RESUMO Nesse resumo, o autor explora a visão do Novo Mundo durante as grandes navegações e a influência que esses eventos tiveram na construção das ideias sobre os continentes africanos e americanos. Destaca-se a importância dos escritos da época, incluindo obras de filósofos como Hegel, que usaram o determinismo geográfico para justificar a ideia de que regiões como a Amazônia eram inadequadas para o desenvolvimento de sociedades avançadas. O autor também ressalta a relevância do trabalho de João Daniel, um jesuíta e autor de "Tesouro descoberto no rio das Amazonas", como uma fonte rica de informações culturais, sociais e políticas para o estudo da Amazônia. O capítulo seguinte envolve uma crítica ao pensamento determinista que perpetua a ideia de que a Amazônia é subdesenvolvida devido à sua localização geográfica. O autor argumenta que essa visão é mantida para preservar o subdesenvolvimento de certas regiões em prol da nova ordem mundial, que beneficia algumas forças poderosas. Ele sugere uma releitura de obras e autores para entender como essas perspectivas se formaram. Os capítulos subsequentes exploram a obra de Hegel e sua diferenciação entre Ocidente e Oriente, bem como a visão eurocêntrica e preconceituosa em relação à Índia. Max Weber é introduzido como um sociólogo que desmistificou preconceitos sobre a sociedade de castas na Índia e destacou como a imposição do modelo econômico europeu afetou negativamente a organização social existente no Brasil durante a colonização. O autor também analisa a crescente dissolução das fronteiras entre o Ocidente e o Oriente, enfatizando que essa mudança de paradigma está redefinindo as relações entre essas duas partes do mundo. Max Weber é citado como uma figura central na compreensão das diferenças entre o Ocidente e o Oriente em áreas como sociedade e economia. Outros temas discutidos nos capítulos incluem o papel das cidades, a música como instrumento sociológico e a valorização da irracionalidade como uma forma de expandir a compreensão do mundo. Além disso, a relação entre filosofia e sociologia é explorada, juntamente com a construção de identidades culturais, especialmente no contexto brasileiro. Por fim, o autor destaca a dificuldade de entender a identidade europeia na pós- modernidade e a incompletude da identidade brasileira. Ele argumenta que os brasileiros muitas vezes são vistos como uma "massa" desprovida de participação política efetiva e que a busca por uma identidade nacional é desafiadora devido à complexidade da história e da realidade social do Brasil. O autor destaca a importância das obras de Montaigne na formação do pensamento moderno, ressaltando que Montaigne era um autor eclético que não seguia uma corrente de escrita fixa. Montaigne mencionava a inutilidade da filosofia em suas obras e frequentemente usava a personificação da natureza, atribuindo-lhe papéis de prudência, equilíbrio e serenidade. Ian Maclean, em seu trabalho "Montaigne philosophe," sugere que Montaigne abordou questões significativas relacionadas à representação do Novo Mundo na tradição do pensamento filosófico e antropológico. Montaigne usou a temática da descoberta do Novo Mundo para discutir os costumes políticos, religiosos e sociais de sua época. Montaigne tinha intenções pedagógicas claras em suas obras, abordando temas como a educação e os processos de integração dos indivíduos à natureza e à sociedade. Suas obras desempenharam um papel fundamental na fundação do humanismo. O autor também destaca a admiração de Montaigne por Aristóteles e como isso influenciou sua relação com a filosofia grega. Além disso, os ensaios de Montaigne abordam o tema do Novo Mundo, incluindo os ensaios "Dos Canibais" e "Dos Coches," nos quais ele expressa visões carregadas de noções do estoicismo, epicurismo, pirronismo e de filósofos gregos antigos. Montaigne acreditava que o Novo Mundo poderia ter sido uma experiência melhor se os conquistadores tivessem abordado a região com intenções diferentes, buscando estabelecer uma relação mais fraterna com os povos conquistados. O autor destaca que os europeus eram frequentemente influenciados por preconceitos ao julgar os hábitos sociais e culturais dos povos do Novo Mundo. Montaigne usava seus ensaios para questionar crenças e verdades já estabelecidas. O próximo capítulo aborda o relato de Cristóbal de Acuña, intitulado "Novo Descobrimento do Novo Rio Amazonas," no qual ele descreve detalhadamente a região amazônica e seu potencial econômico. Seu relato contribuiu para o pensamento geopolítico da região. O autor explora a vida do missionário padre Samuel Fritz, que mantinha um diário demonstrando uma atração pelo sofrimento e situações perigosas em seu trabalho missionário no Brasil e no Novo Mundo. Outro tópico abordado é a necessidade de reconhecer o papel do povo na história da Amazônia, especialmente figuras que muitas vezes são consideradas "heróis sem história." Heróis indígenas, como Ajuricaba e Payoreva, são discutidos, destacando a importância de preencher as lacunas presentes na história da região. Este resumo destaca a influência do pensamento de Montaigne no contexto do Novo Mundo e na formação da concepção histórica da Amazônia, além de discutir as contribuições de outros autores e figuras históricas para a compreensão da região. Os capítulos destacam a importância das expedições científicas na Amazônia nos séculos XVIII e XIX, com foco em figuras notáveis como La Condamine, padre João Daniel e Alexandre Rodrigues Ferreira. La Condamine, apesar de preconceitos e imprecisões, contribuiu significativamente para o conhecimento geográfico, etnográfico e científico da Amazônia. Ele valorizava o conhecimento indígena na exploração e descrevia práticas como a descoberta da quina e a fabricação de seringas por indígenas. O livro de padre João Daniel, "Tesouro Descoberto no Máximo Rio Amazonas", é destacado por sua minuciosa descrição da região amazônica. Ele combina elementos da culinária indígena e portuguesa, além de apresentar um projeto político de reforma agrária na região. Sua obra é considerada fundamental para entender os diferentes ciclos de desenvolvimento na Amazônia portuguesa. O texto também ressalta o enfoque interdisciplinar de cientistas como Alexandre Rodrigues Ferreira, que mesclou o conhecimento europeu com técnicas indígenas, contribuindo para o desenvolvimento sustentável da Amazônia. Ele alertou sobre a exploração desenfreada de recursos naturais na região. Além disso, o preconceito e os estereótipos europeus da época em relação aos povos indígenas são mencionados, mas reconhece-se o valor das anotações desses cientistas para a etno-história futura e a compreensão das características e modos de vida dos indígenas. Finalmente, o texto enfatiza a importância de um compromisso com a antropologia e a valorização da diversidade cultural na região amazônica, ressaltando a necessidade de promover a pesquisa e a preservação na região. Os relatos de viagem de La Condamine, o livro "Tesouro Descoberto no Máximo Rio Amazonas" do padre João Daniel e as contribuições do naturalista brasileiro Alexandre Rodrigues Ferreira desempenharam papéis cruciais no desenvolvimento do conhecimento científico e geográfico da região amazônica no século XVIII. Embora esses autores apresentassem preconceitos e visões etnocêntricas dos povos indígenas da Amazônia, suas obras também destacaram a importância do conhecimento indígena e contribuíram para a compreensão da região. La Condamine, movido tanto pela aventura quanto pela busca científica, desempenhou um papel fundamental na construção do conhecimento geográfico e etnográfico da região amazônica. Ele reconheceu a contribuição dos indígenas para a exploração e descreveu sua importância na descoberta da quina e na fabricação de seringas. O livro de João Daniel oferece uma visão abrangente da região amazônica, combinando ciência e imaginação, e revela projetos políticos e sociais importantes para a região. Além disso, documenta diferentes ciclos de desenvolvimento na Amazônia portuguesa ao longo da história. Alexandre Rodrigues Ferreira baseou-se nas visões de Buffon e desenvolveu teorias relacionadas ao clima, geografia e características das populações da Amazônia, embora muitas delas refletissem preconceitos da época. Suas observações contribuíram para o pensamento ocidental moderno e serviram como base para futuras investigações. No século XVIII, a região amazônica desempenhou um papel crucial na construção dos paradigmas da ciência moderna, influenciando fortemente o pensamento ocidental. Apesar de a história da ciência relacionada à Amazônia ser frequentemente negligenciada, houve uma longa tradição de pesquisa na região por parte de viajantes, cronistas, cientistas e estudiosos desde o século XVIII. Essas pesquisas envolveram o estudo, mapeamento e documentação da vastidão da Amazônia, suas paisagens, populações indígenas, culturas, mitos e conhecimentos tradicionais. Notáveis cientistas e exploradores, como La Condamine, Samuel Fritz, João Daniel e Alexandre Rodrigues Ferreira, conduziram estudos detalhados na região, contribuindo para a formação de uma visão antropológica. O espírito antropológico da época era mais abrangente do que a compreensão contemporânea da antropologia, já que os pesquisadores buscavam entender as implicações econômicas, culturais, sociais e religiosas das plantas, animais e pessoas. Embora a antropologia não estivesse totalmente consolidada como uma ciência naquela época, as pesquisas abrangiam todas as dimensões da produção humana. Neste trecho do livro, o autor destaca a influência de Euclides da Cunha na construção do pensamento social sobre a Amazônia nos últimos 250 anos. Euclides da Cunha enfatizou a necessidade de modernização e integração da região e demonstrou interesse pela justiça social e pela adaptação das populações locais à Amazônia. Isso levou a uma associação de suas ideias com o socialismo devido à busca por maior equidade social na região. Em relação a Theodor Koch-Grünberg, um dos fundadores da moderna antropologia no Brasil, o autor destaca sua obra "Do Roraima ao Orinoco" como uma obra-prima de exploração. Koch-Grünberg tinha uma forte conexão com Manaus, que via como um símbolo de modernidade e civilização na região amazônica. Ele explorou as mudanças na cidade e as influências culturais em suas viagens. O autor ressalta a importância de traduzir as obras de Koch-Grünberg para o português, tornando-as acessíveis aos pesquisadores e leitores locais. O trecho também enfatiza a importância de identificar e valorizar fontes históricas, como o intérprete José de Brito Inglês, e reconhece o trabalho do historiador Arthur Cézar Ferreira Reis em destacar a relevância de Inglês para a compreensão da história da Amazônia no século XIX. Reis desempenha um papel crucial na identificação de fontes historiográficas e oferece orientações valiosas para futuras pesquisas. Finalmente, o autor destaca a obra "O Complexo da Amazônia" de Djalma Batista como uma leitura essencial para a compreensão da região. Batista adotou uma abordagem multidisciplinar para analisar os processos socioculturais e seu impacto na região. Sua obra continua a ser uma referência valiosa para o estudo interdisciplinar da Amazônia. Este trecho do livro realça a importância de diversas figuras e suas obras na construção do pensamento social sobre a Amazônia, destacando a necessidade de abordagens interdisciplinares e a valorização de fontes históricas na compreensão da região.