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UNIVERSIDADE MANDUME YA NDEMUFAYO

FACULDADE DE ECONOMIA
LUBANGO

Departamento de Contabilidade e Gestão

MANUAL DE CONTABILIDADE
FINANCEIRA

Lubango, Março de 2016

Os Docentes

Adelaide Andrade Edson Bandeira Julieta André


Índice
PARTE I....................................................................................................................... 4
Introdução .................................................................................................................... 4
1 - Origem da contabilidade como actividade ........................................................ 4
2– Evolução da contabilidade ................................................................................. 4
3- Noção, Objecto e Finalidade da Contabilidade ................................................. 6
3.4.- Divisões da Contabilidade .............................................................................. 7
CAPÍTULO I – EMPRESA .......................................................................................... 8
1.1. – Noção e Classificação da Empresa ............................................................ 8
1.2. Agentes económicos ........................................................................................ 13
1.3. A Empresa como sistema aberto ................................................................ 14
1.4. – As Operações da Empresa - Os fluxos ........................................................ 16
1.5. – Os Fluxos da Empresa e a Contabilidade ................................................... 19
CAPÍTULO II – CONCEITOS FUNDAMENTAIS DE CONTABILIDADE E
INTRODUÇÃO À TÉCNICA CONTABILÍSTICA.................................................... 30
2.1. Património: Noção e e Seus Elementos Constitutivos ................................... 30
2.2 – Inventário: Noção e Classificação ................................................................ 42
2.3 – Balanço: Noção e Classificação .................................................................... 47
2.4. Equação Fundamental da Contabilidade ...................................................... 54
2.5. A Conta: Noção e Classificação ..................................................................... 63
2.6. Método de Registo Contabilístico .................................................................. 78
2.7. Lançamentos e suas Espécies ......................................................................... 81
CAPÍTULO III - NORMALIZAÇÃO CONTABILÍSTICA ...................................... 101
3.1. Introdução .................................................................................................... 101
3.2. Normalização contabilística em Angola ...................................................... 102
3.3. Noções do Plano de contas ........................................................................... 103
PARTE II ................................................................................................................. 105
4.1. Meios Fixos e Investimentos .............................................................................. 105
4.2. Imobilizações Corpóreas ......................................................................... 106
4.3. Imobilizações Incorpóreas ....................................................................... 116
4.4. Imobilizações em Curso .......................................................................... 118
4.5. Investimentos financeiros ........................................................................ 118
5.1.Existências ...................................................................................................... 124
5.1.1. Introdução ............................................................................................... 124
5.1.2. Movimentação das Existências ................................................................ 125
5.1.3. Critérios de Valorimetria das Existências................................................. 128
5.1.4. Descontos e Abatimentos ........................................................................ 130
5.1.5. Adiantamentos ........................................................................................ 131
5.1.6. Ofertas de Existências ............................................................................. 133
5.1.7. Provisões para a Depreciação de Existências ........................................... 133
5.2.Terceiros ......................................................................................................... 135
CAPÍTULO VI – OPERAÇÕES DO CICLO DE FINACIAMENTO ....................... 136
6.1. Capital Próprio ............................................................................................... 136
6.2. Passivo não Corrente ...................................................................................... 137
CAPÍTULO VII. OPERAÇÕES DE FIM DE EXERCÍCIO ...................................... 138
7.1. Introdução ...................................................................................................... 138
7.2. regularização das Contas e balancete Rctificado ............................................. 138
7.3. Lançamentos de Apuramento de Resultados ................................................... 139
7.4. Balancete Final ou de Encerramento............................................................... 143
BIBLIOGRAFIA ...................................................................................................... 144
APONTAMENTOS DE CONTABILIDADE FINANCEIRA II

PARTE I
Introdução

1 - Origem da contabilidade como actividade

Segundo a maioria dos autores a contabilidade surge da necessidade


sentida pelo homem de preencher as deficiências de memória, mediante um
processo de classificação e registo que lhe permitisse recordar facilmente
as variações sucessivas de determinadas grandezas, para que em qualquer
momento pudesse saber a sua extensão.

2– Evolução da contabilidade

O estudo da contabilidade é bastante antigo, pois desde tempos


remotos que o homem já se preocupava em controlar sua riqueza, afinal à
medida que o homem desenvolvia um património, era necessário que ele
procurasse desenvolver procedimentos para determinar as suas posses e
avaliar as mesmas.

Os primeiros sinais objectivos de existência de contas remontam


aproximadamente a 2000 anos a.c. na civilização da Suméria e da
Babilónia (hoje Iraque), no Egipto e na China

Teve uma evolução lenta até o aparecimento da moeda.

O seu florescer como disciplina adulta e completa, deu-se nas cidades


italianas de Veneza, Génova e Florença que a partir do século XIII até ao
início do século XVII fervilhavam de actividade mercantil, económica e
cultural.

Pode-se destacar dois períodos:

- Período empírico, onde se verifica um registo simplista dos dados


(dos 1ºs tempos a 1494)

- Período científico

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O período científico é marcado pelo surgimento do método das


partidas dobradas em 1494 no famoso “Tractus XI Particularis de Computis
et Scriptures), escrito pelo frade italiano Luca Pacioli.

Este período tem as seguintes fases:

-Legalista – de 1494 a 1920

- Económica – de 1920 a 1950

- Formalista de 1950 até os dias de hoje

O método das partidas dobradas não sugeria o registo de dois factos,


mas sim, um só fenómeno, sob dois aspectos contabilísticos:

- O de seu débito (efeito) e do seu crédito (causa) obrigatoriamente


interligados.

Com o método das partidas dobradas, surge a obrigatoriedade


metodológica de sempre se explicar, pelo registo, a causa e o efeito do que
acontece. Este método representa não só um procedimento técnico, mas um
meio importante de controlo.

A contabilidade desde o seu aparecimento, com objecto e finalidades


bem definidas, tem sido considerada como instrumento, como técnica e
como ciência.

Ciência - porque obedece a regras e guias, chamados princípios de


contabilidade geralmente aceites (PCGA).

Técnica – o seu processamento é feito através da observação, recolha,


classificação registo e análise – exige observação, raciocínio e método.
Actualmente com o desenvolvimento das técnicas de gestão, a
contabilidade não se limita apenas a recolher dados históricos é também
uma técnica eficiente de gestão.

Instrumento – é indispensável e importante para a gestão das


empresas, pelos dados e informações que é susceptível de fornecer (por
exemplo: quanto possui a empresa, qual o valor dos stocks em armazém,
posição devedora ou credora com relação aqueles com quem a empresa
estabelece relações comerciais, etc.).

Um certo conhecimento da contabilidade é necessário a quem quer


participar com o mínimo de inteligência na vida financeira, económica e
social no tempo actual.
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3- Noção, Objecto e Finalidade da Contabilidade

3.1.- Noção de Contabilidade

É difícil estabelecer uma noção clara e ao mesmo tempo completa que


abranja o campo de estudo da contabilidade.

Algumas noções:

1) “ A Contabilidade é uma doutrina do controlo económico e da


determinação do rédito em qualquer espécie de empresa” – Tessanova

2) “ A Contabilidade é a ciência do património” – Masi

3) “A Contabilidade é a disciplina que estuda os processos


seguidos nas unidades económicas para a revelação da gestão” – Zappa

4) Segundo o Professor Gonçalves da Silva (Contabilidade Geral,


vol. I, p. 58), a Contabilidade é a técnica da revelação patrimonial. A
revelação consiste na descrição, na colocação em evidência, de
determinados factos.

O autor faz a diferenciação entre:

- “A contabilidade em stricto sensu, ou seja escrituração, que é a


técnica de registo e de representação de todas as transformações sofridas
pelo património de qualquer entidade económica durante o exercício da sua
actividade, de modo a saber em qualquer momento a sua composição e o
seu valor”.

- A contabilidade lactu sensu que é a ciência dos processos descritivo-


quantitativos utilizados na análise, registo, interpretação e controlo dos
factos de gestão. Visa «quantificar» tudo o que ocorre numa unidade
económica fornecendo, simultaneamente, dados para a tomada de decisões
de gestão”.

3.2.- Objecto da Contabilidade

A contabilidade geral está preocupada com os registos apropriados,


possibilitando um conhecimento do montante dos activos e passivos do
valor exacto do património líquido e dos resultados. Ela deve informar dia
após dia sobre o andamento da empresa, sobre os factos passados, presentes
e futuros (previsões).

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3.3. - Finalidade da contabilidade

Para além do aspecto histórico, constitui-se uma finalidade importante


da contabilidade, o fornecimento de informações e orientação de carácter
económico-financeiro, sem os quais a administração da entidade não dispõe
de elementos para a tomada de decisões.

A contabilidade, cujo papel é apresentar a empresa do ponto de vista


de valores, pode ser bem entendida apenas a partir de um bom
conhecimento da empresa.

O capítulo I vai fazer uma breve descrição da empresa e seus fluxos


internos e externos.

3.4.- Divisões da Contabilidade

Tendo em conta o objectivo da contabilidade de quantificar o que


ocorre numa unidade económica, facilmente se compreende a necessidade
de estabelecer critérios fundamentais com vista a classificação dos
múltiplos acontecimentos (factos). Pode-se observar dois tipos de factos
segundo a zona em que se situam:
a) Zona externa ou de contacto com o ambiente ou meio exterior
onde a empresa desenvolve a sua actividade.
b) Zona interna - em que se desenvolve propriamente a actividade
produtiva da empresa.

Com base nesta distinção temos:


- Contabilidade externa, geral ou financeira, que regista as operações
externas da empresa, ou seja aquelas que respeitam à empresa no seu todo:
apura o lucro global da empresa e elabora o balanço anual. Os seus
principais utilizadores são entidades externas, tais como: Estado,
investidores, empregados, financiadores, fornecedores e outros credores,
clientes, e público.
- Contabilidade interna, de custos ou analítica, que regista as
operações efectuadas no seio da empresa (internas) visa o apuramento de
resultados. A contabilidade geral dá-nos a situação económico-financeira
global da empresa perante o exterior (endividamento, responsabilidades
etc.) em concordância com os preceitos legais. A contabilidade interna
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permite um controlo mais directo e pormenorizado das actividades da


empresa.

CAPÍTULO I – EMPRESA
1.1. – Noção e Classificação da Empresa

1.1.1. – Noção de Empresa


As empresas, células base da actividade económica, são entendidas
vulgarmente como conjunto organizado de meios materiais e humanos
virados para a produção de bens e serviços.

São constituídas sem um horizonte temporal definido, contudo à


semelhança das demais organizações, têm um ciclo de vida limitado o qual
pode ser dividido em três fases:

1ª – Institucional (criação) – em que se decide a sua criação, através


da obtenção e combinação dos recursos necessários para a sua entrada em
funcionamento.

2ª – Funcionamento ou execução - na qual se desenvolve todo o


processo de transformação, ou seja, o da produção de bens e serviços, com
vista a obtenção de certos resultados.

3ª – Liquidação – na qual se procede a extinção da empresa.

Sendo a fase de execução a de mais longa duração, e tendo em conta a


necessidade de se obter informações regulares sobre o andamento dos
negócios, houve a necessidade de a dividir em intervalos de tempo, no fim
dos quais se apuram resultados, se elabora o balanço, se discute a actuação
da direcção, se aprovam as contas, etc.

A cada um desses períodos normalmente coincidentes com os anos


civis, designa-se por período administrativo. A parte da gestão
correspondente a cada período administrativo denomina-se exercício
económico.

Existem várias definições. Especialistas de diferentes áreas têm


definido a empresa consoante os seus pontos de vista.

Segundo o Dicionário de contabilidade 1978, a empresa é definida


como “ um conjunto de factores de produção reunidos sob a autoridade de
um indivíduo (empresário) ou de um grupo, com o objectivo de realizar um
determinado rendimento monetário, através da produção de bens e
serviços.”

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Vamos optar pela definição mais geral adoptada pela Contabilidade


nacional Francesa que define a empresa com sendo:

“Um organismo financeiramente independente, produzindo para


o mercado bens e serviços”

Da definição existem três aspectos muito importantes:

1 – Produção – quer dizer que a empresa cria (ou transforma) bens ou


serviços para a satisfação das necessidades dos indivíduos e de outras
empresas.

(Exemplos: empresa de criação ou produção de bens – fábrica de


cervejas; empresa de produção de serviços – Angola Telecom).

2- A empresa produz para o mercado – ou seja vende os bens ou


serviços produzidos.

3– Financeiramente independente – ou seja tem autonomia de


produzir e vender sob sua responsabilidade e risco.

Podemos esquematizar a empresa da seguinte forma:

RECURSOS
HUMANOS

Combinação + Para

RECURSOS ATINGIR
EMPRESA = MATERIAIS OBJECTIVOS

RECURSOS
FINANCEIROS

- Recursos humanos (pessoas) – homens e mulheres que garantem o


funcionamento da empresa.

- Recursos materiais tecnologia, instalações, máquinas.

- Recursos financeiros – que podem ser recursos próprios – capital próprio,


ou de outras pessoas ou entidades - capital alheio.

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- Alcançar objectivos – objectivos pré definidos nos planos elaborados.

1.1.2 – Classificação da Empresa

Existem vários critérios de classificação de empresa. No entanto,


apresenta-se a seguir três por serem as mais importantes para o curso: do
ponto de vista Jurídico, da sua dimensão e o ramo de actividade.

1.1.2.1 – Do ponto de vista jurídico

Se considerarmos o proprietário ou dono da empresa, distingue-se:


empresa individual e empresa colectiva e de acordo com a lei das empresas
comerciais.

1.1.2.1.1 – Empresa individual (singular) – pertence a um indivíduo, um só


dono. O elemento que as distingue situa-se no regime de responsabilidade
do seu titular:

a) – Comerciante em nome individual – pessoa com capacidade de


praticar actos de comércio e fazer disso sua profissão (em todo ou em
parte).

Características:

– A empresa é constituída por uma pessoa só, que afecta


determinados bens próprios à actividade económica;

- O comerciante tem responsabilidade ilimitada (ou seja todos os


seus bens respondem para o pagamento de dívidas).

b)- Estabelecimento individual de responsabilidade limitada (EIRL)

Características:

- São constituídas por escritura pública, afectando determinados


bens à actividade

- Em caso de dívida só os bens afectos a actividade respondem.

1.1.2.1.2 – Empresa colectiva (sociedade) - Reúne capitais ou fundos


de várias pessoas (duas ou mais pessoas).

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De acordo com o grau de responsabilidade dos associados temos:


Sociedades anónimas, sociedades por quotas, sociedades em nome
colectivo e sociedades em comandita.

a) Sociedades anónimas (S.A.) – são sociedades de capital, acolhem


preferencialmente grandes empresas.

Características:

- O capital encontra-se repartido em parcelas denominadas


acções.

- Aos detentores das acções dá-se o nome de accionistas. A


responsabilidade dos accionistas é limitada ao valor das acções
que subscrever.

Ex: Nova Sotecma, S.A.

b) Sociedades por Quotas – são constituídas por escritura pública.

Características:

- O capital social está dividido em quotas (ou seja a parte em


percentagem com que cada sócio entrou na sociedade).

- A responsabilidade dos sócios é limitada ao valor das quotas.

Ex. Ofeka Yetu, Lda.

c) Sociedades em nome colectivo

Características:

- O sócio além de responder pela sua entrada, responde


ilimitadamente pelas obrigações sociais, subsidiariamente em
relação a sociedade e solidariamente com os outros sócios.

Ex: Mota & Cª.

d) Sociedades em Comandita

Neste tipo de sociedade existem dois tipos de sócios os


comanditados e os comanditários.

- Comanditados – contribuem apenas com os seus conhecimentos


técnico profissionais, são gerentes da sociedade, têm capacidade
de decisão. Têm responsabilidade ilimitada.

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- Comanditários – são detentores do capital, não intervêm no


movimento dos negócios nem na administração da sociedade.
Têm responsabilidade limitada.

- As sociedades em comandita podem ser:

. Por acções – quando as participações dos sócio comanditários


são representadas por acções.

. Simples - quando não existe representação do capital social


por acções

Ex. Jesus & Cta.

1.1.2.1.3 – Empresas Públicas e ou Mistas

Empresas públicas - pertencem na sua totalidade ao estado. (Ex:


ENE, EP)

As empresas mistas pertencem uma parte ao estado e a outra parte é


privada.

1.1.2.2 – Classificação das empresas do ponto de vista da sua dimensão

Deste ponto de vista as empresas classificam-se em pequenas, médias


e grandes empresas. O critério para esta classificação é o número de
empregados, o volume de vendas e o capital utilizado.

De acordo com a Lei das Micro, Pequenas e Médias Empresas1 temos


a seguinte classificação, tendo em conta duas variáveis: o número de
trabalhadores efectivos e o volume da facturação total anual, sendo este
último o prevalecente sempre que for necessário decidir sobre a
classificação da empresa.

Neste sentido, consideram-se:

a) Micro Empresas:

1- Nº de trabalhadores - até 10

2- Facturação bruta não superior em Kz equivalente a USD


250.000/ano

b) Pequenas empresas:

1 Nº de trabalhadores - mais de 10 e até 100.

1
Lei nº 20/11 de 13 de Setembro
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2 –Facturação bruta em Kz superior ao equivalente em USD


250.000 e igual ou inferior a USD 3.000.000 por ano.

c) Médias empresas

1- Nº de trabalhadores - mais de 100 até 200

2- Facturação bruta em Kz superior ao equivalente em USD


3.000.000 e igual ou inferior a USD 10.000.000 ano.

1.1.2.3 – Classificação do ponto de vista do ramo de actividade

A empresa pode ser classificada consoante a natureza e origem dos


seus produtos e ou serviços. Esta natureza divide a empresa pelos vários
sectores da actividade económica:

- Sector primário – agricultura, silvicultura e pesca.

- Sector secundário – Industrias transformadoras.

- Sector terciário – empresas que prestam serviços.

De acordo com actividade desenvolvida podemos ainda classificar as


empresas em comerciais, industriais e agrícolas.

- Empresas comerciais – o seu objecto é a revenda de mercadorias


sem qualquer transformação.

- Empresas Industriais – Transformam as matérias-primas e


materiais que adquirem em produtos acabados ou mercadorias (ou
seja a função compra não se segue a função venda, como na empresa
comercial, mas a função produção ou fabricação.

1.2. Agentes económicos

No desenvolvimento da sua actividade económica, a empresa


estabelece relações, umas viradas para os aspectos internos, outras para o
exterior. Estas relações traduzem-se por fluxos de bens e serviços, aos
quais correspondem usualmente fluxos monetários de sentido inverso.

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Os agentes económicos são indivíduos, instituições ou conjunto de


instituições que através das suas decisões e acções, tomadas racionalmente,
influenciam de alguma forma a economia.

São considerados como agentes económicos os seguintes:

a) As famílias – que tomam decisões sobre o consumo de bens e a


oferta de trabalho.

b) As empresas – que tomam decisões sobre o investimento em


equipamentos e outros meios de produção de bens intermediários
e de consumo, sobre a procura de trabalho e de outros factores
produtivos necessários à produção.

c) O Estado – que toma decisões de consumo, de investimento e de


política económica (fornece aos outros agentes serviços públicos).

d) Instituições financeiras (capital) – através delas transitam a maior


parte dos fluxos monetários (bancos, seguros, etc.).

e) Devemos ainda incluir um quinto agente, ao qual se chama resto


do mundo ou exterior – representa todos os agentes externos à
economia. Este agente está presente em todas as economias
mundiais, quando esta é uma economia aberta.

1.3. A Empresa como sistema aberto

Os diversos agentes económicos matêm relações entre si. A este


conjunto de relações dá-se o nome de Circuito Económico. O circuito
económico pode ser analisado segundo duas ópticas:

Circuito real- quando no circuito não há intervenção da moeda;

Circuito monetário – quando no circuito há intervenção da moeda.

Neste sentido, o circuito económico é formado pelo conjunto do


circuito real com o circuito monetário.

No esquema seguinte apresenta-se a relação entre a empresa e os


outros agentes económicos:

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Figura 1. Esquema Conceitual da Actividade Económica da Empresa

O esquema corresponde à segunda fase do ciclo de vida da empresa (o


funcionamento). Para o seu funcionamento a empresa estabelece relações
com o seu meio ambiente interno e externo.

- Ambiente interno – no qual se desenvolve a actividade produtiva da


empresa com a combinação de todos os factores de produção (matérias
primas, mão de obra, energia, etc.), com vista à produção de bens e
serviços.

Estas relações que se estabelecem internamente chamam-se operações


internas.

- Ambiente externo – para o desenvolvimento de todo o processo de


transformação – produção de bens serviços – é preciso que a empresa tenha
relações com o exterior:

1. Os seus fornecedores - que fornecemos factores de produção


(matérias primas, mercadorias, energia, etc.);

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2. Com o Estado - que define as regras por que se deve reger;

3. Com os financiadores - que colocam os fundos necessários à sua


disposição para desenvolver a sua actividade;

4.Com os clientes - que adquirem os bens e serviços.

Estas relações com o exterior são chamadas operações externas.

Assim, a empresa aparece como um centro de troca de fluxos reais e


quase reais com os fluxos financeiros. Ou seja a empresa está inserida entre
o mercado dos fornecedores de bens e serviços (input ou insumos) a
montante e o mercado de consumidores (output) a jusante.

Esta abordagem apresenta a empresa como um sistema aberto.

1.4. – As Operações da Empresa - Os fluxos

Para o desenvolvimento das suas actividades, a empresa realiza


operações de Investimento, de financiamento e de exploração. Neste
sentido, passar-se-á a discutir sobre cada uma delas.

1.4.1 – Operações de Investimento

As operações de investimento referem-se ao conjunto de acções


relacionadas com a análise e selecção de investimentos.

Normalmente são realizadas na criação da empresa, renovação de


equipamentos, novos investimentos devido ao crescimento da empresa. (ex:
ampliação de uma fábrica).

Nas pequenas empresas os investimentos são poucos e podem ser


realizados entre 2 a 5 anos. Nas grandes empresas pode haver
frequentemente investimentos de substituição ou de renovação.

Pode-se dizer que estas operações se enquadram no âmbito das


decisões estratégicas (Médio e Longo prazos).

1.4.2 – Operações de Financiamento

As operações de financiamento correspondem ao conjunto de acções


conducentes à obtenção de fluxos necessários para as operações de
investimento e às necessidades de financiamento do ciclo de exploração.

Nestas operações distinguem-se dois aspectos:

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1 – Aspectos financeiros – são os financiamentos de capital e que têm


uma natureza estratégica. Envolvem valores altos e são de longo prazo. A
sua origem pode ser própria ou alheia.

2 – Aspectos de tesouraria – que é caracterizado pelo ciclo de


exploração (é importante para o cálculo do fundo de maneio).

1.4.3 – Operações de Exploração ou Ciclo de Exploração

Correspondem as actividades de exploração do negócio da empresa –


aprovisionamento, produção e comercialização.

Estas operações são muitas e têm a característica de serem cíclicas ou


renováveis. Ou seja durante a vida da empresa desenvolvem-se ciclos
económicos ou ciclos de exploração que se renovam frequentemente e que
permitem realizar o seu objecto social.

Fases do ciclo de exploração:

- No comércio – aprovisionamento e venda.

Embora em todas as empresas se verifique uma circulação interna de


valores pode-se dizer que nas empresas comerciais às compras (de
mercadorias) se sucedem directamente as vendas

O desenvolvimento harmonioso, regular e contínuo do processo de


exploração è assegurado pela armazenagem das mercadorias.

- Na indústria – aprovisionamento, transformação e venda.

Nas empresas industriais o processo de produção assume toda a sua


importância: entre as compras (de matérias primas) e as vendas (de
produtos acabados) situa-se todo um ciclo de transformações, utilizando
determinada tecnologia e exigindo determinado equipamento fabril.

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APONTAMENTOS DE CONTABILIDADE FINANCEIRA II

Nas empresas industriais, o desenvolvimento regular e contínuo do


processo de exploração è assegurado pela armazenagem das matérias (a
montante da produção) e pela armazenagem dos produtos fabricados (a
jusante da produção), armazenagens que possibilitam a utilização óptima
dos factores produtivos e permitem o escoamento daqueles bens consoante
as conveniências.

1ª - Fase de Aprovisionamento (logística) – nesta fase a empresa deve


abastecer-se com os objectos de trabalho (matérias primas e materiais,
combustíveis, etc.). Para isso necessita de concluir contratos de relações
com outras empresas ou pessoas.

Este processo de aquisição de valores materiais é expresso por meios


monetários.

Nesta fase são conjugados os gastos de compras de matérias- primas,


materiais, mão-de-obra, transporte, etc., tudo isso expresso em dinheiro.

A fase de aprovisionamento representa um aspecto financeiro.

2ª– Fase de Produção (transformação) – é ligada à incorporação e


transformação de diversos materiais adquiridos na fase de
aprovisionamento (matérias - primas e materiais), através do trabalho
humano, se transformam em produtos acabados.

Esta fase também é conjugada com certos gastos com a produção,


salários, consumos de matérias-primas e subsidiarias, consumo de energia e
combustível, etc.).

A fase de produção representa um aspecto produtivo ou económico.

3ª – Fase de Distribuição ou Comercialização – os produtos acabados,


fabricados no processo de produção destinam-se à comercialização.

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APONTAMENTOS DE CONTABILIDADE FINANCEIRA II

Nesta fase a empresa realizando (vendendo) a sua produção, terá não


só de reembolsar todos os seus gastos de aprovisionamento, de produção,
incluindo os da própria comercialização etc.

Também precisa obter um certo excesso, ou seja lucro, para que a


empresa possa novamente iniciar a rotação dos seus meios económicos.

A fase de comercialização é conjugada com gastos de vendas.

1.4.4 – Ligação entre as Operações de Exploração e as


Operações de investimento

A exploração determina a natureza e o volume do investimento.

O investimento a realizar é função daquilo que se pensa explorar.

O comerciante constrói ou adquire o armazém, instalações que


constituem o seu investimento em função do tipo de actividade comercial
que pensa realizar.

O investimento por sua vez também condiciona a exploração. A


natureza e volume da exploração estão directamente ligados ao
investimento.

1.5. – Os Fluxos da Empresa e a Contabilidade

1.5.1 – Ambiente Externo

1.5.1.1 – As operações com o exterior

As relações que a empresa realiza com os outros agentes económicos


têm um carácter bilateral (troca).

Exemplo: compra a pronto pagamento de mercadoria no valor de kz


25 000,00:

Neste caso a empresa recebe mercadoria para a revenda e paga em


dinheiro.

mercadorias

Fornecedor Empresa A

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APONTAMENTOS DE CONTABILIDADE FINANCEIRA II

Dinheiro

De acordo com o esquema:

A empresa A adquire mercadorias com base em dinheiro ( ou fundo),


entrega ao fornecedor Kz 25.000,00.

Os Kz 25.000,00 que a empresa entregou ao fonecedor, representam


um meio para obter a mercadoria – ou seja o uso dos fundos.

Por sua vez o fornecedor deixa de ser o dono da mercadoria para


receber os Kz 25.000,00 – dinheiro.

A palavra uso ou utilização designa o valor obtido por cada agente em


troca do recurso que foi fornecido.

No exemplo, para a empresa A:

-Utilização – mercadoria (bem Y)

- Recurso – liquidez (dinheiro)

Para o fornecedor

- Utilização – liquidez (dinheiro)

- Recurso – mercadoria

Aqui as palavras recurso e utilização são utilizadas no sentido exacto:


recurso – no sentido de fonte de valor e utilização – no sentido de aplicação
do valor.

1.5.1.2 – Tipos de Fluxos Externos

Temos os fluxos reais de bens e serviços, os fluxos quase reais e os


fluxos financeiros.

1 – Fluxos reais de bens e serviços – vendidos pelas empresas, podem


ser entendidos consoante o ponto de vista de cada agente económico:

- Do ponto de vista do vendedor – estes fluxos constituem um recurso,


ou seja fluxos que saem da empresa como mercadorias.

- Do ponto de vista do comprador – estes fluxos são considerados


como investimentos (compra de equipamento ou materiais) ou compra de
mercadorias ou matérias- primas (para as operações de exploração) –
fluxos que entram na empresa.

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APONTAMENTOS DE CONTABILIDADE FINANCEIRA II

2– Fluxos quase reais – são prestações de serviços fornecidos para


outros agentes económicos para além das empresas industriais e
comerciais. Dividem-se em:

¾ Fluxos de prestações de serviços – cuja medida é o salário e


encargos sociais.
trabalho

Pessoal Empresa

salário

¾ Fluxos de prestações financeiras – cuja medida é o montante


dos juros a pagar.
Serviços financeiros

Prestadores Empresa

Juros

¾ Fluxos de prestações públicas – cuja medida indirecta é o


montante de impostos a pagar.
Serviços públicos

Estado Empresa
Impostos

¾ Fluxos financeiros – são a contrapartida imediata ou mediata –


uma determinada quantia de meios monetários ou
simplesmente moeda. Decompõe-se em

ü Fluxo monetário ou semi moeda (cheque).

ü Fluxo de crédito – (dívida) – trata-se de compra à


prazo, isto é não há troca imediata entre o fluxo
real e o monetário.

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APONTAMENTOS DE CONTABILIDADE FINANCEIRA II

Significa que os clientes fazem compras e não pagam o valor


correspondente da mercadoria (ou produto) imediatamente (ou na
hora) – são devedores enquanto não pagarem as dívidas.

Os fornecedores (vendedores) – fazem as vendas a prazo e são


credores enquanto os clientes não pagam as dívidas.

Bem Y
Empresa A Empresa B
(comprador) (vendedor)
Crédito

Os fluxos de crédito representam por um lado :

- Uma dívida – para o comprador (ou seja um recurso que


permite obter o uso de um bem Y;

Por outro lado:

- Um crédito do vendedor, pelo uso obtido com o apoio do


recurso do bem Y.

1.5.1.3- Valor dos fluxos externos

1.5.3.3.1- Fluxos financeiros – os valores destes fluxos são conhecidos


sem qualquer dúvida, porque, são inscritos nos documentos de base que
dão suporte aos fluxos.

Exemplo: nota de Kz100,00, de Kz 2 000,00, valor do cheque, etc.,


documentos comprovativos do crédito como a factura, recebimento da
dívida.

1.5.1.3.2 – Fluxos reais e monetários – de uma forma geral estes


fluxos têm como contrapartida um fluxo financeiro e são avaliados os
montantes destes fluxos.
Bem y ( kz 100,00)

Fornecedor Empresa

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APONTAMENTOS DE CONTABILIDADE FINANCEIRA II

Dinheiro ou dívida

O valor do fluxo do bem Y –Kz 100,00 é um valor externo, igual ao


preço definido o contrato.

Existe ainda um caso particular em que um fluxo real ou semi real


pode também ter como contrapartida um outro fluxo real ou semi real.

Ex: camponeses trocam os seus produtos agrícolas com os produtos


acabados de uma fábrica.

A seguir apresenta-se um esquema resumo referente às actividades


económicas da empresa.
Figura 1.2. Esquema dos Principais Fluxos Financeiros concernentes ao agente económico
“Empresa” a nível nacional

Legenda:
a) Pagamento de salários
b) Pagamento de compras de bens e serviços pelas famílias.
c) Pagamento de impostos (pela empresa).
d) Subvenções do estado.
e) Pagamento de bens e serviços pelas administrações públicas
(públicas e privadas)
f) Pagamento de bens e serviços pelas instituições financeiras.
g) Pagamento de importações.
h) Pagamento de exportações
i) Empréstimos das instituições financeiras às empresas.
j) Pagamento de juros
l)Pagamento dos dividendos aos proprietários (famílias).
m) Reembolso dos empresários.

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APONTAMENTOS DE CONTABILIDADE FINANCEIRA II

1.5.2 – Ambiente Interno

Considera-se a empresa como um campo de fluxos internos. Dentro da


empresa podemos observar movimentos que se desenvolvem devido á sua
própria actividade:

1- Fluxos reais – exemplo passagem de matérias - primas de um


armazém para o outro.

2- Fluxos financeiros – transporte de fundos de caixa de uma loja


para a tesouraria.

3- Fluxos de transformação económica de valores internos –as


transformações de valores constituem o essencial dos fluxos
internos que descrevem a evolução do valor dentro da empresa,
conforme esquema:

Matérias Produtos semi Produtos Produtos

Primas Acabados Acabados Vendidos

Níveis

de valor Custo de Custo de Preço de

Interno Compra Produção Custo

Valor interno:

1. Das matérias-primas e mercadorias compradas – é o seu custo


de compra total dos encargos gastos para obtê-los.

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APONTAMENTOS DE CONTABILIDADE FINANCEIRA II

2. Dos produtos acabados ou semi-acabados, é o seu custo de


produção. Ou seja o total de encargos gastos para obtê-los no
estado e local onde se encontram.

3. Dos produtos vendidos – (mercadorias para o comércio e


produtos acabados para a indústria) – é o seu “preço de custo”,
total dos encargos gastos até à casa do consumidor.

4- Fluxos de Resultados – Dentro dos fluxos internos, os fluxos de


resultados (ganhos ou perdas) são os mais importantes. Neles
constatamos:

1. Fluxos de perdas – a destruição de valor pela empresa – isto


é, consumos, perdas materiais, degradação de valores e
bens sem contrapartida positiva.

Exemplos

a) Fluxos de amortização – é um fluxo interno que constata


a transformação dum valor utilizado sob a forma de um
bem (investimento). A perda é devida ao uso do
equipamento pela empresa.

Fluxo de amortização

Investimento Perda

(materiais)

b) Perda material de um bem - ex: desaparecimento de


mercadoria do armazém no valor de Kz 50.000,00 – é um
valor que a empresa não pode mais recuperar.

Mercadoria Perda

c) Venda com perda – ex: a mercadoria comprada por Kz


50.000,00, vendida por Kz 45.000,00

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APONTAMENTOS DE CONTABILIDADE FINANCEIRA II

Neste exemplo de venda com perda pode-se constatar que o valor


interno de Kz 50.000,00, transforma-se num valor externo de Kz
45.000,00( preço de venda), ou seja há um uso interno definitivo do valor
que a empresa não pode mais recuperar Kz 5.000,00 – perda.

O ponto P é o ponto de contacto com o mercado. O mercado só


está disposto a pagar apenas Kz 45.000,00.

2- Fluxos de benefícios – criação de valor pela empresa pelo facto


da sua acção económica - benefício realizado sobre as vendas.

Exemplo: mercadoria comprada a Kz 50.000,00 e vendida por Kz


55.000,00.

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APONTAMENTOS DE CONTABILIDADE FINANCEIRA II

O ponto P é o ponto de contacto com o mercado, a partir do qual a


empresa transforma o valor interno de Kz 50.000,00 num valor externo de
Kz 55.000,00 (preço). Há uma fonte interna de valor de Kz 5.000,00, que
constitui o benefício.

A criação de valor só ocorre quando os bens são fornecidos a


terceiros, em troca de dinheiro ou outro elemento do activo.

Ou seja – a criação de valores pela empresa é observada apenas


quando se realiza (vende) ou seja entrada em caixa da empresa ou
transformou-se em crédito sobre o cliente. O lucro só se realiza no acto da
venda.

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APONTAMENTOS DE CONTABILIDADE FINANCEIRA II

Resumindo

A empresa mantem relações intensas e constantes de diversa natureza


com o meio envolvente, destacando-se as transacções com os outros
agentes económicos situados a montante e a jusante. Estas relações são
espelhadas pelo seguinte grafico.

Figura 1.3. Gráfico Geral dos Fluxos Internos e Externos

CC – Custo de compra
CMV- custo das mercadorias vendidas

Para uma análise contabilística, podemos evidenciar três ópticas


distintas na análise dos fluxos da empresa: Financeira, económica e de
tesouraria.

- Óptica Financeira – diz respeito às relações com o exterior. Está


directamente relacionada com a remuneração dos factores e dos bens e
serviços transaccionados.

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APONTAMENTOS DE CONTABILIDADE FINANCEIRA II

Nesta óptica podemos distinguir:

-As despesas – que correspondem à remuneração dos factores


produtivos (originam obrigações a pagar, que irão provocar saída de
valores monetários)

-As receitas – correspondem à remuneração das vendas efectuadas e /


ou serviços prestados (originam direitos a receber e irão provocar entradas
de valores monetários para a empresa).

- Óptica Económica ou Produtiva – Ligada à transformação e


incorporação dos diversos materiais, mão de obra, etc., até se atingir o
produto (bem ou serviço) final.

Nesta óptica podemos distinguir:

- Os custos – referem-se aos valores incorporados e gastos na


produção (consumo de bens e serviços).

- Os proveitos – produtos acabados de fabricar e aptos para a venda


(produção dos bens). A empresa ao consumir bens e serviços tem custos, ao
produzi-los tem proveitos.

- Óptica de Tesouraria (ou de caixa) – corresponde às entradas ou


saídas monetárias da empresa.

Podemos distinguir:

- Recebimentos – entradas de valores monetários para a empresa.

- Pagamentos – saídas de valores monetários.

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APONTAMENTOS DE CONTABILIDADE FINANCEIRA II

CAPÍTULO II – CONCEITOS FUNDAMENTAIS DE


CONTABILIDADE E INTRODUÇÃO À TÉCNICA CONTABILÍSTICA

2.1. Património: Noção e e Seus Elementos Constitutivos

2.1.1 – Noção

Para o exercício da sua actividade, as unidades económicas


necessitam de um conjunto de elementos, ou seja de equipamentos,
edifícios, mercadorias, dinheiro, ferramentas e outros.

Ao exercício de qualquer actividade estão sempre alienados valores


que são pertença de alguém.

Do ponto de vista jurídico, os valores utilizados por cada unidade


económica são da sua pertença, ainda que normalmente os seus direitos não
incidam sobre a globalidade desses valores.

O conjunto de valores utilizados pela unidade económica no


exercício da sua actividade, constitui o património. Este reflecte a
actividade a que se dedica.

2.1.2. Composição e Valor

O património da empresa não é constituído apenas pelos edifícios,


dinheiro, equipamentos. A empresa no desenvolvimento da sua actividade,
estabelece relações que originarão um conjunto de direitos e obrigações.

Direitos – dívidas a receber ou seja, créditos da empresa ou débitos


de terceiros, que representam valores pertencentes a empresa.

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APONTAMENTOS DE CONTABILIDADE FINANCEIRA II

Obrigações - dívidas a pagar ou seja débitos da empresa ou créditos


de terceiros, que representam valores pertencentes a terceiros e que a
empresa se obriga a pagar.

Tanto os direitos como as obrigações são considerados valores


integrantes do património.

O património pode ser designado como um conjunto de bens,


direitos e obrigações sujeitos a uma gestão e afectos a um determinado fim.

O património de um comerciante é o conjunto de valores utilizados

O património de um comerciante é o conjunto de valores utilizados


por esse comerciante na sua actividade comercial. Mas os valores
pertencentes a este comerciante e não afectos aquela actividade (ex.: os
utensílios domésticos) não devem ser considerados seu património
comercial. Serão o seu património não como comerciante, mas sim como
pessoa jurídica (privado) que é.

Pode-se distinguir três tipos diferentes de património com


características diferentes:

¾ Património individual – mobílias de casa, roupas,


dinheiro para gastos domésticos.

¾ Património comercial – máquinas, edifícios, mobiliário,


dinheiro em caixa, bancos, etc.

¾ Património público – Hospital, estádio (pertencentes ao


estado.

Cada elemento de um dado património denomina-se elemento


patrimonial.

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APONTAMENTOS DE CONTABILIDADE FINANCEIRA II

Como o património é um conjunto de elementos heterogéneos,


existe a necessidade de transformar ou expressar esses elementos numa
mesma unidade, é assim que eles vêm geralmente expressos em valor
(Kwanzas).

No património pode-se distinguir duas classes de elementos


patrimoniais:

1- Os que representam aquilo que se possui (bens)


ou se tem a receber (direitos) – esta classe designa-se Activo.
2- Os que representam aquilo que se tem a pagar
(obrigações) - esta classe designa-se Passivo.

Aplicação:

Património da empresa Alpha ( valores em AKZ)

Activo
- Numerário Kz 120.000,00
-Edifício Kz 3.000.000,00
-Viatura Kz 612.000,00
- Mercadorias Kz 500.000,00
- Dívidas a receber Kz 244.800,00
Kz 4.476.800,00

Passivo
- Dívidas a pagar Kz 620.000,00
- Empréstimos bancário Kz 2.000.000,00
Kz 2.620.000,00
Num património há a considerar dois aspectos distintos:
- A sua composição
- O seu valor
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APONTAMENTOS DE CONTABILIDADE FINANCEIRA II

Composição – o património engloba um conjunto de elementos


heterogéneos. A sua composição diz respeito à natureza dos elementos
patrimoniais e a sua extensão, ou seja proporção em que eles se encontram.

A composição do património será distinta se:

a) Os elementos de cada um forem diferentes.


b) Tiverem os mesmos elementos, mas com extensão (valor) diferente.
c) Tiverem elementos e seu valor diferente.

Valor do património – quantia que seria preciso dar para o obter, isto é
para receber em troca todo o activo, ficando ao mesmo tempo com o
encargo de pagar todo o passivo.

Sendo o activo um conjunto de valores positivos e o passivo, o conjunto de


valores negativos o valor do património corresponde à soma algébrica das
duas classes de elementos.

No exemplo:

Valor do património = 4.476.800,00 – 2.620.000,00

= 1.856.800,00

A expressão numérica do valor do património, chama-se Situação


Líquida, Valor do Património, ou Capital Próprio.

Activo 4.476.800,00

Passivo 2.620.000,00

Situação Líquida 1.856.800,00

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APONTAMENTOS DE CONTABILIDADE FINANCEIRA II

Sendo a Situação Líquida dada pela diferença entre o activo e o


passivo – facilmente se depreende que ela representa o conjunto de valores
que pertencem efectivamente ao proprietário da empresa (ou seja os
direitos deste último sobre as propriedades da empresa).

Em termos monetários, a Situação Líquida ou Capital Próprio de


um dado momento, representa o valor que o proprietário da empresa teria
direito a receber se cessasse a sua actividade, liquidando o património (do
ponto de vista contabilístico) nesse momento. (A liquidação do património
consiste na transformação do activo em valores monetários pagando de
imediato o passivo).

2.1.3. Massas Patrimoniais

2.1.3.1. Elementos Patrimoniais

O património de uma empresa è composto por elementos do activo


e do passivo.

Sendo o activo constituído por (bens e direitos) ou seja valores


positivos e o passivo pelas obrigações, valores negativos, o valor do
património é obtido pela diferença entre o activo e o passivo, donde a
equação fundamental do património:

VALOR DO PATRIMÓNIO = ACTIVO - PASSIVO

Os três elementos da equação fundamental do património,


designam-se massas patrimoniais e podem ser apresentados
resumidamente:

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APONTAMENTOS DE CONTABILIDADE FINANCEIRA II

ACTIVO CAPITAL PRÓPRIO

(corresponde ao que resta

Bens depois de pagar as dívidas)

Direitos PASSIVO

Obrigações

(corresponde ao que se
tem)

(corresponde ao que se deve)

A representação quantitativa do património de uma empresa chama-


se “Balanço Patrimonial”

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APONTAMENTOS DE CONTABILIDADE FINANCEIRA II

2.1.3.2 – Representação gráfica dos estados patrimoniais

Sendo o património líquido (PL)a diferença entre o activo (A) e o


passivo ( P) , com base na equação A – P = PL, pode-se dizer que da
comparação do activo com o passivo, o património assume de qualquer
maneira as seguintes situações:

1) SituaçãoA>P e P = 0 temos PL>0

A PL

Quer dizer que os valores do activo são iguais aos do património líquido,
revelando a inexistência de dívida (passivo exigível), ou seja propriedade
plena do activo.

Exemplo: A empresa Beta, Lda., foi criada em Janeiro de N com os


seguintes elementos:

- Numerário 210.000,00

- Mercadorias 420.000,00

- Edifico 1.000.000,00
a) Qual a situação líquida?

Activo Passivo

Imobilizações 1.000.000,00 Contas a Pagar 0,00


Existências 420.000,00
Disponibilidades 210.000,00 PL 1.630.000,00

Total 1.630.000,00 Total 1.630.000,00

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APONTAMENTOS DE CONTABILIDADE FINANCEIRA II

A situação líquida = A-P


1.630.000,00 = 1.630.000,00
Activo = Situação líquida inicial

2) Situação A>P PL>0

A P

PL

O activo é superior ao passivo, havendo excesso de valores sobre os


passivos. Neste caso a situação líquida diz-se activa.

O gráfico mostra o excesso de valores activos sobre os valores


passivos revelando a existência de riqueza própria.

Exemplo. A empresa Ômega apresentava em 31 de Dezembro de N os


seguintes elementos patrimoniais:
Mobiliário…………………...1.300.000,00
Dívidas a fornecedores……...3.500.000,00
Mercadorias…………………2.500.000,00
Dinheiro em caixa............... 500.000,00
Dinheiro no banco………… 1.000.000,00

a) Qual a situação líquida da empresa?


b) Qual a natureza dessa situação líquida?

Activo Passivo

Imobilizações 1.300.000,00 Contas a Pagar 3.500.000,


Existências 2.500.000,00
Disponibilidades 1.500.000,00 PL 1.800.000,00

Total 5.300.000,00 Total 5.300.000,00

FACULDADE DE ECONOMIA DA UNIVERSIDADE MANDUME YA NDEMUFAYO 37


APONTAMENTOS DE CONTABILIDADE FINANCEIRA II

Situação líquida = 5.300.000,00 – 3.500.000,00

= 1.800.000,00

Uma vez que o Activo é maior que o Passivo, a Situação Líquida é Activa.

3) Situação - A = P temos PL = 0

A P

Este caso demonstra uma situação em que numa entidade o valor do


activo é exactamente igual ao do passivo. Nesta situação teríamos:

A – P = 0 A situação líquida é nula.

Revela a inexistência de riqueza própria.

Exemplo: Uma empresa comercial apresentava ao 15 de Maio de N os


seguintes elementos patrimoniais:

Numerário……………………..150.000,00

Mercadorias………………….. 450.000,00

Divida ao fornecedor……. 600.000,00

a) Qual a situação líquida da empresa?

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APONTAMENTOS DE CONTABILIDADE FINANCEIRA II

Activo Passivo

Existências 450.000,00 Contas a Pagar 600.000,00

Disponibilidades 150.000,00 PL 0

Total 600.000,00 Total 600.000,00

A-P = 600.000,00 – 600.000,00

SL = 0

4) Situação - A< P temos PL < 0

PL

Esta situação demonstra que existe um excesso de valores passivos


sobre os valores activos, ou seja, a empresa deve mais do que possui e tem
a receber. A situação líquida diz-se passiva, e é considerada negativa.

Neste caso a situação da empresa é de falência técnica ou


insolvência técnica. Quando ocorre esta situação a empresa praticamente
não terá mais condições de sobrevivência, que na maioria dos casos leva à
falência, ou seja a sua extinção (liquidação).

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APONTAMENTOS DE CONTABILIDADE FINANCEIRA II

Exemplo: Uma empresa comercial cujo património é constituído pelos


seguintes elementos :

Mercadorias………………….458.000.00

Mobiliário de escritório……..500.000,00

Empréstimo bancário…….. 1.850.000,00

a) Qual a situação líquida da empresa?


b) Qual a natureza da situação líquida?

Activo Passivo
Imobilizações 500.000,00 Empréstimos 1.850.000,00
Existências 458.000,00

PL 892.000,00 __________

Total 1.850.000,00 Total 1.850.000,00

A – P = 958.000,00 – 1.850.000,00

PL = - 892.000,00

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APONTAMENTOS DE CONTABILIDADE FINANCEIRA II

Resumindo os quatro casos :

1 – A> P implica A-P>o ou seja A=PL à Situação Líquida inicial

2 – A>P implica A-P>0 ou seja A= P+PLà Situação Líquida Activa

3 – A=P implica A-P=0 ou seja A=P àSituação Liquida Nula

4 – A<P implica A-P<o ou seja A+SLP=P+SLAà Situação Líquida


Passiva

Pode-se ver que em qualquer dos casos chega-se sempre a uma


igualdade.

Esta igualdade pode ser representada num quadro em forma de T no


qual por convenção, do lado esquerdo o 1º membro representa-se o activo,
do lado direito 2ª membro o passivo. A Situação Líquida, regista-se do lado
mais fraco, a fim de que a igualdade entre os dois membros se mantenha.

1º Membro – Lado esquerdo 2º Membro – Lado direito


Activo Passivo
+ +
Situação líquida Passiva Situação líquida Activa

A igualdade entre os dois membros representados desta maneira


chama-se BALANÇO, traduzida pela seguinte equação:

A+SLP = P+SLA

A esta equação dá-se o nome de Equação Geral do Balanço.

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APONTAMENTOS DE CONTABILIDADE FINANCEIRA II

De acordo com o Plano Geral de Contabilidade (PGC), o Balanço


representa-se da seguinte forma:

A = CP + P

Activo = Capital Próprio + Passivo

2.2 – Inventário: Noção e Classificação

2.2.1 – Noção

A tarefa principal da inventariação é revelar os fenómenos, factos e


operações económicas que não se reflectem na documentação.

A inventariação contribui para que os dados da contabilidade sejam


reais e correspondentes aos volumes efectivos dos meios económicos e das
suas fontes.

Através da contabilidade podemos ter a informação de um ou outro


bem, mas estes dados nem sempre correspondem completamente com a
existência real, devido a várias causas: perdas naturais, erros de cálculo,
furtos, etc.

O objectivo principal da inventariação é a comparação entre os


dados da contabilidade e a existência real, para a determinação dos saldos,
dos excessos ou faltas. Ou seja determinação de diferenças.

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APONTAMENTOS DE CONTABILIDADE FINANCEIRA II

2.2.2 – Definição

Existem várias definições relativas ao inventário, convergindo todas


no essencial.

O inventário consiste numa relação (rol, lista) dos elementos


patrimoniais com a indicação do seu valor.

Proceder a inventariação consiste em analisar os elementos de um


dado património, descrevê-los e atribuir-lhes um valor.

O Decreto nº 196/79, do Ministério das finanças, define o


inventário como sendo o arrolamento dos valores activos e passivos que
constituem um património.

No inventário pode-se distinguir três fases:

a) Identificação, em que se verifica quais os elementos


patrimoniais existentes.
b) Descrição e classificação, em que os elementos serão
apresentados e repartidos pelas classes a que dizem
respeito.
c) A valorização, é o acto de atribuição de um valor a cada
elemento patrimonial.

2.2.3. Classificação dos Inventários

Os inventários podem ser classificados quanto ao seu âmbito,


ordenação e apresentação:

a) - Quanto ao âmbito (ou extensão) os inventários podem ser


gerais e parciais.

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APONTAMENTOS DE CONTABILIDADE FINANCEIRA II

Os inventários são gerais, quando neles figuram todos os valores


constitutivos de um dado património (activos e passivos).

São parciais quando abrangem apenas alguns elementos


patrimoniais.

De acordo com o decreto 196/79, a inventariação geral de um


património é obrigatória uma vez por ano, não devendo iniciar-se antes de
1 de Novembro de cada ano.

b) – Quanto à ordenação – a apresentação ou disposição dos


elementos patrimoniais pode ser descrita sob a forma de:

- Inventário simples ou corrido – quando os elementos


aparecem sem qualquer ordem.

- Inventário classificado ou selectivo – quando os elementos


patrimoniais aparecem ordenados ou classificados segundo a sua
natureza, característica ou função.

c) – Quanto à apresentação podem ser verticais ou horizontais.

- São verticais quando os elementos patrimoniais são dispostos


verticalmente.

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APONTAMENTOS DE CONTABILIDADE FINANCEIRA II

Activo
………
…….
Total do Activo
xxxx
Passivo
………….
………..
Total do Passivo
xxxxx

- São Horizontais – quando os elementos patrimoniais são apresentados em


dois blocos horizontais.

Activo Passivo

Total xxxxxx Total xxxxx

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APONTAMENTOS DE CONTABILIDADE FINANCEIRA II

2.2.4 – Composição e Periodicidade

-Composição: o inventário geral de cada património compreende:

a) Inventário de Meios Fixos e Investimentos.


b) Inventário das existências.
c) Inventário dos meios monetários
d) Inventário de terceiros.

Os inventários de meios fixos e investimentos e das existências


devem ser ordenados por espécie de bens ou valores, sendo a ordem e
código de acordo com a nomenclatura do PGC.

Os inventários de meios monetários (depósitos em bancos, créditos


bancários serão listados, apresentando-se conjuntamente os comprovativos
bancários (extractos bancários).

Os inventários de fornecedores, clientes, devedores e credores serão


apresentados através dos respectivos balancetes.

As reparações gerais não concluídas e as obras não acabadas serão


listadas, reparação a reparação e obra a obra, registando-se as respectivas
despesas segundo a sua natureza.

- Periodicidade: os inventários efectuados periodicamente


denominam-se ordinários, são regulares e previsíveis.

Os inventários elaborados em consequência de condições


excepcionais são denominados extraordinários (caso de mudança de
instalações, ocorrência de catástrofes, acidentes).

Quanto a periodicidade os inventários podem ainda classificar-se


em iniciais (reportam ao inicio da actividade) e finais (elaborados no fim
do exercício económico).
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APONTAMENTOS DE CONTABILIDADE FINANCEIRA II

2.3 – Balanço: Noção e Classificação

2.3.1 – Noção

Após elaboração do inventário geral torna-se necessário comparar o


Activo com o Passivo para conhecer a situação líquida. Esta comparação
constitui o Balanço.

Enquanto o inventário constitui apenas um arrolamento (listagem)


dos valores activos e passivos, o balanço, por sua vez leva a cabo a
comparação (balanceamento) entre aquelas classes de valores. São estes
aspectos que marcam a sua diferença. Acrescentando a Situação Liquida ao
quadro do inventário, o balanço constitui o mapa da situação patrimonial da
empresa num determinado momento.

Segundo Dumarchey “ o balanço é pois, a expressão da relação


existente entre o activo, passivo e situação líquida.”

Em contabilidade o balanço não pode deixar de traduzir a expressão


do equilíbrio entre o Activo e o Passivo

A = CP + P

No balanço tem sempre que se atender a esta equação fundamental.


Esta equação demonstra a formação do balanço que indica que a soma dos
valores do activo é sempre igual a soma dos valores passivos.

O balanço constitui o mapa da situação patrimonial da empresa num


dado momento. Representa a fotografia da empresa nesse momento, porque
refere-se sempre a uma data. É um documento estático. Representa o
passado da empresa até a data em que se reporta. É um documento
histórico que retrata a posição patrimonial da empresa.
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APONTAMENTOS DE CONTABILIDADE FINANCEIRA II

O PGC, define o Balanço como sendo “uma demonstração


contabilística destinada a evidenciar, quantitativamente e qualitativamente,
numa determinada data, a posição patrimonial e financeira de uma
entidade.”

2.3.2 – Estrutura do Balanço

Sendo o balanço constituído por dois membros, o primeiro membro


engloba o primeiro conjunto de valores: Activos e Situação Líquida Passiva
(ou apenas Activo se esta última for incluída no segundo membro com
sinal negativo); por sua vez o Passivo e a Situação Líquida Activa
constituem o segundo membro do balanço.

Na prática existem dois tipos de representação do balanço:

1- Representação horizontal, em que o primeiro membro aparece


do lado esquerdo, segundo a ordem: Activo; Situação Líquida Passiva. O
segundo membro vem do lado direito, sendo a ordem Passivo; Situação
Líquida Activa ou a inversa.

2- Representação vertical em que o segundo membro vem


imediatamente abaixo do primeiro, mantendo-se a ordem indicada
em 1dentro de cada membro.

O Plano Geral de Contabilidade (PGC) apresenta o modelo


normalizado, utilizando a representação vertical (ver modelo na página a
seguir).

As rubricas aparecem com uma determinada ordem:

- Activo - a ordenação do activo deve ser de cima para baixo, por


ordem crescente de liquidez das suas rubricas e segundo o destino das
aplicações, ou seja são representados em primeiro lugar os que apresentam

FACULDADE DE ECONOMIA DA UNIVERSIDADE MANDUME YA NDEMUFAYO 48


APONTAMENTOS DE CONTABILIDADE FINANCEIRA II

menor liquidez e por último os de maior liquidez, ou seja a aptidão de um


activo (bem) ser trocado por dinheiro num prazo mais ou menos longo.O
dinheiro é por definição, o bem líquido perfeito.

De acordo com o plano geral de contabilidade o balanço


patrimonial contém os seguintes grupos de contas do activo

- Activo não corrente: de menor liquidez

- Activo corrente: de maior liquidez

- Capital Próprio e Passivo – o segundo membro do balanço é


constituído por duas classes, o Capital Próprio e o Passivo.

Tal como o Activo, o Passivo segue os mesmos princípios de


clareza e facilidade de análise, as rubricas apresentam-se por ordem
crescente de exigibilidade e de acordo com a sua proveniência. O grau de
exigibilidade é definido pelo prazo de vencimento da dívida. Quanto menor
o prazo de vencimento maior o grau de exigibilidade. Esta é a razão do
aparecimento do capital próprio em primeiro lugar.

De forma geral as características das massas patrimoniais que


compõem o Activo e o Passivo podem ser definidas com se segue:

ACTIVO– Recursos (bens e direitos) controlados por uma


entidade como resultado de acontecimentos passados e dos quais se espera
que fluam para a entidade benefícios económicos futuros.

O Activo divide-se em duas categorias:

a)- Activos não correntes (imobilizado) – incluem os bens


detidos com continuidade ou permanência (período superior a um ano) e
que não se destinam a ser vendidos ou transformados.

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APONTAMENTOS DE CONTABILIDADE FINANCEIRA II

O activo não corrente divide-se em :

1. Imobilizações corpóreas – são aplicações de carácter


permanente em activos tangíveis (terrenos, imóveis, equipamentos, etc.)
que não vão ser transformados em dinheiro, mas que a empresa utiliza, para
o exercício da sua actividade.
2. Imobilizações incorpóreas - são aplicações de carácter
permanente (mais de um ano), em activos intangíveis (trespasses, patentes,
invenções, despesas de constituição, etc.). São valores que representam
direitos da empresa.
3. Investimentos financeiros – são aplicações de capital em
activos de carácter permanente e de tipo financeiro, tais como: imóveis
para rendimento, obrigações acções e outros títulos de participação de
capital, outros títulos adquiridos pela empresa para rendimentos, ou
controlo de outras empresas, empréstimos concedidos a empresas do grupo
ou terceiros.

Estima-se que a transformação em dinheiro dos títulos e


empréstimos concedidos seja num período superior a um ano.

As amortizações e reintegrações aparecem deduzidas,


representando a perda do valor do imobilizado resultante da sua
depreciação.

b)- Activos correntes (realizável) -são valores convertíveis em


dinheiro durante o curso do exercício seguinte ao do balanço ou realizáveis
durante o ciclo operacional ou de exploração. Correspondem a direitos
realizáveis a curto prazo. (Período até um ano).

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APONTAMENTOS DE CONTABILIDADE FINANCEIRA II

O activo corrente divide-se em:


1. Existências - são bens comercializáveis, adquiridos ou
produzidos pela empresa e que se destinam à venda ou ao consumo. São
mercadorias ou produtos acabados deduzidos das respectivas provisões
para depreciação. Incluem ainda os adiantamentos por conta de compras
cujo preço esteja fixado.
2. Contas a receber – são dívidas de clientes, de empresas do
grupo, de fornecedores de imobilizado resultante de adiantamentos, do
estado ou de subscritores de capital, deduzidas das respectivas provisões.
3. Disponibilidades – são os valores mais líquidos do Activo
detido pela empresa, ou seja o dinheiro em mão da empresa. A expressão
disponibilidade, designa o conjunto dos meios de pagamento imediatos
(caixa, depósitos em bancos, títulos negociáveis).
4. Outros activos correntes – encargos a repartir por períodos
futuros – decompõem-se em despesas como custos diferidos (ou seja
despesas efectuadas mas correspondem a custos de exercícios seguintes) e
em acréscimos de proveitos ( proveitos do exercício cuja receita ocorre em
exercícios seguintes).

CAPITAL PRÓPRIO- interesse residual no Activo depois de


deduzido o Passivo.

Corresponde às entradas pelos sócios ou accionistas (capital


subscrito, prestações suplementares e prémios de emissão de acções)
acumuladas com a riqueza criada (resultados não distribuídos, reservas e
resultados do exercício).

PASSIVO– Obrigações presentes da entidade provenientes de


acontecimentos passados, do pagamento dos quais se espera que resultem
exfluxos de recursos da empresa incorporando benefícios económicos.

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APONTAMENTOS DE CONTABILIDADE FINANCEIRA II

O Passivo divide-se em duas categorias principais:

a) – Passivos não correntes – que se espera que venham a ser


pagos pela entidade num período superior a um ano.

O passivo não corrente divide-se em :

1- Dívidas a terceiros de médio e longo prazo – são dívidas a


terceiros cuja liquidação se efectuará a mais de um ano da data do Balanço.
Incluem os empréstimos por obrigações convertíveis e não convertíveis,
empréstimos por títulos de participação, empréstimos bancários,
adiantamentos por conta de vendas, fornecedores, empresas do grupo ou
interligadas, sócios ou accionistas, Estado e quaisquer outras dívidas para
com terceiros.
2- Provisões para riscos e encargos- integram custos
correspondentes a despesas potenciais de exercícios posteriores. (pensões
de reforma, provisões para acidentes de trabalho, etc.). São despesas certas
ou incertas de montante incerto e que devem ser classificadas com capital
alheio.
b) Passivos Correntes – que se espera que venham a ser
liquidados pela entidade num período até um ano.

Dividem-se em :

1 – Contas a pagar- são dívidas a terceiros de curto prazo. Incluem


os fornecedores, clientes com saldos credores, adiantamento de clientes,
Estado, credores compras de imobilizado, etc.

3- Empréstimos a curto prazo – empréstimos obtidos cuja


liquidação se efectuará a menos de um ano data do balanço.

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APONTAMENTOS DE CONTABILIDADE FINANCEIRA II

4- Outros passivos correntes – são acréscimos de custos (custos


que respeitam a um exercício, cuja despesa se efectivará em exercícios
subsequentes) e os proveitos diferidos.

Numa abordagem financeira, o activo corresponde às aplicações de


fundos e o Passivo corresponde às origens dos mesmos. Integrando os dois
membros do Balanço e para uma interpretação económico – financeira do
Balanço temos o seguinte esquema:

ACTIVO BALANÇO PASSIVO

APLICAÇÃO DE FUNDOS ORIGEM DOS FUNDOS

Bens Capital Próprio

Direitos

Capital Alheio

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APONTAMENTOS DE CONTABILIDADE FINANCEIRA II

2.4. Equação Fundamental da Contabilidade


Viu-se no ponto anterior que o balanço poderia ser representado
pela expressão A+SLP=P+SLA, e que de acordo com o Plano Geral de
Contabilidade, a situação líquida deve ser apresentada no segundo membro
do balanço traduzindo na seguinte expressão:

CAPITAL PRÓPRIO = ACTIVO - PASSIVO

Neste sentido, passamos agora a estudar as varias configurações do


termo capital e a seguir a dinâmica patrimonial de modo a pormos em
evidência a equação fundamental do Património.

2.4.1. Conceituações: As várias configurações do Capital

Na contabilidade pode-se considerar quatro conceitos de Capital

1 – Capital Nominal (inicial) - corresponde ao investimento inicial


feito pelos proprietários da empresa. O registo na contabilidade faz-se
numa conta denominada Capital.

O capital nominal corresponde ao património líquido inicial. Só


será alterado quando os proprietários realizarem investimentos adicionais
(aumentos de capital) ou desinvestimentos (diminuições de capital).

Exemplo: Uma empresa iniciou a sua actividade com um capital de


Kz 750.000,00, realizado totalmente em dinheiro.

Activo Património Liquido

Depósitos à ordem..750.000,00 Capital………………………..750.000,00

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APONTAMENTOS DE CONTABILIDADE FINANCEIRA II

2- Capital Próprio – O capital próprio, que corresponde ao


conceito de património líquido, abrange o capital inicial e suas variações.

Supor que após determinado período, resultante da sua actividadea


empresa, obteve um lucro de kz 20.000,00. O capital próprio da empresa
aumentou para KZ 770.000,00(Capital + lucro), todavia o capital nominal
será mantido pela contabilidade, conforme se vê abaixo.

Activo Património liquido

Clientes 350 000,00 Capital 750.000,00

Caixa 420 000,00 Lucro 20.000,00

770.000,00 770.000,00

3- Capital de Terceiros – corresponde aos investimentos feitos


na empresa, com recursos provenientes de terceiros.

Por exemplo, supor que a empresa comprou a prazo, mobiliário de


escritório, por Kz 20.000,00.

A situação será a seguinte:

Activo Património Liquido

Equipamento administrativo 20.000,00 Capital 750.000,00

Clientes 350.000,00 Lucro 20.000,00

Caixa 420.000,00 Passivo

Credores 20.000,00

790.000,00 790.000,00

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APONTAMENTOS DE CONTABILIDADE FINANCEIRA II

O capital de terceiros, neste caso, é representado pelo saldo da


conta credores.

4 – Capital Total à Disposição da Empresa– Numa acepção mais


ampla, pode-se conceituar o capital como sendo o conjunto dos valores
disponíveis num, dado momento.

No caso do exemplo anterior, considera-se como capital total à


disposição o somatório dos elementos colocados à direita ou seja

Capital + Lucros + Credores = 790.000,00 ( PL+P)

Resumindo

ACTIVO PATRIMÓNIO LIQUIDO E


PASSIVO
(Aplicação de Fundos)
(Origem de Fundos)

. Bens
1)Património Liquido = Capital próprio

1.1)Capital =Capital Nominal


. Direitos
1.2)Lucros e Reservas = Variações

2)Passivo = Capital de Terceiros

Capital Total à Disposição (recursos


totais = 1+2

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APONTAMENTOS DE CONTABILIDADE FINANCEIRA II

2.4.2. Dinâmica Patrimonial


O património de uma empresa não se mantem estático ao longo dos
tempos. Pelo contrário está sujeito a uma contínua transformação.

Esta transformação pode ser motivada por duas espécies de


acontecimentos: os normais ou voluntários que resultam das operações
efectuadas, voluntariamente pela empresa e, acontecimentos
extraordinários ou involuntários que são independentes da sua vontade.

2.4.2.1. Factos Patrimoniais


A actividade corrente da empresa origina os acontecimentos atrás
citados:

No primeiro caso (acontecimentos normais) - podem apontar-se as


operações correntes tais como: compras, pagamentos, vendas, saques,
aceites, recebimentos, etc.;

No segundo caso (acontecimentos extraordinários) - apontam-se os


incêndios, os roubos, as quebras, etc.

Tanto as operações que se verificam no primeiro como as que se


verificam no segundo caso constituem os factos patrimoniais.

Pode-se dizer que os factos patrimoniais aparecem associados a


tudo a aquilo que implique variações no património.

2.4.2.2. Classificação dos Factos Patrimoniais

Os factos patrimoniais classificam-se em dois tipos:


- Factos permutativos
- Factos modificativos

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APONTAMENTOS DE CONTABILIDADE FINANCEIRA II

Um facto diz-se permutativo quando provoca uma alteração na


composição do património, mas não no seu valor. (Exemplos: compra de
mercadorias, pagamento de uma dívida, aquisição de uma viatura, um
saque sobre um cliente, etc.).

É modificativo quando implica, além da variação na composição,


uma alteração no valor do património. Caso das operações que originem
um lucro ou um prejuízo para a empresa (exemplos: venda de mercadorias
com lucro; venda de um valor móvel ou outro por um preço inferior, ou
superior, ao representado no património, etc.).

Aplicação:

A empresaAlpha, Lda., apresentava a 1 de Janeiro de N o seguinte Balanço:

Activo

Imobilizações corpóreas………………….…718 000,00

Existências

Mercadorias…………………………………208 000,00

Disponibilidades

Depósitos à ordem…………………….……119 000,00

Total……………………………………… .1 045 000,00

Capital Próprio

Capital…………………………………………..135 000,00

Passivo

Contas a pagar

Fornecedores………………………..…………..910 000,00

Total…………………………………….………1 045 000,00

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APONTAMENTOS DE CONTABILIDADE FINANCEIRA II

Durante a primeira quinzena de Janeiro realizou as seguintes operações:

1) Compra de mercadorias a pronto pagamento (cheque), no valor de


Kz 90 000,00.
2) Venda de mercadorias, a pronto pagamento (numerário), por Kz 200
000,00, que haviam custado Kz 150 000,00.

A primeira operação implicou:

- Saída dos depósitos à ordem no valor de Kz90 000,00(


diminuição da conta Depósitos à ordem - 90 000,00).

- Entrada de mercadorias no valor de Kz 90 000,00(aumento


da conta mercadorias +90 000,00).

Balanço após a primeira operação:

Activo

Imobilizações corpóreas………………...……718 000,00

Existências

Mercadorias…………………………………298 000,00

Disponibilidades

Depósitos à ordem…………………… … 29 000,00

Total………………………………………..1 045 000,00

Capital Próprio

Capital……………………………………..135 000,00

Passivo

Contas a pagar

Fornecedores…………….………………..910 000,00

Total………………………………………1 045 000,00

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APONTAMENTOS DE CONTABILIDADE FINANCEIRA II

Verifica-se que a primeira operação provocou uma alteração na


composição do património (as contas caixa e mercadorias apresentam uma
extensão diferente), mas o valor do património mantem-se. Estamos
perante um facto patrimonial permutativo.

A segunda operação origina:

- Entrada de numerário no valor de Kz 200 000,00 (aumento da conta


caixa +200 000,00)

- Saída de mercadorias no valor de Kz 150 000,00 (diminuição da


conta mercadorias- 150 000,00, preço a que estavam em armazém).

Como se pode verificar o aumento na conta caixa (+200 000,00)


não corresponde à diminuição da conta mercadorias (-150 000,00). A
diferença entre os dois valores representa um aumento do capital próprio
emKz 50 000,00 (conta Resultado Líquido do exercício).

Balanço após a segunda operação:

Activo
Imobilizações corpóreas………………..……718 000,00
Existências
Mercadorias…………………………………148 000,00
Disponibilidades
Depósitos à ordem……………………………29 000,00
Caixa………………………………………… 200 000,00
Total…………………………………………1 095 000,00
Capital Próprio
Capital…………………………………..…..135 000,00
Resultado Líquido do exercício…………… 50 000,00
185 000,00
Passivo
Contas a pagar
Fornecedores………………………………..910 000,00
Total…………………………………………1 095 000,00

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APONTAMENTOS DE CONTABILIDADE FINANCEIRA II

Após a segunda operação verifica-se uma alteração não só na


composição do património, como também no seu valor. O valor do
património era de Kz135 000,00, passou para Kz 185 000,00, ou seja
sofreu um acréscimo de Kz 50 000,00, que corresponde ao ganho obtido na
venda das mercadorias.

Nesta operação estamos perante um facto patrimonial modificativo.

2.4.3. Formação do resultado


Sendo a contabilidade um instrumento básico de gestão, a
contabilidade torna-se cada mais importante no fornecimento de
informações, quer a nível externo, quer a nível interno da empresa.

Uma empresa suporta custos com vista a obtenção de proveitos;


custos e proveitos concorrem para a formação do resultado.

2.4.3.1. Elementos da conta de resultados

Os custos constituem as componentes negativas da conta de


Resultados e por sua vez os proveitos constituem as componentes positivas.

Proveitos – de acordo com o PGC – são os aumentos dos


benefícios económicos, durante o período, na forma de influxos ou
melhoria de activos ou diminuições de passivos que resultem em aumentos
dos capitais próprios, que não sejam relacionados com as contribuições dos
participantes no Capital Próprio.

Custos – Diminuição nos benefícios económicos, durante o


período, na forma de exfluxos ou perdas de valor de activos ou no aumento
de passivos que resultem em diminuição dos capitais próprios, que não
sejam os relacionados comas distribuições aos participantes no Capital
Próprio.

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APONTAMENTOS DE CONTABILIDADE FINANCEIRA II

2.4.3.2. Demonstração de Resultados

A Demonstração de resultados é uma demonstração contabilística


destinada a evidenciar a composição do resultado formado num
determinado período de operações de uma entidade.

É um mapa em que se evidenciam os proveitos e os custos,


tornando possível a comparabilidade entre essas duas grandezas,
consequentemente fornece-nos a informação dos resultados, quer em valor
quer na sua natureza, ou seja quanto a entidade ganhou ou perdeu, e dá a
ideia do lucro ou do prejuízo.

A demonstração de resultados fornece a noção da situação


económica da empresa sendo a situação financeira fornecida pelo Balanço,
conforme referido anteriormente.

A estrutura da demonstração de resultados deve obedecer ao


modelo anexo

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APONTAMENTOS DE CONTABILIDADE FINANCEIRA II

2.5. A Conta: Noção e Classificação

2.5.1. Noção

Como se referiu na dinâmica patrimonial, cada fluxo económico


registado provoca alterações no património da empresa. Como os fluxos
que atravessam a empresa são numerosos, torna-se impraticável preparar
um balanço após cada operação efectuada (ou a utilização de um quadro de
variação de contas para o registo das operações realizadas pela empresa),
ou seja o registo, a classificação e controlo não seriam de fácil execução, se
a observação fosse feita elemento a elemento patrimonial.

Por outro lado em qualquer empresa tais operações sucedem-se a


cada instante e é muito oneroso um processo de registo que permita a
apresentação instantânea dos seus resultados. Para além de que as pessoas
interessadas nos balanços, tais como gestores, accionista, entidades
governamentais, etc., contentam-se apenas com os balanços periódicos, os
quais são elaborados com dados fornecidos pelos registos das operações.

Estas operações ocasionam aumentos e diminuições no activo, no


passivo e no património líquido. Esses aumentos e diminuições são
registados em classes com características comuns, surgindo assim a conta
como um quadro de registo e análise dos fluxos económicos de uma
empresa.

A conta pode ser definida como “um conjunto de elementos


patrimoniais expresso em unidades de valor”.

Tal procedimento visa a continua igualdade da equação fundamental


do património (A= P+ PL) .

2.5.2. Partes Constitutivas

Como toda a classe de valores a contas apresentam características


próprias:

Título(denominação própria) – é a expressão (ou palavra) por que se


designa a conta. Deve ser escolhido de tal forma que revele imediatamente
a natureza dos elementos que a compõem, isto é, nos dê a conhecer o seu
conteúdo. Tem como finalidade identificar a conta e distingui-la de todas as
outras, pelo que será fixo e imutável.

Valor (extensão) – representa a qualidade, expressa em unidades


monetárias contida na conta no momento em que se analisa. O valor
FACULDADE DE ECONOMIA DA UNIVERSIDADE MANDUME YA NDEMUFAYO 63
APONTAMENTOS DE CONTABILIDADE FINANCEIRA II

registado na contabilidade deve ser verídico, ou seja, deve estar de acordo


com a verdadeira extensão dos elementos que representa.

Se o título é imutável e fixo, o valor já não o é. Pelo contrário é um


elemento variável da conta, na medida em que os elementos patrimoniais
que engloba estão sujeitos a variações continuais provocadas pelas
operações realizadas.

A conta constitui a base de toda a escrituração, dado que é a partir


dela que se desenvolve todo o trabalho contabilístico. Como tal ela deve
obedecer a requisitos próprios, para que o trabalho se processe com
fundamento e regularidade.

Requisitos da conta:

-A homogeneidade – uma conta só deve conter os elementos que


obedeçam à característica comum que ela define. (exemplo: a dívida de um
cliente à empresa, nunca poderá ser registada numa conta que não indique
uma dívida a receber, ou seja a conta em que aquela for registada deve
incluir apenas os elementos que possuam a mesmas características: valores
que a empresa tem direito a receber.

A integralidade – A conta deve incluir todos os elementos que


gozam da característica comum por ela definida. (Ex: a conta mercadorias
deverá incluir todos os tipos de mercadorias transaccionadas pela empresa,
assim como as suas variações).

2.5.3. Representação Gráfica das Contas: Conceitos de débito e


crédito

A cada conta corresponde um gráfico ou quadro, que constitui o


dispositivo prático para acompanhar as suas variações quantitativas.

Inscrevendo-se neste quadro a extensão inicial da conta e as


variações seguintes, consegue-se a todo momento o valor dos elementos
patrimoniais que agrupa.

No aspecto gráfico, a conta apresenta-se normalmente na forma de


um T, denominada conta em T ou razonete em T ou simplesmente
razonete. Sobre o traço horizontal indica-se o título da conta, podendo
ainda distinguir-se um lado esquerdo e um lado direito.

FACULDADE DE ECONOMIA DA UNIVERSIDADE MANDUME YA NDEMUFAYO 64


APONTAMENTOS DE CONTABILIDADE FINANCEIRA II

Debito (Deve) TITULO Credito (Haver)

Esquerdo Direito

O lado esquerdo é designado de «débito» ou «deve» e o lado direito


de “crédito” ou “haver”. Estes termos provêm de um processo
onomatológico ligado à história da contabilidade, na fase em que as contas
representavam, exclusivamente, as pessoas dos devedores e dos credores.

As variações aumentativas da conta de uma pessoa devedora


constituíam o seu débito (aumentando um débito de um devedor, ele deve
mais) e as diminutivas o seu crédito, tal como as variações aumentativas da
conta de uma pessoa credora (aumentando o crédito de um credor, ele tem
a haver mais) e as diminutivas constituem seu débito.

Por extensão do princípio das contas pessoais às contas de coisas de


coisas e de factos, os termos «débito» e «crédito» ou «deve» e «haver»
respectivamente não representam mais do que variações aumentativas ou
diminutivas no valor das respectivas contas.

Terminologia

Os valores registados no debito denominam-se débitos e os


registados no crédito denomina-se créditos.

- Debitar uma conta significa inscrever uma certa quantia no lado do


débito;

Exemplo:

D C

800

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APONTAMENTOS DE CONTABILIDADE FINANCEIRA II

- Creditar uma conta é efectuar o registo dum valor no lado direito;


Exemplo:

D
C

650

- A diferença entre o débito e o crédito duma conta, no momento


considerado, chama-se saldodessa conta.

Exemplo: 800 – 650 =150 representa o saldo.

Ao balancear uma conta, ou seja comparar o seu débito com o seu


crédito podem ocorrer três hipoteses:

- Débito superior ao crédito : o Saldo é Devedor ( Sd)

D C

800 650

Saldo: 800 – 650 =150 Sd

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APONTAMENTOS DE CONTABILIDADE FINANCEIRA II

- Crédito superior ao Débito: o Saldo é Credor (Sc)

D C

800 980

Saldo 980- 800 = 180 Sc

- Débito igual ao Crédito o:Saldoé nulo (So)

D C

800 800

A diferença: 800-800 = 0 o saldo é Nulo

Uma vez determinado o saldo, este adiciona-se ao lado cuja soma for
de menor valor, obtendo-se assim uma igualdade entre os dois lados da
conta.

Atendendo às três hipóteses consideradas anterirormente, tem-se:

1- D> C implica Sd donde: D = C + Sd

D C

800 650

150

800 800

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APONTAMENTOS DE CONTABILIDADE FINANCEIRA II

2- D = C implica Sd donde: D =C

D C

980 980

980 980

3 - D < Cimplica Sd donde: D + Sc = C

D C

800 980

Sc
180

900 900

Uma conta sem saldo diz-se saldada.

O saldo da conta corresponde à sua extensão, ou valor, num


determinado momento.

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APONTAMENTOS DE CONTABILIDADE FINANCEIRA II

Fechar uma contacorresponde a somar as colunas dos valores do


débito e do Crédito – depois de as saldar previamente – sublinhando com
dois traços (trancando) cada soma.

D C

500 980

980 200

450 750 Sd

1930 1930

Reabrir uma conta

. é inscrever o saldo na coluna dos débitos, se na conta fechada o


mesmo era devedor;

.ou inscrever o saldo na coluna dos créditos, se na conta fechada o


mesmo era credor.

D C

S.I. 750

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APONTAMENTOS DE CONTABILIDADE FINANCEIRA II

2.5.4. Classificação das contas

Como se referiu atrás a conta é uma classe de valores patrimoniais


com denominação própria e com extensão numérica. Estes valores podem
ser concretos e abstractos. Desta forma a conta terá por objecto, elementos
concretos – os que compõem o Activo e o Passivo e, por elementos
abstractos – os correspondentes à Situação Líquida.

Podemos classificar as contas de acordo com o Plano Geral de


Contabilidade que as agrupa em cinco grandes conjuntos:

1- Contas de balanço;
2- Contas de gestão
3- Contas de resultados
4- Contabilidade analítica
5- Contas de ordem

2.5.4.1 – Contas de Balanço e Contas de Resultados

1) Contas do Balanço:

. Contas do Activo – incluem todos os elementos patrimoniais activos –


aqueles com caracteristica de serem propriedade do titular do património.

-Classe 1 Meios Fixos e Investimentos

- Classe 2 Existências

- Classe 3 Terceiros

- Classe 4 Meios Monetários

. Contas do Passivo - incluem todos os elementos patrimoniais Passivos- as


obrigações pecuniárias que o titular do património terá de satisfazer.

- Classe Terceiros

. Contas do Capital Próprio ou Situação Liquida – os valores patrimoniais


abstractos por que se traduz a diferença entre o Activo e o Passivo.

- Classe 5 Capital Próprio e Reservas

. Contas Mistas – contas que reúnem elementos patrimoniais que


pertencem aos dois membros do balanço (Activo e Passivo).

- São contas da classe de terceiros.

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APONTAMENTOS DE CONTABILIDADE FINANCEIRA II

2.5.4.2. Contas de Gestão:

Recolhem as contas de custos e de proveitos do exercício corrente


classificados de acordo com a sua natureza.

- Classe 6 Proveitos e Ganhos por Natureza

- Classe 7 Custos e Perdas por Natureza

2.5.4.3. Contas de Resultados:

-Classe 8 Resultados

2.5.4.4. Contas especiais:

- Classe 9 Contabilidade Analítica de exploração

- Classe 0 Contas de ordem

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APONTAMENTOS DE CONTABILIDADE FINANCEIRA II

2.5.5. Regras de Movimentação das Contas


2.5.5.1. Regras de Movimentação das Contas do Balanço

Contas do Activo:

Compreende todos os elementos patrimoniais activos.

Movimentação:

Debito Credito

. Saldo inicial . Diminuições(-)

. Aumentos (+)

. Saldo Devedor

As contas do Activo são debitadas pelos saldos iniciais e os aumentos, e


creditadas pelas diminuições. O saldo é sempre devedor.

Contas do Passivo:

Compreende todos os elementos patrimoniais passivos

Debito Credito

. Diminuições (-) . Saldo Inicial

. Aumentos (+)

. Saldo Credor

As contas do Passivo e de Capital próprio são creditadas pelos saldos


iniciais e aumentos debitados pelas diminuições. O saldo é sempre credor.

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APONTAMENTOS DE CONTABILIDADE FINANCEIRA II

Contas Mistas:

Contas de caráter misto, integrando os elementos de contas de vários tipos


chamadas contas Activas e Passivas.

São contas da classe terceiras Ex: Estado, participantes e participadas, etc.

Nestas contas poderão ser apresentados simultaneamente os dois saldos:

. O primeiro no débito (dívidas de devedores à empresa).

. O segundo no crédito (dívidas da empresas aos credores).

2.5.5.2. Regras de Movimentação das contas de Gestão:

Contas de Proveitos: Classe 6

Debito Crédito

Anulações Proveitos

SC

As contas de Proveitos por natureza devem ser creditadas pelos proveitos


(vendas de mercadorias e produtos, prestações de serviços, receitas
suplementares, receitas de aplicações financeiras e outros proveitos) e
debitadas pelas eventuais anulações desses proveitos. O saldo é sempre
credor.

Contas de Custos: classe 7

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APONTAMENTOS DE CONTABILIDADE FINANCEIRA II

Debito Crédito

Custos Anulações

SC

As contas de custos por natureza devem ser debitadas pelos custos


(custo das existências vendidas, fornecimentos e serviços de terceiros,
impostos, despesas com o pessoal, despesas financeiras, outras despesas e
encargos, amortizações do exercício) e creditadas por eventuais anulações
desses custos. O saldo é sempre devedor.

Transferência: os saldos devedores para os custos e os credores para os


proveitos são transferidos a débito para os custos e a crédito para os
proveitos das contas de Resultados.

2.5.6- Caracterização das Contas


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APONTAMENTOS DE CONTABILIDADE FINANCEIRA II

2.5.6.1- Noção

A gestão da empresa não pode fazer-se somente com base nas


informações gerais. O controlo da empresa exige o conhecimento de dados
pormenorizados sobre a situação e movimento de cada objecto da
contabilidade, com a finalidade de obter ambos os tipos de dados, ou
informações (agregados e pormenorizados).

As contas podem ter um âmbito mais ou menos vasto,


compreenderem mais ou menos elementos patrimoniais, isto é serem mais
ou menos simples, ou mais ou menos complexas.

Assim temos contas sintéticas, subcontas e analíticas, determinando


o grau de cada conta.

2.5.6.2 – Contas Sintéticas (Colectivas, Gerais)

As contas que se aplicam para a reflexão generalizada dos meios


económicos, ou suas fontes, denominam-se sintéticas.

Exemplo:

11 Imobilizações corpóreas

22 Matérias - primas, subsidiárias e de consumo

31 Clientes

32 Fornecedores, etc.

São contas de 1º grau. A sua característica mais importante é que a


contabilização é feita apenas em unidades monetárias. Correspondem ao
Razão Geral.

2.5.6.3 – Subcontas (Divisionárias)

São o elo de ligação contabilística entre as contas sintéticas e


analíticas. Através das subcontas é feita a agregação com a finalidade de se
obterem indicadores mais generalizados, no âmbito de uma dada conta
sintética.

Correspondem ao Razão Especial ou auxiliar (desdobramento do Razão


Geral)

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APONTAMENTOS DE CONTABILIDADE FINANCEIRA II

Exemplo:

31.1 Clientes – correntes

32.2 Fornecedores correntes

São contas do 2º grau. São importantes no caso das contas sintéticas


caracterizadas por grande volume e variedades de objectivos ou operações
que se registam nessas mesmas contas.

2.5.6.4 – Contas Analíticas (singulares)

As contas que se aplicam para a caracterização dos dados tirados das


contas sintéticas, denominam-se Analíticas ou (auxiliares). Estas contas são
particulares, individualizadas.

Ex: 31.1.1 Cliente A.

31.1.2 Cliente B

São contas do terceiro grau. São importantes para o controlo e


recolha de dados. A qualquer momento, o total das somas inscritas no
débito das contas analíticas (singulares) é sempre igual ao total do débito
inscrito na correspondente conta sintética, o mesmo acontece para os
valores inscritos no crédito. Por sua vez o saldo duma conta sintética será a
qualquer momento igual ao somatório dos saldos das respectivas contas
analíticas.

O grau de uma conta relaciona-se com a maior ou menor generalidade de


uma conta:

26 Mercadorias Conta do 1º grau, sintética, colectiva ou principal

26.1 Feijão Conta do 2º grau, subconta ou divisionária

26.1.1 Feijão: espera cunhado

26.1.2 Feijão Branco……….. Contas do 3º grau, analíticas,

26.1.3 Feijão……………….. auxiliares ou subsidiárias

2.5.6.5 - Classificação Segundo a Finalidade e Estrutura das Contas

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APONTAMENTOS DE CONTABILIDADE FINANCEIRA II

2.5.6.5.1 - Contas Básicas: Aplicam-se para o registo e controlo dos meios


económicos pertencentes à empresa e das fontes da sua formação.

2.5.6.5.2 - Contas de Regularização: possibilitam a rectificação das


avaliações e quantias registadas nas contas básicas cuja extensão não
corresponde à realidade.

. Amortizações

. Provisões, etc.

- As amortizações e provisões aparecem no Activo em dedução às contas


correspondentes, não são contas do activo, mas sim contas de redução de
valores activos.

2.5.6.5.3 - Contas Operacionais: Destinam-se ao registo e controlo dos


processos económicos. Classificam-se em:

Contas principais – contas que tratam de valores de grande


generalidade.

Contas subsidiarias: contas necessárias para explicar os saldos das


principais.

2.5.6.5.4 - Diferença entre contas divisionárias e subsidiárias

Quanto ao grau da conta

- As contas divisionárias são de grau imediatamente inferior ao das


respectivas contas sintéticas. (1º grau).

- As contas subsidiárias terão o mesmo grau das contas principais.

Quanto aos respectivos registos

- Um registo numa determinada subconta (divisionária) implica


necessária e simultâneamente um registo na conta sintética (colectiva).

- Um movimento na conta analítica (auxiliar) não implica de


imediato um movimento correspondente na conta sintética (principal)

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APONTAMENTOS DE CONTABILIDADE FINANCEIRA II

Pode dizer-se que:

- Para as subcontas (divisionárias) os factos patrimoniais são registados nas


contas divisionárias e simultaneamente nas contas sintéticas (colectivas),
pelo que o valor destas deve ser igual a qualquer momento, a soma dos
saldos das subcontas.

- As contas subsidiárias: os factos patrimoniais são registados apenas nas


contas auxiliares, movimentando-se as respectivas contas principais
(sintéticas) somente no final do período, por transferência dos valores das
contas subsidiárias.

2.6. Método de Registo Contabilístico

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APONTAMENTOS DE CONTABILIDADE FINANCEIRA II

2.6.1. Método das Partidas Dobradas


2.6.1.1. Noções Gerais

O método das partidas dobradas ou digráfico, data do século XV,


havendo quem afirme que o frade franciscano Luca Pacioli foi o seu
inventor.

Segundo este método, todo o débito numa conta origina o crédito


noutra ou noutras e vice-versa, isto é, cada facto patrimonial determina um
registo em duas ou mais contas, para que o valor de cada débito (ou
débitos) corresponda sempre um crédito (ou créditos) de igual valor.

O princípio das partidas dobradas já foi respeitado aquando do


apuramento da influência dos factos patrimoniais na equação fundamental
da contabilidade, da qual não se pode desligar. Qualquer facto determina a
variação de duas ou mais contas, cuja igualdade das somas dos débitos e
dos créditos se pode constatar pela manutenção da igualdade dada pela
expressão

A = P+SL

Exemplos:

1)- Depósito no banco de Kz 150.000,00

D Depósitos à Ordem C D Caixa C

150 000,00 150 000,00

Um débito = Um crédito

2) – Compra de mercadorias no valor de 45 000,00, cujo pagamento foi


feito do seguinte modo:

- 45% Em numerário, o restante com cheque.


D Depósitos à Ordem D Caixa C D Compras

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APONTAMENTOS DE CONTABILIDADE FINANCEIRA II

C C

24.750,00 20.250,00 45.000,00

Um Débito = Vários Créditos

3) – Venda de mercadorias no valor de 85 000,00, sendo:

- 50 000,00 Em numerário

- 35 000,00 a crédito

D Clientes C D Caixa C D Vendas C

35 000,00 50 000,00 85 000,00

Vários débitos = Um crédito

4) – Compra de Material de escritório no valor de Kz 10 000,00 e um


computador no valor de Kz 75 000,00, tendo pago com cheque o valor de
Kz 50 000,00 e o restante a prazo.
Outros Custos Imobilizações Depósitos

e Perdas O. Val. R.
D operacionais. C D Corpóreas C D a Ordem C D Pagar C

10 000 75 000 50 000 35 000

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APONTAMENTOS DE CONTABILIDADE FINANCEIRA II

Vários débitos = Vários créditos

Dos exemplos apresentados pode-se concluir que:

- A um débito (ou débitos) corresponde sempre um crédito (ou créditos) de


igual valor.

- A soma dos débitos é sempre igual à soma dos créditos;

- A soma dos saldos devedores é igual à soma dos saldos credores;

- A contabilização de qualquer facto patrimonial obedece necessariamente


a uma das quatro fórmulas digráficas:

1.Uma só conta devedora e uma só conta credora

2.Uma só conta devedora e várias contas credoras

3.Varias contas devedoras e uma só credora

4.Várias contas devedoras e várias contas credoras

2.6.1.2. Correspondência das Contas


Todo o facto patrimonial dá origem à variação de duas ou mais
contas, de tal modo que, um débito corresponde sempre um crédito de igual
valor.

O método das partidas dobradas representa não só um procedimento


técnico, mas um meio importante de controlo. A interligação das contas por
meio das partidas dobradas denomina-se “correspondência das contas”.

A importância desta correspondência é a possibilidade de revelar a


natureza da operação registada.
2.7. Lançamentos e suas Espécies
2.7.1 – Noção
Como já se referiu o património está sujeito a variações que são
consequência da própria actividade da empresa. Assim, além da
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APONTAMENTOS DE CONTABILIDADE FINANCEIRA II

representação dos valores patrimoniais, existe a necessidade de representar


e inscrever em documentos, livros e registos, os factos patrimoniais que
provocam a sua variação.

A escrituração comercial é o conjunto de documentos e livros que


historiam a evolução patrimonial de qualquer empresa. Também se designa
escrituração, aos actos de registo das operações nos livros e documentos.

Lançamento ou assento é a anotação de qualquer facto patrimonial


nos livros de contabilidade.

2.7.2. Classificação dos Lançamentos


Os lançamentos podem classificar-se atendendo aos seguintes
aspectos: número de contas movimentadas e a natureza dos movimentos
escriturados.

1- Classificação segundo o número de contas movimentadas.


-Simples

- Complexos

Lançamento simples: uma conta debitada e também uma creditada:

Um débito = um crédito (1ª formula)

Lançamentos complexos: várias contais debitadas e uma creditada


ou vice-versa:

Um débito = Vários créditos (2ª formula)

Vários débitos = Um crédito (3ª formula)

Vários débitos = Vários Créditos (4ª formula)

De acordo com o princípio das partidas dobradas: a um débito


corresponde um crédito para que o total de valores a débito seja igual ao
total de valores creditados.

2 – Classificação segundo a natureza dos movimentos:

a) Lançamentos de abertura: respeitam aos registos dos valores


iniciais das contas aquando do início da escrita.

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APONTAMENTOS DE CONTABILIDADE FINANCEIRA II

b) Lançamentos correntes: respeitam ao registo das operações


realizadas e dos acontecimentos ocorridos durante cada exercício
económico.
c) Lançamentos de estorno: têm por finalidade rectificar as
omissões, duplicações e erros cometidos nos lançamentos
efectuados.
d) Lançamentos de regularização: visam rectificar o saldo das
contas que não que não correspondam à realidade; normalmente
efectuam-se no fim de cada exercício antes de se proceder ao
apuramento de resultados e a elaboração do balanço.
e) Lançamentos de transferência ou de apuramento de resultados:
têm por finalidade transferir os saldos das contas de custos e de
proveitos para as contas de resultados, permitindo a posterior
determinação dos resultados da empresa.
f) Lançamentos de encerramento ou fecho: são efectuados depois do
apuramento der resultados e da elaboração do balanço e permitem
fechar as contas que apresentem saldos (devedores ou credores).
g) Lançamentos de reabertura: registam, no início de cada exercício
económico, os valores iniciais das contas (saldos finais das contas
no exercício anterior).

2.7.3. Elementos Básicos

2.7.3.1. Documentos Comerciais

Os factos patrimoniais registados pela contabilidade são descritos e


comprovados por meio de escritos comerciais – os documentos.

Os documentos ou factos são a base de todo o registo contabilístico,


sem os quais o mesmo não se poderá processar. As empresas estão sujeitas
a incorrerem em sanções se procederem ao registo de factos não
devidamente documentados.

2.7.3.2. Tipos de documentos:

Entre os documentos, podem distinguir-se:


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APONTAMENTOS DE CONTABILIDADE FINANCEIRA II

a) Os de movimento interno – são elaborados no seio da empresa e


destinam-se exclusivamente ao uso interno (ex.: folhas de salário,
notas de lançamento, etc.).
b) Os de movimento externo – são os que provêm ou se destinam ao
exterior (facturas, letras, recibos, cheques, etc.).

2.7.3.3. Livros

Os livros de contabilidade classificam-se em dois grupos: livros


obrigatórios e livros facultativos.

Os livros obrigatórios são os que a lei enumera como indispensáveis:

- Livro de Inventário e Balanço


- Diário
- Razão

1) Livro de Inventário e Balanços – começa pelo arrolamento de todo


o activo e passivo, fixando a diferença entre aquele e este, o capital
inicial da empresa. Serve para nele se lançarem dentro dos prazos
legais os balanços a que tem que proceder.

2) Diário Geral – serve para registar dia após dia por ordem de datas,
cada um dos seus actos que modifiquem ou possam vir a modificar a
o património de uma entidade económica.

3) Razão -serve para escriturar o movimento de todas as operações do


diário, ordenados por débito e por crédito, em relação a cada uma das
respectivas contas para se conhecer o estado e a situação de qualquer
delas, sem necessidade de recorrer ao exame e separação de todos os
elementos cronologicamente escriturados no Diário.

Tipos de Razão:
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APONTAMENTOS DE CONTABILIDADE FINANCEIRA II

a) Razão geral – é o livro das contas do primeiro grau.


b) Razões auxiliares – são os livros de contas divisionárias (contas
de 2º e 3º graus que registam apenas parte do movimento geral.
Normalmente haverá um razão auxiliar para cada conta colectiva.
Ex: Razão auxiliar de depósitos à ordem

Razão auxiliar de Clientes

Razão auxiliar de Fornecedores

Etc.

2.7.3.3.1 Lançamentos no Diário

Como já foi dito os factos patrimoniais são registados, por ordem de


datas, no Diário e por ordem de contas, no Razão. O Diário é um registo
cronológico; o Razão é um registo sistemático, é o livro das contas.

Como tudo o que se escritura no Diário tem de constar no Razão e


nos restantes livros, entende-se praticamente por lançamento a simples
contabilização no Diário da empresa, visto que, implicitamente tem de ser
transladado para outros livros, com o fim de se dispor do detalhe
conveniente nos livros.

O caminho a percorrer na contabilização dos factos patrimoniais é o


seguinte:

Factos patrimoniais Documentos Diário Razão Balancetes

O traçado ou riscado do Diário (modelo clássico) é o seguinte:

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APONTAMENTOS DE CONTABILIDADE FINANCEIRA II

a) b) c) d) e) f)

Significando:

a)Número de ordem do lançamento.

b)Proposição a.

c)Cabeçalho ou descrição do lançamento.

d)Número dos fólios do Razão Geral referentes às contas movimentadas.

e)Coluna auxiliar das importâncias (a utilizar somente nos lançamentos


compostos. Ou seja da 2ª,3ª e 4º fórmulas).

f)Coluna principal das importâncias.

Uso técnico do Diário manda que no cabeçalho do lançamento se inscreva


primeiramente a conta debitada e depois a creditada, esta numa linha
imediatamente inferior aquela antecedido o respectivo título da preposição
a, abreviatura de “deve a”.

Dado que um mesmo facto pode originar movimentos (variações) em mais


do que duas contas, quando tal acontece, são os títulos das diversas contas
substituídos no cabeçalho pele palavra “Diversos”. Os títulos dessas contas
entram no corpo do lançamento, juntamente com a descrição, obedecendo à
ordem indicada anteriormente entre as contas debitadas e creditadas.

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APONTAMENTOS DE CONTABILIDADE FINANCEIRA II

Cada lançamento no Diário é fechado por um traço descontínuo no qual se


escreve a data (dia e mês) do lançamento seguinte, se o lançamento anterior
for feito no mesmo mês poderá indicar-se apenas o dia no lançamento
seguinte. Caso o lançamento seguinte seja efectuado no mesmo dia do
lançamento anterior, limitamo-nos a deixar o dito intervalo em branco a
apor umas aspas.

Exemplo:

O comerciante F1 realizou as seguintes operações:

1- Aos 25/05/N, depositou no Banco M, a quantia de KZ


60.000,00.Talão nº 4589.

...25/05/N

1 43 Depósitos a Ordem

A 45 Caixa

Depósito nº 4589 60 000,00

Um débito = Um crédito

2- Aos 26/05/N liquidou a dívida que tinha para com a empresa Beta
relativa a factura nº 536/N, no valor de 520 000,00da seguinte
forma:
- Kz 120 000,00 através de cheque

- O restante em numerário

...26/05/N

2 32 Fornecedores

a Diversos
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APONTAMENTOS DE CONTABILIDADE FINANCEIRA II

Liquidação da dívida

a 43 Depósitos a ordem 120 000,00

a 45 Caixa 400 000,00 520 000,00

Um débito = Dois créditos

O Diário pode ser analítico se descreve os factos patrimoniais um a um, ou


sintético se reúne os lançamentos efectuados nos registos analíticos.

Devido ao elevado número de operações que ocorrem na generalidade das


empresas e por razões de operacionalidade, o Diário na sua forma clássica é
substituído por diário ou diários com traçados mais consentâneos com as
novas necessidades de tratamento da informação.

Estes diários chamados simplificados podem revestir dispositivos diversos.


Por razões de processamento utiliza-se modelos similares ao seguinte:

Data Nº de Descrição da operação Débito Crédito Valor

Registo (Código (código

da
conta) da conta

Modelo de Razão – o Razão na sua forma clássica apresenta-se como um


livro de folhas cosidas, designadas por fólios. Cada fólio é reservado a uma

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APONTAMENTOS DE CONTABILIDADE FINANCEIRA II

conta, em cuja página esquerda se escreve o “Deve” ou “Débito” da mesma


e na direita o “Haver” ou “Crédito”.

Os registo a débito levam a preposição a, significando “Deve a”, os a


crédito levam a preposição de, significando “ Haver de”.

No início do livro das contas faz-se a recapitulação de todas as contas,


pelos fólios respectivos.

Modelo clássico do Razão

Título da
Deve Conta Haver

a) b) c) d) e) a) b) c) d) e) f)

Significado:

a), b) Data (ano mês e dia respectivamente)

c) Preposição a (lado esquerdo) ou preposição de (lado direito)

d) Contrapartida da conta movimentada

e) Número do lançamento no Diário

f) Importância

Sendo o Razão o livro das contas é evidente que não podemos reunir no
mesmo livro contas de diferentes graus, dai necessidade de vários “
Razões”.
FACULDADE DE ECONOMIA DA UNIVERSIDADE MANDUME YA NDEMUFAYO 89
APONTAMENTOS DE CONTABILIDADE FINANCEIRA II

O livro de contas do 1º grau será o Razão Geral, os livros de contas


divisionárias (2º grau e seguintes) dizem-se Razões Auxiliares, havendo
naturalmente um razão auxiliar para cada conta colectiva.

Ex:

- Razão Auxiliar de Depósitos à ordem

- Razão Auxiliar de Clientes

- Razão Auxiliar de Mercadorias

2.7.3.4. Estorno

A escrituração comercial é um meio de prova em caso de litígio por isso


não deverá necessariamente, apresentar irregularidades. Se houver
cometido erro ou omissão em qualquer assento, será ressalvado por meio
do estorno.

O estorno é um lançamento destinado a anular ou a rectificar outro, ou a


preencher uma lacuna.

O estorno pode ser motivado por:

a)Omissão de lançamento
b)Duplicação de lançamento
c)Inversão de contas (debitar a conta que se devia ter creditado e/ou vice
versa)
d)Substituição de contas (debitar e/ou creditar contas diferentes das que se
deviam ter debitado e/ou creditado).
e)Alteração de quantias (lançar uma importância diferente da variação
sofrida pela conta).

2.7.3.4.1. Estorno no Diário

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APONTAMENTOS DE CONTABILIDADE FINANCEIRA II

Quando o erro é cometido no Diário, o estorno constará, na forma mais


simples de um lançamento inverso ao errado.

Exemplos:

a)Estorno na omissão de lançamentos- consiste no lançamento


omisso, mencionando na descrição a data da respectiva operação.

Supor que no dia 20 de Maio de N, não foi lançado o pagamento por


transferência bancária da dívida à empresa que forneceu o mobiliário de
escritório.

…20 de Maio de N

37 Outros valores a receber e a


pagar

A 43 Depósitos à ordem

N/ pagamento por transferência


bancária efectuado no dia 20, por
lapso não foi registado nessa data 520 000,00

b)Estorno na Duplicação de Lançamento: consiste na anulação do


segundo lançamento consiste na anulação do segundo lançamento,
pelo lançamento inverso.

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APONTAMENTOS DE CONTABILIDADE FINANCEIRA II

No dia 25 de Maio de N foi feito o nº 135 lançamento referente ao registo


da recepção de um cheque do cliente C1,para pagamento da sua dívida. O
mesmo registo foi repetido no dia 27, lançamento nº 140. Situação
detectada aos 29/05/N.

...29/05/N

31 Clientes

31.1 Clientes correntes

A 45 Caixa

Anulação do lançamento

nº 140, efectuado no passa-

do dia 27 por ser duplicação

do lançamento nº 135 220 000,00

c)Estorno na Inversão de contas: poderão seguir-se duas vias:

Supor que o pagamento da factura nº 420 do Fornecedor Beta, no valor de


Kz 120 000,00, foi registado no Diário, lançamento nº 129, da seguinte
forma:

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APONTAMENTOS DE CONTABILIDADE FINANCEIRA II

129 ...20/05/N

43 Depósitos à ordem

43.1 Moeda nacional

A 32 Fornecedores

32.1 Fornecedores correntes

Pagamento da s/ factura nº 420 120 000,00

Verifica-se que as contas foram inversamente movimentadas. Houve uma


saída de valores do banco por isso a conta Depósitos à Ordem deve ser
creditada. A dívida a fornecedores diminuiu pelo que esta conta deveria ter
sido debitada.

A rectificação poderá ser:

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APONTAMENTOS DE CONTABILIDADE FINANCEIRA II

Via A:

1) Anulação do lançamento errado:

...20/05/N

32 Fornecedores

32.1 Fornecedores correntes

A 43 Depósitos à ordem

43.1 Moeda nacional

Estorno do lançamento nº 129 120 000,00

2) Lançamento correcto a efectuar:

...20/05/N

32 Fornecedores

32.1 Fornecedores correntes

A 43 Depósitos à ordem

43.1 Moeda nacional

Pagamento da s/ factura nº 420 120 000,00

Via B:

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APONTAMENTOS DE CONTABILIDADE FINANCEIRA II

Reunindo num único lançamento os dois anteriores:

……20/05/N

32 Fornecedores

32.1 Fornecedores correntes

A 43 Depósitos à ordem

43.1 Moeda nacional

Estorno e rectificação do lan-

çamento nº 129 240 000,00

d)Estorno na substituição de contas: o processo é idêntico ao


anterior.
Exemplo: pelo recebimento de um valor de Kz 480 000,00 para a
liquidação da dívida do cliente C1, efectuou-se por lapso o seguinte
lançamento:

20 ……20/11/N

43 Depósitos à ordem

43.1 Moeda nacional

A 31 Clientes

31.1 Clientes correntes

Liquidação da dívida de C 480 000,00

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APONTAMENTOS DE CONTABILIDADE FINANCEIRA II

Utilizou-se indevidamente a conta Depósitos à Ordem. A conta a debitar


seria a conta Caixa, pois os cheques recebidos são movimentos e registados
nesta conta.

A rectificação seria:

Via A:

1)Anulação do lançamento errado

……25/11/N

31 Clientes

31.1 Clientes correntes

A 43 Depósitos à ordem

43.1 Moeda nacional

Estorno do lançamento nº 20 480 000,00

2)Lançamento correcto a efectuar

……25/11/N

45 Caixa

31 Clientes

A 31.1 Clientes correntes

Liquidação da dívida de C 480 000,00

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APONTAMENTOS DE CONTABILIDADE FINANCEIRA II

Via B

Substituindo estes dois lançamentos pelo seguinte:

……25/11/N

45 Caixa

43 Depósitos à ordem

A 43.1 Moeda nacional

Estorno e rectificação do lança-

mento nº 20 480 000,00

e)Estorno na alteração de quantias – mantêm-se as vias referidas


nas alíneas c) e d).
Exemplo: pela compra a Pronto pagamento (numerário) de um
computador para o serviço da empresa, no valor de 110 000,00, fez-
se o seguinte lançamento:

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APONTAMENTOS DE CONTABILIDADE FINANCEIRA II

40 ……23/10/N

11 Imobilizações corpóreas

11.5 Equipamento administrativo

A 45 Caixa

Aquisição de um computador 100 000,00

A rectificação poderá ser:

Via A:

1) Anulação do lançamento errado:

……23/10/N

45 Caixa

A 11 Imobilizações corpóreas

11.5 Equipamento administrativo

Estorno do lançamento nº 40 100 000,00

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APONTAMENTOS DE CONTABILIDADE FINANCEIRA II

2) Lançamento correcto a efectuar:

……23/10/N

11 Imobilizações corpóreas

11.5 Equipamento administrativo

A 45 Caixa

Aquisição de um computador 110 000,00

Via B:

Substituindo estes dois lançamentos pelo seguinte:

……23/10/N

11 Imobilizações corpóreas

11.5 Equipamento administrativo

A 45 Caixa

Rectificação do lançamento nº 40 10 000,00

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APONTAMENTOS DE CONTABILIDADE FINANCEIRA II

2.7.3.4.2. Estornos no Razão

No Razão podem verificar-se dois topis de erros.

a)Erros que correspondem à transcrição de erros já cometidos no Diário.

b) Erros apenas cometidos no Razão

No primeiro caso, os erros são corrigidos com a passagem ao Razão dos


lançamentos de estorno efectuados no Diário.

No segundo caso serão apenas emendados no Razão. Esta rectificação será


efectuada por meio de um traço a tinta de cor diferente, sobre os elementos
que careçam de emenda, deixando-os legíveis. Com a mesma tinta faz-se a
correspondente inscrição na linha seguinte, do lançamento correcto.

O essencial é que as emendas ou aditamentos não dêem lugar a suspeitas de


fraude, deixando-se legível o teor da primeira inscrição, permitindo ver-se
imediatamente o motivo por que foram feitos.

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APONTAMENTOS DE CONTABILIDADE FINANCEIRA II

CAPÍTULO III - NORMALIZAÇÃO CONTABILÍSTICA


3.1. Introdução
A Contabilidade como processo de recolha, análise e interpretação de tudo o que
afecta a riqueza das unidades económicas é sem dúvida, um dos mais poderosos – senão
mesmo o maior- suporte de informação para a gestão.

As informações prestadas pela contabilidade ultrapassam em larga escala, o


âmbito da empresa e dos seus mais directos colaboradores (investidores, credores,
financiadores, fisco, estatísticas nacionais e sectoriais, etc.).

Assim é necessário que as informações contabilísticas sejam obtidas a partir de


métodos e procedimentos comummente conhecidos e aceites, para que se elaborem
documentos susceptíveis de interpretação e comparáveis com os de outras unidades.

A normalização contabilística consiste na definição de um conjunto de regras e


princípios que visem:

a) Elaboração de um quadro de contas que devem ser seguidas pelas unidades


económicas.

b) Definição do conteúdo, regras de movimentação e articulação das contas


definidas no quadro indicado na alínea a).

c) Concepção de mapas modelo para as demonstrações financeiras definidas para


as unidades económicas.

d) Definição dos princípios contabilísticos e dos critérios valorimétricos que devem


ser seguidos na contabilidade das diversas entidades envolvidas.

Em resumo, normalizar, consiste em criar uma metodologia comum, a ser seguida


pelas unidades económicas visando, fundamentalmente, a comparabilidade das
informações inter - unidades, a universalidade dos dados recolhidos e a sua
compressibilidade pelos diversos agentes económicos.

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APONTAMENTOS DE CONTABILIDADE FINANCEIRA II

3.2. Normalização contabilística em Angola

Em Angola o Plano Geral de Contabilidade, foi aprovado pelo Decreto nº


82/2011, de 16 de Novembro. O mesmo é obrigatoriamente aplicável às Sociedades
Comerciais e Empresas Públicas que exerçam actividade em Angola e que exerçam
actividade em outros países, mas que tenham a respectiva sede em Angola.

Com o renascer do desenvolvimento económico do País e com a crescente


internacionalização dos mercados de bens e serviços, o País não pode deixar de
acompanhar a evolução contabilística registada a nível internacional sob pena de perda
de oportunidade e competitividade. Neste aspecto a normalização contabilística assume
um papel primordial à luz da crescente globalização da economia ao preocupar-se com:

¾ A melhoria da informação contabilística produzida.

¾ O conhecimento da contabilidade e respectivo controlo.

¾ A comparação das informações contabilísticas no tempo e no espaço.

¾ A elaboração de estatísticas

A normalização engloba, portanto duas vertentes fundamentais:

¾ Criação de normas

¾ A aplicação das normas com vista à harmonização da informação contabilística


produzida.

A International Federation of Accountants (IFAC), que tem como objectivo


primordial a harmonização contabilística a nível mundial, tem vindo a desenvolver
esforços para a consecução do seu objectivo, através do International Accounting
Standards Committe (IASC), órgão dependente do IFAC, mediante a emissão de nomas
de contabilidade internacionais.

O Plano Geral de Contabilidade ( PGC) substituiu o plano de contas empresarial


que vigorou durante cerca de 12 anos, por se encontrar desajustado.

Embora as normas internacionais assumam um caracter de prática geralmente


aceite, resultante de uma escolha colectiva com vista a solucionar problemas de caracter
repetitivo, em Angola, as normas contabilísticas têm agora assumido um caracter legal
que, nesta fase face às inúmeras alterações a introduzir se optou por manter.

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APONTAMENTOS DE CONTABILIDADE FINANCEIRA II

À medida que a implementação destas alterações se torne efectiva e com vista a


flexibilizar a sua actualização em função das alterações que vierem a ser introduzidas
nas normas internacionais, haverá então, conveniência em substituir o caracter legal
actual por práticas geralmente aceites, o que se prevê venha a acontecer de forma
progressiva.

Entretanto, enquanto tal não acontecer, o Plano Geral de Contabilidade


estabelece os critérios para a preparação e apresentação das Demonstrações financeiras
para os utentes externos, tendo com propósitos fundamentais:

¾ Ajudar os preparadores das Demonstrações financeiras na aplicação de


normas idênticas às internacionais.

¾ Ajudar os utentes das Demonstrações financeiras na interpretação da


informação contida nas Demonstrações financeiras.

¾ Ajudar os auditores na formação de opinião quando as Demonstrações


financeiras se encontram ou não em conformidade com os princípios de
contabilidade geralmente aceites.

¾ Ajudar a identificar assuntos que devam constituir alvo de interpretação


detalhada e aprofundamento em fases seguintes, para melhor se
conformarem com as necessidades do país sem ferirem os princípios
básicos internacionais.
3.3. Noções do Plano de contas
O Plano de Contas é um conjunto de normas e procedimentos, contabilísticos
destinados a servir de guia e modelo para os trabalhos de registo e demonstração dos
factos patrimoniais, constituído por:

¾ Princípios e políticas contabilísticas;


¾ Elenco de contas;
¾ Forma (balanço, demonstração de resultados, e demonstrações de fluxos de
caixa) e âmbito das contas;
¾ Reconhecimento das massas patrimoniais e valorimetria;
¾ Notas.

Existem planos de contas gerais como é o caso do PGC (Plano Geral de


Contabilidade).

Existem também planos de contas sectoriais, como os Planos de Contas dos


sectores bancário e segurador, respectivamente.

Entretanto os utilizadores de qualquer plano de contas devem adaptá-lo seguindo


as normas e princípios instituídos pela lei que os consagra, à sua realidade, ou seja, à
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APONTAMENTOS DE CONTABILIDADE FINANCEIRA II

realidade das empresas. Essa adaptação pode passar pela abertura de contas de 2º, 3º e
4ºgraus, que permitam uma melhor compreensão dos movimentos contabilísticos da
empresa.

3.3.1. Plano Geral de Contabilidade – Quadro e Lista de Contas

A fim de orientar o processo de reconhecimento das operações e outros


acontecimentos, simplificar o controlo dos registos efectuados e facilitar a consulta de
saldos e quantias para efeitos de preparação das Demonstrações financeiras, optou-se
pela sistematização e codificação das rubricas a usar na elaboração dos registos
contabilísticos.

Com vista à harmonização, devem ser adoptados os quadros e listas de contas


constantes do Plano e respeitadas as disposições gerais a seu respeito.

As contas estão subdivididas por dez classes numeradas de 0 a 9.

A classe 0 – Contas de ordem é de uso facultativo.

As classes 1 a 8 – Contabilidade Geral envolvendo as contas de balanço, de


gestão e de resultados. São de uso obrigatório sempre que existam factos ou
acontecimentos que pela sua natureza devam nelas ser registados.

Como regra geral não devem ser efectuadas alterações na disposição,


nomenclatura e códigos de contas das rubricas constantes de cada uma das classes, sob
pena de tais alterações poderem a vir a pôr em causa os objectivos com que foram
criadas.

Podem ser efectuados desenvolvimentos de sub-rubricas de acordo com o que se


considerar mais apropriado face à realidade da entidade.

Classe 9 – Contabilidade Analítica – é de uso facultativo o qual dependerá da


necessidade sentida pela empresa e da ponderação do binómio custo/benefício.
Entretanto é recomendado o seu uso para empresas industriais onde o apuramento dos
custos de produção se torne moroso e difícil de executar por outra via.

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APONTAMENTOS DE CONTABILIDADE FINANCEIRA II

PARTE II
CAPÍTULO IV. OPERAÇÕES DO CICLO DE INVESTIMENTO

4.1. Meios Fixos e Investimentos

Entende-se por imobilizações os bens patrimoniais activos,


corpóreos ou incorpóreos que a empresa utiliza, como meios de realização
dos seus objectivos.

Representam um conjunto variado de elementos patrimoniais, cuja


característica agrupadora reside não na natureza do bem em si, mas na
possibilidade de permanecerem na empresa por prazos mais ou menos
longo, servindo quer como fonte de rendimento ou de condições de
trabalho.

Não se destinam à venda nem à transformação, no decurso da


actividade da empresa.

O activo imobilizado pode ser agregado em dois grandes grupos:


Imobilizações técnicas e Imobilizações de rendimento.

Imobilizações técnicas – são constituídas por bens que tornam


possível o arranque e desenvolvimento da actividade da empresa
(representam os fundos investidos com caracter de permanência e que estão
ligados à actividade normal da empresa).

Podem ser de natureza corpórea e incorpórea.

Corpórea (Imobilizações corpóreas) – caso dos edifícios,


instalações, máquinas, viaturas, terrenos em curso construções em curso,
etc. (têm existência física, são bens tangíveis móveis ou imóveis).

Incorpórea (Imobilizações incorpóreas) – traduzem-se em despesas


e/ou direitos, tais como gastos de instalações, alvarás, patentes, etc.
(representam direitos ou despesas que pelo seu elevado montante e ou
FACULDADE DE ECONOMIA DA UNIVERSIDADE MANDUME YA NDEMUFAYO 105
APONTAMENTOS DE CONTABILIDADE FINANCEIRA II

efeito duradouro sobre a actividade da empresa, não devem considerar-se


como custo de um só exercício. Não têm existência física, são intangíveis.

Quando um elemento patrimonial, enquadrável nas imobilizações


corpóreas ou incorpóreas, não se encontra concluído à data do balanço, será
registado na conta de Imobilizações em curso.

Imobilizações de rendimento - (Investimentos financeiros) – são


investimentos de capital em actividades inorgânicas e cujos objectivos
visam proporcionar um certo rendimento e/ou controlo de outras empresas
concorrentes ou não. (Ex: participações no capital de outras empresas, as
obrigações, os títulos de participação e os títulos da dívida pública, os
empréstimos de financiamento concedidos a outras empresas,
investimentos em imóveis para arrendar, etc.).

4.2. Imobilizações Corpóreas


Esta conta integra os imobilizados tangíveis, moveis ou imóveis,
que a empresa utiliza na sua actividade operacional, que não se destinem a
ser vendidos ou transformados, com caracter de permanência superior a um
ano.

Entende-se por activos tangíveis, os que são detidos para utilização


na produção ou fornecimento de produtos ou serviços, para arrendar ou
alugar a terceiros, ou para fins administrativos.

A conta integra ainda as beneficiações e as grandes reparações, que


sejam de acrescer ao custo daqueles imobilizados.

As imobilizações corpóreas têm a sua subdivisão de acordo com o


PGC (Plano Geral de Contabilidade) - 11.1 Terrenos e recursos naturais,
11.2 Edifícios e outras construções, 11.3 Equipamento básico, 11.4
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APONTAMENTOS DE CONTABILIDADE FINANCEIRA II

Equipamento de carga e transporte,11.5 Equipamento administrativo, taras


e vasilhames, 11.9 Outras imobilizações corpóreas.

Valorimetria do Imobilizado – é a forma como se registam as


entradas e saídas do imobilizado (entradas – aquisição, saídas – alienação
ou abate).

De acordo com o PGC, os elementos do activo imobilizado devem


ser valorizados ao custo de aquisição ou de produção, ou ao custo
revalorizado, líquido das correspondentes amortizações.

Valor de aquisição – é o valor de compra, de fabrico ou de


construção, acrescido de todas as despesas as despesas necessárias para
colocar os elementos patrimoniais em condições de utilização.

Entradas – Aquisição de imobilizado pode ter duas origens:

1 - No exterior- a pronto pagamento ou a prazo - deve ser


valorizado ao custo de aquisição (preço de custo), que engloba:

a) - Preço de compra

b) Gastos suportados directa ou indirectamente para colocar o bem


no seu estado actual e no local de funcionamento (transportes,
seguros, direitos alfandegários, instalação, etc.)

Movimento contabilístico: Débito: Imobilizações corpóreas

Crédito: - Disponibilidades

- Outros valores a receber e a pagar

2- Produzidos na própria empresa – o custo de produção engloba:

- Os custos de materiais e serviços utilizados;

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APONTAMENTOS DE CONTABILIDADE FINANCEIRA II

- Os custos com o pessoal envolvido na produção do bem;

- A depreciação dos activos fixos tangíveis que foram usados na


produção do bem.

- Os gastos gerais de produção, relacionados com a produção do


bem, que não sejam custos administrativos.

Despesas com o imobilizado corpóreo


Uma vez os imobilizados instalados e em funcionamento, existe a
necessidade de os manter operacionais, por forma a dar cumprimento aos
objectivos inerentes ao investimentos realizados, ou seja evitar que se
deteriorem e suprir avarias que ocorrem com o seu funcionamento.

São as chamadas despesas de conservação e reparação, que não


aumentam o valor dos bens nem prolongam a sua vida útil.

Amortizações e Reintegrações
O imobilizado corpóreo das empresas, é composto por um conjunto
diversificado de bens, que são fundamentais para a actividade das mesmas.
A maioria dos bens está sujeita a perder o valor devido a factores de vária
ordem.

A perda de valor sofrida pelo imobilizado chama-se depreciação.

A depreciação pode ser motivada por:

1. Factores de ordem física, devidos quer ao desgaste funcional do


bem, quando são submetidos a uso, quer à sua depreciação espontânea,
provocada por corrosão, inundação, sinistros etc.
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APONTAMENTOS DE CONTABILIDADE FINANCEIRA II

2. Factores de ordem económica devidos ao progresso tecnológico


que levam a obsolescência do bem.

A expressão contabilística utilizada para designar a depreciação do


activo imobilizado corpóreo ou incorpóreo é a amortização ou
reintegração.

Vida útil ou económica


O imobilizado é utilizado pela empresa durante vários exercícios.
No entanto, todos os anos o imobilizado vai-se depreciando, devendo esta
perda de valor ser considerada como um encargo de exploração do
respectivo exercício e registado pela contabilidade.

Vida útil é o período de tempo fixado, para os diferentes


imobilizados, durante o qual se espera que possam ser utilizados em
condições de funcionamento económico. As imobilizações são bens que
não se consomem num só exercício mas num número de anos previstos
para a sua vida útil. A medida que vai sendo usado, a utilidade do bem
diminui até se chegar teoricamente a uma utilidade (valor) nulo.

Amortizar um bem – consiste em registar a perda do valor de um


activo imobilizado ou seja, repartir o custo de uma imobilização pelos
exercícios abrangidos pela sua vida útil ou duração económica.

Pelo facto de os custos contabilizados não corresponderem a


desembolsos efectivos, a empresa reterá desta forma fundos que em
economias inflacionadas possibilitam a substituição dos imobilizados
antigos por novos.

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APONTAMENTOS DE CONTABILIDADE FINANCEIRA II

Noção e Cálculo da Quota de Amortização


O valor a amortizar deve ser periódico, em regra anual, e é
designado por quota de amortização ou de reintegração.

Quota de amortização – é a redução de valor sofrida pela


imobilização em determinado exercício.

Para o cálculo do valor da quota de amortização devem ser


conhecidos :

1 – O valor a amortizar – resulta da diferença entre o valor inicial


ou de origem do bem e o seu valor residual.

(Valor inicial = custo de aquisição; Valor residual = valor que se


espera vender o bem, uma vez terminada a sua utilização pela empresa).

Valor a amortizar = Valor inicial – Valor residual

3 – Período de duração do bem – vida útil.

Critérios para a determinação das quotas anuais de


amortização
Para o cálculo das amortizações, foram fixados alguns critérios de
base teórica, para a determinação das quotas anuais de amortizações, que se
encontram divididos em dois grupos:

- Critérios rígidos – quando as quotas de amortização são fixadas à


data da aquisição de bens imobilizados. Têm em atenção apenas o factor
tempo. Este critério agrupa um segundo conjunto de critérios:

- Quotas constantes
-Quotas variáveis em progressão aritmética decrescente
- Quotas variáveis em progressão geométrica.

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APONTAMENTOS DE CONTABILIDADE FINANCEIRA II

Critérios elásticos – quando a fixação das quotas de amortização se


efectua no fim cada período a que respeitem e em função de determinados
acontecimentos (grau de utilização, preços de mercado, etc.).Este por seu
lado agrupa:

- Critérios do desgaste funcional

- Base dupla

Para o nosso caso e de acordo com o Código do Imposto Industrial,


(artigo 34º), o cálculo das amortizações e reintegrações, faz-se em regra
pelo método das quotas constantes, que como foi dito faz parte dos critérios
rígidos.

Entretanto poderão utilizar-se outros métodos quando a natureza do


deperecimento ou a tradição contabilística da empresa o justifiquem, e se a
Direcção nacional de Impostos não se opuser.

O método das quotas constantes é o mais simples, pressupõe que o


desgaste é directamente proporcional ao tempo, ou seja, é constante o valor
das quotas anuais de amortização.

Considerando:

Vo – valor de aquisição do imobilizado


R – valor residual (valor atribuído ao imobilizado no final d avida
útil)
A – valor a amortizar; A=Vo-R
Qt – quota de amortização no período t
Mt – amortização acumulada no período t
N – anos de vida útil ou económica

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APONTAMENTOS DE CONTABILIDADE FINANCEIRA II

Vt – valor contabilístico no fim do período t; Vt = Vo – Mt

A quota de amortização será, no período t, dada pela fórmula:

As amortizações acumuladas no período t serão:

Mt = t.Q em que Q = Qt por as amortizações serem constantes.

QUADRO DE AMORTIZAÇÕES
AMORTIZAÇÃO
A ACUMULADA VALOR
NOS ANUAL (Qj) ( Mj) CONTABILISTICO
Q1
1 =Q M1 = Q V1 = V0-M1
Q2
2 =Q M2 = 2Q V2 = V0-M2
Q3
3 =Q M3 = 3Q V3 = V0- M3
,
,,, ….. …. …
Qt
T =Q Mt = tQ Vt = V0 -Mt
….
… … …
Qn
N =Q Mn = nQ = A Vn = Vo - Mn= R

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APONTAMENTOS DE CONTABILIDADE FINANCEIRA II

Movimento Contabilístico da Retirada do Imobilizado Corpóreo


A retirada de um imobilizado corpóreo pode ser motivada por uma das
seguintes situações:

a) Alienação;
b) Sinistro;
c) Abate.

1. Retirada do imobilizado pela Alienação

Da alienação do imobilizado pode resultar uma mais-valia ou uma menos-valia

1 – Mais – valia:

1º) - Débito – 68.3.1 Outros Proveitos e ganhos não operacionais/Ganhos em


imobilizações /Vendas de imobilizações corpóreas.

Crédito – 11 Imobilizações corpóreas

2º) - Débito – 18.1 Amortizações acumuladas (pela anulação das amortizações)

- 37 Outros valores a receber e a pagar, 43 Depósitos à ordem ou 45


Caixa (pelo valor da alienação).

- Crédito - 68.3.1 Outros Proveitos e ganhos não operacionais/Ganhos em


imobilizações /Vendas de imobilizações corpóreas

O saldo da conta 68.3.1, resultante destes lançamentos revela o ganho obtido


na venda.

2– Menos – valia:

1º) - Débito – 78.3.1 Outros Custos e Perdas não operacionais/Perdas em


imobilizações /Vendas de imobilizações corpóreas.

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APONTAMENTOS DE CONTABILIDADE FINANCEIRA II

Crédito – 11 Imobilizações corpóreas

2º) – Débito – 18.1 Amortizações acumuladas (pela anulação das amortizações)

Crédito - 78.3.1 Outros Custos e Perdas não operacionais/Perdas em


imobilizações /Vendas de imobilizações corpóreas.

- 37 Outros valores a receber e a pagar, 43 Depósitos à ordem ou 45


Caixa (pelo valor da alienação).

O saldo da conta 78.3.1, resultante destes lançamentos revela a perda obtida na


venda.

2-Retiradas de imobilizado por sinistro

Nas empresas, ainda que esporadicamente ocorrem factos alheios ao seu


normal funcionamento, que se reflectem negativamente ao nível do seu imobilizado.
Caso dos acidentes incêndios, inundações, roubos, etc.

Os lançamentos não divergem muito dos efectuados na alienação.

Entretanto há que atender ao facto de os sinistros nos bens de imobilizado


corpóreo podem estar ou não cobertos pelo seguro, decorrendo do facto da existência de
possíveis direitos a indemnizações, os quais deverão ser considerados nos registos a
efectuar.

A – sinistro de um bem não coberto pelo seguro – neste caso a empresa


suporta, desde logo, uma perda que ascende ao valor actual do bem, na medida em que
não irá receber qualquer indemnização.

Atendendo à natureza dos factos que provocaram a perda, a mesma terá de ser
levada à conta de Custos extraordinários. Uma vez que o bem está inutilizado deverá
deixar de constar das imobilizações corpóreasda empresa pelo que deverá ser anulado o
valor de aquisição bem como o das amortizações acumuladas:

1) Débito – 79.4 Custos e Perdas extraordinários/ Perdas resultantes de sinistros

Crédito – 11. Imobilizações Corpóreas


FACULDADE DE ECONOMIA DA UNIVERSIDADE MANDUME YA NDEMUFAYO 114
APONTAMENTOS DE CONTABILIDADE FINANCEIRA II

2) Débito – 18.1 Amortizações acumuladas/ Imobilizações corpóreas.

Crédito – 79.4 Custos e perdas Extraordinários/ Perdas resultantes de sinistros.

B – Sinistro de um bem coberto pelo seguro - neste caso a empresa tem direito
a receber uma indemnização. Todavia a indemnização pode ou não compensar a perda
sofrida, se compararmos o valor actual ou contabilístico do bem que ficou inutilizado
com a indemnização a que se tem direito, podemos estar perante:

a)- Uma perda extraordinária – se o valor actual for superior ao da


indemnização. Neste caso:

1) Débito – 79.4 Custos e Perdas Extraordinários/ Perdas resultantes de


sinistros.

Crédito – Imobilizações corpóreas

2) Débito – 18.1 Amortizações acumuladas/ Imobilizações corpóreas

Crédito –79.4 Custos e Perdas Extraordinários/ Perdas resultantes de sinistros.

- 37 Outros valores a receber e a pagar, 43 Depósitos à ordem ou 45


Caixa (pelo valor da indemnização).

b)- Um ganho extraordinário – se o valor actual for inferior ao da


indemnização:

1) Débito – 69.4 Proveitos e Ganhos Extraordinários/ Ganhos


resultantes de sinistros.

Crédito – Imobilizações corpóreas

2) Débito – 18.1 Amortizações acumuladas/ Imobilizações corpóreas

Crédito – 69.4 Proveitos e Ganhos Extraordinários/ Ganhos resultantes de


sinistros.

- 37 Outros valores a receber e a pagar, 43 Depósitos à ordem ou 45 Caixa


(pelo valor da indemnização).
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APONTAMENTOS DE CONTABILIDADE FINANCEIRA II

1 – Retiradas de imobilizado por abate – Quando um bem imobilizado


corpóreo se esgota ou deixa de ter utilidade económica para a empresa, deve
proceder-se ao seu abate. Esta situação tanto se pode dar no final da vida útil do
bem (o que será normal), como no decorrer da mesma.

A contabilização do abate processa-se de forma idêntica a que se faz no caso de


uma alienação:

Debita-se o valor de aquisição na conta 18.1 Amortizações acumuladas /


Imobilizações corpóreas, por crédito da conta 11 Imobilizações Corpóreas.

Se após este lançamento houver ainda um saldo devedor na conta 18.1,


referente à imobilização corpórea abatida transfere-se para a conta 78.3.3 Outros Custos
e Perdas Não Operacionais/ Perdas em imobilizações/Abates.

4.3. Imobilizações Incorpóreas


Conforme já se referiu, integram esta rubrica todas as imobilizações que pela
sua natureza, não são materiais, são intangíveis (12.1 Trespasses, 12.2 Despesas de
investigação e desenvolvimento, 12.3 Propriedade industrial e outros direitos e
contratos, 12.4 Despesas de constituição,12.9 Outras imobilizações incorpóreas).

Os critérios valorimétricos a adoptar na valorimetria das imobilizações


incorpóreas são, com as necessárias adaptações, iguais aos critérios definidos para a
valorimetria das imobilizações corpóreas:

4.3.1. Registo da entrada do Imobilizado Incorpóreo

As imobilizações incorpóreas devem ser valorizadas ao custo de produção ou


aquisição.

1-Aquisição no exterior (a pronto pagamento e a prazo) deve registar-se em


imobilizações incorpóreas, não só o valor do direito adquirido, mas também, por
exemplo as despesas com o contencioso, notariado e advocacia que tiverem que tiverem
que ser suportadas para o concretizar:

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APONTAMENTOS DE CONTABILIDADE FINANCEIRA II

Débito – 12 Imobilizações corpóreas

Crédito – 37.1.2 Outros valores a receber e a pagar/ compra de


imobilizado/corpóreo, 43 depósitos à ordem ou 45 caixa.

2– Trabalhos feitos pela própria empresa – tal como acontece com as


imobilizações corpóreas, as imobilizações incorpóreas também podem emergir de
trabalhos, estudos e projectos realizados no seio da empresa, utilizando para o
efeito meios próprios ou adquiridos especialmente para sua consecução, e que
decida transformar em activo imobilizado:

a) Débito – Nas contas de custos e perdas operacionais, de acordo


com a sua natureza e a medida que ocorrem, em contrapartida de contas de
meios monetários ou terceiros.
b)Registo do proveito (crédito) em trabalhos para a própria empresa
e o correspondente aumento do Imobilizações incorpóreas (débito).

4.3.2. Retirada do imobilizado Incorpóreo

Alienação das Imobilizações incorpóreas:

Tal como as imobilizações corpóreas, a alienação de direitos que constituem o


imobilizado incorpóreo pode gerar um ganho ou uma perda.

Resulta em ganho quando o preço de venda for superior ao valor actual. Este
ganho é levado à conta 68.3.2 Outros Proveitos e Ganhos não Operacionais / Ganhos em
imobilizações/Venda de imobilizações incorpóreas.

Resulta em perdas quando o preço de venda for inferior ao valor actual. Esta
perda é levada a conta 78.3.2Outros Custos e Perdas não Operacionais / Perdas em
imobilizações/Venda de imobilizações incorpóreas.

Abates das imobilizações incorpóreas:

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APONTAMENTOS DE CONTABILIDADE FINANCEIRA II

No caso de serem abatíveis, o mesmo efectua-se quando as imobilizações


incorpóreas não têm qualquer valor realizável, e depois de se encontrarem totalmente
amortizadas.

4.4. Imobilizações em Curso


Nesta conta são registadas as despesas com as imobilizações que não se
encontram concluídas á data do encerramento do exercício:

- Aquisição no exterior de obras, cujo fornecimento se processa por fases,


nomeadamente imobilizações corpóreas, estudos e projectos.

- As obras em curso, para o imobilizado feito pela própria empresa e que


à data do balanço não se encontram concluídas, pelo que o respectivo valor ainda não
poderá ser registado na respectiva conta de imobilizado.

- Os adiantamentos feitos pela empresa aos credores que lhe irão fornecer o
imobilizado.

4.5. Investimentos financeiros


Esta conta integra as aplicações financeiras de caracter permanente (médio e
longo prazos), são detidas por um período superior a um ano.

De forma geral há investimento financeiro, quando uma empresa adquire uma


parte do capital de outra, obrigações e outros títulos de rendimento, os empréstimos
concedidos, todos com o fim de obter rendimento ou o controlo de outras empresas.
Abrange ainda imóveis que não estejam afectos à sua actividade operacional.

São valorizados ao custo de aquisição ou ao justo valor.

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APONTAMENTOS DE CONTABILIDADE FINANCEIRA II

4.5.1. Âmbito e movimentação:


1 – Partes de capital – constam das subcontas (13.1.1, 13.2.1 e 13.3.1) de
acordo com a posição da empresa em relação à participada.

Aquisições de partes de capital:

A - Aquisição no momento da constituição da empresa:

1º Pela subscrição

Debita-se – Investimentos financeiros (subcontas 13.1.1, 13.2.1 ou 13.3.1)

Credita-se –Entidades participantes e participadas/Participadas (35.2.2.1,


35.2.3.1, 35.2.4.1).

2º Pela liberação (realização)

Debita-se – Entidades participantes e participadas/participadas (35.2.2.1,


35.2.3.1, 35.2.4.1).

Credita-se – Depósitos a ordem 43 ou Caixa 45

B – Aquisição após a constituição da empresa participada:

Aquisição da participação:

Debita-se – Investimentos Financeiros (13.1.1, 13.2.1 ou 13.3.1)

Credita-se – Depósitos à ordem 43 ou Caixa 45

Rendimentos produzidos:

a) Pelo recebimento de adiantamentos por conta de lucros

Débito – Depósitos à ordem 43 ou Caixa 45

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APONTAMENTOS DE CONTABILIDADE FINANCEIRA II

Crédito – Entidades participantes e participadas/participadas (35.2.2.2,


35.2.3.2 ou 35.2.4.2)

b) Pela distribuição dos lucros:


Débito - Entidades participantes e participadas/participadas
(35.2.2.3,35.2.3.3,35.2.4.3)

Crédito – Proveitos e ganhos financeiros em subsidiárias e associadas


(67.1.1 ou 67.1.2).

c) Pelo recebimento dos lucros:

- Se houve adiantamento sobre os lucros

Débito – Depósitos à ordem, Caixa 45, Entidades Participadas


(35.2.2.2, 35.2.3.2, 35.2.4.2)

Crédito – Entidades Participadas (35.2.2.3,35.2.3.3 ou 35.2.4.3)

- Se não houve adiantamento sobre lucros:

Débito – Depósitos à ordem 43 ou Caixa 45

Crédito – Entidades participadas (35.2.2.3, 35.2.3.3 ou 35.2.4.3)

Pela venda de Acções ou quotas

- Venda de partes de capital com ganho

1. Abate das partes de capita ao custo de aquisição

Debita-se – Proveitos e ganhos financeiros gerais (66.6.1.3)

Credita-se – Investimentos financeiros (13.3.1)

2. Valor da venda das partes de capital:

Debita-se - Contas de disponibilidades (43, 45) ou Outros valores a receber e a


pagar (37.2.3)

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APONTAMENTOS DE CONTABILIDADE FINANCEIRA II

Credita-se – Proveitos e ganhos financeiros gerais (66.6.1.3)

- Venda de partes de capital com perda:

1. Abate das partes de capital ao preço de custo de aquisição

Debita-se - Custos e perdas financeiros gerais (76.6.1.3)

Credita-se – Investimentos financeiros (13.3.1)

2. Valor da venda das partes de capital

Debita-se – contas de disponibilidades (43, 45) ou Outros valores a receber e a


pagar (37.3.3)

Credita-se – Custos e perdas financeiros gerais (76.6.1.3)

4 – Obrigações e títulos de participação – Nestas subcontas registam-se


os investimentos efectuados em obrigações e títulos de participação, e a utilização
de uma dos 13.1.2, 13.2.2 e 13.3.2, depende da percentagem de controlo que a
empresa detém.

Movimentação

1º Pela aquisição

Débito- Investimentos financeiros (13.1.2, 13.2.1 e 13.3.2)

Crédito – Depósitos à ordem 43, Caixa 45

2º Pelo rendimento:

Débito – Depósitos à ordem 43 ou Caixa 45

Crédito – Proveitos e ganhos financeiros gerais (66.1.1 ou 66.1.1.3)

3º Pelo reembolso:

a) Quando este é menor que o valor da subscrição:

Débito – Depósitos à ordem 43 ou Caixa 45 e Custos e perdas financeiros gerais 76.6.1

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APONTAMENTOS DE CONTABILIDADE FINANCEIRA II

Crédito – Investimentos financeiros (13.1.2, 13.2.2 ou 13.3.2)

b)Quando este é maior que o valor da subscrição:

Débito – Depósitos à ordem43, Caixa 45

Crédito – Investimento financeiros 8 13.1.2, 13.2.2 ou 13.3.2 e


Proveitos e ganhos financeiros gerais 66.6.1.

5 – Empréstimos– nestas subcontas, registam-se os empréstimos


concedidos que têm como objectivo a rentabilização de capitais excedentários, e
que se caracterizam por uma permanência prolongada. A utilização de uma das
subcontas 13.1.3, 13.2.3 e 13.3.3, depende da percentagem de controlo que a
empresa detém.

Movimentação:

1º Pela concepção do empréstimo:

Débito – Investimentos financeiros (13.1.3, 13.2.3, 13.3.3)

Crédito – Depósitos à ordem 43 ou Caixa 45

2º Pelos juros recebidos dos empréstimos:

Débito – Depósitos à ordem 43 ou Caixa 45

Crédito – Proveitos e ganhos financeiros gerais 66.6.1

3ºPelo reembolso do empréstimo:

Débito – Depósitos à ordem 43 ou Caixa 45

Crédito – Investimentos financeiros 13.1.3 ou 13.2.3 ou 13.3.3

6 – Investimentos em imóveis – Esta rubrica destina-se a registar os


imóveis adquiridos e que não se destinam a serem usados pela entidade, na sua

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APONTAMENTOS DE CONTABILIDADE FINANCEIRA II

actividade operacional. De acordo com o PGC, o conceito de imóveis pode revestir


a forma quer de terrenos quer de edifícios.

Os bens registados nesta conta estão sujeitos a depreciação, devendo ser


amortizados, de acordo com o PGC.As amortizações são baseadas na vida útil dos
imóveis e destinam-se a reflectir a perda de benéficos económicos decorrentes do uso,
da inactividade ou da passagem do tempo, e são calculadas apenas para imóveis
depreciáveis, tendo em conta: a quantidade depreciável, a vida útil esperada.

Movimentação:

1º Pelas aquisições:

Débito – Investimentos financeiros 13.4.1

Crédito – Depósitos a ordem43, Caixa 45, Outros valores a receber e a


pagar 37, ou trabalhos para a própria empresa (no caso de investimentos financeiros
sejam produzidos pela empresa).

2º Pelas alienações:

Movimento idêntico ao das imobilizações corpóreas:

Em caso de ganho utiliza-se a conta Proveitos e ganhos financeiros gerais


(66.6.1.4).

Em caso de perda utiliza-se a conta Custos e perdas financeiras gerais


(76.6.1.4)

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APONTAMENTOS DE CONTABILIDADE FINANCEIRA II

CAPÍTULO V. OPERAÇÕES DO CICLO DE EXPLORAÇÃO

5.1.Existências
5.1.1. Introdução

De acordo com o PGC, consideram-se existências os bens que


respeitem as condições para o reconhecimento como activos. São todos os
bens armazenáveis, adquiridos ou produzidos pela empresa e se destinam a
venda ou a serem incorporados na produção.

Os bens são classificados da seguinte forma:

- Matérias-primas - são os bens que não se destinam à venda, mas


sim a serem incorporados directamente em novos produtos.

- Matérias subsidiárias – são os bens que não se incorporam


directamente num determinado produto, concorrendo no entanto, directa ou
indirectamente para a sua produção.

- Produtos em curso – são os bens que se encontram numa certa


fase do processo produtivo, sem no entanto, terem atingido a fase final de
fabrico, ou seja, estarem aptos para venda.

- Subprodutos e resíduos – são os produtos secundários,


resultantes da produção de um produto principal, com baixo valor
comercial e não são utilizáveis no processo produtivo da empresa.

- Produtos acabados – são os produtos resultantes do processo


produtivo da empresa que, tendo atingido a sua fase final estão aptos para a
venda.

- Mercadorias – bens adquiridos para venda, não estão sujeitos a


qualquer alteração dentro da empresa.

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APONTAMENTOS DE CONTABILIDADE FINANCEIRA II

A classificação apresentada depende da natureza da empresa ou da


fase de transformação. Assim o produto acabado para uma empresa pode
ser matéria-prima para outra, ou até mesmo uma mercadoria.

Deste grupo de bens há os que são movimentados apenas em


empresas industriais (caso dos cinco primeiros) e os outros em empresas
comerciais.

5.1.2. Movimentação das Existências

As existências normalmente representam uma aplicação


significativa de capitais. A manutenção de elevados stocks pode originar
encargos financeiros altos. Inversamente os stocks pequenos podem
determinar roturas nos fornecimentos necessários para satisfazer os
clientes. Pra resolver este antagonismo, a Gestão de stocks assume um
relevo cada vez maior na gestão empresarial.

A contabilidade geral é um meio importante na gestão de stocks,


pois, através dela pode-se apurar os movimentos havidos, os custos e os
resultados que originam.

Contabilisticamente estes elementos podem ser apurados por dois


sistemas:

- Sistema de inventário permanente

- Sistema de inventário intermitente

A utilização destes sistemas permite à empresa:

a) Conhecer em qualquer momento a quantidade e o valor


dos stocks que possuem;

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APONTAMENTOS DE CONTABILIDADE FINANCEIRA II

b) Apurar o custo dos produtos vendidos e consumidos,


obtendo assim o resultado apurado nas vendas ou na produção.

1 – Sistema de Inventário permanente – neste sistema é possível


determinar permanentemente, o valor das existências em armazém e
também os resultados obtidos nas vendas, sem necessidade de recorrer à
inventariação física das existências. Para tal basta criar dois tipos de contas:

a) – Conta ou contas que nos dêem a conhecer


permanentemente o valor dos stocks da empresa (Ex: conta
mercadorias);

b) – Conta ou contas de custos dos produtos vendidos ou


consumidos para nos dar também permanentemente o custo das
vendas ou produção, apurando-se a partir do valor da venda ou da
produção o respectivo resultado.

Movimentação das contas:

1) Momento da aquisição

As compras de mercadorias são registadas na conta 21 Compras –


esta será debitada inicialmente em contrapartida de 32 Fornecedores ou de
43 Depósitos à Ordem e 45 caixa – pelo valor da factura do fornecedor e
pelas despesas de compras.

Será saldada (creditada) a quando da entrada das existências em


armazém em contrapartida do débito da conta a 26 Mercadorias, sempre
pelo preço de custo das existências, bem como pelas devoluções de
compras (21.7.1) e pelos descontos e abatimentos (21.8.1) em contrapartida
de Fornecedores.

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APONTAMENTOS DE CONTABILIDADE FINANCEIRA II

As contas de devoluções e descontos serão saldadas (debitadas) em


contrapartida de 26.1 mercadorias.

2) Momento da venda:

Pela venda a prazo ou pronto pagamento, ao preço de venda Debita-


se 31 Clientes, 43 Depósitos à ordem ou 45 caixa, em contrapartida da
conta 61 Vendas.

Pelo custo da mercadoria vendida, debita-se a conta 71 Custo das


mercadorias vendidas e das matérias consumidas, em contrapartida da
conta 26 Mercadorias ao preço de custo.

O resultado bruto das vendas (RBV) = Vendas líquidas (VL) –


Custo das mercadorias vendidas (CMV)

1 – Sistema de Inventário Intermitente ou periódico – neste


caso o valor dos stocks em armazém e dos resultados só é determinável
através de inventariações directas (contagem física) dos valores em
armazém efectuadas periodicamente.

Difere do anterior para se determinar o valor das existências e


consequentemente do resultado das vendas, tem que se proceder
previamente à inventariação directa dos bens em stock:

RBV = VL – CMVC

Apenas o valor das vendas VL é dado directamente pelo saldo da


conta 61(Vendas). Para se determinar o CMVC, extracontabilisticamente,
deverá utilizar-se a seguinte fórmula:

CMVC = Existência inicial + Compras – Existências finais

- Existências iniciais são dadas pelo saldo da conta de existências

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APONTAMENTOS DE CONTABILIDADE FINANCEIRA II

- As compras são dadas pelo saldo da conta compras

- As existências finais são determinadas por inventariação directa.

Neste sistema as aquisições de existências são também


movimentadas na conta 21 compras. Periodicamente, em regra no final do
exercício o saldo da conta compras é transferido para a conta de
mercadorias.

O débito da conta de existências (mercadorias) – representa o


conjunto de bens que durante o período estiveram em condições de venda
(ou seja existências iniciais acrescidas das aquisições efectuadas).

Para o apuramento do resultado o saldo devedor da conta de


existências no final do período deve ser ajustado (regularizado) para que
expresse o quantitativo das existências finais. A conta de existências é
creditada por contrapartida da conta 71 Custo das mercadorias vendidas,
pelo quantitativo das existências efectivamente vendidas.

RBV = Saldo da conta 61 Vendas – Saldo da conta 71 CMVC

5.1.3. Critérios de Valorimetria das Existências


A valorização das existências, como processo de determinação dos
preços de entrada e de saída, assume maior importância quanto maior for o
volume de stocks da empresa.

Entradas – devem ser valorizadas pelo preço de custo:

Preço de custo = Preço da factura + Despesas de compras –


Descontos comerciais obtidos (na factura ou extra factura).

Saídas – devem ser valorizadas, utilizando para o efeito um dos


critérios referidos no PGC: FIFO, Custo médio ponderado, LIFO, Custo
específico Valor realizável líquido e Custo de reposição.
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APONTAMENTOS DE CONTABILIDADE FINANCEIRA II

Vamos nos debruçar sobre os três primeiros:

1 – Método do custo cronológico directo – FIFO (First in first


out) – primeiro entrado primeiro saído – pressupõe que os elementos de
inventário que foram primeiro comprados são os primeiros a serem
vendidos e ainda a individualização dos lotes para a mesma mercadoria,
produto ou matéria, ou seja, tantos os lotes quantos os custos unitários
deferentes.

As saídas são avaliadas ao custo das entradas dos lotes mais


antigos. Sendo as saídas calculadas aos preços mais antigos, então as
existências finais são avaliadas aos preços mais recentes.

2 – Método do custo cronológico inverso – LIFO ( List in first


out) – último entrado, primeiro saído – pressupõe que os elementos de
inventário que tenham sido comprados ou produzidos em último lugar,
sejam os primeiros a serem vendidos. Se as saídas são avaliadas ao custo
das entradas mais recentes, então as existências finais, são avaliadas aos
custos das entradas mais antigas.

3 – Método do custo médio – Custo Médio Ponderado – o custo


unitário das existências em armazém é determinado pela média ponderada
do custo de compra e o valor dos stocks, ou seja, do custo dos elementos
existentes.

O custo médio ponderado pode obter-se por duas vias:

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APONTAMENTOS DE CONTABILIDADE FINANCEIRA II

- Após cada nova compra ou entrada, chamado custo médio


progressivo

- Após o total das entradas durante um certo período.

As saídas, salvo as devoluções, quebras ou extravios, não alteram o


custo unitário das existências, pois processam-se ao custo médio.

Na prática este método é o mais utilizado e também o de mais fácil


tratamento informático. Tem o inconveniente de o custo actual de um bem
ser ponderado por um custo mais antigo, poder vir a ser substancialmente
alterado, afastando-se deste modo do seu valor real.

5.1.4. Descontos e Abatimentos

Os descontos podem ser repartidos em dois grupos, é importante


distinguir se estamos perante um benefício de caracter comercial ou
financeiro. Essa distinção determina a sua contabilização:

1 – Descontos comerciais – não resultam de pagamentos


efectuados e são obtidos como: rapel, bónus, desconto de quantidade, de
revenda.

Estes descontos são reconhecidos normalmente na própria factura,


aquando da emissão da mesma. Se forem concedidos já após a emissão da
factura, será emitida uma nota de crédito.

2 – Descontos financeiros são os que resultam, da antecipação de


pagamentos ou de pronto pagamento. Estes descontos podem ser:

- Obtidos – quando relacionados com a compra

- Concedidos quando relacionados com a venda

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APONTAMENTOS DE CONTABILIDADE FINANCEIRA II

5.1.5. Adiantamentos

1 - Adiantamentos por conta de compras – referem-se às entregas


feitas pela empresa, relativas a fornecimentos futuros a efectuar por
fornecedores.

Pela emissão das facturas as verbas serão transferidas para as


respectivas rubricas de fornecedores correntes.

O adiantamento pode ser:

1) Com o preço previamente fixado:


a) Pela entrega do valor
– Debita-se 28.2 Adiantamento por conta de compras

- Credita-se C/ disponibilidades (43 ou 45)

b) Pela anulação (emissão da factura)

- Debita-se 32.1 Fornecedores correntes

- Credita-se 28.2 Adiantamento por conta de


compras/Mercadorias

2) Com o preço não previamente fixado:

a) Pela entrega do valor

- Debita-se 32.9.1 fornecedores/ Saldos


devedores/Adiantamentos

- Credita-se c/ Disponibilidades(43 ou 45)

b) Pela anulação (emissão da factura)

- Debita-se 32.1 Fornecedores correntes

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APONTAMENTOS DE CONTABILIDADE FINANCEIRA II

- Credita-se 32.9.1 Fornecedores /Saldos


devedores/Adiantamentos

2 - Adiantamentos por conta de vendas – referem-se a


recebimentos de terceiros de valores adiantados relativos a fornecimentos a
efectuar.

Quando forem emitidas as facturas, as verbas serão transferidas


para as respectivas contas de clientes correntes

O adiantamento pode ser:

1) Com o preço previamente fixado


a) Pela recepção do valor
- Debita-se C/ Disponibilidades (43 ou 45)

- Credita-se 37.3.1 Outros valores a receber e a pagar /


Proveitos a facturar/Vendas.

b) Pela anulação (quando da emissão da factura):

- Debita-se 37.3.1 Outros valores a receber e a pagar/Proveitos


a facturar/ Vendas

- Credita-se 31.1 Clientes correntes

2) Com o preço não fixado previamente

a) Pela recepção do valor:

- Debita-se C/ Disponibilidades (43 ou 45)

- Credita-se 31.9.1 Clientes /Saldos credores / adiantamentos

b) Pela anulação:

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APONTAMENTOS DE CONTABILIDADE FINANCEIRA II

- Debita-se 31.9.1 Clientes /Saldos credores / adiantamentos

- Credita-se 31.1 Clientes correntes

5.1.6. Ofertas de Existências

Neste caso pode-se considerar: ofertas a terceiros ( clientes) e


as ofertas de terceiros( fornecedores).

A oferta a terceiros de artigos das próprias existências é uma


operação que ocorre nalgumas empresas com frequência. O
movimento contabilístico é o seguinte:

1 - Oferta a terceiros ( existências saídas por ofertas)

- Débito – 75.6 Outros custos e perdas operacionais/


Ofertas e amostras de existências

- Crédito - 26 Mercadorias

2 – Oferta de terceiros (existências entradas por ofertas )

- Débito – 26 Mercadorias

- Crédito –68.4.2 Outros Proveitos e ganhos não


operacionais/Ganhos em existências

5.1.7. Provisões para a Depreciação de Existências

Esta conta serve para registar as diferenças relativas ao custo


de aquisição ou de produção resultantes da aplicação dos critérios
definidos na valorimetria das existências.

A provisão será constituída através de correspondente conta


de custos, sendo debitada na medida em que cessem ou se reduzam
as situações que a originaram.

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APONTAMENTOS DE CONTABILIDADE FINANCEIRA II

Do ponto de vista contabilístico as provisões para a


depreciação de existências só devem constituir-se quando se
verifique que o presumível valor da venda das existências é inferior
ao custo de aquisição ou de produção dos mesmos, correspondendo
deste modo a perdas potenciais que podem concretizar-se ou não em
existências posteriores.

Movimentação:

1ª Fase – Constituição ou reforço (o lançamento normalmente


efectua-se no fim de cada exercício económico):

- Debita-se 78.1.1.5 Outros custos e perdas não


operacionais/Provisões do exercício/Existências /Mercadorias

- Credita-se 29.6 provisões para a depreciação de


existências /Mercadorias

2ª Fase – Reposição ou anulação

Tem lugar sempre que se considere que o montante


provisionado excede os valores tidos por razoáveis e adequados para
a relevação da perda potencial. Pelo montante em excesso:

- Debita-se 29.6 Provisões para a depreciação de


existências /Mercadorias

- Credita-se 68.1.1.5 – Outros proveitos e ganhos não


operacionais/Redução de provisões/ Existências /Mercadorias

Esta conta terá sempre saldo credor ou nulo, no Balanço é


representada no activo a deduzi ao valor das respectivas rubricas de
existências.

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APONTAMENTOS DE CONTABILIDADE FINANCEIRA II

5.2.Terceiros

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APONTAMENTOS DE CONTABILIDADE FINANCEIRA II

CAPÍTULO VI – OPERAÇÕES DO CICLO DE FINACIAMENTO

6.1. Capital Próprio

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APONTAMENTOS DE CONTABILIDADE FINANCEIRA II

6.2. Passivo não Corrente

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APONTAMENTOS DE CONTABILIDADE FINANCEIRA II

CAPÍTULO VII. OPERAÇÕES DE FIM DE EXERCÍCIO


7.1. Introdução
Consideram-se operações de fim de exercício, todos os registos
contabilísticos não correntes com vista ao apuramento de resultados,
elaboração do balanço, demonstração de resultados e demais peças
contabilísticas (ou extracontabilisticas).

As operações de fim de exercício deverão ser abordadas segundo duas


ópticas distintas:

1. Diz respeito à sequência das operações e registos a efectuar.


2. Relativa aos mapas a elaborar: Balanço. Demonstração de
Resultados e anexos.

Quanto a sequência, as operações de fim de exercício têm como ponto de


partida os elementos fornecidos pelo Balancete de Verificação do Razão
aos 31/12 de cada exercício e a inventariação do património da empresa.
Desenvolver-se-á de cordo com o esquema constante da página seguinte.

Os lançamentos para o Balancete de Verificação correspondem aos registos


no Diário e correspondente passagem ao Razão.

7.2. regularização das Contas e balancete Rctificado


A regularização de contas tem por finalidade rectificar saldos
contabilísticos das contas, com base nos elementos fornecidos pelo
balancete de verificação de 32/12 de cada exercício e pelo inventário que se
deverá proceder nesta data, permitindo adaptar os saldos contabilísticos das
contas aos valores reais registando as diferenças encontradas em ambas.

Os lançamentos de regularização mais correntes são os seguintes:

a) Lançamentos de registo de diferenças encontradas (diferenças de caixa,


diferenças do saldo de depósitos à ordem, quebras ou sobras de stocks etc.).

b) Lançamentos de registo de custos ou de proveitos do exercício mas que


ainda não houve respectivamente a despesa e receita correspondentes, (
ex: consumos de agua e energia ainda não facturados, rendimentos da
empresa relativos ao exercício findo mas ainda não documentados). São
denominadas despesas a pagar e rendimentos a receber, respectivamente
(acréscimos de custos e acréscimos de proveitos)
FACULDADE DE ECONOMIA DA UNIVERSIDADE MANDUME YA NDEMUFAYO 138
APONTAMENTOS DE CONTABILIDADE FINANCEIRA II

c) Lançamentos de rectificação de despesas ou de receitas do exercício que


devam ser consideradas como custos ou proveitos, respectivamente, do
exercício económico seguinte ( ex: prémio de seguro pago no exercício mas
que corresponde, em parte, ao exercício económico seguinte; recebimento
em Dezembro duma renda correspondente ao mês de Janeiro seguinte,
etc.). São designadas custos diferidos e/ou proveitos diferidos
respectivamente.

d) Lançamentos de constituição, reforço, anulação e reposição de


provisões.

e) Lançamento de registo das quotas anuais de amortizações do


imobilizado.

f) Lançamento de rectificação das existências, quando a empresa utilize o


sistema de inventário intermitente.

g) Lançamento de estimativa para os impostos (imposto sobre o


rendimento).

Após os lançamentos no Diário e no Razão elabora-se um novo balancete


que é o Balancete Rectificado.

No Balancete Rectificado as contas apresentam já saldos ajustados, de


acordo com os lançamentos de regularização.

7.3. Lançamentos de Apuramento de Resultados


Os lançamentos de apuramento de resultados têm por finalidade transferir
para as contas principais os saldos evidenciados pelas contas subsidiárias,
com vista a determinação dos resultados líquidos da empresa.

As referidas contas subsidiárias, são na sua totalidade, contas de custos e de


proveitos (pertencentes às classes 6 e 7). Os lançamentos de apuramento de
resultados permitem:

1- Agrupar nas contas principais os factores positivos e negativos do


resultado, resultando daí o seu valor.
2- Fechar as contas de custos e proveitos, visto que ficarão com
saldo nulo após a transferência dos seus valores para a conta
principal.

De acordo com o PCG os resultados classificam-se em :

-Resultados Operacionais
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APONTAMENTOS DE CONTABILIDADE FINANCEIRA II

- Resultados Financeiros

-Resultados Não operacionais

- Resultados Extraordinários

Os lançamentos de apuramento de resultados permitem a determinação de


cada um dos resultados.

Resultados Operacionais:

1- Pela transferência dos custos operacionais (saldos devedores):

-Debita-se - conta de 82 Resultados operacionais(82.6, 82.7, 82.8,


82.9)

-Creditam-se – contas de Custos operacionais (71.9, 72.9, 73.9 e


75.9)

2 – Pela transferência dos proveitos operacionais (Saldos credores):

- Debitam-se - contas de proveitos operacionais (61.9, 62.9, 63.9,


64.9, 65.9)

- Creditam-se - conta 82 Resultados operacionais( 82.1, 82.2, 82.3,


82.5, 82.6, 82.7, 82.8 e 82.9)

Após os lançamentos se o saldo da conta de Resultados for devedor,


corresponde a prejuízo operacional, se for credor corresponde a lucro
operacional.

Resultados Financeiros

1 – Pela transferência dos custos financeiros (saldos devedores):

-Debita-se - conta de 83.2 Resultados financeiros

-Creditam-se – contas de Custos financeiros (76.9)

2 – Pela transferência dos proveitos financeiros (Saldos credores):

- Debitam-se contas de proveitos financeiros ( 66.9)

- Credita-se - conta 83 Resultados financeiros (83.1)

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APONTAMENTOS DE CONTABILIDADE FINANCEIRA II

Após os lançamentos se o saldo da conta de Resultados for devedor,


corresponde a prejuízo financeiro, se for credor corresponde a lucro
financeiro.

Resultados não operacionais

1 – Pela transferência dos custos não operacionais (saldos devedores):

-Debita-se - conta de 85.2 Resultados não operacionais

-Creditam-se – contas de Custos não operacionais (78.19)

2 – Pela transferência dos proveitos financeiros (Saldos credores):

- Debitam-se contas de proveitos não operacionais (68.19)

- Credita-se - conta 85.1 Resultados não operacionais

Após os lançamentos se o saldo da conta de Resultados for devedor,


corresponde a prejuízo não operacional, se for credor corresponde a lucro
não operacional.

Resultados Extraordinários

1 – Pela transferência dos custos extraordinários (saldos devedores):

-Debita-se - conta de 86.2 Resultados extraordinários

-Creditam-se – contas de Custos extraordinários (79.9)

2 – Pela transferência dos proveitos extraordinários (Saldos credores):

- Debitam-se contas de proveitos extraordinários (69.9)

- Credita-se - conta 86.1 Resultados extraordinários

Após os lançamentos se o saldo da conta de Resultados for devedor,


corresponde a prejuízo extraordinário, se for credor corresponde a lucro
extraordinário.

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APONTAMENTOS DE CONTABILIDADE FINANCEIRA II

Apuramento dos Resultados antes dos Impostos

Apos a determinação dos saldos das diversas contas de resultados(82. 83,


84 e 85) há que fazer a respectiva soma algébrica para se determinar o
resultado antes dos impostos( RAI) .

A soma o resultado da soma algébrica pode ser:

Positivo - (valor dos saldos credores superior ao dos saldos


devedores),ou seja a empresa obteve lucro.

Negativo - (valor dos saldos devedores superior ao dos saldos


credores) neste caso a empresa obteve prejuízo.

Em caso de lucro, há que calcular o valor a reter, referente ao imposto


sobre os lucros que a empresa deverá pagar ao estado no exercício seguinte.
Para tal utiliza-se a taxa em vigor de 30%, ou seja:

RAI * 30% = Imposto a pagar

A conta 86.9 - Resultados extraordinários se apresentar saldo positivo


também se deverá calcular o imposto sobre os lucros.

Apuramento dos Impostos sobre os Lucros

1. Imposto sobre os
resultados correntes:
- Debita-se a conta 87 .1 Imposto sobre os resultados correntes

- Credita-se - conta 34.1 Estado /Imposto sobre os lucros

2. Imposto sobre os
resultados extraordinários:
-Debita-se – conta 87.2 Imposto sobre os resultados extraordinários.

- Credita-se – conta 34.1 Estado/ Imposto sobre os lucros

Apuramento do Resultado Liquido do Exercício

Trata-se de uma fase em que os saldos das contas de resultados são


transferidos para a conta de Resultado Líquido do Exercício.
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APONTAMENTOS DE CONTABILIDADE FINANCEIRA II

1. Pelos saldos devedores das contas de resultados:

- Debita-se - conta 88 Resultado Liquido do exercício ( 88.1, 88.2,


88.4, 88.6)

- Creditam-se – as contas de resultados ( 82.9, 83.9, 85.9 e 86.9)

2. Pelos Saldos credores das contas de resultados:

- Debitam-se - as contas de resultados (82.9, 83.9 , 85.9 )

- Creditam-se - as contas de Resultado liquido do exercício

O saldo da conta 87, também é transferido para a conta 88.5

- Debita-se a conta 88. 5

- Credita-se 87. 9

Após estas transferências, as contas de resultados ficarão saldadas, excepto


a conta 88 que representa o Resultado do exercício, liquido da
correspondente tributação.

7.4. Balancete Final ou de Encerramento


Este balancete é elaborado após terem sido efectuados os lançamentos de
apuramento de resultados no Diário e correspondente passagem ao Razão.

O balancete final ou de encerramento difere dos anteriores, pelo seguinte:

1- Todas as contas subsidiárias, quer de resultados, quer de existências


aparecerem saldadas, visto os seus saldos terem sido transferidos
para as contas principais respectivas.
2- As contas que neste balancete evidenciam saldo são as contas de
Balanço: activas as que apresentam saldo devedor e passivas as que
apresentam saldo credor.

Com base no balancete de encerramento elaboram-se os Balanço Final e


efectua-se o lançamento de fecho de contas

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APONTAMENTOS DE CONTABILIDADE FINANCEIRA II

BIBLIOGRAFIA

1. Principal
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CONTABILIDADE ANGOLANo – Casos Práticos e Exercícios Resolvidos.
Edições Técnicas, 2014
BORGES, António. RODRIGUES, José A. e RODRIGUES, Rogério.
ELEMENTOS DE CONTABILIDADE GERAL 19ª edição, 2002.
GUERREIRO, Marta. PLANO GERAL DE CONTABILIDADE EXPLICADO
ANGOLA. Plural Editores. Luanda, 2015
LISBOA, João (dir. e Coord.). INTRODUÇÃO À GESTÃO DE
ORGANIZAÇÕES. Porto: Vida Económica, 3ª Edição, 2011
MAGRO, J.L.F e MAGRO, Adélia. MANUAL DE CONTABILIDADE
ANGOLANO, 2ª edição Actualizada e melhorada. Banco Keve, Dezembro de
2008
PARDOVEZE, Clóvis Luís, BENEDITO, Gideon Carvalho e LEITE, Joubert da
Silva Jerónimo. MANUAL DE CONTABILIDADE INTERNACIONAL – Teoria
e Prática.
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IUDÍCIBUS, Sérgio e MARION, José Carlos. CONTABILIDADE
COMERCIAL. 9ª Edição. Editora Atlas: São Paulo-Brazil, 2010
SALAZAR, José Nicolás Albuja e BENEDICTO, Gideon Carvalho.
Contabilidade Financeira. Thomson. São Paulo-Brazil, 2004
THOMAS, Andrew. INTRODUCTION TO FINANCIAL ACCOUTING, 7ª
Edição. McGrawHill,2012

3. Legislação
CODIGO GERALTRIBUTARIO – Lei nº 21/14 de 22 de Outubro
LEI DAS SOCIEDADES COMERCIAIS – Nº 1/04

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LEI DAS MICRO, PEQUENAS E MÉDIAS EMPRESA – Lei n.º 30/11 de 13 de


Setembro.

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