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Sobre o objeto da linguística

José Mateus Gabriel Rosa

1. Por que houve uma certa dificuldade em se definir o objeto da linguística?

Para Saussure (2010) o objeto da linguística é heteróclita, pois ela contém


inúmeros “objetos” que, a priori, parecem pertencer a ciências diversas. A dificuldade
do objeto da linguística está neste fato mencionado pelo fundador da linguística
moderna.
Saussure observa que há na língua fatos sociais, físicos, psíquicos,
antropológicos, gramáticos etc. Dessa forma, cada uma destas ciências poderiam, em
algum grau, ter as línguas naturais como seu objeto de estudo. Porém, para o linguista a
língua, diferente da linguagem, “é um todo por si e um princípio de classificação”, ou
seja, a língua é estudada por si mesmo, sua estrutura natural e seu funcionamento
sincrônico ou diacrônico. A linguística, assim, estudaria a língua como um todo
enquanto que outras ciências, como a psicologia, estudariam um aspecto da língua. Por
exemplo, a psicologia estudaria apenas o funcionamento da língua no âmbito cognitivo
individual, entretanto a língua também é um fato social.

2. No circuito da fala, podemos identificar, segundo Saussure, uma parte


física, uma psíquica e uma fisiológica da língua. Cite exemplos de cada uma.

As partes físicas da língua seriam as ondas sonoras que se propagam no ar e vão


em direção ao ouvido do receptor. Quando há dificuldade na propagação do som no ar,
há certa dificuldade de comunicação, pois é um fato essencial em uma conversa, por
exemplo.
Os elementos naturais, que constituem o corpo humano como o sistema de
fonação e audição, são as partes fisiológicas. O aparelho fonador, em suas condições
normais, é capaz de produzir as imagens acústicas de toda e qualquer língua natural. É
um elemento constitutivo, pois é ele que produz a imagem-acústica.
Estão depositados no “sistema cognitivo” os conceitos os quais se relacionam
com as imagens acústicas. É na psique humana que estão os conceitos que são depois
transmitidos acusticamente. Um exemplo seria o conceito de /kaza/ que está presente na
“mente” dos falantes do português e que se refere ao objeto em si que é a casa.

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