Você está na página 1de 15

CENTRO UNIVERSITÁRIO FAVENI

SANDRA MARA RIBEIRO DE ALMEIDA

ARAUCÁRIA DO BRASIL

ITAMARAJU - BA
2022
CENTRO UNIVERSITÁRIO FAVENI

SANDRA MARA RIBEIRO DE ALMEIDA

ARAUCÁRIA DO BRASIL

Trabalho de conclusão de curso


apresentado como requisito parcial à
obtenção do título de Ciências Biológicas.

ITAMARAJU - BA
2022
ARAUCÁRIA DO BRASIL

Autor1, Sandra Mara Ribeiro de Almeida

Declaro que sou autor(a)¹ deste Trabalho de Conclusão de Curso. Declaro também que o mesmo
foi por mim elaborado e integralmente redigido, não tendo sido copiado ou extraído, seja parcial ou
integralmente, de forma ilícita de nenhuma fonte além daquelas públicas consultadas e corretamente
referenciadas ao longo do trabalho ou daqueles cujos dados resultaram de investigações empíricas por
mim realizadas para fins de produção deste trabalho.
Assim, declaro, demonstrando minha plena consciência dos seus efeitos civis, penais e
administrativos, e assumindo total responsabilidade caso se configure o crime de plágio ou violação aos
direitos autorais. (Consulte a 3ª Cláusula, § 4º, do Contrato de Prestação de Serviços).

RESUMO- A Araucária árvore nativa do sul do Brasil que se encontra nos estados do
Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul é uma espécie que sobreviveu a Era
Glacial, mas que atualmente se encontra por meio da intervenção dos homens
ameaçada de extinção, devido a sua intensa e descontrolada exploração a que a
espécie foi submetida durante as últimas décadas. Uma das alternativas para minimizar
esse quadro foi a instituição de diversos dispositivos legais com o intuito de conservar a
espécie. Mediante a esta realidade, este trabalho de cunho bibliográfico teve como
objetivo geral abordar a importância da Araucária em todos os aspectos: econômicos,
ecológicos, cultural e social, principalmente para a região Sul do Brasil, vista que essa
espécie possui um aproveitamento total de cada exemplar.

PALAVRAS-CHAVE: Araucária. Utilização. Extinção.

1
1 INTRODUÇÃO

A Araucária angustifolia, também chamada de pinheiro-do-paraná, é uma árvore


nativa com características diferenciadas das demais árvores do Sul do País. A espécie
é encontrada na Floresta Ombrófila Mista (FOM), do bioma Mata Atlântica, que
encontradas principalmente nos Estados do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do
Sul (CARVALHO, 2003).
Essa espécie, foi desregradamente explorada nas últimas décadas, para
comercialização da madeira, considerada de boa qualidade para fabricação de móveis
e construção civil, bem como para a produção de papel e celulose (FIGUEIREDO
FILHO et al., 2010).
As queimadas, o desmatamento visando a expansão pecuária e cultivo agrícola,
juntamente com a intensa utilização da madeira de araucária no século XX, reduziu a
área ocupada pela FOM para cerca de menos de 3% da ocupação original (GUERRA et
al, 2002) que por consequência levou a Araucária a ser inserida na lista oficial de
espécies da flora brasileira ameaçadas de extinção do Instituo Brasileiro do Meio
Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA), em 1992.
Portanto, por intermédio de revisões bibliográficas inerentes ao assunto e
considerando a importância da araucária em todos os aspectos: econômicos,
ecológicos, cultural e social, a presente pesquisa tem por objetivo geral conscientizar a
população sobre a relevância das Araucárias principalmente para o Sul do Brasil, pois
uma espécie tão antiga quanto os dinossauros e que pode ser utilizada em sua
totalidade, hoje está correndo o risco de desaparecer por completo.
Como objetivos específicos buscou-se: Identificar a espécie Araucária; Conhecer
o seu desenvolvimento; Reconhecer sobre a sua importância de forma total; Saber
sobre o processo de seu desmatamento, exploração e possível extinção, Conscientizar
sobre a necessidade de sua preservação.
Para melhor delinear essa pesquisa, a mesma foi dividida em capítulos e
subcapítulos. Iniciou-se com a introdução no 1º capítulo, em seguida no 2º capítulo e
subcapítulos foram abordados os aspectos descritivos e utilização da Araucária,
também foram elencadas as questões da Floresta com Araucárias e em seguida os
aspectos do desmatamento e seu risco eminente de extinção. Finalizando, no capítulo 3
foram apresentadas as considerações finais do presente estudo.

2 DESENVOLVIMENTO

2.1 Descrição

A árvore Araucária angustifólia é a espécie, popularmente conhecida como


araucária, pinheiro, pinho, pinheiro-do-paraná, pinheiro-brasileiro, entre outras
denominações, sua família é a Araucariaceae, sendo apenas essa espécie do gênero
Araucária de ocorrência natural no Brasil (SHIMIZU; OLIVEIRA, 1981).
Destacando-se em relação as demais árvores da região Sul do Brasil por sua
grandiosidade, a araucária possuí uma altura comumente variando entre 10 e 35 m e
diâmetro a altura do peito (DAP) entre 50 e 120 cm, sendo possível atingir
extraordinariamente 50 m de altura e mais de 250 cm de DAP na idade adulta
(CARVALHO, 2003; REITZ et al., 1988).
Carvalho (2003) e Reitz et al. (1988) pontuam que, a árvore apresenta o tronco
retilíneo sendo quase cilíndrico e a parte do tronco situada entre o solo e as primeiras
ramificações conhecida como fuste de até 20 m de comprimento ou mais.
De acordo com Castiglioni (1975, citado por Carvalho, 2003), a Araucária possui
uma casca grossa, de até 10 cm de espessura, casca externa rugosa, áspera e de
coloração marrom-arroxeada. Mas, para Reitz et al. (1988) a sua coloração é cinza
escuro, onde sua superfície externa se desprende em placas e sua casca pode chegar
a aproximadamente 15 cm de espessura.
Solórzano Filho e Kraus (1999) indicam que a araucária é uma árvore facilmente
reconhecida por pessoas leigas no assunto e que geralmente associam sua forma a de
um candelabro.
O estágio de desenvolvimento da Araucária é observável por meio de sua copa,
a mesma sofre alterações conforme passa pelas fases juvenil, adulta e senil. De acordo
com Carvalho (2003) e Reitz et al. (1988), sua copa alta, estratificada e múltipla, tem
forma cônica na fase mais jovem e forma de taça nas árvores mais velhas.
Apontamentos de Reitz et al. (1988), destaca que nas árvores adultas as
ramificações se dispõem em camadas (de 8 a 15 verticilos) cujo afastamento se reduz
até o ápice. As grimpas, ou seja, os ramos secundários se agrupam no ápice dos
ramos primários.
Suas folhas são simples, alternas, espiraladas, lineares a lanceoladas, coriáceas,
sésseis, verde-escuras, com até 6 cm de comprimento por 10 mm largura (CAVALHO,
2003; REITZ et al., 1988).
A araucária é uma espécie que possui órgãos reprodutivos, masculino e
feminino, em indivíduos distintos, ou seja, é uma planta dióica. Porém, por vezes pode
ser monóica, provavelmente por trauma ou doenças, (REITZ et al., 1988). As estruturas
reprodutivas da espécie são organizadas em estróbilos masculinos e femininos.
Os indivíduos de araucária de sexo feminino apresentam suas folhas
modificadas chamadas de ginostróbilos, que são compostos por um pouco mais de 200
folhas carpelares, rodeadas a um eixo cônico. O óvulo surge na axila, sendo envolto por
uma folha modificada estéril. Esta folha une-se a outra folha modificada estéril
protegendo o óvulo fecundado, formando assim a semente da araucária, conhecida por
pinhão. O estróbilo feminino maduro, chamado de pinha, apresenta três tipos de
estruturas: o pinhão cheio, o pinhão chocho que não foi fecundado e as escamas de
preenchimento (MATTOS, 1994).
O mesmo autor ainda informa que os indivíduos da espécie de sexo masculino
apresentam folhas modificadas chamadas de androstróbilos, conhecidos como
mingotes e são formados por diversas escamas inseridas em torno de um eixo
alongado, de 10 a 15 cm. Em seu interior são encontrados inúmeros sacos polínicos,
onde se desenvolvem os grãos de pólen.
Para que o pinhão se forme é necessário a polinização do estróbilo feminino com
pólen masculino, que ocorre de maneira natural pela ação do vento (anemófila) em
meados de setembro e outubro, meses onde há a liberação do pólen dos mingotes
maduros. Quando ocorre a polinização, o ciclo de formação do pinhão é de 20 a 24
meses, quando a pinha fica madura e libera as sementes. Por isto, normalmente são
vistas pinhas de dois estágios de desenvolvimento nas araucárias femininas
(ANSELMINI et al., 2006).
Os pinhões que são as sementes das Araucárias, normalmente possuem entre 3
e 8 cm de comprimento, por 1 a 2 cm de diâmetro, pesando aproximadamente de 8,7 g
sendo sua forma obovada-oblonga e ápice terminando em espinho achatado, e curvo
para a base (CAVALHO, 2003; REITZ et al., 1988).
Sua maturação acontece entre os meses de fevereiro a dezembro, dependendo
de suas variedades.
De acordo com Mattos (1994), a Araucária demora de 15 a 20 anos para iniciar a
produção de sementes (pinhão) após o plantio, porém passado esse período de espera
a sua produção abundante pode ultrapassar dos 200 anos.
A Araucária ocorre de forma natural no Brasil, na Província Argentina de
Misiones, e no Paraguai, a 60 km do Rio Paraná (MATTOS, 1994; REITZ et al., 1988;
CARVALHO, 2003).
No Brasil a espécie está presente em aproximadamente 200.000 km²,
distribuídos entre os Estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná, sendo
encontrada também em São Paulo, sul de Minas Gerais e sul do Rio de Janeiro,
contudo, de maneira escassa (REITZ et al., 1988).
Um aspecto crucial para determinar a ocorrência natural dessa árvore, é o clima.
Em sua área de ocorrência natural, a variação da altitude define algumas variações
climáticas, que dentre outros fatores, condicionam a gênese do solo. Desta forma são
formados ambientes distintos que possibilitam a existência das diferentes associações
florestais, bem como a variação na estrutura demográfica da araucária dentro destas
associações (PUCHALSKI et al., 2006).
O aproveitamento da Araucária é praticamente total. A amêndoa encontrada no
interior dos pinhões é rica em amido, proteínas e gorduras. Sua resina quando destilada
fornece alcatrão, óleos, terebentina e breu. Sua madeira branca e nobre proporciona
variedade de aplicações, até o nó-de-pinho, originário da inversão de galhos é utilizado
principalmente para queima (THOMÉ, 1995).
A espécie também é utilizada para fins paisagísticos e ornamentais, já que a
beleza da copa é inegável independente de seu estágio de desenvolvimento, podendo,
ainda, ser usada para Árvore de Natal, “ornamento de cunho nacional” (CARVALHO,
2003; REITZ et al., 1988).
Suas sementes conhecidas como pinhões fornecem um alimento nutritivo,
apreciado por homens, aves e mamíferos que se alimentam e disseminam as sementes
da espécie (PARANÁ, 1988, citado por SANQUETTA; TETTO, 2000), sendo, deste
modo, inquestionável a sua importância alimentar e ecológica (GUERRA et al., 2002).
Ademais, o pinhão possui muita importância socioeconômica, vista que diversas
famílias de baixa renda tem nestas sementes, obtidas geralmente de povoamentos
naturais, a principal fonte de renda anual (SILVA; REIS, 2009).
Sua madeira evidencia atributos físicas e mecânicas (MAINIERI; CHIMELO,
1989, citado por CARVALHO, 2003), podendo ser usada para a produção de tábuas,
vigas, pranchões, caixas, móveis, cabos de vassouras e de ferramentas, palitos de
dente e de fósforo, fabricação de compensados, pasta mecânica e celulose, papel, lã
de seda artificial, instrumentos musicais, instrumentos de adorno, artigos esportivos,
separadores para acumuladores, mourões, telhas, entre outros. Os galhos e o refugo, e
especialmente o nó-de-pinho servem de lenha e combustível de caldeiras (REITZ et al.,
1988).
Em consequência da alta qualidade de sua madeira para construções e do alto
teor de celulose para fabricação de papel, a espécie foi durante várias décadas um dos
produtos mais importantes na exportação brasileira (KOCH E CORRÊA, 2002).
Conforme apontamentos de ABRAF (2010), na atualidade sua madeira é
empregada na fabricação de serrados e laminados, voltados a produtos de madeira
sólida, à indústria moveleira, carpintaria em geral, além de utilização reduzida na
indústria de papel, dentre outros usos.

2.2 FLORESTA COM ARAUCÁRIA

É relevante ressaltar que o termo Floresta com Araucária, não significa que essa
espécie seja majoritária, quer dizer, não cobre a totalidade do terreno, e sim, está
associada com outras espécies de árvores (THOMÉ, 1995).
Nesta questão Koch e Corrêa (2010), pontuam que este tipo de floresta é
concretizado pela dominância da araucária, que abrange aproximadamente 40% dos
indivíduos e ocupa o estrato superior.
A Floresta de Araucária é caracterizada por seu um conjunto vegetacional
recebendo diversas nomeações: pinhais, floresta de pinheiros, zona de pinhais, mata
de araucária, entre outras. Na atualidade essa terminologia empregada para as
Florestas com Araucária é a Floresta Ombrófila Mista (FOM), proposta pelo IBGE
(GUERRA et al., 2002).
Para Veloso et al. (1991) a espécie é característica e exclusiva da Floresta
Ombrófila Mista, nas formações Aluvial, Submontana, Montana e Alto Montana.
Na 2ª edição do Manual Técnico de Vegetação Brasileira (IBGE, 2012), há a
publicação que evidencia que as 4 formações da Floresta Ombrófila Mista,
supracitadas, são identificadas pelos seguintes aspectos: Aluvial: em terraços antigos
associados à rede hidrográfica; Submontana: constituindo disjunções em altitudes
inferiores a 400 m; Montana: situada aproximadamente entre 400 e 1000 m de altitude;
e Alto-Montana: compreendendo as altitudes superiores a 1000 m.
Essa espécie ainda se encontra nas zonas de tensão ecológica, com a Floresta
Estacional Semidecidual e com a Floresta Ombrófila Densa, reconhecida como Floresta
Atlântica (CARVALHO, 2003).
As florestas com araucária são recorrentes da parte do Planalto Meridional (na
região sul do país) que recobre as Bacias dos Rios Paraná e Uruguai, ocupando
pequena parte da Bacia do Rio Itajaí, capturada do Rio Uruguai em época geológica
relativamente recente (IBGE, 2012).
Conforme Hueck, (1972), citado por Sanquetta e Tetto (2000), a formação da
araucária na sua tipologia é bastante irregular. No Paraná, ela está associada
principalmente a Ilex paraguariensis (erva-mate), Ocotea porosa (imbuia), Arecastrum
romanzoffianum (palmeira). Já em Santa Cataria, a araucária também ocorre associada
com erva-mate, imbuia e, ainda, a Cedrela físsilis (cedro) e Dicksonia sellowiana
(xaxim). No Rio Grande do Sul, as florestas com araucária constituem-se de um estrato
superior com predominância ou exclusividade da araucária, ou ainda misturados com o
cedro e outras espécies arbóreas.
2.3 DESMATAMENTO E RISCO DE EXTINÇÃO

A araucária, era dominante na paisagem sul do Brasil, estudos apontam que isso
ocorreu desde a última glaciação (CARVALHO, 2003). Sua exploração, como madeira,
teve início a partir de 1600 (CAMPANHA, 1986, citado por SANQUETTA; TETTO,
2000).
A Floresta Ombrófila Mista, ou Floresta com Araucária presente no Planalto
Meridional, representava parte majoritária da cobertura vegetal dos Estados do Paraná
e Santa Catarina, competindo em potencial com a Mata Atlântica, ou como é conhecida
atualmente Floresta Ombrófila Densa, característica da faixa litorânea (THOMÉ, 1995).
200 milhões de hectares do Planalto Meridional eram ocupados pela Floresta de
Araucária, sendo que 40% eram distribuídos no Paraná, 32% em Santa Catarina, 25%
no Rio Grande do Sul e os outros estados ficam com os 3% restantes (THOMÉ, 1995).
Espalhados pelo Sul do País, os pinhais, como também são chamadas as
florestas com araucária, apresentavam o maior volume de madeira por hectare do
Brasil. Visto individualmente, a araucária apresentava na idade adulta um tronco reto e
simples, com a média de até 80 cm de diâmetro e altura superior a 30 m (THOMÉ,
1995).
Conforme Laboriau e Mattos Filho (1948), citado por GUERRA et al. (2002), a
devastação e a exploração da Araucária e suas florestas aconteciam em três etapas
conseguinte. A primeira abrangia o desbaste das árvores unicamente de valor
comercial. A segunda, no corte das árvores, numerosas, e de madeira extraordinária,
que restaram após a primeira devastação. A terceira, no incêndio do que sobrou,
visando transformar em agrícola ou pecuária uma região que era madeireira por força
da natureza. Portanto, por várias vezes, o fogo efetuou o processo completo de
destruição, queimando o pinhal sem aproveitamento.
Igualmente como ocorreu de início em todo território brasileiro, a madeira
explorada no Paraná e destinada para a exportação era retirada do litoral, como não
havia ligação deste com o planalto, locais onde as Florestas com Araucária recobriam,
se tornou o maior empecilho dessa atividade para fins econômicos. Desta maneira, os
pinheiros eram usufruídos apenas acima da serra (PARANÁ, 1990, citado por
SANQUETTA; TETTO, 2000).
No estado Paranaense dois empreendimentos foram primordiais e colaboraram
para o transporte de tábuas e toras, ocasionando no incentivo ao comércio da madeira,
que iniciou com a abertura da Estrada da Graciosa, em 1873, ligando Curitiba a
Antonina e na sequência a inauguração da Ferrovia Paranaguá-Curitiba, em 1885
(KOCH; CORRÊA, 2002). Tais eventos propiciaram que a exploração de madeira
tivesse início como uma das atividades econômicas mais importantes do Estado
(PARANÁ, 1990, citado por SANQUETTA; TETTO, 2000).
Com a Primeira Guerra Mundial em 1914, a exploração da araucária foi
exorbitante, devido ao impedimento da comercialização da madeira proveniente das
áreas de conflito, a espécie passou a atender a demanda nacional, principalmente em
São Paulo e Rio de Janeiro, sendo, ainda, exportada para a Argentina (KOCH;
CORRÊA, 2002).
Entre 1915 e 1960, exportou-se cerca de 18,5 bilhões de m³ de madeira, extraída
quase que totalmente da Floresta com Araucária. Com alto potencial para fornecimento
comercial de madeira, a Floresta com Araucária não possuía concorrente, nem mesmo
a Floresta Amazônica (KOCH; CORRÊA, 2002).
O comércio de pinheiro no mercado externo foi uma das maiores corridas de
exploração já vistas no Estado do Paraná, apresentou seu ápice no ano de 1920 até
1960, quando começaram a se esgotar as reservas naturais, que hoje beiram a
exaustão (SLOMP, 1987; REITZ et al., 1983, citados por SANQUETTA; TETTO, 2000).
A intensidade e o desregramento na exploração do pinheiro, concomitantemente
à crescente expansão agrícola, resultaram na mais avassaladora devastação
sistemática das florestas que se sabe no Estado do Paraná (SANQUETTA; TETTO,
2000).
Devido à intensa exploração do pinheiro, sem preocupações com a reposição
destas áreas, a produção madeireira tendeu ao esgotamento das reservas naturais,
prejudicando o abastecimento de matéria-prima para a indústria e alterando a
fisionomia de extensas regiões no Sul do Brasil (GUERRA et al., 2002).
Para contornar a falta de matéria-prima, iniciaram-se programas de
reflorestamento, como a Lei de Incentivos Fiscais ao Reflorestamento, utilizando,
principalmente, essências exóticas, especialmente as do gênero Pinus, que passaram a
ocupar as áreas originalmente cobertas com a Floresta Ombrófila Mista (GUERRA et
al., 2002).
Com os incentivos fiscais até 1980 foram plantados, 90.000 hectares de
Araucaria angustifolia, (GUERRA et al., 2002), dos quais, 48.703 hectares foram no
estado do Paraná (Brepohl, 1980). Contudo, nos dias de hoje, de acordo com ABRAF
ao todo existem cerca de 11.343 hectares com reflorestamentos de araucária no Brasil.
O que é uma pena, pois as florestas plantadas de araucária são úteis para manter a
variabilidade genética da espécie por meio da conservação ex situ — conservação da
espécie em populações não naturais (STEFENON et al., 2008; FERREIRA et al., 2012,
citado por DANNER et al. 2012).
A fase da imensa exploração das Florestas com Araucária ocasionou uma
devastação nunca antes vista na biodiversidade deste bioma, considerado único no
mundo. Em 2002, somando-se as reservas dos três Estados do Sul, restam cerca de
10% de florestas fortemente manejadas e de 1 a 2% das suas áreas originais cobertas
pela Floresta com Araucária (KOCH; CORRÊA, 2002; GUERRA et al., 2002).
As florestas com Araucaria angustifolia estão muito reduzidas e fragmentadas.
Estudos atuais demostram que as áreas consideradas primárias nas décadas de 70-80
não existem mais, restando somente florestas em estágio avançado, médio e inicial
(FUPEF, 2001).
É importante ressaltar que mesmo a extensão florestal estando reduzida se
comparadas à área original, cabe salientar que existem 72 Unidades de Conservação
(UCs) federais e estaduais de domínio público localizadas na área de ocorrência da
Floresta com Araucária no Brasil, totalizando 8.858,58 km2, entretanto, esta área
engloba também os campos não cobertos pelas florestas (DANNER et al., 2012).
A exploração desenfreada da araucária e sua Floresta fez com que a espécie
entrasse para Lista Oficial de Espécies da Flora Brasileira Ameaçada de Extinção,
através da Portaria do IBAMA Nº 06-N, de 15 de janeiro de 1992.
O Art. 2º da Portaria Nº 443/14 estabelece que as espécies constantes na Lista
classificadas nas seguintes categorias de grau de risco: Extintas na Natureza (EW),
Criticamente em Perigo (CR), Em Perigo (EN) e Vulnerável (VU), sendo a Araucaria
angustifolia enquadrada com grau “Em Perigo” — ficam protegidas integralmente,
incluindo a proibição de coleta, corte, transporte, armazenamento, manejo,
beneficiamento e comercialização, dentre outras.

3 CONCLUSÃO

O referida pesquisa de cunho bibliográfico pontua que a Araucária é uma espécie


que necessita ser conservada por intermédio do uso e não pela proibição, haja vista
suas inúmeras possibilidades de utilização, porém sugere-se que mais estudos sejam
realizados visando o conhecimento da autoecologia da espécie e sua dinâmica na
Floresta Ombrófila Mista, assim como das técnicas silviculturais a serem empregadas
na implantação de reflorestamentos com araucária, sejam eles puros ou consorciados
com outras espécies.
É relevante destacara necessidade de se intensificar a fiscalização para que os
desmatamentos ilegais não ocorram, pois os poucos remanescentes da Floresta
Ombrófila Mista devem ser conservados e recuperados para que futuramente possam
ser manejados de maneira sustentável.
Conclui-se que espécie em estudo é de suma importância não apenas na
diversidade do bioma brasileiro como também nos aspectos econômicos, cultural e
social principalmente para o Sul do Brasil.
REFERÊNCIAS

ANSELMINI, J. I.; ZANETTE, F.; BONA, C. Fenologia reprodutiva da Araucaria


angustifolia (BERT.) O. KTZE, na região de Curitiba - PR. Floresta e Ambiente. V.13,
n.1, p. 44 - 52, 2006.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE PRODUTORES DE FLORESTAS PLANTADAS


(ABRAF). Anuário estatístico da ABRAF 2010 ano base 2009/ ABRAF. Brasília,
2010.

CARVALHO, P. E. R. Espécies Arbóreas Brasileiras. 1 ed. Brasília: Embrapa


Informação Tecnológica; Colombo, PR: Embrapa Florestas, 2003.

DANNER, M. A.; ZANETTE, F; RIBEIRO, J. Z. O cultivo da araucária para produção de


pinhões como ferramenta para a conservação. Pesquisa Florestal Brasileira,
Colombo, v. 32, n. 72, p. 441-451, out./nov. 2012.

FIGUEIREDO FILHO, A.; ORELLANA, E.; NASCIMENTO, F.; DIAS, A.N.; INOUE, M.T.
Produção de sementes de Araucaria angustifolia em plantio e em floresta natural no
Centro-Sul do Estado do Paraná. Revista Floresta, Curitiba: v.41, n.1, p.155-162,
2011.

GUERRA, M. P.; SILVEIRA, V,; REIS, M. S.; SCHNEIDER, Li. Exploração, manejo e
conservação da araucária: araucaria angustifolia. In: SIMÕES, Luciana Lopes; LINO,
Clayton Ferreira. Mata Atlântica: a exploração de seus recursos florestais. 2.ed. São
Paulo: SENAC, 2002, p.85-102.

KOCH, Z.; CORRÊA, M. C. Araucária: A Floresta do Brasil Meridional. Curitiba: Olhar


Brasileiro, 2002.

MATTOS, J.R. O pinheiro brasileiro. 2. ed. Lages: Artes Gráficas Princesa, 1994.

PUCHALSKI, A.; MANTOVANI, M; REIS, M. S. Variação em populações naturais de


Araucaria angustifolia (Bert.) O.Kuntze associada a condições edafo climáticas.
Scientia Forestalis, n. 70, p. 137-148, abril 2006.

REITZ, R.; KLEIN, R. M.; REIS, L. A. Madeira do Rio Grande do Sul. 1. ed. Porto
Alegre: Governo do Rio Grande do Sul, 1988.

SANQUETTA, C. R.; TETTO, A. F. Pinheiro do Paraná: Lendas & Realidades.1. ed.


Curitiba: Fundação de Pesquisas Florestais do Paraná, 2000.

SHIMIZU, J.Y.; OLIVEIRA, Y.M.M. Distribuição, variação e usos dos recursos


genéticos da araucária no sul do Brasil. Curitiba: EMBRAPA-URPFCS, 1981.
SILVA, C.V.; REIS, M.S. Produção de pinhão na região de Caçador, SC: aspectos da
obtenção e sua importância para comunidades locais. Ciência Florestal, Santa Maria,
v.19, n.4, p.363-374, 2009.

SOLÓRZANO FILHO, J. A.; KRAUS, J. E. Breve história das matas de Araucária.


Revista Forest 99, Rio de Janeiro, p. 37-40, 1999.

THOMÉ, N. Ciclo da Madeira: Histórico da devastação da Floresta da Araucária e do


desenvolvimento da Indústria da Madeira em Caçador e na Região de Contestado no
século XX. Caçador: 1. ed. Caçador: Universal, 1995.

Você também pode gostar