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Comitê Municipal de Educação em Direitos Humanos - Uruaçu - Goiás

Plano Municipal de Educação em Direitos Humanos de Uruaçu (GO)

Universidade Estadual de Goiás – Câmpus Norte / Sede Uruaçu


Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Goiás – Uruaçu
Secretaria Municipal de Educação
Conselho Municipal de Educação
Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social
Superintendência Municipal de Igualdade Étnico-Racial
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Universidade Estadual de Goiás – Câmpus Norte / Sede Uruaçu


Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Goiás – Uruaçu
Secretaria Municipal de Educação
Conselho Municipal de Educação
Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social
Superintendência de Igualdade Étnico-Racial

Coordenação geral

Elenice Elvira Batista Santana


Eloisa Aparecida da Silva Ávila
Isabella Christina Bolfarini Mota
Renatha Cândida da Cruz

Delegações de formação de Professores

Secretaria Municipal de Educação e Conselho Municipal de Educação


Brunna Vyctória Xavier Costa
Cleide Maria de Morais
Elenice Elvira Batista Santana
Joelma Oliveira
Lázaro Rosa Fabrício Neto
Marcos Diego de Castro
Renatha Cândida da Cruz
Sandra Gomes Ramos

Relações étnico-raciais e de gênero e vulnerabilidades

Amanda de Paula Fidelis


Kauã Alves Ferreira dos Santos
Maria Eduarda Oliveira Telles
Maria Isadora Sobrinho Camargo
Marianna Bras Moreira
Neilson Silva Mendes
Superintendência Municipal de Igualdade Étnico-Racial
Vanderlene Ferrassoli Santos Vasconcelos

Cultura, meio ambiente e sustentabilidade

Andréia Alves do Prado


Caio Alexandre Negrão
Eloisa Aparecida da Silva Ávila
Gustavo Henrique de Almeida Quirino
Juliane Silva Carneiro
Kailane Braz da Silva
Mariane Silva Lopes
Oséas Jardeson Ribeiro da Silva
Roseni Rodrigues Souza
Thiago Ruiz Zimmer
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Desenvolvimento e formação de redes de colaboração solidária

Amanda de Paula Fidelis


Ana Carolina Rodrigues Toledo
Ananda Vieira da Silva
Andressa Rodrigues Amaral Teles
Arleandro Silva dos Santos
Camylle Vitoria Borges Araujo
Cláudia Regina Bertoso Vasconcelos Leite
Eduarda Poloniato de Carvalho
Isabella Christina Bolfarini Mota
Jordana Fernandes de Castro
Juliana Ferreira Cabral
Laura Nunes dos Santos
Valdilene Campos Xavier Sousa

URUAÇU, GOIÁS
JUNHO DE 2023
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Apresentação

O Plano Nacional de Educação em Direitos Humanos (PNEDH) consiste em


uma política pública que objetiva a promoção da Educação em Direitos Humanos em
todos os níveis de ensino. O plano foi elaborado com atenção aos desafios
contemporâneos, tanto para a educação básica como superior, prevendo diretrizes e
metas que enfatizem uma cultura de respeito, tolerância, igualdade e dignidade
humana.
Como princípio, o PNEDH reconhece a educação como um caminho
fundamental para a ampliação da consciência coletiva em Direitos Humanos, cujos
pilares orientam a formação de uma sociedade mais justa, reflexiva e atenta às
desigualdades, reconhecendo e fortalecendo a importância da diversidade e do
respeito à pluralidade de ideias.
Além disso, o PNEDH incentiva a participação da comunidade em geral na
construção de um ambiente educacional atento à inclusão e ao respeito. O
documento defende, assim, a criação de espaços de diálogo que promovam a
conscientização dos Direitos Humanos e a construção de uma cultura de justiça e
paz.
Em síntese, o PNEDH objetiva enfatizar a importância de ações afirmativas e
de políticas de combate à discriminação, ao racismo, à violência de gênero, à
homofobia e à intolerância religiosa, bem como a quaisquer outras formas de
violação dos Direitos Humanos. Objetiva, assim, criar condições para que todos os
estudantes sejam respeitados e tenham igualdade de oportunidades no ambiente
educacional.
Diante dessa iminente relevância e com vistas à implementação efetiva do
PNEDH em Uruaçu (GO), criou-se um Comitê Municipal de Educação em Direitos
Humanos, composto por membros de instituições públicas e privadas que, direta ou
indiretamente, estejam vinculadas à educação, a fim de elaborar o Plano Municipal
de Educação em Direitos Humanos do Município de Uruaçu (GO) (PMEDHU).
Sob coordenação da Universidade Estadual de Goiás – Câmpus Norte - Sede
Uruaçu, o PMEDHU foi desenvolvido em colaboração com representantes do
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Goiás – Uruaçu; da
Secretaria Municipal de Educação; do Conselho Municipal de Educação; da
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Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social; e da Superintendência de


Igualdade Étnico-Racial – no decorrer do ano de 2022.
Em termos de elaboração escrita do PMEDHU, os representantes
institucionais participaram de delegações enfocadas nas temáticas relacionadas aos
seus respectivos campos de atuação: i) Formação de professores; ii) Relações
étnico-raciais e de gênero e vulnerabilidades, iii) Cultura, meio ambiente e
sustentabilidade e iv) Desenvolvimento e formação de redes de colaboração
solidária.
Em alinhamento, as equipes temáticas participaram de reuniões coletivas
voltadas ao levantamento de bases teóricas e de práticas efetivadas em
consonância à promoção dos direitos humanos, subsidiando diretrizes adequadas
para e Educação em Direitos Humanos em Uruaçu. O documento síntese dessas
discussões será apreciado na Conferência Municipal para a Educação em Direitos
Humanos de Uruaçu (GO), a ser realizada no segundo semestre do ano de 2023.
Prevê-se que, posteriormente às discussões da Conferência, consideradas e
aplicadas as devidas revisões e contribuições da comunidade em geral, o
documento aprovado constituirá o Plano Municipal de Educação em Direitos
Humanos de Uruaçu (GO), documento potencialmente referencial (em termos
teóricos e normativos) à orientação da promoção dos Direitos Humanos nos
contextos estaduais e, sobretudo, nos da região do Norte Goiano.
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SUMÁRIO
LISTA DE SIGLAS...................................................................................................................8
1 INTRODUÇÃO.......................................................................................................................9
2 JUSTIFICATIVA..................................................................................................................10
3 CARACTERIZAÇÃO SOCIOESPACIAL DO MUNICÍPIO DE URUAÇU...........................12
4 OBJETIVOS........................................................................................................................14
5 BASE NORMATIVA............................................................................................................15
5.1 Base normativa nobre formação de professores...........................................15
5.2 Base normativa sobre cultura, meio ambiente e sustentabilidade...............16
5.3 Base normativa sobre relações étnico-raciais e de gênero e
vulnerabilidades.......................................................................................................17
5.4 Base normativa sobre desenvolvimento e formação de redes de
colaboração solidária..............................................................................................19
6 BASE TEÓRICA DOS EIXOS ANALISADOS....................................................................20
6.1 Delegação para a formação de professores....................................................21
6.1.1 Tratativas legais........................................................................................... 23
6.1.2 Formação para educação para igualdade e enfrentamento das violências de
gênero................................................................................................................... 25
6.1.3 Formação para a educação quilombola.......................................................26
6.1.4 Formação para educação indígena..............................................................26
6.1.5 Formação para educação especial...............................................................28
6.2 Delegação para a cultura, meio ambiente e sustentabilidade.......................29
6.2.1. Tratativas legais.......................................................................................... 30
6.3 Delegação para as relações étnico-raciais e de gênero e vulnerabilidades 36
6.3.1 Relações étnico-raciais.................................................................................36
6.3.2Tratativas Legais...........................................................................................38
6.3.3 Relações de gênero e vulnerabilidades........................................................45
6.4 Delegação para o desenvolvimento e a formação de redes de colaboração
solidária.................................................................................................................... 49
6.4.1 Inovação e cooperativismo...........................................................................49
6.4.2. Criação do selo municipal “Empresa Solidária”...........................................52
6.4.3. Qualificação profissional e geração de renda..............................................54
6.4.4. Democracia participativa e desenvolvimento.............................................57
6.4.5. Saúde e nutrição........................................................................................ 59
7 BOAS PRÁTICAS PARA A EDH........................................................................................62
7.1 Boas práticas locais para a formação de professores...................................63
7.2 Boas práticas para a cultura, meio ambiente e sustentabilidade.................65
7

7.3 Boas práticas locais para as relações étnico-raciais e de gênero e


vulnerabilidades.......................................................................................................65
7.4 Boas práticas locais para o desenvolvimento e a formação de redes de
colaboração solidária..............................................................................................69
8 DIRETRIZES PARA A EDH NO MUNICÍPIO DE URUAÇU...............................................72
8.1 Diretrizes para a formação de professores.....................................................72
8.2 Diretrizes para a cultura, o meio ambiente e a sustentabilidade..................74
8.3 Diretrizes para as relações étnico-raciais e de gênero e vulnerabilidades. .77
8.4 Diretrizes para o desenvolvimento e formação de redes de colaboração
solidária.................................................................................................................... 79
9 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...................................................................................80
ANEXO...................................................................................................................................89
8

LISTA DE SIGLAS

BNCC - Nacional Comum Curricular.


CEAM - Centro Especializado de Atendimento à Mulher.
CF – Constituição Federal de 1988.
CLT – Consolidação das Leis Trabalhistas.
CNE - Conselho Nacional da Educação.
CRAS – Centro de Referência de Assistência Social.
DCNEA - Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Ambiental.
ECA – Estatuto da Criança e do Adolescente.
EDH – Educação em Direitos Humanos.
HCN - Hospital Estadual do Centro-Norte Goiano.
IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.
IDEB - Índice da Educação Básica.
IDHM - Índice de Desenvolvimento Humano Municipal.
IFG – Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologias de Goiás.
LDB – Lei de Diretrizes e Bases da Educação.
ME - Memorando para Entendimento.
ODS - Objetivos de Desenvolvimento Sustentável
ONU – Organização das Nações Unidas.
PIB - Produto Interno Bruto.
PMEDH – Plano Municipal de Educação em Direitos Humanos.
PMEDHU - Plano Municipal de Educação em Direitos Humanos de Uruaçu Goiás.
PNEDH – Plano Nacional de Educação em Direitos Humanos.
PNUMA - Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente.
QJBV - Quilombo João Borges Vieira.
RCNEI - Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil.
STF – Supremo Tribunal Federal.
SUS – Sistema Único de Saúde.
UEG – Universidade Estadual de Goiás.
9

1 INTRODUÇÃO

A Declaração Universal dos Direitos Humanos (Art. 26, parágrafo 2º da


Organização das Nações Unidas - ONU, 1948) fundamenta a defesa de direitos
fundamentais ao afirmar que “a instrução será orientada no sentido do pleno
desenvolvimento da personalidade humana e do fortalecimento do respeito pelos
Direitos Humanos e pelas liberdades fundamentais”.
Nesse amplo contexto formativo, o PMEDHU se configura como um
desdobramento das orientações nacionais do PNEDH (2006), visando estabelecer
de forma institucionalizada e colaborativa uma série de iniciativas, projetos e
políticas públicas municipais, sobretudo em diálogo com a administração pública
municipal, em vista da busca por igualdade entre os povos.
No mencionado documento de escopo nacional, as dimensões
educacionais dos Direitos Humanos se encontram previstas em articulação com
as questões locais e regionais, que devem ser observadas para a formulação de
políticas públicas mais assertivas. Assim, em ciência do caráter múltiplo desse
objetivo, o presente PMEDHU se encontra organizado em eixos articuladores, que
constituem diretrizes para a Educação Básica, Educação Superior, Educação não-
formal, Educação no Serviço Público, Educação dos Profissionais dos Sistemas
de Justiça e Segurança Urbana e Educação e Mídia, observando-se as
particularidades locais.
Por sua vez, o município de Uruaçu (GO) apresenta seus próprios desafios
sociais, culturais, educacionais, econômicos, políticos e geográfico, de maneira a
demandar que os diversos setores envolvidos na elaboração desse plano
observem, analisem e reflitam sobre essa realidade a fim de lançar ações que
caminhem em favor de seu benefício coletivo. Nesse intuito, os envolvidos,
incluindo servidores públicos, representantes da comunidade e de diversas
instituições, posicionaram-se democraticamente em vista da defesa da educação
de uma cultura de Direitos Humanos no município, considerando as
características do contexto local.
A construção coletiva desse documento, evidentemente, englobou
consideráveis desafios – que, conforme projetamos, constituem os primeiros em
um longo processo de consolidação e execução. Porém, a despeito desses
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obstáculos, acredita-se que essa é a única via de construção democrática da


história, especialmente diante de propósitos tão importantes e impactantes quanto
o de defesa dos direitos de todos os cidadãos e cidadãs de um município.

2 JUSTIFICATIVA

A elaboração do PMEDHU consiste em uma iniciativa da Universidade


Estadual de Goiás Câmpus Norte que, em 2022, propôs uma série de diálogos com
as instituições de ensino atuantes em Uruaçu (GO) a fim de efetivar as orientações
do documento. Nesse prisma, a proposta do PMEDHU é derivada de uma
investigação científica que reuniu representantes do UEG Uruaçu, do Instituto
Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Goiás – Uruaçu, da Secretaria
Municipal de Educação, do Conselho Municipal de Educação, da Secretaria
Municipal de Desenvolvimento Social e da Superintendência de Igualdade Étnico-
Racial.
Cada representante institucional foi convidado a participar de uma delegação
temática, sendo-lhes apresentados os objetivos, as metas e potencialidades na
elaboração colaborativa do PMEDHU. São as delegações:
● Delegação para as Relações étnico-raciais e de gênero e vulnerabilidades:
objetiva o fortalecimento do respeito aos Direitos Humanos e liberdades
fundamentais, promovendo o pleno desenvolvimento da dignidade humana, a
tolerância, a igualdade de gênero e a observância dos povos indígenas e
grupos raciais, objetivando a participação efetiva das pessoas em uma
sociedade livre e democrática. Composta por agentes públicos da Secretaria
Municipal de Desenvolvimento Social e da Superintendência de Igualdade
Racial, a delegação compreende como eixos de pesquisa a diversidade
étnico-racial e a igualdade de gênero.
● Delegação para a Formação de professores: objetiva instituir um sistema de
formação permanente em Direitos Humanos e capacitação contínua dos
professores do Município de Uruaçu (GO), bem como demais profissionais da
educação. Composta por representantes do Conselho Municipal de Educação
e da Secretaria Municipal de Educação, essa delegação possui como eixos
de pesquisa o currículo em EDH e a formação de professores.
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● Delegação para a promoção da Cultura, do meio ambiente e da


sustentabilidade: objetiva o encorajamento ao desenvolvimento de ações
educativas na busca pela efetiva transformação social, em atenção aos
Direitos Humanos, bem como no incentivo às transformações ambientais
rumo à sustentabilidade. Composta por agentes públicos lotados no IFG
Câmpus Uruaçu, essa delegação possui como eixos de pesquisa a
agroecologia, o meio ambiente e o pluralismo cultural.
● Delegação para o Desenvolvimento e formação de redes de colaboração
solidária: objetiva consolidar o apoio ao desenvolvimento de políticas públicas
destinadas a promover a formação de processos participativos e de
construção coletiva para o desenvolvimento equânime da sociedade.
Composta por representantes da UEG Campus Norte - Sede Uruaçu, essa
delegação tem como eixos de pesquisa a democracia participativa, a
qualificação profissional e a geração de renda.
Conforme consta no próprio documento nacional, a criação de planos
municipais voltados à Educação em Direitos Humanos constitui estratégia de
política social com efetivo impacto no desenvolvimento humano de uma localidade.
Entretanto, observa-se que, apesar do potencial impacto das ações derivadas de
um documento normativo como esse, sua elaboração tem se restringido
majoritariamente aos grandes centros urbanos. Nesse contexto, diante de intensos
desafios estruturais e históricas violações de direitos fundamentais em todo o
território nacional – incluindo os pequenos municípios, urge a necessidade de
atenção à construção de caminhos exitosos à promoção e garantia de direitos.
Assim, o referido estudo identificou as principais demandas no plano da
Educação em Direitos Humanos, no sentido de estabelecer as diretrizes em
atenção às realidades locais e regionais, considerando, em especial, as
populações em situação de privação de direitos. A participação de agentes públicos
que dialogam com a transversalidade da educação para a formulação de políticas
públicas se mostrou emergente e fundamental para o diagnóstico das demandas e
para a identificação dos principais pontos de atenção em Uruaçu (GO).
O PMEDHU se configura, portanto, como um instrumento para
conhecimento e reconhecimento da realidade municipal no plano da Educação em
Direitos Humanos, que decorre na elaboração de diretrizes, metas e normativas
fundamentadas teoricamente, subsidiando um panorama construtivo de curto,
12

médio e longo prazo. Ademais, ressalta-se que o município de Uruaçu inova na


elaboração do PMEDHU no interior goiano, de maneira a constituir, portanto, um
proeminente exemplo a ser seguido regional e estadual.
Observa-se que, nos grandes centros urbanos, os planos municipais de
Educação em Direitos Humanos consolidaram um panorama estratégico,
mobilizando a comunidade para a efetivação das orientações construídas
coletivamente. A possibilidade concreta dessa efetivação prática aponta para um
caminho válido à promoção da cidadania como resultado das experiências dos
proponentes, em consonância à literatura, em atenção às legislações e acordos
internacionais aos quais o Brasil é signatário.
Assim, o PNEDH tem como objetivo o fortalecimento das experiências que
estejam em andamento nas localidades e o incentivo à elaboração de novas
iniciativas, sempre em atenção às necessidades reais dos territórios em prol da
humanização dos espaços, conforme pressupõe o próprio plano nacional (2006).
Em Uruaçu (GO), a promoção da cidadania em todas as frentes institucionais, a
observância da qualidade das relações sociais que se estabelecem no município e
a articulação de ações constituem alguns dos elementos fundamentais para a
compreensão da importância do PMEDHU.
Assentes nestes pressupostos, objetiva-se alcançar, com o PMEDHU, a
materialização de uma sociedade mais livre, justa e solidária, entendendo a defesa
dos Direitos Humanos como uma das principais vias à concretude de ações
dialogadas e construídas no plano das condições específicas de Uruaçu (GO), em
acordo com as questões estruturais, conjunturais, históricas, culturais e sociais.

3 CARACTERIZAÇÃO SOCIOESPACIAL DO MUNICÍPIO DE URUAÇU

Localizado na Mesorregião Região Norte Goiano e na Microrregião


Porangatu, o município de Uruaçu localiza-se aproximadamente a 14° 32' de latitude
sul e 49° 08' de longitude oeste e possui uma área territorial de 2.142,484 km2. Com
pouco mais de noventa anos e emancipação territorial, Uruaçu originou-se do
povoamento da fazenda Passa Três ainda na primeira década do século XX. De
acordo com o IBGE Cidades (2023), a região era passagem de tropeiros e
comerciantes, fato que possibilitou a fixação de famílias na região.
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A religiosidade permeia a história uruaçuense. A partir da construção da


primeira capela na localidade, as famílias que permaneceram na fazenda iniciaram
um povoado que, em 1931, alcançaria a emancipação, passando de povoado de
Sant'Ana para Uruaçu. O nome do município recebe uma referência indígena, da
etnia tupi-guarani, que significa "pássaro-grande".
Localizada às margens da Rodovia Belém-Brasília (BR-153) e com grande
influência do Lago Serra da Mesa, além de outras atividades econômicas intensas
na região, a exemplo da mineração e da agropecuária, Uruaçu tem um significativo
aumento populacional na atualidade. O município passou de 36.929 habitantes em
2010 para uma população estimada em 41.150 habitantes em 2021, de acordo com
dados do IBGE Cidades (2023).
No que se refere ao trabalho e rendimento, a média mensal dos trabalhadores
formais em 2020 alcançava 2,1 salários mínimos, perfazendo uma população
ocupada de 20,9% dos residentes. Cabe ressaltar que o percentual de pessoas com
rendimento médio mensal per capita com menores remunerações, ou seja, até meio
salário mínimo, em 2010, era de 33,8% dos trabalhadores residentes.
No plano da educação, a taxa de escolarização de crianças entre 6 e 14 anos
acompanhou a média nacional em 2010, alcançando mais de 95% da população
desta faixa etária em Uruaçu. Os índices da educação básica (IDEB) para os anos
iniciais e anos finais do ensino fundamental em Uruaçu constituíram média de 6,0 e
5,5 respectivamente, números que mostram a importância dos investimentos
públicos.
Em relação à economia, o município de Uruaçu possui um produto interno
bruto (PIB) per capita de mais de 26 mil (vinte e seis mil reais) em 2020, de acordo
com dados do IBGE Cidades (2023). A maioria dessas receitas são oriundas de
fontes externas, ou seja, mais de 83%, em 2015. Destaca-se ainda que o Índice de
Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM) de Uruaçu destacava-se em 2010,
alcançando 0,737, número considerado acima da média nacional.
O sistema de saúde público de Uruaçu foi reforçado com o início das
atividades do Hospital Estadual do Centro-Norte Goiano (HCN) durante o contexto
de pandemia do novo coronavírus. O hospital passou a ser referência em
atendimento no interior goiano. Em 2009, haviam 24 estabelecimentos de saúde do
Sistema Único de Saúde (SUS) em Uruaçu, de acordo com o IBGE Cidades (2023),
sendo a maioria de postos de saúde de atenção básica. Em contexto histórico pré-
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pandêmico, grande parcela dos atendimentos especializados e de cirurgias de


diferentes complexidades solicitaram da população um deslocamento aos
municípios de Ceres ou Goiânia. Sendo assim, há uma reconfiguração do setor
público de saúde em contexto recente.
Grande parcela dos dados acerca do meio ambiente no Brasil remete ao
Censo Demográfico de 2010 que, apesar de desatualizado, apresenta dados ainda
dignos de nota. Naquele ano, o percentual de esgoto sanitário de Uruaçu não
alcançava metade dos domicílios (43,4%), ao passo que apenas 11,4% das vias
públicas possuíam arborização em 2010, segundo dados do IBGE Cidades (2013).
No mesmo ano, 132 uruaçuenses estavam expostos ao risco de inundações,
enxurradas e/ou deslizamentos, sobretudo aqueles em situação de vulnerabilidade
social.

4 OBJETIVOS

● Consolidar o papel dos Direitos Humanos na construção de uma sociedade


livre, justa, diversa, democrática e solidária.
● Orientar o planejamento de políticas de afirmação dos princípios da dignidade
humana e da equidade como fundamento do processo de desenvolvimento.
● Contribuir para a efetivação dos compromissos locais com a EDH nos
processos formativos que se desenvolvem na vida familiar, na convivência
humana, no trabalho, nas instituições de ensino e pesquisa, nos movimentos
sociais e organizações da sociedade civil, bem como nas manifestações
culturais do município de Uruaçu (GO).
● Sugerir a criação de programas e projetos de Educação em Direitos Humanos
em parceria com diferentes órgãos do Executivo, Legislativo e Conselhos
municipais, de modo a fortalecer o processo de implementação do PMEDHU
no município.
● Propor a transversalidade da Educação em Direitos Humanos nas políticas
públicas, mobilizando o desenvolvimento interinstitucional em diversos
setores (educação, saúde, comunicação, cultura, segurança, esporte e lazer,
dentre outros).
● Orientar o planejamento de políticas educacionais municipais direcionadas
para a consolidação de uma cultura de respeito aos Direitos Humanos.
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● Promover, junto a toda comunidade, diálogos sobre práticas, instrumentos,


recursos e iniciativas culturais, esportivas, artísticas e pedagógicas que
contribuam para que a Educação em Direitos Humanos seja reconhecida
como relevante para a vida de todos, integrando-se a uma prática cotidiana
nas unidades educacionais e suas extensões.

5 BASE NORMATIVA

5.1 Base normativa nobre formação de professores

São pareceres e resoluções de relevante importância para a compreensão da


formação de professores com a atenção nos Direitos Humanos:
● Parecer CNE/CP nº 21, de 6 de agosto de 2001 – Define a duração e carga
horária dos cursos de formação de professores da educação básica, em nível
superior, curso de licenciatura, de graduação plena. Nessa modalidade são
especificadas as formações para a prática de ensino, de estágio
supervisionado, de atividades culturais e outros.
● Parecer CNE/CP nº 28, de 2 de outubro de 2001 – Estabelece a duração e a
carga horária dos cursos de formação de professores da educação básica,
em nível superior, curso de licenciatura, de graduação plena. Tal documento
ressalta a importância da prática como componente curricular, do estágio
supervisionado de ensino e das atividades científico-acadêmicas.
● Resolução CNE/CP nº 1, de 18 de fevereiro de 2002 – Institui Diretrizes
Curriculares Nacionais para a Formação de Professores da Educação Básica,
em nível superior, curso de licenciatura, de graduação plena.
● Parecer CNE/CP nº 4, de 6 de julho de 2004 – Versa sobre as Diretrizes
Curriculares Nacionais para a Formação de Professores da Educação Básica,
em nível superior, curso de licenciatura, de graduação plena.
● Parecer CNE/CP nº 8/2008, aprovado em 2 de dezembro de 2008 – Define as
Diretrizes Operacionais para a implantação do Programa Emergencial de
Segunda Licenciatura para Professores em exercício na Educação Básica
Pública a ser coordenado pelo MEC em regime de colaboração com os
16

sistemas de ensino e realizado por instituições públicas de Educação


Superior.
● Resolução CNE/CP nº 1, de 11 de fevereiro de 2009 – Estabelece as
Diretrizes Operacionais para a implantação do Programa Emergencial de
Segunda Licenciatura para Professores em exercício na Educação Básica
Pública a ser coordenado pelo MEC em regime de colaboração com os
sistemas de ensino e realizado por instituições públicas de Educação
Superior.
● Parecer CNE/CP nº 8/2009, aprovado em 2 de junho de 2009 – Consulta
sobre o conceito da figura de “formados por treinamento em serviço”
constante do parágrafo 4º do artigo 87 da LDB.
● Parecer CNE/CP nº 15/2009, aprovado em 4 de agosto de 2009 – Consulta
sobre a categoria profissional do professor de curso livre e de Educação
Profissional Técnica de Nível Médio, com base no Plano Nacional de
Educação.
● As Diretrizes atuais (DCNs) para a formação inicial e continuada dos
profissionais do magistério da educação básica, tendo por base o Parecer
CNE/CP 02/2015, foram aprovadas pelo Conselho Pleno do Conselho
Nacional de Educação (CNE), em 9 de junho de 2015, e homologado pelo
MEC em 24 de junho de 2015.
● Resolução CNE/CP nº 1 de 27 de outubro de 2020 – Dispõe sobre as
Diretrizes Curriculares Nacionais para a Formação Continuada de
Professores da Educação Básica e institui a Base Nacional Comum para a
Formação Continuada de Professores da Educação Básica (BNC-Formação
Continuada).

5.2 Base normativa sobre cultura, meio ambiente e sustentabilidade

O Estado de Goiás conta com leis relacionadas ao meio ambiente, sendo


elas:
● Lei nº 8.544, de 17 de outubro de 1978 – Dispõe sobre o controle da poluição
do meio ambiente.
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● Lei nº 11.414, de 22 de janeiro de 1991 – Dispõe sobre o Plano Estadual de


Recursos Hídricos e Minerais e dá outras providências.
● Lei Complementar nº 20, de 10 de dezembro de 1996 – Estabelece diretrizes
para controle, gestão e fiscalização do Fundo Estadual do Meio Ambiente e
dá outras providências.
● Lei nº 14.241, de 29 de julho de 2002 – Dispõe sobre a proteção da fauna
silvestre no Estado de Goiás e dá outras providências.
● Lei nº 14.247, de 29 de julho de 2002 – Institui o Sistema Estadual de
Unidades de Conservação no Estado de Goiás e dá outras providências.
● Lei nº 14.939, de 15 de setembro de 2004 – Institui o Marco Regulatório da
Prestação de Serviços de Abastecimento de Água e Esgotamento Sanitário,
cria o Conselho Estadual de Saneamento - CESAM e dá outras providências.
● Lei nº 16.497, de 10 de fevereiro de 2009 – Institui a Política Estadual sobre
Mudanças Climáticas.
● Lei nº 16.685, de 04 de setembro de 2009 – Dispõe sobre a instituição de
critérios referentes à qualidade ambiental no âmbito da Administração Pública
Estadual.
● Lei nº 18.102, de 18 de julho de 2013 – Dispõe sobre as infrações
administrativas ao meio ambiente e respectivas sanções, institui o processo
administrativo para sua apuração no âmbito estadual e dá outras
providências.
● Lei nº 18.104, de 18 de julho de 2013 – Dispõe sobre a proteção da
vegetação nativa, institui a nova Política Florestal do Estado de Goiás e dá
outras providências.

5.3 Base normativa sobre relações étnico-raciais e de gênero e


vulnerabilidades

São dispositivos legais de relevante importância para a compreensão das


relações étnico-raciais e de gênero e vulnerabilidades:
● Decreto nº 4.885, de 20 de novembro de 2003, dispõe sobre a composição,
estruturação, competências e funcionamento do Conselho Nacional de
Promoção da Igualdade Racial (CNPIR), e dá outras providências.
18

● Decreto nº 4.886, de 20 de novembro de 2003, institui a Política Nacional de


Promoção da Igualdade Racial (PNPIR) e dá outras providências.
● Decreto nº 6.872, de 4 de junho de 2009, aprova o Plano Nacional de
Promoção da Igualdade Racial (Planapir), e institui o seu Comitê de
Articulação e Monitoramento.
● Decreto nº 8.136, de 5 de novembro de 2013, aprova o regulamento do
Sistema Nacional de Promoção da Igualdade Racial (Sinapir), instituído pela
Lei nº 12.288, de 20 de julho de 2010.
● Lei n° 10.639 de 2003 inclui no currículo da educação a obrigatoriedade de
discutir a História e Cultura Afro-Brasileira.
● Lei n° 12.288 de 20 de julho de 2010 prevê a igualdade étnico-racial, com
base no seu estatuto (Estatuto da Igualdade Racial) disposto no artigo 1° “que
é destinado a garantir à população negra a efetivação da igualdade de
oportunidades, a defesa dos direitos étnicos individuais, coletivos e difusos e
o combate à discriminação e às demais formas de intolerância étnica”.
● Lei nº 7.716, de 5 de janeiro de 1989. Define os crimes resultantes de
preconceito de raça ou de cor.
● Lei n° 12.711/2012 Lei de Cotas que estabelece um percentual de vagas
destinadas a pessoas negras em instituições de educação pública.
● Artigo 461 do Decreto Lei n° 5.452 de 01 de maio de 1943 da CLT prevê a
igualdade salarial entre homens e mulheres que exercem a mesma função.
(Redação dada pela Lei nº 13.467, de 2017).
● Lei 10.406 de 10 de janeiro de 2010 dispõe sobre a igualdade de gênero, no
Caput do art. 1.723 do Código Civil que “é reconhecida como entidade familiar
a união estável entre o homem e a mulher, configurada na convivência
pública, contínua e duradoura e estabelecida com o objetivo de constituição
de família.”, se estende a possibilidade de união estável entre pessoas do
mesmo sexo, essa medida, foi reconhecida pelo Supremo Tribunal Federal na
Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental 132/RJ no ano de
2011.
● Resolução nº 175/2013 do Conselho Nacional de Justiça vedou aos
cartorários a recusa de habilitação, celebração de casamento civil ou de
conversão de união estável em casamento entre pessoas de mesmo sexo.
19

● Resolução nº 670.422: alteração do nome e sexo no registro civil de pessoas


transexuais mesmo sem intervenção cirúrgica.
● Resolução n° 2.121/2015 Conselho Federal de Medicina - permite o uso das
técnicas de Reprodução Assistida para casais homossexuais.
● Lei das Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei n° 9.394/96), com as
respectivas alterações introduzidas pela lei n°10.639/2003- obrigatoriedade
da temática “História e Cultura Afro Brasileira e Indígena’’[...]. Lei n°
13.010/2014- conteúdos relativos aos Direitos Humanos e á prevenção de
todas as formas de violência contra a criança e o adolescente serão incluídos
como temas transversais, nos currículos escolares.
● Estatuto da Criança e do Adolescente Lei n° 8.069/1990, com respectivas
alterações.
● Constituição da República Federativa do Brasil.
● Resolução CNE/CP n° 01 de 17/06/2004- Aborda assunto relativo ás
Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das Relações Étnico-
Raciais e para o Ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana.
● Parecer CNE/CP n° 14 de 06/06/2012 e Resolução CNE/CP n° 2, 15/07/2012
– Estabelece as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Ambiental
(DCNEA).

5.4 Base normativa sobre desenvolvimento e formação de redes de


colaboração solidária

São dispositivos legais de relevante importância para a compreensão do


desenvolvimento e formação de redes de colaboração solidária:
● Lei no 9.867, de 10 de novembro de 1999 – Dispõe sobre a criação e o
funcionamento de Cooperativas Sociais, visando à integração social dos
cidadãos, conforme especifica.
● Lei nº 15.109, de 02 de fevereiro de 2005 – Dispõe sobre a Política Estadual
de Cooperativismo e dá outras providências.
● Lei n° 13.726 de 8 de outubro de 2018 – Racionaliza atos e procedimentos
administrativos dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
20

Municípios e institui o Selo de Desburocratização e Simplificação, segundo a


Casa Civil (2018).
● Lei n° 10.097 de 19 de dezembro de 2000 – Altera dispositivos da
Consolidação das Leis do Trabalho – CLT, aprovada pelo Decreto-Lei no
5.452, de 1° de maio de 1943, popularmente conhecida como Lei do Jovem
Aprendiz ou Lei da Aprendizagem, foi criada para ajudar jovens e
adolescentes (de 14 a 24 anos) e pessoas com deficiência.
● Resolução CNE/CP nº 1, de 5 de janeiro de 2021 – Define as Diretrizes
Curriculares Nacionais para a Educação Profissional e Tecnológica.
● Lei complementar n° 129, de 8 de janeiro de 2009 – Institui, na forma do art.
43 da Constituição Federal, a Superintendência do Desenvolvimento do
Centro-Oeste - SUDECO, estabelece sua missão institucional, natureza
jurídica, objetivos, área de atuação, instrumentos de ação e dá outras
providências.
● Lei nº 13.146, de 6 de julho de 2015 – Institui a Lei Brasileira de Inclusão da
Pessoa com Deficiência (Estatuto da Pessoa com Deficiência).
● Lei nº 20638 de 14 de novembro de 2019 – Institui o Estatuto da Inclusão
Social e Econômica das Pessoas com Deficiência no Estado de Goiás e dá
outras providências.
● Lei nº 9.394, de 20 de novembro de 1996 – Institui as diretrizes e bases da
educação nacional.
● Lei nº 13.005, de 25 de junho de 2014 – Institui o Plano Nacional de
Educação.

6 BASE TEÓRICA DOS EIXOS ANALISADOS

A Educação em Direitos Humanos consiste na sistematização de processos


que proporcionem a busca pela cidadania. Dimensiona-se na consolidação de
conhecimentos, diálogos e documentos que promovam a cultura em Direitos
Humanos nos mais diversos contextos, da compreensão da dinâmica nacional e
regional até ao alcance das demandas do município de Uruaçu (GO). Assim,
pressupõe-se a necessidade de um planejamento consolidado para a efetivação de
21

uma consciência cidadã, proporcionada por processos educacionais que reforcem


as bases de uma sociedade mais justa.
Pela via da educação, compreende-se a possibilidade máxima à formação de
agentes públicos e sociais que atuem dentro e fora das instituições de ensino,
independente do segmento e nível. Nesse sentido, identifica-se que a Educação em
Direitos Humanos deve permear também o campo não-formal, como modo de
fortalecer as práticas sociais preexistentes que se vinculam à temática. Efetivadas
em conjunto, essas ações e normativas, tanto em âmbitos formais quanto não-
formais, podem se traduzir em mudanças sociais e culturais no âmbito individual e
coletivo, pautando as bases à ruptura com estruturas que distanciam os sujeitos de
seus direitos fundamentais.
A EDH deve ser entendida como um processo de aquisição de determinados
conhecimentos, habilidades e valores necessários para conhecer, compreender,
afirmar e reivindicar os próprios direitos dos indivíduos e grupos sobre a base das
normas dispostas nos distintos instrumentos internacionais, bem como em relação
às normativas e legislações internas. Assim, a EDH objetiva que todas as pessoas,
independentemente de sexo, origem nacional ou étnica, condições econômicas,
sociais ou culturais, tenha a oportunidade de aproximação com uma educação
sistemática que permita a compreensão de direitos, deveres e responsabilidades.
A partir dessas premissas, o PMEDHU, como resultado do projeto de
pesquisa intitulado “Pontes para o Conhecimento”, desenvolvido pela UEG Câmpus
Norte - Sede Uruaçu, foi idealizado como estratégia para favorecer um espaço
dialógico que permita a adequada e específica implementação local das diretrizes do
plano nacional. Almeja-se, nesse sentido, que as orientações do PMEDH sejam
observadas pelo Plano Estratégico no Município de Uruaçu (GO) a fim de fortalecer
as práticas que promovam a Educação em Direitos Humanos preexistentes e
orientar as futuras ações nessa direção.
Em vista do combate à pobreza, às violências e ao racismo estrutural, a
Educação em Direitos Humanos já consiste em uma realidade no município de
Uruaçu (GO), visto o conjunto de ações divulgadas pela Prefeitura em suas mídias
sociais no contexto pós-pandêmico. Nesse contexto, o PMEDHU consolida as
aproximações interinstitucionais, que exercem relevante potencial para a efetivação
de políticas públicas que aproximem os sujeitos de seus direitos. Na sequência,
22

discorremos sobre o histórico, as diretrizes para a Educação em Direitos Humanos,


as práticas existentes no município e as perspectivas para o futuro.

6.1 Delegação para a formação de professores

Promulgada em 10 de dezembro de 1948 em Paris, durante a Assembleia da


Organização das Nações Unidas (ONU), a Declaração Universal dos Direitos
Humanos é um marco histórico mundial que estabelece, pela primeira vez, um
conjunto de normas comuns para a proteção aos direitos da pessoa humana, a
serem seguidas por todos os povos e todas as nações. Esse documento foi
construído por representantes de diferentes origens jurídicas e culturais.
Em seu preâmbulo, a Declaração Universal dos Direitos Humanos apresenta
um ideal a ser alcançado mundialmente, levando em consideração a educação, o
respeito, os direitos e as liberdades. Além do mais, seus princípios norteiam a busca
por uma construção progressiva, perpassando os Estados até ao alcance de todos
os povos. Dessa forma, compreende-se a importância de promover a formação
inicial e continuada dos profissionais, especialmente de educadores sociais em
Direitos Humanos e demais profissionais atuantes na educação, contemplando as
áreas previstas no Plano Nacional de Educação em Direitos Humanos (PNEDH).
Essa necessidade é especialmente relevante para a realidade da cidade de Uruaçu
(GO), que possui características específicas em relação à sua população, cultura e
desafios sociais. Nesse sentido, mostra-se fundamental elaborar um Plano Municipal
de Educação em Direitos Humanos adequado às necessidades e particularidades
dessa comunidade.
Nesse sentido, é crucial oportunizar ações de ensino, pesquisa e extensão
com foco na Educação em Direitos Humanos, especialmente direcionadas à
formação inicial dos profissionais de educação e de outras áreas presentes no
contexto de Uruaçu (GO). Essas ações podem incluir parcerias entre as
universidades locais (Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Goiás
e Universidade Estadual de Goiás), a Secretaria Municipal de Educação, o Conselho
Municipal de Educação, a Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social e a
Superintendência de Igualdade Étnico-racial, bem como outros atores da sociedade
civil engajados nessa causa.
23

Para garantir uma formação de qualidade em Direitos Humanos para os


profissionais da educação em Uruaçu (GO), é necessário considerar a realidade
local e as demandas específicas da região. Destarte, isso implica estabelecer
diretrizes curriculares adaptadas à comunidade, levando em conta suas
características e seus desafios locais. Além disso, é fundamental incentivar a
interdisciplinaridade e a transdisciplinaridade na Educação em Direitos Humanos,
buscando incorporar diferentes áreas do conhecimento que se façam relevantes
para o contexto do município.
Outro aspecto crucial é a inserção do tema dos Direitos Humanos como
conteúdo curricular na formação de agentes sociais públicos e privados. Isso inclui
não apenas a formação de professores, mas também de profissionais que atuam em
outras áreas e setores da sociedade. Afinal, considera-se importante garantir que
todos os cidadãos, independentemente de sua área de atuação, tenham acesso aos
conhecimentos necessários para compreender e promover os Direitos Humanos em
suas práticas cotidianas.
Ao considerar a realidade local de Uruaçu (GO), é fundamental que o Plano
Municipal de Educação em Direitos Humanos se faça um instrumento efetivo na
construção de uma sociedade mais justa, igualitária e democrática, pautada pelo
respeito aos Direitos Humanos. Por meio dessas ações, adaptando-se às
necessidades e particularidades locais, garantir-se-á uma Educação em Direitos
Humanos significativa e transformadora, contribuindo, assim, para a promoção da
inclusão, da diversidade e da garantia dos direitos fundamentais nos mais variados
setores do município.

6.1.1 Tratativas legais

No caso brasileiro, as normativas em vigor refletem princípios em que a


inclusão dos Direitos Humanos se mostra central para a compreensão e efetivação
da educação básica e superior. A dignidade humana, afinal, consta como base para
a compreensão dos processos educativos a partir da reflexão dos diferentes
contextos sociais, geográficos, históricos, políticos e culturais.
No plano normativo, a educação encontra espaço na Constituição Cidadã de
1988, na qual é apresentada como direito fundamental, um dever do Estado em
consonância à família. Ademais, os Direitos Humanos permeiam o texto
24

constitucional como princípio fundamental, mencionando-os explicitamente no artigo


4º, Inciso II, além de refletidos no princípio da dignidade da pessoa humana (Art. 1º,
III).
Por sua vez, a promoção dos direitos da infância e da adolescência está
estabelecida no Estatuto da Criança e da Adolescência - ECA - (Lei n. 8.069, de
1990). No referido documento, referenda-se o direito à vida, à saúde, à liberdade, ao
respeito, à dignidade, à convivência familiar e comunitária, à cultura, ao lazer, ao
esporte e à educação como princípios expressamente definidos na perspectiva
específica dessa fase da vida. Vale ainda mencionar que as normativas do ECA
estipulam o direito à profissionalização, mas atenta-se à proteção no trabalho, uma
definição que reforça o compromisso e priorização da educação básica. Isso, pois
ressalta a proibição da atividade laboral a menores de quatorze anos, exceto como
aprendizes.
Em adição, a fim de especificar os caminhos a serem percorridos para as
garantias constitucionais, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei n.
9.394, de 1996) estabelece a educação como indispensável à cidadania. No plano
dos princípios e finalidades da educação nacional na referida lei supracitada, preza-
se, entre outros aspectos, pela diversidade, regionalidade, liberdade, igualdade,
diversidade étnico-racial, linguística, cultural, identitária e étnico-racial, em destaque
às pessoas com deficiência.
Faz-se também importante mencionar a Resolução do Conselho Nacional da
Educação - CNE - n. 1 de 2004, que institui as Diretrizes Curriculares Nacionais para
a Educação das Relações Étnico-Raciais para o Ensino de História e Cultura Afro-
Brasileira e Africana. Esse documento reforça a necessidade do reconhecimento e
difusão da diversidade cultural brasileira, sob a perspectiva dos povos originários e
tradicionais, fortalecendo a legitimação e o reconhecimento de suas identidades.
Já a Lei nº 11.502, de julho de 2007, atribui à Coordenação de
Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) a responsabilidade pela
formação de professores da educação básica – prioridade do Ministério da
Educação. O objetivo é assegurar a qualidade da formação dos professores que
atuarão ou que já estejam atuando nas escolas públicas, integrando a educação
básica e superior em vista do fortalecimento do ensino público.
Nessa reflexão, a Resolução n. 01/2012 do Conselho Nacional de Educação
define as Diretrizes Nacionais para a Educação em Direitos Humanos, entendendo
25

essa modalidade na centralidade da defesa dos Direitos Humanos, da organização


social, coletiva, econômica e cultural. O parecer foi elaborado em diálogo com
diferentes instâncias da educação nacional, ressaltando as modalidades de ensino,
a diversidade e a inclusão.
Em conjunto, as diretrizes nacionais refletem acerca das contradições sociais
e históricas, principalmente ao ressaltar a importância em assistir os sujeitos
excluídos do acesso à educação. Assim, a busca pela universalização se faz
perspectiva indispensável à consolidação da igualdade e da liberdade.
Nesse contexto, as contradições e as violências que privam os sujeitos do
pleno desenvolvimento de seus direitos são evidenciadas, apontando também para
a possibilidade de construir iniciativas para a reflexão sobre as desigualdades e as
diversas maneiras de discriminação, de modo a mapear as situações de desrespeito
aos Direitos Humanos a fim de elaborar mediações e parâmetros que possibilitem
ações pedagógicas voltadas à reversão do cenário – pela via da promoção e
valorização da diversidade e do respeito.
Assim, entendemos que a escola tem papel fundamental para a Educação em
Direitos Humanos e, para tanto, esse espaço precisa se fundar como garantidor dos
princípios, democratizando as condições de acesso, permanência e conclusão de
todos os estudantes, fomentando a consciência social e crítica da comunidade
escolar em consonância com o Plano Municipal de Educação, a Base Nacional
Comum Curricular (BNCC), o Documento Curricular para Goiás (DC-GO) e Projetos
Políticos Pedagógicos das Unidades.
Com vistas às intensas violações dos direitos fundamentais das populações e
suas consequentes exclusões sociais, econômicas, políticas e culturais, outras
normativas foram estabelecidas como forma de enfrentamento às desigualdades
observadas no ambiente escolar. No plano da educação básica e superior, destaca-
se o Parecer CNE/CP nº 9/2001, que define as Diretrizes Curriculares para a
Formação Inicial de Professores da Educação Básica em Cursos de Nível Superior.
Esse documento reforça a atenção à aprendizagem em tangência à diversidade,
cultura e investigação, destacando também a importância do incentivo à formação
continuada, à produção tecnológica e dos trabalhos coletivos (colaborativos).
26

6.1.2 Formação para educação para igualdade e enfrentamento das violências


de gênero

De acordo com a Lei nº 9.394/96, é imperativo que os educadores sejam


preparados para o exercício da docência, incluindo a formação continuada. Além
disso, a lei enfatiza que os currículos escolares devem abordar o respeito aos
valores culturais e artísticos, bem como os direitos humanos e a igualdade de
gênero.
O PNEDH, por sua vez, destaca a importância da formação de professores
como um meio de disseminação dos direitos humanos e igualdade de gênero. O
plano incentiva a inclusão de temas relacionados a esses assuntos nos currículos de
formação de professores e promove uma abordagem interdisciplinar para integrar
conceitos de direitos humanos e igualdade de gênero em diversas áreas do
conhecimento.
Além disso, o PNEDH ressalta a necessidade de combater estereótipos de
gênero e promover o respeito à diversidade de gênero em todos os níveis de ensino
e em todas as disciplinas. Isso requer uma formação continuada dos professores
para capacitá-los a abordar eficazmente essas questões em sala de aula.
Portanto, a formação de professores para a educação em direitos humanos e
o enfrentamento das violências de gênero é crucial para a construção de uma
sociedade mais igualitária e inclusiva, conforme estabelecido pela LDB e pelo
PNEDH. Isso implica a integração de conteúdos relevantes nos currículos de
formação de professores, uma abordagem interdisciplinar desses temas e a
promoção da formação continuada, garantindo que os educadores de Uruaçu
estejam preparados para lidar eficazmente com as questões de gênero em sua
prática educacional, levando em conta as particularidades e desafios que o
município possui.

6.1.3 Formação para a educação quilombola

A educação com atenção à diversidade cultural e reconhecimento dos povos


tradicionais é fundamental para efetivação do PMEDHU sobretudo por referendar-se
nas Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das Relações Étnico-Raciais
e para o Ensino de História e Cultura Afrobrasileira e Africana (Lei n. 1.069 de 2003).
27

Nessa reflexão, as recentes discussões acerca da manutenção e ampliação


dos direitos coletivos aos povos e comunidades tradicionais nos solicita uma intensa
e histórica reflexão acerca da valorização da cultura quilombola, eixo norteador da
promoção dos direitos humanos, da igualdade racial e enfrentamento ao racismo
estrutural.
O Plano Municipal de Educação em Direitos Humanos de Uruaçu (PMEDHU)
se propõe a fortalecer as práticas quilombolas a partir da formação contínua e
ampliada da comunidade acadêmica, como forma de contribuir para as atividades
em curso na localidade.
Ademais, as recentes discussões que buscam limitar os direitos dos povos
originários e tradicionais, a exemplo das votações para a definição de um "marco
temporal", nos mostram a urgência pela conscientização sobre a importância da
preservação da nossa história e cultura.
Conclui-se, portanto, que há que se destinar esforços para a educação
quilombola no PMEDHU, a fim de formar cidadãos críticos dos direitos humanos e
que façam a desconstrução dos discursos que impõem obstáculos à valorização dos
saberes, fazeres e ancestralidade dos povos originários e tradicionais (a exemplo
dos quilombolas). Distante dessa reflexão e apontamento, nos distanciamos também
da efetivação dos direitos humanos.

6.1.4 Formação para educação indígena

A educação indígena é a educação voltada para os povos indígenas,


respeitando suas culturas e suas tradições, a forma como foi pensada a educação
para os indígenas tem grande relevância pois pretende-se manter sua cultural
tradicional mas também trazer a eles uma forma de integralização com a sociedade
a sua volta, permitindo assim uma convivência melhor. Mas para que isso aconteça
se faz necessário uma formação especial para os professores que lecionarão nas
tribos, tal formação se faz necessária, uma vez que muitas tribos ainda tem pouco
contato com a sociedade como um todo, sendo assim essa formação tem que
respeitar tanto as culturas e especificidades desses povos, bem como apresentá-los
a uma cultura diferente.
Mas para que isso aconteça e necessário que todos os orgãos que prestão
esse tipo de formação continuada aos professores, estejam preparados para atender
28

o seu público-alvo, sendo assim o Ministério da Educação desenvolveu uma lista


com alguns requisitos para a Educação Indígena.
As principais ações da Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e
Diversidade (Secad) do Ministério da Educação para garantir a oferta de educação
escolar indígena de qualidade são as seguintes:
1. Formação inicial e continuada de professores indígenas em nível médio
(Magistério Indígena). Esses cursos têm em média a duração de cinco anos e
são compostos, em sua maioria, por etapas intensivas de ensino presencial
(quando os professores indígenas deixam suas aldeias e, durante um mês,
participam de atividades conjuntas em um centro de formação) e etapas de
estudos autônomos, pesquisas e reflexão sobre a prática pedagógica nas
aldeias. O MEC (Ministério da Educação) oferece apoio técnico e financeiro à
realização dos cursos.

2. Formação de Professores Indígenas em Nível Superior (licenciaturas


intercultuais). O objetivo principal é garantir educação escolar de qualidade e
ampliar a oferta das quatro séries finais do ensino fundamental, além de
implantar o ensino médio em terras indígenas.

3. Produção de material didático específico em línguas indígenas, bilíngues


ou em português. Livros, cartazes, vídeos, CDs, DVDs e outros materiais
produzidos pelos professores indígenas são editados com o apoio financeiro
do MEC e distribuídos às escolas indígenas.

4. Apoio político-pedagógico aos sistemas de ensino para a ampliação da


oferta de educação escolar em terras indígenas.

5. Promoção do Controle Social Indígena. O MEC desenvolve, em articulação


com a Funai, cursos de formação para que professores e lideranças
indígenas conheçam seus direitos e exerçam o controle social sobre os
mecanismos de financiamento da educação pública, bem como sobre a
execução das ações e programas em apoio à educação escolar indígena.

6. Apoio financeiro à construção, reforma ou ampliação de escolas indígenas.

6.1.5 Formação para educação especial


29

A Constituição Federal de 1988 foi um marco na história do Brasil,


estabelecendo os princípios fundamentais de igualdade, dignidade e inclusão. No
contexto da educação especial, estes valores são traduzidos em políticas e práticas
que visam garantir oportunidades educativas justas e direitos iguais para todos os
cidadãos, independentemente das suas diferenças. A Constituição Federal enfatiza
a importância da educação especial de diversas maneiras:
1. Igualdade e não discriminação (Artigo 5): A Constituição estipula o princípio
da igualdade e proíbe qualquer forma de discriminação. A educação especial
é uma ferramenta para garantir que as pessoas com deficiência não sejam
excluídas da educação formal e tenham as mesmas oportunidades de
aprendizagem que todas as outras pessoas.
2. A educação como direito fundamental (artigo 6º): A Constituição Federal
reconhece a educação como direito fundamental e enfatiza que a educação
especial é essencial para garantir que todos tenham acesso a uma educação
de qualidade.
3. Princípio da Inclusão (Artigo 205): O princípio constitucional da promoção
da inclusão social e educativa para todos reforça a importância da educação
especial como parte integrante do sistema educativo. Tem como objetivo
adaptar o ensino para se adequar e atender às necessidades individuais dos
alunos com deficiência.
4. Igualdade de oportunidades (Artigo 208): O Artigo 208 da Constituição
enfatiza a igualdade de oportunidades para receber educação em diferentes
níveis. A educação especial desempenha um papel vital neste sentido,
eliminando barreiras e permitindo que as pessoas com deficiência participem
plenamente no sistema educativo.

A educação especial promove a inclusão social das pessoas com deficiência,


reduz o estigma e o preconceito e permite-lhes participar ativamente na vida
comunitária. Ele capacita cada aluno com deficiência a atingir seu potencial máximo,
tornar-se mais independente e participar da sociedade. A presença de pessoas com
diferentes competências e perspectivas enriquece a diversidade cultural e intelectual
da sociedade, criando um ambiente mais inclusivo e criativo. Encontrar tecnologia e
soluções inovadoras para as necessidades de educação especial pode ajudar a
impulsionar o progresso que beneficia a sociedade como um todo.
30

Salvaguardar a educação especial significa garantir a igualdade de direitos e


oportunidades para todos os cidadãos e reforçar os alicerces da democracia e da
justiça social. Concluindo, a educação especial desempenha um papel vital na
promoção dos princípios constitucionais de igualdade, inclusão e dignidade. Os seus
benefícios vão além dos alunos com deficiência e enriquecem a sociedade como um
todo, promovendo uma comunidade mais justa, diversificada e inclusiva. Este é um
compromisso fundamental para a construção de um Brasil que valorize a igualdade
de oportunidades e respeite a individualidade de todos os seus cidadãos.

6.2 Delegação para a cultura, meio ambiente e sustentabilidade

A necessidade de alcançar um mundo melhor para se viver sempre foi uma


preocupação de diversas sociedades, o que inspirou a criação de organismos e
compromissos internacionais multilaterais para promoção e adoção de práticas
sustentáveis de desenvolvimento. Dessa forma, em setembro de 2015, na cidade de
Nova York, a Assembleia Geral das Nações Unidas (ONU) contou com a
participação de 193 estados-membros para estabelecer 17 Objetivos de
Desenvolvimento Sustentável (ODS) e 169 metas universais, que juntas constituíram
a famosa Agenda 2030. Vale destacar que essa se fundamenta em propósitos
ambiciosos e transformadores, com grande foco nas pessoas mais vulneráveis (STF,
2020).
No que concerne à ONU, sabe-se que a organização não possui os meios de
sozinha, cumprir com todos esses objetivos e metas em todos os países do mundo.
Dessarte, no cenário brasileiro, a colaboração de todos os Poderes da República
Federativa do Brasil e a participação do Supremo Tribunal Federal (STF) se faz
fundamental para a efetivação de medidas para esse desafio mundial, tendo em
vista a possibilidade de se empreender ações concretas a partir do âmbito da
política. Além disso, a Agenda 2030 não prevê apenas a participação política,
constituindo-se como plano global que busca atingir, até 2030, um mundo melhor
para todos os povos e nações – a partir de diversas frentes (STF, 2020).
O compromisso assumido pelos países com a Agenda envolve a adoção de
medidas ousadas, abrangentes e essenciais para promover o Estado Democrático
de Direito, os Direitos Humanos e a responsividade das instituições políticas. Dentre
31

suas pautas, o projeto tem por finalidade proporcionar à comunidade local de


educação a implementação dos Direitos Humanos como requisito
de desenvolvimento sustentável. A Agenda 2030 está pautada nos princípios de
valorização e proteção da pessoa, do planeta, da prosperidade, da paz e da
parceria, aspectos que sintetizam o lema do projeto: “Não deixar ninguém para trás”.
Destaca-se que o projeto concede uma importante ênfase às temáticas da cultura,
do meio ambiente e da sustentabilidade, com foco nos Direitos Humanos.
Conforme já mencionado, a Agenda 2030 contou com o apoio jurídico do
Brasil. Com isso, as demandas por leis, tratados e projetos de desenvolvimento
sustentáveis de iniciativas públicas e privadas do país poderão se tornar ainda mais
proeminentes, mobilizando a necessidade educacional em Direitos Humanos –
desde a educação básica. Salienta-se que a busca por parcerias com a comunidade
local, com a gestão pública e com pessoas físicas e jurídicas se fazem
indispensáveis na construção de um de um mundo que se atente para as garantias
fundamentais dos direitos humanos.

6.2.1. Tratativas legais

A Agenda 2030 proposta pela ONU possui Objetivos de Desenvolvimento


Sustentável para o Brasil. O item 16 do referido documento ressalta a necessidade
de promover uma sociedade pacífica, em que conste a inclusão para o
desenvolvimento sustentável e o acesso à justiça para todos a partir de instituições
eficazes, responsáveis e inclusivas. Dessa forma, a consolidação do PMEDH
consolidará uma parceria interinstitucional em Uruaçu para a promoção da justiça
social, visando o desenvolvimento e a emancipação do sujeito – uma das bases da
proposta.
Por sua vez, o item 17 da Agenda aborda a importância das parcerias para os
meios de implementação, assim, em seu subitem, versa sobre a importância de:

Capacitação 17.9 reforçar o apoio internacional para a implementação


eficaz e orientada da capacitação em países em desenvolvimento, a fim de
apoiar os planos nacionais para implementar todos os objetivos de
desenvolvimento sustentável, inclusive por meio da cooperação Norte-Sul,
Sul-Sul e triangular.
Comércio 17.10 Promover um sistema multilateral de comércio universal,
baseado em regras, aberto, não discriminatório e equitativo no âmbito da
Organização Mundial do Comércio, inclusive por meio da conclusão das
32

negociações no âmbito de sua Agenda de Desenvolvimento de Doha


(AGENDA, 2020).

Essa Agenda denota a importância de se implementar a capacitação para o


alcance dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável. Por essa ótica, observa-se
a relevância de de parcerias interinstitucionais em Uruaçu para a promoção da
Educação em Direitos Humanos, na busca por efetivar e democratizar a educação
por meio da qualificação profissional, de maneira que a comunidade acadêmica e a
sociedade civil complementam a cooperação para o desenvolvimento global,
conforme consta nos Art. 23 e 225 da Constituição da República Federativa do Brasil
de 1988:

Art. 23. É competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e


dos Municípios:
II - proporcionar os meios de acesso à cultura, à educação, à ciência, à
tecnologia, à pesquisa e à inovação; (BRASIL, 1988, Art. 23)

CAPÍTULO VI
DO MEIO AMBIENTE
Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado,
bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida,
impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e
preservá-lo para as presentes e futuras gerações.
§ 1º Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder Público:
I - preservar e restaurar os processos ecológicos essenciais e prover o
manejo ecológico das espécies e ecossistemas;
II - preservar a diversidade e a integridade do patrimônio genético do País e
fiscalizar as entidades dedicadas à pesquisa e manipulação de material
genético;
III - definir, em todas as unidades da Federação, espaços territoriais e seus
componentes a serem especialmente protegidos, sendo a alteração e a
supressão permitidas somente através de lei, vedada qualquer utilização
que comprometa a integridade dos atributos que justifiquem sua proteção;
IV - exigir, na forma da lei, para instalação de obra ou atividade
potencialmente causadora de significativa degradação do meio ambiente,
estudo prévio de impacto ambiental, a que se dará publicidade;
V - controlar a produção, a comercialização e o emprego de técnicas,
métodos e substâncias que comportem risco para a vida, a qualidade de
vida e o meio ambiente;
VI - promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino e a
conscientização pública para a preservação do meio ambiente;
VII - proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma da lei, as práticas que
coloquem em risco sua função ecológica, provoquem a extinção de
espécies ou submetam os animais à crueldade.
VIII - manter regime fiscal favorecido para os biocombustíveis destinados ao
consumo final, na forma de lei complementar, a fim de assegurar-lhes
tributação inferior à incidente sobre os combustíveis fósseis, capaz de
garantir diferencial competitivo em relação a estes, especialmente em
relação às contribuições de que tratam a alínea "b" do inciso I e o inciso IV
do caput do art. 195 e o art. 239 e ao imposto a que se refere o inciso II do
caput do art. 155 desta Constituição.
33

§ 2º Aquele que explorar recursos minerais fica obrigado a recuperar o meio


ambiente degradado, de acordo com solução técnica exigida pelo órgão
público competente, na forma da lei.
§ 3º As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente
sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e
administrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos
causados.
§ 4º A Floresta Amazônica brasileira, a Mata Atlântica, a Serra do Mar, o
Pantanal Mato-Grossense e a Zona Costeira são patrimônios nacionais, e
sua utilização far-se-á, na forma da lei, dentro de condições que assegurem
a preservação do meio ambiente, inclusive quanto ao uso dos recursos
naturais.
§ 5º São indisponíveis as terras devolutas ou arrecadadas pelos Estados,
por ações discriminatórias, necessárias à proteção dos ecossistemas
naturais.
§ 6º As usinas que operem com reator nuclear deverão ter sua localização
definida em lei federal, sem que não poderão ser instaladas.
§ 7º Para fins do disposto na parte final do inciso VII do § 1º deste artigo,
não se consideram cruéis as práticas desportivas que utilizem animais,
desde que sejam manifestações culturais, conforme o § 1º do art. 215 desta
Constituição Federal, registradas como bem de natureza imaterial integrante
do patrimônio cultural brasileiro, devendo ser regulamentadas por lei
específica que assegure o bem-estar dos animais envolvidos. (BRASIL,
1988, Art. 225)

No âmbito do STJ, o Memorando para Entendimento (ME) com o Programa


das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) destaca a contribuição como
fundamental ao cumprimento do Objetivo de Desenvolvimento Social nº 12, que visa
garantir os padrões de consumo e produção sustentáveis. O STJ, como órgão
responsável por unificar a interpretação da lei federal em todo o país, ou seja,
solucionar casos civis ou criminais que não envolvam matérias constitucionais ou a
justiça especializada – conforme Art. 1° da portaria STJ/GP n. 140/2021 –, ressalta
ainda que a ONU é a principal autoridade global da Agenda Ambiental, tendo
responsabilidade de promover o desenvolvimento sustentável e direito a operar
como porta-voz do meio ambiente (BRASIL, 2021).
O portal das Nações Unidas Brasil/2015 salienta que a Agenda 2030 é um
projeto que tem como propósito “Não deixar ninguém para trás”, trazendo em sua
base os princípios apontados anteriormente em vista da erradicação da pobreza,
com ênfase na pobreza extrema – aspecto que norteia os 17 objetivos da Agenda,
compreendendo a resolução da pobreza como fator indispensável ao
desenvolvimento sustentável. Além desses objetivos, a Agenda elenca 169 metas
que buscam alavancar de modo efetivo os Direitos Humanos de todos, incluindo a
igualdade de gênero e o empoderamento da mulher. Esses objetivos e metas se
34

encontram integrados e indivisíveis, equilibrando as três dimensões do


desenvolvimento sustentável: econômica, social e ambiental.
De acordo com o Ministério da Mulher e da Família (2018), todas as pessoas,
sem qualquer distinção, têm o direito de ser parte livremente na vida cultural da
comunidade nas quais estão inseridas, de fruir as artes e participar do crescimento
científico e dos benefícios que dele resultam, bem como o direito à proteção dos
interesses morais e materiais ligados à produção científica, literária ou artística da
sua autoria, conforme a Declaração Universal dos Direitos Humanos (DUDH) e o Art.
215 da Constituição Federal de 1988:

Art. 215. O Estado garantirá a todos o pleno exercício dos direitos culturais
e acesso às fontes da cultura nacional, e apoiará e incentivará a valorização
e a difusão das manifestações culturais.
§ 1º O Estado protegerá as manifestações das culturas populares,
indígenas e afrobrasileiras, e das de outros grupos participantes do
processo civilizatório nacional.
§ 2º A lei disporá sobre a fixação de datas comemorativas de alta
significação para os diferentes segmentos étnicos nacionais (BRASIL, 1988,
Art. 215).

Outrossim, o § 3º do Art. 215 da CF, inserido pela Emenda Constitucional nº


48 de 2005, e que instituiu o plano Nacional de Cultura, visando o desenvolvimento
cultural do país e a integração das ações do poder público, conduz à:

I - defesa e valorização do patrimônio cultural brasileiro;


II - produção, promoção e difusão de bens culturais;
III - formação de pessoal qualificado para a gestão da cultura em suas
múltiplas dimensões;
IV - democratização do acesso aos bens de cultura;
V - valorização da diversidade étnica e regional. (BRASIL, 1988, § 3º Art.
215).

Dessarte, o Art. 216 da Constituição Federal de 1988 conceitua patrimônio


cultural como os bens de natureza material e imaterial, tomados individualmente ou
em conjunto, portadores de referência à identidade, à ação e à memória dos
diferentes grupos formadores da sociedade brasileira, segundo consta no Art. 23 da
Constituição Federal de 1988, com redação dada pela Emenda nº 85, de 2015:

Art. 23. É competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e


dos Municípios:
I - zelar pela guarda da Constituição, das leis e das instituições
democráticas e conservar o patrimônio público;
35

II - cuidar da saúde e assistência pública, da proteção e garantia das


pessoas portadoras de deficiência;
III - proteger os documentos, as obras e outros bens de valor histórico,
artístico e cultural, os monumentos, as paisagens naturais notáveis e os
sítios arqueológicos;
IV - impedir a evasão, a destruição e a descaracterização de obras de arte e
de outros bens de valor histórico, artístico ou cultural;
V - proporcionar os meios de acesso à cultura, à educação, à ciência, à
tecnologia, à pesquisa e à inovação; (BRASIL, 1988, Art. 23).

Já dentro da política educacional, temos ainda a Lei de Diretrizes e Bases -


Lei nº 9.394/96, em que são estabelecidas as diretrizes e bases da educação
nacional e a Base Nacional Comum Curricular (BNCC), documento normativo que
define o conjunto orgânico e progressivo de aprendizagens essenciais que todos os
alunos devem desenvolver. Na seção IV da BNCC, na mediação com a educação
básica, nas disposições voltadas ao ensino médio, consta que:

Art. 35-A. A Base Nacional Comum Curricular definirá direitos e objetivos de


aprendizagem do ensino médio, conforme diretrizes do Conselho Nacional de
Educação, nas seguintes áreas do conhecimento:
[...]
§ 1º A parte diversificada dos currículos de que trata o caput do art. 26,
definida em cada sistema de ensino, deverá estar harmonizada à Base
Nacional Comum Curricular e ser articulada a partir do contexto histórico,
econômico, social, ambiental e cultural. (BRASIL, 1996, Art. 35-A)

Ao analisar a proposta da BNCC para a educação básica, mais


especificamente para o ensino médio, busca-se o aprimoramento do educando
como pessoa humana, incluindo a formação ética e o desenvolvimento da
autonomia intelectual do pensamento crítico.
A cultura de Goiás é o conjunto de manifestações artístico-culturais
desenvolvidas por goianos. Vista como uma das culturas mais ricas do país, está
presente na literatura, nas artes e, principalmente, na cultura popular, compondo um
vasto e diversificado universo de danças, festas, cultos, artesanatos, cantigas,
folguedos infantis, culinária, entre outros aspectos.
A localização geográfica de Goiás facilitou o intercâmbio de culturas regionais
diversas, misturando costumes e tradições das populações brasileiras de origens
nortistas, nordestinas, mineiras, paulistas, entre outras, além de traços culturais
relacionados aos povos originários (indígenas), tornando o Estado um dos mais ricos
e diversificados nesses termos.
36

Existem ao redor do Estado inúmeras festas e cultos religiosos, muitos dos


quais misturam fé religiosa e folclore. Frequentemente, essas manifestações
culturais são heranças da colonização portuguesa e da fé trazida pelos
colonizadores, mas em claro sincretismo com outros traços culturais. Assim, Goiás
possui festas tradicionais, como as Cavalhadas e a Procissão do Fogaréu.
Além de danças, cantigas e rituais religiosos, há outros costumes goianos
significativos, como o mutirão das fiandeiras, durante o qual senhoras preparam o
algodão para depois produzir tecidos, ao passo que desfiam cantigas em coro. Além
disso, a culinária goiana conta com pratos conhecidos e apreciados por muitos,
como o arroz com pequi e o empadão goiano.
O Projeto de Lei 699/22, por sua vez, eleva dos atuais R$ 50,00 para R$
80,00 o valor mensal do vale-cultura por trabalhador. O texto em análise na Câmara
dos Deputados altera a Lei 12.761/12, que institui esse benefício usado no acesso a
serviços e produtos nas áreas de artes visuais, teatro, cinema, literatura, música e
patrimônio cultural.
O vale-cultura é um benefício facultativo pago pela empresa ao trabalhador
que recebe até cinco salários mínimos (R$ 6.060,00 em valores de 2022). Conforme
a proposta, as empresas tributadas com base no lucro real poderão deduzir do
Imposto de Renda os valores destinados a esse benefício pago aos empregados.
Ainda sobre o incentivo à cultura, o plenário da Câmara dos Deputados
aprovou o Projeto de Lei 1518/21, conhecido como Lei Aldir Blanc 2, que institui uma
política nacional de fomento à cultura com repasses anuais de R$ 3 bilhões da
União a estados e municípios para ações no setor.
Por fim, importante citar a Lei nº 8.313, de 1991, que instituiu o Programa
Nacional de Apoio à Cultura (PRONAC), que incentiva a cultura nacional e propicia
ações artísticas e culturais, compreendendo, entre outros, os segmentos de teatro,
dança, circo, ópera, música, artes plásticas e outras semelhantes.

6.3 Delegação para as relações étnico-raciais e de gênero e vulnerabilidades

Formada pelo grupo de trabalho de docentes e discentes da Universidade


Estadual de Goiás, com o apoio prático da Superintendência Municipal de Igualdade
Racial na pesquisa de campo cedida pela Secretaria Municipal de Desenvolvimento
37

social, essa delegação se centrou no levantamento de informações, dados e de


boas práticas instituídas no município sobre os seguintes temas: relações étnico-
raciais e relações de gênero e vulnerabilidades.

6.3.1 Relações étnico-raciais

Ao longo da história, observa-se uma diferenciação entre povos com


diferentes culturas e costumes, diferenças essas que foram exploradas de diversas
formas, apenas pelo motivo de apresentarem características físicas e hábitos
dessemelhantes. Nessa perspectiva, o termo “Relações étnico-raciais”, de maneira
abrangente, refere-se aos vínculos sociais e culturais estabelecidos entre os
indivíduos e grupos humanos de diferentes etnias e raças. Sendo assim, esse
conceito reúne interações e dinâmicas entre pessoas que se autoidentificam ou são
identificadas como pertencentes a grupos étnicos e/ou raciais diferentes.
Precipuamente, para compreender a expressão supracitada, é necessário
estabelecer uma noção de outros conceitos importantes, como raça, racismo e
discriminação. Desse modo, o livro O que é Racismo Estrutural (2018), de Silvio
Almeida, constitui-se importante obra contemporânea de Teoria Social. É, portanto,
uma referência ao se tratar desse tema.
Em primeiro plano, para Almeida (2018), “raça” não é um termo fixo, pois se
trata de uma construção social criada e utilizada em diferentes épocas e sociedades,
muitas vezes para justificar a dominação e hierarquia de grupos humanos uns sobre
os outros, vinculando circunstâncias históricas, políticas e econômicas. Ademais,
para o autor, a raça é um fenômeno que transcende a dimensão individual e se
manifesta nas estruturas e instituições sociais.
Sequencialmente, ainda segundo Almeida (2018), o racismo também dispõe
de uma origem estrutural que se expressa com normalidade no corpo social, como
nas instituições, nas leis e nas práticas sociais, além de estar presente nas atitudes
individuais, em atitudes de preconceito e discriminação. No que tange às relações
étnico-raciais, o racismo opera de várias formas, perpetuando desigualdades e
injustiças baseadas na identificação racial dos indivíduos. Diante disso, para
combatê-lo, faz-se necessário enfrentar os ordenamentos sociais que sustentam a
discriminação, promover a igualdade racial e o respeito às diferenças culturais e
étnicas.
38

Resta mencionar a concepção de discriminação. Na visão de Almeida (2018),


a definição concerne na prática de tratar os sujeitos de maneira desigual com base
em seus aspectos pessoais, de identidades e pertencimentos grupais, podendo
ocorrer em diferentes dimensões da vida em comunidade. Posto isso, a
discriminação racial é um fenômeno específico que se fundamenta na identificação
racial das pessoas, ou seja, manifestando-se como materialização do racismo.
Nesse sentido, tendo em vista os significados dos fenômenos debatidos,
compete se concentrar na educação brasileira no que diz respeito às relações
étnico-raciais. Dessarte, na educação brasileira, a discussão sobre as relações
étnico-raciais ganhou significativa relevância a partir da promulgação da Lei nº
10.639/2003, que tornou obrigatório o ensino da História e Cultura Afro-brasileira e
Africana nas escolas do país. Entretanto, verifica-se que mesmo com essa exigência
formal no ordenamento jurídico brasileiro, a temática ainda é trabalhada no cenário
educacional como uma proposta secundária, sem integrar um planejamento
primordial para desenvolver novos conhecimentos sociais e científicos ou
impulsionar a formação de discentes que respeitem as diferenças.
Considerando a adversidade exposta, é imprescindível uma ruptura
epistemológica e cultural no ensino básico da população do Brasil. Considera-se
que, diante desse panorama, este feito pode ser concretizado a partir da mudança
na inserção dos conteúdos exigidos na legislação. Outrossim, dentro desse
processo, torna-se essencial a valorização da carreira docente, possibilitando a
esses profissionais a construção de um currículo interdisciplinar que aborda esses
novos assuntos.
Em termos contextuais, na dimensão da educação infantil, a criança negra
tem sido sujeita à construção da baixa autoestima, por diferentes formas de
linguagens, comportamentos e atitudes que as inferiorizam no cotidiano.
Consequentemente, os pequenos que crescem nessa esfera composta por atitudes
em que se diminui outras crianças em razão da cor de pele se desenvolvem
difundidas em paradigmas do racismo e suas consequências. Portanto, destaca-se
novamente a necessidade e a importância de se ter profissionais qualificados, que
saibam observar e refletir sobre as ações e práticas pedagógicas efetivadas, com o
intuito de mudar essa realidade.
Em conclusão, segundo Nelson Mandela, “ninguém nasce odiando outra
pessoa por sua cor da pele, sua origem ou sua religião, os indivíduos podem
39

aprender a odiar do mesmo modo em que podem ser ensinados a amar” (apud
SILVA, 2015, p. 8). À vista disso, é nítido a importância que a educação
desempenha para com a ruptura de heranças culturais e formas de pensar o mundo
construídas ao longo da história.

6.3.2Tratativas Legais

A Constituição Federal de 1988 reitera alguns aspectos de reparação social


para grupos étnicos minoritários, a exemplo dos quilombolas e indígenas. O texto
constitucional diz que “aos remanescentes das comunidades dos quilombos que
estejam ocupando suas terras é reconhecida à propriedade definitiva, devendo o
Estado emitir-lhes os títulos respectivos” (BRASIL, 1988).
O Art. 2º do Decreto 4.887 de 20 de novembro de 2003 reforça a definição de
quilombola:

Consideram-se remanescentes das comunidades dos quilombos, para os


fins deste Decreto, os grupos étnico-raciais, segundo critérios de
autoatribuição, com trajetória histórica própria, dotados de relações
territoriais específicas, com presunção de ancestralidade negra relacionada
com a resistência à opressão histórica sofrida (BRASIL, 2003).

Da mesma forma, os indígenas são mencionados na constituição de 1988 e,


para muitos pesquisadores, somente a partir daí eles passam a ser vistos como
seres humanos perante a sociedade, já que passam a ter direitos garantidos. Outro
aspecto que reforça essa concepção é que, até então, no imaginário coletivo, esses
povos eram tidos como selvagens, ignorantes, animalescos etc. Em contrapartida, o
Estado determina sua função na proteção desses grupos.

Art. 215. O Estado garantirá a todos o pleno exercício dos direitos culturais
e acesso às fontes da cultura nacional, e apoiará e incentivará a valorização
e a difusão das manifestações culturais.
§ 1º O Estado protegerá as manifestações das culturas populares,
indígenas e afro-brasileiras, e das de outros grupos participantes do
processo civilizatório nacional. [...]

É importante frisar que a Constituição de 1988 foi um importante marco para


minimizar as desigualdades e legitimar a existências dos grupos minoritários.
Entretanto, a previsão legal não se converteu na garantia de que, socialmente,
esses direitos seriam respeitados, de modo que esses grupos pudessem gozar de
40

suas liberdades. Nesse sentido, os movimentos sociais têm sido fundamentais para
escancarar as desigualdades e reivindicar a garantia dos direitos, principalmente de
grupos minoritários.
No que concerne à educação, e considerando que somos uma sociedade
majoritariamente negra, por muito tempo o próprio sistema de ensino não
representava a realidade e cultura de povos negros e indígenas. Não significa que
os representa, mas, por exemplo, é possível dizer que hoje temos uma maior
preocupação em relação à não-representação de estereótipos e preconceitos raciais
em materiais didáticos, o que não se verificava nas décadas anteriores, além da
notável inserção de temas específicos da cultura afro-brasileira nos currículos
escolares.
Em 2003, foi promulgada a lei nº 10.558, de 13 de novembro de 2002, que
implementou o Programa Diversidade na Universidade, que visava avaliar
estratégias de entidades públicas e privadas sem fins lucrativos, mediantes recursos
da União, favorecendo a promoção de grupos socialmente minoritários ao ensino
superior, especificamente grupos indígenas e afrodescendentes.
Entretanto, o marco desse processo foi a inserção da lei nº 10639, de 2003,
que institui a obrigatoriedade da temática história e cultura afro. A partir dessa lei,
houve a Implantação das Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das
Relações Étnicos-raciais e para o Ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e
Africana (DCNs), aprovadas em 10 de abril de 2004. Posteriormente, a lei 10639, de
2003, foi alterada pela lei 11.645, de 2008, e pela lei nº 12.288, de 2010, que
instituiu o Estatuto da Igualdade Racial. Essas leis geraram mudanças significativas
no sistema de ensino, contribuindo muito para a não-reprodução de conteúdos
racistas em materiais didáticos.
A esse respeito, Valério e Santana (2013) afirmam que a lei nº 10639, de
2003, foi criada devido às pressões dos movimentos negros. Nesse sentido, é
notável que esses movimentos sociais têm gerado impacto positivo na educação e
na formação da sociedade brasileira, levantado discussões nos meios acadêmicos e
gerando impactos práticos no meio jurídico. Por exemplo, o PNLD, ao longo do
tempo, foi incorporando aos editais de seleção de material didático normativas que
têm possibilitado um maior cuidado na seleção de livros didáticos. Abaixo,
apresenta-se um exemplo das principais leis/normativas inseridas no edital de
seleção de LD de 2018:
41

a. Constituição da República Federativa do Brasil.


b. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei nº 9.394/96), com as
respectivas alterações introduzidas pelas Leis mencionadas a seguir: b.1.
Lei nº 10.639/2003 – obrigatoriedade da temática "História e Cultura Afro-
Brasileira" b.2. Lei nº 11.645/2008 – obrigatoriedade da temática “História e
Cultura Afro-Brasileira e Indígena” […] b.8. Lei nº 13.010/2014 – Conteúdos
relativos aos Direitos Humanos e à prevenção de todas as formas de
violência contra a criança e o adolescente serão incluídos, como temas
transversais, nos currículos escolares
c. Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei nº 8.069/1990), com as
respectivas alterações.
d. Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Médio […]
Resolução CNE/CP nº 01 de 17/06/2004 – Aborda assunto relativo às
Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das Relações Étnico-
Raciais e para o Ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana.
f.3. Parecer CNE/CP Nº 14 de 06/06/2012 e Resolução CNE/CP nº 2,
15/07/2012 - Estabelece as Diretrizes Curriculares Nacionais para a
Educação Ambiental (DCNEA). (BRASIL, 2018, p. 33).

Em síntese, é notório que a CF de 1988 é um marco importante, que tem


possibilitado avanços no campo jurídico, como também em mudanças práticas
significativas em prol da promoção e da garantia de direitos de povos minoritários.
Ademais, o texto constitucional tem subsidiado novas perspectivas para a promoção
de uma educação menos estereotipada e preconceituosa com vistas à inserção dos
sujeitos na sociedade de forma mais igualitária.

O Tema no Currículo Escolar

Tais elaborações afetou as relações sociais acarretando em todas as esferas,


muitos prejuízos para o povo negro. Inclusive forjando a formação de um currículo
eurocêntricos no Brasil. Assim, a formação de crianças e jovens no Brasil ocorreu
sempre à margem da diversidade étnica, histórica e cultural brasileira. E, se as
diretrizes curriculares não levavam em conta a diversidade, tais diretrizes conduzem
a um silenciamento acerca dos problemas gestados nas relações étnico-raciais.
Diante disso, educadores e educadoras devem assumir a tarefa de romper os
silêncios construídos em torno das questões raciais. É preciso que os profissionais
da educação tragam para o espaço escolar o debate e as evidências sobre como o
mecanismo racial opera na construção das relações sociais, ao fazer isso,
reposicionar histórias, semânticas, identidades e crenças que reproduzem as
práticas de dominação e exclusão racial que ocorre no ambiente escolar.
...o melhor entendimento do racismo no cotidiano da educação
42

também é condição para se arquitetar um novo projeto de educação


que possibilite a inserção social igualitária e destravar o potencial
intelectual, embotado pelo racismo, de todos(as) os(as)
brasileiros(as), independentemente de cor/raça, gênero, renda, entre
outras distinções (BRASIL, 2005, P. 11)

Daí elencamos algumas questões, por que ensinar a respeito das relações
raciais no Brasil? E por que envolver a educação nesse enfrentamento do racismo?
Porque segundo Eliane Cavalleiro, 2006:
a educação escolar corresponde a um espaço sociocultural e
institucional responsável pelo trato pedagógico do conhecimento e da
cultura. A princípio, estaríamos, então, trabalhando em solo pacífico,
porque universalista (BRASIL, 2006, p. 15).

Porém, o pressuposto universalismo não comporta a diversidade, não a


reconhece, mesmo após a Lei 10.639/2003, em muitas unidades escolares a
diversidade ainda segue ignorada. Esse trato pedagógico precisa avançar como
instrumento no enfrentamento da opressão e das desigualdades, ao assumir tal
incumbência a educação precisa superar essa perspectiva eurocêntrica que não
leva em conta a diversidade cultural e histórica do país. Em geral os manuais
didáticos e a formação dos profissionais da educação produzem um apagamento
dessa diversidade, mesmo vinte anos após a promulgação da referida Lei1.

O ponto de partida para o enfrentamento do racismo no ambiente escolar está


na admissão dos problemas gerados a partir das relações étnico-raciais,
constituídas sob o manto do sistema racial. Nesse sentido, é fundamental romper os
silêncios no que diz respeito a temática do racismo e da discriminação racial. Esse
silêncio corrobora para que se reproduzam falsas convicções de que pretos, pardos
e outros grupos são diferentes e inferiores, ou então que não existe desigualdade
racial.
Enquanto perdurar o silêncio predominará a convicção de que a formação
nacional tem apenas como origem cultural e histórica, a matriz europeia, é como se
a presença africana e indígena constituísse um elemento neutro e, pior, como se
esse privilegiar da matriz europeia não fosse corresponsável por processos de
desigualdade e violência. Na posição contrária, a escola tende a defender a
bandeira da igualdade, porém:

1
...a publicação da Lei 10.639/2003, que altera a Lei de Diretrizes e Bases da educação para incluir
no currículo oficial a obrigatoriedade da temática “História e Cultura Afro-Brasileira” assinalam o
quadro de intenções da parte do Estado brasileiro em eliminar o racismo e a discriminação racial
(Brasil, p. 18).
43

... como pondera Nilma Lino Gomes, em certos momentos, “as práticas
educativas que se pretendem iguais para todos acabam sendo as mais
discriminatórias. Essa afirmação parece paradoxal, mas, dependendo do
discurso e da prática desenvolvida, pode-se incorrer no erro da
homogeneização em detrimento do reconhecimento das diferenças”
(GOMES, 2001 Apud Brasil 2006, p. 86)

Discutirmos educação ético-racial ou educar para as relações étnico-raciais


torna fundamental que profissionais da educação compreendam alguns fatos, o
primeiro é que o país abriga uma pluralidade ética, histórica e identitária. É preciso
saber que essa diversidade sempre foi tratada na perspectiva do racismo, das
crenças raciais. Em segundo lugar, é necessário ter clareza das consequências da
racialização do povo negro; ao racializar se estabelece práticas de exclusão e
violência que vai desde a tentativa de apagamento histórico, apagamento identitário,
exclusão econômica, até o extermínio.
Sobretudo, quando olhamos para as relações étnico-raciais. As desigualdades
nos indicadores de escolaridade revelam elementos que nos chamam a atenção
para a necessidade de superarmos heranças raciais que afetam a vida negra desde
a infância, em palestra proferida em agosto de 2018 pela professora Drª Cleide
Ramos, a qual apresenta os dados que se seguem: Em 1992 tínhamos 54,1% de
crianças de 0 a 6 anos nas escolas, em 2008 esse índice subiu para 79,8%, mas
quando olhamos para esses dados levando em conta o recorte racial, em 2008
tínhamos nas creches 20,6% de crianças brancas contra 15% de crianças pretas e
pardas.
Em 2007 estavam fora da escola 680 mil crianças e adolescentes, desse total
400 mil eram negros. Além disso, o tempo de permanência na escola também é
maior entre as crianças brancas. Nesse mesmo ano a média de anos na escola era
8,1 para brancos e 6,5 para negros. Aqui vemos o segundo aspecto da
discriminação, o primeiro é a negação da diversidade e a reprodução de ideologias
raciais, o segundo é a dificuldade que crianças negras tem de acessar e se
manterem na escola2.

2
A respeito do tema sugerimos a leitura de monografia disponível em:
https://www.lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/105138/000940781.pdf
44

Em sua exposição a professora supracitada nos leva as seguintes indagações, o


que pode resultar de uma educação tão discriminatória? Quais são os prejuízos para
o grupo que não consegue progredir na vida escolar? Alguns elementos podem
resultar dessa realidade, ingresso precoce no mercado de trabalho, decorre também
de uma escola que prioriza um conteúdo que não reconhece o universo histórico e
cultural afrodescendente.

Isso gera as condições para a reprodução das ideologias raciais na escola e a


consequente reprodução da discriminação racial no ambiente escolar. Claro, não fica
reservado apenas a educação infantil, mas segue em todas as etapas da formação
do estudante. A escola ainda opera “contaminada” pelo mito da democracia racial 3, o
que incide sobre a pouca relevância atribuída as consequências da discriminação
fenotípica, a qual elegeu a cor para justificar abandono, discriminação e apagamento
histórico, cultural e identitário.

O caótico legado da escravidão enfrentado por afro-brasileiros seguiu


sistematizado em parte porque a escola, guardião do “trato pedagógico e da cultura",
tornou-se mais um espaço de reprodução do pensamento racial. Vemos isso quando
o silêncio impera diante da realidade racial, quando se nega sua existência ou
quando a escola e seus agentes não sabem como lidar com o tema.

Diante do exposto, muitas perguntas podem aparecer. O que ensinar? Como


ensinar para promover um ambiente escolar antirracista? Primeiro, é preciso saber
que o sistema racial se consolidou a partir de práticas e conteúdos constituidores
não só de opressão e violência, mas também na elaboração de conteúdos que forjou
a crença na suposta inferioridade racial do negro.
Porém, assim como se constitui tais práticas e crenças a partir da elaboração de
conteúdos, é possível forjar um antagonismo nos mesmos fundamentos, ou seja,
produzindo saberes os quais contribuam para confrontar a presunção da
superioridade branca e suas consequências no cotidiano das vidas negras.
Então, ao responder a primeira pergunta, o que ensinar? A educação deve se
constituir em direção ao reconhecimento e valorização da diversidade, tendo como

3
Democracia racial é uma ideia que, a partir da publicação da obra Casa Grande e Senzala de
Gilberto Freyre nos anos de 1930 tornou-se difundida no Brasil, tal concepção defendia uma
convivência harmônica entre as "raças" que formaram o povo Brasileira. Entretanto, tal ideia não
passa de uma ilusão, posto que entre nós também se construiu processos de discriminação racial
em que a população negra não fora só marginalizada, mas também inferiorizada.
45

foco a afirmação positivada da identidade negra; ao pautar a diversidade, abrir-se-á


a possibilidade de uma visão da pluralidade de formação histórica brasileira. Essa
variedade cultural afro-brasileira é desconhecida de parte das professoras e
professores.
O ensino de história e cultura afro-brasileira fundamenta-se na necessidade,
primeiro de contemplar a diversidade, em seguida pela necessidade de garantir o
“direito à diferença4”, por fim pela necessidade de se identificar as razões das
desigualdades e enfrentá-las como o problema principal no combate ao racismo.
Por fim, para que se inicie o processo de formação para uma educação
antirracial deve-se começar na educação infantil. Para tal, é necessário que
profissionais da educação conheçam e compreendam que há diretrizes curriculares
as quais devem ser observadas, a escola precisa debater e planejar um educação
que considere a diversidade. É preciso, porém que se desenvolva uma consciência
acerca do tema, sem uma consciência bem orientada, "nutrida" por um saber
antirracial, fica difícil uma educação que considere a pluralidade étnico-racial.
No item 7.3 encontra-se algumas diretrizes, as quais auxiliam as(os) docentes
na organização de conteúdos, metodologias, atividades e posturas relacionadas ao
que a diversidade requer da escola. As unidades escolares precisam abrigar a Lei
10.639/2003, a qual tem como premissa garantir o acesso aos saberes africanos e
afro-brasileiros, a fim de garantir aos estudantes negros e brancos o acesso ao
processo histórico heterogêneo que formou as culturas e as identidades nacionais,
além de contribuir com a positivação da identidade negra e combater o racismo, a
partir do "trato pedagógico da história e da cultura", sem prejuízo para grupos
racializados, com vistas a superar a reprodução de ideologias e estereótipos raciais.

6.3.3 Relações de gênero e vulnerabilidades

Desde tempos remotos, a discussão sobre gênero e sexualidade tem sido


objeto de reflexão e debates em diversas áreas do conhecimento. No contexto

4
. Direito a diferença não tem a ver com a perspectiva do racismo científico, tão pouco com a
perspectiva de D Bois, das múltiplas raças, quando falamos de direito a diferença é no sentido do
direito a diversidade, sem que isso implique estabelecimento de hierarquias e ideologias
discriminatórias.
46

educacional, esses temas ganham ainda mais relevância, uma vez que a escola é
responsável por formar cidadãos conscientes e preparados para lidar com a
diversidade humana. Nesse sentido, a abordagem adequada de gênero e
sexualidade na educação é fundamental para promover a equidade, o respeito e a
construção de uma sociedade mais inclusiva. No entanto, para que essa abordagem
seja efetiva, é preciso considerar não apenas os aspectos teóricos, mas também as
práticas pedagógicas e as demandas sociais. Diante desse contexto desafiador,
essa seção busca discutir a importância da inclusão de discussões sobre gênero e
sexualidade na educação, destacando seus benefícios para a formação integral dos
estudantes e os desafios enfrentados nesse processo.
A abordagem de gênero e sexualidade na educação promove a
desconstrução de estereótipos e preconceitos, estimulando um pensamento crítico
sobre as normas sociais e culturais. Ao proporcionar espaços de diálogos e
reflexões, a escola desempenha um papel fundamental na desconstrução de valores
arraigados que podem perpetuar a discriminação e a desigualdade. Além disso, a
inclusão desses temas no currículo acadêmico possibilita o desenvolvimento de uma
consciência coletiva acerca dos Direitos Humanos, promovendo a valorização da
diversidade e a construção de relações mais saudáveis e respeitosas.
Michel Foucault, em seu livro História da Sexualidade – A Vontade de Saber
(1977), argumenta que a sexualidade não é uma coisa natural e inata, mas sim
construída social e historicamente. O autor analisa como as práticas de poder e os
discursos científicos moldaram a concepção da sexualidade ao longo dos séculos, e
como as pessoas foram levadas a se perceberem como pertencentes a uma
identidade sexual fixa. Foucault também discute como os regimes de poder atuam
através da sexualidade e influenciam a produção de conhecimento sobre o tema;
apontando que, em contramão, práticas de resistência e subversão podem ser
utilizadas contra o poder. Além disso, o autor defende a importância de se
questionar as normas e valores em torno da sexualidade, promovendo um debate
crítico e reflexivo sobre o tema.
Outro autor, Leandro Colling, expôs suas principais ideias em seu livro
Gênero e sexualidade na atualidade, que reúne uma crítica às noções fixas e
binárias de gênero e à heteronormatividade, apontando para a valorização da
diversidade de identidades sexuais e de gênero, a importância da educação sexual
integral e a defesa de políticas públicas que levem em conta a diversidade de
47

gênero e sexualidade. Colling defende que a escola deve ser um espaço de


aprendizado e construção de valores de respeito e inclusão, devendo promover uma
formação cidadã que reconheça e valorize a diversidade de gênero e sexualidade.
Ademais, para Guacira Lopes Louro, educadora e historiadora brasileira com
extenso trabalho na área de gênero e sexualidade, em sua obra Gênero,
Sexualidade e Educação: uma perspectiva pós-estruturalista (1997), publicada pela
primeira vez em 1997, apresenta uma visão crítica sobre as noções fixas de gênero
e sexualidade, afirmando que elas são construções culturais e históricas e que não
devem ser vistas como opostos binários. Segundo Louro, essas noções são
falaciosas, porque não conseguem abranger a diversidade da experiência humana.
Além disso, a autora defende que o sistema educacional deve levar em conta a
diversidade de identidades sexuais e de gênero e que os alunos devem ser
encorajados a pensar criticamente sobre essas questões.
Ainda para Louro (1997), é fundamental defender a desconstrução das
noções fixas de masculinidade e feminilidade, a valorização da diferença e da
diversidade sexual e de gênero, a importância da educação sexual integral, a crítica
à heteronormatividade e a defesa de políticas públicas que considerem a inclusão e
o respeito à diversidade. Nesse sentido, a autora propõe uma educação que permita
a criação de novas formas de identidade, não limitadas pelas normas existentes, e
que incentive o respeito às diferenças e a construção de um ambiente escolar
inclusivo.
Vale também mencionar o artigo Diversidade sexual e de gênero na escola,
de Alexandre Bortolini (2012), que apresenta a coexistência de diferentes sujeitos e
construções culturais no interior da escola. O autor discute como a escola pode ser
um espaço de acolhimento e respeito às diversidades de identidades sexuais e de
gênero, e propõe práticas pedagógicas que promovam e respaldam essa
diversidade, como o uso de materiais didáticos inclusivos e a realização de debates
sobre a temática. Em geral, Bortolini defende que a escola deve ser um espaço de
formação cidadã capaz de promover o respeito aos Direitos Humanos e à
diversidade.
Além disso, no artigo Gênero e sexualidade nas pedagogias culturais:
implicações para a educação infantil, Jane Felipe de Souza (1999) problematiza as
noções fixas de gênero e sexualidade, afirmando que elas são construções culturais
e históricas que não podem ser compreendidas como opostos binários. Ela defende
48

que a escola deve ser um espaço de acolhimento e respeito à diversidade de


identidades sexuais e de gênero, propondo práticas pedagógicas que considerem
essa diversidade. Ademais, a autora descreve um estudo de caso sobre a inclusão
de uma criança transgênero em uma escola infantil, destacando a necessidade de
se repensar as práticas educativas para acolher alunos com identidades diversas.
Já no artigo O gênero nas políticas públicas de educação no Brasil: 1988-
2002, Claudia Pereira Vianna e Sandra Unbehaum (2013) discutem como as
políticas públicas de educação, em relação ao tema do gênero, foram construídas no
período de 1988 a 2002. As autoras apontam para os avanços no reconhecimento
da diversidade sexual e de gênero, mas também destacam os desafios e as
resistências encontradas na efetivação dessas políticas. As autoras afirmam que as
políticas educacionais devem levar em conta a diversidade de gênero e sexualidade
e promover uma educação voltada para a construção de valores de respeito e
valorização da diferença.
Em retrospecto, com a introdução dos Parâmetros Curriculares Nacionais na
segunda metade da década de 1990, sexualidade e gênero começaram a entrar nos
discursos e nas práticas educacionais brasileiras de forma mais consolidada, mas
não menos controversa. Os PCNs foram concebidos como uma resposta à inclusão
na Constituição de 1988 de temas oriundos dos movimentos sociais, como questões
étnico-raciais, meio ambiente, educação sexual e questões de gênero, que estavam
esquecidos desde os projetos da década de 1970. Além disso, a flexibilidade padrão
tenta facilitar a manifestação de potencialidades pré-existentes em cada ser
humano, que são restringidas por preconceitos de gênero. A repressão de exibições
de sensibilidade, intuição e manifestações emocionais em rapazes ou objetividade e
agressividade em garotas é um exemplo frequente.
Outrossim, as variações de gênero nos níveis educacionais, de acordo com
as teorias de gênero, são consequências dos fatores históricos e estruturais da
conformação de cada sociedade – e não por características biológicas. Durante a
maior parte do século XX, a diferença de gênero na educação brasileira existiu
porque os homens tinham maiores taxas de alfabetização e outros níveis de
educação do que as mulheres. Nesse contexto, as mulheres têm historicamente
enfrentado maiores impedimentos para frequentar a escola em praticamente todos
os países do mundo. Alguns desses projetos de exclusão foram derrotados com
sucesso, ao passo que outros permanecem. Apesar dos avanços na educação
49

feminina, ainda existe um preconceito de gênero em determinados cursos de


educação superior, com as mulheres concentradas em disciplinas tidas como “mais
fáceis” ou menos valorizadas socialmente. Vale observar que os ganhos
educacionais femininos não foram acompanhados por igual sucesso no mercado de
trabalho. As mulheres fecharam a lacuna educacional de gênero, mas não fecharam
as desigualdades ocupacionais e de renda.
Percebe-se, assim, que a escola acaba conduzindo e incentivando
habilidades distintas para meninos e meninas, comunicando expectativas sobre o
tipo de conduta considerada “mais apropriada” para cada sexo e manipulando
incentivos e penalidades a partir do atendimento ou não de tais expectativas. Dessa
forma, as conotações de gênero são impressas nos corpos de meninos e meninas a
partir das expectativas impostas às crianças regularmente. Desde muito cedo, os
corpos de meninas e meninos passam por um processo de feminização e
masculinização, que determina se são "meninas" ou "meninos". Considerando a
análise das leis, decretos e planos federais de educação pública produzidos nas
décadas de 1980 e 1990, fica claro que, no Brasil, a inclusão da perspectiva de
gênero nas políticas públicas de educação é mais recente e menos institucionalizada
do que em outros campos, como saúde e trabalho.
Outro desafio está relacionado à criação de ambientes escolares seguros e
acolhedores para todos. A violência de gênero e a discriminação sexual ainda são
realidades presentes nas escolas, prejudicando o pleno desenvolvimento dos
estudantes. É imprescindível, portanto, que as instituições de ensino adotem
políticas de enfrentamento à violência, promovendo a educação para a igualdade de
gênero e a prevenção do bullying e do assédio sexual.
Ademais, é necessário reconhecer que a abordagem de gênero e sexualidade
na educação enfrenta desafios significativos. Em muitos casos, a resistência de
setores conservadores da sociedade impede a implementação de políticas e práticas
que abordem essas questões de forma adequada e inclusiva. É fundamental superar
o medo e a desinformação que permeiam o debate, promovendo uma discussão
embasada em evidências científicas e no respeito aos Direitos Humanos. Além de
tudo, é necessário investir em formação continuada para os educadores, a fim de
capacitá-los a lidar de forma sensível e responsável com as demandas e
inquietações dos estudantes.
50

A Declaração das Nações Unidas (ONU, 1948), enuncia que “todos os seres
humanos nascem livres e iguais em dignidade e direitos. São dotados de razão e
consciência e devem agir uns para com os outros num espírito de fraternidade".
Contudo, a inclusão de discussões sobre gênero e sexualidade na educação é um
passo fundamental para a construção de uma sociedade mais justa e igualitária. Ao
promover a desconstrução de estereótipos, a reflexão crítica e o respeito à
diversidade, a escola desempenha um papel crucial na formação integral dos
estudantes. No entanto, para que essa abordagem seja efetiva, é necessário
superar os desafios impostos por setores conservadores e investir em formação e
políticas de enfrentamento à violência. Somente assim, será possível construir um
ambiente educacional que promova a inclusão, o respeito e a valorização da
diversidade de gênero e sexualidade, garantindo o pleno desenvolvimento e a
dignidade de todos os indivíduos.

6.4 Delegação para o desenvolvimento e a formação de redes de colaboração


solidária

Formada pelo grupo de trabalho de docentes e discentes da Universidade


Estadual de Goiás, essa delegação se centrou na pesquisa, no levantamento de
dados e de boas práticas sobre os seguintes temas: inovação e cooperativismo;
saúde e nutrição; qualificação profissional e geração de renda e democracia
participativa.

6.4.1 Inovação e cooperativismo

A inovação e o cooperativismo são essenciais para o desenvolvimento


sustentável e a construção de uma sociedade mais inclusiva e colaborativa. A
inovação impulsiona a busca por soluções criativas e eficientes para os desafios
locais com vistas às relações sociais, econômicas e tecnológicas. A partir dela, há o
estímulo a novas ideias, produtos e processos. Já o cooperativismo promove a união
de esforços e a colaboração entre indivíduos e comunidades, priorizando a
cooperação em detrimento da competição. O cooperativismo valoriza a participação
ativa, prioriza a igualdade de direitos e a solidariedade, possibilitando o surgimento
de oportunidades para o compartilhamento de conhecimento e experiências.
51

Quando combinados, a inovação e o cooperativismo têm o potencial de impulsionar


o desenvolvimento econômico inclusivo, fomentar a geração de empregos e
fortalecer as relações sociais que atentam para a sustentabilidade ambiental. Ao
incentivar a inovação de forma cooperativa, podemos alcançar resultados mais
significativos e sustentáveis, potencializando o local e suas nuances.
A inovação é fundamental para a manutenção do cooperativismo, por
exemplo. Tentemos entender como funciona esse processo. Como preparar o
ambiente para promover a cultura da inovação? Quais os desafios e seus impactos
no desenvolvimento das cooperativas? Como alcançar, via inovação, resultados
consistentes, conscientes, éticos e constantes junto das cooperativas locais?
Ao pensar em inovação, é preciso considerar: definição do público-alvo
prioritário a ser beneficiado; identificação do problema a ser solucionado;
estabelecimento dos objetivos e metas a serem alcançados; tomada de decisão
sobre a oportunidade a ser implementada; escolha do processo de desenvolvimento
dessa oportunidade, com a definição dos recursos necessários (humanos,
infraestrutura e financeiros) e das etapas de implementação.
O sistema de cooperativas precisa lidar com esse contexto mundial, buscando
conciliar a evolução sem perder a identidade cooperativista. A Lei Cooperativista (Lei
nº 5.764/1971), na época de sua criação, atendia a todos os ramos cooperativistas,
mantendo um sistema de cooperativismo tutelado pelo Estado, estabelecendo a
autorização de funcionamento e suas alterações, fiscalização e possibilidades de
intervenção do ente estatal na vida da sociedade cooperativa.
A Constituição Federal de 1988 veio revogar esse sistema de tutela,
outorgando às cooperativas a responsabilidade pela sua autogestão. As
cooperativas, assim, são resultantes de um ideal que visa o desenvolvimento
econômico do homem por meio de valores éticos e solidários. Busca reunir pessoas
que se associam para o bem-estar social e econômico dos membros cooperados,
através de esforços e ações comuns. Realizam, assim, a intermediação entre os
interesses de seus cooperados e os interesses do mundo exterior, de forma a
facilitar que seus empreendedores otimizem suas produções, podendo usufruir de
bens e serviços comuns a todos. Por não possuírem “proprietários”, mas sim
cooperados, sua criação depende da partilha de um posicionamento cultural e ético
por parte de seus membros.
52

Inovação e cooperativismo, embora sejam práticas distintas, completam-se,


pois visam o desenvolvimento econômico e social, individual e o coletivo. O sistema
cooperativista brasileiro é representado pela Organização das Cooperativas
Brasileiras (OCB) (órgão máximo de representação), cujos principais objetivos estão
ligados à promoção, fomento e defesa do cooperativismo em todas as instâncias
políticas e institucionais:
(...) o modelo socioeconômico do cooperativismo segundo a Organização
das Cooperativas Brasileiras (2016) objetiva o desenvolvimento econômico
ligado ao bem-estar social. Seus princípios são a adesão voluntária e livre,
gestão democrática, participação econômica dos membros, autonomia e
independência, educação, formação e informação, intercooperação e
interesse pela comunidade (Silva, Firmino, 2016, p. 4)

Assim, as cooperativas têm se tornado uma nova fonte de renda e de


inserção social, uma vez que muitas pessoas as criam para a melhoria de suas
qualidades de vida. Dessa forma, é possível entender que os objetivos da criação de
uma cooperativa social, segundo Pinho e Rodrigues, incluem:

● Buscar bens gerais para a sociedade, por meio da promoção humana e da

integração social dos cidadãos;

● Atuar em diferentes atividades, tais como agricultura, comércio e serviço,

gerando trabalho e renda, como meio de inclusão e ressocialização de


pessoas em desvantagens temporárias ou permanentes;

● Garantir os direitos de todos os seres humanos;

● Responder às necessidades sociais.

Os valores que sustentam as práticas do sistema cooperativista estão


diretamente ligados à ideia de um capitalismo consciente, possível por meio de um
comércio justo e sustentável, que se consolida através de lideranças colaborativas.
As cooperativas visam a colaboração, a sustentabilidade, a igualdade e o
compartilhamento. É um movimento de filosofia de vida e modelo socioeconômico
capaz de unir desenvolvimento econômico e bem-estar social, cujos fundamentos
são a participação democrática, a solidariedade, a independência e a autonomia.
No início, as cooperativas foram confundidas com associações beneficentes.
Contudo, logo ficou consolidada a ideia de que sua finalidade seria a econômica.
Hoje, são vistas como sociedades que almejam o desenvolvimento social por meio
53

da atividade econômica, consciente, sustentável e cooperada. Nesse sentido, o


cooperativismo transformou-se em uma hábil ferramenta para o desenvolvimento
justo e igualitário, sem se desvincular das práticas comerciais capitalistas. Atuam em
diversos setores, como alimentação, saúde, agricultura, artes, transportes etc.
As cooperativas não têm fins altruísticos, objetivando, sobretudo, o bem-estar
e o desenvolvimento do indivíduo, podendo se organizar em cooperativas de crédito,
de trabalho e de consumo. Qualquer que seja a sua finalidade, as cooperativas
buscam favorecer a organização dos cooperados, especialmente os de pequeno e
médio porte, buscando reduzir custos e a necessidade de intermediários nos
processos produtivos.
Contudo, para a otimização dos resultados, esse processo deve ser
organizado e pautado numa cultura voltada à percepção das oportunidades, à
transformação digital; aos novos papéis de liderança cooperada; à ideia de
organizações ágeis e de empoderamento e autonomia dos cooperados. À
consolidação da inovação no cooperativismo, é necessário que se proceda ao
empoderamento de todos os cooperados. Com esse intuito, é importante entender
os valores que estruturam essa parceria a fim de estabelecer maior engajamento de
seus membros.
A Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB), em pesquisa realizada
em 2020, levantou os maiores desafios para a inovação nas cooperativas: falta de
organização, ideias e projetos; falta de dinheiro ou financiamento; falta de
capacitação da equipe. Assim, visando estruturar cooperativas mais competitivas, é
preciso definir estratégias no sentido de inserir a inovação em sua missão
institucional; capacitar seus colaboradores e gestores; desburocratizar seus
processos; fomentar a diversidade cultural, ampliando o número de atores que
participam do processo de tomada de decisão, fomentando novas parcerias.
De acordo com Souza (2019), as inovações sociais são importantes na
resolução de problemas sociais em diversos níveis e áreas. No entanto, para que a
inovação possa ser considerada como social, ela deve inovar para resolver
problemas e necessidades sociais, até então não resolvidas, causando um
verdadeiro impacto social.

6.4.2. Criação do selo municipal “Empresa Solidária”


54

A proposta de criação do selo “Empresa Solidária” foi elaborada e pensada ao


nível municipal, por meio da parceria entre empresas, indústrias e comércio
regionais com os órgãos políticos e as Instituições de Ensino Superior (IES) do
Município de Uruaçu (GO). O projeto busca facilitar o desenvolvimento regional
através da colaboração, do financiamento e da oferta de bens e serviços entre os
parceiros. As empresas certificadas se beneficiarão com ações de formação e
qualificação de seus profissionais e, em contrapartida, colaboraram com o
financiamento de projetos para a promoção e desenvolvimento social da região.
Os objetivos dessa parceria incluem, entre outros, a busca pela emancipação
individual; a formação do senso crítico; a troca de experiências e aprendizados e a
melhoria da capacitação ética e profissional da região. Os cursos de qualificação
serão certificados pelas IES e órgãos políticos parceiros, podendo ser ofertados de
forma presencial, híbrida ou remota.
Essa proposta se coaduna com a Agenda de 2030 (SUPREMO TRIBUNAL
FEDERAL, 2020), da Organização das Nações Unidas (ONU), que define os
objetivos de desenvolvimento sustentável no Brasil. Nesse sentido, destacamos os
itens 16 e 17 da agenda, que definem:

Objetivo 16. Promover sociedades pacíficas e inclusivas para o


desenvolvimento sustentável, proporcionar o acesso à justiça para todos e
construir instituições eficazes, responsáveis e inclusivas em todos os níveis.
[...]
16.6 Desenvolver instituições eficazes, responsáveis e transparentes em
todos os níveis.
16.7 Garantir a tomada de decisão responsiva, inclusiva, participativa e
representativa em todos os níveis.
16.8 Ampliar e fortalecer a participação dos países em desenvolvimento nas
instituições de governança global.
[...]
16.a Fortalecer as instituições nacionais relevantes, inclusive por meio da
cooperação internacional, para a construção de capacidades em todos os
níveis, em particular nos países em desenvolvimento, para a prevenção da
violência e o combate ao terrorismo e ao crime (SUPREMO TRIBUNAL
FEDERAL, 2020).
Objetivo 17. Fortalecer os meios de implementação e revitalizar a parceria
global para o desenvolvimento sustentável financeiramente.
[...]
17.6 Melhorar a cooperação Norte-Sul, Sul-Sul e triangular regional e
internacional e o acesso à ciência, tecnologia e inovação, e aumentar o
compartilhamento de conhecimentos em termos mutuamente acordados,
inclusive por meio de uma melhor coordenação entre os mecanismos
existentes, particularmente no nível das Nações Unidas, e por meio de um
mecanismo de facilitação de tecnologia global.
[...]
17.9 Reforçar o apoio internacional para a implementação eficaz e orientada
da capacitação em países em desenvolvimento, a fim de apoiar os planos
55

nacionais para implementar todos os objetivos de desenvolvimento


sustentável, inclusive por meio da cooperação Norte-Sul, Sul-Sul e
triangular.
17.10 Promover um sistema multilateral de comércio universal, baseado em
regras, aberto, não discriminatório e equitativo no âmbito da Organização
Mundial do Comércio, inclusive por meio da conclusão das negociações no
âmbito de sua Agenda de Desenvolvimento de Doha (SUPREMO
TRIBUNAL FEDERAL, 2020).

Como é possível observar, os objetivos propostos pela ONU fazem alusão à


necessidade de parcerias, ações solidárias e de cooperação social para que o
processo educativo seja democratizado, possibilitando a ampliação e a melhoria das
propostas de qualificação profissional aos fins de que o desenvolvimento global se
faça sustentável.
Nesse sentido, o selo “Empresa Solidária” almeja facilitar o diálogo e a
aproximação entre os diversos segmentos da sociedade local, a exemplo do
segmento automotivo, do agronegócio, do turismo, hotelaria e ecoturismo, de saúde
e nutrição, de restaurantes, de educação, de cosméticos, beleza e estética, de
roupas e acessórios de moda, marketing digital, de construção, de arte, de
informática e de negócios imobiliários – para mencionar alguns.
No âmbito do Estado de Goiás, o Ministério Público do Trabalho (MPT-GO)
concedeu o selo Social de Estabelecimento Amigo da Aprendizagem, outorgado às
empresas que passaram a contratar uma cota mínima de aprendizes em seu quadro
de colaboradores. Nossos estudos locais constataram, por meio de informações
prestadas pela Associação Comercial, Industrial e Agropecuária de Uruaçu (ACIAU),
que até o momento não há, no Município, nenhuma parceria desse tipo, com
exceção da certificação de “Empresa Segura”, ofertada às empresas que, durante a
Pandemia da Covid-19, seguiram os protocolos de biossegurança exigidos pelas
secretarias de saúde.

6.4.3. Qualificação profissional e geração de renda

Essa proposta visa complementar as ações anteriores (inovação,


cooperativismo, selo “Empresa solidária”). Ao analisar a geração de renda e
desenvolvimento socioeconômico, é preciso partir da ideia de que a educação e a
formação profissional são ferramentas indispensáveis para tanto. Afinal, acredita-se
que somente por meio da educação de qualidade é possível alcançar um projeto de
56

sociedade dialógica, integrativa e multicultural. Já a qualificação profissional, por sua


vez, permite a construção e consolidação de competências e habilidades essenciais
no mundo laborativo atual.
Para Paiva (1998), a qualificação técnica e especializada tende a promover
mais sucesso do que a educação universal, básica, de caráter generalista,
sobretudo em países de baixa e média renda que passaram por um processo de
industrialização tardio. A complexidade do atual mundo do trabalho, além de impor
uma permanente cobrança de qualificação profissional, demanda constante
resiliência por parte dos trabalhadores e empresários, especialmente no âmbito da
adaptação dos tradicionais sistemas de produção para métodos produtivos cada vez
mais otimizados, eficientes e globalizados.
O processo de modernização dos sistemas de produção e oferta de bens e
serviços, nesse sentido, acontece por meio do investimento em tecnologia, gestão
de processos gerenciais e administrativos, bem como por meio da qualificação
profissional. Cada vez mais, as empresas adotam esses processos e buscam a
qualificação profissional de seus colaboradores, entendendo esses elementos como
fundamentais à expansão de conhecimentos e à otimização da produção. Contudo,
na realidade brasileira, ainda se enfrenta o grande desafio de conciliar a qualificação
dos profissionais com os incessantes avanços das necessidades do mercado. Esse
desafio se agrava quando observamos o nível de escolaridade dos trabalhadores
brasileiros, somado à falta de investimento e de eficiência do sistema de formação
profissional.
Esse panorama acaba impactando o uso e a aplicação dos recursos
econômicos, materiais e humanos necessários para uma gestão produtiva
otimizada. Por isso, é imprescindível desenvolver práticas e políticas para o
enfrentamento da crise na educação brasileira de forma a alcançarmos resultados a
médio e longo prazo, por meio também do estreitamento dos laços entre o processo
educativo formal e o processo de qualificação profissional. No contexto nacional, não
é possível descartar a íntima relação entre esses dois processos, contudo, é
importante se atentar às metodologias e estratégias neles utilizadas.
Em outras palavras, quanto ao desenvolvimento e implementação de métodos
de capacitação, é preciso levar em consideração que a qualidade do ensino
fundamental brasileiro está aquém do esperado, o que constitui um obstáculo à
evolução da formação profissional; que ainda pensamos na qualificação profissional
57

a partir de modelos formativos de larga escala, sem dar a devida importância aos
desníveis cognitivos dos grupos de trabalhadores e, finalmente, que boa parte das
instituições que oferecem essas formações, muitas vezes, distanciam-se do
cumprimento de seu papel social em relação aos compromissos éticos que
assumiram.
Também vale ressaltar que a educação e a qualificação profissional são fortes
ferramentas para o enfrentamento do processo de precarização do emprego,
resultante da flexibilização do mercado de trabalho, motivo pelo qual é fundamental
que seja assegurada ampla participação social nas discussões sobre essa temática,
de forma que o exercício da cidadania seja garantido. Em outros termos, considera-
se que a participação democrática social no processo de construção e consolidação
dos objetivos das propostas e programas de qualificação profissional e de
modernização das relações de trabalho apenas serão alcançados se todos os atores
sociais (trabalhadores e empresários) estiverem envolvidos nessas discussões.
Dessa forma, será possível garantir a preservação das formas tradicionais de
produção, ao lado dos novos processos produtivos baseados no uso de novas
tecnologias e de novos métodos gerenciais.
A oferta de profissionais com nível de conhecimento adequado às
necessidades de um mercado globalizado, porém, depende de uma formação que
seja capaz de garantir maior flexibilidade, diversificação de habilidades e
competências, além da descentralização das atividades na cadeia produtiva,
capacidade de trabalho em equipe e de solicitar soluções e resultados. Uma
sociedade globalmente competitiva requer uma formação profissional diferenciada,
contexto no qual a falta de capacitação consolida um mercado excludente, ou seja,
as habilidades e competências cognitivas e atitudinais requeridas nesse contexto
globalizado operam como requisitos indispensáveis para a ampliação das
oportunidades de incorporação e de desenvolvimento profissional.
No Brasil, o mercado se depara, em muitas localidades, com um panorama de
recente modernização produtiva, no qual as relações de trabalho apresentam maior
fragilidade, ao passo que a força de trabalho dispõe de menores níveis de
capacitação. Esse cenário resulta no crescimento da pobreza, implicando maiores
obstáculos para o acesso à moradia, alimentação, saúde e educação, o que
favorece o crescimento da violência, da insegurança e da marginalidade. O trabalho,
nesse contexto, passa a ser um forte instrumento para o acesso aos direitos e
58

liberdades, encontrando na educação um de seus elementos indispensáveis. Afinal,


as políticas de trabalho e renda procuram fomentar iniciativas individuais e coletivas
por meio de cooperativas populares e da livre iniciativa – contexto em que a
capacitação profissional/educacional se torna decisiva.
Em decorrência dessas premissas, é possível delinear a importância de aliar
os programas locais de geração de emprego e renda ao ideal da Educação em
Direitos Humanos, pois ambos buscam incentivar o cooperativismo e o
fortalecimento de uma economia solidária; garantir uma formação completa que
possibilite a autonomia individual; desenvolver parcerias entre Estado e sociedade
civil, entre outros objetivos similares.
Por isso, o PMEDH de Uruaçu (GO) incorpora, entre seus objetivos e metas,
o desenvolvimento de estratégias que aumentem a empregabilidade da população
local a partir da associação da qualificação técnica com a qualificação social. Essa
proposta entende que o processo educacional não deve ficar alheio apenas aos
problemas do emprego. Pelo contrário, a educação deve possibilitar o
desenvolvimento integral da pessoa humana, fomentando sua participação
democrática.
Tendo como base esses fundamentos, faz-se urgente entender que tanto a
educação formal quanto a formação profissional devem caminhar juntas para um
desenvolvimento econômico sustentável. Nesse sentido, o conteúdo curricular dos
cursos de capacitação deve ser pensado de forma a garantir ao profissional
capacidades e habilidades necessárias para a ampliação das oportunidades de
trabalho, principalmente em épocas de crise econômica e desemprego. Em outros
termos, devemos entender que a qualificação profissional, em si, não garante o
trabalho, entretanto, ela prepara o trabalhador para a busca de empregos de
qualidade, garantindo-lhe chances igualitárias no mercado competitivo.

6.4.4. Democracia participativa e desenvolvimento

Ao analisar o conceito de democracia, Paulo Sérgio Novais (2008), baseando-


se em José Afonso da Silva, assinala que a democracia nasce a partir do
relacionamento social desenvolvido diante da convivência humana, ou seja, ela não
diz respeito a um meio para se conseguir algo, mas sobretudo de uma consequência
adquirida.
59

Após a Segunda Guerra Mundial, verifica-se um notável rompimento com os


principais paradigmas da organização global. Após um período em que incontáveis
direitos imprescindíveis ao bem-estar humano foram afrontados por um conflito de
interesses entre pessoas e grupos que sequer participaram efetivamente do
confronto, os olhares políticos se voltaram para reforçar uma garantia de efetivação
na esfera dos Direitos Humanos, com reverberações no plano da participação
popular.
Com isso, no âmbito brasileiro das garantias fundamentais, com a
promulgação da Constituição de 1988, o processo de redemocratização ganhou seu
marco central. Isso porque, naquele momento, ocorreu a implementação de
garantias que favoreciam a amplificação da participação popular, juntamente com
uma valorização do plano local. Um claro exemplo desse princípio se materializa
com o orçamento participativo, no qual, a partir desse instituto, foi possível à
população discutir pautas sobre o orçamento público, bem como sobre as políticas
públicas que seriam implementadas em suas cidades.
Outrossim, a garantia da atuação populacional se enfatiza, também, na
consolidação de direitos fundamentais, como o direito ao voto, que expressa não só
o exercício da cidadania, mas também um direito fundamental. No entanto, pensar a
participação do povo limitada ao voto consiste em equívoco, uma vez que a própria
Constituição de 1988 já estabelece a soberania popular como um princípio
fundamental a ser considerado sob todos os aspectos.
Dessa forma, as inovações democráticas propostas com o objetivo de
fomentar a participação, a organização e as políticas públicas entre Estado e
sociedade abordam diferentes setores respectivos ao desenvolvimento, observando
a participação e o controle da sociedade, muitas vezes incentivando emendas
populares e mapeando previsões participativas em áreas como saúde e educação.
Estabelecendo seus objetivos, a democracia participativa permite aos indivíduos agir
não só como eleitores, mas também atuar como fiscalizadores e participantes de
setores estatais importantes para regulação do desenvolvimento social.
Mediante essa realidade, a importância da participação dos cidadãos na
condução de assuntos públicos se torna indispensável, principalmente em vista da
promoção do desenvolvimento social e político. Vale mencionar que essa forma
participativa é assegurada por documentos como o Pacto Internacional de Direitos
60

Civis e Políticos (PIDCP, 1992), que garante sem qualquer forma de discriminação a
participação do povo em questões políticas do país.
Diante da garantia dos Direitos Humanos, evidenciar a importância de uma
democracia participativa é indispensável. Pois, como abordado na Declaração
Universal dos Direitos Humano (ONU, 1948), é assegurado aos indivíduos o direito
de tomar parte do governo em seu país. Ademais, observar essas garantias em
instituições democráticas reflete a participação em diferentes setores, de modo a
proporcionar cada vez mais o envolvimento da sociedade em iniciativas
governamentais.
Como supracitado, cabe mencionar dados importantes atrelados ao tema,
visto que a democracia participativa tem expressões em vários aspectos sociais. De
acordo com Tribunal Superior Eleitoral, os plebiscitos foram referentes aos anos de
1993, 2016 e 2018, ao passo que os referendos ocorreram nos anos de 1963 e
2005. Essa informação reflete o quanto esses institutos, embora cruciais para a
participação democrática em um país de dimensões continental, são negligenciados
e raras vezes empenhados.
Daí, surge uma contradição: a democracia se materializa também no sufrágio.
Nesse caso, o Tribunal Superior Eleitoral dispõe que, no ano de 2022, houve uma
abstenção de 32 milhões de cidadãos no primeiro turno das eleições. Isto é, 21%
dos eleitores brasileiros, o que de fato reitera o argumento da necessidade de
medidas que visem atenuar esse cenário e promover a participação não somente
nos processos eleitorais, como também para além deles.
Dentre as demais formas de participação de uma sociedade democrática, é
possível mencionar as audiências públicas. No próprio site do Governo Federal, já
existe um espaço que permite ao cidadão participar de audiências e consultas do
gênero, exercendo participação cidadã nos mais diversos temas. A despeito disso,
mecanismos como esse carecem de maior divulgação e incentivo à comunidade.
Além disso, é válido salientar a importância das ouvidorias públicas, que são
unidades de caráter administrativo de órgãos dos poderes públicos. Segundo o
Portal do Governo Federal, o Brasil conta com 300 ouvidorias espalhadas por
inúmeros órgãos, tratando de diversos temas. No entanto, avalia-se que esses
mecanismos não têm a efetividade que poderiam atingir com parcerias e incentivos
adequados.
61

6.4.5. Saúde e nutrição

Preliminarmente, logra-se compreender autores pioneiros no que tange à


definição de saúde, como Winslow e Sigerist. O pensamento de ambos faz
referência à ligação intrínseca entre a saúde e a qualidade de vida do meio social.
Seguidamente, outros autores adotaram essa acepção aos seus estudos, a exemplo
de Leavell e Clark. Portanto, embora esses não sejam conceitos necessariamente
recentes, cabe ressaltar a importância desses termos no que concerne à garantia de
uma saúde pública. Isto é, a perspectiva em torno do assunto tem se voltado para o
fato de que, a despeito de sua importância, não se verificar uma devida efetividade
desses serviços de saúde.
Nesse sentido, é importante destacar que, de forma global, a saúde passou a
constar no planejamento estrutural de diversos países, sobretudo nos países
desenvolvidos. À vista disso, em 1978, a Organização Mundial da Saúde promoveu
a Conferência Internacional sobre Cuidados Primários de Saúde. Nesse evento, foi
possível elucidar uma designação menos restrita ao termo saúde, compreendendo
essa um estado de completo bem-estar físico, mental e social. Desse modo, sobre
esse hodierno viés, foram constituídos novos movimentos a fim de promover a
saúde global.
Decorrente disso, a Primeira Conferência Internacional sobre Promoção de
Saúde (Carta de Ottawa, 1986), estabeleceu alguns dos pré-requisitos para a
promoção desse bem-estar, sendo observadas condições como a alimentação,
educação e habitação. Por conseguinte, como apresentado no documento, a saúde
estabelece um ponto central no desenvolvimento social, à medida que fatores
políticos, econômicos e organizacionais influenciam na qualidade desse direito.
Vale ressaltar que a Declaração Universal dos Direitos Humanos (DUDH,
1948) trata sobre o direito garantido a todos os indivíduos à saúde e ao bem-estar,
por meios como alimentação e assistência médica. A Constituição Federal de 1988
também trata sobre direitos sociais a serem garantidos aos indivíduos, elencando
em sua redação, novamente, temas como saúde, lazer, proteção à maternidade e à
infância.
Nesse prisma, o Brasil emerge para a questão da saúde pública na década de
1980, marcada pela 8° Conferência Nacional de Saúde, em que o Sistema Único de
Saúde foi rascunhado. No ano de 1986, diretrizes foram publicadas a fim de modelar
62

um sistema unificado, tendo em vista a saúde como um dever estatal. Ademais,


superveniente à Conferência, sobreveio a promulgação da Carta Magna, em 1988,
apelidada de “Constituição Cidadã”. Certamente, o caput do art. 196 da Constituição
Federal corroborou à tese da visibilidade, ainda que timidamente, da saúde, uma vez
que afirma:

(...) a saúde é um direito de todos e dever do Estado, garantido mediante


políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doenças e
outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para
sua promoção, proteção e recuperação.

Outrossim, de maneira divergente, as problemáticas referentes à alimentação


se dão desde a insegurança alimentar relativa ou absoluta, concomitante com o
exponencial número de obesidade. Segundo dados da Organização Mundial da
Saúde (OMS), uma em cada duas pessoas estará desnutrida até 2025, ao
compasso que cerca de 40 milhões de crianças sofrerão de obesidade ou excesso
de peso na próxima década. Essa desigualdade numérica evidencia a discrepância
existente no âmbito alimentar, ao passo que, enquanto algumas pessoas acessam
irrestritamente comidas ultraprocessadas, outras não conseguem ao menos fazer
uma refeição ao dia.
Essa desigualdade, ainda, reverbera no ramo da saúde. No Brasil, de acordo
com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), oito em cada dez
pessoas afirmaram ter acesso a algum serviço de saúde de forma regular, dado
considerado relativamente satisfatório. No entanto, observa-se que pelo menos 35
milhões de brasileiros ainda não têm acesso a nenhum serviço de saúde regular. Ou
seja, significa dizer que boa parte da população não faz o uso regular de nenhum
serviço de saúde, procurando esses apenas em casos de extrema emergência.
Sendo assim, surgem questionamentos a respeito de como tais óbices
poderiam ser resolvidos, além de outros, como: qual é o papel dos órgãos públicos,
bem como das instituições privadas nesse contexto? Quais são os empecilhos que
dificultam a promoção da saúde e da nutrição de forma plena? Direitos, tais como, o
trabalho e a dignidade da pessoa humana são cerceados com a negligência frente à
saúde e nutrição?
A resolução dessas negligências por meio de políticas públicas foi tratada
pela Segunda Conferência Internacional sobre Promoção de Saúde (DECLARAÇÃO
63

DE ADELAIDE, 1988). Desse modo, visa garantir o acesso de quantidades


suficientes de alimentos de qualidade para a população, buscando o combate da
fome, da má-nutrição e do sobrepeso da população. Assim, essas ações se tornam
uma das prioridades para a promoção da efetivação da saúde na sociedade.
Nesse mesmo sentido, a educação nutricional ocupa um papel importante no
processo de garantia dos direitos já citados, uma vez que, conforme apresentado no
Pacto Internacional Sobre Direitos Econômicos, Sociais E Culturais (PIDESC, 1966),
torna-se necessário a elaboração de projetos concretos que observem o
melhoramento dos meios de produção e a distribuição dos alimentos, como também
a difusão de princípios de educação com foco nutricional.
Logo, não se trata de um direito social que deve ser considerado em sua
unicidade, mas de forma a observar que o serviço oferecido em saúde tem impacto
direto em inúmeros outros direitos fundamentais. Por fim, cabe ressaltar que
expoentes são as dificuldades em assegurar tanto a saúde, quanto a nutrição, de
modo que, mediante a interligação de membros sociais, há possibilidade de superar
o cenário contemporâneo. Destarte, o empenho em incitar a sociedade a esse tema
permite que políticas públicas sejam implementadas a favor da saúde e da nutrição
da população em sua coletividade.

7 BOAS PRÁTICAS PARA A EDH

As boas práticas nos departamentos de Educação em Direitos Humanos


podem variar dependendo da localização, das necessidades específicas da
comunidade e do ambiente em que o departamento opera. No entanto, lista-se a
seguir algumas diretrizes gerais que podem ajudar a promover uma Educação em
Direitos Humanos eficaz e inclusiva:
● Desenvolvimento Curricular: criar um currículo abrangente que inclua tópicos
relacionados a Direitos Humanos, como igualdade, diversidade, inclusão,
justiça social, respeito e dignidade humana. As aulas devem ser apropriadas
para a idade e nível de desenvolvimento dos alunos.
● Educação e treinamento de educadores: fornecer treinamento adequado e
capacitação para educadores para prepará-los adequadamente para ensinar
com eficácia os princípios de Direitos Humanos. Isso pode incluir workshops,
seminários, materiais de apoio e intercâmbio de boas práticas.
64

● Ambiente escolar seguro e inclusivo: criar um ambiente escolar seguro e


inclusivo, livre de discriminação, intimidação e violência. Desenvolver políticas
claras para proteger os Direitos Humanos e promover o respeito mútuo e o
pluralismo de valores.
● Envolvimento do aluno: os alunos são incentivados a participar ativamente do
processo educacional. Promover a liberdade de expressão, o pensamento
crítico e a discussão aberta sobre questões de Direitos Humanos. Os alunos
são incentivados a participar de atividades extracurriculares relacionadas ao
assunto.
● Parcerias com organizações e comunidades: colaborar com organizações da
sociedade civil, órgãos governamentais e comunidades locais para enriquecer
a Educação em Direitos Humanos. Essas parcerias podem fornecer recursos
adicionais, experiência prática e oportunidades de aprendizado fora da sala
de aula.
● A utilização de métodos de ensino participativos: adotar métodos de ensino
participativos ativos como debates, estudos de caso, jogos de simulação,
projetos e visitas a locais relevantes. Isso envolverá os alunos de forma mais
significativa e os ajudará a aplicar os conceitos de Direitos Humanos em suas
vidas diárias.
● Educação para a cidadania global: vincular a Educação em Direitos Humanos
a uma abordagem mais ampla da cidadania global. Os alunos são
incentivados a entender suas responsabilidades como cidadãos locais e
globais, enfatizando a importância da solidariedade, cooperação e ação social
no avanço dos Direitos Humanos.
● Avaliação e monitoramento: avaliar regularmente o progresso e a eficácia das
atividades de Educação em Direitos Humanos. Utilizar mecanismos de
monitoramento para identificar áreas de melhoria e ajustar as práticas
conforme necessário.
Ao implementar essas boas práticas, o setor de Educação em Direitos
Humanos pode se beneficiar significativamente, alcançando a conscientização e a
promoção dos Direitos Humanos entre todos os alunos, bem como em relação e
para com a comunidade em geral.
65

7.1 Boas práticas locais para a formação de professores

Não é novidade que os professores precisam de formação continuada,


atualizando-se em relação às novidades e mudanças que permeiam o campo
respectivo do conhecimento e da educação. Portanto, é fundamental às escolas
investirem em capacitação e aperfeiçoamento por meio de palestras, seminários e
cursos.
Sendo assim, as boas práticas locais desempenham um papel crucial na
formação de professores em relação à educação em Direitos Humanos. Essas
práticas são desenvolvidas e implementadas em nível local, levando em
consideração as especificidades culturais, sociais e políticas uruaçuenses. Isso
proporciona uma visão mais próxima da realidade vivida pelos alunos e estabelece
uma conexão significativa entre os princípios dos Direitos Humanos e as
necessidades e desafios específicos da comunidade. Ao aprender com essas
experiências, os professores são incentivados a implementar estratégias de ensino
que envolvam os estudantes de maneira significativa e promovendo a
conscientização, o respeito mútuo e a justiça social.
O primeiro passo é escolher o tema que faz mais sentido para a educação
continuada, a incluir:
● Integração das famílias nas atividades coletivas;
● Fortalecimento dos hábitos culturais locais, regionais e nacionais;
● Incentivo ao desenvolvimento pessoal e social ainda na idade escolar básica;
● Integração da juventude às práticas culturais com atenção ao respeito às
diversidades;
● Inclusão de políticas públicas de inovação pedagógica na formação docente;
● Integração das novas tecnologias educacionais como métodos ativos de
aprendizagem;
● Discussões periódicas sobre o processo de ensino e aprendizagem dentro e
fora do ambiente escolar;
● Observância das desigualdades sociais e estruturais que impactam as
realidades dos estudantes;
● Integração da formação continuada, da socialização e do diálogo com
observância do atendimento educacional especializado;
66

● Ampliação das equipes multiprofissionais e de assistência social como


integrante da formação e prática docente;
● Fortalecimento das práticas que integram arte, saberes, sensibilidade,
diversidade, inclusão e conhecimento na formação e prática docente.
Em fortalecimento dessas práticas, observa-se que são oferecidos em Uruaçu
(GO) estágios aos universitários de cursos de licenciatura, proporcionando
atividades formativas aos futuros professores do município.

7.2 Boas práticas para a cultura, meio ambiente e sustentabilidade

● O Instituto Federal de Goiás, Campus Uruaçu, criou a associação de


catadores de recicláveis, tendo como objetivo cuidar do bem-estar social das
pessoas em situação de vulnerabilidade, proporcionando visibilidade a esses
trabalhadores. Nesse sentido, verificou-se que é possível buscar parcerias
públicas e privadas junto às organizações comerciais para maiores condições
de trabalho, a exemplo da uniformização dos catadores, adesão de itens de
segurança, dentre outros.
● Promover cursos de reutilização de recicláveis, a exemplo de oficinas de
confecção de vassouras de garrafas pets.
● Buscar parcerias com as escolas públicas/privadas e a prefeitura para
implantação de campanha da coleta seletiva do lixo.
● Promover palestras sobre educação ambiental e sustentabilidade,
promovendo cultura com ênfase na conservação dos aspectos regionais.
● Propor grupos de estudo para implantação de movimentos culturais, como
peças teatrais, concurso de poemas e poesias, músicas e danças.
● A Universidade Federal de Goiás - UFG, criou o projeto chamado “Virada
Ambiental”. Seu objetivo é sensibilizar a sociedade em relação à importância
do plantio de mudas nativas para a conservação da biodiversidade. O referido
projeto tem como meta levar essa iniciativa a todo o Estado de Goiás.

7.3 Boas práticas locais para as relações étnico-raciais e de gênero e


vulnerabilidades
67

Dentre alguns modelos de boas práticas, o município de Uruaçu (GO) conta


com uma Superintendência Municipal de Igualdade Racial que assiste e direciona
famílias quilombolas e indígenas para outros programas sociais, como: pão na
mesa, cestas básicas, auxílio gás, cadastro único etc. Ademais, a Superintendência
promove eventos, campanhas e projetos a fim de conscientizar a comunidade sobre
a importância de se discutir sobre as relações étnico-raciais. Como exemplo de
eventos e projetos realizados pela superintendência, é possível citar a “Semana da
Consciência Negra” e o projeto “Discriminação Não”.
A “Semana da Consciência Negra” é um evento que vem sendo realizado
desde o ano de 2021 no município. O evento é aberto a toda a comunidade e ocorre
na semana que antecede o dia da Consciência Negra, no dia 20 do mês de
novembro, contando com colaboradores que desenvolvem atividades por meio de
palestras e oficinas, com o objetivo de resguardar a história dos povos tradicionais.
Dentre as atividades promovidas, consta: oficina de tranças, oficina de turbantes,
cine-saberes tradicionais etc.
O projeto “Discriminação Não”, por sua vez, foi lançado no dia 24 de maio de
2022 na sede da Câmara Municipal de Vereadores do município. Desde então, vem
sendo implementado na rede municipal de educação pela equipe da
Superintendência e outras instituições que se sentirem à vontade para receber o
projeto. O objetivo dessa iniciativa é conscientizar crianças de 4 a 11 anos de idade,
que fazem parte da rede municipal de educação, a respeito de temas como:
discriminação racial, discriminação de gênero e bullying. Essa ação ocorre por meio
de uma exposição de ideias através de ações lúdicas e interativas. Cada encontro
permite a presença de até 50 alunos. Até esse momento, 7 instituições foram
contempladas pelo projeto, sendo elas: Escola Municipal Prof. Lastenia Fernandes
De Carvalho; Escola Municipal Oscar Barroso de Souza; Escola Municipal Feliciano
Custódio de Freitas; Escola Municipal Vilanir Alencar Camapum; Escola Municipal
Eneas Fernandes de Carvalho; Colégio Estadual Filomeno; e o Centro Cultural e
Esportivo de Uruaçu (CCEU).
Outra boa prática diz respeito ao reconhecimento e certificação do Quilombo
João Borges Vieira (QJBV) como grupo remanescente de quilombo pela Fundação
Cultural dos Palmares, no ano de 2009. Isso significa que a comunidade foi tombada
como patrimônio cultural brasileiro, passando a vislumbrar possibilidades de acesso
a bens culturais que antes não eram acessíveis.
68

A sede da Associação da Comunidade do QJBV busca por direitos para todo


o povo quilombola. Através dela, cerca de 300 famílias que possuem cadastro na
comunidade são contempladas com cestas básicas e outros benefícios. Graças à
Associação, no ano de 2016, 150 casas foram construídas pelo programa Minha
Casa Minha Vida, na zona urbana do Município, criando o chamado “Residencial
Quilombola". Em 2017, 50 casas foram construídas nos terrenos dos beneficiários
na Zona Rural.
No ano de 2021, a entidade teve aprovado o projeto “Resgate Cultural”, pelo
edital “ITAÚ Social 2021”, que foi responsável pela construção de um galpão
localizado no Residencial Quilombola com a finalidade de promover atividades que
contemplem crianças e adolescentes de até 14 anos. Ainda, a comunidade dispõe
de um grupo de Dança de Tambor, que realiza apresentações a fim de propagar a
sua cultura e mantém um grupo de artesãs, que produzem bonecas negras de pano,
bonecas de biscuit, entre outros utensílios disponíveis em sua sede. A Associação
da Comunidade do Quilombo Urbano João Borges Vieira está localizada na Av.
Benedita Almeida Campos eq./ com Avenida Araguaia, S/Nº, Q.06; Lt. 04; Centro.
Em outra frente, o Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologias –
Campus Uruaçu Goiás (IFG) é conhecido por promover ações em peso para tratar
sobre as relações étnico-raciais. Um dos eventos mais conhecidos, viabilizado pela
comunidade acadêmica e aberto a todo o público externo, é o chamado “Culturas
Negras”.
O evento “Culturas Negras” é realizado pelo IFG – Campus Uruaçu Goiás
desde o ano de 2013. A ação tange ao âmbito educacional, bem como às políticas
de comunicação e permanência estudantil em relação às questões étnico-raciais. A
finalidade desse evento, segundo a instituição, é "promover um espaço de reflexão
crítica e de fortalecimento da Política de Igualdade Racial no Instituto Federal de
Goiás”. (IFG, 2016). O evento, pela perspectiva acadêmica, é promovido por meio
de conferências, mesa de diálogos, rodas de conversas, comunicações coordenadas
e oficinas. No campo da cultura, o evento é marcado pelo cinema afro, feira
multicultural, teatro, shows musicais e apresentações de grupos da cultura negra e
regional.
Grupos étnico-raciais em situação de vulnerabilidade são contemplados por
outros programas e ações além dos já citados acima, como o Criança Feliz – que
visa garantir dignidade em serviços básicos a crianças de até seis anos, integrantes
69

de famílias de renda baixa. Além disso, são contempladas também pelo projeto Mãe
que cuida, que resguarda mães gestantes. Nesse sentido, dentre as ações
vinculadas a esses grupos, constam: visitas domiciliares por equipes especializadas;
ações de cidadania, como assistência à saúde; atividades recreativas; oficinas para
confecção de brinquedos, entre outras atividades.
No que diz respeito ao gênero e suas vulnerabilidades, no município, a
Secretaria Municipal de Saúde adere a campanhas como: Agosto dourado – uma
campanha que simboliza a luta pelo incentivo à amamentação, em especial as
mulheres; Outubro rosa – uma campanha de incentivo a prevenção e combate ao
câncer de mama, entre as mulheres; Novembro azul – campanha de
conscientização da importância em realizar o exame de próstata a fim de prevenir o
câncer de próstata, em especial aos homens. Além disso, a Secretaria Municipal de
Saúde, em parceria com a Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social, possui
um programa de assistência a mulheres gestantes, intitulado “Mãe Que Cuida”.
O programa “Mãe Que Cuida” foi idealizado pela primeira-dama Anne Lígia,
esposa do atual prefeito Valmir Pedro. O programa tem como objetivo principal
assistir e auxiliar mulheres gestantes do município. As mulheres são encaminhadas
pelos postos de saúde ao programa, dentro dele, possuem acesso a uma equipe de
profissionais capacitados para atendê-las, de acordo com suas necessidades,
contando com: atendimento psicológico, enfermeiro(a), médico(a), orientação
nutricional e assistente social. A ação promove oficinas voltadas à integração social
e o bem-estar das gestantes, durante as oficinas, as próprias gestantes
confeccionam kits de maternidade, compostos por enxovais que serão destinados
aos recém-nascidos.
Para mais, o município desfruta de um Centro Especializado de Atendimento
à Mulher (CEAM). O CEAM realiza atendimentos psicológicos a vítimas de violência
doméstica acima de 16 anos, bem como atendimentos jurídicos e sociais. Por meio
de reuniões, palestras nos bairros, colégio, empresas, roda de conversas de
conscientização e campanhas, a entidade luta pelo fim da violência contra mulheres
e meninas. Segundo a coordenadora do CEAM, Ywarla Corrêa, no ano de 2022, o
centro realizou 326 atendimentos psicológicos. As práticas do CEAM são
desenvolvidas por meio da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social em
parceria com demais órgão da Administração Pública Municipal, Delegacia
70

Especializada de Atendimento à Mulher, Ministério Público, Batalhão Maria da


Penha e Polícia Militar.
Além dessas boas práticas, a cidade conta com um Centro de Referência de
Assistência Social (CRAS). O CRAS é responsável por acompanhar famílias em
situações de vulnerabilidade, independentemente da cor de pele ou gênero. A sede
do CRAS desenvolve ações como: oficina de dança (50 participantes/famílias);
oficina de artesanato (16 participantes/famílias), oferecido pelo Serviço de Proteção
e Atendimento Integral a família (PAIF); Cine-Cras (15 participantes/famílias); grupo
mente e equilíbrio (16 participantes/famílias do PAIF); e Prática viola de ouro – forró
da terceira idade (180 participantes, de 50 anos ou mais, sexo feminino e
masculino).
Nesse viés, para aperfeiçoamento das boas práticas já realizadas, considera-
se importante:
● Realizar cursos, minicursos e oficinas pedagógicas que visem uma maior
articulação de temas relacionados a diversidade étnico racial, de modo a
auxiliar professores a desenvolverem práticas pedagógicas decoloniais e
antirracistas;
● Realizar cursos, minicursos e oficinas pedagógicas que visem uma maior
articulação de temas relacionados à diversidade e igualdade de gênero.
● Estruturar estruturas para mapeamento (censo) dos grupos étnicos do
município de acordo com as demandas municipais;
● Promover mecanismos, por meio de campanhas e ações sociais que visem a
valorização e o respeito das diversidades étnico-racial e de gênero;
● Instituir uma entidade responsável por fiscalizar se os povos tradicionais e
pessoas em situação de vulnerabilidade estão sendo amparados pelos
programas a eles dispostos com os dados estatísticos coletados pelo
município, com ênfase nos povos indígenas que não estão em nenhum
programa do município;
● Realizar eventos e exposições que englobam a cultura e saberes da
comunidade indígena no município.

7.4 Boas práticas locais para o desenvolvimento e a formação de redes de


colaboração solidária
71

Como modelo de boas práticas municipais que poderiam levar ao fomento de


um sistema cooperativista inovador, recorda-se que, em 2021, o município adquiriu
uma área de 10 mil m² para a construção do Centro de Triagem e Reciclagem, e, em
11 de agosto de 2021, assinou-se a ordem de serviço para o início das obras, cujo
projeto buscou: a elaboração do Plano Municipal de Saneamento Básico, Lei
Municipal n° 1979/2018; a elaboração do projeto de recuperação e fechamento do
atual lixão; a elaboração do Plano Municipal de Gerenciamento de Recursos
Sólidos; a elaboração do projeto para construção do Centro de Triagem e
Reciclagem de Uruaçu (GO); a elaboração do termo de referência para implantação
da coleta seletiva e a elaboração do termo de referência para construção do aterro
sanitário.
Com a criação do centro de triagem e reciclagem, a prefeitura tem intenção
de criar uma cooperativa de catadores de lixo em conjunto. Além disso, a gestão
administrativa municipal também criou o Programa Gás Solidário, lançado em 28 de
fevereiro de 2019. Esse projeto atendia, inicialmente, 500 famílias, passando a
beneficiar um total de 1000 famílias a partir do segundo semestre de 2019. O
programa consistia em um auxílio pago pela prefeitura no valor de R$ 80,00 para
cada família, a cada dois meses. Hoje, em 2023, o programa atende cerca de 1200
famílias, repassando para cada uma delas um valor 120,00, também a cada dois
meses.
Outra boa prática local foi o Programa Pão na Mesa, que envolve a ativação
de uma padaria comunitária. Seu lançamento aconteceu em 19 de dezembro de
2021, e consiste na entrega, de segunda a sexta-feira, de pães e roscas para até
500 famílias da cidade Uruaçu (GO). Para os beneficiários que moram em bairros
mais distantes, a prefeitura disponibiliza um carro para fazer a entrega diária desses
alimentos.
O Programa Trans rural, por sua vez, consiste em um projeto de transporte
coletivo gratuito do campo para a cidade, beneficiando os moradores de cinco
regiões rurais do município de Uruaçu (GO): Funil, Matão, Urualina, Cruzeiro e Água
Branca. O ônibus circula de segunda a sexta-feira e as comunidades recebem o
veículo em dias alternados. Na segunda-feira, são atendidos os moradores do
Povoado Funil; na terça, o ônibus vai ao Povoado Cruzeiro; na Quarta, para a
comunidade da Água Branca. O atendimento para quem mora no Povoado Geriaçu
Matão é na quinta e, às sextas, o ônibus transporta as famílias do Povoado Urualina.
72

O veículo chega aos povoados no dia marcado, no início da manhã, e retorna da


cidade no final da tarde, com o limite de 50 passageiros por dia.
Já o Programa Vitaminando a Educação visa atender crianças que moram na
zona rural e estudam na zona urbana, e que, por isso, acabam saindo de suas casas
muito cedo para pegar o transporte público. Para melhor atendê-las, a Prefeitura
fornece, nas escolas, três refeições para cada uma dessas crianças. A primeira
refeição é fornecida antes do início das aulas; a segunda, junto com a turma da zona
urbana e, por fim, a terceira é ofertada antes de voltarem para suas casas.
Outro exemplo de boa iniciativa é o programa Corujão da Saúde, lançado em
1 de fevereiro de 2020. Esse projeto buscou desafogar as filas nos postos de saúde
por meio da oferta de atendimento de pacientes de segunda à quinta, no período
noturno, das 18h00 às 22h00. Esse atendimento é feito em diferentes bairros da
cidade, tais como bairro São Vicente, Vila Primavera, Setor Aeroporto, Setores Vale
do Sol, Bairro Vitória e Residencial Dom José.
Além disso, vários cursos de formação profissional vêm sendo ofertados em
âmbito municipal, dentre eles, destacamos os cursos de operador de máquinas
agrícolas; maquiagem; designer de sobrancelha; panificação e agronegócio (esse
último, oferecido desde 2017 pelo PRONATEC - Programa Nacional de Acesso ao
Ensino Técnico e Emprego). Também foram ofertados os cursos de confeitaria e de
auxiliar de pedreiro (em parceria com o Instituto Federal de Goiás).
No âmbito federal, houve a implementação do CadÚnico, que mapeia a
realidade social de cada inscrito e projeta, em seus dados coletados, políticas
públicas que irão, de fato, preencher as lacunas sociais presentes no município.
Este cadastro visa coletar dados como a renda per capita das famílias, o número de
famílias com residência própria, se os bairros em que habitam recebem serviços de
saneamento básico, asfalto etc.
Há também o Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos, que
promove o resgate de jovens através de oficinas que promovem o esporte, o
desenvolvimento intelectual e a inserção do jovem no seio social. Também
identificamos boas práticas voltadas para a comunidade quilombola de Uruaçu (GO).
Dentre elas, verificamos que o quilombo “João Borges Vieira” foi certificado como
remanescente de Quilombo pela Fundação Cultural Palmares, que dispõe do
fornecimento mensal de cestas básicas. Em 2016, foi feita uma parceria da
Prefeitura Municipal com o governo federal para recebimento de recursos do fundo
73

de desenvolvimento social (FDS), beneficiando 112 famílias pelo programa mais


moradia.
Para o grupo de pessoas na melhor idade, acima de 60 anos, há o Projeto
Conviver, criado pela Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social, para que os
idosos pratiquem atividades físicas no núcleo primavera. Em relação à comunidade
indígena local, anualmente acontece uma semana cultural que visa fortalecer os
vínculos entre a comunidade tradicional e a comunidade local, por meio de
palestras, oficinas e ações culturais desenvolvidas no memorial Serra da Mesa5.

8 DIRETRIZES PARA A EDH NO MUNICÍPIO DE URUAÇU

Nesta seção, apresentam-se as orientações para a Educação em Direitos


Humanos em atenção à formação de professores no âmbito da cultura, do meio
ambiente e da sustentabilidade, das relações étnico-raciais e de gênero e
vulnerabilidades, para o desenvolvimento e formação de redes de colaboração
solidária. Tal formulação de diretrizes consolida as parcerias interinstitucionais para
o município de Uruaçu (Goiás) no campo das políticas públicas em atenção à
consolidação de direitos coletivos.

8.1 Diretrizes para a formação de professores

As instituições educacionais são espaços de convivência privilegiados em


que, entre outras, as práticas sociais e vivência dos Direitos Humanos se revelam. É
nesse contexto que as contradições e as violências são evidenciadas, ao passo que
também surgem oportunidades de construir iniciativas para a reflexão sobre as
desigualdades e as diversas maneiras de discriminação, mapeando as situações de
desrespeito aos Direitos Humanos, a fim de refletir e construir parâmetros que
possibilitem ações pedagógicas voltadas para o respeito e para a promoção e
valorização da diversidade.
Assim, entendemos que a escola tem papel fundamental para a Educação em
Direitos Humanos, mas para tanto precisa garantir princípios, democratizando as

5
O Memorial Serra da Mesa é um espaço científico e educativo, criado para a promoção de
atividades de extensão, pesquisa, cultura e ensino. Conta com réplicas de aldeias indígenas, vila
colonial e Quilombo, exposições sobre a evolução humana, a formação geológica e do ecossistema
do cerrado, entre outras exposições.
74

condições de acesso, permanência e conclusão de todos os estudantes, bem como


a fomentar a consciência social crítica da comunidade escolar em consonância com
o Plano Municipal de Educação, BNCC – DC-GO e com os Projetos Políticos
Pedagógicos das Unidades.
A Educação em Direitos Humanos deve abranger a aprendizagem cognitiva, o
desenvolvimento social e emocional no percurso do ensino aprendizagem e deve
ocorrer não somente no ambiente escolar, mas também em relação à comunidade
no qual está inserida, de modo que as questões da área da educação possibilitem
uma ação pedagógica libertadora e conscientizadora para além dela. A equidade, a
valorização da diversidade e a atenção às pessoas e segmentos sociais
historicamente excluídos e discriminados na comunidade se faz, portanto,
fundamental.
Nesse sentido, ações programáticas para serem desenvolvidas no município
de Uruaçu (GO) incluem:
● Articular formações que visem as dimensões éticas, práticas, político-social e
concretas com os sujeitos de direito;
● Potencializar o ambiente escolar para o resgate a memória histórica, de modo
a romper com a cultura da impunidade e do silêncio e incentivar o diálogo
entre as pessoas;
● Incentivar a formação continuada e a formação de professores em Direitos
Humanos nas esferas municipais, estaduais e federais, contemplando a
Educação Básica e Educação Superior do município;
● Incluir conteúdos na formação continuada de professores e servidores da
educação voltados ao tema da Educação em Direitos Humanos;
● Incentivar a interdisciplinaridade e a transdisciplinaridade na Educação em
Direitos Humanos;
● Fomentar e apoiar programas e projetos artísticos e culturais na área da
Educação em Direitos Humanos nas instituições de ensino;
● Inserir a interdisciplinaridade na Educação em Direitos Humanos, através de
diferentes linguagens (musical, corporal, teatral, literária, plástica, poética),
com metodologia ativa, participativa e problematizadora;
● Fortalecer as ações implementadas pela educação de Ensino Superior que,
em conjunto, objetivem formar cidadãos éticos comprometidos com a
75

construção de um mundo mais justo e mais humano em combate à


discriminação, à pobreza e ao preconceito;
● Promover reuniões com a comunidade escolar sobre o tema Direitos
Humanos nas Unidades Escolares;
● Estimular a inclusão da Educação em Direitos Humanos nas conferências,
congressos, fóruns e demais eventos no campo da Educação Superior,
especialmente nos debates sobre políticas de ação afirmativa;
● Desenvolver políticas estratégicas de ação afirmativa nas IES que
possibilitem a inclusão, o acesso, e a permanência de pessoas com
deficiência e aquelas alvo de discriminação por motivo de gênero, orientação
sexual e religiosa, entre outros segmentos geracionais e étnico-raciais;
● Inserir temática da história recente do autoritarismo no Brasil em editais de
incentivo a projetos de pesquisa e extensão universitária;
● Propor a criação de um setor específico de livros periódicos em Direitos
Humanos no acervo das bibliotecas das IES;
● Potencializar a articulação entre as IES, as redes de educação básica e seus
gestores (secretarias estaduais e municipais de educação; secretarias
municipais de cultura e esporte), visando a realização de programas e
projetos de Educação em Direitos Humanos voltados para a formação de
educadores e de agentes sociais das áreas de lazer, esporte e cultura;
A partir de políticas voltadas à educação, estimamos que haja a ampliação da
consciência da importância dos Direitos Humanos, combatendo as desigualdades e
preconceitos.

8.2 Diretrizes para a cultura, o meio ambiente e a sustentabilidade

Diante do atual cenário global de contínua industrialização, aumento de


temperaturas, subida do nível do mar, escassez de chuvas, queda da
biodiversidade, alto grau de poluição do ar, é preciso pensar em formas de
conscientização cultural a respeito da importância e da necessidade de conservar o
meio ambiente.
Ações programáticas a serem desenvolvidas no município de Uruaçu (GO),
nos âmbitos da sustentabilidade, meio ambiente e cultura, incluem:
● Erradicar a pobreza no município;
76

● Mitigar a fome, alcançar a segurança alimentar, melhorar a nutrição e


promover a agricultura sustentável;
● Assegurar uma educação inclusiva, equitativa e de qualidade, além de
promover oportunidades de aprendizagens;
● Alcançar a igualdade de gênero e possibilitar o empoderamento das
mulheres;
● Assegurar a disponibilidade e gestão sustentável da água e saneamento;
● Assegurar o acesso confiável, sustentável, moderno e a preço acessível à
energia;
● Promover o crescimento econômico inclusivo e sustentável, emprego pleno e
produtivo, além de um trabalho que promova a dignidade e o acesso aos
direitos básicos;
● Construir infraestruturas resilientes, promover a industrialização inclusiva e
sustentável, fomentando a inovação;
● Reduzir a desigualdade generalizada;
● Tornar as cidades e os assentamentos humanos inclusivos, seguros,
resilientes e sustentáveis;
● Assegurar padrões de produção e de consumo sustentáveis;
● Tomar medidas para combater a mudança climática e seus impactos;
● Promover a conservação e o uso sustentável dos oceanos, dos mares e dos
recursos marinhos para o desenvolvimento sustentável;
● Proteger, recuperar e promover o uso sustentável dos ecossistemas
terrestres, gerir de forma sustentável as florestas, combater a desertificação,
deter e reverter a degradação da terra e a perda de biodiversidade;
● Promover sociedades pacíficas e inclusivas para o desenvolvimento
sustentável, proporcionar o acesso à justiça e construir instituições eficazes,
responsáveis e inclusivas;
● Fortalecer os meios de implementação e revitalizar a parceria global para o
desenvolvimento sustentável;
● Disseminar o conceito de sustentabilidade no município de Uruaçu (GO);
● Analisar tendências e novos temas para orientar a criação de projetos que
atendam às expectativas da sociedade;
● Apoiar a gestão e o gerenciamento de resíduos nos municípios do estado e
fiscalizar os locais de destinação de resíduos nos municípios;
77

● Fortalecer as ações preventivas e ampliar e melhorar a capacidade de


resposta aos incêndios florestais;
● Formular estratégias integradas de prevenção e de resposta a desastres
ambientais, tanto de origem climática quanto tecnológica;
● Reduzir as emissões de poluentes atmosféricos e gases de efeito estufa;
● Desenvolver mecanismos de convivência com situações de riscos químicos e
geoambientais;
● Desenvolver ferramentas para agilizar o licenciamento ambiental;
● Propiciar uma forma de vida sustentável baseada em escolhas éticas e no
consumo de produtos e serviços sustentáveis;
● Conservar o meio ambiente e restaurar a ecologia;
● Conservar a fauna silvestre;
● Criar condições para preservar a paisagem urbana e manter o patrimônio
cultural, principalmente os parques e monumentos da cidade de Uruaçu (GO);
● Apoiar as manifestações culturais populares, promovendo a sua continuidade
e incentivando-as, a fim de fortalecê-las, enquanto manifestações da
identidade cultural da população;
78

● Criar e adequar espaços físicos para as atividades culturais, considerando as


necessidades das diferentes manifestações do setor e a descentralização
espacial, visando atender a maioria da população, inclusive dos Distritos;
● Apoiar as diferentes formas de organização da população, principalmente dos
agentes culturais;
● Articular com a iniciativa privada e órgãos dos poderes públicos estaduais e
federais um esforço integrado, visando dar maior consistência e eficácia à
implementação de programas e projetos culturais;
● Apoiar as iniciativas privadas que visem a promoção das artes e da cultura
regionais;
● Apoiar as iniciativas artísticas e culturais das escolas municipais, creches e
centros de apoio comunitário;
● Viabilizar as condições para a implantação de um teatro municipal, bem como
moderno centro de convenções e de eventos artísticos e culturais;
● Promover a integração das atividades culturais às atividades de lazer e
esportes, em eventos comunitários;
● Subsidiar apoio e promover o desenvolvimento das atividades artesanais
tradicionais no município;
● Apoiar as atividades tradicionais, como a Festa do Caju, os rodeios e shows,
as reconhecidas cavalgadas e diversos outros eventos culturais;
● Reconhecer os valores culturais locais, a igualdade de direitos e a lógica
cultural dentro das comunidades;
● Enaltecer o papel da arte, da criatividade e das atividades culturais na ótica
da vitalidade comunitária e na relação dessas com o planejamento dos
espaços rurais e urbanos.
A inserção de tais diretrizes possibilitará uma sociedade participativa da
cultura, integrante do plano prático de sustentabilidade e ativa no que concerne à
precaução pelo desenvolvimento de uma relação sustentável com o meio ambiente.
Assim, vê-se a possibilidade de melhorias nos mais diversos aspectos da sociedade
civil, visto as propostas que podem ser acolhidas pelas autoridades competentes.

8.3 Diretrizes para as relações étnico-raciais e de gênero e vulnerabilidades


79

As diretrizes constituem uma base sólida para a promoção da


conscientização, da igualdade e do respeito pelos Direitos Humanos em todos os
níveis de educação. Assente nesse objetivo, é de extrema importância conceder
atenção aos aspectos necessários para a sua consolidação. Assim, aborda-se a
seguir as ações programáticas a serem estudadas e desenvolvidas no Município de
Uruaçu (GO):

● Promover a inclusão, no currículo escolar, das temáticas relativas a gênero,

étnico-raciais e vulnerabilidades, bem como todas as formas de discriminação


e violações de direitos;

● Incluir conteúdos que promovam o conhecimento e a valorização das


diferentes culturas, histórias e contribuições dos diversos grupos sociais
presentes na sociedade;

● Promover a igualdade entre todas as identidades de gênero e grupos étnico-


raciais

● Reconhecer e combater todas as formas de discriminação e preconceito;

● Investir em programas de educação e sensibilização que abordem questões


de gênero, étnico-raciais e vulnerabilidades;

● Incluir um treinamento exclusivo para funcionários em campanhas de


conscientização;

● Desenvolver e implementar políticas e leis que protejam os direitos e a


dignidade de todos, independentemente de sua identidade de gênero ou raça;

● Promover a participação ativa e a representação de grupos historicamente


marginalizados em todos os níveis da sociedade;

● Garantir uma forma para que todos tenham igualdade de oportunidades no


acesso à educação, emprego, saúde, internet e outros recursos
fundamentais;

● Promover a diversidade em todas as áreas da vida, reconhecendo que


diferentes perspectivas enriquecem a sociedade;
80

● Incluir e divulgar programas de apoio eficazes para as vítimas e grupos


vulneráveis que sofrem violência física ou psicológica;

● Apoiar iniciativas que promovam o empoderamento econômico de grupos


marginalizados, como o acesso a recursos para empreendedorismo;

● Promover diálogo aberto e o engajamento da sociedade, ouvindo as


preocupações e necessidades dos grupos afetados;

● Oferecer formação continuada para os profissionais da educação, visando


capacitá-los para abordar de forma adequada as questões relacionadas às
relações étnico-raciais, de gênero e vulnerabilidades;

● Estabelecer parcerias com entidades e movimentos que atuam na defesa dos


Direitos Humanos, das relações étnico-raciais, de gênero e de
vulnerabilidades pode enriquecer o processo de construção de uma educação
mais inclusiva e igualitária.

● Inserir referenciais os quais revelem para as crianças um universo diferente


daqueles das fábulas de princesas e príncipes encantados, tornando-se, no
universo da criança, às vezes a única referência identitária que a criança tem,
porém sem relação com a identidade dela;

● É preciso ficar atento em relação as diretrizes curriculares para a educação


das relações étnico-raciais em cada etapa do ensino. Para a educação infantil
há uma orientação específica: Referencial Curricular Nacional para a
Educação Infantil (RCNEI), trata-se de direcionar para essa público um
compromisso pedagógico conforme suas especificidades “afetivas,
emocionais, sociais e cognitivas”.

● Acolher bem as crianças. Isto é, considerá-las na sua dimensão física e


cultural, há um aspecto fundamental nessa relação, é preciso acolher a
estética.

● A formação do professor da educação infantil e das fases subsequentes


precisa inserir os valores éticos, “nos quais posturas racistas e
preconceituosas não sejam admitidas”, não podemos mais conviver com uma
“ética” que comporte e suporte em silêncio o racismo.
81

A implementação das diretrizes do Plano Nacional de Educação em Direitos


Humanos para as relações étnico-raciais, de gênero e vulnerabilidades no Município
é um passo fundamental para promover uma educação pautada no respeito à
diversidade e na garantia dos Direitos Humanos. Ao incorporar essas diretrizes nas
políticas educacionais municipais, investir na formação continuada dos profissionais
da educação, promover um currículo inclusivo, criar espaços de diálogo e debate,
adotar ações afirmativas e estabelecer parcerias com a sociedade civil, contribui-se
para a construção de uma sociedade mais justa, igualitária e respeitosa com todas
as pessoas, independentemente de sua origem étnico-racial, gênero ou
vulnerabilidade.

8.4 Diretrizes para o desenvolvimento e formação de redes de colaboração


solidária

As Redes de Cooperação Solidária possuem o objetivo de construir cadeias


produtivas para garantir o bem-viver de todos e todas. A participação em uma rede é
livre, sempre observando os princípios que orientam a Economia Solidária.
Nesse contexto, as Redes Colaborativas são definidas como um conjunto
intra ou interorganizacional, com um objetivo em comum em vista da obtenção de
soluções coletivas. A economia solidária surgiu em “reação ao espantoso
empobrecimento dos artesãos provocado pela difusão das máquinas e da
organização fabril da produção” (SINGER, 2002, p. 24). Portanto, a economia
solidária não se apresenta como um campo novo de trabalho, mas como reação ao
capitalismo industrial.
De modo geral, a Economia Solidária constitui uma outra economia frente à
Economia Capitalista, principalmente como possibilidade de geração de trabalho e
renda para os segmentos excluídos da população, assim como um outro modo de
produção e de organização social e cultural.
A solidariedade, a autogestão, a cooperação e a democracia permitem
delinear o que vem a ser a Economia Solidária, cujas vertentes estão conectadas à
igualdade, à cidadania e à rejeição a um sistema de exploração. Uma das principais
consequências da prática da solidariedade é que ela permite criar movimentos que
incentivam o cuidado mútuo dos indivíduos, viabilizando a construção de um mundo
mais justo.
82

Assim, a Economia Solidária, na qualidade de movimento social, tem como


foco a solidariedade, em contraste com o individualismo competitivo que caracteriza
a sociedade capitalista. Essa forma reativa ao capitalismo destaca como princípios
fundamentais a autogestão, a solidariedade e o consumo solidário. Partindo dessas
bases, foram criadas, há mais de duas décadas em todo Brasil, as incubadoras
universitárias de Economia Solidária.
Nesse sentido, a Economia Solidária apresenta-se como forma de beneficiar
as condições de vida dos trabalhadores na medida em que empreende a
organização coletiva do trabalho nas mais diversas regiões, evidenciando os limites
do próprio capital e construindo, ainda que contraditoriamente, uma nova
possibilidade, cujo nexo social tece a solidariedade como universalidade, para além
das contingências.
Nesse âmbito, as ações programáticas a serem desenvolvidas no município
de Uruaçu (GO) incluem:
● Desenvolver projetos de interesse coletivo e bem-estar comunitário;
● Beneficiar pessoas com dificuldades socioeconômicas;
● Oferecer cursos profissionalizantes e capacitação de mão de obra;
● Criar convênios com empresas e indústrias para inserir as pessoas que
realizaram cursos profissionalizantes;
● Criar uma rede colaborativa de reciclagem;
● Consolidar projetos de horta comunitária;
● Desenvolver políticas públicas voltadas às famílias carentes em assistência
social, atendendo as necessidades básicas, como saúde e educação;
● Potencializar programas sociais existentes;
● Desenvolver projetos de readaptação e ressocialização.
Sendo assim, o desenvolvimento e a formação de redes de colaboração
solidária são de extrema importância para promover e fortalecer a educação em
Direitos Humanos. Ao unir esforços e trabalhar em conjunto, essas relações
interinstitucionais têm o potencial de ampliar o alcance e o impacto das iniciativas de
educação nesse campo, disseminando valores de igualdade, justiça, dignidade e
respeito. Além disso, as redes de colaboração solidária podem fomentar a criação
de projetos e ações conjuntas, fortalecendo a capacidade de mobilização e defesa
dos direitos fundamentais.
83

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As audiências públicas realizadas pelas ouvidorias judiciais eleitorais como
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Fortaleza, [S. l.], 2022. Disponível em:
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diálogos, constituição e perspectivas. Belo Horizonte, 2009. 173 f. Dissertação
(Mestrado em Ciência da Informação) - Escola de Ciência da Informação,
Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2009.

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norteiam as relações Étnico-Raciais. Repositório UFMG, 2015. Disponível em:
http://hdl.handle.net/1843/BUOS-ADTNQR. Acesso em: 25 de maio de 2023.
91
92

ANEXO

8.1 Base normativa sobre formação de professores

● Resolução CP/CNE nº 2, de 18 de fevereiro de 2002, que institui a duração e


a carga horária dos cursos de licenciatura, de graduação plena e de formação
de professores da Educação Básica em nível superior.
● Parecer CNE/CES nº 197, de 7 de julho de 2004, que define as Diretrizes
Curriculares Nacionais para a Formação de Professores da Educação Básica
em nível superior, curso de licenciatura, de graduação plena.
● Parecer CNE/CES nº 228, de 4 de agosto de 2004, que consulta sobre
reformulação curricular dos Cursos de Graduação.
● Resolução CNE/CP nº 2, de 27 de agosto de 2004, que institui as Diretrizes
Curriculares Nacionais para a Formação de Professores da Educação Básica,
em nível superior, curso de licenciatura, de graduação plena.
● Parecer CNE/CES nº 15, de 2 de fevereiro de 2005, que institui a duração e a
carga horária dos cursos de licenciatura, de graduação plena, de Formação
de Professores da Educação Básica, em nível superior.
● Parecer CNE/CP nº 4, de 13 de setembro de 2005, que aprecia a Indicação
CNE/CP nº 3/2005, referente às Diretrizes Curriculares Nacionais para a
formação de professores fixadas pela Resolução CNE/CP nº 1/2002.
● Resolução CNE/CP nº 1, de 17 de novembro de 2005, que altera a Resolução
CNE/CP nº 1/2002, que institui Diretrizes Curriculares Nacionais para a
Formação de Professores da Educação Básica, em nível superior, curso de
Licenciatura de graduação plena.
● Parecer CNE/CP nº 5, de 4 de abril de 2006, que aprecia Indicação CNE/CP
nº 2/2002 sobre Diretrizes Curriculares Nacionais para Cursos de Formação
de Professores para a Educação Básica.
● Parecer CNE/CP nº 9, de 5 de dezembro de 2007, que reorganiza a carga
horária mínima dos cursos de Formação de Professores, em nível superior,
para a Educação Básica e Educação Profissional no nível da Educação
Básica.
● Parecer CNE/CP nº 5/2009, aprovado em 5 de maio de 2009, que consulta
sobre a licenciatura em Espanhol por complementação de estudos.
93

● Parecer CNE/CP nº 7/2009, aprovado em 5 de maio de 2009, que consulta da


Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio sobre a possibilidade de essa
escola obter credenciamento para a oferta do curso de Especialização em
Educação Profissional em Saúde.

8.2 Base normativa sobre cultura, meio ambiente e sustentabilidade

● Lei nº 13.025, de 13 de janeiro de 1997 - Dispõe sobre a pesca, aquicultura e


proteção da fauna aquática e dá outras providências.
● Lei nº 13.123, de 16 de julho de 1997 - Estabelece normas de orientação à
política estadual de recursos hídricos, bem como ao sistema integrado de
gerenciamento de recursos hídricos e dá outras providências.
● Lei Complementar nº 27, de 30 de dezembro de 1999 - Cria a Região
Metropolitana de Goiânia, autoriza o Poder Executivo a instituir o Conselho de
Desenvolvimento da Região Metropolitana de Goiânia, a Secretaria Executiva
e a constituir o Fundo de Desenvolvimento Metropolitano de Goiânia e dá
outras providências correlatas.
● Lei nº 14.208, de 4 de julho de 2002 - Dispõe sobre a política estadual de
recolhimento e reaproveitamento de pilhas e baterias usadas.
● Lei nº 14.248, de 29 de julho de 2002 - Dispõe sobre a Política Estadual de
Resíduos Sólidos e dá outras providências.
● Lei nº14.384, de 31 de dezembro de 2002 - Institui o Cadastro Técnico
Estadual de Atividades Potencialmente Poluidoras ou Utilizadoras de
Recursos Naturais, integrante do Sistema Nacional do Meio Ambiente -
SISNAMA, a Taxa de Fiscalização Ambiental e dá outras providências.
● Lei nº15.834, de 23 de novembro de 2006 - Dispõe sobre redução gradativa
da queima da palha de cana-de-açúcar em áreas mecanizáveis e dá outras
providências.
● Lei nº 17.128, de 18 de agosto de 2010 - Dispõe sobre a obrigatoriedade de
instalação de equipamento para tratamento e reutilização da água utilizada na
lavagem de veículos, e de equipamento para reaproveitamento de água das
chuvas.
● Lei nº 17.857, de 10 de dezembro de 2012 - Dispõe sobre procedimentos
gerais para a autorização de instalação e funcionamento de estações de
94

telecomunicações de transmissão e de antenas transmissoras de rádio,


televisão, telefonia, telecomunicação em geral e de outros equipamentos afins
em unidades de conservação integrantes do SEUC e dá outras providências.
● Lei nº 19.413, de 2 de julho de 2016 - Institui a política estadual de incentivo
ao consumo sustentável.
● Lei nº 19.447, de 09 de setembro de 2016 - Dispõe sobre a obrigatoriedade
de instalação de alerta sonoro nas empresas de mineração que possuem
barragens de rejeitos no Estado de Goiás.
● Decreto nº 9.102, de 5 de dezembro de 2017 - Estabelece condições para a
regularização ambiental prevista na Lei nº 18.104, de 18 de julho de 2013, por
intermédio do Programa Tesouro Verde, instituído pela Lei nº 19.763 de 18 de
julho de 2017, e dá outras providências.
● Decreto nº 9.130, de 29 de dezembro de 2017 - Dispõe sobre o Programa
Estadual de Pagamento por Serviços Ambientais – PEPSA – e dá outras
providências.
● Lei nº 19.453, de 16 de setembro de 2016 - Institui a Política Estadual de
Saneamento Básico e dá outras providências.
● Lei nº 20.097, de 28 de maio de 2018 - Institui, no Estado de Goiás, o “Selo
Verde Ambiental”.
● Lei nº 20.114, de 04 de junho de 2018 - Dispõe sobre os prazos de tramitação
e conclusão dos processos administrativos instaurados para o fim de
licenciamento ambiental de atividades econômicas sujeitas a este tipo de
autorização no Estado de Goiás e sobre outras avenças.
● Lei nº 16.586, de 16 de junho de 2019 - Dispõe sobre a educação ambiental,
institui a Política Estadual de Educação Ambiental e dá outras providências.
● Lei Complementar nº 139, de 22 de janeiro de 2018 - Dispõe sobre a Região
Metropolitana de Goiânia, o Conselho de Desenvolvimento da Região
Metropolitana de Goiânia, cria o Instituto de Planejamento Metropolitano e dá
outras providências.
● Projeto de Lei nº 2159, de 2021 – Dispõe sobre o licenciamento ambiental;
regulamenta o inciso IV do § 1º do art. 225 da Constituição Federal; altera as
Leis nºs 9.605, de 12 de fevereiro de 1998, e 9.985, de 18 de julho de 2000;
revoga dispositivo da Lei nº 7.661, de 16 de maio de 1988; e dá outras
providências.
95

● Projeto de Lei nº 149, de 2019 – Institui a Política Nacional de Incentivo à


Agricultura e Pecuária de Precisão para ampliação da eficiência na aplicação
de recursos e insumos de produção, de forma a diminuir o desperdício,
reduzir os custos de produção, aumentar a produtividade e a lucratividade,
bem como garantir a sustentabilidade ambiental, social e econômica.
● Projeto de Lei nº 2920/2019 – Altera a Lei nº 7.797, de 10 de julho de 1989,
que cria o Fundo Nacional de Meio Ambiente, para dispor sobre a aplicação
de recursos do Fundo Nacional de Meio Ambiente na limpeza urbana e no
manejo de resíduos sólidos.
● Projeto de Lei nº 5315/2019 – Altera a Lei nº 12.651, de 25 de maio de 2012,
que dispõe sobre a proteção da vegetação nativa, e a Lei nº 9.605, de 12 de
fevereiro de 1998, que dispõe sobre as sanções penais e administrativas
derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente, a fim de exigir
prévia autorização do Congresso Nacional para corte e supressão de
vegetação de Floresta Amazônica primária e secundária em estado avançado
de regeneração, exceto nas hipóteses especificadas, bem como tipificar novo
crime ambiental relacionado ao corte raso desse tipo de vegetação.
● Projeto de Lei do Senado nº 222/2016 – Institui a Política de Desenvolvimento
Sustentável da Caatinga.
● Projeto de Lei º 5142/2019 – Altera a Lei nº 9.605, de 12 de fevereiro de 1998,
que dispõe sobre as sanções penais e administrativas derivadas de condutas
e atividades lesivas ao meio ambiente, e dá outras providências, para
determinar a transferência de bens e parte dos valores das multas por
infração ambiental ao município onde ocorreu a infração.
● Projeto de Lei nº 412/2022 – Regulamenta o Mercado Brasileiro de Redução
de Emissões (MBRE), previsto pela Lei nº 12.187, de 29 de dezembro de
2009, e altera as Leis nºs 11.284, de 2 de março de 2006; 12.187 de 29 de
dezembro de 2009; e 13.493 de 17 de outubro de 2017.
● Projeto de Lei Complementar nº 73/2021 – Dispõe sobre apoio financeiro da
União aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios para garantir ações
emergenciais voltadas ao setor cultural; altera a Lei Complementar nº 101, de
4 de maio de 2000 para vedar a limitação de empenho e movimentação das
despesas relativas a aquisição de produtos e serviços vinculados à execução
do Fundo Nacional de Cultura, e não contabilizar na meta de resultado
96

primário as transferências previstas nesta Lei Complementar; vedar a


imposição de limites à execução orçamentária e financeira da programação
orçamentária relativa às fontes vinculadas ao Fundo Nacional de Cultura; e
vedar a alocação de recursos do Fundo Nacional de Cultura em reservas de
contingência de natureza primária ou financeira.
● Projeto de Lei nº 3369/2020 – Altera a Lei nº 8.313, de 23 de dezembro de
1991, para incluir o apoio a apresentações de espetáculos ao vivo, com
interação popular via internet, torna obrigatória a execução do Fundo
Nacional de Cultura no exercício 2020 em função da decretação de
calamidade pública e dá outras providências.
● Projeto de Lei nº 2588/2022 – Declara a festa popular dos Lambe-sujo e
Caboclinho, que ocorre na cidade de Laranjeiras/SE, Patrimônio Cultural
Imaterial do Brasil.
● Projeto de Lei 4333/2016 – Acrescenta incisos ao art. 1º da Lei nº 8.313, de
23 de dezembro de 1991, para explicitar, entre as finalidades do Programa
Nacional de Apoio à Cultura - Pronac, o apoio às culturas indígenas, afro-
brasileiras e de minorias e a distribuição equilibrada de recursos entre as
manifestações culturais, priorizando as tradicionais de origem local, raízes da
cultura brasileira.
● Projeto de Lei nº 12 202025082020 – Dá nova redação à Lei Municipal nº 27
de 19 de junho de 1997 e reestrutura o conselho municipal de defesa do meio
ambiente e saneamento básico.
● Projeto de Lei nº 17 202231052022 – Declara patrimônio cultural de natureza
imaterial do município de Goiás o Festival Internacional de Cinema e Vídeo
Ambiental.
● Projeto de Lei nº 19/2020 – Institui e inclui no calendário de eventos do
município a Semana Municipal de Valorização do Patrimônio Histórico e
Cultural da Cidade de Goiás, e dá outras providências.
● Projeto de Lei nº 13/2020 – Altera a Lei Municipal nº 32 de 28 de dezembro
de 2013, que institui o Sistema Municipal de Cultura de Goiás, cria o
Conselho Municipal de Política Cultural e o Fundo Municipal de Cultura, e dá
outras providências.
97

● Projeto de Lei nº 006/2020 – Dispõe sobre o reconhecimento e a elevação da


Procissão do Fogaréu à condição de patrimônio cultural material e imaterial
no âmbito do município de Goiás, e dá outras providências.
● Projeto de Lei nº 0031/2020 – Autoriza a abertura de créditos adicionais
especiais no orçamento do município de Goiás no exercício de 2018,
Secretaria Municipal de Cultura.
● Projeto de Lei 018/2022 – Estabelece um conjunto de diretrizes e proposições
com o objetivo de disciplinar a conservação, a recuperação, o uso e a
ocupação do entorno do Lago Serra da Mesa, no perímetro urbano de
Uruaçu-GO.
● Projeto de Lei Ezecson Fernandes de Sá – Objetivo de apoiar artistas da
cidade e homenagear um dos baluartes da cultura local; Ezecson Fernandes
de Sá (in memoriam). O prefeito Valmir Pedro destacou a importância de
Ezecson Fernandes para a cultura de Uruaçu e disse que além dos recursos
a serem destinados a projetos culturais, a Prefeitura de Uruaçu comercializa
no intuito de também investir na construção de um centro de cultura e
convenções.
● Projeto Ser Natureza (2020) – Objetivo de recuperar nascentes e as Áreas de
Preservação Permanente – APP de mananciais de abastecimento, no
Município de Uruaçu – GO. O projeto é trabalhado em trinta e uma nascentes
de 27 propriedades rurais que estão instaladas na microbacia do córrego
Passa Três.

8.3 Base normativa sobre relações étnico-raciais e de gênero e


vulnerabilidades

● Decreto nº 4.885, de 20 de novembro de 2003, dispõe sobre a composição,


estruturação, competências e funcionamento do Conselho Nacional de
Promoção da Igualdade Racial (CNPIR), e dá outras providências.
● Decreto nº 4.886, de 20 de novembro de 2003, institui a Política Nacional de
Promoção da Igualdade Racial (PNPIR) e dá outras providências.
● Decreto nº 6.872, de 4 de junho de 2009, aprova o Plano Nacional de
Promoção da Igualdade Racial (Planapir), e institui o seu Comitê de
Articulação e Monitoramento.
98

● Decreto nº 8.136, de 5 de novembro de 2013, aprova o regulamento do


Sistema Nacional de Promoção da Igualdade Racial (Sinapir), instituído pela
Lei nº 12.288, de 20 de julho de 2010.
● Lei n° 10.639 de 2003 inclui no currículo da educação a obrigatoriedade de
discutir a História e Cultura Afro-Brasileira.
● Lei n° 12.288 de 20 de julho de 2010 prevê a igualdade étnico-racial, com
base no seu estatuto (Estatuto da Igualdade Racial) disposto no artigo 1° “que
é destinado a garantir à população negra a efetivação da igualdade de
oportunidades, a defesa dos direitos étnicos individuais, coletivos e difusos e
o combate à discriminação e às demais formas de intolerância étnica”.
● Lei nº 7.716, de 5 de janeiro de 1989. Define os crimes resultantes de
preconceito de raça ou de cor.
● Lei n° 12.711/2012 Lei de Cotas que estabelece um percentual de vagas
destinadas a pessoas negras em instituições de educação pública.
● Artigo 461 do Decreto Lei n° 5.452 de 01 de maio de 1943 da CLT prevê a
igualdade salarial entre homens e mulheres que exercem a mesma função.
(Redação dada pela Lei nº 13.467, de 2017).
● Lei 10.406 de 10 de janeiro de 2010 dispõe sobre a igualdade de gênero, no
Caput do art. 1.723 do Código Civil que “é reconhecida como entidade familiar
a união estável entre o homem e a mulher, configurada na convivência
pública, contínua e duradoura e estabelecida com o objetivo de constituição
de família.”, se estende a possibilidade de união estável entre pessoas do
mesmo sexo, essa medida, foi reconhecida pelo Supremo Tribunal Federal na
Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental 132/RJ no ano de
2011.
● Resolução nº 175/2013 do Conselho Nacional de Justiça vedou aos
cartorários a recusa de habilitação, celebração de casamento civil ou de
conversão de união estável em casamento entre pessoas de mesmo sexo.
● Resolução nº 670.422: alteração do nome e sexo no registro civil de pessoas
transexuais mesmo sem intervenção cirúrgica.
● Resolução n° 2.121/2015 Conselho Federal de Medicina - permite o uso das
técnicas de Reprodução Assistida para casais homossexuais.
● Lei das Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei n° 9.394/96), com as
respectivas alterações introduzidas pela lei n°10.639/2003- obrigatoriedade
99

da temática “História e Cultura Afro Brasileira e Indígena’’[...]. Lei n°


13.010/2014- conteúdos relativos aos Direitos Humanos e á prevenção de
todas as formas de violência contra a criança e o adolescente serão incluídos
como temas transversais, nos currículos escolares.
● Estatuto da Criança e do Adolescente Lei n° 8.069/1990, com respectivas
alterações.
● Constituição da República Federativa do Brasil.
● Resolução CNE/CP n° 01 de 17/06/2004- Aborda assunto relativo ás
Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das Relações Étnico-
Raciais e para o Ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana.
● Parecer CNE/CP n° 14 de 06/06/2012 e Resolução CNE/CP n° 2, 15/07/2012
– Estabelece as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Ambiental
(DCNEA).

8.4 Base normativa sobre desenvolvimento e formação de redes de


colaboração solidária

● Constituição da República Federativa do Brasil de 1988, promulgada em 05


de outubro de 1988.
● Constituição do Estado de Goiás.
● Lei complementar de nº 182 de 2021: que instituiu o marco legal das startups
e do empreendedorismo inovador.
● Lei complementar n° 177, de 12 de janeiro de 2021: sobre o Fundo Nacional
de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT).
● Lei n° 20.097 de 28 de maio de 2018: Legislação pertinente ao Estado de
Goiás. Institui, no Estado de Goiás, o "Selo Verde Ambiental".
● Lei n° 20.854 de 29 de setembro de 2020: Legislação pertinente ao Estado de
Goiás. Institui o selo "Empresa Amiga da Mulher" no âmbito do Estado de
Goiás.
● Lei n° 20.979 de 30 de março de 2021: Institui o Sistema do Artesanato de
Goiás – SAG e o Conselho do Artesanato de Goiás – CONARTGO, e cria o
Selo do Artesanato de Goiás.
100

● Lei n° 378 de 26 de agosto de 2019: "Cria o Selo De Certificação e Qualidade


Frente aos Trabalhos realizados pelos artesãos credenciados no município de
Anápolis dá outras providências".
● Lei complementar n° 177, de 12 de janeiro de 2021: sobre o Fundo Nacional
de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT).
● Lei nº 12.651, de 25 de maio de 2012: institui o Código Florestal Brasileiro.

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