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AVALIAÇÃO DA

CONFORMIDADE
AVALIAÇÃO DA

CONFORMIDADE
SUM ÁR I O

Apresentação 5
1 A avaliação da conformidade como estratégia competitiva
2 Definições e Conceitos 9
2.1 Entendendo a Norma ABNT NBR ISO/IEC 17000 9
2.2 Entendendo o significado de um produto com conformidade avaliada 13
2.3 Uma Visão Crítica da Avaliação da Conformidade 13
2.4 Os Impactos Sociais e Econômicos Propiciados pela Avaliação da
Conformidade 15
2.5 A Avaliação da Conformidade e o Mercado Globalizado 16
2.6 O Processo de Avaliaçãoda Conformidade 17
3 Classificação da atividade de avaliação da conformidade 18
3.1 Quanto ao Agente Econômico 18
3.2 Quanto ao Campo de Utilização 18
4 Mecanismos de avaliação da conformidade 20
4.1 Certificação 21
4.2 Declaração da Conformidade do Fornecedor 24
4.3 Inspeção 26
4.4 Ensaio 26
5 Fatores chave para o sucesso da atividade de avaliação da
conformidade 27
5.1 Credibilidade 27
5.2 Disponibilidade de Adequada Infraestrutura 27
5.3 Boas Práticas de Normalização e Regulamentação Técnica 29
5.4 Equilíbrio entre Custo-Benefício da Avaliação da Conformidade 29
5.5 Envolvimento das Partes Interessadas 29
5.6 Selos de Identificação da Conformidade 30
5.7 Acompanhamento no Mercado 32
5.8 Disponibilidade de um Adequado Processo de Tratamento de
Reclamações e Denúncias 35
5.9 Educação e Informação 35
5.10 Acordos de Reconhecimento 36
6 Outras considerações importantes sobre a atividade de avaliação
da conformidade 38
6.1 Fundamentos Básicos 38
6.2 Infra-estrutura Necessária 38
6.3 Capacitação Básica para Implantação de Programas de Avaliação da
Conformidade 39
6.4 Implantação de Programas de Avaliação da Conformidade 39
6.5 Passos para que um produto, processo ou serviço tenha sua
conformidade avaliada pelo mecanismo da Certificação 40
6.6 Passos para que um produto, processo ou serviço tenha sua
conformidade avaliada pelo mecanismo da Declaração da Conformidade
do Fornecedor 41
7 Acreditação e Designação 41
7.1 Acreditação 41
7.2 Designação 44
7.3 Infraestrutura Atual de Acreditação 46
7.4 Indicadores da Avaliação da Conformidade 48
8 Sistema Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade
Industrial - SINMETRO 49
8.1 Organismos do Sinmetro 50
8.2 Organismos do Conmetro 50
8.3 Atribuições do Inmetro 53
ANEXO 1 - A ISO 9001 55
ANEXO 2 - Quadro Geral de Utilização da Avaliação da Conformidade
no Sinmetro 56
APRESENTAÇÃO

O presente documento representa uma contribuição à idéia de difusão de conhecimento sobre a


atividade de Avaliação da Conformidade, destacando sua importância para os diferentes segmentos
da sociedade, em particular para o setor produtivo, para as autoridades regulamentadoras e para os
consumidores.

É crescente a importância da Avaliação da Conformidade como instrumento regulador do mercado


interno e do mercado globalizado. Observa-se, entretanto, que ainda é grande o desconhecimento do seu
significado, até mesmo no ambiente empresarial e mais ainda junto ao cidadão.

Neste sentido, o documento está estruturado em 8 capítulos, abordando diferentes aspectos da


atividade de Avaliação da Conformidade:

a) No capítulo 1 é destacada a importância da atividade de Avaliação da Conformidade como uma


estratégia competitiva para o país.

b) No capítulo 2 são apresentados os principais conceitos e definições acerca do tema, tomando por
base a Norma ABNT NBR ISO/IEC 17000. Além dessa, são também apresentadas as definições
utilizadas pelo Comitê de Barreiras Técnicas da Organização Mundial do Comércio, a descrita pela
Norma ABNT ISO/IEC 17000 e ainda uma para efeito didático, extraída do Vocabulário Inmetro de
Avaliação da Conformidade.

c) No capítulo 3 é apresentada a forma de classificação da atividade de Avaliação da Conformidade


quanto ao agente econômico responsável pela avaliação da conformidade e quanto ao campo de utili-
zação, ou seja, quanto ao caráter compulsório ou voluntário da atividade.

d) No capítulo 4 são apresentados os mecanismos de Avaliação da Conformidade praticados no Sis-


tema Brasileiro de Avaliação da Conformidade – SBAC, destacando que o mecanismo de avaliação
da conformidade é a ferramenta usada no processo final de avaliação, também denominado procedi-
mento de avaliação da conformidade, como forma de atestar a conformidade do produto.

e) No capítulo 5 são apresentados os fatores considerados chave para o sucesso da atividade de Ava-
liação da Conformidade em qualquer país que queira implantá-la.

f) No capítulo 6 são apresentadas outras considerações importantes sobre a atividade de Avaliação da


Conformidade.

g) O capítulo 7 dedica uma atenção especial a atividade de Acreditação, uma importante ferramenta
de avaliação da conformidade, e faz algumas considerações sobre a designação de organismos de ava-
liação da conformidade.

h) No capítulo 8 é apresentado o Sistema Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Indus-


trial, o SINMETRO.

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O documento contempla informações de caráter geral e buscou-se utilizar uma linguagem acessível,
independente do nível de conhecimento do leitor sobre a Avaliação da Conformidade. Para maior apro-
fundamento em relação ao tema, sugere-se consultar as três fontes a seguir descritas:

a) Programa Brasileiro de Avaliação da Conformidade (PBAC);

b) Livro editado pela ISO – Certification and Relatives Activities

c) Site do Inmetro (www.inmetro.gov.br)

d) Guia de Boas Práticas de Regulamentação, disponível no site do Inmetro em três idiomas, portu-
guês, inglês e espanhol.

Este documento é complementado por uma cartilha, produzida no formato de quadrinhos, resu-
mida e com linguagem simples, e por um “kit” de slides, ou seja, uma apresentação padrão, em Power-
point, sobre o tema. Há ainda folders sobre alguns temas específicos que encontram-se disponíveis no
site do Inmetro para consulta.

A idéia é que este material e seus complementos sejam utilizados em programas de capacitação,
divulgação e sensibilização da sociedade para a atividade de Avaliação da Conformidade, conduzidos
pelo Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia – Inmetro, bem como pelos órgãos
delegados do Inmetro nos Estados que compõem a Rede Brasileira de Metrologia Legal e Qualida-
de - Inmetro (RBMLQ-I) e seus parceiros, como, por exemplo, as entidades que compõem o Comitê
Brasileiro de Avaliação da Conformidade (CBAC).

Os interessados na obtenção deste material podem solicitá-lo à Diretoria de Avaliação da Confor-


midade do Inmetro, através do endereço eletrônico: dconf@inmetro.gov.br, ou do telefone: (21) 3216-
1008. Esse documento encontra-se também disponível no site do Inmetro, no formato de arquivo, em
PDF, que possibilita a sua impressão.

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1 A AVALIAÇÃO DA CONFORMIDADE
COMO ESTRATÉGIA COMPETITIVA

O processo acelerado de globalização atual, em- Sem sombra de dúvida, entre os fatores impres-
bora necessário e imprescindível para as relações cindíveis, o conhecimento científico e tecnológico
de comércio internacionais, traz aspectos estraté- e a capacidade de inovação são os insumos princi-
gicos que devem ser permanentemente avaliados. pais para o sucesso econômico consistente e au-
to-sustentado e que, no cenário que se descortina,
Em termos industriais, o processo de globa- estará cada vez mais apoiado no desenvolvimento
lização é tangido pelos grandes conglomerados, tecnológico com base no conhecimento científico
sediados, quase sempre, nas maiores potências eco- e na capacidade tecnológica e industrial, ou seja, o
nômicas do planeta que, vendo se esgotar os seus país que não tiver competência científica e capaci-
mercados tradicionais, voltam-se para outros, de- dade tecnológica e industrial, ainda que disponha
senvolvendo estratégias que objetivam fundamen- do capital, da mão-de-obra e das matérias-primas,
talmente o aumento das escalas de produção e o estará condenado a gravitar em torno dos países
acesso a recursos, particularmente matérias primas mais competentes.
e mão-de-obra, a baixos custos, procurando assim,
garantir uma constante melhoria da competitividade Urge, portanto, que os países procurem, cada
e a presença crescente no mercado. vez mais, alcançar auto-suficiência tecnológica e in-
dustrial que torne possível desenvolver os níveis de
Um dos indícios dessa estratégia são as fusões, qualidade e competitividade, garantindo a perma-
até pouco tempo inimagináveis, de grandes gru- nência e/ou inserção das nações que estão inseridas
pos empresariais, antes absolutamente antagônicos, no processo de globalização.
buscando também ganhos de escala, principalmente
nas áreas de projeto e comercialização. Neste contexto de qualidade e competitivida-
de, onde a questão técnica torna-se, também, uma
Outro indício, este de natureza geopolítica e questão estratégica, situa-se o tema denominado
econômica, foi o desaparecimento de barreiras po- Avaliação da Conformidade.
líticas importantes, levando a uma maior liberação
das economias nacionais e suas aberturas para o A expressão avaliação da conformidade está
exterior. Nações se reuniram em grandes blocos definida como o “exame sistemático do grau de
econômicos – Comunidade Européia, Mercosul atendimento por parte de um produto, processo ou
(Mercado Comum do Sul) e Apec (Asia Pacific serviço a requisitos especificados”.
Economic Cooperation), entre outros – e repen-
saram suas relações comerciais, como caminho de Esta definição, bastante simples, traz embutida
sobrevivência, ampliando a concorrência e o inter- um extenso, complexo e poderoso instrumento es-
câmbio comercial. tratégico para o desenvolvimento das economias
nacionais; tanto que a própria Organização Mundial
Na verdade, o processo de globalização é, por do Comércio – OMC, tem a sua definição para a
natureza, ao mesmo tempo includente e excludente. expressão: “qualquer atividade com objetivo de de-
Includente, porque traz para o contexto mundial, terminar, direta ou indiretamente, o atendimento a
países até então não participantes da produção de requisitos aplicáveis”.
inúmeros itens. Excludente, porque a distribuição
das oportunidades e encargos de produção cabe, Para as exportações, onde diversos países uti-
preferencialmente, àqueles países que reúnem as lizam barreiras técnicas em substituição às bar-
melhores condições de infra-estrutura para a obten- reiras tarifárias como forma de protecionismo
ção de maiores níveis de competitividade. ao mercado interno, a avaliação da conformi-

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dade atua como ferramenta estratégica nas re- dade. Aquelas que se engajam neste movimento,
lações econômicas, facilitando o comércio entre orientam-se para assegurar a qualidade dos seus
países e blocos econômicos. produtos, processos ou serviços, beneficiando-se
com a melhoria da produtividade e o aumento da
Portanto, a estratégia competitiva para a parti- competitividade, tornando a concorrência mais
cipação de um país no comércio internacional tem justa, na medida em que indica, claramente, os
que, obrigatoriamente, considerar a infraestrutura produtos, processos ou serviços que atendem aos
tecnológica disponível na área de avaliação da con- requisitos especificados.
formidade, fator decisivo na aceleração ou redução
da velocidade do desenvolvimento econômico, fa- Para o Estado Regulador, a adoção da avalia-
cilitando ou impedindo a participação destes países ção da conformidade, no âmbito compulsório, é
em mercados internacionais. uma ferramenta que fortalece o poder regulatório
das instituições públicas, sendo um instrumen-
Sendo assim, os maiores riscos decorrem da to eficiente de proteção à saúde e segurança do
infraestrutura técnica, governamental e privada, consumidor e ao meio ambiente. A avaliação da
necessária para a implementação eficiente de um conformidade instrumentaliza as atividades regu-
sistema de avaliação da conformidade. Se, por um lamentadoras e fiscalizadoras estabelecidas pelos
lado, uma ágil e correta infraestrutura técnica gover- órgãos reguladores.
namental e uma ampla infraestrutura técnica priva-
da podem ser forças propulsoras para a solidificação Logo, internamente aos países, a cultura em
deste sistema, por outro lado a ausência desta pode avaliação da conformidade deve ser disseminada
obstruir o desenvolvimento da atividade. pelos setores nacionais, governamental e priva-
do, incentivando a percepção da sociedade para
Além disso, devido à dificuldade de adoção de um a importância do tema e para as oportunidades a
sistema mundial unificado, é fundamental a harmo- serem conquistadas.
nização das práticas em avaliação da conformidade,
levando-se em consideração as particularidades de No Brasil, o Instituto Nacional de Metrologia,
cada sistemática nacional, pois esta harmonização Qualidade e Tecnologia - Inmetro, entidade exe-
possibilitará o estabelecimento dos denominados cutiva do Governo Federal, é o gestor do Sistema
Acordos de Reconhecimento Mútuo como forma Brasileiro de Avaliação da Conformidade – SBAC,
de minimizar os impactos das barreiras técnicas e obedecendo às políticas públicas estabelecidas pelo
incrementar o fluxo do comércio internacional. Conselho Nacional de Metrologia, Normalização e
Qualidade Industrial – Conmetro que, por sua vez,
Em um enfoque progressivo, as práticas de é tecnicamente assessorado pelo Comitê Brasileiro
avaliação da conformidade não devem ser tratadas de Avaliação da Conformidade – CBAC.
somente como dificuldades ao comércio interna-
cional a serem superadas, mas, também, como um Na área de Avaliação da Conformidade, o In-
mecanismo de melhora qualitativa e quantitativa metro é o único acreditador oficial do Estado Bra-
do comércio interno de um país, inserindo-o, de sileiro, seguindo a tendência internacional atual de
forma eficiente e estruturada, na nova ordem eco- apenas um acreditador por país ou economia. O
nômica mundial. Inmetro é reconhecido internacionalmente como
o organismo de acreditação brasileiro pelo Interna-
Para as empresas, a avaliação da conformida- tional Accreditation Forum (IAF) e foi o primeiro
de induz à busca contínua da melhoria da quali- a possuir este reconhecimento na América Latina.

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2 DEFINIÇÕES E CONCEITOS

Com a promulgação da Norma Brasileira ABNT cidas, devidamente acompanhado e avaliado,


NBR ISO/IEC 17000, em 31 de outubro de 2005, de forma a propiciar adequado grau de con-
esta passou a ser a melhor forma para apresentação fiança de que um produto, processo ou servi-
dos conceitos, definições, vocabulário e princípios ço, ou ainda uma pessoa, atende a requisitos
gerais da Avaliação da Conformidade. pré-estabelecidos em normas ou regulamen-
tos, com o melhor custo benefício possível
Segundo esta norma, a Avaliação da Confor- para a sociedade”.
midade é a “demonstração de que os requisitos
especificados relativos a um produto, processo, Este conceito preconiza a idéia de tratamento
sistema, pessoa ou organismo são atendidos”. sistêmico, pré-estabelecimento de regras e, como
em todo sistema, acompanhamento e avaliação
Subentende-se que qualquer avaliação feita para dos seus resultados.
verificar se um objeto atende a requisitos pré-es-
tabelecidos encaixa-se neste conceito. Entretanto, A Avaliação da Conformidade busca atingir
há que se distinguir a avaliação da conformidade dois objetivos fundamentais: em primeiro lugar,
feita pontualmente, daquela feita sistematicamen- deve atender preocupações sociais, estabelecen-
te, que é o campo da avaliação da conformidade do com o consumidor uma relação de confian-
que nos interessa abordar neste livreto. ça de que o produto, processo ou serviço está
em conformidade com requisitos especificados.
Neste sentido, para fins didáticos, cabe intro- Por outro lado, não pode tornar-se um ônus
duzir um conceito de avaliação da conformida- para a produção, isto é, não deve envolver re-
de que não é o apresentado na NBR ISO/IEC cursos maiores do que aqueles que a sociedade
17000, mas tem significado semelhante, além de está disposta a investir. Desta forma, a Avaliação
permitir uma análise mais crítica do contexto em da Conformidade é duplamente bem sucedida,
que a atividade é exercida no Brasil. na medida que proporciona confiança ao con-
sumidor e, ao mesmo tempo, requer a menor
“A Avaliação da Conformidade é um pro- quantidade possível de recursos para atender às
cesso sistematizado, com regras pré-estabele- necessidades das partes interessadas.

2.1 Entendendo a Norma ABNT NBR ISO/IEC 17000

A International Organization for Standardiza- Para estudar as questões ligadas à atividade de


tion (ISO), bem como a International Eletrotechni- avaliação da conformidade, a ISO criou um co-
cal Commission (IEC), são entidades internacionais mitê especial, denominado Conformity Assess-
de normalização. A primeira, em particular, possui ment Commitee – ISO/Casco, ou seja, o Comitê
um grande acervo de normas promulgadas no de Avaliação da Conformidade da ISO.
campo da avaliação da conformidade.
Este Comitê, o ISO/Casco, no início dos anos
A ISO é organizada por comitês técnicos, os Te- 2000, decidiu elaborar uma norma que contem-
chnical Committees - TC. Por exemplo, na área da plasse a terminologia, os conceitos e as definições
qualidade, existe o TC 176, responsável pela elabo- inerentes à atividade de avaliação da conformidade.
ração de todos os textos normativos voltados para Antes, estes termos estavam dispersos em vários
esse tema, com destaque para a série de normas so- documentos normativos da própria ISO, gerando
bre gestão da qualidade, a famosa série ISO 9000. inevitáveis dificuldades para os usuários.

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A elaboração da Norma ABNT ISO/IEC c) Atividade de Avaliação da Conformidade
17000 introduziu um vocabulário próprio, mas por Segunda Parte
facilmente aplicável à serie de normas da ISO.
O texto desta norma consagrou uma série de “Atividade de avaliação da conformidade rea-
termos que vinham sendo praticados quase que lizada por uma pessoa ou uma organização que
de forma uniforme, mas também trouxe alguns tem interesse de usuário do objeto.
termos novos e até mesmo, em alguns casos, di-
ferentes dos que vinham sendo praticados, inclu- Nota 1: Pessoas ou organizações que reali-
sive no âmbito do Sistema Brasileiro de Avaliação zam atividades de avaliação da conformidade
da Conformidade. por segunda parte incluem, por exemplo, com-
pradores ou usuários de produtos, ou clientes
A Norma ABNT ISO/IEC 17000 está potenciais que procuram confiar em um siste-
organizada por função da Avaliação da Con- ma de gestão do fornecedor, ou organizações
formidade, porém começando pelos “Temos que representam esses interesses.”
relativos à Avaliação da Conformidade em ge-
ral”. A seguir, são descritas as principais fun- d) Atividade de Avaliação da Conformidade
ções, bem com a definição dos termos mais por Terceira Parte
comumente praticados:
“Atividade de avaliação da conformidade realiza-
• Termos Relativos à Avaliação da Confor- da por uma pessoa ou uma organização que é inde-
midade em Geral pendente da pessoa ou da organização que fornece
o objeto, e de interesse do usuário nesse objeto.”
a) Avaliação da Conformidade
e) Organismo de Avaliação da Conformidade
“Demonstração de que os requisitos especifi-
cados relativos a um produto, processo, sistema, “Organismo que realiza os serviços de avalia-
pessoa ou organismo são atendidos. ção da conformidade.”

Nota 1: O domínio da avaliação da conformi- f) Organismo de Acreditação


dade inclui atividades definidas em outros locais
desta norma, tais como ensaio, inspeção e certi- “Organismo autorizado a executar a acreditação.”
ficação, bem como acreditação de organismos de
avaliação da conformidade. g) Sistema de Avaliação da Conformidade

Nota 2: A expressão “objeto de avaliação de “Regras, procedimentos e gestão para a avalia-


conformidade” ou “objeto” é usada nesta Norma ção da conformidade.”
para abranger qualquer material, produto, instala-
ção, processo, sistema, pessoa ou organismo par- • Termos Básicos
ticulares aos quais a avaliação da conformidade é
aplicada. Um serviço é coberto pela definição de a) Requisitos especificados
um produto.”
“Necessidade ou expectativa que é expressa.
b) Atividade de Avaliação da Conformidade
por Primeira Parte Nota: Requisitos especificados podem estar
expressos em documentos normativos, tais como
“Atividade de avaliação da conformidade regulamentos, normas e especificações técnicas.”
realizada pela pessoa ou organização que for-
nece o objeto.”

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b) Produto • Termos de Avaliação da Conformidade
Relativos à Análise e Atestação
“Resultado de um processo.
a) Atestação
Nota: Quatro categorias genéricas de
produtos são definidas na ABNT NBR ISO “Emissão de uma afirmação, baseada numa
9000:2000: serviços (por exemplo, transpor- decisão feita após a análise crítica, de que o
te); software (por exemplo, programa de com- atendimento aos requisitos especificados foi
putador, dicionário); hardware (por exemplo, demonstrado.”
motor, parte mecânica); materiais processados
(por exemplo, lubrificante). Muitos produtos b) Escopo da Atestação
são constituídos de elementos pertencentes a
diferentes categorias genéricas de produto. “O “Amplitude ou características de objetos de ava-
produto é então chamado de serviço, software, liação da conformidade cobertos pela atestação.”
hardware ou material processado em função
do elemento dominante.” c) Declaração

• Termos de Avaliação da Conformidade “Atestação por uma primeira parte.”


Relativos à Seleção e Determinação
d) Certificação
a) Amostragem
“Atestação relativa a produtos, processos,
“Fornecimento de uma amostra do objeto sistemas ou pessoas por terceira parte.”
da avaliação da conformidade, de acordo com
um procedimento.” e) Acreditação

b) Ensaio “Atestação realizada por terceira parte rela-


tiva a um organismo de avaliação da conformi-
“Determinação de uma ou mais caraterísti- dade, exprimindo demonstração formal de sua
cas de um objeto de avaliação da conformida- competência para realizar tarefas específicas
de, de acordo com um procedimento.” de avaliação da conformidade.”

c) Inspeção • Termos de Avaliação da Conformidade


Relativos à Supervisão
“Exame de um projeto de produto, produ-
to, processo ou instalação e determinação de a) Supervisão
sua conformidade com requisitos específicos
ou, com base no julgamento profissional, com “Interação sistemática de atividades de ava-
requisitos gerais.” liação da conformidade como base para man-
ter a validade da afirmação de conformidade.”
d) Auditoria
b) Suspensão
“Processo sistemático, independente e docu-
mentado, para obter registros, afirmações de fatos “Invalidação temporária da afirmação de
ou outras informações pertinentes e avaliá-los de conformidade para o todo ou parte do escopo
maneira objetiva para determinar a extensão na de atestação especificado.”
qual os requisitos especificados são atendidos.”

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c) Cancelamento nível de garantia da conformidade com relação
aos mesmos requisitos especificados.”
“Revogação. Cancelamento da afirmação de
conformidade.” e) Reconhecimento de Resultados de Avalia-
ção da Conformidade
d) Apelação
“Admissão da validade de um resultado de
“Solicitação pelo fornecedor do objeto de ava- avaliação da conformidade fornecido por uma
liação da conformidade ao organismo de avaliação outra pessoa ou por um outro organismo.”
da conformidade ou ao organismo de acreditação,
para que este reconsidere uma decisão dada, relativa f) Tratamento Igual
àquele objeto.”
“Tratamento acordado para produtos ou para
e) Reclamação processos de um fornecedor, que não é menos fa-
vorável do que aquele acordado para produtos ou
“Expressão de insatisfação, outra que não processos de qualquer outro fornecedor, numa
apelação, emitida por uma pessoa ou por uma situação comparável.”
organização para um organismo de avaliação da
conformidade ou para um organismo de acre- g) Tratamento Nacional
ditação, relativa às atividades desse organismo,
onde uma resposta é esperada.” “Tratamento acordado para produtos ou para
processos provenientes de outros países, que não
• Termos Relativos à Avaliação da Conformi- é menos favorável do que aquele acordado para
dade e Facilitação de Comércio os produtos ou processos similares de origem na-
cional, ou provenientes de qualquer outro país,
a) Aprovação numa situação comparável.”

“Permissão para um produto ou um processo ser h) Tratamento Igual e Nacional


comercializado ou usado para propósitos ou condi-
ções estabelecidas.” “Tratamento acordado para produtos ou para
processos provenientes de outros países, que não
b) Designação é menos favorável do que aquele acordado para
os produtos ou processos similares de origem na-
“Autorização governamental de um organismo cional, ou provenientes de qualquer outro país,
de avaliação da conformidade para realizar ativida- numa situação comparável.”
des específicas de avaliação da conformidade.”
Cabe destacar que as normas técnicas consti-
c) Autoridade de Designação tuem propriedade intelectual, como é o caso da
ABNT NBR ISO/IEC 17000:2005, devendo, no
“Organismo estabelecido no governo, ou habili- Brasil, serem adquiridas através da Associação
tado pelo governo, para designar organismos de ava- Brasileira de Normas Técnicas – ABNT, o fórum
liação da conformidade, suspender ou cancelar suas nacional de normalização, pelo telefone: (11)
designações, ou retirar sua suspensão de designação.” 3017-3630, por e-mail: atendimento.sp@abnt.
org.br ou através do site www.abnt.org.br.
d) Equivalência de Resultados de Avaliação
da Conformidade Nota: Fundada em 1940, a ABNT é o órgão
responsável pela normalização técnica no país,
“Aptidão de diferentes resultados de avalia- fornecendo a base normativa necessária ao de-
ção da conformidade para fornecer o mesmo senvolvimento tecnológico brasileiro.

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A ABNT é membro fundador da ISO (International Organization for Standardization), da COPANT
(Comissão Panamericana de Normas Técnicas) e da AMN (Associação Mercosul de Normalização).
fonte: http://www.abnt.org.br/instit_apresen.htm

2.2 Entendendo o significado de um produto com


conformidade avaliada

Com base nos conceitos expostos, fica claro dade, pode-se afirmar que ambos atenderam a
que ao nos referirmos a um produto com con- requisitos mínimos de segurança, de proteção à
formidade avaliada significa dizer que ele está saúde, de proteção do meio ambiente, etc. Dois
conforme à norma ou ao regulamento técnico produtos com conformidade avaliada com base
aplicável ao mesmo. Se o foco dos requisitos do na mesma referência normativa devem ser enten-
documento normativo aplicável é a proteção do didos como produtos que atendem a requisitos
meio ambiente, significa que ele é um produto mínimos aplicáveis às especificidades de uso do
ambientalmente conforme. Se o foco é na segu- produto e, portanto, não cabe comparação entre
rança do cidadão, significa que ele é conforme os mesmos, no sentido de definir qual é melhor
quanto aos riscos que possa oferecer ao consu- ou pior.
midor. Se o foco é na saúde, significa que ele não
oferece riscos a saúde do consumidor ou usuário. O entendimento que se deve ter em relação a
um produto com conformidade avaliada é que,
Entretanto, não se pode comparar produtos quando submetido a um procedimento de avalia-
com conformidade avaliada com o objetivo de ção da conformidade o mesmo “atendeu a requi-
identificar se um é melhor ou pior que o outro. sitos mínimos estabelecidos em uma norma ou
No que diz respeito à Avaliação da Conformi- regulamento técnico”.

2.3 Uma Visão Crítica da Avaliação da Conformidade

Um aspecto importante a ser destacado é que custo este que, inevitavelmente, é repassado para
o processo de avaliação da conformidade objeti- o consumidor.
va propiciar confiança na conformidade, e não a
garantia da qualidade do produto, que é respon- Fica claro que, se aumentarmos o uso das fer-
sabilidade inerente ao fabricante. ramentas típicas da qualidade, como por exem-
plo, a freqüência das auditorias, a amostragem
Subentende-se também que a avaliação da dos ensaios a serem realizados ou a freqüência
conformidade tem como premissa a existência de com que se efetua ensaios em amostras colhidas
uma norma ou um regulamento técnico, ou ainda na expedição das fábricas ou no mercado, maior
documento similar, que defina os requisitos a se- será a confiança de que o produto avaliado está
rem atendidos pelo produto. em conformidade com a norma ou regulamento
técnico aplicável. Entretanto, a aplicação destas
Uma questão central deste conceito é a ne- ferramentas tem um custo que onerará o preço
cessidade de cotejar adequado grau de confiança, do produto final que será repassado para o con-
com o menor custo possível para a sociedade. Ou sumidor. Este raciocínio pode ser melhor ilustra-
seja, quanto maior o grau de confiança, maior o do através do gráfico a seguir:
custo do processo de avaliação da conformidade,

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Observa-se que, a partir do ponto “A” do grá- drão normativo, nos padrões metrológicos, no
fico, o aumento dos investimentos na aplicação processo de acreditação de organismos e labora-
de ferramentas da qualidade que, inevitavelmen- tórios, na deficiência de atuação dos organismos
te, implicaria em maiores custos, não enseja um ou laboratórios acreditados, na deficiente atuação
significativo aumento no grau de confiança na dos fornecedores, ou até mesmo nas ferramen-
conformidade do produto ou serviço, em relação tas da qualidade exigidas (auditorias, ensaios de
às exigências da norma ou regulamento aplicável. tipo, amostragem, sistema de gestão da qualidade
Portanto, o grande desafio, quando do estabe- do produtor etc.), ou seja, no procedimento de
lecimento de um procedimento de avaliação da avaliação da conformidade estabelecido. Cabe,
conformidade de qualquer produto, é o de de- então, ao gestor do programa de avaliação da
senvolver estudos para identificar o ponto “A”. É conformidade, analisar as não conformidades sis-
o ponto até aonde os investimentos na aplicação têmicas identificadas, mapear sua origem e definir
das ferramentas da qualidade não são elevados as ações de melhoria aplicáveis.
e ensejam significativos incrementos no grau de
confiança na conformidade do produto em rela- As ações de acompanhamento no mercado,
ção aos requisitos especificados. através de ensaios em produtos com conformi-
dade avaliada, feitas de forma sistematizada, per-
Por maior que seja a capacitação ou expe- mitirão a melhoria contínua dos procedimentos
riência dos técnicos envolvidos, identificar este de avaliação da conformidade, alcançando com
ponto, na primeira tentativa, não é tarefa fácil. Aí maior facilidade o ponto de equilíbrio entre o
é que fica clara a idéia de acompanhamento no adequado grau de confiança na conformidade dos
mercado, com ênfase preventiva. Através dela, produtos e o adequado custo para a sociedade.
são coletadas amostras nos pontos de venda que
são devidamente ensaiadas em laboratórios acre- À luz do exposto, pode-se concluir que a
ditados, objetivando identificar se existem não Avaliação da Conformidade, com tratamento
conformidades sistêmicas (repetitivas e, em geral, sistêmico, visa permitir ser remota a possibili-
associadas às mesmas causas). dade de um produto chegar ao consumidor em
desacordo com os requisitos estabelecidos por
As não conformidades sistêmicas podem ter um documento normativo ou por um regula-
origem em deficiências no regulamento ou pa- mento técnico.

15 | Avaliação da Conformidade - 6ª EDIÇÃO


2.4 Os Impactos Sociais e Econômicos Propiciados pela
Avaliação da Conformidade

Diferentes são a razões baseadas nas quais, de avaliação da conformidade compulsórios para a
isolada ou conjuntamente, justifica-se a implanta- comercialização de produtos, processos ou servi-
ção de programas de avaliação da conformidade. ços que se relacionam com a saúde, a segurança e o
meio ambiente. A livre circulação de bens e serviços
Os principais aspectos que justificam a im- só se viabiliza integralmente se os países envolvidos
plantação de programas de Avaliação da Confor- mantiverem sistemas de avaliação da conformidade
midade são: compatíveis e mutuamente reconhecidos.

• Propiciar a concorrência justa; • Proteger o mercado interno;

A Avaliação da Conformidade possibilita a con- Da mesma forma que facilitam as exportações,


corrência justa, na medida que indica, claramente, os programas de Avaliação da Conformidade di-
que os produtos, processos ou serviços atendem a ficultam a entrada de produtos, processos ou ser-
requisitos pré-estabelecidos. Significa que as regras viços que não atendam à requisitos mínimos de
do mercado naquele setor estão estabelecidas e segurança e desempenho que, colocados no mer-
têm que ser praticadas por todos os fornecedores. cado, prejudicariam a idéia da concorrência justa e
colocariam em risco seus consumidores e usuários.
• Estimular a melhoria contínua da qualidade;
• Agregar valor às marcas;
A Avaliação da Conformidade induz à bus-
ca contínua da melhoria da qualidade, do de- A Avaliação da Conformidade, no campo volun-
senvolvimento tecnológico e da inovação. As tário, vem, sendo cada vez mais usada por fornece-
empresas que se engajam neste movimento, dores para agregar valor e distinguir seus produtos
orientam-se para assegurar a qualidade dos em relação ao mercado, atraindo os consumidores
seus produtos, processos ou serviços, benefi- e alcançando maiores fatias do mercado.
ciando-se com a melhoria da produtividade e o
aumento da competitividade. São inegáveis os impactos econômicos e so-
ciais propiciados pela Avaliação da Conformi-
• Informar e proteger o consumidor; dade dos produtos e serviços. Entretanto, estes
impactos são de difícil mensuração.
A Avaliação da Conformidade é um indica-
tivo para os consumidores de que o produto, A Avaliação da Conformidade é um instru-
processo ou serviço atende à requisitos mínimos mento para o desenvolvimento tecnológico e
pré-estabelecidos, fator importante para o aper- industrial, para o incremento do comércio inter-
feiçoamento de suas decisões de compra, uso e no e externo (exportações) e para a proteção do
descarte dos produtos. consumidor, bem como da concorrência, con-
tribuindo ainda para a idéia de desenvolvimen-
• Facilitar o comércio exterior, possibilitan- to sustentável, previsto na Agenda 21, através da
do o incremento das exportações; minimização dos impactos ambientais na fabrica-
ção, uso e descarte de produtos.
Em relação às trocas comerciais, no âmbito dos
blocos econômicos e das relações bilaterais, é parti- Nota: A Agenda 21 é um programa de ação ba-
cularmente importante a avaliação da conformida- seado num documento que constitui a mais ousa-
de. É cada vez mais usual a utilização de programas da e abrangente tentativa já realizada de promover,

16 | Avaliação da Conformidade - 6ª EDIÇÃO


em escala planetária, um novo padrão de desen- MAD), em 1992, no Rio de Janeiro, também
volvimento, conciliando métodos de proteção am- conhecida por ECO-92.
biental, justiça social e eficiência econômica.
Nesse documento estão contidos os compro-
Trata-se de um documento consensual para missos assumidos pelos países presentes a ECO-
o qual contribuíram governos e instituições da 92 para mudança do padrão de desenvolvimento
sociedade civil de 179 países num processo pre- do século 21.
paratório que durou 2 anos e culminou com a
realização da Conferência das Nações Unidas so- fonte: http://www.mma.gov.br/responsabilida-
bre Meio Ambiente e Desenvolvimento (CNU- de-socioambiental/agenda-21

2.5 A Avaliação da Conformidade e o Mercado Globalizado

Com a globalização dos mercados e o fortale- A Organização Mundial do Comércio (OMC),


cimento da Organização Mundial do Comércio criada em 1995, é o fórum internacional responsável
(OMC), o espaço para a criação de barreiras tari- pela regulação do comércio exterior, com o objetivo
fárias vem sendo reduzido. Como consequência, de impedir o estabelecimento de barreiras técnicas,
ampliou-se o estabelecimento das chamadas bar- através da assinatura, por parte de seus mais de 160
reiras não tarifárias, ou barreiras técnicas, como países-membros, do Acordo sobre Barreiras Técni-
ilustrado a seguir. cas ao Comércio (Technical Barriers to Trade – TBT).

17 | Avaliação da Conformidade - 6ª EDIÇÃO


O governo brasileiro, através da Resolução Muitas vezes, de forma unilateral e arbitrária,
Conmetro nº 05, de 4 de setembro de 1995, atri- estas barreiras técnicas são estabelecidas atra-
buiu ao Inmetro a competência pela coordena- vés da implantação de programas de avaliação
ção das atividades como centro de notificação de da conformidade. Entretanto, a contrapartida é
barreiras técnicas, denominado Ponto Focal de que a avaliação da conformidade é a forma mais
Barreiras Técnicas às Exportações. efetiva para a superação de barreiras técnicas e
regulação dos mercados.
A existência destes centros de informações, em
todos os países membros, signatários do Acordo, O grande desafio é utilizar os programas de
permite que os participantes do comércio interna- avaliação da conformidade como instrumentos
cional contem com uma rede de informações que reguladores de mercados, superando barreiras
disponibiliza o conhecimento antecipado das pro- técnicas e propiciando acesso aos mercados, em
postas de regulamentos técnicos e procedimentos de particular aos mais exigentes.
Avaliação da Conformidade notificados a OMC.

2.6 O Processo de Avaliaçãoda Conformidade

A avaliação da conformidade de um objeto • realizar ensaios;


qualquer, quando tratado sistemicamente, lan-
ça mão de um conjunto de técnicas de gestão • realizar inspeções;
da qualidade, com vistas a propiciar confiança
de que o objeto submetido a avaliação atende * interpretar os resultados dos ensaios ou
a requisitos estabelecidos em uma norma ou inspeções;
regulamento técnico.
• realizar auditorias no sistema de gestão da
Como já anteriormente mencionado, o qualidade do fornecedor;
grande desafio ao se criar um programa de
avaliação da conformidade é selecionar um * realizar auditorias de acompanhamento;
conjunto mínimo destas técnicas de gestão da
qualidade, suficientes para propiciar confiança * definir sistemática de tratamento das não
na conformidade, mas com o melhor custo/ conformidades eventualmente identificadas.
benefício para as partes interessadas.
• avaliar e acompanhar o produto no mercado.
Esse processo sistematizado de avaliação
da conformidade normalmente envolve, entre Pelo exposto, cabe destacar que um progra-
outras ações: ma de avaliação da conformidade tem um mo-
mento de avaliação inicial da conformidade do
• selecionar norma ou regulamento; objeto, que é continuado por um conjunto de
ações de acompanhamento e controle para que
• coletar amostras; o gestor do programa possa se certificar de
que o produto está efetivamente sendo posto
* efetuar análise de tipo; no mercado em conformidade com as regras
para ele estabelecidas. Esta fase de acompa-
* selecionar o laboratório responsável pelos nhamento e controle é certamente mais com-
ensaios; plexa do que a da avaliação inicial e, portanto,
exige maior grau de sistematização.

18 | Avaliação da Conformidade - 6ª EDIÇÃO


3 CLASSIFICAÇÃO DA ATIVIDADE DE
AVALIAÇÃO DA CONFORMIDADE

A classificação a seguir tem como finalidade midade, particularmente, quanto aos agentes
facilitar o entendimento quanto a forma como econômicos envolvidos, bem como quanto a
é conduzida a atividade de avaliação da confor- sua aplicação.

3.1 Quanto ao Agente Econômico

Dependendo de quem realiza a avaliação e, dor, da competência técnica da organização que


portanto, tem a responsabilidade de atestar a con- atesta a conformidade para processar a avaliação
formidade, a atividade de avaliação da conformi- da conformidade de produtos, processos, servi-
dade pode ser classificada como: ços, sistemas de gestão ou pessoal.

• De primeira parte: quando é feita pelo fabri- Está sendo introduzida no Brasil a figura do or-
cante ou pelo fornecedor; ganismo designado, uma alternativa complementar
à acreditação, de uso restrito a situações excepcio-
• De segunda parte: quando é feita pelo com- nais, conforme será descrito posteriormente. A de-
prador/cliente; signação é poder de Estado, normalmente feita por
uma autoridade regulamentadora.
• De terceira parte: quando é feita por uma
organização com independência em relação ao No Sistema Brasileiro de Avaliação da Confor-
fornecedor e ao cliente, não tendo, portanto, in- midade, o organismo acreditador oficial é o Inme-
teresse na comercialização do produto. tro e os programas de avaliação da conformidade
obedecem às políticas e diretrizes do Sistema Na-
Quando o processo de avaliação da conformi- cional de Metrologia, Normalização e Qualidade
dade é realizado por uma terceira parte, o agente Industrial (Sinmetro), bem como às práticas in-
econômico, ou seja, a organização que atesta a ternacionais, baseadas em requisitos estabelecidos
conformidade, deve ser acreditado. A acreditação pela International Organization for Standardiza-
é o reconhecimento, por um organismo acredita- tion (ISO), entidade normalizadora internacional.

3.2 Quanto ao Campo de Utilização

A Avaliação da Conformidade pode ser utili- A avaliação da conformidade é voluntária quan-


zada voluntária ou compulsoriamente. Ela é uma do parte de uma decisão do fornecedor. A avalia-
atividade de caráter compulsório e exercida pelo ção da conformidade voluntária agrega valor ao
Estado, através de uma autoridade regulamenta- produto, representando uma importante vantagem
dora, por meio de um instrumento legal, quando competitiva em relação aos concorrentes. Esse pro-
se entende que o produto, processo ou serviço cedimento é usado por fabricantes ou importado-
pode oferecer riscos à segurança do consumidor res, como meio de informar e atrair o consumidor
ou ao meio ambiente ou ainda, em alguns casos, e, consequentemente, aumentar sua participação
quando o desempenho do produto, se inadequa- no mercado. A importância da avaliação da con-
do, pode trazer prejuízos econômicos à sociedade. formidade no campo voluntário vem crescendo no

19 | Avaliação da Conformidade - 6ª EDIÇÃO


mercado internacional, como forma de superar bar- Outra característica que deve ser ressaltada é
reiras técnicas ou de acesso a mercados exigentes. que o regulamento técnico pode referenciar uma
norma técnica, tornando seus critérios, ou par-
Os programas de Avaliação da Conformi- te deles, a princípio voluntários, como de caráter
dade compulsórios têm como documento de compulsório. Tanto quanto possível, o regula-
referência um regulamento técnico, enquanto mento deve basear-se em uma Norma Técnica,
os voluntários são baseados em uma norma. A tornando obrigatórios os requisitos ligados a pro-
principal diferença entre um regulamento téc- teção do cidadão, do meio ambiente e da nação.
nico e uma norma é que o primeiro tem seu
uso obrigatório e, o segundo, voluntário. Nota: No que diz respeito ao atendimen-
to voluntário aos requisitos estabelecidos por
Enquanto o regulamento técnico é estabele- uma norma técnica, cabe destacar que o Brasil
cido pelo Poder Público, a norma é consensual, possui uma particularidade em relação aos de-
ou seja, estabelecida após ampla discussão pela mais países signatários dos acordos internacio-
sociedade e emitida por uma organização não nais em função da Lei nº 8.078, de setembro
governamental. No caso específico do Brasil, de 1990, o Código de Defesa do Consumidor,
a Associação Brasileira de Normas Técnicas - definir, em seu artigo 39, parágrafo VIII, que
ABNT, foi reconhecida, através da Resolução na ausência de regulamentos técnicos, os pro-
Conmetro nº 7, de 24 de agosto de 1992 como dutos devem ser colocados no mercado em
o Fórum Nacional de Normalização. conformidade com as normas técnicas.

20 | Avaliação da Conformidade - 6ª EDIÇÃO


4 MECANISMOS DE AVALIAÇÃO DA CONFORMIDADE

Aqui residem as maiores diferenças em termos objeto a ter a conformidade avaliada também de-
de terminologia e conceitos entre o Sistema Bra- vem ser consideradas. Além dos aspectos técni-
sileiro de Avaliação da Conformidade e a Nor- cos, outros como os sociais, os legais, os políticos,
ma ABNT NBR ISO/IEC 17000 – Avaliação da os econômicos e os ambientais, dentre outros,
Conformidade – Vocabulário e Princípios Gerais. também são considerados quando da seleção do
mecanismo de avaliação da conformidade mais
Enquanto no Sistema Brasileiro de Avaliação adequado às especificidades do objeto avaliado.
da Conformidade as ferramentas da qualidade
usadas para atestação da conformidade (certifica- Com base na análise destes aspectos é que se
ção, declaração da conformidade do fornecedor, determinará o agente econômico que realizará a
inspeção, e ensaio), na fase final do processo de avaliação (1ª parte ou 3ª parte), o mecanismo de
avaliação da conformidade, são chamadas de me- avaliação da conformidade, a compulsoriedade
canismos de avaliação da conformidade, a Nor- ou não da avaliação e as ferramentas de Avaliação
ma ABNT NBR ISO/IEC 17000 não faz esta da Conformidade que serão utilizadas.
distinção, denominando, genericamente, todas as
ferramentas da qualidade (exemplo: certificação, Por ferramenta de avaliação da conformidade
auditoria, amostragem, etc.) como “termos relati- entende-se todos aqueles instrumentos baseados
vos a avaliação da conformidade em geral”. nos quais o produto, processo ou serviço em
questão é submetido ao processo de avaliação,
Assim, no Sistema Brasileiro de Avaliação da para efeito da atestação final de sua conformidade.
Conformidade, a atividade de avaliação da con-
formidade possui diferentes mecanismos para ve- Algumas ferramentas frequentemente utiliza-
rificar a conformidade de um produto, processo das são:
ou serviço em relação aos critérios estabelecidos
por normas e regulamentos técnicos. • Ensaio de Tipo;

Os principais mecanismos de avaliação da • Ensaio de Rotina;


conformidade praticados no Brasil são: a certifi-
cação, a declaração da conformidade do fornece- • Avaliação do Sistema da Qualidade de Fabricação;
dor, a inspeção e o ensaio.
• Julgamento de um serviço executado;
Para a seleção do mecanismo de Avaliação da
Conformidade é necessário levar em considera- • Amostragem;
ção diversos aspectos relacionados às caracterís-
ticas do produto, processo ou serviço avaliado, • Auditoria.
como o risco oferecido em um eventual acidente
de consumo, o impacto e a freqüência da falha, Cabe ressaltar que, apesar de não ser co-
o volume de produção, a velocidade do aperfei- mum no Brasil, podem ser utilizados dife-
çoamento tecnológico no setor, o porte dos fa- rentes mecanismos concomitantemente para
bricantes envolvidos, a dispersão geográfica, o a avaliação da conformidade de um mesmo
impacto sobre a competitividade do produto, o objeto, em função de suas especificidades. Por
grau de dificuldade de seu acompanhamento no exemplo, na avaliação da conformidade de um
mercado, entre outros. vaso de pressão, pode-se utilizar a declaração
da conformidade para a fase do projeto, a cer-
Questões ligadas às particularidades do mer- tificação para o processo de fabricação e a ins-
cado interno e mercado internacional relativas ao peção para o produto final.

21 | Avaliação da Conformidade - 6ª EDIÇÃO


4.1 Certificação

A certificação de produtos, processos, servi- Modelo de Certificação 2 - Avaliação inicial


ços, sistemas de gestão e pessoal é, por definição, consistindo de ensaios em amostras retiradas no
realizada por terceira parte, isto é, por uma orga- fabricante, seguida de avaliação de manutenção
nização independente, acreditada pelo Inmetro, periódica através de coleta de amostra do pro-
para executar a avaliação da conformidade de duto no mercado. As Avaliações de Manutenção
um ou mais destes objetos. Ao acreditar um or- têm por objetivo verificar se os itens produzidos
ganismo de certificação, o Inmetro o reconhece após a atestação da conformidade inicial (emis-
competente para avaliar um objeto, com base em são do Certificado de Conformidade) permane-
regras preestabelecidas, na maior parte das vezes, cem conformes.
pelo próprio Inmetro.
Modelo de Certificação 3 - Avaliação inicial
• Certificação de Produtos, Processos ou consistindo de ensaios em amostras retiradas no
Seviços fabricante seguida de avaliação de manutenção
periódica através de coleta de amostra do produ-
Dependendo do produto, do processo pro- to na fábrica. As Avaliações de Manutenção têm
dutivo, das características da matéria prima, de por objetivo verificar se os itens produzidos após
aspectos econômicos e do nível de confiança a atestação da conformidade inicial (emissão do
necessário, entre outros fatores, determina-se o Certificado da Conformidade) permanecem con-
modelo de certificação a ser utilizado. formes. A manutenção pode incluir a avaliação
periódica do processo produtivo. (Fonte: adapta-
Os modelos mais utilizados são: da da ISO/IEC 17067/2013).

Modelo de Certificação 1a – Avaliação única. Modelo de Certificação 4 - Avaliação inicial


Nesse modelo, uma ou mais amostras do produto consistindo de ensaios em amostras retiradas no
são submetidas a atividades de avaliação da con- fabricante seguido de avaliação de manutenção
formidade, que podem consistir em ensaio, ins- periódica através de coleta de amostras do pro-
peção, avaliação de projeto, avaliação de serviços duto na fábrica e no comércio, combinados ou
ou processos, etc. Esse modelo não contempla a alternadamente, para realização das atividades de
etapa de manutenção. A avaliação da conformi- avaliação da conformidade. As Avaliações de Ma-
dade do objeto é efetuada uma única vez, e os nutenção têm por objetivo verificar se os itens
itens subsequentes de produção não são cobertos produzidos após a atestação da conformidade
pelo Certificado de Conformidade emitido. inicial (emissão do Certificado da Conformidade)
permanecem conformes. A manutenção pode in-
Modelo de Certificação 1b – Ensaio de lote. cluir a avaliação periódica do processo produtivo.
Esse modelo envolve a certificação de um lote (Fonte: adaptada da ISO/IEC 17067/2013).
de produtos. O número de unidades a serem en-
saiadas pode ser uma parcela do lote, coletada de Modelo de Certificação 5 - Avaliação inicial
forma aleatória, ou até mesmo, o número total de consistindo de ensaios em amostras retiradas no
unidades do lote (ensaio 100%). O Certificado de fabricante, incluindo auditoria do Sistema de Ges-
Conformidade é restrito ao lote certificado. tão da Qualidade, seguida de avaliação de manu-
tenção periódica através de coleta de amostra do
Nota - O Modelo de Certificação 1b subs- produto na fábrica e/ou no comércio, para realiza-
titui o Modelo de Certificação 7 e 8 da versão ção das atividades de avaliação da conformidade.
anterior do Vocabulário Inmetro de Avaliação As Avaliações de Manutenção têm por objetivo
da Conformidade. verificar se os itens produzidos após a atestação
da conformidade inicial (emissão do Certificado

22 | Avaliação da Conformidade - 6ª EDIÇÃO


da Conformidade) permanecem conformes. A tente, preocupada com a qualidade, com o meio
manutenção inclui a avaliação periódica do proces- ambiente, etc. e que seus empregados têm noção
so produtivo, ou a auditoria do SGQ, ou ambos. clara de como obter a qualidade, ou como preser-
(Fonte: adaptada da ISO/IEC 17067/2013). var o meio ambiente.

Modelo de Certificação 6 - Avaliação Inicial A certificação de sistemas de gestão pode abran-


consistindo de auditoria do Sistema de Gestão da ger a empresa como um todo, ou partes da mesma,
Qualidade ou inspeções, seguida de manutenção podendo limitar-se a um único departamento.
periódica. Esse modelo é aplicável, principalmen-
te, para a certificação de serviços e processos. As As normas ISO 9001 e ISO 14001 são ape-
Avaliações de Manutenção incluem a auditoria pe- nas as referências normativas para o processo de
riódica do SGQ e avaliação periódica do serviço certificação. A responsabilidade pela certificação
ou processo. é do organismo acreditado e do organismo acre-
ditador e não da ISO.
• Certificação de Sistemas de Gestão
No Anexo 1 é apresentado um texto sobre o
A certificação dos Sistemas de Gestão atesta a histórico e o estágio atual da Norma ISO 9001.
conformidade do sistema de gestão das empresas em
relação a requisitos normativos. Os sistemas clássi- • Certificação de Pessoal
cos são os sistemas de gestão da qualidade, certifica-
dos com base em critérios estabelecidos pela norma A certificação de pessoal avalia as habilidades,
ABNT NBR ISO 9001, e os sistemas de gestão am- os conhecimentos e as competências de algumas
biental, certificados conforme as normas da série ocupações profissionais e pode incluir, entre ou-
NBR ISO 14001. Mais recentemente, destacam-se tras, as seguintes exigências:
a publicação da ABNT NBR ISO 22000, voltada
para a área de alimentos, ABNT NBR 16001, que * Formação: a exigência de certo grau de
tem foco na Responsabilidade Social das empresas, escolaridade: visa assegurar um adequado nível
ABNT NBR ISO 31000, Gestão de Riscos – Prin- de capacitação;
cípios e Diretrizes e a da ABNT NBR 27001, para
sistemas de Gestão da Segurança da Informação. * Treinamentos: considera a carga horária e
de programas de treinamento, estágios, participa-
Há, no entanto, outros sistemas de gestão, ção em eventos como congressos, etc, aos quais
também passíveis de certificação, oriundos de ini- o profissional tenha sido submetido;
ciativas setoriais, como os sistemas baseados em
normas do setor automobilístico ou de telecomu- * Experiência Profissional: a experiência
nicações, como a QS 9000, AVSQ 94 e TL 9000. prática em setor específico permite maior com-
preensão dos processos envolvidos e identifica-
A filosofia das normas de gestão é, em geral, a ção rápida das oportunidades de melhorias;
de induzir à organização por processos, enfatizan-
do as ações de prevenção de defeitos. No entanto, * Habilidades e Conhecimentos Teóricos e
as normas de sistemas de gestão não ditam qual o Práticos: a capacidade de execução é essencial
produto a ser produzido ou como produzi-lo, mas para atuar e desenvolver-se na atividade.
apenas como estruturar os sistemas de gestão da
organização, de forma a assegurar a repetibilida- Os programas de certificação de pessoal nor-
de dos resultados obtidos, no que diz respeito, em malmente estabelecem pré-requisitos aos profis-
particular, ao parâmetro qualidade. sionais candidatos a certificação, em termos de
exigência de formação e experiência profissional
A certificação de sistemas de gestão propicia mínimas, podendo ser complementadas por exa-
que a organização funcione de maneira consis- mes teóricos ou práticos. Normalmente, exige-se

23 | Avaliação da Conformidade - 6ª EDIÇÃO


do candidato com pouca formação maior expe- Reparador polivalente ou can-fix-it
riência profissional e vice-versa. Os exames prá-
ticos são normalmente efetuados para avaliação Agência de Viagens
das habilidades do profissional candidato.
Agente de Viagens
Os programas de certificação de pessoal de-
vem ser implementados precedidos de análise Gerente de Agência de Viagens
de seus impactos, principalmente sociais, deven-
do-se observar cuidados no sentido de não alijar Soldagem
profissionais no mercado, mas sim de induzi-los
ao aperfeiçoamento profissional. Nesse sentido, Inspetor de Soldagem Nível 1 e 2
os resultados dos exames devem ser oferecidos
aos profissionais, que alcançaram ou não a cer- Tubos e Conexões de Polietileno PE80 e
tificação, por se constituírem em um importante
referencial para planejar o seu desenvolvimento, PE100 – Qualificação de Soldador
reforçando seus pontos fortes e minimizando
suas carências de conhecimentos. Alimentos e Bebidas

No Brasil, são certificados, por exemplo, de Commis


forma voluntária, os profissionais que atuam nas
seguintes áreas: Cozinheiro em função polivalente

Meios de Hospedagem Sommelier

Recepcionista em função polivalente Pizzaiolo

Recepcionista em função especializada Churrasqueiro

Chefe de Reservas Maitre

Gerente dos Meios de Hospedagem Garçom em função polivalente

Atendente de Reservas Garçom em função especializada

Chefe de Recepção Chefe executivo de cozinha

Chefe de Governança Confeiteiro

Capitão-porteiro Bartender

Gerente de Camping Financeira

Concierge Caixa

Mensageiro Ensaios Não Destrutivos

Auditor Noturno Inspetor de gamagrafia

Camareira ou Arrumador Inspetor de líquido penetrante

24 | Avaliação da Conformidade - 6ª EDIÇÃO


Inspetor de partículas magnéticas Instalador de pisos laminados melamínicos de
alta resistência
Inspetor de ultrassom
Impermeabilizador
Manutenção
Instalador predial e de manutenção de tubulação de gás
Qualificação e Certificação de Instrumentista
Operador de medidores de gás
de manutenção
Instalador convertedor e mantenedor de apare-
Mecânico lhos a gás

Caldeireiro Profissionais de Controle Tecnológico de Concreto

Eletricista Auxiliar;

Profissionais da área da Construção Civil e Laboratorista I e II;


Urbanitários
Tecnologista;
Assentador e rejuntador de placas cerâmicas e por-
celanato para revestimentos Inspetor.

4.2 Declaração da Conformidade do Fornecedor

Este mecanismo de Avaliação da Conformi- to, descrição de um processo, sistema de gestão,


dade é o processo pelo qual um fornecedor, sob pessoa ou organismo e/ou outra informação su-
condições pré-estabelecidas, dá garantia escrita plementar pertinente);
de que um produto, processo ou serviço está em
conformidade com requisitos especificados, ou d) relatório de conformidade;
seja, trata-se de um modelo de Avaliação de Con-
formidade de 1ª parte. e) uma lista completa e clara das normas ou ou-
tros requisitos especificados, assim como as op-
O conteúdo mínimo que deve constar na de- ções selecionadas, se existirem;
claração, de acordo com ABNT NBR ISO/IEC
17050 Avaliação da Conformidade - Declaração f) data e local da emissão da declaração de con-
de conformidade - Parte 1: Requisitos Gerais, in- formidade;
clui os seguintes aspectos:
g) assinatura (ou sinal equivalente da validação),
a) identificação única da declaração de confor- nome e função da(s) pessoa(s) autorizada(s) a agir
midade; em nome do emitente;

b) nome e endereço de contato do emitente da h) qualquer limitação na validade da declaração


declaração de conformidade; de conformidade

c) identificação do objeto da declaração de No âmbito do Sistema Brasileiro de Avaliação


conformidade (por exemplo, nome, tipo, data da Conformidade - SBAC, a declaração de con-
de produção ou n° do modelo de um produ- formidade do fornecedor é um mecanismo de

25 | Avaliação da Conformidade - 6ª EDIÇÃO


avaliação aplicado a produtos, processos ou servi- a) Isqueiros descartáveis a gás;
ços que ofereçam de médio a baixo risco à saúde
e segurança do consumidor e do meio ambiente. b) Oficinas instaladoras de sistemas de GNV,
para utilização em veículos bi-combustível;
A Declaração de Conformidade do Forne-
cedor é uma intervenção mais branda e menos c) Cantoneiras de aço laminadas para torres de
onerosa nas relações de consumo, já que a in- transmissão de energia elétrica;
terferência externa (terceira parte) é eliminada.
Confere, também, maior agilidade no atendi- d) Oficinas de inspeção técnica e manutenção de
mento às demandas da sociedade por Avaliação extintores de incêndio;
da Conformidade.
e) Sistemas não metrológicos de registro de avan-
É importante destacar que a Declaração de ço de sinal;
Conformidade do Fornecedor, como todos os
programas de avaliação da Conformidade, é f) Oficinas reformadoras de pneus.
feita a partir de regras pré-estabelecidas, que
têm que propiciar adequado grau de confian- g) Serviços de Desgaseificação de Caminhões
ça na conformidade em relação a normas, tal Tanque.
como exigido para a avaliação da conformida-
de de terceira parte. Nesse sentido, quando da A declaração da conformidade do fornecedor
implantação de programas de primeira parte, vem também sendo utilizada no Sistema Brasilei-
tornam-se necessárias ações mais intensifica- ro de Avaliação da Conformidade em setores, em
das de avaliação no mercado, particularmente especial os de serviço, que carecem de um acom-
através da verificação da conformidade, que panhamento e controle mais efetivo do processo
consiste em retirar, em geral do mercado, pro- de avaliação da conformidade, difícil de ser exer-
dutos com conformidade avaliada e levar para cido pelo organismo de certificação, quando exe-
laboratório, de forma a verificar se estão che- cutados de forma dispersa, por micro e pequenas
gando ao mercado tal como declarados. empresas, em todo o território nacional.

Além disso, a aplicação da declaração da con- Nestes casos, o registro da declaração pelo
formidade do fornecedor de um determinado fornecedor está condicionado a verificações de
produto deve levar em consideração o histórico acompanhamento exercidas pelos órgãos esta-
da qualidade e o nível de maturidade nas relações duais de pesos e medidas, que atuam de forma de-
de consumo apresentados pelo setor. legada pelo Inmetro. A proximidade destes órgãos
em relação aos prestadores de serviços, propicia
A seguir são apresentados exemplos de maior facilidade no acompanhamento e controle
programas de avalição da conformidade, im- do processo de avaliação da conformidade, dimi-
plantados no âmbito do Sistema Brasileiro de nuindo a probabilidade das não conformidades
Avaliação da Conformidade - SBAC, que usam intencionais. Os setores de inspeção técnica e ma-
o mecanismo da declaração da conformidade nutenção de extintores de incêndio, bem como de
do fornecedor: reforma de pneus, são exemplos desta prática.

26 | Avaliação da Conformidade - 6ª EDIÇÃO


4.3 Inspeção

A inspeção é definida como: “Avaliação da Con- Os resultados da inspeção podem ter consequên-
formidade pela observação e julgamento, acompa- cias importantes para fornecedores e consumidores.
nhada, conforme apropriado, por medições, ensaios Por isso, a competência, a imparcialidade e a integri-
ou uso de calibres”. dade dos Organismos de Inspeção são vitais

A inspeção é o mecanismo de Avaliação da Con- • Competência: os organismos devem possuir


formidade muito utilizado para avaliar serviços, após pessoal qualificado e experiente.
sua execução. De um modo geral, os procedimentos
de medição, de uso de calibres e de ensaios são apli- • Imparcialidade: não deve existir interesse co-
cados nos instrumentos utilizados para execução do mercial por parte dos funcionários dos organismos
serviço a ser inspecionado. nos produtos, processos ou serviços inspecionados.

As atividades de inspeção podem incluir o en- • Integridade: está intimamente ligada ao respeito
saio de produtos, materiais, instalações, plantas, à confidencialidade das informações recebidas du-
processos, procedimentos de trabalho ou servi- rante a inspeção.
ços, durante todos os estágios de vida desses itens
e visam a determinação da conformidade em re- O mecanismo da inspeção é muito praticado na
lação aos critérios estabelecidos por regulamen- avaliação da conformidade de segunda parte, quan-
tos, normas ou especificações, e o subsequente do compradores a executam, quer seja quando o
relato de resultados. produto sai da fábrica ou quando da chegada nas
instalações do comprador.
A inspeção pode ser aplicada com foco em se-
gurança, desempenho operacional e manutenção No Brasil, as questões ligadas à segurança veicu-
da segurança, ao longo da vida útil do produto. lar, em particular aquelas que implicam em alterações
O objetivo principal é reduzir o risco do compra- das características originais dos veículos, utilizam lar-
dor, proprietário, usuário ou consumidor quando gamente os Programas de Avaliação da Conformi-
do uso do produto. dade que lançam mão do mecanismo de inspeção.

4.4 Ensaio

O Ensaio consiste na determinação de uma ou entidades de normalização. Podem ser divididos


mais características de uma amostra do produto, em duas principais categorias:
processo ou serviço, de acordo com um procedi-
mento especificado. É a modalidade de Avaliação • Laboratórios que produzem dados que serão
da Conformidade mais frequentemente utilizada utilizados por terceiros;
porque, normalmente, está associada a outros
mecanismos de avaliação da conformidade, em • Laboratórios para uso interno das organizações.
particular à inspeção e à certificação.
Para que exista confiança nos resultados, a
Os laboratórios de ensaios podem ser ope- qualidade e a repetibilidade do ensaio são re-
rados por uma variedade de organizações, in- quisitos essenciais. O Inmetro acredita labo-
cluindo agências governamentais, instituições de ratórios que atuam de acordo com requisitos
pesquisa e acadêmicas, organizações comerciais e internacionais reconhecidos. A acreditação

27 | Avaliação da Conformidade - 6ª EDIÇÃO


concedida pelo Inmetro é o reconhecimento peration (ILAC) e Interamerican Accredita-
formal de que o laboratório está operando um tion Cooperation (IAAC).
sistema da qualidade documentado e é tecni-
camente competente para realizar ensaios es- No final desta edição é apresentado, no
pecíficos, avaliados segundo critérios baseados Anexo 2, o quadro sobre a atividade de Avalia-
na NBR ISO/IEC 17025 e nas orientações do ção da Conformidade no Sinmetro.
International Laboratory Accreditation Coo-

5 FATORES CHAVE PARA O SUCESSO DA


ATIVIDADE DE AVALIAÇÃO DA CONFORMIDADE

Não há dúvida sobre a importância estratégi- so da atividade depende de alguns fatores chave
ca da atividade de avaliação da conformidade para que, se não observados, podem comprometer seus
qualquer país, tendo em vista seus impactos eco- resultados. Neste capítulo, são relatados os princi-
nômicos, ambientais e sociais. Entretanto, o suces- pais fatores chave para o sucesso da atividade.

5.1 Credibilidade

Este é o mais importante fator chave para o Esta confiança é alcançada através de uma
sucesso da atividade de avaliação da conformida- atuação com competência técnica, imparcia-
de, já que ele é uma consequência dos demais. lidade, isenção e transparência, em particular
Por definição “avaliar a conformidade é propiciar no que diz respeito ao envolvimento das partes
confiança”. Portanto, ele baseia-se na relação de interessadas, principalmente quando do estabe-
confiança entre as partes interessadas, ou seja, o lecimento das regras do programa de avaliação
acreditador; o regulamentador; o agente econô- da conformidade.
mico que atesta a conformidade, em geral, o cer-
tificador; o fornecedor e o consumidor.

5.2 Disponibilidade de Adequada Infraestrutura

Para que se exerça a plenitude da atividade de dústria. No campo da química e da biologia, estes
avaliação da conformidade em qualquer país, faz- padrões são denominados Materiais de Referên-
se necessária a criação de uma adequada infraes- cia Certificados – MRC.
trutura, destacando-se:
• Acervo de normas técnicas atualizadas e
• Padrões metrológicos; alinhadas às internacionais;

Os padrões metrológicos devem contemplar O acervo de Normas Técnicas deve contem-


os primários, que servem de referência para a ca- plar, nesta ordem de prioridade, normas inter-
libração dos padrões dos laboratórios que, por nacionais, regionais ou nacionais, objetivando
sua vez, servem para calibrar os padrões da in- facilitar a aceitação dos resultados dos programas

28 | Avaliação da Conformidade - 6ª EDIÇÃO


de avaliação da conformidade, bem como seu re- • Programas de Avaliação da Conformidade,
conhecimento bilateral, regional ou multilateral. devidamente sistematizados;
A importância da norma técnica para a atividade
de avaliação da conformidade está associada a seu As regras dos programas de avaliação da con-
próprio conceito, que é o de propiciar a confiança formidade devem ser estabelecidas, tanto quanto
na conformidade de um objeto em relação a re- possível, envolvendo a participação das partes
quisitos definidos em uma base normativa. interessadas, na medida que melhora sua qualida-
de e facilita a implementação. Os Programas de
• Regulamentos técnicos, para os programas Avaliação da Conformidade devem contemplar o
no campo compulsório; que e como se dará a avaliação da conformidade
de um determinado objeto.
Os regulamentos técnicos devem ter foco nos
requisitos ligados a saúde, a segurança e ao meio • Profissionais Qualificados:
ambiente. Cabe aqui destacar a distinção do regu-
lamento técnico em relação a norma técnica. En- Em função da necessidade de manutenção da
quanto o regulamento técnico é de observância credibilidade da atividade de avaliação da con-
obrigatória, a norma é voluntária. formidade, é fundamental que os requisitos dos
Programas de Avaliação da Conformidade e os
• Laboratórios de calibração e ensaios; processos de acreditação de organismos e labo-
ratórios sejam conduzidos por profissionais de-
Os laboratórios devem contemplar os esco- vidamente habilitados, com competência técnica
pos dos vários setores produtivos e, tanto quanto reconhecida pelo Inmetro. Dado o caráter estraté-
possível, devem estar próximos às regiões pro- gico da atividade para o país é fundamental que se
dutoras das amostras a serem ensaiadas. Os re- invista em programas de capacitação profissional.
latórios de ensaios emitidos pelos laboratórios
constituem o principal insumo para a atestação • Agentes de acompanhamento no mercado;
da conformidade de um objeto através dos de-
mais mecanismos, quais sejam, a certificação, a Os agentes de acompanhamento no mercado
declaração do fornecedor e a inspeção. se fazem necessários para verificar se os produtos
chegam ao mercado observando as regras basea-
• Organismos certificadores; das nas quais tiveram sua conformidade avaliada,
propiciando então a adoção das medidas preventi-
Da mesma forma, os organismos certificado- vas, corretivas ou punitivas cabíveis.
res devem contemplar os vários escopos, bem
como, tanto quanto possível, devem estar situa- • Embasamento jurídico
dos próximos às regiões produtoras, objetivan-
do diminuir os custos do deslocamento dos seus O embasamento jurídico é indispensável para
auditores e das amostras a serem ensaiadas. Os conferir, em especial, a autoridade regulamentado-
organismos certificadores. ra e fiscalizadora, quando a avaliação da conformi-
dade se dá no campo compulsório.

29 | Avaliação da Conformidade - 6ª EDIÇÃO


5.3 Boas Práticas de Normalização e Regulamentação Técnica

Em primeiro lugar, é importante que se tenha interesse do Estado, em particular os ligados às


o entendimento de que o atendimento à norma é questões de saúde, segurança e meio ambiente.
de caráter voluntário, enquanto o atendimento ao
regulamento técnico é compulsório. A interação entre a norma e o regulamento deve
ser harmonizada. Em existindo regulamento preli-
Há que se ter reconhecido em cada país um minarmente elaborado, a norma, se elaborada, deve
fórum nacional de normalização, bem como auto- guardar total compatibilidade com o mesmo. O
ridades públicas, com poderes para regulamentar. regulamento, ao basear-se em uma norma existen-
te, deve limitar-se a definir os requisitos ligados às
As normas devem ser estabelecidas a partir questões de segurança, saúde e meio ambiente.
do consenso dos vários segmentos da sociedade
interessados no tema. Podem ter foco na classi- Mais informações sobre esse tema podem ser en-
ficação, padronização, qualidade e desempenho contradas no Guia de Boas Práticas de Regulamen-
dos produtos e até mesmo em requisitos volta- tação (GBPR), um material elaborado pelo Comitê
dos para a segurança e saúde do cidadão, bem Brasileiro de Regulamentação, uns dos Comitês Téc-
como para a proteção ao meio ambiente. Já os nicos Assessores do Conmetro, por meio da Reso-
regulamentos devem limitar-se aos requisitos de lução Conmetro nº 05, de 18 de dezembro de 2007.

5.4 Equilíbrio entre Custo-Benefício da Avaliação da


Conformidade

Este fator chave para o sucesso da atividade de gestão da qualidade (auditorias, acreditação,
de avaliação da conformidade vai ao encontro do calibração, ensaios, amostragem etc.) maior é o
próprio conceito de avaliação da conformidade. grau de confiança alcançado na conformidade do
São inegáveis os benefícios da avaliação da con- produto, mas também maior será o custo, ou me-
formidade de um produto em termos de prote- lhor, o investimento necessário.
ção dos consumidores e da concorrência, bem
como em termos de propiciar acesso a mercados, Portanto constitui-se um fator chave para o
somente para citar alguns, mas, para alcançá-los, sucesso da atividade de avaliação da conformida-
há um investimento a ser feito. de o estabelecimento de procedimentos que le-
vem ao melhor equilíbrio entre seu custo e seus
Num procedimento de avaliação da conformi- benefícios para a sociedade.
dade, quanto mais se lança mão das ferramentas

5.5 Envolvimento das Partes Interessadas

A importância do envolvimento das par- termos de sistematização do programa, como


tes interessadas, quando do estabelecimento de também uma maior facilidade de implementa-
programas de avaliação da conformidade, já foi ção, até pelo maior comprometimento das partes
comentada anteriormente. A maior participação interessadas. Estes processos participativos são
promove maior qualidade do resultado final, em também muito ricos em termos de aprendizado

30 | Avaliação da Conformidade - 6ª EDIÇÃO


e difusão de conhecimento sobre a atividade de tidades representativas dos setores produtivos,
avaliação da conformidade. entidades públicas e civis de defesa dos consu-
midores, governo, autoridades regulamentado-
São atores essenciais no estabelecimento de ras e meio acadêmico. O ideal é que se alcance
programas de avaliação da conformidade as en- uma participação paritária destas partes.

5.6 Selos de Identificação da Conformidade

A atestação da conformidade de um produto O fator chave de sucesso na identificação


ou objeto qualquer dá-se de diferentes formas. O da conformidade é fazer uma gestão cuidado-
selo de identificação da conformidade, como é sa da marca, de forma a protegê-la contra a
hoje genericamente chamado no âmbito do Sis- vulgarização e objetivando conferir total cre-
tema Brasileiro de Avaliação da Conformidade é dibilidade ao mesmo. Neste sentido, esforços
a evidência dessa atestação e pode se apresentar devem ser empreendidos objetivando evitar
das seguintes maneiras: falsificações e uso indevido ou abusivo. A Por-
taria Inmetro nº 274/14 é um exemplo de le-
a) Etiqueta colada no produto; gislação sobre estas questões.

b) Layout desenhado na embalagem do produto; Em 2006, foi elaborada a primeira versão


do Manual de Aplicação dos Selos de Identi-
c) Layout desenhado em alto relevo no produto; ficação da Conformidade, e, em 2014, foi pu-
blicado o catálogo das marcas, dos símbolos,
d) Certificado impresso em papel; dos selos e das etiquetas do Inmetro. Um dos
principais produtos desse material é apresentar
e) Listagem impressa; o conjunto dos selos que são apostos aos pro-
dutos com conformidade avaliada. Esses selos
f) Banco de dados informatizado. têm a finalidade de esclarecer o consumidor
sobre o foco do programa (saúde, segurança,
Em geral, no selo de identificação da conformi- desempenho, conformidade, sustentabilida-
dade, consta o logo do certificador ou organização de e meio ambiente), distinguir os programas
inspetora. Logicamente, quando a avaliação dá-se compulsórios dos voluntários e os de avaliação
por terceira parte. Freqüentemente, consta o logo do por primeira parte dos de avaliação por tercei-
regulamentador e, eventualmente, o do acreditador. ra parte.

No caso específico do Sistema Brasileiro de A seguir, são apresentados alguns dos selos
Avaliação da Conformidade, a versão mais recente de identificação da conformidade criados com
das regras para o uso do selo de identificação da o objetivo de identificar cada um dos mecanis-
conformidade foram estabelecidas pela Portaria mos de Avaliação da Conformidade existentes
Inmetro nº 274, de junho de 2014, que pode ser e praticados, nacional e internacionalmente.
visualizada no sítio www.inmetro.gov.br.

31 | Avaliação da Conformidade - 6ª EDIÇÃO


Ressalta-se ainda que, quando o programa de O uso da etiqueta para destacar o desempenho
Avaliação da Conformidade tem caráter compul- de produtos vem sendo cada vez mais freqüente,
sório, a marca do Inmetro aparece no lado direito sendo um poderoso mecanismo de conscientiza-
do selo e é maior que a marca do organismo certi- ção dos consumidores.
ficador. Enquanto que nos programas voluntários,
é a marca do organismo certificador que aparece No Brasil, a etiquetagem tem se destacado
do lado direito e tem destaque maior. No selo de como instrumento para redução do consumo de
Declaração da Conformidade do Fornecedor de- energia elétrica em eletrodomésticos da chamada
verá ser usada a marcação RTB, junto com a mar- linha branca (refrigeradores, congeladores, apare-
ca Inmetro, conforme preconiza a Resolução nº lhos condicionadores de ar doméstico, etc.) e em
04 do Conmetro, de 16 de dezembro de 1998. outros produtos como lâmpadas e chuveiros elé-
tricos. Vem sendo também largamente utilizada
Cabe ainda destacar que, com a entrada em vi- em fornos fogões e aquecedores de passagem a
gor da Portaria Inmetro nº 73/06, hoje Portaria nº gás, como forma de estimular a redução do con-
274/14, os produtos objeto de certificação volun- sumo de combustível. E ainda em lâmpadas in-
tária, que não possuem Requisitos de Avaliação da candescentes, compactas e led, incluindo também
Conformidade (RAC), ou seja, para os quais não as respectivas luminárias led. Mais recentemente
foi desenvolvido programa de avaliação da con- a etiquetagem passou a ser utilizada para ranquear
formidade, não podem ostentar o selo de identi- o desempenho energético, ou seja, o consumo de
ficação da conformidade desde janeiro de 2007. combustíveis de veículos de passeio.

Devem ser destacadas as etiquetas utilizadas Vem ainda sendo desenvolvidos programas
na atestação do desempenho, particularmente o de avaliação do consumo hídrico de chuveiros,
energético, de objetos. torneiras e sistemas de descarga sanitária. Cabe
ainda destacar como Programas de etiquetagem
A etiquetagem é uma forma de atestar o de- em desenvolvimento o de geradores eólicos de
sempenho de um objeto, na maior parte das pequeno, médio e grande porte.
vezes consumidor de energia. Representa uma
informação qualificada, importante de ser usa- Outro exemplo de etiquetagem utilizada no
da pelo consumidor quando de sua decisão de Brasil é o Selo Ruído, que informa o nível de ruí-
compra, não se limitando a considerar somente do emitido por liquidificadores, secadores de ca-
o preço do objeto, mas também seu desempenho belo e aspiradores de pó.
energético. A etiquetagem pode usar mecanis-
mo de Avaliação da Conformidade de primeira A etiqueta, principalmente quando associada
ou terceira parte, em que, através de ensaios, é ao estabelecimento de metas de desempenho, re-
determinada e informada ao consumidor uma presenta um instrumento importante para a re-
característica do produto, especialmente relacio- dução do consumo de energia no país, visto que
nada ao seu desempenho. estimula um constante aprimoramento tecnológi-

32 | Avaliação da Conformidade - 6ª EDIÇÃO


co na fabricação de equipamentos a serem colo- Via de regra, a etiquetagem fornece impor-
cados no mercado nacional, incentivando a oferta tantes informações para a decisão de compra por
ao consumidor de equipamentos com melhor de- parte do consumidor, devendo ser consideradas
sempenho energético e elevando, em consequên- juntamente com outras variáveis como: a qualida-
cia, a qualidade aos níveis internacionais. de, a segurança, os aspectos ambientais e o preço.

5.7 Acompanhamento no Mercado

O crescimento da importância da atividade de países que não tem um bom sistema de vigilância
avaliação da conformidade nos dias atuais é incon- de suas fronteiras, não raramente um produto ava-
testável. De seu objetivo inicial de proteção ao ci- liado que se mostrou conforme, quando da colo-
dadão, passando pela proteção ao meio ambiente e cação no mercado, seu produtor modifica algo no
à concorrência justa entre as empresas, chegou ao produto, de forma a produzi-lo com menor custo
estágio atual, quando tornou-se fator decisivo para e levar uma vantagem em relação a concorrência,
o comércio internacional. A atividade de avaliação mas isto invariavelmente faz com que o produto
da conformidade de produtos e serviços ganhou deixe de atender aos requisitos do programa, tor-
importância estratégica para países, em particular nando-se portanto não conforme.
pelos seus impactos econômicos e sociais.
O mais comum é que o acompanhamen-
Entretanto, duas questões são permanente- to no mercado seja focado em produtos ou
mente discutidas e objeto de preocupações quan- serviços regulamentados, que tiveram sua
do do estabelecimento de programas de avaliação conformidade avaliada compulsoriamente.
da conformidade. A primeira diz respeito às prá- Entretanto, nada impede, e existem iniciativas
ticas de elaboração de normas, de regulamentos e neste sentido, que seja conduzido para produ-
de procedimentos de avaliação da conformidade, tos avaliados no campo voluntário, bem como
no sentido de não criarem obstáculos desnecessá- para produtos não submetidos a programas de
rios ao comércio. Uma outra grande preocupação avaliação da conformidade.
é a questão do acompanhamento no mercado dos
produtos com conformidade avaliada, no sentido No âmbito do Sistema Brasileiro de Ava-
de se assegurar que cumprem seus objetivos, em liação da Conformidade, são mais comumente
particular no que diz respeito a proteção do cida- praticadas duas modalidades de avaliação da
dão e da concorrência, com o menor custo possí- conformidade. Na Fiscalização observa-se so-
vel para a sociedade. mente a presença do Selo de Identificação da
Conformidade, já que os produtos com con-
Em relação a esse tema, a primeira grande formidade avaliada compulsoriamente, têm
questão a ser debatida é o conceito de acompa- que necessariamente ostentar este selo, antes
nhamento no mercado (ou market surveillance, de serem postos no mercado. Já na modalidade
em inglês) que deve ser entendido como “a cria- de Verificação da Conformidade, os produtos
ção de uma sistemática que avalie se os produtos presentes no mercado que ostentam o Selo de
chegam ao mercado preservando os requisitos Identificação da Conformidade são coletados
atendidos pelo fornecedor”. nos pontos de venda, de forma a verificar atra-
vés de ensaios em laboratórios acreditados se
Com o advento da economia globalizada, que chegam ao mercado tal como tiveram sua con-
promove um intenso e muita das vezes facilitado formidade preliminarmente avaliada.
fluxo dos produtos entre os vários países, frequen-
temente, e isto ocorre não só no Brasil, mas em O grande debate sobre a questão do acom-
vários cantos do mundo, mas em especial naqueles panhamento no mercado diz respeito aos seus

33 | Avaliação da Conformidade - 6ª EDIÇÃO


objetivos. Não são poucos os entendimentos, Metrologia Legal e Qualidade-Inmetro, são en-
contemplando, em geral, ações de controle, mas viadas aos laboratórios acreditados pelo Inmetro
também ações voltadas para o aperfeiçoamento para que sejam submetidas aos ensaios previstos
dos procedimentos de avaliação da conformidade. pelo regulamento técnico.

Os principais objetivos praticados isolada- De posse dos resultados, e caso seja identifica-
mente ou em conjunto são: da a necessidade, o Inmetro articula-se com o se-
tor produtivo, com os órgãos reguladores e com
a) Aperfeiçoar os procedimentos de avaliação os organismos acreditados para a certificação do
da conformidade; produto no sentido de definir ações de melhoria
e prazos para a sua implementação.
A utilização de ações de acompanhamen-
to no mercado objetivando identificar opor- Cabe destacar que são avaliados apenas
tunidades de introduzir aperfeiçoamentos nas aqueles requisitos considerados essenciais, ou
práticas de avaliação da conformidade de um seja, apenas aqueles fortemente relacionados a
produto ainda é rara no Brasil, e até mesmo saúde, a segurança e ao meio ambiente.
pelo mundo afora.
Em resumo, o programa de Verificação da
No que diz respeito à atividade do Inmetro, Conformidade tem como conseqüências os se-
esse mapeamento do mercado, realizado em guintes aspectos:
nível nacional, tem como finalidade subsidiar
o regulamentador e o setor produtivo com da- • verificar a conformidade dos produtos e
dos estatísticos que, quando analisados, per- serviços regulamentados e com conformidade
mitam identificar e implementar melhorias no avaliada compulsoriamente em relação às nor-
Programa de Avaliação da Conformidade, no mas e regulamentos técnicos;
intuito de corrigir eventuais não conformida-
des detectadas durante os ensaios. • criar subsídios para a indústria nacional me-
lhorar continuamente a qualidade de seus pro-
De posse dos resultados da verificação de dutos, facilitando a exportação;
cada produto e havendo um índice de não con-
formidade que não propicie o adequado grau • diferenciar os produtos disponíveis no
de confiança de que o produto esteja em con- mercado nacional em relação à sua qualidade,
formidade com o regulamento, é realizada uma tornando a concorrência mais equalizada e
análise crítica objetivando identificar as ações protegendo o mercado interno;
de melhoria cabíveis. Essas ações de melhoria
podem variar desde a revisão da norma ou do • conscientizar os participantes do Programa,
regulamente, a necessidade de implementação incluindo a sociedade, da importância efetiva
de melhorias pelos fabricantes ou nos requisi- dos processos de melhoria da qualidade para a
tos do programa de Avaliação da Conformi- indústria nacional.
dade estabelecidos pelo Inmetro ou ainda nos
organismos e laboratórios acreditados até o No âmbito do Inmetro, os Programas de
recolhimento do produto do mercado. Verificação da Conformidade, originalmen-
te criados com foco no aperfeiçoamento dos
A verificação da conformidade muitas das Programas da Avaliação da Conformidade,
vezes tem caráter preventivo, diferentemente da hoje são utilizados intensivamente para a reti-
fiscalização, outro mecanismo de acompanha- rada de produtos inseguros do mercado e para
mento no mercado, que tem caráter corretivo. As penalização de seus fornecedores, quando se
amostras, coletadas no mercado por intermédio constata que são praticadas não conformida-
dos órgãos que compõem a Rede Brasileira de des intencionais.

34 | Avaliação da Conformidade - 6ª EDIÇÃO


b) Contribuir para a concorrência justa; maior competitividade têm como fator comum
um consumidor com elevados patamares de
A globalização implicou no aumento da con- educação em relação à idéia de um consumo
corrência entre os países e entre as empresas, no sustentável consciente.
sentido de ocupar uma maior fatia deste mercado
globalizado. Essa maior participação implica em Entretanto, para que os consumidores exer-
maior geração de emprego e renda, ou seja, con- çam plenamente esse papel não basta seu nível
tribuir para o maior bem-estar social. Desconsi- de conscientização. Há que lhes fornecer infor-
derando as ações protecionistas eventualmente mações sobre os produtos postos no mercado.
existentes, a forma mais efetiva para a conquista Nesse sentido, as diferentes formas de atestação
de mercados é através da competitividade, esta da conformidade, o acompanhamento no merca-
depende de fatores como qualidade e produtivi- do dos produtos com conformidade avaliada e a
dade, carga tributária, infraestrutura existente no formação de um banco de dados com o históri-
país, dentre outros. co da conformidade dos produtos em relação às
normas ou regulamentos técnicos aplicáveis, esta
A colocação de produtos no mercado com a como forma de minimizar a assimetria das infor-
chamada não conformidade intencional torna a mações, constituem uma poderosa ferramenta, se
concorrência desleal para os países ou empresas considerado que os consumidores representam o
que produzem com rigorosa observância às nor- elo mais fraco nas relações de consumo.
mas ou regulamentos. Em muitos setores, onde a
prática da não conformidade intencional é uma Nesse sentido, vários órgãos de defesa dos
rotina, os programas de avaliação da conformida- consumidores, de caráter público ou privado, bem
de são demandados como uma tentativa de com- como autoridades regulamentadoras, exercem
bater estas práticas. programas de acompanhamento no mercado.

Em situações como essas, a atividade de ava- d) Impedir a entrada de produtos não conformes
liação de conformidade precisa ser complemen- nos mercados;
tada com uma ação de acompanhamento no
mercado. O acompanhamento no mercado dos Está associada a ações desenvolvidas, em ge-
produtos com conformidade avaliada, de forma ral, nos pontos de entrada dos produtos nos paí-
sistematizada, dificulta a colocação de produtos ses importadores, como forma de impedir sua
irregulares, à medida que propicia uma forma de internalização, evitando prejuízos à concorrência
identificá-los e retirá-los do mercado. Consequen- e aos consumidores.
temente, essas ações contribuem para evitar que
as empresas sérias sejam prejudicadas por aquelas Esta abordagem é chave no mercado globa-
que praticam as não conformidades intencionais, lizado. Em países com dimensão territorial e or-
que devem ser rigidamente punidas. ganização de mercado como o Brasil, torna-se
bastante difícil acompanhar os produtos impor-
c) Proteger os consumidores; tados no mercado após a saída dos portos e ae-
roportos. Neste sentido, mesmo em países mais
Um consumidor exigente, capaz de exercer desenvolvidos, onde prevalecem políticas públicas
plenamente seus direitos e responsabilidades, facilitadoras do comércio internacional, começa-
bem com tomar adequadas decisões de com- se a observar um certo retrocesso, aumentando as
pra, uso e descarte de produtos, é peça fun- restrições nos portos e aeroportos, imediatamente
damental no mercado globalizado. Ele é fator antes da internalização dos produtos no mercado.
decisivo no processo de indução da melhoria
da qualidade e produtividade, com conseqüen- Ainda como forma de dificultar a entrada,
te impacto na competitividade das empresas e através das fronteiras dos países, de produtos
países. Estudos evidenciam que os países com não conformes, a associação de regulamen-

35 | Avaliação da Conformidade - 6ª EDIÇÃO


tos técnicos com Programas de Avaliação da avaliada, chega-se ao requinte de falsificar inclu-
Conformidade e a exigência de anuência são sive os selos de identificação da conformidade.
instrumentos importantes. A anuência é con- Não há dúvida de que a exigência de avaliação da
cedida, e como consequência e obtenção de li- conformidade cria dificuldades para essas práticas
cença de importação, mediante a apresentação lesivas aos consumidores, à concorrência e aos
ao regulamentador do certificado de confor- países, que deixam de receber os devidos tributos.
midade. Ou seja, através da anuência o impor- Entretanto, o combate a estas práticas não pode
tador demonstra junto ao regulamentador que limitar-se a ações de regulamentação e estabele-
seu produto teve sua conformidade ao regu- cimento de programas de avaliação da conformi-
lamento técnico preliminarmente atestada, em dade, sendo imprescindível a adoção de rigorosas
geral antes do embarque. ações de acompanhamento no mercado.

e) Combate à pirataria Como conseqüência desses diferentes obje-


tivos, observa-se uma gama enorme de entendi-
Lamentavelmente, a falsificação de produtos mentos sobre o conceito de acompanhamento
é uma prática exercida em praticamente todo o no mercado, prevalecendo a ênfase corretiva
mundo. No caso de produtos com conformidade em detrimento da ênfase preventiva.

5.8 Disponibilidade de um Adequado Processo de


Tratamento de Reclamações e Denúncias

Mais do que criar, constitui-se um fator chave Neste sentido, é essencial que, em particular
de sucesso da atividade de avaliação da conformi- o acreditador, os certificadores e as autoridades
dade, o estímulo à prática de denúncias, reclama- regulamentadoras disponham de pessoal capaci-
ções, etc. por parte de todos os atores envolvidos. tado, bem como haja uma definição de responsa-
Estas ações, além de essenciais para a credibilidade bilidades, estímulo e valorização, em especial das
da atividade, devem ser vistas como uma excelen- denúncias e reclamações.
te oportunidade de aperfeiçoamento continuado
das práticas de avaliação da conformidade.

5.9 Educação e Informação

Mais um fator chave de sucesso da atividade de produto com conformidade avaliada, bem como
Avaliação da Conformidade é o alcance de um ade- com conhecimento sobre as responsabilidades e
quado nível de conhecimento, por parte de todas direitos dos diferentes atores.
as partes interessadas e impactadas pela atividade.
Relativamente ao Sistema Brasileiro de Avalia-
A disponibilidade de um adequado sistema de ção da Conformidade, na condição de órgão exe-
informações e a implementação de ações conti- cutivo central deste sistema, o Inmetro desenvolve
nuadas e sistematizadas de difusão de conheci- uma série de ações de incentivo e orientação, bem
mento propiciarão o engajamento de todas as como de capacitação, que podem ser encontradas
partes interessadas e, o que é mais importante, no seguinte endereço eletrônico: http://www.in-
com conhecimento sobre o significado de um metro.gov.br/qualidade/educacao.asp.

36 | Avaliação da Conformidade - 6ª EDIÇÃO


5.10 Acordos de Reconhecimento

A consagração em termos de reconhecimento • o uso de boas práticas de normalização, re-


da atividade de avaliação da conformidade está na gulamentação técnica e da avaliação da confor-
aceitação de seus resultados entre pares, particu- midade, de maneira que não criem obstáculos
larmente entre países. O reconhecimento mútuo desnecessários ao comércio;
entre os resultados de programas de avaliação da
conformidade, em particular de produtos, é um • a existência de uma estrutura de acreditação
instrumento facilitador das transações comerciais única e oficial no país, no caso do Brasil, repre-
entre os países. sentada pelo Inmetro;

Os acordos de reconhecimento podem ser • o uso preferencial de normas técnicas inter-


bilaterais, regionais (Mercosul, por exemplo), nacionais;
ou multilaterais. Os acordos de reconhecimen-
to podem ser feitos com base nas estruturas de • a prevalência de uma atitude de cooperação
acreditação (de organismo de certificação ou la- técnica entre os partícipes;
boratórios) ou entre programas de avaliação da
conformidade, reconhecendo-os como equiva- • a não criação de obstáculos desnecessários ao
lentes quanto aos seus resultados. comércio, qualquer que seja sua forma;

Os benefícios dos acordos de reconheci- • a disponibilidade de estrutura de acompa-


mento são inegáveis. Entretanto, não são fá- nhamento no mercado;
ceis de serem alcançados. Alguns fatores são
essenciais neste sentido: • a atuação imparcial, isenta e transparente, por
parte de todos os atores principais.
• a adoção de práticas internacionais no es-
tabelecimento dos programas de avaliação da O Brasil é membro dos fóruns internacionais
conformidade; mostrados na figura a seguir e, com alguns deles,
mantém acordo de reconhecimento:

37 | Avaliação da Conformidade - 6ª EDIÇÃO


IAF – International Accreditation Forum: fórum de de inspeção da Comunidade Européia. O Inmetro
reconhecimento multilateral de organismos acredita- mantém acordo bilateral de reconhecimento mútuo
dores na área de Sistemas de Gestão, congregando com a EA desde 2001.
dezenas de países membros, do qual o Brasil, através
do Inmetro, é signatário desde 1995. APLAC – Asia-Pacific Laboratory Accreditation
Cooperation: embora o Inmetro não mantenha
ILAC – International Laboratory Accreditation acordo bilateral com a cooperação que reúne os or-
Cooperation: cooperação internacional, de caráter ganismos de acreditação de laboratórios da comuni-
multilateral, que reúne organismos de acreditação de dade econômica da Ásia-Pacífico (APEC), todos os
laboratórios de calibração e ensaios. O Inmetro é sig- organismos membros da APLAC são signatários do
natário deste acordo desde 2000. acordo da ILAC e, portanto, aceitam os certificados
emitidos pelos laboratórios acreditados pelo Inmetro.
AAQG – Americas Aerospace Quality Group:
fórum de reconhecimento multilateral formado IAAC – Interamerican Accreditation Cooperation:
pelos maiores e mais importantes fabricantes e cooperação regional que reúne os organismos
fornecedores do segmento Aeronáutica e Espaço acreditadores das três Américas. Foi criado em no-
das Américas. vembro de 1996, por iniciativa do Inmetro, e atua
nas áreas de laboratórios de ensaio, calibração, de
OIML – Organisation Internacionale de Métrologie organismos de certificação de sistema, produtos e
Légale e BIPM – International Bureau of Weights pessoal e de organismos de inspeção.
and Measures: congregam os organismos nacionais
de metrologia legal e científica. PEFC: Programme for the Endorsement of Fo-
rest Certification Schemes: fórum fundado em Pa-
IPC – International Association for Personnel Cer- ris, França, em 1999, que congrega os programas
tification: atua, semelhantemente ao IAF e ao ILAC, nacionais de certificação de florestas e as indústrias
no campo de organismos de treinamento e certifica- do setor madeireiro e que tem como objetivo o
ção de pessoal. estabelecimento de critérios para a certificação do
sistema de manejo florestal.
EA – European Co-operation for Accreditation:
reúne os organismos acreditadores de laboratórios O Inmetro teve seu programa de Certificação Flo-
de calibração e ensaio, organismos de certificação de restal reconhecido pelo PEFC em outubro de 2005.
sistemas de gestão, produtos e pessoal, e organismos

é o nome com o qual


foi batizado o programa de
Avaliação da Conformidade

bem como da cadeia de


custódia dos produtos de

GLOBALGAP: este forúm, criado em 1997, originalmente chamava-se Eurepgap tratava-se de iniciativa
dos importadores europeus de frutas e hortaliças frescas pertencentes ao Euro-Retailer Produce Working
Group (EUREP), cujo objetivo é harmonizar as normas e procedimentos para o desenvolvimento das boas
práticas de agricultura (Good Agricultural Practice – GAP).

38 | Avaliação da Conformidade - 6ª EDIÇÃO


6 OUTRAS CONSIDERAÇÕES IMPORTANTES
SOBRE A ATIVIDADE DE AVALIAÇÃO DA
CONFORMIDADE

6.1 Fundamentos Básicos

A atividade de Avaliação da Conformidade apóia-se em dois fundamentos básicos, como mostrado


a seguir:

6.2 Infra-estrutura Necessária

Para que sejam implantados programas de c) Rede de Laboratórios Acreditados de Calibra-


Avaliação da Conformidade, conforme visto em ção e Ensaios;
capítulo anterior, algumas necessidades básicas
precisam ser atendidas: d) Organismos Acreditados para Avaliação da
Conformidade;
a) Padrões Metrológicos e Materiais de Referên-
cia Certificados- MRC; e) Acervo de Normas e Regulamentos;

b) Entidade Oficial de Acreditação de Organis- f) Mecanismos de Acompanhamento no Mercado.


mos e Laboratórios de Calibração e Ensaios;

39 | Avaliação da Conformidade - 6ª EDIÇÃO


6.3 Capacitação Básica para Implantação de Programas de
Avaliação da Conformidade

A implantação de Programas de Avaliação da • Análise da disponibilidade ou necessidade de


Conformidade precisa ser precedida do desen- criação de infra-estrutura para avaliação da con-
volvimento de algumas competências que são bá- formidade;
sicas, consistindo de:
• Desenvolvimento e implantação negociada
• Sistemática de identificação e priorização das de cada programa, envolvendo os diferentes seg-
demandas, envolvendo diferentes segmentos da mentos da sociedade impactados;
sociedade;
• Divulgação prévia do programa à sociedade e
• Análise de Impacto Regulatório (AIR) que en- assistência às partes impactadas quando de sua
volve a realização de estudos de viabilidade e dos implementação;
possíveis impactos sociais, ambientais e econômi-
cos provocados pela implantação de um progra- • Acompanhamento e avaliação no mercado,
ma de avaliação da conformidade; com vistas à retroalimentação do programa e cor-
reção de irregularidades;
• Metodologia para escolha do mecanismo de
avaliação da conformidade mais adequado às es- • Análise crítica, que deve ser feita a intervalos
pecificidades dos produtos, processos ou servi- não superiores a 5 anos, e eventual aperfeiçoa-
ços objeto da avaliação da conformidade; mento do Programa.

6.4 Implantação de Programas de Avaliação da


Conformidade

A implantação de programas de Avaliação da • Acreditação de laboratórios;


Conformidade deve ser conduzida na forma de
um projeto, composto das seguintes etapas: • Treinamento de pessoal para a fiscalização;

• Clarificação da demanda; • Divulgação às partes interessadas, em especial,


e à sociedade como um todo;
• Análise de impacto regulatório e avaliação
dos impactos sociais, ambientais e econômicos; • Emissão de Portaria implantando o Programa;

• Estruturação de comissão técnica (partes inte- • Avaliação periódica do produto disponibili-


ressadas/sociedade), que assessorará o desenvol- zado no mercado, a fim de verificar se o mes-
vimento do Programa; mo mantém as características originais, sob as
quais teve sua conformidade avaliada;
• Elaboração dos documentos normativos;
• Avaliação dos resultados do programa,
• Acreditação de organismos de avaliação da confrontando com os objetivos para os quais
conformidade; foi criado.

40 | Avaliação da Conformidade - 6ª EDIÇÃO


6.5 Passos para que um produto, processo ou serviço tenha
sua conformidade avaliada pelo mecanismo da Certificação

• Para que se obtenha a certificação de um pro- • Encaminhamento da recomendação de certifica-


duto, processo ou serviço, deve-se seguir os se- ção para a comissão de certificação do organismo
guintes passos: acreditado de certificação;

• Escolha do Organismo Acreditado de Certifi- • Elaboração e assinatura do instrumento contra-


cação (OAC); tual entre a empresa e o Organismo Acreditado de
Certificação que concede a licença para uso do selo
• Encaminhamento da solicitação de certificação; de identificação da conformidade;

• Encaminhamento da documentação do Siste- • Desenvolvimento das ações de acompanhamen-


ma de Gestão da Qualidade e demais documentos to e controle, também chamado de manutenção, do
exigidos para avaliação pelo Organismo Acredita- processo de certificação, previstas no Programa de
do de Certificação; Avaliação da Conformidade estabelecido, pelo Or-
ganismo acreditado, durante o período de vigência
• Análise da documentação pelo Organismo do instrumento contratual que concede a licença
Acreditado de Certificação; para o uso do selo de identificação da conformidade.

• Emissão, caso exista, dos Relatórios de Não Nota: Com base na seqüência exposta, convém
Conformidade da documentação; destacar que o processo de certificação, como qual-
quer outro processo de avaliação da conformidade
• Planejamento e realização da Auditoria na em- sistematizado, não é pontual, contemplando a cer-
presa solicitante pelo Organismo Acreditado de tificação inicial e as ações de acompanhamento e
Certificação; controle, que irão definir quanto a permanência ou
não da licença para o uso do selo de identificação da
• Emissão, caso existam, dos Relatórios de Não conformidade.
Conformidade da auditoria;
A figura a seguir ilustra o processo de avaliação
• Definição e implementação das ações corretiw- da conformidade pelo mecanismo da certificação,
wvas; no caso brasileiro.

41 | Avaliação da Conformidade - 6ª EDIÇÃO


6.6 Passos para que um produto, processo ou serviço tenha
sua conformidade avaliada pelo mecanismo da Declaração
da Conformidade do Fornecedor

Para registro de Declaração da Conformidade • Avaliação da completeza do processo de


do fornecedor de um produto, processo ou ser- avaliação da conformidade;
viço, devem ser observados os seguintes passos:
• Para o caso de serviços, Verificação de Acom-
• Escolha de laboratório acreditado; panhamento Inicial e de Manutenção, pelo In-
metro, nas instalações da empresa declarante;
• Ensaio do produto;
• Licenciamento para o uso do selo de iden-
• Obtenção do formulário e preenchimento da tificação da conformidade relativo ao registro;
Declaração do Fornecedor;
• Verificação da Conformidade exercida pelo In-
• Envio da Declaração com cópia dos documentos metro, a título de acompanhamento no mercado.
(laudo de ensaio, certificado do Sistema da Qualidade
- SQ, termo de compromisso, etc.) para o Inmetro;

7 ACREDITAÇÃO E DESIGNAÇÃO

Das ferramentas praticadas no campo da tornou importante o reconhecimento da compe-


avaliação da conformidade, a acreditação de or- tência de organismos capacitados para executar
ganismos e laboratórios é talvez a de maior im- a certificação de produtos, processos, serviços,
portância, justificando a criação de um capítulo sistemas de gestão e pessoal, além da inspeção
específico nesta publicação. e do ensaio, bem como dos laboratórios de cali-
bração, dos laboratórios de ensaios e dos orga-
A ampliação do escopo das atividades de nismos provedores de ensaios de proficiência.
terceira parte na Avaliação da Conformidade

7.1 Acreditação

A acreditação é o reconhecimento formal, Nesse esquema, o órgão acreditador acredita


concedido por um organismo autorizado, de que Organismos de Avaliação da Conformidade que,
a entidade foi avaliada, segundo guias e normas por sua vez, reconhecem a conformidade de um
nacionais e internacionais e tem competência téc- sistema de gestão, produto, processo, serviço ou
nica e gerencial para realizar tarefas específicas de pessoal. Essa estrutura pode ser visualizada na fi-
avaliação da conformidade de terceira parte. gura abaixo.

42 | Avaliação da Conformidade - 6ª EDIÇÃO


O Inmetro é no Brasil o organismo autorizado organização interna e para a sua atuação na acredi-
a executar a acreditação, já que a autoridade de tação das diversas organizações de terceira parte.
um organismo de acreditação é geralmente oriun-
da do governo. Acreditação não significa delegar No quadro a seguir são definidos os critérios
competência. Quando o Inmetro acredita, não usados pelo Inmetro, no âmbito do Sistema Bra-
significa que alguém está realizando essa ativida- sileiro de Avaliação da Conformidade, para a
de em nome do Inmetro. acreditação de organismos de avaliação da con-
formidade OAC.
O Inmetro adota os Guias Internacionais da
ISO e IEC que estabelecem os requisitos para sua

43 | Avaliação da Conformidade - 6ª EDIÇÃO


O processo de acreditação utilizado pelo Inmetro no âmbito do Sistema Brasileiro de Avalia-
ção da Conformidade está esquematizado a seguir.

As marcas e símbolos de acreditação utilizados pelo Inmetro no âmbito do Sistema Brasileiro de


Avaliação da Conformidade estão apresentados a seguir.

Na busca do reconhecimento internacional de Para manter a indispensável imparcialidade dos


sua estrutura de acreditação, o Inmetro represen- organismos acreditados, é usual ser vetada a partici-
ta o Brasil nos seguintes fóruns internacionais: pação destes nas atividades de consultoria. Da mes-
ma forma, o organismo acreditador não deve atuar
• IAF – International Accreditation Forum em consultoria ou no processo de certificação.

• IAAC – Interamerican Accreditation Coope- A seguir são apresentadas algumas categorias de


ration organismos acreditados, isto é, de entidades que con-
duzem e concedem a atestação da conformidade:
• ILAC – International Laboratory Accredita-
tion Cooperation • Organismos Acreditados de Certificação de
Sistemas de Gestão da Qualidade (OCS) – con-
• EA – European Co-operation for Accreditation duzem e concedem a certificação com base em
normas de gestão da qualidade (ABNT NBR
• AAQG – Americas Aerospace Quality Group ISO 9001);

44 | Avaliação da Conformidade - 6ª EDIÇÃO


• Organismos Acreditados de Certificação de O cumprimento de exigências e o rigor técni-
Produto (OCP) – conduzem e concedem a certifi- co conferem credibilidade às atividades de Ava-
cação de produtos nas áreas voluntária e compul- liação da Conformidade desenvolvidas em cada
sória, com base em normas nacionais, regionais e país, sendo a credibilidade um pré-requisito para
internacionais ou em regulamentos técnicos; o ingresso de produtos, processos ou serviços
importados nos principais mercados.
• Organismos Acreditados de Certificação de
Sistema de Gestão Ambiental (OCA) – condu- Para usar a Avaliação da Conformidade no
zem e concedem a certificação com base na nor- sentido de incentivar as exportações, a articu-
ma de gestão ambiental (ABNT NBR ISO 14001) lação internacional é essencial. É importante
que essa articulação inclua uma forte atuação
• Organismos Acreditados de Certificação de internacional dos organismos de acreditação
Pessoal (OPC) – conduzem e concedem a certifi- nacionais nos fóruns internacionais, como
cação de pessoal; o IAF (International Accreditation Forum),
buscando o reconhecimento de seu sistema de
• Organismos de Inspeção Acreditados (OIC) – acreditação nas suas diversas modalidades.
conduzem inspeções em produtos, processos ou
serviços e emitem laudos relatando os resultados; No Brasil, o Inmetro é o único organismo
acreditador reconhecido pelo Sistema Nacio-
• Organismos de Verificação de Desempenho nal de Metrologia, Normalização e Qualidade
(OVD) – conduzem ensaios para avaliação de Industrial (Sinmetro), além de ter sido o pri-
desempenho de produtos, processos ou serviços. meiro a alcançar o reconhecimento pelo IAF e
pela ILAC na América Latina. O Brasil segue o
São ainda acreditados laboratórios de ensaios exemplo dos sistemas mais modernos, nos quais
(de materiais, produtos, processos ou serviços, somente um organismo acreditador por país, ou
etc.) e de calibração dos instrumentos de medi- economia, é reconhecido, nos quais também há
ção, atividade da maior importância no campo da uma clara separação entre as atividades de ava-
avaliação da conformidade. liação da conformidade e de acreditação.

7.2 Designação

A designação de organismos vem alcançando, existe um número mínimo de organismos ou


em particular na Europa, grande destaque. A de- laboratórios acreditados para que o Progra-
signação é aplicada em programas de avaliação da ma se materialize. Cabe então à autoridade
conformidade feitos pela terceira parte. regulamentadora designar, preferencialmen-
te tomando como pré-requisito a acreditação
do organismo. Nestes casos a designação deve
exigir como contrapartida que o organismo
designado alcance sua acreditação em um pe-
ríodo máximo preestabelecido.

Ocasionalmente a designação é associada a


existência de organização singular, de notório
saber e reconhecida pela competência e ido-
No âmbito do Sistema Brasileiro de Ava- neidade, sendo utilizada apenas em situações
liação da Conformidade a designação é restri- especiais, tais como:
ta aos casos onde, por qualquer motivo, não

45 | Avaliação da Conformidade - 6ª EDIÇÃO


A designação de organismos vem alcançan- b) quando, pela complexidade do programa de
do, em particular na Europa, grande destaque. avaliação da conformidade em implantação, se
A designação é aplicada em programas de avalia- pretende restringir o número de organismos
ção da conformidade feitos pela terceira parte. envolvidos, podendo-se limitar a designação a
apenas um organismo, o que não é permitido
No âmbito do Sistema Brasileiro de Ava- na acreditação que, de acordo com as práticas
liação da Conformidade a designação é restri- internacionais, deve ser aberta a todos os orga-
ta aos casos onde, por qualquer motivo, não nismos interessados.
existe um número mínimo de organismos ou
laboratórios acreditados para que o Progra- A Designação deve ser feita pela entidade
ma se materialize. Cabe então à autoridade reguladora do produto e o ideal é que a esco-
regulamentadora designar, preferencialmen- lha dos organismos designados seja pautada na
te tomando como pré-requisito a acreditação idéia de que tenham, como premissa, a neces-
do organismo. Nestes casos a designação deve sidade de serem, preliminarmente, acreditados
exigir como contrapartida que o organismo pelo Inmetro. Essa ferramenta permite ainda
designado alcance sua acreditação em um pe- maior controle da autoridade regulamentadora
ríodo máximo preestabelecido. sobre os organismos, incluindo a aplicação de
penalidades de forma ágil, no caso de identifi-
Ocasionalmente a designação é associada a cação de irregularidades na condução do pro-
existência de organização singular, de notório cesso de avaliação da conformidade.
saber e reconhecida pela competência e ido-
neidade, sendo utilizada apenas em situações No Brasil, a ferramenta da Designação de
especiais, tais como: Organismos foi utilizada, pela primeira vez, no
Programa de Avaliação da Conformidade de
a) o produto, processo ou serviço, por suas es- Cestas de Alimentos e Similares. O objetivo é
pecificidades, não pode ter sua conformidade que os produtos das cestas básicas distribuídas
avaliada pela adoção dos mecanismos clássicos cheguem ao consumidor atendendo aos requi-
de avaliação por terceira parte, ou seja, a certi- sitos de segurança alimentar então definidos
ficação, a inspeção ou o ensaio; pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e do
Abastecimento (MAPA), utilizado no Progra-
b) quando não existir e não puder ser criada, a ma de Alimentação do Trabalhador (PAT), do
curto prazo, a indispensável infraestrutura ne- Ministério do Trabalho e Emprego (MTE).
cessária à avaliação por terceira parte.
Além disso, este programa visa melhorar
Como conseqüência, podem ser destacadas as condições nutricionais dos trabalhadores,
duas outras particularidades que podem justi- com repercussões positivas para a qualidade
ficar a adoção da designação: de vida, a redução de acidentes de trabalho e o
aumento da produtividade.
a) quando um programa de avaliação da con-
formidade carece de rapidez em sua implemen- Uma outra utilização da prática de designa-
tação, desde que a designação seja efetuada de ção foi quando da implementação do Progra-
forma mais expedita do que a acreditação; ma de Certificação de Próteses Mamárias.

46 | Avaliação da Conformidade - 6ª EDIÇÃO


7.3 Infraestrutura Atual de Acreditação

A seguir é apresentada a infra-estrutura disponível para a Avaliação da Conformidade no Brasil, em


forma de números.

Destaca-se que os números apresentados a seguir são dinâmicos, podendo não estar atualizados no
momento da leitura deste documento. As informações atualizadas podem ser encontradas no sítio do
Inmetro (http://www.inmetro.gov.br).

*Dados de abril/2015

47 | Avaliação da Conformidade - 6ª EDIÇÃO


Organismo Acreditados de Inspeção

Laboratórios de Ensaios - RBLE

*Dados de abril/2015

48 | Avaliação da Conformidade - 6ª EDIÇÃO


7.4 Indicadores da Avaliação da Conformidade

*Dados de abril/2015

49 | Avaliação da Conformidade - 6ª EDIÇÃO


8 SISTEMA NACIONAL DE METROLOGIA,
NORMALIZAÇÃO E QUALIDADE INDUSTRIAL –
SINMETRO

O Sinmetro é um sistema constituído por Apóiam esse sistema o organismo nacional de


entidades públicas e privadas que exercem ati- normalização, a ABNT, os laboratórios de metro-
vidades relacionadas com a metrologia, nor- logia científica e industrial, os organismos acredita-
malização, qualidade industrial, acreditação e dos e os institutos estaduais de metrologia legal e
avaliação da conformidade. qualidade. Esta estrutura está formada para atender
às necessidades da indústria, do comércio, do go-
Dentre outras razões, o Sistema foi insti- verno, das entidades reguladoras e do consumidor.
tuído para criar uma infraestrutura de serviços
tecnológicos capaz de avaliar a conformidade A figura a seguir ilustra a estrutura do Sinme-
de produtos, processos ou serviços. tro, no que diz respeito a atividade de avaliação
da conformidade:

Acreditação

Acreditados

50 | Avaliação da Conformidade - 6ª EDIÇÃO


8.1 Organismos do Sinmetro

Dentre as organizações que compõem o • Organismos Acreditados;


Sinmetro, as seguintes podem ser relacionadas
como principais: • Laboratórios Acreditados – Calibrações e En-
saios – RBC/RBLE;
• Conselho Nacional de Metrologia, Normalza-
ção e Qualidade Industrial (Conmetro); • Associação Brasileira de Normas Técni-
cas – ABNT;
• Comitês assessores do Conmetro
• Rede Brasileira de Metrologia Legal e Quali-
* CBAC: Comitê Brasileiro de Avaliação da dade – Inmetro (RBMLQ-I).
Conformidade;
Motivado pela grande extensão territorial, e
* CBM: Comitê Brasileiro de Metrologia; com o devido respaldo legal, o Inmetro optou por
um modelo descentralizado, delegando, através
* CBN: Comitê Brasileiro de Normalização; de convênio, a execução do controle metrológi-
co e da fiscalização dos produtos regulamentados
* CCAB: Comitê Codex Alimentarius do Brasil; com conformidade avaliada compulsoriamen-
te aos institutos estaduais de pesos e medidas
* CBTC: Comitê Brasileiro de Coordenação de (Ipem) que compõem a RBMLQ - I.
Barreiras Técnicas ao Comércio;
A Rede é composta por 26 órgãos, sendo 1 órgão
* CBR: Comitê Brasileiro de Regulamentação; municipal, localizado em Fortaleza, 2 administrados
pelo próprio Inmetro, localizados nos estados de
* CPCon: Comissão Permanente dos Con- Goiás e Rio Grande do Sul e os 23 restantes vincu-
sumidores lados, por meio de convênio, aos governos estaduais.

* Comitê Gestor do Programa Brasileiro de • Meios de Produção – Fornecedores, Fabrican-


Avaliação do Ciclo de Vida tes, Importadores, etc;

• Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e • Entidades Civis e Órgãos Públicos de Defesa dos
Tecnologia – Inmetro; Consumidores.

8.2 Organismos do Conmetro

O Conmetro é o fórum político do Sinmetro • Ministério da Ciência, Tecnologia e Inova-


e é presidido pelo Ministro do Desenvolvimento, ção – MCTI
Indústria e Comércio Exterior (MDIC). O Con-
selho é constituído das seguintes instituições: • Ministério das Relações Exteriores – MRE

• Ministério do Meio Ambiente – MMA • Ministério da Justiça – MJ

• Ministério do Trabalho e Emprego – MTE • Ministério da Agricultura, Pecuária e do Abas-


tecimento – MAPA
• Ministério da Saúde – MS

51 | Avaliação da Conformidade - 6ª EDIÇÃO


• Ministério da Defesa - MD • Associação Brasileira de Normas Técni-
cas – ABNT
• Ministério da Educação – MEC
• Instituto Brasileiro de Defesa do Consumi-
• Ministério das Cidades - Mcidades dor – IDEC

• Confederação Nacional da Indústria – CNI • Confederação Nacional do Comércio – CNC

A figura ilustra a estrutura do Conmetro:

O Conmetro atua, na prática, no estabeleci- • Comitê Brasileiro de Metrologia – CBM


mento de políticas e diretrizes, por meio de seus
comitês técnicos assessores, que são abertos à Criado em 1995, o CBM é um colegiado que tem
sociedade, para a participação de entidades repre- por objetivo empreender ações voltadas para o pla-
sentativas das áreas acadêmica, industrial, comer- nejamento, formulação e avaliação das diretrizes bá-
cial e outras atividades interessadas na questão sicas relacionadas a política brasileira de Metrologia.
da metrologia, da normalização e da avaliação da
conformidade no Brasil. Cabe aos comitês propor • Comitê Codex Alimentarius do Brasil – CCAB
as políticas a serem estabelecidas pelo Conmetro,
o que é feito através de resoluções assinadas por Foi criado em 1980 e tem como principais
seu Presidente. Os comitês técnicos assessores finalidades a participação, em representação do
do Conmetro são: Brasil, nos Comitês Internacionais do Codex
Alimentarius e a defesa dos interesses nacionais,
• Comitê Brasileiro de Normalização – CBN bem como a utilização das normas Codex como
referência para a elaboração e atualização da le-
Anteriormente denominado Comitê Nacio- gislação e regulamentação nacional de alimentos.
nal de Normalização (CNN), o CBN foi rea-
tivado em 2001 e tem por objetivo assessorar e • Comitê Brasileiro de Barreiras Técnicas
subsidiar o Conmetro nos assuntos relativos à ao Comércio – CBTC
normalização, inclusive no que se refere a sua re-
lação com a atividade de regulamentação técnica. O CBTC foi criado com o objetivo de coor-
denar as ações do governo e do setor privado
relacionadas com a participação do Brasil no

52 | Avaliação da Conformidade - 6ª EDIÇÃO


Acordo sobre Barreiras Técnicas ao Comércio da b) viabilizar, através de propostas ao Conmetro, a
Organização Mundial do Comércio (OMC), bem participação do segmento dos consumidores nos
como analisar, avaliar e compatibilizar projetos processos de normalização e regulamentação, em
de normas, regulamentos técnicos e sistemas de função, principalmente, da escassez de recursos
avaliação da conformidade com vistas a evitar as humanos tecnicamente capacitados e de recursos
barreiras técnicas a produtos brasileiros no co- financeiros.
mércio internacional.
• Comitê Gestor do Programa Brasileiro de
• Comitê Brasileiro de Regulamentação – CBR Avaliação do Ciclo de Vida

Criado em 2005, este comitê tem como princi- Criado pela Resolução Conmetro n º 04/2010,
pais responsabilidades o estabelecimento de boas de 15 de dezembro de 2010, publicada no DOU de
práticas de regulamentação, a harmonização en- 04/01/2010, tem como finalidade executar a gestão
tre as autoridades regulamentadoras no estabele- do Programa Brasileiro de Avaliação do Ciclo de
cimento dos seus regulamentos, a promoção de Vida, bem como articular e coordenar ações para a
uma adequada interface entre as normas e os re- sua implantação, reportando-se ao Conmetro.
gulamentos e ainda colaborar com a preocupação
de fazer com que os regulamentos promulgados • Comitê Brasileiro de Avaliação da Confor-
no Brasil não criem obstáculos para o país em midade – CBAC
termos de comércio internacional.
Criado em 2001, em substituição ao Comitê
• Comissão Permanente dos Consumi- Brasileiro de Certificação (CBC) e ao Comitê Na-
dores – CPCon cional de Credenciamento (Conacre), o CBAC tem
por atribuição estruturar, para a sociedade, um sis-
A Comissão foi criada em maio de 2004 com tema de avaliação da conformidade harmonizado
dois objetivos principais: internacionalmente, na proposição de princípios e
políticas a serem adotados no âmbito do SBAC.
a) disseminar a cultura da normalização e regula-
mentação técnica; e A figura a seguir ilustra a atual estrutura do
Comitê Brasileiro de Avaliação da Conformidade.

53 | Avaliação da Conformidade - 6ª EDIÇÃO


Como pode ser observado, ao CBAC encon- • Eficiência Energética
tram-se vinculadas duas comissões de caráter per-
manente: a de Credibilidade do SBAC, cuja criação • Espacial
está associada a satisfação dos usuários da Ava-
liação da Conformidade, principalmente no que • Material Elétrico de baixa Tensão
diz respeito a certificação de sistemas de gestão
da qualidade com base na norma ISO 9001:2000, • Meio Ambiente
e a de Avaliação, Acompanhamento e Revisão do
PBAC, responsável pelo monitoramento da exe- • Petróleo e Gás
cução e atualização constante do Programa Brasi-
leiro de Avaliação da Conformidade. • Saúde do Consumidor

Ao Inmetro cabe a secretaria executiva do Comitê. • Saúde e Segurança do Trabalhador

Por determinação do Conmetro, a partir de • Segurança do Consumidor


proposição do CBAC, o Inmetro desenvolve os
programas de avaliação da conformidade com o as- • Sistemas de Gestão
sessoramento de comissões técnicas especialmente
constituídas. A seguir são apresentados os temas • Telecomunicações
normalmente tratados nas comissões técnicas:
• Segurança no Trânsito
Acessibilidade para Pessoas com Necessida-
des Especiais em Transportes Públicos • Transporte

• Agricultura As comissões técnicas, por sua vez, são estru-


turadas a partir da criação de grupos de trabalho
• Certificação de Pessoal para estudo e desenvolvimento de tarefas espe-
cíficas, coordenadas pela entidade reguladora e
• Distribuição, Transmissão e Comercialização secretariadas pelo Inmetro.
de Energia Elétrica

8.3 Atribuições do Inmetro

O Inmetro atua no Sinmetro com as seguin- • Secretaria Executiva do Conmetro e dos seus
tes atribuições: comitês técnicos assessores;

• Organismo Acreditador: é o único organismo • Campus de Laboratórios da Metrologia Cien-


acreditador reconhecido no Sinmetro e interna- tífica e Industrial: Os laboratórios do Inmetro
cionalmente reconhecido como tal. O Brasil se- da Metrologia Científica e Industrial mantêm
gue o exemplo dos sistemas mais modernos, onde os padrões que permitem fazer as “realizações
somente um organismo acreditador por país ou práticas” das unidades de medida do Sistema In-
economia é reconhecido (essa singularidade é ternacional de Unidades (SIM). O Inmetro par-
denominada, internacionalmente, como “single ticipa do Acordo de Reconhecimento Mútuo do
voice”, ou “única voz”) e onde há uma separação Comitê Internacional de Pesos e Medidas (CIPM
entre as atividades de avaliação da conformidade Mutual Recognition Arrangement), do Bureau
e de acreditação para evitar questões que envol- Internacional de Pesos e Medidas (BIPM), que é
vem, por exemplo, conflito de interesses; uma rede através da qual os Institutos Nacionais

54 | Avaliação da Conformidade - 6ª EDIÇÃO


de Metrologia demonstram a equivalência inter- • Supervisão dos Organismos de Fiscalização: o
nacional de seus padrões de medição e dos certi- Inmetro delega e coordena as atividades de fis-
ficados de medição e calibração que emitem. calização nos campos da metrologia legal e dos
produtos com conformidade avaliada compul-
O Inmetro é responsável ainda por organizar soriamente às entidades da Rede Brasileira de
ensaios de proficiência com o objetivo de oferecer Metrologia Legal e Qualidade – Inmetro (RBML-
uma ferramenta para avaliação do desempenho de Q-I), presentes em todos os estados brasileiros.
laboratórios em calibrações e ensaios para agregar
confiança aos resultados das medições dos labora- Além destas principais atividades formalmen-
tórios. Assim, auxilia as atividades de acreditação e te designadas pelo Conmetro, o Inmetro exerce,
de avaliação da conformidade. Também organiza no campo da Avaliação da Conformidade, as se-
comparações interlaboratoriais com os objetivos guintes atividades:
de: (i) caracterizar um material de referência certifi-
cado, (ii) avaliar a repetiblidade e da reprodutibilida- • Coordena, junto ao CBAC, o estabelecimento
de de métodos descritos numa norma e (iii) avaliar do Programa Brasileiro de Avaliação da Conformi-
o desempenho de um instrumento de medição; dade (PBAC), que confere uma abordagem estraté-
gica à atividade de Avaliação da Conformidade, e,
• Regulamentador exclusivo no campo da Me- mais especificamente, do Plano de Ação Quadrienal
trologia Legal: estabelece Regulamentos Técnicos (PAQ), que tem como ênfase a identificação e prio-
Metrológicos (RTM) para instrumentos de medir rização das demandas por Programas de Avaliação
e produtos pré-embalados, ou seja, produtos que da Conformidade de produtos, processos, pessoal
são colocados à disposição do consumidor e já que ou serviços. Desse Plano é estabelecida uma Agen-
trazem uma indicação quantitativa. Desenvolve da Regulatória com horizonte de 2 (dois) anos;
ainda as atividades de aprovação de modelos dos
instrumentos de medir e coordena as atividades de • Realiza Análises de Impacto Regulatório (AIR)
verificação inicial e periódicas dos mesmos; cujos resultados apoiam a decisão de desenvolver
ou não um Programa de Avaliação da Confor-
• Ponto Focal do Acordo de Barreiras Técnicas midade para solucionar o problema apresentado
ao Comércio da Organização Mundial do Comér- pelo demandante. Auxilia ainda uma definição do
cio (OMC): tem como responsabilidade notificar à rigor do Programa;
OMC os regulamentos técnicos e procedimentos
de avaliação da conformidade compulsórios que • Desenvolve e implementa Programas de Ava-
impactam o comércio internacional para que esta liação da Conformidade ouvindo os diferentes
notifique os pontos focais dos países signatários segmentos da sociedade brasileira, que se ba-
desse mesmo Acordo e, da mesma maneira, tem seiam, fundamentalmente, em 2 documentos –
a responsabilidade de disponibilizar para as partes um que define o que deve ser avaliado, que pode
interessadas as notificações feitas pela OMC. As ser uma norma, uma instrução normativa ou um
notificações se aplicam tão somente aos regula- regulamento técnico, e outro que define como
mentos que são ocasionalmente estabelecidos sem deve ser avaliado, publicado pelo Inmetro e de-
tomar por base uma norma internacional; nominado como Requisitos de Avaliação da Con-
formidade (RAC);
• Regulamentador, em caráter residual, de obje-
tos com foco na proteção da saúde e segurança • Coordena ações de acompanhamento no mer-
do consumidor e do meio ambiente e no com- cado que incluem a fiscalização, a fiscalização téc-
bate às práticas enganosas de comércio: ao dizer nica, a verificação da conformidade pelo Inmetro
que a competência do Inmetro para regulamentar e por agente externo, bem como o monitoramen-
tem caráter residual, significa que o mesmo atua to de sites de instituições congêneres de outros
nas esferas em que não há uma autoridade regu- países, em particular, dos EUA e da União Euro-
lamentadora legalmente estabelecida; péia, quanto a acidentes de consumo e recall;

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• Desenvolve a atividade de orientação e incen- • Assistência na implantação de Programas de
tivo à qualidade, à avaliação da conformidade e Avaliação da Conformidade, de forma a facilitar
ao aperfeiçoamento das relações de consumo ob- o acesso aos mesmos pelas partes impactadas, em
jetivando sensibilizar e/ou capacitar os diferentes particular as micro e pequenas empresas, através de
segmentos da sociedade em relação à atividade de ações de fornecimento e discussão de informações,
Avaliação da Conformidade; capacitação técnica, assessoramento técnico e fo-
mento, o que é feito em parceria com o SEBRAE.

ANEXO 1
A ISO 9001

Em meados da década de 80, a International A mudança mais importante foi de caráter filo-
Organization for Standartization (ISO) lançou sófico. Enquanto a versão de 1994 tinha ênfase em
a Norma ISO 9000. Essa norma estabelecia um requisitos específicos de gestão da qualidade, a ver-
conjunto de requisitos para que as organizações são de 2000 enfatiza a qualidade da gestão. A versão
implantassem programas de gestão da qualidade de 1994 enfatizava requisitos como calibração de
em suas atividades. instrumentos, elaboração e rastreabilidade de docu-
mentos e outros típicos diretamente ligados a gestão
O principal fato gerador desse lançamento da qualidade. Sem abandonar tais requisitos, a ver-
foi, sem dúvida, o movimento de globalização da são de 2000 passou a dar ênfase na gestão institu-
economia. Desde a década de 50, quando a abor- cional das organizações, passando a fazer exigências
dagem da qualidade começou a deixar de enfati- como a gestão de recursos humanos, das expectati-
zar os aspectos corretivos e passou a enfatizar os vas e nível de satisfação dos clientes, dos resultados
aspectos de prevenção de defeitos, começaram a institucionais, dentre outros. São, portanto, exigên-
ser lançadas diferentes normas nacionais e seto- cias de maior nível de complexidade, contemplando
riais, estabelecendo requisitos para a implantação a gestão da organização como um todo.
de programas de gestão da qualidade.
Uma outra importante mudança diz respeito
Ao longo da década de 80, o mercado glo- à organização da Norma ISO 9000. Enquanto a
balizado começou a enfrentar problemas com versão de 1994 contemplava uma chamada série,
a existência de diferentes normas de gestão da constituída de 3 diferentes normas, aplicáveis a
qualidade, na medida que obrigava as empresas diferentes aspectos da organização, a versão de
a terem que implantar diferentes programas de 2000 concentra todos os requisitos de sistemas
gestão da qualidade para fornecer para diferen- de gestão da qualidade em um único documento
tes clientes, de diferentes setores, em diferentes normativo, a Norma ISO 9001:2000.
países. O grande mérito da Norma ISO 9000 foi,
portanto, a unificação desses requisitos em um • Além das acima descritas, a Norma ISO
único documento. 9001:2000 contempla as seguintes características:

Iniciada em 1986, a Norma ISO 9000 passou • Pode ser aplicada em qualquer tipo de organiza-
pela primeira revisão em 1994. Em 15 de dezem- ção, empresarial ou não;
bro de 2000, foi lançada uma nova versão, a cha-
mada ISO 9001:2000, que introduziu significativas • Pode ser aplicada na organização como um todo
mudanças em relação às versões anteriores. ou em uma ou mais partes;

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• Induz a abordagem sistêmica e por processos em a) ISO 9001:2000; Sistemas de Gestão da Quali-
todo o ciclo de atividades da organização; dade – Fundamentos e Vocabulário;

• Permite a compatibilidade com outros sistemas b) ISO 9004:2000; Sistemas de Gestão da Quali-
de gestão, em particular a gestão ambiental, cujos re- dade – Diretrizes para Melhoria do Desempenho.
quisitos estão estabelecidos na Norma ISO 14001;
Em 2008, foi publicada uma nova versão da
• Induz ao conceito de que a qualidade é alcançada ISO 9001, esta com poucas modificações em rela-
através das pessoas; ção a versão do ano 2000. Está prevista para 2015
o estabelecimento de nova versão, esta sim com
• Valoriza a qualidade do atendimento, atribuindo- grande alterações, como por exemplo a introdu-
lhe tanta importância quanto à qualidade intrínseca ção de requisitos de análise e gestão de riscos.
do produto, processo ou serviço.
A Norma ISO 9001 não trata diretamente a
Os requisitos para implantação de sistemas qualidade de produtos, assegurando, entretanto, a
de gestão da qualidade explicitados na Norma estabilidade do processo produtivo, bem como a
ISO 9001:2000 são complementados por outros repetibilidade dos produtos fabricados.
documentos normativos estabelecidos pela ISO,
quais sejam:

ANEXO 2
QUADRO GERAL DE UTILIZAÇÃO DA
AVALIAÇÃO DA CONFORMIDADE NO SINMETRO

Abrangência Utilização Agente Econômico Campo de Aplicação

Produtos / Sistemas 2ª Parte


Mecanismo Pessoal 1ª Parte 3ª Parte Voluntária Compulsória
Serviços de Gestão (1)

Declaração da
Conformidade pelo
Fornecedor

Certificação

Inspeção

Ensaios

(1) Nota: Com a implementação da atividade de avaliação da conformidade, a avaliação pela 2ª


parte vem tendo sua utilização diminuída, sendo restrita a alguns setores específicos.

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Ouvidoria do Inmetro
0800 285 1818
www.inmetro.gov.br

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