Você está na página 1de 121

Unidade II

Unidade II
BIODIVERSIDADE BRASILEIRA E OS DESAFIOS DA SUSTENTABILIDADE

Na unidade anterior foi apresentado o ferramental analítico da teoria econômica dos neoclássicos
ambientalistas bem como os fundamentos utilizados pelos pensadores que se contrapõem à corrente
neoclássica, denominados de ecologistas. Buscou‑se elaborar uma linha do tempo que refletisse o processo
de construção do entendimento e do enfrentamento dos impactos ambientais decorrentes do crescimento
econômico. Esse processo culminou num relativo entendimento de que o ecossistema terrestre não é
capaz de sustentar de modo indefinido o nível de atividade e consumo do mundo moderno. O conceito
de desenvolvimento sustentável amplia a concepção de bem‑estar humano ao incluir como princípio a
manutenção dos serviços do capital natural no processo de expansão da atividade econômica.

Também foi abordado o tema população como um dos fatores de pressão da biosfera. O crescimento
populacional, como você verá nessa unidade, eleva a demanda por energia, principalmente, nos grandes
centros urbanos. Seja derivada de fontes renováveis ou não renováveis a questão energética revela‑se
como um dos grandes desafios das nações no futuro.

Ainda na unidade anterior, fez‑se um resgate dos principais documentos que nortearam os debates
internacionais e dos compromissos estabelecidos pelos países no âmbito dos Objetivos do Milênio, com
ênfase às metas estabelecidas para o Brasil.

Do ponto de vista dos compromissos voltados às organizações internacionais, fez‑se o resgate teórico
do processo de globalização como cenário para compreender a construção dos consensos estabelecidos
nos documentos em torno da governança ambiental, tanto no âmbito das empresas quanto no dos
governos.

Nessa unidade estaremos voltados basicamente para conhecer os termos utilizados no debate sobre
desenvolvimento sustentável. Nesse aspecto, falaremos de um dos documentos internacionais que
uniformizam a compreensão dos termos relacionados à biodiversidade: a Convenção sobre Diversidade
Biológica (BRASIL, 2000a), aprovado na Conferência Rio‑92. Também abordarmos a biodiversidade
a partir da classificação dos biomas brasileiros e concluiremos essa unidade discutindo a questão
energética, especialmente, no Brasil.

5 CONVENÇÃO DA DIVERSIDADE BIOLÓGICA – CDB

A Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento (CNUMAD), também
denominada de Cúpula da Terra, Cimeira da Terra, Eco 92 ou Rio 92, realizada entre 3 e 14 de junho de
1992, na cidade do Rio de Janeiro, foi um marco para o debate sobre desenvolvimento sustentável, que
teve início na Conferência de Estocolmo. Na conferência Rio 92 houve um relativo consenso por parte
118
ECONOMIA E SUSTENTABILIDADE

da comunidade política internacional sobre a necessidade de conciliar crescimento econômico com


preservação dos recursos da natureza.

Lembrete

Lembre‑se de que a primeira Conferência das Nações Unidas sobre o


Meio Ambiente ocorreu em 1972, em Estocolmo, na Suécia. Naquela ocasião,
discutiam‑se os limites do crescimento, mas houve pouca convergência
entre os líderes mundiais.

Os principais resultados da Conferência Rio 92 foram três convenções assinadas pela maioria dos
países presentes à conferência:

• a Convenção sobre a Diversidade Biológica ou Biodiversidade;

• a Convenção sobre Mudanças Climáticas e Desertificação (BRASIL, 1998c);

• a Agenda 21.

Conhecer a Convenção sobre Diversidade Biológica – CDB, por ser o documento que uniformizou
os conceitos a respeito do tema, é de fundamental importância. Subscrita por 175 países, foi ratificada,
posteriormente, por 168 países.

O Brasil, por meio do Decreto Legislativo nº 2, de 1994, aprova o texto da CDB subscrita durante
a Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento. Esse decreto, além de
aprovar o texto na forma como foi subscrito, cria limitações à sua mudança, ao incluir um parágrafo
único que restringe atos que possam resultar em revisão da referida Convenção, bem como quaisquer
ajustes complementares que, nos termos do art. 49, I, da Constituição Federal, acarretem encargos ou
compromissos gravosos ao patrimônio nacional. Portanto, todo e qualquer ato de revisão ou ajustes
complementares é de competência apenas do Congresso Nacional.

Em 16 de março de 1998, por meio do Decreto nº 2.519, o Brasil promulga a CDB. Internacionalmente,
o documento entrou em vigor em dezembro de 1993.

5.1 Importância da Convenção sobre Diversidade Biológica – CDB

Documentos como a Convenção sobre Diversidade Biológica são importantes por serem tratados
internacionais e por criarem direitos e obrigações que, após a ratificação pelos países, passam a ser
incorporados às leis do local.

Além disso, no caso da CDB, ela está inserida no contexto de manutenção, preservação e evolução
dos sistemas necessários à biosfera. São três os objetivos a serem alcançados: conservação, uso
sustentável e repartição equitativa dos benefícios advindos do uso da biodiversidade.
119
Unidade II

A proposição fundamental que serviu de base à elaboração dessa convenção é a de que o planeta Terra
é um conjunto de elementos interconectados e organizados harmonicamente, e o seu bom funcionamento
depende do equilíbrio entre as suas partes constituintes. A integração entre seus componentes é estabelecida
por meio de um fluxo de informações, matéria e energia que formam um sistema.

A boa integração de seus elementos é chamada de sinergia, que significa que as transformações
ocorridas em uma das partes influenciarão outras. A falta de sinergia se traduz pelo mau funcionamento
do sistema e pode redundar em sua morte ou falência.

Por outro lado, o termo resiliência é usado para identificar a capacidade do ecossistema de suportar
as intervenções provocadas pelo homem. Sabe‑se que quanto mais abundante for a biodiversidade
maior será a resiliência do sistema. Quanto mais acentuada for a intervenção do homem por meio ações
como a monocultura, por exemplo, que não tem diversidade, menor será a resiliência.

Composta por quarena artigos e dois anexos, a CDB abrange diversos aspectos que envolvem a
preservação e manutentação da biodiversidade.

Por outro aspecto, compete ao Estado a responsabilidade por seus próprios recursos biológicos e
por sua utilização sustentável, uma vez que é passível de observação a redução da diversidade biológica
causada por intervenções antrópicas.

Conscientes de que existe um longo caminho a ser percorrido e muito a ser feito, elencaram‑se as
ações que devem ser tratadas como prioritárias e, dentre elas, estão as capacitações científica, técnica e
institucional, consideradas como ações preventivas. Primeiro é preciso conhecer e mapear a diversidade
biológica para planejar políticas públicas eficientes de preservação. A estratégia é prever para se antecipar
e combater na origem as causas da perda da diversidade biológica.

Esse reconhecimento de uma atuação organizada para a preservação da diversidade biológica


conduziu à assinatura da convenção, cujo objetivo está descrito da seguinte forma:

Os objetivos desta Convenção, a serem cumpridos de acordo com as


disposições pertinentes, são a conservação da diversidade biológica, a
utilização sustentável de seus componentes e a repartição justa e equitativa
dos benefícios derivados da utilização dos recursos genéticos, mediante,
inclusive, o acesso adequado aos recursos genéticos e a transferência
adequada de tecnologias pertinentes, levando em conta todos os direitos
sobre tais recursos e tecnologias, e mediante financiamento adequado
(BRASIL, 2000a, p. 9).

Além de conceitos, a convenção trata também da jurisdição, da cooperação, de medidas de


conservação e utilização sustentável, de monitoramento, de incentivos à pesquisa e treinamento,
educação e conscientização pública, avaliação de impactos, acesso a recursos genéticos, acesso e
transferência de tecnologia, intercâmbio de informações, da gestão da biotecnologia, dos recursos
financeiros, dentre outros temas.
120
ECONOMIA E SUSTENTABILIDADE

Observação

Percebam que se trata de um documento abrangente e, portanto, definir


ou elaborar projetos na área do meio ambiente passa pelo conhecimento
dessa convenção, seja no âmbito das políticas públicas seja no âmbito
privado.

A convenção em seu ordenamento inicia tratando de conceitos, de modo a estabelecer


uma uniformização de entendimento a todos os países signatários. Portanto, quanto se fala de
ecossistema há a clara compreensão de que se trata de um “complexo dinâmico de comunidades
vegetais, animais e de micro‑organismos e o seu meio inorgânico que interagem como uma unidade
funcional” (BRASIL, 2000a, p. 9).

É no artigo 2º da Convenção sobre Diversidade Biológica – CDB que estão definidos os conceitos,
reproduzido nos mesmos termos em que foram aprovados:

Utilização de termos para os propósitos desta Convenção:

Área protegida significa área definida geograficamente que é destinada, ou


regulamentada e administrada para alcançar objetivos específicos de conservação.

Biotecnologia significa qualquer aplicação tecnológica que utilize sistemas biológicos,


organismos vivos, ou seus derivados, para fabricar ou modificar produtos ou processos para
utilização específica.

Condições in situ significa as condições em que recursos genéticos existem em


ecossistemas e habitats naturais e, no caso de espécies domesticadas ou cultivadas, nos
meios onde tenham desenvolvido suas propriedades características.

Conservação ex situ significa a conservação de componentes da diversidade biológica


fora de seus habitats naturais.

Conservação in situ significa a conservação de ecossistemas e habitats naturais e a


manutenção e recuperação de populações viáveis de espécies em seus meios naturais e, no
caso de espécies domesticadas ou cultivadas, nos meios onde tenham desenvolvido suas
propriedades características.

Diversidade biológica significa a variabilidade de organismos vivos de todas as origens,


compreendendo, dentre outros, os ecossistemas terrestres, marinhos e outros ecossistemas
aquáticos e os complexos ecológicos de que fazem parte; incluindo ainda a diversidade
dentro de espécies, entre espécies e de ecossistemas.

121
Unidade II

Ecossistema significa um complexo dinâmico de comunidades vegetais, animais


e de micro‑organismos e o seu meio inorgânico que interagem como uma unidade
funcional.

Espécie domesticada ou cultivada significa espécie em cujo processo de evolução


influiu o ser humano para atender suas necessidades.

Habitat significa o lugar ou tipo de local onde um organismo ou população ocorre


naturalmente.

Material genético significa todo material de origem vegetal, animal, microbiana ou


outra que contenha unidades funcionais de hereditariedade.

Organização regional de integração econômica significa uma organização constituída


de Estados soberanos de uma determinada região, a que os Estados‑Membros transferiram
competência em relação a assuntos regidos por esta Convenção, e que foi devidamente
autorizada, conforme seus procedimentos internos, a assinar, ratificar, aceitar, aprovar a
mesma e a ela aderir.

País de origem de recursos genéticos refere‑se ao país que possui esses recursos
genéticos em condições in situ.

País provedor de recursos genéticos refere‑se ao país que provê recursos


genéticos coletados de fontes in situ , incluindo populações de espécies domesticadas
e silvestres, ou obtidas de fontes ex situ , que possam ou não ter sido originados
nesse país.

Recursos biológicos compreendem recursos genéticos, organismos ou partes destes,


populações, ou qualquer outro componente biótico de ecossistemas, de real ou potencial
utilidade ou valor para a humanidade.

Recursos genéticos significa material genético de valor real ou potencial.

Tecnologia inclui biotecnologia.

Utilização sustentável significa a utilização de componentes da diversidade biológica


de modo e em ritmo tais que não levem, em longo prazo, à diminuição da diversidade
biológica, mantendo assim seu potencial para atender as necessidades e aspirações das
gerações presentes e futuras.

Fonte: Brasil (2000a, p. 9‑10).

122
ECONOMIA E SUSTENTABILIDADE

No artigo 3º, a convenção trata dos princípios, ao reafirmar o direito soberano do Estado1 em
conformidade com a Carta das Nações Unidas2 e com os princípios de Direito internacional,

[...] de explorar seus próprios recursos segundo suas políticas ambientais, e a


responsabilidade de assegurar que atividades sob sua jurisdição ou controle
não causem dano ao meio ambiente de outros Estados ou de áreas além dos
limites da jurisdição nacional (BRASIL, 2000a, p. 10).

O artigo 4º define o âmbito jurisdicional e dos limites das partes contratantes. No caso da diversidade
biológica, restringe‑se às áreas dentro dos limites de sua jurisdição nacional, e, no caso de processos de
atividade, aplica‑se o direito de outros Estados, independentemente de seus efeitos ocorrerem dentro
ou além dos limites da jurisdição nacional (BRASIL, 2000a, p. 10).

Como se trata de um documento extenso, serão pontuados alguns aspectos desse tratado.

É importante ressaltar o artigo 6º, que trata das medidas gerais para conservação e utilização
sustentável, atribuindo responsabilidade às partes contratantes o desenvolvimento de planos e
programas para a conservação e utilização sustentável da biodiversidade.

Observação

Veja que se trata de uma orientação para as empresas e o governo e ela


está em consonância com outros documentos que definem diretrizes para
a atuação das organizações.

O artigo 6º está relacionado aos artigos 7º (que trata do monitoramento), bem como aos artigos 8º,
9º e 10º.

O monitoramento compete ao Estado, que deve vigiar para evitar situações que afetem a
biodiversidade, uma vez que empresas que atuam em construção de estradas, hidroelétricas, barragens
e madeireiras, por exemplo, promovem mudança no equilíbrio ecossistêmico.

O artigo 8º, conservação in situ, o artigo 9º, conservação ex situ, e o artigo 10º, utilização
sustentável de componentes da diversidade biológica, estão em consonância com o papel a ser
desempenhado pelo Estado para a conservação e o uso sustentável.

Definir e administrar áreas protegidas são competências do Estado, e um dos indicadores


acompanhados pelos Objetivos do Milênio refere‑se à expansão de áreas de proteção. O Brasil, conforme
dados já apresentados, elevou, em termos espaciais, as áreas protegidas.

1
“Estado” refere‑se à nação e é composto por povo, território e soberania.
2
A Carta das Nações Unidas foi aprovada à época da Constituição da ONU, em 1945.
123
Unidade II

Saiba mais

O Atol das Rocas, em Fernando de Noronha, uma área protegida –


berçário de muitas espécies de aves e aquáticas – é a primeira reserva
biológica marinha do Brasil, e sua administração é de responsabilidade do
Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio).

Para saber mais sobre áreas de conservação, leia o texto a seguir, da


WWF Brasil (ONG):

WWF BRASIL. Unidades de conservação. [s.d.]. Disponível em: <http://www.wwf.


org.br/natureza_brasileira/questoes_ambientais/unid/>. Acesso em: 10 fev. 2015.

Ou ainda no endereço do Ministério do Meio Ambiente (MMA):

<http://www.mma.gov.br/>.

Também de competência do Estado é a regulamentação e administração de recursos biológicos. Por


exemplo, a lei de crimes ambientais, que tem como objetivo a preservação do meio ambiente, e a proibição
do comércio de animais em extinção compõem o arcabouço jurídico de proteção. Os animais em extinção são
mapeados e incluídos na lista do Livro Vermelho da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção, publicado pelo
Ministério do Meio Ambiente. Os Livros Vermelhos também são elaborados segundo as espécies, como répteis,
peixes, anfíbios, aves, mamíferos, invertebrados terrestres e aquáticos que estão ameaçados de extinção.

Figura 27 – Representação de um exemplar do Livro Vermelho da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção

124
ECONOMIA E SUSTENTABILIDADE

Acima de tudo, a importância da legislação relaciona‑se às questões de preservação de habitats e da


conservação de material genético.

A ideia de habitat abrange não só os seres vivos, mas também o seu meio abiótico, ou seja, a
interação promovida com as substâncias abióticas (oxigênio, nitrogênio, carbono) que circulam pelo
sistema terrestre. A fotossíntese é uma energia derivada dessa interação.

Observação

Segundo alguns autores, a fotossíntese é a fonte da vida.

Quanto à questão do material genético, é preciso ter em conta que a diversidade genética está na
base dos processos ecológico‑evolutivos.

Não sem razão a alínea “a” do artigo 8º (BRASIL, 2000a) trata da questão de “Estabelecer um sistema
de áreas protegidas ou áreas onde medidas especiais precisem ser tomadas para conservar a diversidade
biológica”. É a diversidade genética que promove a constituição dos níveis superiores de espécies e de
ecossistemas, razão pela qual se coloca no mesmo nível de importância a conservação das espécies e da
composição dos alelos genéticos.

Essa composição, afirmam os especialistas, pode variar muito entre os indivíduos de uma mesma
população ou entre populações diferentes de uma mesma espécie. Entre populações aparentadas há
menos biodiversidade do que entre populações não aparentadas.

A baixa diversidade genética compromete a viabilidade de populações em longo


prazo, pois diminui a sua capacidade de adaptação a mudanças ambientais e a
sua resiliência a estresses bióticos ou abióticos – como ataques de patógenos
ou períodos muito quentes. Uma população geneticamente homogênea, ainda
que grande, sempre possui maior risco de extinção, pois pode ter todos os seus
indivíduos dizimados por uma mesma doença, por exemplo (IPEA, 2011a, p. 1).

Comunidades quilombolas que vivem em pequenas comunidades tendem a ter cruzamentos entre
aparentados. A mutação de um gene fará replicar os casos na comunidade (IPEA, 2011a). Por exemplo, o
albinismo pode ocorrer nessas comunidades e vários membros serem portadores dessa alteração.

Esse fenômeno pode ocorrer em qualquer comunidade de seres vivos que sofreram a fragmentação
de seu habitat, como plantas, animais etc.

A causa da erosão genética está relacionada à destruição ou fragmentação dos habitats, que conduz
ao isolamento de populações que já se tornaram pequenas e com menos recursos, elevando assim
os níveis de endogamia, ou seja, o cruzamento entre indivíduos aparentados. Isso promove o que se
chama de alelos deletérios (prejudiciais à saúde). O alelo deletério provoca baixas taxas de fecundidade
e alta mortalidade juvenil. A esse conjunto de fatores dá‑se o nome de depressão endogâmica.
125
Unidade II

Observação

Um alelo é cada uma das várias formas alternativas do mesmo gene,


ocupando um dado locus num cromossomo.

Outra forma de depressão endogâmica refere‑se às plantas geneticamente modificadas, do tipo


transgênico, que, ao substituir cultivos com maior diversidade genética, podem conduzir a situações de
erosão genética. O mesmo pode ser dito da técnica da clonagem, já que os descendentes desses animais
carregam tão somente as mesmas informações genéticas de sua matriz.

A perda de espécies ou o processo de extinção, como aconteceu com os dinossauros, pode ser
um processo de longa duração, mas não deixa de ser pela ocorrência de mudanças em seu habitat. A
mudança no habitat pode ser resultado de várias causas, até mesmo de catástrofes naturais de ordem
climática ou de competidores mais eficientes. Assim como ocorre o desaparecimento de espécies, pode
ocorrer o surgimento de novas espécies.

Porém, atualmente, observa‑se que as mudanças nos ecossistemas são decorrentes muito mais da
ação antrópica, que tem acelerado o processo de extinção de espécies, do que de ordem natural.

A expansão da fronteira agrícola, da pecuária e do extrativismo desordenado, tem promovido a


degradação e a fragmentação de ambientes naturais. O crescimento das cidades e da malha viária e a
construção de hidroelétricas são eventos que também contribuem para a transformação dos habitats. As
espécies que sobrevivem aos interesses econômicos dos homens, normalmente reduzidas a um pequeno
número, isolam‑se e diminuem os alelos genéticos do grupo, acarretando perda de variabilidade genética,
o que as leva à extinção.

A perda de habitats e a fragmentação são os maiores responsáveis pela redução da diversidade


genética. Daí a importância de se investir no desenvolvimento de técnicas de manejo em paisagens
fragmentadas. Uma forma de enfrentamento do problema e que tem apresentado bons resultados são
os corredores ecológicos interligando fragmentos. Muitas vezes, esse método se apresenta como o único
capaz de conservar plantas cujos polinizadores e dispersores de sementes não atravessam as regiões
entre fragmentos isolados.

Pesquisas sobre a ecologia e a genética de populações mostram‑se fundamentais, pois o


desconhecimento do poder de dispersão das espécies de interesse, assim como da sua estrutura genética
populacional antes da fragmentação, pode ser um sério empecilho à sua conservação.

A definição de fragmentos naturais que podem abrigar espécies endêmicas como de alta
prioridade para a conservação é uma ação que pode frear a erosão genética. Nesse aspecto,
revela‑se a importância das orientações contidas nos artigos 8º e 9º da Convenção sobre Diversidade
Biológica (BRASIL, 2000a).

126
ECONOMIA E SUSTENTABILIDADE

Para o caso da conservação ex situ, os métodos podem ser o de viveiros, zoológicos, banco de
sementes, cultivo de células in vitro, criogenia, banco de dados de DNA, dentre outros.

A extinção de uma espécie pode ocorrer também por razões muitas vezes consideradas como naturais,
mas que na verdade têm a ação do homem como causa, como a introdução de espécies estrangeiras,
por exemplo – são os casos de descolamentos de espécies para ambientes diferentes de sua origem.
Muitas vezes são espécies que, pela ausência de predadores naturais, tornam‑se maior número. Então,
em vantagem sobre as espécies nativas, elas passam a dominar o ambiente de sua ocorrência, reduzindo
a diversidade genética.

Daí a importância dos artigos 8º, 9º e 10º da Convenção sobre Diversidade Biológica (BRASIL, 2000a).

Artigo 8º – Conservação in situ

Cada parte contratante deve, na medida do possível e conforme o caso:

a) Estabelecer um sistema de áreas protegidas ou áreas onde medidas especiais precisem


ser tomadas para conservar a diversidade biológica.

b) Desenvolver, se necessário, diretrizes para a seleção, estabelecimento e administração


de áreas protegidas ou áreas onde medidas especiais precisem ser tomadas para
conservar a diversidade biológica.

c) Regulamentar ou administrar recursos biológicos importantes para a conservação


da diversidade biológica, dentro ou fora de áreas protegidas, a fim de assegurar sua
conservação e utilização sustentável.

d) Promover a proteção de ecossistemas, habitats naturais e manutenção de populações


viáveis de espécies em seu meio natural.

e) Promover o desenvolvimento sustentável e ambientalmente sadio em áreas


adjacentes às áreas protegidas, a fim de reforçar a proteção dessas áreas.

f) Recuperar e restaurar ecossistemas degradados e promover a recuperação de espécies


ameaçadas, mediante, entre outros meios, a elaboração e implementação de planos
e outras estratégias de gestão.

g) Estabelecer ou manter meios para regulamentar, administrar ou controlar os riscos


associados à utilização e liberação de organismos vivos modificados, resultantes da
biotecnologia que provavelmente provoquem impacto ambiental negativo que possa
afetar a conservação e a utilização sustentável da diversidade biológica, levando
também em conta os riscos para a saúde humana.

127
Unidade II

h) Controlar, erradicar ou impedir que se introduzam, espécies exóticas que ameacem


os ecossistemas, habitats ou espécies.

i) Procurar proporcionar as condições necessárias para compatibilizar as utilizações


atuais com a conservação da diversidade biológica e a utilização sustentável de seus
componentes.

j) Em conformidade com sua legislação nacional, respeitar, preservar e manter o


conhecimento, as inovações e as práticas das comunidades locais e populações
indígenas com estilo de vida tradicionais relevantes à conservação e à utilização
sustentável da diversidade biológica e incentivar a sua mais ampla aplicação com
a aprovação e a participação dos detentores desse conhecimento, inovações e
práticas; e encorajar a repartição equitativa dos benefícios oriundos da utilização
desse conhecimento, inovações e práticas.

k) Elaborar ou manter em vigor a legislação necessária e/ou outras disposições


regulamentares para a proteção de espécies e populações ameaçadas.

l) Quando se verifique um sensível efeito negativo à diversidade biológica, em


conformidade com o art. 7º, regulamentar ou administrar os processos e as categorias
de atividades em causa.

m) Cooperar com o aporte de apoio financeiro e de outra natureza para a conservação in situ a
que se referem as alíneas “a” a “l” acima, particularmente aos países em desenvolvimento.

Artigo 9º – Conservação ex situ

Cada parte contratante deve, na medida do possível e conforme o caso, e principalmente


a fim de complementar medidas de conservação in situ:

a) Adotar medidas para a conservação ex situ de componentes da diversidade biológica,


de preferência no país de origem desses componentes.

b) Estabelecer e manter instalações para a conservação ex situ e pesquisa de vegetais,


animais e micro‑organismos, de preferência no país de origem dos recursos genéticos.

c) Adotar medidas para a recuperação e regeneração de espécies ameaçadas e para a


sua reintrodução em seu habitat natural em condições adequadas.

d) Regulamentar e administrar a coleta de recursos biológicos de habitats naturais


com a finalidade de conservação ex situ de maneira a não ameaçar ecossistemas e
populações in situ de espécies, exceto quando forem necessárias medidas temporárias
especiais ex situ de acordo com a alínea (c) acima.

128
ECONOMIA E SUSTENTABILIDADE

e) Cooperar com o aporte de apoio financeiro e de outra natureza para a conservação


ex situ a que se referem as alíneas “a” a “d” acima; e com o estabelecimento e a
manutenção de instalações de conservação ex situ em países em desenvolvimento.

Artigo 10 – Utilização sustentável de componentes da diversidade biológica

Cada parte contratante deve, na medida do possível e conforme o caso:

a) Incorporar o exame da conservação e utilização sustentável de recursos biológicos


no processo decisório nacional.

b) Adotar medidas relacionadas à utilização de recursos biológicos para evitar ou


minimizar impactos negativos na diversidade biológica.

c) Proteger e encorajar a utilização costumeira de recursos biológicos de acordo com


práticas culturais tradicionais compatíveis com as exigências de conservação ou
utilização sustentável.

d) Apoiar populações locais na elaboração e aplicação de medidas corretivas em áreas


degradadas onde a diversidade biológica tenha sido reduzida.

e) Estimular a cooperação entre suas autoridades governamentais e seu setor privado


na elaboração de métodos de utilização sustentável de recursos biológicos.

Fonte: Brasil (2000a, p. 11‑13).

Segundo o Ministério do Meio Ambiente (BRASIL, 2008b, p. 5), “o Brasil já possui uma
considerável gama de experiências e instrumentos que estimulam e viabilizam o alcance dos três
objetivos da CDB”.

No Brasil, muitas espécies já estão catalogadas com risco de extinção. São consideradas espécies
ameaçadas aquelas cujas populações e habitats estão desaparecendo rapidamente e com risco de
serem extintas, seja pelo comércio irregular de animais, seja pela destruição dos recursos naturais que
garantem a sustentação dessas espécies, como os micro‑organismos do solo, as sementes que servem
de alimentos para muitas espécies, o nível adequado de oxigenação da água etc.

Os desequilíbrios dos ecossistemas alteram as funções da natureza que garantem o bem‑estar


humano; isso e o desaparecimento de espécies são perdas de serviços da natureza de difícil
valoração econômica.

129
Unidade II

Figura 28 – Arara azul (Cyanopsitta spixii (cyano = azul escuro;


psitta = psitacídeo)– espécie ameaçada de extinção no Brasil

A) B)

Figura 29 – Lobo‑guará e mero – espécies ameaçadas de extinção no Brasil

A) B)

Figura 30 – Baleia franca e mico‑leão‑preto – espécies ameaçadas de extinção no Brasil

No Brasil, uma das formas encontradas para a sensibilização social das espécies ameaçadas são as
campanhas realizadas pelo governo federal. Colocar a foto de alguns animais nas moedas nacionais
foi uma forma de representar a força dessa riqueza natural e ainda conscientizar sobre a conservação
130
ECONOMIA E SUSTENTABILIDADE

desses animais. O mico‑leão‑dourado está identificado na nota de vinte reais e a onça‑pintada nas
notas de cinquenta reais

A) B)

Figura 31 – Campanha de sensibilização com inserção de figuras de espécies em extinção, em moedas


de circulação nacional, como os casos do mico‑leão‑dourado, espécie nativa da mata Atlântica que se tornou
símbolo da luta pela preservação, e da onça‑pintada, espécie característica do Brasil que, apesar
de estar ameaçada de extinção, ainda pode ser encontrada no Pantanal Mato‑grossense e na Amazônia

Saiba mais

O documentário seguinte permite perceber claramente a importância


da preservação do patrimônio genético brasileiro:

O VENENO da Jararaca – acesso ao patrimônio genético brasileiro. Dir.


Marcya Reis. Brasil: TV Câmara, 2012. 42 minutos.

5.2 Tecnologia a favor da preservação ambiental

Os ecologistas apontam diversos caminhos a serem seguidos para a preservação ambiental. Um deles
é o envolvimento da sociedade no monitoramento do progresso, já que a natureza é finita e que o sonho
do crescimento ilimitado não é realizável. Um primeiro passo é reconhecer as limitações ecológicas e os
desafios socioeconômicos que elas exigem.

O prejuízo ecológico decorrente da atividade econômica não pode ser interpretado simplesmente
como uma externalidade negativa, afirmam os ecologistas. Para eles, aceitar esse conceito como
verdadeiro é o mesmo que reconhecer que natureza e humanidade sejam partes separadas, o que não é
verdade. Eles defendem, como princípio, que homem e natureza fazem parte de um mesmo ambiente,
e por isso o mundo natural não pode ser separado do mundo do trabalho. Afirmam que o modo de vida
nas metrópoles dificulta a percepção da real dependência da natureza (BELLEN, 2006, p. 116). A natureza
passa a ser considerada apenas como um ambiente de lazer e não como provedora de serviços para o
bem‑estar humano.

Muitas crianças nascidas e criadas nas grandes cidades acreditam que a fonte de fornecimento de
seu alimento é o supermercado. A noção sobre a origem de um ovo de galinha, da fruta e da carne
que consomem é muito vaga. A modernidade está relacionada ao modo de vida urbano e o atraso ao
modo rural.

131
Unidade II

Para a corrente dos ecologistas, as causas da degradação da natureza estão mais que esclarecidas
e a sociedade deve tomar uma posição para a busca de solução, mesmo que os problemas sejam de
ordem financeira.

A destruição é resultado de uma busca incessante somente pelo ganho econômico, que reverte
apenas para alguns, enquanto seus efeitos (externalidades negativas) atingem a todos, indistintamente.

Recuperar o que foi perdido e preservar o que sobrou demanda razoável grau de investimento,
principalmente em pesquisa e desenvolvimento de tecnologias.

A conservação ex situ requer que se reproduzam as mesmas condições do ambiente natural das
espécies, e a reprodução em cativeiro de espécies em extinção não é tarefa das mais fáceis. Há que
se considerar a indisponibilidade de espaços físicos, o que dificulta na apresentação de condições
adequadas para as espécies. No caso dos mamíferos de grande porte, o problema aumenta na mesma
proporção do tamanho desses animais.

A conservação das sementes de algumas espécies já é possível e sua técnica já é de domínio


público. Basta que se desidratem as sementes a 5% de seu teor de umidade inicial e as coloquem em
equipamentos de armazenamento a ‑18 ºC, o que as conservará por muito e muito tempo. Porém,
nem todas as sementes preservam as condições adequadas. É o caso de numerosas espécies arbóreas
e arbustivas, nativas de regiões tropicais e subtropicais, e muitas de importância econômica, como o
dendê (Elaeis oleifera) e o cacau (Theobroma cacao), que são danificadas e perdem a viabilidade quando
armazenadas nas mesmas condições. Além disso, há espécies que se propagam apenas vegetativamente
como é o caso da mandioca (Manihot esculenta).

As técnicas de preservação têm evoluído e alternativas já se apresentam de forma viável, como o


caso da criopreservação, definida como a conservação de material biológico em nitrogênio líquido a
‑196 ºC, ou em sua fase de vapor a ‑150 ºC. Essa abordagem já está sendo utilizada de forma eficaz
na conservação de células de tecido vegetal e animal, bem como de micro‑organismos, com baixo
custo relativo.

Quanto à agricultura de larga escala, apesar do aumento da produtividade com o uso de sementes
transgênicas de ganhos econômicos imediatos, em longo prazo, pode‑se elevar a fragilidade das
espécies em relação a patógenos e comprometer a segurança alimentar por duas vias: pela dependência
econômica das empresas fornecedoras de sementes e pelo desequilíbrio da biodiversidade em cultivos
que vão se homogeneizando (IPEA, 2011a).

Do ponto de vista econômico, cria‑se total dependência do agricultor em relação às empresas


transnacionais, que são as detentoras das patentes. O uso do produto só é possível por meio de contrato
com o devido pagamento de royalties. A semente de uma safra não pode ser utilizada em outra; se isso
ocorrer, as empresas podem multar o agricultor e obrigá‑lo a realizar o devido pagamento dos royalties.

A biotecnologia tem elevado a produtividade agrícola, razão pela qual é estratégico o conhecimento
e a conservação da biodiversidade para o seu desenvolvimento de forma plena. Para isso, é preciso
132
ECONOMIA E SUSTENTABILIDADE

investimentos em pesquisa e treinamento, bem como acesso à tecnologia e também transferência de


tecnologia, conforme o estabelecido no artigo 16 da Convenção sobre Diversidade Biológica.

Artigo 12 – Pesquisa e treinamento

As partes contratantes, levando em conta as necessidades especiais dos


países em desenvolvimento, devem:

a) Estabelecer e manter programas de educação e treinamento


científico e técnico sobre medidas para a identificação, conservação
e utilização sustentável da diversidade biológica e seus componentes,
e proporcionar apoio a esses programas de educação e treinamento
destinados às necessidades específicas dos países em desenvolvimento.

b) Promover e estimular pesquisas que contribuam para a conservação


e a utilização sustentável da diversidade biológica, especialmente nos
países em desenvolvimento, conforme, entre outras, as decisões da
conferência das partes tomadas em consequência das recomendações
do Órgão Subsidiário de Assessoramento Científico, Técnico e
Tecnológico.

c) Em conformidade com as disposições dos arts. 16, 18 e 20, promover


e cooperar na utilização de avanços científicos da pesquisa sobre
diversidade biológica para elaborar métodos de conservação e utilização
sustentável de recursos biológicos (BRASIL, 2000a, p. 13 e 14).

Segundo o Ipea (2011a), no que diz respeito à diversidade genética, o Brasil possui pouco
conhecimento, e a pesquisa em exemplares da biodiversidade brasileira encontra‑se no seu início.
O que existe são estudos específicos e normalmente se concentram sobre uma única espécie. A
maioria das espécies nativas ainda é desconhecida e pode estar sendo irremediavelmente perdida
(IPEA, 2011a).

As pesquisas estimulam e aumentam o conhecimento sobre as espécies. Esse conhecimento pode


representar a descoberta de vários códigos para a cura de doenças, bem como o aumento da produção
de alimentos e outros problemas que a humanidade poderá enfrentar.

Segundo o Ipea (2011a), o Ministério do Meio Ambiente, no âmbito do Projeto de Estratégia


Nacional da Biodiversidade, num esforço de elaborar um documento que sintetizasse o conhecimento
a respeito dos grupos taxonômicos mais conhecidos e catalogados, consultou vários especialistas
para esse fim. No âmbito do projeto, estimou‑se que o País detém 13% do total mundial de espécies
conhecidas e catalogadas do mundo. Isso representa em termos médios que 1,8 milhão de espécies
estão no Brasil, mas apenas 200 mil espécies são conhecidas e catalogadas. Os grupos taxonômicos
de maior interesse econômico são os mais catalogados no mundo, como bactérias e afins, fungos
e os insetos.
133
Unidade II

Tabela 11 – Número total de espécies em grandes


grupos taxonômicos no mundo e no Brasil

(Em milhares de espécies)


Média Brasil/
Brasil mundo
Grupo Mundo
Limite Limite
Média inferior superior
Vírus 400 52,6 40,1 70,4 13,2%
Bactérias e afins 1.000 131,4 100,2 175,9 13,1%
Fungos 1.500 197,1 150,3 263,9 13,1%
Protozoários 200 26,3 20,0 35,2 13,2%
Algas 400 52,6 40,1 70,4 13,2%
Plantas 320 51,5 48,5 54,5 16,1%
Nematoides 400 52,6 40,1 70,4 13,2%
Crustáceos 150 19,7 15,0 26,4 13,1%
Aranhas e Afins 750 98,5 75,2 132,0 13,1%
Insetos 8.000 1.051,0 801,8 1.407,6 13,1%
Moluscos 200 26,3 20,0 35,2 13,2%
Vertebrados e Afins 20 7,9 7,2 8,8 39,5%
Outros 250 32,8 25,1 44,0 13,1%
Total 13.590 1.800,3 1.383,6 2.394,7 13,2%

Adaptado de: IPEA (2011a, p. 6).

5.2.1 Pesquisa e desenvolvimento

O Brasil posiciona‑se como o campeão em biodiversidade. Essa diversidade o coloca entre os dezessete
países megadiversos do mundo.

Vários produtos consumidos atualmente tem sua fonte na biodiversidade nacional, devido às
inovações de produtos e processos no campo das ciências biológicas, a Biotecnologia. A indústria
farmacêutica, a de alimentos e bebidas e a química são beneficiárias desse conhecimento.

O avanço do conhecimento na área da Biotecnologia tem permitido o desenvolvimento de uma


gama variada de produtos e processos de fabricação. Isso tem impactado o mercado e o mundo dos
negócios. Especialistas chamam a atenção para o processo de convergência dos negócios em algumas
atividades industriais. O que antes eram negócios compartimentalizados agora estão cada vez mais
próximos. Os subsetores industriais como o alimentar, o farmacêutico, o químico, o da saúde, da energia
e da informação estão estreitando cada vez mais os seus laços de negócios, sinalizando para o futuro a
constituição de uma grande indústria: a bioindústria.

A Embrapa, instituição mantida pelo governo federal, tem se tornado centro de referência no
desenvolvimento de pesquisa na área da Biotecnologia. Seus pesquisadores já dominam a técnica da
clonagem, sendo que o primeiro clone de animal, no Brasil, foi conduzido pelos técnicos dessa empresa. Na
134
ECONOMIA E SUSTENTABILIDADE

unidade de Recursos Genéticos e Biotecnologia, estão sendo desenvolvidas pesquisas de nanotecnologia


e biologia sintética com fios de teias da aranha Nephylengys, da biodiversidade brasileira.

A plataforma tecnológica em desenvolvimento é a de moléculas de alto valor agregado conseguida


a partir de plantas, animais e micro‑organismos geneticamente modificados. O estudo do genoma de
aranhas coletado em três diferentes biomas brasileiros (Mata Atlântica, Amazônia e Cerrado) revelou
que a teia de aranha é um dos fios mais resistentes e flexíveis da natureza, informa a Embrapa (apud
DINIZ, 2013, p. 10).

A técnica resume‑se na identificação e isolamento de genes das aranhas com o intuito de


desenvolver polímeros. Os primeiros resultados do desenvolvimento de polímeros foram possíveis a
partir da clonagem dos genes da aranha associados à produção da teia. A ideia é produzir em laboratório
uma teia sintética que reúna as características de resistência e alta elasticidade. Segundo Rech (apud
VASCONCELOS, 2014), um dos pesquisadores envolvidos no projeto, a Embrapa já tem o domínio da
tecnologia da produção de fios de teias de aranha em laboratório, e só falta definir um meio econômico,
rápido e seguro para a sua produção em larga escala. Segundo o pesquisador, isso valorizará ainda mais
a biodiversidade brasileira que, num modelo de biofábricas, possibilitará a produção de medicamentos e
outros insumos para o bem‑estar humano, de forma segura e acessível aos consumidores.

Será possível usar o polímero sintético pesquisado na área da saúde, para suturas em cirurgias.

As bactérias e os fungos são outra área de investigação que tem recebido investimento público.
Esses micro‑organismos existentes no solo são os maiores produtores de moléculas conhecidas como
metabólitos secundários, explica a professora Luciana G. de Oliveira, que tem estudado o assunto no
âmbito do projeto Explorando a Biodiversidade Brasileira para a Obtenção de Produtos Naturais e “Não
Naturais” (TOLEDO, 2012).

Segundo a pesquisadora:

Ao contrário do que o nome possa sugerir, essas moléculas são essenciais


para a sobrevivência dos microrganismos, pois fazem parte dos processos de
crescimento, desenvolvimento e reprodução. Além disso, muitos metabólitos
secundários apresentam propriedades bioativas, ou seja, podem ser usados
no desenvolvimento de fármacos. A maioria dos metabólitos secundários
com potencial terapêutico foi descoberta na era de ouro dos antibióticos –
entre 1944 e 1972 – e deu origem a medicamentos que usamos até hoje,
como a eritromicina e a rapamicina (TOLEDO, 2012).

Mas as pesquisas nessa área, segundo a professora (apud TOLEDO, 2012), foram diminuindo ao
longo do tempo e, mais recentemente, com o barateamento das técnicas de mapeamento genético, os
pesquisadores voltaram a ter esperanças. Os investimentos estão voltados para o sequenciamento do
genoma das actinobactérias. Desse mapeamento, já se descobriu a presença de genes não conhecidos.
O avanço desse conhecimento permitirá estimar o potencial do micro‑organismo em sintetizar alvos de
interesse, informou Oliveira.
135
Unidade II

Outra iniciativa, objetivando mapear de forma segura a biodiversidade no País, tem como protagonista
o governo federal, com o Projeto do Sistema de Informação sobre a Biodiversidade Brasileira (SiBBr),
lançado em audiência pública na Comissão de Meio Ambiente, Defesa do Consumidor e Fiscalização e
Controle do Senado Federal.

O objetivo é construir um banco de dados “metadados”, de modo a preservar o conhecimento e


garantir o uso de dados da biodiversidade, já que o País é o que detém a maior diversidade de aves,
primatas e anfíbios da América do Sul. O projeto poderá contribuir para implementar políticas públicas e
para a tomada de decisões sobre meio ambiente, segundo o governo federal. O investimento é da ordem
de US$ 28 milhões, sendo US$ 20 milhões do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) e US$
8 milhões do Fundo Global para o Meio Ambiente.

É conhecido o fato que os invertebrados respondem por 95% dos animais hoje viventes, e o número
de espécimes tombados em coleção brasileira é quase oito vezes maior que o total de animais vertebrados.
Por exemplo, os cupins, os ácaros e as formigas impactam nas atividades agrícolas e florestais, outros
atuam como vetores de patógenos ou parasitas humanos. Outros ainda contribuem para a polinização
de culturas, para a melhoria da estrutura do solo e para o desenvolvimento de fármacos, como as
aranhas e os escorpiões.

A função dos micro‑organismos na produção de valor na economia

Micro‑organismos são seres vivos unicelulares microscópicos, incluindo bactérias, arqueas, fungos,
protozoários e vírus.

Do ponto de vista ecológico, sua importância se revela em toda a cadeia da vida no planeta. Do
ponto de vista econômico, eles fazem parte do processo da fotossíntese, da ciclagem de nutrientes,
da manutenção da fertilidade da terra, além de sua aplicação em diversos setores industriais, como:
alimentos e bebidas, química, papel e celulose. Além disso, são usados no tratamento de efluentes
industriais, esgoto e resíduos sólidos.

O isolamento e o cultivo de micro‑organismos em laboratório respondem também por considerável


parcela das inovações nas áreas médica, biotecnológica e ambiental. Porém, o conhecimento de sua
diversidade ainda é reduzido em relação a outros grupos, relatam os pesquisadores da área.

O processo da biodegradação e biorremediação

A biorremediação é um processo ou estratégia que busca detoxificar o solo ou outros ambientes


contaminados, fazendo uso de micro‑organismo como fungos, bactérias e enzimas.

A poluição por petróleo e seus derivados em ambientes marinhos têm sido um dos principais
problemas ambientais das últimas décadas.

136
ECONOMIA E SUSTENTABILIDADE

Figura 32 – Representação da poluição por petróleo sobre os animais

A biodegradação é um processo de estimulação natural utilizada para a limpeza de derramamentos


de óleos e tratamentos terrestres e aquáticos. A descoberta de que certas bactérias que vivem em
sedimentos marinhos e em areias de praia têm a capacidade de degradar os seus componentes permitiu
o desenvolvimento de método biológico para o tratamento de derrames. A técnica de biorremediação
envolve variações de tratamentos in situ – no local – e ex situ – fora do local – que podem incluir
inúmeros procedimentos. Vários contaminantes podem ser tratados biologicamente com sucesso. Estes
incluem petróleo bruto, seus hidrocarbonetos como gasolina – que contém benzeno, xileno, tolueno e
etilbenzeno –, óleo diesel, combustível de avião, preservativos de madeira, solventes diversos, lodo de
esgoto e outros compostos xenobióticos ou biogênicos.

Outra técnica refere‑se à fitorremediação, que pode ser definida como o uso da vegetação in situ
para o tratamento de solos contaminados. Os solos contaminados por metais pesados podem ser
recuperados naturalmente. As plantas absorvem esses metais em seus tecidos e liberam oxigênio para
o solo e outros compostos, estimulando a biorremediação por fungos ou outros micro‑organismos
localizados no sistema solo‑raiz.

5.2.2 Tecnologia e biossegurança

As inovações tecnológicas na área da biotecnologia remontam a meados dos anos de 1970. Devido
ao pouco conhecimento existente à época, era comum relacionar a essa intervenção genética algum
tipo de risco, daí utilizar‑se o termo biorrisco, ou bioperigo. À medida que se ampliam os conhecimentos
a respeito da técnica e, principalmente, em razão da comercialização de produtos derivados dessa
intercorrência, a terminologia é substituída por biossegurança.

A Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO) utiliza o conceito de
biossegurança como o uso sadio e sustentável, em termos ambientais, de produtos biotecnológicos.

Não existe consenso a respeito dos impactos que essa bioindústria pode vir a causar sobre o
meio ambiente em todos os seus aspectos, incluindo a saúde humana. Nesse sentido, defende‑se a
137
Unidade II

elaboração de normas e mecanismos de monitoramento e rastreabilidade para assegurar que essas


novas tecnologias não acarretem danos à saúde humana, animal e à natureza, bem como de estudos de
impacto socioeconômico e culturais.

Observação

O Brasil aprovou a Lei de Biossegurança (nº 11.105/05) que foi


regulamentada pelo Decreto nº 5.591 em 22 de novembro de 2005.
Essa legislação disciplina o plantio e a comercialização de organismos
geneticamente modificados (OGM) e autoriza o uso de células‑tronco
embrionárias, obtidas de embriões humanos por fertilização in vitro para
fins de pesquisa e terapia.

Por esse dispositivo legal, também foi criado o Conselho Nacional de


Biossegurança (CNBS), com competência para formular e implementar a
Política Nacional de Biossegurança (PNB), que reestruturou a Comissão
Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio).

O artigo 16 da Convenção sobre Diversidade Biológica – CDB – reconhece a importância do


desenvolvimento das tecnologias e das transferências desses saberes, desde que essas tecnologias
estejam em consonância com a conservação e utilização sustentável da diversidade biológica. A
elaboração de medidas legislativas, administrativas ou políticas, conforme o caso, deve garantir que
as partes contratantes, em particular os países em desenvolvimento, que são provedores de recursos
genéticos, tenham garantido o acesso à essa tecnologia. O uso desses recursos tecnológicos e sua
transferência, de comum acordo, deve incluir tecnologia protegida por patentes e outros direitos
de propriedade intelectual. Nesse aspecto, a CDB, ao estimular o uso da biotecnologia, incentiva
que os usuários tenham acesso tenham acesso ao conhecimento técnico por meio da transferência
desses saberes.

Artigo 16 – Acesso à tecnologia e transferência de tecnologia

1. Cada parte contratante, reconhecendo que a tecnologia inclui biotecnologia, e que


tanto o acesso à tecnologia quanto a sua transferência entre partes contratantes são
elementos essenciais para a realização dos objetivos desta Convenção, compromete‑se,
sujeito ao disposto neste artigo, a permitir e/ou facilitar a outras partes contratantes o
acesso a tecnologias que sejam pertinentes à conservação e utilização sustentável da
diversidade biológica ou que utilizem recursos genéticos e não causem dano sensível
ao meio ambiente, assim como a transferência dessas tecnologias.

2. O acesso à tecnologia e sua transferência a países em desenvolvimento, a que se


refere o § 1º acima, devem ser permitidos e/ou facilitados em condições justas e as
mais favoráveis, inclusive em condições concessionais e preferenciais quando de
comum acordo, e, caso necessário, em conformidade com o mecanismo financeiro
138
ECONOMIA E SUSTENTABILIDADE

estabelecido nos artigos 20 e 21. No caso de tecnologia sujeita a patentes e outros


direitos de propriedade intelectual, o acesso à tecnologia e sua transferência devem
ser permitidos em condições que reconheçam e sejam compatíveis com a adequada e
efetiva proteção dos direitos de propriedade intelectual. A aplicação deste parágrafo
deve ser compatível com os §§ 3, 4 e 5 abaixo.

3. Cada parte contratante deve adotar medidas legislativas, administrativas ou políticas,


conforme o caso, para que as partes contratantes, em particular as que são países
em desenvolvimento, que proveem recursos genéticos, tenham garantido o acesso à
tecnologia que utilize esses recursos e sua transferência, de comum acordo, incluindo
tecnologia protegida por patentes e outros direitos de propriedade intelectual,
quando necessário, mediante as disposições dos artigos 20 e 21, de acordo com o
direito internacional e conforme os §§ 4 e 5 abaixo.

4. Cada parte contratante deve adotar medidas legislativas, administrativas ou políticas,


conforme o caso, para que o setor privado permita o acesso à tecnologia a que se
refere o § 1 acima, seu desenvolvimento conjunto e sua transferência em benefício
das instituições governamentais e do setor privado de países em desenvolvimento, e
a esse respeito deve observar as obrigações constantes dos §§ 1, 2 e 3 acima.

5. As partes contratantes, reconhecendo que patentes e outros direitos de propriedade


intelectual podem influir na implementação desta Convenção, devem cooperar a esse
respeito em conformidade com a legislação nacional e o direito internacional para
garantir que esses direitos apoiem e não se oponham aos objetivos desta Convenção.

Fonte: Brasil (2000a, p. 15‑16).

A engenharia genética genômica e as tecnologias de clonagem de animal compreendem tecnologias


que envolvem o chamado DNA recombinante. Os transgênicos ou organismos geneticamente modificados
(OGM) e seus derivados encaixam‑se nessa categoria.

A clonagem animal, por exemplo, consiste em substituir o núcleo de óvulo pelo material genético
do animal a ser copiado. A reprodução se dá de forma assexuada. O embrião é ativado por substâncias
químicas e desenvolve‑se como se fosse originado de um espermatozoide. Justifica‑se a clonagem de
animais para estudos de doenças degenerativas.

A expansão no uso de sementes geneticamente modificada já é uma realidade; o mercado global


está estimado em US$ 9,2 bilhões, sendo que do total de culturas transgênicas 70% refere‑se à soja,
25% de milho e 46% de algodão. Ainda, o Brasil já ultrapassou a Argentina em termos de área agrícola
plantada com transgênicos, e os Estados Unidos lideram a produção de transgênicos, desde o primeiro
cultivo de soja transgênica, em 1996.

Segundo o relatório 2013 da International Service for the Aquisition of Agri‑biotech Aplications
(ISAAA), o uso global de transgênicos é recorde com 175,2 milhões de hectares plantados em todo
139
Unidade II

o mundo em 2013, o que representa crescimento à taxa anual de 3%. Vinte e sete países no mundo
utilizam plantio de sementes de genes combinados. Os países em desenvolvimento foram os que mais
cresceram (54%), com 94 milhões de hectares de lavouras, segundo a ISAAA.

Parcerias público‑privadas foram estabelecidas com sucesso no Brasil, Indonésia e Bangladesh. No


Brasil, por meio de parceria público‑privada entre a Embrapa e uma multinacional alemã, foi desenvolvida
a Cultivance, uma soja geneticamente modificada.

Segundo o ISAAA, entre 1996 e 2012, as culturas biotecnológicas contribuíram para a segurança
alimentar, sustentabilidade, meio ambiente e mudanças climáticas. Esse feito deve‑se ao aumento da
produtividade, à economia no uso de pesticidas, à redução de emissões de CO2 em 26.700 milhões de kg,
à conservação da biodiversidade por salvar 123 milhões de hectares de terras e tem contribuido para a
diminuição da pobreza de milhões de pequenos agricultores e suas famílias.

Porém, apesar disso, muito se discute ainda sobre os impactos dos transgênicos sobre o meio
ambiente e os efeitos adversos que podem causar à saúde humana e animal.

Do ponto de vista econômico, já está comprovado que essa tecnologia elevou a produtividade do
plantio, mas ainda se discute a vulnerabilidade e a dependência dos países e dos pequenos agricultores,
que sempre estarão submetidos a contratos e ao pagamento de royalties para as grandes empresas do
setor que atuam na forma de oligopólio.

Por outro lado, considerando o crescimento populacional e o aumento da expectativa de vida das
pessoas, a questão alimentar torna‑se ponto crucial na agenda da sociedade. Segundo a FAO (2009), o
crescimento da fome no mundo atingiu em 2009 mais de um milhão de pessoas. O desafio é garantir
segurança alimentar para essas pessoas e para a geração futura, que deverá chegar a mais de nove
bilhões em 2050. Nesse aspecto, é crucial o aumento da produtividade no campo e a tecnologia OGM
tem respondido a essa expectativa, mesmo com as incertezas que isso pode trazer no futuro.

Independente do debate que transita entre o bem e o mal dos OGM, os dados da ISAAA revelam que o
crescimento no uso dessa tecnologia expandiu‑se de forma significativa nos países em desenvolvimento
e que a biotecnologia já se consolidou como indústria. O uso de sementes tolerantes à seca já é uma
realidade, e a lista se amplia para cana, eucalipto, alface, berinjela e mosquitos geneticamente modificados,
como é o caso das experiências que estão sendo desenvolvidas no Brasil com o mosquito da dengue.

6 POLÍTICA NACIONAL DE PRESERVAÇÃO DA BIODIVERSIDADE

De acordo com artigo 6º da CDB, as partes contratantes devem:

a) Desenvolver estratégias, planos ou programas para a conservação e a


utilização sustentável da diversidade biológica ou adaptar para esse
fim estratégias, planos ou programas existentes que devem refletir,
entre outros aspectos, as medidas estabelecidas nesta Convenção
concernentes à parte interessada.
140
ECONOMIA E SUSTENTABILIDADE

b) Integrar, na medida do possível e conforme o caso, a conservação


e a utilização sustentável da diversidade biológica em planos,
programas e políticas setoriais ou intersetoriais pertinentes (BRASIL,
2000a, p. 11).

Todos os estudos que envolveram a questão do desenvolvimento sustentável tiveram ressonância na


sociedade por manifestarem uma ética da preservação e do comportamento responsável.

O reconhecimento de que os recursos naturais têm proporcionado os meios de sobrevivência


aos seres humanos ao longo de sua existência e de que as descobertas na área da ciência genômica
abriram novas oportunidades para o desenvolvimento sustentável conduziu à elaboração de políticas
de preservação da biodiversidade. As convenções internacionais cumpriram papel relevante por criarem
direitos e obrigações entre as partes signatárias.

A política de preservação é importante e necessária, devido à pressão que os seres humanos exercem
sobre os recursos biológicos, ameaçando‑os de extinção. Na trajetória de crescimento econômico, essa
situação torna‑se insustentável e as partes tem a responsabilidade de assegurar que as atividades sob o
seu território jurisdicional não causem dano sobre o meio ambiente.

A CDB é importante para criar compromissos com a conservação da biodiversidade, e a política


nacional brasileira insere‑se nesse contexto.

Observação

Atualmente, os governos estão mais envolvidos com a conservação


da biodiversidade em razão da ação internacional e pelo envolvimento da
sociedade.

A megadiversidade brasileira coloca o País em posição de destaque entre os países megadiversos.


Mas essa riqueza sofre com a biopirataria e com o pouco conhecimento sobre as espécies existentes no
território nacional.

No Brasil, a política nacional sobre biodiversidade inclui elaboração e atualizações permanentes de


listas nacionais oficiais – os volumes do Livro Vermelho da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção e os
Planos de Ação Nacionais para a Conservação de Espécies Ameaçadas de Extinção. Mas os desafios ainda
são muito grandes. Dentre eles, a formação de especialistas (taxonomistas), uma vez que existe escassez
de recursos humanos e de infraestrutura nessa área.

Os recursos existentes, tanto relativos ao capital humano quanto a laboratórios, concentram‑se nas
regiões mais desenvolvidas do País. Os centros de pesquisas que atuam na área são: a Empresa Brasileira
de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), o Instituto de Medicina Tropical
(IMT) da USP/SP, o Instituto Adolfo Lutz (IAL) e o Instituto Evandro Chagas (IEC), todos públicos. Poucos
são os laboratórios mantidos por empresas privadas e com investimentos próprios no País.
141
Unidade II

6.1 Código Florestal

O processo de aprovação do novo Código Florestal Brasileiro foi cercado de intenso debate envolvendo a
sociedade civil organizada, acadêmicos, governo e representações políticas, dentre outros. Cercado de intenso
debate e pouco consenso, o código é sancionado em 25 de maio de 2012, com a promulgação da Lei nº 12.651.

Como compromisso soberano do País, o código estabelece as normas de preservação das florestas
e demais formas de vegetação nativa, bem como da biodiversidade, do solo, dos recursos hídricos e da
integridade do sistema climático, para o bem‑estar das gerações presente e futura, buscando harmonizar
o uso produtivo da terra, da água, do solo e da vegetação.

É no âmbito dessa lei (BRASIL, 2012b) que se define:

• Amazônia Legal como as áreas dos estados do Acre, Pará, Amazonas, Rondônia, Amapá, Mato
Grosso mais as regiões situadas ao norte do paralelo 13º S, dos estados de Tocantins e Goiânia e
ao oeste do meridiano de 44º W do estado do Maranhão.

• Áreas de Proteção Permanente (APP) como áreas protegidas, cobertas ou não por vegetação
nativa, com a função ambiental de preservar os recursos hídricos, a paisagem, a estabilidade
geológica e a biodiversidade, facilitar o fluxo gênico de fauna e flora, proteger o solo e assegurar
o bem‑estar das populações humanas.

• Reserva Legal (ARL) como área localizada no interior de uma propriedade ou posse rural, com a
função de assegurar o uso econômico dos recursos naturais do imóvel rural, de modo sustentável,
auxiliar a conservação e a reabilitação dos processos ecológicos e promover a conservação da
biodiversidade, bem como o abrigo e a proteção da fauna silvestre e da flora nativa.

• Manejo sustentável como sendo a administração da vegetação natural para a obtenção de


benefícios econômicos, sociais e ambientais, respeitando‑se os mecanismos de sustentação
do ecossistema que é objeto do manejo e considerando‑se cumulativa ou alternativamente a
utilização de múltiplas espécies, madeireiras ou não, de múltiplos produtos e subprodutos da
flora, bem como a utilização de outros bens e serviços.

• Área rural consolidada como área de imóvel rural com ocupação antrópica preexistente a 22
de julho de 2008, com edificações, benfeitorias ou atividades agrossilvipastoris, admitida, neste
último caso, a adoção do regime de pousio.

• Pequena propriedade ou posse rural familiar como área explorada mediante o trabalho pessoal
do agricultor familiar e empreendedor familiar rural, incluindo os assentamentos e projetos de
reforma agrária.

• Uso alternativo do solo como sendo a substituição de vegetação nativa e formações sucessoras
por outras coberturas do solo, como atividades agropecuárias, industriais, de geração e transmissão de
energia, de mineração e de transporte, assentamentos urbanos ou outras formas de ocupação humana.
142
ECONOMIA E SUSTENTABILIDADE

A lei define ainda o que são áreas de utilidade pública, de interesse social e outros conceitos, como
manguezal, vereda, nascente etc., incluindo também o conceito de crédito de carbono como um título
de direito sobre bem intangível e incorpóreo transacionável.

A aprovação do código foi importante, pois estabeleceu limites de uso das áreas dos imóveis rurais,
das áreas de proteção permanente, de reserva legal e de área rural consolidada.

O novo Código Florestal é composto por 84 artigos distribuídos em catorze capítulos.

7 BIOMAS BRASILEIROS

Em 2004, a parceria institucional entre o IBGE e o Ministerio do Meio Ambiente – MMA – resultou
no Mapa de Biomas do Brasil: Primeira Aproximação.

Essa iniciativa acontece após o País aprovar a CDB, assumir a responsabilidade sobre seus próprios
recursos biológicos e reconhecer a necessidade de mapear e conhecer a diversidade biológica como
sustentáculos para o planejamento de políticas públicas.

Para a elaboração do mapa foi preciso primeiro entender e conceituar o que seria um bioma.

Nesse esforço técnico, definiu‑se bioma como um conjunto de vida vegetal e animal constituído
pelo agrupamento de tipos de vegetação contíguos e identificáveis em escala regional, com condições
geoclimáticas similares e história compartilhada de mudanças, resultando em uma diversidade
biológica própria.

Definido o entendimento sobre o que é um bioma, passou‑se a classificar o País segundo esse
conceito. Foram identificados seis biomas, conforme pode ser observado na figura seguinte.

RR AP

AM PA MA CE RN
PI PB
AC PE
AL
RO TO SE
MT BA
GO DF
MG ES
MS
SP RJ
PR
SC
RS

Figura 33 – Representação geográfica dos biomas brasileiros

143
Unidade II

Ocupando quase a metade da porção geográfica da América do Sul, o Brasil possui uma
extensão territorial de 8,5 milhões de km2. No censo de 2000, éramos quase 170 milhões de
habitantes e em 2010 esse número aumentou para mais de 190 milhões, segundo os dados do
censo realizado pelo IBGE.

Por conta dessa vastidão geográfica, identificam‑se várias áreas climáticas e variações ecológicas
distintas, formando zonas biogeográficas diferentes ou biomas. Essa variedade de biomas reflete a
enorme riqueza da flora e da fauna brasileira, como o clima úmido no Norte, o semiárido no Nordeste e
áreas temperadas no Sul (IBGE).

Por conta dessa variedade climática, muitas espécies são classificadas como endêmicas, ou seja,
espécies que são encontradas em apenas determinadas regiões geográficas.

A jabuticaba, por exemplo, é uma fruta genuinamente brasileira, nativa da Mata Atlântica e, apesar
de ser encontrada em outros países, ela é endêmica do Brasil. O mesmo ocorre com a seringueira: de
alto valor econômico para a produção da borracha, é nativa da região amazônica e pode ser encontrada
em outros países. Outro exemplo é o cajueiro, cujo fruto é o caju, rico em ferro e vitamina C e muito
apreciado e consumido na região Nordeste do País, onde é mais encontrado por ser uma planta nativa
da região litorânea e originariamente brasileira.

De acordo com a classificação do IBGE (2004), o bioma de maior extensão territorial é o da Amazônia.
Juntamente com o do Cerrado, ocupa 73% do território nacional. Esse fato revela também que são
biomas importantes do ponto de vista da biodiversidade.

Tabela 12 – Classificação e área aproximada dos biomas brasileiros

Classificação Área aproximada (km2) Área/total Brasil


Amazônia 4.196.943 49,3%
Cerrado 2.036.448 23,9%
Mata Atlântica 1.110.182 13%
Caatinga 844.453 9,9%
Pampa 176.496 2,1%
Pantanal 150.355 1,8%
Total Brasil 8.514.877 1,0

Fonte: IBGE (2004).

144
ECONOMIA E SUSTENTABILIDADE

7.1 Bioma Amazônia

RR AP

AM
PA MA CE RN
AC PB
PE
AC TO AL
RO SE
MT BA

GO DF
MG
MS ES
SP RJ
PR
SC
RS

Figura 34 – Mapa geográfico do bioma amazônico

Esse bioma ocupa a totalidade de cinco unidades da federação (Acre, Amapá, Amazonas, Pará e
Roraima), sendo 98,8% do território de Rondônia, 54% do território de Mato Grosso, 34% do território
do estado do Maranhão e 9% do estado de Tocantins. É a maior reserva de diversidade biológica do
mundo, mosaico de oito áreas de endemismo e o maior bioma brasileiro em extensão, ocupando 49,29%
do território brasileiro.

Seu clima quente e úmido abriga uma rica diversidade de espécies animais. Em sua extensão
territorial, encontra‑se um mundo verde rico em biodiversidade e sociodiversidade.

A Bacia Amazônica estende‑se por sete países, são 6.110.000 km2 de extensão, desde suas nascentes
nos Andes Peruanos até sua foz no Oceano Atlântico, sendo que 63% (ou 3.869.953 km²) estão em
território brasileiro. Sua bacia hidrográfica é a maior do mundo, com cerca de 6 milhões de km2
abastecidos por 1.100 afluentes.

Segundo a Agência Nacional de Águas (s.d.), a Bacia Amazônica é constituída pela bacia hidrográfica
do rio Amazonas, pelas bacias hidrográficas dos rios existentes na Ilha de Marajó, além das bacias
hidrográficas dos rios situados no estado do Amapá que deságuam no Atlântico. Além do Brasil,
essa Bacia Continental estende‑se sobre Peru (17%), Bolívia (11%), Colômbia (5,8%), Equador (2,2%),
Venezuela (0,7%) e Guiana (0,2%). As maiores demandas pelo uso da água na região ocorrem nas
sub‑bacias dos rios Tapajós, Madeira e Negro e têm por finalidade o uso para abastecimento humano
(33%) e dos animais (32%). (AGÊNCIA NACIONAL DE ÁGUAS, [s.d.]).

O endemismo é frequente em diversas partes da região e em diversos grupos taxonômicos, como são
os casos de anfíbios (86%), répteis (76%) e de plantas (75%).

145
Unidade II

Tabela 13 – Estimativas de espécies existentes na região e o correspondente endemismo

Total estimado Endemismo/


Grupo Endemismo
de espécies Total
Plantas 40 mil 30 mil 75%
Mamíferos 425 172 40%
Aves 1.300 263 20%
Répteis 371 260 70%
Anfíbios 427 366 86%

Fonte: Ipea (2011a, p. 19).

Estima‑se que entre 2.500 a 3.000 peixes de água doce sejam conhecidos, mas esse número não
representa tudo o que existe na bacia hidrográfica do bioma. Recentes descobertas, como a realizada pela
ONG World Wide Fund for Nature (WWF), consolidam as afirmações de que há muito a ser descoberto
no bioma Amazônia.

Em 2013, a World Wide Fund for Nature (WWF BRASIL, 2013) divulgou a descoberta de pelo menos
441 novas espécies de animais e plantas como resultado de um trabalho de equipe realizado entre
2010 e 2013. Somente na Amazônia foram compiladas 259 novas espécies de plantas, 84 de peixes,
58 de anfíbios, 22 de répteis, 18 de aves e uma de mamífero. A essa nova lista soma‑se um número
incontável de novas espécies de insetos e outros invertebrados que também foram descobertos no
período de 1999‑2009.

Entre as descobertas do período entre 2010 e 2013 está uma espécie de macaco que ronrona como
um gato, um lagarto colorido, uma piranha herbívora e uma orquídea rosa.

Figura 35 – Zogue‑zogue Caqueta titi (Callicebus caquetensis): macaco que ronrona como um gato

Crescem na região amazônica 2.500 espécies de árvores, o que corresponde a 1/3 de toda a madeira
tropical do mundo, e 30 mil espécies de plantas, que representam 30% das existentes na América do Sul.

146
ECONOMIA E SUSTENTABILIDADE

A região amazônica é o habitat natural das seringueiras, que crescem em solos argilosos e férteis.
Existem 11 espécies catalogadas dessa árvore de grande porte e atualmente ela já é cultivada fora de
seu habitat, nas monoculturas da Ásia; no Brasil, já são encontradas plantações nas regiões Sudeste,
Centro‑Oeste, na Bahia e no oeste do Paraná.

Planta nativa da região, a seringueira foi o principal produto de exportação do Brasil nas últimas
décadas do século XIX. O crescimento da demanda e do preço no mercado internacional atraiu para a
região grande leva de população vinda do nordeste, principalmente do Ceará, fugindo da seca da década
de 1870 (BAER, 2002, p. 40).

Essa migração promoveu acelerado povoamento e a prosperidade econômica chegou à região


pelo látex, seiva retirada do tronco da seringueira. Num modelo baseado no extrativismo – já que a
planta encontrava‑se dispersa na floresta – o Brasil, em meados de 1890, era o principal fornecedor
de látex para a crescente industrialização que ocorria em países estrangeiros. Do total de borracha
consumida no mundo 90%, era originária do Brasil e chegou a representar 40% do total exportado
(BAER, 2002, p. 40).

Figura 36 – Imagem da forma de extração do látex

Com as plantações nas colônias inglesas, cultivadas na forma de plantation e com maior
produtividade, o látex exportado pelo Brasil deixou de ser competitivo. Somente no período da Segunda
Guerra Mundial, depois das colônias inglesas terem sido tomadas pelos japoneses, é que o Brasil voltou
a produzir em larga escala. Como insumo estratégico para os produtos utilizados no conflito bélico,
o Brasil retoma posição no cenário exportador dessa matéria‑prima, que dura até a descoberta pelos
americanos da fórmula da borracha sintética.

147
Unidade II

Saiba mais

As sementes da seringueira que foram para a Ásia podem ser


consideradas como o primeiro grande caso de biopirataria de espécies
da Amazônia, cujos reflexos sobre a economia da região Norte à época
foram devastadores.

O livro O Ladrão no Fim do Mundo relata como um inglês contrabandeou


sementes de seringueira da Floresta Amazônica para a Inglaterra, no século XIX.

JACKSON, J. O ladrão no fim do mundo. Rio de Janeiro: Objetiva, 2011.

O povoamento da Amazônia é seguido de desmatamento e muitos conflitos, entre os povos da


floresta (antigos colonizadores) e os fazendeiros que para lá se dirigem em uma nova onda de exploração
econômica da região.

O movimento de maior expressão foi o dos seringueiros que viviam do extrativismo do látex. O líder
de maior expressão nacional e internacional foi Francisco Alves Mendes Filho (Chico Mendes), cuja luta
tinha como bandeira a preservação da Amazônia e, por essa razão, tornou‑se símbolo do movimento
ambientalista e dos povos da floresta.

As denúncias de Chico Mendes levaram o BIRD (Banco Mundial) a suspender o financiamento da


BR‑364 e a exigir do governo estudos de impacto ambiental na Amazônia. Foi o único brasileiro a
receber da ONU o prêmio Global 500 de preservação Ambiental. O instituto Chico Mendes, fundado
em memória do líder seringueiro, dedica‑se a diversos programas voltados às questões ambientais. O
governo federal também fundou um instituto em homenagem ao líder seringueiro, o ICMBio – Instituto
Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade.

Figura 37 – Imagem do líder seringueiro Chico Mendes

148
ECONOMIA E SUSTENTABILIDADE

O desmatamento da Amazônia continua a preocupar ambientalistas e governo, em razão dos riscos


concretos de perda dessa rica biodiversidade existente na região, batizada pela mídia internacional de
celeiro verde e o pulmão do mundo.

De acordo com o documento que integra o Plano de Ação para Prevenção e Controle do Desmatamento
na Amazônia Legal – PPCDAm – (BRASIL, 2013a, p. 19), que abrange o período de 2012‑2015, sob
a coordenação do Ministério do Meio Ambiente, o processo de desmatamento na Amazônia não é
homogêneo e varia de acordo com as diferentes partes da região.

A ocupação em curso não é um fato novo. Desde os anos de 1970, têm‑se dirigido para a região
contingentes de pessoas vindos do Nordeste, do Sul, do Sudeste e Centro‑Oeste, atraídos pelos projetos
de colonização do governo militar.

Empresas foram seduzidas pelos benefícios fiscais do governo e aplicaram recursos em atividade
agropecuária, mesmo tendo‑se consolidado economicamente em outros setores da atividade econômica,
como bancos e indústrias. Somem‑se a isso os projetos de construção de estradas, que causaram profundas
transformações ambientais e socioculturais na região, como os da BR‑230 – Transamazônica –, resultado
de intenso desmatamento e de duvidosa potencialidade econômica.

Segundo Loureiro (2002):

Nas últimas décadas, enormes massas vegetais, que incluem madeiras


nobres, vêm sendo queimadas impiedosamente. De 1500 a 1970, ou seja, em
470 anos, apenas 2% de toda a floresta amazônica havia sido destruído; em
apenas 30 anos (1970 a 2000), segundo o INPE, 14% foi devastado. Trata‑se
de um desastre sem precedentes contra o maior patrimônio natural do
planeta Terra, contra a economia e a sobrevivência dos habitantes naturais
– caboclos, ribeirinhos, índios e outros. E, pode‑se mesmo dizer, contra o
futuro da região e das novas gerações que precisarão dela para viver.

Pela avaliação de Loureiro (2002), os projetos desenvolvidos para a Amazônia foram todos
equivocados, sustentados na crença de ecossistemas ricos e inesgotáveis. O rico ecossistema existente
na região só se mantém rico se for preservada a floresta, fonte de alimentos do solo que sobrevive à
custa desses nutrientes, retirados da biomassa, oriunda das árvores que apodrece e nutre os solos. E,
ainda, o regime de chuvas da região depende da evaporação da floresta. Retirar a floresta significa deixar
em seu lugar solos rasos, mal estruturados e pobres, em sua maioria, desequilibrando e desorganizando
o seu ecossistema, afirma a autora.

O MMA (2008) estima que a área desmatada, até 1980, atingiu cerca de 300 mil km2 e representava
6% do total da região. Entre as décadas de 1980 e 1990, mais 280 km2 foram incorporadas a essas áreas.
A descoberta da existência de ouro no Pará atraiu para a região mais de 100.000 homens vindos de
diversas localidades do País. O garimpo de Serra Pelada, como ficou conhecido o local de concentração
da exploração desse minério, é mundialmente famoso pela devastação e pela concentração de pessoas
submetidas a métodos de trabalho extremamente rudimentares e inseguros. O paraíso do ouro, como
149
Unidade II

foi chamado por alguns, deixou uma vastidão de terra desmatada e esgotada. Onde havia vegetação
abundante restou uma área a descoberto.

Figura 38 – Imagem da massa humana em busca do ouro no Garimpo de Serra Pelada, no Pará

Em 2004, estimou‑se que 670 mil km2 foram desmatados, o que corresponde a 16% da área total da
floresta da Amazônia Legal, ameaçando seriamente o desenvolvimento sustentável da região.

Segundo dados do INPE (s.d.), obtidos pela metodologia Prodes, comparando o ano de 2013
com o anterior, verifica‑se um crescimento da ordem de 28% do desmatamento na região
denominada de Amazônia Legal, quando se registrou área desmatada equivalente a 5.891 contra
4571 km2 de 2012.

Observação

O projeto Prodes conta com a colaboração do Ministério do Meio


Ambiente e do Ibama, e é financiado pelo MCTI, através da Ação de
Monitoramento Ambiental da Amazônia.

As florestas contribuem com o equilíbrio climático do planeta. A retirada de cobertura florestal


favorece o aquecimento global, uma vez que as árvores, ao realizarem a fotossíntese, retiram gás
carbônico e liberam oxigênio na atmosfera. O desmatamento anula esse serviço ambiental realizado
pelas árvores.

Entretanto, quando se comparam os dados de 2013 com os de 2004, observa‑se uma redução
da ordem de 79% das áreas desmatadas. Ou seja, o desmatamento continua, porém em proporção
menor ao observado no início do século XXI. O gráfico a seguir refere‑se a dados de 2 de agosto
de cada ano.

150
ECONOMIA E SUSTENTABILIDADE

20000
19014
18000
16000
14286
14000
12911
12000
11651
10000
8000 7000
7464 6418 5843
6000
4000 4571
2000
0
2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013

Figura 39 – Representação do desmatamento no Brasil de 2005 a 2013 (km2)

A Amazônia também produz bons frutos, como o da árvore castanheira do Brasil, cuja semente, mais
conhecida como “castanha do Pará”, é muito apreciada pelos brasileiros.

Nativa da região, a castanheira do Brasil é uma árvore de grande porte encontrada no Acre, Amapá,
Amazonas, Pará, Rondônia e Roraima. Seu fruto possui até 20 sementes. Considerada a amêndoa
brasileira, a castanha do Pará possui elevado valor nutritivo, pelo fato de apresentar de 60% a 70% de
lipídios e 15% a 20% de proteínas; seu consumo tem‑se expandido em várias partes do País. Contudo,
por conta do desmatamento para a construção de estradas e barragens, criação de gado e até mesmo
para assentamentos de reforma agrária, a castanheira aparece na lista de espécies ameaçadas do
Ministério do Meio Ambiente.

Figura 40 – Imagem da “Castanheira do Brasil”

151
Unidade II

Figura 41 – Imagem do fruto árvore conhecida como Castanheira do Brasil

A sociodiversidade da Amazônia completa esse cenário de riqueza da região. Segundo o IBGE, no


último Censo de 2010, foram identificadas 817.963 pessoas que se declararam como pertencentes à
etnia ou povo indígena, no Brasil. Desse total, 214.928 estão na região norte. As comunidades indígenas
compõem a sociobiodiversidade ao reunir incalculável acervo de conhecimentos tradicionais sobre a
conservação da floresta e dos serviços fornecidos pela natureza.

O bioma Amazônia estende‑se por 6,7 milhões de km2 em nove países: Bolívia, Brasil, Colômbia,
Equador, Guiana, Peru, Suriname, Venezuela e Guiana Francesa, abrigando 33 milhões de pessoas,
entre elas 350 grupos indígenas, dos quais cerca de 60 encontram‑se em isolamento voluntário,
Mas a população nativa também tem perdido sua identidade, decorrente da desestruturação da
forma de vida e da desvalorização de seus saberes. A colonização tem segregado essas populações,
apoiada no discurso de que as terras indígenas são de vasta extensão e improdutivas. É o caso da
disputa que envolveu a área denominada de Raposa Serra do Sol, entre os arrozeiros e a população
indígena, no estado de Roraima, na qual o processo de reconhecimento da área indígena se arrasta
há décadas na justiça.

Loureiro (2002) afirma que, na ausência de políticas públicas protetoras dos habitantes nativos e de
suas culturas, não lhes restam alternativa a não ser engajarem‑se em atividades predatórias (como a
exploração madeireira e a garimpagem), que eles passam também a defender, já que se constituem em
seu novo meio e modo de vida.

A integridade ecológica do bioma e a manutenção dos serviços que os ecossistemas fornecem


para a população da região e para a humanidade, incluindo a regulação dos padrões climáticos, estão
ameaçadas por uma série de interesses econômicos, que repetem o modelo predatório usado em outras
regiões do planeta.

152
ECONOMIA E SUSTENTABILIDADE

7.2 Bioma Cerrado

PA MA

PI

TO
BA
MT

DF
GO
MG

MS

SP RJ
PR

Figura 42 – Mapa geográfico do bioma Cerrado

Localizado, principalmente, no Planalto Central do Brasil, seus 2.036.448 km2 colocam o Cerrado
como o segundo maior bioma em termos de extensão, abrangendo 24% do território nacional.

Ele ocupa a totalidade do Distrito Federal, mais da metade dos estados de Goiás (97%), Maranhão
(65%), Mato Grosso do Sul (61%), Minas Gerais (57%) e Tocantins (91%), além de porções de outros seis
estados, dentre eles os estados do Paraná, São Paulo, Roraima, Amapá e Pará.

Segundo a Sano et al. (2008), o Cerrado caracteriza‑se por uma vegetação do tipo Savana tropical e com
rico patrimônio em termos de biodiversidade. Possui solo pobre em nutrientes e vegetação normalmente
baixa, com plantas esparsas de aparência seca. Duas estações bem marcadas o caracterizam: inverno
seco e verão chuvoso. Nesse ambiente, vivem muitas espécies da fauna, inclusive espécies ameaçadas
de extinção, como a ararinha‑azul.

Esse bioma possui bacias hidrográficas e chapadões de relevo característico da região central do
Brasil. Segundo A Embrapa (2012), nesse espaço territorial, encontram‑se as nascentes das três maiores
bacias hidrográficas da América do Sul (Amazônica/Tocantins, São Francisco e Prata), o que resulta em
um elevado potencial aquífero e favorece a sua biodiversidade.

Ele abriga 11.627 espécies de plantas nativas já catalogadas – existe uma grande diversidade de
habitats, que determinam uma notável alternância de espécies. Cerca de 199 espécies de mamíferos são
conhecidas, e a rica avifauna compreende cerca de 837 espécies. Os números de peixes (1.200 espécies),
répteis (180 espécies) e anfíbios (150 espécies) são elevados. A quantidade de peixes endêmicos não é
conhecida, porém, os valores são bastante altos para anfíbios e répteis: 28% e 17%, respectivamente.
De acordo com estimativas recentes, o Cerrado é o refúgio de 13% das borboletas, 35% das abelhas e
23% dos cupins dos trópicos.

153
Unidade II

Algumas regiões do bioma, como áreas de Goiás, Mato Grosso e Bahia, são conhecidas por sua
elevada produtividade decorrente do uso intenso de mecanização no plantio agrícola. As culturas
agrícolas predominantes no bioma são: soja, milho, feijão, algodão, café e cana‑de‑açúcar.

De acordo com o relatório Ipea 78 (IPEA, 2011a), apesar dos registros de espécies existentes no bioma
Cerrado e com base em dados de espécies de vertebrados já descritas pela ciência, há o reconhecimento
de que a biodiversidade desse bioma ainda é pouco conhecida.

Figura 43 – Vegetação típica do cerrado

Do ponto de vista da sociodiversidade, o Cerrado tem grande importância social: são populações
oriundas de etnias indígenas e de quilombolas, ribeirinhas, babaçueiras, entre outras. São comunidades que
detêm um patrimônio histórico, cultural e da biodiversidade da região e que conhecem e utilizam plantas
medicinais endêmicas. O esforço para a valorização dos frutos nativos tem promovido o comércio para fora
da região, popularizando o seu consumo em centros urbanos que até pouco tempo desconheciam a sua
existência, como o pequi (Caryocar brasiliense), o buriti (Mauritia flexuosa), a mangaba (Hancornia speciosa),
a cagaita (Eugenia dysenterica), o bacupari (Salacia crassifolia), o cajuzinho do cerrado (Anacardium
humile), o araticum (Annona crassifolia) e as sementes do barú (Dipteryx alata).

Muitas espécies de plantas e animais correm risco de extinção e, segundo estimava do MMA (s.d.),
20% das espécies nativas e endêmicas já não ocorrem em áreas protegidas e pelo menos 137 espécies
de animais do Cerrado estão ameaçadas de extinção.

O impulso da colonização do Cerrado se deu com a construção da capital federal (Brasília), iniciada
na década de 1950, que atraiu imensos fluxos migratórios vindos de várias partes do País.

A chegada dos funcionários públicos, transferidos da cidade do Rio de Janeiro para as atividades
administrativas da nova capital somados àqueles que já se encontravam no local vindos pelo emprego
na construção de Brasília, elevou o número de pessoas na região. No decorrer do tempo, seja pelo

154
ECONOMIA E SUSTENTABILIDADE

crescimento vegetativo, seja pela migração atraída pelo crescimento da infraestrutura e das atividades
administrativas do governo federal, o ambiente se transformou, assim como a paisagem do local.

Mais recentemente, a expansão da fronteira agrícola de grãos e a pecuária de corte para a exportação
têm sido responsáveis pela exploração predatória da biodiversidade do bioma Cerrado.

O bioma apresenta 8,21% de seu território legalmente protegido por Unidades de Conservação
(UC); desse total, 2,85% são Unidades de Conservação de proteção integral e 5,36% de Unidades de
Conservação de uso sustentável, incluindo Reserva Particular do Patrimônio Natural − RPPNs (0,07%),
segundo dados do MMA (s.d.).

Observação

Observe que a Convenção sobre Diversidade Biológica define área


protegida, conservação ex situ, in situ e utilização sustentável.

As Unidades de Conservação compõem o Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC). São 12


categorias de UC, segundo objetivos claramente definidos, e podem ser de âmbito federal, estadual ou municipal.

Saiba mais

Para obter mais informações a respeito das categorias de UC, de acordo


com seus objetivos, leia:

BRASIL. Ministério do Meio Ambiente. Sistema Nacional de Unidades


Conservação – SNUC. Brasília: MMA, [s.d.]. Disponível em: <http://www.mma.gov.
br/areas‑protegidas/sistema‑nacional‑de‑ucs‑snuc>. Acesso em: 20 fev. 2015.

O projeto do governo federal de monitoramento do desmatamento nos biomas brasileiros por


satélite identificou a perda de 47,8% da cobertura vegetal do Cerrado. Calcula‑se que a área desmatada
equivale ao valor médio anual de 14.179 km2.

Observação

Biomas Brasileiros por Satélite é um projeto de cooperação técnica entre o


MMA, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis
(Ibama) e o PNUD, executado pelo Centro de Sensoriamento Remoto do IBAMA.

Esse desmatamento ocorre para o uso agrícola, pecuária e pela demanda de carvão vegetal para
a indústria siderúrgica de Minas Gerais e do Mato Grosso do Sul. Segundo dados do MMA, do total

155
Unidade II

de cerca de 9,5 milhões de toneladas de carvão vegetal produzido no Brasil em 2005, 49,6% foram
oriundos da vegetação nativa. Ademais, 54 milhões de hectares são ocupados por pastagens cultivadas
e 21,56 milhões de hectares por culturas agrícolas (BRASIL, 2011b).

Para fazer frente a esse problema, o MMA lançou em setembro de 2010 a versão para consulta
pública do Plano de Ação para Prevenção e Controle do Desmatamento e das Queimadas no Cerrado
– PPCerrado (BRASIL, 2011b), contendo iniciativas próprias ou de suas instituições vinculadas: Ibama;
Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade – ICMBio; Agência Nacional de Águas – ANA
e Serviço Florestal Brasileiro – SFB.

Somente após a concretização desse projeto que o bioma Cerrado passou a ser oficialmente
monitorado, diferentemente do que ocorreu com o bioma Amazônia, cujo monitoramento oficial ocorre
desde 1988.

O governo federal assumiu o compromisso nacional e voluntário de reduzir em 40% as emissões de


gás de efeito estufa provenientes do desmatamento do Cerrado, no âmbito do PPCerrrado.

O plano será executado por um Grupo Permanente de Trabalho Interministerial (GPTI), assessorado
por uma Comissão Executiva (CE), cujo objetivo é gerenciar e articular as ações do governo federal
para a redução do desmatamento. Ambas as instâncias serão coordenadas diretamente pela Casa Civil
da Presidência da República. O governo federal considera ser de suma importância a participação dos
governos estaduais e municipais bem como de outros segmentos sociais, para a consolidação de uma
política contínua de redução do desmatamento e das queimadas no Cerrado.

O Ipea, com base nos dados do CNUC/MMA (IPEA, 2011), identifica que o bioma Cerrado possui 198
UC, sendo 103 de proteção integral (22 federais e 81 estaduais, somando 5,9 milhões de ha) e 95 de uso
sustentável (25 federais e 70 estaduais, somando 10,7 milhões de ha).

7.3 Bioma Caatinga

O termo caatinga é de origem indígena e significa mata clara e aberta.

Figura 44 – Paisagem característica do bioma Caatinga

156
ECONOMIA E SUSTENTABILIDADE

Figura 45 – Imagem da arara‑azul‑de‑lear (ararinha‑azul),


espécie endêmica do bioma Caatinga e ameaçada de extinção

Figura 46 – Imagem de Estação Ecológica Federal (2001),


Raso da Catarina (BA), pertencente ao bioma Caatinga

Figura 47 – Imagem de grupo de urubu‑rei,


espécie endêmica da caatinga

157
Unidade II

O bioma Caatinga, de acordo com a classificação do IBGE (2004), se estende pela totalidade do
estado do Ceará (100%) e mais de metade da Bahia (54%), da Paraíba (92%), de Pernambuco (83%), do
Piauí (63%) e do Rio Grande do Norte (95%), quase metade de Alagoas (48%) e Sergipe (49%), além
de pequenas porções de Minas Gerais (2%) e do Maranhão (1%). São 844.453 km2, ocupando 10% do
território brasileiro, o que representa uma área maior que da Espanha e Portugal juntos (IBAMA, [s.d.]).

MA
CE
RN

PB
PI PE
AL
TO
SE

BA

GO DF
MG

Figura 48 – Representação geográfica do bioma Caatinga

É a região do semiárido brasileiro. Em sua extensão, que abrange quase todos os estados da região
Nordeste e parte do estado de Minas Gerais, observam‑se diversas formações vegetais.

A flora e fauna características desse ecossistema são formadas por vasta biodiversidade, rica em
recursos genéticos e de vegetação constituída por espécies lenhosas, herbáceas, cactáceas e bromeliáceas.

Estima‑se, segundo o Ibama (s.d.), que pelo menos 932 espécies já foram catalogadas, e desse número
380 são endêmicas.

A ação antrópica ocorrida no bioma acendeu um sinal vermelho para o governo, que tem elaborado
diversos projetos com o objetivo de proteger e conservar a diversidade biológica do bioma.

Monitoramento por satélite e ampliação das Unidades de Conservação têm conduzido o governo a
atender aos três objetivos da CDB: conservação, uso sustentável e repartição equitativa dos benefícios
advindos do uso da biodiversidade.

O desmatamento é uma das grandes ameaças ao bioma e tem ocorrido de forma acelerada. Segundo
dados do MMA (s.d.), entre 2002 e 2008, 2% da área tinha sido desmatada, o correspondente a 16 mil
km2 de áreas nativas.

Entre os anos de 2008 e 2009, segundo dados do projeto de Monitoramento de Desmatamentos


dos Biomas Brasileiros Via Satélite (BRASIL, 2011a), o bioma perdeu 1.921 Km2 de sua cobertura vegetal
remanescente das áreas de UC, indicando uma taxa anual de desmatamento da ordem de 0,23% no
período. O desmatamento ocorre para o uso da lenha para fins doméstico, industrial (gesso e cerâmica),
158
ECONOMIA E SUSTENTABILIDADE

para pastagens e para a agricultura. O MMA (BRASIL, 2011a) estima que 46% da área do bioma já
tenha sido desmatada. Para amenizar os efeitos do desmatamento, busca‑se conscientizar as empresas
a usarem lenha retirada de manejo sustentável de áreas de reflorestamento.

Tabela 14 – Representação do grau de antropismo,


segundo UF do bioma Caatinga (2008‑2009)

Porcentagem
Área de Área (%) do
UF Caatinga Antropizada Bioma
(Km2) (Km2) Antropizado
(Km2)
BA 300.927 638,35 0,21
CE 147.390 440,19 0,3
PI 157.759 408,92 0,26
PE 81.387 167,77 0,21
RN 49.714 98,19 0,2
PB 51.262 91,89 0,18
MA 3.754 32,32 0,86
AL 13.036 23,85 0,18
MG 11.099 15,16 0,14
SE 10.083 4,39 0,04
Total 826 1921 0,23

Fonte: Brasil (2011a, p. 20).

Em 2009, foram criadas no âmbito das Unidades de Conservação federais, o Monumento Natural
do Rio São Francisco, com 27 mil hectares que englobam os estados de Alagoas, Bahia e Sergipe. Em
2010, o Parque Nacional das Confusões, no Piauí, foi ampliado em 300 mil hectares e passou a abranger
823.435,7 hectares. Em 2012, foi criado o Parque Nacional da Furna Feia, nos municípios de Baraúna e
Mossoró, no estado do Rio Grande do Norte, com 8.494 ha. Com essas novas unidades, a área protegida
por Unidades de Conservação no bioma aumentou para cerca de 7,5%.

Ainda assim, o bioma continuará como um dos menos protegidos do País, com apenas pouco mais de
1% dessas unidades protegidas integralmente e 6,4% de áreas protegidas por Unidades de Conservação
de uso sustentável. Ademais, grande parte das Unidades de Conservação do bioma, especialmente as
Áreas de Proteção Ambiental – APAs –, têm baixo nível de implementação.

O dado positivo é que o governo federal, por meio de parcerias público‑privadas, como o Projeto
Nacional de Ações Integradas Público‑Privadas para a Biodiversidade – Probio –, busca impulsionar a
transformação dos modelos de produção, consumo e de ocupação do território nacional. No caso da
caatinga, desde 2012, os projetos do Fundo Clima – MMA/BNDES –, do Fundo de Conversão da Dívida
Americana – MMA/FUNBIO – e do Fundo Socioambiental – MMA/Caixa Econômica Federal –, dentre
outros, têm por objetivo a preservação do ecossistema da Caatinga.

159
Unidade II

Observação

Fazem parte da Probio o Banco Mundial, o Fundo para o Meio Ambiente


(GEF), a Caixa, a Embrapa, o Fundo Brasil para a Biodiversidade (Funbio), a
Fiocruz, o ICMBIO, dentre outros.

Dentre os projetos, está a campanha para a preservação do tatu‑bola, espécie endêmica dos biomas
Caatinga e Cerrado que consta da lista vermelha das espécies ameaçadas de extinção. A escolha da
espécie como símbolo da Copa do Mundo de 2014 enquadra‑se na metodologia de campanha, como
método de conscientização em massa da ameaça de desaparecimento da espécie.

Figura 49 – Tatu‑bola (Tolypeutes tricinctus) – espécie endêmica


dos biomas Caatinga e Cerrado e incluído na lista
vermelha de espécies em extinção

É uma região onde são encontrados répteis como lagartos e cobras, roedores, insetos e aracnídeos.
É na Caatinga que vive também a ararinha‑azul e o urubu‑rei que, dentre outras espécies, constam
do Livro Vermelho da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção. O jacaré de papo amarelo que atinge no
máximo 1,5 m de comprimento é endêmico da região e vive às margens dos riachos.

Das espécies catalogadas, são incluídas também o sapo‑cururu, a asa‑branca, a cutia, o gambá, o
preá, o soin, o corrupião, a onça‑parda, o tamanduá‑mirim, o cachorro‑do‑mato, o veado‑catingueira,
o tabu‑peba e o sagui do Nordeste, dentre outros. A asa‑branca é uma ave da família Columbidae e está
ameaçada de extinção, pois é caçada para o consumo por parte dos habitantes. Apesar do nome, sua cor
é cinza e somente quando voa é que se veem as penas internas de suas asas, que são brancas.

Observação

A Columbidae, ave que habita o bioma Caatinga, serviu de inspiração


para a música “Asa Branca”, que se tornou popular na voz de Luiz Gonzaga. A
composição com estrutura de notas musicais bastante simples retrata a dura
realidade dos habitantes do sertão nordestino no enfrentamento da seca.

160
ECONOMIA E SUSTENTABILIDADE

Os invertebrados que formam a base da cadeia alimentar são o grupo menos conhecido
da Caatinga. E, por incrível que pareça, são encontrados na Caatinga seis espécies de felinos:
a onça‑pintada, a onça‑parda, a jaguatirica, o gato‑do‑mato pequeno, o gato‑maracajá, o
gato‑mourisco e o moco.

A fauna compreende 148 espécies de mamíferos, 510 espécies de aves, sendo 15 espécies endêmicas
e 20 ameaçadas de extinção. São 154 espécies de répteis e anfíbios e 240 de peixes.

Existe um déficit hídrico na Caatinga. A bacia hidrográfica da região, reflexo do clima semiárido a
tropical, marcado pela baixa umidade e de precipitações, tem influência direta sobre os rios, que secam
em algumas épocas do ano. As exceções são os rios São Francisco e Parnaíba, que são perenes apesar de
seus afluentes serem intermitentes.

A sociodiversidade do bioma se espalha por 27 milhões de habitantes, que se estima que vivem nessa
região semiárida, a mais populosa do mundo.

Mais conhecidos como sertanejos, essa população de vaqueiros, agricultores, populações indígenas
(Tumbalala e Pankararu) e quilombolas de Conceição das Criolas desenvolvem suas próprias estratégias
de sobrevivência. Seu conhecimento e manejo de plantas com poder curativo e o saber cultural sobre
as previsões de seca e de tempo chuvosos compõem o ambiente de sobrevivência dessa população
(CERRATINGA, s.d.).

Em sua maioria, a população local se mantém de uma agricultura de sobrevivência, do extrativismo


vegetal, de uma pecuária de pequeno porte, entre bovinos e caprinos, e residindo em habitações simples
com baixa ou nenhuma infraestrutura de água, saneamento básico e energia elétrica.

O programa de financiamento para a construção de cisternas, sob a coordenação do


Ministério do Desenvolvimento Social e Combate a Fome (MDS), está voltado basicamente para
os habitantes da região da Caatinga (semiárido). Trata‑se de uma tecnologia simples e de baixo
custo que consiste em captar a água da chuva que escorre do telhado das casas por meio de
calhas e armazená‑la em um reservatório de 16 mil litros, capaz de suprir as necessidades de
uma família de cinco pessoas no período de oito meses da estiagem. Os critérios de elegibilidade
ao programa são: ser habitante do meio rural, sem acesso a água potável, com renda mensal per
capita de meio salário mínimo ou renda familiar total de até três salários mínimos, priorizando as
famílias enquadradas nos critérios do Bolsa Família – sendo que 90% dessas famílias tem renda
total inferior a três salários mínimos.

O homem do sertão, como ficou caracterizada a população da Caatinga, em várias obras


e eventos históricos, como Lampião e Antônio Conselheiro, e clássicos da literatura e da
musicalidade brasileira, é sempre retratado como um homem sofrido, solitário e que depende
das chuvas, da crença religiosa e boa vontade dos políticos para o atendimento de suas
necessidades básicas.

161
Unidade II

Os versos da música de Gilberto Gil retratam o sofrimento e a crença do homem


do sertão:

Procissão

(Gilberto Gil)

Olha lá
Vai passando
A procissão
Se arrastando
Que nem cobra
Pelo chão
As pessoas
Que nela vão passando
Acreditam nas coisas
Lá do céu
As mulheres cantando
Tiram versos
Os homens escutando
Tiram o chapéu

Eles vivem penando


Aqui na Terra
Esperando
O que Jesus prometeu
E Jesus prometeu
Coisa melhor
Prá quem vive
Nesse mundo sem amor
Só depois de entregar
O corpo ao chão
Só depois de morrer
Neste sertão

Eu também
Tô do lado de Jesus
Só que acho que ele
Se esqueceu
De dizer que na Terra
A gente tem
De arranjar um jeitinho
Pra viver

162
ECONOMIA E SUSTENTABILIDADE

Muita gente se arvora


A ser Deus
E promete tanta coisa
Pro sertão
Que vai dar um vestido
Pra Maria
E promete um roçado
Pro João

Entra ano, sai ano


E nada vem
Meu sertão continua
Ao Deus dará
Mas se existe Jesus
No firmamento
Cá na Terra
Isso tem que se acabar
Fonte: Gil (1968, faixa 7).

Saiba mais

Recomendamos a leitura de Vidas Secas, de Graciliano Ramos, que


relata a vida miserável de uma família de retirantes que tem de se deslocar
frequentemente fugindo da seca:

RAMOS, G. Vidas secas. Rio de Janeiro: Record, 2006.

Também referente ao tema, Morte e Vida Severina, de João Cabral de


Melo Neto, publicado originalmente em 1955, relata, na forma de versos, a
trajetória de um retirante nordestino de nome Severino:

MELO NETO, J. C. de. Morte e vida severina. Rio de Janeiro: Alfaguara, 2007.

As artes plásticas também abordam o tema. Cândido Portinari retratou,


em tons de cinza, a angústia humana no quadro “Retirantes”, que pode ser
visto por meio do seguinte link:

<http://masp.art.br/masp2010/acervo_detalheobra.php?id=438>.

As condições climáticas são perversas, as chuvas são escassas e concentradas em três meses do
ano, cuja ocorrência nem sempre se repete, ocasionando períodos de secas prolongadas, com graves
consequências do ponto de vista econômico, ambiental e social.
163
Unidade II

As migrações decorrentes da seca, na esperança de uma vida melhor, deslocaram e ainda deslocam
os sertanejos, que se dirigem ao Sudeste, para trabalhar no setor da construção, ao interior paulista,
para o trabalho nas culturas sazonais, como o corte da cana e da laranja, e também ao Centro‑Oeste e
à região Amazônica.

Os eventos econômicos das regiões ditam os deslocamentos migratórios, devido à seca e às péssimas
condições de vida decorrente da pobreza.

7.4 Bioma Pantanal

MT

GO

MG

MS

SP

PR

Figura 50 – Representação geográfica do bioma Pantanal

O bioma Pantanal, considerado como santuário ecológico, está presente em dois estados e ocupa
25% área do Mato Grosso do Sul e 7% do Mato Grosso. Sua extensão corresponde a 150.355 km2, o que
representa 1,8% da área territorial do País.

Ele é o menor bioma, em termos de extensão territorial. Caracteriza‑se por uma área de planície que
sofre inundações periodicamente, influenciado pelos rios da Bacia do Alto Paraguai. Exceto por uma pequena
faixa que adentra o Paraguai e a Bolívia, o bioma está restrito ao território brasileiro. 86,8% da vegetação de
cobertura é nativa, apresenta formações de savana e savana estépica e pequenas áreas de floresta estacional.
A maior parte dos 11,54% do bioma alterado por ação antrópica é utilizada para a criação extensiva de gado
em pastos plantados, que representam 10,92%, e apenas 0,26% é usado para lavoura.

Observação

Savana estépica: denominação usada para caracterizar vegetação de


pequeno porte, tanto úmida quanto seca.

Floresta estacional: denominação usada para caracterizar vegetação


condicionada à dupla estacionalidade climática: seca e chuvosa.

164
ECONOMIA E SUSTENTABILIDADE

Figura 51 – Representação de savana estépica do bioma Pantanal

Figura 52 – Paisagem do bioma Pantanal

As inundações que ocorrem anualmente atingem grandes extensões e são de longa duração, o que
imprime modificações de vulto no meio físico, na vida silvestre e no cotidiano das populações locais.

Espécies ameaçadas de extinção ou que já foram extintas em outros biomas são facilmente
encontradas no Pantanal, como a ararinha‑azul e a ariranha, dentre outras espécies. Mas isso não
elimina os riscos e as ameaças que o bioma enfrenta.

As ameaças à biodiversidade do bioma decorrem do acelerado crescimento das lavouras e pastagens,


que no seu trajeto de expansão substituem a cobertura vegetal nativa por pastos. Esse processo redunda
em assoreamento dos rios e das superfícies mais rebaixadas.

A pesca e o turismo sem controle apresentam‑se, também, como atividades que colocam em risco
a integridade do ecossistema do pantanal, conforme a ONG Conservação Internacional Brasil (2003).

Esse bioma é considerado como uma das 37 últimas grandes regiões naturais da Terra, por conta de
sua alta diversidade biológica, grandes extensões e baixa densidade humana, o que o torna singular em
termos de sua rica biodiversidade, segundo a CI‑Brasil.

Estimativas apontam a existência de pelo menos 4.700 espécies conhecidas entre animais e plantas
no Pantanal. É o habitat de uma grande variedade de espécies catalogadas: 263 espécies de peixes,
(como o pacu, o dourado, a tuvira, o pintado, a cachara e o cascudo), 41 espécies de anfíbios, 113 espécies
de répteis, 463 espécies de aves dentre elas o tuiuiú (ave símbolo do Pantanal), 1.032 de borboletas e
165
Unidade II

132 espécies de mamíferos, sendo 2 endêmicas. Ainda, quase duas mil espécies de plantas já foram
identificadas no bioma e classificadas de acordo com seu potencial, e algumas apresentam vigoroso
potencial medicinal.

Duas estações marcam o bioma: o período da seca, entre abril e setembro, e o período das chuvas,
entre outubro e março.

Do ponto de vista econômico, as principais atividades são a pecuária de corte extensiva e a indústria
do turismo, que já se constitui na segunda maior fonte de renda.

Recursos minerais como ouro, diamante, ferro e manganês estão sendo explorados em maior
intensidade. Mato Grosso do Sul, juntamente com Minas Gerais, Pará, Amapá e Bahia são as unidades
federativas, onde se encontram as maiores jazidas de ferro do país.

Outra ameaça ao bioma decorre do projeto de implantação da hidrovia transnacional Paraná‑Paraguai,


que ligará por via fluvial a Argentina, Brasil, Paraguai e a Bolívia (BOTELHO, [s.d.]). A hidrovia irá desviar
os cursos naturais e drenar os principais afluentes do rio Paraguai, o que, certamente, afetará o processo
alternado de cheias e secas na região, alterando todo o ecossistema decorrente dessa singularidade.

O processo de ocupação desse bioma teve início no século XVII, com os bandeirantes paulistas, que
procuravam ouro e pedras preciosas. No século XVIII, com as descoberta de ouro, formou‑se uma população
nos garimpos e surgiram atividades correlacionadas, como pecuária e lavoura, dentre outras. Foram atraídas
para a região contingentes de pessoas vindas do Nordeste, bem como de bolivianos e paraguaios, que
vieram atraídos pelas oportunidades na Vila de Cuiabá, antigo Mato Grosso (PLANETA, [s.d.]).

No início do século XX, começam a chegar os pecuaristas e as primeiras atividades industriais,


como a fabricação de caldo e extrato de carne e a curtição de couro. Na década de 1980, novos fluxos
migratórios foram atraídos para a região, pela descoberta de novas minas de ouro, e pessoas vindas,
principalmente, de São Paulo, Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Paraná chegam ao local. Nesse
mesmo período, a expansão da fronteira agrícola aliada com o preço baixo da terra atraiu para a região
agricultores de várias partes do Brasil, conforme relato da ONG CI‑Brasil.

O Pantanal tornou‑se um mosaico de culturas e de influências, desde o vaqueiro pantaneiro que


domina a arte de sobrevivência nos pântanos alagados às tradições burguesas dos proprietários das
fazendas e de seus descentes.

Permanecem as influências dos Payguás, povos com domínio da navegação em canoas em rios de
médio porte e os Guaykurus exímios montadores de cavalos. Os Guatós são os últimos povos indígenas
a preservar tradições tipicamente pantaneiras, como a arte de construir canoas. Muitos que dominam
a arte de conduzir o gado a grandes distâncias são em grande parte descendentes de paraguaios que
migraram em busca de trabalho após o fim da Guerra do Paraguai (1864‑1870).

Novas modalidades de trabalho, como piloteiros e isqueiros, passaram a existir com a propagação
do turismo de pesca e, em menor escala, o ecoturismo ou turismo contemplativo. São encontradas
166
ECONOMIA E SUSTENTABILIDADE

comunidades tradicionais como as de etnia indígena, os quilombolas, os coletores de iscas ao longo do


rio Paraguai, a comunidade Amolar e a Paraguai Mirim, dentre outras. São comunidades que têm ditado
sua vida ao ritmo das águas, vivendo basicamente de uma economia de subsistência (GUERRO; SILVA,
2004). No decorrer dos anos, essas comunidades influenciaram diretamente na formação cultural da
população pantaneira.

As Unidades de Conservação abrangem apenas 4,4% do bioma, dos quais 2,9% correspondem a UC
de proteção integral e 1,5% a UC de uso sustentável (Reserva Particular do Patrimônio Natural – RPPNs).

A Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura (UNESCO) declarou o bioma
como Reserva da Biosfera e Patrimônio Mundial Natural.

O bioma Pantanal, até 2002, teve os seguintes resultados:

a) cobertura vegetal natural – 86%;

b) cobertura vegetal antrópica – 12%;

c) corpo d’água – 2%.

Recentemente, organizações não governamentais, com a ajuda da Empresa Brasileira de Pesquisa


Agropecuária (Embrapa), monitoraram, entre os anos de 2002 a 2008, a Bacia do Alto Paraguai – BAP
–, evidenciando que o planalto sofre um impacto maior em relação à planície, principalmente com as
atividades de agricultura e pecuária, segundo a ONG WWF (2010).

No projeto de Monitoramento do Desmatamento nos Biomas Brasileiros por Satélite (BRASIL, 2011a),
o bioma Pantanal foi monitorado com imagens de satélites para a identificação de áreas antrópicas
no período 2008‑2009. O objetivo desse projeto é fornecer informações para as ações de fiscalização
e combate ao desmatamento, de modo que as políticas públicas resultem em maior eficiência na
conservação e no uso sustentável dos recursos naturais do bioma.

A Embrapa, que opera o monitoramento em cooperação com o MMA, aponta em seu relatório
(IBAMA, 2011) que o Pantanal teve sua cobertura vegetal original e secundária reduzida de 125.896 km²
para 125.708 km². Esse resultado revela que o bioma sofreu uma perda de 188 km², o que representa
aproximadamente 0,12% no período de 2008‑2009, cujos dados são revisados periodicamente.

Quadro 5 – Estimativa de desmatamento no Pantanal (2008‑2009)

Classe Até 2008 (%) Até 2009 (%)


Áreas desmatadas 15,18 15,3
Vegetação remanescente 83,2 83,07
Corpos d’água 1,61 1,61

Fonte: Ibama (2011).

167
Unidade II

Nos Anais do XVI Encontro Nacional de Geógrafos, realizado em 2010, em Porto Alegre, a pesquisadora
Ana Gabriela de Jesus Araujo, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, apresentou o resultado de sua
investigação em um município situado no bioma Pantanal, em Mato Grosso do Sul, sob o título “Novas
Articulações Econômicas para além da Pecuária: a Transformação do Espaço Rural de Aquidauana, Mato
Grosso do Sul, a Partir do Carvoejamento”.

Com foco na oferta de carvão vegetal oriundo do município, a autora afirma que, com o mercado
siderúrgico em ascensão devido ao aumento das exportações de ferro e aço, a demanda de carvão vegetal
aumentou, o que fez o seu preço se elevar. O dado apresentado pela pesquisadora surpreende, em razão
do volume consumido de carvão de origem vegetal. Somente em 2006, 49% do carvão vegetal consumido
na Indústria Siderúrgica Nacional – o equivalente a 17 milhões de m3 – originou‑se da queima de madeira
nativa. Esse resultado supera a média de 10 milhões de m3 de carvão produzidos anualmente no País que,
segundo Araujo (2010), com base em dados do Ibama/MS, é produzido a partir de florestas nativas, e o MS é
responsável pela média anual de 4,4 milhões m3, que corresponde a 44% do total nacional produzido por ano.

O Mato Grosso do Sul tem‑se tornado atrativo para a indústria siderúrgica e novas unidades
de produção instalam‑se na região. Com insuficiência de madeira oriunda do manejo florestal, o
desmatamento tem sido utilizado para a ampliação de áreas de pastagens e como renda complementar
da pecuária. Araujo (2010) destaca que essa atividade pode estar revelando uma nova articulação
econômica, com base no aumento de pedidos de licenciamentos ambientais.

Esse processo se revela como uma ameaça para o bioma, na medida em que transforma o espaço e
a biodiversidade.

Estudos de impacto do desmatamento no Pantanal, realizados pela Conservação Internacional Brasil (2005),
considerando também as mudanças que ocorrem no bioma Cerrado que faz fronteira com o Pantanal e o ritmo
em que essas ocorrências operam, estima‑se que a vegetação natural do Pantanal pode se esgotar até 2051.

7.5 Bioma Mata Atlântica

MA CE RN
PA PB
PI PE
AL
TO SE
MT BA

DF
GO
MG
ES
MS
SP RJ
PR

SC
RS

Figura 53 – Representação geográfica do bioma Mata Atlântica

168
ECONOMIA E SUSTENTABILIDADE

O bioma Mata Atlântica ocupa 1.110.182 km2, que corresponde a 13% do território brasileiro. É o terceiro
maior bioma em termos de extensão: ocupa inteiramente três estados – Espírito Santo, Rio de Janeiro e
Santa Catarina – e 98% do Paraná, além de porções de outras 11 unidades da federação. Originalmente,
segundo a ONG SOS Mata Atlântica (2012), esse bioma abrangia a área de 1.315.460 km2 e 17 estados: Rio
Grande do Sul, Santa Cataria, Paraná, São Paulo, Goiás, Mato Grosso do Sul, Rio de Janeiro, Minas Gerais,
Espírito Santo, Bahia, Alagoas, Sergipe, Paraíba, Pernambuco, Rio Grande do Norte, Ceará e Piauí.

De acordo com o Ibama, a Mata Atlântica está presente em toda a faixa litorânea, desde o Rio
Grande do Norte até o Rio Grande do Sul. A Mata de Araucária nativa da região apresenta‑se bastante
reduzida (9% da área original), sendo encontrada apenas em alguns espaços da Serra do Mar, Serra da
Mantiqueira e Planalto meridional. É a segunda fisionomia vegetal mais devastada.

Sua biodiversidade está estimada em 20.000 espécies vegetais, o que representa 35% das espécies existentes
no Brasil, e, desse total, muitas são endêmicas, mas com alto risco de extinção. Trata‑se de uma riqueza que
supera a de outros continentes como, por exemplo, a América do Norte, onde se estima que existam 17.000
espécies, e a Europa, com 12.500 espécies. Essa estatística, apesar de animadora, eleva as preocupações, ao
mesmo tempo em que pode servir de estímulo para ações concretas de preservação do bioma.

Em relação à fauna, os dados compilados indicam a presença de 849 espécies de aves, 370 espécies
de anfíbios, 200 de répteis, 270 de mamíferos e cerca de 350 espécies de peixes.

Em associação com governos estaduais e municipais e com a iniciativa privada, o governo federal tem obtido
sucesso na ampliação das áreas de proteção, mesmo considerando que ainda existem áreas de vegetação nativa
não protegidas. A estratégia tem sido a promoção e recuperação de áreas degradadas e o uso sustentável da
vegetação nativa, bem como o incentivo ao pagamento pelos serviços ambientais prestados pela Mata Atlântica.

Dentre as ações de conscientização de preservação da Mata Atlântica, está a definição de uma data
comemorativa – o dia 27 de maio –, conforme pode ser visualizado no cartaz elaborado paro o evento.

Figura 54 – Cartaz para comemoração do Dia Nacional


da Mata Atlântica, definido como 27 de maio

169
Unidade II

Outro movimento que se constituiu numa ONG é a Fundação SOS Mata Atlântica, que conta com a
parceria de diversas empresas privadas e profissionais de distintas áreas de formação.

Calcula‑se que 120 milhões de pessoas habitam o bioma e as atividades econômicas desenvolvidas
na área de sua abrangência representam aproximadamente 70% do PIB brasileiro.

O processo de ocupação da Mata Atlântica tem início no período da colonização brasileira, e a cada
ciclo econômico essa ocupação se amplia. O extrativismo do pau‑brasil, os ciclos da cana‑de‑açúcar,
do ouro, do gado e do café causaram alterações significativas nesse bioma. De sua área original, restam
fragmentos ou vestígios do que foi outrora um ecossistema muito mais rico em biodiversidade. Sua
topografia acidentada não foi suficiente para barrar os avanços do homem sobre a natureza e o uso
insustentável de seus serviços ambientais.

Nesse processo de ocupação, continuam sendo destruídas a flora e a fauna originais. Segundo os
registros do Ibama (s.d.), 2.742 km2 foram suprimidos, no período de 2002 a 2008, ou 0,25% do bioma,
que na média anual representa a supressão de 457 km2, ou 0,04%, no período.

Da análise dos dados apresentada pelo Ibama para o período, o estado onde ocorre maior desmatamento
é Sergipe (0,50%), seguido da Bahia (0,39%), de Minas Gerais (0,38%) e, em quarto lugar, Santa Catarina
(0,35%). No total, a vegetação nativa está reduzida a 22% do que foi sua cobertura original, sendo que apenas
7% de remanescentes florestais acima de 100 hectares, encontram‑se bem conservados, segundo o MMA.

Tabela 15 – Percentual de desmatamento da Mata Atlântica,


segundo unidade federativa no período de 2002‑2008

Unidade % do bioma desmatado


federativa entre 2002 e 2008
SE 0,50%
BA 0,39%
MG 0,38%
SC 0,35%
PR 0,28%
GO 0,23%
RN 0,18%
PB 0,17%
RS 0,16%
ES 0,16%
MS 0,12%
RJ 0,10%
PE 0,10%
SP 0,05%
AL 0,03%

Fonte: Brasil (2010a).

170
ECONOMIA E SUSTENTABILIDADE

O bioma, juntamente com o Cerrado, é considerado um hotspot ambiental, ou seja, rico em


biodiversidade, mas que necessita de maior atenção para sua preservação, já que se tratam de áreas
recordistas de devastação, portanto, as mais ameaçadas do planeta.

Observação

Hotspot: conceito criado em 1988, passou a ser utilizado como indicador


para priorizar as áreas ambientais do planeta que deveriam receber maior
atenção dos programas de conservação. Os critérios para definir um hostpot
em escala internacional são alto endemismo e diversidade de plantas
(0,5%), ou 1.500 das 300 mil espécies de plantas, considerando que todas
as demais formas de vida dependem das plantas.

A primeira unidade da Rede Mundial de Reservas da Biosfera declarada pelo Brasil foi a Reserva da
Mata Atlântica, num processo que teve início em 1991, abrangeu cinco fases sucessivas e estendeu‑se
até 2002. Essa é a maior reserva da biosfera em área florestada do planeta, cobre 47% do bioma Mata
Atlântica e possui cerca de 78 milhões de hectares, sendo que 62 milhões/ha encontram‑se em áreas
terrestres e 16 milhões/ha, em áreas marinhas, abrangendo locais em 17 estados brasileiros.

Ser considerado como Reserva da Biosfera (RB) significa ser uma área que possui uma coleção
representativa de ecossistemas característicos da região. A missão das RBs é conservar a paisagem e os
recursos hídricos, valorizar o patrimônio étnico cultural a ela vinculados, fomentar o desenvolvimento
econômico ecologicamente sustentável e apoiar projetos de difusão do conhecimento, de educação
ambiental e capacitação, de pesquisa científica e de monitoramento nos campos da conservação e do
desenvolvimento sustentável.

A rede mundial de reservas da biosfera é um instrumento que funciona no âmbito do programa


“O homem e a Biosfera” e tem como princípio a conservação como modo de se evitarem os problemas
decorrentes do desmatamento das florestas tropicais, a desertificação, a poluição atmosférica, o efeito
estufa, dentre outros.

Trata‑se do reconhecimento da importância da conservação dos serviços da natureza como fonte de


conhecimento, bem como da otimização da convivência homem e natureza. A rede está espalhada por
110 países e a Unesco contabiliza a existência de 482 reservas da biosfera no mundo.

A reserva é também um centro de monitoramento, pesquisas, educação ambiental e


gerenciamento de ecossistemas, bem como centro de informação e desenvolvimento profissional dos
técnicos em seu manejo. Seu gerenciamento é o trabalho conjunto de instituições governamentais,
não governamentais e centros de pesquisa. Essa integração busca o atendimento às necessidades
da comunidade local e o melhor relacionamento entre os seres humanos e o meio ambiente. É
o principal instrumento do programa MaB e compõe uma rede mundial de áreas que têm por
finalidade a pesquisa cooperativa, a conservação do patrimônio natural e cultural e a promoção do
desenvolvimento sustentável (BRASIL, [s.d.]).
171
Unidade II

O programa “O homem e a Biosfera” (The Man and the Biosphere Programme – MaB) foi
criado em 1971 pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura
(Unesco), juntamente com o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), a
União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN) e outras agências internacionais de
desenvolvimento e tem por objetivo estabelecer cooperação técnica em âmbito internacional,
para análise das interações antrópicas. A inclusão de áreas em RBs é a principal linha de ação do
programa, com a pretensão de ser um instrumental de planejamento para combater os efeitos dos
processos de degradação ambiental.

A Unesco disponibiliza aos países que participam do programa uma rede de informações para o
equacionamento de problemas das RBs, orientando sobre a utilização da melhor tecnologia disponível.

No mesmo ano que o Brasil aderiu ao MaB, foi criada a Comissão Brasileira do Programa Homem
e Biosfera – Cobramab –, por meio do Decreto nº 74.685 de 14 de outubro 1974, sob a coordenação
do Ministério de Relações Exteriores e, em 1999, a comissão passou para a coordenação do Ministério
do Meio Ambiente. Constituída por representantes dos Ministérios de Relações Exteriores, da Ciência e
Tecnologia, da Educação, da Cultura e do Planejamento, Orçamento e Gestão, do Ibama, por representantes
da comunidade científica e acadêmica, de entidades ambientalistas da sociedade civil e do setor privado,
sob a presidência do Ministério do Meio Ambiente, a Cobramab tem por finalidade planejar, coordenar e
supervisionar no País as atividades relacionadas ao programa “O Homem e a Biosfera”.

O Brasil definiu como meta a criação de pelo menos uma grande reserva da biosfera em cada um
dos biomas brasileiros e atualmente conta com sete RBs: Mata Atlântica, Cinturão Verde de São Paulo,
Cerrado, Pantanal, Caatinga, Amazônia Central e Serra do Espinhaço.

Com a promulgação da Lei nº 9.985, de 18 de julho 2000, que criou o Sistema Nacional de Unidades de
Conservação (SNUC), as RBs foram regulamentadas como um modelo de gestão integrada, participativa
e sustentável dos recursos naturais adotado internacionalmente.

As Unidades de Conservação (UC) são espaços com características naturais relevantes, que têm a
função de assegurar representatividade de amostras significativas ecologicamente viáveis das diferentes
populações, habitats e ecossistemas do território nacional e das águas jurisdicionais.

De acordo com a forma de proteção e usos permitidos, as UC são classificadas em Unidades de


Proteção Integral (PI) e Unidades de Uso Sustentável (US).

As Unidades de Proteção Integral são áreas que necessitam de maiores cuidados, devido à
sua fragilidade e particularidades ambientais e estão classificadas em cinco categorias, como
veremos adiante.

Já as Unidades de Uso Sustentável são áreas cujos recursos naturais podem ser utilizados de
forma direta e sustentável e, ao mesmo tempo, ser conservados; classificam‑se em sete categorias
(quadro a seguir).

172
ECONOMIA E SUSTENTABILIDADE

Quadro 6 – Representação da classificação das UC

Unidades de Uso Sustentável Definição


Área, em geral extensa, com certo grau de ocupação humana,
Área de proteção ambiental dotada de atributos naturais, estéticos e culturais importantes para
a qualidade de vida e o bem‑estar das populações.
Área de pequena extensão, com pouca ou nenhuma ocupação
humana e com características naturais singulares, cujo objetivo é
Área de relevante interesse ecológico manter ecossistemas naturais de importância regional ou local e
regular o uso admissível dessas áreas.
Permite a existência de propriedades privadas em seu interior.
Área com cobertura florestal onde predominam espécies nativas,
Floresta cujo principal objetivo é o uso sustentável e diversificado dos
recursos florestais e a pesquisa científica.
Área natural com o objetivo principal de proteger os meios, a vida
e a cultura de populações tradicionais, cuja subsistência baseia‑se
Reserva extrativista no extrativismo e, ao mesmo tempo, assegurar o uso sustentável
dos recursos naturais existentes.
Área com populações animais de espécies nativas, terrestres ou
Reserva de fauna aquáticas, onde são incentivados estudos técnicos científicos sobre
o manejo econômico sustentável dos recursos faunísticos.
Área natural onde vivem populações tradicionais que se baseiam
Reserva de desenvolvimento sustentável em sistemas sustentáveis de exploração dos recursos naturais.
Área privada criada para proteger a biodiversidade a partir de
Reserva particular do patrimônio natural iniciativa do proprietário.
Unidades de proteção integral Definição.
Área destinada à preservação da natureza e à realização de
Estação ecológica pesquisas científicas.
Área destinada à preservação da diversidade biológica, onde
podem ser efetuadas medidas de recuperação de ecossistemas
Reserva biológica alterados e de preservação e recuperação do equilíbrio natural, da
diversidade biológica e dos processos ecológicos naturais.
Área destinada à proteção dos ecossistemas naturais de grande
relevância ecológica e beleza cênica, onde podem ser realizadas
Parque atividades de recreação, educação e interpretação ambiental e
desenvolvidas pesquisas científicas.
Área que tem como objetivo básico a preservação de lugares
Monumento natural singulares, raros e de grande beleza cênica. Permite a existência de
propriedades privadas em seu interior.
Ambiente natural onde se asseguram condições para a existência
ou reprodução de espécies ou comunidades da flora local
Refúgio de vida silvestre e da fauna residente ou migratória. Permite a existência de
propriedades privadas em seu interior.

Assim, as Unidades de Conservação formam uma rede, na qual cada categoria contribui de uma
forma específica para a conservação dos recursos naturais.

Como meta a ser atingida até 2020, o Brasil definiu que pelo menos 17% das áreas terrestres e de
águas continentais e pelo menos 10% das áreas costeiras e marinhas, especialmente áreas de particular
importância para a biodiversidade e para os serviços ecossistêmicos, sejam conservadas de acordo com
o estabelecido no Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza.

173
Unidade II

A importância do bioma está relacionada também ao fato de a Mata Atlântica ser um manto protetor
e regulador do fluxo dos mananciais hídricos que abastecem as principais metrópoles do País e muitas
outras cidades importantes que, no seu conjunto, abrigam mais de 60% da população brasileira – onde
estão também localizadas as principais cidades em termos econômicos e populacionais, como São Paulo
e o Rio de Janeiro.

7.6 Bioma Pampa

SP
PR

SC

RS

Figura 55 – Representação geográfica do bioma Pampa

No Brasil, o bioma Pampa se restringe ao estado do Rio Grande do Sul, ocupando a extensão
de 176.496 km 2, segundo o mapeamento realizado pelo IBGE em 2004 ( apud BRASIL, [s.d.]b).
A terminologia “Pampa”, segundo o Ibama, é de origem indígena e significa região plana. O
espaço ocupado pelo bioma representa 2,1% do território brasileiro e 63% da área geográfica
do estado.

Observação

O Centro de Sensoriamento Remoto/IBAMA (PMDBBS, [s.d.]) calculou


que em 2008 o bioma correspondia à área de 177.767 km2.

Os Pampas não se limitam apenas ao Brasil: estendem‑se também para o Uruguai e Argentina.
Apresentam terras baixas de relevo aplainado, colinas arredondadas e “coxilhas”, formado por um
mosaico de solos basálticos e sedimentares, geralmente rasos e frágeis.

A vegetação é do tipo gramíneas, com a presença de alguns arbustos espalhados e dispersos que
prestam relevante função do ponto de vista da biodiversidade e dos serviços ambientais, como o
sequestro de carbono e o controle da erosão. Além disso, essa vegetação é considerada como fonte
rica em variabilidade genética, segundo o MMA (BRASIL, [s.d.]b). Nas áreas próximas aos cursos de
águas e nas encostas de planaltos, a vegetação torna‑se mais densa com a presença de árvores. Conta
com uma paisagem exuberante, com predominância de campos, capões de matas, matas ciliares
174
ECONOMIA E SUSTENTABILIDADE

e banhados. Sua vegetação característica de campo propiciou a base da economia local, desde os
primórdios do período colonial brasileiro.

Figura 56 – Representação da vegetação característica do bioma Pampa

Nesse bioma, 41,32% da área apresenta cobertura vegetal nativa, mas apenas 0,4% do Pampa é
protegido atualmente por Unidades de Conservação.

De clima chuvoso e úmido predominante na maior parte do ano, esse bioma apresenta também
situações de seca no verão, principalmente na região oeste do estado. A região é marcada pela frequência
de frentes polares e temperaturas negativas no período do inverno.

A característica da vegetação presente no bioma indica o tipo de fauna ali existente. Uma floresta
apresenta fauna diferente da savana, que é diferente de campo, mesmo considerando que existam
espécies que se utilizam ao mesmo tempo de diferentes tipos de vegetação.

A diversidade biológica ou biodiversidade que ser refere à diversidade da natureza viva tem no bioma
Pampa um patrimônio natural, genético e cultural de importância nacional e global, segundo o MMA
(BRASIL, [s.d.]b).

Ainda de acordo com esse ministério, as estimativas apontam para valores próximos de 3.000
espécies de flora e de 600 da fauna. Somente de gramíneas são mais de 450 espécies e de leguminosas
são 150 espécies, como a babosa‑do‑campo, o amendoim‑nativo e o trevo‑nativo.

A fauna é composta por quase 500 espécies de aves, sendo que algumas são classificadas como
endêmicas. Dentre as espécies de aves, pode‑se citar a ema, o perdigão, a perdiz, o quero‑quero, o
caminheiro‑de‑espora, o joão‑de‑barro, o sabiá‑do‑campo e o pica‑pau‑do‑campo. Dentre as 100
espécies de mamíferos terrestres, destacam‑se o veado‑campeiro, o graxaim, o zorrilho, o furão, o
tatu‑mulita e o preá. O ecossistema do pampa abriga várias espécies endêmicas, entre elas: tuco‑tuco,
o beija‑flor‑de‑barba‑azul, o sapinho‑de‑barriga‑vermelha (BRASIL, [s.d.]b).

175
Unidade II

Estão no Livro Vermelho da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção: o veado campeiro, o


cervo‑do‑pantanal, o caboclinho‑de‑barriga‑verde e o picapauzinho‑chorão.

A partir de dados obtidos pelo Centro de Sensoriamento Remoto, no âmbito do Projeto de


Monitoramento do Desmatamento dos Biomas Brasileiros (PMDBBS, [s.d.]), o Pampa apresentava uma
área de cobertura vegetal nativa da ordem de 64.131 km2, equivalente a 36,06% da área do bioma em
2008, o que significa a supressão de aproximadamente 2.179 km2, ou 0,2%3, em média, por ano, de sua
cobertura vegetal nativa.

Quadro 7 – Proporção de áreas desmatadas e vegetação


remanescentes do bioma Pampa, no período entre 2002 e 2008

Classe Até 2002 Até 2008


Áreas desmatadas 52,76% 53,98%
Vegetação remanescente 37,25% 36,06%
Corpos d’água 9,99% 9,99%

Fonte: PMDBBS (s.d.).

A região do bioma Pampa é servida pela bacia hidrográfica do rio da Prata. O rio da Prata tem origem
no encontro dos rios Paraná, Uruguai, Iguaçu e Paraguai. Uma bacia hidrográfica é formada por diversos
afluentes e o corpo de água principal dá o nome à bacia.

Figura 57 – Formação de uma bacia hidrográfica

O rio Paraná é o principal curso de água da bacia formando a sub‑bacia do rio Paraná. O rio Paraná
abriga a segunda maior usina hidroelétrica do mundo, a Usina de Itaipu. A construção de Itaipu foi
resultado de um projeto conjunto entre Brasil e Paraguai, e até 2012 foi considerada a maior usina
hidroelétrica do mundo. Com a construção de Três Gargantas, no rio Yang Tsé na China, Itaipu passou a
ocupar o segundo lugar.

3
Cálculos baseados segundo dados do CSR/IBAMA que considera a área total do bioma em 177.767 km2.
176
ECONOMIA E SUSTENTABILIDADE

Para a construção de Itaipu, uma área de 1.500 km2 de florestas e terras agricultáveis foi inundada.
Num esforço de salvar os animais que habitavam as áreas que seriam inundadas, equipes de voluntários
conseguiram capturar parte desses animais, entre vertebrados e invertebrados, que foram deslocados
para regiões vizinhas.

A Bacia Sedimentar do Paraná abriga um manancial gigante de águas subterrâneas, com extensão
de 1.195.000 km2, denominado Aquífero Guarani.

Aquíferos são formações geológicas subterrâneas constituídas por rochas permeáveis que armazenam
água e constituem‑se em depositório e transmissor de quantidades significativas dessa água doce em
condições naturais.

É no território abrangido pelo bioma Pampa que se encontra a maior extensão do Aquífero
Guarani. O aquífero Guarani é um dos mais importantes do mundo, tanto pela extensão como pela
transnacionalidade. Sua maior parte está localizada em território brasileiro (839.800 Km2), uma porção
considerável localiza‑se na Argentina (225.500 km2) e uma pequena parte no Uruguai (58.500 km2) e no
Paraguai (71.700 km2).

No Brasil, a extensão das áreas de afloramento (recarga direta) do Aquífero Guarani abrange parte
dos Estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Goiás, Mato Grosso e Mato Grosso
do Sul e totaliza mais de 100.000 km2.

Sua água doce, de excelente qualidade, pode ser extraída por meio de poços artesianos e
semiartesianos. Trata‑se de uma reserva de água estratégica, uma vez que o seu volume aproveitável é
30 vezes superior à demanda de cerca de 15 milhões de pessoas que vivem em sua área de ocorrência.
Sua reserva potencial de água pode abastecer toda a população brasileira por cerca de 2.500 anos o que
o torna de vital importância para as gerações futuras do Cone Sul.

Aquífero
Alter do Chão

Aquífero
Guarani

Figura 58 – Representação geográfica do Aquífero Guarani

177
Unidade II

Aquíferos podem ser classificados em três tipos: o livre, o confinado e o suspenso. O Aquífero
Guarani é do tipo confinado, uma vez que 90% de sua área está recoberta por espessos derrames de
lavas basálticas.
Linhas de nascentes

Córrego

Aquífero suspenso D

C
Nível de água
Aquífero livre
B
Camadas
impermeáveis Aquífero confinado A

Aquífero confinado

Figura 59 – Representação dos tipos de aquíferos

O aquífero se alimenta de duas formas:

• Pela recarga direta – áreas de infiltração direta das águas de chuva em suas zonas de afloramento
ou de fissuras de rochas. Essa é a forma predominante de recarga dos aquíferos livres.

• Pela recarga indireta – drenagem (filtração vertical) superficial das águas da chuva ao longo
de descontinuidades nas áreas de confinamento num processo que se revela mais lento. As
maiores taxas de recarga ocorrem em regiões planas e bem arborizadas, e, nos aquíferos
livres, em zonas de relevo, sem cobertura vegetal e sujeitas a enxurradas, a recarga ocorre
mais lentamente.

As áreas de recarga direta ou de afloramento do Aquífero Guarani merecem maior atenção, por
estarem mais expostas a riscos de degradação, seja a provocada pelo uso de agrotóxicos na agricultura,
seja pelos processos de erosão, decorrentes do avanço da ocupação do solo sem o manejo adequado ou
até mesmo por causas naturais.

Segundo a Agência Nacional de Águas (ANA, 2008), no meio rural, a poluição de origem difusa e o
uso do solo sem manejo adequado causam o assoreamento e o aporte excessivo de nutrientes para os
corpos hídricos, prejudicando a qualidade da água.

178
ECONOMIA E SUSTENTABILIDADE

Figura 60 – Representação da origem do assoreamento de rios

A perda da vegetação em áreas de cabeceira de rios pode agravar a ocorrência de eventos como
assoreamento, enchentes e inundações, daí o rebatimento do Código Florestal na disponibilidade hídrica.

A colonização do estado foi marcada pela atividade econômica relacionada à pecuária desde o período
colonial. Caio Prado Jr. (1985, p. 95) descreve que os campos imensos, com vegetação herbosa que dá boa
forragem, eram altamente favoráveis à pecuária, e o gado criado sem nenhum trato especial se multiplicava
rapidamente, adquirindo uma densidade que não tinha paralelo em outra região da colônia.

É também nessa região que se implanta um sistema de colonização que se diferencia do modelo
plantation, caracterizado pela monocultura e pelo trabalho escravo do restante do País. A colonização
fez‑se, sobretudo, pelo recrutamento de colonos e a distribuição de pequenas porções de terras.
Posteriormente, com a vinda de colonos de outras regiões da Europa (italianos e alemães), formou‑se
uma população quase etnicamente homogênea (PRADO JR., 1985, p. 96).

A população rural, formada por pequenos produtores familiares mantém a característica do Rio
Grande do Sul: dedica‑se ao cultivo do fumo, do feijão e do milho. A plantação de soja e de trigo
também está presentes na região, e na maioria das propriedades se faz uso de agroquímicos sintéticos
que, somados a outros fatores, contribuirão para a contaminação dos recursos hídricos.

O aumento da população, da descarga de esgoto doméstico sem tratamento, da geração de lixo


doméstico e tóxico, do contínuo desmatamento, da destruição da flora e fauna nativa são os problemas
a serem enfrentados pela geração atual para preservar os recursos ambientais para as gerações futuras.

Por sua fisionomia única, o Pampa constitui a base natural da cultura e da identidade dos
rio‑grandenses.

8 ENERGIA

A sociedade moderna é tão dependente da energia como o é de água e de alimentos. Torna‑se difícil
fazer uma dissociação entre o modo de vida atual e a energia que ilumina as cidades, faz funcionar os
aparelhos domésticos, as empresas, o metrô e outras formas modernas de mobilidade urbana.
179
Unidade II

Fontes de energia renováveis e não renováveis são os motores que fazem funcionar o
sistema econômico e social do mundo hoje em dia. O aumento da produção industrial, o perfil
de consumo da população, o contínuo crescimento dos aglomerados urbanos, bem como a
necessidade de inserção no mercado internacional de bens e serviços modelam as necessidades
energéticas dos países.

Como indicador de crescimento econômico, o aumento do uso energético torna‑se sinônimo


de qualidade de vida e modernidade. A expansão do consumo de energia e seus impactos
sobre o meio ambiente têm ampliado as preocupações sobre o desenvolvimento sustentável.
Torna‑se cada vez mais difícil conciliar crescimento econômico, energia e meio ambiente. É
no bojo dessas preocupações que a Assembleia Geral das Nações Unidas declarou 2012 o “Ano
Internacional de Energia Sustentável para todos” e estabeleceu três metas a serem atingidas
até 2030 (UNESCO, 2012):

• assegurar o acesso universal aos serviços de energia moderna (incluindo eletricidade e soluções
limpas e modernas para cozinhar);

• duplicar a taxa global de melhoria em eficiência energética;

• duplicar a quota de energia renovável no setor de energia global.

Se, por um lado, o aumento da demanda por energia é considerado indicador de qualidade de
vida e aumento de bem‑estar humano, por outro, é também indicador de aumento da poluição e do
esgotamento dos recursos que são extraídos da terra. A produção energética tem contribuído para a
intensificação do aquecimento global, responsável pela mudança climática do planeta. A compreensão
de que o crescimento econômico torna irreversível o aumento da emissão de CO2 eleva a preocupação
sobre como preservar os recursos para as gerações futuras.

O consumo de energia está estreitamente relacionado com o crescimento econômico ou PIB.


Dependendo da estrutura produtiva do país, mais ou menos intensa será essa relação. O padrão energético
decorre da posição que o país ocupa na divisão internacional do trabalho e da demanda doméstica de
bens e serviços. Nesse sentido, os investimentos em fontes energéticas estarão em consonância com o
modelo de desenvolvimento planejado para o país.

A questão energética torna‑se ponto central de competitividade entre os países e coloca‑se


também como elemento condicionante para a questão do desenvolvimento sustentável. Isso
porque passa a ser improvável a ocorrência de crescimento econômico sem que ocorra uma
pressão sobre os serviços da natureza e esse é um dos desafios a serem enfrentados pelos países
e por seus governos.

Como a evolução do consumo energético no mundo, tem aumentado na mesma proporção do


crescimento econômico, e a intensidade agregada de energia torna‑se um indicador valioso para
qualificar o desempenho econômico das nações.

180
ECONOMIA E SUSTENTABILIDADE

O padrão atual de produção energética tem sua origem com o advento da Revolução Industrial,
quando as fontes fósseis tornaram‑se o padrão de consumo de energia. Desse período até os tempos
atuais, a energia é produzida para movimentar a economia.

Segundo dados da Agencia Nacional de Energia Elétrica (2008 p. 39), o consumo mundial de energia
passou de 9.828 milhões de toneladas equivalentes de petróleo (tep), em 2003, para 11.099 milhões, em
2007, o que representa crescimento de 13,3% no período ou 2,6% em termos médio/ano.

Goldemberg e Lucon (2007) calculam que o consumo médio total de energia em 2003 equivaleu a
1,67 toneladas (tep) per capita, considerando que a população mundial era de aproximadamente 6,27
bilhões de habitantes. Para tornar mais didática essa equivalência, os autores fazem correspondência
com as calorias necessárias para manter um ser humano vivo. Para esse efeito, calcula que uma tonelada
equivalente de petróleo corresponde a 10 milhões de quilocalorias (kcal) e, considerando que o consumo
médio diário de energia per capita é de 46.400 kcal e o necessário para manter o ser humano vivo é de
2.000 kcal, sobram 44.300 kcal, gastos com transporte, nas indústrias, nas residências e uma parte se
perde nos processos de transformação energética.

8.1 Variação do consumo energético no mundo

Segundo os dados de consumo, por tipo de energia, no mundo, o petróleo, em termos de volume,
representa a maior fonte de consumo energético, seguido do carvão e do gás.

O consumo de energia originada de fonte hidroelétrica aumentou no período entre 2003 e 2012,
ocorrência que se verificar também para a fonte nuclear, mesmo considerando que se trata de uma
fonte de menor consumo no conjunto das fontes de oferta.

Em termos de crescimento, o destaque coube à energia renovável que, apesar de pouco


representativa no conjunto das fontes de energia, tem crescido e se revelado como fonte alternativa
a partir de 2009.

Analisando a variação do consumo em 2012, na comparação com 2003, observa‑se crescimento


para todas as fontes de oferta, com exceção da energia nuclear. Proporcionalmente, a maior variação
coube à energia renovável com crescimento da ordem de 258% no período, o carvão aumentou 43%,
a hidroelétrica 39%, o gás 28% e o petróleo 11%, enquanto diminui em 6,3% o consumo de energia
nuclear (BP STATISTICAL REVIEW OF WORLD ENERGY, 2013).

O consumo da fonte nuclear, que desde 2007 apresentava queda de consumo, aumenta em 2010
e decresce continuamente a partir de então. Em movimento oposto à energia nuclear, o consumo de
energia renovável eleva‑se de forma contínua no período em análise, revelando que as políticas de
estímulos e a conscientização da sociedade têm mobilizado os recursos necessários para as mudanças
no padrão de oferta energético.

181
Unidade II

14000,0

12000,0

10000,0

8000,0

6000,0

4000,0

2000,0

2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012

Petróleo Gás Carvão Nuclear Hidroelétrica Renovável

Figura 61 – Representação gráfica do consumo de energia no mundo por tipo (milhões de toneladas tep) 2003‑2012

Pela análise dos dados de consumo de energia renovável, segundo o tipo de fonte, observa‑se que a
energia eólica é a que mais cresce no período em observação.

A energia solar passa a ter significância estatística a partir de 2010. O consumo da geotérmica,
biomassa e outras tem apresentado crescimento no período entre 2003 e 2012, conforme pode ser
identificação na figura seguinte.

140,0

140,0

140,0

140,0

140,0

140,0

140,0

140,0
2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012
Solar Eólica Geotérmica, biomassa e outras

Figura 62 – Evolução do consumo (em milhões de toneladas tep) de energia renovável, no mundo, segundo tipo (2003‑2012)

Energia primária, segundo a BP Statistical Review of World Energy (2013), compreende combustíveis
e energia renovável moderna, utilizados para gerar eletricidade, como por exemplo a nuclear.
182
ECONOMIA E SUSTENTABILIDADE

O consumo de energia primária apresenta crescimento no período em análise, porém, de forma não uniforme.
De 2001 a 2003 há um crescimento contínuo na demanda por energia primária, cujo pico ocorre em 2004.

De 2004 a 2009 ocorre uma desaceleração na taxa de crescimento do consumo, conforme pode ser
observado pelo movimento da curva, e o menor pico é em 2009, ano que sucede a crise internacional
de 2008 que coloca diversos países desenvolvidos em recessão.

O período entre 2010 e 2012 retrata a retomada do crescimento, principalmente em alguns países
em desenvolvimento, para logo em seguida mostrar que a sustentação econômica revela‑se frágil,
segundo esse indicador.

14000,0 0,06
11943,4
12476,6
12225,0
12000,0 10409,9
11287,5 11438,7 11309,8
0,05
11005,6
10707,7

9597,8
9933,8 0,04
10000,0 9339,2 9418,8

0,03
8000,0
0,02
6000,0
0,01
4000,0
0

2000,0 –0,01

– –0,02
2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012
Volume Variação ano anterior

Figura 63 – Representação gráfica de consumo (em milhões de toneladas tep)


no mundo de energia primária e variação (2000‑2012)

8.2 Variação do consumo energético no Brasil

O Brasil, assim como o resto do mundo, apresenta grande dependência de energia extraída de fonte
fóssil não renovável.

Da matriz de consumo energético, o petróleo apresenta maior participação no consumo total, e a


energia hidroelétrica aparece como a segunda maior fonte de consumo. Diferentemente do resto do
mundo, o País consome mais energia oriunda de fonte hidroelétrica.

O uso do gás, apesar de proporcionalmente menor em comparação com outras fontes, em termos
relativos, apresentou maior variação (106,8%) em 2012 em relação a 2003. Isso se deve à malha dutoviária
que no processo de expansão já atingiu a marca de 9.000 km.
183
Unidade II

Segundo dados da Petrobrás (s.d.), atualmente estão em operação 16 gasodutos que fornecem gás
natural. Muitos deles tiveram sua construção iniciada nos anos de 1970 e 1980. As obras iniciadas mais
recentemente são os de Aracaju/Atalaia (2007) e Urucu/Coari/Manaus (2009). O gasoduto Brasil‑Bolívia
teve sua construção iniciada em 1999 e tanto o trecho sul quanto o norte foram concluídos em 2000.

Diferentemente, o Brasil utiliza relativamente menos carvão como fonte energética quando
comparado ao consumo no resto do mundo.

A energia renovável, em processo de crescimento, só não é inferior ao uso que se faz da fonte
nuclear; contudo, elevou‑se substancialmente na década em observação.

300,0

250,0

200,0

150,0

100,0

50,0


2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012
Petróleo Gás Carvão Nuclear Hidroelétrica Renovável

Figura 64 – Consumo (em milhões de toneladas tep) de Energia, no Brasil, por tipo (2003‑2012)

O consumo total de energia renovável, em dez anos, cresceu 260%, como resultado, principalmente,
da fonte geotérmica, da biomassa e de outras com aumento de 226%.

Segundo os dados disponibilizados pela BP Statistical Review of World Energy (2013), não há
referência sobre o consumo de energia solar, inferindo‑se que o volume consumido não tem significância
estatística. A eólica aparece como resultado estatístico a partir de 2006, e quando se compara 2012
com 2011, o crescimento de 83% em apenas um ano revela‑se como um sinal promissor em termos de
alternativa energética e que está em consonância com o Protocolo de Kyoto.

Sabe‑se que as energias renováveis, como é o caso da solar, têm sua viabilidade atestada pelo fato de
existir uma menor distância entre a fonte geradora e a consumidora, o que diminui os riscos inerentes às
transmissões de longa distância. Contudo, ainda falta uma melhor gestão e elevação dos investimentos
de modo a aumentar a acessibilidade para um número maior de consumidores. Atualmente, devido ao
elevado investimento em equipamentos geradores de energia solar, o acesso está restrito a um número
pequeno de consumidores.
184
ECONOMIA E SUSTENTABILIDADE

12
10,1

9 8,4
6,8
6 5,3 5,5
4,9
4,1 4,2
3,5 3,7
3
1,1
0,3 0,5 0,6
0,1 0,1 0,3
0 0 0
0
2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012
Energia solar Energia eólica Geotérmica, biomassa e outras

Figura 65 – Consumo (em milhões de toneladas tep) de energia renovável, segundo fonte Brasil (2003‑2012)

No Brasil, assim como acontece com o resto do mundo, o consumo de energia primária cresce ao
longo do tempo.

Com movimentos que oscilam entre crescimento e ligeira retração em relação ao ano anterior, o consumo se
mantém elevado até a crise internacional de 2008. Comportamento que se assemelha a de outros países do mundo.

Os desdobramentos da crise financeira, que se inicia nos Estados Unidos, atingiu também o Brasil.
Seus efeitos foram sentidos em 2008 e com maior intensidade em 2009, como mostram os dados da
variação de consumo de energia primária. A partir de 2010, quando a economia mundial apresenta
sinais de recuperação, o consumo de energia primária também se eleva, em todas as partes do mundo,
inclusive no Brasil (figura seguinte).

300,0 12
269,7 274,7
257,5
250,0 236,0 235,2
225,9 9
212,4
199,9 206,5
185,8 182,0 186,1 189,7
200,0
6
150,0
3
100,0

0
50,0

– –3
2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012
Consumo de energia primária Variação em relação ano anterior

Figura 66 – Consumo (em milhões de toneladas tep) de energia primária e variação Brasil (2000‑2012)

185
Unidade II

De 2001 para 2002, a variação do consumo de energia primária é crescente. Entre 2002 e 2003,
mostra‑se relativamente estável e cresce entre 2003 e 2004. Reduz‑se entre 2004 e 2005, evento que
se repete entre 2005 e 2006. Entre 2006 e 2007, a curva muda de posição, revelando a ocorrência de
significativo aumento do consumo. No biênio seguinte, já sob o efeito da crise internacional, o consumo
se retrai e diminui ainda mais entre 2008 e 2009, para se recuperar no ano seguinte.

Ao compararmos a variação do consumo de energia primária com o PIB, em termos de volume,


verifica‑se que as curvas apresentam comportamento semelhante. Em 2002, quando o PIB brasileiro
apresenta variação de 2,7% em relação ao ano anterior, o consumo energético aumenta 2,2% em
relação a 2001. O PIB, em 2003, apresenta taxa de crescimento de 1,1%, inferior à taxa observada
anteriormente, enquanto o consumo energético ainda se mantém em relativa estabilidade ao passar
de 2,2% para 2,0%. Em 2004, o produto nacional cresce 5,7% e a taxa de consumo de energia eleva‑se
em 5,3%. Entre 2005 e 2007, a variação do PIB passa de 3,2% para 6,1% e a de energia de 3,3% para
6,3%. Entre 2007 e 2009, ocorre a crise financeira internacional, cujos efeitos foram sentidos no PIB e
no consumo energético. De um crescimento anual de 6,1% em 2007, a produção nacional retrai‑se em
‑0,3% e o consumo de energia em ‑0,4%. No período da recuperação econômica, as curvas apresentam
crescimento. O PIB, em 2010 volta a crescer em 7,5% e o consumo energético em 9,5%, revelando a
estreita relação entre produção de bens e serviços e consumo energético.

Depois do elevado crescimento do PIB, em 2010, a economia cresce menos em 2011 e mantém essa
trajetória de redução no ano seguinte. A curva energética segue a mesma trajetória (observe a figura a seguir).

12,0
9,5
10,0

8,0
6,1
5,7 5,2
6,0 7,5 4,7
4,0 6,3
4,0 5,2 3,2
2,7 4,5
2,0 1,8
1,3 3,3
2,0 2,9 2,7
2,2 1,0
0,0 1,1 0,4 –0,3
2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012
–2,0
–2,0
–4,0
Variação em volume do PIB Variação do consumo (tep) energia primária

Figura 67 – Variação em volume do PIB brasileiro e do consumo


(em milhões de toneladas tep) de energia primária Brasil (2001‑2012)

Analisando a distribuição do consumo de energia no País, segundo a fonte energética, observa‑se


que o petróleo, em 2012 representava 45,7% da matriz energética brasileira, a hidroelétrica, em segunda
posição, teve participação de 34,4%, o gás participou em 9,6%, o carvão em 4,9%, a renovável em 4,1%
e a nuclear em 1,32% (figura seguinte).

186
ECONOMIA E SUSTENTABILIDADE

4,09%

34,40%
45,73%

1,32%

4,90%
9,56%
Petróleo Gás Carvão Nuclear Hidroelétrica Renovável

Figura 68 – Distribuição do consumo energético no Brasil em 2012, segundo a fonte

8.2.1 Política energética no Brasil

No Brasil, por competência legal, é conferido ao Estado elaborar o modelo energético do país. O
planejamento energético está a cargo do Conselho Nacional de Política Energética – CNPE –, que define
as políticas e as diretrizes para o setor. Compete ao Ministério de Minas e Energia – MME – a concepção
e implementação de políticas para o setor, em consonância com as diretrizes definidas pelo CNPE.

O Plano Nacional de Energia – PNE – 2030, do Ministério de Minas e Energia (BRASIL, 2007), sinaliza
as ações que serão priorizadas pelo governo, em longo prazo. Para elaboração de um plano de expansão
energética é preciso fazer projeções a partir de diversos indicadores, dentre eles, o comportamento
da economia mundial. No plano interno é preciso projetar o crescimento econômico (PIB), a balança
comercial (inserção do país no mercado mundial), o crescimento populacional (crescimento vegetativo),
entre outras variáveis importantes para a elaboração de um plano de investimento energético. Como o
governo tem papel importante nessa relação, é preciso observar o comportamento das finanças públicas,
especificamente em relação à política fiscal do governo (diferença entre receita e despesa) como forma
de medir o fôlego governamental em termos de investimentos na área.

Definidos os indicadores, constroem‑se os cenários futuros. No PNE 2030, partindo do consumo


observado em 2005, e considerando que a energia final é consumida na forma de energia e de energia
elétrica, traçaram‑se quatro cenários para 2030. Em todos, prevê‑se o crescimento do consumo. No
cenário A, o consumo de energia crescerá 4,3%, e de energia elétrica 5,1%; no cenário B1, o consumo
de energia cresce 3,6%, e de energia elétrica 4,1%; no cenário B2, a energia crescerá um pouco menos,
mas no patamar de 3,1%, e o de energia elétrica 3,9%; e no cenário C, o crescimento energético de
2,5% é o mais baixo entre todos os cenários esboçados e o mesmo ocorre com o de energia elétrica, com
tendência de crescimento de 3,5%.
187
Unidade II

Quadro 8 – Cenários de consumo de energia no Brasil

Cenário A Cenário B1 Cenário B2 Cenário C


2005‑2030 2005‑2030 2005‑3030 2005‑2030
Energia (exclusive consumo no setor 4,3 3,6 3,1 2,5
energético e usos não energéticos)
Energia elétrica 5,1 4,1 3,9 3,5

Fonte: Brasil (2007, p. 89).

A partir de um resgate histórico da evolução da economia brasileira, é possível entender quais foram
as opções dos governantes em relação à questão energética para o País. É a partir dos anos de 1930 que
tem início no Brasil o processo de industrialização por substituição de importação. A política econômica
dos anos de 1950 intensifica esse processo, por meio do Plano de Metas. Nos anos de 1960, o Plano
de Ação Econômica do Governo (Paeg) incluiu uma série de reformas estruturais, com o objetivo de
acelerar o crescimento econômico. Na década de 1970, o objetivo do governo era construir um modelo
de desenvolvimento industrial para o Brasil, de modo a inseri‑lo no mundo desenvolvido até o final do
século. Entre 1968 e 1973, o País vivenciou um período de prosperidade que se refletia pelas altas taxas
de crescimento do PIB, também denominado de “milagre econômico”.

No período entre 1968‑1980 o crescimento médio anual do PIB, em termos de volume, foi de 9%,
enquanto o valor adicionado da indústria de transformação cresce 9,8% em média ao ano. É nesse período
que tem início, no Brasil, a construção de grandes hidroelétricas, como a de Itaipu, e outras 19 usinas de
menor porte e de 8 usinas térmicas. Investimentos são realizados no setor petrolífero e a construção da
maior refinaria de petróleo do País é concretizada com a Replan, no município paulista de Paulínia, bem
como a expansão da planta da refinaria Presidente Bernardes (RBPC), situada no município de Cubatão,
no estado de São Paulo. A cadeia produtiva do petróleo é complementada com a construção dos polos
petroquímicos. Ainda no plano de expansão energética, foram previstas a construção de duas usinas
nucleares para fornecimento de energia elétrica e a criação do Programa Nacional do Álcool (Proálcool).

Esses investimentos, financiados com recursos tomados no mercado internacional, num contexto de
excesso de oferta monetária e baixa taxa de juros, sofre um revés nos anos de 1980. Com o aumento
da taxa de juros no mercado internacional, em decorrência da escassez monetária, e o esgotamento da
capacidade de pagamento, o governo paralisou diversas obras que estavam em andamento. Apesar dos
problemas oriundos da crise do endividamento externo, foram esses investimentos que permitiram a
mudança na matriz energética brasileira.

Na década de 1970, a lenha era a fonte com maior participação na matriz de produção energética
do País (64%) – petróleo e lenha representavam 81% da produção de energia. É na passagem dos anos
1980 para os anos 1990 que a lenha, como fonte de energia, reduz a participação (27%), enquanto
o petróleo aumenta (30%), em 1990. Em 2010, o petróleo sozinho correspondia a 42% no conjunto
das fontes produtoras de energia. Os fatores que concorrem para esse resultado são os investimentos
realizados no período anterior e os aumentos do preço do petróleo no mercado internacional, que torna
a sua produção nos campos marítimos mais competitiva, por ser de mais alto custo de extração.

188
ECONOMIA E SUSTENTABILIDADE

Ainda nos anos de 1980, com o Proálcool, a produção de energia derivada de produtos da
cana‑de‑açúcar se eleva e dobra a sua participação na matriz ao passar de 7%, em 1970, para 14%,
em 1980. Isso se deve ao lançamento do primeiro carro movido a álcool e da adição de 20% de álcool
anidro à gasolina.

A expansão da produção de energia hidráulica é resultado da política de manutenção dos


investimentos, o que permitiu a entrada em operação de mais de quarenta usinas no período entre 2005
a 2012, segundo dados da Empresa de Pesquisa Energética (EPE, 2013c). A usina de Santo Antônio, no
rio Madeira tem previsão de ser concluída em 2016. A usina de Jirau, também no rio Madeira, entrou em
operação comercial de forma parcial, em 2013. A usina de Belo Monte, no rio Xingu, será a terceira maior
usina de geração elétrica do mundo, atrás apenas de Três Gargantas, na China e de Itaipu. A hidroelétrica
de Teles Pires, está sendo construída entre os estados do Pará e Mato Grosso.

A produção e utilização do gás natural no Brasil, segundo a Agência Nacional do Petróleo (2009),
tem início na década de 1940, antes, portanto da criação da Petrobrás, em 1953 (Lei nº 2.004/53),
que tornou monopólio da União as atividades de pesquisa e lavras de jazidas, refino e transporte
marítimo de petróleo. Na prática, segundo a ANP (2009), a Petrobrás produzia o gás natural – que
sempre esteve associado à lógica do petróleo – e vendia diretamente aos consumidores finais. Mas o
aumento da participação do gás natural na matriz de produção energética só se estabelece a partir
dos anos de 1990 (gráfico).

O carvão apresenta baixa participação na matriz de produção energética e o urânio processado pelas
usinas nucleares só aparece a partir dos anos de 1990, por conta da paralisação dos investimentos, em
razão dos receios populares decorrentes do acidente de Chernobyl e da crise do endividamento externo.
O carvão é uma fonte importante para indústria, mas o Brasil tem baixa participação nas reservas
globais de carvão mineral. As maiores reservas encontram‑se na Europa e antiga URSS (35,4%). Do total
existente no mundo, as reservas brasileiras, em 2013, correspondiam a 0,5% desse total. As principais
reservas encontram‑se localizadas no Sul do País, notadamente no estado do Rio Grande do Sul, com
90% das reservas nacionais.

Quadro 9 – Participação do Brasil no total de


reservas de carvão mineral no mundo em 2013

Continente Participação
Brasil 0,5%
América do Norte 28,5%
América do Sul e Central 1,5%
Europa e Eurásia 35,4%
África e Oriente Médio 3,8%
Ásia (Pacífico) 30,9%

Adaptado de: BP Statistical Review of World Energy (2013).

189
Unidade II

275.000

235.000

195.000

155.000

115.000

75.000

35.000

–5.000
72

74

76

78

80

82

84

86

88

90

92

94

96

98

00

04

06

08
02
70

10
20
19

20
19

19

19

19

19

19

19

19

19

19

19

19

19

19

20

20

20

20
Petróleo Gás natural
Carvão 2 Urânio (U308)
Energia hidráulica Lenha
Produtos da cana-de-açúcar Outras renováveis

Figura 69 – Evolução da produção energética no Brasil entre as décadas de 1970, 1980, 1990, 2000 e 2010

Observação

O gráfico corresponde à soma de carvão vapor e metalúrgico.

Em relação ao consumo energético, o petróleo e a lenha eram as fontes principais nos anos
de 1970, e juntas respondiam por 84% do consumo. Somente o petróleo, correspondia a 38% do
consumo e a lenha, 46%. Em 1980, essa relação se inverte com o petróleo respondendo por 51%, e
a lenha por 21%. Em 2010, o petróleo representa 42%, a lenha 7%. Concomitantemente à inversão
da matriz de consumo energética, outras fontes elevam sua participação, como é o caso da energia
hidráulica que passa de 5% em 1970 para 17% em 2010, e dos produtos da cana, de 6% para 18%,
respectivamente (BRASIL, 2007, p. 247).

O consumo do gás natural em 1970 era pouco representativo (0,1%) e ao longo do tempo vai sendo
modelada uma mudança no consumo a partir dos investimentos na expansão da malha dutoviária,
elevando o consumo para 7% em 2010.

O consumo de energia renovável, em 1970, correspondia a 0,7% do consumo total e em 2010,


eleva‑se para 2,5%. Apesar de ser a fonte de menor participação na matriz de consumo, quando se
compara a evolução da participação de cada uma das fontes energéticas, em relação ao panorama
existente em 1970, verifica‑se que a maior variação corresponde à fonte renovável (4.153%), superada
apenas pelo crescimento do consumo do gás natural (23.897%) ao passar de um consumo de 70 milhões
(tep) para 16.887 milhões (tep).

190
ECONOMIA E SUSTENTABILIDADE

Observação

Tep: tonelada equivalente de petróleo. É utilizada na comparação do


poder calorífero de diferentes formas de energia com o petróleo. Uma
tep corresponde à energia que se pode obter a partir de uma tonelada de
petróleo padrão, uma vez que o petróleo apresenta diferentes padrões
de energia.

265.000
235.000
205.000
175.000
145.000
115.000
85.000
55.000
25.000
–5.000

08
72

74

76

78

80

82

84

86

88

90

92

94

96

98

00

04

06
02
70

10
20
19

20
19

19

19

19

19

19

19

19

19

19

19

19

19

19

20

20

20

20
Petróleo 1 Gás natural
Carvão 2 Energia hidráulica
Lenha Produtos da cana-de-açúcar 3
Outras renováveis

Figura 70 – Evolução do consumo energético brasileiro entre as décadas de 1970, 1980, 1990, 2000 e 2010

Observação

Na figura:

Nota 1: corresponde a derivados do petróleo.

Nota 2: corresponde à soma de carvão mineral, gás de coqueria, coque


de carvão mineral e carvão vegetal.

Nota 3: corresponde à soma de bagaço de cana e álcool etílico.

Em 1970, de acordo com a estrutura de consumo energético do País, o setor com maior participação
no consumo total era o residencial (35,5%), seguido do industrial (27,7%) e em terceira posição, o setor
de transporte (21,2%). A soma do consumo dos outros setores (13,2%) era inferior na comparação

191
Unidade II

individual desses três setores em destaque. Em 1980, essa estrutura se altera e a indústria passa a
ser a maior consumidora (35,9%), o transporte (24,6%) e o setor residencial (20,1%). Em 2010, ocorre
uma ligeira mudança de posição na matriz, com a indústria sendo responsável por 35,5% do consumo
energético (35,5%) e o transporte aumentando sua participação para 28,9%, enquanto o residencial
(9,8%) é superado pelo consumo do próprio setor energético (10,1%). O setor agropecuário que em 1970
consumia 8,5% da energia, em 2010, passa para 4,1%, menos da metade que consumia quarenta anos
atrás, mesmo com o aumento da produção agrícola. O setor comércio, que em 1970 representava 1,4%
do consumo, dobra sua participação em 2010 para 2,8%.

No período em análise, ocorre uma elevada migração da população da área rural para a área urbana,
local de maior consumo de energia. A diminuição relativa de participação do setor residencial na matriz
de consumo se deve muito mais ao maior aumento de participação do setor industrial e de transporte
do que de uma efetiva diminuição do consumo residencial. O consumo per capita aumentou devido
à política de expansão das linhas de transmissão de energia elétrica para o setor rural, bem como ao
crescimento dos aglomerados urbanos com maior uso de aparelhos elétricos.

100,0

80,0

60,0

40,0

20,0

0,0
1970 1980 1990 2000 2010

Setor energético Residencial Comercial


Público Agropecuário Tansportes – Total
Industrial – Total

Figura 71 – Representação gráfica da evolução do consumo final de energia, segundo setor (%)

Há que se observar que dos ramos da indústria em destaque, o maior consumidor energético é
o de alimentos e bebidas (9,2%, em 1970, 7,8% em 1980 e 9,6% em 2010); o de ferro‑gusa e aço
(5,3%, 8,3% e 6,8%, respectivamente), metais não ferrosos e outros produtos metalúrgicos (0,7%,
1,6% e 2,7%, respectivamente); papel e celulose, em 1970, participava com 1,5% do consumo
energético do setor industrial, em 1980 aumenta a participação para 2,6% e em 2010 para 4,2%,
sendo o que mais elevou sua participação na matriz de consumo do setor industrial, com exceção
do setor de alimentos e bebidas, que representa a produção de bens de consumo final voltados,
basicamente para o mercado interno.

192
ECONOMIA E SUSTENTABILIDADE

40,0
35,0
30,0
25,0
20,0
15,0
10,0
5,0
0,0
1970 1980 1990 2000 2010

Cimento Ferro-gusa e aço Ferro‑ligas


Mineração e pelotização Não‑ferrosos e outros metais Química
Alimentos e bebidas Têxtil Papel e celulose
Cerâmica Outros Consumo não identificado

Figura 72 – Representação gráfica da participação setorial no consumo de energia

Os subsetores ferro‑ligas, não ferrosos e outros metal, ferro‑gusa e aço e mineração e pelotização são
classificados como indústria extrativa. A indústria extrativa e papel e celulose são empresas produtoras de
commodities voltados à exportação e são grandes consumidoras de energia em seu processo produtivo.
Além de consumir muita energia, sua atividade contribui para o desequilíbrio do planeta. Encontram‑se
dentre as externalidades negativas oriundas dessas atividades a poluição do ar, da água, a degradação
do solo, o desmatamento, a poluição sonora, dentre outros efeitos indesejados.

Quadro 10 – Quadro representativo do uso de substância mineral


e os efeitos sobre o meio ambiente
Substância Mineral Estado Efeitos sobre o meio ambiente
Ferro MG Antigas barragens de contenção, poluição de águas superficiais .
Utilização de mercúrio na concentração do ouro de forma inadequada; aumento da turbidez,
PA principalmente na região de tapajós .
Ouro MG Rejeitos ricos em arsênio; aumento da turbidez.
MT Emissão de mercúrio na queima de amálgama.
Chumbo, zinco e prata SP Rejeitos ricos em arsênio.
Chumbo BA Rejeitos ricos em arsênio.
Zinco RJ Barragem de contenção de rejeito, de antiga metalurgia, em péssimo estado de conservação.
Contaminação das águas superficiais e subterrâneas pela drenagem ácida, proveniente de
Carvão SC antigos depósitos de rejeitos .
Contaminação das águas superficiais e subterrâneas pela drenagem ácida, proveniente de
RJ antigos depósitos de rejeitos .
Agregados para Produção de areia no vale do paraíba, acarretando na destruição da mata ciliar, turbidez,
SP
Construção Civil conflitos com uso e ocupação do solo.
Produção de brita nas regiões metropolitanas do rio de janeiro e são paulo, acarretando:
RJ e SP vibração, ruído, emissão de particulado, transporte, conflitos com uso e ocupação do solo.

193
Unidade II

Calcário MG e SP Mineração em áreas de cavernas com impactos no patrimônio espeleológico.


Gipsita PE Mineração em áreas de cavernas com impactos no patrimônio espeleológico.
RO e
Cassiterita Destruição de florestas e leitos de rios.
AM

Fonte: Dorielo; Bajay; Gorla (2010, p. 47).

8.3 Energia e desenvolvimento econômico no Brasil

O indicador de consumo de energia está relacionado ao crescimento econômico. Esse crescimento


potencializa a demanda por energia e pressiona para o aumento da oferta energética. O contínuo
investimento no setor visou elevar a oferta para atender uma demanda crescente, decorrente da
expansão produtiva do País.

Desde 1980, os maiores consumidores de energia são os setores da indústria, com participação
média acima de 35%, transporte com 27%, e o residencial com 14%.

Naturalmente, isso reflete as escolhas da sociedade sobre o modelo de desenvolvimento que se


estruturou para o País. Assentada basicamente na produção de bens de consumo duráveis, a política
industrializante do Brasil – inicialmente caracterizada pelo modelo de substituição de importação e
posteriormente rematada com a produção de insumos básicos e investimentos em infraestrutura – esteve
voltada, particularmente, para o fortalecimento da indústria como vetor do crescimento econômico.

A indústria de materiais de transporte, alimentos e bebidas, química, siderurgia, metalurgia, dentre


outras, requeriam um suporte energético adequado para a sustentação de seus negócios.

Os investimentos diretos foram supridos pelo Estado com seus projetos de ampliação da malha
rodoviária, da estruturação da cadeia produtiva do petróleo, da expansão dutoviária, além de políticas
monetárias e fiscais como suporte de sustentação do desenvolvimento industrial, já tratado anteriormente.

Nesse intervalo de tempo, a composição populacional também se altera. Além do crescimento


vegetativo, ocorre um intenso deslocamento da população do campo para as cidades. Formam‑se as
grandes concentrações urbanas, notadamente nos municípios, que são capitais das unidades federativas.
Em 2010, a cidade de São Paulo constituía‑se no quinto maior aglomerado urbano do mundo, com
19.649.000 habitantes. No mesmo ano, a cidade do Rio de Janeiro ocupava a 14ª posição dentre as
maiores cidades do mundo, em termos populacionais com 11.867.000 residentes.

Comparado com os resultados de censos anteriores, o censo de 2010 mostrou que a taxa de
crescimento da população brasileira de 1,17% é a menor dentre as observadas anteriormente. No censo
de 2000, a taxa tinha sido de 1,64% e já revelava tendência de redução do crescimento populacional.

Em 2010, de acordo com dados do IBGE, a contagem da população brasileira alcançou a marca
de 190.755.799 pessoas residentes no País, número que representou um crescimento de 20.956.629
pessoas em relação ao apurado no censo de 2000, quando foram contabilizadas 169.799.170 pessoas.

194
ECONOMIA E SUSTENTABILIDADE

Tabela 16 – População e taxa média geométrica


de crescimento anual – Brasil – 1872/2010

Taxa média goemétrica


População
Datas de crescimento anual
residente (%)
01/08/1872 9.930.478
2,01
31/12/1890 14.333.915
1,98
31/12/1900 17.438.434
2,91
01/09/1920 30.635.605
1,49
01/09/1940 41.165.289
2,39
01/07/1950 51.941.767
2,99
01/09/1960 70.070.457
2,89
01/09/1970 93.139.037
2,48
01/09/1980 119.002.706
1,93
01/09/1991 146.825.475
1,64
01/08/2000 169.799.170
1,17
01/08/2010 190.755.799

Segundo dados estimados no Plano Nacional de Energia 2030 (BRASIL, 2007), a população brasileira
deve somar 238,6 milhões, em 2030. Em se confirmando o número, significará que em vinte anos, a
população brasileira aumentará em 47,8 milhões. Segundo a mesma fonte, esse volume de pessoas
é comparável à população da Espanha (40 milhões, em 2003), da França (61 milhões, em 2003) e o
equivalente à população da região Nordeste do Brasil (51 milhões, em 2005) (BRASIL, 2007, p. 45).

Entre 1970 e 2012, há uma significativa transformação na configuração geográfica espacial


da população brasileira. Segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (IBGE,
2010b), em 1970, 56% da população vivia em área urbana e 44,0%, em área rural. Em 2012, essa
proporção se altera: 84,8% da população brasileira passou a viver em áreas urbanas e apenas
15,2% em área rural.

Segundo previsões estabelecidas no Plano Nacional de Energia 2030 (BRASIL, 2007), a renda per
capita deverá crescer entre 1,2% a 4,1%, no período entre 2005 a 2030, dependendo do cenário
195
Unidade II

macroeconômico. Esse aumento, em que pese a persistente concentração de renda no País, deve
impactar no crescimento da demanda por energia.

A conjunção desses movimentos – crescimento demográfico com concentração urbana e crescimento


da renda média per capita – impactará na demanda por energia, elevando o seu consumo.

De acordo com os cenários estabelecidos pelo Plano Nacional de Energia 2030 (BRASIL, 2007), há
crescimento de todos os setores da atividade econômica, como demonstrado no gráfico a seguir. A indústria
tende a crescer menos em relação aos setores agrícola e de serviços (o crescimento do setor serviços em
proporção superior ao da indústria é um fato previsível e já observado em economias mais maduras).

Cenário A Cenário B1 Cenário A Cenário A


Na crista da onda Surfando a marola Pedalinho Náufrago
PIB: 5,1% PIB: 4,1% PIB: 3,2% PIB: 2,2%

6
5,3 5,4
5
5,2 4,2 4,2
5 3,7 3,5
3,0 3,2
3 2,6
2,2 2,2
2

Agricultura Indústria Serviços

Figura 73 – Cenários nacionais do crescimento setorial. Taxa anual média no período (%) – Brasil: 2005‑2030

O setor de serviços que antes integrava a estrutura gerencial industrial, em economias mais
estruturadas, passa a ser prestador de serviços para a indústria. São serviços voltados tanto ao
atendimento da demanda da fábrica quanto ao de outros setores e à população em geral. Apesar de
crescer menos em relação a outros setores a indústria continuará a crescer e a ser o centro dinâmico da
atividade econômica no Brasil e no mundo.

8.4 Impactos sobre o meio ambiente, segundo a fonte energética

8.4.1 Caso do carvão

O carvão é um composto orgânico fossilizado ao longo de milhões de ano. A parcela de consumo


de carvão, dentre as fontes de consumo do mundo, correspondeu a 29% em 2013, segundo dados da
196
ECONOMIA E SUSTENTABILIDADE

BP Statistical Review of World Energy (2013). É a segunda maior fonte, em termos de participação na
matriz energética mundial, em 2013.

Apesar de gerar graves impactos ao meio ambiente, ele é, juntamente com o petróleo e gás, o mais
utilizado. Juntas, essas fontes respondem por 87% do consumo energético mundial.

Segundo a Aneel, três razões explicam a importância do carvão na matriz mundial:

• abundância das reservas;

• distribuição geográfica das reservas;

• baixos custos e estabilidade nos preços, relativamente a outros combustíveis.

2%
6%
4%

32%

29%

26%

Petróleo Gás Carvão Nuclear Hidroelétrica Renovável

Figura 74 – Distribuição do consumo energético no mundo, em 2012

Os impactos ambientais da extração e lavra do carvão decorrem do processo de acesso aos poços
onde se encontram as suas reservas. O uso de máquinas e equipamentos para o trabalho de lavra do
minério provoca a emissão de óxido de enxofre, óxido de nitrogênio, monóxido de carbono e outros
poluentes na atmosfera.

Para a extração do minério é preciso drenar as águas sulforosas existentes em seu interior, que são
lançadas ao ambiente externo. O efeito é a elevação de concentrações de sulfatos e de ferro, reduzindo
o pH do solo onde ocorre o escoamento de água.
197
Unidade II

No processo de beneficiamento, ocorrem rejeitos sólidos que são depositados em barragens de


rejeito ou diretamente em cursos d’água do entorno.

Segundo a Aneel:

[...] grande parte das águas de bacias hidrográficas circunvizinhas é afetada


pelo acúmulo de materiais poluentes (pirita, siltito e folhelhos). As pilhas
de rejeito são percoladas pelas águas pluviais, ocasionando a lixiviação
de substâncias tóxicas, que contaminam os lençóis freáticos. A posterior
separação de carvão coqueificável de outras frações de menor qualidade
forma novos depósitos, que cobrem muitos hectares de solos cultiváveis.

No Brasil, a região Sul é a que apresenta maiores transtornos relacionados ao


impacto da extração de carvão. As cidades de Siderópolis e Criciúma estão
entre as que apresentam graves problemas socioambientais. Em virtude dos
rejeitos das minas de carvão, a cidade de Siderópolis enfrenta a ocupação
desordenada das terras agricultáveis. Os trabalhadores das minas e seus
familiares também são afetados diretamente pelas emanações de poeiras
provenientes desses locais. Doenças respiratórias, como asma, bronquite,
enfisema pulmonar e até mesmo a pneumoconiose, estão presentes no
cotidiano dessa população (ANEEL, [s.d.], p. 126).

Ainda, segundo a Aneel, o consumo final do carvão nas siderurgias e outras empresas metalúrgicas
e pelas termelétricas movidas a carvão é feito por meio da queima do carvão. Nesse processo, é lançado
na atmosfera material particulado e de gases poluentes. Dentre eles o dióxido de enxofre (SO2) e o óxido
de nitrogênio (NOx). São esses gases, os responsáveis pela formação da chuva ácida que provoca a
acidificação do solo e da água, afetando a produtividade agrícola e a corrosão de estruturas metálicas.

8.4.2 O caso da energia elétrica

O sistema elétrico é composto de quatro etapas: geração, transmissão, distribuição e consumo.


Como as usinas de geração de energia elétrica são construídas longe dos centros consumidores, são
necessários quilômetros de extensão de fios e de diversas subestações para que essa energia chegue até
as residências, indústrias, comércio, iluminação pública etc.

A energia resultante de usinas hidroelétricas (ou hidrelétricas) é considerada fonte de energia “limpa”,
pois se utiliza da força das correntes dos rios para movimentar as turbinas, que por sua vez movimentam
os geradores que converterão energia mecânica em energia elétrica. Depois de movimentar as turbinas,
as águas retornam ao leito do rio, por isso é denominada de energia limpa.

Essa energia que sai dos geradores é transportada por cabos aéreos de alta tensão (transmissão)
e em sua passagem por diversas subestações ocorre a diminuição da voltagem ou tensão elétrica
(distribuição), e é essa tensão que, depois de passar por transformadores instalados em postes de rua,
chega ao consumidor final.
198
ECONOMIA E SUSTENTABILIDADE

Segundo dados disponíveis pelo Banco de Informação de Geração (BIG) da Aneel, são 3.111
empreendimentos em operação no Brasil com capacidade de geração de 127.839.005 kW de potência
de energia elétrica, assim distribuídas:

Tabela 17 – Capacidade de geração de energia elétrica por tipo – Brasil, 2014

Potência Potência Participação


Tipo Unidades outorgada fiscalizada da fonte/total
(KW)1 (KW)2 fiscalizada
Central geradora hidrelétrica 446 272.886 274.115 0,20%
Eólica 117 2.439.972 2.441.176 1,81%
Pequena central hidrelétrica 463 4.659.379 4.620.147 3,46%
Central geradora solar fotovoltaica 87 10.209 6.209 0,01%
Usina hidrelétrica 196 86.590.395 81.801.323 64,24%
Usina térmica 1.800 38.821.803 36.706.035 28,80%
Usina termonuclear 2 1.990.000 1.990.000 1,48%
Total 3.111 134.784.644 127.839.005 100,00%

Fonte: Agência Nacional de Energia Elétrica (s.d.).

Observação

Na tabela anterior:

Potência outorgada é igual à considerada no momento da aprovação


da outorga.

Potência fiscalizada é igual à considerada a partir da operação comercial


da primeira unidade geradora.

Entre 2000 e 2010, o consumo de energia elétrica aumentou 40,2%, enquanto a produção se elevou
em 32,5%.

A dinâmica do crescimento econômico brasileiro promoveu um ligeiro deslocamento das curvas de


produção e consumo. Em meados dos anos de 1990, começa a existir um pequeno desequilíbrio entre
oferta e demanda de energia elétrica que se acentua nos anos seguintes, período em que a economia
brasileira cresce em média 3,7% ao ano e a demanda por energia elétrica, em 4,0%.

199
Unidade II

Energia hidrelétrica (103 tep)


50.000
40.000
30.000
20.000
10.000
0
197 1980 1990 2000 2010
Produção 3.422 11.082 17.770 26.168 34.683
Consumo 3.410 10.548 18.711 28.509 39.964
Produção Consumo

Figura 75 – Evolução do consumo total de energia elétrica – Brasil: 1970‑2010

Para suprir a demanda interna de energia elétrica, estão previstos investimentos para elevação da
capacidade de geração no País, proveniente de 209 empreendimentos em construção, além dos 505
projetos outorgados. Com a finalização desses projetos, espera‑se elevar em 36.170.267 kW a oferta de
energia elétrica, nos próximos anos (ANEEL, 2014).

O acesso à energia elétrica, em especial, apresenta‑se como um valor de bem‑estar e de


desenvolvimento. Nos países industrializados com rápido crescimento urbano, a dependência da
energia elétrica eleva‑se na mesma medida em que novas tecnologias são incorporadas à vida cotidiana
das pessoas. O acesso ao conjunto variado de bens duráveis depende da oferta de energia elétrica.
A escassez de energia elétrica conduz a uma diminuição do nível de atividade em todos os setores
econômicos, inclusive no tratamento e atendimento de pessoas na área da saúde, altamente dependente
de tecnologia movida a energia elétrica. O equilíbrio entre oferta e demanda de energia elétrica é
sinônimo de segurança e estabilidade social. Em síntese, a organização social do mundo contemporâneo
depende do suprimento seguro de energia elétrica para a manutenção e funcionamento das estruturas
de comunicação, dos serviços bancários, do comércio, das residências etc.

Se por um lado os benefícios oriundos do acesso à energia elétrica são imensos e não há como pensar
na sociedade futura sem o acesso a esse recurso, por outro há que considerar também os efeitos sobre
o meio ambiente, decorrentes da construção e da geração de energia elétrica – são empreendimentos
que alteram o ambiente natural ao exercer forte pressão sobre a biodiversidade.

O desmatamento para o início das obras de construção de hidrelétricas destrói extensas áreas de
florestas e toda a fauna e flora aí constituída. A formação do lago requerido no processo de geração
de energia elétrica inunda e altera a biodiversidade existente, para a geração de apenas um GW de
potência. A inundação inutiliza para sempre extensas áreas de solo que tem custo equivalente à produção
de alimentos. Toda uma biodiversidade é perdida pela inundação e pelo desmatamento, alterando o
ecossistema da região.

São impactos tanto do ponto de vista econômico quanto do social: o deslocamento de populações
inteiras desagrega todo um patrimônio cultural; a mudança no curso das águas altera a sua temperatura,
200
ECONOMIA E SUSTENTABILIDADE

o que transforma a biodiversidade aquática; as barragens que são construídas podem impedir o
deslocamento de determinadas espécies de peixes no período da piracema. Além desses efeitos, o
represamento do rio juntamente com mudanças climáticas pode levar a inundações e surtos de doenças
(decorrentes dessas inundações) para além do entorno da usina, afetando comunidades inteiras da
região. Há, portanto, substantiva perda de flora, fauna, sítios arqueológicos, reservas minerais, patrimônio
cultural e identidade das populações atingidas pelos deslocamentos.

A energia elétrica provida pelas usinas térmicas necessita da queima de óleo diesel, carvão ou gás para o
seu funcionamento. A queima de combustíveis fósseis promove a emissão de CO2 na natureza, contribuindo
assim para o aumento da camada de ozônio e do aquecimento global. Além disso, os elementos particulados
que são expelidos na atmosfera são responsáveis pela chuva ácida, que prejudica a produtividade agrícola.

A extração do carvão usado para geração de energia elétrica, mas também extensivamente utilizado
pela indústria siderúrgica, por exemplo, causa danos ao solo, à água e ao ecossistema. Sabe‑se que a
poluição gerada num determinado local não se restringe apenas a ele, mas tem impactos que extrapolam
sua localidade de origem.

No caso das usinas nucleares, a energia é gerada pela quebra do núcleo de urânio por nêutrons.
Esse processo gera calor na forma de radiação controlada. As usinas de Angra I e Angra II, instaladas
em Angra dos Reis, no estado do Rio de Janeiro, pertencem ao sistema Eletrobrás/Eletronuclear e geram
energia nuclear. Devido aos acidentes com usinas nucleares, há certo amedrontamento social sobre o
uso desse tipo energia, principalmente no Brasil, que possui uma bacia hidrográfica significativa para a
geração de energia elétrica. Além desse aspecto, outro se coloca e refere‑se ao armazenamento seguro
dos resíduos gerados no processo, cujos efeitos da contaminação já são amplamente conhecidos.

O acesso ao bem‑estar promovido pelo consumo de energia elétrica tem um custo que atinge três
dimensões: econômica, social e ambiental.

As alternativas de produção e consumo estão nas energias renováveis, cuja representação na matriz
energética brasileira ainda é relativamente baixa.

8.4.3 Energia renovável

Energia solar

A energia solar, de menor impacto ambiental, revela‑se como uma alternativa para a expansão
da oferta de energia elétrica. A radiação solar pode ser utilizada como fonte de energia térmica, para
aquecimento de água, ambientes domésticos, de negócios e para a geração de energia elétrica. Os
efeitos da radiação sobre determinados materiais (termoelétrico e o fotovoltaico) geram energia elétrica
ou térmica. Segundo o Ministério do Meio Ambiente (s.d.), apoiado em dados do Instituto Vitae Civilis,
o Brasil, devido à sua extensão e localização territorial, recebe energia solar da ordem de 1.013 MWh
(megawatt‑hora) anuais, o que corresponde a cerca de 50 mil vezes o consumo anual de energia elétrica
do País. O Nordeste brasileiro é a região de maior radiação solar, mas a energia solar térmica pode ser
instalada em qualquer região do Brasil com alto aproveitamento energético, segundo o MMA.
201
Unidade II

Segundo dados da Aneel (2015), existem 317 empreendimentos em operação, com geração de
energia elétrica por meio de células fotovoltaicas e representam 0,01% do total de energia elétrica
produzida no Brasil.

De acordo com as necessidades, é preciso grandes espaços para a instalação de células fotovoltaicas,
mas não se comparam à extensão de terras inundadas para a construção de hidroelétricas. Além da questão
do espaço, o uso em larga escala dos dispositivos fotovoltaicos esbarra nos elevados custos de produção
decorrentes da baixa disponibilidade de materiais semicondutores, segundo a ONG Bio‑Brás (2011).

Porém, uma das vantagens do uso da energia solar concentra‑se no fato de ser uma forma de produzir
energia elétrica com baixo impacto no meio ambiente e pela maior aproximação entre produção e consumo.

Energia eólica

Energia eólica é a energia gerada pelo vento. O vento movimenta as hélices dos equipamentos e, com o
emprego de turbinas que funcionam como aerogeradores, converte‑se a energia cinética em energia elétrica.

Trata‑se de um princípio semelhante aos moinhos de vento ou cata‑ventos utilizados em tempos


passados. Apesar de amplamente utilizados na Europa e nos Estados Unidos, os moinhos de vento
entraram em desuso com a expansão, no século XIX, do uso da máquina a vapor como geradora de
força mecânica. Ainda no século XIX, surgem as primeiras tentativas do uso da energia dos ventos para
produzir eletricidade.

Nas décadas de 1930, 1940 e 1950, usou‑se a força eólica para gerar eletricidade nos Estados Unidos e na
Dinamarca de forma suplementar ao sistema elétrico. Com a expansão do uso da energia elétrica derivada da
força das águas e do carvão, essa tecnologia entra em desuso e só volta a constar na agenda de interesse de
investimento dos governos como alternativa ao aumento dos preços do petróleo em 1973 e 1979.

Figura 76 – Imagem de um moinho de vento que


entram em desuso com o uso da máquina a vapor

202
ECONOMIA E SUSTENTABILIDADE

A partir da crise do petróleo, começa a existir interesse em viabilizar investimentos para o


desenvolvimento e aplicação de equipamentos em escala comercial. A primeira turbina eólica comercial
ligada à rede elétrica pública foi utilizada na Dinamarca em 1976. O modelo de equipamento utilizado
atualmente surge na Alemanha, com as pás fabricadas em materiais compostos e torre tubular delgada
(AMARANTE, 2001).

O custo que outrora se apresentava como restrição ao uso comercial tem diminuído, em decorrência
dos aperfeiçoamentos tecnológicos do sistema, incluindo o de transmissão.

Na década de 1980, o estado da Califórnia estabelece estímulos ao mercado para a expansão do uso
da energia eólica como fonte produtora de energia elétrica. Na década de 1990, Dinamarca e Alemanha
já faziam uso em alta escala do aproveitamento eólico para a geração de energia elétrica, e as empresas
nascentes eram remuneradas pela energia elétrica produzida, como forma de incentivo governamental
ao desenvolvimento tecnológico.

Figura 77 – Representação da tecnologia utilizada para a


produção de energia elétrica pela força dos ventos

Recentemente, com o desenvolvimento de novas tecnologias, ocorre um aperfeiçoamento do sistema


de captação de energia dos ventos. Com as inovações, têm‑se melhor controle e operação das turbinas e
uma melhor aerodinâmica dos equipamentos, tornando‑os mais eficientes e confiáveis. A aerodinâmica
das pás praticamente eliminou os problemas ambientais decorrentes do impacto dos pássaros.

Uma das vantagens dessa tecnologia é a preservação de um recurso que é fundamental para a
vida humana: a água. Segundo dados da European Wind Energy Association (s.d.), do total de água
consumida pelos países da comunidade europeia, 44% é utilizado pelas usinas nucleares, de carvão e
gás para gerar energia elétrica.

A produção em escala das turbinas promoveu a diminuição dos custos por quilowatt gerados e os
preços se tornaram mais competitivos. Nos países europeus, o custo da geração da energia elétrica de
fonte eólica é de US$ 0,04 por kWh. No Brasil, a tarifa equivalia a R$ 0,21 kWh. O potencial eólico no
Brasil, segundo o Amarante (2001), é de 143 GW. Em 2012, a produção de energia elétrica de fonte
eólica alcançou 5.050 GW e em 2011, 2.705 GW.

203
Unidade II

Biomassa

Energia elétrica e biocombustíveis podem ser produzidos a partir da biomassa. Biodiesel e etanol são
combustíveis produzidos pela transformação de matéria orgânica.

A queima da biomassa como forma de obtenção de energia é um processo antigo e muito utilizado,
ainda nos tempos atuais, pelas comunidades rurais, principalmente em países em desenvolvimento.
Estima‑se que mais de 90% das unidades domésticas localizadas em áreas rurais, em países em
desenvolvimento, utilizam energia proveniente da incineração da biomassa, como madeira, carvão de
lenha, esterco de animais e resíduos agrícolas.

Toda matéria orgânica que possa ser transformada em energia mecânica, térmica ou elétrica é
classificada como biomassa. As fontes de biomassa utilizadas para gerar energia são de origem florestal,
agrícola (soja, arroz, milho, cana‑de‑açúcar etc.) e rejeitos urbanos sólidos ou líquidos, de origem
doméstica ou industrial (lixo).

A conjunção de tecnologias eficientes e uma agroindústria forte tem permitido ao Brasil elevar a
participação da biomassa na geração de energia elétrica e de biocombustíveis, como o etanol. O modelo
agrícola do País, com predomínio de extensas áreas plantadas de soja, milho, arroz e cana‑de‑açúcar,
apresenta perfil adequado para a produção em escala desses energéticos. Do milho, aproveita‑se o
sabugo, o colmo, a folha e a palha. Da soja e do arroz, a palha que permanece no campo após a colheita,
e da cana‑de‑açúcar, o bagaço – após a moagem para a extração do caldo da cana –, a palha e ainda o
vinhoto (AGÊNCIA NACIONAL DE ENERGIA ELÉTRICA, 2008).

Outra forma de geração de energia são os processos de cogeração industrial, em processos de


extração da celulose, em que também é possível extrair a lixívia negra, também chamada de licor negro,
utilizado como combustível pela própria indústria de celulose, que mantém suas próprias usinas de
cogeração (AGÊNCIA NACIONAL DE ENERGIA ELÉTRICA, 2008).

Segundo dados da União da Indústria de Cana‑de‑Açúcar – Única – ( apud AGÊNCIA


NACIONAL DE ENERGIA ELÉTRICA, 2008), são várias as vantagens da produção de energia a partir
da biomassa da cana‑de‑açúcar. Entre essas vantagens, está o uso de tecnologia totalmente
brasileira, o que fortalece a indústria de máquinas e equipamentos e gera emprego no setor.
Os projetos são de menor porte, e, no caso da energia elétrica, a biomassa da cana‑de‑açúcar
torna‑se uma fonte complementar à geração hidroelétrica, que concentra sua maior produção
nos períodos de chuva (janeiro a março). Assim, cana atenderia o período de seca, de abril a
novembro. Além disso, os projetos para obtenção desse tipo de energia concentram‑se mais
próximos dos centros consumidores, o que evita custos e os riscos inerentes da transmissão a
longa distância.

Outro produto resultante da cana‑de‑açúcar é o etanol. Na forma de álcool hidratado, é usado


como combustível puro em motores de combustão interna, e o álcool anidro é misturado à gasolina na
proporção de 20% a 22%.

204
ECONOMIA E SUSTENTABILIDADE

O vinhoto, derivado do processo de transformação da cana‑de‑açúcar, pode ser utilizado como


fertilizante ou para produção de gás (biogás). Os subprodutos da cana‑de‑açúcar (bagaço, vinhoto e
palha) tornam‑se promissores no uso de geração de energia.

Os aspectos negativos que envolvem a produção de energia da biomassa são derivados do uso
da madeira, que acarreta a queima de extensas áreas de florestas; da expansão de áreas voltadas
à produção de energia e prática da monocultura, em substituição à agricultura de alimentos; e
das queimadas, utilizadas como método facilitador da colheita da cana(GOVERNO DO ESTADO
DE SÃO PAULO, 2002)4.

Os efeitos positivos referem‑se ao fato de a cana revelar‑se como uma esponja natural, pois absorve
grandes volumes de CO2 (7.650 kg, a fermentação e a queima do bagaço emitem 3.604 kg de Co2 e a
queima do etanol pelos automóveis 1.520 kg de CO2, o que praticamente zera as emissões de gases
poluentes. O ciclo completo, segundo a Única (apud AGÊNCIA NACIONAL DE ENERGIA ELÉTRICA, 2008),
resulta em emissão 85% menor que a gasolina.

Biogás

O gás gerado pela digestão anaeróbica de bactérias em ausência de ar produz o chamado biogás,
em particular o metano (CH4) e o dióxido de carbono (CO2). A matéria‑prima utilizada para a produção
do biogás são os resíduos orgânicos, como o esterco de origem humana ou animal, resíduos de
plantas e o lixo orgânico doméstico e das empresas. Esses resíduos são tratados em equipamentos
hermeticamente fechados denominados de biodigestores. O biogás, como fonte energética, tem
diversos usos, como em fogões, motores e na geração de energia elétrica e é considerado como
combustível renovável.

Por apresentar concentração de gás metano em torno de 50% e de 30% de dióxido de carbono, o
biogás contribui para o aumento da camada de ozônio, que provoca o efeito estufa, que, por sua vez,
contribui para a elevação da temperatura no globo terrestre.

Por outro lado, o uso dos biodigestores permite reduzir em até 70% a matéria orgânica no meio
ambiente, e o biossólido resultante do processo de fermentação serve para a fertilização de plantas.
Além disso, o líquido gerado no efluente serve para fertirrigação e cultivo em geral.

Outra forma de obtenção de biogás é por meio de aterros sanitários, técnica utilizada para a solução
da contínua elevação na quantidade de resíduos sólidos gerados em áreas urbanas. Segundo a Cetesb
(s.d.), o objetivo principal do aterro sanitário é o de melhorar as condições sanitárias relacionadas aos
descartes sólidos urbanos, evitando os danos da sua degradação descontrolada, porém é uma técnica
sobre a qual não existe consenso sobre a sua aplicação.

4
No caso do estado de São Paulo, a legislação (Lei Estadual nº 11.241 de 19/09/2002), prevê prazos diferenciados
para a eliminação total das queimadas, tendo como referência se a área é mecanizável (eliminação total em 2021) ou não
mecanizável (eliminação total em 2031).
205
Unidade II

Observação

O termo “resíduos sólidos” passou a ser utilizado em substituição a “lixo”.


Enquanto o lixo era visto como um subproduto descartado na natureza, o
termo “resíduo” representa um insumo econômico para a produção de novos
produtos ou fonte de energia, ou seja, pode ser reciclado e/ou reutilizado
no processo produtivo (FUNDAÇÃO DE APOIO AO DESENVOLVIMENTO DA
UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO, 2010).

Com o aumento da população vivendo nas cidades (estima‑se que em 2030, no Brasil, mais de 85%
da população estará vivendo em áreas urbanas), os resíduos gerados por essa concentração humana
necessitam de um melhor gerenciamento em todas as suas fases: receptação, transporte e tratamento.

Um dos problemas dos governos municipais é: o que fazer com o lixo urbano? A destinação mais
utilizada é o descarte diretamente sobre o solo, formando‑se montanhas de lixo que se acumulam sem
nenhum tratamento (lixões), ou o aterro sanitário, local onde se despeja o lixo para em seguida ser aterrado.
Em nenhum dos casos existe controle sobre o material depositado, e nesses locais podem ser encontrados
resíduos de diversos níveis de periculosidade e tempos de decomposição, como é o caso das embalagens
plásticas. Além desses fatos, os de ordem social (catadores), de saúde (bactérias, vírus, animais domésticos
etc.) e relativos ao meio ambiente (contaminação do solo e do ar) requerem o mesmo nível de atenção.

Saiba mais

Vale a pena assistir ao documentário: “Lixo Extraordinário” (2010), filmado


no bairro do Jardim Gramacho, onde se localizava um dos maiores aterros
sanitários do mundo, no município de Duque de Caxias, no estado do Rio de
Janeiro. O documentário retrata a vida de sete catadores que, sob orientação
do artista Vik Muniz, transformam resíduos retirados do próprio lixo do aterro
em artes plásticas e essa interação transformará a vida dessas pessoas.

LIXO extraordinário. Dir. Lucy Walker. Brasil; Reino Unido: O2 Filmes,


2009. 99 minutos.

Outras obras também bastante interessantes são Estamira (2004), do


diretor Marcos Prado, e Ilha das Flores (1989), do diretor Jorge Furtado.

ESTAMIRA. Dir. Marcos Prado. Brasil, 2005. 121 minutos.

ILHA das flores. Dir. Jorge Furtado. Brasil: Casa de Cinema de Porto
Alegre, 1989. 13 minutos.

206
ECONOMIA E SUSTENTABILIDADE

A técnica empregada em aterro sanitário é antiga. Modernamente, trata‑se de uma obra de


engenharia que compacta os resíduos em camadas sobrepostas entremeadas, principalmente por terra.
Segundo a Cetesb (s.d.), ainda que o método seja simples, ele necessita de determinados cuidados e
técnicas específicas que vão desde a seleção, o preparo e a operação até o monitoramento da área.

A inadequação no preparo do resíduo, relativa ao seu acondicionamento e coleta, resulta em diversos


tipos de detritos e uma parte desse material poderia ser reciclada, principalmente os plásticos e vidros
que, em sua maioria, dependem de um longo tempo para sua decomposição.

O quadro elaborado pela Eco‑Unifesp, a partir da seleção de alguns tipos de resíduos, estabelece o
tempo necessário para a sua decomposição. Observe que a garrafa plástica do tipo PET leva até 400 anos
para se decompor, e o vidro mais de 4.000 anos, enquanto um material orgânico precisa de apenas 2 a
12 meses para se decompor. Essa comparação nos dá a real dimensão dos efeitos desses materiais sobre
a natureza, seja em lixões a céu aberto, seja em aterros sanitários.

Quadro 11 –Tempo de decomposição de produtos selecionados

Tipo de produto Tempo de decomposição


Orgânico De 2 a 12 meses
Papel De 3 a 6 meses
Garrafa plástica (PET) Aproximadamente 400 anos
Borracha de uso escolar Indeterminado
Vidro Mais de 400 anos
Alumínio De 200 a 500 anos
Filtro de cigarro 5 anos
Chiclete 5 anos
Copo de plástico 50 anos

Adaptado de: Eco‑Unifesp (s.d.).

Observação

Descobertas arqueológicas de utensílios de vidro do ano de 2.000 a.C


evidenciam que esse material sobrevive por longo tempo na natureza
e, devido à sua composição (areia, sódio, cal e vários aditivos), os
micro‑organismos não conseguem decompô‑lo.

Aterros sanitários, apesar das melhorias observadas nas condições sanitárias que envolvem
os descartes, não estão isentos dos efeitos adversos sobre o meio ambiente. Um desses efeitos é
inerente ao próprio método e outro decorre da ineficiência de gestão no tratamento e descarte
dos resíduos. Quanto aos efeitos que decorrem do próprio método, podem‑se citar os subprodutos
gerados pela decomposição dos materiais orgânicos, que são os gases de efeito estufa, como

207
Unidade II

o metano e o dióxido de carbono, dentre outros (amônia, hidrogênio, sulfúrico, nitrogênio e


oxigênio); a contaminação do solo, que o torna inadequado para usos futuros; e o chorume,
que escorre da decomposição dos materiais orgânicos e que compõe o conjunto de fatores que
degradam o meio ambiente.

Quanto aos problemas de gestão, pode‑se citar: a baixa eficiência no tratamento do resíduo decorrente
da baixa efetividade de separação e acondicionamento dos materiais conforme a sua especificidade, de
modo a se evitar a mistura desses materiais que são enviados aos aterros sanitários e que apresentam
tempos diferentes de decomposição; a baixa eficácia de políticas públicas, como a falta de incentivo aos
consumidores para realizar o descarte adequado dos resíduos, além da quase inexistência de postos de
receptação do material.

Dados da Abrelpe – Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais –


(apud FUNDAÇÃO DE APOIO AO DESENVOLVIMENTO DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO
– FADE, 2010) revelam que 42,4% dos resíduos sólidos urbanos produzidos no Brasil, em 2010, tinham
destino inadequado, sendo encaminhados para lixões ou aterrados sanitários e dos 5.565 municípios,
61% encaminhavam para lixões ou aterros controlados, segundo a FADE (2010). Outro fator desfavorável
aos aterros é a escassez de áreas destinadas a esse fim, que limita a sua reprodução em longo prazo.
Com a expansão urbana, as áreas disponíveis ficam cada vez mais raras e distantes do centro produtor
de resíduos encarecendo o método.

Observação

A Lei nº 12.305, de 2 de agosto de 2010 instituiu a Política Nacional


de Resíduos Sólidos, que reúne um conjunto de princípios, objetivos,
instrumentos, diretrizes, metas e ações adotadas pelo governo federal,
isoladamente ou em regime de cooperação com estados, Distrito
Federal, municípios ou particulares, com vistas à gestão integrada e ao
gerenciamento ambientalmente adequado dos resíduos sólidos. Além do
estabelecido nessa lei, incluem‑se as normas do Sistema Nacional de Meio
Ambiente (Sisnama), do sistema Nacional de Vigilância Sanitária (SNVS),
do Sistema Unificado de Atenção à Sanidade Agropecuária (Suasa) e do
Sistema Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial
(Sinmetro). Os rejeitos radioativos não são tratados por essa lei, uma vez
que existe regulamentação específica.

Técnicas modernas permitem transformar o gás metano em energia útil, como eletricidade, vapor,
combustível para caldeiras ou fogões, combustível veicular ou para abastecer gasodutos com gás de
qualidade. Para esse efeito, é preciso instalar um sistema padrão de coleta, tratamento e queima do
biogás. No município de São Paulo, os aterros Bandeirantes e São João já se utilizam do biogás para
gerar eletricidade ambientalmente sustentável e ainda produzir 8 milhões de créditos de carbono para
serem comercializados, sendo que desse total 4 milhões pertencem à prefeitura de São Paulo (Biogás
Energia Ambiental S/A).
208
ECONOMIA E SUSTENTABILIDADE

O aproveitamento energético do biogás tem duração de até 30 anos após o encerramento do aterro.
Considerando que, no limite, 19% das emissões totais de metano no mundo são originárias de aterros
sanitários (MMA, 2012)5, o seu aproveitamento em energia útil, além de agregar valor econômico no
uso alternativo do gás metano, contribui para a mitigação dos efeitos climáticos e ainda gera créditos
de carbono, que são comprados pelos países desenvolvidos que não fazem parte do protocolo de Kyoto,
no âmbito do Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL).

Resumo

Nesta unidade pudemos compreender que, para pensar um novo


modelo, precisamos entender do que estamos falando. O conhecimento e
a conservação da biodiversidade é uma das estratégias que um país deve
adotar, de modo a realizar plenamente seu potencial de desenvolvimento.

No Brasil, o conhecimento da diversidade genética é incipiente e a


pesquisa em exemplares da biodiversidade encontra‑se em seu início. A
maioria das espécies nativas é desconhecida, menos ainda se conhece
acerca sobre seus genomas.

À medida que espécies se extinguem ou que diferentes alelos deixam


de existir, a perda torna‑se irremediável, pois nelas podem estar as chaves
para as curas de doenças, aumento da produção de alimentos e a resolução
de muitos outros problemas que a humanidade enfrenta ou já enfrentou.

A percepção da degradação dos serviços ambientais é diferenciada


nos diversos níveis socioeconômicos e entre países. Alguns danos são
irreversíveis (água, pesca, regulação climática, enchentes, epidemias,
desastres naturais), que resultam nos refugiados ambientais. O avanço
tecnológico tem superado alguns problemas de escassez, principalmente
no setor agrícola, mas é desconhecido o seu efeito em longo prazo.

Independentemente, constrói‑se uma nova indústria, a bioindústria, que vem


ocupando maiores espaços no desenvolvimento e produção de bens e serviços.

O mundo moderno se defronta com o desafio de manter o ritmo de


crescimento econômico e ao mesmo tempo preservar a biodiversidade e
seus serviços para as gerações futuras. O desenvolvimento da tecnologia tem
contribuído para o aumento da produtividade na agricultura e diminuído
o uso de agrotóxicos, mas tanto o conhecimento sobre a biodiversidade
quanto sobre o impacto dessas tecnologias ainda estão em debate.

5
Com base nos dados do IPCC (1995), entre 20 a 70 Tg/ano são as emissões de metano de aterros sanitários de um
total de 360 Tg/ano, no mundo.
209
O envolvimento da sociedade nessa questão torna‑se importante, não
apenas para a sensibilização sobre a preservação do meio ambiente, mas,
sobretudo, para a conscientização sobre a cultura do consumo.

Exercícios

Questão 1. Sobre a importância da preservação da biodiversidade, podemos afirmar que:

A) A biotecnologia e a engenharia genética, ao impedir a evolução natural das espécies, são


responsáveis pela extinção delas.

B) Existe uma pressão humana sobre os recursos biológicos, ameaçando várias espécies de extinção
e o desenvolvimento sustentável.

C) O aumento no consumo de carne bovina tem expandindo o uso da terra para a sua produção,
destruindo floresta e espécies nativas.

D) O crescimento das cidades e o lixo produzido e despejado nos rios têm efeito sobre a preservação
da biodiversidade.

E) A falta de investimentos em formação de taxonomista resulta na extinção de espécies endêmicas.

Resposta correta: alternativa B.

Análise das alternativas

A) Alternativa incorreta.

Justificativa: esses fatos contribuem pontualmente, mas não se pode dizer que serão somente essas
ações as responsáveis pela extinção das espécies.

B) Alternativa correta.

Justificativa: é o homem no conjunto de suas ações que ameaça a extinção das espécies, daí a
importância da preservação.

C) Alternativa incorreta.

Justificativa: o consumo de carne e a expansão de sua produção também pressionam o meio


ambiente, mas não são os únicos elementos a fazê‑lo.

210
D) Alternativa incorreta.

Justificativa: o lixo produzido nas cidades de fato contamina o meio ambiente, mas aqui cabe a
mesma observação: não é um fato isolado que contamina, e sim um conjunto de fatores.

E) Alternativa incorreta.

Justificativa: a falta de taxonomista (especialista para a classificação de espécies) é um atraso na


catalogação e conhecimento, mas não é isso que irá destruir a biodiversidade.

Questão 2. Comparando a distribuição de consumo energético, segundo a fonte, entre Brasil e o


resto do mundo, podemos afirmar que:

A) O resto do mundo depende mais do petróleo e o Brasil de fonte hidroelétrica.

B) O resto do mundo depende muito mais do carvão e o Brasil do gás.

C) O resto do mundo depende muito mais da energia nuclear e o Brasil da biomassa.

D) O resto do mundo depende muito mais de fonte renovável e o Brasil da hidroelétrica.

E) O resto do mundo depende muito mais do petróleo e o Brasil também depende do petróleo.

Resolução desta questão na plataforma.

211
FIGURAS E ILUSTRAÇÕES

Figura 3

FIG26.JPG. Disponível em: <http://www.objetivo.br/conteudoonline/imagens/conteudo_285/fig26.


jpg>. Acesso em: 21 jan. 2015.

Figura 4

IMAGEBASE6_03.JPG?M=1402928711. Disponível em: <http://imagebase.net/var/thumbs/City‑8891


1873/imagebase6_03.jpg?m=1402928711>. Acesso em: 21 jan. 2015.

Figura 5

001.JPG. Disponível em: <http://www.objetivo.br/conteudoonline/imagens/conteudo_9840/Troca%20


de%20Imagens/001.jpg>. Acesso em: 21 jan. 2015.

Figura 11

BRASIL. Bolsa Família completa nove anos e beneficia 13,7 milhões de famílias. Portal
Brasil, out. 2012a. Disponível em: <http://www.brasil.gov.br/cidadania‑e‑justica/2012/10/
bolsa‑familia‑completa‑nove‑anos‑e‑beneficia‑13‑7‑milhoes‑de‑familias>. Acesso em: 28 jan. 2015.

Figura 20

KPMG. Pesquisa de fusões e aquisições 2013 – 3º trimestre. Rios de Janeiro: KPMG, 2013. p. 20.
Disponível em: <http://www.kpmg.com/BR/PT/Estudos_Analises/artigosepublicacoes/Documents/
Fusoes%20e%20Aquisicoes/2013/FA‑3‑trimestre‑2013.pdf>. Acesso em: 29 jan. 2015. Adaptado.

Figura 21

OPENPHOTONET_URBAN%20SUN.JPG. Disponível em: <http://openphoto.net/thumbs/volumes/


miro/20060513/openphotonet_urban%20sun.JPG>. Acesso em: 29 jan. 2015.

Figura 24

CORTIZO, S. Mudanças climáticas e energia. Mitigação no 4º relatório. [s.d.]. Disponível em:


<http://www.sergio.cortizo.nom.br/mitigacao.html>. Acesso em: 30 jan. 2015; GOLDEMBERG, J.
Aquecimento global: a Terra corre perigo? Palestra proferida na Fundação Memorial. Disponível
em <http://www.memorial.sp.gov.br/memorial/AgendaDetalhe.do?agendaId=793>. Acesso em:
30 jan. 2015. Adaptado.

212
Figura 25

A50_1.GIF. Disponível em: <http://www.objetivo.br/conteudoonline/imagens/conteudo_4521/A50_1.


gif>. Acesso em: 2 fev. 2015.

Figura 27

MACHADO, A. B. M.; DRUMMOND, G. M.; PAGLIA, A. P. (Ed.). Livro vermelho da fauna brasileira
ameaçada de extinção. Brasília: MMA; Belo Horizonte: Fundação Biodiversitas, 2008. v. 2.
(Biodiversidade; 19). Disponível em: <http://www.icmbio.gov.br/portal/images/stories/biodiversidade/
fauna‑brasileira/livro‑vermelho/volumeII/vol_II_parte1.pdf>. Acesso em: 10 fev. 2015. Frontispício.

Figura 28

FILE0001574678805.JPG. Disponível em: <http://cdn.morguefile.com/imageData/public/files/s/shaka/


preview/fldr_2005_07_19/file0001574678805.jpg>. Acesso em: 18 fev. 2015.

Figura 29

IMAGENS4_179.JPG. Disponível em: <http://www.mma.gov.br/estruturas/179/_imagens/imagens4


_179.jpg>. Acesso em: 18 fev. 2015.

Figura 30

IMAGENS2_179.JPG. Disponível em: <http://www.mma.gov.br/estruturas/179/_imagens/imagens2


_179.jpg>. Acesso em: 18 fev. 2015.

Figura 31

A) REAL020R.JPG. Disponível em: <http://www.bcb.gov.br/htms/mecir/cedulas/real020r.jpg>. Acesso


em: 19 fev. 2015.

B) REAL050R.JPG. Disponível em: <http://www.bcb.gov.br/htms/mecir/cedulas/real050r.jpg>. Acesso


em: 19 fev. 2015.

Figura 32

FIG21.JPG. Disponível em: <http://www.objetivo.br/conteudoonline/imagens/conteudo_275/fig21.jpg>.


Acesso em: 13 fev. 2015.

Figura 33

BIOMAS.JPG. Disponível em: <http://siscom.ibama.gov.br/monitorabiomas/arquivos/biomas.jpg>.


Acesso em: 19 fev. 2015.
213
Figura 34

BIOMA_CERRADO.JPG. Disponível em: <http://siscom.ibama.gov.br/monitorabiomas/amazonia/bioma_


cerrado.jpg>. Acesso em: 19 fev. 2015.

Figura 35

FILE4791347701996.JPG. Disponível em: <http://cdn.morguefile.com/imageData/public/files/h/


hotblack/preview/fldr_2012_09_15/file4791347701996.jpg>. Acesso em: 19 fev. 2015.

Figura 36

16.JPG. Disponível em: <http://www.objetivo.br/conteudoonline/imagens/conteudo_3662/16.jpg>.


Acesso em: 13 mar. 2015.

Figura 37

ABR111213VAC_5584.JPG. Disponível em: <http://memoria.ebc.com.br/agenciabrasil/sites/_agencia


brasil/files/gallery_assist/24/gallery_assist737035/prev/ABr111213VAC_5584.jpg>. Acesso em: 13 mar.
2015.

Figura 38

IMAGEM_OURO.JPG. Disponível em: <http://www.objetivo.br/conteudoonline/imagens/conteudo


_1211/imagem_ouro.jpg>. Acesso em: 19 fev. 2015.

Figura 40

19.JPG. Disponível em: <http://www.objetivo.br/conteudoonline/imagens/conteudo_3662/19.jpg>.


Acesso em: 19 fev. 2015.

Figura 41

00_64.JPG. Disponível em: <http://www.objetivo.br/conteudoonline/imagens/conteudo_3662/00_64.


jpg>. Acesso em: 13 mar. 2015.

Figura 42

BIOMA_CERRADO.JPG. Disponível em: <http://siscom.ibama.gov.br/monitorabiomas/cerrado/index_


arquivos/bioma_cerrado.jpg>. Acesso em: 19 fev. 2015.

214
Figura 43

178AD8199DFA97275F6AEA08E0786BB6_S.JPG. Disponível em: <http://www.mma.gov.br/media/k2/


items/cache/178ad8199dfa97275f6aea08e0786bb6_S.jpg>. Acesso em: 19 fev. 2015.

Figura 44

PAISAGEM_CAATINGA_PQ_203.JPG. Disponível em: <http://www.mma.gov.br/estruturas/203/_


imagens/paisagem_caatinga_pq_203.jpg>. Acesso em: 19 fev. 2015.

Figura 45

ARARA_AZUL_DE_LEAR2_PQ_203.JPG. Disponível em: <http://www.mma.gov.br/estruturas/203/_


imagens/arara_azul_de_lear2_pq_203.jpg>. Acesso em: 19 fev. 2015.

Figura 46

EST_ECO_FED_RASO_DA_CATARINA2_PQ_203.JPG. Disponível em: <http://www.mma.gov.br/


estruturas/203/_imagens/est_eco_fed_raso_da_catarina2_pq_203.jpg>. Acesso em: 19 fev. 2015.

Figura 47

GRUPO_DE_URUBUS_REI_PQ_203.JPG. Disponível em: <http://www.mma.gov.br/estruturas/203/_


imagens/grupo_de_urubus_rei_pq_203.jpg>. Acesso em: 19 fev. 2015.

Figura 48

BIOMA_CAATINGA.JPG. Disponível em: <http://siscom.ibama.gov.br/monitorabiomas/caatinga/index_


arquivos/bioma_caatinga.jpg>. Acesso em: 19 fev. 2015.

Figura 49

706A8E275C717B6506D3441B5E7FB39F_S.JPG. Disponível em: <http://www.mma.gov.br/media/k2/


items/cache/706a8e275c717b6506d3441b5e7fb39f_S.jpg>. Acesso em: 19 fev. 2015.

Figura 50

BIOMA_PANTANAL.JPG. Disponível em: <http://siscom.ibama.gov.br/monitorabiomas/pantanal/


pantanal_arquivos/bioma_pantanal.jpg>. Acesso em: 19 fev. 2015.

Figura 51

FOTO_PANTANAL.JPG. Disponível em: <http://siscom.ibama.gov.br/monitorabiomas/pantanal/


pantanal_arquivos/foto_pantanal.jpg>. Acesso em: 13 mar. 2015.
215
Figura 52

PANTANAL.JPG. Disponível em: <http://www.projetobiomas.com.br/sites/all/themes/biomas/media/


images/bnr/pantanal.jpg>. Acesso em: 19 fev. 2015.

Figura 53

BIOMA_MATLANTICA.JPG. Disponível em: <http://siscom.ibama.gov.br/monitorabiomas/mataatlantica/


index_arquivos/bioma_matlantica.jpg>. Acesso em: 19 fev. 2015.

Figura 54

CARTAZ_202.JPG. Disponível em: <http://www.mma.gov.br/estruturas/202/_imagens/cartaz_202.jpg>.


Acesso em: 19 fev. 2015.

Figura 55

BIOMA_PAMPA.JPG. Disponível em: <http://siscom.ibama.gov.br/monitorabiomas/pampa/bioma_


pampa.jpg>. Acesso em: 19 fev. 2015.

Figura 56

FOTO_PAMPA.JPG. Disponível em: <http://siscom.ibama.gov.br/monitorabiomas/pampa/pampa_


arquivos/foto_pampa.jpg>. Acesso em: 19 fev. 2015.

Figura 57

NO_BACIA1.JPG. Disponível em: <http://www.sema.rs.gov.br/upload/NO_bacia1.jpg>. Acesso em: 19


fev. 2015.

Figura 58

281.GIF. Disponível em: <http://www.objetivo.br/conteudoonline/imagens/conteudo_9700/281.gif>.


Acesso em: 19 fev. 2015.

Figura 60

89.JPG. Disponível em: <http://www.objetivo.br/conteudoonline/imagens/conteudo_6005/89.jpg>.


Acesso em: 19 fev. 2015.

216
Figura 61

BP STATISTICAL REVIEW OF WORLD ENERGY. Jun. 2013. Disponível em: <http://www.bp.com/content/


dam/bp/pdf/statistical‑review/statistical_review_of_world_energy_2013.pdf>. Acesso em: 23 fev.
2015. Adaptada.

Figura 62

BP STATISTICAL REVIEW OF WORLD ENERGY. Jun. 2013. Disponível em: <http://www.bp.com/content/


dam/bp/pdf/statistical‑review/statistical_review_of_world_energy_2013.pdf>. Acesso em: 23 fev.
2015. Adaptada.

Figura 63

BP STATISTICAL REVIEW OF WORLD ENERGY. Jun. 2013. Disponível em: <http://www.bp.com/content/


dam/bp/pdf/statistical‑review/statistical_review_of_world_energy_2013.pdf>. Acesso em: 23 fev.
2015. Adaptada.

Figura 64

BP STATISTICAL REVIEW OF WORLD ENERGY. Jun. 2013. Disponível em: <http://www.bp.com/content/


dam/bp/pdf/statistical‑review/statistical_review_of_world_energy_2013.pdf>. Acesso em: 23 fev.
2015. Adaptada.

Figura 65

BP STATISTICAL REVIEW OF WORLD ENERGY. Jun. 2013. Disponível em: <http://www.bp.com/content/


dam/bp/pdf/statistical‑review/statistical_review_of_world_energy_2013.pdf>. Acesso em: 23 fev.
2015. Adaptada.

Figura 66

BP STATISTICAL REVIEW OF WORLD ENERGY. Jun. 2013. Disponível em: <http://www.bp.com/content/


dam/bp/pdf/statistical‑review/statistical_review_of_world_energy_2013.pdf>. Acesso em: 23 fev.
2015. Adaptada.

Figura 67

BP STATISTICAL REVIEW OF WORLD ENERGY. Jun. 2013. Disponível em: <http://www.bp.com/content/


dam/bp/pdf/statistical‑review/statistical_review_of_world_energy_2013.pdf>. Acesso em: 23 fev.
2015. Adaptada.

217
Figura 68

BP STATISTICAL REVIEW OF WORLD ENERGY. Jun. 2013. Disponível em: <http://www.bp.com/content/


dam/bp/pdf/statistical‑review/statistical_review_of_world_energy_2013.pdf>. Acesso em: 23 fev.
2015. Adaptada.

Figura 73

BRASIL. Ministério de Minas e Energia. Empresa de Pesquisa Energética. Plano Nacional de Energia
2030. Brasília: MME; Rio de Janeiro: Empresa de Pesquisa Energética, 2007. p. 44. Disponível em:
<http://www.epe.gov.br/PNE/20080111_1.pdf>. Acesso em: 23 fev. 2015.

Figura 74

BP STATISTICAL REVIEW OF WORLD ENERGY. Jun. 2013. Disponível em: <http://www.bp.com/content/


dam/bp/pdf/statistical‑review/statistical_review_of_world_energy_2013.pdf>. Acesso em: 23 fev.
2015. Adaptada.

Figura 75

BP STATISTICAL REVIEW OF WORLD ENERGY. Jun. 2013. Disponível em: <http://www.bp.com/content/


dam/bp/pdf/statistical‑review/statistical_review_of_world_energy_2013.pdf>. Acesso em: 23 fev.
2015. Adaptada.

Figura 76

30.2.JPG. Disponível em: <http://www.objetivo.br/conteudoonline/imagens/conteudo_9884/30.2.jpg>.


Acesso em: 19 fev. 2015.

Figura 77

60.JPG. Disponível em: <http://www.objetivo.br/conteudoonline/imagens/conteudo_9884/60.jpg>.


Acesso em: 19 fev. 2015.

REFERÊNCIAS

Audiovisuais

A ERA da estupidez. Dir. Fanny Armstrong. Reino Unido: Spanner Films, 2009. 92 minutos.

ESTAMIRA. Dir. Marcos Prado. Brasil, 2005. 121 minutos.

GIL, G. Procissão. Intérprete: Gilberto Gil. In: ___. Gilberto Gil. Rio de Janeiro: Philips Records, 1968.
CD. Faixa 7.
218
ILHA das flores. Dir. Jorge Furtado. Brasil: Casa de Cinema de Porto Alegre, 1989. 13 minutos.

LIXO extraordinário. Dir. Lucy Walker. Brasil; Reino Unido: O2 Filmes, 2009. 99 minutos.

MEAT the truth – uma verdade mais que inconveniente. Holanda: Alalena, 2008. 74 minutos.

O VENENO da Jararaca – acesso ao patrimônio genético brasileiro. Dir. Marcya Reis. Brasil: TV Câmara,
2012. 42 minutos.

O MERCADOR de Veneza. Dir. Michael Radford. Estados Unidos; Itália; Luxemburgo; Reino Unido:
Avenue Pictures Productions, 2004. 131 minutos.

UMA verdade inconveniente. Dir. Davis Guggenheim. Estados Unidos: Lawrence Bender Productions,
2006. 100 minutos.

Textuais

ACOMPANHAMENTO brasileiro dos objetivos de desenvolvimento do milênio. Portal ODM, 2014.


Disponível em: <http://www.portalodm.com.br/odm>. Acesso em: 28 jan. 2015.

ARBEX, M. A. et al. Queima de biomassa e efeitos sobre a saúde. Jornal Brasileiro de Pneumologia, v.
30, n. 2, mar./abr. 2004.

AGÊNCIA NACIONAL DE ENERGIA ELÉTRICA (ANEEL). Atlas de energia elétrica do Brasil. Agência
Nacional de Energia Elétrica. 3. ed. Brasília: ANEEL, 2008.

___. Banco de informações de geração. Capacidade de geração do Brasil. [s.d.]. Disponível em: <http://
www.aneel.gov.br/aplicacoes/capacidadebrasil/capacidadebrasil.cfm>. Acesso em: 23 fev. 2015.

AGÊNCIA NACIONAL DE PETRÓLEO (ANP). Evolução da indústria brasileira de gás natural: aspectos
técnico‑econômico e jurídico. Nota Técnica nº 013/2009‑SCM. Rio de Janeiro, 6 nov. 2009. Disponível
em: <http://www.anp.gov.br/?dw=32427>. Acesso em: 23 fev. 2015.

AGÊNCIA NACIONAL DE ÁGUAS (ANA). Conjuntura de recursos hídricos no Brasil: 2013. Brasília: ANA, 2013.

___. Região hidrográfica amazônica: a maior do mundo em disponibilidade de água. Brasília: ANA,
[s.d.]. Disponível em: <http://www2.ana.gov.br/Paginas/portais/bacias/amazonica.aspx>. Acesso em: 19
fev. 2015.

ALMEIDA, F. Os desafios da sustentabilidade: uma ruptura urgente. Rio de Janeiro: Elsevier, 2007.

AMARANTE, O. A. et al. Atlas do potencial eólico brasileiro. Brasília: MME; Rio de Janeiro: Eletrobrás,
2001. Disponível em: <http://www.cresesb.cepel.br/publicacoes/download/atlas_eolico/Atlas%20
do%20Potencial%20Eolico%20Brasileiro.pdf>. Acesso em: 24 fev. 2015.
219
ANDRADE, D. C. Economia e meio ambiente: aspectos teóricos e metodológicos nas visões neoclássica
e da economia ecológica. Leituras de Economia Política, Campinas, n. 14, p. 1‑31, ago./dez. 2008.

ANEEL. Carvão mineral. Brasília, [s.d.]. Disponível em: <http://www.aneel.gov.br/aplicacoes/atlas/


pdf/08‑carvao%282%29.pdf>. Acesso em: 13 mar. 2015.

APPLE diz que vai investigar maus tratos a trabalhadores da FoxConn na China. UOL, São Paulo,
13 fev. 2012. Disponível em: <http://tecnologia.uol.com.br/ultimas‑noticias/redacao/2012/02/13/
apple‑diz‑que‑vai‑investigar‑maus‑tratos‑a‑trabalhadores‑da‑foxconn‑na‑china.jhtm>. Acesso em: 2
fev. 2015.

ARAUJO, A. G. de J. Novas articulações econômicas para além da pecuária: a transformação do espaço


rural de Aquidauana, Mato Grosso do Sul, a partir do carvoejamento. In: ENCONTRO NACIONAL DE
GEÓGRAFOS, 16., 2010, Porto Alegre. Anais... Porto Alegre: PPGG‑UFRJ, 2010. Disponível em: <www.
agb.org.br/evento/download.php?idTrabalho=4087>. Acesso em: 20 fev. 2015.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR ISO 26000. Diretrizes sobre responsabilidade
social. Rio de Janeiro: ABNT, 2010. Disponível em: <http://www.pessoacomdeficiencia.gov.br/app/sites/
default/files/arquivos/[field_generico_imagens‑filefield‑description]_65.pdf>. Acesso em: 2 fev. 2015.

BAER, W. A economia brasileira. São Paulo: Nobel, 2002.

BANCO MUNDIAL. Indicadores. 2015. Disponível em: <http://datos.bancomundial.org/indicador>.


Acesso em: 24 fev. 2015.

BELLEN, H. M. van. Indicadores de sustentabilidade: uma análise comparativa. Rio de Janeiro: FGV, 2006.

BENAKOUCHE, R. Os porquês da hegemonia do dólar. Santa Catarina: UFSC, [s.d.]. Disponível em:
<http://www.gpepsm.ufsc.br/html/index_arquivos/5.pdf>. Acesso em: 13 mar. 2015.

BIO‑BRÁS. As principais fontes renováveis de energia. 2011. Disponível em: <http://biobras.org.br/


portal/?p=1676>. Acesso em: 24 fev. 2015.

BOLETIM mensal do gás natural. Brasília: Agência Nacional de Petróleo (ANP), 2002‑2011. Disponível
em: <http://www.anp.gov.br/?pg=59925&m=&t1=&t2=&t3=&t4=&ar=&ps=&cachebu
st=1424789642047>. Acesso em: 24 fev. 2015.

BONIS, G. A sustentabilidade vai deixar de ser moda. Carta Capital, 8 nov. 2011. Disponível em: <http://
www.cartacapital.com.br/sustentabilidade/a‑sustentabilidade‑vai‑deixar‑de‑ser‑moda>. Acesso em: 4
fev. 2015.

BOTELHO, R. G. M. Recursos naturais e ambientais. In: IBGE. Atlas Nacional do Brasil. [s.d.].
Disponível em: <http://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/livros/liv47603_cap4_pt8.pdf>. Acesso
em: 13 mar. 2015.
220
BP STATISTICAL REVIEW OF WORLD ENERGY. Jun. 2013. Disponível em: <http://www.bp.com/content/
dam/bp/pdf/statistical‑review/statistical_review_of_world_energy_2013.pdf>. Acesso em: 23 fev.
2015.

BRASIL. Ministério do Meio Ambiente. Sistema Nacional de Unidades Conservação – SNUC. Brasília:
MMA, [s.d.]a. Disponível em: <http://www.mma.gov.br/areas‑protegidas/sistema‑nacional‑de‑ucs
‑snuc>. Acesso em: 20 fev. 2015.

___. Ministério do Meio Ambiente. Pampa. Brasília: MMA, [s.d.]b. Disponível em: <http://www.mma.
gov.br/biomas/pampa>. Acesso em: 23 fev. 2015.

___. Presidência da República. Casa Civil. Subchefia para Assuntos Jurídicos. Decreto nº 74.685,
de 14 de outubro 1974. Brasília, 1974. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/
decreto/1970‑1979/D74685.htm>. Acesso em: 24 fev. 2015.

___. Senado Federal. Secretaria de Informação Legislativa. Decreto Legislativo nº 2, de 1994. Aprova o
texto da Convenção sobre Diversidade Biológica; assinada durante a Conferência das Nações Unidas
sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento realizada na cidade do Rio de Janeiro, no período de 5 a 14
de junho de 1992. Brasília: Senado Federal, 1994. Disponível em: <http://legis.senado.gov.br/legislacao/
ListaPublicacoes.action?id=139068>. Acesso em: 4 fev. 2015.

___. Presidência da República. Casa Civil. Subchefia para Assuntos Jurídicos. Decreto nº 2.519, de 16
de março de 1998. Promulga a Convenção sobre Diversidade Biológica, assinada no Rio de Janeiro, em
05 de junho de 1992. Brasília, 1998a. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/
D2519.htm>. Acesso em: 4 fev. 2015.

___. Presidência da República. Subchefia para Assuntos Jurídicos. Decreto nº 2.652, de 1º de julho de
1998. Promulga a Convenção‑Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima, assinada em Nova
Iorque, em 9 de maio de 1992. Brasília, 1998b. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/
decreto/D2652.htm>. Acesso em: 13 mar. 2015.

___. Presidência da República. Casa Civil. Subchefia para Assuntos Jurídicos. Lei nº 9.605, de 12 de
fevereiro de 1998. Dispõe sobre as sanções penais e administrativas derivadas de condutas e atividades
lesivas ao meio ambiente, e dá outras providências. Brasília, 1998c. Disponível em: <http://www.
planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9605.htm>. Acesso em: 10 fev. 2015.

___. Ministério do Meio Ambiente. Convenção sobre Diversidade Biológica – CDB. Cópia do Decreto
Legislativo nº 2, de 5 de junho de 1992. Brasília: MMA, 2000a. Disponível em: <http://www.mma.gov.
br/estruturas/sbf_dpg/_arquivos/cdbport.pdf>. Acesso em: 4 fev. 2015.

___. Ministério do Meio Ambiente. Resolução nº 267, de 14 de setembro de 2000. Brasília: MMA,
2000b. Disponível em: <http://www.mma.gov.br/port/conama/res/res00/res26700.html>. Acesso em: 2
fev. 2015.

221
___. Presidência da República. Casa Civil. Subchefia para Assuntos Jurídicos. Lei nº 9.985, de 18 de
julho 2000. Regulamenta o art. 225, § 1o, incisos I, II, III e VII da Constituição Federal, institui o Sistema
Nacional de Unidades de Conservação da Natureza e dá outras providências. Brasília, 2000c. Disponível
em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9985.htm>. Acesso em: 23 fev. 2015.

___. Presidência da República. Casa Civil. Subchefia para Assuntos Jurídicos. Lei nº 10.836, de 9 de janeiro
de 2004. Cria o Programa Bolsa Família e dá outras providências. Brasília, 2004a. Disponível em: <http://
www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004‑2006/2004/lei/l10.836.htm>. Acesso em: 28 jan. 2015.

___. Presidência da República. Casa Civil. Subchefia para Assuntos Jurídicos. Decreto nº 5.209, de 17
de setembro de 2004. Regulamenta a Lei nº 10.836, de 9 de janeiro de 2004, que cria o Programa
Bolsa Família, e dá outras providências. Brasília, 2004b. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/
ccivil_03/_ato2004‑2006/2004/decreto/d5209.htm>. Acesso em: 28 jan. 2015.

___. Presidência da República. Casa Civil. Subchefia para Assuntos Jurídicos. Decreto nº 5.591, de
22 de novembro de 2005. Regulamenta dispositivos da Lei nº 11.105, de 24 de março de 2005, que
regulamenta os incisos II, IV e V do § 1 do art. 225 da Constituição, e dá outras providências. Brasília,
2005. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004‑2006/2005/Decreto/D5591.
htm>. Acesso em: 13 fev. 2015.

___. Ministério de Minas e Energia. Empresa de Pesquisa Energética. Consumo final e conservação
de energia elétrica (1970‑2005). Rio de Janeiro: EPE, 2006. Disponível em: <http://www.epe.gov.br/
mercado/Documents/Mercado_16/Consumo%20Final%20e%20Conserva%C3%A7%C3%A3o%20
de%20Energia%20El%C3%A9trica%20%281970‑2005%29.pdf>. Acesso em: 23 fev. 2015.

___. Ministério de Minas e Energia. Empresa de Pesquisa Energética. Plano Nacional de Energia 2030.
Brasília: MME; Rio de Janeiro: Empresa de Pesquisa Energética, 2007. Disponível em: <http://www.epe.
gov.br/PNE/20080111_1.pdf>. Acesso em: 23 fev. 2015.

___. Ministério da Saúde. Mudanças climáticas e ambientais e seus efeitos na saúde: cenários e
incertezas para o Brasil. Brasília: Organização Pan‑Americana da Saúde, 2008a.

___. Ministério da Saúde. Projeto nacional de ações integradas público‑privadas para biodiversidade.
Probio II. Fevereiro de 2008. Brasília: MMA, 2008b. Disponível em: <http://www.mma.gov.br/
publicacoes/biodiversidade/ategory/58‑probio‑i‑serie‑biodiversidade?download=962:projeto‑nacional‑
de‑acoes‑integradas‑publico‑privadas‑para‑biodiversidade‑probio‑ii>. Acesso em: 11 fev. 2015.

___. Ministério do Meio Ambiente/Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais
Renováveis. Monitoramento do desmatamento nos biomas brasileiros por satélite. Acordo de
cooperação técnica MMA/IBAMA. Monitoramento do bioma Mata Atlântica 2002‑2008. Brasília:
MMA, 2010a. Disponível em: <http://www.mma.gov.br/estruturas/182/_arquivos/12_dezembro_
relatorio_182.pdf>. Acesso em: 20 fev. 2015.

222
___. Presidência da República. Objetivos de desenvolvimento do milênio. Relatório nacional de
acompanhamento. Brasília: Ipea, 2010b. Disponível em: <http://www.ipea.gov.br/portal/images/stories/
PDFs/100408_relatorioodm.pdf>. Acesso em: 28 jan. 2015.

___. Presidência da República. Casa Civil. Subchefia para Assuntos Jurídicos. Lei nº 12.305, de 2 de
agosto de 2010. Institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos; altera a Lei n. 9.605, de 12 de fevereiro
de 1998; e dá outras providências. Brasília, 2010c. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/
ccivil_03/_ato2007‑2010/2010/lei/l12305.htm>. Acesso em: 24 fev. 2015.

___. Ministério do Meio Ambiente/Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais
Renováveis. Monitoramento do desmatamento nos biomas brasileiros por satélite. Acordo de
cooperação técnica MMA/IBAMA. Monitoramento do bioma Caatinga 2008‑2009. Brasília: MMA,
2011a. Disponível em: <http://siscom.ibama.gov.br/monitorabiomas/caatinga/relatorio_tecnico_
caatinga_2008‑2009.pdf>. Acesso em: 20 fev. 2015.

___. Ministério do Meio Ambiente. Plano de ação para prevenção e controle do desmatamento e das
queimadas: Cerrado. Brasília: MMA, 2011b. Disponível em: <http://www.mma.gov.br/estruturas/201/_
arquivos/ppcerrado_201.pdf>. Acesso em: 20 fev. 2015.

___. Bolsa Família completa nove anos e beneficia 13,7 milhões de famílias. Portal Brasil, out. 2012a.
Disponível em: <http://www.brasil.gov.br/cidadania‑e‑justica/2012/10/bolsa‑familia‑completa
‑nove‑anos‑e‑beneficia‑13‑7‑milhoes‑de‑familias>. Acesso em: 28 jan. 2015.

___. Presidência da República. Casa Civil. Subchefia para Assuntos Jurídicos. Lei nº 12.651, de
25 de maio de 2012. Dispõe sobre a proteção da vegetação nativa; altera as Leis nº 6.938, de 31
de agosto de 1981, 9.393, de 19 de dezembro de 1996, e 11.428, de 22 de dezembro de 2006;
revoga as Leis nº 4.771, de 15 de setembro de 1965, e 7.754, de 14 de abril de 1989, e a Medida
Provisória nº 2.166‑67, de 24 de agosto de 2001; e dá outras providências. Brasília, 2012b.
Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011‑2014/2012/lei/l12651.htm>.
Acesso em: 13 fev. 2015.

___. Ministério do Meio Ambiente. Plano de ação para prevenção e controle do desmatamento na
Amazônia Legal (PPCDAm). 3ª Fase (2012‑2015) pelo uso sustentável e conservação da floresta.
Brasília: MMA, 2013a. Disponível em: <http://www.amazonfund.gov.br/FundoAmazonia/export/sites/
default/site_pt/Galerias/Arquivos/Publicacoes/PPCDAm_3.pdf>. Acesso em: 19 fev. 2015.

___. Ministério de Minas e Energia. Empresa de Pesquisa Energética. Plano Decenal de Expansão de
Energia 2022. Brasília: MME/EPE, 2013b. 2v.

___. Ministério de Minas e Energia. Empresa de Pesquisa Energética. Balanço Energético Nacional
2013: relatório síntese – ano base 2012. Rio de Janeiro: EPE, 2013c. Disponível em: <https://ben.epe.
gov.br/downloads/S%C3%ADntese%20do%20Relat%C3%B3rio%20Final_2013_Web.pdf >. Acesso
em: 23 fev. 2015.

223
CAMBIO CLIMÁTICO 2013. Bases físicas. Resumen para responsables de políticas, Resumen técnico
y Preguntas frecuentes 2013. Disponível em: <http://www.ipcc.ch/pdf/assessment‑report/ar5/wg1/
WG1AR5_SummaryVolume_FINAL_SPANISH.pdf>. Acesso em: 13 mar. 2015.

CARSON, R. Primavera silenciosa. São Paulo: Gaia, 2010.

CASTELLS, M. A sociedade em rede – a era da informação: economia, sociedade e cultura. São Paulo:
Paz e Terra, 1999.

CAVALCANTI, C. Visão econômica da economia. Estudos Avançados, v. 24, n. 68, 2010. Disponível em:
<http://issuu.com/rebal/docs/economia‑dominante‑economia‑ambiental‑‑‑cavalcanti>. Acesso em: 4
fev. 2014.

CEPAL. Investimento estrangeiro na América Latina e no Caribe. Relatório 2004. Rio de Janeiro: Nações
Unidas, 2005. Disponível em: <http://www.cepal.org/ddpe/noticias/noticias/8/20818/pres1por.pdf>.
Acesso em: 27 jan. 2015.

___. O investimento estrangeiro direto na América Latina e Caribe 2012: documento informativo.
Rio de Janeiro: Nações Unidas, 2013. Disponível em: <http://repositorio.cepal.org/bitstream/
handle/11362/1150/S2013157_pt.pdf?sequence=1>. Acesso em: 24 fev. 2015.

CERRATINGA. População da caatinga. Brasília, [s.d.]. Disponível em: <http://www.cerratinga.org.br/


caatinga/populacao>. Acesso em: 20 fev. 2015.

CETESB. Aterro sanitário. São Paulo, [s.d.]. Disponível em: <http://www.cetesb.sp.gov.br/


mudancas‑climaticas/biogas/Aterro%20Sanit%C3%A1rio/21‑Aterro%20Sanit%C3%A1rio>. Acesso
em: 24 fev. 2015.

CHESNAIS, F. A mundialização do capital. São Paulo: Xamã, 1996.

COMISSÃO MUNDIAL SOBRE MEIO AMBIENTE E DESENVOLVIMENTO (CMMAD). Nosso futuro comum.
Rio de Janeiro: Fundação Getúlio Vargas, 1988.

CONFERÊNCIA das nações unidas sobre o meio ambiente e convención marco de las naciones unidas
sobre el cambio climático. 1992. Disponível em: <http://unfccc.int/resource/docs/convkp/convsp.pdf>.
Acesso em: 13 mar. 2015.

CONFERÊNCIA DAS NAÇÕES UNIDAS SOBRE O MEIO AMBIENTE E DESENVOLVIMENTO. Conferência


das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento: de acordo com a Resolução 44/228
da Assembleia Geral da ONU, de 22‑12‑89, estabelece uma abordagem equilibrada e integrada das
questões relativas a meio ambiente e desenvolvimento: a Agenda 21. Brasília: Câmara dos Deputados,
Coordenação de Publicações, 1995. (Série Ação Parlamentar; n. 56). Disponível em: <http://bd.camara.
gov.br/bd/bitstream/handle/bdcamara/7706/agenda21.pdf?sequence=5>. Acesso em: 27 jan. 2015.

224
CONSEJO DE LA EVALUACIÓN DE LOS ECOSISTEMAS DEL MILENIO. Estamos gastando más de lo
que poseemos. Capital natural y bienestar humano. Declaración del Consejo. [S.l.]: PNUMA, 2005.
Disponível em: <http://www.millenniumassessment.org/documents/document.440.aspx.pdf>. Acesso
em: 2 fev. 2015.

CORTIZO, S. Mudanças climáticas e energia. Mitigação no 4º relatório. [s.d.]. Disponível em: <http://
www.sergio.cortizo.nom.br/mitigacao.html>. Acesso em: 30 jan. 2015.

DEMONSTRAR compromisso e ser transparente. Revista do Meio Ambiente, Rio de Janeiro, ano VII, p.
22, nov. 2012.

DIEESE. Normas sobre responsabilidade social das empresas a ISO 26000 e o GRI. Nota técnica
nº 121, de março de 2013. São Paulo: Dieese, 2013. Disponível em: <http://www.dieese.org.br/
notatecnica/2013/notaTec121DesempenhoResponsabilidadeSocial.pdf>. Acesso em: 2 fev. 2015.

DINIZ, F. Ciência a serviço da sociedade. Folha da Embrapa, ano XXI, n. 170, p. 10‑11, abr. 2013.
Disponível em: <https://www.embrapa.br/documents/1355163/2088352/0413_02_nco_falaramdenos_
folhadaEmbrapa_abr_2013.pdf/420a8d9f‑0c6a‑4981‑8555‑8e348f1acb03>. Acesso em: 13 fev. 2015.

DINIZ, M. J.; DINIZ, M. B. Trajetórias da qualidade ambiental e do desenvolvimento sustentável. Anpec,


2005. Disponível em: <http://www.anpec.org.br/encontro2005/artigos/A05A134.pdf>. Acesso em: 2
fev. 2012.

DIRETRIZES para a elaboração do relatório de sustentabilidade. Global Report Initiative, Amsterdã,


2000‑2006. Disponível em: <https://www.globalreporting.org/resourcelibrary/Portuguese‑G3
‑Reporting‑Guidelines.pdf>. Acesso em: 3 fev. 2015.

DOBB, M. A evolução do capitalismo. Rio de Janeiro: Zahar, 1977.

DORIELO, I. L.; BAJAY, S. V.; GORLA, F. D. Oportunidades de eficiência energética para a indústria.
Relatório setorial: setor extrativo mineral. Brasília: CNI, 2010. Disponível em: <http://www.cni.org.br/
portal/lumis/portal/file/fileDownload.jsp?fileId=FF8080812C8533A0012C9882EAF87B4C>. Acesso em:
23 fev. 2015.

ECO‑UNIFESP. Tempo de decomposição. [s.d.]. Disponível em: <http://dgi.unifesp.br/ecounifesp/index.


php?option=com_content&view=article&id=16&Itemid=11>. Acesso em: 24 fev. 2015.

EMPRESA DE PESQUISA ENERGÉTICA. Anuário estatístico de energia elétrica 2012. Rio de Janeiro: EPE,
2012. Disponível em: <http://www.epe.gov.br/AnuarioEstatisticodeEnergiaEletrica/20120914_1.pdf>.
Acesso em: 24 fev. 2015.

ESTIMATIVA de perda da área natural da Bacia do Alto do Paraguai e Pantanal Brasileiro.


Conservação Internacional. Brasil, dez. 2005. Disponível em: <http://www.conservacao.org/arquivos/
Perda‑de‑area‑natural‑daBAP.pdf>. Acesso em: 13 mar. 2015.
225
EUROPEAN WIND ENERGY ASSOCIATION (EWEA). Water used for EU power production equivalent
to annual consumption of Germany. Brussels: EWEA, [s.d.]. Disponível em: <http://www.ewea.org/
annual2014/news/water‑used‑eu‑power‑production‑equivalent‑annual‑consumption‑germany/>.
Acesso em: 24 fev. 2015.

FUNDAÇÃO DE APOIO AO DESENVOLVIMENTO DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO


(FADE). Pesquisa científica BNDES FEP Nº02/2010: contrato nº 11.2.0519.1. Tema: análise das diversas
tecnologias de tratamento e disposição final de resíduos sólidos no Brasil, Europa, Estados Unidos e
Japão. Relatório final do perfil institucional, quadro legal e políticas públicas relacionados a resíduos
sólidos urbanos no Brasil e no Exterior. Pernambuco: FADE, 2012. Disponível em: <http://www.bndes.
gov.br/SiteBNDES/export/sites/default/bndes_pt/Galerias/Arquivos/produtos/download/aep_fep/
chamada_publica_residuos_solidos_Rel_PI_VF.pdf>. Acesso em: 24 fev. 2015.

FUKUYAMA, F. O fim da história e o último homem. Rio de Janeiro: Rocco, 1992.

FUNDAÇÃO SOS MATA ATLÂNTICA. Novos dados sobre a situação da Mata Atlântica. jun. 2012.
Disponível em: <http://www.sosma.org.br/5697/sos‑mata‑atlantica‑e‑inpe‑divulgam
‑dados‑do‑atlas‑dos‑remanescentes‑florestais‑da‑mata‑atlantica‑no‑periodo‑de‑2010‑a‑2011/>.
Acesso em: 20 fev. 2015.

FUSFELD, D. R. A era do economista. São Paulo: Saraiva, 2003.

GOLDEMBERG, J. Aquecimento global: a Terra corre perigo? Palestra proferida na Fundação Memorial.
2005. Disponível em <http://www.memorial.sp.gov.br/memorial/AgendaDetalhe.do?agendaId=793>.
Acesso em: 30 jan. 2015.

GOLDEMBERG, J.; LUCON, O. Energia e meio ambiente no Brasil. Estudos Avançados, São Paulo, v. 21, n.
59, jan./abr. 2007. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0103‑40142007000100003&s
cript=sci_arttext>. Acesso em: 23 fev. 2015.

GONÇALVES, R. et al. A nova economia internacional: uma perspectiva brasileira. Rio de Janeiro:
Campus, 1998.

GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO. Lei Estadual nº 11.241, de 19 de Setembro de 2002. Dispõe sobre
a eliminação gradativa da queima da palha da cana‑de‑açúcar e dá providências correlatas. São Paulo,
2002. Disponível em: <http://www.iea.sp.gov.br/out/bioenergia/legislacao/2002_Lei_Est_11241.pdf>.
Acesso em: 13 mar. 2015.

HARRIS, M. B. et al. Estimativa de perda da área natural da Bacia do Alto Paraguai e Pantanal
Brasileiro. Mato Grosso do Sul: Conservação Internacional Brasil, 2005. Disponível em: <http://www.
conservation.org.br/>. Acesso em: 13 mar. 2015.

HERZOG, A. L. A Nike vira o jogo. Exame, 24 maio 2010. Disponível em: <http://exame.abril.com.br/
revista‑exame/edicoes/969/noticias/nike‑vira‑jogo‑562673>. Acesso em: 2 fev. 2015.
226
HUNT, E. K.; SHERMAN, H. J. História do pensamento econômico. Petropólis: Vozes, 1975.

HUNT, E. K.; SHERMAN, H. J. História do pensamento econômico. Rio de Janeiro: Campus, 1987.

IBGE. IBGE lança o Mapa de Biomas do Brasil e o Mapa de Vegetação do Brasil, em comemoração ao
Dia Mundial da Biodiversidade. Maio de 2004. Disponível em: <http://saladeimprensa.ibge.gov.br/notici
as?view=noticia&id=1&busca=1&idnoticia=169>. Acesso em: 20 fev. 2015.

___. Indicadores de desenvolvimento sustentável – Brasil 2010. Rio de Janeiro: IBGE, 2010a. (Estudos
e Pesquisas. Informação Geográfica, n. 7). Disponível em: <http://www.ibge.gov.br/home/geociencias/
recursosnaturais/ids/ids2010.pdf>. Acesso em: 24 fev. 2015.

___. Pesquisa nacional por amostra de domicílios. Síntese de indicadores 2009. Rio de Janeiro: IBGE,
2010b. Disponível em: <http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/trabalhoerendimento/
pnad2009/pnad_sintese_2009.pdf>. Acesso em: 23 fev. 2015.

INFORME sobre Desarrrollo Humano. 2013. Disponível em: <hdr.undp.org/sites/default/files/hdr2013_


es_complete.pdf> Acesso em: 23 fev. 2015.

INSTITUTO OBSERVATÓRIO SOCIAL. ISO 26000 – Norma Internacional de Responsabilidade Social: um


guia para entendê‑la melhor. São Paulo: IOS, 2011.

IPCC. Cambio climático 2007: informe de síntesis. Contribución de los grupos de trabajo I, II y III al
Cuarto Informe de Evaluación del Grupo Intergubernamental de Expertos sobre el Cambio Climático.
Ginebra: IPCC, 2007. Disponível em: <http://www.ipcc.ch/pdf/assessment‑report/ar4/syr/ar4_syr_
sp.pdf>. Acesso em: 30 jan. 2015.

IPCC. Resumen para responsables de políticas. In: ___. Cambio climático 2013: bases físicas.
Contribución del grupo de trabajo I al Quinto Informe de Evaluación del Grupo Intergubernamental de
Expertos sobre el Cambio Climático”. Cambridge, UK: Cambridge University Press, 2013.

IPEA. Sustentabilidade ambiental no Brasil: biodiversidade, economia e bem‑estar humano: biodiversidade.


Comunicados do Ipea, n. 78, fev. 2011a. (Séries Eixos do Desenvolvimento Brasileiro). Disponível em: <http://
www.ipea.gov.br/portal/images/stories/PDFs/comunicado/110217_comunicadoipea78.pdf>. Acesso em: 10
fev. 2015.

___. Sustentabilidade ambiental no Brasil: biodiversidade, economia e bem‑estar humano: energia.


Comunicados do Ipea, nº 77, fev. 2011b. Disponível em: <http://www.ipea.gov.br/portal/images/stories/
PDFs/comunicado/110215_comunicadoipea77.pdf>. Acesso em: 10 fev. 2015.

INPE. Projeto Prodes. Monitoramento da Floresta Amazônica Brasileira por Satélite. São José do
Campos, [s.d.]. Disponível em: < http://www.obt.inpe.br/prodes/index.php>. Acesso em: 13 mar. 2015.

227
ISAAA. ISAAA Brief 46‑2013: Executive Summary. 2013. Disponível em: <http://www.isaaa.org/
resources/publications/briefs/46/executivesummary/>. Acesso em: 13 mar. 2015.

JACOBI, P. R. Educação ambiental: o desafio da construção de um pensamento crítico, complexo e


reflexivo. Educação e Pesquisa, São Paulo, v. 31, n. 2, p. 233‑250, maio/ago.2005.

JACKSON, J. O ladrão no fim do mundo. Rio de Janeiro: Objetiva, 2011.

JAMES, C. Situação global e comercialização das lavouras GM: 2013. Brief Nº 46. Ithaca: ISAAA, 2013.

KALILI, A. E. O que são créditos de carbono? [s.d.]. Disponível em: <http://saf.cnpgc.embrapa.br/


publicacoes/10.pdf>. Acesso em: 21 fev. 2014.

KPMG. Pesquisa de fusões e aquisições 2013 – 3º trimestre. Rios de Janeiro: KPMG, 2013. Disponível
em: <http://www.kpmg.com/BR/PT/Estudos_Analises/artigosepublicacoes/Documents/Fusoes%20e%20
Aquisicoes/2013/FA‑3‑trimestre‑2013.pdf>. Acesso em: 29 jan. 2015.

LEFF, E. Saber ambiental: sustentabilidade, racionalidade, complexidade, poder. Petrópolis: Vozes, 2008.

LIVRARIA Embrapa homenageia bioma cerrado com preços especiais. Embrapa, Brasília, 12 set.
2012. Disponível em: <https://www.embrapa.br/web/portal/busca‑de‑noticias/‑/noticia/1483151/
livraria‑embrapa‑homenageia‑bioma‑cerrado‑com‑precos‑especiais>. Acesso em: 13 mar. 2015.

LOUREIRO, V. R. Amazônia: uma história de perdas e danos, um futuro a (re)construir. Estudos


Avançados, São Paulo, v. 16, n. 45, maio/ago. 2002. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.
php?script=sci_arttext&pid=S0103‑40142002000200008>. Acesso em: 29 dez. 2014.

MANKIW, N. G. Princípios de microeconomia. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2005.

___. Introdução à economia. São Paulo: Cengage Learning, 2009.

MICHALET, C‑A. O capitalismo mundial. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1984.

MACHADO, A. B. M.; DRUMMOND, G. M.; PAGLIA, A. P. (Ed.). Livro vermelho da fauna brasileira ameaçada
de extinção. Brasília: MMA; Belo Horizonte: Fundação Biodiversitas, 2008. 2 v. (Biodiversidade; 19).
Disponível em: <http://www.mma.gov.br/publicacoes/biodiversidade/category/
55‑especies‑ameacadas‑de‑extincao>. Acesso em: 10 fev. 2015.

MELO NETO, J. C. de. Morte e vida severina. Rio de Janeiro: Alfaguara, 2007.

MOTTA, R. S. Economia ambiental. Rio de Janeiro: FGV, 2006.

MUELLER, C. C. Avaliação de duas correntes da economia ambiental: a escola neoclássica e a economia


da sobrevivência. Revista de economia política, v. 18, n. 2, abr./jun. 1998.
228
NAÇÕES UNIDAS. Declaração do milênio. Cimeira do Milênio. Nova Iorque: Nações Unidas, 2000.
Disponível em: <http://www.pnud.org.br/Docs/declaracao_do_milenio.pdf>. Acesso em: 27 jan. 2015.
OBJETIVOS DE DESENVOLVIMENTO DO MILÊNIO. Relatório nacional de acompanhamento. Brasília: Ipea,
2010.

OS OBJETIVOS de desenvolvimento do milênio. Eco Rede Social, jan. 2014. Disponível em: <http://
ecoredesocial.com.br/blog/2014/01/os‑objetivos‑de‑desenvolvimento‑do‑milenio/>. Acesso em: 28
jan. 2015.

OCDE. As diretrizes da OCDE para as empresas multinacionais. 2011. Disponível em: <https://docs.
google.com/file/d/0Bz94i2‑T4z5CZWJwQkt4TWpJYXc/edit>. Acesso em: 2 fev. 2015.

ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS. Primeira conferência das Nações Unidas sobre o meio ambiente.
Estocolmo: ONU, 1972.

ORGANIZACIÓN DE LAS NACIONES UNIDAS PARA LA AGRICULTURA Y LA ALIMENTACIÓN. El estado


mundial de la agricultura y la alimentación. Roma, 2009. Disponível em: <https://www.fao.org.br/
download/i0680s.pdf>. Acesso em: 13 mar. 2015.

CONSERVAÇÃO NACIONAL. Pantanal. Brasil. [s.d.]. Disponível em: <http://www.conservation.org.br/


onde/pantanal/index.php>. Acesso em: 13 mar. 2015.

PESQUISADORES da Embrapa publicam artigo na Nature Communications. Embrapa, Brasília,


26 dez. 2013. Disponível em: <https://www.embrapa.br/busca‑de‑noticias/‑/noticia/1504839/
pesquisadores‑da‑embrapa‑publicam‑artigo‑na‑nature‑communications>. Acesso em: 13 mar. 2015.

PETROBRAS. Gasoduto. Rio de Janeiro, [s.d.]. Disponível em: <http://www.petrobras.com.br/pt/


nossas‑atividades/principais‑operacoes/gasodutos/>. Acesso em: 13 mar. 2015.

PMDBBS. Monitoramento do Pampa. Brasília: Ibama, [s.d.]. Disponível em: <http://siscom.ibama.gov.br/


monitorabiomas/pampa/pampa.htm>. Acesso em: 13 mar. 2015.

PNUD. Relatório do desenvolvimento humano 2013. A ascensão do Sul: progresso humano num
mundo diversificado. Nova Iorque: Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento, 2013.
Disponível em: <http://www.pnud.org.br/HDR/arquivos/RDHglobais/hdr2013_portuguese.pdf>. Acesso
em: 27 jan. 2015.

PNUD. A democracia na América Latina. Rumo a uma democracia de cidadãs e cidadãos. Nova Iorque:
Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento, 2004. Disponível em: <http://www.pnud.org.br/
pdf/TextoProddal.pdf>. Acesso em: 13 mar. 2015.

PNUMA. Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente. Além da Rio+20: Avançando rumo a um
futuro sustentável. 29 ago. 2012. Disponível em: <http://www.pnuma.org.br/comunicados_detalhar.
php?id_comunicados=224>. Acesso em: 13 mar. 2015.
229
POLANYI, K. A grande transformação: as origens da nossa época. Rio de Janeiro: Campus, 2000.

PRADO JR., C. História econômica do Brasil. São Paulo: Brasiliense, 1985.

RAMOS, G. Vidas secas. Rio de Janeiro: Record, 2006.

REZENDE, C. Economia brasileira contemporânea. São Paulo: Contexto, 1999.

SANO, E. E. et al. Mapeamento de cobertura vegetal do bioma cerrado. Brasília: Embrapa, 2008.
Disponível em: <file:///C:/Documents%20and%20Settings/Revis%C3%A3o/Meus%20documentos/
Downloads/bolpd‑205.pdf>. Acesso em: 13 mar. 2015.

SEADE. Portal de Estatísticas do Estado de São Paulo. 2012. Disponível em: <http://produtos.seade.gov.
br/produtos/mulher/>. Acesso em: 13 mar. 2015.

SINDICATO NACIONAL DOS AUDITORES FISCAIS DO TRABALHO. Indústria da confecção – Ação da


Auditoria‑Fiscal do Trabalho repercute na imprensa nacional e estrangeira. 18 ago. 2011. Disponível
em: <https://www.sinait.org.br/?r=site/noticiaPrint&id=3849>. Acesso em: 2 fev. 2015.

SISTEMA NACIONAL DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO DA NATUREZA. Ministério do Meio Ambiente.


Disponível em: <www.mma.gov.br/cadastro_uc>. Acesso em: 13 mar. 2015.

SMITH, A. A riqueza das nações: uma investigação sobre a natureza e as causas da riqueza das nações.
Tradução de Getulio Schanoski Júnior. São Paulo: Madras, 2009.

SOUZA, N de J. de. Desenvolvimento econômico. São Paulo: Atlas, 2012.

STIGLITZ, J. E. A globalização e seus malefícios: a promessa não cumprida de benefícios globais. São
Paulo: Futura, 2002.

THOMAS, J. M.; CALLAN, S. J. Economia ambiental: aplicações, políticas e teoria. São Paulo: Cengage
Learning, 2010.

THE FUTURE we want. Rio+20 Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável.
23 maio 2012. Disponível em: <http://www.rio20.gov.br/sala_de_imprensa/noticias‑internacionais/
the‑future‑we‑want.html>. Acesso em: 13 mar. 2015.

THE OECD JOBS STUDY: Facts, Analysis, Strategies. 1994. Disponível em: <http://www.oecd.org/
employment/employmentpoliciesanddata/1941679.pdf>. Acesso em: 15 set. 2013.

TOLEDO, K. Pesquisadores buscam novos antibióticos em bactérias no solo. Agência Fapesp, São Paulo,
jan. 2012. Disponível em: <http://agencia.fapesp.br/pesquisadores_buscam_novos_antibioticos_em_
bacterias_no_solo_/15015/>. Acesso em: 13 jan. 2015.

230
TRICART, J. Ecodinâmica. Rio de Janeiro: IBGE; Diretoria Técnica, SUPREN, 1977, 91 p. (Recursos
Naturais e Meio Ambiente, 1).

UNESCO. 2012 – Ano Internacional da Energia Sustentável para todos. 2012. Disponível em: <http://
www.peaunesco‑sp.com.br/ano_inter/ano_energia/ano_internacional_da_energia_sustentavel_para_
todos_rio_mais_20.pdf>. Acesso em: 13 mar. 2015.

UNESCO. The United Nations World Water Development Report 2014. Water and Energy, 2014, v. 1.
Disponível em: < http://unesdoc.unesco.org/images/0022/002257/225741E.pdf>. Acesso em: 13 mar. 2015.

VALDETARO, E. B. et al. Contribuição dos créditos de carbono na viabilidade econômica dos contratos
de fomento florestal no sul da BAHIA. Revista Árvore, Viçosa‑MG, v. 35, n. 6, p. 1307‑1317, 2011.
Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/rarv/v35n6/a17v35n6.pdf>. Acesso: 21 fev. 2014.

VAN BELLEN, H. M. Indicadores de sustentabilidade: uma análise comparativa. Rio de Janeiro:


FGV, 2006.

VASCONCELOS, Y. Teias de laboratório. Pesquisa Fapesp, São Paulo, ed. 216, fev. 2014. Disponível em:
<http://revistapesquisa.fapesp.br/2014/02/12/teias‑de‑laboratorio/>. Acesso em: 13 fev. 2015.

VASCONCELLOS, M. A. S.; GARCIA, M. E. Fundamentos de economia. São Paulo: Saraiva, 2005.

VICENTE, L. E.; PEREZ FILHO, A. Abordagem sistêmica e geografia. Geografia, Rio Claro, v. 28, n. 3, p.
323‑344, set/dez. 2003.

VILLAS BOAS, H. C. A indústria extrativa mineral e a transição para o desenvolvimento sustentável. Rio
de Janeiro: CETEM/MCT/CNPq, 2011.

WWF BRASIL. Macaco ronronante está entre as 441 novas espécies descobertas na Floresta Amazônica.
2013. Disponível em: <http://www.wwf.org.br/?36602/Macaco‑ronronante‑est‑entre‑as‑441‑espcies
‑novas‑descobertas‑na‑Floresta‑Amaznica>. Acesso em: 19 fev. 2015.

___. Unidades de conservação. [s.d.]. Disponível em: <http://www.wwf.org.br/natureza_brasileira/


questoes_ambientais/unid/>. Acesso em: 10 fev. 2015.

___. Monitoramento das alterações da cobertura vegetal e uso do solo na Bacia do Alto
Paraguai. 26 maio 2010. Disponível em: <http://www.wwf.org.br/informacoes/bliblioteca/?25181/
Monitoramento‑das‑alteracoes‑da‑cobertura‑vegetal‑e‑uso‑do‑solo‑na‑Bacia‑do‑Alto‑Paraguai>.
Acesso em: 13 mar. 2015.

Sites

<http://cdiac.ornl.gov/>

231
<http://www.biogas‑ambiental.com.br/>

<http://www.mma.gov.br/>

<http://www.inpe.br>

<http://www.embrapa.br>

<http://www.wwf.org.br/>

Exercícios

Unidade I – Questão 2: INSTITUTO NACIONAL DE ESTUDOS E PESQUISAS EDUCACIONAIS ANÍSIO


TEIXEIRA (INEP). Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (Enade) 2011. Pedagogia. Formação
geral. Questão 7. Disponível em: <http://download.inep.gov.br/educacao_superior/enade/provas/2011/
PEDAGOGIA.pdf>. Acesso em: 4 fev. 2015.

232
233
234
235
236
Informações:
www.sepi.unip.br ou 0800 010 9000

Você também pode gostar