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(1) Atui they say tliat the Souies are convcrtcd into
«ieviis. (Purchas, IV. 1290*.
162 FERNÃO CARDIM
, ' — . 1—., :
DOS CASAMENTOS
DAS CASAS
m o n i a s contão os h o s p e d e s ao q u e v ê m . Tan>
b e m os h o m e n s se c h o r ã o u n s aos outros, mas é
e m casos alguns graves, como m o r t e s , desastres
de g u e r r a s , e t c ; t ê m p o r g r a n d e h o n r a agazaT
l h a r e m a todos e d a r e m - l h e todo o necessário
p a r a s u a sustentação, e a l g u m a s peças, como ar-
cos, frechas, pássaros, p e n n a s e o u t r a s cousas,
conforme a s u a p o b r e z a , s e m a l g u m gênero de
estipendio.
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DOS SEUS E N T E R R A M E N T O S
í
DO MODO QUE ESTE GENTIO TEM ACERCA
DE MATAR E COMER CARNE HUMANA (30)
f
De t o d a s as h o n r a s e gostos da vida, n e n h u m
é t a m a n h o p a r a este gentio como m a t a r e t o m a r
nomes nas cabeças de seus contrários, nem entre
elles ha festas que cheguem á s que fazem na
morte dos que m a t ã o com g r a n d e s ceremonias.
as (juaes fazem desta m a n e i r a . Os que tomados
na g u e r r a vivos são destinados a matar, vêm logo
de lá com um signal, (pie é uma e o r d i n h a del-
gada ao pescoço, e se é h o m e m que pôde fugir
traz uma m ã o a t a d a ao pescoço debaixo da barba.
e antes de e n t r a r nas povoações que ha pelo ca-
minho os enfeiláo, d e p e n n a n d o - l h e s as pestanas
e sobrancelhas e b a r b a s , tosquiando-os ao seu
modo, e e m p e n n a n d o - o s com p e n n a s a m a r e l l a s
tão bem a s s e n t a d a s que lhes não a p p a r e c e cabel-
lo: as q u a e s os fazem tão lustrosos como aos Es-
panhoes os seus vestidos ricos, e assim vão mos-
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mas, bem feitas, e elles vagarosos (31), é de crer
que nem em um anno se fazem: estas estão sem-
pre muito guardadas, e levão-se ao terreiro com
grande festa e alvoroço dentro de uns alguidares*;
onde lhes dá um mestre disto dous nós, por dentroj
dos quaes com força corre uma das pontas de
maneira que lhes fica bem no meio um laço; estes'
nós são galantes e artificiosos, que poucos se açhão'
que os saibão fazer, porque têm algumas dez vol-
tas e as cinco vão por cima das outras cinco, corno
se um atravessasse os dedos da mão direita por
cima dos da esquerda, e depois a tingem com uni
polme de um barro branco como cal e deixão-nas
enxugar
O segundo dia trazem muito feixes de cannas
bravas de comprimento de lanças e mais, e á noite
poem-nos em roda em pé, com as pontas parar
cima, encostados uns nos outros, e pondo-Ihes ao
fogo ao pé se faz uma formosa e alta fogueira,
ao redor da qual andão bailando homens e mu-;
lheres com maços de frechas ao hombro, mas
andão muito depressa, porque o morto que ha dé
ser, que os vê melhor do que é visto por causa do
fogo, atira com quanto acha, e quem leva, leva,
e como são muitos, poucas vezes erra.
Ao terceiro dia fazem uma dança de homens
e mulheres, todos com gaitas de cannas e batem
todos á uma no chão ora com um pé, ora com
DA DIVERSIDADE DE NAÇÕES E L I N G U A »
M
Em toda esta província ha muitas e varias
nações de diffcrentes línguas, porém uma é a prinV
cipal que compréhende algumas dez nações de
índios: estes vivem na costa do mar, e em uma
grande corda do sertão, porém são todos estesde
uma só lingua ainda que em algumas palav^iÉ
discrepão e esta é a que entendem os Portuguezes;
é fácil, e elegante, e suave, e copiosa, a difficuf|
dade delia está em ter muitas composições (42);
porem dos Portuguezes, quasi todos os que vêmi
do Reino e estão cá de assento e communicaçlbi
com os índios a sabem em breve tempo, e os filhos
dos Portuguezes cá nascidos a sabem melhor que