Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
NATAL
2020
JULIANA LACERDA DA SILVA OLIVEIRA
NATAL
2020
LINHA DE PESQUISA: PRÁTICAS EDUCATIVAS COM TECNOLOGIAS DIGITAIS
Aprovada em ____/_____/_____
BANCA EXAMINADORA
___________________________________ ___________________________________
Profª. Drª. Adja Ferreira de Andrade Profª. Drª. Apuena Vieira Gomes
Universidade Federal do Rio Grande do Universidade Federal do Rio Grande do
Norte Norte
(Orientadora) (Membro interno PPgITE)
___________________________________ ___________________________________
Prof. Dr. Dennys Leite Maia Prof. Dr Marcus Vinicius de Azevedo Basso
Universidade Federal do Rio Grande do Universidade Federal do Rio Grande do Sul
Norte - UFRGS
(Membro interno PPgITE)
Dedico esta pesquisa a Deus, aos professores de
Matemática do município de Macaíba, participantes
desta pesquisa, a minha amada mãe, aos meus filhos e
meu esposo.
RESUMO
The object of study of this work is to investigate if the Design Thinking approach is an
interesting proposal for modeling an EAD training course and if the pedagogical practices
used by teachers during the training bring changes in the classroom practice. In order to
answer these research hypotheses, a model of continuing education based on Design
Thinking was built for mathematics teachers in the final years of elementary school in the city
of Macaíba, contextualized to their needs, seeking to promote professional development
based on the reflection of their practices. To outline the entire route, we used Design
Thinking for Educators (Instituto Educadigital, 2014) as five bases: Discovery, interpretation,
ideation, experimentation and evolution. Each stage of Design Thinking, will compose a
stage of training to be contemplated. The initiative of using Design Thinking is to propose to
think and create together, collaboratively a training in which the involved ones feel
contemplated, making each subject to be active and also responsible for the progress of the
training. In addition, in-service training indicates a path in which the teacher does not need to
deviate from his pedagogical practice, allowing him to implement what he is learning. The
research is outlined as an action research, it follows the research approach is qualitative and
as for nature it is characterized by being an applied research. As procedures and
instruments, focus groups, questionnaires and interviews were considered. The main
contribution of the referred work was the use of the Design Thinking approach adopted more
effectively in the construction of a teacher training model and the reflection of their
pedagogical practices
Quadro 1 - Avaliação realizada pelos professores no AVA Educa Macaíba da oficina sobre
álgebra .................................................................................................................................... 133
Quadro 2 - Avaliação realizada pelos professores no AVA Educa Macaíba da oficina sobre
frações ..................................................................................................................................... 134
Quadro 3 - Avaliação realizada pelos professores no AVA Educa Macaíba da oficina sobre
trigonometria .......................................................................................................................... 135
Quadro 4 - Avaliação realizada pelos professores no AVA Educa Macaíba da oficina sobre
grandezas e medidas ............................................................................................................... 136
Quadro 5 - Avaliação realizada pelos professores no AVA Educa Macaíba da oficina sobre
números decimais ................................................................................................................... 137
Quadro 6 - Na sua opinião o que foi melhor durante a formação ........................................ 142
Quadro 7 - Na sua opinião o que não funcionou como deveria ............................................ 143
Quadro 8 - A formação contribuiu para sua prática em sala de aula? Exemplifique como. . 143
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 2 - O que deveria constar numa formação para professores de matemática? ............. 56
Gráfico 4 - Você utiliza alguma tecnologia de suporte para o Ensino da Matemática? .......... 59
Gráfico 5 - O que você considera mais importante aprender em uma formação? ................... 60
Gráfico 14 - Quanto a avaliação geral da formação você classificaria como? ...................... 142
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
1. INTRODUÇÃO...........................................................................................................,16
1.1. Problemática .................................................................................................................. 18
2. OBJETIVOS ................................................................................................................ 21
2.1. Objetivo Geral ............................................................................................................... 21
2.2. Objetivos Específicos .................................................................................................... 21
6. METODOLOGIA ........................................................................................................ 53
6.1. Caracterização da pesquisa ............................................................................................ 53
6.2. Lócus e sujeitos da pesquisa .......................................................................................... 63
6.3. Instrumento de pesquisa e levantamento de dados ........................................................ 65
6.4. Procedimento de análise e interpretação dos dados....................................................... 67
INTRODUÇÃO
Podemos imaginar que encontraremos salas de aula mais bem equipadas que as de
hoje, porém as práticas continuarão baseando-se fundamentalmente na palavra e nas
trocas entre um professor e um grupo de alunos, mesmo no caso de uma classe
virtual [...] (PERRENOUD, 2002, p.12).
Para que haja esse movimento de mudança da realidade das formações, considerar a
formação do professor em serviço é um passo essencial, pois essa formação proporciona o
pensamento sobre a prática na prática, no qual professores e formadores podem perceber as
experiências aprendidas e colocadas na prática para a promoção da aprendizagem.
À medida que as formações à distância foram ganhando cada vez mais espaço, foi
preciso pensar em uma formação para que os professores pudessem assumir um novo perfil e
repensarem a sua prática. Os ambientes formativos na educação a distância sozinhos não
atendem totalmente ao que se pretende. Portanto, fez-se necessário um modelo híbrido de
formação que promovesse encontros presencias e a distância, permitindo discussões nos dois
ambientes e ampliando as possibilidades de aprendizagem e oportunizando formação a todos
os envolvidos.
Para Moran (2017, p.23), a chamada educação a distância precisa sair dos modelos
conteudistas e “incorporar todas as possibilidades que as tecnologias digitais trazem: a
flexibilidade, o compartilhamento, ver-nos e ouvir-nos com facilidade, o desenvolvimento de
projetos em grupo e individuais, a visualização do percurso de cada um”. Precisa incorporar
também todas as formas de aprendizagem ativa que ajudam os alunos a desenvolver as
competências cognitivas e socioemocionais. Mais que educação a distância podemos falar de
educação flexível, online. O que se propõe ao usarmos um ambiente virtual de aprendizagem
é usarmos das facilidades que este pode nos oferecer.
18
1.1. Problemática
Para realização deste trabalho, propomos ouvir, discutir e pensar com os professores
sobre os problemas mais frequentes e dessa forma ofertar uma formação que tenha significado
para a prática escolar. Esse pensamento se dá pelo fato de que ao analisar alguns modelos de
formação já existentes, percebe-se que os mesmos não atendem às necessidades e demandas
dos professores do município. Um dos modelos utilizados pela secretaria era o modelo do
curso Gestar II do Ministério da Educação (MEC), porém esse modelo em que o professor
recebe uma apostila com textos e atividades para aplicação não estava atendendo às
necessidades de formação para melhorar suas práticas em sala de aula.
Ainda pensando nas dificuldades apresentadas, vimos como uma possibilidade para a
execução do curso uma formação híbrida, por apresentar um “misto” do presencial com o on-
line, assumindo o formato de semipresencial. Essa alternativa para o ensino e para os cursos
de formação continuada tem também o objetivo de alcançar o maior número de alunos
buscando atender às necessidades do que foi proposto.
20
Entendendo que quando os professores pensam sobre as estratégias que usam para
aprender, podemos fazê-los pensar quais os caminhos possíveis para que seus alunos possam
também aprender. É importante colocar que o grande desafio para o sucesso ou fracasso da
proposta apresentada está no compromisso assumido pelos professores ao longo de todo
processo assim como pelo desenho de cada etapa da proposta. Assim, suas contribuições e
troca de experiências entre os pares são alicerce para a aprendizagem colaborativa, assumindo
compromisso de também ouvir os alunos considerando os aprendizados, construindo e
reconstruindo saberes.
Diante dos estudos realizados, foram criadas algumas questões de pesquisa a fim de
buscar responder a este déficit de formação existente: O Design Thinking é uma proposta
interessante para modelagem de um curso de formação em EAD? As práticas pedagógicas
utilizadas pelos professores durante a formação trazem mudanças na prática em sala de aula?
21
2. OBJETIVOS
3. ESTRUTURA DA DISSERTAÇÃO
4. REFERENCIAL TEÓRICO
Perrenoud et al. (2001, p.17) falam que a formação inicial está centrada na construção
de identidades profissionais e nas competências a serem adquiridas pelos professores, mesmo
que muitas vezes esteja descontextualizada ao ambiente escolar no qual este professor irá
trabalhar.
A formação do professor não pode estar distante da realidade em que está inserido,
deve estar apoiada na relação entre a teoria e prática, assim como o papel de investigador/
pesquisador. Não pode haver essa dissociação, porque essa formação o ajudará a promover a
construção de significados e conhecimentos em seus alunos. É necessário quebrar o círculo
vicioso do “mudar para não mudar” continuando com velhas práticas mascaradas por novos
discursos e inovações, mas que favorecem a continuidade dos processos formativos
tradicionais. (RAMALHO; GAUTHIER; NUÑEZ, 2003, p.20).
O professor precisa fazer ajustes em suas ações ao longo de todo processo de ensinar,
sendo importante a formação continuada. Retomando a necessidade da reflexão sobre a
prática, e assim estar preparado para poder intervir na aprendizagem dos seus alunos. Essa
reflexão da prática, na prática e sobre a prática possibilita tomar consciência dos processos de
construção da atividade profissional, característica do trabalho do professor como profissional
(PERRENOUD, 2001).
Para Charlot (2005), “o indivíduo formado deve ser capaz de mobilizar todos os
recursos para atingir um fim, incluídos aí os saberes necessários”. No âmbito da formação
continuada, é necessário que as instituições garantam condições necessárias ao
desenvolvimento profissional permanente, e que o professor também assuma a
responsabilidade pela sua formação no tocante a assumir o compromisso com essa formação.
partir da fala de Garcia (2008) analisamos que o professor ainda é quem busca por formação,
quem procura meios de aprender para melhorar sua prática.
“os cursos de curta duração e os projetos de médio ou longo prazo, conhecidos como
projetos de formação continuada. Algumas dessas formações acontecem dentro da
escola, organizada e pensada por um colega professor que se proponha a pesquisar
para refletir, repensar e apresentar práticas coletivamente” (BOTTEGA, 2007, p.
171).
Existe outro ponto importante a considerar, o tempo destinado para essas formações.
Considerar o tempo para formação é importante para o objetivo e o planejamento traçado seja
alcançado ao final. Nesse sentido, pensar em formações e no tempo de duração e aplicação
são importantes e assim buscar promover impacto sobre a prática docente, provocando
debates, trazendo contribuições pertinentes, compartilhando práticas exitosas.
É necessário lembrar que a formação passa pela experimentação, pela inovação, pelo
ensaio de novos modos de trabalho pedagógico e por uma reflexão crítica sobre sua
utilização. “A formação deve passar por processos de investigação, articulados com as
práticas educativas” (NÓVOA, 1992, p.16).
Perrenoud et al. (2001, p.29) diz que “o conhecimento aplicado na prática deveria ser
indissociável ao conhecimento de sua vivência pessoal, os saberes inerentes a profissão
docente também se desenvolvem na prática profissional”. Freire (2002, p.43) complementa
que na formação permanente de professores o momento fundamental “é o da reflexão crítica
sobre a prática”. Pois pensando sobre a prática de hoje é que se pode melhorar a próxima
prática.
Para isso, a formação dos professores deve estar alinhada com todos esses aspectos, na
tentativa de saber quem é e quais as necessidades formativas desses professores. A partir
disso, temos uma formação que corresponde a atender às múltiplas necessidades dos
professores.
A formação matemática dos professores (tanto ao concluir a sua formação inicial
como já em serviço) é certamente boa se estes mostram interesse pela sua disciplina,
procurando conhecer os seus desenvolvimentos e aplicações e, principalmente,
resolvendo problemas, pesquisando situações para propor aos seus alunos, e
estudando obras e materiais onde se apresentam novas ideias relativas a Matemática,
ao seu percurso histórico e ao seu papel na sociedade atual. (PONTE, 1998, p.31).
Freire (1996) reforça que na formação docente “saber ensinar não é transferir
conhecimento, mas criar possibilidades para a sua própria produção na construção”, ele expõe
a necessidade colocar o aluno no centro do processo para a aprendizagem, uma aprendizagem
apoiada na discussão, no questionamento, no levantamento de hipóteses, o aluno como ser
inquieto. Freire (1996) ainda nos aponta o caminho para que o professor estimule seus alunos
a manusear, praticar o que aprendem, relacionar com sua vida, e essa aprendizagem científica
se torne uma aprendizagem para o social. Nesse compasso, o professor devemos pensar que o
professor precisa integrar a Matemática no conjunto dos saberes e ajudar os alunos a
perceberem o seu papel na sociedade, mostrando a sua importância.
Ao se parar para ouvir que necessidades são essas, percebemos nos relatos uma
convergência entre domínio de conteúdo e formas para o ensino desse conteúdo. Alguns
professores ao relatarem sobre formas de ensinar apresentam um relato de uma roteirização do
que fazer e como fazer, alguns por acomodação outros por experiências anteriores de
formação no modelo de apresentar o “como fazer” e ser apenas replicado em sala de aula.
Assim, Ponte (2004) nos alerta da necessidade de uma formação para o ensino da
Matemática que está para além do domínio do conteúdo, mas que busca uma formação em
que o professor reflete e compartilha sua prática e busca encontrar formas para ensinar
Matemática, que esse ensino promova a compreensão do aluno e a aprendizagem.
Devemos atentar também que quanto mais se assume como estou e me percebo e
entendo as razões do porque estou assim, mais me torno capaz de mudar, me disponibilizo a
mudar provocando uma ruptura com que eu era tomando decisões e assumindo novas
posturas. Mas será na prática que tudo isso se concretiza (FREIRE, 1996).
Romper com esse ciclo de ser quem é e reproduzir o que se apresenta pronto para uma
postura de reflexão crítica sobre quem quero ser para assumir uma nova prática não constitui
tarefa fácil, nem simples, requer diálogo, tempo e formações que assumam novas
perspectivas, novos formatos, iniciando pela escuta desses professores, do que querem e
precisam.
prática (PONTE, 1994). Percebemos ao longo das leituras e pesquisas realizadas o quanto o
desenvolvimento profissional está relacionado à formação continuada docente.
Mas, afinal, o que é desenvolvimento profissional? Para Ponte (1994, p.10) “é uma
perspectiva em que se reconhece a necessidade de crescimento e de aquisições diversas,
processo em que se atribui ao próprio professor o papel de sujeito fundamental”. O professor
vai crescendo profissionalmente e assumindo ao longo do tempo novas atitudes, adquirindo
conhecimento e ganhando competência. Nessa evolução, conhecimento, aprendizagem e
formação criam oportunidades de reflexão ao professor para permitir mudanças nas
experiências de ensino. Assim, Ponte (1998) traz uma reflexão importante sobre o
favorecimento do desenvolvimento profissional do professor, expondo que a teoria e a prática
estão interligadas em um processo no qual o professor deixa de ser apenas um participante
para ser sujeito da formação.
Ao pensar sobre a necessidade de precisar passar por todo esse processo que fortalece
o papel do professor porque também fortalece a sua atuação, percebemos o quanto é preciso
assumir diferentes papéis na trajetória enquanto professor profissional. Mas é um processo
evolutivo necessário, contínuo e que conduz o professor durante toda a sua atividade
profissional.
Um outro conceito para educação a distância foi usado por KENSKI (2012, p.80) que
define a educação on-line como uma “modalidade de educação a distância realizada via
33
internet, cuja comunicação ocorre de forma síncrona ou assíncrona”. Nesse tipo de ensino
usa-se a internet para distribuir rapidamente as informações e para concretizar a interação
entre as pessoas.
Kenski (2012) reflete acerca da realização de projetos à distância que foi ampliado nos
últimos anos e ainda afirma que:
As formações organizadas em ambientes a distância consideram formatos da
educação formal presencial, necessitando em algumas vezes de intervenções
presenciais para o simples uso das tecnologias não altera significativamente os
espaços físicos das salas de aula e nem as dinâmicas utilizadas para ensinar e
aprender. (KENSKI, 2012, p.87).
(que deve equilibrar o desenho da interface para interatividade de modo a facilitar o uso do
ambiente pelo usuário).
Para Torrezzan e Behar (2009) o design pedagógico deve integrar fatores gráficos
(imagem), fatores técnicos (navegação e usabilidade) e fatores pedagógicos (elaboração de
conteúdos), todos os elementos estão integrados, um influencia o outro.
Medeiros, Andrade e Colla (2003) destacam que um ambiente EAD deve estar
estruturado na estrutura do ambiente, modelagem das interfaces, armazenamento e
monitoramento. Percebe-se que há uma relação nas perspectivas apresentadas pelos autores
que se complementam na busca por um ambiente que atenda às necessidades dos usuários,
destacando-se a importância para a usabilidade e funcionalidade do ambiente.
passivos aos alunos ativos, buscam promover a motivação para aprender, usando como apoio
também às tecnologias móveis.
O ensino híbrido que ganhou forma na virada do século XXI combinou o ensino
online com o ensino tradicional da educação, representando uma integração dessas
modalidades. “Além de integrar os ambientes online e presencial, permite aos alunos
administrar seu ritmo de aprendizagem, nesse modelo, o ensino é centrado no aluno
proporcionando uma atuação e condução de seu aprendizado” (HORN; STAKER;
CHRISTENSEN, 2015, p.35), potencializando as experiências educativas dos alunos e
tornando mais eficaz a aprendizagem.
O ensino híbrido é uma mistura do ensino presencial e on-line, da sala de aula e outros
espaços. Desse modo, no ensino híbrido consumimos e produzimos de diferentes formas.
Nesse movimento híbrido, às escolas podem adotar dois caminhos: um que mantém o modelo
curricular e adota metodologias ativas e outro mais inovador sem disciplinas, os espaços
físicos e às metodologias com base em atividades, cada aluno aprende no seu ritmo e os
professores são orientadores desse processo para a aprendizagem (BACICH; NETO;
TREVISANI, 2015)
No ensino híbrido o mundo físico e o digital não estão separados, mas um espaço
ampliado da sala de aula. O ensino não acontece apenas no espaço físico da sala de aula, mas
nos múltiplos espaços, incluindo o digital. O professor pode ter contato com seus alunos,
ensinando face a face, mas também pode fazê-lo em espaços digitais (MORAN, 2015). Essa
mistura de sala de aula e ambiente virtual abre a escola para o mundo, amplia saberes,
possibilita outras linguagens com a utilização de imagens, vídeos, textos com hiperlinks, entre
outras linguagens possíveis nessa mistura do físico com o digital.
Na educação híbrida, podemos ensinar por problemas e por projetos executados com
flexibilidade com ênfase no respeito ao ritmo de cada aluno e seu envolvimento nas atividades
em grupo.
A ABP pode ser definida pela utilização de projetos autênticos e realistas, baseados
em uma questão, tarefa ou problema altamente motivador e envolvente, para ensinar
conteúdos acadêmicos aos alunos no contexto do trabalho cooperativo para a resolução de
problemas. A ABP aumenta a motivação para aprender, e uso do trabalho em equipe ajuda a
desenvolver habilidades colaborativas, hoje ela é recomendada como uma técnica de ensino
39
Para Bender (2014) nem todos os projetos feitos nas salas de aula devem ser
considerados exemplos de ABP, para ser considerado o projeto deve ser pessoalmente
significativo para eles, a fim de alcançarem o máximo de envolvimento na resolução do
problema, a especificação dos papéis dos alunos dentro do contexto do projeto ou uma
questão altamente motivadora que é autêntica, deve estar focada em cenários do mundo real
além de uma variedade de componentes específicos ou de tipos específicos de atividade que
deveriam estar incluídos. Os professores trabalham em colaboração com os alunos,
desenvolvem uma questão orientadora e altamente motivadora, com a qual os alunos irão se
identificar para uma tarefa desafiadora e complexa, que se parece com tarefas que os adultos
podem enfrentar no mundo real.
Essas tarefas variam de um proponente da ABP para outro, mas elas geralmente
incluem o seguinte: fazer brainstorming sobre as possíveis soluções; identificar uma série
específica de tópicos para ajudar a coletar informações; dividir responsabilidades sobre o
recolhimento de informações; desenvolver uma linha do tempo para o recolhimento de
informações; Pesquisar por informações sobre o problema ou a questão; sintetizar os dados
coletados; tomar decisões cooperativamente sobre como prosseguir a partir desse ponto;
determinar quais informações adicionais podem ser essenciais; desenvolver um produto, ou
múltiplos produtos ou artefatos, que permitam que os estudantes comuniquem os resultados
de seu trabalho (BENDER, 2014).
Dependendo de como será desenvolvida a metodologia essa poderá ajudar aos alunos
quando inseridos no mercado de trabalho, pois desenvolverá a habilidade de solucionar
problemas, adaptabilidade a mudanças, o pensamento crítico e criativo, o trabalho em equipe,
capacidade de identificar pontos fracos e fortes e o compromisso com o aprendizado e
aperfeiçoamento contínuo (RIBEIRO, 2018).
Para ser considerada PBL a metodologia deve ter um processo centrado no aluno, que
trabalham em pequenos grupos de forma autônoma, facilitados e orientados por professores
ou tutores. O trabalho com a resolução de problemas deve ser capaz de favorecer a integração
dos conceitos e habilidades necessários para a solução (RIBEIRO, 2018).
O trabalho colaborativo pode estar aliado ao uso das tecnologias digitais e propiciar
momentos de aprendizagem e troca que ultrapassam as barreiras da sala de aula. Aprender
com os pares torna-se ainda mais significativo quando há um objetivo comum a ser alcançado
pelo grupo (BACICH; MORAN, 2015).
Para que os alunos se envolvam e colaborem para que o método apresenta resultados é
preciso motivar os alunos e essa motivação deve ser constante.
4.5.5. Gamificação
Essa relação com os games faz surgir o conceito de gamificação, que consiste em
utilizar elementos presentes na mecânica dos games, a forma de pensar dos games em
contextos não game, como forma de resolver problemas e engajar os sujeitos. Esse conceito
tem sido apropriado pela área da educação, possibilitando a construção de situações de ensino
e de aprendizagem capazes de engajar os sujeitos, de forma prazerosa, na definição e
resolução de problemas, contribuindo para repensar o contexto educacional formal
(SCHLEMMER, 2014).
Esse modelo concentra no ambiente virtual o que é informação básica e deixa para a
sala de aula as atividades mais criativas e supervisionadas, deixando o professor apenas como
mediador, orientador, curador do processo, pois escolhe o que é relevante, estimula o aluno,
valoriza e inspira (MORÁN, 2015). Nesse processo, Valente (2008) “destaca dois aspectos
importantes: a produção do material para o aluno trabalhar online e as atividades que serão
realizadas na aula presencial”.
Na sala de aula invertida o aluno também constrói sua aprendizagem trazendo seus
conhecimentos prévios e os integram às novas aprendizagens, novas estruturas cognitivas,
45
A sala de aula invertida pode apresentar um modelo um pouco mais complexo que é
iniciar a aula com desafios, problemas complexos em que os alunos apliquem os
conhecimentos relacionando-os com a realidade. Esses desafios podem ser de uma ou mais
disciplinas, a depender da motivação e do projeto que envolva essas disciplinas. Nesse caso, o
professor gerencia às atividades, envolve os alunos e os orienta quanto às melhores formas de
resolução do problema (MORAN, 2015).
O termo Design Thinking vem da junção do termo Design que é “projeto, criação,
plano” e Thinking que vem do inglês “to think” que significa pensar. Portanto, Design
Thinking “é um novo jeito de pensar e abordar problemas ou, dito de outra forma, um modelo
de pensamento centrado nas pessoas” (INSTITUTO EDUCADIGITAL, 2014).
46
Para Gonsales (2017, p.21) uma prática educativa com qualidade “é aquela em que
professor e aluno são autores do que é produzido, exercendo a criatividade e a criticidade ao
que é apresentado, sem reprodução de passo a passo de modelo sem intencionalidade”.
47
Fonte: http://www.dtparaeducadores.org.br/site/
Mesmo que o modelo seja colocado de forma linear, isso não significa que dever ser
seguidas dessa forma, os sujeitos podem voltar às etapas anteriores caso julgue necessário
após refletir sobre a solução que se deseja alcançar. “O foco é identificar problemas, mesmo
os que não estão visíveis no processo, e propor soluções criativas e inovadoras” (VIANNA et
al., 2012 p.13). O Design Thinking proporciona adquirir “a confiança de que novas coisas são
possíveis e qualquer pessoa pode fazer acontecer” (INSTITUTO EDUCADIGITAL, 2014).
O que se propõe a partir do Design Thinking é uma reflexão dos professores sobre
suas práticas e ações em sala de aula. Para Freire (1996, p.35) “a capacidade de aprender, não
apenas para nos adaptar mas sobretudo para transformar a realidade, para nela intervir,
recriando-a deve fazer parte do exercício da docência.
49
5. REVISÃO DE LITERATURA
Para o desenvolvimento deste estudo foi importante realizar uma busca em diferentes
fontes de dados que pudessem ajudar a compor o referencial teórico desta pesquisa bem como
apontar diferentes caminhos que pudessem ser seguidos com o propósito de ampliar as
discussões acerca da formação continuada dos professores de Matemática dos anos finais do
Ensino Fundamental. Essa investigação é necessária para viabilizar o desenvolvimento da
pesquisa apoiada em estudos realizados anteriormente.
Outro trabalho encontrado que apresenta aspectos a contribuir é dos autores Lopes,
Hardagh e Santos (2016), “Design Thinking na formação de professores como estratégia
pedagógica de imersão” apresenta uma conceituação teórica, sobre o Design Thinking
enquanto estratégia pedagógica para a formação de professores em exercício. Apresenta
também as principais características e as demandas provenientes da área de educação e mostra
a ferramenta como abordagem interdisciplinar de formação de professores para atendimento
de uma demanda contemporânea sobre os processos de ensino e aprendizagem, essas
contribuições foram importantes para afirmar a definição da utilização da abordagem do
Design Thinking como norteadora para o processo de formação continuada para os
professores de Matemática na promoção da reflexão e construção de novos saberes e práticas
de forma colaborativa.
6. METODOLOGIA
Quando pensamos em realizar uma pesquisa temos que considerar que a “pesquisa se
desenvolve ao longo de um processo que envolve inúmeras fases, desde a adequada
formulação do problema até a satisfatória apresentação dos resultados” (GIL, 2002, p.17). A
pesquisa científica envolve: a abordagem, a natureza da pesquisa, os objetivos e
procedimentos.
licença médica ou atestado médico o que impossibilitou a aplicação com todos os professores.
O questionário também foi aplicado com os coordenadores pedagógicos (Q2)(ver apêndice).
Das 12 (doze) escolas que compõem a pesquisa, apenas 2 (duas) não possuem coordenador
pedagógico tendo a função exercida pelos vice-diretores com o apoio dos técnicos da
Secretaria de Educação.
O questionário aplicado aos coordenadores (Q2) era formado por duas perguntas com
a intenção de investigar acerca de alguns aspectos que envolvem o olhar pedagógico sobre as
práticas dos professores de Matemática bem como de buscar identificar a partir do olhar
desses coordenadores enquanto atuantes e colocando alguns pontos que percebem
cotidianamente nas práticas desses professores nas salas de aula, assim como eles percebem
quais seriam as necessidades formativas desses professores.
maior dificuldade enfrentada é a falta de motivação dos professores, 15,4% (2) acredita que o
principal problema é a falta de um dia para organização do planejamento, e para 15,4% (2)
existem outras dificuldades como a falta material atrativo para trabalhar o desenvolvimento da
disciplina e a baixa participação dos alunos nas aulas da disciplina.
No gráfico 5, temos uma outra pergunta com a finalidade de sabermos um pouco mais
sobre as necessidades de formação foi “O que você considera mais importante aprender
em uma formação?”, e 8,3% (1) responderam que aprender conteúdos de matemática é
importante em uma formação, para 83,3% (10) aprender metodologias ativas para o ensino da
matemática é mais importante, 8,3% (1) é importante aprender sobre jogos matemáticos.
Percebe-se que assim como os coordenadores, os professores não conhecem às metodologias
ativas mas percebem a necessidade em aprender novas metodologias para ensinar
Matemática, o que se mostra de forma positiva, e nesse aprender um professor acrescentou
jogos matemáticos. Um ponto preocupante nessas respostas é que apenas 1 (um) professor
reconhece a necessidade de aprender conteúdos matemáticos, reconhecendo sua fragilidade.
61
qualidade.
Para Gil (2002), quando o grupo a ser pesquisado for pequeno o critério de
representatividade dos grupos investigados deve ser mais qualitativo que quantitativo.
Portanto na pesquisa foram escolhidos para investigação dois grupos: os coordenadores
pedagógicos e os professores de Matemática cujos resultados apresentamos na etapa de
exploração. Nessa etapa exploratória, tivemos a participação de 10 coordenadores
pedagógicos e 12 professores.
Com o intuito de traçar um perfil dos participantes foi aplicado questionário utilizando
o Google Forms (Q3) (ver apêndice) como mostram os gráficos a seguir:
64
A primeira pergunta como mostra o gráfico 8 era em relação a faixa etária que varia
entre 20 e 68 anos, 33,3% (3)dos professores possuem entre 36 e 46 anos, 33,3% (3) possuem
entre 37 e 47 anos, 22,2% (2) possuem entre 58 e 68 anos e apenas 11,1% (1) possuem de 20
a 35 anos, o que nos revela que a maior parte dos professores (6 seis) estão na faixa etária
entre 36 e 47 anos.
Além da faixa etária e o tempo que exerce a função de professor, também traçamos o
perfil quanto ao sexo predominante entre os professores de Matemática do município
incluindo efetivos e celetistas como apresentado na Tabela 2.
FEMININO MASCULINO
12 14
FONTE: Recursos Humanos da Secretaria Municipal de Educação de Macaíba, 2019
A partir dos dados da Tabela 2, podemos verificar, ainda que pequena, um número de
professores do sexo masculino maior que do sexo feminino entre os professores de
Matemática. Tendo em vista que alguns dos professores efetivos estão afastados por licenças
médicas, cedidos a outros órgãos e também a dificuldade em participar da formação por falta
de disponibilidade de horário, essa última dificuldade também enfrentada por alguns
professores celetistas, construímos outra tabela apenas com o sexo predominante dos
professores sujeitos da pesquisa.
FEMININO MASCULINO
6 6
FONTE: Autoria própria
A partir dos dados da Tabela 3, podemos verificar uma igualdade quanto ao sexo dos
professores de Matemática. Desses professores participantes da pesquisa 7 (sete) são celetistas
e 5 (cinco) são efetivos.
discutidas suas necessidades formativas. A amostragem focal segundo Gil (2002) envolve a
observação em um tempo definido e o registro de seu comportamento, que serão feitos pelos
professores e pesquisadora utilizando procedimentos e instrumentos como: registro de fotos,
diário de campo e questionários que serão aplicados.
Os grupos podem fornecer outras informações que não estavam previstas, o que
permite aumentar a riqueza das descrições (THIOLLENT, 1986, p.64), essas informações
ajudam a ampliar a visão tanto dos participantes quanto do pesquisador.
Na última etapa, a evolução, foi aplicado outro questionário estruturado com questões
fechadas com o objetivo de avaliar o curso, saber se o objetivo inicial foi alcançado ao final
do projeto.
67
Analisar e interpretar dados são atribuir significado ao que está sendo pesquisado,
buscando solucionar os problemas identificados. Este processo não é simples de fazer, nele é
importante considerar os objetivos da pesquisa.
Para Gil (2008, p 156) esses processos são distintos, a análise tem como objetivo
organizar os dados de forma que possibilite o fornecimento de respostas ao problema. A
interpretação tem como objetivo a procura de sentido das respostas, que é feito mediante sua
ligação com conhecimentos anteriores. A análise no caso da nossa pesquisa, pesquisa-ação, é
quantitativa e qualitativa.
Após a coleta dos dados a partir do grupo focal e questionários aplicados, foram
discutidos os resultados obtidos, organizando e sistematizando os dados, com o intuito de
descobrir informações que possam ajudar na busca de soluções.
68
Para Valente (2003, p.24) “o objetivo de um curso formação deve ser não só o de
instrumentalizar o professor com recursos das TICs, mas auxiliá-lo para que mude sua prática
pedagógica- deixe de ser um transmissor de informação” e passe a ser aquele que cria
situações de aprendizagem nos quais seus alunos possam aplicar e testar os conhecimentos
adquiridos.
Para pensar nas competências tomamos como base norteadora os estudos e modelos de
Behar (2009) e Medeiros, Andrade e Colla (2003), nos quais apresentam algumas
competências necessárias nos ambientes de formação em EAD. Medeiros, Andrade e Colla
(2003) definem que competência não é um estado, mas um processo como processo e sendo
processo apresentam-se como desejo. E nesse desejo ofertamos uma formação em que o
professor pôde passar por todas as etapas sendo ativo e participativo, compreendendo que a
formação continuada é mais uma ferramenta no processo de ensino.
Para pensar quais competências seriam necessárias tomamos como base norteadora os
estudos e modelos de Behar (2009) e Medeiros, Andrade e Colla (2003), os quais apresentam
algumas competências para os ambientes de formação a distância, sem desconsiderar a
estrutura do Design Thinking. A interseção das competências trazidas pelas autoras com o
Design Thinking permitiu um olhar diferente e uma compreensão maior do que é importante
para oportunizar numa proposta que se aproxime ao desejado pelos professores, pensando
também no que seria necessário para a condução de cada etapa.
7.1. Descoberta
Algumas competências são necessárias aos atores que compõem o processo, nesse
caso, na etapa da Descoberta temos como principal a competência Humana, tanto para a
pesquisadora como para os professores, como mostra a Imagem 3.
Na competência humana, o professor exercita junto aos seus pares a etapa o descobrir
e compartilhar das ideias sobre a realidade identificando problemas que precisam ser
resolvidos, que às vezes é o primeiro a ser percebido. Esse diálogo compartilhado oportuniza
uma percepção da realidade, identificando outras necessidades que podem ser mais
pertinentes. A colaboração é existente e intrínseca, e o trabalho colaborativo “proporciona
repensar valores, e coloca em prática atitudes de respeito e aceitação, acolhendo as
potencialidades e fragilidades dos envolvidos” (VALLIN, 2003).
Para a pesquisadora é necessário buscar entender quem são os sujeitos que compõem
pesquisa, seu perfil e necessidades, além de compreender os desafios colocados por eles. Esse
momento é fundamental para a coleta dos dados preliminares, organização das ideias e
planejamento das etapas seguintes. O importante nessa etapa é entender o que se quer, definir
o público, entender o contexto, além de ter um feedback contínuo por parte dos envolvidos,
compartilhando sempre suas ideias. Com a conclusão da etapa da Descoberta passamos a fase
seguinte, a Interpretação.
7.2. Interpretação
Nesta etapa, os problemas da primeira fase precisam ser “otimizados”, organizar uma
lista e categorizar na busca de uma solução exequível para sua exploração, sendo também
74
necessária análise e interpretação dos dados coletados na fase anterior, procurando encontrar
significado aos problemas que foram identificados e assim organizar o pensamento,.
7.3. Ideação
Essa é uma das fases que exige dos envolvidos que o exercício realizado
anteriormente seja otimizado, que os problemas listados e depois sintetizados possam gerar
ideias e soluções.
É necessário que haja clareza do problema e da solução apontada por eles, sem
esquecer do feedback constante para os professores e assim aderir e sentir-se parte importante
na construção e busca por soluções.
7.4. Experimentação
É nessa etapa que executamos as soluções pensadas na fase anterior. Essa fase é a mais
importante de todo processo, pois é nela onde se começa a prototipar, ter uma primeira versão
do que se quer apresentar, sempre considerando o que possível de ser atingido e concretizado,
verificando os obstáculos a serem enfrentados e planejando para executar a solução.
7.5. Evolução
Essa pode ser considerada a última fase de todo processo do Design Thinking, porque
nela avaliamos todo o processo construído na etapa anterior. Foi importante verificar o que
ainda precisava ser ajustado e continuar fortalecendo os vínculos entre os professores e
pesquisadora.
A Imagem 8 mostra a avaliação realizada pelos dois segmentos. Essa avaliação foi
proposta pela pesquisadora como forma de entender o impacto gerado pela formação nas
práticas docentes além de gerar um diagnóstico do curso.
Nessa etapa, os feedbacks por parte dos envolvidos foram muito importantes para que
se fosse feita uma reflexão sobre todo o processo e assim rever e repensar o que foi
contemplado conforme planejado, compartilhar impressões, mas, acima de tudo, compartilhar
o aprendizado e experiências vividas em cada etapa.
80
O Design Thinking não é uma metodologia que após concretização do projeto tem fim
a experiência, ao contrário, é preciso aprimorar sempre para que as próximas experiências
sejam exitosas, e assim os novos desafios que se apresentem possam ter novas soluções.
Nesse sentido, Oliveira (2014) fala que o desafio para a formação dos professores no
século XXI é romper com o paradigma da formação passiva, essa deve apresentar um olhar
diferenciado ao professor, muito além de técnicas de como trabalhar em sala de aula,
tornando indispensável aos docentes a capacidade de investigação, da autoria, da curiosidade
e do senso crítico para o desenvolvimento integral de seu trabalho em sala de aula.
81
Pedimos então que os professores pensassem sobre suas necessidades didáticas para
melhorar a atuação em sala de aula, quais conteúdos eles percebiam que os alunos
apresentavam mais dificuldades de aprendizagem, e o mais importante, que fizessem uma
auto avaliação reconhecendo as suas dificuldades enquanto professor. Com essa fala, vimos à
inquietude deles e percebemos o quanto necessitam ser ouvidos, e a partir dessa escuta
permitir que pudéssemos entender qual o contexto se apresentava para nós nessa construção e
ainda que percepção eles têm em relação a pensar juntos para construir.
Assim, cada um foi compartilhando suas dificuldades com todo o grupo, considerando
que no grupo temos professores que atuam na zona urbana e rural, possibilitando a todos uma
reflexão sobre as semelhanças e diferenças das realidades de cada escola e se percebessem
enquanto professores, além de buscar entender o contexto em que as escolas estavam
inseridas naquelas comunidades e bairros e o quanto isso influenciava dentro do espaço
escolar e consequentemente na sala de aula. Como forma de não identificar o nome dos
professores participantes, demos os nomes de Sujeito 1, Sujeito 2, Sujeito 3, Sujeito 4, Sujeito
5, Sujeito 6 e Sujeito 7.
“não tem como ensinar com salas de aula quentes, sem material para fazer
atividades, os meninos não querem ficar na sala porque a sala é feia, suja, sem
pintura”.
“O prefeito não está nem aí pra educação, se na escola tem ventilador, material,
nem a secretaria. Não temos formação nem acompanhamento, agora que estão
querendo fazer alguma coisa”.
A partir do que foi falado pelos professores, o Sujeito 4 que atua em escolas na zona
urbana e rural fez a seguinte observação:
“os alunos da zona rural apresentam uma vontade de aprender muito grande,
perguntam muito e quando o gestor faz parte da comunidade ele tem um
compromisso maior para tentar garantir que a escola funcione para que os alunos
possam ter possibilidades para melhorar suas condições. Se o professor tiver
interesse, os alunos vão longe! Tudo o que eu proponho aos meus alunos da zona
rural eles fazem. Essa mesma vontade eu não percebo tanto nos alunos das escolas
do centro, eles são mais dispersos, não apresentam tanta vontade, claro que não são
todos, mas a grande maioria precisa de um estímulo bem maior”.
Como mediadora, pedi novamente para eles repensarem sobre suas dificuldades,
considerando importante o que já havia sido relatado por eles, mas que pensassem nas
dificuldades para ensinar Matemática, considerando as dificuldades dos alunos para
aprenderem e na prática dos professores em suas salas de aula. Então o Sujeito 5 falou:
85
O Sujeito 6 (atua na zona rural) que foi escolhido para ser a representante dos demais
professores aproveitou o debate sobre as dificuldades que foram apresentadas em sua grande
maioria por problemas que não são relacionados às práticas acrescentou que:
“Os colegas gostam de falar da falta de motivação dos alunos mas muitos não
apresentam motivação para dar suas aulas e querem alunos motivados, muitos não
apresentam compromisso em dar suas aulas fazem de qualquer jeito e o aluno se
vire pra aprender, cansei de pegar menino vindo de outras escolas inclusive do
centro que não sabiam nada e eu tive que fazer o meu papel de professora que é
ensinar. Não vou atrás de saber quem era o professor. Não estou falando que sou a
melhor professora mas tento fazer o meu melhor e também não estou generalizando,
mas é importante fazer uma avaliação do nosso papel como a mediadora falou.
Cada um tem que assumir o seu papel e não ficar jogando a culpa só na prefeitura e
secretaria ou até mesmo nos diretores. Temos que lutar por infraestrutura, mas
temos principalmente é que fazer nosso trabalho”.
“Eu domino o conteúdo, não tenho nenhuma dificuldade para ensinar. Os alunos
não aprendem porque não querem e outros porque vêm do 5º ano sem saber ler e
sem saber calcular, não faço milagre”.
Definir os conteúdos era necessário para que pudesse pensar em todo formato para
formação, iniciamos outra etapa do Design Thinking, a Ideação. A fase da ideação é
importante para se pensar em soluções inovadoras e colocar o poder de síntese em evidência
visto que foram levantados muitos problemas na etapa da descoberta e interpretado na
segunda fase. Após muitas discussões o momento da síntese dos problemas, no qual chegaram
a definição de cinco conteúdos que foram escritos no papel madeira, como mostra a Imagem
13. Foram eles: álgebra, frações, trigonometria, medidas e números decimais. Para o ensino
desses conteúdos os professores expressaram a necessidade de aprender sobre as
metodologias ativas para o ensino da disciplina. Colocaram a necessidade de aprender novas
possibilidades para o ensino da Matemática, que muitos deles não tinham tempo para
pesquisar e estudar, planejar uma aula diferente para os alunos, que a formação poderia ajudar
nesse sentido.
89
Vê-se, a partir da fala, o interesse dos professores em aprender, que muitas vezes a
resistência apresentada por eles são geradas por expectativas frustradas de serem ouvidos e de
participarem de formações que não atendem às suas necessidades formativas para o ensino em
sala de aula. Propor que o coletivo pense, discuta, provoque e seja provocado promove o
brainstorming colaborativo que é viabilizado a partir debate proporcionando a definição de
alguns aspectos importantes da construção. Agora era necessário pensar como seria essa
formação, que formato teria e como poderíamos atender às demandas colocadas por eles de
forma produtiva contribuindo em suas práticas nas salas de aula.
Como há mais de 2 anos não eram ofertadas formação continuada, e nesse período não
houve acompanhamento para os professores, têm-se a problemática de não terem o dia para
fazer seus planejamentos na escola, além disso a distribuição das escolas nas zonas urbana e
rural não permitia uma aproximação dos professores em outros momentos apenas nas
formações, os professores ainda acrescentaram a necessidade de estarem juntos para
compartilharem, pensarem e refletirem sobre suas práticas coletivamente, nesse sentido para
atender às necessidades expressadas por eles, as formações necessitavam ter encontros
presenciais.
“Estão falando muito sobre metodologias ativas, poderia ser um tema para a
formação. O que acham?”.
“Outra coisa, nada de formação cheia de textos e coisinhas para ler, queremos
coisas práticas. Esse blá blá blá não interessa”.
Ressaltamos a importância da teoria para uma prática eficaz, mas uma formação para
professores teria também o caráter da vivência e da prática dos conteúdos de forma que o
fosse aprendido na formação pudesse ser trabalhado em sala de aula com as devidas
adaptações caso fosse necessário. Como discutido no referencial teórico, a formação em
serviço para o fortalecimento entre a teoria e a prática e o professor deixe ser apenas
participante para assumir o papel de sujeito da formação ajuda no desenvolvimento
profissional (PONTE, 1998).
Diante do que foi exposto, um modelo híbrido para a formação com encontros
presenciais e a distância como proposto por Bacich, Neto e Trevisani (2015), em um ambiente
virtual foi oportunizado pela plataforma Moodle Educa Macaíba. Esse modelo atende a
necessidade de ter um material de apoio durante a formação para que os professores possam
estudar e ampliar sobre as metodologias ativas que serão usadas no percurso formativo, além
da realização de atividades. E o formato de oficinas para atender a necessidade prática com
foco na vivência durante a formação.
Com todas essas definições sobre a formação era necessário aprimorar as ideias,
considerando os feedbacks dos professores em relação às expectativas apresentadas na fase
anterior, partimos agora para a fase da Experimentação. Na etapa da experimentação, é
importante colocar em prática o que foi discutido e decidido nas fases anteriores para isso é
necessário o planejamento pedagógico, planejamento do ambiente virtual para que a formação
tenha resultados esperados. Assim como Oliveira (2014) o curso foi estruturado de forma a
atender aos professores quanto ao acesso aos recursos didáticos disponibilizados no AVA
com praticidade e viabilidade assim como para realização das atividades.
91
Módulo 1 Álgebra 4h
Aprendizagem Baseada em Projetos
Mão na massa: Aprendendo álgebra brincando
Atividade na plataforma 1h
Módulo 2 Frações 4h
Aprendizagem baseada em problemas
Praticando: Corrida dos múltiplos
Atividade na plataforma 1h
Módulo 3 Trigonometria 4h
Aprendizagem em pares
Conectando saberes: Utilizando o smartphone como
ferramenta pedagógica
Atividade na plataforma 1h
presentes na mecânica dos games, estilos de games e formas de pensar dos games
em contextos não game, como forma de resolver problemas e engajar os sujeitos
(SCHLEMMER, 2014).
devem buscar promover mudanças nas práticas pedagógicas, nas quais os professores
busquem inovar pensando no desenvolvimento das habilidades e competências.
Quanto ao ambiente virtual, o formato Moodle foi escolhido por ser de fácil acesso
que poderia atender ao formato desejado para ter materiais como textos, vídeos, documentos
para avaliação por parte dos professores participantes, realizar atividades, promover interação
entre eles, e como os professores do município já utilizavam outro ambiente virtual em suas
atividades diárias, não teriam dificuldades em utilizar a plataforma Moodle. A imagem 14
mostra a página do ambiente virtual Educa Macaíba.
utilizar o Whatsapp ao fórum; a escolha pelo aplicativo era a possibilidade de uma conversa
em tempo real, o que a plataforma não atenderia. Foram ajustes necessários para que o
compromisso deles com a formação fossem mantidos ao máximo.
Para Spagnolo (2017, p.122) “para ter sentido a formação continuada precisa estar
balizada com os interesses dos professores e atender às demandas pessoais e profissionais,
além de favorecer um ambiente colaborativo, de diálogo e discussões”. Nesse sentido,
buscamos atender os professores em todas as demandas expostas por eles.
O ambiente educativo virtual permite a articulação do processo educativo, seu
gerenciamento e administração, além de favorecer o planejamento na oferta de materiais a
serem disponibilizados. Propicia também a extração de informações, dados que podem ser
convertidos em gráficos permitindo o acompanhamento do curso de formação continuada.
Esses dados devem ser considerados visando a qualidade do que está sendo ofertado no
ambiente. A Imagem 15 apresenta como foi a organização e planejamento para o ambiente.
9. RESULTADOS E DISCUSSÕES
Nesta seção serão apresentados os resultados e discussões provenientes dos relatos das
oficinas de formação. Para validação da pesquisa foram realizadas cinco (5) oficinas,
envolvendo os principais temas sugeridos na fase da interpretação pelos sujeitos, a saber:
álgebra, frações, trigonometria, medidas, números decimais. Serão descritas evidências da
aplicabilidade das oficinas por parte dos professores em seu contexto de sala de aula.
Nesse processo de construção foi importante produzir uma sequência didática a ser
apresentada aos professores e disponibilizada para ser usada em sala de aula com as devidas
alterações, se necessário. O DCERN orienta para que as sugestões didáticas sejam
apresentadas de forma flexível e que ajudem as escolas e professores no planejamento para o
alcance dos objetivos propostos com autonomia. Nesse sentido, pensar em um planejamento
que buscasse atender aos objetivos propostos pela BNCC (BRASIL, 2015) na construção de
habilidades e competências necessárias aos alunos e de um modelo que pudesse ser adaptável,
98
possam ser representados por sistemas de equações de 1º grau com duas incógnitas, e
interpretá-los, utilizando, inclusive o plano cartesiano como recurso”.
Após a discussão sobre a ABP, iniciamos a oficina a partir de um jogo simples em que
os professores estariam em pares. O jogo tinha um círculo em que se dividia em quatro partes
(ou quadrantes) cada parte ou quadrante deveria ser pintado 2 de uma mesma cor e dois de
outra cor, essas cores puderam ser pré-definidas. Na oficina definimos as cores azul e
vermelha: azul seria quadrante positivo e vermelho quadrante negativo.
Após essa explicação, entregamos três copos com grãos de milho, feijão e arroz para
serem usados, cada grão representou uma variável que também pode ser pré definida ou
não.O aluno pode escolher a letra do seu nome, de colegas, na oficina definimos como X, Y e
Z. Cada rodada deveria ser anotada em papel, para que se pudesse observar às equações que
estavam sendo formadas.
Na primeira rodada usamos o grão de milho. Pedimos para que cada dupla escolhesse
um jogador, esse deveria colocar na mão 10 grãos centralizar a mão no círculo e jogar os
grãos, onde o grão cair ele anota a jogada.
102
Vemos na Imagem 20 que a quantidade de grãos que podem cair em cada quadrante
103
varia, pode ocorrer de não cair grãos em um dos quadrantes, a partir da quantidade de grãos
formamos a expressão, por exemplo, na figura temos a expressão 2x+2y-2x-3y-3x-2y+x+2y.
A Imagem 21 mostra uma terceira rodada onde acrescenta mais um grão, o arroz.
Junta-se o milho, feijão e arroz na mão tendo então três variáveis X, Y e Z, centraliza no
círculo e joga´se os grãos. Anota a quantidade de grãos caídos em cada quadrante formando a
expressão 2x+2y+2z-2x-3y-x+3x+2y+2z-x-2y-3z.
A cada jogada os professores ficavam mais envolvidos com a atividade como vemos
nas Imagens 22, 23 e 24, mostrando o quanto era possível desenvolver uma atividade simples
envolvendo um conceito algébrico complicado para o entendimento dos alunos, às variáveis.
Algumas dúvidas surgiram no desenvolver das jogadas, quando tinham às três variáveis
quanto ao zero, como este seria representado, mas a participação de todos foi tão ativa que um
105
dos colegas logo respondeu que se registra a partir do algarismo 1, sem necessidade de
registrar o número zero. Outra observação realizada pelos professores foi ter trabalhado
apenas expressões numéricas e era preciso trabalhar o conceito de equações. Para isso, foi
discutida a quantidade exata de grãos que seriam jogados para que se pudesse obter uma
equação. Os professores decidiram separar 3 grãos de cada para jogar e formar a equação.
Após a construção da equação, os professores destacaram que era importante que se jogassem
poucos grãos para que os alunos pudessem resolver e compreender às equações sem
dificuldades.
Com essa oficina, eles perceberam que para desenvolver uma atividade significativa
não era necessário muitos aparatos, que atividades como essa poderiam ser desenvolvidas em
sala de aula utilizando sementes, tampas, desenhando no chão, bastava a iniciativa de buscar
outras possibilidades para o ensino da matemática como aponta Nóvoa (1992).
No planejamento dessa oficina pensou-se em algo que não se tornasse cansativo para
os alunos, que eles aprendessem de forma divertida, prazerosa e assim apresentamos a
proposta da corrida dos múltiplos. Trata-se um tabuleiro numerado de 1 a 50, nesse jogo além
de trabalhar o conceito de múltiplo inserimos também o conceito de números primos. O jogo
consiste em um tabuleiro numerado de 1 a 50, organizam-se duplos ou trios para iniciar a
partida. Nesse jogo, pode-se usar um ou dois dados, o professor deve considerar se os alunos
conseguirão acompanhar e o tempo para o jogo.
107
Para definição de ordem de jogada pode-se definir a partir de jogar o dado quem tirar
o maior número. As regras devem ser explicadas antes de iniciar a partida, regras como: o
jogo do múltiplo consiste no jogador jogar o dado digamos que ele está na casa 6 , joga o
dado novamente e obtém o número 4, por exemplo, ele vai para o próximo múltiplo de 4
depois de 6 que será o número 8; quem cair em uma casa que o número seja primo a partir da
segunda rodada, fica uma rodada sem jogar.
É importante anotar cada jogada a cada rodada para ao final fazer os alunos analisarem
os números que foram tirados com os dados e seus múltiplos, assim como perceber como eles
caíram na casa de números primos como mostram as Imagens 26 e 27. Ao final o professor
deve fazer um levantamento dos números e que saíram nas rodadas e seus múltiplos,
promovendo uma discussão fazendo com que os alunos percebam e falem sobre o que
aprenderam e quais as dúvidas que ainda têm.
No decorrer das rodadas, o que se observou durante a oficina era a percepção que cada
grupo tinha sobre o jogo, alguns gostavam da competição de ver quem chegava primeiro ao
final, outros tinham a preocupação de criar regras para que os alunos pudessem entender o
que eram os números primos e como eles chegaram nesses números durante o jogo. Houve
momentos em que a troca entre eles durante as jogadas tomou conta da sala tornando o
ambiente produtivo, desencadeando uma rede de aprendizagens em que cada um era e sentia-
se como sujeito responsável tanto pela sua aprendizagem quanto do outro.
Essa foi uma das oficinas mais dinâmicas, os professores ficaram bastante envolvidos
durante toda oficina, ficou um clima de competição e a cada rodada vibravam como os alunos
em sala de aula. Além de perceberem que o jogo promovia o aprendizado de forma simples,
dinâmica e divertida fizeram algumas observações principalmente sobre as regras, que
jogando perceberam que às regras poderiam ser melhoradas e até mesmo criadas novas regras
com a ajuda dos alunos.
109
Após trabalhar os múltiplos, os professores foram pensar como ensinar aos alunos
operações com frações. Os professores receberam uma atividade como mostra a Imagem 28
acima, que consistia em realizar operações de adição e subtração de frações. Cada professor
deveria realizar as operações e depois explicava como chegou ao resultado. Essa forma de
explicar como chegou ao resultado era necessário para fazê-los pensar no processo de chegar
à solução do problema e se a forma que ele encontrou para solucionar era compreensível aos
demais. Com isso na promoção do debate em conjunto os professores passaram a discutir e
repensar suas formas de ensinar sobre as operações com frações em sala de aula. Esse foi um
dos momentos mais ricos da formação, pois foi promovida na prática a reflexão da prática
conforme apresenta PERRENOUD et al. (2001).
A oficina de trigonometria também foi planejada a partir do que foi expresso pelos
professores como necessidade de aprender novas metodologias para ensinar em sala de aula.
Contudo, ao procurar nos documentos como a BNCC (2015) e o Documento Curricular do
Estado - DCERN (2018) percebe-se que os professores expressaram Trigonometria quando a
unidade temática a ser trabalhada no Ensino Fundamental é Geometria, apesar do ensino da
Trigonometria ser iniciado no Ensino Fundamental anos finais com o estudo das razões
110
Para contemplar a necessidade apontada por eles, o planejamento foi realizado a partir
da problemática da acessibilidade, a atividade contempla de acordo com o DCERN (2018) o
objeto de conhecimento é relações métricas do triângulo retângulo, inclusive o teorema de
Pitágoras: demonstração e aplicação na resolução de problemas e as habilidades (EF09MA13)
demonstrar relações métricas do triângulo retângulo, entre elas o teorema de Pitágoras,
utilizando, inclusive, a semelhança de triângulos e (EF09MA14) resolver e elaborar
problemas de aplicação do teorema de Pitágoras ou das relações de proporcionalidade
envolvendo retas paralelas cortadas por secantes.
Além de estar em acordo com os documentos norteadores, queríamos que essa oficina
apresentasse aos professores possibilidades de inovar em sala de aula, uma das formas seria
utilizando o celular como recurso. Como nas outras oficinas utilizamos materiais mais
comuns como papel, os grãos (geralmente utilizados pelos professores do ensino fundamental
anos iniciais para trabalhar a noção de quantidade e iniciar o processo de ensino das operações
111
matemáticas), decidimos que nessa oficina ampliarmos a visão dos nossos professores em
relação às suas possibilidades de trabalho em sala de aula. Como o celular é um objeto de uso
por parte dos jovens, porque não o aproveitar como uma ferramenta para auxiliar no
aprendizado e mudar um pouco a forma de ensinar, mostrando ao aluno e ao professor às
possibilidades pedagógicas para esse aparelho muitas vezes visto como vilão.
Para essa oficina, a metodologia ativa escolhida foi a Aprendizagem em pares, uma
vez que nessa oficina trabalhar juntos para resolver os desafios que serão propostos será muito
importante visto que a interação entre os professores promove uma rede de aprendizagem.
Iniciamos a oficina apresentando aos professores o Mentimeter, como uma ferramenta para se
levantar os conhecimentos prévios da turma, ou até mesmo para que respondam
questionamentos sobre o assunto que foi trabalhado. Ao questionarmos se algum dos
professores conhecia a ferramenta, dentre os 10 participantes da oficina nenhum conhecia o
aplicativo.
Essa atividade permitiu aos professores medir e observar o ambiente com outros olhos,
praticando não só a matemática, mas um olhar humanizado para uma questão tão presente nas
escolas. Nessa estação, os professores não apresentaram dificuldades para realização da
atividade.
8c
m
1m
Fonte: Revista Veja, 22 de agosto de 2002
O comando era responder às seguintes questões: 1. Qual deve ser o ângulo máximo de
inclinação de uma rampa de acesso? 2. Qual o seno desse ângulo? 3. Qual o cosseno desse
ângulo? 4. Qual a tangente desse ângulo? 5. Qual a distância que um cadeirante deve
percorrer sobre uma rampa? (lembre-se que, a depender da altura do prédio, serão
114
necessárias mais de uma rampa). Para ajudar no cálculo, nas estações que possuíam cálculos
envolvendo ângulos existia uma tabela com ângulos de 1º a 90º e seus respectivos valores
correspondentes a seno. cosseno e tangente. Percebemos que alguns professores apresentaram
dificuldades para calcular a distância, sendo necessária a intervenção para ajudar ao grupo a
resolver a questão, a imagem 34 ilustra um desses momentos.
existentes nas suas escolas, pois segundo eles, as poucas rampas existentes dificultavam o
cálculo para saberem se eram ou não adequadas.
Essa foi uma das oficinas mais desafiadoras para os professores, pois percebemos o
quanto eles apresentaram dificuldades para executar os cálculos das estações 3, 4 e 5
mostrando uma fragilidade no domínio do conteúdo. Para evitar a dispersão devido às
dificuldades de alguns, permitimos que os colegas ajudassem a pensar e calcular e em alguns
casos, foi necessário utilizar o quadro branco, onde o professor ministrante buscou fazê-los
pensar nos caminhos para encontrar a solução. Ao final, os professores perceberam o quanto
foi importante fazê-los pensar a partir de situações reais que fazem parte do cotidiano,
permitindo uma aprendizagem significativa onde percebe-se a aplicabilidade do conteúdo.
A oficina de grandezas e medidas iniciou com uma dinâmica usando um texto fatiado
distribuído aos 10 participantes. O texto tem o título “Eu tenho quem tem?” e em cada pedaço
do texto existia uma operação matemática e o resultado dessa operação estava com o colega e
assim por diante. O intuito da dinâmica era mostrar que textos fatiados podem ser
matemáticos e divertidos, pois eles ficavam na ansiedade de saber quem era o próximo, quem
estava com a resposta, envolvendo a todos.
118
Em seguida, cada grupo foi orientado a confeccionar uma fita métrica usando tiras de
119
papel com 1 m (metro), marcando os centímetros. Essa fita será usada na atividade seguinte
para responder algumas perguntas como: Quantos centímetros possui o metro? Em quantas
partes foi dividido o metro? Que fração de metro representa cada centímetros? Depois no
mesmo lado onde se encontra as marcas do centímetro, marcar de 10 em 10 centímetros,
colorindo 10 centímetros de uma cor e os 10 centímetros seguintes de outra cor, assim
sucessivamente até colorir o metro.
Esse modelo de atividade que para alguns professores pode ser interpretada como
muito fácil, para os alunos da nossa rede municipal ´percebe-se atende ao perfil do nosso
alunado e ajudaria a iniciar o ensino de medidas e o professor depois ampliaria o conceito
usando outras atividades.
Outro questionamento feito pelos professores foi como usar a gamificação quando se
trabalha o conteúdo. Para esse questionamento, sugerimos uma gincana na sala de aula, nesse
momento o professor criaria as regras, os desafios com questões ou provas a serem cumpridas
pelos alunos, as recompensas para cada prova realizada e ao final a equipe campeã. Além
dessa sugestão, apresentamos a ideia de fazer uma tabela em papel madeira com o nome de
todos os alunos e colocar uma estrela para cada atividade realizada ao final, o professor oferta
uma recompensa ao aluno que cumprir com todas as atividades e desafios propostos pelo
professor.
Após finalizada a oficina sobre grandezas e medidas, fomos atender a uma solicitação
de alguns professores que exprimiram a necessidade de ajuda em relação a ampliar ainda mais
o conhecimento sobre geometria, mais precisamente sobre o cálculo de perímetro. Para
atender ao que foi solicitado, organizamos a oficina “Palito de fósforo”. O objetivo dessa
oficina era utilizar os palitos de fósforo para construção de figuras geométricas, cálculo de
perímetro e cálculo de área.
Para realização da primeira atividade, os professores se sentaram ao redor de uma
grande mesa, nela tinham várias caixas de palito de fósforo e às atividades a serem realizadas.
A primeira atividade era formar um quadrado usando quatro (4) palitos de fósforo, como
mostra a imagem 39.
Como na Imagem 39, seria adotada a unidade de área “palito quadrado” ou pal2.
Depois com palitos de fósforo disponíveis deveriam construir: Um quadrado, Um retângulo,
Um triângulo, e Um losango. Em seguida usando 6 palitos construa um retângulo 1 x 2 e
calcular: Qual a área desse retângulo, e Qual o seu perímetro. Agora, usando oito (8) palitos
construa um retângulo 1 x 3, calcular: Qual a área desse retângulo, e Qual o seu perímetro.
Assim, os professores construíam às figuras geométricas com os palitos de fósforo e
calculavam as áreas dos polígonos.
Esses modelos de atividades ajudam a aprender sobre o conteúdo que está sendo
ministrado, desenvolve também o raciocínio lógico necessário para a aprendizagem
matemática, porque fazem o aluno pensar nas possibilidades de respostas que, nesse caso, não
estão relacionadas a cálculos matemáticos. As atividades que foram aplicadas aos professores
podem ser usadas nas salas de aula com os alunos, usando as mesmas questões e mesmo
material, assim ajudamos aos professores para que pudessem utilizar às mesmas oficinas que
estavam praticando.
A oficina reforça alguns conhecimentos que deveriam ter sido adquiridos nos anos
anos iniciais retratados em habilidades para serem desenvolvidas no 4º e 5º respectivamente
(EF04MA10) Reconhecer que as regras do sistema de numeração decimal podem ser
estendidas para a representação decimal de um número racional e relacionar décimos e
centésimos com a representação do sistema monetário brasileiro. (EF05MA02) Ler, escrever
e ordenar números racionais na forma decimal com compreensão das principais
características do sistema de numeração decimal, utilizando, como recursos, a composição e
decomposição e a reta numérica.
A sala de aula invertida foi a metodologia ativa usada nessa oficina. Nessa abordagem,
o professor/aluno deve estudar previamente o que será trabalhado em sala de aula, assim os
professores deveriam estudar o material disponibilizado no módulo 5 no AVA Educa
Macaíba, como mostra a Imagem 42. Assim, a aula inicia com algumas discussões sobre os
números decimais passando para a atividade prática como mostra a imagem 43. Dessa forma,
buscamos promover uma oficina com uma aprendizagem mais ativa e participativa.
124
Usando esse pensamento da matemática do dia a dia iniciamos a oficina pedindo que
cada professor calculasse o seu índice de massa corporal de acordo com a fórmula dada como
mostra a Imagem 44.
Para realização do cálculo do Índice de Massa Corporal (IMC), cada professor deveria
considerar a fórmula da imagem 44 que mostra que o IMC é o peso dividido pela altura. Após
fazer o cálculo do IMC os professores fizeram o cálculo do número do sapato a partir da
125
Posteriormente a essa atividade fomos para a atividade “Trocando dinheiro” que foi
iniciada utilizando encarte de supermercado, a partir dos valores dos produtos se trabalha o
cálculo de números decimais, como se arma a contas de adição e subtração, além de trabalhar
com o troco. Um exemplo de questão da atividade trabalhada é: Pegue dez cédulas de dez
reais. Você pode trocar essas cédulas, por uma única cédula? Então podemos dizer que?
Cédula(s) de R$ 100,00 é a mesma coisa que? Cédula(s) de R$ 10,00. Ampliando o
raciocínio, iniciamos o ensino de educação financeira - quanto eu tenho, como posso gastar,
quanto posso pagar e até como economizar.
Para finalizar a oficina, sugerimos mais uma atividade chamada “labirinto da soma”.
Essa atividade trabalhou a adição de números decimais, porém existe um desafio, o resultado
deve ser igual ao valor que indica cada labirinto. Na imagem 46, vemos o labirinto 1, nele a
trajetória a ser seguida será aquela que o aluno ao efetuar as somas o valor seja igual 6, e
dessa forma achará a saída.
126
Essa foi a última oficina ofertada para os professores, e durante a oficina percebemos
que os professores estavam um pouco dispersos e ansiosos. Mesmo apresentando interesse na
realização das atividades, questionando quanto à aplicação em sala de aula, principalmente
com a atividade do “Trocando dinheiro” usando também panfleto de supermercado, o que eles
queriam saber e perguntavam várias vezes era em relação a continuidade da formação, o que
nos deixava bastante satisfeitos porque percebemos a importância do trabalho realizado e que
havíamos oferecido formações que atendessem às expectativas dos professores, mas também
gerava uma apreensão pela incerteza da continuidade do projeto.
A aplicação das oficinas em sala de aula pelos professores era uma forma de perceber
o quanto a formação contribui para suas práticas. Nesse sentido Lopes, Hardagh e Santos
(2016, p.07) nos diz que “a formação docente deve se valer de ferramentas que potencializam
e revelam habilidades e competências que poderão ser utilizadas em suas salas de aula com
seus alunos”.
Além da percepção das práticas em sala de aula, a aplicação das oficinas nos apresenta
a possibilidade de avaliação das oficinas, uma das mais aplicadas foi a oficina de álgebra.
Alguns professores utilizaram a ideia da oficina para trabalhar os conteúdos de adição e
subtração. Os alunos construíram um “disco” utilizando embalagem de doce, dividiram em
quatro partes e cada parte representa unidade, dezena, centena e unidade de milhar. Para essa
atividade, foi utilizado grãos de feijão. Cada grupo jogava uma quantidade de grãos e
organizavam os números a partir da quantidade e da parte que o grão caía, cada jogada era
registrada, ao final de duas jogadas os alunos realizavam a operação de adição ou subtração
como mostram as Imagens 47 e 48.
A oficina de trigonometria foi aplicada por apenas um professor, que em seu relato
apresentou algumas dificuldades durante o desenvolvimento da atividade em sala de aula.
Uma dificuldade relatada foi em relação a compreensão do conteúdo e resolução dos
130
problemas apresentados, em seu relato ele destacou que dividiu a sala a em cinco estações, da
mesma forma que foi realizada a oficina com os professores, porém alguns alunos não
conseguiram se adaptar ao modelo de estação por rotação, não obedecendo ao critério de
passar em todas as cinco estações. Acrescentou que devido às dificuldades quanto ao
conteúdo e a metodologia aplicada em sala de aula ocorreu uma dispersão por parte dos
alunos durante a aplicação.
A oficina sobre grandezas e medidas foi aplicada por vários professores em suas salas
de aula, como não exigia muitos materiais para sua aplicação os professores mostraram
facilidade para realizar em sala de aula com os alunos. Em seus relatos, os professores falaram
o quanto as atividades envolveram os alunos e ampliaram às suas percepções em relação a
eles mesmos e seu corpo, além de perceberam também o ambiente de sala de aula quanto às
medidas e formas. Essa foi uma das oficinas que mostraram a professores e alunos que
relacionar e aproximar o conteúdo com a realidade proporciona uma aprendizagem
significativa. As Imagens 51 e 52 mostram a aplicação da oficina em duas escolas diferentes,
realizadas também por diferentes professores.
Os professores que aplicaram nas turmas do Ensino Fundamental anos finais usaram
os panfletos de supermercado para ensinar adição e subtração de números decimais, e também
as atividades do “troco” e labirinto da adição de números decimais. Para eles, as atividades
envolvendo “troco” e utilizando panfletos de supermercado geraram nos alunos uma reflexão
acerca de quanto seus pais gastam no supermercado, isso também gerou um interesse maior e
facilitou a compreensão na realização das operações matemáticas.
o quanto era viável a aplicação de cada oficina em sala, essa avaliação era realizada pela
secretaria a partir do diário de bordo onde eram anotadas todas as observações referentes ao
desenvolvimento de cada oficina.
Além do olhar da pesquisadora, era necessário entender o que cada professor percebia
das formações e assim ter o mais aproximado da visão do todo. Assim, os professores eram
incentivados a realizarem a sua avaliação de cada oficina acessando o ambiente virtual, como
mostra a Imagem 53.
Quadro 1 - Avaliação realizada pelos professores no AVA Educa Macaíba da oficina sobre
álgebra
De um modo geral, o tempo e a forma como foi passado a oficina de álgebra para os participantes
foi para mim alcançado o objetivo. Através da oficina aprendi uma nova forma de passar o
conhecimento de uma forma mais leve e alcancei o objetivo, esperado, era de que os alunos
conseguissem aprender e saber explicar para outros colegas como trabalhar álgebra.
134
Bastante produtiva
A oficina de álgebra foi muito proveitosa para a minha prática em sala de aula. As atividades
puderam ser aplicadas e até mesmo adaptadas para utilizar em outros conteúdos. Acredito que o
tempo foi suficiente.
A oficina foi bastante produtiva, foi nos dada a oportunidade de repensar em como ensinar
álgebra para os nossos alunos.
A oficina de álgebra, nos fez despertar para o uso do concreto no desenvolvimento de conceitos
básicos da álgebra. A manipulação feita através do uso de materiais para se chegar a uma
expressão algébrica, fez com que nossa aula ficasse mais interessante e despertou o interesse do
aluno em formalizar suas expressões algébricas.
Outro aspecto considerado de forma positiva pelos professores foi que a oficina pode
ser utilizada em sala aula não só para o ensino da álgebra como também para ensinar outros
conteúdos. Consideraram o tempo da oficina suficiente para o que estava sendo proposto e
que às metodologias utilizadas despertaram interesse tanto nos professores quanto nos alunos.
Continuando a avaliação temos como aspecto negativo o espaço físico onde a formação foi
realizada, que foi considerado inadequado por não permitir se locomover com tranquilidade.
Quadro 2 - Avaliação realizada pelos professores no AVA Educa Macaíba da oficina sobre
frações
A oficina sobre frações, foi muito proveitosa e esclarecedora pois, despertou para um
método de soma de frações bastante inovador e que com certeza nos forneceu elementos
para melhorar o entendimento do aluno em sala de aula.
Gostei muito das atividades, porque mostra como podemos fazer as mesmas operações com
formas distintas!
A forma didática que me foi passada levou-me a repensar a forma de explicar fração e me
deu oportunidade de novos conhecimentos e que levei pra sala de aula, compartilhei com os
alunos e alcançamos o objetivo da aprendizagem de uma forma mais prazerosa.
Avaliação muito proveitosa e prática para aplicação em sala de aula. Tempo de oficina
suficiente.
Para eles, essas reflexões foram oportunizadas pela oficina, o que aponta que o
planejamento da oficina foi adequado e que o objetivo proposto foi alcançado. Além de ter
proporcionado uma reflexão na prática os professores relataram que puderam aplicar a oficina
em sala de aula proporcionando uma “aprendizagem de forma mais prazerosa” para os alunos.
Em relação ao tempo de realização da oficina, os professores consideraram adequado.
Quadro 3 - Avaliação realizada pelos professores no AVA Educa Macaíba da oficina sobre
trigonometria
Muito bom, porque a dinâmica de grupo, aplicação de conteúdo bom, o tempo foi
perfeito, explicação com muita clareza, no final tivemos um bom resultado!
Quadro 4 - Avaliação realizada pelos professores no AVA Educa Macaíba da oficina sobre
grandezas e medidas
A aplicação dos conteúdos foi muito bem mostrada, o tempo foi perfeito porém
dentro do conteúdo, a didática aplicada foi bem conduzida e com clareza, com boa
aplicação.
A oficina de grandezas e medidas obteve apenas três (3) avaliações como mostra o
Quadro 4, justificadas por problemas no acesso ao ambiente virtual. A plataforma esteve
indisponível durante duas semanas, a semana em que foi aplicada a oficina e a semana
seguinte o que acabou acarretando um número baixo de avaliações. Apesar de poucas
avaliações, considerando as respostas, que a didática adotada para o ensino de grandezas e
medidas atingiu ao que foi planejado na medida em que os professores ampliaram às suas
possibilidades para o ensino.
A gamificação, metodologia ativa que foi ensinada nesse módulo, também provocou
entre os professores interesse para uso em sala de aula de aula. Para eles, essa metodologia
ativa poderia ajudar no em suas práticas. Em relação ao tempo de duração da oficina, na
avaliação, os professores consideraram adequado.
Quadro 5 - Avaliação realizada pelos professores no AVA Educa Macaíba da oficina sobre
números decimais
A formação continuada foi bastante proveitosa. Pudemos aprender novas metodologias para sala
de aula, utilizando jogos, atividades e novas tecnologias que só contribuem para atrair o interesse
dos estudantes pela matemática. Toda a equipe está de parabéns pela dedicação e afinco em todas
as oficinas. Espero poder participar de mais momentos de aprendizado como este.
outras formas para ensinar, isso se apresenta quando em suas avaliações relatam o quanto é
“importante aumentar a forma de passar conhecimento”. Aprender novas metodologias para
o ensino da Matemática despertou mais motivação entre os professores para ensinar e por
consequência nos alunos, promovendo aprendizagem. Nessa oficina, os professores
consideraram o tempo da oficina insuficiente.
Além das avaliações para cada oficina, é importante termos uma visão mais
abrangente sobre o que os professores pensavam sobre toda a formação e como essa formação
havia construído para suas práticas. Essa reflexão proporcionada durante a aplicação das
oficinas, nas aplicações em sala de aula e nas avaliações ajudaram os professores a
repensarem sobre suas práticas, uma reflexão positiva que promove o desenvolvimento
profissional desses professores.
Além de fazer uma avaliação sobre a formação traçamos um pequeno perfil para
mostrar quem são os professores participantes da pesquisa. Para isso, fizemos um questionário
no Google Forms (Q3) que foi aplicado ao final da última oficina e assim todos pudessem
responder sem dificuldades estando ainda imersos no processo.
O questionário (Q3) foi composto por 9 perguntas sendo 6 objetivas e 3 abertas para
que pudessem expressar melhor quanto a avaliação da formação, a pergunta 1 aparece na
metodologia quanto a faixa etária dos professores. Para Pesce e Brakling (2014, p.95) o uso
do Forms foi mais um recurso de coleta de dados, além de ser uma “forma de mapear o
percurso de cada sujeito em formação, bem como de registrar e acompanhar o processo”.
139
Em uma avaliação também é importante saber o que precisa melhorar, quais pontos
não foram positivos, então perguntamos aos professores o que “Na opinião deles não
funcionou como deveria”, como mostra o Quadro 7. Os professores responderam que em
relação ao que não funcionou como deveria durante a formação, a maioria dos professores
apontaram o espaço como inadequado para a realização das formações. O espaço onde eram
realizadas às formações era uma sala de reuniões da secretaria que para a realização de
algumas oficinas nas quais os professores precisavam se deslocar dificultou essa locomoção.
Quadro 8 - A formação contribuiu para sua prática em sala de aula? Exemplifique como.
Sim. Já utilizei algumas das atividades nas minhas aulas e foram positivas.
Sim. Através dela que inovei minhas práticas de ensino em sala de aula levando aos alunos alcançarem os
objetivos desejados na aprendizagem.
Sim, pois a minha aula tornou-se mais dinâmica e atrativa
Sim, mudar minha metodologia de trabalho
Muito, tem tudo com o nosso ensino.
Certeza, pois já estou colocando em prática com os alunos
Sim. Inovando com as tecnologias
Muito como exemplo foi a motivação dos alunos o aprendizado dos mesmos
144
Essa avaliação nos aponta o quanto foi importante desenvolver essa formação junto
com os professores utilizando o Design Thinking, pois a metodologia proporcionar trilhar um
percurso que iniciou com a escuta da fala dos professores e culminou com a formação. Nos
mostra também que alcançamos o objetivo inicial que era ajudar na prática em sala de aula, e,
dessa forma, obter uma aprendizagem mais adequada pelos alunos.
145
sua aprendizagem.
O Design Thinking foi uma metodologia que norteou a construção desse modelo de
formação. A cada fase, uma etapa a ser cumprida. Na fase de descoberta, houve as falas dos
professores em relação às suas dificuldades; depois fomos para a interpretação esse
momento durante a formação foi um dos mais importantes, pois foram proporcionados vários
momentos para as falas, no qual os professores colocavam suas angústias que soavam comuns
e se confundiam entre eles, mas também os fez perceber o quanto aquele momento era rico e
possibilita uma mudança positiva a todos que estavam ali dispostos a repensar, a refletir, a
colaborar para uma mudança nas suas práticas em sala de aula. A ideação proporcionou a
construção, o planejamento do ambiente e formato para o curso partindo da realidade local, a
partir da problemática dos desafios para o ensino da Matemática e as inquietudes colocadas
pelos professores frente a esses desafios, buscando atender suas expectativas e necessidades.
A etapa da experimentação foi decisiva para validar todo processo que antecedeu essa etapa,
chegamos a aplicação do que foi pensado e construído. E finalmente, a última etapa, a
evolução, onde avaliamos todo o percurso da formação.
A motivação para o ensino vem do que se aprende e de como se pode aplicar em sala
de aula, alguns podem até considerar como facilitar o trabalho, dar algo pronto, mas na prática
percebemos que não há problema em ajudar o professor, isso não é facilitar, é possibilitar um
novo olhar a partir de atividades práticas, proporcionada por materiais de fácil acesso aos
professores e que ajudam no processo de ensino e aprendizagem.
O importante é que ao final desse processo foram provocadas mudanças nas práticas
em sala de aula, exigindo também mudanças na organização didática.
12. REFERÊNCIAS
BACICH, Lilian; MORAN, José. Aprender e ensinar com foco na educação híbrida. Revista
Pátio, v. 17, n. 25, p. 45-47, 2015.
BACICH, Lilian; MORAN, José. Metodologias ativas para uma educação inovadora: uma
abordagem teórico-prática. Porto Alegre: Penso, 2018.
BRASIL. Lei Federal 13.005, de 25 de junho de 2014. Aprova o Plano Nacional de Educação
- PNE e dá outras providências. Brasília, DF, 2014.
BROWN, Tim. Design Thinking: uma metodologia poderosa para decretar o fim das
velhas ideias. Tradução de Cristina Yamagami. Rio de Janeiro: Alta Books Editora, 2010.
GERHARDT, Tatiana Engel; SILVEIRA, Denise Tolfo. Métodos de pesquisa. Porto Alegre:
Editora da UFRGS, 2009.
GIL, Antonio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. São Paulo: Ed. Atlas, 2002.
GIL, Antonio Carlos. Métodos e técnicas de pesquisa social. 6. ed. São Paulo: Ed. Atlas,
2008.
GRANJA, Carlos Eduardo de Souza Campos; MELLO, José Luiz Pastore. Atividades
experimentais de Matemática nos anos finais do Ensino Fundamental. São Paulo: Edições
SM, 2012.
LITTO, Fredric Michael; FORMIGA, Manuel Marcos Maciel (Orgs.). Educação a distância:
o estado da arte. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2009.
LOPES, Ana Lucia de Souza; HARDAGH, Cláudia Coelho; DOS SANTOS, Ricardo
Miranda. Design thinking na formação de professores como estratégia pedagógica de imersão.
In: SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE EDUCAÇÃO E COMUNICAÇÃO-SIMEDUC,
2016.
150
MARTINS FILHO, Vilson; GERGES, Nina Rosa Cruz; FIALHO, Francisco Antonio Pereira.
Design thinking, cognição e educação no século XXI. Revista Diálogo Educacional, v. 15, n.
45, p. 579-596, 2015.
MAZUR, Eric. Peer instruction: a revolução da aprendizagem ativa. Porto Alegre: Penso,
2015.
MEDEIROS, Marilú Fontoura de; ANDRADE, Adja Ferreira de; COLLA, Anamaria Lopes.
Construindo uma arquitetura pedagógica: modos de existência em Educação a Distância. In:
MEDEIROS, Marilú Fontoura de; FARIA, Elaine Turk (Orgs.). Educação a Distância:
Cartografias Pulsantes em Movimento. Porto Alegre: EDIPUCRS, p. 97-114, 2003.
MORAN, José. Metodologias ativas para uma aprendizagem mais profunda. Metodologias
ativas para uma educação inovadora: uma abordagem teórico-prática. Porto Alegre: Penso,
2018.
MORAN, José. Mudando a educação com metodologias ativas. In: SOUZA, Carlos
Alberto de; MORALES, Ofelia Elisa Torres (Orgs.). Coleção mídias contemporâneas.
Convergências midiáticas, educação e cidadania: aproximações jovens. Ponta Grossa: Foca
Foto-PROEX/UEPG, 2015.
PAIS, Luiz Carlos. Ensinar e aprender matemática. 2. ed. Belo Horizonte: Autêntica, 2013.
PONTE, João Pedro. A formação matemática do professor: Uma agenda com questões para
reflexão e investigação. In BORRALHO, A; MONTEIRO, C; ESPADEIRO, R. (Eds.). A
Matemática na formação do professor (pp. 71-74). Lisboa: Secção de Educação e
Matemática da SPCE, 2004.
PONTE, João Pedro. Investigar a nossa própria prática: Uma estratégia de formação e de
construção do conhecimento profissional. PNA - Revista de Investigación en Didáctica de
la Matemática, 2(4), 153-180, 2008.
PRADO, Maria Elizabette Brisola Brito.; VALENTE, José Armando. A educação a distância
possibilitando a formação do professor com base no ciclo da prática pedagógica. In:
MORAES, M. C. Educação à Distância: Fundamentos e Práticas. Campinas, SP:
Unicamp/Nied, p. 27-50, 2002.
REIS, Sandra Regina; BATTINI, Okçana; STRANG, Bernadete Streisky. Reflexões sobre
aspectos da formação de professores a distância. RIED. Revista Iberoamericana de
Educación a Distancia, v. 17, n. 2, p. 17-35, 2014.
VALENTE, José Armando; PRADO, Maria Elisabette Brisola Brito; ALMEIDA, Maria
Elizabeth Bianconcini de. Educação a distância via internet. São Paulo: Avercamp, 2003
13. APÊNDICES
154
Esse questionário faz parte de uma pesquisa de mestrado no qual os dados serão
utilizados pela pesquisadora sem identificar os participantes, mantendo sigilo quanto à
identidade.
Esse questionário faz parte de uma pesquisa de mestrado no qual os dados serão
utilizados pela pesquisadora sem identificar os participantes, mantendo sigilo quanto à
identidade.
( ) Domínio de conteúdo
( ) Novas metodologias de ensino
( ) Falta de motivação
( ) Falta de planejamento
( ) Outros ________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
Idade:
()20 a 35 anos
() 36 a 46 anos
() 47 a 57 anos
() 58 a 68 anos
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________