – Rua Pacheco Leão, 1.235, Jardim Botânico,
22460905 – Tel. (21) 21593300 dentro, com suas camadas de segurança, suas principais características físicas, como funci
• São Paulo – Rua Olívia Guedes Penteado, 941, Socorro,
04766900 – Tel. (11) 21731322 ona a entrada e saída de informações, entre outras curiosidades sobre essas verdadeiras
• Curitiba – Rua Carlos Piolli, 133, Bom Retiro, fortalezas da tecnologia.
80520170 – Tel. (41) 33138430
• Florianópolis – Rodovia José Carlos Daux (Sc 401) Km 01, Boa leitura!
Nº 600, Edifício Alfama, 2º andar, Bairro João Paulo,
88030911 – Tel. (48) 32318900
• Porto Alegre – Av. Augusto de Carvalho, 1.133,
Cidade Baixa, 90010390 – Tel. (51) 21291287
TIRAGEM: 6 mil exemplares
DISTRIBUIÇÃO GRATUITA
Esta revista é produzida com o uso de ferramentas livres.
SUMÁRIO
Segurança
pública
integrada
Governo investe em
tecnologia para melhorar o
combate ao crime e o
atendimento à população
16
28 30
Inventar é fácil,
difícil é inovar
Criar produtos que dão certo
continua sendo um desafio
Impressão 3D
Livre
Tecnologia tem se
beneficiado dos princípios
da filosofia “open source”
Governo digital
renovado
Brasil se inspira em boas
práticas internacionais de i-Educar
e-gov para modernizar a Sistema facilita gestão escolar
relação com o cidadão de municípios
10 26
6 - Entrevista
34 Secretário-executivo do Ministério da Justiça fala sobre as
prioridades do governo para a gestão do órgão
Centro de
dados 8 - História
Infográfico mostra como Retrospectiva de três décadas de avanços da informática
funciona esse espaço de brasileira
armazenamento
9 - Opinião
José Maria Leocádio fala sobre Governança de TI em empresas de
tecnologia
14 - Quartzo
Tecnologia revoluciona acesso às bases de dados do governo
40 - Software Livre
Arduino e Asterisk são utilizados para automação predial
ENTREVISTA
MODERNIZAÇÃO E
SIMPLIFICAÇÃO DOS
PROCESSOS PARA
PARTICIPAÇÃO E
TRANSFORMAÇÃO
SOCIAL
Foto: Ministério da Justiça
Marivaldo de Castro Pereira tem uma história de vida marcada por muitas Voltando para Brasília, no ano de 2005, foi secretário parlamentar na
conquistas. Nascido em Brasília, é de uma família humilde que foi tentar Câmara dos Deputados. Desempenhou posteriormente o cargo de diretor
a vida em São Paulo. Enquanto menino, precisou trabalhar cedo, desde os do Departamento de Política Judiciária, da Secretaria de Reforma do Ju
nove anos de idade. Estudou sempre em escolas públicas e sua vontade diciário do Ministério da Justiça. Foi, ainda, subchefe adjunto de Assun
de politizar o mundo traçou o seu caminho. É bacharel em Direito pela tos Jurídicos da Casa Civil da Presidência da República. Depois passou a
Universidade de São Paulo e mestre em Direito Processual Civil também exercer a função de secretário de Reforma do Judiciário e também de se
pela USP. Em sua vida acadêmica, envolveuse com política estudantil e cretário de Assuntos Legislativos, no Ministério da Justiça. Em 2014,
com o movimento de moradia. Começou sua carreira na área política co chegou à posição que ocupa hoje, sendo nomeado secretárioexecutivo
mo assessor parlamentar na Câmara Municipal de São Paulo. do Ministério da Justiça.
6 MAI/JUN 2015
Estamos desenvolvendo, ainda, o Sistema de Informações do Departamento Peniten
ciário Nacional (Sisdepen), também em parceria com o Serpro, que busca integrar as bases
de dados do sistema penitenciário em todo o país. Por fim, é importante destacar também A tecnologia pode
nossa plataforma consumidor.gov.br, uma ferramenta desenvolvida pela Secretaria Nacional
de Defesa do Consumidor que vem promovendo uma verdadeira revolução na relação en
facilitar a elaboração
tre consumidor e empresas, possibilitando a resolução de milhares de conflitos sem a ne e implementação de
cessidade de judicialização. Em um ano de funcionamento, já registramos mais de 103 mil políticas públicas,
reclamações e contamos com mais de 110 mil usuários cadastrados e 247 empresas cre aumentar a
denciadas nessa plataforma.
transparência, ampliar
TEMA Quais são as prioridades do Ministério para os próximos anos? o acesso a
informações e,
MARIVALDO A implementação de um Pacto Nacional pela Redução de Homicídios ca principalmente,
paz de mudar o quadro da violência em nosso país. Acreditamos que a melhoria da gestão
dos órgãos de segurança pública, a integração de políticas de segurança com políticas so
aumentar a
ciais e o empenho de toda a sociedade são fundamentais para reverter essa situação. Pre participação e a
cisamos integrar os diversos poderes e governos e unir forças com a sociedade para inter transformação social
romper esse processo, cujo resultado tem sido a perda da vida de milhares de jovens, em
sua maioria negros e moradores das periferias das grandes cidades.
TEMA Que medidas devem ser tomadas a curto prazo sobre a gestão da tecno
logia do ministério?
MARIVALDO Muito grande, uma vez que a empresa é nossa principal parceira e res
ponsável pelo desenvolvimento dos dois sistemas estruturantes mais importantes para o
desenvolvimento das políticas do Ministério.
TEMA Qual sua avaliação sobre o Portal Sinesp para o segmento de segurança
pública do Brasil?
MAI/JUN 2015 7
HI STÓRI A
Retrospectiva
Conheça os registros dos avanços da informática brasileira
e a busca do Serpro por desafios dentro de sua história
HÁ HÁ HÁ
30ANOS
20ANOS
10ANOS
Na edição de maio de 1 985, a revista Tema deu Grandes empresas de informática, em 1 995, vol- Na edição de junho de 2005, o destaque foi o
destaque ao videotexto, tecnologia de acesso a taram-se para o Brasil, mercado em desenvolvi- modelo do passaporte brasileiro. O Serpro rece-
bancos de dados, com estrutura comercial, que mento e com uma política de incentivo à importa- beu a missão de encontrar a melhor solução tec-
começava sua disseminação no Brasil. São Paulo ção e produção local. Duas grandes indústrias de nológica para viabilizar e modernizar os sistemas
foi o polo-piloto para a realização das experiên- micros mundiais – IBM e Compaq – e mais 200 do documento de viagem. Na cor azul, o passa-
cias com esse sistema simples, barato e eficiente empresas de informática instalaram-se no país. porte ganhou 20 dispositivos de segurança, como
que por meio da rede telefônica pública, permitia Como prestador de serviços no governo, o Serpro criptografia, tarja magnética, foto digitalizada,
ao usuário selecionar e acessar os mais diversos quis também uma participação nesse mercado e de acordo com as normas internacionais de segu-
tipos de informações e gerar suas próprias bases deu início ao projeto de implantação da rede cor- rança, tornando sua falsificação praticamente
de dados. O Serpro não ficou de fora e deu início porativa do Ministério da Fazenda, resultando no impossível. Entrou em vigor, em janeiro de 2006,
ao estudo de implantação da tecnologia do ser- programa de modernização da administração pú- e contou com a parceria da Casa da Moeda do
viço em um nível doméstico. blica federal. Brasil e da Polícia Federal.
Memória
Visual
Serpro
Década de 2000
Em 2000, o Serpro foi a primeira
instituição autorizada pelo ITI a operar
como Autoridade Certificadora e de
Registro na Infraestrutura de Chaves
Públicas Brasileira – ICP Brasil.
8 MAI/JUN 201 5
OPINIÃO
Governança de TI
em empresas de
tecnologia
M
JOSÉ MARIA LEOCÁDIO
Coordenador de Tecnologia do Serpro
udança programada. Essa frase faz par- de TI além da segurança da informação. Para que essa
te do cotidiano de muitos profissionais governança mostre valor, alguns pilares necessitam de
de TI ao redor do mundo. No entanto, atenção: arquitetura corporativa, gestão de portfólio, ges-
empresas de tecnologia são obrigadas, tão de projetos e gestão de riscos da informação.
por necessidade de negócio, a cada vez mais ampliar o A solicitação de clientes pela utilização de métodos
seu vocabulário e acrescentar no dia a dia frases como ágeis, e a necessidade constante de a empresa eliminar
"entrega contínua". "Mudança programada" e "entrega perdas, traz à governança de TI um pensamento mais en-
contínua" são exemplos inequívocos de que a inovação xuto (lean) com a qualidade passando a ser medida du-
tem impacto muito grande nas empresas do setor de rante todo o ciclo de vida de tecnologia e não apenas em
tecnologia, muito mais do que em empresas de outros determinados pontos de controle para verificação de arte-
setores. Inovações disruptivas fatos. O ciclo de vida de tecnologia
podem simplesmente inviabilizar do Serpro possui cinco fases: análi-
modelos de negócio consagra- A governança de TI se, prospecção, internalização, sus-
dos como no caso do armaze- determina como é feita a tentação e declínio. A execução
namento em nuvem que substi- decisão sobre as dessas fases auxilia a gestão de TI, já
tuiu o armazenamento local. demandas e as entregas que permite verificar as atividades
É importante reconhecer que, de TI além da segurança de pesquisa, aquisição, capacitação
em empresas de tecnologia, da informação. Para que essa e implantação de tecnologias no
"governança de TI" e "gestão de governança mostre valor, alguns ambiente corporativo. Por consoli-
TI" são frequentemente utilizadas pilares necessitam de atenção: dar essas informações para a toma-
como sinônimos. No entanto, arquitetura corporativa, gestão de da da melhor decisão, o ciclo de vi-
uma das maneiras de diferenciá- da de tecnologia é um dos princi-
las consiste em especializar a portfólio, gestão de projetos e gestão pais mecanismos da governança de
"governança" como um olhar de riscos da informação TI da Empresa.
externo à empresa que visa ga- Como um prestador de serviços
rantir que os processos e estrutura organizacionais sirvam de tecnologia, o Serpro busca práticas estratégicas de go-
para o provimento de valor aos clientes. Já a "gestão" é vernança de TI que permitam a convivência com os even-
algo interno à empresa cujo objetivo é garantir que os tos de disrupção tecnológica tão impactantes nos modelos
processos e estrutura estejam implementados com efetivi- de negócio. Seguramente há muito mais inovação tecno-
dade. lógica sendo criada fora da empresa do que dentro e as-
Assim, a governança de TI, academicamente conhecida sim a governança de TI tem um papel fundamental ao cri-
como governança de engenharia de sistemas, determina ar os mecanismos de decisão para a melhor escolha tec-
como é feita a decisão sobre as demandas e as entregas nológica que atenda ao seu negócio.
9 MAI/JUN 201 5
GOVERNO DI GI TAL
GOVERNO DIGITAL
E INOVADOR
Em todo o mundo, são cada vez mais presentes práticas para desburocratizar a máquina pública,
expandir os serviços públicos online e as formas de interação com o cidadão. Saiba mais sobre
essas novidades.
TEXTO VANESSA BORGES
DESIGN EDNO JUNIOR
A
o longo dos anos, uma pessoa passa por diferentes es buição e interpretação de informações pelo indivíduo e poder pú
tágios. Primeiro, é claro, tem seu nascimento, depois blico. Existe a proposta da eparticipação, que preconiza a atua
vem os estudos, o emprego. Essa pessoa pode ainda ção do cidadão na tomada de decisões que melhorem o bemes
querer casar, ter filhos, mudar de cidade, viajar para o tar coletivo. E uma quinta prática é a já citada centralização de
exterior, abrir um negócio. No percurso, talvez lide com um divór serviços em um único portal.
cio, uma doença, o furto de seu carro, a perda de entes queridos. “Trabalhar com a chamada transparência 2.0 e com a epartici
Seja nas situações felizes ou nas difíceis, é preciso o suporte do go pação são duas grandes tendências da governança digital”, reforça
verno para que se tenha, por exemplo, a documentação e o aten Cristiano Ferri, pesquisador em governança democrática e inovação
dimento necessários para viver com cidadania. E já imaginou se, associado à Universidade de Harvard. “E a ideia de uma central úni
durante o ciclo de vida, existisse uma plataforma online com mais ca de serviços é uma vertente muito clara, pois é uma forma do ci
de 5.000 serviços públicos, juntos, para ajudar? Pois essa proposta é dadão navegar, sem ter que saber qual é a competência de cada
realidade na Coreia do Sul, um dos países que aparece em desta órgão do governo, e simplesmente encontrar o serviço que preci
que na pesquisa sobre governo eletrônico publicada em 2014 pelas sa”, analisa Ferri, que é ainda idealizador do portal eDemocracia e
Nações Unidas. coordenador do Laboratório Hacker da Câmara dos Deputados. “O
“Temos visto uma evolução nos serviços de governo digital ofe Brasil já possui serviços de egov, continua crescendo e há muita
recidos por vários países. Fizemos um levantamento, a partir da possibilidade de ampliação. No Serpro, nos inspiramos nos serviços
pesquisa da ONU e uma da universidade japonesa de Waseda, e ofertados pelo mundo para expandir as soluções do país”, comple
observamos boas práticas em cinco temas ligados a governo aber menta Viviane.
to, ou seja, que favorecem a transparência, a colaboração e a parti
cipação”, ressalta Viviane Malheiros, da Coordenação Estratégica de
Tecnologia, área do Serpro que prospecta tendências.
Além da Coreia do Sul, entre os países mais referenciados nos
quesitos acima estão Japão, Austrália, Canadá, França, Estônia, O Brasil já possui serviços de
Suécia, Nova Zelândia, Estados Unidos, Cingapura, Reino Unido,
Holanda e Finlândia. Neles, estão presentes serviços e sistemas de TI
egov, continua crescendo e
que aplicam tendências que estão inovando a relação entre gover há muita possibilidade de
no e sociedade: uma delas é a de criar uma autenticação digital
única do cidadão, para propiciar o acesso a variados serviços a par
ampliação. No Serpro, nos
tir de uma porta de entrada. Outra vertente é a de unir dados dos inspiramos nos serviços
cidadãos em uma só base, para que diversos atores sociais visuali
zem um mesmo conteúdo – registros sobre a saúde de uma pes ofertados pelo mundo para
soa, por exemplo, poderiam ser usados por ela mesma, hospitais,
farmácias, e pelo governo na hora de planejar políticas. Há também
expandir as soluções do país
a forte aposta em dados abertos, que facilitam o uso, reúso, distri VIVIANE MALHEIROS
10 MAI/JUN 2015
Para subir mais degraus quena Empresa (SMPE) da Presidência da República, Carlos Leony, no
Dentro da proposta de centralizar serviços encontrase o precursor Seminário Internacional Brasil 100% Digital, em abril. “Por que não po
Portal Brasil. “Nele, há o Guia de Serviços Públicos, que aponta as deríamos ser reconhecidos por alguma autenticação digital, seja por
formas de atendimento, presencial ou eletrônico. Há o Guia de Apli um mecanismo mais avançado ou uma simples senha? Por que preciso
cativos, que lista os apps disponíveis para download”, lembra Jacimar levar um monte de documentos para provar que sou eu mesmo, se a
Gomes, coordenador de negócios no Serpro, instituição que desen tecnologia já permite compartilhar informações?", acrescentou Leony,
volveu e hospeda o portal. no seminário intitulado como primeira iniciativa para redação da
O brasil.gov.br já representa um avanço em egov, uma vez que Agenda para o Brasil Digital, que reunirá orientações para que o país se
centraliza links. Mas o governo federal acredita que pode evoluir torne uma nação avançada no uso de tecnologias digitais.
muito mais, indo ao encontro da ideia de um grande portal unificado A Presidência prevê que a base integrada do cidadão – com dados
– com camadas incrementadas de serviços – e das outras tendências biográficos e biométricos, o registro civil nacional e as demais diretrizes
que estão sendo adotadas mundo afora. Para isso, investe no Bem poderão ser concretizadas com apoio de diferentes entes. Entre eles,
Mais Simples, lançado em fevereiro para desburocratizar a máquina está o Serpro. “Temos auxiliado a SMPE na concepção dessa base. E
pública e simplificar o dia a dia de cidadãos e empresas. todo o conceito de egov está sendo repensado, já que se buscam in
“O programa tem cinco diretrizes. A de dar acesso aos serviços tegração total dos governos e apresentação dos serviços ao cidadão
públicos em um só lugar, a de extinguir formalidades que se torna em um local único e 100% online”, enfatiza Bruno Vilela, da unidade
ram obsoletas com a tecnologia, a de guardar dados do cidadão para que atende a Secretaria.
consultas em uma só plataforma, a de unificar o cadastro e a identi Há ainda parceiros como cartórios, Dataprev e Justiça Eleitoral, a
ficação do indivíduo, e a de resgatar a fé na palavra do brasileiro, qual administra o maior cadastro de cidadãos de toda América Latina
substituindo documentos por declarações pessoais”, destacou o se – são mais de 143 milhões de eleitores, sendo 24 milhões já identifi
cretário de Competitividade e Gestão da Secretaria da Micro e Pe cados biometricamente.
MAI/JUN 2015 11
Sem muros
Outro investimento nacional são as ferramentas que permi
tem que pessoas colaborem entre si, e com o governo, para cui
dar de algo de interesse público. São iniciativas produzidas em
diversos formatos, mas todas com a mesma proposta de partici
pação digital reconhecida na pesquisa de 2014 da ONU: há um
indicador sobre eparticipação no qual o país assumiu o 24°
lugar, tendo evoluído sete posições desde 2012. “Temos canais
como o Participa.br, o eDemocracia, o eCidadania. Há o Minis
tério da Justiça, que faz consultas online, e alguns Estados e
municípios que começam a fazer. Precisamos continuar investin
do nisso que realizamos de bom, para consolidar essa cultura de
participação digital”, acredita o pesquisador Cristiano Ferri.
O futuro do egov
Também no documento da ONU, o Brasil aparece na segunda
melhor categoria de classificação, no índice geral sobre egov, e
ocupa a 57ª posição, em um ranking com 193 países. Segundo
a ONG Open Knowledge, o país é mais transparente que Esta
dos Unidos e Alemanha no que se refere à abertura de dados
sobre gastos federais. E no índice geral de dados abertos, da
mesma ONG, está no 26° lugar, entre 97 nações. Já no ranking
de egov, com 61 países, feito pela Universidade de Waseda,
encontrase na 40ª colocação. Cada um dos estudos, é claro,
tem metodologia e recorte diferentes, mas seja como for mos
tram que o país está no caminho e pode se aprimorar rumo a
um governo cada vez mais digital, moderno e participativo.
“O Brasil é continental. A oferta de serviços online pode ser
mais abrangente, a partir de mais acesso à internet, o que até
hoje é uma dificuldade em vários lugares do país. E está bem
posicionado em transparência, mas há muita oportunidade para
aperfeiçoar os níveis desse quesito e permitir que a população
consuma melhor as informações”, exemplifica Viviane, que atua
ainda no Centro de Informações Serpro, inaugurado neste ano
para ajudar a empresa a trazer formas inovadoras de tratar e
disponibilizar dados para governo, empresas e cidadãos. “Esses
índices têm falhas em computar alguns elementos. De qualquer
maneira, modernizar o Estado é algo que pode ser mais forte na
agenda do governo. Temos que investir na inovação, nos agen
tes públicos e na interação com cidadãos, como os especialistas,
os hackers e a geração de nativos digitais que já possui a cultura
da abertura e do compartilhamento, o que contamina positiva
mente a burocracia. Estamos evoluindo, mas podemos avançar
bastante”, completa Ferri.
12 MAI/JUN 2015
QUARTZO
QUARTZO :
dados como serviço
Tecnologia Serpro revoluciona o acesso às grandes bases de dados do
governo federal, na expectativa que informações qualificadas resultem
em políticas ainda mais eficazes
TEXTO LOYANNE SALLES
DESIGN DEMIAN PONTES
O
relacionamento entre Estado e cidadão passa cada O padrão hoje é que se uma instituição deseja ter acesso aos
vez mais pela internet, o que aumenta a concen dados brutos de seu sistema, deve solicitálos ao Serpro. A extra
tração de dados na rede. Transformar dados em ção é realizada por apurações especiais ou envio da cópia da base
informações é uma das principais dificuldades das de dados. “A prática sobrecarrega as áreas de desenvolvimento e
instituições públicas e as razões são inúmeras: vão produção e nem sempre é possível entregar o dado com a tem
desde a extração até a compreensão do que está sendo gerado. pestividade necessária devido a demandas prioritárias de evolução
Solucionar o problema de extração e qualificar esse ciclo é a pro e manutenção do sistema”, pontua Ádria.
posta do Quartzo, novo produto do Serviço Federal de Processa Com a idealização desse produto, o Serpro transformou e evoluiu
mento de Dados (Serpro), lançado oficialmente em junho deste ano. o processo. A partir dele, o cliente que contratar o Quartzo, poderá
O Quartzo é um serviço que viabiliza o acesso aos dados onli ter acesso aos dados que estão armazenados na empresa de forma
ne de forma segura e auditável. “O sistema disponibiliza bancos ágil e independente e, inclusive, pode autorizar outras instituições a
de dados virtuais por meio de barramento e apresenta os meta fazerem o mesmo. A atualização das informações dependerá da
dados em um catálogo”, explica Ádria Ferreira, gestora do projeto periodicidade acordada em contrato. “Em alguns casos, é possível
na empresa. Além da facilidade de visualização, ele permite a au manter o acesso à base de dados em tempo real”, indica a gestora.
tenticação e a autorização de usuários em sua plataforma, ativi
dades cobradas de acordo com a utilização contratada. Compreender e distribuir a informação
Inspiração para o desenvolvimento do produto, o Ministério do
Foto: Arquivo Serpro
Planejamento, Orçamento e Gestão (MP) utiliza o Quartzo desde
o término da prova de conceito da solução. Plínio Sales, gerente
do projeto no MP, diz que a expectativa é desenvolver novas apli
cações com esses dados. “O Quartzo proporcionará ao Ministério
maior efetividade no uso das informações dos sistemas estrutu
rantes. As áreas gestoras passam a ter, à disposição, soluções de
apoio à tomada de decisão, de avaliação e de garantia da trans
Ádria Ferreira: parência e acesso à informação”, comemora.
com o Quartzo é “A produção de informação é importante, mas a distribuição é
possível manter o tão importante quanto”, sentencia Carlos Leony, secretário de
acesso à base de Competitividade e Gestão da Secretaria de Micro e Pequena Em
dados em tempo real presa (SMPE). Para ele, ter uma informação exclusiva é tão ruim
quanto não têla. “Toda solução que melhore a distribuição já é
bemvinda, mas o Quartzo ainda agrega muitas vantagens”, analisa.
A SMPE está prestes a assinar o contrato de adesão da ferramenta.
14 MAI/JUN 2015
O secretário explica que, para eles, é
importante evoluir do dado bruto e passar
a consumilo já modelado. No caso da
SMPE, uma base primordial é a do Cadas
tro Nacional de Empresa (CNE). Carlos
conta que muitas organizações são de
pendentes do cadastro, como Banco Cen
A produção de
tral, Ministério do Turismo, Controladoria
Geral da União (CGU), entre outros.
informação é importante,
“Hoje, nós distribuímos bases de dados,
mas não sabemos como eles são trabalha
mas a distribuição é tão
dos, a partir de quais valores semânticos
ou até mesmo se as instituições conse
importante quanto
guem alcançar seus objetivos”, revela. Mas
CARLOS LEONY
após contratar a solução, a SMPE terá
condições de oferecer os relatórios e grá
Foto: Arquivo SMPE
ficos prontos. “Assim, os órgãos poderão
acompanhar os aspectos que lhes interessam sobre a formação consolidarse como um centro de informação do governo brasi
das empresas no Brasil e essas informações poderão pautar políti leiro”, analisa Viviane Malheiros, coordenadora do CIS. Para ela, a
cas públicas mais eficientes”, aposta Leony. solução ganha esse peso porque permite aos clientes utilizarem
O Quartzo é a primeira solução do Centro de Informações Serpro dados de seus negócios para gerar informações fundamentais pa
(CIS). “Ele começa a materializar a visão de futuro do Serpro de ra a tomada de decisão ou integrar soluções.
MAI/JUN 2015 15
CAPA
16 MAI/JUN 2015
A criminalidade no país está aumentando?
Quais as regiões mais perigosas? Quais
as iniciativas que demonstram melhores
resultados no combate ao crime? Onde
o país deve investir? Qual a real
necessidade de cada estado e município?
Para responder perguntas como essas e dar um
salto evolutivo na gestão da segurança pública no
país, o governo federal instituiu, pela Lei nº 12.681,
de 4 de julho de 2012, o Sistema Nacional de
Informações de Segurança Pública, Prisionais e sobre
Drogas (Sinesp). Muito além de um sistema
informatizado, o Sinesp representa a construção de
um grande pacto nacional no alinhamento de
metodologias de coleta e divulgação de dados em
segurança pública.
RUMO À INTEGRAÇÃO
A segurança pública é uma tarefa complexa para
qualquer nação. No caso do Brasil, esse desafio é
ainda maior, já que o país possui características que
dificultam essa gestão, como sua imensa população,
dimensão continental, além da grande diversidade
técnica e econômica existente entre os estados e
órgãos que atuam nessa área.
No Brasil, explica Regina Miki, secretária nacional
de Segurança Pública do Ministério da Justiça, os
sistemas dos estados e municípios para produção de
estatísticas de segurança pública foram desenvolvidos
de modo segmentado, sem previsão de intercâmbio
das informações ou padronização dos procedimentos
policiais em nível nacional. Tal fragmentação, segundo
ela, tem gerado grande dificuldade para o governo
acompanhar de perto o impacto dos investimentos,
devido à escassez de dados locais e à variedade de
metodologias de produção dessas informações em
MAI/JUN 2015 17
cada região. Se cada lugar tem um jeito próprio de pactuaram como parceiros do Projeto Sinesp,
medir a criminalidade, a junção ou a comparação resultando 27 Termos de Adesão assinados.
entre diferentes índices se torna imprecisa.
Dessa necessidade de obter dados e estatísticas REVOLUÇÃO NOS PROCESSOS
confiáveis surgiu, em 2012, o Sinesp. Seus principais Para se ter uma ideia da revolução que o Sinesp
objetivos, segundo o Ministério da Justiça, são pode gerar em termos de reconhecimento da
subsidiar a realização de diagnósticos sobre realidade da segurança pública no país e da geração
criminalidade; oferecer ferramentas de trabalho ao de inteligência para a gestão do setor, basta dizer que
alcance dos profissionais de segurança pública; e o encaminhamento de dados estatísticos ao governo
promover a integração entre as instituições e seus federal era realizado, até então, por meio do
agentes nas diversas esferas. “É um direito do cidadão preenchimento manual de planilhas com mais de
ter informações atualizadas sobre dados da segurança 2.750 campos. “A automatização e a unificação
pública de seu país, seu estado, sua cidade e seu desses processos aumentam, de maneira imensurável,
bairro. O Sinesp pretende reunir informações a qualidade dos dados a serem ofertados como base
estatísticas de todo o país e disponibilizálas aos de quaisquer ações estratégicas ou operacionais”,
pesquisadores, gestores públicos e toda a sociedade analisa a secretária nacional de Segurança Pública.
civil”, destaca a secretária. Considerando os agentes de segurança pública de
Em 2013, mais um passo foi dado, com a todo o país como principal públicoalvo do complexo
instituição do Conselho Gestor do Sinesp, cuja Sinesp, o Ministério da Justiça contabiliza potenciais
competência é estabelecer procedimentos sobre 600 mil usuários diretos das ferramentas, distribuídos
coleta, análise, sistematização, integração, em mais de 200 instituições autônomas entre si. “O
atualização e interpretação de dados e informações Sinesp subsidia estudos e pesquisas e auxilia na
de segurança pública, do sistema prisional e de tomada de decisões, de modo a direcionar o
execução penal e enfrentamento do tráfico de governo federal em suas políticas de fomento e
drogas ilícitas. Os 26 Estados e o Distrito Federal incentivo, bem como a administração estadual e
É um direito do
cidadão ter
informações
atualizadas sobre dados
da segurança pública
de seu país, seu estado,
sua cidade e seu bairro.
REGINA MIKI
18 MAI/JUN 2015
Cristina Fiuza (esq)
e Miyuki Abe (dir)
atendem o Ministério
da Justiça no Serpro
municipal. O sistema também distribui conhecimento
às diversas regiões”, explica Regina Miki. Foto: Arquivo Serpro
MAI/JUN 2015 19
Diretor Rogério
Carneiro, do
Ministério da Justiça
Foto: Arquivo Serpro
Segundo Cristina Fiuza, gerente do Serpro demais Estados. “Outros módulos ainda estão em fase
responsável pelo projeto, o complexo Sinesp é de projeto e a tendência é que as inovações surjam
composto de diversos módulos, cada um deles com sempre para atender as demandas do Ministério da
foco num segmento de negócio relacionada à Justiça”, comenta a gerente.
segurança pública. O desenvolvimento dos módulos é Na opinião de Rogério Carneiro, o SinespCAD é
feito de forma gradual e incremental, utilizando na um outro exemplo da forma modular como o
sua maioria medologia ágil. Muitos dos módulos já conjunto de sistemas é desenvolvido. De acordo com
estão prontos e em fase de implantação como ele, a ferramenta já está disponível para uso com
projetopiloto. Esse é o caso SinespPPe que está em funcionalidades básicas para uma solução de controle
fase de expansão de implantação no Estado de de atendimento emergencial. Apresenta recursos
Roraima e em breve já poderá ser implantado nos importantes desenvolvidos, tais como a possibilidade
20 MAI/JUN 2015
LISTA DE SISTEMAS
Atualmente, o Sinesp integra-se a bases como a do Denatran, Receita
Federal e Sistemas Estaduais, e conta com 26 módulos, dentre eles:
trata de um projeto nibiliza consultas em módulos sobre a situação de furto ou roubo de veículos, mandados de prisão e
pessoas desaparecidas. Pelo Consulta Veículo, recebeu mais de 150 milhões de consultas e ajudou na
grandioso e que requer equipes de recuperação de mais de 120 mil veículos furtados ou roubados. Pelo Mandado de Prisão executou
quase 10 mil mandados. E pelo Desaparecidos colaborou para diversas buscas; dos registros de pes
excelência, que possibilitem a não soas desaparecidas, 125 foram encontradas no período de agosto de 2014 a maio de 2015.
interrupção dos serviços. Neste
O PORTAL SINESP
contexto, o Serpro possui expertise Ferramenta de acesso livre que consolida informações estatísticas, além de serviços do SinespCida
adquirida na atuação em todas as dão, possibilitando consultas operacionais, investigativas e estratégicas sobre drogas, segurança pú
blica, justiça, sistema prisional etc. Sua interface aberta configurase como uma solução para divulga
regiões brasileiras. ção de informações sobre segurança pública. A interface logada é o principal ponto de entrada para
todos os sistemas do complexo Sinesp que estão sendo construídos e implantados.
ROGÉRIO CARNEIRO
REDE SINESP
Ferramenta institucional de comunicação e integração entre profissionais de segurança pública, aos
de integração com telefonia IP e o módulo de moldes de uma rede social corporativa. Permite o compartilhamento e discussão contínua de temas
funcionamento offline, importante para os casos de específicos sobre segurança pública, quebrando barreiras geográficas e temporais.
intermitência ou baixa velocidade de conexão com a
Internet. “Outras etapas estão em fase de SINESPSEGURO
desenvolvimento. É o caso da integração entre as É uma ferramenta para comunicação segura e em tempo real entre agentes, que permite a troca de
várias instituições que utilizam a ferramenta, arquivos por meio de celulares e computadores, aos moldes de aplicativos como Whatsapp e Tele
possibilitando o compartilhamento de áreas de gram. O diferencial está na segurança oferecida através de criptografia dos dados e outros recursos,
interesse, o gerenciamento de grandes eventos e, tais como autodestruição de arquivos.
ainda, o aplicativo para tablets e smartphones, que
possibilitará à equipe de campo receber e preencher SINESPESTATÍSTICAS
dados de ocorrências para compartilhamento online”, Ferramenta de Business Inteligence disponibilizada aos Estados e Municípios conveniados, a fim de
enumera o diretor. promover a integração nacional dos dados e análise estatística e criminal.
MAI/JUN 2015 21
A Tematec é uma publicação da Revista Tema constituída por artigos técnicos
sobre aplicações tecnológicas. A participação na Tematec é aberta aos
empregados do Serpro, clientes e comunidade científica. Os interessados
devem entrar em contato pelo email: comunicacao.social@serpro.gov.br.
N° 59 ∙ 2015
TEMPOS DE RECUPERAÇÃO EM
CONTINUIDADE DE NEGÓCIOS
1. INTRODUÇÃO etapas anteriores, identificase qual é a melhor abordagem, me
dida ou solução que a organização deve implementar para en
frentar uma interrupção de negócio. A estratégia de continuidade
As instituições, independente de tamanho ou setor de atua visa reduzir a chance e diminuir o tempo de interrupção ou, ain
ção, são sensíveis a interrupções nos seus processos de negócio. da, limitar seu impacto na execução de produtos e serviços da
Elas são vulneráveis a situações de riscos, que são originados por instituição (FAGUNDES ET AL, p. 254);
desastres naturais ou por pequenos incidentes, e a seus respecti d) Elaboração de planos de continuidade de negócios: criação
vos impactos. A ocorrência desses eventos pode causar uma in da documentação de procedimentos e informações para que a
terrupção parcial ou total das atividades da instituição, prejudi instituição mantenha a continuidade dos seus processos críticos,
cando seu negócio (FRIEDENHAIN, 2008, p. 11). caso ocorra algum tipo de interrupção neles. Guindani (2011, p.
Esta situação tem direcionado gradativamente a estrutura da 71) ressalta que as atividades devem ser “escritas como ordens de
Gestão de Continuidade de Negócios (GCN). Tratase de um comando, curtas e simples, com maior detalhamento para as ati
“processo abrangente de gestão que identifica ameaças potenci vidades diferentes do dia a dia”;
ais para uma organização e os possíveis impactos nas operações e) Teste e manutenção dos planos de continuidade de negócios
de negócio caso estas ameaças se concretizem” (ABNT, 2013, p. e análise crítica: validação e atualização da documentação criada
2). Para que a gestão de continuidade de negócios possa atingir na fase anterior e identificação de melhorias no processo de GCN;
seus objetivos, as seguintes etapas devem ser observadas: f) Inclusão da cultura de GCN na organização: para ser efetiva,
a) Análise de Impacto de Negócios (Business Impact Analysis – a GCN deve fazer parte da cultura da organização (VENEZIANO,
BIA): responsável por identificar e analisar os processos da orga p. 25; ABNT, 2007, p. 37). Envolve ações de conscientização e
nização e os efeitos que uma interrupção de negócio pode ter treinamento sobre o assunto. Guindani (op. Cit, p. 87) considera
sobre eles. Ao final desta etapa, a organização será capaz de sa que é a etapa mais complexa de todo o processo.
ber quais são seus processos de negócios mais críticos, suas in
terdependências e seus tempos de recuperação, objeto de estudo 2. TEMPOS DE RECUPERAÇÃO
desta publicação;
b) Avaliação de risco: processo de identificação, análise e tra
tamento dos riscos mais evidentes que podem afetar o funciona Os tempos de recuperação são grandezas em escala de tempo
mento dos processos de negócio da organização. Para Ludescher (segundos, minutos, horas, dias, semanas) que fazem parte dos
(2011, p. 17) esta fase determina as possíveis causas de desastre requisitos de continuidade de negócios de um processo ou de
e seus eventuais resultados. uma atividade de uma instituição.
c) Elaboração da estratégia de continuidade de negócios: a Essas medidas são importantes para “determinar a melhor for
partir dos resultados e dos requisitos de continuidade das duas ma de preparar a organização para ser capaz de gerenciar suas
MAI/JUN 2015 1
interrupções” (FAGUNDES et , 2010, p. 263) e devem estar de nização e pelo recursos tecnológicos que serão usados para ga
acordo com os seus requisitos, diminuindo os prejuízos decorren rantir a continuidade das atividades ou processos interrompidos.
tes de perdas ou para atendimento à legislação pertinente (LU Quanto menor o RTO, menor é o impacto no negócio e maior é o
DESCHEIR, 2011, p. 25). custo, conforme gráfico representado na Figura 1.
Assim, eles influenciam a escolha da abordagem ou solução de
continuidade (estratégia), incluindo recursos de hardware, de
software e outras tecnologias, que será usada em uma organiza
ção quando ocorrer uma interrupção nos seus negócios. Recursos
mais elaborados e complexos são mais caros, então, como con
sequência, os tempos de recuperação afetam o custo de imple
mentação da estratégia de continuidade de negócios.
Conforme já explicado, essas informações são identificadas na
etapa de Análise de Impacto de Negócios (BIA). As medidas de
tempo mais comuns relacionadas à continuidade de negócios são:
2.1 RTO – TEMPO OBJETIVADO DE O gráfico mostra que o melhor é possuir uma solução que re
RECUPERAÇÃO presenta o equilíbrio entre tempo no impacto dos negócios (RTO)
e o seu custo.
Uma ressalva importante sobre essa medida de tempo é que
É também conhecido como objetivo de tempo de recuperação ela é diferente do tempo médio para reparo (MTTR – Mean Time
(CORREA FILHO, 2010, p. 43; GLOSSARIO, 2014, p. 95; LUDES to Repair) que a biblioteca ITIL ® traz. O MTTR é o tempo médio
CHEIR, 2011, p. 24) ou tempo objetivo de recuperação (VENEZI para reparar (substituir ou corrigir um item de configuração) um
ANO, Op. Cit, p; 18; BRASIL, 2009, p.4 ). serviço de TI ou item de configuração (IC) após uma falha (GLOS
De uma forma geral, a maioria das referências consultadas con SARIO, Op. Cit.). O RTO é o tempo máximo para recuperação de
sidera que essa grandeza é o período de tempo para retomar uma um serviço de TI após sua interrupção. Dessas definições, depre
atividade ou processo crítico após sua interrupção. A ABNT (2007, endese que o MTTR é menor que o RTO. Outro aspecto relevante
p. 5) acrescenta que o RTO também pode ser o “tempo alvo para é que o termo RTO é aplicado tanto para Tecnologia da Informa
recuperação de um sistema ou aplicação de TI após um incidente”. ção como para processo de negócio. Já o termo MTTR pertence
Assim, se uma atividade ou processo crítico de uma organiza apenas à esfera tecnológica.
ção possui um RTO de seis horas, significa que a instituição con
segue conviver com a ausência dessa atividade por até seis horas, 2.2 RPO – PONTO OBJETIVADO DE
sem grandes impactos. Ou, em outras palavras, depois dela ser RECUPERAÇÃO
interrompida, essa atividade deve ser retomada em até seis horas,
para evitar impactos maiores para a organização.
Guindani (op. Cit, p. 49), no entanto, tem como marco inicial O Glossário ITIL (Op. Cit, loc. Cit) e Ludescher (Op. Cit, loc. Cit)
da contagem do seu valor a decretação do regime de contingên traduzem essa sigla como objetivo do ponto de recuperação.
cia e como término a retomada da atividade, o que diferencia sua Guindani (Op. Cit, loc. cit) define o RPO como sendo “a posição
definição das demais. Usando o exemplo acima e esta definição, (no tempo) na qual deverão estar disponíveis os dados das aplica
se o processo possui um RTO de quatro horas, esse valor repre ções recuperadas após a ocorrência de um desastre”. Neste caso, a
senta o tempo entre decretar a contingência e o retorno da exe definição do autor tem foco em Tecnologia da Informação.
cução da atividade. A ABNT (2013, p. 8) generaliza a aplicação do termo como
Com relação à unidade de tempo, o RTO pode variar de se “ponto em que a informação usada por uma atividade deve ser
gundos a dias. Essa variação é trazida pelas necessidades da orga restaurada para permitir a operação da atividade retomada.”
2 MAI/JUN 2015
Ludescheir (Op. Cit, p. 25) diz que o RPO “é o último instante lhante: é “o tempo máximo que os produtos ou serviços podem
de tempo em que os dados de um sistema computacional se en ficar indisponíveis, antes que os prejuízos atinjam níveis inaceitá
contravam íntegros e armazenados de alguma maneira, estando veis ou ameacem a sobrevivência da empresa”.
disponíveis para serem utilizados em um processo de recuperação, Essa definição pode levar a uma confusão com aquela sobre
no caso de falha do sistema”. RTO. Tratase de medidas diferentes sobre a interrupção de um
Outra forma de entender esse requisito de continuidade é processo crítico. Enquanto o RTO mede o tempo de retomada de
pensar na perda máxima de dados que a atividade ou processo de uma atividade cuja indisponibilidade gera impacto negativo na
negócio pode ter, caso ocorra uma interrupção. O dado da ativi instituição, o MTPD mede o tempo (máximo ou inaceitável) onde
dade ou do processo é protegido, através de, por exemplo, bac a indisponibilidade do produto ou serviço gerado em questão tor
kup ou replicação de dados, ou até uma fotocópia (DRII, 2014?, nase alta demais, prejudicando fortemente e ameaçando a so
p. 3), antes da sua indisponibilidade. brevivência da organização.
Então, se uma instituição tem um processo ou atividade que Complementarmente, Veneziano (Op. Cit, p. 18), ABNT (2013,
tem um RPO de 24 horas (a proteção do dado pode ter sido feita p. 8) e Ludescheir (op. Cit, p. 25) enfatizam que o RTO deve ser
através de um backup diário, por exemplo), em caso de interrup sempre menor do que o MTPD.
ção, este processo ou atividade pode perder, no pior caso, 24 ho Se um processo de negócio tem um MTPD de quatro dias, sig
ras de dados atualizados. nifica que a ausência desse processo por um período superior a
Analogamente ao RTO, o RPO deve atender as necessidades da quatro dias é tão inaceitável que ameaça a sobrevivência da res
organização e ser compatível com os recursos tecnológicos dispo pectiva organização. E se esse mesmo processo tem um RTO de
níveis para recuperação de seus dados. Quanto menor o RPO, oito horas, os impactos negativos de sua ausência só começarão a
menor é o impacto para o negócio e maior é o custo, conforme ser sentidos a partir desse período.
gráfico representado na imagem seguinte.
3.COMPARATIVO
MAI/JUN 2015 3
______. NBR ISO 22301: Sistema de Gestão de Continuidade de Negócios –
Alguns dos aspectos apresentados são semelhantes. O que pode
Requisitos. Rio de Janeiro, 2013.
ajudar a explicitar a singularidade de cada uma dessas métricas é, prin
cipalmente, o seu foco, o tipo de medida (valor médio ou máximo) e a BRASIL, Norma Complementar 06. Gestão de Continuidade de Negócios em
partir de quando esses tempos começam a ser contabilizados. Segurança da Informação e Comunicações. Departamento de Segurança da
Dentro do decorrer do tempo, as métricas abordadas e suas Informação e Comunicações. Brasília: GSIPR, 2009.
particularidades podem ser representadas conforme a Figura 3:
CORREA FILHO, Leopoldo Augusto. TAVARES, Mário R. de S. Gestão da
Continuidade de Negócios e a Comunicação em Momentos de Crise. 1a. Edição.
São Paulo: Sicurezza, 2010.
O presente artigo teve como objetivo explicitar as diferenças GLOSSÁRIO e abreviações ITIL. Português do Brasil. [s.l.]: Axelos, 2011. Disponível
conceituais dos tempos de recuperação, usados no contexto da em < http://www.itil
continuidade de negócios. officialsite.com/nmsruntime/saveasdialog.aspx?lID=1189&sID=242> . Acesso em
4 de maio de 2014.
O tempo objetivado de recuperação referese ao período de
tempo que uma atividade ou processo deve ser retomada após GUINDANI, Alexandre. Deus é brasileiro. O guia da Gestão de Continuidade dos
uma interrupção. O ponto objetivado de recuperação tem como Negócios. Rio de Janeiro: Editora Ciência Moderna Ltda, 2011.
foco a quantidade de dados de um processo ou atividade ou sis
tema de Tecnologia da Informação que pode ser perdida após LUDESCHER, Wagner. Modelo para avaliação da qualidade de projetos de planos
de continuidade de negócios aplicados a sistemas computacionais . 2011. Tese
uma interrupção. O período máximo de interrupção tolerável é o de doutorado. (Departamento de Engenharia de Computação e Sistemas Digitais
tempo em que o impacto de uma interrupção de um produto, ). Escola Politécnica da Universidade de São Paulo,São Paulo, 2011. Disponível em
serviço ou atividade tornase inaceitável para uma instituição. <http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/3/3141/tde10082011142221/pt
Esses tempos são identificados na fase de Análise de Impacto br.php>. Acesso em 13 de janeiro de 2015.
de Negócios do processo de Gestão de Continuidade de Negócios
VENEZIANO, Wilson H. FERNANDES, Jorge H. C. Gestão de Continuidade no
e são usados para estabelecer qual é a melhor estratégia de con
Serviço Público. Versão 1.0. [s.l.]: GSIC, 20092011.
tinuidade para os processos ou atividades críticos da organização.
Para que essa escolha ocorra de forma efetiva, devese levar em AUTORA
consideração o equilíbrio entre impacto da indisponibilidade re
tratada por esses tempos e o custo de implementação das tecno
logias para alcançálos.
Foto: Arquivo Serpro
LUCIANA GOMES
É especialista em Governança em TI pela
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Fundação Universa (2014) e bacharel em
Ciência da Computação pela Universidade de
AMORIM, Paulo. Curso de Especialização em Gestão da Segurança da
Brasília (2000). Trabalha como analista de rede de computadores no
Informação. Brasília, UnB:2008.
Serpro desde 2001 e está atualmente lotada na CoordenaçãoGeral de
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 159991: Gestão de Segurança da Informação (COGSI). Possui as certificações ITIL
Continuidade de negócios – Parte 1: código de prática. Rio de Janeiro, 2007. Foundation v2 e Modulo Certified Security Officer.
4 MAI/JUN 2015
Fiscal Cidadão
Este artigo é baseado no trabalho “Fiscal Cidadão”, premiado no ConSerpro 201 4.
MAI/JUN 201 5 5
tes tipos de evidências para embasar a denúncia:
PROPOSTA: “FISCAL CIDADÃO”
∙ Fotografia;
Este artigo propõe uma solução que tem por objetivo ∙ Vídeo;
viabilizar a participação do cidadão como colaborador
nos processos governamentais de fiscalização, através do ∙ Informações de geolocalização;
encaminhamento de denúncias aos órgãos competentes. ∙ Descrição em texto.
É importante salientar que esta solução visa simpli-
ficar e agilizar a interação entre o cidadão e o órgão •O cidadão deve categorizar a denúncia para que ela
responsável, e não concede ao cidadão o papel de fis- seja encaminhada corretamente ao órgão responsável;
cal. Isso significa que ele não poderá aplicar multas, • A solução garante a integridade e autenticidade das
punições ou outras sanções aos infratores; porém, so- evidências, de forma a dificultar alguém forjar uma
mente denunciar as irregularidades. Ainda deverá ha- falsa denúncia.
ver apuração e investigação pelos órgãos competentes, • A aplicação
possibilita ao cidadão acompanhar o
e caso seja constatado algum crime ou transgressão, a andamento do tratamento da denúncia pelo órgão
punição deverá ser aplicada conforme previsto na lei. competente (quando aplicável).
REQUISITOS DA SOLUÇÃO
ARQUITETURA DA SOLUÇÃO
• Permite ao cidadão realizar denúncias a partir de um
smartphone conectado a uma rede móvel de dados; A solução “Fiscal Cidadão” é composta por dois mó-
• Possibilita três tipos de denúncia (selecionável pelo dulos: um aplicativo, que deve ser instalado em dispositi-
cidadão): vos como smartphones ou tablets, e é onde o cidadão
efetua uma denúncia. O outro módulo, é um serviço web
∙ Denúncia nominal: o cidadão deve se identificar, para o recebimento das denúncias, e que as encaminha
fornecendo (obrigatoriamente) seu nome; aos fluxos – possivelmente já existentes – dos processos
∙ Denúncia anônima: nenhuma informação que identi- de tratamento (apuração), pertencentes aos órgãos res-
fique o cidadão deve ser enviada, e o sigilo deve ser ponsáveis, através da integração entre sistemas.
garantido em todo processo de denúncia e apuração; Na figura 2 é possível observar que os cidadãos
podem utilizar o mesmo aplicativo para realizar de-
∙ Denúncia social: o cidadão deve fornecer o perfil de núncias a diferentes órgãos governamentais.
uma rede social e o público-alvo desejado, para que
a denúncia seja publicada e compartilhada na rede. Um único serviço web para recebimento das denún-
cias efetuadas (Serviço FisCid) é responsável por receber
•O cidadão tem a possibilidade de fornecer os seguin- as denúncias enviadas pelos dispositivos dos cidadãos e
6 MAI/JUN 201 5
por encaminhá-las (via integração numa rede cripto- Após capturar uma evidência, é possível oferecer de-
grafada), a sistemas – ou fluxos de processos – perten- talhes da denúncia através de uma descrição textual. Além
centes aos diversos órgãos. Além disso, há integração disso, é possível adicionar mais evidências (outras foto-
com alguma rede social, de forma a publicar as denún- grafias ou vídeos), realizando novas capturas de imagens.
cias “sociais” nos perfis fornecidos pelos cidadãos. A categorização da denúncia deve ser feita pelo ci-
dadão, e é a chave para o correto encaminhamento
APLICATIVO “FISCAL CIDADÃO” aos órgãos responsáveis.
Também é possível selecionar o tipo de denúncia
O aplicativo “Fiscal Cidadão” é o principal módulo (anônima, nominal ou social). No caso de uma denún-
da solução proposta. A interface com o usuário deve cia nominal, os dados que identificam o cidadão serão
facilitar a interação no momento de denunciar. Isso é anexados à denúncia. Já no caso de uma denúncia
um ponto crítico, pois muitas vezes a efetivação da social, o aplicativo utilizará os dados de um perfil em
denúncia pode ocorrer em momentos de tensão, ou uma rede social, fornecidos pelo cidadão. Essas infor-
risco iminente à integridade do cidadão. mações são previamente configuradas no aplicativo.
A seguir serão exibidas algumas ilustrações conten-
do os protótipos de tela do aplicativo, criadas como
prova de conceito desta solução.
MAI/JUN 201 5 7
finalidade é possibilitar o acompanhamento de sua si- ENCAMINHAMENTO E
tuação, durante a apuração e investigação. TRATAMENTO DAS DENÚNCIAS
Através do menu de configuração do aplicativo Fis-
cal Cidadão é possível alterar os dados pessoais ou A arquitetura proposta para a solução “Fiscal Cida-
consultar o histórico de denúncias efetuadas. dão” parte da premissa de que existam integrações
entre o serviço de recebimento de denúncias, e os
fluxos de processos de tratamento de denúncias dos
órgãos governamentais que desejam se beneficiar da
solução. Essas integrações podem ser realizadas atra-
vés do uso de Web Services, Enterprise Service Bus
(ESB), mensageria, ou outras tecnologias apropriadas,
utilizando-se de redes seguras criptografadas.
Para tanto, é necessário se estabelecer propostas
de integração e políticas de segurança que permitam
a “parceria” desta solução com os processos de apu-
ração, investigação e fiscalização já existentes nos ór-
gãos de governo e forças públicas.
AUTOR
ROBSON DE SOUSA MARTINS
MBA em Desenvolvimento de Soluções Corporativas em Java/SOA (201 2),
pela Faculdade de Informática e Administração Paulista (FIAP) e bacharel
em Sistemas de Informação (2003), pela Faculdade Batista de Administra-
ção e Informática (FBAI). Atuou durante sete anos como Técnico Eletrôni-
co, em projetos de sinalização metroferroviária e manutenção eletrônica,
e dez como Analista Programador, no desenvolvimento de softwares co-
merciais. Desde 201 0 é analista no Serpro, lotado na Superintendência de
Suporte a Tecnologias (Supst), em São Paulo, onde atuou em projetos co-
Foto: Divulgação mo o ALM (Application Lifecycle Management) e ECM Alfresco (Processo
Verde). Atualmente participa dos projetos de implantação das tecnologias
de BPMS (Business Process Management Suite) e da plataforma Mobile Marketing. Foi premiado em terceiro lugar no
ConSerpro 201 2, tema Governo Eletrônico, com o trabalho “Integração de Sistemas: Simplificando a Vida do Cidadão”,
e em segundo lugar no ConSerpro 201 4, tema Governo Digital e Sociedade, com o trabalho “Fiscal Cidadão”.
8 MAI/JUN 201 5
ARTI GO
Política de S
Informação d
M uita coisa mudou
desde 201 1 , ano da
vernança”, estamos qualificando sua estrutura de gestão, para di-
zer que além dos aspectos gerenciais mínimos (inputs, outputs,
última revisão da Po- resultados econômico-financeiros, resultados sociais etc.) essa or-
lítica de Segurança da Informação do ganização ou fração de organização dispõe de uma estrutura po-
Serpro. Depois disso, houve os escân- lítica clara, além de ostentar adequada estrutura de informação,
dalos de espionagem de 201 3, a imple- pautada por métricas claras e acessíveis, mas, sobretudo, por um
mentação do modelo de nuvem, a Inter- atributo fundamental: accountability (“responsabilização”). Pois a
net das Coisas surge como objeto de pro- primeira estrutura fundamental de uma adequada governança é a
gramas de governos, a clareza em relação à política cor-
interoperabilidade ga- porativa.
nhou corpo nos processos A Política Corporativa de Se-
de trabalho governamen- A Política Corporativa de gurança da Informação (PCSI) é
tais, o Serpro implantou uma
rede wireless corporativa, o
Segurança da uma política formal dentro do
Serpro, altamente técnica, formu-
processo de segurança corpo- Informação (PCSI) é uma lada com espelhamento nas me-
rativo (Proseg) se fez consolidado.
Chega a hora de nova atualização.
política formal dentro do lhores práticas internacionais e
que está sob a condução e res-
A expressão “política” traz consi- Serpro, altamente técnica, ponsabilidade da Coordenação
go forte e diferenciada carga semân-
tica. Ora designa uma área de conheci-
formulada com espelhamento Geral de Gestão da Segurança da
Informação (Cogsi). Nossos esfor-
mento (ciência política), ora se aplica à nas melhores práticas ços no sentido de aplicá-la, disse-
interação de participantes (“súditos”, “ci-
dadãos”) e gestores do bem coletivo (es-
internacionais e que está sob a miná-la, e de garantir sua atuali-
dade e eficiência no âmbito da
tado, unidade federativa, condomínio, condução e responsabilidade organização, bem como no trato
plano associativo etc.).
Mesmo no plano da gestão pública, a
da Coordenação Geral de com nossos interlocutores exter-
nos representa um belo trabalho
expressão “política” designa o conjunto Gestão da Segurança da de crítica e construção desenvol-
principiológico estratégico-direcionador
da atividade tática do Estado. É aqui,
Informação vido desde 1 996.
24 MAI/JUN 201 5
Segurança da
do Serpro
boa dose de simetria. De todas as três, a PCSI foi a campo institucional corporativo. A Cogsi deixa de
que sofreu o maior número de atualizações. fazer parte da Diretoria de Operações e passa a in-
A Cogsi está, no presente momento, conduzindo tegrar a estrutura da Diretoria de Superintendência.
as discussões para formulação da sexta versão da Tal mudança é um passo muito importante na
PCSI. A primeira surgiu junto à primeira versão do aproximação de nosso trabalho de segurança da in-
Programa de Segurança do Serpro (PSS). Três atuali- formação, porque representa um afastamento do
zações foram feitas: em 2001 , em 2005 e em 2008. modelo de simples “gestão”, para um modelo de
Em 201 1 , com a criação da Cogsi e do Comitê Es- Governança de Segurança da Informação. A área
tratégico de Segurança da Informação (Coesi), foi deixa de se chamar Coordenação-Geral de Gestão
publicada a quinta versão da PCSI. de Segurança da Informação e passa a se chamar
O Comitê Estratégico de Segurança da Informa- Coordenação Estratégica de Governança em Segu-
ção (Coesi), que é formado por um representante rança da Informação. Com isso, temos aumentada
de cada diretoria, tem a função institucional de nossa responsabilidade.
aprovar a política proposta pela Cogsi e de ser, em A sexta versão traz uma novidade muito impor-
última instância, seu guardião. As principais delibe- tante: além da atualização do conteúdo substanti-
rações em matéria de segurança da informação são vo, o processo de revitalização passa a ser acresci-
submetidas, pela Cogsi ao Coesi e, com essa e ou- do de uma maior participação corporativa! A PCSI
tras medidas, estamos constantemente adequando está disponível no “Palavra Aberta”, para que o
os fatos da vida quotidiana à PCSI e vice-versa. corpo funcional colabore, critique e ofereça su-
A sexta versão da política coincide com um mo- gestões que serão consolidadas e submetidas ao
mento muito importante: estamos em meio a uma Coesi. Uma vez aprovada, a nova política vigorará
mudança de estrutura que posiciona a Cogsi no por mais um biênio.
MAI/JUN 201 5 25
IEDUCAR
I
magine se os municípios brasileiros pudessem con
tar com um sistema que informatizasse o dia a dia
de uma escola, com dados pessoais e pedagógi
cos sobre os alunos, incluindo fichas médicas,
transporte escolar, relatórios gerenciais, reservas de va
gas para matrículas e outras informações de forma in
tegrada. Imagine também, se esse sistema pudesse eli
minar a quantidade de papéis armazenados, desburo
cratizar processos e, com isso, ainda ajudar a preservar
o meio ambiente. Esse sistema já existe e atende pelo
nome de iEducar.
Desenvolvido originalmente em 2006 pela prefeitura de Itajaí/SC para a
gestão escolar dos municípios, o iEducar é um software livre disponibilizado des
de 2008 no Portal do Software Público Brasileiro. De lá pra cá, evoluiu com a
contribuição dos membros da comunidade desenvolvedora, da empresa Portabilis
e do Serviço Federal de Processamento de Dados (Serpro).
Desde 2012, em atendimento ao programa Cidades Digitais do Ministério das
Comunicações, o Serpro vem adicionando novos recursos e realizando melhorias,
como por exemplo a importação de dados do censo escolar do Instituto Nacional
de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Educacenso/Inep).
Melhorias constantes
O iEducar possui núcleos que englobam módulos de cadastros, de pessoas fí
sicas e jurídicas, dados sobre servidores e professores, além de um módulo princi
pal. O analista de desenvolvimento de software do Serpro em Florianópolis, Carlos
Morais, cita uma das principais melhorias implantadas no iEducar, o Diário de
Classe. “Ele é um documento oficial que permite ao professor imprimir todos os
dados da turma, com tabela para fazer chamadas e lançar notas de provas e tra
balhos dos alunos. Isso facilita também para o município, que passa a ter impres
sões padronizadas, evitando despesas com gráfica, por exemplo”, explica.
Carlos também destaca a reserva de vagas, que permite configurar um prazo
para garantir, por um determinado período de tempo, a reserva de vaga para
matrícula do aluno na escola por ele desejada. “O sistema emite um atestado de
reserva de vaga, que lista os documentos exigidos para os responsáveis do aluno
efetivarem a matrícula dentro do prazo estipulado pelo município, de 48 ou 72
horas, por exemplo”, esclarece.
Outra melhoria é apontada por um dos profissionais do Serpro responsáveis
pela gestão do iEducar, Alfredo Alencastro. “O Serpro firmou contrato com os
Correios para a utilização da base de dados do Código de Endereçamento Postal
(CEP). Com isso, o cadastro fica ainda mais completo e facilitado. Estamos agora
encaminhando esse recurso para as devidas customizações”, adianta.
26 MAI/JUN 2015
Segurança, praticidade e responsabilidade ambiental Foto: Arquivo Serpro
MAI/JUN 2015 27
TECNOLOGIA
Eras que
não foram,
eras que
poderão ser
Produtos que não fi zeram o sucesso esperado
apontam desafi os para i novar, mas aposta em novos
gadgets conti nua fi rme
28 MAI/JUN 201 5
A taxa média de sucesso na inovação é de até 30% quando
o projeto é desenvolvido por grandes empresas e de 1 0%
para aqueles desenvolvidos em start ups
Também não basta se abrir à sugestão dos empregados. “É preci- remos acostumados a vestir dispositivos tecnológicos e os apare-
so que a empresa se prepare para ser inovadora, e isso envolve lhos que oferecem realidade aumentada serão comuns.
mudanças profundas em estratégia, processos, projetos”. E o que fará um drone pessoal? Munidos de câmeras, sensores
Ele ressalta que a inovação não é um fenômeno tecnológico, e GPSs, foram apresentadas quatro funcionalidades. A mais narci-
mas sim organizacional. “Gerar ideias não costuma ser problema. sista é uma alternativa ao pau de selfie. Mas haveria também usos
Mesmo ideias muito boas. A Kodak, por exemplo, tinha o protóti- mais voltados à segurança e conforto. Preso à mochila, o drone
po da máquina fotográfica digital muito antes da concorrência. do tipo Scout serviria a esportes de ação: em uma escalada, voaria
Mas era uma empresa muito focada nos negócios presentes, que ao redor da pessoa indicando locais corretos para apoiar as mãos.
não conseguiu direcionar seu processo para a inovação com a Já o drone Parasol detectaria chuva e projetaria acessórios para
agilidade necessária”, aponta. nos proteger dos pingos. O Flare seria um relógio-drone, capaz de
Segundo o profissional, a empresa que quer inovar tem de fa- mostrar trajetos a partir das coordenadas de um GPS. Já o drone
zer a “lição de casa”, completa. Alinhar o que é inovação no con- Breath detectaria níveis muito elevados de poluição, posicionan-
texto dela, definir que tipo de inovação pretende buscar, explicitar do-se à frente do nariz da pessoa que o portasse.
quais os tipos de inovação em que pretende investir. Mais impor-
tante, precisa ter a ousadia para um tipo de planejamento que se Roupas conectadas e inteligentes
distancia da lógica de cronogramas rigidamente estabelecidos e Lavar roupas será desnecessário com recursos para imper-
apostar em estratégias emergentes. ”No âmbito da inovação, a meabilizar roupas. A grife Ralfh Loren investe em camiseta es-
empresa precisa aprender a operar com métodos de tentativa e portiva que será conectada ao smartphone via bluetooth. Fará
erro”, explica. monitoração de atividades, como passos ou saltos, respiração,
batimentos cardíacos, passando tudo para o aparelho. Já a
Tudo pessoal e inteligente Google investe no Projeto Jacquard para produzir fibras tecno-
Talvez os óculos com realidade aumentada ainda cheguem a lógicas sensíveis ao toque, que serão incorporadas a peças de
fazer sucesso. Mas enquanto a versão de sucesso não chega ao roupas e terão funcionalidades tão diversas quanto tirar fotos
mercado, as empresas continuam apostando em frentes diversas ou permitir a decomposição precisa de movimentos de atletas,
bailarinos e atores em seus processos de treinamento ou em
Smartwatch ensaios. Roupas antibacterianas, que evitem pegar gripes ou
O projeto é antigo: desde 1 982 a ideia de relógio inteligente protejam de gases perigosos surgiram a partir de pesquisas re-
está no mercado. Mas o conceito atual define que, além de mos- alizadas na Universidade de Cornell, nos Estados Unidos.
trar as horas, esse aparelho deve ser capaz de oferecer informa-
ção sobre trânsito, auxiliar localização, comunicar-se com conta- “Vestíveis” para o bem
tos, controlar música, emitir comandos de voz, acessar dados de Por fim, e não menos importante: as roupas tecnológicas
voos, receber notificações e ver a previsão do tempo. Checar atu- abrem possibilidades de uso com fins humanitários. A aposta é
alizações de redes sociais e rodar jogos simples são outras funcio- do Unicef, que, em parceria com a já citada Agência Frog e
nalidades básicas. com a ARM, empresa britânica de chips, mantém o projeto
Os relógios com esse perfil chegaram ao mercado em 201 3. “Wearables for Good”, algo como “Computação vestível para
Cerca de meia dúzia de marcas oferecem opções. Os modelos o Bem”, em tradução livre.
disponíveis operam como uma extensão do celular, integrados via A ideia é desenvolver dispositivos vestíveis que sejam não
bluetooth. apenas interessantes, mas necessários ou relevantes. A entida-
O inconveniente mais visível é que o apetrecho não substitui o de fez uma chamada a designers de todo mundo, em maio
telefone, de tal forma que mesmo que anuncie monitorar uma deste ano, para que desenhem roupas tecnológicas que pode-
corrida, ainda funciona como um periférico do celular, dependen- riam ser usadas para coisas como: alertar pessoas contra in-
do de sua proximidade para funcionar. cêndios, diagnosticar deficiências orgânicas, incentivar mudan-
ças de comportamento como lavar as mãos, enviar sinais vitais
Drone pessoal para profissional de área médica via remota. A intenção é fazer
A previsão é de que, em 2030, ter um drone para chamar de chegar esse tipo de dispositivo a campos de refugiados ou áre-
seu será tão básico quanto ter um smartphone. A ideia, aventada as de difícil acesso, onde não existem instalações médicas e a
pela agência de design futurista Frog, é de que nesse tempo esta- infraestrutura é pouca.
MAI/JUN 201 5 29
CULTURA DIGITAL
Foto: Divulgação
IMPRESSÃO
3D LIVRE
Saiba mais sobre o crescimento exponencial de
uma tecnologia que tem se beneficiado dos
princípios da filosofia “open source”
TEXTO ALEXEI KALUPNIEK
DESIGN ANDRÉ MENEZES
m 2010, a primeira impressora 3D caseira foi saudada pela uma prótese de joelho e as engrenagens de um futuro modelo di
30 MAI/JUN 2015
Produto final
impresso, o
filamento ganha a
forma desejada pelo
usuário da
impressora
Carretel de filamentos, a
matéria-prima utilizada nas
Impressora 3D de impressoras 3D
Murilo Torres,
criada a partir de
informações
disponíveis na web
50%
Estimativa de redução do preço final do equipamento
nacional frente aos similares importados
Aprender fazendo
E que tal operar uma impressora 3D em uma comunidade baseada nos princípios do có André Luiz Leal na unidade Fablab de
digo aberto? É o que permite o Fablab. A ideia do “laboratório de fabricação” surgiu no iní Brasília, que já é a segunda particular
cio do ano 2000, no Centro de Átomos e Bits do Instituto de Tecnologia de Massachusetts no Brasil
(MIT), a partir de uma matéria multidisciplinar chamada “Como Fazer Quase Tudo”. Durante
Foto: Arquivo Serpro
o semestre, cada aluno imaginava um projeto livre e realizava o que tinha em mente apren
dendo a operar máquinas de fabricação digital. A iniciativa deu tão certo que ganhou o
mundo. O que antes era uma matéria se tornou uma entidade que já empresta o nome a
quinhentos laboratórios diferentes em todo o mundo.
Para se abrir um Fablab é preciso respeitar uma cartilha fortemente baseada na filosofia
open source. É o que explica André Luiz Leal, um dos sócios da unidade que opera em Bra
sília. Ao voltar de São Francisco em um intercâmbio do programa Ciência Sem Fronteiras, o
designer se juntou a outros quatro sócios que resolveram garantir, eles mesmos, seus em
pregos e em janeiro abriram uma empresa: o segundo Fablab particular do Brasil. “O objeti
vo do espaço é a experimentação. A gente aluga os equipamentos, mas, segundo as regras,
em um dia na semana a utilização é livre”, relata.
O espaço tem que disponibilizar pelo menos uma impressora 3D. Na bancada de eletrô
nicos, são utilizados circuitos Arduino, completamente open source e fáceis de aprender.
“Isso traz a criação eletrônica mais próxima de designer, hobistas e artistas”, considera An
dré. “Aqui tudo é em software livre e não dependente de uma programação pesada, o que
torna muito fácil de se programar”, acrescenta.
Os Fablabs espalhados pelo mundo acabam adquirindo o sabor local das criações de ca
da comunidade. Em Porto Alegre, por exemplo, existe uma preferência pela criação de mo
biliário, uma idiossincrasia dos gaúchos. Já em Brasília, há uma demanda por tábuas de ska
te, o que gerou até um workshop sobre o tema.
MAI/JUN 2015 31
Foto: 3dilla.com
IMPRESSÃO 3D LIVRE
Carros
IMPRIMINDO O MUNDO Em 201 1 foi lançado o Urbee, o primeiro
carro impresso em 3D. Na verdade, só a
Conheça alguns dos diversos itens que já estão carroceria utiliza, de fato, a tecnologia. Os
sendo produzidos por impressoras 3D custos ainda não compensam.
http://www.urbee.net
32 MAI/JUN 2015
CURTAS
MAI/JUN 201 5 33
INFOGRÁFICO
CENTRO DE DADOS:
SEGURANÇA
EM PRIMEIRO
LUGAR
TEXTO ALDO MARANHÃO
DESIGN ANDRÉ MOSCATELLI E EDNO JUNIOR
Centros de Processamento
de Dados ou Centros de Dados
(Data Center, em inglês) são
ambientes físicos especial
mente equipados para pro
cessamento e armazenamen
to de um grande volume de
dados. Projetados para serem
extremamente seguros, são
protegidos contra o acesso
indevido e monitorados per
manentemente em todos os
aspectos físicos e lógicos.
Um bom Centro de Dados
(CD) deve atender a rigoro
sos padrões internacionais.
As normas da Associação das
Indústrias de Telecomunica
ções (AIT) são as mais utili
zadas. No Infográfico ao la
do, vamos apresentar como
está estruturado fisicamente
um centro de dados. Conheça
agora um pouco mais sobre
esses espaços.
34 MAI/JUN 2015
MAI/JUN 2015 35
CENTRAL DE COMPRAS
ntre janeiro e dezembro de 2014, segundo dados do sistema da Central começou a funcionar em agosto do ano passado, numa
Nesse período, foram realizados quase 170 mil processos de com Buscador inteligente
pras, número 11% menor que o de 2013, com uma diminuição de R$ Rildo Farias, gerente da coordenação de recursos logísticos do
14,8 bilhões no valor das aquisições. Serviço Federal de Processamento de
Essa redução, de acordo com o Se Dados (Serpro), área que deu suporte
cretário de Logística e Tecnologia da Ficou evidente que a à implementação da solução, explica
Informação do Ministério do Planeja que foi desenvolvido um sistema que
mento (SLTI/MP), Cristiano Heckert, compra compartilhada pesquisa os melhores preços direta
demonstra que o governo federal está qualifica os gastos públicos mente nos sites das companhias aé
empenhado em melhorar a qualidade reas credenciadas. Além disso, um
dos gastos públicos e em padronizar e ajuda a modernizar a gestão “buscador” foi adquirido junto a um
os procedimentos de aquisição. fornecedor de tecnologia para a pro
CRISTIANO HECKERT
E foi justamente para dar conta de cura, reserva, emissão, compra, re
toda essa cadeia de compras que o marcação e cancelamento de passa
governo federal decidiu centralizar a aquisição e contratação de bens gens diretamente com as companhias aéreas.
e serviços de uso comum aos órgãos da administração direta do Po Ele conta que a plataforma contratada foi integrada, por web ser
der Executivo. Para isso, instituiu, por meio do Decreto 8.189, de ja vice, com o Sistema de Concessão de Diárias e Passagens (SCDP), por
neiro de 2014, a Central de Compras e Contratações com o objetivo onde são enviados os dados da viagem às companhias aéreas, como
de obter mais eficiência no gasto público, padronizar procedimentos origem, destino e data. “Após a cotação, o próprio sistema apresenta
e melhorar o controle e a fiscalização das compras federais. ao usuário as opções dentro dos parâmetros preestabelecidos no
De acordo com a coordenadorageral de licitações do Ministério SCDP. A partir daí, basta ele escolher o voo e solicitar a emissão do bi
do Planejamento (MP), Virgínia Bracarense Lopes, o primeiro módulo lhete de viagem”, explica Farias.
36 MAI/JUN 2015
A ECONOMIA EM NÚMEROS
Fonte: Ministério do Planejamento (MP)
AQUISIÇÃO DE
SERVIÇOS DE TELEFONIA:
1 70 49,5%
único
processo
órgãos
públicos
de economia
2 98 R$ 500
passagens em um único canal. “Esse novo modelo de aquisição ga
rantiu um desconto médio de 21% nas compras e uma economia de
mais de 10% aos cofres públicos”, afirma.
Em outubro de 2014, foi a vez da inovação chegar aos serviços de
grandes
licitações
órgãos
públicos milhões telefonia fixa. Naquele mês, em um único processo de compra, o go
de economia verno contratou serviço de telefonia fixa para 70 órgãos, no que foi
considerado o primeiro grande teste para a criação efetiva da Central
de Compras. Segundo o Ministério do Planejamento, a economia
com o processo de compra unificado foi de 49,5% em relação ao
preço praticado no contrato anterior.
COMPRAS DO Duas em vez de 114
EXECUTIVO FEDERAL Em março desse ano, a Central lançou dois editais para a compra
de equipamentos de videoconferência e ativos de rede para ministé
76. 9 rios, secretarias e Presidência da República. Na ocasião, a demanda
BILHÕES dos órgãos, de forma separada, somava R$ 800 milhões, mas os ga
62. 1 nhos de escala e a melhoria na especificação dos materiais reduziram
BILHÕES o custo das aquisições para cerca de R$ 208 milhões.
Serão duas grandes aquisições conjuntas. A primeira envolve a
participação de 61 órgãos e prevê a instalação de 809 salas de co
170 municação remota em 81 cidades até 2016. O segundo lote dessa
MIL 129
aquisição, com 37 entidades participantes, prevê a compra de 2,8 mil
equipamentos como switches, transceptores e racks para órgãos pú
MIL blicos espalhados por 39 cidades.
Cristiano Heckert, da SLTI, afirma que nos padrões antigos de
aquisição seriam necessários 114 processos licitatórios para aquisição
de todos esses equipamentos e serviços. “Realizamos duas licitações
em vez de 114 processos, o que gerou uma enorme economia para
os cofres públicos. Ficou evidente que a compra compartilhada qua
lifica os gastos e ajuda a modernizar a gestão”, conclui.
REDES DEFINIDAS
POR SOFTWARE:
A EVOLUÇÃO DAS
ARQUITETURAS DE REDES
A
s redes atuais são elementos fundamentais drões SDN, ela pode ser totalmente gerenciada por di
para os modernos ambientes de negócio, pois versos controladores.
são responsáveis por fornecer os meios de co Para compreender melhor por qual razão SDN tor
municação que a organização precisa para executar nouse tão importante, precisamos olhar para o que
aplicações, fornecer serviços e serem competitivas. existia antes do mundo SDN. As arquiteturas de rede
Apesar da evolução da internet, sua tecnologia, re tradicionais têm limitações significativas que devem ser
presentada pela arquitetura em camadas do modelo superadas para atender as modernas exigências da tec
TCP/IP, não evoluiu suficientemente nos últimos 25 nologia da informação (TI). A rede atual deve ser di
anos. A internet tornouse comercial e os equipamen mensionada para acomodar maiores cargas de trabalho
tos de rede tornaramse “caixaspretas”, ou seja, imple com maior agilidade, além de manter o custo em um
mentações integradas verticalmente baseadas em nível mínimo. A abordagem tradicional tem limitações
software fechado sobre hardware proprietário. O resul substanciais, como:
tado desse modelo é o engessamento das arquiteturas • Complexidade: a grande quantidade de protocolos
de redes. de rede e recursos aumentaram a complexidade da re
Nesse contexto, surgiram as Redes Definidas por de. Recursos e equipamentos de redes tendem a ser
Software (do inglês, SoftwareDefined Network – SDN) específicos de fornecedor.
que representam uma nova maneira de olhar a forma • Políticas inconsistentes: políticas de segurança e
como as redes são controladas, configuradas e opera qualidade de serviço (QoS) precisam ser configuradas
das. Em geral, SDN significa que as redes são controla manualmente (suscetíveis a erros) ou com scripts em
das por softwares (controladores SDN), em vez dos centenas ou milhares de nós. Esse requisito torna as
consoles de gerenciamento de redes e comandos que mudanças complicadas para as organizações imple
exigem um grande esforço operacional, tornando com mentarem inovações sem um investimento em conhe
plexa a administração em larga escala. cimento na linguagem de scripts ou em ferramentas
O paradigma SDN é baseado em tecnologias aber que automatizem esse processo.
tas. Isso garante maior interoperabilidade, inovação e • Não escalável: Na medida em que as cargas de tra
flexibilidade na implementação em provedores de ser balho mudam e a demanda por recursos de rede au
viços (ISP). Se a rede está em conformidade com os pa mentam, a TI tem de ser satisfeita com uma rede está
38 MAI/JUN 2015
tica ou terá de crescer com as necessidades da organização. Infelizmente, a maioria das re
des tradicionais são estaticamente provisionadas, de modo que o aumento do número de
nós, serviços ou a largura de banda exige planejamento substancial e redesenho da topolo
gia de rede.
Inicialmente, antes da compreensão real dos casos de uso, havia inúmeras dúvidas em
torno da SDN, mas o que surge lentamente e direciona todo o investimento, pilotos e
designs de produto é a melhora no gerenciamento da rede de longa distância (WAN), cen
tros de dados e redes em nuvens – e para automatizar as tarefas de TI, onde a infraestrutura
pode responder dinamicamente as rápidas mudanças nas condições de negócios e requisi
tos. A inteligência para fazer tudo acontecer está se movendo dos dispositivos de rede para
políticas de gerenciamento baseadas em controladores centralizados.
O controlador de rede ou sistema operacional de rede pode concentrar a comunicação
com todos os elementos programáveis que compõem o domínio e oferecer uma visão uni
ficada do estado e do comportamento da rede. É importante observar que essa noção de
visão única e centralizada da rede é uma visão lógica.
Isso é possível através do princípio da separação do plano de controle (que decide como
lidar com o tráfego de rede) e do plano de dados (que encaminha o tráfego de acordo com
as decisões do plano de controle). O plano de controle exerce gerenciamento sobre o esta
do do plano de dados nos elementos da rede (roteadores, comutadores e appliances) atra
vés de uma interface entre aplicativo e programação (API) bem definida. A partir dessa in
terface é possível gerenciar e controlar o comportamento de toda a rede.
Com isso, a evolução dos ISPs para o mundo SDN se faz necessário, visto que
proporciona aos administradores locais de rede estenderem seus conhecimentos através de
uma arquitetura flexível, programável e com a possibilidade de realizar pesquisas em um ce
nário real de produção e em larga escala sobre redes dinamicamente aprovisionadas. Essas
novas funcionalidades prestam substancial contribuição ao desenvolvimento de novas apli
cações e serviços, aceleram descobertas e criam inovações científicas e tecnológicas ao
prestador do serviço.
MAI/JUN 2015 39
SOFTWARE LI VRE
C
om acesso facilitado devido aos volumes antes demandavam deslocamentos físicos e por vezes
de produção e à facilidade de encontrar a atuação de um empregado, como a abertura de
documentação técnica para profissionais e portões e o acendimento de luzes de forma remota.
entusiastas da área, produtos eletrônicos Jaitony conta que, por provocação de um amigo
como microcontroladores estão cada vez que detinha uma empresa que já atuava na área, criou
mais fazendo parte da vida dos cidadãos brasileiros, e o sistema que utiliza em seus eixos centrais a placa
muitas vezes chegando até onde menos se imagina. microcontroladora Arduino e o software de voz sobre
Uma prova desses avanços é o microempresário IP Asterisk. Ambos são tecnologias livres, que deter-
paraibano Jaitony de Sousa, proprietário da Solution minaram sua escolha para resguardar a continuidade
J ai ton y de Sousa: Network, especializada em redes de computadores e de seu negócio. “São de fácil aplicação, desenvolvi-
software livre res automação. Atuando na capital João Pessoa e região, mento, hardware para as aplicações e documentação.
guarda continuidade Jaitony apresentou, há cerca de um ano, um serviço Neste caso optamos porque não ficamos amarrados a
do negócio inovador que permite que moradores e síndico de um um fabricante que pode descontinuar o produto na
condomínio de apartamentos controlem funções que hora que deseja”, lista seus principais motivos.
O serviço criado por Jaitony faz
com que o cliente, de posse de
Foto: Arquivo pessoal
40 MAI/JUN 201 5
As pessoas conseguem criar
componentes e integração
entre eles e compartilhar
essas informações
Foto: Arquivo Serpro
troladoras são utilizadas para as mais diversas aplica- O analista de desenvolvimento do Serpro na regio-
ções, desde a automação já citada, mas também para nal Salvador, Robson Ximenes, lembra que a adoção Robson Xi m en es:
robótica, telefonia, indústria automobilística, entre ou- do Arduino para tais aplicações vem sendo feita há uso do Arduino não é
tras. Foi projetado oficialmente por um grupo de enge- cerca de uma década. “Desde o início do projeto, ele recente e demonstra
nheiros italianos, que criaram a empresa SmartProjects e foi elaborado visando esse potencial”, complementa. competência
venderam mais de 700 mil kits para todo o mundo. Robson é também membro do grupo Arduino in Rio,
Já o Asterisk é uma implementação de uma central um dos principais grupos de discussão sobre a placa
de PABX sob a forma de software. Seu código é livre e microcontroladora no país.
funciona em sistemas Unix ou similares, podendo ser Robson diz que o uso de hardware aberto, com
conectado tanto a redes públicas de telefonia fixa co- ampla documentação, facilita o trabalho de quem
mo a sistemas de VoIP – que é justamente o caso da tem de utilizar microcontroladores, por uma série de
implementação de Jaitony para poder oferecer seu motivos. “As pessoas conseguem criar componentes
serviço de automação. e integração entre eles e compartilhar essas informa-
O empresário já instalou o seu sistema em dez con- ções, podendo reconstruir esse hardware com suas
domínios e empresas da capital paraibana, e tem con- próprias peças”, explica.
trato assinado para a instalação em mais 1 2. O merca- O analista baiano informa que, no entanto, trata-se
do, aliás, ainda pode ser mais promissor. “Pode ser fa- antes de mais nada de uma ferramenta que foi pensa-
cilmente adaptado para uso em residência, e já tem da para ensaios de funcionalidade, apesar da possibili-
suporte a IPv6 nativo, que hoje ainda é raro em equi- dade de aplicação como produto final. Dessa forma,
pamentos de rede de baixo custo”, detalha ele, apon- serve para que as pessoas encontrem seu próprio ca-
tando que o sistema é inovador por estar compatível minho e depois desenvolvam soluções próprias, com
ao novo protocolo de conexão à internet, o que per- funcionalidades específicas e sem necessidade de
mite uma série de vantagens na transmissão de dados, hardware extra. “A gente coloca o Arduino como
como por exemplo, aumentar a velocidade de conexão. ponte de integração entre um hardware nosso. Proto-
Em parte pelo fato de utilizar tecnologias livres, Jai- tipa-se com ele e depois se produz um hardware com
tony confia no potencial de expansão e de melhorias. equipamento mais apropriado”, atenta.
“Existe uma segunda etapa, que ainda não foi finali- Para tanto, existem diversas ferramentas que auxiliam
zada, ao qual por comando de voz ele vai fazer o aci- no desenvolvimento do circuito eletrônico e fabricação
onamento de funções”. Segundo ele, o trabalho nessa dessas placas específicas, como o portal fritzing.org. O
nova funcionalidade já começou e deve ser oferecido projetista pode também encaminhar para um fabricante
ao público em breve. de equipamentos eletrônicos de sua confiança.
MAI/JUN 201 5 41
OPINIÃO
GOVERNANÇA
CORPORATIVA:
integração de dados
e processos
C
RAUL COELHO SOARES
Diretor de Tecnologia da Informação e Comunicação do
Departamento de Trânsito do Distrito Federal (Detran/DF)
ompelido a refletir sobre fatores importantes volvimento ágil, é uma arquitetura perfeita para o re-
para uma boa governança – seja pública, desenvolvimento ou desenvolvimento de grandes sis-
corporativa, de TI, ou qualquer outra – me temas. Padrão e métodos, quando associados, não só
veio imediatamente à mente: a integração evitam o retrabalho, mas reduzem o risco de redundar
de dados e processos. A integração tem avançado de informação e propiciam a identificação de integrações.
forma significativa nas organizações onde os sistemas Considero que soluções desenvolvidas para atender
antigos tendem a ser substituídos por soluções foca- uma eficiente gestão por processos, com módulos distin-
das em macroprocessos. Com o avanço da tecnologia, tos e interoperáveis entre si, com facilidade para o esca-
as novas soluções podem nascer interoperáveis e, ali- lonamento, reúso e fácil manutenção serão um grande
adas à importância que os ór- facilitador para que o Brasil supe-
gãos e gestores têm dado ao re a crise atual. O governo preci-
tema, refletem em melhorias Economizando, sa rever seus processos, evitando
significativas para a sociedade. produzindo sistemas sistemas onde não foram aplica-
É fato que a modelagem, o
retrabalho e o redesenho dos de melhor qualidade das melhores práticas, complexos
e com alto custo para realização
processos crescem e, por ve- e entregando à sociedade o de manutenções evolutivas.
zes, os resultados são sequer Trazendo para um exemplo
implementados, mas não po- que ela de fato demanda, o prático, do cotidiano do De-
demos esquecer que o desen- governo pode contar com tran/DF ou, como diria, “meu
volvimento de um sistema po- mundo real”, hoje o Denatran –
de ocorrer de forma bem mais soluções mais estáveis orgão central e responsável pelo
rápida do que um trabalho Macroprocesso Trânsito – esta-
desse porte. O desafio então é dar velocidade ao ma- belece mudanças que são adiadas constantemente, pois
peamento, em nível menos granular e já considerando os estados não conseguem acompanhar essas novas
suas entradas e saídas em forma de dados. determinações. Se fosse possível contar com uma arqui-
Assim foi minha experiência com o Modelo Global tetura comum, baseada no macroprocesso, não seria
de Dados (MGD), padrão que permite identificar os mais eficiente e econômico para todos os envolvidos?
dados e processos passíveis de integração, no nível de Economizando, produzindo sistemas de melhor
detalhamento necessário para o gestor identificar qualidade e entregando à sociedade o que ela de fato
ações de melhoria de processos e de desenvolvimento demanda, o governo pode contar com soluções mais
de soluções. O MGD permite ainda agilidade nos re- estáveis, rastreabilidade e integridade nos dados ne-
quisitos, estabelece as prioridades e dependências e, cessários à sua própria tomada de decisão, um dos
principalmente, evita o retrabalho. Aliado ao desen- principais requisitos da governança.
42 MAI/JUN 201 5
O Serpro foi a primeira instituição no Brasil
autorizada a operar como Autoridade Certificadora.
Desde então, a empresa trabalha para assegurar a
privacidade e a inviolabilidade das suas informações
e utiliza a sua expertise para assegurar a qualidade
e o melhor preço do mercado.
Acesse: https://www.serpro.gov.br/linhasnegocio/certificacaodigital
E XP R E S S O B R
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SÃO MAIS DE